Dentre meus inúmeros defeitos está o de não ser um grande apreciador de Vivaldi. Porém, há tanta gente que o ama que reconheço tranquilamente: o problema deve ser meu. Este CD ganhou todos os prêmios que se possa imaginar. Levou o Diapason d’Or e vários Grand Prix. É bom mesmo. A voz do contratenor Gérard Lesne era efetivamente notável em 1992, ano desta gravação. O CD traz muita gente que se “tornaria genial” anos depois. Bruno Cocset gravaria a melhor versão das suítes para violoncelo de Bach e Marc Minkowski dispensa apresentação. Nada acontece por acaso. E nos refugiemos na beleza porque aguentar a República Teocrática do Brasil não vai ser fácil.
Antonio Vivaldi (1678-1741): Música Sacra 1-4: Vestro principi divino (Motet RV 633) 5-13: Stabat Mater (RV 621) 14-16: Filiae maestae Jerusalem (Introduzione Al Miserere RV 638) 17-25: Nisi Dominus (Psaume 126)
Gérard Lesne (contralto) Ensemble Il Seminario musicale Bernadette Charbonnier
Myriam Gevers
Jacques Maillard
Marc Minkowski
Bruno Cocset
Pascal Monteilhet
Richard Myron
Jean-Charles Ablitzer
“Diapason d’Or” de Diapason-Harmonie n°355
“10” de Répertoire n° 21-2
“un événement exceptionnel” de Télérama n°2084
“Recommandé” par Classica n°18
“Grand Prix de l’Académie Charles Cros”
Gabriel Pierné (1863-1937) foi um dos mais festejados compositores de sua geração, contemporânea de Debussy, Roussel, Fauré e Ravel. Entretanto, suas atividades como maestro e professor acabaram por colocá-lo, de certa forma injustamente, num panteão dos grandes intérpretes (estreou diversas obras de seus colegas mais famosos) e não dos grandes compositores. Sobrou a peça de repertório “Marcha dos Soldadinhos de Chumbo” (que constava naquela coleção de LPs com gatinhos na capa) como sua máxima expressão de criatividade.
Este erro parece ter sido aos poucos corrigido mas em tempos muito recentes: este disco é de 2011, uma raridade numa época em que a gravação clássica já era praticamente um artigo de museu. Mas, parafraseando nosso guru pqp, este disco é IMPERDíVEL.
O Concerto de Pierné é, no mínimo, surpreendente pela extrema fluidez melódica, verve rítmica e originalidade temática. Mas basta uma audição para comprovar: nos sentimos impelidos a escutar de novo, e de novo, e de novo, tal é sua qualidade. Mais surpresas: um concerto que não tem movimento lento, são todos rápidos e titânicos, de grandiosidade e polidez que só um francês poderia escrever. Poucas vezes piano e orquestra tiveram diálogo tão franco e direto. Coisa fina.
Ramuntcho é uma obra igualmente surpreendente, escrita para acompanhar o drama homônimo de Pierre Loti, e demonstra, na orquestração brilhante e ritmos folclóricos bascos, uma maestria de escrita digna dos melhores momentos da música francesa. Uma verdadeira revelação.
E de quebra, a tal Marcha dos Soldadinhos de Chumbo, obra realmente simples mas encantadora, e o Divertimento sobre um tema Pastoral, que completam esta breve, mas importantíssima apresentação (ou re-apresentação) de Pierné. Uma pérola oculta no mar de gravações deste século.
Gabriel Pierné (1863-1937)
Marche des Petits Soldats de Plomb
Piano Concerto in C minor op.12
Divertissements sur un Thème Pastoral
Ramuntcho Suites nos.1 & 2
Jean-Efflam Bavouzet, piano
BBC Philharmonic Orchestra
Juanjo Mena
Anne-Sophie Mutter, muito amada pelos editores e leitores deste blog, interpreta aqui Dutilleux, Bártok e Stravinsky. Eu não tenho nem um pouco da intimidade que o PQP ou o FDP têm com ela, mas digo sem medo que neste álbum o vigor de seu toque é arrepiante.
Pelo menos é o que eu posso dizer ao ouvir o concerto para violino do Stravinsky, que deste álbum, é minha peça favorita. Stravinsky foi um bicho muito esquisito. Começou sua carreira de forma ascendente, com uma obra atrás da outra gerando sucesso e polêmicas, tudo isso a partir de um estilo próprio que condizia com a quebra das tradições e convenções na música que ocorria numa época em que a Europa era sacudida pela guerra e por revoluções. Mas esse estilo não durou muito, em sua fase seguinte, o neoclassicismo (que foi só uma das três fases de estilo de composição ao longo da longa vida de Stravinsky), o compositor resolveu voltar às velhas formas de composição. Um desses trabalhos é o concerto contido aqui, muito embora tudo que Stravinsky faça, seja num estilo de vanguarda, seja num estilo neoclássico, é perceptivelmente ímpar. Eu adoro isso nele.
Temos também o belo concerto para violino de Bártok e Sur le même accord abrindo o CD, obra que Dutilleux dedicou à própria Mutter (Já viram que muitos grandes homens perdem a cabeça por essa pessoa).
Anne-Sophie Mutter plays Dutilleux, Bartók, Stravinsky
Henri Dutilleux (1916-2013)
01 Sur le même accord
Orchestre National de France
Kurt Masur, conductor
Béla Bartók (1881-1945)
Violin Concerto No.2, BB 117, Sz.112
02 1. Allegro non troppo
03 2. Andante tranquillo – Allegro scherzando – Tempo 1
04 3. Allegro molto
Boston Symphony Orchestra
Seiji Ozawa, conductor
Ígor Stravinski (1882-1971)
Violin Concerto in D major
05 1. Toccata
06 2. Aria 1
07 3. Aria 2
08 4. Capriccio
Um especialíssimo trio de CDs! Incluem a Cantata 140 e a 147, não tão boa, pero célebre. E assim fechamos a terceira caixinha.
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 3, CD 13
—————————————————
BWV0138 Cantata 1 Coro-Recitativo (alto) “Warum betrübst du dich,mein Herz”
BWV0138 Cantata 2 Recitativo (bass) “Ich bin veracht'”
BWV0138 Cantata 3 Coro-Recitativo (soprano,alto) “Er kann und will dich lassen nicht”
BWV0138 Cantata 4 Recitativo (tenor) “Ach süßer Trost”
BWV0138 Cantata 5 Aria (bass) “Auf Gott steht meine Zuversicht”
BWV0138 Cantata 6 Recitativo (alto) “Ei nun- so will ich auch recht sanfte ruhn”
BWV0138 Cantata 7 Choral (coro) “Weil du mein Gott und Vater bist”
BWV0139 Cantata 1 Coro “Wohl dem,der sich auf seinen Gott”
BWV0139 Cantata 2 Aria (tenor) “Gott ist mein Freund”
BWV0139 Cantata 3 Recitativo (alto) “Der Heiland sendet ja die Seinen”
BWV0139 Cantata 4 Aria (bass) “Das Unglück schlägt auf allen Seiten”
BWV0139 Cantata 5 Recitativo (soprano) “Ja,trag ich gleich den größten Feind in mir”
BWV0139 Cantata 6 Choral (coro) “Dahero trotz der Höllen Heer”
BWV0140 Cantata 1 Coro “Wachet auf,ruft uns die Stimme”
BWV0140 Cantata 2 Recitativo (tenor) “Er kommt,der Bräutgam kommt”
BWV0140 Cantata 3 Aria (Duetto) (soprano,bass) “Wann kömmst du,mein Heil”
BWV0140 Cantata 4 Choral (tenor) “Zion hört die Wächter singen”
BWV0140 Cantata 5 Recitativo (bass) “So geh herein zu mir”
BWV0140 Cantata 6 Aria (Duetto) (soprano,bass) “Mein Freund ist mein- Und ich bin sein”
BWV0140 Cantata 7 Choral (coro) “Gloria sei dir gesungen”
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 3, CD 14
—————————————————
BWV0143 Cantata 1 Coro “Lobe den Herrn,meine Seele”
BWV0143 Cantata 2 Choral (soprano) “Du Friedefürst,Herr Jesu Christ”
BWV0143 Cantata 3 Recitativo (tenor) “Wohl dem,des Hilfe der Gott Jakobs ist”
BWV0143 Cantata 4 Aria (tenor) “Tausendfaches Unglück,Schrecken”
BWV0143 Cantata 5 Aria (bass) “Der Herr ist König ewiglich”
BWV0143 Cantata 6 Aria (tenor) “Jesu,Retter deiner Herde”
BWV0143 Cantata 7 Coro “Halleluja”
BWV0144 Cantata 1 Coro “Nimm,was dein ist,und gehe hin”
BWV0144 Cantata 2 Aria (alto) “Murre nicht,lieber Christ”
BWV0144 Cantata 3 Choral (coro) “Was Gott tut,das ist wohlgetan”
BWV0144 Cantata 4 Recitativo (tenor) “Wo die Genügsamkeit regiert”
BWV0144 Cantata 5 Aria (soprano) “Genügsamkeit ist ein Schatz in diesem Leben”
BWV0144 Cantata 6 Choral (coro) “Was mein Gott will,das g’scheh allzeit”
BWV0145 Cantata 1 Aria (Duetto) (soprano,tenor) “Ich lebe,mein Herze,zu deinem Ergötzen”
BWV0145 Cantata 2 Recitativo (tenor) “Nun fordre,Moses,wie du willt”
BWV0145 Cantata 3 Aria (bass) “Merke,mein Herze,beständig nur dies”
BWV0145 Cantata 4 Recitativo (soprano) “Mein Jesus lebt”
BWV0145 Cantata 5 Choral (coro) “Drum wir auch billig fröhlich sein”
BWV0146 Cantata 1 Sinfonia
BWV0146 Cantata 2 Coro “Wir müssen durch viel Trübsal in das Reich Gottes eingehen”
BWV0146 Cantata 3 Aria (alto) “Ich will nach dem Himmel zu”
BWV0146 Cantata 4 Recitativo (soprano) “Ach- wer doch schon im Himmel wär”
BWV0146 Cantata 5 Aria (soprano) “Ich säe meine Zähren”
BWV0146 Cantata 6 Recitativo (tenor) “Ich bin bereit”
BWV0146 Cantata 7 Duetto (tenor,bass) “Wie will ich mich freuen,wie will ich mich laben”
BWV0146 Cantata 8 Choral (coro) “Denn wer selig dahin fähret”
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 3, CD 15
—————————————————
BWV0147 Cantata 01 part 1 Chor “Herz und Mund und Tat und Leben”
BWV0147 Cantata 02 part 1 Recitativo (tenor) “Gebenedeiter Mund”
BWV0147 Cantata 03 part 1 Aria (alto) “Schäme dich,o Seele,nicht”
BWV0147 Cantata 04 part 1 Recitativo (bass) “Verstockung kann Gewaltige verblenden”
BWV0147 Cantata 05 part 1 Aria (soprano) “Bereite dir,Jesu,noch itzo die Bahn”
BWV0147 Cantata 06 part 1 Choral (coro) “Wohl mir,daß ich Jesum habe”
BWV0147 Cantata 07 part 2 Aria (tenor) “Hilf,Jesu,hilf,daß ich auch”
BWV0147 Cantata 08 part 2 Recitativo (alto) “Der höchsten Allmacht Wunderhand”
BWV0147 Cantata 09 part 2 Aria (bass) “Ich will von Jesu Wundern singen”
BWV0147 Cantata 10 part 2 Choral (coro) “Jesus bleibet meine Freude”
BWV0148 Cantata 1 Concerto “Bringet dem Herrn Ehre seines Namens”
BWV0148 Cantata 2 Aria (tenor) “Ich eile,die Lehren des Lebens zu hören”
BWV0148 Cantata 3 Recitativo (alto) “So wie der Hirsch nach frischem Wasser schreit”
BWV0148 Cantata 4 Aria (alto) “Mund und Herze steht dir offen”
BWV0148 Cantata 5 Recitativo (tenor) “Bleib auch,mein Gott,in mir”
BWV0148 Cantata 6 Choral (coro) “Amen zu aller Stund”
Como devem ter percebido ao longo de todo esse tempo em que venho postando obras de Pärt, boa parte de sua produção musical é profundamente religiosa. A Berliner Messe que vem completa neste álbum, na ótima interpretação de Paul Hillier, nos lembra o cantochão tradicional (sobre o qual discuti aqui), mas com aquele toque de tintinnabuli que tanto nos agrada.
A beleza deste álbum está na sutileza e na beleza de sua religiosidade, portanto tentar escutá-lo buscando qualquer outra tendência “modernosa” que Pärt geralmente tem, por exemplo, em suas obras orquestrais ou camerísticas, não vai satisfazer o ouvinte afoito.
Além da Missa, reparem na beleza do Ode IX da Kanon Pokajanen. Trarei ela completa em breve, só aguardo o espírito necessário para escutá-la inteira de uma só vez. Infelizmente não estará na interpretação de Hillier, que neste álbum, conseguiu fazer um trabalho excelente (como lhe é de costume quando o assunto é Arvo Pärt).
Arvo Pärt (1935): I Am The True Vine
01 Bogoróditse dyévo (Hail Mary), for chorus
02 I Am the True Vine, for chorus
03 Ode IX: Nýnje k wam pribjegáju
04 The Woman with the Alabaster Box, for chorus
05 Tribute to Caesar, for chorus
Berliner Messe
06 Kyrie
07 Gloria
08 Erster Alleluiavers
09 Zweiter Alleluiavers
10 Veni Sancte Spiritus
11 Credo
12 Sanctus
13 Agnus Dei
Theatre of Voices
The Pro Arte Singers
Paul Hillier, conductor
O bom filho à casa torna. Para comemorar o Retorno do Chucruten, um CD primoroso que exalta a complexidade da harmonia e do contraponto na idade de ouro da polifonia, a Renascença.
Não é exagero dizer que, uma vez que a música se libertou dos grilhões monofônicos do cantochão, literalmente se esbaldou de sobrepor vozes. Nunca haviam comido mel, então, claro, se lambuzaram todos. E o resultado é, além de curioso, também incrivelmente convincente: motetos de 13, 16, 24 e até 40 vozes, cada uma com linhas melódicas distintas, criam um cluster harmônico que causam a impressão singular de estar diante de uma música ao mesmo tempo imemorial e moderna, extremamente antiga e nova: sensação de eternidade.
O moteto Qui Habitat de Josquin desPrez é uma das pérolas deste disco, 24 vozes que se sobrepõe, uma a uma, causando um curioso padrão de interferência sonoro de resultantes harmônicas e rítmicas. E, o carro-chefe do disco, o Spem in Allium de Thomas Tallis: 40 vozes. Um professor de música colega meu, que não conhecia a obra, ouviu-a numa instalação artística em Inhotim-MG, e achou ser uma peça contemporânea!
Utopia Triumphans
Thomas Tallis: Spem in alium
Constanzo Porta: Sanctus – Agnus Dei
Josquin Desprez: Qui habitat
Jean de Ockeghem: Deo gratias
Pierre de Manchicourt: Laudate Dominum
Giovanni Gabrieli: Exaudi me Domine
Alessandro Striggio: Ecce beatam lucem
Especialistas, se os houver por perto, podem começar a jogar pedras: há décadas discutem se estas “Vésperas de 1610” constituem uma das obras inaugurais do Barroco ou o canto-de-cisne da Renascença. Outros ainda podem dizer “Mas como! É óbvio que o barroco nasceu com a primeira ópera, a desaparecida Dafne, de Jacopo Peri, 13 anos antes. Ou com a primeira preservada, a Euridice do mesmo Peri, de 1600. Ou com o Orfeo do próprio Monteverdi, de 1607!”
Todos têm sua razão, é claro – mas o meu barroco nasceu em 1610 com esta coleção de 24 peças sacras usadas nos ofícios daquela inacreditável catedral emersa: São Marcos de Veneza.
Já os menos especialistas acostumados com Bach, Vivaldi, Händel, podem perguntar espantados: mas isto é barroco?! Pois bem: isto é, sim, o barroco – em sua brotação inicial: a música que, na comparação com as outras artes, mais merece o rótulo ‘barroco’!, e que envolve compositores como Schütz, Scheidt, Sweelinck, Frescobaldi. O barroco com que estamos acostumados, de 120, 140 anos mais tarde, é o fruto não apenas amadurecido mas já feito compota – da qual, deixo claro, me lambuzo!
Mas isto aqui… isto aqui pra mim nem é barroco nem nada: é uma viagem pra outro planeta. Quando ouvi a primeira vez já era acostumado com Schütz, uma coisa parecida – e linda – em sóbrias roupas marrons germânicas, pão de centeio em mesa de madeira… mas não conhecia nada dos ouros de Veneza, porto e porta do Oriente, e fiquei embasbacado diante do colorido intenso dos timbres, das vozes se lançando em arcos alucinados cheios de arabescos impossíveis, talvez último eco das glórias de Bizâncio…
Talvez vocês não achem nada disso – ainda mais que o efeito vai pegando aos poucos… – mas me permitam apontar uns highlights:Lauda Jerusalem (faixa 15): o que é isso, um negro spiritual?! Escutem as chamadas e respostas e as síncopes e me digam se não! Os ecos de metades de palavras que dialogam com a palavra original em Audi Coelum (39): gaudio/audio, orientalis/talis, solamen/amen – barroco é ISSO, senhores! O milagre de não só nos fazer acreditar em Deus (como se diz de Bach), mas até no “gracioso amor de Maria” no Ave Maris Stella (18); o Magnificat do começo ao fim (21-32), inclusive o mais espantoso Gloria Patri que já ouvi; e talvez mais que tudo o Duo Seraphim (36), com seu inusitado ornamento de notas repetidas em accelerando (canto de inhambu?!) e as imitações entre os dois serafins de Isaías, que viram três depois da intervenção do evangelista João afirmando a Trindade.
(Essa afirmação, que se dá sobretudo mediante o ‘Gloria Patri et Filio et Spiritui Sancto’ no fim de quase todas as peças, merece observação especial: um dos testemunhos que levaram o dramaturgo António José da Silva à fogueira da Inquisição em 1739 foi o de que teria sido ouvido recitando salmos sem o Gloria Patri cristianizante ao final – e isso era prova bastante de que se mantinha secretamente fiel ao judaísmo…)
Quanto a esta realização, acho que às vezes McCreesh se precipita um pouco, que podia respirar e contemplar um pouco mais, mas apesar disso acho que no conjunto ainda não ouvi melhor. Cabe advertir que ele buscou sugerir um ofício religioso real, mudando aqui e ali a ordem “de espetáculo” que se costuma dar às peças, e intercalando 12 passagens em gregoriano e 4 solos de órgão – estes emprestados dos contemporâneos Giovanni Paolo Cima, Ercole Pasquini e Adriano Banchieri, mais uma improvisação -, com o que as 24 peças viraram 40 faixas. Para facilitar, destaco as peças propriamente das Vésperas em negrito, nas listas abaixo.
Os textos se encontram no livreto postado junto com o CD1, que também traz entrevista de McCreesh. Por uma falha do escaneador, falta o da faixa 18, Ave Maris Stella, que pode ser consultado AQUI enquanto não resolvemos isso. E boa viagem!
MONTEVERDI: VESPRO DELLA BEATA VERGINE
(Vésperas de 1610)
01. Deus, in adiutorium meum intende (Salmo 69[70]:2)
02. Missus est angelus (gregoriano)
03. Dixit Dominus (Salmo 109[110])
04. Nigra sum (Cântico dos Cânticos 1:4, 2:3, 2:11-12)
05. Ave Maria gratia plena (gregoriano)
06. Laudate pueri (Salmo 112[113])
07. Canzon Quarta: La Pace (Cima)
08. Ne timeas Maria (gregoriano)
09. Laetatus sum (Salmo 121[122])
10. Toccata (Pasquini)
11. Dabit ei Dominus (gregoriano)
12. Nisi Dominus (Salmo 126[127])
13. Secondo Dialogo (Banchieri)
14. Ecce ancilla Domini (gregoriano)
15. Lauda Jerusalem (Salmo 147[147:12 ss])
16. Pulchra es (Cântico dos Cânticos 6:3-4)
17. Ecce virgo concipiet (gregoriano)
18. Ave Maris Stella (hino mariano medieval)
19. Ave Maria gratia plena (gregoriano)
20. Spiritus Sanctus (gregoriano)
21. Magnificat (Lucas 1:46 ss, até faixa 30)
22. Et exsultavit
23. Quia respexit
24. Quia fecit mihi magna
25. Et misericordia
26. Fecit potentiam
27. Deposuit potentes de sede
28. Esurientes implevit bonis
29. Suscepit Israel
30. Sicut locutus est (Lucas 1:55)
31. Gloria Patri
32. Sicut erat in principio
33. Sonata sopra Sancta Maria
34. Dominus vobiscum – Deus, qui de beatae Mariae (gregoriano)
35. Dominus vobiscum – Benedicamus Domino (gregoriano)
36. Duo seraphim (Isaias 6:3, I João 5:7-8)
37. Fidelium animae (gregoriano)
38. Organ improvisation
39. Audi caelum (poema mariano)
40. Divinum auxilium (gregoriano)
Gabrieli Consort & Players dirigidos por Paul McCreesh.
Tessa Bonner e Susan Hemington Jones, sopranos;
Joseph Cornwell e Charles Daniels, tenores; Peter Harvey, barítono.
Gravado na Tonbridge Chapel, Tonbridge, Inglaterra, em novembro de 2005
Que sorte a nossa, né? Vivaldi escreveu 477 concertos e parece que a grande maioria é de coisas legais. Este disco da sensacional Hyperion é uma perfeição. Belas interpretações de alguns concertos conhecidos — e de alguns desconhecidos — com instrumentos originais, senso de estilo impecável e…, enfim, tudo está lindo. É impossível não ficar um pouco mais feliz após a audição. Um bom início de fim-de-semana para todos os pequepianos!
Antonio Vivaldi (1678-1741): Concertos para Flauta
1. Recorder (Flute) Concerto, for recorder or flute, strings & continuo in C minor, RV 441: Allegro non molto
2. Recorder (Flute) Concerto, for recorder or flute, strings & continuo in C minor, RV 441: Largo
3. Recorder (Flute) Concerto, for recorder or flute, strings & continuo in C minor, RV 441: (Allegro)
4. Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in C major, RV 444: Allegro non molto
5. Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in C major, RV 444: Largo
6. Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in C major, RV 444: Allegro molto
7. Chamber Concerto, for recorder, 2 violins & continuo in A minor, RV 108: Allegro
8. Chamber Concerto, for recorder, 2 violins & continuo in A minor, RV 108: Largo
9. Chamber Concerto, for recorder, 2 violins & continuo in A minor, RV 108: Allegro
10. Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in A minor, RV 445: Allegro
11. Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in A minor, RV 445: Larghetto
12. Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in A minor, RV 445: (Allegro)
13. Recorder Concerto, for recorder, strings & continuo in F major, RV 442: Allegro non molto
14. Recorder Concerto, for recorder, strings & continuo in F major, RV 442: Largo e cantabile
15. Recorder Concerto, for recorder, strings & continuo in F major, RV 442: Allegro
16. Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in C major, RV 443: (Allegro)
17. Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in C major, RV 443: Largo
18. Piccolo (Flautino) Concerto, for piccolo (or recorder/flute), strings & continuo in C major, RV 443: Allegro molto
Peter Holtslag, flauta
The Parley of Instruments
Peter Holman
Extraordinárias as Cantatas BWV 130 e 137. A curta Cantata BWV 137 é das mais perfeitas obras de J. S. Bach.
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 3, CD 10
—————————————————
BWV0128 Cantata 1 Coro “Auf Christi Himmelfahrt allein”
BWV0128 Cantata 2 Recitativo (tenor) “Ich bin bereit,komm,hole mich”
BWV0128 Cantata 3 Aria (bass) “Auf,auf,mit hellem Schall”
BWV0128 Cantata 4 Aria (Duetto) (alto,tenor) “Sein Allmacht zu ergründen”
BWV0128 Cantata 5 Choral (coro) “Alsdenn so wirst du mich”
BWV0129 Cantata 1 Coro “Gelobet sei der Herr,mein Gott,mein Licht”
BWV0129 Cantata 2 Aria (bass) “Gelobet sei der Herr,mein Gott,mein Heil”
BWV0129 Cantata 3 Aria (soprano) “Gelobet sei der Herr,mein Gott,mein Trost”
BWV0129 Cantata 4 Aria (alto) “Gelobet sei der Herr,mein Gott,der ewig lebet”
BWV0129 Cantata 5 Choral (coro) “Dem wir das Heilig itzt mit Freuden lassen klingen”
BWV0130 Cantata 1 Coro “Herr Gott,dich loben alle wir”
BWV0130 Cantata 2 Recitativo (alto) “Ihr heller Glanz”
BWV0130 Cantata 3 Aria (bass) “Der alte Drache brennt vor Neid”
BWV0130 Cantata 4 Recitativo (soprano,tenor) “Wohl aber uns”
BWV0130 Cantata 5 Aria (tenor) “Laß,o Fürst der Cherubinen”
BWV0130 Cantata 6 Choral (coro) “Darum wir billig loben dich”
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 3, CD 12
—————————————————
BWV0134 Cantata 1 Recitativo (alto,tenor) “Ein Herz,das seinen Jesum lebend weiß”
BWV0134 Cantata 2 Aria (tenor) “Auf,Gläubige,singet die lieblichen Lieder”
BWV0134 Cantata 3 Recitativo (alto,tenor) “Wohl dir,Gott hat an dich gedacht”
BWV0134 Cantata 4 Aria (Duetto) (tenor,alto) “Wir danken,wir preisen dein brünstiges Lieben”
BWV0134 Cantata 5 Recitativo (alto,tenor) “Doch wirke selbst den Dank in unserm Munde”
BWV0134 Cantata 6 Coro “Erschallet,ihr Himmel,erfreue dich,Erde”
BWV0135 Cantata 1 Coro “Ach Herr,mich armen Sünder”
BWV0135 Cantata 2 Recitativo (tenor) “Ach heile mich,du Arzt der Seelen”
BWV0135 Cantata 3 Aria (tenor) “Tröste mir,Jesu,mein Gemüte”
BWV0135 Cantata 4 Recitativo (alto) “Ich bin von Seufzen müde”
BWV0135 Cantata 5 Aria (bass) “Weicht,all ihr Übeltäter”
BWV0135 Cantata 6 Choral (coro) “Ehr sei ins Himmels Throne”
BWV0136 Cantata 1 Coro “Erforsche mich,Gott,und erfahre mein Herz”
BWV0136 Cantata 2 Recitativo (tenor) “Ach,daß der Fluch”
BWV0136 Cantata 3 Aria (alto) “Es kommt ein Tag”
BWV0136 Cantata 4 Recitativo (bass) “Die Himmel selber sind nicht rein”
BWV0136 Cantata 5 Aria (Duetto) (tenor,bass) “Uns treffen zwar der Sünden Flecken”
BWV0136 Cantata 6 Choral (coro) “Dein Blut,der edle Saft”
BWV0137 Cantata 1 Coro “Lobe den Herren”
BWV0137 Cantata 2 Aria (alto) “Lobe den Herren,der alles so herrlich regieret”
BWV0137 Cantata 3 Aria (Duetto) (soprano,bass) “Lobe den Herren,der künstlich und fein dich bereitet”
BWV0137 Cantata 4 Aria (tenor) “Lobe den Herren,der deinen Stand sichtbar gesegnet”
BWV0137 Cantata 5 Choral (coro) “Lobe den Herren,was in mir ist,lobe den Namen”
Berlioz é um compositor bastante singular: autor de obra relativamente breve, teve seu nome gravado na história da música não apenas pelo veio melódico que marcou os primórdios do romantismo, mas também pela inovação, ousadia e inventividade principalmente no quesito orquestração. Berlioz foi virtuose de apenas um instrumento: a orquestra sinfônica. Mas é uma obra de altos e baixos. Ao mesmo tempo grandiloquente e apelativa, ruidosa como apelo romântico, mas educada pela polidez francesa, é uma obra contraditória, e, contudo, fascinante.
Confesso que considero muitos de seus momentos tediosos, mas a originalidade na combinação de timbres acaba por deixar a maioria deles no ostracismo, revelando, afinal, um compositor de gênio.
Este é o caso desta obra, a Grande Sinfonia Fúnebre e Triunfal. Ofuscada pelos hits mais populares, como a Sinfonia Fantástica, Haroldo na Itália, o Réquiem ou o Te Deum, fora suas irresistíveis aberturas sinfônicas, apesar de não ter o mesmo apelo, não deixa a desejar no quesito originalidade. Escrita para uma grande orquestra de sopros (leia-se Banda Sinfônica), foi encomendada para comemorar o décimo aniversário da revolução de 1830, e seus enormes recursos instrumentais (exige 200 músicos e coro para uma execução que se destinava ao ar livre) limitam muito suas apresentações. Ademais, é uma obra dramática, contemplativa, pouco adequada à apresentações de Bandas, o que faz dela basicamente uma obra negligenciada. Felizmente temos a gravação. Só para constar, talvez a melhor frase que a defina tenha sido dita por Wagner, que estava na sua estréia: “extraordinária da primeira à última nota”.
O disco tem, de quebra, um monte de outras peças de compositores franceses, não muito contemporâneos de Berlioz, mas que escreveram música baseados no mesmo propósito: a Revolução Francesa e suas consequencias, incluindo uma excelente versão da Marselhesa. Vale cada minuto.
Berlioz: Grande Symphonie Funèbre Et Triomphale
Gossec: Symphonie Militaire
Jadin: Overture in F
Gossec: Marche Lugubre
Cherubini: Hymne à la Victoire
Lefevre: Hymne à l’Agriculture
Rouget de Lisle: Hymne à la liberté (La Marseillaise)
Hoje estreio mais um compositor contemporâneo no blog, o israelense filho de pais sírios que hoje mora na Austrália, Yitzhak Yedid.
O fato de ele ter pais que imigraram da síria não é irrelevante. É justamente a música árabe que ele tenta reproduzir aqui e em outras obras suas. E foi a partir do contato com a cultura árabe na Síria que seu estilo foi influenciado, especialmente o estilo da obra que os trago hoje.
É uma das melhores coisas que ouvi ultimamente. Pianista de jazz que ele é, poderemos em alguns momentos da obra nos perguntarmos: “É música judaica, árabe, ou jazz?” Segundo ele, são as três coisas.
Por mais improvável que possa ser, essa mistura dá certo. O que há de melhor das três culturas é colocado a serviço de uma música que além de muito bem composta, é muito bem improvisada. Melodias árabes e judias se alternam, confundindo-se e mostrando sua irmandade.
Semelhantemente à uma brincadeira que já havia sido feita por Arvo Pärt em Orient & Occident, aqui o compositor frequentemente alterna entre o ocidente moderno (neste caso, a improvisação do Jazz), e o oriente (neste caso, o tipo de harmonia da música árabe e da música judaica). E como podem ver pelos nomes dos trechos dos movimentos, o compositor tenta a todo momento suscitar imagens e a contar uma história. Confesso não ter prestado tanta atenção no que Yitzhak tenta contar a partir dos títulos, deixarei isso para uma próxima audição. No momento, a música dele por si só já é deliciosamente instigante.
Yitzhak Yedid (1971):
Arabic Violin Bass Piano Trio: Suite in Four Movements
First Movement
01 Taqsim, dedicated to the day of tomorrow (01:59)
02 The image of an old weary man (04:14)
03 The pianist’s gaze (01:49)
04 Poetic fractions (02:34)
05 Evolution of hatred and bitterness (02:53)
06 His final request (01:01)
Second Movement
07 The High Priest’s whispered prayer on Yom Kippur as he leaves the Holy of Holies (06:43)
08 The dancers’ gleeful cries (01:17)
09 Olive branches in the candelabra (00:10)
10 Belly dancing in an imaginary cult ritual (00:42)
11 Eruption (01:01)
12 “And thus would he count” (00:25)
13 An even more powerful eruption (00:44)
14 “One, one and one, one and two, one and three, one and four, one and five” (04:15)
Third Movement
15 Image of a homeless Holocaust survivor on the streets of Tel Aviv (04:40)
16 The double bassist’s voice (03:24)
17 Awakening the dead (02:14)
18 An Israeli chorale, dedicated to the Holocaust survivor (02:29)
Fourth Movement
19 Cries of joy (00:23)
20 The violinist’s gaze (03:20)
21 Hallucinatory Debka dance (02:19)
22 Magic of a sensual belly dancer (01:37)
23 And again the cries (00:31)
24 The image of the old man from the First Movement (04:04)
25 The madness of creation (01:50)
26 Epilogue: the prayer of purification (02:46)
Yitzhak Yedid, piano
Sami Kheshaiboun, arabic violin
Ora Boasson Horev, double bass
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 3, CD 5
—————————————————
BWV0112 Cantata 1 Coro “Der Herr ist mein getreuer Hirt”
BWV0112 Cantata 2 Aria (alto) “Zum reinen Wasser er mich weist”
BWV0112 Cantata 3 Recitativo (bass) “Und ob ich wandelt im finstern Tal”
BWV0112 Cantata 4 Duetto (soprano,tenor) “Du bereitest für mir einen Tisch”
BWV0112 Cantata 5 Choral (coro) “Gutes und die Barmherzigkeit”
Voices of Nature é um álbum com obras para vozes tanto de Pärt quanto de Schnittke.
O destaque aqui fica com o belíssimo e profundo Concerto para Coro de Schnittke. Se vocês ouviram o álbum do Kronos Quartet com obras de Schnittke, vocês notarão que o segundo movimento do concerto é o belíssimo Collected Songs Where Every Verse Is Filled With Grief.
Além disso, temos algumas obras pequenas dos dois compositores as quais não são tão valiosas, embora também belas.
E para os conservadores, não se preocupem, Schnittke no concerto deste álbum não utiliza de seu famoso poliestilismo.
Voices of Nature
Alfred Schnittke (1934-1998):
Concert for Choir
01 I
02 II
03 III
04 IV
05 Voices of Nature for ten women’s voices and vibraphone
Muitas obras musicais são caixinhas de surpresa de sentimentos: felicidade, melancolia, nostalgia, tristeza, raiva, euforia, entre outros. A maioria se situa entre a felicidade, que geralmente (mas nem sempre) está atrelada aos tons maiores (ré maior, fá maior, etc.) e a tristeza (ré menor, dó menor, etc.).
Se navegamos pelas músicas do período clássico e romântico, é muito fácil identificar os sentimentos da música em algum lugar entre esses dois polos, felicidade e tristeza. Na virada para o século XX, isso fica mais difícil entre os românticos tardios. No início do século XX, os compositores modernos nos deleitam com novos sentimentos até então pouco explorados, o suspense na Sagração de Stravinsky, e não bem um sentimento, mas imagens nostálgicas, nas obras de Debussy.
Mas o que até então eu nunca tinha experimentado, embora trilhas sonoras de filmes já tenham chegado perto, é terror. Terror no sentido mais puro da palavra, terror de verdade, da morte, da dor, uma mistura de medo e desespero em algo muito pior. Isso puramente a partir da música, não da mistura de sensações que os filmes nos trazem.
BY THE THROAT, lançado em 2009 pelo compositor e produtor musical Ben Frost, que apesar de ser australiano vive na Islândia, é uma experiência musical ímpar. Este álbum une a beleza de uma melodia levemente nostálgica com o terror de um ambiente criado pela música.
Um internauta desreveu soberbamente essa experiência auditiva:
“(…)And with this latest [album], the chills rise up my spine and hold me, in perpetual, electric shock. The cover art alone puts into my mind the images of my final moments, lying naked on the snow, steam rising from the breath of a hungry wolf, his teeth sunk into my throat. And the track titles do not let up. Through The Glass Of The Roof, Through The Roof Of Your Mouth, Through The Mouth Of Your Eye. And the music? Dark grinding metallic strings scratched through distorted pads, deep breaths, growls, and choking melodies. The intensity of the bass and guitar riffs create instant goose bumps, tickling the inside of my ears, and clawing at my chest. White knuckled at the seat, I think I accidentally scratched a healing scab off of my back and now I’m bleeding through this white collar shirt, the tie restricting my cries. Let me out! I’ve heard some dark and terrifying ambiance in my lifetime, but Frost’s onslaught is incredible(…)”
Recomendo que os senhores ouçam sozinhos, em casa e principalmente, no escuro. Como diz no final de seu comentário o ouvinte que citei acima, após terminar, vocês vão desejar voltar à sentir a angústia da melodia do piano, e o terror de toda essa experiência.
Ben Frost (1980): BY THE THROAT
01 Killshot
02 The Carpathians
03 Ó God Protect Me
04 Híbakúsja
05 Untitled Transient
06 Peter Venkman Part I
07 Peter Venkman Part II
08 Leo Needs A New Pair Of Shoes
09 Through The Glass Of The Roof
10 Through The Roof Of Your Mouth
11 Through The Mouth Of Your Eye
Sam Amidon, Featured Artist
Amiina Cello; Featured Artist, Viola, Violin
Paul Corley; Engineer, Percussion, Prepared Piano, Programming
Russell Fawcus, Strings
Jeremy Gara, Percussion
Borgar Magnason, Bass (Upright)
Nico Muhly; Harpsichord, Prepared Piano
Eu acho que não sou um nostálgico. Ou então gosto tanto de gravações com instrumentos originais, que só vejo vantagens nesta gravação dos Concerti Grossi, Op. 6, em relação aos exageros de Karl Richter que ouvia nos anos 60-70. Fazer o quê?
Este é um imenso trabalho que abiscoitou prêmios de várias revistas por aê. E mereceu. O desempenho do Avison Ensemble, principalmente nos concertos finais desta série é realmente estupendo. Eis um disco que me deixou muito feliz.
Georg Friedrich Händel (1685 -1759): Concerti Grossi Opus 6
1. Opus 6 No. 1 in G major, HWV 319 – I. A tempo giusto 1:35
2. Opus 6 No. 1 in G major, HWV 319 – II. Allegro 1:44
3. Opus 6 No. 1 in G major, HWV 319 – III. Adagio 2:34
4. Opus 6 No. 1 in G major, HWV 319 – IV. Allegro 2:35
5. Opus 6 No. 1 in G major, HWV 319 – V. Allegro 2:52
6. Opus 6 No. 2 in F major, HWV 320 – I. Andante larghetto 4:10
7. Opus 6 No. 2 in F major, HWV 320 – II. Allegro 2:19
8. Opus 6 No. 2 in F major, HWV 320 – III. Largo 2:08
9. Opus 6 No. 2 in F major, HWV 320 – IV. Allegro, ma non troppo 2:24
10. Opus 6 No. 3 in E minor, HWV 321 – I. Larghetto affettuoso 1:05
11. Opus 6 No. 3 in E minor, HWV 321 – II. Andante 1:29
12. Opus 6 No. 3 in E minor, HWV 321 – III. Allegro 2:25
13. Opus 6 No. 3 in E minor, HWV 321 – IV. Polonaise: Andante 4:58
14. Opus 6 No. 3 in E minor, HWV 321 – V. Allegro, ma non troppo 1:20
15. Opus 6 No. 4 in A minor, HWV 322 – I. Larghetto affettuoso 2:43
16. Opus 6 No. 4 in A minor, HWV 322 – II. Allegro 2:58
17. Opus 6 No. 4 in A minor, HWV 322 – III. Largo, e piano 2:23
18. Opus 6 No. 4 in A minor, HWV 322 – IV. Allegro 2:58
19. Opus 6 No. 5 in D major, HWV 323 – I. (No marking) 1:32
20. Opus 6 No. 5 in D major, HWV 323 – II. Allegro 2:14
21. Opus 6 No. 5 in D major, HWV 323 – III. Presto 4:03
22. Opus 6 No. 5 in D major, HWV 323 – IV. Largo 2:07
23. Opus 6 No. 5 in D major, HWV 323 – V. Allegro 2:12
24. Opus 6 No. 5 in D major, HWV 323 – VI. Menuet 3:03
25. Opus 6 No. 6 in G minor, HWV 324 – I. Larghetto e affettuoso 3:18
26. Opus 6 No. 6 in G minor, HWV 324 – II. Allegro, ma non troppo 1:38
27. Opus 6 No. 6 in G minor, HWV 324 – III. Musette: Larghetto 5:01
28. Opus 6 No. 6 in G minor, HWV 324 – IV. Allegro 3:03
29. Opus 6 No. 6 in G minor, HWV 324 – V. Allegro 2:27
30. Opus 6 No. 7 in B-flat major, HWV 325 – I. Largo 0:56
31. Opus 6 No. 7 in B-flat major, HWV 325 – II. Allegro 2:58
32. Opus 6 No. 7 in B-flat major, HWV 325 – III. Largo, e piano 3:08
33. Opus 6 No. 7 in B-flat major, HWV 325 – IV. Andante 3:47
34. Opus 6 No. 7 in B-flat major, HWV 325 – V. Hornpipe 3:14
35. Opus 6 No. 8 in C minor, HWV 326 – I. Allemande 6:34
36. Opus 6 No. 8 in C minor, HWV 326 – II. Grave 1:33
37. Opus 6 No. 8 in C minor, HWV 326 – III. Andante allegro 1:55
38. Opus 6 No. 8 in C minor, HWV 326 – IV. Adagio 1:03
39. Opus 6 No. 8 in C minor, HWV 326 – V. Siciliana 3:31
40. Opus 6 No. 8 in C minor, HWV 326 – VI. Allegro 1:26
41. Opus 6 No. 9 in F major, HWV 327 – I. Largo 1:31
42. Opus 6 No. 9 in F major, HWV 327 – II. Allegro 3:53
43. Opus 6 No. 9 in F major, HWV 327 – III. Larghetto 3:20
44. Opus 6 No. 9 in F major, HWV 327 – IV. Allegro 1:46
45. Opus 6 No. 9 in F major, HWV 327 – V. Menuet 1:20
46. Opus 6 No. 9 in F major, HWV 327 – VI. Gigue 2:13
47. Opus 6 No. 10 in D minor, HWV 328 – I. Ouverture 1:29
48. Opus 6 No. 10 in D minor, HWV 328 – II. Allegro 2:12
49. Opus 6 No. 10 in D minor, HWV 328 – III. Lento 2:58
50. Opus 6 No. 10 in D minor, HWV 328 – IV. Allegro 2:13
51. Opus 6 No. 10 in D minor, HWV 328 – V. Allegro 2:45
52. Opus 6 No. 10 in D minor, HWV 328 – VI. Allegro moderato 1:49
53. Opus 6 No. 11 in A major, HWV 329 – I. Andante larghetto, e staccato 4:11
54. Opus 6 No. 11 in A major, HWV 329 – II. Allegro 1:43
55. Opus 6 No. 11 in A major, HWV 329 – III. Largo, e staccato 0:29
56. Opus 6 No. 11 in A major, HWV 329 – IV. Andante 4:27
57. Opus 6 No. 11 in A major, HWV 329 – V. Allegro 5:15
58. Opus 6 No. 12 in B minor, HWV 330 – I. Largo 1:59
59. Opus 6 No. 12 in B minor, HWV 330 – II. Allegro 2:53
60. Opus 6 No. 12 in B minor, HWV 330 – III. Larghetto, e piano 3:21
61. Opus 6 No. 12 in B minor, HWV 330 – IV. Largo 0:48
62. Opus 6 No. 12 in B minor, HWV 330 – V. Allegro 2:08
Pavlo Beznosiuk, regente e violino
The Avison Ensemble
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 2, CD 14
—————————————————
BWV0094 Cantata 1 Coro “Was frag ich nach der Welt”
BWV0094 Cantata 2 Aria (bass) “Die Welt ist wie ein Rauch und Schatten”
BWV0094 Cantata 3 Recitativo-Choral (tenor) “Die Welt sucht Ehr und Ruhm”
BWV0094 Cantata 4 Aria (alto) “Betörte Welt,betörte Welt”
BWV0094 Cantata 5 Recitativo-Choral (bass) “Wie Welt bekümmert sich”
BWV0094 Cantata 6 Aria (tenor) “Die Welt kann ihre Lust und Freud”
BWV0094 Cantata 7 Aria (soprano) “Es halt es mit der blinden Welt”
BWV0094 Cantata 8 Choral (coro) “Was frag ich nach der Welt”
BWV0095 Cantata 1 Coro-Recitativo (tenor) “Christus,der ist mein Leben”
BWV0095 Cantata 2 Recitativo (soprano) “Nun,falsche Welt”
BWV0095 Cantata 3 Choral (soprano) “Valet will ich dir geben”
BWV0095 Cantata 4 Recitativo (tenor) “Ach könnte mir doch bald so wohl geschehen”
BWV0095 Cantata 5 Aria (tenor) “Ach schlage doch bald”
BWV0095 Cantata 6 Recitativo (bass) “Denn ich weiß dies”
BWV0095 Cantata 7 Choral (coro) “Weil du vom Tod erstanden bist”
BWV0096 Cantata 1 Coro “Herr Christ,der einge Gottessohn”
BWV0096 Cantata 2 Recitativo (alto) “O Wunderkraft der Liebe”
BWV0096 Cantata 3 Aria (tenor) “Ach,ziehe die Seele mit Seilen der Liebe”
BWV0096 Cantata 4 Recitativo (soprano) “Ach,führe mich,o Gott”
BWV0096 Cantata 5 Aria (bass) “Bald zur Rechten,bald zur Linken”
BWV0096 Cantata 6 Choral (coro) “Ertöt uns durch dein Güte”
A revalidação desta postagem é uma cortesia com chapéu alheio feita por Ranulfus, que não quer deixar de participar das comemoração dos 100 anos de Sagração de Primavera. Como esta realização pelo regente finlandês mexeu especialmente comigo quando o PQP postou em 15/11/2009, tomo a liberdade de trazê-la para a boca do palco sem nem perguntar ao proprietário. Noto que apesar de gostar muito de Mussorgski e de Bartók, não gosto das duas peças deles incluídas aqui, em particular. Ouvi-las ou não, é com vocês. Mas essa Sagração… ouçam e depois digam se não vale mesmo o atrevimento! (Ranulfus)
Esta gravação ao vivo é a estréia de Esa-Pekka Salonen no Walt Disney Concert Hall como regente titular da Filarmônica de Los Angeles. Foi em 2003. A obra central do concerto é a A Sagração da Primavera. O registro é um verdadeiro milagre na versão original, pois a acústica do teatro é impecável. A gravação capta a energia e a beleza deste trio de músicas agitadas e poderosas.
O finlandês Salonen (1958) dá, é claro, um show. É um grande regente. Certamente ficará, se me entendem.
Mussorgski: Uma noite no Monte Calvo / Bartók: O Mandarim Miraculoso / Stravinski: A Sagração da Primavera
1. Mussorgsky: Night on Bald Mountain (original version)
2. Bartók: The Miraculous Mandarin, op. 19, Sz. 73 (concert version)
3-16. Stravinsky: Le Sacre du printemps (version 1947)
Este grupo de Cantatas não é normal, em absoluto. Na minha opinião, aqui está a maior Cantata de Bach, a BWV 80, e algumas outras qie chegam perto desta em qualidade, como a Cantata-solo BWV 82, Ich habe genug. Informação utilíssima: vocês poderão reconhecer PQP Bach na rua quando seu telefone tocar. O toque é a ária Mit unser Macht. E quem dormir com PQP Bach será acordado pelo coral Und wenn die Welt voll Teufel wär. Eu não disse que eram informações de grande utilidade?
Este é, certamente, o melhor “Grupo de Cantatas” postado até aqui.
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 2, CD 10
—————————————————
BWV0079 Cantata 1 Coro “Gott,der Herr,ist Sonn und Schild”
BWV0079 Cantata 2 Aria (alto) “Gott ist unsre Sonn und Schild”
BWV0079 Cantata 3 Choral (coro) “Nun danket alle Gott”
BWV0079 Cantata 4 Recitativo (bass) “Gottlob,wir wissen den rechten Weg”
BWV0079 Cantata 5 Aria (soprano,bass) “Gott,ach Gott,verlaß die Deinen nimmermehr”
BWV0079 Cantata 6 Choral (coro) “Erhalt uns in der Wahrheit”
BWV0080 Cantata 1 Coro “Ein feste Burg ist unser Gott”
BWV0080 Cantata 2 Aria (soprano,bass) “Mit unser Macht”
BWV0080 Cantata 3 Recitativo (bass) “Erwäge doch,Kind Gottes”
BWV0080 Cantata 4 Aria (soprano) “Komm in mein Herzenshaus”
BWV0080 Cantata 5 Choral (coro) “Und wenn die Welt voll Teufel wär”
BWV0080 Cantata 6 Recitativo (tenor) “So stehe denn bei Christi blutgefärbten Fahne”
BWV0080 Cantata 7 Duetto (alto,tenor) “Wie selig sind doch die”
BWV0080 Cantata 8 Choral (coro) “Das Wort sie sollen lassen stahn”
BWV0081 Cantata 1 Aria (alto) “Jesus schläft,was soll ich hoffen”
BWV0081 Cantata 2 Recitativo (tenor) “Herr- warum trittest du so ferne”
BWV0081 Cantata 3 Aria (tenor) “Die schäumenden Wellen von Belials Bächen”
BWV0081 Cantata 4 Arioso (bass) “Ihr Kleingläubigen,warum seid ihr so furchtsam”
BWV0081 Cantata 5 Aria (bass) “Schweig,aufgetürmtes Meer”
BWV0081 Cantata 6 Recitativo (alto) “Wohl mir,mein Jesus spricht ein Wort”
BWV0081 Cantata 7 Choral (coro) “Unter deinen Schirmen”
BWV0082 Cantata 1 Aria (bass) “Ich habe genung”
BWV0082 Cantata 2 Recitativo (bass) “Ich habe genung- Mein Trost ist nur allein”
BWV0082 Cantata 3 Aria (bass) “Schlummert ein,ihr matten Augen”
BWV0082 Cantata 4 Recitativo (bass) “Mein Gott- wann kommt das schöne- Nun”
BWV0082 Cantata 5 Aria (bass) “Ich freue mich auf meinen Tod”
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 2, CD 11
—————————————————
BWV0083 Cantata 1 Aria (alto) “Erfreute Zeit im neuen Bunde”
BWV0083 Cantata 2 Aria-Recitativo (bass) “Herr,nun lässest du deinen Diener in Friede fahren”
BWV0083 Cantata 3 Aria (tenor) “Eile,Herz,voll Freudigkeit”
BWV0083 Cantata 4 Recitativo (alto) “Ja,merkt dein Glaube noch viel Finsternis”
BWV0083 Cantata 5 Choral (coro) “Er ist das Heil und selig Licht”
BWV0084 Cantata 1 Aria (soprano) “Ich bin vergnügt mit meinem Glücke”
BWV0084 Cantata 2 Recitativo (soprano) “Gott ist mir ja nichts schuldig”
BWV0084 Cantata 3 Aria (soprano) “Ich esse mit Freuden mein weniges Brot”
BWV0084 Cantata 4 Recitativo (soprano) “Im Schweiße meines Agnesichts”
BWV0084 Cantata 5 Choral (coro) “Ich leb indes in dir vergnüget”
BWV0085 Cantata 1 Aria (bass) “Ich bin ein guter Hirt”
BWV0085 Cantata 2 Aria (alto) “Jesus ist ein guter Hirt”
BWV0085 Cantata 3 Choral (soprano) “Der Herr ist mein getreuer Hirt”
BWV0085 Cantata 4 Recitativo (tenor) “Wenn die Mietlinge schlafen”
BWV0085 Cantata 5 Aria (tenor) “Seht,was die Liebe tut”
BWV0085 Cantata 6 Choral (coro) “Ist Gott mein Schutz und treuer Hirt”
BWV0086 Cantata 1 Aria (bass) “Wahrlich,wahrlich,ich sage euch”
BWV0086 Cantata 2 Aria (alto) “Ich will doch wohl Rosen brechen”
BWV0086 Cantata 3 Choral (soprano) “Und was der ewig gütig Gott”
BWV0086 Cantata 4 Recitativo (tenor) “Gott macht es nicht gleich wie die Welt”
BWV0086 Cantata 5 Aria (tenor) “Gott hilft gewiß”
BWV0086 Cantata 6 Choral (coro) “Die Hoffnung wart’ der rechten Zeit”
—————————————————
Bach 2000 – Caixa 2, CD 12
—————————————————
BWV0087 Cantata 1 Aria (bass) “Bisher habt ihr nichts gebeten in meinem Namen”
BWV0087 Cantata 2 Recitativo (alto) “O Wort,das Geist und Seel erschreckt”
BWV0087 Cantata 3 Aria (alto) “Vergib,o Vater,unsre Schuld”
BWV0087 Cantata 4 Recitativo (tenor) “Wenn unsre Schuld bis an den Himmel steigt”
BWV0087 Cantata 5 Aria (bass) “In der Welt habt ihr Angst”
BWV0087 Cantata 6 Aria (tenor) “Ich will leiden,ich will schweigen”
BWV0087 Cantata 7 Choral (coro) “Muß ich sein betrübet”
BWV0088 Cantata 1 part 1 Aria (bass) “Siehe,ich will viel Fischer aussenden”
BWV0088 Cantata 2 part 1 Recitativo (tenor) “Wie leichtlich könnte doch der Höchste uns entbehren”
BWV0088 Cantata 3 part 1 Aria (tenor) “Nein,Gott ist allezeit geflissen”
BWV0088 Cantata 4 part 2 Recitativo-Aria (tenor,bass) “Jesus sprach zu Simon”
BWV0088 Cantata 5 part 2 Duetto (soprano,alto) “Beruft Gott selbst,so muß der Segen”
BWV0088 Cantata 6 part 2 Recitativo (soprano) “Was kann dich denn in deinem Wandel schrecken”
BWV0088 Cantata 7 part 2 Choral (coro) “Sing,bet und geh auf Gottes Wegen”
BWV0089 Cantata 1 Aria (bass) “Was soll ich aus dir machen,Ephraim”
BWV0089 Cantata 2 Recitativo (alto) “Ja,freilich sollte Gott”
BWV0089 Cantata 3 Aria (alto) “Ein unbarmherziges Gerichte”
BWV0089 Cantata 4 Recitativo (soprano) “Wohlan- mein Herze legt Zorn”
BWV0089 Cantata 5 Aria (soprano) “Gerechter Gott,ach,rechnest du”
BWV0089 Cantata 6 Choral (coro) “Mir mangelt zwar sehr viel”
BWV0090 Cantata 1 Aria (tenor) “Es reißet euch ein schrecklich Ende”
BWV0090 Cantata 2 Recitativo (alto) “Des Höchsten Güte wird von Tag zu Tage neu”
BWV0090 Cantata 3 Aria (bass) “So löschet im Eifer der rächende Richter”
BWV0090 Cantata 4 Recitativo (tenor) “Doch Gottes Auge sieht auf uns als Auserwählte”
BWV0090 Cantata 5 Choral (coro) “Leit uns mit deiner rechten Hand”
Já declarei inúmeras vezes serem estas gravações do então jovem Stephen Kovacevich com o Colin Davis regendo a Sinfônica de Londres as minhas favoritas dentre as dezenas de gravações já realizadas destas obras e que já tive a oportunidade de ouvir. Kovacevich explora as nuances e detalhes destas complexas e dificílimas obras como poucos. Colocaria talvez no mesmo patamar dois gigantes do nível de Emil Gilels e Sviatoslav Richter que também realizaram gravações históricas destes concertos. Posso estar exagerando, pois tenho meus motivos particulares e pessoais para gostar tanto delas, e que não vem ao caso discutir, mas reforço, trata-se de gosto pessoal e particular.
Amo estes concertos, talvez ainda mais o segundo, e com certeza eles estão entre as maiores obras já compostas para esta formação piano / orquestra.
Então para os que não conhecem, sugiro sentarem-se em suas melhores poltronas, abrirem uma garrafa de um bom vinho e apreciarem a música.
01. Piano Concerto No. 1 in D minor, Op. 15, 1. Maestoso – Poco più moderato
02. Piano Concerto No. 1 in D minor, Op. 15, 2. Adagio
03. Piano Concerto No. 1 in D minor, Op. 15, 3. Rondo (Allegro non troppo)
04. Piano Concerto No.2 In B Flat, Op.83, 1. Allegro non troppo
05. Piano Concerto No.2 In B Flat, Op.83, 2. Allegro appassionato
06. Piano Concerto No.2 In B Flat, Op.83, 3. Andante – Più adagio
07. Piano Concerto No.2 In B Flat, Op.83, 4. Allegretto grazioso – Un poco più presto
Stephen Kovacevich – Piano
London Symphony Orchestra
Colin Davis – Conductor
Vivaldi, Vivaldi, Vivaldi… escrevo este nome envolto em coraçõezinhos. Sim. Paixão assumidíssima de séculos. O barroco musical não tem fim e dentro deste infinito outro infinito se desdobra: a música do Padre Ruivo. Uma das maiores asneiras já proferidas no mundo da música veio do velho gafanhoto Stravinsky, quando pontificou que Vivaldi escrevera dezenas de vezes o mesmo concerto. Já vi maestros reafirmando isso, e com isso asseverando a própria ausência de conhecimento e o que é pior, falta de gosto, pois que a beleza e a variedade na música de Vivaldi afloram constantes e em assustadora profusão. É inesgotável. Qualquer audição minimamente atenta de As Estações e dos Concertos do Opus 10 para flauta evidenciará a variedade das criações de Vivaldi – guardadas, naturalmente, as similaridades estilísticas próprias; afinal, é o mesmo compositor! Mas podemos encontrar uma desculpa para a asneira do velho gafanhoto, afinal, quando ele ouviu Vivaldi, este ainda estava em fase de descoberta pelo mundo da música europeia; ouviu dois ou três concertos, decerto com evidente má vontade. Ademais, é preciso considerar que Stravinsky, ainda jovem, devia estar de tal forma envolvido no afã de suas novas ambições estéticas que jamais iria parar para saber melhor sobre um obscuro padreco veneziano com fama de libertino, regente de uma orquestra de garotas talentosas. Tenho centenas de discos de Vivaldi e vez por outra ainda me aparecem novidades. Este que vos trago é um disco soberbo. Interpretação serena, porém intensa. Não tem o ímpeto do grupo Giardino Armonico, nem a grandiloquência do I Musici, mas também está longe das interpretações asmáticas de Fabio Biondi. Um disco honestíssimo, e que escolha de repertório! Concertos de absoluta beleza e engenho, alguns me surpreenderam, afinal, eram novidades, mas também pela riqueza da escrita. Movimentos lentos arrasadores, lembrando um detalhe importante na história da música, pelo qual Vivaldi foi o primeiro compositor a conferir importância e intensidade melódica aos movimentos lentos. Antes tínhamos algo tipicamente corelliano e linear, um xaropinho de alface. Em lugar disso Vivaldi nos traz o mais encorpado e capitoso dos vinhos. O disco é de 2010 e promete obras inéditas: “Otto Concerti Solenni, first recordings”. Um deles, porém traz um tema conhecido, da série Il Pastor Fido (faixa 11); aqui reaparece desenvolvido e com uma relevante particularidade: é um concerto cíclico, o motivo melódico reaparece em todos os movimentos. Não é somente isso que encontramos nas obras de Vivaldi e que mais tarde seria atribuído aos períodos clássico e posteriores. Muito do arsenal composicional do período clássico, por exemplo, já se encontrava em Vivaldi e não sou eu que digo, mas autores como Roland de Candé e Michael Talbot. A gravação é excelente, nos permite perceber cada detalhe das criações do Reverendíssimo – para mim, Sua Santidade. A orquestra se denomina La Magnifica Comunità, regida por Enrico Casazza, também violino solista. Que mais dizer para exaltar a beleza desses concertos? Ouçamo-los, pois!
Vivaldi — Otto Concerti Solenni
Concerto For Strings And Basso Continuo In C Minor, RV 197
1 I. Allegro 3:31
2 II. Largo 2:39
3 III. Allegro 1:44
Sinfonia For Strings And Basso Continuo In A, RVAnh. 85
4 I. Allegro 2:07
5 II. Andante 2:47
6 III. Allegro 3:50
Concerto For Two Violins, Strings And Basso Continuo In G Minor, RV 155
7 I. Adagio 2:19
8 II. Allegro 3:49
9 III. Largo 3:38
10 IV. Allegro 4:19
Concerto For Strings And Basso Continuo In G Minor, RV 316
11 I. Allegro 2:31
12 II. Adagio 1:12
13 III. Fuga Da Capella: Allegro Alla Breve 1:53
Concerto For Strings And Basso Continuo In C, RV 185
14 I. Andante Molto E Spiccato 1:05
15 II. Allegro 2:28
16 III. Largo 1:27
17 IV. Allegro Non Molto 2:20
Concerto For Two Violins, Strings And Basso Continuo In D Minor, RV 247
18 I. Allegro 2:46
19 II. Grave 3:12
20 III. Allegro 3:01
Concerto For Strings And Basso Continuo In F, RV 292
21 I. Largo 2:28
22 II. Allegro 2:13
23 III. Adagio 0:49
24 IV. Allegro 4:13
Concerto For Strings And Basso Continuo In E Minor, RV 134
25 I. Allegro 2:46
26 II. Largo 1:30
27 III. Allegro 2:34
La Magnifica Comunità
Enrico Casazza – violin and diretor