Galina Vishnevskaya & Mstislav Rostropovich – Mussorgsky, Shostakovich, Prokofiev

Galina Vishnevskaya & Mstislav Rostropovich – Mussorgsky, Shostakovich, Prokofiev

Andei relapso com os trabalhos neste blog, e começo este post com um breve pedido de desculpas por isso; a vida andou um tanto cheia de afazeres e o tempo, esse danado, voou. Mas cá estamos, e vamos em frente. Para tentar me redimir por essa ausência, voltei com um discaço que me acompanha há muitos anos. Nada mais nada menos que Galina Vishnevskaya e seu marido Mstislav Rostropovich gravados ao vivo em Moscou nos anos 60. O repertório, creio, não deixa nem um tiquinho de decepção para quem, em plena terceira década do terceiro milênio, viaja no tempo para a capital russa com essas preciosas gravações: Mussorgsky (1839-1881), Shostakovich (1906-1975) e Prokofiev (1891-1953).

Um detalhe charmoso deste álbum é que nele podemos ouvir Rostropovich em sua múltiplas frentes de atuação: como regente (Mussorgsky), como violoncelista (Shostakovich, op. 127) e como pianista (Shostakovich 0p. 109 e Prokofiev). Slava – como Rostropovich era carinhosamente conhecido – respirava música, era todo colcheias e semifusas e sustenidos da cabeça aos pés, e esse disquinho é como um prisma que revela suas diferentes faces conforme a luz vai mudando de direção.

Shosta e Slava: mais que amigos, friends

E tem mais, bem mais. Com a palavra, Sigrid Neef, no encarte do disco, em livre tradução deste blogueiro:

“Diversas gravações documentam a aclamada parceria entre Vishnevskaya e Rostropovich, a prima donna do Teatro Bolshoi em Moscou e o grande violoncelista virtuoso. Ainda assim, este CD é uma pequena sensação e um golpe de sorte. Gravações de dois concertos foram descobertas no arquivo da antiga gravadora estatal soviética Melodiya. Um deles incluía a lendária estreia do ciclo de canções de Dmitri Shostakovich a partir de poemas de Alexander Blok, seu opus 127, com Galina Vishnevskaya, Mstislav Rostropovich, David Oistrakh e Moisei Vainberg. Era um ensamble verdadeiramente fenomenal e autêntico, porque o compositor escreveu o ciclo com eles em mente e dedicou a peça a Vishnevskaya. Apesar de tudo isso, a Melodiya arquivou a fita e lançou posteriormente uma nova gravação da obra com artistas menos proeminentes, em 1976. Vishnevskaya e Rostropovich haviam sido proscritos pela burocracia cultural soviética.

O delito deles foi ter abrigado em sua dacha o dissidente Alexander Solzhenitsyn, autor do histórico e monumental Arquipélago Gulag, que seria expulso da União Soviética no ano seguinte, 1974. Mais tarde, naquele mesmo ano, Vishnevskaya e Rostropovich deixaram a URSS. Eles perderam a cidadania em 1978, e essa só lhes foi restituída em 1990.

A espetacular história dessa performance é ofuscada por uma sensacional serenidade interior. A cantora e o violoncelista mostram simpatia, amor, bondade e verdade em um mundo cheio de agressividade, crueldade e mentiras. Eles sentiram sua responsabilidade para com a música e, mais que isso, a Deus. Essa é a fonte desse seu feito singular. Há também um senso de maré alta. Todas as composições de Shostakovich presentes foram escritas para Galina Vishnevskaya e dedicadas a ela. Já para a adaptação de Sergei Prokofiev para Akhmatova, não existem no mundo artistas mais apropriados que Vishnevskaya e Rostropovich.”

Sem mais delongas, portanto. vamos ao disco!

Modest Mussorgsky (1839-1881)
Songs and Dances of Death
(orquestrado por Dmitri Shostakovich – estreia mundial)

1 – I. Lullaby
2 – II. Serenade
3 – III. Trepak
4 – IV. The Field-Marshall

Galina Vishnevskaya, soprano
Gorki State Philharmonic Orchestra
Mstislav Rostropovich, regência

Dmitri Shostakovich (1906-1975)
Seven Romances to Poems by Alexander Blok, op. 127
(estreia mundial)

5 – I. Ophelia´s song
6 – II. Hamayun, the prophetic bird
7 – III. We were together
8 – IV. The city sleeps
9 – V. Storm
10 – VI. Mysterious sign
11 – VII. Music

Galina Vishnevskaya, soprano
David Oistrakh, violino
Mstislav Rostropovich, violoncelo
Moisei Vainberg, piano

Satires, op. 109
Five romances on lyrics by Sasha Chorny

12 – I. To a critic
13 – II. Spring´s awakening
14 – III. The descendants
15 – IV. Misunderstanding
16 – V. The Kreutzer Sonata

Galina Vishnevskaya, soprano
Mstislav Rostropovich, pino

Sergei Prokofiev (1891-1953)
Five Poems by Anna Akhmatova, op. 27

17 – I. The Sun has filled my room
18 – II. True tenderness
19 – III. Memory of the Sun
20 – IV. Greetings
21 – V. The king with grey eyes

Galina Vishnevskaya, soprano
Mstislav Rostropovich, piano

As faixas 1 a 4 foram gravadas ao vivo no auditório da Gorki State Philharmonic Society, em 9 de fevereiro de 1963. As faixas 5 a 21 foram gravadas ao vivo na Grande Sala do Conservatório de Moscou, em 23 de outubro de 1967.

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Vishnevskaya e Rostropovich com as filhas em casa, 1959

Karlheinz

Mozart (1756 – 1791): Concertos para Piano Nos. 20 & 27 – Evgeny Kissin & Kremerata Baltica ֎

Mozart (1756 – 1791): Concertos para Piano Nos. 20 & 27 – Evgeny Kissin & Kremerata Baltica ֎

MZRT

Concertos para Piano Nos. 20 & 27

Kremerata Baltica

Evgeny Kissin

O disco consiste em dois concertos para piano de Mozart, do período de plena maturidade do compositor, mas com características próprias, muito distintas.

O Concerto No. 20 em ré menor (1785) é austero, começa com ares ameaçadores e sombrios, cheio de afinidades com a ópera ‘Don Giovanni’. É um de dois concertos em tonalidade menor e tem um dos movimentos lentos mais sublimes em toda a literatura musical. Já o Concerto No. 27 em si bemol maior (1791) é o último da série de concertos, cheio de leveza, claridade e de uma certa alegria que só Mozart é capaz de produzir em seus momentos de grande tristeza.

O intérprete, solista e regente nesta gravação, parece mais adequado aos grandes concertos românticos, é verdade, mas talvez por ter sido criança prodígio, assim como Wolfie, mostra grande afinidade com a música e o disco é tão bom que dá vontade de ouvir de novo…

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para Piano No. 20 em ré menor, K. 466

  1. Allegro
  2. Romanze
  3. Allegro assai

Concerto para Piano No. 27 em si bemol maior, K. 595

  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegro

Kremerata Baltica

Evgeny Kissin

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MP3 | 320 KBPS | 155 MB

Evgeny Kissin

Seção ‘The-book-is-on-the-table’: EMI recorded the two concertos in Munich in 2008, capturing a pleasantly ambient acoustic that perfectly suits the music; it’s slightly resonant without in any way hampering midrange transparency. There is ample stage depth for the relatively small ensemble accompanying Kissin, with a realistic piano sound, reasonably wide dynamics, a modest impact, and good, clean definition and air. It’s probably easier to describe the sound by what it’s not: It’s not bright, hard, or edgy nor is it unnecessarily warm, soft, clouded, or fuzzy. For this music, it is just right. Para ler toda a crítica, clique aqui.

Aproveite!

René Denon

Mozart, para colorir…

Georg Philipp Telemann (1681-1767): Concertos para Viola da Gamba (Perl / Freiburger Barockorchester)

Georg Philipp Telemann (1681-1767): Concertos para Viola da Gamba (Perl / Freiburger Barockorchester)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Querido pequepiano, não pense nem por um momento que você já ouviu tudo o que há para ouvir de Georg Philipp Telemann! Ele puxará seu tapete no próximo CD que você ouvir. Não só ele foi provavelmente o compositor mais prolífico do seu século — menos de um décimo do total da sua obra sobrevivente foi gravada até agora — mas também, como Hille Perl expressa nas notas deste CD, “nenhum outro compositor enriqueceu tanto a vida musical de seu tempo com tão imensa variedade de estilos, técnicas e experimentos.” É uma piada comum nos conjuntos barrocos que Telemann poderia compor música mais rápido do que eles a tocam. E a música tocada aqui pela diva da gamba Hille Perl e pelos doze músicos da Freiburger Barockorchester é tudo menos fácil ou trivial. Ela é COMPLEXA e SUBLIME. É tudo o que Telemann tem de melhor: espirituoso, musicalmente generoso, dramático, até mesmo grandiloquente, e brilhantemente idiomático para a viola da gamba, aquele instrumento tão proeminente na música barroca e que logo se tornaria extinto na orquestra romântica. Hille Perl é uma “força da natureza”, uma pessoa extasiada pela música que, desde a mais tenra infância, dela emana como a sexualidade de uma Marilyn Monroe. Não há nada de acadêmico ou excessivamente culto em seu estilo. Ela é.

Georg Philipp Telemann (1681-1767): Concertos para Viola da Gamba (Perl)

Sonata In B-Minor For Violin, Viola Da Gamba & Basso Continuo
1 Largo 3:34
2 Vivace 3:18
3 Andante 4:40
4 Allegro 2:32

Concerto In E For Violin, Viola Da Gamba & Basso Continuo
5 Allegro 4:05
6 Largo 3:17
7 Allegro 3:39

Concerto In A For Viola Da Gamba, 2 Violins & Basso Continuo
8 Soave 3:07
9 Allegro 1:59
10 Adagio 2:45
11 Allegro 3:28

Suite In D For Viola Da Gamba, Strings & Basso Continuo
12 Ouverture 5:07
13 La Trompette 1:39
14 Sarabande 2:23
15 Rondeau 2:27
16 Bourée 1:46
17 Courante & Double 3:52
18 Gigue 2:30

Concerto In G For Viola (Da Gamba), Strings & Basso Continuo
19 Largo 3:35
20 Allegro 2:56
21 Andante 4:35
22 Presto 4:01

Hille Perl – Viola da gamba
Freiburger Barockorchester, dir Petra Mullejans
Ensemble – Freiburger Barockorchester
Harpsichord [Cembalo] – Torsten Johann
Lute – Lee Santana
Luthier – Ingo Muthesius
Viola – Christa Kittel, Sabine Dziewior
Viola da Gamba – Hille Perl
Violin – Annelies Van Der Vegt, Brian Dean, Gerd-Uwe Klein, Karin Dean, Kathrin Tröger, Sabine Dziewior
Violin [2nd solo violin] – Christa Kittel (faixas: 8 to 11)
Violin, Leader – Petra Müllejans
Violoncello – Ute Petersilge
Violone – Matthias Müller (13)

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Hille Perl

PQP

Sofia Gubaidúlina (n. 1931): Canticle of the Sun, Preludes, In Croce (Wispelwey, Collegium Vocale Gent)

Uma constatação que não é novidade mas é sempre bom lembrar: fama, glória e reputação internacional dependem não só de fatores intrínsecos às obras artísticas mas também a fatores externos como tendências geopolíticas, guerras, modas, etc. Um exemplo recente: Silvestrov, nascido em 1937, finalmente foi bem mais ouvido desde 2022, ao mesmo tempo em que bombas destruíam a Ucrânia onde ele vivia.

Com o fim da Guerra Fria, surgiram na cena europeia vários nomes da ex-URSS, normalmente pouco reconhecidos naquele país por não se alinharem com as ideias da burocracia de Moscou quanto ao que deveria ser a música revolucionária. Naquele contexto pré 1989 o Estado soviético tinha juízos de valor sobre música, teatro, literatura etc. e poder para realizar ostracismos, censuras e silenciamentos. Isso pra não falar no período anterior, mais stalinista, quando matavam mesmo e sumiam com os corpos, como aliás também se fez por toda a América do Sul durante parte da Guerra Fria.

Sobre essa temática, recomendo a leitura de “Lukács 1955”, do francês Henri Lefebvre (1901-1991), ainda não traduzido em português, ou ao menos do resumo que aqui fez J. P. Netto. Para Lefebvre, o filósofo [mas também o compositor] teria o direito/dever de não se inclinar aos juízos filosóficos oficiais (partidários e/ou estatais) e de pensar com sua própria cabeça. Uma perspectiva corajosa – e perigosa – para os intelectuais vinculados aos partidos comunistas no século XX.

Assim, desde mais ou menos 1990 ganharam notoriedade nomes como Schnittke, Gubaidulina, Pärt e Vasks, todos estes nascidos entre 1931 e 1946 e já maduros quando de repente surgem convites de grandes orquestras, reportagens em grandes jornais e revistas, além de patrocínios, pois sem dinheiro não se vai muito longe.

Amiga de Schnittke, Gubaidulina talvez seja mais parecida estilisticamente com Arvo Pärt e Krzysztof Penderecki (1933-2020), devido ao caráter sempre espiritualmente carregado de suas músicas. Ela se interessa por música sacra nos mais diversos sentidos da palavra, com a espiritualidade podendo se expressar em obras instrumentais (aqui) e podendo dar origem também a uma longa Paixão de Cristo que estreou em 2000 por encomenda da cidade de Stuttgart (Alemanha) para celebrar 250 anos de morte de J. S. Bach.

Nesta outra obra do disco de hoje, que também se insere no período em que a compositora “saiu do armário” após anos de trabalho mais ou menos solitário e discreto, há a presença de um coral, de um violoncelo solista e de percussionistas. Sem os outros naipes orquestrais, Gubaidúlina se aventura por diferentes possibilidades de combinação desses instrumentos. O coro faz muitas peripécias em trechos sem palavras (só com “ah-ah”‘s, “hm-hm”‘s e coisas do tipo). Já nos momentos em que cantam as palavras escritas por São Francisco de Assis, as vozes soam mais sóbrias, representando um certo respeito de Gubaidúlina com o texto.

E qual é o texto, afinal? Um cântico escrito por volta de 1284. Como resume a wikipedia,

O Cântico das Criaturas (em italiano: Cantico delle creature; em latim: Laudes Creaturarum), também conhecido como Cântico do Irmão Sol (italiano: Cantico di Frate Sole) é uma canção religiosa cristã composta por Francisco de Assis. Escrita no dialeto da Úmbria, acredita-se que esteja entre as primeiras obras escritas no idioma italiano.

Aprendemos, assim, que São Francisco de Assis (1181 – 1226) acreditava (séculos antes de Lutero) que as orações deviam ser feitas na linguagem que o povo entendia. Décadas antes de Dante Alighieri (c. 1265 – 1321), Francesco Petrarca (1304 – 1374) e Giovanni Boccaccio (1313 – 1375), portanto, Francisco de Assis estava escrevendo em italiano. Esse mesmo cântico, além de Gubaidúlina, inspiraram em 2015 a encíclica “Laudato si” (em português: ‘Louvado sejas’; subtítulo: “sobre o cuidado da casa comum”), na qual o Papa Francisco critica o consumismo e a degradação do planeta.

O disco tem ainda duas obras de câmara de Gubaidulina, não por acaso, escritas na época em que nenhuma grande orquestra ou coro tinha interesse na compositora. Os Prelúdios para violoncelo solo (1974) já apareceram em uma gravação integral no blog. Aqui, Wispelwey escolheu os cinco que mais lhe agradam. Tanto o violoncelista como o Collegium Vocale Gent são mais conhecidos por suas interpretações historicamente informadas do repertório dos séculos 18 e 19, mas mostram aqui que não se limitam a Bach e Beethoven.

Sofia Gubaidúlina (n. 1931):
1-19. The Canticle of the Sun (Il Cantico Frate Sole)
20-24. Preludes for violoncello solo
25. In Croce (for cello and bajan)

Pieter Wispelwey, violoncelo
Collegium Vocale Gent – Daniel Reuss, conductor
An Raskin, bajan

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Sofia Gubaidúlina

Pleyel

Franz Schubert (1797-1828): Obras Completas para Violino e Piano (Kubizek, Berner)

Franz Schubert (1797-1828): Obras Completas para Violino e Piano (Kubizek, Berner)

Mais um disco — agora duplo — com este repertório de que tanto gosto. Este lançamento de 2023 me pareceu muito satisfatório e não é nem pelo pianoforte e pelo violino sem vibrato e essas coisas técnicas, mas pela interpretação altamente cantante, perfeitamente schubertiana. Ouvi e fiquei feliz e isto não é pouca coisa em minha vida. Bem jovem, entre março de 1816 a agosto de 1817, Franz Schubert compôs quatro sonatas para violino. Todos as quatro foram publicadas após a morte do compositor: as três primeiras — D. 384, 385 e 408 –, como Sonatinas em 1836 (Op. posth. 137), e a última –, D. 574 –, como Duo em 1851 (Op. posth. 162). Schubert compôs ainda duas peças para violino e piano, respectivamente em outubro de 1826 e dezembro de 1827: um Rondo, D. 895 , publicado durante a vida do compositor (Op. 70), e uma Fantasia, D. 934, estreada em janeiro de 1828, menos de um ano antes da morte do compositor. As sonatas de 1816–1817 respiram uma atmosfera intimista, não exigindo grande virtuosismo de seus intérpretes, enquanto as peças de 1826–1827, compostas para o violinista Josef Slavík, são mais exigentes e possuem um caráter mais extrovertido. Schubert era um violinista talentoso e já havia composto extensivamente para violino, incluindo mais de uma dúzia de quartetos de cordas quando começou a escrever sonatas para violino aos 19 anos.

Franz Schubert (1797-1828): Obras Completas para Violino e Piano (Kubizek, Berner)

CD 1
Sonata for Violin and Piano in D Major, D 384 (1816)
1. Allegro molto 04:27
2. Andante 04:00
3. Allegro vivace 04:18

Sonata for Violin and Piano in A Minor, D 385 (1816)
4. Allegro moderato 06:29
5. Andante 06:13
6. Menuetto. Allegro 02:09
7. Allegro 04:45

Sonata for Violin and Piano in G Minor, D 408 (1816)
8. Allegro giusto 04:32
9. Andante 04:30
10. Menuetto 02:19
11. Allegro moderato 03:58

CD 2
Rondo for Violin and Piano in B Minor, D 895 (1826)
1. Andante 03:12
2. Allegro 12:29

Sonata for Violin and Piano in A Major, D 574 (1817)
3. Allegro moderato 08:56
4. Scherzo. Presto 04:13
5. Andantino 03:39
6. Allegro vivace 05:26

Fantasia for Violin and Piano in C Major, D 934 (1827)
7. Andante molto 03:44
8. Allegretto 05:29
9. Andantino 10:18
10. Tempo I 01:19
11. Allegro vivace – Allegretto – Presto 04:47

Total Time: 01:51:19

Maria Kubizek, violino
Christoph Berner, piano

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Maria Kubizek não é bisneta do presidente Juscelino Kubitschek.

PQP

Francis Poulenc (1899-1963): Complete Works for 2 Pianos (Derwinger / Pöntinen / Vanska / Malmö)

Francis Poulenc (1899-1963): Complete Works for 2 Pianos (Derwinger / Pöntinen / Vanska / Malmö)

Poulenc junto com Villa-Lobos e Britten talvez tenham sido os melhores compositores off-road do século XX. O compositor francês foi o principal membro do “grupo dos seis”, grupo antirromântico fortemente influenciado pela leveza de Eric Satie e o neoclassicismo de Stravinsky. No Concerto para dois pianos ouvimos Mozart, mas não do século XVIII e sim um Mozart com maneirismos modernos. Não podemos negar que há inevitavelmente um modernismo nessa volta ao passado. Basta lembrar também dos Kammermusik de Hindemith que são os Concertos de Brandenburgo do século XX. Essa transposição da leveza e humor do classicismo, de certa forma perdidos no romantismo, para o período moderno, foi um marco para a história da música. Mas ao contrário de Hindemith, que deixou inúmeros discípulos, Poulenc não criou escola.

Como ocorria no período clássico, Poulenc escreveu inúmeras sonatas para quase todo tipo de instrumento. Aqui vamos ouvir uma das suas melhores obras – a Sonata para dois pianos. É uma obra difícil e dramática, com toques sutis daquela religiosidade que já conhecemos, com absurdos contrastes entre explosões e calmarias. Paradoxalmente, a mais romântica de suas peças.

Depois ouvimos muito da influência de Eric Satie em peças despretensiosas, mas inesquecíveis (o Capriccio para dois pianos é lindo).

Francis Poulenc (1899 – 1963): Complete Works for 2 Pianos (Derwinger / Pöntinen / Vanska / Malmö)

1. Concerto for 2 pianos & orchestra, FP 61 – Allegro ma non troppo
2. Larghetto
3. Finale: Allegro molto
4. Sonata for 2 pianos, FP 156 No. 1, Prologue (Extremement lent et calme)
5. No. 2, Allegro molto (Tres rythme)
6. No. 3, Andante Lyrico (Lentement)
7. No. 4, Epilogue (Allegro giocoso)
8. Sonata for piano, 4 hands, FP 8 No. 1, Prelude (Modere)
9. No. 2, Rustique (Naif et lent)
10. No. 3, Final (Tres vite)
11. Capriccio for 2 pianos (after Le bal Masqué), FP 155
12. L’embarquement pour Cythère
13. Élégie (en accords alternés), for 2 pianos, FP 175

Performed by Love Derwinger and Roland Pöntinen
Malmö Symphony Orchestra
Conducted by Osmo Vanska

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Poulenc cozinhando com o auxílio de seu cão

CDF

Francis Poulenc (1899-1963): Gloria, Stabat Mater, Litanies à la Vierge noire (Hickox)

Francis Poulenc (1899-1963): Gloria, Stabat Mater, Litanies à la Vierge noire (Hickox)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Por favor, não deixem este CD passar em brancas nuvens. É espetacular. Encontrei-o perdido na estepe russa, numa caçada aos mp3. Obra-prima absoluta do grande compositor francês (estranho, não?) Francis Poulenc. Creio que devo ter em casa alguma outra versão do Stabat mater, pois era coisa bem conhecida minha, que não mais o relacionava a Poulenc. Ou então sua presença em minha mente deve-se à Rádio da Universidade, sabe-se lá. Richard Hickox é um mestre da música vocal e confesso que o fato de ter captutado o CD deveu-se mais a ele do que a Poulenc. Gosto muito da série de música de câmara de Poulenc que a Naxos publicou há cerca de 10 anos. É compositor de primeira linha.

Minha contribuíção às missas, réquiens, orátórios e outras coisas diabólicas que estão sendo postadas por FDP Bach, vem com este extraordinário CD, com o Réquiem de Verdi e com obras de Pärt. Isto, é claro, se FDP não tiver tais obras em seus planos.

Mas, olha, recomendo fortemente este CD. Disco de beleza arrepiante, coisa de primeira. Quem não gostar dos 128 Kb, que o compre!

Poulenc – Gloria, Stabat Mater, Litanies à la Vierge noire (Hickox)

Gloria, for soprano, chorus & orchestra, FP 177
1. Gloria: Gloria in excelsis Deo 2:56
2. Gloria: Laudamus te 3:08
3. Gloria: Domine Deus 4:48
4. Gloria: Domine Fili unigenite 1:19
5. Gloria: Domine Deus, Agnus Dei 7:08
6. Gloria: Qui sedes ad dexteram Patris 6:31

Stabat Mater, for soprano, chorus & orchestra, FP 148
7. Stabat Mater: Stabat mater dolorosa 4:11
8. Stabat Mater: Cujus animam gementem 1:00
9. Stabat Mater: O quam tristis 2:52
10. Stabat Mater: Quae moerebat 1:25
11. Stabat Mater: Quis est homo 1:22
12. Stabat Mater: Vidit suum 3:37
13. Stabat Mater: Eja mater 1:01
14. Stabat Mater: Fac ut ardeat 2:20
15. Stabat Mater: Sancta mater 3:00
16. Stabat Mater: Fac ut portem 3:40
17. Stabat Mater: Inflammatus et accensus 2:05
18. Stabat Mater: Quando corpus 4:44

Litanies à la Vierge Noire, for women’s chorus & organ (or strings & timpani), FP 82
19. Litanies à la vierge noire: Notre-Dame de Roc-Amadour 9:59

Catherine Dubosc, soprano
Westminster Singers
The City of London Sinfonia
Richard Hickox

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Poulenc e seu melhor amigo

PQP

Poulenc, d`Indy, Roussel, Koechlin: Le bal masqué e outras obras (Viotta Ensemble)

Poulenc, d`Indy, Roussel, Koechlin: Le bal masqué e outras obras (Viotta Ensemble)

Eis Le bal masqué, de Poulenc, compositor que parte de vocês conhece e cuja obra é de uma alegria toda pessoal e invulgar, como poucos lograram na História da Música (Poulenc foi quem melhor herdou a veia satírica de Erik Satie, por mais que tentem encher a bola de Milhaud).

Tem outras peças bacanas no CD, mas a principal é esse “baile de máscaras” doideca, cuja letra de Jean Cocteau é deveras engraçada.

(Atualização do post: o visitante Egberto Gustavo Carmo nos escreveu para corrigir que a letra não é de Cocteau e sim de Max Jacob, além de fazer uma ótima descrição da obra, que transcrevemos abaixo)

Olá, gostaria de retificar o informado.

Baile de máscaras resulta numa cantata secular que aproveita textos originais de poemas de M. Jacob (1876-1944), e não de Jean Cocteau como citado, e foi escrita no início de 1932 sendo estreada em Abril desse ano. Foi composta para um spectacle-concert organizado por Marie-Laure e Charles Noailles na sua mansão em Hyères. Trata-se de uma obra que deixou o compositor particularmente orgulhoso, sobretudo por ter conseguido “…encontrar os meios para glorificar a atmosfera suburbana que tanto gosto. Tudo isto graças ao texto de Jacob […] e ao material instrumental utilizado”. O “Préambule et Air de bravoure” é pleno de dinâmica e ironia, aliás, traços característicos de Poulenc. O “Intermède”, instrumental, de carácter mais lírico, apresenta uma continuidade rítmica que torna melíflua a sucessão de eventos que vão tomando lugar na partitura. Depois da toada cigana da valsa “Malvina”, segue a “Bagatelle” que, à guisa de um capricho virtuosístico, faz lembrar o estilo de N. Paganini (1782-1840), ainda que numa linguagem do século XX. Ao escrever La Dame aveugle, Poulenc teve como inspiração uma mulher muito rica que costumava observar durante a sua adolescência em Nogent-sur-Marne. O seu aspecto espalhafatoso terá impressionado de tal forma o compositor que esta foi a forma que encontrou para a retratar. O Finale pretende ser “estupendo e terrifico”, segundo suas proprias palavras, trata-se da chave da obra reunindo os diferentes estilos ouvidos até o mesmo.” O autorretrato perfeito de Max Jacob conforme o conheci pessoalmente em Montmartre em 1920″.

Este post é para o CDF, o cultuador da música do séc. XX neste blog.

***

Poulenc, d`Indy, Roussel, Koechlin: Le bal masqué e outras obras (Viotta Ensemble)

01. Suite dans le style ancien, Op. 24: I. Prélude. Lent 1:40
compositeur(s) Vincent d’Indy artiste(s)Viotta Ensemble
02. Suite dans le style ancien, Op. 24: II. Entrée. Gai et modéré 2:40
compositeur(s)Vincent d’Indyartiste(s)Viotta Ensemble
03. Suite dans le style ancien, Op. 24: III. Sarabande. Lent 3:34
compositeur(s)Vincent d’Indyartiste(s)Viotta Ensemble
04. Suite dans le style ancien, Op. 24: IV. Menuet. Animé 3:19
compositeur(s)Vincent d’Indyartiste(s)Viotta Ensemble
05. Suite dans le style ancien, Op. 24: V. Ronde française. Assez animé 2:58
compositeur(s)Vincent d’Indyartiste(s)Viotta Ensemble

06. String Trio, Op. 58: I. Allegro moderato 3:52
compositeur(s) Albert Roussel artiste(s)Viotta Ensemble
07. String Trio, Op. 58: II. Adagio 6:13
compositeur(s)Albert Rousselartiste(s)Viotta Ensemble
08. String Trio, Op. 58: III. Allegro con spirito 2:47
compositeur(s)Albert Rousselartiste(s)Viotta Ensemble

09. Sonatine No. 2, Op. 194 No. 2: I. Andante, très calme, presque adagio 3:54
compositeur(s) Charles Koechlin artiste(s)Viotta Ensemble
10. Sonatine No. 2, Op. 194 No. 2: II. Andante con moto 1:19
compositeur(s)Charles Koechlinartiste(s)Viotta Ensemble
11. Sonatine No. 2, Op. 194 No. 2: III. Presque adagio 3:12
compositeur(s)Charles Koechlinartiste(s)Viotta Ensemble
12. Sonatine No. 2, Op. 194 No. 2: IV. Finale. Allegro 3:03
compositeur(s)Charles Koechlinartiste(s)Viotta Ensemble

13. Le Bal masqué, FP 60: I. Préambule et Air de bravoure, “Madame la Dauphine ne verra pas le beau film” 4:23
compositeur(s) Francis Poulenc artiste(s)Viotta Ensemble, Maarten Koningsberger
14. Le Bal masqué, FP 60: II. Intermède 2:19
compositeur(s)Francis Poulencartiste(s)Viotta Ensemble
15. Le Bal masqué, FP 60: III. Malvina, “Voilà qui j’espère effraie” 2:17
compositeur(s)Francis Poulencartiste(s)Viotta Ensemble, Maarten Koningsberger
16. Le Bal masqué, FP 60: IV. Bagatelle 2:13
compositeur(s)Francis Poulencartiste(s)Viotta Ensemble
17. Le Bal masqué, FP 60: V. La dame aveugle, “La dame aveugle dont les yeux saignent choisit ses mots” 2:15
compositeur(s)Francis Poulencartiste(s)Viotta Ensemble, Maarten Koningsberger
18. Le Bal masqué, FP 60: VI. Finale, “Réparateur perclus de vieux automobiles” 4:43
compositeur(s)Francis Poulencartiste(s)Viotta Ensemble, Maarten Koningsberger

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Poulenc emprestando algumas almofadas para o pessoal do PQP

CVL

Steve Reich (1936): Drumming / Six Pianos / Music for Mallet Instruments, Voices and Organ

Steve Reich (1936): Drumming / Six Pianos / Music for Mallet Instruments, Voices and Organ

Junto a Adams e Riley, Reich forma o trio de ouro do minimalismo estadunidense. Aqui, neste sensacional álbum duplo da Deutsche Grammophon, temos a parte da obra dedicada ao tema ritmo. Drumming veio antes da extraordinária Music for 18 Musicians, de 1974, onde o que é feito em Drumming assume forma verdadeiramente grandiosa.

Reich não é apenas um compositor genial, mas é dado a dar definições absolutamente exatas sobre a posição da música e dos compositores em nosso tempo. Sempre penso em uma de suas mais importantes lições, a mais bachiana das delas:

Todos os músicos do passado, começando na Idade Média, estavam interessados na música popular. A música de Béla Bartók se fez inteiramente com fontes de música tradicional húngara. E Igor Stravinsky, ainda que gostasse de nos enganar, utilizou toda a sorte de fontes russas para seus primeros balés. A grande obra-prima Ópera dos Três Vinténs, de Kurt Weill, utiliza o estilo de cabaret da República de Weimar. Arnold Schoenberg e seus seguidores criaram um muro artificial, que nunca existiu antes. Minha geração atirou o muro abaixo e agora estamos novamente numa situação normal. Por exemplo, se Brian Eno ou David Bowie recorrem a mim e se músicos populares reutilizam minha música, como The Orb ou DJ Spooky, é uma coisa boa. Este é um procedimento histórico habitual, normal, natural.

 

Steve Reich

E agora ele fala deste CD:

Durante um ano, entre o outono de 1970 e o outono de 1971, eu trabalhei naquela que acabou a mais longa peça que compus. Drumming dura cerca de uma hora e meia e é dividida em quatro partes que são executadas sem pausa. Eu escolhi instrumentos que estão todos normalmente disponíveis nos países ocidentais (embora os bongôs tenham origem na América Latina, as marimbas na África, e em última análise, o glockenspiel derive de instrumentos da Indonésia), sintonizados com nossa escala diatônica temperada própria. Uso-os musicalmente dentro do contexto das minhas obras anteriores.
Seis Pianos (1973) surgiu da idéia que eu tinha há vários anos para fazer uma peça para todos os pianos em uma loja especializada. A peça que resultou é mais modesta, mas soa incontrolável. São seis pianos brincando uma música ritmicamente complexa. Os pianistas têm de estar fisicamente bem juntos de forma a ouvir um ao outro claramente ou não conseguirão interpretar a obra.
Enquanto trabalhava em Seis Pianos eu comecei uma outra composição que parecia cresceu espontaneamente a partir de um padrão de marimba simples. A Música para instrumentos de percussão, vozes e órgão foi concluída em maio de 1973, e trata de dois  processos rítmicos interrelacionados. Espero que alguém possa gostar das peças.

 

Steve Reich, 1974

Steve, eu adorei, mas meus vizinhos vieram saber o que estava acontecendo. Expliquei-lhes e segui a audição sem baixar o volume.

Steve Reich (1936): Drumming / Six Pianos / Music for Mallet Instruments, Voices and Organ

CD 1:
Drumming (for 4 pairs of tuned bongo drums, 3 marimbas, 3 glockenspiels, 2 female voices, whistling and piccolo )
1) Part I (24:35)
Drums [Small Tuned] – Bob Becker, James Preiss, Russ Hartenberger

2) Part II (25:19)
Marimba – Ben Harms, Bob Becker, Cornelius Cardew, Glen Velez, Russ Hartenberger, Steve Chambers, Steve Reich, Tim Ferchen*
Voice – Jay Clayton, Joan La Barbara

3) Part III (15:40)
Glockenspiel – Bob Becker, Glen Velez, James Preiss, Russ Hartenberger
Piccolo Flute – Leslie Scott
Whistling – Steve Reich

CD 2:
1) Part IV (18:57)
Drums [Small Tuned] – Steve Chambers, Steve Reich, Tim Ferchen*
Glockenspiel – Ben Harms, Cornelius Cardew, James Preiss
Marimba – Bob Becker, Glen Velez, Russ Hartenberger
Piccolo Flute – Leslie Scott
Voice – Jay Clayton, Joan La Barbara

2) Six Pianos (24:14)
Bob Becker, Glen Velez, James Preiss, Russ Hartenberger, Steve Chambers, Steve Reich – Pianos

3) Music for Mallet Instruments, Voices and Organ (18:32)
Glockenspiel – Ben Harms, Glen Velez
Marimba – Bob Becker, Russ Hartenberger, Steve Reich, Tim Ferchen*
Organ [Electric] – Steve Chambers
Percussion [Metallophone] – James Preiss
Voice – Janice Jarrett, Joan LaBarbara*
Voice [Melodic Patterns With Marimbas] – Jay Clayton

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Reich em seu ambiente

PQP

Serguei Prokofiev (1891-1953): Integral dos Concertos para Piano (Ashkenazy, Previn, LSO)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Integral dos Concertos para Piano (Ashkenazy, Previn, LSO)

Eu tinha plena certeza de que esta série já tinha sido postada. Não sei como nem por que isso nunca aconteceu. Já oferecemos algumas outras opções para estes concertos, mas nunca estas aqui.

Provavelmente estas leituras de Ashkenazy para os concertos para piano de Prokofiev são suas melhores gravações já realizadas, junto com seu espetacular Rach, com o mesmo Previn e Sinfônica de Londres.

Nem vou me estender muito nos comentários, deixar que os senhores apreciem estes dois cds que merecem mais que cinco estrelas, com músicos no apogeu de suas carreiras.

O último a baixar é mulher do padre !!!

Serguei Prokofiev (1891-1953) – Integral dos Concertos para Piano (Ashkenazy, Previn, LSO)

CD1

01. Piano Concerto No. 1 in D flat major- I Allegro brioso
02. Piano Concerto No. 1 in D flat major- II Andante assai
03. Piano Concerto No. 1 in D flat major- III Allegro scherzando

04. Piano Concerto No. 4 in B flat major- I Vivace
05. Piano Concerto No. 4 in B flat major- II Andante
06. Piano Concerto No. 4 in B flat major- III Moderato
07. Piano Concerto No. 4 in B flat major- IV Vivace

08. Piano Concerto No. 5 in G major- I Allegro con brio
09. Piano Concerto No. 5 in G major- II Moderato ben accentuato
10. Piano Concerto No. 5 in G major- III Allegro con fuoco
11. Piano Concerto No. 5 in G major- IV Larghetto
12. Piano Concerto No. 5 in G major- V Vivo

CD 2

01. Piano Concerto No.2 in G minor -I- Andantino
02. Piano Concerto No.2 in G minor -II- Scherzo – Vivace
03. Piano Concerto No.2 in G minor -III- Intermezzo – Allegro moderato
04. Piano Concerto No.2 in G minor -IV- Allegro tempestoso

05. Piano Concerto No.3 in C -I- Andante – Allegro
06. Piano Concerto No.3 in C -II- Terna con variazioni
07. Piano Concerto No.3 in C -III- Allegro ma non troppo

Vladimir Ashkenazy – Piano
London Symphony Orchestra
Andre Previn

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A família Prokofiev curtindo a vida na datcha de PQP Bach na Crimeia.

FDP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violoncelo Nº 1 e Nº 2 (Rostropovich / Svetlanov)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violoncelo Nº 1 e Nº 2 (Rostropovich / Svetlanov)

Este disco tem ares de bootleg. Trata-se da gravação de um Concerto com muita gente tossindo, som mais ou menos e com um Rostropovich entusiasmado, até cometendo alguns errinhos, o mesmo valendo para a orquestra. É de uma certa Russian Disc e os concertos aconteceram em 29 de setembro de 1966 e 25 de setembro de 1967, dia do aniversário de 61 anos de Shostakovich. Não que registros ao vivo me incomodem — gosto muito delas, sinto a atmosfera de concerto como o ar de minha infância. Os erros… Quem se importa com eles se Rostrô está defendendo a música com toda a garra e sensibilidade que a obra e seu amigo Shosta merecem? Eu amo esses dois concertos, sendo que o segundo faz parte do meu Olimpo pessoal. Depois, Rostrô regravou de forma espetacular essas obras no ocidente com Ozawa, em discos que você tem que ouvir (aqui o Nº 1, aqui o Nº 2) , pois o violoncelista esteve em contato com o compositor durante a feitura dos concertos e estes devem ser o mais próximo dos desejos do mesmo. Mas esta gravação meio sujinha também é muito boa!

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violoncelo Nº 1 e Nº 2 (Rostropovich / Svetlanov)

Cello Concerto No. 1 in E flat major
1 Allegretto 5:48
2 Moderato 10:09
3 Cadenza – Attacca 4:34
4 Allegro con moto 4:20

Cello Concerto No. 2
5 Largo 14:47
6 Allegretto 4:12
7 Allegretto 15:07

Mstislav Rostropovich, violoncelo
USSR Symphony Orchestra
Yevgeny Svetlanov, regência

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Rostropovich em 1968

PQP

Ustvolskaya (1919-2006), Gubaidulina (1931-), Górecki (1933-2010), Pelécis (1947-): Obras para piano e orquestra

SKMBT_C25210092715100_0001Repostagem, a pedido, deste álbum com quatro compositores contemporâneos: duas russas, um polonês e um letão.

Galina Ustvolskaya (1919-2006) estudou em Leningrado com Shostakovich [e teve um caso amoroso com ele, dizem]. Seu Concerto para Piano data de 1946. O papel tradicional do solista é forte: as percussões reforçam o piano. Ustvolskaya emprega uma escrita tradicional com temas retomados em imitação. O conjunto parece refletir uma atmosfera pesada após a guerra na União Soviética. Lubimov percebe este concerto como “cortado entre a agressão do desespero e a prostração de uma oração silenciosa”.

Sofia Gubaidulina nasceu em 1931 na República Tartara e se impôs como um dos principais nomes da vanguarda russa, se interessando pelo serialismo e pela música eletrônica. Sua carreira começa tardiamente, aos 40 anos, e se torna internacional após o encontro com Gidon Kremer, intérprete militante da música contemporânea. [Kremer, desde 1997, é regente da Kremerata Baltica, segue regendo e tocando muita música contemporânea]

Da mesma geração mas com um percurso totalmente diferente, o polonês Górecki (1933-2010) teve renome internacional a partir da sua 3ª Sinfonia. O concerto para cravo ou piano op. 40 data de 1980. Sua força expressiva, trazida ao mesmo tempo pela repetição e pela tensão, evoca o caráter “motorik” [em alemão no original] da época construtivista.

Nascido em Riga em 1947, tendo estudado lá e em Moscou, com Aram Khachaturian, ele se interessou também pela música antiga [aqui, significa anterior ao século XVIII] e fez pesquisas e publicou textos sobre Johannes Ockeghem e Palestrina [séculos XV e XVI]. No Concertino bianco, que data de 1984, ele adota voluntariamente uma linguagem linear.

Após as certezas que habitaram os partidários da música serial e os membros da vanguarda baseada na experimentação, assistimos hoje a uma multiplicação de estilos reveladores de um período de dúvidas, de renúncias, e do desencanto deste fim de século.
(Das muito eruditas notas do disco, escritas por Catherine Steinegger em 1995. Traduzi e adicionei as datas de morte de dois. Dois estão vivos em 2018)

Snow Leopard, comentarista da amazon, escreveu sobre Sofia Gubaidulina:

As comparações mais comuns são com Shostakovich e Prokofiev. Eu prefiro descrever sua música como mais similar à de Ustvolskaya, mas o problema é oferecer como comparação alguém menos conhecido que Gubaidulina. Contudo, os clusters e a aridez de Ustvolskaya são mais suaves e “líricos” em Gubaidulina – é claro, trata-se de um lírico apenas comparativo. Há muito pouco da era Romântica na música de Gubaidulina; em vez disso, há o tipo de ênfase na espiritualidade que fez a fama de Penderecki e Ligeti.

Introitus: Concerto para piano e orquestra de câmara, composto em 1978, é uma das obras orquestrais mais famosas de Gubaidulina. Começa com um solo de flauta imediatamente ameaçador e se move por paisagens sublimes de som e atmosfera para terminar finalmente, 23 minutos depois, em um longo trinado do piano. O efeito da peça é difícil de descrever, mas parece uma janela para o mundo de uma outra pessoa.

Galina Ustvolskaya
1. Concerto for Piano, String Orchestra and Timpani (17:23)
Sofia Gubaidulina
2. ‘Introitus’ Concerto for Piano and Chamber Orchestra (24:22)
Henryk Górecki
Concerto for Piano and String Orchestra Op.40
3. Allegro Molto (4:12)
4. Vivace (3:59)
Georgs Pelécis
Concertino Bianco for Piano and Chamber Orchestra in C Major
5. Con Intenerimento (4:48)
6. Con Venerazione (5:54)
7. Con Anima (2:50)

Conductor – Heinrich Schiff
Orchestra – Deutsche Kammerphilharmonie Bremen
Piano – Alexei Lubimov

BAIXE AQUI – Download here (mp3)

Sofia Gubaidúlina (é assim a pronúncia russa do sobrenome)

Pleyel e o piano russo, parte 5

Steve Reich (1936): City life, Sextet, Vermont Counterpoint and Clapping Music (Contempoartensemble, Ceccanti)

Steve Reich (1936): City life, Sextet, Vermont Counterpoint and Clapping Music (Contempoartensemble, Ceccanti)

— Obs.: Não deem bola para os nomes das 12 faixas no arquivo. Os nomes corretos estão abaixo.

Já foram postadas várias obras magistrais de Reich aqui no blog. Faltavam estas aqui, verdadeiras obras-primas.

Fiquem com a resenha a seguir na Amazon, pra saber um pouco mais:

Having heard only a few different minimalist composers, this cd is refreshing (not to say that the other minimalists are bad, i feel that i hear glass’ music everywhere). i did not buy this cd, but rather got it as part of the package with gerhard richter’s book of overpainted photographs, FLORENCE (one of the overpainted photos is the cover of this cd; as with this review, i was also the first to write a review for that book).

As stated somewhere else, CLAPPING MUSIC is fun. following ligeti, who tried to write music without melody or rythm and only harmony, it seems that reich has tried to write music without melody or harmony, and only rythm. it is interesting in that matter. i find it very interesting in that matter. the rythms found therein are interesting enough.

CITY LIFE is a nice piece along with VERMONT COUNTERPOINT. both lend the listener to understand and grasp reich’s distinctive style. if anything, i would describe this style as open and hollow. that is, the harmonies that are used are not basic triads, or dissonant, but rather sounds as if there are a lot of suspended 2 or 4 chords. CITY LIFE also seems to have electronic elements, such as samples, or something like that. i also like the melody, that seems like notes dancing and jumping around.

My favorite piece on this cd is SEXTET. the dominating piano here is the closest disonant sound on the cd; perhaps it is because of the . i also appreciate the repetitive nature that seems to build on this peice (the repitition and laying more and more layers on top of it; this is also apparent in CITYLIFE).

This is the only album of steve reich’s music that i have heard, but i must say that it has interested me in getting more, including his famous 18 MUSICIANS.

***

Steve Reich – City life, Sextet, Vermont Counterpoint and Clapping music

1. City Life For Ensemble: I. Check It Out (Bars 1-212) (Reich) Contempoartensemble & Mauro Ceccanti 6:17
2. City Life For Ensemble: II. Pile Driver / Alarms (Bars 213-421) (Reich) Contempoartensemble & Mauro Ceccanti 4:04
3. City Life For Ensemble: III. It’s Been A Honeymoon – Can’t Take No Mo’ (Bars 422-582) (Reich) Contempoartensemble & Mauro Ceccanti 5:17
4. City Life For Ensemble: IV. Heartbeats / Boats & Buoys (Bars 583-708) (Reich) Contempoartensemble & Mauro Ceccanti 4:01
5. City Life For Ensemble: V. Heavy Smoke (Bars 709-1037) (Reich) Contempoartensemble & Mauro Ceccanti 5:29

6. Sextet For Percussion & Keyboards: I. (Bars 1-95) (Reich) Nextime Ensemble & Danilo Grassi 9:50
7. Sextet For Percussion & Keyboards: II. (Bars 96-119) (Reich) Nextime Ensemble & Danilo Grassi 4:36
8. Sextet For Percussion & Keyboards: III. (Bars 120-143) (Reich) Nextime Ensemble & Danilo Grassi 2:13
9. Sextet For Percussion & Keyboards: IV. (Bars 144-168) (Reich) Nextime Ensemble & Danilo Grassi 2:53
10. Sextet For Percussion & Keyboards: V. (Bars 469-216) (Reich) Nextime Ensemble & Danilo Grassi 5:42

11. Vermont Counterpoint For Flute (Doubling Piccolo & Alto Flute) & Tape (Reich) Roberto Fabbriciani 9:28

12. Clapping Music For Two Performers (Reich) Alessandro Carobbi & Fulvio Caldini 4:59

Cello – Vittorio Ceccanti (faixas: 1 to 5)
Clarinet – Gabriele Cazzaro (faixas: 1 to 5), Stefano Marcogliese (faixas: 1 to 5)
Conductor – Danilo Grassi (faixas: 6 to 10), Mauro Ceccanti (faixas: 1 to 5)
Double Bass – Andrea Capini (faixas: 1 to 5)
Ensemble – Contempoartensemble (faixas: 1 to 5), Nextime Ensemble (faixas: 6 to 10)
Flute – Arcadio Baracchi (faixas: 1 to 5), Giuseppe Contaldo (faixas: 1 to 5)
Keyboards, Piano – Folco Vichi (faixas: 6 to 10), Fulvio Caldini (faixas: 6 to 10)
Oboe – Massimiliano Salmi (faixas: 1 to 5), Michela Francini (faixas: 1 to 5)
Percussion – Alberto Zublena (faixas: 1 to 5), Alessandro Carobbi (faixas: 6 to 10), Athos Bovi (faixas: 6 to 10), Davide Mafezzoni (faixas: 6 to 10), Gabriela Giovine (faixas: 1 to 5), Tommaso Castiglioni (faixas: 1 to 10)
Piano – Folco Vichi (faixas: 1 to 5), Fulvio Caldini (faixas: 1 to 5)
Sampler – Andrea Severi (faixas: 1 to 5), Massimiliano Murrali (faixas: 1 to 5)
Viola – Fabio Torriti (faixas: 1 to 5)
Violin – Duccio Ceccanti (faixas: 1 to 5), Leonardo Matucci (faixas: 1 to 5)

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Reich: gênio absoluto
Reich: gênio absoluto

CVL

Franz Schubert (1797-1828): An Die Musik (Lieder) (Ameling / Baldwin)

Franz Schubert (1797-1828): An Die Musik (Lieder) (Ameling / Baldwin)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Mais um disco maravilhoso de Elly Ameling cantando Schubert. Por anos ouvi este vinil que guardo até hoje. Ameling está perfeitamente à vontade, como se estivesse entre amigos, no centro de uma schubertíada. É uma felicidade ouvi-la tranquila a desfiar sua sensibilidade sobre as melodias do maior inventor melódico de todos os tempos. Schubert canta, Elly também. Estas gravações dos anos 70 foram adoráveis em sua época e ainda não perderam o viço. Ameling era o soprano mais doce, clara e comovente que cantava lieder e a Philips gravou-a cantando 26 LPs de Schubert. As performances são primorosas. Ameling torna a música fundida a seu espírito. Sábia, mas também inocente, vivaz e incandescente, a voz de Ameling respira o ar puro do mundo de Schubert.

Franz Schubert (1797-1828): An Die Musik (Lieder) (Ameling , Baldwin)

«An Die Music» D.547 2:46
«Schwestergruß» D.762 6:26
«Sei Mir Gegrüßt» D.741 3:20
«Die Blumensprache» D.519 1:47
«An Den Mond» D.296 4:55
«Abendbilder» D.650 5:03
«Frühlingssehnsucht» D.957/5 3:02
«Erster Verlust» D.226 1:56
«Nachthymne» D.687 4:56
«Die Sterne» D.684 3:34
«Der Knabe» D.692 1:36
«Wiegenlied» D.498 2:50
«Bertas Lied In Der Nachte» D.653 4:22

Piano – Dalton Baldwin
Voz Soprano – Elly Ameling

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Elly: não dá pra não amar.

PQP

.: interlúdio :. Wynton Marsalis: Levee Low Moan

.: interlúdio :. Wynton Marsalis: Levee Low Moan

Um bom CD. Adoro Marsalis, mas ouvi este disco sem real entusiasmo apesar do incrível apuro técnico e musicalidade do septeto de Marsalis. As harmonias são lindas, mas nenhum dos temas é particularmente memorável e, embora os solos individuais sejam bons, não acontece muita coisa. No geral, é uma homenagem bastante estranha ao blues. Na verdade, o principal significado deste conjunto é que, aqui o grande trompetista reuniu pela primeira vez o núcleo do seu septeto. Musicalmente esta trilogia pode ser contornada. ouça as gravações mais recentes de Marsalis. Não obstante, este é um álbum relaxante. Wynton Marsalis é um músico, compositor, líder de banda, aclamado educador e um dos principais defensores da cultura americana. Ele é o primeiro artista de jazz a tocar e compor em todo o espectro do gênero, desde as raízes de Nova Orleans até o bebop e o jazz moderno. Ao criar e executar uma ampla gama de músicas para quartetos e big bands, de conjuntos de música de câmara a orquestras sinfônicas, de sapateado a balé, Wynton expandiu o vocabulário do jazz e criou um corpo vital de trabalho que o coloca entre os mais importantes músicos de nosso tempo.

.: interlúdio :. Wynton Marsalis: Levee Low Moan

1 Levee Low Moan 11:12
2 Jig’s Jig 8:47
3 So This Is Jazz, Huh? 7:00
4 In The House Of Williams 10:05
5 Superb Starling 11:38

Bass – Reginald Veal
Drums – Herlin Riley
Piano – Marcus Roberts
Saxophone – Todd Williams, Wessell Anderson
Trumpet – Wynton Marsalis
Written-By – Todd Williams (faixa 4), Wynton Marsalis

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Sorry, Wynton

PQP

Jean Sibelius (1865-1957): Sinfonias Nº 4 e 7 (Berglund / Helsinki)

Jean Sibelius (1865-1957): Sinfonias Nº 4 e 7 (Berglund / Helsinki)

Boas gravações de Sibelius realizadas por Paavo Berglund (1929-2012) e uma orquestra finlandesa! A Sinfonia Nº 4 (1911) sempre me pareceu uma planície vasta, plana e gelada, talvez da Lapônia, com o compositor meditando em silêncio. Berglund a torna mais melancólica do que nunca, A coisa fica mais lenta à medida que avança. Sibelius sentiu que estava perto da morte quando escreveu a peça; no entanto, ele permaneceria vivo por mais quarenta e seis anos. Um alarme falso. Mais tarde, Sibelius disse sobre a sinfonia, citando o autor sueco Strindberg: “Ser humano é miséria.” Não espere muita alegria aqui. A última sinfonia de Sibelius, a de Nº 7 (1924), é de longe a mais curta, combinando quatro movimentos em uma obra fluida. Paavo Berglund e a Filarmônica de Helsinque lidam bem com isso criando uma versão majestosa. Francamente, no entanto, a maioria das outras gravações do Sétima tendem a empalidecer em comparação com o legendário registro de Mravinski com a velha Filarmônica de Leningrado. Mas Berglund é uma boa alternativa.

Jean Sibelius (1865-1957): Sinfonias Nº 4 e 7 (Berglund / Helsink)

Sinfonia nº 4 em lá menor, op. 63
1 I. Tempo Molto Moderato, Quasi Adagio 9:38
2 II. Allegro Molto Vivace 4:41
3 IIl. Tempo Largo 9:55
4 4. Alegro 9:57

Sinfonia nº 7 em dó, op. 105 (em um movimento)
5 adágio 7:14
6 Un Pochett. Meno Adágio 3:01
7 5 compassos antes: Poco Rallentando Al Adagio 6:48
8 Presto – Poco A Poco Rallentando Al Adagio 4:18

Maestro – Paavo Berglund
Orquestra – Orquestra Filarmônica de Helsinque

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Sibeluis faceiro com a nova loção capilar.

PQP

Alessandro Scarlatti (1660-1725): Cantatas para Baixo (Péter Fried)

Um disco para quem quer ouvir um barroco exótico, diferente das centenas de concertos para violino de Vivaldi, cantatas, prelúdios e fugas de Bach… O baixo, como o nome já indica, é a voz mais grave da divisão que já era comumente utilizada nos tempos dos Scarlatti pai e filho. As vozes de  soprano e o alto variavam, segundo os lugares e momentos, entre mulheres, garotos jovens ou homens castrados (castrati, violenta tradição italiana que remontava aos eunucos do Império Bizantino). Mas as vozes de tenor e baixo eram sempre de homens.

As cantatas de A. Scarlatti, assim como antes dele as de Barbara Strozzi e, depois, as de Vivaldi, Händel, Rameau e Hasse eram majoritariamente compostas para vozes mais agudas, de soprano e alto, o que não deixa de ter relação com a ideia geral, naquela época e não só naquela época, de que às mulheres cabia a vida do lar e, aos homens, a vida pública. Pois essas cantatas, escritas para uma ou duas vozes, basso continuo e às vezes um ou dois instrumentos obbligato*, eram música vocal para salões e outros ambientes da intimidade entre amigos, ao contrário da ópera encenada em grandes palcos. Como diz E. Gyenge no libreto do CD, as cantatas de Scarlatti são música de câmara, um diálogo entre cantores e instrumentistas. O texto de cada peça fala fundamentalmente de amor romântico. Nesse ambiente mais privado, não se fazia referência ao casamento e outros sacramentos da Igreja, pelo contrário, as letras dessas cantatas falam de ciúmes entre amantes, de amores “tiranos” e jamais seriam musicadas pelo carola J.S. Bach:

Mi tormenta il pensiero,
mi consuma il desio,
ambo tiranni son del viver mio.

(Me atormenta o pensamento, me consome o desejo, ambos tiranos do meu viver)

Tiranna ingrata, che far dovrò?
Se vuoi ch’io mora, morrò per te

Ma tu ch’altro non brami
ch’il mio duol, il mio pianto e i miei sospiri,

Affanato, tormentato (…) mi conviene di servir

(Tirana ingrata, o que devo fazer? Se queres que morra, morro por ti
Mas não queres nada além da minha dor, choro e suspiros
Faminto, tormentado, (…) me convém servir)

Os assuntos são muito mais próximos dos sujeitos neuróticos de Freud ou Proust do que os textos chapa-branca das cantatas de Bach. Com longos melismas e outras acrobacias vocais dificílimas (e no virtuosismo que exigem dos cantores, Alessandro e Johann Sebastian se aproximam), o homem de voz grave canta amores sofridos que, também em nossos tempos, encontram expressão musical em músicas como o brega. Como cantou Gonzaguinha em 1983, um homem também chora.

E é aí que entra o exótico dessas cantatas em seu tempo, pois a voz de baixo, nas óperas e oratórios, era comumente ligada a personagens poderosos. Alguns exemplos:

Plutão, Senhor do Hades grego (L’Orfeo de Monteverdi, montagem de Harnoncourt em Zurich)

Nas óperas de Monteverdi, são papéis de baixo: Plutão, deus do submundo, em L’Orfeo; Netuno, rei dos mares, em Il ritorno d’Ulisse in patria, enquanto os heróis dessas duas óperas, Orfeu e Ulisses, são tenores que lutam contra a força bruta de gigantes por meio das artes e da inteligência…

A. Scarlatti, em seu oratório Il primo omicidio, reserva o papel de baixo para Lúcifer. Em sua ópera Il Pompeo, o baixo é o imperador Julio Cesar, também transformado em deus na religião romana.

Nas Paixões de J.S. Bach e também nas de C.P.E. Bach, o personagem de Jesus é sempre um baixo, seguindo uma tradição de muitas outras Paixões do norte da Europa como a de Byrd (ca. 1605) e a de Schütz (1666).

No fim do século 18, na Flauta Mágica de Mozart, o poderoso sacerdote Sarastro usa alguns dos baixos profundos mais graves do repertório operístico.

A voz do baixo e sobretudo os baixos profundos, portanto, eram reservados a personagens poderosos, divinos ou demoníacos. As cantatas de Scarlatti para esses cantores, assim, mostram um raramente representado lado íntimo desses homens que, mesmo poderosos e machões, sofriam por amor.

E repito: isso tudo é incomum no mundo musical europeu. Com sua intimidade camerística e pré-romântica, essas cantatas para baixo de A. Scarlatti não têm, que eu saiba, paralelo em nenhuma obra dos outros grandes compositores para voz do seu século (Bach, Händel, Pergolesi, Mozart…) e talvez possam ser chamadas de bisavós dos Lieder de Schubert para voz masculina, como por exemplo a versão para baixo do seu Winterreise (aqui).

Alessandro Scarlatti (1660-1725): Cantatas for Bass
1-3. Imagini d’orrore – para baixo, 2 violinos e continuo
4-11. Splendeano in bel sembiante – para baixo e continuo
12-19. Mentre un zeffiro arguto – para baixo, 2 violinos e continuo
20-23. Mi tormenta il pensiero (Amante parlando con il pensiero) – para baixo e continuo
24-28. Cor di Bruto, e che risolvi? – para baixo e continuo
29-31. Tiranna ingrata, che far dovro? – para baixo, 2 violinos e continuo
32-36. Tra speranza e timore – para baixo, um violino e continuo

Péter Fried (bass)
Savaria Baroque: Piroska Vitárius (violin), Katalin Orosházi (violin), Ottó Nagy (cello), Ágnes Várallyay (harpsichord), Gábor Tokodi (baroque guitar), Pál Németh (artistic director)

Gravado em: Hungaroton Studio, 2006
Partituras editadas por Pál Németh a partir de manuscritos no Conservatórios de Napoli e Paris, Biblioteca de Schwerin e British Museum, London.

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* O nome obbligato era usado para um instrumento específico que o compositor desejava – no caso das cantatas desde disco, um ou dois violinos – e se opõe ao basso continuo, que podia ser executado por diversos instrumentos graves a depender do que estivesse disponível em cada apresentação e local. Neste disco o continuo é executado por cravo, teorba (um parente do alaúde), violão barroco e violoncelo, com destaque para este último. Outros instrumentos usados para o continuo na época incluíam o órgão (nas igrejas), a viola da gamba e o fagote.

Pleyel

Henry Purcell (1659-1695): Sonnatas Vol. 3 (The Purcell Quartet)

Henry Purcell (1659-1695): Sonnatas Vol. 3 (The Purcell Quartet)

Este delicado CD traz uma excelente amostra do que é a música instrumental do grande Henry Purcell. São Sonatas curtinhas e muito bonitas. As sonatas do inglês estão entre os pilares da música de câmara barroca. O próprio compositor as descreveu despretensiosamente como “uma imitação dos mais famosos mestres italianos”. No entanto, a audição e a suas estruturas revelam que a modéstia de Purcell esconde uma mistura altamente original de modelos italianos, de música tradicional inglesa e uma quase obsessão com a técnica contrapontística. O Purcell Quartet dá uma verdadeira aula de como abordar este belo e negligenciado repertório. A personalidade criativa do mestre inglês, seu dom melódico arrebatador e as suas inquietas harmonias estão por toda parte, negando, de certa forma, sua modéstia.

Henry Purcell (1659-1695): Sonnatas Vol. 3 (The Purcell Quartet)

1 Sonata nº 9 em fá maior “Chamada por sua excelência de Sonata Dourada”, Z. 810 6:52
2 Sonata nº 4 em ré menor, Z. 805 6:28
3 Voluntário para Órgão em Sol Maior, Z. 720 3:22
4 Sonata nº 8 em Sol menor, Z. 809 6:24
5 Variante para dois movimentos da Sonata nº 8 2:50
6 Sonata nº 7 em dó maior, Z. 808 6:17
7 Sonata nº 3 em lá menor, Z. 804 6:45
8 Voluntário para órgão em ré menor, Z. 718 3:06
9 Sonata nº 10 em ré maior, Z. 811 5:16
10 Prelúdio para violino solo em sol menor, ZN. 733
Violino – Catherine Mackintosh
0:50
11 Sonata nº 5 em sol menor, Z. 806 7:07
12 Sonata No. 6 Em Sol Menor, Z. 807 6:41

The Purcell Quartet:
Órgão – Robert Woolley
Viola da Gamba – Richard Boothby
Violino – Catherine Mackintosh , Elizabeth Wallfisch

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O muito unido Purcell Quartet preparando-se para uma noite de sono reparador.

PQP

Franz Schubert (1797-1828): Lieder (Ameling / Jansen)

Franz Schubert (1797-1828): Lieder (Ameling / Jansen)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Os LPs de Elly Ameling (1933) cantando lieder de Schubert foram quem me trouxeram para o mundo cheio de beleza e melodias do compositor austríaco. Não sou uma pessoa muito nostálgica, mas é difícil para mim esquecer a voz de Elly passeando pelos campos e ladeiras schubertianas. Pensei que a cantora já tinha falecido, mas Elly permanece viva aos 90 anos. Ela foi a mais perfeita dos sopranos e, para nossa alegria, amava mais a música de câmara e o barroco dos que as grandiosidades operísticas. Imaginem que ela colaborou muito nos primórdios da música historicamente informada! Não sei se ela já está presente em gravações no PQP Bach — não consultei por preguiça –, mas estamos chegando aos 8000 posts e me sinto preenchendo uma lacuna, pois não lembro da nenhuma de suas 150 gravações sendo postada aqui. Na apreciação do crítico Martin Bernheimer,

Ameling, que estreou em 1953, nunca teve uma carreira convencional. Sem dúvida, ela nunca quis uma. Sua voz, um soprano leve e límpido, foi sempre pequena. Seu temperamento nunca foi considerado extravagante. Sua escala expressiva era baseada na sutileza. Ela se aventurou poucas vezes na ópera. Mas, em um mundo dominado pelo brilho fácil e pela vulgaridade fria, ela provou o valor duradouro de certas virtudes antiquadas: imaginação, calor, bom gosto, sensibilidade, honestidade e refinamento.

Franz Schubert (1797-1828): Lieder (Ameling / Jansen)

A1 Ganimede D. 544 See More 4:52
A2 Die Götter Griechenlands D. 677 4:42
A3 Der Musensohn D. 764 2:00
A4 Fülle Der Liebe D. 854 6:35
A5 Sprache Der Liebe D. 410 2:52
A6 Schwanengesang D. 744 2:45
A7 An Den Tod D. 518 3:05
B1 Die Forelle D. 550 2:09
B2 Am Bach Im Frühling D. 361 3:51
B3 Auf Dem Wasser Zu Singen D. 774 3:45
B4 Der Schiffer D. 694 3:17
B5 An Die Entfernte D. 765 3:19
B6 Sehnsucht D. 516 3:59
B7 An Die Untergehende Sonne D. 457 6:29
B8 Abendröte D. 690 3:48

Composição : Franz Schubert
Piano – Rudolf Jansen
Voz Soprano – Elly Ameling

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Elly Ameling hoje. Essa merece viver muito e bem!

PQP

Handel (1685 – 1759): Algumas Suítes para Piano – Dina Ugorskaja ֎

Handel (1685 – 1759): Algumas Suítes para Piano – Dina Ugorskaja ֎

 

Handel

Cinco Suítes para Piano

Dina Ugorskaja

 

 

As suítes para teclado de Handel nunca ganharam a mesma popularidade que as suítes de Bach (Suítes Francesas, Suítes Inglesas, Partitas) ou as sonatas de seu contemporâneo italiano Domenico Scarlatti. São obras muito atraentes, com características handelianas sintetizando as características de teclado do sul da Alemanha e da Itália em um estilo e estrutura franceses muito rigorosos. Embora não sejam obviamente virtuosísticas, certamente representam um desafio para o intérprete, e o conteúdo musical é definitivamente o de Handel dos grandes oratórios, óperas e músicas orquestrais: audaz, dramático e festivo ou afetuoso.

Nas interpretações gravadas neste disco, pela pianista Dina Ugorskaja, essas características estão bastante presentes. Com tempos mais largos o aspecto mais grandioso dessas peças fica enfatizado.

Lamentavelmente, Dina Ugorskaja morreu muito cedo, em setembro de 2019. Ela era filha do pianista Anatol Ugorsky e da musicologista e artista Maja Elik. Dina estudou inicialmente com seu pai, mas toda a sua formação se deu na Alemanha, para onde a família buscou abrigo em 1990, deixando a então União Soviética.

Veja o que nos diz a abertura de sua página: Dina Ugorskaja é uma musicista reservada e profundamente intensa, séria e de voz suave, sonhadora e radiante. Sua excelência musical foi internalizada, realizada e agora nos é transmitida apenas por meio dessas incríveis gravações, como as suítes de Handel, o Cravo Bem Temperado de Bach, as obras tardias de Beethoven e Schubert.

PS: Esta postagem foi escrita antes de 5 de setembro de 2023, dia que Anatol Ugorsky faleceu, em Detmold, na Alemanha.

George Frideric Handel (1685 – 1750)

Suítes para Piano

Suíte No. 2 em fá maior, HWV 427

  1. Adagio
  2. Allegro
  3. Adagio
  4. Allegro

Suíte No 6 em fá sustenido menor, HWV 431

  1. Prélude
  2. Largo
  3. Allegro
  4. Gigue – Presto

Suíte No. 3 em ré menor, HWV 428

  1. Prélude – Presto
  2. Allegro
  3. Allemande
  4. Courante
  5. Air – Double 1-5
  6. Presto

Suíte No. 4 em mi menor, HWV 429

  1. Allegro
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Gigue

Suíte No. 5 em mi maior, HWV 430

  1. Prélude
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Air – Double 1-5

Dina Ugorskaja, piano

Gravação de julho de 2009

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FLAC | 247 MB

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MP3 | 320 KBPS | 184 MB

 

Dina Ugorskaja

Seção ‘The-book-is-on-the-table’: Handel was known as a superb keyboard player, and these dance suites exploit the expressive and technical resources of his instrument with no less mastery than that of his Leipzig counterpart, and with a joie de vivre that makes listening a constant diversion and delight.

Anatol Ugorsky (1942 – 2023)

Beethoven (1770 – 1827): Concertos para Piano Nos 3 & 2 – Till Fellner – Academy of St. Martin-in-the-Fields & Sir Neville Marriner ֎

BTHVN

Concertos para Piano Nos. 3 & 2

Till Fellner, piano

Academy of St. Martin-in-the-Fields

Sir Neville Marriner

 

Um jovem pianista com muita confiança se prepara para lançar um de seus primeiros álbuns no qual aparecerá como solista de uma conhecida orquestra e seu famoso maestro. Qual repertório escolher? Uma grande obra com centenas de gravações famosas que certamente levarão a comparações com os monstros sagrados do teclado ou algumas peças que ficam em menos evidência, mas que exercem uma atração especial no solista e também na audiência?

Esse tipo de questão deve ter cruzado a mente do jovem Till Fellner lá pelos idos de 1994, quando gravou este álbum. Em 1993 sua carreira foi lançada de vez quando ganhou o primeiro prêmio no Concours Clara Haskil, em Vevey, Suíça. Aposto que ele buscou inspiração em outro jovem pianista no início de carreira e escolheu os dois brilhantes concertos de Beethoven. O Concerto No. 2 foi o primeiro dos cinco publicados que ele compôs e com o novo finale para a publicação é uma peça espetacular. O Terceiro Concerto também é uma peça importante na carreira do compositor, escrito na tonalidade dó menor, assim como o concerto de Mozart que tanto gostava. Com essa escolha, Till Fellner teve muito material para mostra toda a sua técnica e musicalidade, mas ainda assim evitar os dois grandes concertos, que eventualmente viriam a aparecer em sua discografia.

O acompanhamento ficou a cargo da experientíssima orquestra de St. Martin-in-the-Fields, regida pelo incansável Neville Marriner, que tantos ótimos álbuns nos deixou.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 3 em dó menor, Op. 37

  1. I Allegro con brio
  2. II Largo
  3. III Rondo – Allegro

Concerto para Piano No. 2 em si bemol maior, Op. 19

  1. I Allegro con brio
  2. II Adagio
  3. III Rondo – Molto allegro

Till Fellner, piano

The Academy Of St. Martin-in-the-Fields

Sir Neville Marriner

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MP3 | 320 KBPS | 200 MB

Till Fellner passeando pelo bosque do PQP Bach de POA achando o friozinho muito estimulante…

The Book-is-on-the-table section: The young Austrian pianist Till Fellner teamed with the famous British chamber orchestra Academy of St. Martin in the Fields in 1994 and they recorded the set of two Beethoven’s early piano concertos for the French label Erato.
Fellner does a good job, his technique is more than adequate for the pieces and his musicality soars on slower movements. The orchestra under Sir Neville Marriner is as polished as ever, making for an impressive recording, which deserves much more attention than it actually gets. […]
I do not think you will go wrong with purchasing this album, even if you already have some recordings of Piano Concertos 2&3. Fellner and Marriner certainly do no shame to the great composer.

Assim disse Antonio Roberto, um crítico amador, para a Amazon. Eu não consigo discordar dele. Aproveite!

René Denon

Aqui o outro disco com Concertos para Piano de Beethoven com o Till Fellner:

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concertos para Piano Nos. 4 e 5 – Till Fellner ● Orchestre symphonique de Montréal ● Kent Nagano

: interlúdio :. John Surman – Saltash Bells

: interlúdio :. John Surman – Saltash Bells

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Os álbuns solo de John Surman ocupam um lugar especial e importante em sua discografia. Na música multifacetada do britânico, as gravações solo fornecem talvez os insights mais claros sobre sua imaginação melódica e Saltash Bells está entre os melhores de seus trabalhos. Desta vez, as composições foram inspiradas no West Country da infância inglesa de John, com memórias e sons de lugares especiais. A faixa-título refere-se aos ecos do sino da igreja de Saltash ressoando ao redor do vale do rio Tamar, na fronteira da Cornualha e Devon. Whistman’s Wood, enquanto isso, evoca a misteriosa floresta petrificada de Dartmoor… E assim vai, antigas assombrações inspirando novas músicas vívidas. Saltash Bells enfatiza novamente a singularidade do trabalho solo de Surman: aqui ele toca saxofones soprano, tenor e barítono, clarinetes alto, baixo e contrabaixo, bem como gaita e sintetizador. Surman há muito usa o sintetizador em seus trabalhos solo, “como uma ferramenta para esculpir textura e atmosfera e para criar novos contextos de improvisação que podem ser diferentes de tocar do que o tempo regular com um baixista e baterista”. Em nenhum outro lugar suas palhetas se estendem tão sensualmente, com melodias que continuam a se desdobrar até o horizonte, a faixa-título sugerindo os dias claros em que você pode ver e ouvir para sempre. Aqui, Surman encontra um acordo com os ‘outros músicos’ que nenhuma música de grupo acústico em tempo real poderia obter. Há uma bela execução em cada um de seus saxofones e clarinetes e — ouça atentamente o que se passa nos fundos de Sailing Westwards – há algumas gaitas também – instrumento com o qual Surman brinca desde a adolescência. E adorei Winter Elegy, uma obra-prima!

John Surman – Saltash Bells

01 Whistman’s Wood 6:32
02 Glass Flower 3:13
03 On Staddon Heights 7:32
04 Triadichorum 3:36
05 Winter Elegy 8:17
06 Ælfwin 2:17
07 Saltash Bells 10:40
08 Dark Reflections 3:27
09 The Crooked Inn 2:41
10 Sailing Westwards 10:37

John Surman:
— saxofones soprano, tenor e barítono,
— clarinetes alto, baixo e contrabaixo,
— gaita e
— sintetizador.

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Eu, PQP Bach, amo John Surman

PQP

J. S. Bach (1685 – 1750): Original & Transcrição – Peças para Teclado (Robert Hill – [Hänssler Edition Bachakademie]) ֎

J. S. Bach (1685 – 1750): Original & Transcrição – Peças para Teclado (Robert Hill – [Hänssler Edition Bachakademie]) ֎

“São na verdade solos de violino sem baixo, três sonatas e três partitas, que, no entanto, podem ser muito bem executadas no teclado”. (Jacob Adlung, Anleitung zu der musikalischen Gelahrtheit, 1758)

“O compositor frequentemente as tocava no próprio clavicórdio, e acrescentava tanta harmonia a elas quanto achasse necessário.” (Johann Friedrich Agricola, 1775, Bach-Dokumente III, Nr. 808)

No ano 2000 foi lançado o resultado de um projeto realizado pela Bachakademie Stuttgart e a gravadora Hänssler Classic – uma caixa com 170 CDs contendo a integral da obra de Johann Sebastian Bach, o santo padroeiro do blog. Já se vai quase um quarto de século e eu ainda não explorei devidamente essa caixota – como diria um de meus mais saudosos amigos.

Algumas peças do disco são interpretadas ao clavicórdio

Pois antes que chegue mais uma dessas efemérides e nova caixas surjam, decidi vasculhar esse material. Algumas de suas preciosidades já foram aqui apresentadas, como a extraordinária gravação das Partitas BWV 825 – 830, pelo regente e cravista Trevor Pinnock.

Para hoje temos a música de Bach interpretada pelo cravista Robert Hill. Nestes dois discos o programa é de transcrições de música escrita originalmente para instrumentos de cordas, como a Partita BWV 1004, escrita para violino solo e que termina com a famosíssima Ciaccona.

As duas frases que estão em destaque no início do texto são evidências da prática comum tanto de Bach quanto das gentes que o cercava de interpretarem assim, ao teclado, música que fora concebida para cordas.

… outras no alaúde com teclado

No disco temos transcrições feitas na época de Bach e outras recentes, feitas pelo próprio Robert Hill. Na listagem das obras a seguir isso ficará explicitado. Além disso, diferentes instrumentos de teclado são usados na gravação – cravo, clavicórdio e cravo-alaúde (Lautenklavier).

Espero que você ouça a música sem maiores preocupações com originalidade ou não, simplesmente desfrutando esse universo sonoro decididamente Bachiano. Veja que Robert Hill reúne excelente formação musical, experiência, prática e é músico de mão cheia. Há mais contribuições dele na nossa fila de espera…

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

CD1

Partita em sol menor (transcrição da Partita em ré menor BWV 1004, por Robert Hill)

  1. Allemanda
  2. Corrente
  3. Sarabanda
  4. Giga
  5. Ciaccona

Sonata em ré menor BWV 964 (transcrição da Sonata em lá menor BWV 1003)

  1. Grave
  2. Fuga
  3. Andante
  4. Allegro

Sonata em sol maior BWV 968 (transcrição da Sonata em dó maior BWV 1005 – movimentos 2 a 4 por Robert Hill)

  1. Adagio
  2. Fuga – Alla Breve
  3. Largo
  4. Allegro Assai

Robert Hill, cravo

CD2

Partita em mi maior BWV 1006a

  1. Preludio
  2. Loure
  3. Gavotte En Rondeau
  4. Menuet I
  5. Menuet II
  6. Bourrée
  7. Gigue

Sonata em dó maior BWV 966 (Composição de J.A. Reincken e arranjo de J.S. Bach)

  1. Prélude
  2. Fuga
  3. Adagio/Presto
  4. Allemande

Adagio em lá menor BWV 965 (Composição de J.A. Reincken e arranjo de J.S. Bach)

  1. Adagio

Sonata em lá menor BWV 965 (Composição de J.A. Reincken e arranjo de J.S. Bach)

  1. Adagio
  2. Fugue
  3. Adagio/Presto
  4. Allemande
  5. Courante
  6. Sarabande
  7. Gigue

Fuga em si bemol maior BWV 954 (Composição de J.A. Reincken e arranjo de J.S. Bach)

  1. Fuga

Sonata em dó menor (transcrição da Sonata em sol menor BWV 1001 feita por Robert Hill)

  1. Adagio
  2. Allegro
  3. Siciliana
  4. Presto

Robert Hill, cravo-alaúde (1-7, 20-24), clavicórdio (8-12), cravo (13-19)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS |322 MB

Foto de R Hill nos dias que ele agitava com Reinhardt Goebel e a banda MAK

Para saber um pouco mais sobre R Hill, clique aqui.

Particularmente interessantes as faixas 12 e 13, nas quais a mesma música, composta por Reincken e transcrita para teclado por Bach, é interpretada ao calvicórdio e logo a seguir ao cravo, permitindo comparar a sonoridade dos dois instrumentos.

Dizem que ele viveu 100 anos, mas pode não ser tanto assim…

Johann Adam Reincken foi, assim como Dietrich Buxthehude, compositor e organista de uma geração anterior a J.S. Bach. Ambos eram expoentes na arte da improvisação e serviram como modelo para Bach, que visitou ambos em sua juventude, como parte de sua formação.

Reincken era organista em Hamburgo onde foi visitado por Bach mais uma vez em 1720, quando este fora até a cidade em busca de uma posição. Nesta ocasião Bach deu um concerto no órgão da Igreja de Santa Catarina, instrumento do qual ele muito gostava, com a presença de Reincken, que lhe pedira uma improvisação sobre o coral luterano An Wasserflüssen Babylon. Conta a história que o velho músico teria dito a Sebastian: Eu achava que esta arte [da improvisação] estivesse extinta, mas pude ver que ela ainda vive em você.

Aproveite!

René Denon

Robert Hill, na penumbra do PQP Bach Lounge

Johann Gottlieb Goldberg (1727-1756): Música de Câmara — Trio Sonatas, Quarteto para 2 Violinos, Viola And B.C. (Musica Alta Ripa)

Johann Gottlieb Goldberg (1727-1756): Música de Câmara — Trio Sonatas, Quarteto para 2 Violinos, Viola And B.C. (Musica Alta Ripa)

Exatamente! Parabéns! Você acertou! Este Goldberg é exatamente aquele! Johann Gottlieb Goldberg foi um virtuose alemão do cravo e do órgão, além de compositor do barroco tardio e do início do período clássico. Sua imortalidade aconteceu ao emprestar o seu nome — como intérprete original — às famosas Variações Goldberg de Johann Sebastian Bach. E notem que ele morreu pouco depois de Bach. Era um adolescente de 14 anos quando recebeu as Variações das mãos de Deus em 1741 e foi morrer aos 29 anos, coitado. Dizem que era enorme, com mãos que conseguiam posições que a maioria dos tecladistas jamais sonhariam. Durante a adolescência foi o empregado favorito de quem encomendou as Variações, o Conde Hermann Karl von Keyserling.

Este CD é bastante bom, especialmente nas peças para cravo solo. Vale a pena ouvir!

Johann Gottlieb Goldberg (1727-1756): Música de Câmara — Trio Sonatas, Quarteto para 2 Violinos, Viola And B.C. (Musica Alta Ripa)

Sonata For 2 Violins And B.C. A Minor
1 Adagio
2 Allegro
3 Alla Siciliana
4 Allegro Assai

Sonata For 2 Violins And B.C. C Major
5 Adagio
6 Alla Breve
7 Largo
8 Gigue E Presto

Polonaises Composto Per Il Cembalo
9 Polonaise F Major
10 Polonaise D Minor

Sonata For 2 Violins, Viola And B.C. C Minor
11 Largo
12 Allegro
13 Grave
14 Gigue

Polonaises Composto Per Il Cembalo
15 Polonaise E Flat Major
16 Polonaise C Minor

Sonata For 2 Violins And B.C. B Flat Major
17 Adagio
18 Allegro
19 Grave
20 Ciacona

Sonata For 2 Violins And B.C. G Minor
21 Adagio
22 Allegro
23 Tempo Di Menuetto

Polonaises Composto Per Il Cembalo
24 Polonaise G Major
25 Polonaise C Major

Sonata For 2 Violins And B.C. F Minor
26 Adagio
27 Allegro
28 Largo
29 Allegro Ma Non Tanto

Ensemble – Musica Alta Ripa

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Não me perguntem o autor

PQP

Pérotin (c. 1160 – c. 1236) / Sungji Hong (1973): Trio Mediaeval – Stella Maris

Pérotin (c. 1160 – c. 1236) / Sungji Hong (1973): Trio Mediaeval – Stella Maris

Espetacular CD da ECM (para variar). Três vozes femininas cantam as primeiras obras da polifonia e uma obra moderna da compositora coreana Sungji Hong (1973). Som puríssimo, lindo.

Altamente recomendável.

Trio Mediaeval – Stella Maris

Anônimos

1. Flos regalis virginalis 4:26
2. O Maria, stella maris 3:43
3. Quem trina polluit 4:44
4. Dou way Robyn – Sancta Mater 3:58
5. Veni creator spiritus 9:51

Perotin
6. Dum sigillum 9:52

Anônimo

7. Beata viscera 2:01

Sungji Hong
8. Missa Lumen de lumine (2002) – Kyrie 4:03
9. Missa Lumen de lumine (2002) – Gloria 6:43
10. Missa Lumen de lumine (2002) – Credo 5:48
11. Missa Lumen de lumine (2002) – Sanctus 4:06
12. Missa Lumen de lumine (2002) – Agnus Dei 5:52

Anna Maria Friman soprano
Linn Andrea Fuglseth soprano
Torunn Østrem Ossum soprano

Recorded February 2005
ECM New Series 1929

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PQP