The Fibonacci Sequence
Fagote
Weber | Sauguet | Ibert |
Jacob | Mozart
O rapazinho entrou sorrateiro pela porta e sentou-se discretamente no fundo da sala a tempo de ouvir as primeiras frases da aula do grande mestre: “Estas são as nove figuras usadas pelos hindus…” Ele desenhou então no quadro nossos conhecidos
9 8 7 6 5 4 3 2 1
e prosseguiu: “…com estas nove figuras e o zefir podemos escrever qualquer número, como vocês aprenderão aqui”.
Leonardo sentiu que a viagem desde a sua cidade natal, cruzando o mar e chegando àquele estranho e novo mundo onde seu pai estava, começava a valer a pena.
Tudo era diferente – a língua, a religião, os costumes. Até os cheiros e sabores e mesmo a luz do dia lhe diziam que vivia agora em outro universo. Mas o que ele aprendeu naqueles anos que passou ali valeria por uma vida inteira.
Leonardo viera de Pisa e o navio que o trouxera ao porto de Bugia, na Cabília, Argélia, passara por Bonifácio, no estreito entre a Córsega e a Sardenha, onde também passou por Cagliari. Depois costeou a África desde Túnis até chegar a Bugia, que hoje é conhecida por Béjaïa.
Assim como as suas rivais repúblicas – Veneza, Gênova e Amalfi -, Pisa tinha grandes interesses comerciais em toda aquela área. O pai do nosso herói chamava-se Guglielmo Bonacci e era escrivão da aduana, junto aos representantes dos mercadores de sua terra natal. Pisa tinha representantes diplomáticos tanto em Bugia quanto em Túnis e mantinham seus próprios funduqs e magazines. Guglielmo sabia dos pendores matemáticos de seu filho e o chamara para estudar com os mestres daquela cidade tanto seus métodos de cálculo quanto suas soluções para diversos problemas envolvendo contabilidade e finanças, pois que Mestre Guglielmo era um homem prático.
Leonardo viveu nesta região de algo como 1185 até 1220. Ele não ficou apenas em Bejaïa, mas também visitou o Egito, a Síria, Grécia, Sicília e a região de Provença, sempre aprendendo. Com os conhecimentos que adquiriu mais seus próprios grandes talentos, tornou-se o maior matemático de sua época e contribuiu enormemente para o renascimento científico que a Europa viveria proximamente.
Na sua volta para Pisa, escreveu um livro que foi divulgado em 1202 (naquela época só havia cópias feitas à mão), o Liber abaci, no qual explica o sistema numérico Hindu-Arábico, que era praticamente desconhecido na Europa, assim como usá-lo nos cálculos, mostrando as enormes virtudes deste sistema posicional.
Se você acha pouco, tente efetuar a multiplicação dos números MMDXCIV e MMMCCCLXXIII.
Ao longo das quatro outras postagens desta série contaremos mais algumas coisas sobre Fibonacci, que tem seu nome associado a uma famosa sequência de números e que dá nome ao conjunto que toca a música – The Fibonacci Sequence.
O conjunto The Fibonacci Sequence foi fundado pelo pianista Kathron Sturrock e fará 30 anos em 2024. É formado por renomados músicos e famoso por apresentar uma programação variada e imaginativa. A escolha do nome do conjunto foi motivada pelo fato dos números da tal sequência aparecerem, surgirem como mágica nas mais diversas situações, como na natureza, no número de ramos das árvores, nas pétalas das flores, nas espirais e de muitas outras formas. Além disso, há uma relação entre a razão dos seus números subsequentes e o número conhecido como a Proporção Áurea ou Número de Ouro, que para muitos determina as mais harmoniosas proporções nas artes e música.
Esta sequência será tema da próxima conversa, que estará disponível no seu distribuidor PQP Bach mais próximo em breve.
Os discos desta série são divididos em dois grupos temáticos. Os três primeiros trazem música de câmara com um instrumento de sopro (madeira) em destaque. Começamos com o fagote. Os dois últimos são dedicados cada um a um único compositor. Você não perde por esperar.
Neste disco temos música de cinco diferentes compositores. Dois são franceses, um é inglês, mais um alemão e um conhecido austríaco.
Carl Maria von Weber surgiu para a música com a ópera Der Freischutz e foi um precursor do romantismo. Neste sentido foi inovador, mas em suas outras composições foi mais convencional. Isso não quer dizer que suas outras obras não sejam interessantes e ele compôs com especial qualidade para clarinete.
Compositor menos conhecido, Henri Sauguet adorava música desde cedo e teve ajuda inicialmente de Canteloube e Millhaud. Estudou com Max Jacob, Satie e Koechlin. Compôs balés, sinfonias e muita música de câmara.
Assim como Sauguet, Jacques Ibert compôs balés, sinfonias e muita música de câmara, especialmente para formações com instrumentos de sopro. Estudou com Fauré e de 1946 até 1960 foi o diretor do Conservatório de Paris.
Do outro lado do Canal da Mancha, temos uma peça de Gordon Jacob que foi prolífico compositor e deixou também livros sobre composição e orquestração.
Para encerrar o disco, temos um compositor austríaco que dispensa apresentações.
Carl Maria von Weber (1786 – 1826)
Andante e Rondo ‘Ungarese’ para fagote, violino, viola e violoncelo (arr. Mordechai Rechtman)
- Andante
- Rondo
Henri Sauguet (1901 – 1989)
Barcarolle para fagote e harpa
- Barcarolle
Jacques Ibert (1890 – 1962)
Cinco peças para Trio com oboé, clarinete e fagote
- Allegro vivo
- Andantino
- Allegro assai
- Andante
- Allegro quasi marziale
Gordon Jacob (1895 – 1984)
Suíte para fagote, dois violinos, viola e violoncelo
- Prelude
- Caprice
- Elegy
- Rondo
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Quinteto em mi bemol maior para oboé, clarinete, trompa, fagote e piano, K. 452
- Largo – Allegro moderato
- Larghetto
- Allegretto
The Fibonacci Sequence
Richard Skinner, fagote
Kathron Sturrock, piano
Yuko Inoue, viola
Charles Sewart, violino
Ursula Gough, violino
Andrew Fuller, violoncelo
Christopher O’Neal, oboé
Julian Farrell, clarinete
Stephen Stirling, trompa
Gillian Tingay, harpa
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FLAC | 212 MB
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MP3 | 320 KBPS | 135 MB
Some beautiful sonorities coming up now from the Fibonacci Sequence, one of the UK’s most prominent chamber ensembles who were founded back in 1994 by pianist, Kathron Sturrock.[…] Certainly this combination allows the bassoon to sing out and display its virtuosity.
Sarah Walker, BBC Radio 3, Classical Collection
Aproveite!
René Denon