Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para Violino, op. 61 em Ré Maior – Benedetti, Aurora Orchestra, Nicholas Collon

Desde que ouvi esse concerto para violino de Beethoven, ainda adolescente, em uma gravação de David Oistrakh, ele se tornou meu favorito. Sua longa abertura, antes da entrada do violino solista, sempre me encantou, eu tinha sempre certeza de que o que viria depois da longa introdução seria algo muito especial. Felizmente nunca me decepcionou, e nunca irei me decepcionar, ou cansar dele, depois de tantos anos ouvindo. Não tenho mais aquela gravação do Oistrakh, até hoje imbatível nesse concerto, era uma gravação do selo soviético Melodya, que ganhei de meu irmão, e que ele pegou de volta depois de alguns anos.

Longe de querer comparar Oistrakh com a jovem e brilhante violinista escocesa Nicola Benedetti, a essência da música de Beethoven sempre estará presente, mesmo quando interpretadas por conjuntos musicais menores, e intérpretes de novas gerações. Essa música é atemporal, tenho certeza de que mesmo daqui a 1000 anos ainda será interpretada, não sei de que forma, e continuará cativando novos ouvintes.

Para esta gravação,  Benedetti optou por escolher a incrível cadenza escrita pelo próprio Beethoven, revolucionária em sua construção e concepção:

No primeiro movimento, a música é baseada na cadência que Beethoven escreveu para seu próprio arranjo deste Concerto para Violino como Concerto para Piano. Beethoven a abordou de uma forma verdadeiramente revolucionária, incorporando uma parte de tímpanos à textura, transformando sua cadência em um diálogo entre o pianista e o timpanista. (Livremente traduzido, texto retirado da apresentação do disco no site da própria orquestra).”

Também de acordo com o texto do site da orquestra, a violinista não se utilizou de partituras, apenas da memória, de tantas vezes que estudou essa obra. Isso lhe permitiu improvisar, e o resultado soa muito interessante, principalmente no Rondo final.

01. Beethoven- Violin Concerto in D Major, Op. 61- I. Allegro ma non troppo (Cadenza- Benedetti & Limonov)
02. Beethoven- Violin Concerto in D Major, Op. 61- II. Larghetto
03. Beethoven- Violin Concerto in D Major, Op. 61- III. Rondo. Allegro (Cadenza- Benedetti & Limonov)

Nicola Benedetti – Violino
Aurora Orchestra
Nicholas Collon – Diretor

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The Salieri Album, com Cecilia Bartoli

The Salieri Album, com Cecilia Bartoli
1.90.3-7E7XAL5M3AOA6PKUKJNEPYOORA.0.1-3

Antonio Salieri (1750 – 1825) não era Mozart, mas também não era um perna-de-pau como, por exemplo, Kannemann. Vale a pena conhecer a música deste rival vienense de Wolfgang. Por outro lado, as interpretações da espevitada e espetacular Cecilia Bartoli são capazes de valorizar mesmo as mais bobas árias, o que aqui não é o caso. A romana Bartoli, possuidora de uma rara autoironia num meio em que as cantoras costumam portar-se como se gozassem de precedência divina. Diz que já nasceu cacarejando… Eu, P.Q.P. Bach, aprecio tanto sua voz e musicalidade que nem noto suas caretas em cena. Quem repara diz que são horríveis. Neste CD, ela faz uma seleção de árias das óperas de Salieri.

The Salieri Album, com Cecilia Bartoli
1. Questo guajo mancava…Son qual lacera tartana (La secchia rapita)
2. Che dunque!…Or ei con Ernestina…Ah sia gia (La Scuola dei gelosi)
3. Vi sono sposa e amante (La Fiera di Venezia)
4. Voi Lusingate invano lo smarito cor mio…Misera abbandonata (Palmira, Regina di Persia)
5. E void a buon marito…Non vo gla che vi suonino (La Cifra)
6. Alfin son sola…Sola e mesta (La Cifra)
7. Dopo pranzo addormentata (Il Ricco d’un glorno)
8. No, non cacillera…Suelle mi temple (La secchia rapita)
9. Lungi da me sen vada quella veste fatal…Dunque anche il cielo…Contro un’alma sventurata (Palmira, Regina di Persia)
10. Se lo dovessi vendere (La Finta scema)
11. Eccomi piu che mai…Amor pletoso Amore (Il Ricco d’un Glorno)
12. La ra la (La Grotta di Trofonio)
13. E non degg’io seguirla!…Forse chi sa…Vieni a me sull’ali d’oro (Armida)

Composed by Antonio Salieri
Performed by Orchestra of the Age of Enlightenment [members of]
with Cecilia Bartoli, Claudio Osele
Conducted by Adam Fischer

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Essa nasceu cacarejando.. Quem disse foi ela, não eu.

PQP

Mahler (1860 – 1911): Canções da Coleção ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Christiane Oelze (soprano) • Michael Volle (barítono) • Gürzenich-Orchester Köln & Markus Stenz / Brigitte Fassbaender (mezzo-soprano) • Dietrich Fischer-Dieskau (barítono) • Rundfunk-Sinfonieorchester Saarbrücken & Hans Zender ֍

Mahler (1860 – 1911): Canções da Coleção ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Christiane Oelze (soprano) • Michael Volle (barítono) • Gürzenich-Orchester Köln & Markus Stenz / Brigitte Fassbaender (mezzo-soprano) • Dietrich Fischer-Dieskau (barítono) • Rundfunk-Sinfonieorchester Saarbrücken & Hans Zender ֍

Blocos de granito – não estátuas de mármore!

Gustav Mahler sobre os textos reunidos em Des Knaben Wunderhorn

Mahler explicou: Os textos reunidos no Wunderhorn, por exemplo, não são poemas magistrais, mas blocos de granito dos quais quem quiser poderá formar o que bem desejar. Foi assim que Mahler preparou os textos retirados dessa coleção para compor suas canções, os encurtou, acrescentou repetições, reorganizou, reunindo mais do que um poema em uma só canção, acrescentou versos e com isso deu a certos textos novos sentidos.

Meu primeiro contato com a música de Mahler foi o disco ‘Mahler para Milhões’, uma antologia de trechos da Integral das Sinfonias gravada por Rafael Kubelik. Duas faixas desse disco são canções compostas sobre textos encontrados na coleção de poemas folclóricos reunidos na coletânea intitulada Des Knaben Wunderhorn editada por Clemens Brentano e Archim von Arnim entre 1805 e 1808. Essas poesias rústicas inspiraram vários compositores como Mendelssohn, Schumann, Brahms e outros, mas com Mahler foi um pouco diferente. Ao longo de 14 anos, entre 1887 e 1901, ele compôs 24 canções com letras construídas de textos dessa coleção. Um percurso memorável que transcendeu a canção e permeou seu universo sinfônico.

Vamos à postagem. Como adoro essas canções, venho colecionando diversas gravações, tanto das 12 canções que foram orquestradas, ou 15, se levarmos em conta mais três que estão incorporadas às sinfonias e das 9 primeiras que ficaram na forma voz acompanhada por piano. Digo ficaram porque as canções do Wunderhorn foram sempre compostas originalmente para voz e piano e de um ponto em diante Mahler passou a escrever uma versão orquestral para o acompanhamento. De qualquer forma, esse conjunto foi sendo publicado, mas Mahler não teve a intensão de que formassem um ciclo, como o Dichterliebe de Schumann ou o Winterreise de Schubert.

Hoje vamos ouvir (postar) duas gravações nas quais as canções são interpretadas com duas vozes acompanhadas por orquestra. Há gravações de todos os jeitos, inclusive uma só voz e acompanhamento de piano. Hoje ficaremos no conjunto daquelas cujo acompanhamento é feito por orquestra.

Nas duas gravações escolhidas as orquestras são de rádios alemãs, uma delas com dois cantores que podemos chamar de lendas do Lieder: Dietrich Fischer-Dieskau e Brigitte Fassbaender. Eles são acompanhados pela Rundfunk-Sinfonieorchester Saarbrücken regida por Hans Zender, numa gravação feita em abril de 1979. Eles cantam 11 canções ao longo de 45 minutos intensos. Do ‘canone´das 12 Wunderhorn com acompanhamento de orquestra só ficou de fora uma cançãozinha intitulada Verlor’ne Muh’. O regente é Hans Zender, também compositor, arranjou o Winterreise para voz e orquestra e foi bem identificado com música contemporânea. Este é o segundo disco de um álbum duplo, parte de uma coleção de CDs lançada em sua homenagem, reunindo música de compositores clássicos e contemporâneos. O outro disco traz a Nona Sinfonia de Mahler, mas hoje é dia de Knaben Wunderhorn.

Michael Volle

O outro disco da postagem tem cantores menos estelares, mas não menos maravilhosos, diferentes. Temos as 12 canções usualmente listadas como o ‘ciclo’ Wunderhorn e mais duas das que habitam o universo sinfônico: Urlicht, da Segunda Sinfonia, e Das himmelische Leben, movimento final da Quarta Sinfonia. Esse generoso disco traz também um excelente texto no libreto. Aqui a orquestra é mais conhecida, pelo menos eu acho, a Gürzenich-Orchester Köln, regida por Markus Stenz. Eles gravaram um ciclo das Sinfonias de Mahler. Eu não ouvi os discos, mas deve ter pelo menos boas gravações, contando com o que eu ouvi aqui e com a tradição e experiência do conjunto.

Se você já tem alguma experiência com a música de Mahler e, em particular, com as canções do Wunderhorn, sabe que vai encontrar um universo sonoro cheio de trechos de fanfarras e marchas militares, tão significativas para o compositor, e personagens fantásticas. Soldados, fantasmas, crianças famintas, animais, santos e pecadores. Esse clima de lendas e mensagens subliminares merece audição cuidadosa e um certo esforço para entender a trama de cada um desses microuniversos pode render mais prazer na audição.

Eu gosto muito de canções como Des Antonius von Padua Fischpredigt que conta como os ‘peixes’ prestam muita atenção ao sermão do santo, mas ao fim do mesmo retornam às suas mesmas práticas e rotinas, assim como nós mesmos. Adoro Rheinlegendchen, com o peixe com o anel na barriga. E adivinhem quem encontrará o anel? E como ele foi parar ali? Como termina a historieta?

As canções com soldados, temas de guerra e de separações de casais por essas razões fazem um grupo entre elas, sendo que Revelge e Der Tamboursg’sell são as últimas canções do Wunderhorn a terem sido compostas, publicadas em conjunto com as canções sobre poemas de Rückert. Essas canções sumarizam essa fase e encerram os 14 anos nos quais Mahler lidou com esse material.

Voltaremos ao tema do Wunderhorn em próximas postagens.

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Lieder Aus Des Knaben Wunderhorn
  1. 13 – Revelge
  2. 7 – Rheinlegendchen
  3. 14 – Der Tamboursg’sell
  4. 4 – Wer hat dies Liedlein erdacht
  5. 1 – Der Schildwache Nachtlied
  6. 10 – Lob des hohen Verstandes
  7. 6 – Des Antonius von Padua Fischpredigt
  8. 5 – Das irdische Leben
  9. 3 – Trost im Ungluck
  10. 9 – Wo die schönen Trompeten blasen
  11. 8 – Lied des Verfolgten im Turm

Brigitte Fassbaender, mezzo soprano

Dietrich Fischer-Dieskau, barítono

Orchestra – Rundfunk-Sinfonieorchester Saarbrücken

Hans Zender

Recording: Saarländischer Rundfunk

Kongreßhalle Saarbrücken, 23 April 1979

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MP3 | 320 KBPS | 104 MB

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Lieder Aus Des Knaben Wunderhorn
  1. Rheinlegendchen
  2. Wer Hat Dies Liedlein Erdacht?
  3. Des Antonius Von Padua Fischpredigt
  4. Wo Die Schönen Trompeten blasen
  5. Der Tambourgesell
  6. Lob Des Hohen Verstands
  7. Der Schildwache Nachtlied
  8. Urlicht
  9. Trost Im Unglück
  10. Lied Des Verfolgten Im Turm
  11. Verlor’ne Müh’
  12. Revelge
  13. Das Irdische Leben
  14. Das Himmelsche Leben

Michael Volle, barítono

Christiane Oelze, soprano

Orchestra – Gürzenich-Orchester Köln

Markus Stenz

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MP3 | 320 KBPS | 141 MB

Brigitte Fassbaender

The Wunderhorn songs contain a partnership of Brigitte Fassbaender and Dietrich Fischer-Dieskau that has to be a recommendation in itself. […] This release is especially valuable in that it’s the only chance we have to hear this incomparable artist in these songs. It’s also good to see this performance correctly assigns one singer to each song since most recordings make the “dialogue” songs duets which was a practice Mahler never sanctioned. One song usually included in performances, “Verlor’ne Muh”, is missing.

Dietrich Fischer-Dieskau

Fischer-Dieskau gives a stunning performance of “Revelge”, full of a character and experience. Likewise in “Der Tambourg’sell” he’s the complete Mahlerian in covering every aspect of these bittersweet poems. […] Fassbaender is the antidote to singers like Janet Baker for Wyn Morris. In fact she’s very much the counterpart to Fischer-Dieskau in pointing up the words clearly and with total understanding. In “Lob des hohen Verstandes” she shows a nice line in humour […]. Then in “Wo die schonen Trompeten blasen”, sung by Fassbaender alone, the depth she brings stays long in the mind. […] The vocal partnership for the Wunderhorn songs is absorbing and rewarding along with Zender’s fine accompaniment of it.

Tony Duggan

Zender conseguindo um ‘crescendo’ da PQP Bach Sinfonietta
Christiane Oelze

Michael Volle makes a strong impression. He is characterful in ‘Des Antonius von Padua Fischpredigt’, an orchestral expansion of which found its way into the Second Symphony. He’s even better in the military songs, such as ‘Die Tambourgsell’, the tale of the drummer boy awaiting execution – Stenz’s accompaniment to this is excellent too. Volle also excels in ‘Revelge’, which he sings with fine swagger and bravado; the orchestral scoring is, once again, very well touched in, not least in the ghostly prelude to and accompaniment of the last stanza. Volle also sings ‘Der Schildwache Nachtlied’; here I admired the contrasts he brings to the vocal line and his impressive top register.

Christine Oelze sings expressively, though here and elsewhere I didn’t find that her words were always clear – and I’m not talking just about when she’s singing in her top register. She’s suitably pert in ‘Wer hat dies Liedlein erdacht?’ and, singing in duet with Volle, she catches the playful side of ‘Verlor’ne Müh!’ very well. Although she doesn’t have quite the mezzo timbre she is more convincing in ‘Urlicht’ than I would have expected a soprano to be[…].

On the evidence of what I’ve heard so far Markus Stenz is a pretty good Mahler conductor – and, at his best, in the Third and Fifth Symphonies, a very good one indeed – and he’s working with a very good orchestra.

John Quinn

Markus Stenz

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

Aproveite!

René Denon

J. S. Bach (1685-1750): Music for Lute-Harpsichord (Farr)

J. S. Bach (1685-1750): Music for Lute-Harpsichord (Farr)

Essas obras são sensacionais, mas penso que mereçam um alaúde de verdade, como fez Lutz Kirchhof. Elizabeth Farr é excelente cravista e interpreta as obras com aquilo que seria um sotaque mais antigo do que o barroco tardio de Bach. Não pensem que estou seguro desta avaliação, mas seu modo de tocar parece ser mais século XVII do que XVIII. O que deixa tudo muito curioso (e bom, por que não?). Sou um ouvinte experiente, jamais um especialista, deem o meu desconto! De qualquer modo, é Bach e ele magica (*) de forma tão perfeita que acaba nos convencendo. É estranho, o cravo-alaúde deve ter um som bem delicado, só que senti falta de algo ainda mais próximo e íntimo, o alaúde. Bach tinha dois desses instrumentos em casa, mas prefiro o alaúde.

(*) Do verbo magicar, caro leitor.

O cravo-alaúde de Bach.

J. S. Bach (1685-1750): Music for Lute-Harpsichord (Farr)

Suite In G Minor, BWV 995 (Transcription Of BWV 1011) (22:43)
1-1 Prelude 5:32
1-2 Allemande 4:49
1-3 Courante 2:33
1-4 Sarabande 2:13
1-5 Gavotte I 2:17
1-6 Gavotte II En Rondeau – Gavotte I, Reprise 2:45
1-7 Gigue 2:31

Suite In E Minor, BWV 996 (16:17)
1-8 Praeludio 2:30
1-9 Allemande 3:08
1-10 Courante 2:47
1-11 Sarabande 3:01
1-12 Bourrée 1:32
1-13 Gigue 3:19

Suite In C Minor, BWV 997 (19:57)
1-14 Prelude 3:01
1-15 Fugue 6:08
1-16 Sarabande 3:48
1-17 Gigue 3:10
1-18 Double 3:49

Prelude, Fugue And Allegro In E Flat Major, BWV 998 (11:24)
1-19 Prelude 2:32
1-20 Fugue 5:08
1-21 Allegro 3:44
1-22 Prelude In C Minor, BWV 999 1:31
1-23 Fugue In G Minor, BWV 1000 (Transcription Of BWV 1001/ii) 5:18

Suite In E Major, BWV 1006a (Transcription Of BWV 1006) (22:27)
2-1 Prelude 4:47
2-2 Loure 3:58
2-3 Gavotte En Rondeau 3:35
2-4 Menuet I 2:10
2-5 Menuet II 2:10
2-6 Menuet I, Reprise 1:15
2-7 Bourrée 2:03
2-8 Gigue 2:30

Sonata In D Minor, BWV 964 (Transcription of BWV 1003) (22:37)
2-9 Adagio 3:14
2-10 Fugue 8:24
2-11 Andante 4:24
2-12 Allegro 6:35

Sarabanda Con Partite, BWV 990 (25:38)
2-13 Sarabande In C Major 1:23
2-14 Partita 2 1:31
2-15 Partita 3 1:16
2-16 Partita 4 1:34
2-17 Partita 5 1:34
2-18 Partita 6 1:20
2-19 Partita 7 1:40
2-20 Partita 8 1:35
2-21 Partita 9 1:19
2-22 Partita 10 1:21
2-23 Partita 11 1:37
2-24 Partita 12 1:53
2-25 Partita 13 Allemande 1:54
2-26 Partita 14 Courante 1:35
2-27 Partita 15 1:26
2-28 Partita 16 Giguetta 1:08
2-29 Sarabande In C Major, Reprise 1:35

Elizabeth Farr, Cravo-alaúde ou Alaúde-cravo, como queiram

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Conhece o verbo magicar, Farr?
Conhece o verbo magicar, Farr?

PQP

.: interlúdio :. Dorival Caymmi & Tom Jobim ‎– Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori & Danilo

.: interlúdio :. Dorival Caymmi & Tom Jobim ‎– Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori & Danilo

Gente, este é um LP de 1964 (capa ao lado) que foi relançado em CD em 1991 (nova capa no link para os créditos). Como não parece haver muito interesse sobre ele, como é bom e como é uma curiosidade cheia de temas instrumentais e o escambau, nos interessa.

A admiração mútua entre Tom e Caymmi foi um fato. Tanto que 30 anos depois, quando Tom se despediu de nós com o maravilhoso Antônio Brasileiro, ele ainda trazia Caymmi. Neste disco de 1994, temos Maracangalha e Maricotinha, duas canções do baiano. Já Caymmi visita Tom é uma curiosidade porque ambos se equilibraram entre o samba-canção, a bossa nova e os temas instrumentais tendendo ao jazz. Mas também é incrível pela alta qualidade musical. Eu curti.

Dorival Caymmi & Tom Jobim ‎– Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori & Danilo

A1 … Das Rosas
A2 Só Tinha Que Ser Com Você
A3 Inútil Paisagem
A4 Vai De Vez
A5 Canção Da Noiva
B1 Saudades Da Bahia
B2 Tristeza De Nós Dois
B3 Berimbau
B4 Sem Você

Créditos aqui.

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Procure um(a) namorado(a) que te olhe como Tom olha para Caymmi, e vice-versa.

PQP

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Bastien & Bastienne, K. 50 (Raymond Leppard, Franz Liszt Chamber Orchestra)

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Bastien & Bastienne, K. 50 (Raymond Leppard, Franz Liszt Chamber Orchestra)

Edita Gruberova, Edita Gruberova. Edita Gruberova, que cantora maravilhosa!!! Bastien & Bastienne é uma ópera em um ato composta por Wolfgang Amadeus Mozart em 1768, quando tinha apenas 12 anos de idade. Claro que seu pai ajudou um pouquinho, tô sabendo. É uma ópera com diálogos falados em alemão, antecessora do estilo que Mozart usaria mais tarde em A Flauta Mágica. O libreto é baseado em uma pastoral francesa (Le Devin du Village, de Jean-Jacques Rousseau), adaptada por Friedrich Wilhelm Weiskern. Gosto muito dela, acho uma gracinha. Sério! A história é simples e pastoral: conta o amor entre um jovem casal de camponeses, Bastien e Bastienne, e um falso feiticeiro (Colas) que os ajuda a se reconciliar após uma briga. A operinha foi composta possivelmente para Franz Anton Mesmer (o famoso médico defensor do “magnetismo animal” ou “mesmerismo”), que teria encomendado a obra para ser apresentada em seu jardim privativo. B & B foi esquecida por décadas e só estreou oficialmente em 1890, em Berlim. São uma série de melodias simples e encantadoras, típicas do estilo galante da época. Por que é relevante? Ora, porque mostra o talento precoce de Mozart (ou de sua família) para a música dramática, mesmo sendo uma obra menor. É uma raridade por ser uma ópera em alemão de sua fase infantil (a maioria de suas óperas posteriores são em italiano, até chegar na Flauta). E, se você comparar com A Flauta Mágica, verá que Mozart revisitou o tema de “amores reconciliados por intervenção mágica” décadas depois, mas de forma muito mais sofisticada. E novamente em alemão. Os intérpretes deste CD são TODOS espetaculares, mas Edita Gruberova, Edita Gruberova, Edita Gruberova, faz misérias.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Bastien & Bastienne, K. 50 (Raymond Leppard, Franz Liszt Chamber Orchestra)

Bastien & Bastienne, K.V. 50 (46b)
Libretto By – Friedrich Wilhelm Weiskern, J. H. Müller, Johann Andreas Schachtner
1 Intrada. Allegro 1:18
2 No. 1 Aria (Bastienne). Andante Un Poco Adagio „Mein Liebster Freund Hat Mich Verlassen“ 1:58
3 No. 2 Aria (Bastienne). Andante „Ich Geh’ Jetzt Auf Die Weide“ 1:30
4 No. 3 (Orchester) 0:16
5 No. 4 Aria (Colas). Allegro „Befraget Mich Ein Zartes Kind“ 2:15
6 No. 5 Aria (Bastienne). Tempo Grazioso „Wenn Mein Bastien Einst im Scherze“ 2:46
7 No. 6 Aria (Bastienne). Allegro Moderato „Wurd ich Auch, Wie Manche Buhlerinnen“ 1:50
8 No. 7 Duetto (Colas, Bastienne). Allegretto „Auf Den Rat, Den Ich Gegeben“ 1:56
9 No. 8 Aria (Bastien). Allegro „Großen Dank Dir Abzustatten“ 1:55
10 No. 9 Aria (Bastien). Moderato „Geh! Du Sagst Mir Eine Fabel“ 1:53
11 No. 10 Aria (Colas). Andante Maestoso „Diggi, Daggi“ 1:45
12 No. 11 Aria (Bastien). Tempo di Menuetto „Meiner Liebsten Schöne Wangen“ 2:07
13 No. 12 Aria (Bastienne). Tempo di Menuetto „Er War Mir Sonst Treu Und Ergeben“ 2:51
14 No. 13 Aria (Bastien, Bastienne). Adagio Maestoso „Geh’ Hin! Dein Trotz Soll Mich Nicht Schrecken“ 5:42
15 No. 14 Recitativo (Bastien, Bastienne). (Arioso) „Dein Trotz Vermehrt Sich Durch Mein Leiden?“ 1:06
16 No. 15 Duetto (Bastien, Bastienne). Allegro Moderato – Andantino „Geh! Herz von Flandern!“ 5:50
17 No. 16 Terzetto (Bastien, Bastienne, Colas). Allegro Moderato Moderato – Allegro „Kinder! Seht Nach Sturm Und Regen“ 3:10

18 “Un Moto di Gioia Mi Sento Nel Patto” Aria For Soprano K.579. Allegro Moderato
Soprano Vocals – Edita Gruberova
1:40

19 “Giunse Alfin Il Momento – Deh Vieni, Non Tardar” Recitative And Aria For Soprano K. 492/27 & 28 (Susanna – Le Nozze di Figaro) Allegro Vivace Assai – Andante
Soprano Vocals – Edita Gruberova
4:43

20 “Misero! O Sogno – Aura, Che Intorno Spiri” Recitative And Aria For Tenor K. 431 (425b) Adagio – Andante Con Moto – Allegro Risoluto – Anadante Sostenuto -Allegro Assai
Tenor Vocals – Vinson Cole
10:13

21 “Mentre Ti Lascio, Oh Figlia” Aria For Bass K. 513. Larghetto – Allegro
Bass Vocals – László Polgár
8:23

Baritone Vocals [Colas] – László Polgár
Concertmaster – János Rolla
Conductor – Raymond Leppard
Orchestra – Franz Liszt Chamber Orchestra*
Soprano Vocals [Bastienne] – Edita Gruberova
Tenor Vocals [Bastien] – Vinson Cole

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Edita Gruberova (1946-2021)

PQP

Barbara Strozzi (1619-1677): Cantatas e Árias (Presutti, Ensemble Poïesis)

Barbara Strozzi (1619-1677): Cantatas e Árias (Presutti, Ensemble Poïesis)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sem favores ao feminismo — como se precisasse… –, este é um lindo e raro disco de compositora barroca. Strozzi foi um enorme talento. O Ensemble Poïesis e a soprano Cristiana Presutti dão um chou. Mas vamos dar uma passada na biografia da compositora?

Barbara Strozzi foi uma compositora e cantora barroca. Era provavelmente filha ilegítima do poeta e libretista veneziano Giulio Strozzi e de sua serviçal, Isabella Garzoni, apelidada la Greghetta. Em 1628, Giulio, também ele filho ilegítimo de Roberto Strozzi, refere-se a Barbara como sua figliuola elettiva, ao designá-la como herdeira em seu testamento. Sob a orientação de seu pai, Barbara estudou música com o cantor, organista e compositor Francesco Cavalli, parceiro próximo de Claudio Monteverdi, cuja morte o levou a assumir a liderança entre os compositores da ópera barroca veneziana. Com ele, Barbara também desenvolveu seus dotes de soprano. Aos 16 anos, ela cantava, acompanhando-se de um dos muitos instrumentos de que seu pai dispunha, nos concertos promovidos por Giulio, nas reuniões da Accademia degli Incogniti e, a partir de 1637, da Accademia degli Unisoni, esta última fundada pelo próprio Giulio. Barbara Strozzi também foi uma compositora talentosa. Em artigo de 1997, publicado na Musical Quarterly, a musicóloga Beth L. Glixon, especialista em ópera veneziana do século XVII, refere-se a Barabara Strozzi como”o mais prolífico compositor — homem ou mulher — de música vocal secular publicada em Veneza, em meados do século XVII”. Em 1644, Strozzi publicou seu opus Nº 1, Il primo libro di madrigali, dedicado à grã-duquesa da Toscana, Vittoria Della Rovere. Esses madrigais tinham letras escritas por seu pai, Giulio Strozzi. As coletâneas publicadas após a morte de seu pai (1652), tiveram textos escritos por amigos do libretista ou por ela mesma. Quase todos os seus trabalhos foram seculares e escritos para sua própria voz (soprano lírico) e mostram o seu domínio de diferentes formas musicais — cantatas, ariettas e duetos. Barbara Strozzi nunca se casou mas teve quatro filhos. Os três últimos eram de Giovanni Paolo Vidman (ou Widmann), um amigo de Giulio Strozzi, que a ele dedicara o libretto de La finta pazza. Vidman era patrono de artistas, membro da Accademia degli Incogniti e, embora fosse casado com outra mulher (Camila Grotta), manteve com Barbara uma longa relação. Barbara Strozzi compôs 125 composições, organizadas em oito coletâneas que foram publicadas entre 1644 e 1664 e dedicadas a mecenas e protetores diversos.

Barbara Strozzi (1619-1677): Cantatas e Árias

1 Serenata con violini (Sinfonia) Op. 8 1:48
2 “Lagrime mie” (Lamento) op. 7 8:39
Composed by – Barbara Strozzi

3 Sonata per due violini op. 22 4:35
Composed by – Biagio Marini

4 “Finche tu spiri” (Cantata) op. 7 10:17
5 “Bel desio che mi tormenti” op. 6 6:18
Composed by – Barbara Strozzi

6 Sinfonia sesto tuono op. 22 2:04
Composed by – Biagio Marini

7 Il Lamento “Sul Rodano severo” op. 2 12:19
8 Costume de grandi “Godere e lasciare” op. 2 4:29
9 L’Eraclito Amoroso “Udite Udite amanti” op. 2 6:32
10 “Mentita” (version instrumentale) op. 6 4:19
11 “Apresso ai molli argenti” (Lamento) op. 7 11:56
Composed by – Barbara Strozzi

Cristiana Presutti (soprano)
Ensemble Poïesis (2006)

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A muito talentosa Barbara Strozzi

PQP (2019)

J. S. Bach (1685-1750): A Arte da Fuga com membros do Collegium Aureum

J. S. Bach (1685-1750): A Arte da Fuga com membros do Collegium Aureum

bach-the-art-of-fugue-collegium-aureum-2-cd-dhmAs gravações da Arte de Fuga caracterizam-se por ser uma melhor que a outra. Vai ver que é a qualidade da obra, né? Esta é uma gravação realizada em 1962 que vem com som bom — nada excepcional — e interpretação fantástica dos membros do Collegium Aureum, um dos grupos precursores da interpretação com instrumentos originais de época. Não poderia deixar de postar aqui este álbum que comprei bem barato na Amazon e que vocês podem também adquirir.

Bach: Die Kunst der Fuge – Collegium Aureum – CD1

1. Contrapunctus I A 4
2. Contrapunctus Ii A 4
3. Contrapunctus Iii A 4
4. Contrapunctus Iv A 4
5. Contrapunctus V A 4
6. Contrapunctus Vi A 4
7. Contrapunctus Vii A 4
8. Contrapunctus Viii A 3
9. Contrapunctus Ix A 4
10. Contrapunctus X A 4

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Bach: Die Kunst der Fuge – Collegium Aureum – CD2

11. Contrapunctus Xi A 4
12. Contrapunctus Xii A 4
13. Contrapunctus Xiii A 3
14. Contrapunctus Xiiia 2
15. Contrapunctus Xiv
16. Contrapunctus Xv
17. Contrapunctus Xvi
18. Contrapunctus Xvii
19. Contrapunctus Xviii

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Ulrich Grehling
Johannes Koch
Gunter Lemmen
Reinhold Johannes Buhl
Fritz Neumeyer
Lilly Berger
Collegium Aureum
Franzjosef Maier

Tentando entender "A Arte da Fuga"
Tentando entender “A Arte da Fuga”

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Neue Deutsche Post Avantgarde (1988)

Neue Deutsche Post Avantgarde (1988)

Este é um vinil hoje raríssimo que fazia a alegria de quem frequentava o Instituto Goethe quando este era voltado para as artes. Ele, a coletânea, dava uma passada pelos grupos de música de vanguarda alemães dos anos 80. Bem, e era uma loucura absoluta. Eu adoro! A produção era do Goethe de São Paulo e o nome era “Uma Amostragem da Música Alemã Pós-Moderna”. E, bem, na minha opinião é rock n` roll… Inicia até calminho, mas e depois? Há, Beethoven e Power Rangers, corais e motores. Leiam abaixo a história das 2.950 cópias deste disco surpreendente que trago para vocês neste domingo. O meu exemplar está aqui em casa guardadinho. Vale muito. É a música ideal para torturar vizinhos e pessoas convencionais em geral. Ex-esposas e ex-maridos de ouvidos pouco alongados são alvos preferenciais.

Muito cuidado, convém usar moderadamente! Você pode acabar agredido!

Neue Deutsche Post Avantgarde

.oOo.

Very important 80s compilation gathering the best experimental acts of the German scene of this time. Limited edition of 2950 copies pressed in Germany for the Goethe Institute, Sao Paulo, Brazil. Only 150 copies remained for sale in Europe. The other 2800 copies were sent to the Goethe Institute & went lost there. I suppose the LPs were distributed among the people in Brazil, which were highly interested in avant-garde music after the great success of the EUROPEAN MINIMAL MUSIC PROJECT presentation in Brazil. It is known that Kodiak Bachine in collaboration with Elmar Brandt, director of the Goethe Institute of São Paulo at that time, participated of the launching of the LP Neue Deutsche Post-Avantgarde in São Paulo at “Cri Du Chat” record store.

The Portuguese title is “Uma Amostragem Da Musica Alemã Pós-Moderna”.

Musicians:

1. S.B.O.T.H.I. (Swimming Behavior Of The Human Infant)
Real Name: Achim Wollscheid. Achim Wollscheid is a media artist whose work over the past 20 years has been at the forefront of experimental music. His work in sound has led to an interest in the relation between sound, light and architectural space, which he pursues through public, interactive and electronic projects.

2. Cranioclast
Cranioclast is a duo from Hagen, Germany, which produce various artistic endeavors, most commonly music. Usually those two identify themselves as Soltan Karik and Sankt Klario. They have their own label called CoC and were working with a number of like-minded bands, including Kallabris, Fetisch Park and A.B.G.S..

3. P16.D4
P16D4 was a German band whose music bordered on the industrial and on the cacophonous. On their debut album “Kühe In 1/2 Trauer” (Selektion, 1982) they managed to fuse the playful irrationality of Dadaism and the oppressive tones of expressionism. Roger Schönauer and Ewald Weber focused on an austere art and technique of loop and tape manipulation. Stefan E. Schmidt joined the ensemble on Distruct (Selektion, 1995), a deconstructed remix of sound sources provided by friends in the industrial scene. The double album Nichts Niemand Nirgends Nie (1985) delved into musique concrete and electronic improvisation. Tionchor (Sonoris, 1987) collects revised rarities.

4. Gerechtigkeitsliga
Members: Till Brüggemann & Ragnar. Gerechtigkeitsliga was formed in 1981. At that time, there were four German artists involved. The centre of operations was moved from Germany to London. Throughout the 1980’s and the early 90’s, the group was self-sufficient in producing music, films and videos. Multimedia Performances took place throughout central Europe and the USA. Gerechtigkeits Liga participated in many tape and some vinyl compilations in Europe, Brazil and the USA. (Gerechtigkeits Liga “Hypnotischer Existenzialismus” was also released as 12″ red vinyl on U.S.A label Thermidor records. G.L`s first 12″ was released on their own Zyklus records label in 1984).

5. Graf Haufen
Real Name: Karsten Rodemann. Started during the early days of the “tape revolution” in the early 1980’s at age 14 to release audio tapes of his own music under different names. The label was called GRAF HAUFEN TAPES. Later he added other musicians to the rooster as well. The label was stopped around 1985. Later he released books and booklets for art exhibitions held at his own apartment – some of the artists involved are also musicians such as John Hudak, G.X. Jupitter-Larsen aka THE HATERS, Andrzej Dudek-Dürer, Das Synthetische Mischgewebe.

6. Mullah

7. H.N.A.S.
HNAS (Hirsche Nicht Auf Sofa or Moose Without a Sofa), emerged in the 80’s German post avant garde industrial scene. The group was founded by Achim P. Li Khan and Christoph Heemann They are known for their radically eclectic sound and their sophisticated studio work. The work of HNAS is marked especially by an absurd sense of humor (their name being the first indication). . H.N.A.S.’s sound experimentation started in 1984 with a series of limited cassettes made for demonstration purpose or personal use. Their first LP, 1985’s Abwassermusik reflected an interest in collages of samples, tape loops and found sounds, often repeated ad infinitum. The group then recorded “Melchior” with Steven Stapleton (of Nurse with Wound). The group released two more LPs during 1986-87, Im Schatten Der Mhre and Kuttel im Frost (both on Dom).

8. Cinéma Vérité
Noise, experimental, minimal Members: Andreas Hoffmann, Klaus Hoeppner

9. Frieder Butzmann / Thomas Kapielski
Thomas Kapielski German author, artist & musician.
Frieder Butzmann, Veteran German musician amongst others on Zensor label.

10. Werkbund
Enigmatic industrial/experimental band from Hamburg, Germany. The sound deals mainly with marine tales and myths from Northern Germany. So far, it is not known who the artists are. It has been guessed that Felix Kubin and Uli Rehberg and other artists from Hamburg might be involved. Some people pretend that both Werkbund and Mechthild Von Leusch involve the collaboration of Asmus Tietchens and Uli Rehberg, though Asmus Tietchens repeatedly and vehemently denied any participation in the band.

Tracklist

A1. S.B.O.T.H.I. – Meio 1
A2. Cranioclast – “… And Even When They Are Shadowing the Skies …”
A3. P16. D4 – Driesbach
A4. Gerechtigkeits Liga – Zyklus Beats / In Excelsis Zyklus
A5. Graf Haufen – Scanning / Nature Is Noise Enough
A6 Mullah – Starve to Death
B1. H.N.A.S. – Quietschend, laut und ungestüm (Es war nicht mein Tag)
B2. Cinema Verite – Gebetsmhlen
B3. Frieder Butzmann / Thomas Kapielski – Rausch, Leiden und Gesang des B. und des K.
B4. Werkbund – Unter der Stadt 3
B5. S.B.O.T.H.I. – Meio 2

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O P16.D4 em ação
O P16.D4 em ação

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George Friedrich Händel (1685-1759): Concerto Grosso Alexander’s Feast, 3 Oboe Concertos, Sonate a cinque (The English Concert, Pinnock)

George Friedrich Händel (1685-1759): Concerto Grosso Alexander’s Feast, 3 Oboe Concertos, Sonate a cinque (The English Concert, Pinnock)

Ao contrário de Bach, Händel viajou bastante. passou seus anos jovens na Itália e depois foi fazer um sucesso estrondoso em Londres com suas óperas e oratórios. Aqui estão algumas obras orquestrais e para solistas. Os intérpretes são o excelente conjunto inglês “The English Concert”, especializado no repertório barroco, e dirigido pelo incansável Trevor Pinnock. O belo Concerto Grosso “Alexander`s Feast” foi baseado no poema de John Dryden (1697), que narra um banquete oferecido por Alexandre, o Grande, após a conquista de Persépolis. Nele, o músico Timóteo toca sua lira, despertando em Alexandre emoções variadas — desde a nostalgia até a fúria guerreira — mostrando o poder transformador da música. Handel sabia que o público associaria a música ao drama do poema (já famoso na época). O tema de Alexandre era popular no século XVIII, simbolizando poder, luxo e emoção. No concerto, o segundo movimento (Allegro) reflete a “fúria de Alexandre” descrita na ode, com ritmos incisivos. O Adagio lembra o momento em que Timóteo acalma o rei com música suave. O final é apenas bonito e é meu movimento preferido.

George Friedrich Händel (1685-1759): Concerto Grosso Alexander’s Feast, 3 Oboe Concertos, Sonate a cinque (The English Concert, Pinnock)

Concerto grosso Alexander’s Feast in C major, HWV 318
01 – I. Allegro
02 – II. Largo
03 – III. Allegro
04 – IV. Andante, ma non presto

Sonata a cinque in B flat major, HWV 288
05 – I. Andante
06 – II. Adagio
07 – III. Allegro

Concerto No. 1 for Oboe and String Orchestra in B flat major, HWV 301
08 – I. Adagio
09 – II. Allegro
10 – III. Siciliana. Largo
11 – IV. Vivace

Concerto No. 2 for Oboe and String Orchestra in B flat major, HWV 302a
12 – I. Vivace
13 – II. Fuga. Allegro
14 – III. Andante
15 – IV. Allegro

Concerto No. 3 for Oboe and String Orchestra in G minor, HWV 287
16 – I. Grave
17 – II. Allegro
18 – III. Sarabande. Largo
19 – IV. Allegro

The English Concert
Trevor Pinnock – Director
Simon Standage – Violino
David Reichemberg – Oboe

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos Nº 1 e 2 para Violoncelo e Orquestra (Ma, Nelsons, BSO)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos Nº 1 e 2 para Violoncelo e Orquestra (Ma, Nelsons, BSO)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Por alguma razão, o Concerto Nº 2 para Violoncelo e Orquestra de Shostakovich não é tão ouvido — eu o amo apaixonadamente desde que ouvi a gravação Rostropovich-Ozawa-BSO –, mas o Nº 1 estabeleceu-se firmemente no repertório básico das principais salas de concerto. Yo-Yo Ma já tinha gravado o Nº 1 com a Orquestra de Filadélfia e Eugene Ormandy. Agora ele grava pela primeira vez o Nº 2. Yo-Yo Ma toca com uma intensidade e eloquência que puxa o ouvinte para o CD e, como convém a alguém que é aclamado como um dos maiores violoncelistas de todos os tempos, dá uma demonstração de competência e musicalidade. Nelsons tem grande afinidade com Shostakovich e a dupla com Ma funciona admiravelmente. Uma joia!

Concerto Nº 1 para Violoncelo e Orquestra, Op. 107 (1959)

Shostakovich e o Rostropovich eram grandes amigos tendo, muitas vezes, viajado juntos fazendo recitais que incluíam entre outras obras, a Sonata para violoncelo e piano, opus 40, já comentada nesta série. Desde que se conheceram, o compositor avisara a Rostropovich que ele não deveria pedir-lhe um concerto diretamente, que o concerto sairia ao natural. Saíram dois. Quando Shostakovich enviou a partitura do primeiro, dedicada ao amigo, este compareceu quatro dias depois na casa do compositor com a partitura decorada. (Bem diferente foi o caso do segundo concerto, que foi composto praticamente a quatro mãos. Shostakovich escrevia uma parte, e ia testá-la na casa de Rostropovich; lá, mostrava-lhe as alternativas, os rascunhos ao violoncelista, que sugeria alterações e melhorias. Amizade.) Estilisticamente, este concerto deve muito à Sinfonia Concertante de Prokofiev – também dedicada a Rostropovich – e muito admirada pelos dois amigos. É curioso notar como os eslavos têm tradição em música grandiosa para o violoncelo. Dvorak tem um notável concerto, Tchaikovsky escreveu as Variações sobre um tema rococó, Kodaly tem a sua espetacular Sonata para Cello Solo e Kabalevski também tem um belo concerto dedicado a Rostropovich. O de Shostakovich é um dos de um dos maiores concertos para violoncelo de todo o repertório erudito e minha preferência vai para a imensa Cadenza de cinco minutos (3º movimento) e para o brilhante colorido orquestral do Allegro com moto final.

Concerto para Violoncelo e Orquestra Nº 2, Op. 126 (1966)

Uma obra-prima, novo produto da estreita colaboração entre Shostakovich e Rostropovich, a quem o concerto é dedicado. A tradição do discurso musical está aqui rompida, dando lugar a convenções próprias que são “aprendidas” pelo ouvinte no transcorrer da música. Não há nada de confessional ou declamatório neste concerto. Há arrebatadores efeitos sonoros que são logo propositadamente abandonados. A intenção é a de ser música absoluta e lúdica, mostrando-nos temas que se repetem e separam momentos convencionalmente sublimes ou decididamente burlescos. Nada mais burlesco do que a breve cadenza em que o violoncelo é interrompido pelo bombo, nada mais tradicional do que o tema que se repete por todo o terceiro movimento e que explode numa dança selvagem, acabando com o violoncelo num tema engraçadíssimo — como se fosse um baixo acústico — , para depois sustentar interminavelmente uma nota enquanto a percussão faz algo que nós, brasileiros, poderíamos chamar de batucada. Esta dança faz parte de uma longa preparação para um gran finale que novamente não chega a acontecer. Um concerto espantoso, original, capaz de fazer qualquer melômano feliz ao ver sua grande catedral clássica virada de ponta cabeça e, ainda assim, bonita.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos Nº 1 e 2 para Violoncelo e Orquestra (Ma, Nelsons, BSO)

Cello Concerto No.1, Op.107
01 I. Allegretto 06:36
02 II. Moderato 12:14
03 III. Cadenza 05:36
04 IV. Finale. Allegro con moto 04:48

Cello Concerto No.2, Op.126
05 I. Largo 13:21
06 II. Scherzo. Allegretto 04:44
07 III. Finale. Allegretto 16:10

Yo-Yo Ma
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons

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Ma e Nelsons em ação total.

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Gustav Mahler (1860-1911): A Canção da Terra (Das Lied von der Erde) (CD 14 de 16) (Bernstein)

Gustav Mahler (1860-1911): A Canção da Terra (Das Lied von der Erde) (CD 14 de 16) (Bernstein)

IM-PER-Dí-VEL !!!

Precisa comentar? Mesmo?

É a maior obra de Mahler. A Canção da Terra (1908) é uma cantata sinfônica sobre textos de Li T’ai Po e outros poetas chineses, na tradução alemã de Hans Bethge. O melhor Mahler parece condensado nesta música que mistura o clássico com as predileções de Mahler pela música popular e folclórica. Sua permanente angústia religiosa e as dúvidas do intelectual se manifestam nesta música pessoalíssima e perfeita, que termina com uma comovente canção de despedida.

Não é, decididamente, uma obra para intérpretes amadores. A maior gravação é, na minha opinião, exatamente esta.

A seguir, coloco um excelente texto de Isabel Assis Pacheco sobre a obra (retirado daqui)

Das Lied von der Erde (“A Canção da Terra”) (c. 1h. e 10 min.)

Artista intransigente, Mahler levou à obsessão o desejo de perfeição. Homem atribulado e desiludido, fugiu do mundo, da civilização e mergulhou no seio da natureza, em busca de conforto. São suas estas palavras: “Um grande exemplo para todas as pessoas criativas é Jacob, que se bate com Deus até que Ele o abençoe. Deus tão pouco quer conceder-me a Sua bênção. Somente através das terríveis batalhas que tenho de travar para criar a minha música recebo finalmente a Sua bênção”.

O complexo universo mahleriano, muitas vezes caótico, sofredor, povoado de sinais de morte, mas também pleno de realidades belas, não é senão uma projecção da própria vida humana.

Com uma produção quase exclusivamente constituída por sinfonias e ciclos de canções, Mahler descobre o seu horizonte criativo. O compositor opera nestes dois domínios musicais uma síntese genial e grandiosa: por um lado confere ao Lied uma dimensão sinfónica e, por outro lado, insere o Lied em várias das suas sinfonias. A fusão destas duas formas musicais atinge a culminância em obras como a 8ª Sinfonia e a sua derradeira obra Das Lied von der Erde (“A Canção da Terra”), classificada como “sinfonia com voz”.

No final de 1907, três duros golpes do destino marcaram profundamente Mahler: a morte da sua filha mais velha, a demissão de director da Ópera de Viena e o diagnóstico de uma grave doença cardíaca. Por essa altura, o seu amigo Theodor Pollak ofereceu-lhe uma colectânea de 83 poemas Die chinesische Flöte (“A Flauta Chinesa”) que Hans Bethge tinha adaptado das traduções inglesa, francesa e alemã dos originais chineses. Pollak expressara a ideia de que esses poemas poderiam ser musicados e Mahler identificou-se de imediato com o espírito dos poemas, concebendo a adaptação de alguns deles. A razão da escolha de seis poemas, de rara beleza, da autoria de Li–Tai–Po, Tchang–Tsi, Mong–Kao–Yen e Wang–Wei deveu-se aos temas apresentados. Poemas voltados para a terra, para a natureza e para a solidão do homem no seio desses elementos, foram a fonte criativa de um documento pessoal e profundamente comovente que abre o último período criador de Mahler — Das Lied von der Erde “uma sinfonia para tenor, contralto (ou barítono) e orquestra”. Bruno Walter classificou esta obra como “apaixonada, amarga e ao mesmo tempo, misericordiosa; o canto da separação e do desvanecimento”.

Obra onde se encontra a fusão perfeita do Lied e da sinfonia, A Canção da Terra está impregnada de tristeza e nostalgia indefiníveis, mas também da celebração da natureza. Mahler conseguiu evidenciar nesta obra todos os aspectos do seu génio.

Nela encontramos tanto a ambivalência de sentimentos, entre o êxtase, o prazer e a premonição da morte, que caracteriza o próprio compositor, como também todo o clima outonal do romantismo tardio. Terminada no Verão de 1908, a obra só viria a ser estreada seis meses após a morte do compositor, a 20 de Novembro de 1911, em Munique, sob a direcção Bruno Walter. Constituída por seis andamentos, a obra inicia-se com um Allegro pesante em Lá menor. Das Trinklied von Jammer der Erde (“Canção de Beber da Tristeza da Terra”), do poeta chinês Li–Tai–Po, advoga o vinho como o melhor remédio para os males humanos. Diante do absurdo da vida, a embriaguez é a única saída para a dor e para a revolta. Cada estrofe da canção termina com o terrível refrão: Dunkel ist das Leben, ist der Tod (“Sombria é a vida, é a morte”). Usando genialmente todos os recursos orquestrais a fim de aumentar a tensão, Mahler cobre toda a gama de emoções.

O segundo andamento indicado Etwas schleichend (um pouco arrastado) é na tonalidade de Ré menor. A imagem poética desta segunda canção, Der Einsame im Herbst, (“O Solitário no Outono”) cantada neste caso pelo barítono, é a tristeza do homem que chora sozinho com as suas recordações e para quem “o outono se prolonga demasiado no seu coração”. Mahler sublinha o verso Mein Herz ist müde (“O meu coração está cansado”). O andamento termina melancolicamente com uma coda orquestral de extraordinária beleza. De índole totalmente diversa é Von der Jugend (“Da Juventude”). Com poema de Li–Tai–Po, este Lied é tratado em forma de miniatura e descreve uma cena chinesa.

Deparamo-nos com um pequeno “pavilhão de porcelana verde”, uma “pequena ponte de jade” que se reflectem no espelho do lago. A frágil superfície encantada é traduzida por delicadas sonoridades que nos transmitem um efeito de fria emoção.

Um procedimento análogo caracteriza o quarto andamento: Von der Schönheit (“Da Beleza”). Indicado como comodo, dolcissimo, esta canção descreve, num estilo gracioso, jovens raparigas a colherem flores de lótus na margem de um rio.

Porém, o andamento anima-se cada vez mais quando em ritmo de marcha (o mais vivo e agitado de toda a obra) jovens cavaleiros montados em corcéis de fogo, perturbam a nostalgia da cena. No final do poema reencontramos a atmosfera inicial. Tratado como uma canção de embalar de grande beleza tímbrica, o poema termina sobre um murmúrio das flautas e violoncelos:

In dem Funkeln ihrer großen Augen,
In dem Dunkel ihres heißen Blicks
Schwingt klagend noch die Erregung Ihres Herzens nach.

“No brilho dos seus olhos,
no calor do seu olhar sombrio,
ainda traem a emoção dos seus corações.”

Esta atmosfera é quebrada pelo quinto andamento, Der Trunkene im Frühling (“O Bêbado na Primavera”). Em forma de scherzo em Lá Maior, é um novo hino aos prazeres da bebida. O despreocupado e jovial Allegro inicial muda poeticamente quando um pássaro (tema brilhante para o piccolo) desperta o ébrio e o informa que a primavera chegou durante a noite. O ébrio protesta e diz que não acredita ter nada a ver com a primavera ou o canto dos pássaros:

Und wenn ich mich mehr singen kann,
So schlaf’ ich wieder ein,
Was geht mich denn der Frühling an!?
Lasst mich betrunken sein!

“E se não posso mais cantar,
então durmo de novo,
que me importa a primavera?
Deixai-me com a minha embriaguez!”

O último Lied, de longe o mais importante, tanto pela duração como pela beleza, é Der Abschied (“A Despedida”) e resulta da conjugação de dois poemas com afinidades temáticas, de Mong–Kao–Yen e Wang–Wei e ainda de alguns versos do próprio compositor que funcionam, neste caso, como coda.

No primeiro, o poeta espera o seu amigo para com ele contemplar o esplendor do crepúsculo. Mahler inicia o andamento com um interlúdio orquestral em forma de marcha fúnebre, criando assim um ambiente fascinante, entoado em uníssono pelos violoncelos, contrabaixos, violas, harpas e contrafagote. Quando a voz entra, sustentada pelos violoncelos, o efeito é de uma alma perdida, impressão intensificada pela transferência do lamento do oboé para a flauta. O poema descreve o entardecer:

Die Sonne scheidet hinter dem Gebirge,
In alle Täler steig der Abend nieder
Mit seinen Schatten, die voll Kühlung sind…

“O sol desaparece por trás das montanhas.
O anoitecer e as suas sombras frescas
surgem nos vales…”

Um tremolo de dois clarinetes termina esta variação que se cinge aos três primeiros versos. A segunda variação constitui um momento muito comovente da obra. Numa melodia ascendente inesquecível, o barítono descreve a Lua “como um barco de prata sobre o mar azul do céu”. O Fá agudo na primeira sílaba de Silberbarke (barco de prata), é como que o culminar de um desejo que depois se recolhe sobre si próprio. A cantilena da voz prossegue, sublinhada pelos clarinetes e pela harpa que precedem o reaparecimento do gruppetto. As texturas orquestrais simplificam-se para criar um ritmo ondulante em quartas na harpa, secundada pelo bandolim quando o poema nos fala do canto do regato e da respiração da terra. A ideia de nostalgia e a beleza da terra é retomada num novo tema com o verso: Alle Sehnsucht will nun träumen (“Todo o desejo se transforma em sonho”). Trata-se da melodia da canção, Ich bin der Welt abhanden gekommen (“Afastei-me do Mundo”) utilizada por Mahler no famoso Adagietto da sua 5ª sinfonia.

O clímax central da primeira parte é a candente irrupção do êxtase. O tema do desejo reaparece depois do grito Lebewohl (“Adeus”). O tema de Ich bin der Welt subjacente, é agora tratado pentatonicamente ao começar o verso:

O Schönheit! O ewigen Liebens–, Lebens–trunk‘ne Welt!

“Ó beleza! Ó mundo ébrio de amor e vida eternos!”

Um longo interlúdio orquestral entre os dois poemas, construído a partir de motivos já ouvidos, torna-se o prenunciador de futuras catástrofes. Soberanamente orquestrado, o ritmo de marcha fúnebre prossegue, lúgubre e insistente, enquanto a voz descreve a chegada do amigo e a sua despedida:

Du, mein Freund,
mir war auf dieser Welt das Glück nicht hold!

“Meu amigo,
a felicidade não me foi propícia neste mundo!”

Neste verso, a música dolente, modula para o modo Maior. No momento em que o poeta refere que procura repouso para o seu solitário coração, Mahler cita Um Mitternacht (“À meia–noite”). O tema do “desejo” volta a ouvir-se nos versos:

Still ist mein Herz und harret seiner Stunde!

“ O meu coração está tranquilo e aguarda a sua hora!”

Começa assim a maravilhosa e insólita coda em dó Maior, com versos da autoria do próprio Mahler :

Die liebe Erde allüberall
blüht auf im Lenz und grünt aufs neu!
Allüberall und ewig Blauen licht die Fernen!
Ewig… ewig…

“Em toda a parte a amada terra
Floresce na primavera e torna a verdejar!
Por toda a parte e eternamente resplandece um azul luminoso!
Eternamente…eternamente…”

Quando a voz entoa as últimas palavras Ewig… ewig, a música parece dissolver-se imperceptivelmente num pianíssimo, sustentado pelas cordas e com arpejos da harpa e da celesta. A música dá lugar ao silêncio e a emoção é levada à sua plenitude.

Isabel Assis Pacheco

Mahler – A Canção da Terra

1. Das Trinklied vom Jammer der Erde 08:02 (Canção para Beber à Tristeza da Terra)
2. Der Einsame im Herbst 09:02 (O Solitário no Outono)
3. Von der Jugend 03:09 (Da Juventude)
4. Von der Schonheit 06:36 (Da Beleza)
5. Der Trunkene im Fruhling 04:26 (O Bêbado de Primavera).
6. Der Abschied 27:19 (A Despedida)

James King, tenor
Dieterich Fischer-Dieskau, barítono
Wiener Philharmoniker
Leonard Bernstein

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Lenny05

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Olivier Messiaen (1908-1992): Poèmes pour Mi, Chants de terre et de ciel, La mort du nombre (Barbara Hannigan, Bertrand Chamayou)

Barbara Hannigan é uma das poucas grandes cantoras hoje em atividade que se arriscam nesse tipo de repertório: Messiaen, Schoenberg, Hindemith, Berio…
Uma influência para que ela se aventurasse por esses compositores foi a sua longa parceria musical com o maestro , pianista e compositor holandês Reinbert de Leeuw (1938 – 2020). Neste disco lançado em 2024, Hannigan escolheu o repertório de um compositor bastante associado ao seu antigo parceiro holandês, mas com um novo parceiro, agora um francês… mas deixemos que ela conte a história:

Eu ouvi Bertrand Chamayou pela 1ª vez em um concerto na Maison de Radio France, em Paris. Era 2015 e, esperando minha vez de cantar, pois eu também estava no programa, em esperava na cochia. Bertrand tocava Ravel e eu escutei um legato de um tipo que eu nunca tinha escutado antes. Era líquido e hipnótico. Eu me perguntava como deviam ser os movimentos das suas mãos que eu não via. Como ele fazia para dar ao fraseado uma tal fluidez? Mais tarde naquela noite, nós fomos apresentados e ficamos um tempo conversando, principalmente de cozinha.

Didier Martin, diretor da Alpha Classics, passou por Bertrand por acaso um pouco após aquele concerto, em um café de Paris. Segundo as palavras de Bertrand: “Didier me perguntou o que eu gostaria de tocar com você, e eu respondi espontaneamente: Messiaen”

Didier me repassou essa informação. Ele tinha a sensação de que Bertrand e eu adoraríamos trabalhar juntos e eu segui seu conselho. Na época, meu querido amigo e mentor, Reinbert de Leeuw, acompanhava ainda todos os meus recitais, embora sua saúde já declinasse e nós percebêssemoe que os dias de música juntos não seriam ilimitados. Em 2017, Reinbert e eu fizemos nossa última gravação (Vienna: Fin de Siècle) e nossa última grande turnê de recitais. Era difícil pensar em perdê-lo como amigo e companheiro musical.

Bertrand e eu nos encontramos novamente em Londres em 2019 e, dessa vez, não falamos só de cozinha. Respirei fundo e propus que nós fizéssemos um programa Messiaen. E mãos à obra: animados e nervosos frente ao desafio que nos esperava, nós devíamos primeiro aprender a linguagem dessa música tão particular: o diálogo e o desenvolvimento das tonalidades, a superposição complexa de motivos rítmicos e os diferentes sentidos das palavras. Esses primeiros dias marcaram o início da nossa amizade musical. Nós fomos bastante longe naquelas primeiras 72 horas, encontrando juntos nosso caminho na música. Reinbert de Leeuw disse uma vez; “Messiaen tem uma clareza, o caráter é extremamente pessoal e claro, e se torna natural. Isso se torna logo natural…”
(traduzido do libreto do CD)

Olivier Messiaen (1908-1992):
Chants de terre et de ciel, para soprano e piano
Poèmes pour Mi, para soprano e piano
La mort du nombre, para soprano, tenor, violino e piano*
Barbara Hannigan, soprano
Bertrand Chamayou, piano
Charles Sy, tenor*
Vilde Frang, violino*

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Continuando o estilo “pague um, leve um monte” da postagem de Messiaen da semana passada, aqui estão outras postagens reativadas de obras do francês para piano solo e para órgão:

As 20 olhadelas para o menino Jesus, por Håkon Austbø aqui

As obras completas para órgão por Jennifer Bate, gravadas sob supervisão do compositor – os 6 CDs aqui

O órgão de Olivier Messiaen (1908-1992) ao vivo em Amsterdam – aqui

Olivier Messiaen quando as entradas na testa ainda eram pequenas

Pleyel

W. A. Mozart (1756-1791): Sinfonia Nº 40, K. 550 e L. v. Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 1, Op. 21 (Orch. of 18th Century, Brüggen)

W. A. Mozart (1756-1791): Sinfonia Nº 40, K. 550 e L. v. Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 1, Op. 21 (Orch. of 18th Century, Brüggen)

Não encontrei resquício deste CD na minha cedeteca, mas posso afirmar que ele existe(iu) não somente em CD mas no formato LP (Philips 416 329) e fita cassete… É muito bom, tenho o LP em casa. Ah, este eu achei. É da época em que era meio escandaloso utilizar instrumentos originais fora da música estritamente barroca. Hoje, não surpreende mais ninguém. Encontrei este arquivo mp3 perdido no computador. A surpresa causada pelas abordagens do pessoal dos instrumentos originais a Beethoven pode ser medida por este artigo de 16/03/1986, publicado no New York Times: HERE COMES THE ‘AUTHENTIC’ MUSIC OF BEETHOVEN.

W. A. Mozart (1756-1791): Sinfonia Nº 40, K. 550 e L. v. Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 1, Op. 21 (Orch. of 18th Century, Brüggen)

01. Mozart No. 40, K. 550, Molto allegro
02. Mozart No. 40, K. 550, Andante
03. Mozart No. 40, K. 550, Menuetto (Allegretto)
04. Mozart No. 40, K. 550, Allegro assai

05. Beethoven No. 1, Op. 21, Adagio molto – Allegro con brio
06. Beethoven No. 1, Op. 21, Andante cantabile con moto
07. Beethoven No. 1, Op. 21, Menuetto (Allegro molto e vivace)
08. Beethoven No. 1, Op. 21, Finale (Adagio – Allegro molto e vivace)

The Orchestra of the Eighteenth Century
Frans BRÜGGEN

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Brüggen teve cabelo até morrer (1934-2014). Eu tenho poucos. Injustiça…

PQP

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 3 (Blomstedt)

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 3 (Blomstedt)

Eu sou um bruckneriano. Sou um admirador embasbacado de suas sinfonias, principalmente da 4ª, 5ª, 7ª, 8ª e 9ª. A terceira está um degrau abaixo das 5 perfeições citadas. Mas tudo já está latente nesta terceira: a grandiosidade, os bons temas colocados dentro de estruturas poderosas e o caráter organístico, pois o órgão foi o instrumento de Bruckner. E aqui temos um scherzo e um movimento final espetaculares. Tudo leva aos fortissimi e depois aos silêncios. Nos silêncios de Bruckner, há os ecos das igrejas e da religião que lhe era tão necessária. Sou um ateu que sente a importância da religião na vida deste cara estranho que foi Anton. Crescendos e silêncios, longos adágios pontuados de mais silêncios e no meio, sempre um scherzo supimpa.

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 3
1 Mehr langsam, Misterioso
2 Adagio, bewegt, quasi Andante
3 Scherzo : Ziemlich schnell
4 Finale : Allegro

Leipzig Gewandhaus Orchestra
Herbert Blomstedt

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Não, ranhento ele não era.

PQP (2020)

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Ombra Mai Fu (Andreas Scholl, Akademie Für Alte Musik Berlin)

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Ombra Mai Fu (Andreas Scholl, Akademie Für Alte Musik Berlin)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Muito bom CD produzido por dois craques: a Akademie Für Alte Musik Berlin e Andreas Scholl. São aberturas para orquestra e árias de Händel interpretadas com a habitual competência dos citados craques. Händel dominava a arte de transformar emoção em melodia e suas árias continuam sendo desafios vocais e tesouros expressivos até hoje. Handel compôs mais de 40 óperas, muitas para o Royal Opera House de Londres. As árias deste CD foram escritas para castrati, mas hoje são cantadas por contraltos ou contratenores como Scholl, claro. São são pilares do repertório barroco, conhecidas por sua expressividade dramática, virtuosismo vocal e estruturas que variam entre árias da capo (A-B-A) e árias di bravura (de exibição técnica).

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Ombra Mai Fu (Andreas Scholl, Akademie Für Alte Musik Berlin)

Admeto, Rè Di Tessaglia
1 Ouverture 5:55
2 Ballo Di Larve 3:18
3 Recitativo-accompagnato – Orride Larve 3:30
4 Aria – Chiudetevi, Miei Lumi (Atto I, Scena 1) 3:49

Serse
5 Sinfonia 1:12
6 Recitativo – Frondi Tenere 0:40
7 Aria – Ombra Mai Fù (Atto I, Scena 1) 3:03

Giulio Cesare In Egitto
8 Aria – Se In Fiorito Prato (Atto II, Scena 2) 7:53
9 Gigue 1:55
10 Aria – Va Tacito (Atto I, Scena 9) 6:51

Radamisto
11 Passacaille 4:33
12 Gigue 1:03
13 Passepied 0:32
14 Rigaudon 1:06

Rodelinda, Regina De Langobardi
15 Sinfonia / Recitativo – Pompe Vano Di Morte 2:28
16 Aria – Dove Sei (Atto I, Scena 6) 5:01
17 Sinfonia 1:34
18 Accompagnato – Sì, L’infida Consorte 0:31
19 Aria – Confusa Si Miri (Atto I, Scena 6) 4:45

Alcina
20 Aria – Verdi Prati (Atto II, Scena 1) 3:50

Alexander’s Feast
21 Allegro 3:22
22 Largo 2:26
23 Allegro 3:20
24 Andante Non Presto 3:29

Bassoon – Christian Beuse, Frank Heintze (faixas: 8)
Cello – Jan Freiheit, Sibylle Huntgeburth
Countertenor Vocals – Andreas Scholl
Double Bass – Matthias Winkler
Harpsichord – Raphael Alpermann
Horn – Christian-Friedrich Dallmann
Lute – Wolfgang Katschner
Oboe – Alessandro Piqué*, Ann-Kathrin Brüggemann
Orchestra – Akademie Für Alte Musik Berlin
Organ – Tobias Schade (faixas: 21 to 24)
Viola – Anja-Regine Graewel, Clemens Nußbaumer, Sabine Fehlandt
Violin – Dörte Wetzel, Edburg Forck, Georg Kallweit, Gudrun Engelhardt, Kerstin Erben, Ulrike Kunze, Uta Peters
Violin [Solo] – Bernhard Forck, Midori Seiler

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Scholl garantindo que não votou em Trump nem em Bolsonaro.

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 2 Concertos para Violino (Kaler, Wit)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 2 Concertos para Violino (Kaler, Wit)

Achei por bem postar este maravilhoso CD, porquanto desde o momento em que pude ouvi-lo, fiquei absurdamente satisfeito. Traz os dois concertos para violino de um dos meus compositores favoritos – Shostakovich. A música de Shosta sempre foi geradora de um intenso mistério em mim. Existe um profundo senso trágico, de lamento, de dor velada, de angústia represada, talvez fruto de suas emoções incontidas; de seu silêncio aflito. Quiçá eu possua um pouco do compositor soviético em mim. Shosta seria quem foi em qualquer lugar do universo. Li isso uma vez num texto escrito pelo Milton Ribeiro. Verifiquei que ele foi muito feliz nessa assertiva. De fato, em se tratando de Shostakovich, o regime soviético serviu apenas como um aspecto contingente em seu âmago como ser histórico. O compositor se portaria como essa figura introvertida, silenciosa e de alma vulcânica, mesmo em outro país. Gosto muito dessas gravações da Naxos. A Naxos possui um charme curioso. Sinto-me compelido a postar tudo o que consigo dela. Um bom deleite!

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 2 Concertos para Violino (Kaler, Wit)

Violin Concerto No. 1 in A minor, Op. 99
01. I. Nocturne
02. II. Scherzo
03. III. Passacaglia
04. IV. Burlesque

Violin Concerto No. 2 in C sharp minor, Op. 129
05. I. Moderato
06. II. Adagio
07. III. Adagio – Allegro

Polish National Radio Symphony Orchestra (Katowice)
Antonio Wit, regente
Ilya Kaler, violino

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Kaler é um Mestre (a letra maiúscula não foi casual)

Carlinus

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nro. 7 (Haitink, RCO)

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nro. 7 (Haitink, RCO)

Dia de Bruckner aqui no PQP Bach!

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Espero que vocês gostem da primeira das três joias da coroa de Bruckner, conforme diz o texto abaixo. A sétima é dedicada mais a Wagner do que a Deus… O que me deixa mais tranquilo, na verdade. Apresentamos a capa da nova gravação que Haitink fez com a Orquestra de Chicago e não a capa do CD gravado com a Orquestra do Concertgebow de Amsterdam, que ora postamos. O motivo é o de que você não a consegue nem entre os usados da Amazon. Quem o tem não o larga. É uma obra-prima. Os dois primeiros movimentos são arrasadores. A seguir coloco para vocês um bom texto encontrado faz algum tempo na rede:

Anton Bruckner nasceu em 4 de setembro de 1824, no vilarejo de Ansfeld, norte da Áustria. Seus pais eram professores primários e ele mesmo teve educação formal para o magistério, mas levou adiante seus estudos de música (notadamente órgão) e, aos 13 anos, entrou para o famoso coro do monastério de Sankt Florian.

Foi lá que abraçou definitivamente sua vocação religiosa e musical. Em 1845, tornou-se professor e organista adjunto, e começou a compor. Bruckner permaneceu nas funções até 1856, quando foi nomeado organista da catedral de Linz e saiu do monastério. Este período foi marcado por estudos de contraponto e orquestração e constantes viagens a Viena. Em uma dessas viagens, Bruckner conheceu a obra de Wagner, e ficou completamente fascinado por ela. Foi nesta época, quando tinha aproximadamente 40 anos, que sua produção como compositor toma fôlego, com as primeiras sinfonias.

Em 1868, obteve o posto de professor do Conservatório de Viena, e para lá fixou residência; veio a lecionar na Universidade de Viena oito anos depois. Na capital do Império Austro-Húngaro, Bruckner, uma pessoa tímida, sem muito manejo social e com baixíssima autoestima, sofria com os ataques da ala brahmsiana, principalmente de Eduard Hanslick, o mais influente dos críticos vienenses. Porém, como organista, era aclamado e disputado.

O reconhecimento público como compositor só veio com a apresentação da Sétima Sinfonia, em 1884. A Oitava Sinfonia estreou em 1892 e foi outro grande sucesso (inquestionável até por Brahms e Hanslick), mas teve gestação complicada. O compositor havia enviado esboços da obra a seu amigo, o maestro Hermann Levi, que a reprovou. Bruckner entrou em profunda depressão – até pensou no suicídio – e tratou de revisar completamente a sinfonia. Mas o resultado final valeu muito a pena, já que a Oitava é sua maior obra e uma das maiores sinfonias de todos os tempos.

O esforço na revisão da Oitava acabou por comprometer a Nona, que foi deixada inacabada: Bruckner morreu em 11 de outubro de 1896, aos 72 anos, trabalhando no Finale. Seus restos mortais foram depositados sob o órgão do mosteiro de Sankt Florian.

SUA OBRA

Podemos fazer uma divisão da obra bruckneriana em dois períodos: o período sacro, que abrange das primeiras obras até a Terceira Sinfonia (1873); e o período das grandes sinfonias, de 73 até sua morte.

Apesar de toda a fama de Bruckner como compositor religioso, sua obra sacra não é tão grande como pode parecer (mais intrigante, porém, dado que era um organista de grande renome, é o número muito reduzido de obras para órgão). Ele compôs seis missas – destaque para a segunda e para a terceira, a Grande – e um réquiem, muitos motetos, o famoso Te Deum e o Salmo CL, os dois últimos já no final da vida.

Mais importantes, para Bruckner, são suas sinfonias. Foram compostas onze delas, sendo que as duas primeiras foram rejeitadas e depois editadas como as de números 00 e 0. Da Zero à Terceira forma-se um grupo relativamente homogêneo de sinfonias. Todas são em tom menor, trágicas e pesadas. A mais grandiosa delas é justamente a de número três, dedicada a Wagner. Nenhuma sinfonia dessa fase, mesmo as rejeitadas, é menos do que interessante.

As três sinfonias seguintes, 4, 5 e 6, formam o segundo grupo. São sinfonias mais positivas, em tom maior. A mais conhecida é a Quarta, a Romântica, uma sinfonia perfeita, de grande beleza e humanidade. A Quinta é mais ampla e tem maiores pretensões arquitetônicas, especialmente no grandioso final em fuga. Data do período em que ingressou na Universidade de Viena, talvez daí o rigor técnico.

As três últimas, 7, 8 e 9, são as verdadeiras jóias da coroa de Bruckner. A Sétima é uma sinfonia belíssima, com destaque para o sublime Adagio, composto em memória a Wagner, que tinha acabado de falecer.

A Oitava é talvez a maior obra-prima de Bruckner e uma das maiores sinfonias já compostas em todos os tempos. Gigantesca (mais de 80 minutos de duração), com orquestração grandiosa e concepção monumental, ela impressiona a todos por sua profundidade e majestosidade. O Scherzo, de mais de 15 minutos, é um dos maiores da história e seu maravilhoso trio, um dos pontos altos de sua produção sinfônica.

Da Nona, infelizmente, conhecemos apenas os três primeiros movimentos. É a mais mística das sinfonias brucknerianas, de concepção tão grandiosa quanto a Oitava e de inspiração religiosa – foi dedicada “ao Bom Deus”. Muitas vezes, a orquestra soa como um imenso órgão. É de suas obras mais potentes.

AS VERSÕES

Bruckner era uma pessoa tremendamente insegura e, por causa das críticas – muitas delas injustas – que recebia, revisava constantemente suas obras. Isso acabou gerando um problema para a posteridade. Muitas vezes suas sinfonias têm três versões para o intérprete escolher, e a escolha sempre é difícil. Afinal, qual é a mais fiel às intenções originais de Bruckner?

Duas edições completas das sinfonias foram lançadas, a de Robert Haas e a de Leopold Nowak. Cada uma delas recupera cores feitos em algumas versões, ou os aceita, ou acrescenta partes. A edição Nowak tende a manter os cortes e a Haas, a restaurar os trechos perdidos. Nenhuma versão é perfeita e cada um tem a sua predileta. Em geral, aceita-se que a melhor Terceira é a Haas e que a melhor Quarta é a Nowak (apesar do prato “errado” do Finale), mas não chegou-se a um consenso quanto à versão da Oitava. Uma opinião? Nowak.

Trecho de texto anônimo retirado daqui. O endereço parece estar desativado atualmente…

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nro. 7 (Haitink, RCO)

Symphony No. 7: I. Allegro moderato
Symphony No. 7: II. Adagio: Sehr feierlich und sehr langsam
Symphony No. 7: III. Scherzo: Sehr schnell
Symphony No. 7: IV. Finale: Bewegt, doch nicht schnell

Bernard Haitink
Royal Concertgebouw Orchestra, Amsterdam

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PQP

.: interlúdio :. Gerry Mulligan Meets Johnny Hodges ֎

.: interlúdio :. Gerry Mulligan Meets Johnny Hodges ֎

I am feeling groovy!
Mulligan

Ao ouvir esse disco (com muito prazer) a palavra groovy me veio à mente. Eu realmente não sei se o termo é adequado, mas para mim, ficou sendo. Groovy no sentido descolado, com um certo senso nostálgico, mas de certa forma atual – ou melhor – atemporal.

Não adianta insistir com as palavras, creio que o ideal é ouvir o disco – que é bem curtinho – e ver se você concorda comigo, se me entende.

Eu gosto dessa combinação de dois saxofonistas, um propondo um tema, uma ideia para o outro tomar e elaborar, ou quando ambos atacam o tema juntos, como é o caso bem na abertura do disco, na primeira faixa, chamada Bunny.

Hodges

O disco vai assim, uma mais levada, outra mais mela-cueca, como descreveria o síndico, mas tudo groovy!

Gerry Mulligan é uma figura já do século XX e foi primariamente um saxofonista, do cool jazz, mas também tocava clarineta e piano, era compositor e fazia arranjos. Atuou ao lado de nomes lendários como Miles Davis e Chet Baker.

Johnny Hodges era mais velho do que Mulligan e ficou conhecido por atuar como solista no grupo de Duke Ellington, mas teve também sua própria banda e a sua própria história.

Gerry Mulligan Meets Johnny Hodges

  1. Bunny
  2. What’s The Rush
  3. Back Beat
  4. What It’s All About
  5. 18 Carrots For Rabbit
  6. Shady Side

Gerry Mulligan, saxofone barítono

Johnny Hodges, saxofone alto

Claude Williamson, piano

Buddy Clark, baixo

Mel Lewis, drums

Gravado em 17 de novembro de 1959
United Recorders, Hollywood

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MP3 | 320 KBPS | 85 MB

Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

Tidal

Sobre Johnny Hodges: In addition to the singing clarity and mellowness of Hodges’ tone, his playing is also characterized by consummate poise. […] A corollary of Hodges’ poise is his capacity for total relaxation – floating, flawless time, fully developing ideas; an equal ease in ballads and swings.

Como eu disse: groovy!

Aproveite!

René Denon

PQP Bach Quizz: Por que a faixa 5 é intitulada 18 Carrots for Rabbit?

Se você gostou dessa postagem, não deixe de visitar essa aqui:

.: interlúdio :. Coleman Hawkins encontra Ben Webster

J. S. Bach (1685-1750): Árias com Anne Sofie von Otter

J. S. Bach (1685-1750): Árias com Anne Sofie von Otter

Não foi com Bach que Anne Sofie von Otter fez suas primeiras aparições solo, mas ela tinha grande vivência com o compositor por ter participado, quando jovem, do Coro Bach de Estocolmo. “O maestro do Coro Bach naquela época era muito dinâmico e entusiasmado por Bach. Em seguida, surgiu Nikolaus Harnoncourt para nos conduzir nos motetos de Bach e também foi uma experiência maravilhosa. Foi um momento emocionante para jovens como eu, que já se reuniam em torno do toca-discos para escutar suas novas gravações de Monteverdi, Bach e Mozart. Harnoncourt realmente foi a minha principal influência de Bach.”

“Depois de alguns anos, voltei a cantar bastante Bach, até participando de gravações com John Elliot Gardiner”, acrescenta, “mas depois eu coloquei de propósito sua música de lado, porque havia muito a explorar, principalmente na ópera. Portanto, este disco não chega a ser uma surpresa. Eu ouvi todas as Cantatas, Oratórios e Paixões e anotava aquilo que achava mais adequado à minha voz. Foi maravilhoso descobrir novas árias, mas ao invés de apenas solos vocais, decidi dividi-lo com movimentos puramente instrumentais. Quando o Concerto Copenhague apareceu no horizonte, comecei também a me aconselhar com Lars Ulrik, que acrescentou novas ideias”.

J. S. Bach (1685-1750): Árias com Anne Sofie von Otter

01 “Widerstehe Doch Der Sünde” (Cantata BWV 54) 6:17
02 “Schläfert Aller Sorgenkummer” (Cantata BWV 197) 7:54
03 “Wenn Des Kreuzes Bitterkeiten” (Cantata BWV 99) 2:50
04 “Erbarme Dich, Mein Gott” (St. Matthew Passion) 6:17
05 “Kommt, Ihr Angefocht’nen Sünder” (Cantata BWV 30) 4:12
06 Sinfonia (Cantata BWV 35) 5:17
07 “Nichts Kann Mich Erretten” (Cantata BWV 74) 5:30
08 Sinfonia (Cantata BWV 12) 2:19
09 Agnus Dei (Mass In B Minor) 5:33
10 “Et Misericordia” (Magnificat) 3:28
11 “O Ewigkeit, Du Donnerwort” (Cantata BWV 60) 4:05
12 “Sei Lob Und Ehr Dem Höchsten Gut” (Cantata BWV 117) 3:20

Anne Sofie von Otter, mezzo-soprano
Baroque Concerto Copenhagen
Lars Ulrik Mortensen

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PQP

J.S. Bach (1685-1750): Missa em Si Menor, BWV 232 (Harnoncourt)

J.S. Bach (1685-1750): Missa em Si Menor, BWV 232 (Harnoncourt)

(Alô, alô, FDP! Cadê a terceira de Brahms com o Bernstein que a Clara pediu????)

Prometi que a cada dia 1º postaria uma versão da Missa em Si Menor de Bach. Hoje é a vez do imenso Nikolaus Harnoncourt.

Só estou sem tempo para grandes explicações e teria que descobrir se a versão que tenho em meu micro é a primeira ou a segunda… Deixo para vocês descobrirem, OK? Sim, uma charada, por que não?

O que posso dizer é que é um tremendo registro deste fantástico maestro e teórico. Costumo ouvi-lo enquanto trabalho… A propósito, se você não leu os livros de Harnoncourt até hoje, não sabe o que está perdendo em termos de conhecimento e experiência musical. O homem é um espanto. Sim, há traduções e boas. Procure! O nome dos livros? Ora, vá procurar!

Adiante que estou com muita pressa! E não desconsiderem esta versão motivados por minha inexatidão. Ela é quase a perfeição.

J.S. Bach (1685-1750): Missa em Si Menor, BWV 232 (Harnoncourt)

1-01 Missa: Kyrie: Kyrie eleison
1-02 Missa: Kyrie: Christe eleison
1-03 Missa: Kyrie: Kyrie eleison
1-04 Missa: Gloria: Gloria in excelsis Deo – Et in terra pax
1-05 Missa: Gloria: Laudamus te
1-06 Missa: Gloria: Gratias agimus tibi
1-07 Missa: Gloria: Domine Deus
1-08 Missa: Gloria: Qui tollis
1-09 Missa: Gloria: Qui Sedes
1-10 Missa: Gloria: Quoniam tu solus
1-11 Missa: Gloria: Cum Sancto Spiritu
2-01 Symbolum Nicenum: Credo: Credo in unum Deum
2-02 Symbolum Nicenum: Credo: Patrem omnipotentem
2-03 Symbolum Nicenum: Credo: Et in unum Dominum
2-04 Symbolum Nicenum: Credo: Et incarnatus est
2-05 Symbolum Nicenum: Credo: Crucifixus
2-06 Symbolum Nicenum: Credo: Et resurrexit
2-07 Symbolum Nicenum: Credo: Et in Spiritum
2-08 Symbolum Nicenum: Credo: Confiteor
2-09 Symbolum Nicenum: Credo: Ex expecto
2-10 Sanctus: Sanctus
2-11 Osanna, Benedictus, Agnus Dei et Dona nobis pacem: Osanna
2-12 Osanna, Benedictus, Agnus Dei et Dona nobis pacem Benedictus
2-13 Osanna, Benedictus, Agnus Dei et Dona nobis pacem: Agnus Dei
2-14 Osanna, Benedictus, Agnus Dei et Dona nobis pacem: Dona nobis pacem

Intérpretes (o meu chute):

Max van Egmond,
Emiko Iiyama,
Rotraud Hansmann,
Kurt Equiluz
Viennensis Chorus
Concentus Musicus Wien
Regente: Nikolaus Harnoncourt

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Cara de louco. Sim, mas era mansinho e brilhante.

PQP

Olivier Messiaen (1908-1992): Réveil des oiseaux / Trois petites liturgies de la présence divine

“Foram os pássaros que me levaram à superposição de andamentos. Na primavera, quando os pássaros acordam de madrugada, cada um canta em um andamento. Cinquenta vozes se superpõem em andamentos diferentes. O resultado é um caos absolutamente impenetrável, um emaranhado prodigioso, que no entanto soa harmonioso. É isso que eu quis recriar em minha música” Olivier Messiaen

Os cantos de pássaros já tinham sido usados pelos compositores franceses mais importantes dos séculos 17 e 18, Couperin e Rameau. Depois, aparecem nas obras de Beethoven (Sinfonia Pastoral), Mahler (várias sinfonias), Stravinsky (Pássaro de Fogo, Canto do Rouxinol), Villa-Lobos (Uirapuru, Bachianas nº 4). Mas foi Messiaen que fez da notação de cantos de pássaro uma ciência complexa, rigorosa e sofisticada. A partir dos anos da 2ª Guerra ele não se cansou de usar, de maneiras variadas, os cantos dos pássaros em obras como:

Quatuor pour la fin du Temps (quarteto para o fim do tempo ou dos tempos) de 1940-41 para clarinete, violino, violoncelo e piano
Trois petites liturgies de la présence divine, de 1943-44 para coro feminino, piano solo, percussão e orquestra de cordas
Vingt regards sur l’Enfant-Jésus (20 olhares sobre o menino Jesus), de 1944 para piano
Turangalîla-Symphonie, de 1946-9, para piano solo, ondas Martenot e orquestra
– 4º movimento da Messe de la Pentecôte (Missa de Pentecostes), de 1948-50, para órgão e pouco depois, 4º e 7º movimentos do Livre d’orgue, de 1951
Le Merle noir (o melro-preto), de 1952, para flauta e piano
Réveil des oiseaux (despertar dos pássaros), de 1953, para piano solo e orquestra
Oiseaux exotiques (pássaros exóticos), de 1955-56, para piano solo e pequena orquestra
Catalogue d’oiseaux (catálogo de pássaros), de 1956-59, para piano

E Messiaen continuou estudando os pássaros até pouco antes de sua morte em 1992. A 1ª obra que ouvimos aqui, Le Réveil des Oiseaux, evoca os sons dos pássaros em uma manhã de primavera da meia-noite ao meio-dia, e foi gravada por um time de respeito que inclui na regência e no piano Kent Nagano e Yvonne Loriod (ambos ex-alunos de Messiaen e ela acabou se casando com ele).

A 2ª obra, Três pequenas liturgias da presença divina, estreou em 1945 pouco após o fim da ocupação alemã de Paris e alguns dias antes do fim  da guerra. Segundo relatos, as Três liturgias dividiram o meio musical de Paris em dois grupos opostos, um de entusiasmo delirante, outro de insultos violentos, confundindo o homem e a obra. Provavelmente o clima bélico do fim da guerra foi responsável por essa disputa que, segundo Claude Rostand, não era vista desde os dia áureos de Stravinsky.

Nesta obra os cantos de pássaros são mais nítidos no piano, enquanto um coro feminino canta palavras de Messiaen, que provavelmente foram o principal alvo das críticas na época, mais do que a música em si. Entre outras coisas, elas cantam que a presença divina se encontra nas estrelas, no arco-íris, nos anéis de Saturno, nas nossas células e sangue. O próprio Rostand foi um dos críticos mais ferozes mas depois deu o braço a torcer. Em 1957 ele escreveu: “a linguagem polimodal e o refinamento rítmico habituais do autor aqui são levados mais longe do que antes. A sutileza dos timbres é muito grande. O poema é de Messiaen, rimado e ritmado como a música. A partitura busca a diversidade por modulações polimodais e polirítmicas. A instrumentação é de estilo hindu ou balinês europeizado”.

Como estamos em família, nas Trois Liturgies temos ainda a cunhada do compositor, Jeanne Loriod, um dos maiores expoentes das ondas martenot, instrumento eletrônico inventado em 1928 que tem um som contínuo e foi usado em trilhas sonoras de filmes como Ghostbusters e por bandas como Radiohead e Daft Punk.

Ondes Martenot: música eletrônica desde 1928
Ondes Martenot: música eletrônica desde 1928

Réveil des Oiseaux
1. Minuit
2. 4 Heures du matin
3. Chants de la matinée
4. Cadenza finale du piano

Trois petites liturgies de la présence divine
5. I – Antienne de la conversation intérieure (Dieu est présent en nous…)
6. II – Séquence du verbe, cantique divin (Dieu présent en lui-même…)
7. III – Psalmodie de l’Ubiquité par amour (Dieu présent en toutes choses…)

Orchestre National de France, Kent Nagano
Piano: Yvonne Loriod
Ondes Martenot: Jeanne Loriod, Coro: Maîtrise de Radio France (faixas 5 a 7)

BAIXE AQUI – mp3 (DOWNLOAD HERE – mp3)

“Eles cantaram muito antes de nós. E inventaram a improvisação coletiva, pois cada pássaro, junto com os outros, faz um concerto geral” Messiaen
“Eles cantaram muito antes de nós. E inventaram a improvisação coletiva, pois cada pássaro, junto com os outros, faz um concerto geral” Messiaen

P.S. Esta é uma respostagem e, além deste disco, também reativei os links para download das seguintes obras de Messiaen:
O quarteto em impressionante gravação por músicos espanhóis – aqui
“Des Canyons aux étoiles…” por Chung e Muraro – aqui
Sinfonia Turangalîla por Chung e Loriod – aqui

Pleyel (2018, repostado em 2025)

Anne-Sophie Mutter — Modern: Works by Stravinsky / Lutoslawski / Bartók / Moret / Berg / Rihm

Anne-Sophie Mutter — Modern: Works by Stravinsky / Lutoslawski / Bartók / Moret / Berg / Rihm

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um sensacional álbum triplo que reúne gravações dos anos 90 de música moderna por Anne-Sophie Mutter e diversas orquestras. Tudo é um primor, a começar pelo Concerto neoclássico de Stravinsky. Aliás, cada um dos CDs inicia com uma obra-prima. Há o já citado Concerto de Strava, o belíssimo e insuperável Concerto Nº 2 para Violino e Orquestra de Bartók e o não menos de Berg. Este último tem a  triste alcunha de “À Memória de um Anjo”. É que Berg recebeu a notícia da morte de Manon Gropius, filha do arquiteto Walter Gropius e de Alma Mahler. Manon faleceu aos 18 anos, vítima de poliomielite. Naquele momento, Berg estava finalizando o Concerto. Ele então transformou-se num tributo à memória da adolescente e também em um réquiem para si mesmo, que morreria logo depois de compô-lo. O restante tem menos história, mas não é de jogar fora, imagina! Destaque para obras de Lutoslawski, Moret e Rihm, compostas especialmente “Para Anne-Sophie Mutter”. Te mete com ela, rapaz! (Bem, adoraria que ela se metesse comigo).

Anne-Sophie Mutter Modern: Works by Stravinsky / Lutoslawski / Bartók / Moret / Berg / Rihm

Disc 1
Concerto en ré
Composed By – Igor Stravinsky
Conductor – Paul Sacher
Orchestra – Philharmonia Orchestra
1 1. Toccata 5:51
2 2. Aria I 4:09
3 3. Aria II 5:13
4 4. Capriccio 5:49

Partita (“For Anne Sophie Mutter”)
Composed By – Witold Lutoslawski
Piano – Phillip Moll
5 1. Allegro giusto 4:14
6 2. Ad libitum 1:12
7 3. Largo 6:22
8 4. Ad libitum 0:47
9 5. Presto 3:51

Chain 2 (“For Paul Sacher”)
Composed By – Witold Lutoslawski
Conductor – Witold Lutoslawski
Orchestra – BBC Symphony Orchestra
10 1. Ad libitum 3:48
11 2. A battuta 4:58
12 3. Ad libitum 4:58
13 4. A battuta – Ad libitum – A battuta 4:27

Disc 2
Violinkonzert Nr. 2
Composed By – Béla Bartók
Conductor – Seiji Ozawa
Orchestra – Boston Symphony Orchestra
1 1. Allegro non troppo 16:16
2 2. Andante tranquilo – Allegro scherzando – Tempo I 9:58
3 3. Allegro molto 12:13

En rêve (“pour Anne Sophie Mutter”)
Composed By – Norbert Moret
Conductor – Seiji Ozawa
Orchestra – Boston Symphony Orchestra
4 1. Lumière vaporeuse. Mystérieux et envoŭtant 7:13
5 2. Dialogue avec l’Etoile 5:44
6 3. Azur fascinant (Sérénade tessinoise). Exubérant, un air de fête

Disc 3
Violinkonzert (“To the memory of an angel”)
Composed By – Alban Berg
Conductor – James Levine
Orchestra – The Chicago Symphony Orchestra
1 I. Andante – Allegretto 11:31
2 II. Allegro – Adagio 16:12

“Gesungene Zeit” (“Time Chant”) – Dedicated To Anne-Sophie Mutter
Composed By – Wolfgang Rihm
Conductor – James Levine
Orchestra – The Chicago Symphony Orchestra
3 [Anfang / beginning / début / inizio] 14:27
4 [Takt / bar / mesure / battuta 179] 9:56

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Anne-Sophie Mutter: moderninha
Anne-Sophie Mutter: toda moderninha

PQP (2017)

Gustav Mahler (1860-1911): Des Knaben Wunderhorn / Adágio da Sinfonia Nº 10 (Boulez – Gerhaher – Kozená)

Gustav Mahler (1860-1911): Des Knaben Wunderhorn / Adágio da Sinfonia Nº 10 (Boulez – Gerhaher – Kozená)

Hoje, dia 18 de maio de 2011, se comemoram os 100 anos da morte de Gustav Mahler. Com certeza, uma data importante para celebrar aquele que foi um dos maiores compositores das história, um compositor único, que conseguiu em apenas 50 anos de vida criar um dos maiores ciclos de sinfonias, além de outras obras, já compostos pelo ser humano. Uma obra que causou, e ainda causa, grande impacto. São obras densas, de extrema complexidade, com uma orquestração ímpar, e que muito exige de todos os envolvidos: desde o regente até a orquestra e, claro, o próprio ouvinte, que de início não sabe bem como reagir, mas acaba por se render à grandiosidade e genialidade daquelas obras. Já postamos algumas integrais aqui no PQP, portanto, vocês podem optar.

Curiosamente, este CD que estou postando em homenagem a esta data, traz uma das obras que considero de mais fácil assimilação da obra mahleriana. Segundo a Wikipedia, “Des Knaben Wunderhorn (alemão, em português – literalmente: A trompa mágica do menino, referindo-se a um objeto mágico como a cornucópia) é uma coleção de textos de canções populares, publicada em três volumes em Heidelberg pelos poetas e escritores alemães Achim von Arnim e Clemens Brentano entre 1805 e 1808. A coleção contém canções da Idade Média até o Século XVIII”. Mahler musicou algumas delas entre 1892 e 1902. Mas basta para termos uma noção da escrita mahleriana, principalmente as canções.

Não sou nem pretendo ser um expert em Mahler, admiro-o imensamente e digamos que ainda estou me adaptando à sua linguagem (isso que ouço Mahler desde meus 18 anos de idade…).

Já ouso dizer que o Adágio da Sinfonia Nº 10 é não apenas o canto de cisne de Mahker como uma das maiores e antecipatórias peças de todos os tempos.

Boulez é um dos grandes regentes e compositores do século XX e deste início de século XXI. Podemos não concordar com algumas das escolhas que ele faz, mas jamais podemos negar seu talento enquanto regente. Nesta gravação ele tem “apenas” nossa musa, Madalena Kozená, e o excelente barítono Christian Gerhaher. A Orquestra de Cleveland já é uma velha conhecida nossa quando se trata deste repertório, principalmente nas mãos de Boulez.

Mas vamos ao que interessa: Viva Mahler !!!

Gustav Mahler – Des Knaben Wunderhorn – Adagio from Symphony n° 10 – Boulez – Gerhaher – Kozená

01 – Der Schildwache Nachtlied
02 – Verlorne Mueh’
03 – Trost im Unglueck
04 – Wer hat dies Liedlein erdacht
05 – Das irdische Leben
06 – Revelge
07 – Des Antonius von Padua Fischpredigt
08 – Rheinlegendchen
09 – Lied des Verfolgten im Turm
10 – Wo die schoenen Trompeten blasen
11 – Lob des hohen Verstandes
12 – Der Tambourg’sell

13 – Symphony no. 10-Adagio

Madalena Kozená – Mezzo-soprano
Christian Gerhaher – Barítono
The Cleveland Orchestra
Pierre Boulez – Conductor

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Um café da manhã da família Mahler. Alma parece não pensar ainda em Gropius. Ou já?

FDP (Link reativado por Pleyel)

.: interlúdio :. Bela Fleck / Zakir Hussain / Edgar Meyer: The Melody Of Rhythm

.: interlúdio :. Bela Fleck / Zakir Hussain / Edgar Meyer: The Melody Of Rhythm

Esses irrepetíveis CDs “fora de gênero”… Isto é jazz em razão de Bela Fleck? É world music por causa do grande Zakir Hussain? É clássica devido a Edgar Meyer? Bem, o mais importante é dizer que é tudo isso e que é tudo acessível, agradável e bem feito. Não é uma miscelânea de estilos, é algo com unidade e química próprias. Há as músicas em trio e há a participação de uma orquestra sinfônica com regência do excelente Leonard Slatkin.

Classifiquei o CD em jazz, mas não sei. Há improvisação mas não é jazz, certamente. Não é absolutamente vanguarda, nem free, nem world. Erudito seria adequado, mas não contaria toda a história. OK, fica sob o largo guarda-chuva do jazz.

Para vocês saberem se vão gostar, só ouvindo.

Bela Fleck / Zakir Hussain / Edgar Meyer – Melody Of Rhythm (2009)

1. Babar 6:10

2. Out Of The Blue 4:58

3. Bubbles 7:12

4. The Melody Of Rhythm, Movement 1 11:51
5. The Melody Of Rhythm, Movement 2 6:26
6. The Melody Of Rhythm, Movement 3 9:39

7. Cadence 3:56

8. In Conclusion 6:34

9. Then Again 6:40

Bela Fleck – five string banjo
Zakir Hussain – tabla
Edgar Meyer – double bass

Detroit Symphony Orchestra
Leonard Slatkin

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Bela Fleck, Edgar Meyer e Zakir Hussain na Sala Jazz de Detroit da PQP Bach Corp.

PQP (2012)

Post-scriptum de Pleyel em 2025 Não conheço nenhum disco ruim com Zakir Hussain (1951 – 2024). O percussionista indiano tocou por mais de 50 anos com centenas de parceiros e mesmo quando o negócio era mediano ele fazia ficar bom. Aqui, no Concerto Tríplice, antes de Hussain entrar a música já estava boa mas quando ele chega, vira uma festa para os ouvidos. O concerto foi escrito pelos três solistas, estreado em 2006 e gravado em 2009.