Diversos Compositores: Piano Encores (Bombonzinhos…) – Tristan Pfaff ֍

Diversos Compositores: Piano Encores (Bombonzinhos…) – Tristan Pfaff ֍

Quem ainda não ouviu a frase ‘Eu gosto de um piano bem tocado…’? Como se alguém preferisse ouvir um piano ser maltratado… Mas, quem não gosta de ouvir ao piano lindas melodias, especialmente as mais conhecidas, que nos trazem lindas memórias, lembranças queridas?

Este disco é assim, uma coleção de peças, breves em sua maioria, com as quais os pianistas brindam as audiências ao fim do recital. Eu me interessei em postar essa coleção por lembrar-me de uma fase boa da minha primeira vida.

Meu amigo Paulo e eu íamos a muitas lojas de discos na década de 1980 e os encontros com os frequentadores mais assíduos eram constantes, já havia até uma certa camaradagem entre nós. Os atendentes das lojas conhecíamos todos e os mais diversos eles eram. Um do qual gostávamos muito era o Sr. Rubens, que trabalhava numa loja do Shopping da Gávea, sempre com um colete de lã – por causa do ar condicionado – e um lenço de seda ao pescoço, que lhe dava um certo ar de lorde. Seu Rubens guardava no peito um coração de ouro, mas tinha uma maneira seca de ser, era bem formal. Era necessário um certo esforço para que ele permitisse uma maior proximidade. Deu-me generosamente umas tantas dicas e sempre boas sugestões. Mas, meu amigo e eu adorávamos provoca-lo com afirmações que sabíamos que ele contestaria sobre peças ou intérpretes dos quais ele não gostava.

Uma vez, estávamos lá, com os narizes enfiados nas gôndolas repletas de novidades, fazendo ginásticas mentais pensando nos parcos recursos que guardávamos nas carteiras, quando entrou no salão dos clássicos uma senhora que levou a paciência e a fleuma de Seu Rubens (Rubão, nas nossas conversas longe dele…) ao limite extremo. Ela queria um disco com peças avulsas para piano – para serem ouvidas durante o encontro com as amigas, para o chá e fofocas. E ela se esforçava – aquele assim, com pecinhas bonitas, uns bombonzinhos. Pois foi aí que Rubão não aguentou: Minha senhora, para comprar bombonzinhos é melhor ir a uma bomboniere…

Esse se tornou nosso bordão – tem aí, Seu Rubens, um disco com bombonzinhos? Ele mesmo não resistia à provocação e caíamos todos na gargalhada.

Pois então, nessa nossa ‘loja de discos’, onde nos encontramos virtualmente para fuçar as gôndolas em busca de boa música, agora também tem um disco com bombonzinhos e boa memória de amigos na música.

Gran Quizz PQP Bach: Relacione o nome das peças na coluna à esquerda com o nome do compositor, na coluna da direita.

  1. The Man I Love                                                                                (  ) Schubert
  2. 21 Hungarian Dances, WoO 1: No. 1, Allegro molto                  (  ) de Falla
  3. Kuolema: Valse triste, Op. 44 No. 1                                               (  ) Chopin
  4. In das Album der Fürstin Metternich, WWV 94                        (  ) Tchaikovsky
  5. El Amor brujo: VIII. Danza ritual del fuego                                 (  ) Bach, C P E
  6. Easy Variations on Folk Themes, Op. 51: Merry Dance             (  ) Gounod
  7. Keyboard Sonata in B Minor, Wq. 55 / 3, H. 244                        (  ) Scriabin
  8. Tango (No. 2 from Espana, Op. 165)                                              (  ) Mozart
  9. 3 Songs, Op. 21: III. Jeg giver mit digt til våren                          (  ) Satie
  10. Marche funèbre pour une marionnette                                         (  ) Gershwin
  11. Suite bergamasque: Clair de lune                                                   (  ) Wagner
  12. 3 Pieces, Op. 2: I. Etude                                                                    (  ) Prokofiev
  13. Foglio D’album                                                                                    (  ) Sibelius
  14. Moments Musicaux, D780: No. 3 in F minor                               (  ) Bach, J S
  15. 6 morceaux, Op. 51, TH 143: VI. Valse sentimentale                  (  ) Debussy
  16. Nocturnes, Op. 9: II. Andante en Mi Bémol Majeur                  (  ) Puccini
  17. Pieces From “Romeo And Juliet” – Montagues and Capulets  (  ) Schumann
  18. Prelude in C Minor, BWV 999                                                        (  ) Kabalevsky
  19. Das Butterbrot                                                                                    (  ) Grieg
  20. Kinderszenen, Op. 15: XIII. Der Dichter spricht                         (  ) Brahms
  21. Gymnopédie No. 1                                                                              (  ) Albéniz

Tristan Pfaff, piano

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MP3 | 320 KBPS | 146 MB

Tristan Pfaff

The encore, an end-of-concert ritual, is always highly appreciated by the audience. In a way, through them the listener gets to know the artist a little better, as encore choices reveal taste and personality. Thus, pianist Tristan Pfaff interprets above all pieces he loves: from the Baroque era of Bach to music of the 20th century by Prokofiev and Kabalevsky, a very broad musical horizon is proposed. Popular song is also present with Gershwin’s ‘The man I love’, in its piano version.

Aproveite!

René Denon

Tristan Pfaff na festa de pré-lançamento da postagem no PQP Bach Great Hall, vendo se aproximar um garçom com mais uma bandeja de bombonzinhos servidos durante o rega-bofes…

Del barroco y del romanticismo ao siglo XXI (Carlos Prieto / Edison Quintana / Juan Luis Prieto)

Del barroco y del romanticismo ao siglo XXI (Carlos Prieto / Edison Quintana / Juan Luis Prieto)

Faz muito tempo que não é postado um CD com obras para violoncelo e piano aqui no blog. Aí vai um, com o maior violoncelista mexicano da atualidade, Carlos Prieto. Algumas dentre as primeiras peças são transcrições, mas a maioria é original. O cello de Prieto tá meio fraquinho (detesto cello que canta “pra dentro”), porém, assim como no post da semana passada, vale pela peça de Marlos Nobre – e também pela de Ernst Mahle, pela de Mignone, pela do mexicano Eugenio Toussaint e pela do americano Lukas Foss.

***

Del barroco y del romanticismo ao siglo XXI (Carlos Prieto / Edison Quintana / Juan Luis Prieto)

1 Passacaglla (para violín y violonchelo)
Adapted By – Johan Halvorsen
Composed By – Georg Friedrich Händel
7:09
2 Pezzo capriccioso Op. 62 (para violonchelo y piano)
Composed By – Pyotr Ilyich Tchaikovsky
6:09
3 Vocalise, op. 34, Nº 14 (para violonchelo y piano)
Composed By – Sergei Vasilyevich Rachmaninoff
5:52
4 Introduction et Polonaise Brillante Op. 3 (para violonchelo y piano)
Adapted By – Emanuel Feuermann
Composed By – Frédéric Chopin
8:40
5 Capriccio (para violonchelo y piano)
Composed By – Lukas Foss
6:05
6 Modinha (para violonchelo y piano)
Composed By – Francisco Mignone
3:38
7 Ocho Duos Modales (para dos violonchelos). 1. Allegro alla marcia. Lidio – menor
Composed By – Ernst Mahle
2:29
8 Ocho Duos Modales (para dos violonchelos). 2. Moderato. Lidio – mixolidio
Composed By – Ernst Mahle
2:29
9 Ocho Duos Modales (para dos violonchelos). 3. Allegro moderato. Frigio – dórico
Composed By – Ernst Mahle
1:22
10 Ocho Duos Modales (para dos violonchelos). 4. Un poco vivo. Tonos enteros
Composed By – Ernst Mahle
1:37
11 Ocho Duos Modales (para dos violonchelos). 5. Allegro. Lidio – gitano
Composed By – Ernst Mahle
2:07
12 Ocho Duos Modales (para dos violonchelos). 6. Con moto. Tono octotónico
Composed By – Ernst Mahle
2:12
13 Ocho Duos Modales (para dos violonchelos). 7. Andante. Frigio – mayor
Composed By – Ernst Mahle
1:59
14 Ocho Duos Modales (para dos violonchelos). 8. Andantino. Frigio – gitano
Composed By – Ernst Mahle
2:27
15 Partita Latina (2001 – Estreno mundial, para violonchelo y piano). I. Lento. Estático
Composed By – Marlos Nobre
6:14
16 Partita Latina (2001 – Estreno Mundial, Para Violonchelo y Piano). II. Appassionato
Composed By – Marlos Nobre
1:03
17 Partita Latina (2001 – Estreno Mundial, Para Violonchelo y Piano). III. Scherzando (Poco Vivo)
Composed By – Marlos Nobre
1:56
18 Partita Latina (2001 – Estreno Mundial, Para Violonchelo y Piano). IV. Calmo
Composed By – Marlos Nobre
2:34
19 Partita Latina (2001 – Estreno Mundial, Para Violonchelo y Piano). V. Profundo. Molto Lento
Composed By – Marlos Nobre
2:46
20 Partita Latina (2001 – Estreno Mundial, Para Violonchelo y Piano). VI. Vivo
Composed By – Marlos Nobre
1:10
21 Partita Latina (2001 – Estreno Mundial, Para Violonchelo y Piano). VII. Grave
Composed By – Marlos Nobre
2:51
22 Pour Les Enfants (2001 – Estreno Mundial, Para Violonchelo y Piano)
Composed By – Eugenio Toussaint
6:46

Piano – Edison Quintana (tracks: 2, 3, 4, 5, 6,15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22)
Violin – Juan Luis Prieto (tracks: 1)
Violoncello – Carlos Prieto, Juan Hermida (3) (tracks: 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14)

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Carlos Brianco

CVL

.: interlúdio :. É Carnaval !!! :. Lamartiníadas: A Música de Lamartine Babo (Pedro Miranda, Alfredo Del-Penho, Pedro Paulo Malta)

.: interlúdio :. É Carnaval !!! :. Lamartiníadas: A Música de Lamartine Babo (Pedro Miranda, Alfredo Del-Penho, Pedro Paulo Malta)

“O carnaval é a festa religiosa da raça”. Oswald de Andrade, um dos precursores da antropofagia modernista, preconizava no início do século uma das grandes características da cultura brasileira, a carnavalização, termo complexo, mas que traz em seu bojo forte tendência ao humor, à sátira, à paródia. Aliados a essa tendência, podemos constatar o surgimento de criativos autores e das obras cujo poder de invenção e síntese crítica desmistificam qualquer grau de alteridade de outras culturas. Desde o Barroco podemos verificar essa tendência, principalmente em Gregório de Mattos, recuperada mais fortemente no Modernismo. Às vezes, porém, torna-se necessário resgatar alguns nomes que por circunstâncias diversas escapar de um trabalho de pesquisa mais apurado. Nesse contexto encontra-se a obra de Lamartine Babo, ou simplesmente “Lalá” para muitos, compositor, cantor e escritor e um dos mais lembrados nomes da época áurea do carnaval de marchinhas carioca, cuja obra possui uma linguagem ousada, franca, satírica e, por que não dizer, destronadora, e plenamente identificada com o discurso modernista. Lamartine, apesar da importância de sua obra, foi Lamartine, apesar da importância de sua obra, foi pouco retratado ou comentado por trabalhos que abordam o tema musical brasileiro: Júlio Bressane narrou em seu filme Tabu, o encontro fictício entre Lamartine e Oswald, aproximação bastante pertinente, convenhamos. José Ramos Tinhorão, nos seus estudos da MPB, (mais de cunho histórico-jornalístico) cita-o algumas vezes em relação à produção de marchinhas e marchas-rancho no Brasil e do surgimento do rádio e TV brasileiros, bem como alguns outros autores que se limitam a listar suas músicas carnavalescas. A própria indústria fonográfica não fez ainda um levantamento mais preciso de sua obra, se comparada a de outros autores de igual período.

Trecho retirado da Introdução do trabalho “A CARNAVALIZAÇÃO NA OBRA DE LAMARTINE BABO“, de Carlos Henrique Almeida Neves (Integrante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica -PUC/SP)

Carnaval :. Lamartiníadas: A Música de Lamartine Babo (Pedro Miranda, Alfredo Del-Penho, Pedro Paulo Malta)

1 Hino do Carnaval Brasileiro (Lamartine Babo)
História do Brasil (Lamartine Babo)
2 Minha Cabrocha (Lamartine Babo)
3 Janette (Lamartine Babo/Assis Valente)
Canção Para Inglês Ver (Lamartine Babo)
4 Isto É Lá Com Santo Antônio (Lamartine Babo)
Chegou A Hora da Fogueira (Lamartine Babo)
5 Parei Contigo (Lamartine Babo)
6 Infelizmente (Lamartine Babo/Ari Pavão)
Ganga (Lamartine Babo)
7 No Rancho Fundo (Ary Barroso/Lamartine Babo)
8 Já Tirei O Meu Chapéu (Lamartine Babo)
9 Nega (Noel Rosa/Lamartine Babo)
10 Eu Queria Ser Ioiô (Lamartine Babo/João de Barro)
Seu Voronoff (Lamartine Babo/João Rossi)
11 Diga (Lamartine Babo/Gonçalves de Oliveira)
Antônio, Por Favor (Lamartine Babo/José Maria de Abreu)
12 Eu Queria Um Retratinho De Você (Noel Rosa/Lamartine Babo)
13 As Cinco Estações do Ano (Lamartine Babo)
14 Cantores do Rádio (Lamartine Babo/João de Barro/Alberto Ribeiro

Cantores:
Pedro Miranda
Alfredo Del-Penho
Pedro Paulo Malta

Músicos:
Beto Cazes (Percussão, solos de lápis no dente)
Dirceu Leite (Flauta, Flautim, Violão, Banjo, Violão tenor)
Henrique Cazes (Cavaquinho, Violão, Banjo, Violão-Tenor e voz em “infelizmente”
Luis Filipe de Lima (Violão 7 cordas)
Marcos Nimrichter (Acordeom)
Oscar Bolão (Percussão)

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Lamartine Babo

PQP

Homenagem a Paulo Moura, sax (1933-2010): ConSertão, com Elomar (violão e voz), Moreira Lima (piano e cravo) e Heraldo do Monte (viola brasileira)

Nossa homenagem ao saudoso Ranulfus continuará, também, através da republicação de suas preciosas contribuições ao nosso blog – como esta, que veio à luz em 13/7/2010.

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio que envolvam o gênio brasileiro pelos motivos expostos AQUI

Embora pessoalmente eu prefira uma outra abordagem do sax (como vocês verão daqui a uns dias), nunca pude deixar de tirar o chapéu para o trabalho do Paulo Moura – que precisamente neste álbum mostra seu fôlego para se estender para além da música da noite urbana (faixas 8, 9, 11, 12), também pelo hierático neo-trovadorismo do arquiteto baiano re-sertanejado Elomar (faixas 1, 2, 3, 4, 13 – especialmente a 4).

Mas Paulo Moura faleceu ontem (12/07/2010) à noite, não é hora de falar.
Deixo vocês com a música.

ConSertão – um passeio musical pelo Brasil
Elomar (composições, violão, voz), Arthur Moreira Lima (piano, cravo),
Heraldo do Monte (viola brasileira, violão elétrico),
Paulo Moura (sax soprano, sopranino e alto)
Participações de Paulo Moura assinaladas com *
Gravadora Kuarup, 1982

01 Estrela maga dos ciganos / Noite de Santos Reis (Elomar)*
02 Na estrada das areias de ouro (Elomar)*
03 Campo branco (Elomar)*
04 Incelença pra terra que o sol matou (Elomar)*
05 Trabalhadores na destoca (Elomar)
06 Pau de arara (Luís Gonzaga)
07 Festa no sertão (Villa-Lobos)
08 Valsa da Dor (Villa-Lobos)*
09 Lenínia (Codó)*
10 Valsa de Esquina nº 12 (F. Mignone)
11 Espinha de bacalhau (Severino Araújo)*
12 Pedacinhos do céu (Waldir Azevedo)*
13 Corban (Elomar)*

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Ranulfus

[reverentemente restaurado por Vassily em 27/2/2023]

Canções de compositores paranaenses, 1900-1999 (Marília Vargas, soprano)

Canções de compositores paranaenses, 1900-1999 (Marília Vargas, soprano)

Nem todo CD que a gente posta neste blog é por morrer de amores pelo repertório; existem muitas outras razões possíveis. Por exemplo, o CVL e eu (Ranulfus) postamos bastante por razões de documentação: disponibilizar coisas de determinada época ou tendência artística pras pessoas poderem saber que essas coisas existem e como são.

Aliás, o próprio Grão Mestre PQP não faz isso sempre, mas quando faz vai fundo: baste ver o Miles Davis que ele postou há dois dias, que, como ele mesmo é o primeiro a dizer, é realmente o ó do borogodó.

Mas esse NÃO é, de jeito nenhum, o caso do CD que estou postando agora! É um CD muito bom; minha ressalva é só que pessoalmente sinto mais afinidade com repertórios de outras épocas e estilos.

Então minha decisão de postar estas peças brasileiras inincontráveis de outro modo tem por um lado esse caráter documental – mas também outras razões: uma delas a própria voz, e a impecabilidade no uso dessa voz, dentro da técnica que escolheu, da soprano Marília Vargas – que apesar de minha conterrânea só conheci este ano com a estupenda postagem feita pelo CVL das cantatas da compositora seiscentista veneziana Barbara Strozzi.

Pessoalmente continuo preferindo ouvir a voz da Marília nas cantatas de Strozzi – mas também não posso deixar de reconhecer o capricho, o empenho verdadeiramente amoroso colocado por Marília e pelo musicólogo Paulo José da Costa, seu pai, na pesquisa e realização do CD, não por acaso chamado (a partir de um verso de uma das canções) “Todo amor desta terra”.

As 22 faixas procedem de 8 compositores, só 2 deles vivos, com por volta de 90 anos. Desses oito, o nascido há mais tempo (130 anos) morreu com 47, vítima da gripe espanhola: trata-se de Augusto Stresser (1871-1918), sempre mencionado como autor da primeira ópera composta no Paraná, “Sidéria”, de 1912 (houve outras?). O mais recente estaria com 77 anos, se não houvesse morrido aos 74: Henrique de Curitiba (1934-2008), que comparece com um ciclo de 6 poemas musicados, mais uma faixa independente.

No entremeio temos (retomando a ordem de antiguidade) Benedito Nicolau dos Santos (1878-1956), com uma faixa – e aí as principais estrelas da “face antiga” do disco: 5 faixas de Bento Mossurunga (1879-1970) e 4 de Alceo Bocchino (1918). Entram ainda Wolf Schaia (1922-2002) com 2 faixas, Gabriel de Paula Machado (1924) com uma, e também uma de José Penalva (1924-2002).

Canções paranaenses ou curitibanas? Dos oito compositores, cinco são curitibanos – sendo que Alceo Bocchino, com 92 anos, vive há 65 no Rio. Mossurunga nasceu em Castro (cidade cujo rio é homenageado na primeira faixa), mas viveu 25 anos no Rio e bem uns 60 em Curitiba. Paula Machado parece ter vivido dividido entre sua Ponta Grossa natal e Curitiba. E o Padre Penalva, provavelmente o compositor mais denso do grupo, é paulista de Campinas; mudou-se com 34 anos para Curitiba, onde produziu o principal de sua obra nos 44 anos seguintes.

Paranaenses ou curitibanas, minha impressão é que a sombra de uma terceira cidade recai sobre pelo menos metade das canções: a do Rio antigo. Pois pelo menos metade podem ser classificadas como modinhas tardias: criações novecentistas dentro do principal gênero “de salão” da música brasileira oitocentista – “popular” na medida em que possa ser chamada assim a música cultivada nas casas senhoriais. E na combinação soprano e piano a modinha está inteiramente em casa.

Talvez o caso mais curioso no CD seja a canção do Padre Penalva (faixa 14), compositor que estamos acostumados a ver transitando entre o dodecafonismo e os clusters vocais à la Penderecki: pois não é que comparece aqui com uma espécie de modinha alunduzada? A propósito, uma exploração bastante interessante dos belos versos de Menotti del Picchia, mas em certo sentido a menos paranaense das canções: antecede em cinco anos a instalação do autor em Curitiba.

As mais paranaenses, num sentido folclorizante, são – é chato dizer, mas necessário – as que eu menos gosto: peças que pretendem estilizar para o salão um tipo de música que têm seu berço no galpão, e que vive muito bem no galpão sem precisar fingir o que não é. (Falo de um galpão sulino, puxando para o gauchesco). Cabem nesse saco (ou pelo menos tendem a ele) as faixas 2, 6 e 9, sintomaticamente chamadas “Tristeza do Pinheiro”, “Sapecada” (nome que se dá para assar pinhão no mato numa fogueira das próprias grimpas do pinheiro/araucária) e “Gauchinha”.

Eu diria ainda que duas das canções escapam ao modinheiro e ao folclorizante no rumo do Lied romântico europeu (com perdão da redundância): as faixas 5 (“As letras”, de Wolf Schaia sobre versos de Fagundes Varella) e 15 (a forte “Canção de Inverno” de Alceo Bocchino).

Finalmente, espero não estar sendo influenciado pela generosidade com que, nos anos 70, Henrique de Curitiba recebia os estudantes mais inquietos na sua mesa na Confeitaria Iguaçu ou mesmo na sua casa, ao dizer que se há uma voz propriamente pessoal no CD, essa é a sua. Não que aí também não apareça o elemento “modinha”; só que, justamente, é apenas um elemento. Também não quero dizer que a composição de Henrique me convença sempre: a última faixa do CD, por exemplo (e a exemplo de algumas outras peças suas que conheço, não neste CD), me parece ficar no nível de uma construção artificial, uma intenção de composição que não recebeu a graça daquele sopro de vida que concede naturalidade até às coisas construídas mais artificialmente. Mas Henrique também tem outros momentos –

… como o encontro entre o filho de poloneses Zbigniew Henrique Morozowicz (“de Curitiba” é nome artístico) e a filha de ucranianos Helena Kolody (1912-2004), uma modesta professora de ciências apaixonada pelas palavras desde menina, que com os anos atingiu um minimalismo singelo tão pessoal que a tornou a inegável grande dame da poesia paranaense. De 1999, os “Seis Poemas de Helena Kolody” são a peça mais recente do CD, e me caem como um vinho branco de perfume sutil. Em sua delicada síntese de eslavo e brasileiro, romântico e moderno, estudado e intuitivo, quer-me parecer que neste ciclo nosso professor e amigo Henrique chegou lá – tanto no sentido de realização pessoal quanto no de alguma coisa que possa ser chamada de “canções paranaenses”, e não apenas “de compositores paranaenses”.

Mas eu falei que postava o CD por diversas razões, e há uma que ainda não mencionei – esta bem pessoal: é que precisamente hoje, 10 de setembro, se encerra a estada de nove meses do peregrino monge Ranulfus na cidade de Curitiba: sua próxima postagem já virá de outro canto do Brasil. Daí a vontade de marcar o momento com a divulgação deste CD, o qual talvez possa ser entendido – inclusive em sua imagem de capa reproduzida abaixo – como um sensível reflexo das múltiplas e para mim fascinantes ambiguidades deste lugar.

“Todo amor desta terra” – canções paranaenses [1900-1999] (2008)
Soprano: Marília Vargas – Piano: Ben Hur Cionek
Flauta transversal: Fabrício Ribeiro (faixa 6)

01 Ondas do Iapó – Bento Mossorunga / José Gelbeck
02 Tristeza do Pinheiro – Bento Mossorunga / Alberico Figueira
03 Virgem do Rocio – Bento Mossorunga / Alberico Figueira
04 Cantiga de Ninar – Alceo Bocchino / Glauco de Sá Britto
05 As Letras – Wolf Schaia / Fagundes Varela
06 Sapecada – Bento Mossorunga / João de Barros Cassal
07 A Marília – Alceo Bocchino / Tomás Antônio Gonzaga
08 Só tu – Wolf Schaia / Paulo Setúbal
09 Gauchinha – Alceo Bocchino / Antônio Rangel Bandeira
10 Mimosa Morena – Benedito Nicolau dos Santos / Correia Junior
11 Vem – Bento Mossorunga / José Gelbeck
12 Serenata da ópera “Sidéria” – Augusto Stresser / Jayme Ballão
13 Ismália – Gabriel de Paula Machado / Alphonsus de Guimarães
14 Saudade – José Penalva / Menotti del Picchia
15 Canção de Inverno – Alceo Bocchino / Pery Borges
. . . . . . . . .
SEIS POEMAS DE HELENA KOLODY – Henrique de Curitiba
16 Cantar
17 Cantiga de Roda
18 Voz da Noite
19 Âmago
20 Nunca e Sempre
21 Viagem Infinita
. . . . . . . . .
22 E se a lua nos contasse – Henrique de Curitiba

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(com excertos do encarte)

Curitiba em 1909 por R. Klämmerer — reproduzido na capa do CD

Ranulfus

A Família das Cordas – Violino Piccolo – Grigoriy Sedukh

gscd– Um álbum só de violino piccolo, Vassily?

Quase.

Desde a primeira vez em que escutei os Concertos de Brandenburg de Bach, chamou-me a atenção aquele violininho serelepe e pungente a buscar espaço com valentia em meio aos tantos sopros do Concerto no. 1:

Nunca mais ouvi falar do tal violino piccolo, de tamanho a um violino 3/4 para jovens, com algumas diferenças de construção e que soa uma terça acima dos violinos convencionais, até encontrar alguns vídeos do ucraniano Grigoriy Sedukh tocando o que chamava de piccolo em peças convencionais do repertório violinístico.

Sem ler muito as letras miúdas, comprei seu CD (lançado pelo pitorescamente batizado selo “The Catgut Acoustic Society Co.”) para só depois descobrir – mais surpreso, talvez, que decepcionado – aquela história do gato comprado por lebre.

Pois aqui Sedukh não toca exatamente o instrumento de que Bach lançara mão, mas sim num chamado “violino sopranino”, que soa uma oitava acima do violino convencional e que tem, guardadas as proporções, as mesmas proporções deste. A gravação inclui somente uma faixa com um instrumento semelhante ao piccolo barroco, o  “Adagio” de Grazioli, executado num violino dito “soprano” (uma quarta acima do convencional, mais ou menos como o piccolo), além de uma peça num “mezzo” (afinado exatamente como o convencional).

O repertório é um balaio de gatos que, obviamente, não tem razão outra de ser que não a de exibir as qualidades dos instrumentos e do intérprete. Eu acho estranho abrir uma gravação com a Polonaise de Bach, que é uma obra que parece já começar no meio, mas depois as coisas melhoram bastante. Sedukh é bom violinista e, neste pequeníssimo nicho musical, mostra-nos um bom cartão de visitas.

GRIGORYI SEDUKH – VIOLIN SOLOIST

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Suíte Orquestral no. 2 em Si menor, BWV 1067
01 – Polonaise
02 – Badinerie

Giovanni Battista  GRAZIOLI (1756-1820)
03 – Adagio*

Niccoló PAGANINI (1782-1840)
04 – Sonatina no. 1 para violino e violão
05 – Sonatina no. 3 para violino e violão

Joseph Joachim RAFF (1822-1882)
06 – Cavatina, Op. 85 no. 3

Piotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
07 – O Lago dos Cisnes, Op. 20 – Entrée et Adagio
08 – Álbum para a Infância, Op. 39 – no. 22: Canção da Cotovia
09 –  O Lago dos Cisnes, Op. 20 – Adagio †
10 –  O Lago dos Cisnes, Op. 20 – Dança Russa

Jules Émile Frédéric MASSENET (1842-1912)
11 – Thaïs – Méditation

Nikolay Andreyevich RIMSKY-KORSAKOV (1844-1908)
12 – A Lenda do Czar Saltan – O Vôo do Zangão (Шмель, Mamangaba)

Riccardo Eugenio DRIGO (1846-1930)
13 – Les Millions d’Arlequin – Adagio

Friedrich (Fritz) KREISLER (1875-1962)
14 – Marcha dos Soldados de Brinquedo

Grigoryi Sedukh, violinos sopranino, *soprano e † mezzo
Inga Dzektser, piano

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Vassily Genrikhovich

Dzektser, Sedukh - e violinos para todos os gostos
Dzektser, Sedukh – e violinos para todos os gostos

 

Concert of the Century: Celebrating the 85th Anniversary of Carnegie Hall (1976)

61YHCGMSB4L._SX425_“Concerto do Século” é um título bastante presunçoso para esta gravação da celebração dos 85 anos (jubileu esquisito, né?) do Carnegie Hall em Nova York, e que eu comprei no Carrefour nos anos 90.

Os talentos reunidos talvez justifiquem a presunção: afinal, se hoje Leonard Bernstein, Isaac Stern, Yehudi Menuhin, Vladimir Horowitz, Slava Rostropovich e Dietrich Fischer-Dieskau provavelmente estão, entre uma piada e outra de Slava, a fazer música no Olimpo, no tempo em que eles repartiam conosco o ar pestilento do Hades era bem difícil vê-los repartindo um palco.

O repertório é um saco de gatos difícil de entender, cujo único critério de eleição, parece, era o da Roda da Fortuna. Talvez quisessem apenas achar pretextos para reunir o notável panteão musical e ganhar dinheiro com isso – a edição de luxo da gravação, por exemplo, limitada a mil exemplares e autografada pelos artistas, ainda pode trocar de mãos pela ninharia de duas mil e trezentas doletas.

Essa, no entanto, é uma questão que empalidece quando imaginamos o espetáculo sui generis que não deve ter sido assistir aos célebres instrumentistas cantando (!) o Hallelujah de Händel que encerra o festim musical. Não conseguimos, em momento algum, discernir suas vozes em meio ao coro e, por isso, provavelmente devamos à Oratorio Society e à Filarmônica de New York nossos efusivos agradecimentos.

Ver Horowitz soltando um dó de peito certamente foi uma das trombetas do Apocalipse, mas o fechamento meio bizarro do concerto não condiz com algumas das belezas nele contidas. Ok, o Concerto Duplo de Bach com Stern e Menuhin é decepcionante, meio cru e cheio de arestas, e também fica difícil entender por que o “Pater Noster” à capela de Tchaikovsky está ali, perdido entre Bach e Händel. No entanto, o “Pezzo Elegiaco” que abre o belo Trio em Lá menor de Tchaikovsky (com Stern, Horowitz e Rostropovich) e o Andante da Sonata para violoncelo e piano de Rachmaninov (com Rostropovich e Horowitz) são tão bons que a gente fica cá com os botões a se perguntar por que diachos deles foram tocados só excertos.

O ouro maciço, entretanto, está no MA-RA-VI-LHO-SO “Dichterliebe” de Schumann, na voz de seu maior intérprete, Dietrich Fischer-Dieskau, e com Horowitz ao piano. Não conseguiríamos tecer loas bastantes à maior voz do século XX, então concentramos nossos confetes sobre Horowitz, que não só acompanha impecavelmente como também acrescenta tensão e lirismo a momentos cruciais. Para mim, esta é disparadamente a melhor gravação que existe desta obra-prima do gênero, e tenho certeza de que, se fosse lançada separadamente e não escondida neste saco de gatos de pedigree, seria um sempiterno sucesso.

CONCERT OF THE CENTURY – CELEBRATING THE 85th ANNIVERSARY OF CARNEGIE HALL

Gravado ao vivo em 18 de maio de 1976

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

01 – Abertura “Leonore”, Op. 72a

New York Philarmonic
Leonard Bernstein, regência

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)

02 – Trio em Lá menor para violino, piano e violoncelo, Op. 50 – Pezzo elegiaco

Isaac Stern, violino
Vladimir Horowitz, piano
Mstislav Rostropovich, violoncelo

Sergey Vasilyevich RACHMANINOV (1873-1943)

03 – Sonata em Sol menor para violoncelo e piano, Op. 19 – Andante

Mstislav Rostropovich, violoncelo
Vladimir Horowitz, piano

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CD2

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

01 – Dichterliebe, Op. 48, ciclo de canções sobre poemas de Heinrich Heine

Dietrich Fischer-Dieskau, barítono
Vladimir Horowitz, piano

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Concerto em Ré menor para dois violinos, orquestra de cordas e baixo contínuo, BWV 1043

02 – Vivace
03 – Largo ma non tanto
04 – Allegro

Isaac Stern e Yehudi Menuhin, violinos
New York Philarmonic
Leonard Bernstein, cravo e regência

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)

05 – Nove Peças Sacras – Pater Noster

The Oratorio Society
Lyndon Woodside, regência

Georg Friedrich HÄNDEL (1685-1759)

06 – Messiah, Oratório HWV 56 – no. 42, coro: “Hallelujah”

Isaac Stern, Yehudi Menuhin, Vladimir Horowitz, Mstislav Rostropovich, Leonard Bernstein, Dietrich Fischer-Dieskau, vozes
The Oratorio Society
New York Philarmonic
Leonard Bernstein, regência

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Menuhin, Slava, Volodya, Bernstein e Stern cantam, e Fischer-Dieskau pergunta-se como veio parar no meio do pior coro do mundo.

Vassily

 

Os Índios Tabajaras – Casually Classic

Os Índios Tabajaras – Casually Classic

Casually Classic - frHá ficção e realidade – e contos, e novelas.

Há mitos, há lendas – e causos, e trovas.

Há histórias tão improváveis que são indeglutíveis.

E há a história de Muçaperê e Erundi, ou de Natalício e Antenor Lima, ou – como o mundo todo viria a conhecê-los – dos Índios Tabajaras.

ooOoo

Eles eram, de fato, indígenas, nascidos da nação Tabajara, na serra de Ibiapaba, perto da divisa entre o Ceará e o Piauí. Receberam seus nomes nativos porque eram o terceiro (“muçaperê”) e quarto (“erundi”) filhos de seu pai. Sua trajetória do sertão até o sucesso mundial é tão inacreditável que minha prosa não tem asas para contá-la: deixo o próprio Natalício fazê-lo, neste longo, fascinante depoimento.

Resumo da epopeia: um primeiro contato com militares (e com o violão) no sertão; um tenente os apadrinha, e adotam “nomes de branco”; a fome move a família para o Rio de Janeiro, a pé e em pau-de-arara, ao longo de três anos, durante os quais se familiarizam com a viola brasileira e o violão; primeiras aparições no rádio e em teatros da Capital Federal e em São Paulo, anunciados como “bugres que sabem tocar”; sem serem levados muito a sério, fazem suas primeiras gravações; saem em turnê pela América Latina; chegam ao México, onde são apresentados por Ricardo Montalbán como “analfabetos musicais”; o constrangimento leva-os a terem aulas de música em Caracas e Buenos Aires; excursão pelos Estados Unidos, onde gravam várias músicas do repertório easy listening, incluindo o fox “Maria Elena”; retorno desiludido ao Brasil e busca de uma nova carreira; no meio-tempo, o compacto de “Maria Elena” transforma-se num imenso sucesso retardado, com mais de um milhão de vendas; os irmãos são catapultados de volta aos Estados Unidos, onde, entre idas e vindas, se radicam e vivem até suas mortes.

A acreditar em tudo o que se conta deles, temos a mais fantástica trajetória artística que ainda não virou livro ou filme. Mas não é ela, claro, que nos interessa, pois isso aqui, afinal de contas, é o PQP Bach e quem me lê não quer saber de histórias fabulosas: quer música, e muita, e da muito boa.

Surge, pois, a minha deixa para apresentar-lhes esta gravação.

Se a maior parte do repertório da dupla consistiu em músicas melosas, feitas para pagar as contas e destinadas invariavelmente aos almoços de família e às salas de espera de consultórios de dentista, os largamente autodidatas Muçaperê e Erundi eram entusiastas da música clássica europeia e, sempre que podiam, incluíam suas peças em seus recitais. Em muitos deles, tocavam música de elevador vestidos em trajes, ahn, “indígenas” (daqueles para inglês ver) para, depois do intervalo e de smoking, tocarem as transcrições de obras de concerto habilmente feitas por Muçaperê.

Este álbum, Casually Classic, inclui algumas delas, com solos de Muçaperê, e acompanhamentos de Erundi.

Talvez alguns torçam o nariz para a transcrição de Recuerdos de la Alhambra para dois violões, em vez da difícil superposição entre melodia em tremolo e acompanhamento em arpejos com o polegar da versão solo. Eu a acho esplêndida e muito mais evocativa que o original. Os excertos orquestrais são cheios de verve, e a fuga de Bach – uma estranha no ninho entre as seleções – é deliciosamente trigueira. O ponto alto, para mim, é a Fantasia-Improviso de Chopin, transcrita e interpretada de uma maneira tão linda que me é até mais convincente que o original pianístico.

Se a muitos será uma surpresa a revelação de que houve um grande duo de violonistas brasileiros antes dos irmãos Assad conquistarem o planeta, espero que ela, ao escutarem esta gravação, seja muito grata.

OS ÍNDIOS TABAJARAS – CASUALLY CLASSIC (1966)

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)

01  – Valsa em Dó sustenido menor, Op. 64 no. 2

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)

02 – O Quebra-Nozes, Op. 71: Valsa das Flores

Francisco de Asis TÁRREGA y Eixea (1852-1909)

03 – Recuerdos de la Alhambra

Nikolay Andreyevich RIMSKY-KORSAKOV (1844-1908)

04 – A Lenda do Czar Saltan – Ato III, Interlúdio: O Voo do Zangão

Fryderyk Franciszek CHOPIN

05  – Valsa em Ré bemol maior, Op. 64 no. 1

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

06 – O Cravo bem Temperado, livro I – Prelúdio e Fuga em Dó sustenido maior, BWV 848: Fuga

Manuel de FALLA y Matheu (1876-1946)

07 – El Amor Brujo: Dança Ritual do Fogo

Fryderyk Franciszek CHOPIN

08 – Fantasia-Improviso em Dó sustenido menor, Op. 66

Muçaperê (Natalício Moreira Lima) e Erundi (Antenor Moreira Lima), violões
Transcrições de Muçaperê

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Mussaperê e Herundi, vestidos para inglês ver
Erundi e Muçaperê, vestidos para inglês ver

Vassily

Leopold Stokowski (1882-1977): Native Brazilian Music

Leopold Stokowski (1882-1977): Native Brazilian Music

Nos idos de 1940, em plena segunda guerra mundial, os EUA estavam empenhados em realizar a chamada “Política da Boa Vizinhança” iniciada ainda em meados da década de 30. Um dos ramos deste projeto era basicamente integrar a cultura entre as Américas, e assim, no verão americano de 1940, o Maestro Leopold Stokowski (1882-1977) embarcou no navio S.S. Uruguay com sua orquestra a “All-American Youth Orchestra” e zarpou para uma turnê de Boa Vizinhança ao Brasil, Argentina, Uruguai, e alguns países da América Central. Seu primeiro porto de escala foi o Rio de Janeiro.

 

HVL ao piano ao lado de Magda Tagliaferro

Dono de uma inconfundível cabeleira prateada o britânico, de pai polonês e mãe irlandesa, desembarcou no cais do porto do Rio às 18h30 do dia 7 de agosto de 1940. A recepção foi liderada por Villa-Lobos, que, na companhia da pianista Magda Tagliaferro, velha conhecida de ambos, recebeu o amigo Stokowski com um abraço efusivo. Eles se conheceram na Paris dos anos 1920, e desde então, envolvidos com a criação e a promoção da música erudita moderna, estabeleceram uma amizade duradoura. Antes da turnê pelas Américas, o maestro vinha trocando cartas com Villa sobre um dos intentos de sua visita (integral da carta no fim do texto), e solicitou sua ajuda para recolher e gravar “a mais legítima música popular brasileira”. O maestro explicou que, devido ao seu grande interesse pela música do Brasil, ele iria pagar todas as despesas envolvidas e até especificou os tipos de música que desejava: sambas, batucadas, marchas de rancho, macumba, emboladas, etc. As gravações propostas estavam destinadas a lançamento pela Columbia Records. Elas também seriam tocadas em um congresso folclórico pan-americano que estava por vir (e que nunca aconteceu).

Villa-Lobos atendeu ao pedido do maestro e recorreu ao seus amigos, os sambistas Donga, Cartola e Zé Espinguela, que convocaram a nata dos músicos do Rio. Talvez apenas um homem da estatura de Villa-Lobos e suas ligações com os mundos do choro e do samba poderia ter reunido tal “Dream Team” do Samba para Stokowski. De fato, qualquer cartaz anunciando o seguinte rol seria um item de colecionador avidamente procurado hoje, (eu pelo menos não achei nada, nenhum cartaz do dia na net…).

Donga, Stoki e HVL

Em uma grande cerimônia, subiram ao S.S. Uruguay, em agosto de 1940, nomes como Pixinguinha, Donga e João da Baiana, a Santíssima Trindade do Samba – maiores representantes da primeira geração de sambistas do Rio. Também estiveram lá Cartola, ao lado de sua Estação Primeira e um coro de pastoras da Mangueira; Zé da Zilda, um dos primeiros sambistas “de morro”, provenientes das Escolas de Samba, a fazer sucesso “no asfalto”; Jararaca e Ratinho, mestres da embolada; Luiz Americano, saxofonista e chorão, um dos pioneiros no uso do instrumento na música popular brasileira; e Zé Espinguela, macumbeiro, figura de suma importância para o meio cultural da época.

As gravações transcorreram durante toda a madrugada de 8 para 9 de agosto, algumas poucas horas após a atracação do S.S. Uruguay. O convés do navio, frequentado por Stokowski, dirigentes da NBC/RCA por jovens instrumentistas dos Estados Unidos, foi tomado por dezenas de músicos do Rio, alguns deles em traje de carnaval, pois se acreditava que haveria filmagem (também o que nunca aconteceu).

Musicos da AAYO

Em seu livro “Todo Tempo que Eu Viver” (Rio de Janeiro, Corisco Edições, 1988), o cineasta Roberto Moura citou uma reportagem que apareceu no jornal A Noite em 8 de agosto de 1940:
“[…] O salão de música do S.S. Uruguai em toda sua existência talvez não tenha abrigado tantas celebridades como o fez ontem à noite. […]. As 22 horas, começou a concentração dos conjuntos, escolas de samba, orquestra, gente que ia cantar e gente que ia ouvir. Nesse último grupo, o próprio comandante do navio, que logo tomou lugar em uma cômoda poltrona, de onde acompanhou todo o desfile. Pixinguinha, Jararaca, Ratinho, Luís Americano, Augusto Calheiros, Donga, Zé Espinguela, Mauro César, João da Baiana, Janir Martins, Uma ala do Saudade do Cordão [sic], que tanto sucesso alcançou no último carnaval, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, o compositor David Nasser, toda essa gente fala, comenta, discute, até que tem início a trabalho das gravações. À medida que os ponteiros dos relógios correm, os passageiros do Uruguai voltam dos seus passeios pela cidade e vão tomando lugar no vasto salão. E os grupos se sucedem diante do microfone na tarefa das gravações. Já passava muito da meia-noite quando chegaram os maestros Stokowski e Villa-Lobos. Os fotógrafos se movimentam, na ânsia de colher os melhores flagrantes, mas o famoso regente de Filadélfia foge discretamente das objetivas. Por fim, desaparece de vez do salão. E, assim, de número em número, passa a noite e já é a madrugada que surge. O salão de música do Uruguai ainda cheio. Agora, a maior parte da platéia é constituída dos elementos da “All American Youth Orchestra”, que, curiosos, procuram conhecer os instrumentos típicos. Na sexta-feira, 9 de agosto, com pelo menos quarenta músicas gravadas (alguns dizem uma centena), Stokowski deu adeus ao Rio de Janeiro e partiu para São Paulo. O que ele deu aos músicos por seu trabalho? Apenas seus cumprimentos entusiasmados.”

A Columbia Records lançou as gravações de Stokowski feitas no S.S. Uruguay no inicio de 1942 sob o título “Native Brazilian Music”. Das oficiais quarenta músicas gravadas, apenas dezessete viram a luz do dia, em dois álbuns, cada um contendo quatro discos 78-RPM. As notas na contracapa anunciavam:
“Aqui neste álbum da Columbia Discos você tem a autêntica música do Brazil… Magnificamente tocada por músicos nativos… Selecionados e gravados sob a supervisão pessoal de Leopold Stokowski. Estas expressivas gravações foram feitas durante a excursão pela América do Sul do maestro Stokowski com a All American Orchestra. Em vários pontos da Excursão, o doutor Stokowski ouviu o folclore nativo e a música popular interpretados por músicos dos nossos bons vizinhos. Para a gravação, escolheu o que concluiu ser o melhor e o mais típico”.

A maioria dos músicos morreu sem nunca ter ouvido as gravações. Poucos foram pagos por elas. Cartola, por exemplo, recebeu uns míseros 1.500 réis, o suficiente para comprar três maços de cigarro baratos, um ano e meio depois das gravações. Em uma entrevista dada a Sérgio Cabral em 1974, Cartola disse que finalmente ouviu “Quem Me Vê Sorrir” — sua primeira gravação cantando — na casa de Lúcio Rangel uns bons vinte anos depois das sessões no S.S. Uruguay. Dois outros participantes da mesma gravação, Aluísio Dias (1911–1991) e Dona Neuma Gonçalves Silva, tiveram de esperar até 1980 para ouvi-la em fita. Dona Neuma (1922–2000) era a filha do presidente da Mangueira Saturnino Gonçalves, e grande dama do samba, tinha em 1940 apenas 18 anos e foi uma das pastoras que forneceram o acompanhamento vocal eletrizante em “Quem Me Vê Sorrir”.
Em uma entrevista de 1981 para o cineasta Roberto Moura, Dona Neuma ainda lembrava com simplicidade e carinho os detalhes a comida deliciosa servida a bordo do S.S. Uruguay 41 anos antes: “…. assim, eu ainda era criança, mas os coroas que foram, foram a fim de comer, tinha muita coisa boa pra gente comer, aí foi a primeira vez que nós comemos peru com abacaxi, carne de porco com ameixa, um jantar luxuoso. Gravamos, depois da festa é que teve a recepção. […] Foi tudo no mesmo dia. Foi rápido. Foi de tarde mas o samba rolou até de manhã. Eu dormi no convés do navio, que gostoso lá. […] Tinha um tipo de uma aletria com presunto, queijo, sei lá, não era macarrão era aletria, mas muito bem feita, soltinha, não ficou aquela lama não, que a gente faz uma aletria, muito bem feita, não sei como é que eles cozinharam aquilo, mas ficou soltinha, acho que eles fizeram o molho depois cozinharam o macarrão ali dentro, deram uma sacudidela que ficou soltinho, uma delícia, mas eu só queria comer, sabe? Comer e andar pelo navio. […] Era um navio bonito. […] Era um salão bonito, tinha um palco, nós cantamos num palco, ele regendo. Ele regia a nós, tinha uma orquestra e a bateria nossa. […] Ele regia a orquestra, depois veio e regeu a bateria e a gente. Nós já sabíamos porque o maestro Villa-Lobos ensinou os gestos da mão, como ia, se fosse levantando, se fosse levantar, todos os gestos nós sabíamos, ensinados pelo maestro Villa-Lobos. Ele ensinava aqui, na escola, em todo lugar, porque o maestro que nós conhecíamos naquela época foi o Villa-Lobos, foi ele. Ele vinha aqui no morro muito, porque ele era amigão do Cartola….”

A Columbia nunca lançou “Native Brazilian Music” no Brasil, e até hoje, as únicas cópias conhecias poderiam ser contadas nos dedos de uma mão. Nem o governo do Brasil nem qualquer outra entidade brasileira fez algum esforço para recuperar estas gravações. Em 1987, durante o centenário de Villa-Lobos, o Museu Villa-Lobos (MVL) no Rio de Janeiro lançou as 17 faixas de Native Brazilian Music em um LP produzido por Suetônio Valença, Marcelo Rodolfo, e Jairo Severiano, com notas do musicólogo Ary Vasconcelos (encarte junto com as faixas no download). A música foi transferida não a partir das matrizes originais, cujo paradeiro (se sobreviveram) continuou desconhecido, mas a partir de discos 78 rpm doados pelo colecionador Flávio Silva. Estes dois albuns contendo 4 discos 78 rpm cada, com 17 faixas no total, devem constar entre os mais importantes discos brasileiros em qualquer época, porém, foram lançados apenas…nos USA! Das 40 músicas gravadas, a Columbia lançou somente 17. Que outros tesouro mais se perderam ?

Vou parar por aqui. Quando os jornalistas, os políticos, os artistas leram as impressões e comentários dos jornalistas Americanos a coisa do “políticamente correto” e “boa vizinhança” ficou meio que “à deriva”, virou uma grande “quizumba”,  quase um problema diplomático. Coisas do tipo: “… o Brazil é muito bonito, uma grande tribo. Os nativos são gente qua andam e dançam sem roupa, alegres e alheios a grande guerra eropéia…..”. Bom como brasileiros nós nem precisamos nos esforçar para saber as respostas que foram dadas, e as respostas das respostas e por ai vai… Fora o mal-estar dos outros grandes artistas que ficaram de fora do evento sem terem sido convidados. Sobrou para o Villa explicar por que não convidou Siclano e Beltrano. Internamente entre os músicos da época houve muita ciumeira. Talvez esta seja uma explicação próxima do “porque” a Columbia jamais lançou esta pérola em terras Tupiniquins.

Integral da Carta do Villa para o Stokowski:

Rio de Janeiro, 16 de julho de 1940
“Caro Sr. Stokowski
Recebi sua carta do dia 3 do corrente e me apressei para responder para expressar todo o prazer que tive ao saber de sua visita iminente ao Brasil.
Estou verdadeiramente encantado com os seus planos para intercâmbio folclórico entre as nações dos continentes americanos por intermédio de discos.
Você pode contar comigo, pois farei tudo que me for possível para satisfazê-lo, correspondendo à confiança que você depositou em mim.
Estou mandando em anexo um plano das gravações que devem ser feitas por cantores populares (oriundos dos estados mais típicos dos Estados [do Brasil] e que vivem nos ambientes da Capital), vestidos em roupas típicas, se for necessário para filmagem.
Para mobilizar estes elementos, o seguinte é necessário:
1) – Seu consentimento em uma resposta urgente para
iniciar a convocação destes elementos nos próximos dez dias;
2) – A garantia de 500 dólares para despesas gerais;
isto é, a estes músicos, que devemos pagar para
reuni-los, que é uma coisa muito difícil;
3) – As cópias dos discos gravados devem permanecer no Rio,
mesmo aqueles que serão gravados nos países americanos;
Se você estiver de acordo com o plano apresentado abaixo, seria mais conveniente se você enviasse o mais rápido possível instruções para a Embaixada dos Estados Unidos da América do Norte do Brasil, para que haja um entendimento material com o organizador dos elementos típicos que irão servir em sua gravação planejada, pois eu não tenho os meios materiais para o empreendimento. No entanto, eu poderia organizá-los e coordená-los com prazer.
Quanto à parte artística de sua excelente orquestra de jovens americanos, eu devo lembrá-lo de que, para o maior sucesso possível e para a simpatia e interesse da nova geração brasileira, deve-se organizar programas principalmente com música moderna, e incluir em cada concerto um compositor brasileiro, de sua escolha, e outro dos Estados Unidos. Como você, eu tenho um grande interesse na troca da música artística entre os dois Continentes.
Aguardando sua resposta urgente, eu peço a você, Caro Senhor, para aceitar a confiança de meus sentimentos mais distintos,
H-Villa-Lobos
Avenida Almirante Barroso, 81 – Edifício Andorinha, 5° and.
s/ 534 – Rio de Janeiro, Brasil”

Nas gravações de Stokowski, Pixinguinha tocou sua flauta brilhante em muitas faixas, e cantou um dueto com Jararaca.

 

 

 

O conjunto regional de Donga forneceu muitos dos acompanhamentos nas gravações de Stokowski.

 

 

João da Bahiana – Por muitos anos o mais importante percussionista no Brasil, ele é tido como o responsável por introduzir o pandeiro no samba e no choro e transformou a faca e prato em instrumento rítmico.

 

 

 

Cartola – Nas sessões de Stokowski, onde ele fez suas primeiras gravações cantadas, Cartola foi acompanhado pelo compositor/violonista da Mangueira Aluísio Dias e um grupo de percussionistas da Mangueira.

 

 

Zé Espinguela—José Gomes da Costa (1901–1944). Pai-de-santo e importante pioneiro do samba. Quando o samba ainda era ilegal, Espinguela recebeu rodas de samba em sua casa seguidas das cerimônias de macumba. Encabeçou o Bloco dos Arengueiros no morro da Mangueira (primeiro desfile de Carnaval: 1927), do qual surgiram os sete fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, dentre eles Espinguela. Inventou a competição de escolas de samba em 1929. Popularmente conhecido como Pai Alufá, ele foi acompanhado nas gravações de Stokowski pelo grupo vocal-instrumental-de dança que geralmente tocava em suas festas, fossem elas sagradas ou profanas. Estas foram as únicas gravações cantadas feitas por Espinguela, também conhecido como José ou Zé Spinelli.

O S.S. Uruguay atracado na Praça Mauá no Rio de Janeiro. Foi um dos três navios de Boa Vizinhança pertencentes à American Republics Line e operado pela Moore-McCormack Lines. Em maio de 1939, o Uruguay trouxe Carmen Miranda para Nova York pela primeira vez.

 

 

Estaremos nas próximas postagens fazendo uma singela homenagem ao grande Maestro Leopold Stokowski, esta é a primeira de sete.

Apreciem e divulguem esta preciosidade ! Quem sabe um dia ainda aparece as outras 23 faixas gravadas…. o material do álbum de 1987 está em “pdf” junto com a música no “download”.

Native Brazilian Music

1 – Macumba de Oxóssi ( Donga, José Espinguela e Grupo Pai Alufá)
Está assinada por Donga e Espinguela. Essa macumba “with vocal ensemble” como explica a mesma etiqueta, foi gravada pelo Grupo de Pai Alufá. Como se sabe, Oxóssi é o orixá dos caçadores, sendo sincretizado, no Rio de Janeiro, como São Sebastião, e como São Jorge, na Bahia. Seu símbolo é o arco e flecha, dançando com essa arma em uma das mãos e com um erukerê (uma espécie de espanador feito com rabos de boi) na outra. O Grupo do Pai Alufá era um conjunto vocal-instrumental coreográfico dirigido por Zé Espinguela e que animava as festas deste, fossem elas sagradas (macumbas) ou profanas (sessões de samba e de chula). A voz solista é do próprio Espinguela.

2 – Macumba de Iansã (Donga, José Espinguela e Grupo Pai Alufá)
Outra macumba de Donga e Espinguela, gravada pelo mesmo grupo e com Espinguela como solista. Iansã, orixá feminino, esposa de Xangô, é sincretizada como Santa Bárbara. Dança geralmente com um alfange e um eruxim de rabo de cavalo.

Estas faixas (1 e 2) foram os únicos registros feitos por Espinguela em sua vida

3 – Ranchinho Desfeito (Donga, De Castro e Souza, David Nasser)
Uma antiga composição de Donga, letra de De Castro e Souza, ocupa a terceira faixa do nosso LP do primeiro álbum americano. Joel Nascimento canta com o Regional de Donga. Pixinguinha, então com 42 anos, “rouba” porém o fonograma com empolgante atuação na flauta.

4 – Caboclo do mato (de Getúlio marinho, com João da Bahiana, Jair Martins e Jararaca)
“Samba with vocal ensemble” está no selo do disco. Presentes nesta faixa o pandeiro de João e a flauta de Pixinguinha. A voz feminina – que repete “din, din, din, Aruama” – é provavelmente de Janir Martins.

5 – Seu Mané Luís (de Donga, com Zé da Zilda e Janir Martins)
Janir Martins dialoga com Donga neste “samba with vocal duet”. No acompanhamento, mais uma vez, o regional de Donga, com Pixinguinha à flauta.

6 – Bambo do bambu (de Donga, com Jararaca e Ratinho)
Jararaca e Ratinho cantam a embolada assinada por Donga. Nesse autêntico “destrava a lingua”, Ratinho, embola-se e tem a sua travada antes da hora…O violão sensacional que encerra a gravação é de Laurindo de Almeida.

7 – Sapo no saco (de Jararaca, com Jararaca e Ratinho)
Novamente Jararaca e Ratinho, agora na embolada Sapo no saco, de ambos, um clássico do gênero. Uma das raras composições deste repertório já gravadas anteriormente, Sapo no saco foi lançado em disco por Jararaca em abril de 1929.

8 – Que quere que quê (de João da Baiana, Donga e Pixinga, com João da Bahiana e Janir Martins)
Macumba carnavalesca de Donga, João da Bahiana e Pixinguinha. O pandeiro de João da Bahiana e a flauta de Pixinguinha, mais uma vez, roubam a cena

9 – Zé Barbino (de Pixinguinha e Jararaca)
A peça que abre o lado “b” do LP é um maracatu estilizado escrito a quatro mãos por Pixinguinha e Jararaca e gravado em dupla pelos próprios autores. Trata-se ainda de um dos raros fonogramas em que Pixinguinha atua como cantor.

10 – Tocando pra você (Luiz Americano)
Momento extraordinário nas sessões de gravação realizadas a bordo do navio Uruguai foi este em que Luís Americano, acompanhado de regional, executou ao clarinete o seu deslumbrante choro Tocando pra você, que traz João da Bahiana ao pandeiro

11 – Passarinho bateu asas (de Donga, com Zé da Zilda)
No navio, coube a Zé da Zilda a interpretação. Mais uma vez, destaca-se no acompanhamento a flauta de Pixinguinha.

12 – Pelo telefone (de Donga, Mauro de Almeida, com Zé da Zilda)
“Pelo Telefone” é um dos sambas mais emblemáticos (foi primeira música registrada como ‘samba’ no Brasil) da história da música popular brasileira . “Zamba with vocal chorus” diz o selo do disco. Só que este “zamba” não é um samba qualquer, mas justamente o primeiro a celebrizar-se como tal. Pixinguinha tem aqui nova atuação extraordinária.

13 – Quem me vê sorrir ( de Cartola e Carlos Cachaça, com Cartola e Coro da Mangueira)
Outro ponto culminante dos dois álbuns Columbia: Cartola acompanhado pelo “Mangueira Chorus” (é como se encontra no disco) canta seu samba Quem me vê sorrir, letra de Carlos Cachaça (Carlos Moreira de Castro). Carlos, aliás, era para ter ido também ao navio Uruguai, mas justamente na noite da gravação teve plantão na Central do Brasil, onde trabalhava. Este seria, possivelmente, o mais antigo registro gravado da voz de Cartola.

14 e 15 – Teiru e Nozani-ná (Música Folclorica, adaptada po HVL, com Quarteto do Coral Orfeão HVL)
Um quarteto de professores do Orfeão Villa-Lobos canta estas duas composições de Heitor Villa-Lobos: Teiru, canto fúnebre pela morte de um cacique foi recolhido por Roquete Pinto em 1912 entre os Parecis. É de 1926, sendo o segundo dos Tres Poemas Indigenas. Nazoani-ná (Ameríndio) é uma das Canções Típicas Brasileiras, de 1919. O coro do Orfeão está designado no disco por “Brazilian Indian Singers”…

16 – Cantiga de festa (de Donga e José Espinguela, com Zé Espinguela e Grupo Pai Alufá)
Zé Espinguela e Donga assinam mais esta corima, cantada pelo primeiro com o apoio do Grupo Pai Alufá.

17 -Canidé Ioune (Música Folclórica adaptada por HVL)
Canidé Ioune é o primeiro dos Tres Poemas Indígenas, de Villa-Lobos. Está baseado em um tema indígena recolhido pelo viajante Jean de Léry em 1553. Para interpretá-lo voltam os “Brazilian Indian Singers”, isto é, os professores do Orfeão.

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Stokowski e a Santissima Trindade do Samba

 

Postado por Ammiratore em 21.6.2019, restaurado por Vassily em 12.12.2024, com saudades do amigo

Achron, Aguiar, Babo, Blauth, Corrêa, Grieg, Kreisler, Picchi, Ravel, Veracini, Vieuxtemps, Vivaldi: Gaiato

Achron, Aguiar, Babo, Blauth, Corrêa, Grieg, Kreisler, Picchi, Ravel, Veracini, Vieuxtemps, Vivaldi: Gaiato

O Brasil recebeu, no pós-guerra, diversos músicos que vieram da Europa para atuar na Orquestra Sinfônica Brasileira (criada por iniciativa de José Siqueira em 1940) e que se tornaram destaques em seus respectivos instrumentos: o francês Noel Devos no fagote, o tcheco Bohumil Med na trompa, a também francesa Odette Ernest Dias na flauta, para ficar só nesses.

Neste post, rendo tributo ao violista húngaro que adotou o nome de Perez Dworecki (1920-2011, não descobri o nome de batismo dele) postando seu CD mais recente (de uns cinco anos atrás). Ao longo do ano apresentarei discos dos demais músicos.

Esta coletânea abrange do barroco europeu ao nacional contemporâneo (diferente de outras que Dworecki lançou, focadas totalmente no repertório made in Brazil) e recebeu o nome a partir de uma peça composta especialmente pelo paulista Achille Picchi. Deixo as apreciações adicionais por vossa conta.

Boa audição porque já tô pensando no próximo CD, também de viola (mas viola caipira).

***

Gaiato: Perez Dworecki

Vivaldi
1. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Largo
2. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Allegro
3. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Largo
4. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Allegro

Veracini
5. Largo

Vieuxtemps
6. Elegie

Grieg
7. Sonata (Andante Molto Tranqüilo): Op. 36 (Original Para Violoncelo)

Ravel
8. Berceuse (Sobre O Nome de Gabriel Fauré)

Achron
9. Melodia Hebraica

Kreisler
10. Liebesleid

Breno Blauth
11. Sonata (Para Viola E Piano): Dramático
12. Sonata (Para Viola E Piano): Evocativo
13. Sonata (Para Viola E Piano): Agitado

Ernani Aguiar
14. Meloritmias Nº 5: Ponteado (Viola Solo)

S. V. Corrêa
15. Cantilena (Para Viola E Piano)
16. Seresta Nº 2 (Para Viola E Piano)

Lamartine Babo
17. Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda

Villani-Cortes
18. Luz

Achille Picchi
19. Gaiato: Op. 168 (Choro Para Viola E Piano)

Perez Dworecki, viola
Gilberto Tinetti e Paulo Gori, piano

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O húngaro Perez Dworecki

CVL – PQP

.: interlúdio (ou não) :. Shani Diluka: Route 66 (American Piano Music)

.: interlúdio (ou não) :. Shani Diluka: Route 66 (American Piano Music)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um belo disco difícil de definir: é jazz ou erudito? Bem, na verdade eu nem noto mais a diferença. Ouço ambos os gêneros indistintamente. A pianista Shani Diluka, nascida no Sri Lanka, chama seu recital de 18 peças de compositores e improvisadores norte-americanos de Route 66. Nas anotações que vêm junto ao CD, ela liga cada peça a uma passagem de On the Road, de Jack Kerouac, embora a calma que prevalece na maioria das canções dificilmente evoque a narrativa contundente do romance. Ela demonstra um colorido maior do que normalmente se ouve dos chamados especialistas em música contemporânea. Isso é bom, claro. Porém, na maioria das peças líricas, no entanto, a dinâmica suave retrocede e murcha quase a ponto de desaparecer, especialmente quando Diluka faz diminuendos. Mas o saldo final é altamente positivo. A pianista é excelente e o repertório fantástico.

Deixem eu contar uma história rapidinha para vocês. Certa vez, estava em Londres e fui assistir a um concerto sensacional onde um conhecido pianista interpretaria um Concerto de Mozart. Ele tocou maravilhosamente e foi muito aplaudido. Voltou três vezes ao palco. O pedido por um bis era óbvio. Então ele ergueu os braços e pediu silêncio. Disse que no dia anterior substituíra outro pianista que caíra doente. Tivera que ir até Praga para fazer o Concerto Nº 1 de Brahms. Estava no contrato. Na volta, o avião atrasara. Contou que estava cansadíssimo e que ia dar o bis tocando a peça que costumava tocar à noite, quando estava em casa e queria relaxar para dormir. E anunciou: “Vamos relaxar juntos. Vou tocar Peace Piece, de Bill Evans. Espero que vocês não durmam”. A ultra civilizada e culta plateia londrina, em vez de aplaudir, fez aquele som misto de aplausos e Uh, Uh! típicos dos concertos de jazz. Melhor cidade do mundo.

Shani Diluka: Route 66 (American Piano Music)

1 China Gates
Composed By – John Adams
4:40
2 My Wild Irish Rose
Arranged By – Keith Jarrett
5:05
3 Lullaby
Composed By – Percy Grainger
5:06
4 Pas De Deux
Composed By – Samuel Barber
3:59
5 Young Birches
Composed By – Amy Beach*
2:38
6 Waltz For Debby
Composed By – Bill Evans
2:10
7 Etude No. 9
Composed By – Philip Glass
2:17
8 For Felicia Montealegre
Composed By – Leonard Bernstein
1:59
9 In A Landscape
Composed By – John Cage
6:18
10 I Love Porgy
Arranged By – Keith Jarrett
Composed By – George Gershwin
5:10
11 Interlude
Composed By – Leonard Bernstein
1:36
12 Chandeliers
Composed By – Hyung-Ki Joo
6:26
13 Danza De La Mozo Donosa
Composed By – Alberto Ginastera
3:23
14 For Aaron Copland
Composed By – Leonard Bernstein
1:06
15 Piano Blues No. 1 “For Leo Smit”
Composed By – Aaron Copland
2:22
16 Peace Piece
Composed By – Bill Evans
7:05
17 Love Walked In
Arranged By – Percy Grainger
Composed By – George Gershwin
4:29
18 What Is This Thing Called Love
Arranged By – Raphaël Merlin
Composed By – Cole Porter

Piano – Shani Diluka
Vocals – Natalie Dessay (faixa 18)

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Diluka: às vezes delicada demais, mas com alto saldo positivo

PQP

The Christmas Music of Johnny Mathis: A Personal Collection – 1958

3vi2rThe Christmas Music of Johnny Mathis
Johnny Mathis & Percy Faith and His Orchestra

Johnny Mathis encantou as gerações dos anos 60. Mais conhecido como um cantor romântico, é o terceiro cantor mais vendido da história dos Estados Unidos, atrás somente de Elvis Presley e Frank Sinatra. Já vendeu mais de 350 milhões de cópias no mundo todo. Quebrou um recorde sem precedentes: permaneceu 491 semanas consecutivas no “Billboard Top 100 Albuns”, de 1958 a 1990. Este recorde consta no Guinness Book of Records.

Palhinha: ouca 02. Silver Bells

Johnny Mathis & Percy Faith and His Orchestra
01. Silent Night
02. Silver Bells
03. Winter Wonderland
04. Sleigh Ride
05. White Christmas
06. Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow!
07. A Marshmallow World
08. Have Yourself A Merry Little Christmas
09. The Little Drummer Boy
10. Santa Claus Is Coming To Town
11. It’s Beginning To Look A Lot Like Christmas
12. The Christmas Waltz
13. We Need A Little Christmas
14. It’s The Most Wonderful Time Of The Year

The Christmas Music of Johnny Mathis: A Personal Collection – 1958
Johnny Mathis & Percy Faith and His Orchestra

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MP3 192 kbps – 60,5 MB – 42,2 min
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Boas Festas!

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Avicenna

Christmas with the Chipmunks – 1958

9zme8Alvin and the Chipmunks

Alvin and the Chipmunks is an American animated music group created by Ross Bagdasarian, Sr. for a novelty record in 1958. The group consists of three singing animated anthropomorphic chipmunks: Alvin, the mischievous troublemaker, who quickly became the star of the group; Simon, the tall, bespectacled intellectual; and Theodore, the chubby, impressionable one. The trio is managed by their human adoptive father, David Seville. In reality, “David Seville” was Bagdasarian’s stage name, and the Chipmunks themselves are named after the executives of their original record label. The characters became a success, and the singing Chipmunks and their manager were given life in several animated cartoon productions, using redrawn, anthropomorphic chipmunks, and eventually films.

The voices of the group were all performed by Bagdasarian, who sped up the playback to create high-pitched voices. This oft-used process was not entirely new to Bagdasarian, who had also used it for two previous novelty songs, including “Witch Doctor”, but it was so unusual and well-executed it earned the record two Grammy Awards for engineering. Bagdasarian, performing as the Chipmunks, released a long line of albums and singles, with “The Chipmunk Song” becoming a number-one single in the United States. After Bagdasarian’s death in 1972, the characters’ voices were performed by Ross Bagdasarian, Jr. and Janice Karman in the subsequent incarnations of the 1980s and 1990s. (Wikipedia)

Alvin and the Chipmunks
01. Here Comes Santa Claus (Right Down Santa Claus Lane)
02. Jingle Bells
03. It’s Beginning To Look A Lot Like Christmas
04. Rudolph, The Red-Nosed Reindeer
05. Up On The House-Top
06. We Wish You A Merry Christmas
07. Silver Bells
08. Over The River And Through The Woods
09. All I Want For Christmas (Is My Two Front Teeth)
10. Frosty The Snowman
11. The Twelve Days Of Christmas
12. Santa Claus Is Comin’ To Town
13. Christmas Time (Greensleeves)
14. Here We Come A-Caroling
15. Deck The Halls
16. The Night Before Christmas
17. Jolly Old Saint Nicholas
18. Wonderful Day
19. Have Yourself A Merry Little Christmas
20. Jingle Bell Rock
21. O Christmas Tree (O Tannenbaum)
22. Hang Up Your Stockin’
23. White Christmas

Christmas with the Chipmunks – 1958

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MP3 192 kbps – 74,9 MB – 51,2 min
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Boas Festas!

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Avicenna

.: Interlúdio :. Della Reese – The Classic Della – 1962

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1962

Essa última postagem do Marcelo Stravinsky sobre Albert Ketèlbey quase me mata do coração. Ele cita a Della Reese interpretando Take My Heart. Essa música faz parte de um LP de 1962 com a Della Reese cantando Don’t You Know, uma de minhas primeiras paixões musicais. Em 1958 eu a ouvia cantar Don’t You Know no programa do Miguel Vaccaro Neto, na Rádio Panamericana de S. Paulo, num radinho portátil Spica. Esse programa sempre apresentava as músicas mais vendidas nos USA, segundo a revista “Cashbox Magazine”. Era o máximo! A Della emplacou um primeiro lugar em 1958 com essa música!

Não conseguindo resisitir à força do passado, apresento o LP “The Classic Della”, somente com versões pop de grandes clássicos, magistralmente interpretados por Della Reese. Que vozerão! É isso! Foi-se o tempo em que os grandes sucessos para a moçada eram versões de clássicos. Não, não tinha bate-estaca … éramos românticos. A maior “sacanagem” permitida era dançar de rosto colado!!! Que delícia …

Não percam Don’t You Know e o Take My Heart do meu amigo Marcelo  Stravinsky … na verdade, mas na verdade mesmo, não percam nenhuma faixa!

01. The Story of a Starry Night (Based on Tchaikovsky’s “Symphony No.6 Pathetique”)
02. These Are the Things I Love (Based on Tchaikovsky’s “Violin Concerto in D Major”)
03. If You Are But a Dream (Based on Anton Rubinstein’s “Romance in E flat, Op. 44, No. 1, aka “Rubinstein’s Romance”)
04. My Reverie (Based on Debussy’s “Rêverie”)
05. Take My Heart (Based on Ketèlbey’s “In a Persian Market”)
06. Stranger in Paradise (Based on Borodin’s “Polovetsian Dances from Prince Igor”)
07. Gone (Based on Drigo’s “Serenade I Milione d’Arlecchino(?)”)
08. Serenade (Based on Schubert’s “Serenade”)
09. Moon Love (Based on Tchaikovsky’s “5th Symphony, 2nd Movement”)
10. Softly My Love – (Based on Chopin’s “Etude in E major, op.10, no.3, Tristesse”)
11. Till The End of Time – (Based on Chopin’s “Polonaise No. 6 in A Flat Major”)
12. Don’t you know (Based on Puccini’s “Musetta’s Waltz Song from La Boheme”)

The Classic Della – 1962
Della Reese, seu vozerão e acompanhada por uma baita orquestra

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MP3 320 kbps – 84,9 MB – 36,5 min
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Apesar de raramente respondidos, os comentários dos leitores e ouvintes são apreciadíssimos. São nosso combustível.
Comente a postagem!

Avicenna

.: interlúdio :. Antiphone Blues

.: interlúdio :. Antiphone Blues

IM-PERDÍ-VEL !!!

Mais um disco de gatinhos, mas estes aqui vêm embalados em tanta elegância timbrística e com uma qualidade sonora tão estupefaciente que é bom respeitar. O saxofonista sueco Arne Domnérus (1924-2008) e o organista também sueco Gustaf Sjökvist (1943-2015) gravaram Antiphone Blues em 1974 na Spånga Church, de Estocolmo. A fórmula já era praticada desde o barroco — você deve ouvir o que os italianos escreveram para trompete e órgão, é do caraglio –, mas, é claro, o sax não existia durante o barroco, só as igrejas. Após Antiphone, John Surman levou seu sax para várias igrejas — ficou lindo — e The Carla Bley Big Band Goes to Church, só que acho que nada se compara à elegância cool de Domnérus e Sjökvist. Vale a pena deitar no chão e ouvir bem alto, sentindo vibração por vibração. É do caraglio.

Dentro da Spånga Church, Stockholm, Sweden.
Dentro da Spånga Church, Stockholm, Sweden.

Antiphone Blues

A1 Almighty God — Written-By – Duke Ellington 3:10
A2 Nobody Knows The Trouble I’ve Seen 3:05
A3 Sometimes I Feel Like A Motherless Child 2:20
A4 Antiphone Blues 3:15
A5 Jag Vet En Dejlig Rosa 2:40
A6 Träumerei – Arranged By – Bengt Hallberg — Written-By – Robert Schumann 4:30
B1 Come Sunday Arranged By – Bengt Hallberg — Written-By – Duke Ellington 4:35
B2 Heaven — Written-By – Duke Ellington 3:09
B3 Entonigt Klingar Den Lilla Klockan 3:35
B4 Den Signade Dag 3:45
B5 Largo Written-By – Antonio Vivaldi 3:05

Saxophone – Arne Domnérus
Organ – Gustaf Sjökvist

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Spånga Church, Stockholm, Sweden, agora por fora
Spånga Church, Stockholm, Sweden, agora por fora

PQP

.: Interlúdio :. Dietrich in Rio (1959)

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Copacabana Palace
1959

Era uma vez uma época em que havia maravilhosos blogs de música brasileira, que continham verdadeiros tesouros musicais que jamais serão encontrados em qualquer loja do mundo. Lembro-me do Loronix, da Bruxa do Vinil e, principalmente, do Um Que Tenha, mais conhecido como UQT. Depois vieram os brucutus e acabaram com tudo.

Pois foi exatamente o Fulano Sicrano, criador do UQT, quem me enviou esta gravação! Tim tim, Fulano, saudades …

Em sua apresentação no Brasil em 1959, Maria Magdalene Von Bosch – a grande Marlene Dietrich, “as pernas do século” – nesse antológico show no Golden Room do Copacabana Palace, dizem que La Dietrich estava deslumbrante. Quem assistiu a apresentação conta que a grande atriz cantou, para delírio da platéia, o “Luar do Sertão”, todinho em português que aprendeu com Cauby Peixoto.

O diretor musical era nada menos que o Burt Bacharach!

Marlene Dietrich
01. Look Me Over Closely
02. You’re the Cream in My Coffee
03. My Blue Heaven
04. The Boys in the Backroom
05. Das Lied ist aus
06. Je tire ma révérence
07. We All Right
08. Makin’ Whoopee
09. I’ve Grown Accustomed to Her Face
10. One For My baby
11. I Will Come Back Again
12. Luar do Sertão

Dietrich In Rio – 1959
Diretor musical: Burt Bacharach

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MP3 160 kbps | 41,5 MB

Powered by iTunes 12.3.0 | 36 min

Boa audição.

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Avicenna

.: intermezzo :. Angels of Venice: Music For Harp, Flute And Cello

Curioso, talvez esse disco seja bom para o sexo. Ou para elevadores ou aeroportos. Mas dizem que também serve para crianças. Não sei bem, só sei que é new age e que é relaxante no início, mas depois, se prestarmos atenção, irrita. Melhor deixá-lo como música de fundo para as primícias de uma noite de sexo ou para trilha sonora de um longo banho de espuma. (Por algum motivo, pensei em um cara velho tomando banho de espuma com uma jovem mulher, enquanto bebem champanhe e sorriem um para o outro. Não, não eram Michel e Marcela, eram coisa melhor). Serviria também para a ioga, para ler um livro mais ou menos, para meditar doce e equivocadamente ou para a contação de histórias infantis.

Trata-se do disco independente de estreia do trio feminino Angels of Venice. Os tais anjos são a loiríssima harpista texana Carol Tatum, a violoncelista Sarah O’Brein e a flautista e percussionista Suzanne Teng. O grupo foi formado em 1993 e toca tudo o que é açucarado. São arranjos de música medieval, barroca e neoclássica. É um som romântico, bonitinho, macio e bem feitinho. Há uma faixa que tem fontes murmurantes e passarinhos ao fundo. Me senti mal.

 

Angels of Venice: Music For Harp, Flute And Cello

01 – Pachelbell’s Canon
02 – Little Angels
03 – Dragonfly
04 – Crystal Tears
05 – An English Garden
06 – Greensleeves
07 – Sara’s Dream
08 – Night Spirits
09 – Luna Mystica
10 – A time For Dreams
11 – The Enchanted Forest
12 – Lover’s Requiem
13 – The Reflecting Pool
14 – Dreamcatcher

Angels of Venice:
Cello – Sarah O’Brein
Flute – Suzanne Teng
Harp – Carol Tatum

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PQP

.: interlúdio :. The Moscow Symphony Orchestra — The Music of Deep Purple

.: interlúdio :. The Moscow Symphony Orchestra  — The Music of Deep Purple

Eu fui um adolescente que ouvia a música erudita de meu pai TODAS AS NOITES e rock durante o dia. Eu e minha irmã gostávamos. Ela amava os Beatles e eu os Beatles e todo o resto. Tive sorte, pois, em 1969, tinha 12 anos. Peguei vários discos hoje clássicos quando de seus lançamentos. Tenho-os em vinil, perfeitamente conservados. Comprei-os, digamos, na primeira edição.  Então, discos, como Machine Head, In Rock, Burn, Fireball e Who do we think we are, do Deep Purple, são meus íntimos. Quase não os ouço mais, mas eles estão na minha discoteca.

O que temos aqui? Ora, um baita disco de crossover conduzido por Constantine Krimets e arranjado por Stephen Reeve e Martin Riley. Foi gravado em estúdio em 1992. Não há bateria nem guitarra — não há, de fato, nenhum instrumento de rock, apenas uma orquestra sinfônica. Todas as faixas foram cuidosamente rearranjadas, e umas soam mais fieis que outras aos originais. Child in Time é particularmente bem sucedida, The Mule e Pictures of Home idem, muito graças às belas melodias. Gostei também de Highway Star… Não pude evitar. Krimets disse que quase toda a orquestra conhecia a fundo os temas, de tanto ouvi-los em casa.

Se compararmos estes arranjos com o que ouvimos nos crossover das orquestras brasileiras, nossa, isso aqui é Stockhausen de tão complexo. Mas penso que este disco apenas possa interessar aos nostálgicos que conhecem cada original. Em resumo, Crossover é só curiosidade boba. E kitsch.

The Moscow Symphony Orchestra – The Music of Deep Purple

01. Smoke On The Water
02. Space Trucking
03. Child In Time
04. Black Night
05. Lazy
06. The Mule
07. Pictures Of Home
08. Strange Kind Of Woman
09. Burn
10. Highway Star
11. Fireball
12. Coda And Reprise

Moscow Symphony Orchestra
Constantine Krimets

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A formação clássica do Deep Purple: Gillan, Blackmore, Paice, Glover e Lord.
A formação clássica do Deep Purple: Gillan, Blackmore, Paice, Glover e Lord.

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The Spirit of Gambo – English consort and solo viol music (1570-1680)

The Spirit of Gambo – English consort and solo viol music (1570-1680)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O que dizer dos discos de Jordi Savall? Talvez o mais sensato seja logo falar que são excepcionais, necessários mesmo. E o mais razoável seria falar deles na forma de um poema. Ele é artista de tal qualidade que não saiu de moda, apesar de a música antiga ser hoje pouco ouvida em comparação com o que era nos anos 70, por exemplo. Ele nos prova que o conhecimento histórico é tão importante quanto o conhecimento científico e, quando ouço suas aulas sobre nosso passado musical, ganhou alguns centímetros.

The Spirit of Gambo – English consort and solo viol music (1570-1680)

1. Tye – Sit Fast a 3 (1570) 7:35
2. Dowland – Lacrimae Gementes a 5 4:25
3. Dowland – The Earl of Essex Galiard 1:31
4. Hume – Harke, harke (Bass-Viol) 2:05
5. Hume – A Souldiers Resolution 4:02
6. Coprario – Fantasia V a 3 3:37
7. Coprario – Almaine III (3 Lyra-Viols) 3:12
8. Coprario – Coranto (3 Lyra-Viols) 2:20
9. Gibbons- Fantasie X a 3 4:34
10. Gibbons – In Nomine a 4 2:20
11. Ferrabosco II – Almaine (Lyra-Viol) 4:06
12. Ferrabosco II – Coranto I 1:29
13. Ferrabosco II – Coranto II 1:46
14. Jenkins – The bell Pavan 5:53
15. Corkine – Walsingham (Lyra-Viol) 3:18
16. Corkine – The Punckes delight 1:45
17. Locke – Fantazie 3:30
18. Locke – Courante 1:03
19. Locke – Ayre 3:17
20. Locke – Saraband 1:22
21. Anonyme – The Lancashire Pipes (Lyra-Viol) 6:03
22. Purcell – Fantasia IX a 4 (23 June 1680) 5:08
23. Purcell – Fantasia upon one note a 5 3:03

Hespèrion XX
Jordi Savall

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Jordi-Savall_1

PQP

The Peasant Girl, com Viktoria Mullova

The Peasant Girl, com Viktoria Mullova


IM-PER-DÍ-VEL !!!

O que dizer deste surpreendente álbum duplo de Viktoria Mullova? Que ela é doida? Que ela é uma perfeita cigana? Que ela é linda? Que ela é uma das melhores violinistas de todos os tempos? Que ela não se importa de correr riscos?

Acho que todas as possibilidades acima estão corretas.

Mullova pegou um repertório belíssimo e pouco divulgado para estabelecer com clareza o estrago que a música cigana causou no século XX. Ou seja, dentro de um programa altamente eclético, ela reflete sobre a profunda influência cigana na música clássica e no jazz (SIM!) no século 20. Sob roupagem erudita ou jazzística, a música dos ciganos está em nossas vidas com seu acelerado e marcado pulso. O CD apresenta obras de Bartók e Kodály ao lado de coisas do mundo do jazz, incluindo John Lewis e Django Reinhardt além de faixas da banda Weather Report. A russa Mullova tem fortes ligações pessoais com o campo e os ciganos. Parte de sua família é ucraniana e, quando criança, ela passava temporadas numa pequena aldeia do interior do país, convivendo com camponeses. A música destes CDs nos permite vislumbrar um outro lado desta artista fascinante e de, pelamor, sangue quentíssimo.

(Maiores detalhes sobre as faixas estão no arquivo que vocês, creio, vão baixar).

The Peasant Girl, com Viktoria Mullova

1. For Nedim (For Nadia) 5:36
2. Django 6:44
3. Dark Eyes 6:53
4. Er Nemo Klantz , Bartók Duos 8:20
5. The Peasant 9:35
6. 7 Duos with Improvisations 10:51
7. Yura 4:44

1. Bi Lovengo 3:06
2. The Pursuit of the Woman with the Feathered Hat 5:58
3. Life 4:42
4. Kodaly: Duo for Violin and Cello, Op. 7: I. Allegro serioso 7:39
5. Kodaly: Duo for Violin and Cello, Op. 7: II. Adagio 8:11
6. Kodaly: Duo for Violin and Cello, Op. 7: III. Maestoso e largamente, ma non troppo 8:07

Viktoria Mullova
The Matthew Barley Ensemble

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Russa sangue quente (e bom).
Mullova: russa sangue quente. E bom.

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Rapsódia Latina – Obras para violoncelo e piano

Rapsódia Latina – Obras para violoncelo e piano

rapsodia latinaUm dos melhores CDs de repertório moderno e contemporâneo para violoncelo e piano já lançados: formidável de cabo a rabo.

O problema é que depois que ouço o inusitadamente romântico Poema III de Marlos Nobre, acho as outras peças sem encanto, mas admito que é uma preferência pessoal: o Poema é daquelas músicas para você fazer um powerpoint com as fotos de sua namorada e mandar pra ela no próximo 12 de junho (fica a dica).

Rapsodia Latina

01 Marlos Nobre (Brasil, 1939): Poema III – op.94 n.º 3 (2001)
Andante con motto

Gabriela Frank (EUA/Peru, 1972): Manhattan Serenades (1995) *
02 I Uptown
03 II Midtown
04 III Downtown

05 Joaquín Silva-Díaz (Venezuela, 1886-1977): Serenata (1935) *
Andantino, quasi allegretto

Esteban Benzecry (Argentina, 1970): Toccata y Misterio (1991) *
06 Allegro enerqico
07 Misterioso
08 Allegro enerqico

09 Esteban Benzecry (Argentina, 1970): Rapsodia Andina (2002)*
Obra dedicada ao Duo Lin/Castro-Balbi

Luis Sandi (México, 1905-1996): Sonatina (1958) *
10 I Largo – Allegro comodo
11 II Adagio non troppo
12 III Allegro vivo

Marlos Nobre (Brasil, 1939): Desafio II, op.31 n.º 2bis (1968)
13 I Cadenza: calmo e rubato
14 II Desafio: vivo – Lento – tempo vívo

15 Manuel M. Ponce (México, 1882-1948) Lejos de tí (arr. Gloria Lin) *

16 William Bolcom (EUA, 1938): Gingando: Brasilian Tango Tempo
(Tombeau d’Ernesto Nazareth)
– from Capriccio (1985)

Duo Lin/Castro-Balbi:
Jesús Castro-Balbi, cello
Gloria Lin, piano

* Primeiras gravações mundias / world premiere recordings

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Marlos Nobre: qual será o segredo de sua cabeleira?
Marlos Nobre: qual será o segredo de sua cabeleira?

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Prayer: Música para Voz e Órgão com Magdalena Kozena e Christian Schmitt

Prayer: Música para Voz e Órgão com Magdalena Kozena e Christian Schmitt

Um disco de música sacra desta que é uma das maiores estrelas do canto lírico atual. Ela canta maravilhosamente peças que, na verdade, tira de letra. É uma utilidade, pois raramente um duo de voz e órgão é gravado, ainda mais neste nível. Aqui, ela passa por Franz Schubert, Johann Sebastian Bach, Hugo Wolf, Maurice Ravel, Bizet, Verdi, Purcell… e outros compositores dos quais a gente nem sabia de momentos carolas. Sabiam que ela vai gravar todas as canções de Schubert em uma série de recitais no Wigmore Hall? Ah, pois é, as pessoas têm de se informar. Vai gravar, sim..

Prayer: Música para Voz e Órgão com Magdalena Kozena e Christian Schmitt

Franz Schubert (1797-1828)
1. Totengräbers Heimweh, D 842 05:42
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
2. Komm, süßer Tod, komm, sel’ge Ruh!, BWV 478 03:16
Hugo Wolf (1860-1903)
3. Karwoche 03:54
Maurice Ravel (1875-1937)
4. Kaddisch 04:34
Georges Bizet (1838-1875)
5. Agnus Dei 03:08
Franz Schubert (1797-1828)
6. Ellens Gesang III (Hymne an die Jungfrau), D 839 05:44
Hugo Wolf (1860-1903)
7. Mühvoll komm ich und beladen 04:42
Henry Purcell (1659–1695)
8. Tell Me, Some Pitying Angel (The Blessed Virgin’s… 07:15
Antonin Dvorak (1841-1904)
9. Ave Maria, Op.19b 03:01
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
10. So gibst du nun, mein Jesu, gute Nacht!, BWV 501 02:10
Franz Schubert (1797-1828)
11. Himmelsfunken, D 651 02:54
Hugo Wolf (1860-1903)
12. Zum neuen Jahr 01:43
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
13. Die güldne Sonne, BWV 451 01:13
Franz Schubert (1797-1828)
14. Vom Mitleiden Mariä, D 632 03:46
Hugo Wolf (1860-1903)
15. Schlafendes Jesukind 03:11
Franz Schubert (1797-1828)
16. Litanei auf das Fest Allerseelen, D 343 04:41
Giuseppe Verdi (1813–1901)
17. Ave Maria 05:03
Hugo Wolf (1860-1903)
18. Gebet 02:02
Franz Schubert (1797-1828)
19. Der Leidende, D 432 01:52
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
20. Mein Jesu, was für Seelenweh, BWV 487 02:32
Maurice Duruflé
21. Notre Père, Op.14 01:25
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
22. Kommt, Seelen, dieser Tag, BWV 479 01:06
Petr Eben (1929-2007)
23. Die Hochzeit zu Kana 06:54
Leos Janacek (1854-1928)
24. Glagolitic Mass – 7. Varhany Solo 02:53

Magdalena Kozena, mezzo-soprano
Christian Schmitt, órgão

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A Sr.a Rattle sabe o que faz. Canta demais!
A Sra. Rattle sabe o que faz. Canta demais!

PQP

Canto Brasilis – Madrigal de Brasília [link atualizado 2017]

Como já disse, reduzi o ritmo mas não vou parar. Volto hoje com mais outra contribuição inédita aqui pro blog.

Não tinha visto até agora nenhum post com obras corais à capela de compositores brasileiros (acho que nem de estrangeiros, fora peças renascentistas). Tenho poucas coisas dignas nesse campo e o presente CD nem é a melhor delas, particularmente pela qualidade do coral, mas vale bastante pelo repertório.

Minhas peças preferidas neste álbum são, nessa ordem, as de Jorge Antunes (Folia de Reis), José Vieira Brandão, Ronaldo Miranda (Autopsicografia), Kilza Setti, Camargo Guarnieri e Amaral Vieira.

***

Canto Brasilis – Madrigal de Brasília

01. Ave Maria – Camargo Guarnieri
02. Pater Noster – Antonio Vaz
03-07. Opuscula Sacra, op. 227 – Amaral Vieira
Kyrie Eleison
Judas Mercator Pessimus
Ave Verum
Christus Factus Est
Panis Angelicus
08. O Magnum Misterium, op. 20 – Marco AB Coutinho
09. Gloria – Cláudio Ribeiro
10. Yemanjá-ôtô – Kilza Setti
11-13. Três Cânticos Breves – Ronaldo Miranda (sobre poemas de Fernando Pessoa)
Canção
Pobre e velha música
Autopsicografia
14. Pingos d’Água – Henrique de Curitiba
15. Trem de ferro – José Vieira Brandão
16. Acalanto – Flávio Gontijo
17-18. Das quatro pequenas peças de povo – Jorge Antunes
Se ela nua fosse minha
Folia de Reis
19. Nascente – Murilo Antunes e Flávio Venturini (Arr.: Joaquim França)
20. Preciso aprender a ser só – Paulo e Sérgio Valle (Arr.: Radovir Filho)
21-22. Faixas bônus

Regência: Éder Camúzis

PS.: Basta escutar até a faixa 18. Depois não tem mais graça.

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CVL
Repostado por PQP
Trepostado por Bisnaga

Neue Deutsche Post Avantgarde (1988)

Neue Deutsche Post Avantgarde (1988)

Este é um vinil hoje raríssimo que fazia a alegria de quem frequentava o Instituto Goethe quando este era voltado para as artes. Ele, a coletânea, dava uma passada pelos grupos de música de vanguarda alemães dos anos 80. Bem, e era uma loucura absoluta. Eu adoro! A produção era do Goethe de São Paulo e o nome era “Uma Amostragem da Música Alemã Pós-Moderna”. E, bem, na minha opinião é rock n` roll… Inicia até calminho, mas e depois? Há, Beethoven e Power Rangers, corais e motores. Leiam abaixo a história das 2.950 cópias deste disco surpreendente que trago para vocês neste domingo. O meu exemplar está aqui em casa guardadinho. Vale muito. É a música ideal para torturar vizinhos e pessoas convencionais em geral. Ex-esposas e ex-maridos de ouvidos pouco alongados são alvos preferenciais.

Muito cuidado, convém usar moderadamente! Você pode acabar agredido!

Neue Deutsche Post Avantgarde

.oOo.

Very important 80s compilation gathering the best experimental acts of the German scene of this time. Limited edition of 2950 copies pressed in Germany for the Goethe Institute, Sao Paulo, Brazil. Only 150 copies remained for sale in Europe. The other 2800 copies were sent to the Goethe Institute & went lost there. I suppose the LPs were distributed among the people in Brazil, which were highly interested in avant-garde music after the great success of the EUROPEAN MINIMAL MUSIC PROJECT presentation in Brazil. It is known that Kodiak Bachine in collaboration with Elmar Brandt, director of the Goethe Institute of São Paulo at that time, participated of the launching of the LP Neue Deutsche Post-Avantgarde in São Paulo at “Cri Du Chat” record store.

The Portuguese title is “Uma Amostragem Da Musica Alemã Pós-Moderna”.

Musicians:

1. S.B.O.T.H.I. (Swimming Behavior Of The Human Infant)
Real Name: Achim Wollscheid. Achim Wollscheid is a media artist whose work over the past 20 years has been at the forefront of experimental music. His work in sound has led to an interest in the relation between sound, light and architectural space, which he pursues through public, interactive and electronic projects.

2. Cranioclast
Cranioclast is a duo from Hagen, Germany, which produce various artistic endeavors, most commonly music. Usually those two identify themselves as Soltan Karik and Sankt Klario. They have their own label called CoC and were working with a number of like-minded bands, including Kallabris, Fetisch Park and A.B.G.S..

3. P16.D4
P16D4 was a German band whose music bordered on the industrial and on the cacophonous. On their debut album “Kühe In 1/2 Trauer” (Selektion, 1982) they managed to fuse the playful irrationality of Dadaism and the oppressive tones of expressionism. Roger Schönauer and Ewald Weber focused on an austere art and technique of loop and tape manipulation. Stefan E. Schmidt joined the ensemble on Distruct (Selektion, 1995), a deconstructed remix of sound sources provided by friends in the industrial scene. The double album Nichts Niemand Nirgends Nie (1985) delved into musique concrete and electronic improvisation. Tionchor (Sonoris, 1987) collects revised rarities.

4. Gerechtigkeitsliga
Members: Till Brüggemann & Ragnar. Gerechtigkeitsliga was formed in 1981. At that time, there were four German artists involved. The centre of operations was moved from Germany to London. Throughout the 1980’s and the early 90’s, the group was self-sufficient in producing music, films and videos. Multimedia Performances took place throughout central Europe and the USA. Gerechtigkeits Liga participated in many tape and some vinyl compilations in Europe, Brazil and the USA. (Gerechtigkeits Liga “Hypnotischer Existenzialismus” was also released as 12″ red vinyl on U.S.A label Thermidor records. G.L`s first 12″ was released on their own Zyklus records label in 1984).

5. Graf Haufen
Real Name: Karsten Rodemann. Started during the early days of the “tape revolution” in the early 1980’s at age 14 to release audio tapes of his own music under different names. The label was called GRAF HAUFEN TAPES. Later he added other musicians to the rooster as well. The label was stopped around 1985. Later he released books and booklets for art exhibitions held at his own apartment – some of the artists involved are also musicians such as John Hudak, G.X. Jupitter-Larsen aka THE HATERS, Andrzej Dudek-Dürer, Das Synthetische Mischgewebe.

6. Mullah

7. H.N.A.S.
HNAS (Hirsche Nicht Auf Sofa or Moose Without a Sofa), emerged in the 80’s German post avant garde industrial scene. The group was founded by Achim P. Li Khan and Christoph Heemann They are known for their radically eclectic sound and their sophisticated studio work. The work of HNAS is marked especially by an absurd sense of humor (their name being the first indication). . H.N.A.S.’s sound experimentation started in 1984 with a series of limited cassettes made for demonstration purpose or personal use. Their first LP, 1985’s Abwassermusik reflected an interest in collages of samples, tape loops and found sounds, often repeated ad infinitum. The group then recorded “Melchior” with Steven Stapleton (of Nurse with Wound). The group released two more LPs during 1986-87, Im Schatten Der Mhre and Kuttel im Frost (both on Dom).

8. Cinéma Vérité
Noise, experimental, minimal Members: Andreas Hoffmann, Klaus Hoeppner

9. Frieder Butzmann / Thomas Kapielski
Thomas Kapielski German author, artist & musician.
Frieder Butzmann, Veteran German musician amongst others on Zensor label.

10. Werkbund
Enigmatic industrial/experimental band from Hamburg, Germany. The sound deals mainly with marine tales and myths from Northern Germany. So far, it is not known who the artists are. It has been guessed that Felix Kubin and Uli Rehberg and other artists from Hamburg might be involved. Some people pretend that both Werkbund and Mechthild Von Leusch involve the collaboration of Asmus Tietchens and Uli Rehberg, though Asmus Tietchens repeatedly and vehemently denied any participation in the band.

Tracklist

A1. S.B.O.T.H.I. – Meio 1
A2. Cranioclast – “… And Even When They Are Shadowing the Skies …”
A3. P16. D4 – Driesbach
A4. Gerechtigkeits Liga – Zyklus Beats / In Excelsis Zyklus
A5. Graf Haufen – Scanning / Nature Is Noise Enough
A6 Mullah – Starve to Death
B1. H.N.A.S. – Quietschend, laut und ungestüm (Es war nicht mein Tag)
B2. Cinema Verite – Gebetsmhlen
B3. Frieder Butzmann / Thomas Kapielski – Rausch, Leiden und Gesang des B. und des K.
B4. Werkbund – Unter der Stadt 3
B5. S.B.O.T.H.I. – Meio 2

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O P16.D4 em ação
O P16.D4 em ação

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Ludi Music – The Spirit of Dance – 1450-1650 (com Jordi Savall e Hesperion XXI)

Ludi Music – The Spirit of Dance – 1450-1650 (com Jordi Savall e Hesperion XXI)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Começo a elogiar por onde? Certamente pela ideia brilhante de se fazer um disco de world music do passado. É música  e alegre (Ludi, ludus) do Afeganistão, da Turquia, do México, do Peru e do raio que o parta. É música rica, de ritmos maravilhosos, tocada em instrumentos da Europa e do Oriente. É uma extraordinária mistura barroca de peças instrumentais e vocais. E é Jordi Savall e seu grupo, que inclui músicos de vários países. Um baita show.

Ludi Music (com Jordi Savall e Hesperion XXI)

1. Afghanistan: Laïla Djân 4:03
2. Berbère: Berceuse Amazigh Driss El Maloumi 2:32
3. Turquie: Makam ‘Uzäl Sakil “Turna” 2:13
4. Rhodes: La guirnalda de rosas (Sefardi) 4:12
5. Ballo: Collinetto (Napoli) 2:55
6. Strambotto: Correno multi cani 2:26
7. Base dance: La Spagna (Anonyme) 1:40
8. Alle Stamenge (Canto Carnascialesco) 3:08
9. Gallyard (Anonyme) 2:38
10. Lullaby: My little sweet darling (Anonyme) 3:59
11. Dance (Anonyme) 1:02
12. Tourdion: Quand je bois du vin (Anonyme) 4:05
13. Bourrée d’avignognez (Anonyme) 1:58
14. La Folia: Yo Soy la Locura (Du Bailly) 2:31
15. Les Nimphes de la Grenouillere (Anonyme) 2:50
16. Pavan V Ludi Musici (S. Scheidt) 4:20
17. Galliard Battaglia (S. Scheidt) 3:13
18. Villancico: Yo me soy la morenica 2:02
19. Canarios: No piense Menguilla (J. Marin) 4:28
20. Romanesca: Recercada 7 (D. Ortiz) Jordi Savall 3:12
21. Baile: Niña como en tus mudanças (J. Marin) 5:23
22. Folias Criollas (Peru_ Jordi Savall 3:20
23. Mestizo e Indio: Tleycantimo (Oaxaca) 4:34
24. Guaracha: Ay que me abraso (Mexico) 3:31

Adela Gonzalez-Campa
Montserrat Figueras
Hesperion XXI
Jordi Savall

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Jordi Savall: se ele não existisse, teria que ser inventado
Jordi Savall: se ele não existisse, teria que ser inventado

PQP