Glazunov: Chant Du Ménestrel
Shostakovich
Concerto para Violoncelo No. 2
Mstislav Rostropovich
Boston Symphony Orchestra
Seiji Ozawa
Se você vivesse no Norte do Paraná, nos fins da década de 70, quero dizer 1970, teria que ser ágil para comprar qualquer LP de música clássica que surgisse, caso este fosse seu interesse. LPs eram escassos e caros. Devo acrescentar que informações culturais não eram abundantes. Assim, o gosto musical do interessado era um pouco moldado pelas oportunidades – mais tentativa e erro, o método de aprendizado. Mas era imensamente divertido.
Eu já aprendera que o selo amarelo trazia conteúdo mais palatável e visitas constantes aos escassos pontos de venda acabavam rendendo novidades. O tempo dos sebos ainda estava por vir.
Em minha coleção havia desde coisas como Gypsy!, do Werner Müller and his Orchestra, com o phase4stereo spectacular, até o outro lado do espectro, com concertos para piano de Mozart interpretados por Pollini e Gilels, acompanhados pela mais mozartiana orquestra que eu conhecia, a Wiener Philharmonic, regida por Herr Böhm.
Nesta época, pouco mais, talvez, este disco (o da postagem, é claro… hahãmm) cruzou meu caminho e desde logo propunha algo novo. O violoncelista eu conhecia de outro disco, com o Concerto de Dvořák, acompanhado pela Berliner Philharmoniker regida pelo Herr Karajan. Mas aqui a luz era outra. O solista ostentando uma camisa de cowboy e o jovem regente com uma espécie de camisa indiana branca, com ares de hippie, demandava mais ousadia do propenso comprador. E o compositor da peça mais longa? Um ilustre, modernoso e desconhecido compositor russo. Sim, os LPs tinham as contracapas que eram lidas e relidas antes de qualquer movimento mais forte em direção da carteira…
A compra foi uma das mais ousadas e rendeu boas semanas de muitas audições, mesmo que carregadas de incertezas e levantamentos de sobrancelhas. É claro que tudo começa em grande estilo, o Canto do Menestrel do Glazunov, muito acessível. E bonito mesmo, para quem aprecia as românticas almas russas…
Mas o concerto de Shostakovich é bem mais inquietante e foi minha primeira experiência com música que precisamos conquistar antes de gostar. Começamos com uma espécie de lamento, e depois todas aquelas sonoridades percussivas rondando o canto do violoncelo. Bem, é preciso ouvir para entender.
Aprendi depois que o concerto havia sido composto pouco mais do que uma década antes daqueles dias e que o solista da gravação era a pessoa a quem o concerto fora dedicado e que também o havia estreado.
Descobri que o Concerto havia sido composto na última fase do compositor, que o havia completado enquanto se encontrava em um hospital, pois que já lhe falhava o coração.
A música é mais reflexiva do que extrovertida, coisa que vai bem com o violoncelo, e a orquestra, apesar de imensa, é usada com maestria e cuidado pelo compositor, evitando que o solista seja tragado por ela e possa se apresentar realmente como o protagonista.
Os dois últimos movimentos são ambos nomeados Allegretto e estão unidos nos arquivos em uma única faixa, pois a passagem de um para o outro se dá continuamente – attacca!
Alexander Glazunov (1865 – 1936)
Chant Du Ménestrel, para violoncelo e orquestra
- Chant Du Menestrel
Dmitri Shostakovich (1906 – 1975)
Concerto para Violoncelo No. 2, Op. 126
- Largo
- Allegretto – attacca; III. Allegretto
Mstislav Rostropovich, violoncelo
Boston Symphony Orchestra
Seiji Ozawa
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FLAC | 414 MB
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MP3 | 320 KBPS | 87 MB
Espero que a audição deste notável disco faça com que você reflita sobre as belezas das músicas que precisamos conquistar e que ao final lhe seja tão compensador como tem sido para mim, todas as vezes que a ele retorno.
Aproveite!
René Denon