TRILHA SONORA DO BAILE DE DEBUTANTES DE PQP BACH – André Rieu (1949) – Valses

TRILHA SONORA DO BAILE DE DEBUTANTES DE PQP BACH – André Rieu (1949) – Valses

(São 20h, preparem-se para o Baile.

PQP vai debutar!)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Estava absorto em meio aos afazeres do meu trabalho, mas o telefone insistia em tocar. Não quis atender nas primeiras vezes, pois vinha com DDI de outro país.

“Deve ser trote, golpe”, pensei.

De tanto que o aparelho insistia em vibrar, parecendo uma tupia em cima da minha mesa, resolvi aquiescer aos caprichos do telemóvel. Atendi.

Monsieur Pequepê? – uma voz estranha perguntou.

– Pois não? É ele – respondi, sem muita empolgação.

– Je soube que o senhorr está completando quinze anôs de seu maraveilleuse blog! Prrecisamos fazer uma comemorraciôn desse début!

“O que é isso? O Jacquin me ligando?”, imaginei franzindo o cenho e tapando o fone do aparelho…

– Sim… Mas… Quem é que está falando?!

– André Rieu, monsieur Pequepê! Non está me reconociendo?

– Baaaah… (entre perplexo e incrédulo, só me sobrou a exclamação).

– Non se prreocupe, monsieur Pequepê! Je já preparrê uma prrogramaciôn muito especial parra essa data ton festiva! Te enviê algo mui adequado parra este début! Una fête com um reperrtórrio todo especial parra sus quinze anôs de blog! Monsieur merece um début em gran estilô!

Tu tu tu tu tu…

Rieu desligou todo empolgado.

Fiquei de boca aberta olhando para as prateleiras por um tempo. Situação estranha! Bah!

Depois, conferindo meus e-mails, eis que a “programaciôn especial” de Rieu estava na minha caixa de entrada. Como, embora temperamental, eu não gosto de fazer desfeitas, está aí o presente que Monsieur Rieu preparou para o PQPBach na nossa festa de debutante!

PQP, 15 anos! Quem diria…

André Rieu (1949)
Valses (1997)

Dmitri Shostakovich (1906-1975)
1. Valsa nº 2
John Strauss IIFranz Léhar –  Emmerich Kálmán
2. Como um espírito alegre – Danúbio Azul – Rosas do Sul – Sangue Vienense – Lábios em silêncio – Quero dançar – Rosas do sul
Johann Strauss II (1825-1899)
3. Sob Trovões y relâmpagos
Anton Karas (1906-1985)
4. O terceiro homem
Emmerich Kálmán (1882-1953)
5. Ven Zigány
Josef Strauss (1827-1870)
6. Andorinhas da Áustria
Franz Léhar (1870-1948)
7. Canção de Vilja
Johann Strauss II (1825-1899)
8. Vida de artista
9. Marcha persa
Ralph Benatzky (1884-1957)
10. Em um Cavalo branco
Rudolf Sieczynski (1879-1952)
11. Viena, Viena, somente tu
Ferry Wunsch (1901-1963)
12. Heut’ kommen d’Engelrn auf urlaub nach Wien
Ludwig Gruber (1874-1964)
13. Minha mãe era vienense
Johann Strauss II (1825-1899)
14. Rosas do Sul

Gravado na Espanha
Johann Strauss Orchestra
André Rieu, regente
1997 (CD)

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…Mas comente… Comemore conosco…

Bisnaga (pensaram que era o PQP? Enganei vocês)

Aleksandr Glazunov (1865-1936): Chant Du Ménestrel / Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concerto para Violoncelo No. 2, Op. 126 – Mstislav Rostropovich – Boston Symphony Orchestra – Seiji Ozawa ֍

Aleksandr Glazunov (1865-1936): Chant Du Ménestrel / Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concerto para Violoncelo No. 2, Op. 126 – Mstislav Rostropovich – Boston Symphony Orchestra – Seiji Ozawa ֍

Glazunov: Chant Du Ménestrel

Shostakovich

Concerto para Violoncelo No. 2

Mstislav Rostropovich

Boston Symphony Orchestra

Seiji Ozawa

Se você vivesse no Norte do Paraná, nos fins da década de 70, quero dizer 1970, teria que ser ágil para comprar qualquer LP de música clássica que surgisse, caso este fosse seu interesse. LPs eram escassos e caros. Devo acrescentar que informações culturais não eram abundantes. Assim, o gosto musical do interessado era um pouco moldado pelas oportunidades – mais tentativa e erro, o método de aprendizado. Mas era imensamente divertido.

Eu já aprendera que o selo amarelo trazia conteúdo mais palatável e visitas constantes aos escassos pontos de venda acabavam rendendo novidades. O tempo dos sebos ainda estava por vir.

Em minha coleção havia desde coisas como Gypsy!, do Werner Müller and his Orchestra, com o phase4stereo spectacular, até o outro lado do espectro, com concertos para piano de Mozart interpretados por Pollini e Gilels, acompanhados pela mais mozartiana orquestra que eu conhecia, a Wiener Philharmonic, regida por Herr Böhm.

Nesta época, pouco mais, talvez, este disco (o da postagem, é claro… hahãmm)  cruzou meu caminho e desde logo propunha algo novo. O violoncelista eu conhecia de outro disco, com o Concerto de  Dvořák, acompanhado pela Berliner Philharmoniker regida pelo Herr Karajan. Mas aqui a luz era outra. O solista ostentando uma camisa de cowboy e o jovem regente com uma espécie de camisa indiana branca, com ares de hippie, demandava mais ousadia do propenso comprador. E o compositor da peça mais longa? Um ilustre, modernoso e desconhecido compositor russo. Sim, os LPs tinham as contracapas que eram lidas e relidas antes de qualquer movimento mais forte em direção da carteira…

A compra foi uma das mais ousadas e rendeu boas semanas de muitas audições, mesmo que carregadas de incertezas e levantamentos de sobrancelhas. É claro que tudo começa em grande estilo, o Canto do Menestrel do Glazunov, muito acessível. E bonito mesmo, para quem aprecia as românticas almas russas…

Mas o concerto de Shostakovich é bem mais inquietante e foi minha primeira experiência com música que precisamos conquistar antes de gostar. Começamos com uma espécie de lamento, e depois todas aquelas sonoridades percussivas rondando o canto do violoncelo. Bem, é preciso ouvir para entender.

Aprendi depois que o concerto havia sido composto pouco mais do que uma década antes daqueles dias e que o solista da gravação era a pessoa a quem o concerto fora dedicado e que também o havia estreado.

Descobri que o Concerto havia sido composto na última fase do compositor, que o havia completado enquanto se encontrava em um hospital, pois que já lhe falhava o coração.

A música é mais reflexiva do que extrovertida, coisa que vai bem com o violoncelo, e a orquestra, apesar de imensa, é usada com maestria e cuidado pelo compositor, evitando que o solista seja tragado por ela e possa se apresentar realmente como o protagonista.

Os dois últimos movimentos são ambos nomeados Allegretto e estão unidos nos arquivos em uma única faixa, pois a passagem de um para o outro se dá continuamente – attacca!

Alexander Glazunov (1865 – 1936)

Chant Du Ménestrel, para violoncelo e orquestra

  1. Chant Du Menestrel

Dmitri Shostakovich (1906 – 1975)

Concerto para Violoncelo No. 2, Op. 126

  1. Largo
  2. Allegretto – attacca; III. Allegretto

Mstislav Rostropovich, violoncelo

Boston Symphony Orchestra

Seiji Ozawa

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FLAC | 414 MB

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MP3 | 320 KBPS | 87 MB

Espero que a audição deste notável disco faça com que você reflita sobre as belezas das músicas que precisamos conquistar e que ao final lhe seja tão compensador como tem sido para mim, todas as vezes que a ele retorno.

Aproveite!

René Denon

A alegria dos dois grandes músicos ao saberem que o disco seria postado aqui no PQP Bach…

Integral das Sinfonias de Dmitri Shostakovich (1906-1975) com B. Haitink (CDs 6-11 de 11)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Atendendo a pedidos, com a lentidão habitual de nosso SAC, estamos trazendo pela primeira vez a integral de Shostakovich por Bernard Haitink, completa, inteirinha. (Pleyel, 2020)

Hoje é o Saint Patrick´s Day, dia de beber cerveja, então vamos a mais um lote de Shostas. (Céus, totalmente sem sentido). Mas está aí: a heróica e não tão boa sétima; a interessantísima e contrastante oitava e a programática e espetacular décima-primeira. Acho que fico por aqui mesmo. Esta coleção não foi muito baixada e da 12ª até a 14ª eu não tenho em CD, só em haitinkvinil. Tenho a 15ª, mas só gosto de lacunas a preencher em mulheres. Oh, sei, sempre esse odioso machismo!

Ontem ouvi os últimos CDs do Radiohead e dos Strokes. Olha, duas grandes bostas. O que a nova geração ouve de bom? No Brasil e no mundo, a música popular me parece tão, mas tão sem graça… (PQP, 2011)

Sinfonias de Dmitri Shostakovich com Bernard Haitink (CDs 6 a 11, de 11)
CD 6
Symphony No.7 In C Major, Op.60 Leningrad
1 I Allegretto
2 II Moderato (Poco Allegretto)
3 III Adagio
4 IV Allegro Non Troppo

London Philharmonic Orchestra

CD 7
Symphony No.8 In C Minor, Op.65

1 I Adagio
2 II Allegretto
3 III Allegro Non Troppo
4 IV Largo
5 V Allegretto

Concertgebouw Orchestra

CD 8
Symphony No.11 In G Minor, Op.103 ‘The Year 1905’
1 I Adagio: The Palace Square
2 II Allegro: 9 January
3 III Adagio: In Memoriam
4 IV Allegro Non Troppo: Tocsin

Concertgebouw Orchestra

CD 9
Symphony No.13 In B Flat Minor, Op.113 ‘Babi Yar’
1 I Adagio: Babi Yar
2 II Allegretto: Humour
3 III Adagio: In The Store
4 IV Largo: Fears
5 V Allegretto: A Career

Bass – Marius Rintzler
Choir – Gentlemen From The Choir Of The Concertgebouw Orchestra
Concertgebouw Orchestra

CD 10
Symphony No.14, Op.135
1 I De Profundis
2 II Malagueña
3 III Loreley
4 IV Le Suicidé
5 V Les Attentives I
6 VI Les Attentives II
7 VII À La Santé
8 VIII Réponse Des Cosaques Zaparogues…
9 IX O Delvig, Delvig
10 X Der Tod Des Dichters
11 XI Schluß-Stück

Concertgebouw Orchestra
Baritone – Dietrich Fischer-Dieskau
Soprano – Julia Varady

6 Poems Of Marina Tsvetaeva, Op.143a
12 I My Poems
13 II Such Tenderness
14 III Hamlet’s Dialogue With His Conscience
15 IV The Poet And The Tsar
16 V No, The Drum Beat
17 VI To Anna Akhmatova

Contralto – Ortrun Wenkel
Concertgebouw Orchestra

CD 11
Symphony No.15 In A Major, Op.141
1 I Allegretto
2 II Adagio — Largo — Adagio — Largo
3 III Allegretto
4 IV Adagio —Allegretto — Adagio — Allegretto

London Philharmonic Orchestra

From Jewish Folk Poetry, Op.79
5 I Lament For A Dead Infant
6 II Fussy Mummy And Auntie
7 III Lullaby
8 IV Before A Long Separation
9 V A Warning
10 VI The Deserted Father
11 VII A Song Of Poverty
12 VIII Winter
13 IX The Good Life
14 X A Girl’s Song
15 XI Happiness

Contralto – Ortrun Wenkel
Soprano – Elisabeth Söderström
Tenor – Ryszard Karczykowski
Concertgebouw Orchestra

Recording: 1978-1983

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Integral das Sinfonias de Dmitri Shostakovich (1906-1975) com B. Haitink (CDs 1-5 de 11)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Façam como P.Q.P. Bach: ouçam Shostakovich no Carnaval!

Meus amigos, a verdade que liberta e salva é a seguinte: eu sou um grande admirador de Bernard Haitink (1929). Em minha opinião, ele é um monstro da regência. Em suas gravações há assinaturas indeléveis: uma indiscutível musicalidade e um som especial. OK, você pensa que é o som do Concertgebouw, mas não é. Como é que ele o repete com a London Philharmonic? E quando ele se junta a compositores como Shostakovich, Mahler e Bruckner — que exigem som — , só para dar exemplos, o resultado é magnífico.

Então, passei a segunda e a terça de carnaval ouvindo suas gravações de Shostakovich. Aqui temos a juvenil e genial primeira sinfonia, escrita aos 20 anos de Shosta; a segunda e a terceira, corais e altamente experimentais, como tudo na época pré-stalinista; a monumental quarta, modelo para o que viria depois; a clássica quinta; a estranha sexta, que começa monumento e termina de forma sarcástica, mais parecendo um circo; a zombeteira e vingativa nona; a perfeita e assinada décima. Boa audição!

Sinfonias de Dmitri Shostakovich com Bernard Haitink (CDs 1 a 5, de 11)

CD 1
Symphony No.1 In F Minor, Op.10
1 I Allegretto – Allegro Non Troppo
2 II Allegro
3 III Lento
4 IV Allegro Molto – Lento – Allegro Molto

Symphony No.3 In E Flat Major, Op.20 ‘The First Of May’
5 I Allegretto – Allegro
6 II Andante
7 III Allegro – Largo
8 IV Moderato: ‘V Pervoye Pervoye Maya’

London Philharmonic Orchestra

CD 2
Symphony No.2 In B Major, Op.14 ‘To October – A Symphonic Dedication’
1 I Largo – Allegro Molto
2 II My Shli, My Prosili Raboty I Khleba

Symphony No.10 In E Minor, Op.93
3 I Moderato
4 II Allegro
5 III Allegretto
6 IV Andante – Allegro

London Philharmonic Orchestra
Choir – London Philharmonic Choir (Symphony No. 2)

CD 3
Symphony No.4 In C Minor, Op.43
1 I Allegretto Poco Moderato —
2 Presto
3 II Moderato Con Moto
4 III Largo —
5 Allegro

London Philharmonic Orchestra

CD 4
Symphony No.5 In D Minor, Op.47
1 I Moderato
2 II Allegretto
3 III Largo
4 IV Allegro Non Troppo

Symphony No.9 In E Flat Major, Op.70
5 I Allegro
6 II Moderato
7 III Presto
8 IV Largo
9 V Allegretto — Allegro

Concertgebouw Orchestra (Symphony No. 5)
London Philharmonic Orchestra (Symphony No. 9)

CD 5
Symphony No.6 In B Minor, Op.54
1 I Largo
2 II Allegro
3 III Presto

Symphony No.12 In D Minor, Op.112 ‘The Year 1917’
4 I Revolutionary Petrograd
5 II Razliv
6 III Aurora
7 IV The Dawn Of Humanity

Concertgebouw Orchestra

Recording: 1977-1983

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Haitink em 1984

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): 24 Prelúdios e Fugas, Op. 87 / Ronald Stevenson (1928-2015): Passacaglia On DSCH (Levit)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): 24 Prelúdios e Fugas, Op. 87 / Ronald Stevenson (1928-2015): Passacaglia On DSCH (Levit)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Igor Levit é uma estrela recente da música erudita. Aos 34 anos, ele encabeça a lista dos melhores pianistas jovens do mundo. O grande Alex Ross, em artigo recentemente publicado na revista The New Yorker, afirmou: “Levit é um pianista como nenhum outro”. E acrescentou: “Outros pianistas da geração de Levit podem ter alcançado mais fama mercadológica — como Lang Lang e Yuja Wang –, mas nenhum deles possui uma estatura artística, cultural e mesmo política, comparável à dele”. Verdade. Levit é um artista que combina inteligência aguda, sensibilidade e talento técnico. Um caso raro, infelizmente.

Bem, há dois anos, Igor Levit dedicou um recital no Wigmore Hall à enorme Passacaglia sobre DSCH, de Ronald Stevenson. Foi uma execução extraordinária e inesquecível de uma das obras mais singulares do repertório pianístico do século XX, uma peça musical de 80 minutos, composta entre 1960 e 1963, que contém toda uma gama de formas menores, utilizando o tema DSCH, a “grafia” musical (Ré, Mi bemol, Dó, Si natural) das iniciais de Dmitri Shostakovich — em alemão Schostakovich — como base.

A gravação de Levit da Passacaglia é tão magnífica quanto foi ao vivo e ela combina à perfeição com o conjunto igualmente épico de 24 Prelúdios e Fugas, Op 87, de Shostakovich. A peculiar obra-prima de Stevenson é verdadeiramente única. É concebida na grande tradição virtuosa de Liszt e Busoni, é raramente ouvida em concerto e foi gravada apenas cinco vezes antes, incluindo uma versão do próprio compositor e outra dos anos 1960 de John Ogdon que parece nunca ter sido transferida para CD. Como Levit mostra de maneira espetacular, Stevenson faz um passeio selvagem por um monte de formas musicais, citações e alusões, com referências que vão de Bach a canções revolucionárias do século 20 — uma passagem é marcada para ser tocada “com um senso gagarinesco de espaço”.

Junto com a Passacaglia, temos os extraordinários 24 Prelúdios e Fugas de Shostakovich, compostos ao longo de apenas cinco meses entre 1950 e 1951. Eles enganam — parecem um diário tranquilo e íntimo que segue o esquema de O Cravo Bem Temperado ao trabalhar em todas as tonalidades maiores e menores, embora, em vez da ordem cromática de Bach, Shostakovich organize seu ciclo em torno das quintas, com cada prelúdio e fuga em tonalidade maior emparelhada com sua tonalidade menor relativa, de modo que as peças de dó maior e lá menor sejam seguidas pelo sol maior e mi menor, e assim por diante. As dívidas para com Bach são muitas, começando no início do primeiro Prelúdio em Dó maior, finalizando com a linda fuga final.

Nos prelúdios e fugas, Levit chega muito próximo de Tatiana Nikolayeva — em alguns momentos creio que a ultrapassa em beleza e compreensão. Tatiana foi a pianista a quem Shostakovich dedicou a obra, a que a estreou e fez três gravações legendárias do ciclo. Porém, se Levit chega muito perto de Tatiana em seu domínio da obra, é na performance de Stevenson que ele dificilmente será igualado.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): 24 Prelúdios e Fugas, Op. 87 / Ronald Stevenson (1928-2015): Passacaglia On DSCH (Levit)

24 Preludes And Fugues, Op. 87
Composed By – Dmitri Shostakovich
1-1 Prelude No. 1 In C Major 2:37
1-2 Fugue No. 1 In C Major 2:32
1-3 Prelude No. 2 In A Minor 0:53
1-4 Fugue No. 2 In A Minor 1:26
1-5 Prelude No. 3 In G Major 1:49
1-6 Fugue No. 3 In G Major 1:51
1-7 Prelude No. 4 In E Minor 2:57
1-8 Fugue No. 4 In E Minor 4:45
1-9 Prelude No. 5 In D Major 1:28
1-10 Fugue No. 5 In D Major 1:48
1-11 Prelude No. 6 In B Minor 1:54
1-12 Fugue No. 6 In B Minor 4:57
1-13 Prelude No. 7 In A Major 1:13
1-14 Fugue No. 7 In A Major 2:11
1-15 Prelude No. 8 In F-Sharp Minor 1:12
1-16 Fugue No. 8 In F-Sharp Minor 7:11
1-17 Prelude No. 9 In E Major 2:06
1-18 Fugue No. 9 In E Major 1:36
1-19 Prelude No. 10 In C-Sharp Minor 2:10
1-20 Fugue No. 10 In C-Sharp Minor 5:27
1-21 Prelude No. 11 In B Major 1:05
1-22 Fugue No. 11 In B Major 2:00
1-23 Prelude No. 12 In G-Sharp Minor 4:31
1-24 Fugue No. 12 In G-Sharp Minor 3:45
2-1 Prelude No. 13 In F-Sharp Major 2:27
2-2 Fugue No. 13 In F-Sharp Major 4:45
2-3 Prelude No. 14 In E-Flat Minor 4:08
2-4 Fugue No. 14 In E-Flat Minor 2:44
2-5 Prelude No. 15 In D-Flat Major 2:34
2-6 Fugue No. 15 In D-Flat Major 1:33
2-7 Prelude No. 16 In B-Flat Minor 2:38
2-8 Fugue No. 16 In B-Flat Minor 7:29
2-9 Prelude No. 17 In A-Flat Major 1:39
2-10 Fugue No. 17 In A-Flat Major 3:40
2-11 Prelude No. 18 In F Minor 2:09
2-12 Fugue No. 18 In F Minor 3:03
2-13 Prelude No. 19 In E-Flat Major 2:15
2-14 Fugue No. 19 In E-Flat Major 2:26
2-15 Prelude No. 20 In C Minor 4:03
2-16 Fugue No. 20 In C Minor 5:12
2-17 Prelude No. 21 In B-Flat Major 1:16
2-18 Fugue No. 21 In B-Flat Major 2:42
2-19 Prelude No. 22 In G Minor 2:00
2-20 Fugue No. 22 In G Minor 3:12
2-21 Prelude No. 23 In F Major 2:24
2-22 Fugue No. 23 In F Major 4:02
2-23 Prelude No. 24 In D Minor 4:11
2-24 Fugue No. 24 In D Minor 9:23

Passacaglia On DSCH, Pars Prima
Composed By – Ronald Stevenson
3-1 Sonata Allegro 6:37
3-2 Waltz In Rondo-Form 2:19
3-3 Episode 1:09
3-4 Suite (Prelude – Sarabande – Jig – Sarabande – Minuet – Jig – Gavotte – Polonaise) 12:19
3-5 Pibroch (Lament For The Children) 2:48
3-6 Episode: Arabesque Variations 0:41
3-7 Nocturne 1:59

Passacaglia On DSCH, Pars Altera
Composed By – Ronald Stevenson
3-8 Reverie-Fantasy 5:30
3-9 Fanfare – Forebodings. Alarm – Glimpse Of A War-Vision 2:12
3-10 Variations On “Peace, Bread & The Land” (1917) 2:08
3-11 Symphonic March 1:55
3-12 Episode 0:55
3-13 Fandango 2:08
3-14 Pedal-Point. “To Emergent Africa” 2:03
3-15 Central Episode. Études 3:42
3-16 Variations In C Minor 3:41

Passacaglia On DSCH, Pars Tertia
Composed By – Ronald Stevenson
3-17 Adagio. Tribute To Bach 1:57
3-18 Triple Fugue Over Ground Bass, Subject I. Andamento 5:18
3-19 Triple Fugue Over Ground Bass, Subject II. B A C H 7:02
3-20 Triple Fugue Over Ground Bass, Subject III. Dies Irae (In Memoriam The Six Million) 6:33
3-21 Final Variations On A Theme Derived From Ground. Adagissimo Barocco 12:13

Piano – Igor Levit

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Igor Levit durante visita ao Salão Cromático de Concertos — também conhecido como Cor Sim, Cor Não — do PQP Bach, em sua sede de São Petersburgo.

PQP

Brahms / Debussy / Schumann / Shostakovich: Duo (Gabetta e Grimaud)

Brahms / Debussy / Schumann / Shostakovich: Duo (Gabetta e Grimaud)

IM-PER-DÍ-VEL !!

O coro de elogios — alguns deles histéricos — que este CD vem recebendo dá até vontade de destoar, mas tal intenção morre à audição dos primeiros acordes. A argentina Gabetta e a francesa Grimaud fizeram um disco de indiscutível musicalidade, perfeito, irretocável. O repertório ajuda muito, claro, mas leiam abaixo o tom dos elogios:

“Put on your headphones, close the door and soak in these direct-connection performances of Schumann, Brahms, Debussy and Shostakovich by pianist Grimaud and cellist Gabetta. This is terrific.” –Mercury News, September 2012

e assim:

An inspiring, enjoyable, powerhouse meeting between two award-winning highly-individualistic classical music superstars who consider their initial meeting as fateful, not coincidence. Hélène Grimaud (who is called “the earth” in their interview), one of the greatest interpretative classical pianists who experiences sound as colors, and star cello virtuoso Sol Gabetta (“the air”), famed for the nuanced, singing quality of her instrumental interpretations and her highly emotional playing, meld their ‘earth and air’ talents and personae into a marvelous musical duo. It began in 2011 in a joyful, fateful musical encounter that ‘clicked’ immediately. In a wide spectrum of musical tastes, they cover the duo compositions of Robert Schumann, Johannes Brahms, Claude Debussy, and Dmitri Shostakovich, and this diverse program works wonderfully and has toured to great success. All performances are excellent and the ‘best of the best’ begins with the ‘storm to calm’ of the ‘Finale’ of Debussy’s Sonata for Violoncello and Piano in D Minor; the awesome beauty and virtuosity of the spellbinding 12 minute Shostakovich Allegro non troppo from the Sonata for Violoncello and Piano in D minor, Opus 40; the fiery third movement of Schumann’s ‘Drei Fantasiestücke’ (Three Fantasies), Opus 73 and the overpowering beauty of the familiar 14 minute Allegro non troppo and the 6 minute Allegro-Più presto movements of Brahms Sonata for Piano and Violoncello No 1 in E minor, Opus 38. Awesome performances by two great artists who form a dynamic duo of singular musical purpose. My Highest Recommendation! Five OUTSTANDING Stars! Independent, October 2012

Duo, com Sol Gabetta e Helene Grimaud

Drei Fantasiestücke op. 73
Composed By – Robert Schumann
1 I. Zart Und Mit Ausdruck 3:13
2 II. Lebhaft, Leicht 3:13
3 III. Rasch Und Mit Feuer 3:53

Sonata For Piano And Violoncello No. 1 in E minor op. 38
Composed By – Johannes Brahms
4 I. Allegro Non Troppo 14:27
5 II. Allegretto Quasi Minuetto – Trio 5:26
6 III. Allegro – Più Presto 6:22

Sonata For Violoncello And Piano In D Minor
Composed By – Claude Debussy
7 I. Prologue. Lent, Sostenuto E Molto Risoluto 4:36
8 II. Sérénade. Modérément Animé 3:13
9 III. Final. Animé, Léger Et Nerveux 3:40

Sonata For Violoncello And Piano In D Minor Op. 40
Composed By – Dmitri Shostakovich
10 I. Allegro Non Troppo 11:56
11 II. Allegro 2:50
12 III. Largo 8:21
13 IV. Allegro 3:58

Sol Gabetta, violoncelo
Helene Grimaud, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

PQP

P.S. —  Um pouquinho mais de Gabetta para os pequepianos. A música é Oblivion de Astor Piazzolla:

 

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nros. 1, 14 & 15 – Chamber Symphony (Nelsons / Boston)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este CD duplo fecha o ciclo de Sinfonias de Shostakovich com Andris Nelsons e é certamente um dos melhores lançamentos de 2021. O repertório é de primeira, os solistas espetaculares — meu deus, que solistas! –, a orquestra é fantástica e a direção perfeita. Não tem erro e é a cereja do bolo: o final da premiada série. Este álbum apresenta as de Nº 1, 14 e 15 e a Sinfonia de Câmara — ou seja, o Quarteto de Cordas Nº 8 arranjado para orquestra. A gravação da Sinfonia nº 10 ganhou vários prêmios em 2016 e o álbum das Sinfonias Nº 5, 8 e 9 conseguiram o mesmo no ano seguinte. Quase meio século se passa entre a estreia triunfante de Shostakovich com a ‘Primeira’, executada antes de seu 20º aniversário, e a ‘Décima Quinta’, um inventário de influências escrito sob a sombra de sua própria mortalidade. Escrita apenas dois anos antes, a ‘Décima quarta’ é um ciclo de canções sinfônicas, e a Sinfonia de Câmara é uma adaptação habilidosa daquela obra-prima trágica, o Oitavo Quarteto de Cordas.

Sinfonia Nº 1, Op. 10 (1924-1925)

Shostakovich começou a escrever esta sinfonia quando tinha dezessete anos. Antes disso, tinha composto apenas alguns scherzi. Sua estreia foi mesmo com esta Nº 1, terminada antes do autor completar vinte anos. Ela tornou aquele estudante de música, mais conhecido por ser o pianista-improvisador de três cinemas mudos de Petrogrado, internacionalmente célebre. Tal fama pode ser atribuída por Shostakovich ser o primeiro rebento musical do comunismo, mas ouvindo a sinfonia hoje, não nos decepcionamos de modo algum. É música de um futuro mestre.

Ela começa com um toque de trompete ao qual, se acrescentarmos um crescendo, tornar-se-á um tema de Petrouchka, de Igor Stravinsky. Alguns regentes russos fazem esta introdução exatamente igual à Petroushka. Há mesmo algo de “boneca triste” no primeiro movimento desta sinfonia. O segundo movimento possui um curioso tema árabe, que é a primeira grande paródia encontrada em sua obra. Um achado. O movimento lento, muito triste, é daqueles que os anticomunistas mais truculentos considerariam uma comprovação do sofrimento do compositor sob o comunismo e de uma postura fatalista do tipo isto-não-vai-dar-nada-certo, porém acreditamos que a morte de seu pai, ocorrida alguns meses antes e a internação de Dmitri num sanatório da Criméia (ele contraíra tuberculose) tenha mais a ver. Há um belíssimo solo funéreo de oboé nele.

Sinfonia Nº 15, Op. 141 (1971)

Sem dúvida, a Sinfonia Nº 15 é uma de minhas preferidas no gênero. É difícil estabelecer um conteúdo programático para ela. Trata-se de uma música muito viva, com colorido orquestral atraente, temas facilmente assimiláveis e nada triviais, clímax e pausas meditativas que empolgam e mantém o ouvinte permanentemente atento. E com os contrastes característicos de Shostakovich. Parece um roteiro de Shakespeare passado à música, trazendo o trágico ao festivo, empurrando a reflexão para junto da zombaria. Bom, já viram que sou um apaixonado desta sinfonia. O primeiro movimento (Allegretto) é uma curiosidade por manter sempre ativo o motivo da cavalgada da abertura Guilherme Tell, de Rossini, e pela participação incessante da percussão. O segundo movimento (Adagio) é circunspecto. Os metais trazem uma melodia sombria, para depois o violoncelo completá-la com um solo dilacerante, a cujas cores será acrescida, mais adiante, a ressonância do contrabaixo. Um novo Alegretto surge repentinamente do Adagio, retomando o clima do primeiro movimento, mas desta vez somos levados pelos solos do fagote, violino, clarinete e flautim. O movimento final, outro adagio, é enigmático. A simbologia está presente com a apresentação de imediato do Prenúncio da Morte, composto por Wagner para a Tetralogia do Anel. O ouvinte wagneriano fica desconcertado ao escutar de imediato esta música conhecida, parece tratar-se de um equívoco, de um erro de partitura. Ao pesado motivo de Wagner são contrapostos temas executados por setores “mais leves” da orquestra, porém, a todo instante, o sinistro aviso retorna e, mais adiante, os metais refletirão angustiada exasperação… A sinfonia esvai-se em delicados sons de percussão, deixando um ponto de interrogação no ar. É desconcertante. O significado do Prenúncio da Morte é óbvio, porém, o que significam a percussão, a orquestração e as melodias jocosas que o cercam? Uma simples experiência sinfônica? Impossível. O desejo de felicidade de alguém cuja vida se encerra? Ou, voltando a Shakespeare, que a vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, que nada significa (*)? Porém, a significação, a intenção exata de uma obra instrumental é tão importante? Ou seria mais inteligente fazer como fez Shostakovich, levando-nos bem próximo ao irrespondível para nos abandonar por lá?

(*) Macbeth, William Shakespeare.

Sinfonia Nº 14, Op. 135 (1969)

A Sinfonia Nº 14 — espécie de ciclo de canções — foi dedicada a Britten, que a estreou em 1970 na Inglaterra. É a menos casual das dedicatórias. Seu formato e sonoridade é semelhante à Serenata para Tenor, Trompa e Cordas, Op. 31, e à Les Illuminations para tenor e orquestra de cordas, Op. 18, ambas do compositor inglês. Os dois eram amigos pessoais; conheceram-se em Londres em 1960, e Britten, depois disto, fez várias visitas à URSS. Se o formato musical vem de Britten, o espírito da música é inteiramente de Shostakovich, que se utiliza de poemas de Lorca, Brentano, Apollinaire, Küchelbecker e Rilke, sempre sobre o mesmo assunto: a morte. O ciclo, escrito para soprano, baixo, percussão e cordas, não deixa a margem à consolação, é música de tristeza sem esperança. Cada canção tem personalidade própria, indo do sombrio e elegíaco em A la Santé, An Delvig e A Morte do Poeta, ao macabro na sensacional Malagueña, ao amargo em Les Attentives, ao grotesco em Réponse des Cosaques Zaporogues e à evocação dramática de Loreley. É uma música que trabalha para a poesia, chegando, por vezes, a casar-se com ela sílaba por sílaba para torná-la mais expressiva. Há uma versão da sinfonia no idioma original de cada poema. Posso dizer que a sinfonia torna-se apenas triste se estiver desacompanhada da compreensão dos poemas – pecado que cometi por anos! Ela perde sentido se não temos consciência de seu conteúdo autenticamente fúnebre. Além do mais, os poemas são notáveis. São indiscutíveis seus méritos musicais e sua sinceridade. Me entusiasmam especialmente a Malagueña, feita sobre poema de Lorca e a estranha Conclusão (Schluss-Stück) de Rilke, que é brevíssima, sardônica e — puxa vida — muito, mas muito final.

Quarteto de Cordas Nº 8, Op. 110 e Sinfonia de Câmara, Op. 110a – Arranjo de Rudolf Barshai (1960)

Na minha opinião, o melhor quarteto de cordas de Shostakovich. Não surpreende que tenha recebido versões orquestrais. Trata-se de uma obra bastante longa para os padrões shostakovichianos de quarteto; tem cinco movimentos, com a duração total ficando entre os 20 minutos (na versão para quarteto de cordas) e 26 (na versão orquestral). O quarteto abre com um comovente Largo de intenso lirismo, o qual é seguido por um agitado Allegro molto, de inspiração folclórica e que fica muito mais seco na versão para quarteto. O terceiro movimento (Allegretto) é uma surpreendente valsinha sinistra a qual é respondida por outra valsa, muito mais lenta e com um acompanhamento curiosamente desmaiado. O quarteto é finalizado por dois belos temas — o primeiro sendo pontuado por agressivamente por um motivo curto de três notas e o segundo formado por mais uma fuga a quatro vozes utilizando temas dos movimentos anteriores.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nros. 1, 14 & 15 – Chamber Symphony (Nelsons / Boston)

1. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: I. Allegretto – Allegro non troppo (09:27)
2. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: II. Allegro (04:51)
3. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: III. Lento (09:45)
4. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: IV. Lento – Allegro molto (11:06)

5. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: I. Allegretto (08:18)
6. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: II. Adagio – Largo – Adagio – Largo (17:27)
7. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: III. Allegretto (04:11)
8. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: IV. Adagio – Allegretto – Adagio – Allegretto (18:07)

9. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: I. De Profundis (04:52)
10. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: II. Malagueña (03:03)
11. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: III. Loreley (08:43)
12. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: IV. Le suicidé (06:26)
13. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: V. Les attentives I (03:07)
14. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: VI. Les attentives II (01:43)
15. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: VII. A la santé (09:15)
16. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: VIII. Réponse des Cosaques Zaporogues au Sultan de Constantinople (01:48)
17. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: IX. O, Delvig, Delvig! (04:06)
18. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: X. Der Tod des Dichters (04:49)
19. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: XI. Schlussstück (01:19)

20. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: I. Largo – attacca (05:37)
21. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: II. Allegro molto – attacca (02:58)
22. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: III. Allegretto – attacca (04:34)
23. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: IV. Largo – attacca (06:40)
24. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: V. Largo (05:02)

Kristine Opolais
Alexander Tsymbalyuk
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons

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Andris Nelsons imitando Olivio Dutra ao reclamar sua vacina: “Também quero!”

PQP

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Oitava Década (2011-2020) [Martha Argerich, 80 anos]

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Oitava Década (2011-2020) [Martha Argerich, 80 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-


Se a década pré-pandêmica de nossa Rainha consolidou práticas das anteriores – raras gravações em estúdio, pouquíssimas aparições solo, prolífico camerismo e generoso incentivo a jovens talentos -, os anos 10 também a viram explorar repertório novo e desempenhar papéis inéditos, alguns ligados a suas raízes bonaerenses, tais como tangueira e Luthier, e outros ainda mais insuspeitos, como acompanhista em Lieder e em cancioneiro iídiche. Notem que essa discografia argerichiana que ora concluímos, e que supomos tão completa quanto a pudemos deixar, não inclui a importante coleção de registros de Marthinha no Festival de Lugano, que nosso colega FDP Bach está a nos trazer aos poucos.


Exceto por uma já tradicional vinda a Buenos Aires na metade do ano, quando dá a seus conterrâneos o privilegiado ar de sua graça, Martha não é lá muito afeita a explorar seu continente. Uma exceção notável foi a turnê por várias capitais do Brasil em 2004, certamente instigada pelo amado amigo Nelson Freire, com quem tocou em duo e autografou um LP do patrão PQP e um CD meu lá em nossa Dogville natal. Outra foi essa breve residência na província de Santa Fe, para a qual foi persuadida por outro amigo, Daniel Rivera, um pianista nascido em Rosario e radicado na Itália há muitas décadas. Cada disco registra a íntegra de uma das noites de Martha no festival, o que explica a repetição de algumas peças. Destaco a interpretação de Scaramouche, cujo movimento Brazileira cita (e, para muitos, plagia) Ernesto Nazareth, marcando, ainda que tangencialmente, uma das muito poucas vezes que a música brasileira passou pelos dedos de nossa deusa (outra delas está aqui). Digna de nota, também, é a substancial participação no repertório de compositores argentinos contemporâneos, especialmente na última noite, na qual a Rainha fez parte dum mui hábil conjunto de tango que incluiu sua primogênita, Lyda, a tocar viola.

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Sonata em Ré maior para piano a quatro mãos, K. 381
1 – Allegro
2 – Andante
3 – Allegro molto

Johannes BRAHMS (1833-1897)
Variações sobre um tema de Joseph Haydn, para dois pianos, Op. 56b
4 – Thema: Andante
5 – Poco più animato
6 – Più vivace
7 – Con moto
8 – Andante con moto
9 – Vivace
10 – Vivace
11 – Grazioso
12 – Presto non troppo
13 – Finale: Andante

Franz LISZT (1811-1886)
Les Préludes, poema sinfônico, S. 97
Transcrição para dois pianos do próprio compositor
14 – Andante maestoso

Daniel Rivera, piano II

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Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Concertino em Lá menor para dois pianos, Op. 94

1 – Adagio – Allegretto – Adagio – Allegro – Adagio – Allegretto

Sergei Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943)
Suíte para dois pianos no. 2 em Dó maior, Op. 17
2 – Introduction
3 – Valse
4 – Romance
5 – Tarantella

Darius MILHAUD (1892-1974)
Scaramouche, suíte para dois pianos, Op. 165b
6 – Vif
7 – Modéré
8 – Brazileira

Luis Enríquez BACALOV (1933-2017)
9 – Astoreando, para dois pianos

Daniel Rivera, piano II

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Johannes BRAHMS
1-8 – Variações sobre um tema de Joseph Haydn, para dois pianos, Op. 56b

Sergei RACHMANINOFF
9-12 – Suíte para dois pianos no. 2 em Dó maior, Op. 17

Franz LISZT
13 – Les Préludes, poema sinfônico, S. 97
Transcrição para dois pianos do próprio compositor

Johannes BRAHMS (1833-1897)
De Souvenir de Russie, para piano a quatro mãos, Anh. 4/6:
14 – No. 3: Romance de Warlamoff. Con moto (vídeo)

Daniel Rivera, piano II

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Luis BACALOV
1 – “Astoreando”, para dois pianos

Ástor Pantaleón PIAZZOLLA (1921-1992)
2 – “Milonga Del Angel”, para dois pianos, viola, contrabaixo e bandoneón

Aníbal Carmelo TROILO (1914-1975)
3 – “Sur” y “La Última Curda”, para bandoneón

Néstor Eude MARCONI (1942)
e Daniel MARCONI
(1970)
4 – “Gris Se Ausencia” y “Robustango”, para bandoneón

Ástor PIAZZOLLA
5 – “Oblivión” del “Concierto Aconcagua” – “Tema de María” – “Verano Porteño” – Cadencia del “Concierto Aconcagua”-  “La Muerte del Angel” – “Lo Que Vendrá” – “Decarísimo”, para bandoneón

Néstor MARCONI
6 – “Para El Recorrido”, para piano, viola, contrabaixo e bandoneón
7 – “Moda Tango”, para piano, viola, contrabaixo e bandoneón

Ástor PIAZZOLLA
8 – “Libertango”, para piano, viola, contrabaixo e bandoneó
9 – “Tres Minutos Con La Realidad”, para dois pianos, viola, contrabaixo e bandoneón

Néstor Marconi, bandoneón (faixas 3-9)
Enrique Fagone, contrabaixo (faixas 6-9)
Daniel Rivera, piano (faixas 1, 2 e 9)
Gabriele Baldocci, piano (faixa 6)
Martha Argerich (faixas 1, 2, 7-9)
Lyda Chen, viola (faixas 2, 6-9)

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Gravado ao vivo em Rosario, Argentina, entre 19 e 25 de outubro de 2012


Se Martha também é María, e Argerich pela família catalã do pai, ela também é Heller por sua mãe Juanita, filha de judeus russos estabelecidos na província de Entre Ríos. E, se não lhes posso afirmar que o iídiche fez parte de sua infância, não tenho muitas dúvidas de que ele ajudou a aproximá-la de Ver bin Ikh! (“Quem sou eu!”), projeto da atriz e cantora Myriam Fuks. Nascida em Tel Aviv e radicada em Bruxelas, Myriam aqui resgata, com sua profunda voz de contralto, diversas canções judaicas centro-europeias, acompanhada dum prodigioso conjunto de amigos, que inclui o demoníaco Roby Lakatos, Mischa e Lily Maisky, o brilhante Evgeny Kissin (que desenvolve uma belíssima carreira paralela na composição e declamação de poemas em iídiche) e, claro, nossa Rainha, a quem cabe a honra de encerrar o álbum com a parte de piano de Der Rebe Menachem (“O Rabino Menahem”).

VER BIN IKH! – MYRIAM FUKS

1 – Vi Ahin Zol Ikh Geyn (S. Korn-Teuer [Igor S. Korntayer]/O. Strokh)
Evgeny Kissin, piano

02 – Far Dir Mayne Tayer Hanele/Klezmer Csardas de “Klezmer Karma” (R. Lakatos/M. Fuks)
Alissa Margulis, violino
Nathan Braude, viola
Polina Leschenko, piano

3 – Malkele, Schloimele (J. Rumshinsky)
Sarina Cohn, voz
Philip Catherine, guitarra
Oscar Németh, baixo

4 – Deim Fidele (B. Witler)
Lola Fuks, voz
Michael Guttman, violino

5 – Yetz Darf Men Leiben (B. Witler)
Paul Ambach, voz

6 – Greene Bletter (M. Oiysher)
Roby Lakatos, violino

7 – Die Saposhkeler’ (D. Meyerowitz)

8 – Pintele Yid (L. Gilrot/A. Perlmutter-H. Wohl)
Zahava Seewald, voz

9 – ls In Einem Is Nicht Dou Ba Keiner (B. Witler)

10 – Dous Gezang Fin Mayne Hartz (B. Witler)
Myriam Lakatos, voz

11 – Schlemazel (B. Witler)
Édouard Baer, voz

12 – Nem Der Nisht Tsim Hartz (B. Witler)

13 – Hit Oup Dous Bisele Koyer’ (B. Witler)
Michel Jonasz, voz

14 – Schmiele (G. Ulmer)
Mona Miodezky, voz
Roby Lakatos, violino

15 – Ziben Gite Youren (D. Meyerowitz)

16 – Bublitchki (Beygeleich) (Tradicional)
Alexander Gurning, piano

17 – Ver Bin Ikh? (B. Witler)
Mischa Maisky, violoncelo
Lily Maisky, piano

18 – Der Rebe Menachem (A. Gurning/M. Fuks-M. Rubinstein)
Martha Argerich, piano

Myriam Fuks, voz
Aldo Granato, acordeão
Klaudia Balógh, violino
Lászlo Balógh, guitarra
Christel Borghlevens, clarinete
Oscar Németh, contrabaixo

Gravado em Bruxelas, Bélgica, maio de 2014

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Martha sempre teve o costume de acolher, tanto em sua vida pessoal quanto sob as suas protetoras asas artísticas, artistas mais jovens, e um seu modus operandi bem típico nas últimas décadas tem sido o das participações, por óbvio muito especiais, em álbuns de colegas que admira. O pianista russo-alemão Jura Margulis teve o privilégio de ter a Rainha a seu lado para encerrar este volume de suas próprias transcrições para piano, tocando a dois pianos a Noite no Monte Calvo, de Mussorgsky. Eu, que adoro Modest quase tanto quanto amo Marthinha, não só fiquei entusiasmado ao finalmente ouvi-la tocar uma de suas obras, como também passei a sonhar com o dia em que a escutaria a tocar os Quadros de uma Exposição, que certamente ficariam supimpas sob suas mãos. Pode parecer um pedido exagerado a quem já tem oitenta anos e um tremendo repertório, mas não perdi minhas esperanças; muito pelo contrário, eu as vi renovadas quando Martha, em 2020, aprendeu e tocou as partes de piano da maravilhosa Der Hirt auf dem Felsen de Schubert e, para minha maior alegria, de duas das Canções e Danças da Morte de Mussorgsky. Sonhar, enfim, nada custa – ainda.

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Da Matthäus-Passion, BWV 244
1 – Wir setzen uns mit Tränen nieder

Wolfgang Amadeus MOZART
Do Requiem em Ré menor, K. 626
2 – Confutatis maledictis
3 – Lacrimosa

Giacomo PUCCINI (1858-1924)
4 – Crisantemi, SC 65

Franz LISZT
5 – Mephisto-Walzer

Robert SCHUMANN
De Dichterliebe, Op. 48:
6 – No. 4: Wenn ich in deine Augen seh’

Dmitri SHOSTAKOVICH
Da Sinfonia no. 8 em Dó menor, Op. 65
7 – Toccata
8 – Passacaglia

Sayat NOVA (1712-1795)
Transcrição de Arno Babadjanian (1921-1983)
9 – Melodie – Elegie

Modest Petrovich MUSSORGSKY (1839-1881)
10 – Noch′ na lysoy gore (“Noite no Monte Calvo”), para dois pianos

Jura Margulis, piano (1-10) e transcrições (exceto faixa 9)
Martha Argerich, piano II (faixa 10)

“Noite no Monte Calvo” gravada em Lugano, Suíça, junho de 2014

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Uma overdose de genialidade portenha, e praticamente um esculacho de Buenos Aires para com cidades menos dotadas de talentos (i.e., quase todas as outras), foi aquela noite de agosto de 2014 em que Les Luthiers encontraram Daniel Barenboim e Martha Argerich no sacrossanto palco do Teatro Colón. Depois da habitual dose de obras do imerecidamente obscuro Johann Sebastian Mastropiero, o genial quinteto juntou-se a Barenboim para narrar A História do Soldado de Stravinsky, e os seis se somariam a Martha para o Carnaval dos Animais de Saint-Saëns. Nem o vídeo, nem o áudio do memorável encontro foram lançados comercialmente – o que nos obriga a nos contentarmos com o ensaio geral, feito na manhã do concerto, com a plateia repleta de fãs que não tinham conseguido ingressos para a noite:


Martha e Daniel voltariam a se encontrar no Colón no ano seguinte, sem Les Luthiers, para um programa de formato mais familiar a eles. À rara audição dos estudos canônicos de Schumann no arranjo improvável de Debussy, eles fizeram seguir uma obra do próprio Claude-Achille e a irresistível sonata com percussão de Bartók: repertório incomum e – em que pese a ausência de J. S. Mastropiero – nada menos que tremendo.

Robert SCHUMANN

Seis estudos em forma canônica, para piano, Op. 56
Transcrição para dois pianos de Claude Debussy (1862-1918)
1 -Nicht zu schnell
2 – Mit innigem Ausdruck
3 – Andantino
4 – Innig
5 – Nicht zu schnell
6 -Adagio

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
En Blanc et Noir, suíte para dois pianos, L. 134
7 – Avec Emportement (À Mon Ami A. Koussevitzky)
8 – Lent. Sombre (Au Lieutenant Jacques Charlot Tué a l’ennemi en 1915, le 3 Mars)
9 – Scherzando (À Mon Ami Igor Stravinsky)

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para dois pianos e percussão, Sz. 110
10 – Assai lento – Allegro molto
11 – Lento, ma non troppo
12 – Allegro non troppo

Daniel Barenboim, piano II
Lev Loftus e Pedro Manuel Torrejón González, percussão (faixas 10-12)

Gravado ao vivo em Buenos Aires, Argentina, agosto de 2015

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Dezoito anos depois de sua primeira gravação juntos, Martha e Itzhak Perlman reecontraram-se em Paris para novas sessões em estúdio – as primeiras de Martha na década para o repertório de concerto. Às Fantasiestücke de Schumann e a sonata no. 4 de Bach, eles somaram a fatia brahmsiana da sonata F-A-E, completando o álbum com uma sonata de Schumann gravada em 1998 e ainda mantida inédita por falta de pareamento.

“Trabalhar com Martha”, disse Itzhak, “foi uma experiência única para mim… seu brilho e as cores que ela usa quando toca são reconhecíveis tão longo você as escuta – é ela, ninguém mais soa assim… Estou muito feliz com que pudemos de fato gravar novamente… quando surgiu a possibilidade de que ela tivesse um punhado de dias livres para gravar eu disse ‘eu irei a qualquer lugar!!!'”. A julgar pela cumplicidade com que tocaram e pelo olhar curioso de Martha para o bonachão Itzhak na capa do álbum, tenho certeza de que a viagem valeu a pena.

Robert SCHUMANN
Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105
1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft

Fantasiestücke, para violino e piano, Op. 73
4 – Zart und mit Ausdruck
5 – Lebhaft, leicht
6 – Rasch und mit Feuer

Johannes BRAHMS
Scherzo para violino e piano, WoO 2 (da sonata “F-A-E”, composta em colaboração com Robert Schumann e Albert Dietrich)
7 – Allegro

Johann Sebastian BACH
Sonata para violino e teclado no. 4 em Dó menor, BWV 1017
8 – Siciliano. Largo
9 – Allegro
10 – Adagio
11 – Allegro

Itzhak Perlman, violino

Gravado em Saratoga, Estados Unidos, julho de 1998 (1-3) e Paris, França, março de 2016 (4-11)

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Ainda que a gravação anterior de Martha para o Carnaval dos Animais – aquela com Gidon Kremer – seja mais famosa, eu prefiro essa, com Antonio Pappano no duplo papel de pianista e regente e Annie, filha de Martha com Charles Dutoit, a narrar. Se aquela com Les Luthiers é melhor que essa, jamais saberemos enquanto os detentores da preciosa gravação no Colón não a trouxerem a público. O que sabemos é que Johann Sebastian Mastropiero é um compositor muitíssimo superior a Saint-Saëns e que, por isso, nossa Rainha deveria tocá-lo mais. Fica a dica, Marthinha.

Charles-Camille SAINT-SAËNS (1835-1921)

Sinfonia no. 3 em Dó menor, Op. 78, “com Órgão”
1 – Adagio – Allegro moderato
2 – Poco Adagio
3 – Allegro moderato – Presto
4 – Maestoso – Allegro

Daniele Rossi, órgão

Le Carnaval des Animaux, Grande Fantaisie Zoologique
5 – Introduction et Marche Royale du Lion
6 – Poules et Coqs
7 – Hémiones
8 – Tortues
9 – L’Éléphant
10 – Kangourous
11 – Aquarium
12 – Personnages à Longues Oreilles
13 – Le Coucou au Fond des Bois
14 – Volière
15 – Pianistes
16 – Fossiles
17 – Le Cygne
18 – Finale

Annie Dutoit, narração
Gabriele Geminiani, violoncelo
Libero Lanzilotta, contrabaixo
Antonio Pappano, piano II e regência

Gravado em Roma, Itália, novembro de 2016

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Enquanto se desligava aos poucos do festival centrado sobre si em Lugano, Martha passou a visitar Hamburgo com cada vez mais frequência, até ver um novo festival em torno de si, realizado no mês de junho na soberba Laeiszhalle daquela cidade em que mais chove em toda Alemanha. Este Rendez-vous with Martha Argerich é o tributo fonográfico do impressionante programa do festival em 2018, reunindo um elenco cheio de figuras estelares da galáxia da Rainha – incluindo algumas literalmente familiares, como suas filhas Lyda e Annie e o ex-companheiro Kovacevich. Gosto de todos os discos, repletos que são do elã característico de Marthinha, mesmo quando ela não está de fato a tocar. Meu xodó, no entanto, é o último, com um delicioso Carnaval dos Animais narrado por Annie e uma não menos saborosa seleção de repertório ibérico e latino-americano que se encerra com uma versão tanguera de Eine kleine Nachtmusik que certamente faria Amadeus gargalhar em dois por quatro.

Claude DEBUSSY
De Nocturnes, L. 91
1 – Fêtes (arranjo para dois pianos de Maurice Ravel)

Anton Gerzenberg, piano II

Sonata em Sol menor para violino e piano, L. 140
2 – Allegro vivo
3 – Intermède. Fantasque et léger
4 – Finale. Très animé

Géza Hosszu-Legocky, violino
Evgeni Bozhanov, piano

5 – Prélude à l’après-midi d’un faune, L. 86
(arranjo para dois pianos do próprio compositor)

Stephen Kovacevich, piano I

Sonata em Ré menor para violoncelo e piano, L. 135
6 – Prologue: Lent, sostenuto e molto risoluto
7 – Sérénade: Modérément animé
8 – Finale: Animé, léger et nerveux

Mischa Maisky, violoncelo

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
9 – La Valse, poème choreographique (arranjo para dois pianos do próprio compositor)

Nicholas Angelich, piano II

Sonata em Ré menor para violino e violoncelo, M. 73
10 – Allegro
11 – Très vif
12 – Lent
13 – Vif, avec entrain

Alexandra Conunova, violino
Edgar Moreau, violoncelo

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Sinfonia no. 1 em Ré maior, Op. 25, “Clássica”
Transcrição para dois pianos de Rikuya Terashima
1 – Allegro
2 – Larghetto
3 – Gavotta: Non troppo allegro
4 – Finale: Molto vivace

Evgeni Bozhanov e Akane Sakai, pianos

5 – Abertura sobre temas hebraicos, para piano, clarinete, dois violinos, viola e violoncelo, Op. 34

Pablo Barragán, clarinete
Akiko Suwanai e Alexandra Conunova, violinos
Lyda Chen, viola
Edgar Moreau, violoncelo

Suíte de Cinderella (Zolushka), balé em três atos, Op. 87
Arranjo para dois pianos de Mikhail Vasilyevich Pletnev (1957)
6 – Introduction: Andante dolce
7 – Querelle: Allegretto
8 – L’Hiver: Adagio – Allegro moderato
9 – Le Printemps: Vivace con brio – Moderato – Presto
10 – Valse de Cendrillon: Andante – Allegretto – Poco più animato – Più animato – Meno mosso

Akane Sakai e Alexander Mogilevsky, pianos

11 – Gavotte: Allegretto
12 – Gallop: Presto – Andantino – Presto
13 – Valse Lente: Adagio – Poco più animato – Assai più mosso – Poco più animato – Meno mosso (più animato dell’adagio
14 – Finale: Allegro moderato – Allegro espressivo – Presto – Allegro moderato – Andante

Evgeni Bozhanov e Kasparas Uinskas, pianos

Sonata em Dó maior para dois violinos, Op. 56
15 – Andante cantabile
16 – Allegro
17 – Commodo (quasi allegretto)
18 – Allegro con brio

Tedi Papavrami e Akiko Suwanai, violinos

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Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Concerto em Dó menor para piano, trompete e orquestra de cordas, Op. 35
1 – Allegro moderato – attacca:
2 – Lento – attacca:
3 – Moderato – attacca:
4 – Allegro con brio

Sergei Nakariakov, trompete
Symphoniker Hamburg

Trio para piano, violino e violoncelo no. 2 em Mi menor, Op. 67
5 – Andante – Moderato – Poco più mosso
6 – Allegro con brio
7 – Largo
8 – Allegretto – Adagio

Guy Braunstein, violino
Alisa Weilerstein
, violoncelo

Zoltán KODÁLY (1882-1967)
Duo para violino e violoncelo, Op. 7
9 – Allegro serioso, non troppo
10 – Adagio – Andante
11 – Maestoso e largamente, ma non troppo lento – Presto

Guy Braunstein, violino
Alisa Weilerstein, violoncelo

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Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN Bartholdy (1809-1847)

Trio para violino, violoncelo e piano no. 1 em Ré menor, Op. 49 (transcrição para flauta, violoncelo e piano)
1 – Molto allegro ed agitato
2 – Andante con moto tranquillo
3 – Scherzo
4 – Finale

Susanne Barner, flauta
Gabriele Geminiani, violoncelo

Ludwig van BEETHOVEN
Concerto em Dó maior para violino, violoncelo e piano, Op. 56
5 – Allegro
6 – Largo – attacca:
7 – Rondo alla polacca

Tedi Papavrami, violino
Mischa Maisky, violoncelo
Symphoniker Hamburg
Ion Marin, regência

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Robert SCHUMANN
Fantasiestücke
para violoncelo e piano, Op. 73
1 – Zart und mit Ausdruck
2 – Lebhaft, leicht
3 – Rasch und mit Feuer

Mischa Maisky, violoncelo

04-23 – Dichterliebe, ciclo de canções sobre textos do Lyrisches Intermezzo de Das Buch der Lieder de Heinrich Heine, Op. 48 (edição original de 1840)

Thomas Hampson, barítono

 

Johannes BRAHMS
Sonata para piano e violino no. 2 em Lá maior, Op. 100
1 – Allegro amabile
2 – Andante tranquillo — Vivace — Andante — Vivace di più — Andante — Vivace
3 – Allegretto grazioso (quasi andante)

Akiko Suwanai, violino
Nicholas Angelich, piano

Sergey RACHMANINOV
Sonata em Sol menor para violoncelo e piano, Op. 19
4 – Lento. Allegro moderato
5 – Allegro scherzando
6 – Andante
7 – Allegro mosso

Jing Zhao, violoncelo
Lilya Zilberstein, piano

Camille SAINT-SAËNS
1-30 – Le Carnaval des Animaux, Grande Fantaisie Zoologique

Annie Dutoit
, narração
Jing Zhao, violoncelo
Lilya Zilberstein e Martha Argerich, pianos
Symphoniker Hamburg
Ion Marin, regência

Ernesto Sixto de la Asunción LECUONA Casado (1895-1963)
Quatro danças cubanas, para piano
31 – A la antigua
32 – Al fin te ví
33 – No hables más!
34 – En tres por cuatro

Três danças afro-cubanas, para piano
35 – La Conga de Medianoche
36 – La Comparsa
37 – Danza de los Ñañigos

Isaac Manuel Francisco ALBÉNIZ y Pascual (1860-1909)
Arranjo de Mauricio Vallina (1970)
Da Suíte España, Op. 165
38 – No. 2: Tango

Ángel Gregorio VILLOLDO Arroyo (1861- 1919)
Arranjo de Lea Petra
39 –
El Choclo

Mauricio Vallina, piano

Eduardo Oscar ROVIRA (1925- 1980)
40 – A Evaristo Carriego

Ástor PIAZZOLLA
41 – Triunfal
42 – Adiós Nonino

Wolfgang Amadeus MOZART
43 – Musiquita Noturna (arranjo do Allegro da Eine Kleine Nachtmusik, K. 525)

Jing Zhao, violoncelo (faixa 40)
The Guttman Tango Quartet:
Michael Guttman, violino
Lysandre Denoso, bandoneón
Chloe Pfeiffer, piano
Ariel Eberstein, contrabaixo

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Gravado em Hamburgo, Alemanha, junho de 2018


Entre os protegidos de Martha Argerich, o sul-coreano Dong Hyek Lim é um dos meus favoritos: não são muitos os jovens pianistas que conseguem, na falta de melhor definição, dizer a música sem firulas egocêntricas, nem aparentar qualquer esforço, mesmo nas passagens mais cabeludas do repertório. Aqui ele doma o monstruoso Rach 2 com um som apropriadamente grande e muita precisão, para depois encarar as Danças Sinfônicas de Sergey em companhia de Sua Majestade, que lhe concede o privilégio da especialíssima participação em seu álbum: uma moral e tanto para o pibe.

Sergey RACHMANINOV
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Dó menor, Op. 18
1 – Moderato
2 – Adagio sostenuto – Più animato – Tempo I
3 -Allegro scherzando

Dong Hyek Lim, piano
BBC Symphony Orchestra
Alexander Vedernikov

Gravado em Londres, Reino Unido, setembro de 2018

Danças sinfônicas para orquestra, Op. 45
Transcrição para dois pianos do próprio compositor
4 – Non allegro
5 – Andante con moto
6 – Lento assai – Allegro vivace – Lento assai. Come prima – Allegro vivace

Dong Hyek Lim, piano I

Gravado em Berlim, Alemanha, dezembro de 2018

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Mais um Rendez-vous com Martha em Hamburgo, desta vez em 2019, com resultados muito bons, ainda que tão entusiasmantes quanto os do ano anterior. Jamais escreveria isso num tom de queixume, mas a Rainha legou-nos tantas interpretações memoráveis que as revisitas aos itens de seu repertório despertam comparações com as legendárias versões anteriores, num curioso efeito colateral dos setenta anos de carreira e duma magnífica discografia. Refiro-me, principalmente, à gravação do concerto de Tchaikovsky, em que ela brilha como sempre, mas a Sinfônica de Hamburgo não tanto quanto a Royal Philharmonic sob a mesma batuta de Charles Dutoit, décadas antes. E teria havido, enfim, menos elã no notável elenco de intérpretes do que no ano anterior, ou estarei eu tão só blasé depois de tanto escutar gravações antológicas de Marthinha para lhes apresentar sua discografia integral? Só vocês me poderão dizer.

Felix MENDELSSOHN
Trio para piano, violino e violoncelo no. 2 em Dó menor, Op. 66
1 – Allegro energico e con fuoco
2 – Andante espressivo
3 – Scherzo
4 – Finale. Allegro appassionato

Renaud Capuçon, violino
Edgar Moreau, violoncelo

Johannes BRAHMS
Sonata para violino e piano no. 1 em Sol maior, Op. 78
5 – Vivace ma non troppo
6 – Adagio
7 – Allegro molto moderato

Renaud Capuçon, violino
Nicholas Angelich, piano

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Wolfgang Amadeus MOZART
Andante e variações em Sol maior para piano a quatro mãos, K. 501
1 – Thema – Variationen I-V

Stephen Kovacevich e Martha Argerich, piano

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
2 – Adagio sostenuto — Presto
3 – Andante con variazioni
4 – Finale. Presto

Tedi Papavrami, violino

Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)
Fantasia em Fá menor para piano a quatro mãos, D. 940
5 – Allegro molto moderato
6 – Largo
7 – Scherzo. Allegro vivace
8 – Finale. Allegro molto moderato

Gabriela Montero e Martha Argerich, piano

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Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
1 – Allegro non troppo e molto maestoso
2 – Andantino semplice – Prestissimo – Tempo I
3 – Allegro con fuoco

Symphoniker Hamburg
Charles Dutoit, regência

Igor Fyodorovich STRAVINSKY (1882-1971)
Les Noces, Cenas Coreográficas com Música e Vozes
4 – La tresse
5 – Chez le Marié
6 – Le Départ de la Mariée
7 – Le Repas de Noces

Nicholas Angelich, Gabriele Baldocci, Alexander Mogilevsky e Stepan Simonian, pianos
Europa Choir Akademie Görlitz
Charles Dutoit, regência

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Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
Sonatas (Esercizi) para teclado:
1 – K. 495 em Mi maior
2 – K. 20 em Mi maior
3 – K. 109 em Lá menor
4 – K. 128 em Si bemol menor
5 – K. 55 em Sol maior
6 – K. 32 em Ré menor
7 – K. 455 em Sol maior

Evgeni Bozhanov, piano

Johann Sebastian BACH
Concerto em Lá menor para quatro pianos e orquestra de cordas, BWV 1065
8 – Allegro
9 – Largo
10 – Allegro

Martha Argerich, Dong Hyek Lim, Sophie Pacini e Mauricio Vallina, pianos
Symphoniker Hamburg
Adrian Iliescu, regência

Robert SCHUMANN
Kinderszenen
, para piano, Op. 15
11 – Von fremden Ländern und Menschen
12 – Kuriose Geschichte
13 – Hasche-Mann
14 – Bittendes Kind
15 – Glückes genug
16 – Wichtige Begebenheit
17 – Träumerei
18 – Am Kamin
19 – Ritter vom Steckenpferd
20 – Fast zu ernst
21 – Fürchtenmachen
22 – Kind im Einschlummern
23 – Der Dichter spricht

Martha Argerich, piano

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
Introdução e Polonaise Brilhante em Dó maior, para violoncelo e piano, Op. 3
24 – Largo – Alla polacca

Mischa Maisky, violoncelo

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Sergey PROKOFIEV
Sonata para violino e piano no. 2 em Ré maior, Op. 94a
1 – Moderato
2 – Presto
3 – Andante
4 – Allegro con brio

Tedi Papavrami, violino

Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
1 – Andante – Allegro
2 – Tema con variazioni
3 – Allegro ma non troppo

Symphoniker Hamburg
Sylvain Cambreling, regência

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Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata em Ré maior para piano a quatro mãos, K. 381
1 – Allegro
2 – Andante
3 – Allegro molto

Martha Argerich e Akane Sakai, piano

Claude DEBUSSY
Petite Suite, para piano a quatro mãos, L. 65
4 – En bateau
5 – Cortège
6 – Menuet
7 – Ballet

Sergei Babayan e Evgeni Bozhanov, piano

Enrique GRANADOS Campiña (1862-1916)
Transcrição para violino e piano de Fritz Kreisler (1875-1962)
Das Doze danças espanholas, Op. 37
8 – No. 5: Andaluza

Friedrich “Fritz” KREISLER (1875-1962)
9 – Schön Rosmarin

Géza Hosszu-Legocky, violino
Sergei Babayan, piano

Francis Jean Marcel POULENC (1899-1963)
Sonata para dois pianos, FP 165
10 – Prologue
11 – Allegro molto
12 – Andante lyrico
13 – Epilogue

Witold Roman LUTOSŁAWSKI (1913-1994)
14 – Variações sobre um tema de Paganini, para dois pianos

Karin Lechner e Sergio Tiempo, pianos

Sergey RACHMANINOV
Das Seis peças para piano a quatro mãos, Op. 11
15 – No. 4: Valsa

Martha Argerich e Khatia Buniatishvili, piano

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Gravado em Hamburgo, Alemanha, junho de 2019


 

A gravação mais recente de Martha, já sob a égide da Covid-19, foi feita em duo com a pianista grega Theodosia Ntokou, outra de suas muito queridas protegidas. A escolha de uma transcrição da sinfonia “Pastoral” de Beethoven só não é mais curiosa do que a própria versão escolhida: em lugar da mais famosa e autoritativa, feita por Carl Czerny, aluno do próprio renano, elas escolheram o obscuro arranjo do ainda mais obscuro Selmar Bagge. A “Pastoral” foi-me uma grata surpresa, assim como lhes será a bonita leitura que Ntokou entrega da sonata “Tempestade”, depois de se despedir da Rainha. E, já que estamos a falar de despedidas, despeço-me eu aqui por terminar de oferecer-lhes, ao longo de oito capítulos e incontáveis adiamentos, a discografia completa da maior pianista de nosso tempo, num tributo aos seus oitenta anos que, concluído já no caminho de seus oitenta e dois, deseja-lhe a saúde e o fogo de sempre para oferecer ao público que tanto a ama o estupor com que ela o nutre há mais de sete décadas.

Ludwig van BEETHOVEN

Sinfonia no. 6 em Fá maior, Op. 68, “Pastoral”
Transcrição para dois pianos de Selmar Bagge (1823-1896)
1 – Erwachen heiterer Empfindungen bei der Ankunft auf dem Lande. Allegro ma non troppo
2 – Szene am Bach. Andante molto moto
3 – Lustiges Zusammensein der Landleute. Allegro
4 – Gewitter. Sturm. Allegro
5 – Hirtengesang. Frohe und dankbare Gefühle nach dem Sturm. Allegretto

Theodosia Ntokou, piano II

Gravado em Lugano, Suíça, julho de 2020

Das Três sonatas para piano, Op. 31:
No. 2 em Ré menor, “Tempestade”
6 – Largo
7 – Adagio
8 – Allegretto

Theodosia Ntokou, piano

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Desta década da discografia da Rainha vocês já encontravam aqui no PQP Bach as seguintes gravações:

W. A. Mozart (1756-1791): Piano Concerto No.25 K.503 & Piano Concerto No.20 K.466

2013


A Quatro Mãos: Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Franz Schubert (1797-1828) – Igor Stravinsky (1882-1971) – Duos para piano – Martha Argerich e Daniel Barenboim

2014

[Restaurado] Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Abertura de “Le Nozze di Figaro” – Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para piano e orquestra em Dó maior, Op. 15 – Maurice Ravel (1875-1937): Rapsodie Espagnole – Pavane pour une Infante Défunte – Alborada del Gracioso – Boléro – Argerich – Barenboim #BTHVN250

2014


Hiroshima, ano 77 [Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano no. 1, Op. 15 – Argerich / Dai Fujikura (1977): Concerto para piano no. 4, “Akiko’s Piano” – Hagiwara]

2015


[Restaurado] BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano e orquestra em Dó maior, Op. 15 – Sinfonia no. 1 em Dó maior, Op. 21 – Argerich – Ozawa

2017


[Restaurado] Sergey Prokofiev – Prokofiev for Two – Martha Argerich, Sergei Babayan

2017


Viva a Rainha! – Martha Argerich, 80 anos [Debussy: Fantasia para piano e orquestra]

2018


[Restaurado] BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 18 – Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Divertimento, K. 136 (excerto) – Edvard Grieg (1843-1907) – Suíte Holberg, Op. 40 – Argerich – Ozawa

2019



Nossa Rainha fala português [e que sdds, Nelson ♥♥♥]

Vassily

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Sétima Década (2001-2010) [Martha Argerich, 80 anos]

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Sétima Década (2001-2010) [Martha Argerich, 80 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-


Se o novo milênio da Rainha teve poucas gravações em estúdio, ele abundou em registros ao vivo. O Festival de Lugano, que aconteceu entre 2002 e 2016, garantiu pelo menos um álbum triplo anual à discografia de Martha, sempre em companhias por ela escolhidas, e com muitas obras novas em seu repertório. Passaremos ao largo do legado de Lugano, no entanto, pois o colega FDP Bach já vem publicando seus discos há algum tempo e pretende prosseguir sua série. Assim, hemos de lhes alcançar o que La Diosa gravou fora do Ticino, que também privilegia a colaboração com outros artistas, particularmente aqueles bem mais jovens que ela.


A primeira gravação de estúdio da década nada tem de jovem guarda: à  mui madura troika de Martha, Kremer e Maisky, veterana de tantas gravações importantes, soma-se a também calejada viola de Yuri Bashmet. O resultado, mais que a soma de solistas, é um conjunto afiado, especialmente no eletrizante Brahms que abre o disco, que desfaz os rumores não só de que Martha não gosta de Brahms, como também de que não o toca bem. Sobre o tópico, aliás, ela declarou ano passado: “quando eu toco [Brahms], eu amo, mas a música dele não é do tipo ao qual sou naturalmente inclinada. Eu estudei o concerto no. 2 com o Gulda [seu professor], mas nunca o toquei em concerto. Pode ser uma história de libido. Certas pianistas adoram sua música: Irene Russo, Hélène Grimaud, Karin Lechner… Elas são talvez mulheres atraídas por homens mais velhos. Esse nunca foi meu caso. Eu toquei sua sonata para piano no. 2 por um tempo porque ela é muito schumanniana (…) Eu gosto de Brahms. Era Gulda que não gostava muito dele”.

O álbum é encerrado pelas Fantasiestücke de Schumann para trio, que, ainda que executadas com muita competência (e talvez vibrato demais pelos cordistas), não deixam de soar um pouco frugais depois da tempestade brahmsiana daquele “Rondó à Moda Cigana” que encerra o quarteto.

Johannes BRAHMS (1833-1897)
Quarteto para piano, violino, viola e violoncelo em Sol menor, Op. 25
1 – Allegro
2 – Intermezzo: Allegro ma non troppo – Trio: Animato
3 – Andante con moto
4 – Rondo alla Zingarese

Gidon Kremer, violino
Yuri Bashmet, viola
Mischa Maisky, violoncelo

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Fantasiestücke para piano, violino e violoncelo, Op. 88
5 – Romanze: Nicht schnell, mit innigem Ausdruck
6 – Humoreske: Lebhaft
7 – Duett: Langsam und mit Ausdruck
8 – Finale: Im Marschtempo

Gidon Kremer, violino
Mischa Maisky, violoncelo

Gravado em Berlim, Alemanha, fevereiro de 2002

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Martha é uma pianista dos pianistas, e nos perderíamos facilmente na conta dos colegas que a admiram. Mikhail Pletnev, que foi por um tempo seu vizinho na Suíça, é um de seus maiores fãs, e pôs sua admiração à obra, dedicando à Rainha uma transcrição para dois pianos da “Cinderella” de Prokofiev, estreada e gravada por ambos em 2003. A gravação, à qual se segue uma charmosa “Mamãe Gansa” de Ravel, é um deleite, e nos permite saborear os contrastes entre o estilo único de Marthinha (no piano à esquerda em Prokofiev e sentada à esquerda no Ravel) com o clássico sonzão russo de Pletnev (sentado à direita nas duas gravações).

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Suíte de Cinderella (Zolushka), balé em três atos, Op. 87
Arranjo para dois pianos de Mikhail Vasilyevich Pletnev (1957)
1 – Introduction: Andante dolce
2 – Querelle: Allegretto
3 – L’Hiver: Adagio – Allegro moderato
4 – Le Printemps: Vivace con brio – Moderato – Presto
5 – Valse de Cendrillon: Andante – Allegretto – Poco più animato – Più animato – Meno mosso
6 – Gavotte: Allegretto
7 – Gallop: Presto – Andantino – Presto
8 – Valse Lente: Adagio – Poco più animato – Assai più mosso – Poco più animato – Meno mosso (più animato dell’adagio
9 – Finale: Allegro moderato – Allegro espressivo – Presto – Allegro moderato – Andante

Mikhail Pletnev, piano II

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Ma Mère l’Oye, suíte para piano a quatro mãos, M. 62
10 – Pavane de la Belle au Bois Dormant: Lent
11 – Petit Poucet: Très modéré
12 – Laideronnette, Impératrice des Pagodes: Mouvement de Marche
13 – Les Entretiens de la Belle et de la Bête: Mouvement de Valse très modéré
14 – Le Jardin Féerique: Lent et Grave

Martha Argerich e Mikhail Pletnev, piano

Gravado em Vevey, Suíça, agosto de 2003

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Apesar das muitas décadas morando na Europa, de ser cidadã suíça há mais de cinquenta anos, e de ter criado filhas francófonas, Martha nunca deixou de ser argentina, tanto no passaporte, quanto, principalmente, na identidade cultural. Em seus frequentes retornos a seu país, faz breves turnês por cidades do interior, de Rosario a Córdoba, e de Salta a Tucumán, e colabora, sempre que pode, com músicos argentinos.

A colaboração mais marcante, com sobras, foi aquela que aconteceu durante o Festival Argerich, em sua Buenos Aires natal, em setembro de 2003. Na ocasião, Martha e a Camerata Bariloche acompanharam a voz mítica de Mercedes Sosa (1935-2009), que, já abalada pelos problemas de saúde que a calariam alguns anos depois, não deixou de lotar o Teatro Colón e transformar a escadaria da avenida Libertad numa cachoeira de lágrimas. A colaboração foi proposta por Martha, para a completa incredulidade de Mercedes, tesouro nacional argentino e lenda viva da música do continente, que achou estar a receber um trote:

De repente eu peguei o telefone e ouvi ‘sou Martha Argerich’ e eu não entendi nada. Perguntei: ‘Martha, é você mesma?’ A minha surpresa foi tanta que só consegui convidá-la para comer empanadas. Mas ela me disse: ‘quero que você cante comigo no Colón’. Eu pensei que era uma piada. Nunca imaginei… Meus planos iam até cantar com Mina ou com Carlos Santana… E foi a Martha quem me ofereceu isso. Apesar de conhecê-la há muitos anos, nunca imaginei que ela me chamaria para fazer algo juntas. Nunca, nunca… Ela interpreta Prokofiev e nunca se apresentou com um cantor popular. Tenho toda a coleção de Chopin da Martha, comprada na França. Agora vamos fazer juntas obras como ‘A canção da árvore do esquecimento’, de Alberto Ginastera. Isso é um sonho.”

Sonho é uma boa palavra, que também descreve a vontade minha, tiete apaixonado das duas, de virar um besouro para me embrenhar nas coxias do Colón naquela noite portenha de inverno. Para minha, e por certo também nossa alegria, se o único encontro entre La Diosa e La Negra nunca foi lançado em álbum, alguma boa alma fez-nos o favor de colocá-lo no YouTube.



MERCEDES SOSA Y MARTHA ARGERICH EN VIVO EN EL TEATRO COLÓN

1 – La tempranera (León Benarós) 00:00
2 – Como pájaros en el aire (Peteco Carabajal) 05:12
3 – El alazán (Atahualpa Yupanqui – Pablo del Cerro) 08:32
4 – Doña Ubensa (Chacho Echeñique) 13:15
5 – Allá lejos y hace tiempo (A. Tejada Gómez – Ariel Ramírez)
16:33
6 – Canción del árbol del olvido (F. Silva Valdés – A. Ginastera) 21:27
7 – Las cartas de Guadalupe (Félix.Luna – Ariel Ramirez) 23:44
8 – El alazán (Atahualpa Yupanqui – Pablo del Cerro)
27:05
9 – Alfonsina y el mar (Félix Luna – Ariel Ramirez) 31:47

Gravado ao vivo no Teatro Colón em Buenos Aires, Argentina, em 8 de setembro de 2003


Um expediente recorrente de Martha no novo milênio passou a ser o de fazer participações especiais em álbuns de jovens colegas, seus protegidos. É o caso deste, da pianista petersburguense Polina Leschenko, com quem Martha divide a saborosa transcrição da por si só deliciosa “Sinfonia Clássica” de seu xodó Prokofiev. Leschenko prossegue com boas companhias, entre as quais o legendário violinista romani Roby Lakatos, que a despeito do shape de cantor de churrascaria e de flertar com ambiências semelhantes às de André Rieu, é um instrumentista e improvisador monstruoso, dos maiores que estão presentemente a respirar nesta mesma atmosfera. Prova disso é a “Dança do Sabre” de Khachaturian que surge como surpresa após o “Vocalise” de Rachmaninov extinguir-se: pura doideira!

Sergey PROKOFIEV

Sinfonia no. 1 em Ré maior, Op. 25, “Clássica”
Transcrição para dois pianos de Rikuya Terashima
1 – Allegro
2 – Larghetto
3 – Gavotta: Non troppo allegro
4 – Finale: Molto vivace

Polina Leschenko, piano II

Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
5 – Allegro inquieto
6 – Andante caloroso
7 – Precipitato

Polina Leschenko, piano

Sonata em Dó maior para violoncelo e piano, Op. 119
8 – Andante grave
9 – Moderato
10 – Allegro ma non troppo

Christian Poltéra, violoncelo
Polina Leschenko, piano

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
De Souvenir d’un lieu cher, para violino e piano, Op. 42:
11 – No. 3: Mélodie

Sergey PROKOFIEV
De Lyubov k Tryom Apelsinam (“Amor das Três Laranjas”), Op. 33:
Arranjo para violino e piano de Jascha Heifetz (1901-1987)
12 – Marcha

Roby Lakatos, violino
Polina Leschenko, piano

Sergey Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943)
Dos Quatorze Romances, Op. 34:
13 – No. 14: Vocalise (arranjo para piano, violino e violoncelo)

Polina Leschenko, piano
Roby Lakatos, violino
Christian Poltéra, violoncelo

BÔNUS – faixa oculta (após o Vocalise):

Aram KHACHATURIAN (1903-1978)
Arranjo para violino e piano de Roby Lakatos (1965)
Dança do Sabre, do balé Gayane

Roby Lakatos, violino
Polina Leschenko, piano

Gravado em Bruxelas, Bélgica, março a abril de 2005

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Da mesma maneira que colabora com jovens talentos, Martha empresta seu prestígio para impulsionar carreiras de contemporâneas sem muita projeção discográfica. Nascida no Uzbequistão soviético e educada no Conservatório de Moscou, Dora Schwarzberg imigrou para Israel para depois radicar-se em Nova York. Importante pedagoga, cuja aluna mais ilustre é a enfant terrible Patricia Kopatchinskaja, Dora começou a construir sua discografia depois que Martha colou nela e não mais a largou. Aqui, na estreia do duo em álbum próprio – pois já tinham gravado Schumann naquele pacotão que lhes alcancei na postagem passada – elas atravessam um repertório familiar a Martha, especialmente pela sonata de Franck, em que ela já acompanhou inúmeros pianistas, de Accardo a Perlman, passando por Gitlis e Kremer.

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
1 – Allegretto ben moderato
2 – Allegro
3 – Ben moderato: Recitativo-Fantasia
4 – Allegretto poco mosso

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
Sonata em Sol menor para violino e piano
5 – Allegro vivo
6 – Intermède. Fantasque et léger
7 – Finale. Très animé

Robert SCHUMANN
Fantasiestücke para violino e piano, Op. 73
8 – Zart und mit Ausdruck
9 – Lebhaft, leicht
10 – Rasch und mit Feuer

Dora Schwarzberg, violino

Gravado em Bruxelas, Bélgica, dezembro de 2005

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Martha dificilmente estará em território mais seguro que o de Schumann, seu grande amor de longuíssima data, e cujas composições seus dedos e temperamento tocam como ninguém. Poucas pessoas conseguem devorar o concerto de Robert como ela, que facilmente o toma como café da manhã, sem a menor taquicardia, nem derramar qualquer gotícula de suor. Martha, que o toca há setenta anos, nunca deixa de voltar a ele, como foi no caso da última vez que a ouvi ao vivo, ou como foi sob a batuta de outro grande schumanniano, Riccardo Chailly, na Gewandhaus da mesma Leipzig em que o compositor viveu tantos momentos fundamentais de sua breve existência. Esse registro é o meu preferido dela para essa obra, e recomendo fortemente aos que puderem assistir ao vídeo correspondente que observem o quão absoluto é o domínio de Martha sobre seu cavalo de batalha, e quão comovente é o contraste com o singelo bis (não incluso no CD) das Kinderszenen que ela toca no final.

Robert SCHUMANN

De Genoveva, ópera em quatro atos, Op. 81:
1 – Abertura

Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54
2 – Allegro affettuoso
3 – Intermezzo: Andantino grazioso
4 – Allegro vivace

Sinfonia no. 4 em Ré menor, Op. 120
5 – Ziemlich langsam – Lebhaft
6 – Romanze: Ziemlich langsam
7 – Scherzo & Trio: Lebhaft
8 – Langsam – Lebhaft – Schneller – Presto

Gewandhausorchester
Riccardo Chailly, regência

Gravado ao vivo em Leipzig, Alemanha, junho de 2006

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Martha reencontra Rabinovitch, e ambos reencontram Varsóvia – e a Rainha presta uma homenagem a seu mestre, Friedrich Gulda, dividindo o palco com dois dos filhos dele no concerto para três pianos de Mozart. A noite seguiu com um ótimo No. 1 de Shostakovich, uma das peças favoritas de Martha (e o verdugo dos pobres trompetistas escalados para acompanhá-la), e concluiu com uma ótima leitura de Rabinovitch para a Nona de Dmitri. Por algum motivo, talvez contingências de espaço, o Mozart não coube no álbum oficial lançado pelo Instituto Nacional Chopin de Varsóvia, mas eu dei um jeito de consegui-lo e oferecê-lo em separado.

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Concerto em Fá maior para três pianos e orquestra, K. 242, “Lodron”
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Rondo: Tempo di minuetto

Rico Gulda, piano II
Paul Gulda, piano III

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Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Concerto em Dó menor para piano, trompete e orquestra de cordas, Op. 35
1 – Allegro moderato – attacca:
2 – Lento – attacca:
3 – Moderato – attacca:
4 – Allegro con brio
5 – Allegro con brio (bis)

Jakub Waszczeniuk, trompete

Sinfonia no. 9 em Mi bemol maior, Op. 70
6 – Allegro
7 – Moderato
8 – Presto
9 – Largo
10 – Allegretto — Allegro

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Sinfonia Varsovia
Alexandre Rabinovitch-Barakovsky, regência

Gravado ao vivo em Varsóvia, Polônia, agosto de 2006


Nesta nova parceria com seu amigo letão menos hirsuto, gravada ao vivo na Grande Sala da Philharmonie de Berlim, Martha escolheu repertório familiar a ambos e, a partir dele, teceu um programa engenhoso. O álbum abre com a mais impetuosa das sonatas de Schumann, da qual o duo já nos legou uma das melhores gravações disponíveis, e prossegue com dois números solo. Com a cabeluda sonata para violino solo de Bartók, Kremer passa consideravelmente mais trabalho que Martha, que toca as Kinderszenen que já têm impregnadas no tálamo, e que são sua primeiríssima opção sempre que tem que – como sabemos, a contragosto – voltar sozinha ao palco. A dupla volta a reunir seus esforços para uma elétrica sonata no. 1 de Bartók, uma das especialidades de Gidon, após a qual surpreendentemente restam forças para oferecer os dois singelos bombons de Kreisler.

Robert SCHUMANN
Sonata para violino e piano no. 2 em Ré menor, Op. 121
1 – Ziemlich langsam – Lebhaft
2 – Sehr lebhaft
3 – Leise, einfach
4 – Bewegt

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para violino solo, Sz. 117, BB 124 (1943-44)
5 – Tempo di ciaccona
6 – Fuga. Risoluto, non troppo vivo
7 – Melodia. Adagio
8 – Presto

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Robert SCHUMANN
Kinderszenen
, para piano, Op. 15
1 – Von fremden Ländern und Menschen
2 – Kuriose Geschichte
3 – Hasche-Mann
4 – Bittendes Kind
5 – Glückes genug
6 – Wichtige Begebenheit
7 – Träumerei
8 – Am Kamin
9 – Ritter vom Steckenpferd
10 – Fast zu ernst
11 – Fürchtenmachen
12 – Kind im Einschlummern
13 – Der Dichter spricht

Béla BARTÓK
Sonata para violino e piano no. 1, Sz. 75
14 – Allegro appassionato
15 – Adagio
16 – Allegro

Friedrich “Fritz” KREISLER (1875-1962)
17 – Liebesleid
18 – Schön Rosmarin

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Gidon Kremer, violino

Gravado ao vivo em Berlim, Alemanha, dezembro de 2006


O protagonista desde álbum, obviamente, é Vadim Repin e seu belo, nobre timbre que fazem do concerto de Beethoven uma delícia ainda maior de se ouvir, quanto mais sob a batuta de Riccardo Muti. Martha participa com uma de suas especialidades: ser a endiabrada pianista da “Kreutzer”, em contraste vivo com o som mais polido de Repin. O resultado – dir-se-ia um violino apolíneo e um teclado dionisíaco – é excelente e remete a gravações de outras duplas com o mesmo temperamento, como Oistrakh e Richter.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61
1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghetto
3 – Rondo: Allegro

Vadim Repin, violino
Wiener Philharmoniker
Riccardo Muti, regência

Sonata para violino e piano em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 – Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Presto

Dmitri SHOSTAKOVICH
Arranjo para violino e piano de Dmitri Tziganov (1903-1992)
Dos Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 34
7 – No. 10 em Dó sustenido menor

Vadim Repin, violino

Gravado em Viena, Áustria, fevereiro de 2007 (concerto) e ao vivo em Lugano, Suíça, junho de 2007

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Eis que Marthinha faz uma nova participação especial para dar novamente uma força (uma tremenda força) a um muito jovem colega. Pelo obscuro selo Dynamic, ela e o estiloso garoto Gabriele Baldocci – então com tenros dezoito anos – gravaram um recital de muito sumo e com repertório de vasto escopo, de Mozart a Shostakovich. Na Brazileira de Scaramouche, Milhaud cita (sem creditar) temas de Ernesto Nazareth, da mesma forma que fez, décadas antes, em Le Boeuf sur le Toit – também, avacalhadamente, sem crédito algum ao nosso gênio do Morro do Pinto.

Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para dois pianos em Ré maior, K.448 (375a)
1 – Allegro con spirito
2 – Andante
3 – Allegro molto

Dmitri SHOSTAKOVICH
Concertino em Lá menor para dois pianos, Op. 94

4 – Adagio – Allegretto – Adagio – Allegro – Adagio – Allegretto

Sergei RACHMANINOFF
Suíte para dois pianos no. 1 em Sol menor, “Fantaisie-Tableaux”, Op. 5
6 – Barcarolle
7 – La Nuit….L’Amour
8 – Les Larmes
9 – Pâques

Darius MILHAUD (1892-1974)
Scaramouche, suíte para dois pianos, Op. 165b
10 – Vif
11 – Modéré
12 – Brazileira

Maurice RAVEL
13 – La Valse, poema coreográfico

Gabriele Baldocci, piano II

Gravado ao vivo em Livorno, Itália, fevereiro de 2008

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O encerramento discográfico da década de Martha deu-se, como ocorrera na anterior, com Chopin. Num de seus muitos retornos a Varsóvia, ela apresentou a oferenda quase compulsória do concerto em Mi menor de Fryderyk, além de peças para violoncelo e piano na companhia de seu irmão quase siamês, Mischa Maisky. As gravações ao vivo resultantes foram realizadas no contexto do Festival “Chopin e sua Europa”, promovido pelo Instituto Nacional Fryderyk Chopin da capital polonesa, para o qual Marthinha e seus amiguinhos costumam ser arroz de festa.

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
1 – Allegro maestoso
2 – Romance. Larghetto
3 – Rondo. Vivace

Sinfonia Varsovia
Jacek Kaspszyk, regência

Sonata em Sol menor para violoncelo e piano, Op. 65
4 – Allegro moderato
5 – Scherzo
6 – Largo in B-flat major
7 – Finale. Allegro

Introdução e Polonaise Brilhante em Dó maior, para violoncelo e piano, Op. 3
8 – Introduction: Lento – Alla polacca: Allegro con spirito

Mischa Maisky, violoncelo

Gravado em Varsóvia, Polônia, agosto de 2010

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Dessa década da carreira da Rainha vocês já encontravam no blog as seguintes gravações:

Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival

2002/2004


Stravinsky (1882-1971): Suite italienne / Prokofiev (1891-1953): Sonata para Violoncelo e Piano, Op. 119, Valsa do balé “Stone Flower” / Shostakovich (1906-1975) Sonata para Violoncelo e Piano, Op.40

2003


Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival 2003

2003


Martha Argerich & Friends – Live in Lugano 2005 #BTHVN250

2005

Martha Argerich & Friends – Live in Lugano 2006

2006


Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival – 2007 #BTHVN250

2007


¡Larga vida a la Reina! – Carte Blanche [Martha Argerich, 81 anos]

2007


Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival – 2008

2008


Brahms, Rachmaninov, Schubert, Ravel: Martha Argerich & Nelson Freire — Salzburg

2009


Vassily

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Sexta Década (1991-2000) [Martha Argerich, 80 anos]


1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-


A década de 90 foi, para Martha, desgraçadamente assombrada pela morte. Além de perder sua mãe, Juanita, e sua melhor amiga, Diane, para o câncer, ela própria viu-se acometida pelo flagelo. Desde o diagnóstico de melanoma, no início da década, até que a declararam curada, no final dela, a Rainha foi submetida a tratamentos dolorosos e duras escolhas. A mais difícil delas deu-se na recidiva, em meados da década, quando o tumor metastatizou para os pulmões e linfonodos. Foi-lhe sugerida uma cirurgia no tórax que poderia salvar a mulher, mas certamente mataria a pianista, cortando vários músculos fundamentais para sua arte. Martha escolheu submeter-se a um tratamento experimental a base de vacinas, que lhe permitiu uma operação menos radical. Deu certo e, num gesto de gratidão ao Instituto de Câncer John Wayne em Santa Mônica, Estados Unidos, onde recebeu o bem-sucedido tratamento, a Rainha voltou a subir sozinha ao palco, depois de quase vinte anos, para dar um recital em prol do Instituto para um Carnegie Hall lotado:

Naturalmente, a luta pela vida repercutiu na carreira de Martha. Sua discografia na década reflete essas imensas dificuldades pessoais – alguns anos passaram completamente em branco, sem gravações – e consolidou as tendências da década anterior: nenhum registro solo, muitas gravações de música de câmara com os velhos parceiros de sempre. Entre as novidades, a exploração de repertório novo e a colaboração estreita com Alexandre Rabinovitch em duos para piano, tocando sob sua regência, e gravando suas composições.


Não me lembro onde, mas tenho impressão de já ter lido que Martha não é muito fã de Rachmaninov. Se isso pode surpreender quem, como eu e o resto do Universo, fica de queixo caído com sua gravação do concerto no. 3 sob Chailly, também parece meio óbvio pela virtual ausência das peças solo de Rach do repertório da Rainha. Em seus recitais em duo, em compensação, Sergei Vasilyevich é figurinha fácil – e tem esse disco todinho dedicado a ele, com a primeira das muitas aparições de Alexandre Rabinovitch na discografia marthinhiana da década de 90, e a primeira das capas da Teldec em que nossa deusa parece estar no meio dum climão com quem era então su guapo.

Sergei Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943)
Suíte para dois pianos no. 1 em Sol menor, “Fantaisie-Tableaux”, Op. 5
1 – Barcarolle
2 – La Nuit….L’Amour
3 – Les Larmes
4 – Pâques

Suíte para dois pianos no. 2 em Dó maior, Op. 17
5 – Introduction
6 – Valse
7 – Romance
8 – Tarantella

Danças Sinfônicas, para orquestra, Op. 45
Transcrição para piano do próprio compositor
9 – Non allegro
10 – Andante con moto
11 – Lento assai

Alexandre Rabinovitch, piano II

Gravado em Berlim Ocidental, setembro de 1991

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As composições de Alexandre Rabinovitch mereceriam uma postagem à parte, mas, enquanto eu os afogo com melífluas torrentes de Martha, deixo-lhes algumas amostras do que o pibe criou. Nascido e educado na União Soviética, aluno de Dmitry Kabalevsky, Rabinovitch destacou-se como pianista, tocando muita música contemporânea enquanto buscava rumo como compositor. Sua dedicação inicial à música serial, banida pelo regime soviético, foi abandonada depois que Alexei Lubimov lhe apresentou a música dos minimalistas dos Estados Unidos. Deixou o país de origem, por completa falta de perspectivas, para encontrar menos perspectivas ainda em Paris, onde Boulez reinava absoluto e deixava pouca coisa crescer a seu redor. Mudanças para Bruxelas e Genebra acabaram por colocá-lo no caminho de Martha Argerich, com quem dividiu palcos e estúdios, cigarros e dentifrícios – e que é o motivo maior para o moço aparecer por aqui. Sua música é muito interessante, sobretudo por nutrir-se de diversas referências, como poderão perceber pela obra que abre o álbum duplo a seguir, e porque seu estilo contrasta com a música “estática” que desinformados como eu muitas vezes esperam de obras minimalistas. A participação da Rainha na coletânea resume-se à gravação ao vivo da Musique Populaire, assim chamada por basear-se em temas de música popular, notória por ser, depois de meio século de vida e quase isso tanto a tocar pianos acústicos, sua primeira num instrumento plugado.

Alexandre RABINOVITCH Barakovsky (1945)

Six États Intermediaires (1998), sinfonia baseada no livro tibetano dos mortos, “Bardo Thödol”
1 – La Vie
2 – Le Rêve
3 – La Transe
4 – Le Moment de la Mort
5 – La Réalité
6 – L’Existence

Beogradska Filharmonija (Filarmônica de Belgrado)
Alexandre Rabinovitch, regência

7 – Musique Populaire (1980), para dois pianos amplificados

Martha Argerich e Alexandre Rabinovitch, pianos

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La Triade (1998), Sinfonia Concertante para violino amplificado e orquestra
1 – Le Deuil
2 – La Transe
3 – Le Silence

Yayoi Toda, violino
Orchestra di Padova e del Veneto
Alexandre Rabinovitch, regência

Trois Invocations (1995), para quarteto de cordas e celesta amplificada
4 – Invocation I
5 – Invocation II
6 – Invocation III

Alexandre Rabinovitch, celesta
Filarmonica Quartet

7 – La Belle Musique no. 4 (1987), para quatro pianos amplificados 

Alexandre Rabinovitch, Alexei Ieriomine, Anton Batagov e Mikhail Adamovitch, pianos

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“Musique Populaire” gravada em Varsóvia, Polônia, abril de 1992


Num dos raros retornos a Varsóvia sem tocar Chopin, Martha não esqueceu de trazer a tiracolo seu amigo e vizinho inseparável, Mischa Maisky. A dupla ofereceu um programa inteiramente dedicado a Haydn, com o bônus de uma das poucas gravações lançadas da famosa sonatinha de Scarlatti que nossa deusa costuma tocar como bis – e como ninguém mais entre os terráqueos – para o pasmo das plateias mundo afora.

Joseph HAYDN (1732-1809)
Concerto em Ré maior para piano e orquestra, Hob. XVIII:11
1 – Vivace
2 – Un poco adagio
3 – Rondo all’Ungarese: Allegro assai

Orkiestra Kameralna Polskiego Radia Amadeus
Agnieszka Duczmal, regência

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
Sonata em Ré menor, K. 141
4 – Allegro

Joseph HAYDN
Concerto para violoncelo e orquestra no. 1 em Dó Maior, Hob. VIIb/1
5 – Moderato
6 – Adagio
7 – Allegro molto

Mischa Maisky, violoncelo
Orkiestra Kameralna Polskiego Radia Amadeus

Agnieszka Duczmal, regência

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Da Suíte para violoncelo no. 2 em Ré menor, BWV 1008
8 – Sarabande

Da Suíte para violoncelo no. 3 em Dó maior, BWV 1009
9-10 – Bourrée I & II

Da Suíte para violoncelo no. 5 em Dó menor, BWV 1011
11-12 – Sarabande

Mischa Maisky, violoncelo

Gravado ao vivo em Varsóvia, Polônia, abril de 1992

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Para alguém que idolatrava Horowitz a ponto de se mudar de mala e cuia para Nova Iorque para tentar tornar-se sua aluna, é curioso que Scriabin, um dos xodós de Volodya, estivesse fora do repertório e da discografia de Martha até o lançamento desse álbum, dedicado integralmente a obras que tangem o mito de Prometeu. Acompanhada por Claudio Abbado e os filarmônicos de Berlim, a Rainha executa a parte de piano obbligato do “Poema do Fogo” de Scriabin, somando-se às forças orquestrais, a um coro e a uma iluminação colorida prescrita pelo compositor e originalmente destinada a um clavier à lumières  inventado por ele. Apesar da baixa qualidade da imagem, vale a pena conferir o vídeo da performance para ter uma ideia aproximada do que tramou Alexander.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Suíte de Die Geschöpfe Des Prometheus, Op. 43
1 – Introduction. Allegro non Troppo
2 – No. 1: Poco adagio – Allegro con brio
3 – No. 9: Adagio – Allegro molto
4 – No. 10: Pastorale. Allegro
5 – No. 14: Allegretto
6 – No. 15: Adagio – Allegro
7 – No. 16: Finale. Allegretto

Franz LISZT (1811-1886)
Prometheus, poema sinfônico, S. 99
8 – Allegro energico ed adagio assai – Allegro molto appassionato

Aleksandr Nikolayevich SKRIABIN (1871-1915)
9 – Promethée, Le Poème du Feu, Op. 60

Martha Argerich, piano
Berliner Singakademie

Luigi NONO (1924-1990)
Suíte de Prometeo, Tragedia dell’Ascolto 
10 – 3 Voci (baseado em texto de Walter Benjamin)
11 – Isola Seconda (baseado em Hyperions Schicksalslied, de Friedrich Hölderlin)

Mathias Schadock e Ulrike Krumbiegel, narradores
Ingrid-Ade Jesemann e Monika Bair-Ivenz, sopranos
Susanne Otto, contralto
Peter Hall, tenor
Michael Hasel, flauta baixo
Manfred Preis, clarinete contrabaixo
Christhard Gössling, eufônio e tuba
Solistenchor Freiburg

Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado, regência

Gravado em Berlim, Alemanha, em maio de 1992

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Peça final de seu triunfo no Concurso Chopin de 1965, o concerto em Mi menor do Frederico é uma das figurinhas mais fáceis na discografia e nos programas dos concertos de Martha mundo afora: difícil, enfim, é que ela volte a Varsóvia e deixe de tocá-lo. O CD a seguir registra um desses retornos, curiosamente pareado com Rossini e Mendelssohn, sob a batuta de Grzegorz Nowak, que mais tarde se tornaria regente associado da Royal Philharmonic em Londres, e com a Sinfonia Varsovia, orquestra fundada e apadrinhada pelo grande Yehudi Menuhin.

Gioachino Antonio ROSSINI (1792-1868)
L’italiana in Algeri, drama jocoso em dois atos
1 – Sinfonia

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
2 – Allegro maestoso
3 – Romance. Larghetto
4 – Rondo. Vivace

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN Bartholdy (1809-1847)
Sinfonia no. 4 em Lá maior, Op. 90, “Italiana”
5 – Allegro vivace
6 – Andante con moto
7  – Con moto moderato
8 – Presto e finale: Saltarello

Sinfonia Varsovia
Grzegorz Nowak, regência

Gravado ao vivo em Varsóvia, Polônia, dezembro de 1992

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O velho amigo Abbado, lá em 1992, devia estar afiadíssimo na difícil arte de persuadir a nada persuadível Martha a aprender novo repertório: depois do primeiro (e policromático) Scriabin da carreira da distinta senhora, Claudio a pôs para tocar seu primeiro Strauss. Vá lá que a Burleske, composta mais ou menos na época em que Richard atingiu a maioridade penal, seja fichinha para suas hábeis mãos, mas ainda sim deve-se notar sua proeza em dotar essa estranha cria concertística, renegada tanto pelo seu dedicatário, Hans von Bülow, quanto por muito tempo pelo próprio compositor, de um interesse que passa ao largo da maioria das gravações da obra.

Richard Georg STRAUSS (1864-1949)
1 – Don Juan, poema sinfônico, Op. 20

Toru Yasunaga, violino

2 – Burleske em Ré menor, para piano e orquestra

Martha Argerich, piano

3 – Till Eulenspiegels Lustige Streiche, poema sinfônico, Op. 28

Da ópera Der Rosenkavalier, Op. 59
4 – Ato III: Trio e Finale

Kathleen Battle e Renée Fleming, sopranos
Frederica von Stade, mezzo-soprano
Andreas Schmidt, barítono

Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado, regência

Gravado em Berlim, Alemanha, em 31 de dezembro de 1992

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Um xodó tardio na carreira de Martha é o primeiro concerto de Shosta, uma composição ebuliente e hiperativa, bem no estilo do nicotinado compositor e muito afeita a quem toca o terceiro de Prokofiev como ninguém. Sempre que volta à obra, a Rainha parece se divertir ao fazer um racha com o pobre solista de trompete, que invariavelmente passa por maus lençóis ao tentar acompanhar a velocidade lúbrica dos deditos de Marthinha, que, por sua vez, despacha a obra numa lepidez comparável à do próprio Shosta. Aqui, o trompetista sai-se muito bem – Guy Trouvon é feríssima, fruto mui digno da brilhante escola francesa de seu instrumento – e o registro resultante é um marco tanto na carreira de Martha quanto na discografia da obra, só superado pelo embate épico, de décadas depois, entre a deusa portenha do piano e Sergei Nakariakov, que é chamado de “Paganini do trompete” e não sem bons motivos.

Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Concerto em Dó menor para piano, trompete e orquestra de cordas, Op. 35
1 – Allegro moderato – attacca:
2 – Lento – attacca:
3 – Moderato – attacca:
4 – Allegro con brio

Guy Touvron, trompete

Joseph HAYDN
Concerto em Ré maior para piano e orquestra, Hob. XVIII:11
4 – Vivace
5 – Un poco adagio (cadenza: Wanda Landowska)
6 – Rondo all’Ungarese: Allegro assai

Württembergisches Kammerorchester Heilbronn
Jörg Faerber, regência

Gravado em Ludwigsburg, Alemanha, janeiro de 1993

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Esta gravação do inseparável duo Marthita/Nelsito traz aquela peça de resistência de seu repertório – a sensacional Sonata para dois pianos e percussão de Béla Viktor János – acrescida de composições de Ravel para dois pianos… e percussão. A atraente contribuição da carinhosamente chamada “cozinha” aos cordofones solistas foi acrescentada por Peter Sadlo (1962-2016), um tremendo percussionista que também participa desse registro de seus arranjos.

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para dois pianos e percussão, Sz. 110
1 – Assai lento – Allegro molto
2 – Lento, ma non troppo
3 – Allegro non troppo

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Ma Mère l’Oye, suíte para piano a quatro mãos, M. 62
Transcrição para dois pianos: Gaston Choisnel (1857-1921)
Arranjo para dois pianos e percussão: Peter Sadlo (1962-2016)
4 – Pavane de la Belle au Bois Dormant: Lent
5 – Petit Poucet: Très modéré
6 – Laideronnette, Impératrice des Pagodes: Mouvement de Marche
7 – Les Entretiens de la Belle et de la Bête: Mouvement de Valse très modéré
8 – Le Jardin Féerique: Lent et Grave

Rapsodie Espagnole, para orquestra, M. 54
Transcrição para dois pianos do próprio compositor
Arranjo para dois pianos e percussão de Peter Sadlo
9 – Prélude à la Nuit. Modéré
10 – Malagueña. Assez vif
11 – Habanera. En demi-teinte et d’un rythme las
12 – Feria. Assez vif

Nelson Freire, piano II
Edgar Guggeis e Peter Sadlo, percussão

Gravado em Nijmegen, Países Baixos, fevereiro de 1993

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Se há qualquer um entre vós outros que sonhou em ouvir Martha tocar algo que não fosse piano, eu ora anuncio com júbilo:

– Regozijai!

Em mais um álbum dedicado a obras de Rabinovitch, a Rainha não só toca celesta – tanto acústica quanto amplificada – como divide o palco possivelmente pela primeira vez com uma guitarra elétrica, além dum bocado de marimbas e vibrafones. Sua contribuição pianística e desplugada, a quatro mãos com o próprio compositor, é a Liebliches Lied (“Adorável Canção”), baseada em temas de Brahms e de Schubert (a cuja identificação desafio os atentos leitores-ouvintes).

Alexandre RABINOVITCH
1 – Incantations (1996)
Martha Argerich, piano amplificado e celesta
Daisuke Suzuki, guitarra elétrica
Hidemi Nurase, Mitsuyo Wada, Momoko Kamiya e Naoaki Kobayashi, marimbas e vibrafones
Hibiki String Orchestra
Alexandre Rabinovitch, regência

2 – Schwanengesang an Apollo (1996)
Yayoi Toda, violino
Martha Argerich, celesta amplificada
Alexandre Rabinovitch, piano

3 – La Belle Musique no. 3 (1977)
Budapesti Rádió Szimfonikus Zenekara (Orquestra Sinfônica da Rádio de Budapeste)
György Lehel, regência

4 – Liebliches Lied
Alexandre Rabinovitch e Martha Argerich, piano

Gravado em Berna, Suíça, novembro de 1993 (Liebliches Lied) e em Tóquio, Japão, maio de 1998 (Incantations)

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A integral das sonatas de Beethoven com Gidon Kremer foi retomada, duma forma surpreendemente ordeira para a carreira de nossa errática Marthinha, na exata ordem de publicação das obras. As três sonatas do Op. 30, em que os dois instrumentos ensaiam a igualdade de tratamento que receberão na “Kreutzer” e na Op. 96, são claramente conduzidas por ela, e dum jeito que nos faz imaginar, uma vez mais, o que ela teria sido capaz de ter feito se tivesse tocado, além de tão só esta, essa e aquela, algumas das outras vinte e nove sonatas para piano do renano.

Ludwig van BEETHOVEN
Três sonatas para violino e piano, Op. 30

No. 1 em Lá maior
1 – Allegro
2 – Adagio molto espressivo
3 – Allegretto con variazioni

No. 2 em Dó menor
4 – Allegro con brio
5 – Adagio cantabile
6 – Scherzo: Allegro
7 – Finale: Allegro – Presto

No. 3 em Sol maior
8 – Allegro assai
9 – Tempo di minuetto, ma molto moderato e grazioso
10 – Allegro vivace

Gidon Kremer, violino

Gravado em Montreux, Suíça, novembro de 1993

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A julgar pela capa, as coisas andavam às mil maravilhas entre a pareja Martha & Alexandre durante a gravação desse álbum. O que nele se escuta corrobora a impressão: Rabinovitch é excelente pianista, muito bom intérprete de Mozart, e certamente ajudou a Rainha a sentir-se à vontade com este compositor que, a despeito da farta dose vienense de sua formação pianística, confessamente nunca foi muito seu chão.

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Sonata para dois pianos em Ré maior, K.448 (375a)
1 – Allegro con spirito
2 – Andante
3 – Allegro molto

Andante e variações para piano a quatro mãos em Sol maior, K.501
4 – Andante – Variações I-V

Sonata para piano a quatro mãos em Dó maior, K.521
5 – Allegro
6 – Andante
7 – Allegretto

Sonata para piano a quatro mãos em Ré maior, K.381 (123a)
8 – Allegro
9 – Andante
10 – Allegro molto

Alexandre Rabinovitch, piano

Gravado em Berlim, Alemanha, dezembro de 1993

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Martha nunca foi muito de dar alegria aos completistas: só para ficar em Beethoven, levou a público apenas três entre as trinta e duas sonatas para piano, e gravou somente os três primeiros entre os cinco concertos (tocou o “Imperador” apenas duas vezes, e “mal”, e recusou-se a vida toda, e duma maneira quase fóbica, a aprender o concerto no. 4, em função duma epifania que experimentou ao ouvi-lo com Arrau, e arrepiar-se, aos seis anos de idade: “tenho medo do que aconteceria; é muito importante para mim”). Assim, é muito significativo que ela tenha se disposto a gravar, e de fato concluir, a integral das sonatas para violino ao lado do amigo Gidon Kremer. O disco final da série tem, na “Kreutzer”, tudo o que se pode esperar de temperamento argerichiano, embora o ponto alto para mim seja a tão subestimada Op. 96, escrita no limiar do período criativo transcendental do mestre de Bonn, em que o diálogo entre os instrumentos de Martha e Gidon transparece a mesma cumplicidade que suas caras preparadas na capa do álbum.

Ludwig van BEETHOVEN

Sonata para violino e piano em Lá, Op. 47, “Kreutzer”
1 – Adagio sostenuto – Presto
2 – Andante con variazioni
3 – Presto

Sonata para violino e piano em Sol maior, Op. 96
4 – Allegro moderato
5 – Adagio espressivo
6 – Scherzo: Allegro – Trio
7 – Poco allegretto

Gidon Kremer, violino

Gravado em Montreux, Suíça, março de 1994

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Falando em completistas, essa soirée schumanniana gravada por Martha e outras estrelas nos Países Baixos traz quase a integral da música de câmara de Robert Alexander para três ou mais instrumentos. No estrelado elenco, destaco Natalia Gutman, professora do Conservatório de Moscou, que, apesar de muito grata a seu professor Rostropovich, teve como maior mentor um pianista, o gigante Sviatoslav Richter, e se dá muito bem no dueto com Martha. Chamo a atenção também para o Op. 46, que nunca tinha ouvido antes, com sua incomum instrumentação para dois pianos, dois violoncelos e trompa (!), e para a maior obra-prima do álbum, o belíssimo quinteto com piano, ao qual Martha empresta decisivamente seu inigualável élan.

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856
Quinteto em Mi bemol maior para piano, dois violinos, viola e violoncelo, Op. 44
1 – Allegro brillante
2 – In modo d’una marcia (un poco largamente – agitato – a tempo)
3 – Scherzo (molto vivace) & trio
4 – Allegro ma non troppo

Dola Schwarzberg e Lucy Hall, violinos
Nobuko Imai, viola
Mischa Maisky, violoncelo

Andante e variações em Si bemol maior para dois pianos, dois violoncelos e trompa, Op.46
5 – Sostenuto – Andante espressivo – Un poco piu animato – Più animato – Più lento – Un poco più lento
6 – Più lento – Animato
7 – Doppio movimento – Tempo primo – Più adagio

Alexander Rabinovitch, piano II
Mischa Maisky e Natalla Gutman, violoncelos
Marie-Luise Neunecker, trompa

Quarteto em Mi bemol maior para violino, viola, violoncelo e piano, Op. 47
8 – Sostenuto assai- Allegro ma non troppo
9 – Scherzo (Molto vivace) & Trio
10 – Andante cantabile
11 – Finale (Vivace)

Dora Schwarzberg, violino
Nobuko Imai, viola
Natalia Gutman, violoncelo
Alexander Rabinovitch, piano

Fantasiestücke para violoncelo e piano, Op. 73
1 – Zart und mit Ausdruck
2 – Lebhaft, leicht
3 – Rasch und mit Feuer

Natalia Gutman, violoncelo

Adagio e Allegro em Lá bemol maior para trompa e piano, Op. 70
4 – Langsam, mit innigem Ausdruck
5 – Rasch und feurig

Marie-Luise Neunecker, trompa
Alexandre Rabinovitch, piano

Märchenbilder para viola e piano, Op. 113
6 – Nicht schnell
7 – Lebhaft
8 – Rasch
9 – Langsam, mit melancholischem Ausdruck

Nobuko Imai, viola

Sonata em Ré maior para violino e piano, Op. 121
10 – Zeimlich langsam – Lebhaft
11 – Sehr lebhaft
12 – Leise, einfach
13 –  Bewegt

Dora Schwarzberg, violino

Gravado ao vivo em Nijmegen, Países Baixos, setembro de 1994

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E dessa capa, o que acham vocês?

Martha e Rabinovitch parecem não só num climão meio tenso, como também as últimas pessoas capazes de tocar Mozart em dueto. Felizmente, o álbum é bem melhor que a capa (afirmação quase sempre verdadeira, quando se trata da Teldec): Martha volta ao concerto no. 20, que tocou muitas vezes quando menina e garota, Rabinovitch toca e conduz o de no. 19, e os pombinhos voltam a se reunir no concerto para dois pianos. Seguirão a arrulhar juntos? Resposta no álbum seguinte.

Wolfgang Amadeus MOZART

Concerto para piano e orquestra no. 20 em Ré maior, K. 466
Cadenze: Ludwig van Beethoven
1 –  Allegro
2 – Romance
3 – Allegro assai

Orchestra di Padova e del Veneto
Alexandre Rabinovitch, regência

Concerto para piano e orquestra no. 19 em Fá maior, K. 459
Cadenze do próprio compositor
4 – Allegro
5 – Allegretto
6 – Allegro assai

Orchestra di Padova e del Veneto
Alexandre Rabinovitch, piano e regência

Concerto em Mi bemol maior para dois pianos e orquestra, K. 365
Cadenze do próprio compositor
7 – Allegro
8 – Andante
9 – Rondo. Allegro

Württenbergisches Kammerorchestra Heilbronn
Alexandre Rabinovich, piano I e regência

Gravado em Stuttgart, Alemanha, janeiro de 1995 (K. 365) e em Pádua, Itália, setembro de 1998 (K. 459 e K. 466) 

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Sim: os pombinhos seguiram juntos e, a julgar pela capa, os tacapes pararam de voar numa certa casa em Genebra. Uma vez mais Martha arrisca repertório novo, e o que há neste disco é muito curioso. Esperava, admito, um pouco mais do “Aprendiz de Feiticeiro”, certamente por estar acostumado ao original e sua espirituosa orquestração, mas reconheço a competência do arranjo de Rabinovitch e a qualidade da execução, adequadamente temperamental. A grande surpresa, sem dúvidas, é o arranjo da “Sinfonia Doméstica” de Strauss, uma obra que nunca me despertou qualquer interesse na versão original, e que cintila sob os vinte talentosos dedinhos do casal. Se duvidam, ouçam a Wiegenlied (“Canção de Ninar”) e o Adagio e depois me contem se não estão entre as melhores coisas que Martha já tocou em duo!

Paul Abraham DUKAS (1865-1935)
Transcrição para dois pianos de Alexandre Rabinovitch
1 – L’Apprenti Sorcier

Richard STRAUSS
Transcrição para dois pianos de Otto Singer (1863-1931)
Symphonia Domestica, poema sinfônico, Op. 53
2 – Bewegt – Ⅰ. Thema: Sehr lebhaft –  Ⅱ. Thema: Ruhig   – Ⅲ. Thema
3 – Scherzo: Munter
4 – Wiegenlied: Mäßig langsam
5 – Adagio: Langsam
6 – Finale: Sehr lebhaft

Maurice RAVEL
7 – La Valse, poema coreográfico

Alexandre Rabinovitch, piano II

Gravado em Berlim, Alemanha, março de 1995

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Os quase três anos que separam este álbum do anterior tiveram, para Martha, o emblema do câncer que lhe voltou, que ela enfrentou, e do qual se curou. É bastante significativo, portanto, que, ao retomar sua discografia, ela tenha incorporado peças novas a seu repertório, escolhido a companhia segura de queridos parceiros de palco e da vida, e tocado ante uma plateia no Japão que ela tanto adora. As duas obras-primas incluídas no álbum – o segundo trio de Shostakovich e seu congênere, dedicado por Tchaikovsky à memória de Nikolai Rubinstein – receberam leituras inesquecíveis. Não tenho qualquer prurido em declarar essa interpretação do trio no. 2 de Shosta a melhor que já ouvi dessa obra, nem em reconhecer que o som ultrarromântico e sentimental de Mischa Maisky aqui se encaixa à perfeição com a melancolia da peça de Tchaikovsky, e que Martha e Kremer lhe somam à altura.

1 – Aplauso

Dmitri SHOSTAKOVICH
Trio para piano, violino e violoncelo no. 2 em Mi menor, Op. 67
2 – Andante – Moderato – Poco più mosso
3 – Allegro con brio
4 – Largo
5 – Allegretto – Adagio

Pyotr TCHAIKOVSKY
Trio em Lá menor para piano, violino e violoncelo, Op. 50
6 – Pezzo Elegiaco: Moderato assai – Allegro giusto – In tempo molto sostenuto – Adagio con duolo e ben sostenuto – Moderato assai – Allegro giusto
7 – Tema con variazioni: Andante con moto
8 – Variazione I
9 – Variazione II: Più mosso
10 -Variazione III: Allegro moderato
11 – Variazione IV: L’istesso tempo (Allegro moderato)
12 – Variazione V: L’istesso tempo
13 – Variazione VI: Tempo di valse
14 – Variazione VII: Allegro moderato
15 – Variazione VIII: Fuga (Allegro moderato)
16 – Variazione IX: Andante flebile, ma non tanto
17 – Variazione X: Tempo di mazurka
18 – Variazione XI: Moderato
19 – Variazione finale e coda: Allegro risoluto e con f
20 – Coda: Andante con moto – Lugubre

Peter KIESEWETTER (1945-2012)
21 – Tango Pathétique

Gidon Kremer, violino
Mischa Maisky, violoncelo

Gravado ao vivo em Tóquio, Japão, maio de 1999

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Ao assinar com a EMI, Martha foi prontamente convidada a gravar com outra grande estrela da gravadora, o israelense Itzhak Perlman. A admiração entre ambos, sempre mútua e imensa, teve que esperar até o verão de 1998 para virar parceria nos palcos, durante o Festival de Saratoga Springs, nos Estados Unidos. O repertório não fugiu do habitual: a sonata de Franck, em que a Rainha já acompanhou tantos violinistas, e a “Kreutzer” de Beethoven, para a qual é difícil imaginar pianista melhor. O recital é uma deleite tão grande quanto devem ter sido seus bastidores: Martha é declaradamente viciada em conversar, que é sua droga favorita, e o bonachão Itzhak, com seu vozeirão de barítono, um tremendo contador de histórias.

Ludwig van BEETHOVEN

Sonata para violino e piano em Lá, Op. 47, “Kreutzer”
1 – Adagio sostenuto – Presto
2 – Andante con variazioni
3 – Presto

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
4 – Allegretto ben moderato
5 – Allegro
6 – Ben moderato: Recitativo-Fantasia
7 – Allegretto poco mosso

Itzhak Perlman, violino

Gravado ao vivo em Saratoga Springs, Estados Unidos, julho de 1998

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A participação de Martha no Festival de Saratoga também incluiu uma parceria com sua alma gêmea, Nelson Freire, no Concerto Pathétique de Liszt, uma interessante peça para dois pianos que antecipa, em muitos aspectos, a revolucionária forma cíclica e mesmo algum material temático de sua obra-prima, a Sonata em Si menor. Antes dele, fez uma vigorosa leitura dos Contrastes de Bartók, tocando a parte que coube ao próprio compositor na primeira gravação da obra, acompanhada do excelente clarinetista Michael Collins e pela violinista Chantal Juillet, amiga de Martha e atual esposa de Charles Dutoit, ex-Don Argerich.

Zoltán KODÁLY (1882-1967)
Duo para violino e violoncelo, Op. 7
1 – Allegro serioso, non troppo
2 – Adagio – Andante – Tempo I
3 – Maestoso e largamente, na non troppo lento – Presto

Chantal Juillet, violino
Truls Mørk, violoncelo

Béla BARTÓK
Contrasts, para violino, clarinete e piano, Sz. 111

4 – Verbunkos
5 – Pihenö
6 – Sebes

Chantal Juillet, violino
Michael Collins, clarinete

Franz LISZT
7 – Concerto Pathétique em Mi menor, para dois pianos e orquestra, S. 258

Nelson Freire, piano II

Gravado ao vivo em Saratoga Springs, Estados Unidos, julho de 1998

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Se a instabilidade e o temperamento terrível de Martha sempre garantiram emoções fortes durante seus relacionamentos, tudo indica também que nossa Rainha é uma excelente ex-esposa. Prova disso é que que ela continua não só muito amiga de Charles Dutoit, com quem foi casada entre 1969 e 1973, como segue a gravar e tocar com ele (não sem faíscas, claro, algumas repletas de bom humor). Dutoit é ótimo regente e sabe, como talvez nenhum outro, envolver o indomável som de Martha com a orquestra. Seu período à frente da Sinfônica de Montreal foi um dos melhores de sua carreira e certamente o mais brilhante que esse conjunto já viveu, e acabou coroado com essa soberba gravação dos concertos de Chopin, na qual destaco aquele em Fá menor, que Martha tocou tão raras vezes, e que aqui recria com seu estilo inimitável, quase improvisatório, que torna sua leitura do Larghetto tão especial.

Fryderyk CHOPIN

Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11

1 – Allegro maestoso
2 – Romance. Larghetto
3 – Rondo. Vivace

Concerto para piano e orquestra no. 2 em Fá menor, Op. 21

4 –  Maestoso
5 – Larghetto
6 – Allegro vivace

Orchestre Symphonique de Montréal
Charles Dutoit, regência

Gravado em Montreal, Canadá, outubro de 1998

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Entre os tantos discos que lhes trouxe para celebrar as idades de Marthinha, foi este o mais difícil de conseguir. Lançado somente no Japão, ele celebra a estreia do Festival Argerich na cidade de Beppu, uma estação termal localizada em Kyushu, a mais meridional das grandes ilhas do arquipélago japonês. O parceiro da Rainha no recital de abertura é o velho amigo Ivry Gitlis, e o programa – nenhuma surpresa – traz o tradicional combo Franck-Kreutzer. A surpresa genuína é o quanto Gitlis, um intérprete bastante idiossincrático (para dizer o mínimo) segura sua onda improvisatória na “Kreutzer”: se duvidam, comparem o registro de Beppu com esta outra gravação do duo que vocês me entenderão.

Ludwig van BEETHOVEN

Sonata para violino e piano em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
1 – Adagio sostenuto – Presto
2 – Andante con variazioni
3 – Presto

César FRANCK
Sonata em Lá maior para violino e piano
4 – Allegretto ben moderato
5 – Allegro
6 – Ben moderato: Recitativo-Fantasia
7 – Allegretto poco mosso

Ivry Gitlis, violino

Gravado em Beppu, Japão, novembro de 1998 (Beethoven) e novembro de 1999 (Franck)

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Assim como o Japão, a Polônia é um dos locais a que Martha mais gosta de voltar. Não surpreende, pois, que ela tenha celebrado a notícia de sua cura, em 1999, com uma série de concertos em Varsóvia, cidade donde foi catapultada para a fama mundial mais de três décadas antes. Este CD, gravado ao vivo, registra uma das poucas noites em que Martha ofereceu dois concertos para piano no mesmo programa: antes de encerrar com seu tradicional cavalo de batalha, o primeiro concerto de Chopin, que ela nunca deixa de tocar quando volta à capital polonesa, a Rainha conduz a plateia por uma alucinante travessia do primeiro concerto de Liszt. La re putissima madre, Marthinha.

Wolfgang Amadeus MOZART
Sinfonia no. 35 em Ré maior, K. 385, “Haffner”
1 – Allegro con spirito
2 – Andante
3 – Menuetto
4 – Presto

Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra nº 1 em Mi bemol maior, S.124
5 – Allegro maestoso
6 – Quasi adagio
7 – Allegretto vivace – Allegro animato
8 – Allegro marziale animato

Fryderyk CHOPIN
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
9 – Allegro maestoso
10 – Romance. Larghetto
11 – Rondo. Vivace

Sinfonia Varsovia
Alexandre Rabinovitch, regência

Gravado ao vivo em Varsóvia, Polônia, maio de 1999

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A sexta década da discografia de Martha encerrou em território amigo: tocando Schumann com o vizinho Mischa Maisky – que sempre cresce nas parcerias com sua vizinha – e fotografada para a capa pela caçula Stéphanie, responsável pela maior janela que já tivemos ao palácio interior de nossa Rainha. Este álbum bonito, ainda que sem grandes surpresas, é encerrado por uma ótima gravação do concerto de Robert por Maisky e pela Orpheus.

Robert SCHUMANN

Adagio e Allegro em Lá bemol menor para violoncelo e piano, Op. 70
1 – Langsam, mit innigem Ausdruck
2 – Rasch und feurig

Fantasiestücke para violoncelo e piano, Op. 73
3 – Zart und mit Ausdruck
4 – Lebhaft, leicht
5 – Rasch und mit Feuer

Dos Três Romanzen, Op. 94
6 – No. 1: Nicht schnell

Fünf Stücke im Volkston, Op. 102
7 –  “Vanitas Vanitatum”, mit Humor
8 – Langsam
9 – Nicht schnell, mit viel Ton zu spielen
10 – Nicht zu rasch
11 – Stark und Markiert

De Märchenbilder, para viola e piano, Op. 113
Transcrição de Mischa Maisky para violoncelo e piano
12 – No. 1: Nicht schnell

Mischa Maisky, violoncelo

Concerto em Lá menor para violoncelo e orquestra, Op. 129
13 – Nicht zu schnell
14 – Langsam
15 – Sehr lebhaft

Mischa Maisky, violoncelo
Orpheus Chamber Orchestra

Gravado em Bruxelas, Bélgica, dezembro de 1999 (1-12) e em Nova York, Estados Unidos, março de 1997 (13-15)

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Dessa década da carreira da Rainha vocês já encontravam as seguintes gravações no PQP Bach:

[Restaurado] Sergei Prokofiev (1891-1953) – Sonatas para Violino e Piano e 5 Melodias

1991


[Restaurado] Aniversário da Rainha: Martha Argerich, 79 anos – Robert Schumann (1810-1856) – Concerto para piano em Lá menor, Op. 54 – Concerto para violino em Ré menor, WoO 23 – Argerich – Kremer – Harnoncourt #SCHMNN210

1992


A Quatro Mãos: Johannes Brahms (1833-1897) – Obras para dois pianos – Martha Argerich e Alexandre Rabinovitch

1993


Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Piano Concerto No. 1 / The Nutcracker Suite for two pianos

1994


[Restaurado] Prokofiev (1891-1953): Concertos para piano Nº 1 & 3 / Bartók (1881-1945): Concerto para piano Nº 3

1997


Beethoven (1770-1827): Concertos para Piano No 3 & No 2 – Martha Argerich – Mahler CO – Claudio Abbado

2000


Chopin / Franck / Debussy: Sonatas para Violoncelo

2000



Notre Reine parle le français – et fume beaucoup

Vassily

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os Seis Concertos de Shostakovich

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os Seis Concertos de Shostakovich

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um álbum que você precisa ouvir, mas um álbum triplo muito desigual. Cristina Ortiz e Paavo Berglund arrasam. Ivashkin e Poliansky idem. É claro que Oistrakh faz o mesmo com Rozhdestvensky, mas a qualidade do som não é boa, o que nos faz morrer de saudades da dupla que destronou Oistrakh nestes concertos que antes eram dele, a dupla Vengerov-Rostropovich. Curiosamente, Shosta escreveu 2 concertos para piano, 2 para violino e 2 para violoncelo. Os primeiros foram escritos para si mesmo e para seu filho. Os para violino foram dedicados a Oistrakh e os últimos a Rostropovich. Ah, se eu fosse um solista de nível e amigo de Shostakovich, também ia pedir um concerto. OS CONCERTOS SÃO ESPLÊNDIDOS, LINDOS, ESPETACULARES, TUDO !!!

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os Seis Concertos de Shostakovich

CD 1

Piano Concerto No. 1 Op. 35
01. I. Allegro moderato-allegro vivace-moderato
02. II. Lento
03. III. Moderato
04. IV. Allegro con brio

Piano Concerto No. 2 Op. 102
05. I. Allegro
06. II. Andante
07. III. Allegro

3 Fantasic Dances Op. 5
08. I. Allegretto
09. II. Andantino
10. III. Allegretto

Bournemouth Symphony Orchestra
Paavo Berglund, regente
Cristina Ortiz, piano

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CD 2

Violin Concerto N°1 in A minor Op.99
01. I. Nocturne
02. II. Scherzo
03. III. Passacaglia-Burlesque

Leningrad Philharmonic Orchestra
Evgeny Mravisnky, regente
David Oistrakh, violino

Violin Concerto N°2 in C sharp minor Op.129
04. I. Moderato
05. II. Adagio, adagio-allegro

Moscow Philharmonic Orchestra
Gennady Rozhdestvesnky, regente
David Oistrakh, violino

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CD 3

Shostakovich Cello Concerto No. 1 Op. 107
01. I. Allegretto
02. II. Moderato
03. III. Cadenza
04. IV. Allegro con moto

Cello Concerto No. 2 Op. 126
05. I. Largo
06. II. Allegretto
07. III. Allegretto

Moscow Symphony Orchestra
Valery Poliansky, regente
Alexander Ivashkin, cello

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A baiana Cristina Ortiz é genial. Confiram aí!

PQP Bach

Prokofiev & Shostakovich: Concertos para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)

Prokofiev & Shostakovich: Concertos para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este CD recebeu todos os prêmios possíveis de se ganhar em 1994. Mereceu, é sensacional, esplêndido, até hoje imbatível, creio. Rostropovich estendeu a mão para o menino Vengerov, na época com 20 anos, para que ele subisse nos ombros de gigantes como Kogan e Oistrakh e conseguisse superá-los. Aqui, Rostrô atua como regente. Não há nada mais ou menos nesta gravação — solista, orquestra e regente estão impecáveis. Se o destaque é o tenso Concerto de Shostakovich, Prokofiev não lhe fica atrás. Creio que Rostrô deve ter orientado Vengerov a fazer a mais dilacerante das cadenzas na Passacaglia de Shosta, uma especialidade de Oistrakh. Nela o violino acaba abandonado pela orquestra, realizando um belíssimo e longo solo que dá entrada ao movimento final. Este CD é um dos que devem ser levados para a ilha deserta ou, no mínimo, deve ser guardado no nosso ventrículo esquerdo, que é onde o coração bate mais forte.

Prokofiev: Concerto para Violino Nº 1 / Shostakovich: Concerto para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)

1. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Andantino
2. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Scherzo: Vivacissimo
3. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Moderato

4. Shostakovich: Violin Concerto No.1 In A Minor: Nocturne: Moderato
5. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Scherzo: Allegro
6. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Passacaglia: Andante
7. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Burlesque: Allegro con brio

Performed by London Symphony Orchestra
with Maxim Vengerov, violin
Conducted by Mstislav Rostropovich

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Prok e Shosta: os autores dos grandes concertos deste excepcional CD.

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os Concertos para Violino (Ibragimova / Jurowski)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os Concertos para Violino (Ibragimova / Jurowski)

Uma boa gravação de um extraordinário e basilar repertório do século XX. Ibragimova não alcança as transcendências de outros violinistas, como Oistrakh e Vengerov, mas sai-se muito bem na complicada tarefa.

Shostakovich referiu-se ao seu Concerto para Violino Nº 1,  iniciado em 1947, mas não estreado até 1955, como uma sinfonia para violino e orquestra. O que ele quis dizer? Que os quatro movimentos, um a mais que o normal, têm ambição e enorme grandeza. Os humores de cada um não correspondem a nenhuma norma dos concertos. Abrindo com um Noturno lento e dolorosamente melancólico, a obra mergulha na reflexão. É seguido por um Scherzo enlouquecido e sardônico que cai numa sombria e lírica Passacaglia, que nos leva a uma vasta cadência solo. O final é um “burlesco” sombrio, uma perseguição estridente e veloz entre solista e orquestra.

O Concerto para Violino Nº 2 de Shostakovich (1967), é mais curto e tem forma mais regular, girando em torno de um movimento lento prolongado, introvertido e emocional: aqui, o silêncio e concentração são essenciais. Nunca é fácil de ouvir, mas quem espera isso deste compositor?

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os Concerto para Violino (Ibragimova / Jurowski)

1. Violin Concerto No. 1 in A Minor, Op. 77: I. Nocturne: Moderato (12:36)
2. Violin Concerto No. 1 in A Minor, Op. 77: II. Scherzo: Allegro (06:26)
3. Violin Concerto No. 1 in A Minor, Op. 77: III. Passacaglia: Andante – Cadenza – (15:02)
4. Violin Concerto No. 1 in A Minor, Op. 77: IV. Burlesque: Allegro con brio – Presto (04:56)

5. Violin Concerto No. 2 in C-Sharp Minor, Op. 129: I. Moderato (14:14)
6. Violin Concerto No. 2 in C-Sharp Minor, Op. 129: II. Adagio – (10:01)
7. Violin Concerto No. 2 in C-Sharp Minor, Op. 129: III. Adagio – Allegro (08:10)

Alina Ibragimova
State Academic Symphony Orchestra of Russia “Evgeny Svetlanov”
Vladimir Jurowski

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Deu match perfeito! Alina Ibragimova & Vladimir Jurowski mandando ver com Shostakovich | Foto: Photograph: Vera Zhuravleva

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 13 ‘Babi Yar’ (Karabits)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 13 ‘Babi Yar’ (Karabits)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sensacional esta recente gravação russa para esta obra-prima de Shostakovich. A história que copio abaixo é a da gênese da Sinfonia Nº 13. É uma tremenda história que envolve profundamente a censura soviética. Depois, houve também dificuldades para estrear a Sinfonia, mas este é um caso conhecido. O Caso Kosolápov — um verdadeiro herói — é muito menos divulgado e, ouso dizer, ainda mais interessante. Boa leitura e boa audição pra todos vocês.

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~ A autoimolação de Valéri Kosolápov ao publicar Babi Yar, de Ievguêni Ievtuchenko ~

Por Vadim Málev, em 10 de junho de 2020
Texto de Milton Ribeiro a partir de tradução oral de Elena Romanov

Valéri Kosolápov

Hoje é o dia dos 110 anos do nascimento de Valéri Kosolápov. Mas quem é esse Valéri Kosolápov? Por que deveria escrever sobre ele e você deveria ler? Valéri Kosolápov tornou-se um grande homem em uma noite e, se não fosse assim, talvez não conhecêssemos o poema de Yevgeny Yevtushenko (Ievguêni Ievtuchenko) Babi Yar. Kosolápov era então editor do Jornal de Literatura (Literatúrnii Jurnál), o qual publicou corajosamente o poema em 19 de setembro de 1961. Foi um feito civil real.

Afinal, o próprio Yevtushenko admitiu que esses versos eram mais fáceis de escrever do que de publicar naquela época. Tudo se deve ao fato de o jovem poeta ter conhecido o escritor Anatoly Kuznetsov, autor do romance Babi Yar, que contou verbalmente a Yevtushenko sobre a tragédia acontecida naquela assim chamada ravina (ou barranco). Por consequencia, Yevtushenko pediu a Kuznetsov que o levasse até o local e ele ficou chocado com o que viu.

“Eu sabia que não havia monumento lá, mas esperava ver algum tipo de placa in memorian ou ao menos algo que mostrasse que o local era de alguma forma respeitado. E de repente me vi num aterro sanitário comum, que era como imenso sanduíche podre. E era ali que dezenas de milhares de pessoas inocentes — principalmente crianças, idosos e mulheres — estavam enterradas. Diante de nossos olhos, no momento em que estava lá com Kuznetsov, caminhões chegaram e despejaram seu conteúdo fedorento bem no local onde essas vítimas estavam. Jogaram mais e mais pilhas de lixo sobre os corpos”, disse Yevtushenko.

Ele questionou Kuznetsov sobre porque parecia haver uma vil conspiração de silêncio sobre os fatos ocorridos em Babi Yar? Kuznetsov respondeu que 70% das pessoas que participaram dessas atrocidades foram policiais ucranianos que colaboraram com os nazistas. Os alemães lhes ofereceram o pior e mais sujo dos trabalhos, o de matar judeus inocentes.

Yevtushenko ficou estupefato. Ou, como disse, ficou tão “envergonhado” com o que viu que naquela noite compôs seu poema. De manhã, foi visitado por alguns poetas liderados por Korotich e leu alguns novos poemas para eles, incluindo Babi Yar… Claro que um dedo-duro ligou para as autoridades de Kiev e estas tentaram cancelar a leitura pública que Yevtushenko faria à noite. Mas ele não desistiu, ameaçou com escândalo e, no dia seguinte ao que fora escrito, Babi Yar foi ouvido publicamente pela primeira vez.

Yevtushenko lê seus poemas. Nos anos sessenta, os poetas podiam reunir milhares de pessoas…

Passemos a palavra a Yevtushenko: “Depois da leitura, houve um momento de silêncio que me pareceu interminável. Uma velhinha saiu da plateia mancando, apoiando-se em uma bengala, e encaminhou-se lentamente até o palco onde eu me encontrava. Ela disse que estivera em Babi Yar, que fora uma das poucas sobreviventes que conseguiu rastejar entre os cadáveres para se salvar. Ela fez uma reverência para mim e beijou minha mão. Nunca antes alguém beijara minha mão”.

Então Yevtushenko foi ao Jornal de Literatura. Seu editor era Valéri Kosolápov, que substituiu o célebre Aleksandr Tvardovsky no posto. Kosolápov era conhecido como uma pessoa muito decente e liberal, naturalmente dentro de certos limites. Tinha ficha no Partido, claro, caso contrário, nunca acabaria na cadeira de editor-chefe. Kosolápov leu Babi Yar e imediatamente disse que os versos eram muito fortes e necessários.

— O que vamos fazer com eles? — pensou Kosolápov em voz alta.

— Como assim? — Yevtushenko respondeu, fingindo que não tinha entendido — Vamos publicar!

Yevtushenko sabia muito bem que, quando alguém dizia “versos fortes”, logo depois vinha “mas, eu não posso publicar isso”. Mas Kosolápov olhou para Yevtushenko com tristeza e até com alguma ternura. Como se esta não fosse sua decisão.

— Sim.

Depois pensou mais um pouco e disse:

— Bem, você vai ter que  esperar, sente-se no corredor. Eu tenho que chamar minha esposa.

Yevtushenko ficou surpreso e o editor continuou:

— Por que devo chamar minha esposa? Porque esta deve ser uma decisão de família.

— Por que de família?

— Bem, eles vão me demitir do meu cargo quando o poema for publicado e eu tenho que consultá-la. Aguarde, por favor. Enquanto isso, já vamos mandando o poema para a tipografia.

Kosolápov sabia com certeza que seria demitido. E isso não significava simplesmente a perda de um emprego. Isso significava perda de status, perda de privilégios, de tapinhas nas costas de poderosos, de jantares, de viagens a resorts de prestígio …

Yevtushenko ficou preocupado. Sentou no corredor e esperou. A espera foi longa e insuportável. O poema se espalhou instantaneamente pela redação e pela gráfica. Operários da gráfica se aproximaram dele, deram-lhe parabéns, apertaram suas mãos. Um velho tipógrafo veio. “Ele me trouxe um pouco de vodka, um pepino salgado e um pedaço de pão”, contou o poeta. E este velho disse: — “Espere, espere, eles imprimirão, você verá.”

E então chegou a esposa de Kosolápov e se trancou com o marido em seu escritório por quase uma hora. Ela era uma mulher grande. Na Guerra, ela fora uma enfermeira que carregara muitos corpos nos ombros. Essa rocha saiu da reunião, aproximando-se de Yevtushenko: “Eu não diria que ela estava chorando, mas seus olhos estavam úmidos. Ela olhou para mim com atenção e sorriu. E disse: ‘Não se preocupe, Jenia, decidimos ser demitidos’.”

Olha, é simplesmente lindo: “Decidimos ser demitidos”. Foi quase um ato heroico. Somente uma mulher que foi para a front sob balas podia não ter medo.

Na manhã seguinte, chegou um grupo do Comitê Central, aos berros: “Quem deixou passar, quem aprovou isto?”. Mas já era tarde demais — o jornal estava à venda em todos os quiosques. E vendia muito.

“Durante a semana, recebi dez mil cartas, telegramas e radiogramas. O poema se espalhou como um raio. Foi transmitido por telefone a fim de ser publicado em locais mais distantes. Eles ligavam, liam, gravavam. Me ligaram de Kamchatka. Perguntei como tinham lido lá, porque o jornal ainda não tinha chegado. “Não chegou, mas pessoas nos leram pelo telefone, nós anotamos”, contou Yevtushenko.

Claro que as autoridades não gostaram e trataram de se vingar. Artigos aos montes foram escritos contra Yevtushenko. Kosolápov foi demitido.

Aqui está o jovem Yevtushenko, na época em que escreveu “Babi Yar”

O que salvou Yevtushenko foi a reação mundial. Em uma semana, o poema foi traduzido para 72 idiomas e publicado nas primeiras páginas de todos os principais jornais, incluindo os norte-americanos. Em pouco tempo, Yevtushenko recebeu outras 10 mil cartas agora de diferentes partes do mundo. E, é claro, não apenas judeus escreveram cartas de agradecimento, o poema fisgou muita gente. Mas houve muitas ações hostis contra o poeta. A palavra “judeu” foi riscada em seu carro e, pior, ele foi ameaçado e criticado em várias oportunidades.

“Vieram até meu edifício uns universitários enormes, do tamanho de jogadores da basquete. Eles se comprometeram a me proteger voluntariamente, embora não houvesse casos de agressão física. Mas poderia acontecer. Eles passavam a noite nas escadarias do meu prédio. Minha mãe os viu. As pessoas realmente me apoiaram ”, lembrou Yevtushenko.

— E, o milagre mais importante, Dmitri Shostakovich me telefonou. Minha esposa e eu não acreditamos, pensamos que era mais um gênero de intimidação ou que estavam aplicando um trote em nós. Mas Shostakovich apenas me perguntou se eu daria permissão para escrever música sobre meu poema.

Shostakovich e Yevtushenko na primeira apresentação da 13ª Sinfonia de Shostakovich, em cuja primeira parte foi colocada o poema “Babi Yar”

Esta história tem um belo final. Kosolápov aceitou tão dignamente sua demissão que o pessoal do Partido ficou assustado. Eles decidiram que se ele estava tão calmo era porque tinha proteção de alguém muito importante e superior… Depois de algum tempo, ele foi chamado para ser editor-chefe da revista Novy Mir. “E apenas a consciência o protegia”, resumiu Yevtushenko. “Era um Verdadeiro Homem.”

Valéri Kosolápov
A lápide de Valéri Kosolápov

RIP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 13

1) I. Babi Yar: Adagio 15:18
2) II. Humour: Allegretto 7:30
3) III. In the Store: Adagio 11:45
4) IV. Fears: Largo 11:07
5) V. A Career: Allegretto 12:30

Oleg Tsibulko, baixo
Popov Academy of Choral Arts Choir
Kozhevnikov Choir
The Russian National Orchestra
Kirill Karabits

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Shostakovich esta votando? Assim parece, não? | Wikimedia Commons

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 12 de 12 (Sinfs 9 e 15, Scans, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 12 de 12 (Sinfs 9 e 15, Scans, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sinfonia Nº 9, Op. 70 (1945)

Desde Schubert, com sua Sinfonia Nº 9 “A Grande”, passando pela Nona de Beethoven e pelas nonas de Bruckner e Mahler, espera-se muito das sinfonias Nº 9. Há até uma maldição que fala que o compositor morre após a nona, o que, casualmente ou não, ocorreu com todos os citados, menos Shostakovitch. Esta sinfonia — por ser a “Nona” — foi muito aguardada e, bem, digamos que não seria Shostakovitch se ele não tivesse feito algo inesperado. Stálin ficou muito decepcionado com ela.

Leonard Bernstein lia esta partitura dando gargalhadas desta piada músical, cujas muitas citações formam um todo no mínimo sarcástico. O compositor declarou que faria uma música que expressaria “a luta contra a barbárie e a grandeza dos combatentes soviéticos”, mas os severos críticos soviéticos, adeptos do realismo socialista, foram mais exatos e apontaram que a obra seria debochada, irônica e de influência stravinskiana. Bingo! Na verdade é uma das composições mais agradáveis que conheço. O material temático pode ser bizarro e bem humorado (primeiro e terceiro movimentos), mas é também terno e melancólico (segundo e largo introdutório do quarto), terminando por explodir numa engraçadíssima coda.

Apesar dos cinco movimentos, é uma sinfonia curta, muito parecida em espírito com a primeira sinfonia “Clássica” de Prokofiev e com a Sinfonia “Renana” de Schumann, também em cinco movimentos.

Deixando de lado a geopolítica soviética e detendo-se na obra, podemos dizer que esta Nona é uma consciente destilação de experiências e, talvez uma reação, muito cuidadosamente considerada, contra as enormidades musicais oriundas da guerra das duas sinfonias anteriores.

Cá entre nós, é puro divertimento.

Sinfonia Nº 15, Op. 141 (1971)

Sem dúvida, a Sinfonia Nº 15 é uma de minhas preferidas no gênero. É difícil estabelecer um conteúdo programático para ela. Trata-se de uma música muito viva, com colorido orquestral atraente, temas facilmente assimiláveis e nada triviais, clímax e pausas meditativas que empolgam e mantém o ouvinte permanentemente atento. E com os contrastes inesperados característicos de Shostakovich. Parece um roteiro de Shakespeare passado à música, trazendo o trágico ao festivo, empurrando a reflexão para junto da zombaria. Bom, já viram que sou um apaixonado desta sinfonia. O primeiro movimento (Allegretto) é uma curiosidade por manter sempre ativo o motivo da cavalgada da abertura Guilherme Tell, de Rossini, e pela participação incessante da percussão. O segundo movimento (Adagio) é circunspecto. Os metais trazem uma melodia sombria, para depois o violoncelo completá-la com um solo dilacerante, a cujas cores será acrescida, mais adiante, a ressonância do contrabaixo. Um novo Alegretto surge repentinamente do Adagio, retomando o clima do primeiro movimento, mas desta vez somos levados pelos solos do fagote, violino, clarinete e flautim. O movimento final, outro adagio, é enigmático. A simbologia está presente com a apresentação de imediato do Prenúncio da Morte, composto por Wagner para a Tetralogia do Anel. O ouvinte wagneriano fica desconcertado ao escutar de imediato esta música conhecida, parece tratar-se de um equívoco, de um erro de partitura. Ao pesado motivo de Wagner são contrapostos temas executados por setores “mais leves” da orquestra, porém, a todo instante, o sinistro aviso retorna e, mais adiante, os metais refletirão muita angústia… A sinfonia esvai-se em delicados sons de percussão, deixando um ponto de interrogação no ar. É desconcertante. O significado do Prenúncio da Morte é óbvio, porém, o que significam a percussão, a orquestração e as melodias jocosas que o cercam? Uma simples experiência sinfônica? Impossível. O desejo de felicidade de alguém cuja vida se encerra? Ou, voltando a Shakespeare, que a vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, que nada significa (*)? Porém, a significação, a intenção exata de uma obra instrumental é tão importante? Ou seria mais inteligente fazer como fez Shostakovich, levando-nos bem próximo ao irrespondível para lá nos abandonar?

(*) Macbeth, William Shakespeare.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 12 de 12 (Sinfs 9 e 15, Scans, Ashkenazy)

Symphony No. 9 In E Flat Major, Op. 70
12-1 Allegro
12-2 Moderato
12-3 Presto
12-4 Largo
12-5 Allegretto

Symphony No.15, Op.141
12-6 Allegretto
12-7 Adagio – Largo – Adagio – Largo
12-8 Allegretto
12-9 Adagio – Allegretto – Adagio – Allegretto

The Royal Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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LINK PARA O LIBRETO DOS CDS DA COLEÇÃO

Duas raras fotos de Shostakovich feliz:
… ambas em jogos de futebol em que vibrava com seu Zenit.

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 11 de 12 (Sinf 14, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 11 de 12 (Sinf 14, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A BELÍSSIMA, sublime e literária Sinfonia Nº 14 — espécie de ciclo de canções — foi dedicada a Britten, que a estreou em 1970 na Inglaterra. É a menos casual das dedicatórias. Seu formato e sonoridade é semelhante à Serenata para Tenor, Trompa e Cordas, Op. 31, e à Les Illuminations para tenor e orquestra de cordas, Op. 18, ambas do compositor inglês. Os dois eram amigos pessoais; conheceram-se em Londres em 1960, e Britten, depois disto, fez várias visitas à URSS. Se o formato musical vem de Britten, o espírito da música é inteiramente de Shostakovich, que se utiliza de poemas de Lorca, Brentano, Apollinaire, Küchelbecker e Rilke, sempre sobre o mesmo assunto: a morte. O ciclo, escrito para soprano, baixo, percussão e cordas, não deixa a margem à consolação, é música de tristeza sem esperança. Cada canção tem personalidade própria, indo do sombrio e elegíaco em V Turme Santé, O Delvig, Delvig! e Smert Poeta, ao macabro na sensacional Malagueña, ao amargo em  Na Cheku, ao grotesco em Otvet Zaporozhskikh Kazakov Konstantinopolskomu Sultanu e à evocação dramática de Loreleya. É uma música que trabalha para a poesia, chegando, por vezes, a casar-se com ela sílaba por sílaba para torná-la mais expressiva. Há uma versão da sinfonia no idioma original de cada poema, mas sempre a ouvi em russo. Então, já que não entendo esta língua, tenho que ouvi-la ao mesmo tempo em que leio uma tradução dos poemas. Posso dizer que a sinfonia torna-se apenas triste se estiver desacompanhada da compreensão dos poemas – pecado que cometi por anos! Ela perde sentido se não temos consciência de seu conteúdo autenticamente fúnebre. Além do mais, os poemas são notáveis. Me entusiasmam especialmente a Malagueña, feita sobre poema de Lorca, Samoubiytsa, Na Cheku e a estranha Conclusão (Zaklyucheniye) de Rilke, que é brevíssima, sardônica e — puxa vida — muito, mas muito final.

No próximo e último post da série, colocarei os scans do libreto que acompanha a coleção original.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 11 de 12 (Sinf 14, Ashkenazy)

Symphony No.14, Op.135 / Russian Text
11-1 De Profundis
11-2 Malagueña
11-3 Loreleya
11-4 Samoubiytsa
11-5 Na Cheku
11-6 Madam, Posmotrite!
11-7 V Turme Santé
11-8 Otvet Zaporozhskikh Kazakov Konstantinopolskomu Sultanu
11-9 O Delvig, Delvig!
11-10 Smert Poeta
11-11 Zaklyucheniye

NHK Symphony Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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Shostakovich fumando à espera da partida de um trem

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 10 de 12 (Sinf 13 “Babi Yar”, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 10 de 12 (Sinf 13 “Babi Yar”, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Aqui, uma história fantástica sobre o nascedouro desta obra-prima.

Após o equívoco da Sinfonia Nº 12 – lembrem que até Beethoven escreveu uma medonha Vitória de Wellington, curiosamente estreada na mesma noite da sublime 7ª Sinfonia, mas este é outro assunto… -, Shostakovich inauguraria sua última fase como compositor com a Sinfonia Nº 13, Babi Yar. Iniciava-se aqui a produção de uma notável sequência de obras-primas que só terminaria com sua morte, em 1975. Esta sinfonia tem seus pés firmemente apoiados na história da União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. É uma sinfonia cantada, quase uma cantata em seu formato, que conta com texto do grande poeta russo Evgeny Evtuchenko (conforme alguns, como a Ed. Brasiliense, porém pode-se encontrar a grafia Ievtuchenko, Yevtuchenko ou Yevtushenko, enfim!).

O que é, afinal, Babi Yar? Babi Yar é o nome de uma pequena localidade situada perto de Kiev, na atual Ucrânia, cuja tradução poderia ser Barranco das Vovós. Ali, em 1941, teve lugar o assassinato de 34 mil judeus pelos nazistas. Eles foram mortos com tiros na cabeça e a participação comprovada de colaboradores ucranianos no massacre permanece até hoje tema de doloroso debate público naquele país. Nos dois anos seguintes, o número de mortos em Babi Yar subiu para 200 mil, em sua maioria judeus. Perto do fim da guerra, os nazistas ordenaram que os corpos fossem desenterrados e queimados, mas não conseguiram destruir todos os indícios. Ievtuchenko criticou a maneira como o governo soviético tratara o local. Ensinava-se que as vítimas tinham sido ucranianas e russas, o que também eram, apesar de se saber que o fato determinante de suas mortes era o de serem judeus. O motivo? Ora, Babi Yar deveria parecer mais uma prova do heroísmo e sofrimento do povo soviético e não de uma fatia dele. E ainda havia a certeza do colaboracionismo russo no massacre. Com razão, o jovem poeta Ievtushenko considerou isso uma hipocrisia e escreveu o poema em homenagem aos judeus mortos. O poema — o qual tem extraordinários méritos literários — foi publicado na revista Literatournaia Gazetta e causou problemas a seu autor e depois, também a Shostakovich, ao qual foram pedidas alterações que nunca foram feitas na sinfonia.

O massacre de Babi Yar é tão lembrado que não serviu apenas a Ievtuchenko e a Shostakovich, tornando-se também tema de filmes e documentários recentes, assim como do romance Babi Yar de Anatoly Kuznetsov. Não é assunto morto, ainda.

O tratamento que Shostakovich dá ao poema é fortemente catalisador. Como se fosse uma cantata em cinco movimentos, os versos de Ievtuchenko são levados por um baixo solista, acompanhado de coral masculino (formado apenas por baixos) e orquestra. É música de impressionante gravidade e luto. A belíssima linha melódica ora assemelha-se a um serviço religioso, ora a um dos grandes modelos de Shostakovich, Mussorgski. Mesmo assim, fiel a seu estilo, Shostakovich encontra espaço para seu habitual sarcasmo.

Tranquila crueldade: soldados alemães examinam as roupas dos mortos em Babi Yar.

Babi Yar é como ficou conhecida a sinfonia para coro masculino, baixo e orquestra.  A partir do texto de dura indignação de Ievgueni Evtuchenko e apesar dos problemas que ele geraria na União Soviética pós-stalinista, Shostakovich construiu um painel de extraordinária força em torno de mazelas típicas de seu tempo: o medo e a opressão, o conformismo e o carreirismo, o massacre cotidiano num Estado policial e a possibilidade de superação através do humor e da intransigência.

Em linguagem quase descritiva, combinando a severidade da orquestra com a impostação épica das vozes, Babi Yar tem um poder de evocação cinematográfico: raramente se ouviu música tão plástica. O realismo e a imagens dos poemas são admiravelmente apoiados pelo estilo alternadamente sombrio e agressivo da música de Shostakovich. Não obstante o grande efetivo orquestral e a tensão dos clímax, as texturas são rarefeitas e o coro, declamando ou murmurando, canta quase sempre em uníssono ou em oitavas — mais um elemento dessa estrutura preparada para expressar a desolação e o nervosismo.

O primeiro movimento alterna estrofes que exploram o horror e a culpa de Babi Yar com relatos de dois outros episódios — o de Anne Frank e o de um menino massacrado em Bielostok. No segundo movimento, ritmado de forma tipicamente shostakovichiana, o tom enfático das vozes falam da resistência que o “Humor” jamais deixará de oferecer à tirania. “Na loja”, o Adagio que se segue, descreve quase fisicamente as filas das humilhadas donas-de-casa numa linha sinuosa à espera de um pouco de comida. Quando chegam ao balcão, o poema diz: “Elas nos honram e nos julgam”, enquanto percussão e castanholas simulam panelas e garrafas se entrechocando. É em clima que estupefação que o movimento se encerra: “Nada está fora de seu alcance”.

A linha sinuosa torna-se reta ao prosseguir sem interrupção para o episódio seguinte, um ameaçador ‘sostenuto’ das cordas graves sob solo da tuba: é o “Medo”, componente constante da vida soviética. Contrapondo-se às sombras que até aqui dominam a sinfonia, Shostakovich a conclui com uma satírica reflexão sobre o que é seguir uma “Carreira”. Em ritmo de valsa lenta, ficamos sabendo que a verdadeira carreira não é a dos que se submetem, mas a de Galileu, Shakespeare ou Pasteur, Newton ou Tolstói: “Seguirei minha carreira de tal forma que não a esteja seguindo”, conclui o baixo, com o eco do sino que abrira pesadamente a sinfonia, agora aliviado pela celesta.

Shostakovich (esquerda), com o poeta Evgeni Ievtuchenko (direita)e o regente Kiril Kondrashin na estréia da 13ª Sinfonia.

A história da primeira execução de Babi Yar foi terrível. Houve protestos e ameaças por parte das autoridades soviéticas. Se até 1962, Shostakovich dava preferência a estrear suas obras sinfônicas com Evgeny Mravinsky (1903-1988), Babi Yar causou um surdo rompimento na parceria entre ambos. O lendário regente da Sinfônica de Leningrado amedrontou-se (teve razões para tanto) e desistiu da obra pouco antes de começarem os ensaios. Porém, como na União Soviética e a Rússia os talentos brotam por todo lado, Mravinsky foi substituído por Kiril Kondrashin (1914-1981) que teve uma performance inacreditável e cujo registro em disco é das coisas mais espetaculares que se possa ouvir.

P.S.- Por uma dessas coisas inexplicáveis, encontrei o disco soviético com o registro da estreia num sebo de Porto Alegre em 1975. Comprei, claro.

Obs.: A descrição da música foi adaptada de um texto que Clovis Marques escreveu para um concerto no Municipal do Rio de Janeiro.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 10 de 12 (Sinf 13 “Babi Yar”, Ashkenazy)

Symphony No.13, Op.113″Babi Yar”
10-1 Adagio – “Babi Yar”
10-2 Allegretto – “Humour”
10-3 Adagio – “In The Store”
10-4 Largo – “Fears”
10-5 Allegretto – “A Career”

NHK Symphony Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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Yevtushenko e Shostakovich no dia da estreia da Sinfonia Babi Yar

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 9 de 12 (Sinf 11 “O Ano de 1905”, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 9 de 12 (Sinf 11 “O Ano de 1905”, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A Sinfonia Nº 11 de Shostakovich é música programática da melhor qualidade. No primeiro movimento é mostrada a caminhada dos trabalhadores até o Palácio de Inverno do czar. É uma música tranquila, mas com ameaçadoras percussões e toques de clarins. O segundo é o massacre propriamente dito. O terceiro é o luto. Este movimento é baseado numa canção que Lênin e companheiros cantaram em Zurique ao saber da mortandade. O quarto movimento é o aviso claro de quem seria o vencedor. Mas cabem explicações, não?

No domingo de 9 de janeiro de 1905, após a missa, na cidade de São Petersburgo, manifestantes marcharam pacificamente até o Palácio de Inverno para apresentar uma petição ao czar, mas foram recebidos com tiros e baleados pela Guarda Imperial. A marcha foi organizada pelo padre George Gapon, que colaborou com Sergei Zubatov, da Okhrana, a polícia secreta czarista, para destruir organizações de trabalhadores. Os grupos envolvidos nesse conflito foram a população em geral, partidos políticos e os movimentos revolucionários, que tiveram enorme crescimento após esse domingo sangrento. O fato é considerado o estopim da Revolução Russa de 1905.

Então, naquele domingo, trabalhadores em greve e suas famílias se reuniram em seis pontos da cidade. Eles eram organizados e liderados pelo padre ortodoxo russo George Gapon. Segurando ícones religiosos e cantando hinos e canções patrióticas (particularmente Deus Salve o Czar), uma multidão de mais de três mil pessoas prosseguiu sem interferência da polícia em direção ao Palácio de Inverno, residência oficial do czar. A multidão não sabia que o czar não estava no palácio. Os soldados do exército perto do palácio lançaram tiros de advertência e, em seguida, dispararam diretamente contra a multidão. Gapon foi alvo de tiros perto do Arco do Triunfo de Narva. Cerca de quarenta pessoas ao redor dele foram mortas, no entanto, ele não ficou ferido. Embora o czar não estivesse no Palácio de Inverno ou mesmo na cidade e não tivesse dado a ordem para as tropas abrirem fogo, recebeu toda a culpa pelas mortes, resultando em uma onda de oposição e amargura do povo russo contra o czar e seu regime autocrático.

O número de mortos é incerto, mas as autoridades da época assumiram 930 mortos e 333 feridos. Fontes anti-czaristas afirmaram que os tiros mataram mais de quatro mil pessoas. Estimativas moderadas estipulam uma média de cerca de mil mortos e feridos, tanto pelos tiros quanto pisoteados pela população durante o pânico. Há relatos que no dia até a neve ficou vermelha. O czar Nicolau II descreveu o dia como “doloroso e triste”. Após o incidente, a desordem civil e os saques explodiram por toda a cidade. A marcha de Gapon foi aniquilada e ele rapidamente deixou a Rússia. Ao voltar para a Rússia em abril, Gapon foi assassinado por ordem da Organização de Combate do Partido Social-Revolucionário após ter revelado ao seu amigo Pinhas Rutenberg que estava trabalhando para a Okhrana, a polícia secreta.

Este evento foi classificado pelo embaixador britânico na época como um paradoxal impulso para as atividades revolucionárias na Rússia e contribuiu para a Revolução de 1905. O escritor Leo Tolstoy também escreveu sobre os assassinatos.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 9 de 12 (Sinf 11 “O Ano de 1905”, Ashkenazy)

Symphony No. 11 In G Minor, Op. 103 “A Ano de 1905”

1 I Palace Square: Adagio 14:34
2 II 9 January: Allegro 17:44
3 III In Memoriam: Adagio 9:41
4 IV Tocsin: Allegro Non Troppo 13:24

St Petersburg Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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Shosta comentando o jornal com sua filha

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 8 de 12 (Sinf de Câmara Op. 110a, Sinf 10, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 8 de 12 (Sinf de Câmara Op. 110a, Sinf 10, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sobre a Sinfonia de Câmara: Na minha opinião, o melhor quarteto de cordas de Shostakovich. Não surpreende que tenha recebido versões orquestrais. Trata-se de uma obra bastante longa para os padrões shostakovichianos de quarteto; tem cinco movimentos, com a duração total ficando entre os 20 minutos (na versão para quarteto de cordas) e 26 (na versão orquestral). O quarteto abre com um comovente Largo de intenso lirismo, o qual é seguido por um agitado Allegro molto, de inspiração folclórica e que fica muito mais seco na versão para quarteto. O terceiro movimento (Allegretto) é uma surpreendente valsinha sinistra a qual é respondida por outra valsa, muito mais lenta e com um acompanhamento curiosamente desmaiado. O quarteto é finalizado por dois belos temas ; o primeiro sendo pontuado por agressivamente por um motivo curto de três notas e o segundo formado por mais uma fuga a quatro vozes utilizando temas dos movimentos anteriores.

Sobre a Sinfonia Nº 10: Este monumento da arte contemporânea mistura música absoluta, intensidade trágica, humor, ódio mortal, tranquilidade bucólica e paródia. Tem, ademais, uma história bastante particular. Em março de 1953, quando da morte de Stalin, Shostakovich estava proibido de estrear novas obras e a execução das já publicadas estava sob censura, necessitando autorizações especiais para serem apresentadas. Tais autorizações eram, normalmente, negadas. Foi o período em que Shostakovich dedicou-se à música de câmara e a maior prova disto é a distância de oito anos que separa a nona sinfonia desta décima. Esta sinfonia, provavelmente escrita durante o período de censura, além de seus méritos musicais indiscutíveis, é considerada uma vingança contra Stálin. Primeiramente, ela parece inteiramente desligada de quaisquer dogmas estabelecidos pelo realismo socialista da época. Para afastar-se ainda mais, seu segundo movimento – um estranho no ninho, em completo contraste com o restante da obra – contém exatamente as ousadias sinfônicas que deixaram Shostakovich mal com o regime stalinista. Não são poucos os comentaristas consideram ser este movimento uma descrição musical de Stálin: breve, é absolutamente violento e brutal, enfurecido mesmo, e sua oposição ao restante da obra faz-nos pensar em alguma segunda intenção do compositor. Para completar o estranhamento, o movimento seguinte é pastoral e tranquilo, contendo o maior enigma musical do mestre: a orquestra para, dando espaço para a trompa executar o famoso tema baseado nas notas DSCH (ré, mi bemol, dó e si, em notação alemã) que é assinatura musical de Dmitri SCHostakovich, em grafia alemã. Para identificá-la, ouça o tema executado a capela pela trompa. Ele é repetido quatro vezes. Ouvindo a sinfonia, chega-nos sempre a certeza de que Shostakovich está dizendo insistentemente: Stalin está morto, Shostakovich, não. O mais notável da décima é o tratamento magistral em torno de temas que se transfiguram constantemente. E PQP Bach adverte: não ouça o segundo movimento previamente irritado. Você e sua companhia poderão se machucar.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 8 de 12 (Sinf de Câmara Op. 110a, Sinf 10, Ashkenazy)

Chamber Symphony, Op.110a
8-1 Largo
8-2 Allegro Molto
8-3 Allegretto
8-4 Largo
8-5 Largo

Symphony No.10 In E Minor, Op.93
8-6 Moderato
8-7 Allegro
8-8 Allegretto
8-9 Andante – Allegro

Royal Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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Shostakovich e Irina em um passeio aprazível da mais pura felicidade

PQP

 

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 7 de 12 (Sinf 8, Funeral & Triumphal Prelude, Novorossiisk Chimes, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 7 de 12 (Sinf 8, Funeral & Triumphal Prelude, Novorossiisk Chimes, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Música (de Anna Akhmátova)

Dedicado a Dmitri Shostakovich

Algo de miraculoso arde nela,
e fronteiras ela molda aos nossos olhos.
É a única que continua a me falar,
depois que todos os outros ficaram com medo de se aproximar.
Depois que o último amigo tiver desviado o olhar,
ela ainda estará comigo no meu túmulo,
como se fosse o canto do primeiro trovão,
ou como se todas as flores tivessem começado a falar.

A Sinfonia Nº 8, Op. 65, de Dmitri Shostakovich, foi escrita no verão de 1943 e apresentada pela primeira vez em 4 de novembro daquele ano pela Orquestra Sinfônica da URSS sob Yevgeny Mravinsky , a quem o trabalho é dedicado. Foi nomeada “Sinfonia de Stalingrado”, mas este nome não pegou. Inexplicavelmente, a sinfonia não aparece nos programas de concerto com muita frequência, pois é uma das melhores partituras de Shosta. Embora alguns tenham argumentado que o trabalho se enquadra na tradição de outras sinfonias de “tragédia-triunfo”, como a 5ª de Beethoven, a 1ª de Brahms , a 8ª Bruckner e a 2ª de Mahler, há consideráveis diferenças. O nível de otimismo presente no final é quase ausente, sendo substituído pelo sarcasmo ou bom humor. O amigo de Shostakovich, Isaak Glikman, chamou essa sinfonia de “sua obra mais trágica”… O trabalho, como muitas de suas sinfonias, quebra algumas das convenções padrão de forma e estrutura sinfônicas. Shostakovich faz referência clara a temas, ritmos e harmonias de suas sinfonias anteriores, principalmente a Sinfonia Nº 5 e a Sinfonia Nº 7. Gosto muito da beleza austera do quarto movimento, uma verdadeira obra-prima em 12 variações – uma passacaglia – e também dos dois primeiros, com destaque para o divertido diálogo entre o piccolo, o clarinete e o fagote do scherzo. E o terceiro movimento é sensacional, muito russo e “mexido”. O finale é o primeiro que Shostakovich faz de forma sussurrante. Uma joia!

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 7 de 12 (Sinf 8, Funeral & Triumphal Prelude, Novorossiisk Chimes, Ashkenazy)

7-1 Funeral & Triumphal Prelude, Op.130 (In Memory Of The Heroes Of The Battle Of Stalingrad)

Symphony No.8 In C Minor, Op.65
7-2 Adagio
7-3 Allegretto
7-4 Allegro Non Troppo
7-5 Largo
7-6 Allegretto

7-7 Novorossiisk Chimes

Royal Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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Shostakovich foi um grande admirador do futebol de Paulo Roberto Falcão

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 6 de 12 (Sinf 7, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 6 de 12 (Sinf 7, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

De história riquíssima, a Sinfonia Nº 7 – dedicada à resistência da cidade de Leningrado cercada pelos nazistas – deve parte de sua celebridade a uma transmissão de rádio feita desde Leningrado para a cidade devastada e sitiada. Aliás, ouçam o pequeno discurso da primeira faixa deste CD. É a gravação original da locução de apresentação da estreia da 7ª no rádio, feita em 9 de agosto de 1942. A sinfonia auxiliou as autoridades soviéticas a elevar o moral em Leningrado durante o cerco nazista e no país. Várias outras performances foram programadas com intenções patrióticas na União Soviética e na Europa. É música de primeira linha, mas é muito mais eficiente como musica programática de conteúdo histórico. O primeiro movimento, que descreve a marcha nazista, é esplêndido. Também é importante salientar o equívoco do grande público que vê resistência e patriotismo numa obra sobre a devastação e a morte. Mas, como diria Lênin, o que fazer?

Mais? Mais! Imaginem uma cidade cercada por alemães há 18 meses, uma orquestra improvisada vestida com suéteres e jaquetas de couro, todos magérrimos pela fome, a rádio transmitindo o concerto, várias cidades soviéticas estreando a obra ao mesmo tempo, Arturo Toscanini — anti-fascista de cabo a rabo — pedindo a partitura nos Estados Unidos (ela foi levada de avião até Teerã, de carro ao Cairo, de avião à Londres, de onde um outro avião da RAF levou a música ao maestro), Shostakovich na capa da Time. Ou seja, a 7ª é importante. Nos EUA, em poucos meses, foi interpretada por Kussevítski, Stokovski, Rodzinski, Mitropoulos, Ormandy, Monteaux, etc. Um espanto.

Numa das maiores homenagens recebidas por uma obra musical, Anna Akhmátova escreveu o seguinte poema ao ser posta à salvo das bombas alemãs pelas autoridades soviéticas:

Todos vocês teriam gostado de me admirar quando,
no ventre do peixe voador,
escapei da perseguição do mal e,
sobre as florestas cheias de inimigos,
voei como se possuída pelo demônio,
como aquela outra que,
no meio da noite,
voou para Brocken.
E atrás de mim,
brilhando com seu segredo,
vinha a que chama a si mesma de Sétima,
correndo para um festim sem precedentes.
Assumindo a forma de um caderno cheio de notas,
ela estava voltando para o éter onde nascera.

Pois é. Mas falemos a sério: não é a maior sinfonia de Shosta, só que é a famosésima.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 6 de 12 (Sinf 7, Ashkenazy)

6-1 Shostakovich Broadcasts From Besieged Leningrad In 1941

Symphony No.7, Op.60 – “Leningrad”
6-2 Allegretto
6-3 Moderato (Poco Allegretto)
6-4 Adagio
6-5 Allegro Non Troppo

St Petersburg Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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Shostakovich: bombeiro durante a guerra

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 5 de 12 (Sinf 5, 5 Fragmentos, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 5 de 12 (Sinf 5, 5 Fragmentos, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Esta é a obra mais popular de Dmitri Shostakovich. Recebeu incontáveis gravações e não é para menos. O público costuma torcer o nariz para obras mais modernas e aqui o compositor retorna no tempo para compor uma grande sinfonia ao estilo do século XIX. Sim, é em ré menor e possui quatro movimentos, tendo bem no meio, um scherzo composto por um Haydn mais parrudo. Mesmo para os aficcionados, é uma obra apetitosa, por transformar a linguagem do compositor em algo mais sonhador do que o habitual. Foi a primeira sinfonia de Shostakovich que ouvi. Meu pai, um romântico, apresentou-me a sinfonia dizendo que era muito melhor que as de Prokofiev, exceção feita à Nº 1, Clássica, que ele amava. Alguns consideram esta obra uma grande paródia; eu a vejo como uma homenagem ao glorioso passado sinfônico do século anterior. A abertura e a coda do último movimento (Allegro non troppo) costuma aparecer, com boa frequência, em programas de rádio que se querem sérios e influentes… Apesar de não ser típica, é absoluta e totalmente a sintaxe, o discurso e o sotaque do compositor. É a música ideal para o primeiro contato com Shostakovich.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 5 de 12 (Sinf 5, Ashkenazy)

Symphony No.5 In D Minor, Op.47
5-1 Moderato
5-2 Allegretto
5-3 Largo
5-4 Allegro Non Troppo

Five Fragments, Op.42
5-5 Moderato
5-6 Andante
5-7 Largo
5-8 Moderato
5-9 Allegretto

Royal Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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Shostakovich e um porquinho, vocês estão vendo

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 4 de 12 (Sinf 4, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 4 de 12 (Sinf 4, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Escrita em 1936, esta é uma sinfonia decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios rarefeitos: Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minhas preferências vão para o também mahleriano scherzo central e para o esplêndido último movimento. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. E o quarto movimento, que começa como o Frère Jacques do 3º movimento da Sinfonia Nº 1 de Mahler? O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 4 de 12 (Sinf 4, Ashkenazy)

4-1 Allegretto Poco Moderato
4-2 Presto
4-3 Moderato Con Moto
4-4 Largo
4-5 Allegro

Royal Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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Como todo ser humano inteligente, Shostakovich amava o futebol. Era torcedor do Zenit, de Leningrado, atual São Petersburgo

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 3 de 12 (Sinfs 12 e 3, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 3 de 12 (Sinfs 12 e 3, Ashkenazy)

Na minha opinião, a Sinfonia Nº 12 é das piores peças orquestrais de Shostakovich. Consegue ser ao mesmo tempo heroica e musicalmente vazia. E o incrível é que está inserida entre outras duas sinfonias que são obras-primas e também muito políticas.

Dmitri Shostakovich compôs a Sinfonia Nº 12, Op. 112, com o subtítulo O ano de 1917, em 1961, dedicando-o à memória de Vladimir Lênin, como fez com a Sinfonia Nº 2. A 12ª foi estreada pela Orquestra Filarmônica de Leningrado sob a regência de Yevgeny Mravinsky. Esta foi a última sinfonia de Shostakovich que Mravinsky estreou. Os dois romperam quando Mravinsky, amedrontado com o maravilhoso texto de Ievtuchenko e por pressões, recusou-se a estrear a 13ª.

A Sinfonia Nº 3. Op. 20, também conhecida como Ao Primeiro de Maio foi tocada pela primeira vez pela Orquestra Filarmônica de São Petersburgo e pelo Coro Académico Capella, sob a regência de Aleksandr Gauk, em 21 de janeiro de 1930. Tal como a Sinfonia Nº 2, é uma sinfonia coral em quatro movimentos contínuos. Como a 2ª, a 3ª é pequena, durando de 25 a 30 minutos. O final apresenta um texto de Kirsanov relacionado ao Dia do Trabalhador e à Revolução. A interpretação é problemática: numa carta a Boleslav Yavorsky, Shostakovich disse que a obra “expressa o espírito da reconstrução pacífica”. Por outro lado, a maior parte do trabalho que precede o final é elaborado num tom sombrio e incluía originalmente uma parte para metralhadora.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 3 de 12 (Sinfs 12 e 3, Ashkenazy)

Symphony No.12 In D Minor, Op.112 “The Year 1917”
3-1 Revolutionary Petrograd (Moderato – Allegro – Più Mosso – Allegro)
3-2 Razliv (Allegro. L’istesso Tempo – Adagio)
3-3 Aurora (L’istesso Tempo – Allegro)
3-4 Dawn Of Humanity (L’istesso Tempo – Allegretto – Allegro – Moderato)

Symphony No.3, Op.20 – “1st Of May”
3-5 Allegretto – Allegro
3-6 Andante
3-7 Allegro – Largo
3-8 Moderato: V Pervoye Pervoye Maya

The Bach Choir
Royal Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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Shostakovich jamais conseguiu acertar os ponteiros com os políticos

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 2 de 12 (Sinf 2, Outubro, A Canção da Floresta, Abertura Festiva, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 2 de 12 (Sinf 2, Outubro, A Canção da Floresta, Abertura Festiva, Ashkenazy)

Shostakovich jamais deu seu melhor para as músicas heroicas e de circunstância que o regine solicitava. Atualmente, a peça mais interpretada deste disco é a boa Abertura Festiva que dá início a este CD. As outras são interessantes, apesar de serem muito menores do que aquilo que o compositor escrevia com tesão, por assim dizer. A Sinfonia Nª 2 é apenas passável. Melhor é A Canção da Floresta, que tem bons momentos. Mas, como o foco aqui são as sinfonias, vamos lá.

A Sinfonia Nº. 2, Op. 14, é também conhecida como Para Outubro, e foi escrita para comemorar o décimo aniversário da Revolução de Outubro. Sua primeira performance ocorreu com a Orquestra Filarmônica de Leningrado e o Coral Capella da Academia, sob Nikolai Malko, no dia 5 de novembro de 1927. Shostakovich revisitou posteriormente os eventos da Revolução de Outubro na igualmente desinteressante Sinfonia Nº 12, chamada de O Ano de 1917.

Importante salientar que Shostakovich, em seus anos jovens, provavelmente era um sincero comunista que foi pouco a pouco se decepcionando, se irritando e usando de sarcasmo para com as exigências e a violência de Stálin e de quem veio depois. Porém, depois do sarcasmo e de certa forma peitar o regime, Shosta foi obrigado a dobrar-se e deprimiu-se muito. Sofreu demais, principalmente sob Stálin e após o episódio com Stravinski, que o perdoou. Sofreu demais, de certa forma cansou e é uma pessoa quase ininterpretável hoje. Apesar dos chutes dos biógrafos, ninguém sabe bem qual era o pensamento político de Shostakovich. Já o músico foi brilhante, muito produtivo, alegre, sarcástico e doloridíssimo, muitas vezes tudo ao mesmo tempo.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Integral das Sinfonias e mais — CD 2 de 12 (Ashkenazy)

2-1 Festive Overture, Op.96

2-2 October – Symphonic Poem, Op.131

2-3 Symphony No.2 In B Major, Op.14 – “To October”

Song Of The Forests – Oratorio, Op.81
2-4 When The War Was Over
2-5 The Call Rings Through The Land
2-6 Memory Of The Past
2-7 The Pioneers Plant The Forest
2-8 The Young Communists Forge Onwards
2-9 Walk Into The Future
2-10 Glory

Royal Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy

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A animação de Shostakovich e Britten nesta foto é contagiante.

PQP