Quando bati o olho na postagem do PQP, semana passada, com obras para clarinete, lembrei-me imediatamente deste álbum fantástico, e pensei: “seria injusto não compartilhar essa preciosidade”.
Supremo entre os clarinetistas do século XX, Benny Goodman era tão versátil que sentia-se perfeitamente à vontade tocando o “Concerto para Clarinete” de Mozart ou passeando através de “Honeysuckle Rose” de Fat Waller. A participação de Béla Bartók, Leonard Bernstein, Aaron Copland, Morton Gould e Igor Stravinsky nesta gravação comprova alta estima destes pelo seu talento, e é uma merecida homenagem e um maravilhoso registro de sua espantosa maestria e domínio inigualável do instrumento.
Leornard Berstein
01 Prelude, Fugue And Riffs 7:47
Columbia Jazz Combo, Leonard Berstein
Aaron Copland
02 Concerto For Clarinet And String Orchestra (with Piano & Harp) 16:53
Columbia Symphony Orchestra, Aaron Copland
Igor Stravinsky
Ebony Concerto
03 I – Allegro Moderato 3:00
04 II – Andante 2:34
05 III – Moderato; Con Moto 3:40
Columbia Jazz Combo, Igor Stravinsky
Morton Gould
Derivations For Clarinet And Band
06 I – Warm-Up 3:06
07 II – Contrapuntal Blues 6:36
08 III – Rag 2:16
09 IV – Ride-Out 3:59
Columbia Jazz Combo, Morton Gould
Béla Bartók
Contrasts
10 I – Verbunkos (Recruiting Dance) 5:28
11 II – Pihenö (Relaxation) 4:29
12 III – Sebes (Fast Dance) 6:57
Joseph Szigeti, Violin
Béla Bartók, Piano
Na minha opinião, os seis quartetos de cordas de Bartók formam a maior obra composta no século XX, como já disse muitas vezes. Sempre que uma versão passa na minha frente, pego e reouço… Eles são, sem dúvida, a contribuição mais importante para o gênero após Beethoven, e servem não somente como modelo de beleza e equilíbrio mas traçam melhor a evolução Bartók como compositor do que qualquer outro grupo de suas obras. Claro, já existe um extraordinário acervo de boas gravações. Desde a época do LP, já tínhamos o Fine Arts e o Végh esmerilhando. Depois vieram as maravilhosas versões digitais dos Takács (de quase 20 anos), do Alban Berg, Tokyo e Emerson. Dado esse considerabilíssimo pedigree, é um enorme elogio ao Heath Quartet o de colocá-lo ao lado destes sensacionais conjuntos. O quarteto inglês de Oliver Heath não é mole.
Béla Bartók (1881-1945): Os Quartetos de Cordas
1 String Quartet No. 1, Sz. 40: I. Lento 09:06
2 String Quartet No. 1, Sz. 40: II. Allegretto. Introduzione 10:07
3 String Quartet No. 1, Sz. 40: III. Allegro vivace 10:20
4 String Quartet No. 3, Sz. 85: I. Prima parte. Moderato 04:45
5 String Quartet No. 3, Sz. 85: II. Seconda parte. Allegro 05:34
6 String Quartet No. 3, Sz. 85: III. Recapitulazione della prima parte. Moderato 02:55
7 String Quartet No. 3, Sz. 85: IV. Coda. Allegro molto 02:20
8 String Quartet No. 5, Sz. 102: I. Allegro 07:58
9 String Quartet No. 5, Sz. 102: II. Adagio molto 05:52
10 String Quartet No. 5, Sz. 102: III. Scherzo. Alla bulgarese 05:29
11 String Quartet No. 5, Sz. 102: IV. Andante 04:44
12 String Quartet No. 5, Sz. 102: V. Finale. Allegro vivace 07:33
13 String Quartet No. 2, Sz. 67: I. Moderato 09:51
14 String Quartet No. 2, Sz. 67: II. Allegro molto capriccioso 08:03
15 String Quartet No. 2, Sz. 67: III. Lento 09:08
16 String Quartet No. 4, Sz. 91: I. Allegro 06:15
17 String Quartet No. 4, Sz. 91: II. Prestissimo, con sordino 03:12
18 String Quartet No. 4, Sz. 91: III. Non troppo lento 05:53
19 String Quartet No. 4, Sz. 91: IV. Allegretto pizzicato 03:01
20 String Quartet No. 4, Sz. 91: V. Allegro molto 05:51
21 String Quartet No. 6, Sz. 114: I. Mesto. Piu mosso, pesante – Vivace 07:40
22 String Quartet No. 6, Sz. 114: II. Mesto. Marcia 07:40
23 String Quartet No. 6, Sz. 114: III. Mesto – Burletta. Moderato 07:16
24 String Quartet No. 6, Sz. 114: IV. Mesto 06:48
Aqui, estamos em terreno de obras-primas. Dois concertos absolutamente selvagens e percussivos, acompanhados de um terceiro muito tranquilo. Não tenho preferência, apesar de minha queda pelo Allegretto do terceiro concerto. São daquelas obras que ouço sob permanente tensão, aguardando o momento seguinte, torcendo para que o pianista use o fraseado que gosto com a agressividade adequada. Ou não. O mesmo vale para a orquestra. Esta gravação não é a campeã, mas, olha, é muito boa! Sim, sou totalmente apaixonado pelos Concertos para Piano de Bartók. E pelos outros também… E pelos 6 quartetos… E a música orquestral… E todo o resto.
Béla Bartók (1881-1945): Os 3 Concertos para Piano
Piano Concerto No. 1, Sz 83
1 Allegro Moderato 9:02
2 Andante 8:21
3 Allegro Molto 7:07
Piano Concerto No. 2, Sz 95
4 Allegro 10:05
5 Adagio – Più Adagio – Presto 12:24
6 Allegro Molto 6:22
Digamos que eu seja conhecido aqui no blog por algumas declarações bombásticas. Pois, desta vez, não creio que vá ser muito discutida a afirmativa de que os Quartetos de Béla Bártok sejam a mais importante obra do século XX, até porque esta frase é meio consenso, meio convenção. Ora próximo ao Stravinsky da “fase russa”, ora próximo ao Beethoven dos últimos quartetos de Beethoven, Bartók casualmente distribuiu a composição dos mesmos de forma a traduzir as etapas de sua evolução artística — 1908, 1917, 1927, 1928, 1934 e 1939. O calhamaço História da Música Ocidental, de Jean e Brigitte Massin (1255 páginas), propõe que se ouça os último quartetos de Beethoven, emendando-os imediatamente com os de Bartók. A mesma força, a mesma nobreza, o mesmo espírito no tratamento das massas sonoras. Não que Bartók tenha imitado o mestre — ao contrário, Bartók não apenas tinha voz própria como bebeu nas mais diversas fontes: música folclórica, Debussy, Brahms, russos, Bach, etc.
Curiosa mistura de profunda erudição e absoluto “visceralismo”, os quartetos me chamaram a atenção durante a adolescência, por serem citados por todos os grandes escritores que gostavam de música: Erico Verissimo fala no Nº 3 e vários romancistas do pós-guerra citam o Nº 5 como uma obra inigualável, produzida pelo ódio ao nazismo que o fez exilar-se em 1940 nos EUA, já minado pela leucemia.
A interpretação desta integral pelo Tokyo String Quartet é muito boa, mas inferior a esta aqui.
Não há como falar dos quartetos de Bartók de forma não apaixonada. É a maior música de nossa época e este é talvez o segundo ou terceiro CD que posto e que estão naquela categoria dos “dez mais” de minha discoteca/cedeteca.
Béla Bartók (1881-1945): Os 6 Quartetos de Cordas
CD1
1. String Quartet No.1, Sz. 40 (Op.7) – 1. Lento
2. String Quartet No.1, Sz. 40 (Op.7) – 2. Allegretto
3. String Quartet No.1, Sz. 40 (Op.7) – 3. Introduzione. Allegro – Allegro vivace
4. String Quartet No.3, Sz. 85 – 1. Prima parte (Moderato)
5. String Quartet No.3, Sz. 85 – 2. Seconda parte (Allegro)
6. String Quartet No.3, Sz. 85 – 3. Ricapitolazione della prima parte (Moderato)
e, como se não bastasse, EM-BAS-BA-CAN-TE, indo direto para a Galeria Especial de Mais Amados e Louvados. É por essas e outras que Sir Simon Rattle acabou em Berlim.
Estou meio sem palavras após ouvir este disco por inteiro três vezes consecutivas, assim de enfiada. (Nada de piadinhas, sou gaúcho mas não pratico). Então, faço a seguir uma meia tradução daquilo que o também embasbacado crítico da Gramophone escreveu.
Este registro dos concertos para piano de Bartók está entre os melhores. O entendimento entre Peter Donohoe, Simon Rattle e a CBSO é fantástico. Como disse na Gramophone, eles fazem o Primeiro Concerto para Piano parecer pura diversão. O Primeiro e o Segundo concertos são obras formidáveis, com o piano sendo tratado como um instrumento de percussão. Certamente, não são trabalhos fáceis de ouvir. Eles são tocados aqui com uma sensibilidade que traz à luz cada detalhe de sombreamento e textura. O Andante do Segundo (uma música norturna) é de meus favoritos e é aqui executado com todas as nuances. O terceiro concerto é absolutamente luminoso. O segundo movimento, com seus sons de natureza, está particularmente perfeito.
Para os fãs da música de Bartók, este disco é uma obrigação.
Obs. típica: nunca digo o nome de Bartók como ele deve ser pronunciado. Lembrete: o acento em húngaro não é tônico. Impossível dizer Bártok… A sonoridade de Bartók em português é muito mais bonita. E o mesmo vale para Ligeti. O correto é Lígeti.
IM-PER-DÍ-VEL !!!
Béla Bartók (1881-1945): Os 3 Concertos para Piano
Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91
1. I: Allegro Moderato – Allegro – Allegro Moderato
2. II: Andante
3. III: Allegro Molto
Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101
4. I: Allegro
5. II: Adagio – Presto – Adagio
6. III: Allegro Molto
Piano Concerto No. 3 in E major, Sz. 119, BB 127 (completed by Tibor Serly)
7. I: Allegretto
8. II: Adagio Religioso – Poco Piu Mosso – Tempo I
9. III: Allegro Vivace
Peter Donohoe, piano
City of Birmingham Symphony Orchestra
Simon Rattle, conductor
Quando o Doutor me manda e-mail dizendo “Para tudo o que estás fazendo para ouvir isso!”, é bom parar mesmo. E ele me mandou estes quartetos com tal recomendação. Como não sou tão bom menino, prezo meu emprego comedor de tempo e houve a Greve Geral do dia 28, ouvi só dois dias depois. E, olha, não lembro de versão que possa superá-la. Acho que o Végh nos passa uma “sensação mais húngara” de que qualquer outra gravação dos quartetos, além de uma imaginação e autenticidade surpreendentes. Ao lado deles, o Emerson soa acadêmico e olha que eu amo o Emerson. As gravações foram feitas em 1972. Na minha humilde (ou nem tanto) opinião, estes quartetos são a maior música do século XX e é ouvi-los por talentosíssimos artistas amigos de Bartók é um privilégio incalculável.
Béla Bartók (1881-1945): Os Quartetos de Cordas (completos)
1 String Quartet No. 1, Op. 7, Sz. 40 29:59
2 String Quartet No. 2, Op. 17, Sz. 67: I. Moderato 10:25
3 String Quartet No. 2, Op. 17, Sz. 67: II. Allegro molto capriccioso 7:56
4 String Quartet No. 2, Op. 17, Sz. 67: III. Lento 8:40
5 String Quartet No. 3, Sz. 85 15:12
6 String Quartet No. 4, Sz. 91: I. Allegro 5:58
7 String Quartet No. 4, Sz. 91: II. Prestissimo, con sordino 2:59
8 String Quartet No. 4, Sz. 91: III. Non troppo lento 5:05
9 String Quartet No. 4, Sz. 91: IV. Allegretto, pizzicato 2:43
10 String Quartet No. 4, Sz. 91: V. Allegro molto 5:14
11 String Quartet No. 5, Sz. 102: I. Allegro 7:16
12 String Quartet No. 5, Sz. 102: II. Adagio molto 6:15
13 String Quartet No. 5, Sz. 102: III. Scherzo: alla bulgarese 5:02
14 String Quartet No. 5, Sz. 102: IV. Andante 5:10
15 String Quartet No. 5, Sz. 102: V. Finale: allegro
16 String Quartet No. 6, Sz. 114: I. Mesto – Più mosso, pesante – Vivace 7:18
17 String Quartet No. 6, Sz. 114: II. Mesto – Marcia 8:06
18 String Quartet No. 6, Sz. 114: III. Mesto – Burletta 7:23
19 String Quartet No. 6, Sz. 114: IV. Moderato, mesto 6:05
Alguns de vocês sabem de meu bloqueio com óperas. na verdade, gosto das modernas Wozzeck, Lulu, das surpresas de Stockhausen e desta pequena ópera de Béla Bartók “O Castelo do Barba Azul”. Gosto muito de ouvi-la (*). Eu gostaria de ter tempo e conhecimento para tentar escrever algo no estilo do genial Euterpe a respeito, mas não vai dar, peçam para eles lá.
Esta gravação de 1965 tem uma qualidade de som absolutamente inesperada para a época e, se foi relançada em 2004, foi por sua estupenda qualidade. Não hesitaria em abraçar a histeria de alguns comentaristas da Amazon que a consideram um dos maiores registros realizados em todos os tempos. Christa Ludwig e Walter Berry conseguem ser perfeitos e emocionais, técnicos e comoventes. Algo realmente raro que chamou a atenção deste que costuma torcer o nariz para óperas.
Confiram, confiram.
(*) Na verdade, acho que as óperas são para ser vistas e ouvidas. Apenas ouvi-las é perder grande parte. Óperas são berro, luz, cenografia e atuação. Ficar só com a música é empobrecê-la. Estou muito errado?
Béla Bartók (1881-1945): O Castelo do Barba Azul
1. Bluebeard’s Castle, Sz. 48 (Op.11) – Opening Scene. “Megérkeztünk” 14:27
2. Bluebeard’s Castle, Sz. 48 (Op.11) – Door 1. “Jaj!” “Mit látsz? Mit látsz?” “Láncok, kések” 4:18
3. Bluebeard’s Castle, Sz. 48 (Op.11) – Door 2. “Mit látsz?” “Százkegyetlen szörnyü fegyver” 4:12
4. Bluebeard’s Castle, Sz. 48 (Op.11) – Door 3. “Oh, be sok kincs! Oh, be sok kincs!” 2:29
5. Bluebeard’s Castle, Sz. 48 (Op.11) – Door 4. “Oh! virágok! Oh! ilatoskert!” 5:03
6. Bluebeard’s Castle, Sz. 48 (Op.11) – Door 5. “Ah!” “Lásdez az én birodalmam” 6:54
7. Bluebeard’s Castle, Sz. 48 (Op.11) – Door 6. “Csendes fehér tavat látok” 12:39
8. Bluebeard’s Castle, Sz. 48 (Op.11) – Door 7. “Lásd a régi aszszonyokat” 9:31
Bluebeard____________________ Walter Berry
Judith______________________Christa Ludwig
London Symphony Orchestra
István Kértész, conductor
Seguindo nesta minha fase compulsiva, vamos a mais um Bartók. O húngaro não é para diletantes, então observem ao lado o nome do regente. Abbado interpreta maravilhosamente tanto o Mandarim quanto a Sinfonietta de Janáček, que tantos admiradores possui aqui no blog. Esta versão do Mandarim é a melhor que já ouvi até hoje. A história é a seguinte:
O ballet-pantomima O Mandarim Miraculoso narra uma curiosa história. Sons precipitados e tumultuados de rua apresentam três vagabundos que coagindo uma jovem mulher a fazer o papel de prostituta a fim de atrair homens a seu quarto para que eles pudessem roubá-los. (O chamado sedutor é soado três vezes pelo clarinete.) Primeiro, a jovem atrai a atenção de um senhor de idade. Mas seu interesse por ela é subitamente interrompido quando os três cúmplices o escorraçam porque ele não tem dinheiro. O chamado sedutor soa de novo, desta vez alcançando um jovem tímido. A jovem se sente atraída por ele e os dois dançam. Mas quando descobrem que ele também tem pouco dinheiro, é igualmente posto para fora.
O terceiro chamado traz à cena o macabro Mandarim. Os olhos traem-lhe os desejos. A jovem começa a dançar para ele- uma valsa que lentamente começa a se delinear – excitando-o ainda mais. No clímax da dança ela se lança a seus joelhos. Apaixonadamente, ele a abraça. A jovem, aterrorizada, foge dele quando um forte toque de trombone anuncia frenética perseguição em ostinado. O Mandarim a persegue e, quando alcança a mulher, os três delinqüentes saltam de seu esconderijo e tentam asfixiá-lo sob uma pilha de almofadas. Mas o mandarim consegue se reerguer e com os olhos fixos ainda mais apaixonadamente sobre a jovem. Os homens o atravessam com uma espada enferrujada, mas o Mandarim não sangra. Enforcam-no num candelabro mas ele não morre. Finalmente, sua cabeça é decepada e a jovem, chorando toma-o nos braços. Só então começam a ferir as feridas do Mandarim e ele consegue morrer.
Béla Bartók (1881-1945): O Mandarim Miraculoso e Dois Retratos /
Leoš Janáček (1854-1928): Sinfonietta
1. The Miraculous Mandarin op.19: Beginning
2. The Miraculous Mandarin op.19: The curtain rises
3. The Miraculous Mandarin op.19: First seduction game: the shabby old rake
4. The Miraculous Mandarin op.19: Second seduction game
5. The Miraculous Mandarin op.19: The shy youth appears at the door
6. The Miraculous Mandarin op.19: Third seduction game
7. The Miraculous Mandarin op.19: The Mandarin enters-Encounter with the girl
8. The Miraculous Mandarin op.19: The girl’s dance
9. The Miraculous Mandarin op.19: She flees from him; he chases her wildly
10. The Miraculous Mandarin op.19: The Mandarin stumbles, but catches the girl; they fight. The…
11. The Miraculous Mandarin op.19: Suddenly the Mandarin’s head Appears. The Tramps drag him out,…
12. The Miraculous Mandarin op.19: They drag the Mandarin to the centre of the room and hang him on a…
13. The Miraculous Mandarin op.19: The tramps take him down. He falls to the floor and at once leaps…
14. The Miraculous Mandarin op.19: His longing stilled, the Manadrin’s wounds begin to bleed; he…
London Symphony Orchestra
Ambrosian Singers
Claudio Abbado
15. Two Portraits op.5: 1. One Ideal: Andante – Shlomo Mintz/LSO/Abbado
16. Two Portraits op.5: 2. One Grotesque: Presto – Shlomo Mintz/LSO/Abbado
London Symphony Orchestra
Shlomo Mintz
Claudio Abbado
17. Sinfonietta: 1. Allegretto-Allegro-Maestoso – Berlin PO/Abbado
18. Sinfonietta: 2. Andante-Allegretto – Berlin PO/Abbado
19. Sinfonietta: 3. Moderato – Berlin PO/Abbado
20. Sinfonietta: 4. Allegretto – Berlin PO/Abbado
21. Sinfonietta: 5. Andante con moto – Berlin PO/Abbado
Viktoria Mullova é um das preferências absolutas deste filho de Bach. A sonoridade e a classe desta moscovita é uma coisa de louco.
A peça de Bartók é uma peça de Bartók, isto, é, é esplêndida e o mantém entre os 3 maiores Bs da música erudita, os quais permanecem como os maiores mesmo quando se usa todas as outras letras do alfabeto. Quem são os três? Ora, Bach, Brahms, Beethoven e Bartók.
A peça de Janáček é igualmente sensacional. Música bem eslava, sanguínea e cheia de surpresas e belas melodias, combinando perfeitamente com Bartók.
Depois a gente brocha. Debussy… Debussy… Debbie…, o que dizer? Claude, apesar do tremendo esforço que fez para movimentar-se no primeiro movimento, é um gordo. Portanto, é meio estático. Para piorar, é também extático. Bem, hoje faz um lindo dia e dizem que é o Dia do Beijo, o que significa que eu deveria ir para a rua ver o que consigo. (Mas, olha, foi das melhores coisas que já ouvi do gordo Debbie).
Prokofiev! Ah, Serguei é outro papo. Já de cara ele mostra quão fodão é naquele tranquilo Andante assai e no furioso Allegro brusco que o segue. Sem dúvida, é um cara que valoriza o contraste… Nós também detestamos o total flat, a gente gosta tanto dos mares piscininha quanto das descidas vertiginosas; afinal, os acidentes geográficos é o que faz a beleza da paisagem, né? As duas Sonatas de Prokofiev são notáveis.
Stravinsky… Sei que meus pares aqui no blog são admiradores do anão russo e adoro provocar, só que não dá, o cara é bão demais, raramente erra. Será que o gordo Debbie escreveu alguma coisa chamada “Divertimento”? Ele se divertia com o quê?
Bartók: Sonata for Solo Violin / Janáček: Violin Sonata / Debussy: Violin Sonata / Prokofiev: Violin Sonata Nros 1 e 2 / Stravinsky: Divertimento
CD 1
1. Bartok Sonata for Solo Violin – I. Tempo di ciaccona
2. Bartok Sonata for Solo Violin – II. Fuga. Risoluto, non troppo vivo
3. Bartok Sonata for Solo Violin – III. Melodia. Adagio
4. Bartok Sonata for Solo Violin – IV. Presto agitato
5. Janacek Violin Sonata – I. Con moto
6. Janacek Violin Sonata – II. Ballada. Con moto
7. Janacek Violin Sonata – III. Allegretto
8. Janacek Violin Sonata – IV. Adagio
9. Debussy Violin Sonata – I. Allegro vivo
10. Debussy Violin Sonata – II. Intermede. Fantasque et leger
11. Debussy Violin Sonata – III. Finale. Tres animé
CD 2
1. Prokofiev Violin Sonata No.1 in F minor, Op.80 – I. Andante assai
2. Prokofiev Violin Sonata No.1 in F minor, Op.80 – II. Allegro brusco
3. Prokofiev Violin Sonata No.1 in F minor, Op.80 – III. Andante
4. Prokofiev Violin Sonata No.1 in F minor, Op.80 – IV. Allegrissimo
5. Prokofiev Violin Sonata No.2 in D major, Op.94a – I. Moderato
6. Prokofiev Violin Sonata No.2 in D major, Op.94a – II. Scherzo. Presto
7. Prokofiev Violin Sonata No.2 in D major, Op.94a – III. Andante
8. Prokofiev Violin Sonata No.2 in D major, Op.94a – IV. Allegro con brio
9. Stravinsky Divertimento – I. Sinfonia
10. Stravinsky Divertimento – II. Danses suisses
11. Stravinsky Divertimento – III. Scherzo
12. Stravinsky Divertimento – IV. Pas de deux. Adagio – Variations – Coda
Viktoria Mullova: violin
Piotr Anderszewski: piano
Bruno Canino: piano
Recording:
June 1987, Utrecht (Bartók)
April 1989, London (Prokofiev No.2, Stravinsky)
July 1994, Forde Abbey, Chard, England (Janácek, Debussy, Prokofiev No.1)
Este CD duplo recebeu o Prêmio de Gravação do Ano de 2013 da Revista Gramophone. E, olha, é bom demais mesmo.
Patricia Kopatchinskaja nasceu em 1977 na Moldávia. Aqui, ela executa três concertos de primeira linha de compositores nascidos ali do lado, na Hungria, mais exatamente na Transilvânia, com um brio e um elã que vou lhes contar. Ou não, melhor vocês ouvirem. Não nego a importância da orquestra regida por Peter Eötvös, mas o destaque é o desempenho de — diga rápido! — Kopatchinskaja. Ela tem fantasia e fluidez ímpares. E mais não escrevo.
E o Concerto de Bartók? Uma obra-prima indiscutível, né?
Bela Bartók, Peter Eötvös e György Ligeti: Concertos para Violino e Orquestra
Bartók: Violin Concerto No. 2, Sz 112
1 Violin Concerto N°2: I. (Allegro non troppo) 16:57
2 Violin Concerto N°2: II. (Andante tranquillo) 10:01
3 Violin Concerto N°2: III. (Allegro molto) 12:07
Peter Eötvös: Seven
4 Seven: I. (First Cadenza) 1:29
5 Seven: II. (Second Cadenza) 0:47
6 Seven: III. (Third Cadenza) 2:55
7 Seven: IV. (Fourth Cadenza) 5:44
8 Seven: V. (Part II) 12:02
Ligeti: Violin Concerto
1 Violin concerto: I. (Praeludium: Vivacissimo luminoso) 3:57
2 Violin concerto: II. (Aria – Hoquetus – Choral: Andante con moto) 7:13
3 Violin concerto: III. (Intermezzo: Presto fluido) 2:24
4 Violin concerto: IV. (Passacaglia: Lento intenso) 7:06
5 Violin concerto: V. (Appassionato: Agitato molto) 7:05
Patricia Kopatchinskaja, violino
Frankfurt Radio Symphony Orchestra
Ensemble Modern (no Ligeti)
Peter Eötvös
Para mim, mais do que a variedade, a grande qualidade deste blog (entre tantas!) é nos dar a possibilidade de comparar diferentes interpretações, diferentes olhares sobre as mesmas obras.
Do ouvinte-leitor Martini
Obrigado, Martini.
Afinal, peguemos como exemplo a Chacona de Bach: a música partiu da imaginação de meu pai para o violino (1), no qual foi “testada”, e daí para o papel (2). Anos depois, foi copiada (3) e publicada (4). Hoje, o violinista lê a Chacona (5) e de seus olhos passa aquela música para o violino (6). Do violino a música chega ao ouvinte (7). Quando colocamos um CD, temos de acrescentar ainda um engenheiro de som (7) para só então podermos nos desminliguir com a música (8). Na variação entre estas passagens, leituras, comunicações, etc. está o que tanto nos compraz: a infindável diversidade das interpretações. Há mais: E a qualidade do violino? E se ele for um instrumento original barroco? E se for moderno? E o calibre do violinista? E seu senso de estilo e vivência? Não acaba mais!
É nesta série de diálogos e comunicações que está uma infindável fonte de diversão e reflexão. Mas voltemos a nosso amigo Bartók.
Como vocês viram, nós demos uma chance àquele menino Celibache. Quem pensou que a gravação de Celi não poderia ser superada talvez tome um susto com este petardo desferido por Sir Georg Solti (1912-1997), nascido em Budapeste, aliás. Para melhorar a coisa, a DG ainda acrescentou ao CD a Suíte de Danças e a Música para Cordas, Percussão e Celesta. A orquestra de Chicago tem tão bons instrumentistas em seu naipe de metais que… Olha, não vou dar a bunda praqueles negões (até por não ser meu estilo), mas que eles são bons pra caralho, são.
Ah, virão mais Concertos para Orquestra por aí…
Vamos a mais um pouco da vida de Bartók? Roubei daqui, ó.
A partir de 1907, Bartók assumiu a cadeira de professor de piano da Real Academia de Música de Budapest, onde lecionaria por trinta anos. Além de compositor, foi um magnífico pianista, sendo considerado um virtuose.
O legado musical de Béla Bártok é bastante diversificado, bem como seu estilo. A partir de 1905 ele começou a exorcizar as influências românticas de Wagner, Brahms, Liszt e Strauss e mergulhou no mundo dos sons das músicas folclóricas. Em 1911 ele escreveu sua única ópera em um ato, o Castelo do duque Barba Azul, seguida de dois balés, O príncipe de madeira e O mandarim miraculoso. Sua concepção de música nacionalista húngara está presente na ópera Barba Azul; esta e Pelléas et Mélisande de Debussy são consideradas as mais impressionantes óperas escritas no início do século XX.
No outono de 1940, Bartók e sua esposa migraram para os Estados Unidos, fugindo do regime nazista. Sua fama já era internacional, e entre suas várias obras, se destacavam os Seis quartetos para cordas, os dois primeiros Concertos para piano, o Concerto nº2 para violino e orquestra, além de várias bagatelas, suítes, e estudos para piano, com destaque para as improvisações sobre Canções Húngaras de Camponeses.
Assim que chegou aos Estados Unidos, Bartók sentiu-se só e abandonado, vivendo em um país de sociedade e língua diferente. Foram anos difíceis de penúria, quando ele e sua família sobreviveram graças às aulas de piano e à regência de alguns concertos. Em fevereiro de 1943, Bartók enfrentou seu pior momento: sofreu um colapso e foi hospitalizado, sendo diagnosticada uma leucemia.
Béla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra + Suíte de Danças + Música para Cordas, Percussão e Celesta
1. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 1. Introduzione (Andante non troppo – Allegro vivace 9:06
2. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 2. Giuoco della coppie (Allegretto scherzando) 6:11
3. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 3. Elegia (Andante, non troppo) 6:33
4. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 4. Intermezzo interrotto (Allegretto) 4:03
5. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 5. Finale (Pesante – Presto) 9:32
6. Dance Suite, Sz. 77 – 1. Moderato 3:30
7. Dance Suite, Sz. 77 – 2. Allegro molto 2:12
8. Dance Suite, Sz. 77 – 3. Allegro vivace 2:43
9. Dance Suite, Sz. 77 – 4. Molto tranquillo 2:35
10. Dance Suite, Sz. 77 – 5. Comodo 0:58
11. Dance Suite, Sz. 77 – 6. Finale (Allegro) 3:55
12. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz. 106 – 1. Andante tranquillo 6:34
13. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz. 106 – 2. Allegro 7:23
14. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz. 106 – 3. Adagio 6:51
15. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz. 106 – 4. Allegro molto 6:35
Penderecki dedicou seu Concerto Nº 2 para violino e orquestra para Anne-Sophie Mutter. Fez mais: regeu esta gravação. Sem exageros, é uma das melhores peças escritas no século XX. É um concerto em seis movimentos, com um tema de abertura bem definido que é repetido no movimento final. É tudo muito intenso e belo. Mutter escreve no encarte que a peça termina “com uma cena de enterro”. É verdade, mas há um Scherzando engraçadíssimo bem no coração do concerto. O violino de Mutter é intimista e frágil. A orquestra é dialógica, nunca esmagando o solista. Uma composição notável que ganha vida por meio de um desempenho incrível. A Sonata pata Violino e Piano de Béla Bartók é tonal, mas altamente dissonante, utilizando o piano de forma percussiva. Suas melodias são folclóricas, o meio escolhido por Bartók para dar vazão a seu avançado pensamento musical. A Sonata foi escrita no “Ano do Piano” de Bartók, 1926.
Mutter é a deusa do violino da música moderna.
(Esqueçam a mancada no nome do arquivo. O Penderecki é a principal peça deste CD.)
Krzysztof Penderecki: Concerto for Violin & Orchestra No. 2 “Metamorphosen” (1992-95) / Béla Bartók: Sonata for Violin & Piano No. 2, Sz 76 (1922)
1. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 1. Allegro ma non troppo 14:22
2. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 2. Allegretto 3:21
3. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 3. Molto 4:32
4. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 4. Vivace 2:06
5. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 5. Scherzando 5:07
6. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 6. Andante con moto 8:34
7. Bartók: Sonata No.2 for violin & piano, Sz.76 – 1. Molto moderato 8:03
8. Bartók: Sonata No.2 for violin & piano, Sz.76 – 2. Allegretto 11:43
Anne-Sophie Mutter, violino
London Symphony Orchestra
Krzysztof Penderecki, regente
Lambert Orkis, piano
Este é um disco maravilhoso. Estava postando, em 2010, uma série de discos com a obra orquestral de Bartók. Pelo visto, comecei a revalidar os links pelo último…
Final da pequena biografia de Bartók retirada daqui:
O maestro Fritz Reiner e o violinista József Szigeti levantaram fundos na colônia húngara. A verba disponibilizada foi entregue a Béla Bartók pelo maestro Serge Koussevitzky, como pagamento de uma obra encomendada pela Orquestra Sinfônica de Boston. Com as preocupações financeiras temporariamente afastadas e a doença controlada, Bartók reuniu todas as suas forças e escreveu o Concerto para Orquestra, cuja estreia se deu em dezembro de 1944, representando um triunfo de grandes proporções para o autor.
O compositor húngaro veio a falecer em Nova Iorque, no dia 26 de setembro de 1945, deixando como sua última obra, o Concerto nº3 para piano. Durante muitos anos, o estilo de Bartók, com suas dissonâncias e métrica irregular colocou-o no rol dos compositores difíceis. Hoje sua música é mais compreendida, sendo executada nas principais salas de concerto de todo o mundo.
Há relatos de que os Bartók viveram em abjeta pobreza durante seus anos em New York. Embora isto não fosse estritamente verdadeiro, viveram na obscuridade e de nenhuma maneira estavam confortavelmente instalados.
Quando Bartók adoeceu de leucemia, a American Society for Composers, Authors, and Publishers, (ASCAP) pagou suas despesas médicas e ajudou-o a começar um tratamento melhor. Para aliviar a sua penúria o condutor Fritz Reiner e o violinista József Szigeti convenceram o maestro Serge Koussevitzky a encomendar uma partitura orquestral de Bartók. O resultado foi o Concerto para Orquestra, a partitura mais popular de Bartók.
O nome se deve ao fato de que a peça não segue a forma tradicional de concerto ( de uma peça para instrumento solista e orquestra): nesta composição Bartók destaca diversos instrumentos para partes solistas, cada um a seu tempo, com isso não apenas dando ao público a possibilidade de apreciar uma grande variedade de preeminências instrumentais numa mesma peça, como também criando para a orquestra um grande desafio em termos de dificuldade de execução (como, por exemplo, entre inúmeras passagens de grande dificuldade, um determinado ponto do quarto movimento, Intermezzo interrotto, em que a partitura exige do timpanista a execução de uma linha grave cromática, o que o obriga ao uso do pedal para a mudança de afinação do instrumento enquanto o toca).
Béla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra e O Mandarim Miraculoso (Balé Completo)
1. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 1. Introduzione (Andante non troppo – Allegro vivace Royal Concertgebouw Orchestra 9:59
2. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 2. Giuoco della coppie (Allegretto scherzando) Royal Concertgebouw Orchestra 6:18
3. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 3. Elegia (Andante, non troppo) Royal Concertgebouw Orchestra 8:05
4. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 4. Intermezzo interrotto (Allegretto) Royal Concertgebouw Orchestra 4:38
5. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 5. Finale (Pesante – Presto) Royal Concertgebouw Orchestra 10:06
6. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – Introduction: A bustling city street (Allegro) Royal Concertgebouw Orchestra 1:26
7. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The curtain rises… Royal Concertgebouw Orchestra 1:48
8. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – 1st Decoy game (Moderato) Royal Concertgebouw Orchestra 1:24
9. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The shabby old rake enters..(Con moto) Royal Concertgebouw Orchestra 2:22
10. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – 2nd Decoy game Royal Concertgebouw Orchestra 1:23
11. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The shy young man…(Sostenuto) Royal Concertgebouw Orchestra 1:49
12. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – 3rd Decoy game (Sostenuto) Royal Concertgebouw Orchestra 1:05
13. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – Horrified, they see a weird figure…(Agitato) Royal Concertgebouw Orchestra 0:29
14. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The Mandarin enters…(Maestoso) Royal Concertgebouw Orchestra 0:45
15. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – General consternation…(Non troppo vivo) Royal Concertgebouw Orchestra 1:29
16. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – At last she overcomes her reluctance…(Meno vivo) Royal Concertgebouw Orchestra 4:44
17. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The girl sinks down…(Allegro) Royal Concertgebouw Orchestra 0:26
18. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – She flees from him…(Sempre vivace) Royal Concertgebouw Orchestra 1:41
19. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The Mandarin catches the girl…(Sempre vivace) Royal Concertgebouw Orchestra 0:14
20. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The tramps leap out…(Sempre vivo) Royal Concertgebouw Orchestra 0:15
21. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – “We must kill him”…(Maestoso) Royal Concertgebouw Orchestra 1:36
22. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – They think he is dead…(Adagio) Royal Concertgebouw Orchestra 1:04
23. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – At last the three tramps…(Allegro molto) Royal Concertgebouw Orchestra 1:22
24. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – Suddenly he draws himself up…(Lento) Royal Concertgebouw Orchestra 0:56
25. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – They drag the resisting Mandarin…(Grave) Royal Concertgebouw Orchestra 1:13
26. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The body of the Mandarin begins to glow (Moderato) Laurenscantorij 1:57
27. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – At her insistence…(Più mosso) Royal Concertgebouw Orchestra 1:06
28. The Miraculous Mandarin, BB 82, Sz. 73 (Op.19) – Complete ballet – Pantomime in 1 Act by Melchior Lengyel – The Mandarin’s longing…(Lento) Royal Concertgebouw Orchestra 1:06
Performed by Royal Concertgebouw Orchestra
Conducted by Riccardo Chailly
Mais um CD que não se encontra na Amazon. Um absurdo, pois é uma gravação que jamais deveria se tornar indisponível. Para meu gosto, Ozawa é um dos grandes mestres da regência e aqui nos dá um show de categoria em ambas as obras. Talvez esta seja a melhor gravação do Concerto para Orquestra que eu tenha ouvido.
Bem, vocês vão me permitir transcrever apenas no próximo post aqui a parte final daquela pequena biografia que estou postando, OK? Por quê? Ora, porque ao lado de uma das maiores obra-primas do século passado está a sensacional Sinfonietta de Janáček.
A Sinfonietta (com o subtítulo “Sinfonietta Militar” ou “Sokol Festival ‘) é um ultra expressivo e festivo trabalho escrito para grande orquestra (com 25 metais). Começou por Janáček ouvindo uma banda militar; daí, veio-lhe a vontade de escrever algumas fanfarras e… putz, saíram boas. Quando os organizadores do Festival de Ginástica de Sokol encomendaram-lhe uma obra bem escandalosa para o evento, ele desenvolveu o restante do material para a Sinfonietta. Mais tarde, ele tascou um “militar” no título, mas não pegou. Os militares perderam muito prestígio no decorrer do século… A primeira apresentação foi em Praga, em 26 de junho de 1926 sob a regência de Václav Talich.
Os fantásticos negrões dos metais da Orquestra Sinfônica de Chicago (devem ter tocado jazz desde crianças; aliás, vale a pena ouvir Bernstein falando sobre o naipe de metais de Chicago) dão mais uma demonstração absurda de sua competência — e isso nas duas obras. Vale a pena enfiar som na caixa.
Bèla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra & Leoš Janáček (1854-1928): Sinfonietta (ambas com Seji Ozawa)
1. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 1. Introduzione (Andante non troppo – Allegro vivace
2. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 2. Giuoco della coppie (Allegretto scherzando)
3. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 3. Elegia (Andante, non troppo)
4. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 4. Intermezzo interrotto (Allegretto)
5. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 5. Finale (Pesante – Presto)
6 I. Allegretto (Fanfare)
7.II. Andante (The Castle, Brno)
8.III. Moderato (The Queen’s Monastery, Brno)
9. IV. Allegretto (The Street Leading to the Castle)
10. V. Andante con moto (The Town Hall, Brno)
O que dizer deste surpreendente álbum duplo de Viktoria Mullova? Que ela é doida? Que ela é uma perfeita cigana? Que ela é linda? Que ela é uma das melhores violinistas de todos os tempos? Que ela não se importa de correr riscos?
Acho que todas as possibilidades acima estão corretas.
Mullova pegou um repertório belíssimo e pouco divulgado para estabelecer com clareza o estrago que a música cigana causou no século XX. Ou seja, dentro de um programa altamente eclético, ela reflete sobre a profunda influência cigana na música clássica e no jazz (SIM!) no século 20. Sob roupagem erudita ou jazzística, a música dos ciganos está em nossas vidas com seu acelerado e marcado pulso. O CD apresenta obras de Bartók e Kodály ao lado de coisas do mundo do jazz, incluindo John Lewis e Django Reinhardt além de faixas da banda Weather Report. A russa Mullova tem fortes ligações pessoais com o campo e os ciganos. Parte de sua família é ucraniana e, quando criança, ela passava temporadas numa pequena aldeia do interior do país, convivendo com camponeses. A música destes CDs nos permite vislumbrar um outro lado desta artista fascinante e de, pelamor, sangue quentíssimo.
(Maiores detalhes sobre as faixas estão no arquivo que vocês, creio, vão baixar).
The Peasant Girl, com Viktoria Mullova
1. For Nedim (For Nadia) 5:36
2. Django 6:44
3. Dark Eyes 6:53
4. Er Nemo Klantz , Bartók Duos 8:20
5. The Peasant 9:35
6. 7 Duos with Improvisations 10:51
7. Yura 4:44
1. Bi Lovengo 3:06
2. The Pursuit of the Woman with the Feathered Hat 5:58
3. Life 4:42
4. Kodaly: Duo for Violin and Cello, Op. 7: I. Allegro serioso 7:39
5. Kodaly: Duo for Violin and Cello, Op. 7: II. Adagio 8:11
6. Kodaly: Duo for Violin and Cello, Op. 7: III. Maestoso e largamente, ma non troppo 8:07
O post de hoje é digno de duas rapsódias húngaras de Liszt. Temos aqui, CINCO compositores húngaros diferentes em dois álbuns, e, talvez tão extraordinário quanto isso, todos com obras para viola! Sério, só tá faltando o Gyorgy Lukács pra completar o bacanal… Brincadeira, Lukács apesar de húngaro, era filósofo, não músico. E antes que venham polemizar, já digo: Eötvös e Serly, nasceram em regiões que antes faziam parte da Hungria, embora hoje sejam regiões de outros países. E além disso, ambos são de família húngara, assim como também é György Kurtág, outro que nasceu na Romênia mas é húngaro.
Mas vamos falar da viola. Eu a adoro. Por ser um instrumento meio “hipster” na orquestra, diferentemente do violino ou piano, muito pouco foi feito por ela pelos compositores clássicos e românticos. Foram os modernos e os compositores contemporâneos que, abraçando esse instrumento “marginalizado” e tão satirizado, fizeram obras grandiosas. Só para citar dois bons exemplos de obras deliciosas para viola, o concerto para viola de Schnittke, e a sonata para viola de Shostakovich.
Existe uma afinidade eletiva aqui entre compositores húngaros cujo estilo é de vanguarda e o uso de um instrumento antes secundário, a viola. E não é ao acaso que todos eles sejam do século XX, época de grandes transformações sociais que vão influenciar diretamente a produção cultural. Os dois álbuns parecem saber disso, pela seleção de obras que fazem.
Em ambos os álbuns temos o Concerto para Viola de Bartók, que já foi postado muitas vezes aqui no blog, e o qual eu devo admitir não ter digerido muito bem, mas não pelo estilo de Bartók (o qual eu adoro), mas pelo próprio ethos húngaro que eu ainda não consegui absorver tão bem quanto acredito já ter absorvido o ethos russo e alemão, por exemplo. A interpretação dos concertos fica a cargo que ninguém menos que Lawrence Power e, respirem fundo, Kim Kashkashian. Não há do que reclamar aqui amiguinhos. Dois interpretes maravilhosos.
O álbum com Power começa com o Concerto para Viola de Miklós Rózsa, compositor muito conhecido pelas composições para Hollywood, que chegam a quase cem segundo a wikipedia. Assim como Bártok, também mesclou elementos da música húngara em suas composições e podemos sentir o ethos húngaro em sua música de forma semelhante a como sentimos na música de Bártok. Pelo menos é o que se pode dizer ouvindo o concerto para viola dele. Por causa disso, poderíamos dizer que ele também era um modernista. Seu concerto me lembra um pouco o primeiro concerto para violino de Shostakovich, principalmente o quarto movimento “Allegro con spirito”.
Tibor Serly, é mais conhecido por ter sido o responsável por terminar o Concerto para Viola de Bartók. E em sua época era mais conhecido como violinista, mas também era compositor e sua obra mais conhecida é a Rapsódia para viola e orquestra, que compõe o álbum com Power.
Do álbum com Kim, além de Bartók temos Péter Eötvös, que é regente e compositor. No álbum ele rege sua própria obra, um concerto para viola a que ele chama de Replica. Sua música parece uma mistura de Shostakovich e Schnittke, e diferentemente de Bártok, Serly ou Rozsa, não faz uma música essencialmente húngara. Sua música parece usar do serialismo integral, o que resulta numa música que não remete a nada específico. E, geralmente, tendo a dizer que quando isso acontece é sintoma do vazio no coração do homem pós-moderno. Ok, talvez eu tenha ido longe, mas acho que essa minha impressão dialoga muito com a ideia que ele tenta passar na obra de um “adeus de pessoas que estão indo à lugar nenhum”, segundo o libreto.
O álbum termina com a obra do indecifrável György Kurtág. Não consegui entender muito bem qual a “ideia por trás da matéria” de sua música. Fui descobrir um pouco dele e sei que ele gosta de fazer citações nas obras. Citações essas que vão desde Bach até Webern. Na obra aqui em questão, segundo o libreto, parece que tem Brahms, Haydn e Bartók. Não captei nenhum.
Viola Concertos by Rosza, Serly & Bartok
Miklós Rózsa (1907-1995):
Viola Concerto Op. 37
01 1. Moderato assai
02 Allegro giocoso
03 Adagio –
04 Allegro con spirito
Bela Bartók (1881-1945)
Viola Concerto (completed in 1949 by Tibor Serly), Sz 120, BB 128
05 I. Moderato –
06 II. Adagio religioso –
07 III. Allegro vivace
Tibor Serly (1901-1978)
08 Rhapsody for viola & orchestra
Bergen Philharmonic
Andrew Litton, conductor
Lawrence Power, viola
Anne-Sophie Mutter, muito amada pelos editores e leitores deste blog, interpreta aqui Dutilleux, Bártok e Stravinsky. Eu não tenho nem um pouco da intimidade que o PQP ou o FDP têm com ela, mas digo sem medo que neste álbum o vigor de seu toque é arrepiante.
Pelo menos é o que eu posso dizer ao ouvir o concerto para violino do Stravinsky, que deste álbum, é minha peça favorita. Stravinsky foi um bicho muito esquisito. Começou sua carreira de forma ascendente, com uma obra atrás da outra gerando sucesso e polêmicas, tudo isso a partir de um estilo próprio que condizia com a quebra das tradições e convenções na música que ocorria numa época em que a Europa era sacudida pela guerra e por revoluções. Mas esse estilo não durou muito, em sua fase seguinte, o neoclassicismo (que foi só uma das três fases de estilo de composição ao longo da longa vida de Stravinsky), o compositor resolveu voltar às velhas formas de composição. Um desses trabalhos é o concerto contido aqui, muito embora tudo que Stravinsky faça, seja num estilo de vanguarda, seja num estilo neoclássico, é perceptivelmente ímpar. Eu adoro isso nele.
Temos também o belo concerto para violino de Bártok e Sur le même accord abrindo o CD, obra que Dutilleux dedicou à própria Mutter (Já viram que muitos grandes homens perdem a cabeça por essa pessoa).
Anne-Sophie Mutter plays Dutilleux, Bartók, Stravinsky
Henri Dutilleux (1916-2013)
01 Sur le même accord
Orchestre National de France
Kurt Masur, conductor
Béla Bartók (1881-1945)
Violin Concerto No.2, BB 117, Sz.112
02 1. Allegro non troppo
03 2. Andante tranquillo – Allegro scherzando – Tempo 1
04 3. Allegro molto
Boston Symphony Orchestra
Seiji Ozawa, conductor
Ígor Stravinski (1882-1971)
Violin Concerto in D major
05 1. Toccata
06 2. Aria 1
07 3. Aria 2
08 4. Capriccio
A revalidação desta postagem é uma cortesia com chapéu alheio feita por Ranulfus, que não quer deixar de participar das comemoração dos 100 anos de Sagração de Primavera. Como esta realização pelo regente finlandês mexeu especialmente comigo quando o PQP postou em 15/11/2009, tomo a liberdade de trazê-la para a boca do palco sem nem perguntar ao proprietário. Noto que apesar de gostar muito de Mussorgski e de Bartók, não gosto das duas peças deles incluídas aqui, em particular. Ouvi-las ou não, é com vocês. Mas essa Sagração… ouçam e depois digam se não vale mesmo o atrevimento! (Ranulfus)
Esta gravação ao vivo é a estréia de Esa-Pekka Salonen no Walt Disney Concert Hall como regente titular da Filarmônica de Los Angeles. Foi em 2003. A obra central do concerto é a A Sagração da Primavera. O registro é um verdadeiro milagre na versão original, pois a acústica do teatro é impecável. A gravação capta a energia e a beleza deste trio de músicas agitadas e poderosas.
O finlandês Salonen (1958) dá, é claro, um show. É um grande regente. Certamente ficará, se me entendem.
Mussorgski: Uma noite no Monte Calvo / Bartók: O Mandarim Miraculoso / Stravinski: A Sagração da Primavera
1. Mussorgsky: Night on Bald Mountain (original version)
2. Bartók: The Miraculous Mandarin, op. 19, Sz. 73 (concert version)
3-16. Stravinsky: Le Sacre du printemps (version 1947)
Maravilhoso disco formado por dez peças menores de compositores que apenas se unem por terem sido vanguardistas em seu tempo. Num recital que abarca 3 séculos, o pianista Lubimov dá uma aula sobre como montar um repertório erudito. Inicia com uma daquelas estranhas Fantasias do mano CPE que, para falar com a inteligência de Maitê Proença, é tudo di bom. Numa demonstração de parentesco inteiramente provocativa, mas pertinente, Lubimov dá seguimento ao recital com In a landscape, de John Cage. É notável como ambas combinam. E depois ele segue adiante com uma série de peças meditabundas. O mosaico fica lindo. O CD é da ECM. Com efeito, Manfred Eicher veio ao mundo para viabilizar as idéias mais doidas dos artistas. E para nos mostrar fatos nunca dantes pressentidos.
Alexei Lubimov – Der Bote
1 Carl Philipp Emanuel Bach: Fantasie für Klavier f-Moll
2 John Cage: In a landscape
3 Tigran Mansurian: Nostalgia
4 Franz Liszt: Abschied
5 Michail Glinka: Nocturne f-Moll “”La séparation””
6 Frédéric Chopin: Prélude c-Moll op. 45
7 Valentin Silvestrov: Elegie
8 Claude Debussy: Elégie
9 Béla Bartók: Vier Klagelieder op. 9a, Nr. 1
10 Valentin Silvestrov: Der Bote
Andor Foldes (1913-1992) pertenceu a uma geração impressionante de músicos húngaros. Como ele, Geza Anda, Gyorgy Sandor, Edith Farnadi, Irene Malik, Annie Fischer — sem levar em conta a elite de regentes famosos (Fricsay, Dorati, Reiner) ou solistas (Szigetti) Dentre eles, Foldes ocupava um lugar de destaque no universo pianístico. Este disco é um tesouro de incrível repertório: Bach, De Falla, Poulenc, Bartok, Beethoven, Liszt, Copland, Barber, Debussy e Chopin .
Foldes foi um músico consumado, inteiramente dedicado a extrair e fazer-nos sentir o espírito de cada peça que ele tocava. Seu nível de musicalidade corre inversamente proporcional à sua fama. Negligenciado e esquecido por muitos, ele representa a estatura de músicos forjados na primeira metade do século XX, como Bartók e Kodály.
Andor Foldes: Wizard of the Keyboard
CD 1:
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
Chromatic Fantasia and Fugue in D minor, BWV 903
1) Fantasia [6:44]
2) Fuga [4:35]
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
Piano Sonata No.6 in F, Op.10 No.2
3) 1. Allegro [4:18]
4) 2. Allegretto [3:46]
5) 3. Presto [2:36]
Johannes Brahms (1833 – 1897)
16 Waltzes, Op.39
6) 1. in B [0:48]
7) 2. in E [1:09]
8. 3. in G sharp minor [0:46]
9) 15. in A flat [1:34]
Manuel de Falla (1876 – 1946)
El amor brujo
10) Ritual Fire Dance [3:31]
Francis Poulenc (1899 – 1963)
Nocturnes Nos.1-8
11) No.4 in C minor [1:26]
Claude Debussy (1862 – 1918)
Préludes – Book 1
12) 8. La fille aux cheveux de lin [2:41]
Frédéric Chopin (1810 – 1849)
4 Mazurkas, op.41
13) 2. Mazurka in E minor: Andantino [2:05]
14) Nocturne No.13 in C minor, Op.48 No.1 [5:52]
Franz Liszt (1811 – 1886)
15) Mephisto Waltz No.1, S.514 [10:38]
Béla Bartók (1881 – 1945)
Suite, BB 70, Sz. 62 (Op.14)
16) 1. Allegretto [1:55]
17) 2. Scherzo [1:43]
18) 3. Allegro molto [2:05]
19) 4. Sostenuto [2:53]
Sonata for Piano, Sz. 80 (BB 88)
20) 1. Allegro moderato [4:06]
21) 2. Sostenuto e pesante [5:00]
22) 3. Allegro molto [3:29]
23) Allegro barbaro, BB 63, Sz. 49 [2:29]
CD 2:
Igor Stravinsky (1882 – 1971)
Piano Sonata (1924)
1) 1. Viertel = 112 [3:07]
2) 2. Adagietto [5:05]
3) 3. Viertel = 112 [2:42]
Samuel Barber (1910 – 1981)
Excursions, Op.20
4) 1. Un poco allegro [2:43]
5) 2. In slow blues tempo [3:32]
6) 3. Allegretto [2:28]
7) 4. Allegro molto [2:10]
Aaron Copland (1900 – 1990)
Piano Sonata (1941)
8. 1. Molto moderato [8:21]
9) 2. Vivace [4:38]
10) 3. Andante sostenuto [9:28]
Zoltán Kodály (1882 – 1967)
11) Marosszéki táncok (Dances of Marosszèk) [12:30]
7 Piano Pieces, Op.11
12) 1. Lento [1:40]
13) 2. Székely keserves. Rubato, parlando [2:20]
14) 3. “il pleut dans mon coeur…”. Allegretto malinconico [1:30]
15) 5. Tranquillo [2:04]
16) 6. Székely nóta. Poco rubato [3:08]
Igor Stravinsky (1882 – 1971)
17) Circus Polka for a Young Elephant [3:55]
Virgil Thomson (1896 – 1989)
18) Ragtime Bass in C sharp [1:41]
Isaac Albéniz (1860 – 1909)
19) Tango, Op.165, No.2 [2:46]
Digamos que eu seja conhecido aqui no blog por algumas declarações bombásticas. Pois, desta vez, não creio que vá ser muito discutida a afirmativa de que os Quartetos de Béla Bártok sejam a mais importante obra do século XX, até porque esta frase é meio consenso, meio convenção. Ora próximo ao Stravisnky da “fase russa”, ora próximo ao Beethoven dos últimos quartetos de Beethoven, Bartók casualmente distribuiu a composição dos mesmos de forma a traduzir as etapas de sua evolução artística — 1908, 1917, 1927, 1928, 1934 e 1939. O calhamaço História da Música Ocidental, de Jean e Brigitte Massin (1255 páginas), propõe que se ouça os último quartetos de Beethoven, emendando-os imediatamente com os de Bartók. A mesma força, a mesma nobreza, o mesmo espírito no tratamento das massas sonoras. Não que Bartók tenha imitado o mestre — ao contrário, Bartók não apenas tinha voz própria como bebeu nas mais diversas fontes: música folclórica, Debussy, Brahms, russos, Bach, etc.
Curiosa mistura de profunda erudição e absoluto “visceralismo”, os quartetos me chamaram a atenção durante a adolescência, por serem citados por todos os grandes escritores que gostavam de música: Erico Verissimo fala no Nº 3 e vários romancistas do pós-guerra citam o Nº 5 como uma obra inigualável, produzida pelo ódio ao nazismo que o fez exilar-se em 1940 nos EUA, já minado pela leucemia.
Não há como falar dos quartetos de Bartók de forma não apaixonada. É a maior música de nossa época e este é talvez o segundo ou terceiro CD que posto e que estão naquela categoria dos “dez mais” de minha discoteca / cedeteca.
Béla Bartók (1881-1945): Os Seis Quartetos de Cordas
CD1
1 String Quartet No 1 in A minor, op. 7 – Lento 9:22
2 String Quartet No 1 in A minor, op. 7 – Allegretto 10:29
3 String Quartet No 1 in A minor, op. 7 – Introduzione (Allegro) – Allegro vivace 10:21
4 String Quartet No 2 in A minor, op. 17 – Moderato 9:39
5 String Quartet No 2 in A minor, op. 17 – Allegro molto carpriccioso 7:39
6 String Quartet No 2 in A minor, op. 17 – Lento 7:52
7 String Quartet No 4 in C Major – Allegro 5:59
8 String Quartet No 4 in C Major – Prestissimo, con sordino 2:51
9 String Quartet No 4 in C Major – Non troppo lento 5:21
10 String Quartet No 4 in C Major – Allegretto pizzicato 2:54
11 String Quartet No 4 in C Major – Allegro molto 5:34
CD2
1 String Quartet No.3 in C sharp minor Sz93 – Prima parte: Moderato 4:35
2 String Quartet No.3 in C sharp minor Sz93 – Seconda parte: Allegro 5:34
3 String Quartet No.3 in C sharp minor Sz93 – Ricapitolazione della prima parte… 5:03
4 String Quartet No.5 in B flat major Sz110 – Allegro 7:39
5 String Quartet No.5 in B flat major Sz110 – Adagio molto 5:33
6 String Quartet No.5 in B flat major Sz110 – Scherzo (Alla bulgarese) & Trio 4:49
7 String Quartet No.5 in B flat major Sz110 – Andante 4:45
8 String Quartet No.5 in B flat major Sz110 – Finale (Allegro vivace) 6:58
9 String Quartet No.6 in D major Sz110 – Mesto – Vivace 7:33
10 String Quartet No.6 in D major Sz110 – Mesto – Marcia 7:36
11 String Quartet No.6 in D major Sz110 – Mesto – Burletta (Moderato) 7:12
12 String Quartet No.6 in D major Sz110 – Mesto 6:33
Bem simples. Em quase 59 anos de vida e ouvindo música há pelo menos 45, digo-lhes que este é um dos melhores CDs que conheço. Não era para menos. Aqui temos o gênio do húngaro Bela Bartók + o extraordinário pianista, também húngaro, Géza Anda + aquele que talvez seja o melhor regente de todos os tempos: o igualmente húngaro Ferenc Fricsay. Imaginem que Fricsay, que infelizmente faleceu precocemente aos 49 anos, foi aluno de Bartók. Não dá para descrever o resultado. São pessoas que conhecem e compreendem profundamente um dos maiores compositores do século XX. Aqui nada é normal ou rotineiro. É para se ouvir de joelhos. Aproveitem este verdadeiro tesouro.
Béla Bartók — Concertos para Piano Nº 1, 2 e 3
1. Piano Concerto No.1, BB 91, Sz. 83 – 1. Allegro moderato – Allegro 9:16
2. Piano Concerto No.1, BB 91, Sz. 83 – 2. Andante 8:35
3. Piano Concerto No.1, BB 91, Sz. 83 – 3. Allegro molto 7:12
4. Piano Concerto No.2, BB 101, Sz. 95 – 1. Allegro 9:59
5. Piano Concerto No.2, BB 101, Sz. 95 – 2. Adagio – Più adagio – Presto 12:18
6. Piano Concerto No.2, BB 101, Sz. 95 – 3. Allegro molto 6:12
7. Piano Concerto No.3, BB 127, Sz. 119 – 1. Allegretto 7:23
8. Piano Concerto No.3, BB 127, Sz. 119 – 2. Adagio religioso 10:16
9. Piano Concerto No.3, BB 127, Sz. 119 – 3. Allegro vivace 6:46
Géza Anda, piano
Radio Symphonie Orchester Berlin — Rias SO de Berlim
Ferenc Fricsay
Gravado em outubro de 1960 (1º concerto) e setembro de 1959 (2º e 3º)
Eis uma Postagem com P maiúsculo, daquelas tipo arrasa-quarteirão, facilmente classificável como IM-PER-DÍ-VEL !!!, e que vai deixar nosso mentor PQPBach alucinado, perguntando de onde tirei essa jóia rara e também perguntando o porquê de estar postando isso só agora.
Na verdade, só agora estou trazendo isso porque só agora é que consegui esse CD. Sabia de sua existência, mas ainda não tivera a oportunidade nem de ouvi-lo nem sequer encontrá-lo.
Martha Argerich e Stephen Kovacevich estavam no apogeu de seus trinta e poucos anos, e já conhecidos como grandes músicos. Se já eram casados, ou se já estavam separados, precisaria pesquisar melhor. Só sei que a química entre os dois funciona perfeitamente aqui. Sai faísca desse CD.
Bela Bartok (1881-1945): Sonata for 2 Pianos and Percussion, BB 115, W. A. Mozart (1756-1791): Andante and Five Variations in G for Piano (4-Hands), K.501, Debussy: En blanc et noir, L.134
(01) Bártok – Sonata for 2 Pianos and Percussion, BB 115 (Sz.110), 1. Assai lento – Allegro molto
(02) Sonata for 2 Pianos and Percussion, BB 115 (Sz.110), 2. Lento ma non troppo
(03) Sonata for 2 Pianos and Percussion, BB 115 (Sz.110), 3. Allegro non troppo
(04) Mozart – Andante and Five Variations in G for Piano (4-Hands), K.501, 1. Thema
(05) Andante and Five Variations in G for Piano (4-Hands), K.501, 2. Var.1
(06) Andante and Five Variations in G for Piano (4-Hands), K.501, 3. Var.2
(07) Andante and Five Variations in G for Piano (4-Hands), K.501, 4. Var.3
(08) Andante and Five Variations in G for Piano (4-Hands), K.501, 5. Var.4
(09) Andante and Five Variations in G for Piano (4-Hands), K.501, 6. Var.5
(10) Debussy – En blanc et noir, L.134, 1. Avec emportement
(11) En blanc et noir, L.134, 2. Lent. Sombre
(12) En blanc et noir, L.134, 3. Scherzando
Martha Argerich & Stephen Kovacevich – Pianos
Willy Goudswaard, Michael de Roo – Percussions
Sem o desejo de ofender nenhum pequepiano apaixonado, parece-me que o Concerto para Violino de Brahms da holandesa Janine Jansen encontra-se um degrau abaixo desta e destagravações, só para dar dois exemplos modernos de registros feitos por violinistas mulheres. É claro que aqui nos encontramos em nível altíssimo de exigência, é claro que este CD é excelente, mas o que fazer? O Concerto de Brahms é uma das principais peças para o instrumento, é difícil — o grande Hans von Bülow exagerou um pouco ao descrevê-lo como sendo escrito “contra o violino” — e costumamos ouvir verdadeiras lendas interpretá-lo. Já no Concerto de Bartók, a moça dá um show de competência e senso de estilo. Não era para menos: com um pai cravista, uma mãe cantora lírica e um irmão cellista, ela só poderia dar boa mesmo.
J. Brahms (1833-1897) e B. Bartók (1881-1945): Concertos Nº 1
1 Brahms: Violin Concerto in D, Op.77 – 1. Allegro non troppo 22:13
2 Brahms: Violin Concerto in D, Op.77 – 2. Adagio 8:28
3 Brahms: Violin Concerto in D, Op.77 – 3. Allegro giocoso, ma non troppo vivace – Poco più presto 8:02
Assim como Ravel, Bartók tem uma notável obra sinfônica, mas não compôs “Sinfonias”. O mais próximo que chegou disso foi no belíssimo Concerto para Orquestra e, antes, nas 4 Peças Orquestrais. Os cinco movimentos do Concerto para Orquestra formam uma obra-prima da literatura musical do século XX. Escrito no exílio norte-americano em 1943, foi revisado em 1945 com Bartók já tomado pela leucemia. Mas não pensem numa música triste ou “de morte”. É antes uma composição de fé na humanidade ao final da Segunda Guerra que devastou sua Hungria. Sua estrutura lembra a dos Concerti Grossi barrocos, concertos onde não apareciam ainda um único e grande solista, mas sim vários deles dialogando. A linguagem é moderna e o resultado sensacional.
Bartók escreveu: “O título deste trabalho tem por objetivo de tratar os instrumentos individuais ou grupos de instrumentos de uma forma concertante ou solista. O tratamento “virtuose” aparece, por exemplo, nas seções em fugato do desenvolvimento do primeiro movimento (instrumentos de sopro) ou nas passagens do “perpetuum–móbile” que aparece como o principal tema no último movimento (cordas), e, principalmente, no segundo movimento. Quanto à estrutura, o primeiro e o quinto movimentos são escritos na “forma sonata” de uma maneira mais ou menos regular e o desenvolvimento do primeiro movimento contém seções em fugato para os metais, a exposição no final é um pouco prolongada, e seu desenvolvimento é uma fuga construída no último tema da exposição. Formas menos tradicionais são encontradas no segundo e terceiro movimentos. A parte principal do segundo movimento consiste em um encadeamento de pequenas seções independentes, tocados por instrumentos de sopro introduzido em pares (fagotes, oboés, clarinetes, flautas, trompetes com sordina) . Tematicamente, as cinco seções não têm nada em comum e pode ser simbolizado pelas letras A, B, C, D, E. O trio é um pequeno coral para metais e tambor seguindo as cinco seções, retomadas em uma instrumentação mais elaborada. A estrutura encadeia o segundo e o terceiro movimentos. Três temas são ouvidos sucessivamente, o que constitui o núcleo do movimento que é enquadrado por uma textura nebulosa de motivos mais rudimentares. O material temático deste movimento é derivado da “Introdução” do primeiro movimento. A forma do quarto movimento Intermezzo interrotto pode ser pensado baseado nas letras A, B, A – interrupção – B, A”.
Béla Bartók (1881-1945): Concerto for Orchestra / Orchestral Pieces, Op. 12