Joaquin Rodrigo – Concierto de Aranjuez, Mario Castelnuovo-Tedesco – Concerto in D for Guitar & Orchestra – Williams, Ormandy, Philadelphia Orchestra

John+Williams+Guitarist+Two+Favourite+Guitar+Concertos+504788

NOVOS LINKS !! POSTAGEM ORIGINAL DE 2016. ESTE CD NÃO PODE FICAR INDISPONÍVEL !!! ABSOLUTAMENTE IM-PER-DÍ-VEL !!!

Para reparar um mal entendido de uma postagem anterior, resolvi trazer o meu concerto para violão favorito, na minha versão favorita, que já ouço há pelo menos uns 45 anos. Chamei este Concierto de Aranjuez de famigerado, mas no sentido positivo do termo. Eu já o escutei tantas vezes que conheço cada nota, cada pausa, cada suspiro do solista e do maestro. Ele supre todas as minhas necessidades sentimentais, aquelas que evocam tempos passados, me lembra o jardim da velha casa, a chuva caindo e molhando a grama daquele jardim, do por de sol, enfim, é uma explosão de sentimentos quando ouço este concerto. Ainda mais esta gravação do John Williams ainda jovem, mas já um fenômeno do instrumento. Os braços abertos do Ormandy vestindo um traje de um verde de gosto duvidoso  e regendo sua amada Orquestra de Filadélfia me inspirava e procurava imitar seus gestos. Foi o meu primeiro contato com a música clássica, imaginava estar regendo uma orquestra, mexia os braços como se fosse o maestro, ou então pegava meu velho violão e simulava que estava tocando …
Ainda tenho o velho LP, e ainda me emociono quando ouço o seu adágio, que considero uma das mais belas páginas já escritas na história da música. Este adágio me traz lembranças de minha infância, quando minha mãe botava este LP para tocar na velha radiola e mesmo depois de ter terminado o disco ela ainda ficava cantarolando pela casa. Lembranças boas de um tempo que não volta mais. Pelo menos ficam guardadas na memória.

O Concerto de Castelnuovo-Tedesco também é de primeirissima qualidade, pena que seja pouco gravado, como comentei em postagem anterior.

Joaquin Rodrigo (1901-1999):
01. Concierto de Aranjuez for Guitar and Orchestra I.  Allegro con spirito
02. Concierto de Aranjuez for Guitar and Orchestra II. Adagio
03. Concierto de Aranjuez for Guitar and Orchestra III.  Allegro gentile
Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968):
04. Concerto in D Major for Guitar and Orchestra, Op. 99 I. Allegretto
05. Concerto in D Major for Guitar and Orchestra, Op. 99 II. Andantino alla romanza
06. Concerto in D Major for Guitar and Orchestra, Op. 99 III. Ritmico e cavalleresco

John Williams – Guitar
Members of The Philadelphia Orchestra
Eugene Ormandy – Conductor

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1957
John Williams – Retrato do Artista quando jovem

.: interlúdio :. Kaori Muraji

.: interlúdio :. Kaori Muraji

Considere o vídeo abaixo:

Seguindo o caminho do interlúdio anterior, continuamos ouvindo violões, por que não. E sobre Kaori, bem; é jovem, linda, e toca de olhos fechados. Que dizer mais? Era daquelas crianças-prodígio, aprendeu a tocar violão com o pai aos três anos, e dali em diante foi conquistando competições e prêmios internacionais — até ser a primeira artista japonesa a assinar um contrato internacional com a Decca.

Credenciais à parte, os ouvidos notam que Kaori leva tudo muito a sério. Tem uma técnica impecável, e suas escolhas nos arranjos não costumam ser bem comportadas. Dos quatro álbuns desde post — talvez 1/5 de sua discografia — , três são de repertório erudito, e se o próprio Joaquín Rodrigo, pouco antes de sua morte, elegeu-a como sua voz no século XXI, a resenha do AMG para “Plays Bach” é bem menos elogiosa. (Este cão, que sabidamente não entende lhufas de música erudita, gostou bastante da segunda parte do cd, em que ela toca sozinha.) O último disco do post é de repertório popular, bem ao estilo balaio de gatos, misturando West Side Story à International Socialista — e se eu prefiro mastigar vidro a ouvir Tears in Heaven outra vez nesta ou em qualquer outra vida, há momentos realmente sublimes, como Jongo, Sunburst e até Merry Christmas Mr. Lawrence (no vídeo abaixo, numa parceria muito bem concatenada com o próprio Saka).

Dito isto, aos álbuns? Blue Dog recomenda a ordem cronológia/de postagem mesmo; Lumières é fabuloso.

P.S.: Atendendo a pedidos, e não tão longe do contexto, participamos que o post de Wes Montgomery para “Full House” foi atualizado com um rip em V0. E no mesmo post foi adicionado um outro álbum — que você também deveria ouvir. Ctrl+clique o link acima pra não esquecer.


Kaori Muraji – Lumières /2005 [V0]
Kaori Muraji: guitar
download / 107MB

01 Gymnopedie No. 1 (Satie)
02 Gymnopedie No. 3 (Satie)
03 La fille aux cheveux de lin (Debussy)
04 Pavane Pour Une Infante Defunte (Ravel)
05 Saudade No. 3 (From Trois Saudades): I Rituel (Dyens)
06 Saudade No. 3 (From Trois Saudades): II Danse (Dyens)
07 Saudade No. 3 (From Trois Saudades): III Fete Et Final (Dyens)
08 2 Barcarolles, Op.60: I Lent, Calme, Dans Une Quietude Expressive (Kleynjans)
09 2 Barcarolles, Op.60: II Allegro (Kleynjans)
10 Fantasie Pour Guitare: I Resolu (De Breville)
11 Fantasie Pour Guitare: II Lent (De Breville)
12 Fantasie Pour Guitare: III Trés Vite (De Breville)
13 Gnossienne No 1 (Satie)
14 Water Color Scalor: I Prelude (Yoshimatsu)
15 Water Color Scalor: II Intermezzo A (Yoshimatsu)
16 Water Color Scalor: III Dance (Yoshimatsu)
17 Water Color Scalor: IV Intermezzo B (Yoshimatsu)
18 Water Color Scalor: V Rondo (Yoshimatsu)
19 Claire de Lune from Suite Bergamasque (Debussy)
20 Summer Knows Theme from “The Summer of ’42” (Legrand)


Kaori Muraji – Viva! Rodrigo /2007 [V0]
Kaori Muraji, guitar; Orquesta Sinfónica de Galícia, reg. Viktor Pablo Pérez. Música de Joaquín Rodrigo
download / 97MB

01 Concierto de Aranjuez – Allegro con spirito
02 Concierto de Aranjuez – Adagio
03 Concierto de Aranjuez – Allegro gentile
04 Sones en la Giralda
05 Concierto para una fiesta – Allegro deciso
06 Concierto para una fiesta – Andante calmo
07 Concierto para una fiesta – Allegro moderato


Kaori Muraji – Plays Bach /2008 [V0]
Kaori Muraji, guitar; Leipzig Bachorchester, reg. Christian Funke
download / 113MB

01 Cembalo Concerto No.2 in E major, BWV 1053 – I. Allegro
02 Cembalo Concerto No.2 in E major, BWV 1053 – II. Siciliano
03 Cembalo Concerto No.2 in E major, BWV 1053 – III. Allegro
04 BWV 1068 Air on the G string
05 Cembalo Concerto No.5 in F minor, BWV 1056 – I. Allegro
06 Cembalo Concerto No.5 in F minor, BWV 1056 – II. Largo
07 Cembalo Concerto No.5 in F minor, BWV 1056 – III. Presto
08 BWV 147 Choral Jesus bleibet meine Freude
09 Partita No.2 in D minor, BWV 1004 – I. Allmanda
10 Partita No.2 in D minor, BWV 1004 – II. Corrente
11 Partita No.2 in D minor, BWV 1004 – III. Sarabanda
12 Partita No.2 in D minor, BWV 1004 – IV. Giga
13 Partita No.2 in D minor, BWV 1004 – V. Ciaconna
14 Menuet, BWV Anh. 114 & 115


Kaori Muraji – Portraits /2009 [320]
Kaori Muraji, guitar
download / 156MB

01 Merry Christmas Mr. Lawrence (Sakamoto)
02 Tango en Skai (Dyens)
03 Tears In Heaven (Clapton)
04 Jongo for guitar(Bellinatti)
05 Energy Flow (Sakamoto)
06 What a Friend We Have in Jesus(Converse)
07 Internationale (De Geyter)
08 Amours Perdues (Kosma)
09 Secret Love (Fain)
10 Porgy and Bess – Summertime (Gershwin)
11 West Side Story – I Feel Pretty (Bernstein)
12 West Side Story – Maria (Bernstein)
13 West Side Story – America (Bernstein)
14 Nocturne No.2 in E flat, Op.9 No.2 (Chopin)
15 Thousands of Prayers (Tanikawa)
16 Träumerei (Schumann)
17 Love Waltz (Neumann)
18 Introduction To Sunburst/Sunburst (York)
19 In My Life (Lennon / McCartney)

Boa audição!
Blue Dog

Leo Brouwer (1939): Concierto Elegiaco / Joaquín Rodrigo (1901-1999): Fantasía para un gentilhombre

Além do violão, o inglês Julian Bream (1933-2020) também tocava alaúde, introduzindo para muitas plateias as obras de Vivaldi, Bach e Dowland para esse instrumento de cordas. Talvez pela sua familiaridade com o alaúde, Bream tirava do violão um som que me arrisco a definir como mais limpo, mais leve, com menos tensão (tesão?) nas cordas em comparação com alguns outros grandes nomes do instrumento como Narciso Yepes e Turíbio Santos. Esse estilo mais sóbrio funciona bem no concerto nº 3 do compositor cubano Leo Brouwer, que recebe o apelido “elegíaco”. Não temos aqui tanta sensualidade cubana que o público poderia esperar, é tudo bem mais sutil, e a gravação tem o próprio compositor como maestro, então imaginamos que é assim que ele queria que a obra soasse, né?

Brouwer vive em Havana, onde alternou sua carreira entre a composição de trilhas sonoras, algumas funções burocráticas na rádio cubana que ele ajudou a fundar, além de também atuar como maestro e compor mais de dez concertos para violão e orquestra e várias obras para violão solo.

Em entrevista de 1988, Brouwer tentava responder à recorrente pergunta sobre a aparente contradição entre “raízes folclóricas” e música universal/abstrata/vanguardista:

Você teve que “viajar” para o abstrato, para a vanguarda, para voltar para o folclórico?

LB: Essas são duas perguntas em uma. A primeira diz respeito a se distanciar de sua própria experiência para ser objetivo. Como foi dito por um dos grandes filósofos do século 20, José Ortega y Gassett: à distância, você pode ver todo o panorama, não apenas os pequenos detalhes no microscópio. Isso é importante.

Agora, a segunda parte da sua pergunta: redescobrir as raízes através do abstrato e da vanguarda. Esse é um verdadeiro problema e uma questão fascinante por muitos motivos. Sem saber, fui gradualmente entrando na vanguarda como linguagem natural. Recebi um grande estímulo quando estive na Polônia em 1961 para o Outono de Varsóvia, um festival de vanguarda. Foi um ótimo evento. Lembro-me de Sylvano Bussotti e da estreia da famosa Trenódia em Memória das Vítimas de Hiroshima, de Krzysztof Penderecki. A geração mais velha também estava representada: Karol Szymanowski e o grande compositor judeu Ernest Bloch. Foi uma espécie de panorama de onde tirei os elementos mais recentes, como Cage e Berio. Trouxe de volta as partituras de meus novos amigos – Penderecki, Tadeusz Baird e Bussotti – e realizei uma conferência em Cuba. As pessoas aqui ficaram fascinadas.

Foi um contato natural com a vanguarda. Não seguiu a escola polonesa, que é muito forte e sólida. Não, isso significou liberdade total, o que era normal para nós, porque na política cubana havia uma lei simples que dizia: “Você pode fazer o que quiser”. Isso é totalmente diferente de alguns países do leste europeu até agora [1988].

Sentimos a possibilidade de fazer todo um mundo de pura abstração e, digamos, de raízes nacionais. Mas não como uma colagem, e não como uma contradição, porque você pode obter uma abstração total dos elementos ou raízes nacionais e obter um sabor vital. Os elementos essenciais das raízes nacionais de qualquer país são absolutamente abstratos. Não estou falando dos elementos superficiais como, em Cuba, as maracas, os bongôs e o cha-cha-cha. Mas se você for ao ritual da música afro-cubana e analisar a parte melódica, os elementos são tão comuns quanto o canto bizantino ou gregoriano. Esses elementos – terminações particulares e relações internas rítmicas – são profundos, quase abstratos e comuns a muitas coisas em Cuba.

Minha linguagem seguiu uma espécie de estrutura em arco. Comecei com folclore e raízes nacionais. Eu gradualmente me desenvolvi na abstração. Cheguei à abstração quase total nos anos 70. E então eu voltei gradualmente às raízes nacionais através de um sentimento romântico sofisticado. Vamos chamá-lo de hiper-romântico, porque o que estou usando é um clichê óbvio. Não tem o sentimento de um romântico tardio como Barrios Mangoré ou de um romântico puro como Mahler.

Não é só uma citação de estilo, é uma necessidade, uma redescoberta de estilo, da mesma forma que alguns compositores estão usando elementos como o gamelão da Indonésia e ritmos da África, convertendo-os em uma coisa nova chamada música minimalista. Estou usando esse estilo neoromântico que não é “neo”, mas “hiper”. O Concierto Elegíaco é assim construído, tal como o são algumas secções do Quarto Concerto.

Nos anos 50 e 60, você tinha Pierre Boulez que eu admiro, e Stockhausen. Eles se tornaram os reis da música estruturalista com um sentimento totalmente serial e aleatório. Foi a decomposição de estruturas, que também utilizei na minha música: Parábola, o Segundo Quarteto de Cordas, Sonograma para orquestra sinfônica e muitas outras coisas. Mas, em determinado momento, essa linguagem se atomizou e se quebrou. Estava falhando em se comunicar e se tornando cada vez mais abstrata, cada vez mais hermética. Acho que a música é para todos, para o público – tanto o público altamente sofisticado quanto o mais simples. Claro, com educação, com cultura.

Brouwer regendo em 2011

Não estou fazendo concessões. Se eu fosse fazer concessões, seria melhor fazer arranjos para Barbara Streisand.

Também temos aqui uma gravação da Fantasía para un gentilhombre, do compositor espanhol Joaquín Rodrigo. Mais uma vez a dupla Bream/Brouwer aposta na sobriedade que é um pouco rara nas gravações de violão, de forma a comunicar ao ouvinte os elementos estruturais da obra como as fanfarras de trompetes, os cantos de pássaros etc.

Brouwer (1939): Concerto Elegiaco
1 Tranquillo
2 Interlude
3 Finale: Toccata

Rodrigo (1901-1999): Fantasía para un gentilhombre
4 Villano
5 Ricercare
6 Españoleta
7 Fanfare de la Caballería de Nápoles
8 Danza de las Hachas
9 Canario

Guitar – Julian Bream
Conductor – Leo Brouwer
Orchestra – RCA Victor Chamber Orchestra

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Joaquín Rodrigo
Leo Brouwer – quero ver Cuba lançar outro compositor desse nível

PS: Agora estamos também no Twitter: twitter.com/pqpbach

Pleyel

Joaquín Rodrigo (1901-1999): Concerto de Aranjuez – Julian Bream • CO of Europe • John Eliot Gardiner

Joaquín Rodrigo (1901-1999): Concerto de Aranjuez – Julian Bream • CO of Europe • John Eliot Gardiner

 

 

Aranjuez

 

 

 

Na última entrega de CDs que chegou de meu fornecedor veio um mimo, um brinde na forma de um CD com, entre outras coisas, o Concerto de Aranjuez! Adoro essas coisas, coincidências, com incidências.

Calma, o disco da postagem não é o do brinde. Gostei da interpretação, mas este aqui é melhor. E vocês sabem, para nossos seguidores, só o melhor!

O Concerto de Aranjuez é a obra mais famosa de Joaquín Rodrigo, compositor espanhol que, assim como o solista desta gravação, o inglês Julian Bream, muito contribuiu para evidenciar o violão como instrumento de música no sentido completo da palavra. Antes da dedicação de artistas como eles, o violão era visto como um instrumento para diletantes e havia também algum preconceito.

Rodrigo conseguiu reunir nesta obra toda a magia e sensualidade que se associa à imagem de Espanha. O concerto tem elegância e nobreza, mas ao mesmo tempo, especialmente devido à belíssima melodia do movimento lento, um imenso apelo popular. Quem não conhece a versão de Miles Davis?

Para interpretar uma obra como esta é necessário extremo talento, técnica e sabedoria. Isso tudo, além da experiência, você encontrará nos músicos desta gravação. A orquestra, sob a regência de John Eliot Gardiner, está perfeita, alerta e equilibrada.

Completando o disco, quatro peças para violão solo.  A última delas é uma homenagem de Rodrigo para seu amigo e também compositor, Manuel de Falla.

Joaquín Rodrigo (1901-1999)

Concerto de Aranjuez

  1. Allegro com spirito
  2. Adagio
  3. Allegro gentile

Três Peças Espanholas

  1. Fandango
  2. Passacaglia
  3. Zapateado

Hommage à Manuel de Falla

  1. Invocation et Danse

Julian Bream

The Chamber Orchestra of Europe

John Eliot Gardiner

Gravação:    St. John’s Smith Square, Londres – 1982 (Concerto)

Wardour Chapel, Dorset – 1982-83 (Peças solo)

Direção de Arte: Ron Kellum

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FLAC | 181 MB

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MP3 | 320 KBPS | 103 MB

A pegada do Miles é mais na melodia entoada pelo corne inglês que abre o movimento lento, mas que também é bonita. E como é bonita!

É isto, senhoras e senhores, um clássico! Aproveitem.

René Denon

Joaquín Rodrigo (1901-1991) – Concierto de Aranjuez / Isaac Albéniz (1860-1909) – Excertos da Suíte “Iberia” – Paco de Lucía

Joaquín Rodrigo (1901-1991) – Concierto de Aranjuez / Isaac Albéniz (1860-1909) – Excertos da Suíte “Iberia” – Paco de Lucía

71ijOfLdLaL._SL1200_Depois de publicar música tocada em Timbuktu e arredores e de provocar arcadas engulhadas com músicos apresentados como “analfabetos musicais” e “bugres que sabem tocar”, venho trazer ainda mais desconforto aos puristas com este álbum em que Paco de Lucía, um dos grandes nomes do flamenco, toca música erudita.

Os sumo-sacerdotes do purismo e parte da crítica, claro, caíram de tacape em cima do solista quando o disco foi lançado em 1992, por ocasião do jubileu da chegada de Colombo às Américas. Chamaram-no, entre outras coisas, de bufão e pretensioso, acusaram-no de desrespeitar as intenções do compositor e atacaram-no, óbvio, por ser um músico de flamenco e, por isso, supostamente incapaz de tocar música de concerto.

[quanto às acusações de desrespeito ao compositor, sugiro que prestem atenção no senhor idoso que aparece em segundo plano na capa do CD, à direita: ele é o PRÓPRIO Joaquín Rodrigo, que supervisionou pessoalmente a gravação. Sem mais.]

O público adorou, Rodrigo adorou, eu adorei, e o disco envelheceu muito bem. Como que para alimentar as acusações de seus detratores, Paco trouxe para o “Concierto de Aranjuez”, sem nenhum constrangimento, toda a sua caixa de ferramentas flamencas, e a abriu em sua interpretação: estão lá os ataques furibundos às cordas, os efeitos percussivos, as articulações características. O que ele conseguiu, ao menos para os meus ouvidos, foi fazer o “Concierto” soar vigoroso como nunca, com um frescor inédito.

CLARO que essa gravação, apesar de suas qualidades, não tem UMA GOTA SEQUER de violão clássico (soletando para quem ainda não entendeu: P-A-C-O D-E L-U-C-Í-A). Por isso, lógico, os devotos dessa escola provavelmente odiarão a interpretação, da qual sugiro que passem ao largo.

Aos demais, o que eu e meu ouvido bruto e pouco preconceituoso lhes podemos dizer é que, depois de Paco, se tornou muito inglória a tarefa de escutar outras interpretações do “Concierto” sem o élan que ele traz a esta figurinha tão fácil quanto linda do repertório do violão.

Três excertos da Suíte Iberia de Isaac Albéniz, transcritos mui idiomaticamente para trio de violões, completam essa gravação de que vocês podem até não vir a gostar, mas que recomendo muito conhecer.

CONCIERTO DE ARANJUEZ DE JOAQUÍN RODRIGO
interpretado por PACO DE LUCÍA

Joaquín RODRIGO Vidre (1901-1999)

Concierto de Aranjuez em Ré maior para violão e orquestra

01 – Allegro con espirito
02 – Adagio
03 – Allegro gentile

Paco de Lucía, violão
Orquesta de Cadaqués
Edmon Colomer, regência

Isaac Manuel Francisco ALBÉNIZ y Pascual (1860-1909)

Três peças da Suite Iberia

04 – Triana
05 – El Albaicín
06 – El Puerto

Paco de Lucía, José María Bandera e Juan Manuel Cañizares, violões

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Joaquín Rodrigo (1901-1999), cego desde os três anos de idade, foi prolífico compositor, virtuoso ao piano e, numa bonita homenagem da Coroa espanhola, o primeiro e único Marquês dos Jardins de Aranjuez
Joaquín Rodrigo (1901-1999), cego desde os três anos de idade, foi prolífico compositor, virtuoso ao piano e, numa bonita homenagem da Coroa Espanhola, o primeiro Marquês dos Jardins de Aranjuez

Vassily Genrikhovich

Joaquin Rodrigo (1901-1999) – Concierto de Aranjuez, Fantasia para un gentilhombre, Invocacion y danza, Tres pequenas piezas – Pepe Romero, Sir Neville Marriner, ASMF

61Mxd1cVChL._SS500Ué, de novo? Alguns irão perguntar, mas responderei: Ontem trouxe a versão de John Williams com o Eugene Ormandy, e hoje vos trago outro mestre do violão, Pepe Romero, tocando estas duas obras primas de Rodrigo. Não quero estabelecer um ranking para decidir de quem é a melhor versão, senão teria que trazer Narciso Yepes e Andrés Segovia para tornar a disputa mais acirrada. Mas enfim, vos trago as versões que melhor conheço, as ouço há mais de quarenta anos, principalmente a do John Williams, como bem descrevi no texto de ontem.

Não preciso tecer maiores comentários aqui. São duas escolas diferentes, um australiano e um espanhol, mas igualmente excepcionais músicos, acompanhados por magníficas orquestras e maestros idem. Não quero estabelecer parâmetros, nem rankings. Apenas peço para os senhores ouvirem, só isso.

01. Rodrigo Concierto de Aranjuez – I  Allegro con spirito
02. Rodrigo Concierto de Aranjuez – II  Adagio (Christine Pendrill cor anglais)
03. Rodrigo Concierto de Aranjuez – III  Allegro gentile
04. Rodrigo Fantasia para un gentilhombre – I. Andante moderato
05. Rodrigo Fantasia para un gentilhombre – II. Adagio – Allegretto –
06. Rodrigo Fantasia para un gentilhombre – III. Allegro con brio
07. Rodrigo Fantasia para un gentilhombre – IV  Canario Allegro ma non troppo
08. Rodrigo Canconeta
09. Rodrigo Invocacion y danza (Homenaje a Manuel de Falla) – Moderato
10. Rodrigo Invocacion y danza (Homenaje a Manuel de Falla) – Allegro moderato
11. Rodrigo Tres pequenas piezas – I  Ya se van los pastores
12. Rodrigo Tres pequenas piezas – II  Por caminos de Santiago
13. Rodrigo Tres pequenas piezas – III  Pequena sevillana

Pepe Romero – Violão
Academy of Saint Martin in the Fields
Sir Neville Marriner – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

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FDP

Bizet, de Falla, Granados, Rodrigo, Romero, Torroba, Vivaldi: Los Romeros — Celebração do Jubileu de Ouro

Bizet, de Falla, Granados, Rodrigo, Romero, Torroba, Vivaldi: Los Romeros — Celebração do Jubileu de Ouro

frontAndrés Segovia, Narciso Yepes, etc. Os espanhóis e o violão. Há que igualmente colocar no Olimpo Los Romeros, também chamada de A Família Real do Violão. O quarteto foi fundado em 1960 por Celedonio Romero. Três de seus filhos, Angel, Celin e Pepe tocavam com o pai desde os sete anos, formando o Quarteto. Então, eles desenvolveram certa experiência… Em 1957, já tinham ido para os EUA. Não gostavam muito de Franco. Moram lá até hoje. Em 1990, Angel deixou o quarteto, sendo substituído pelo filho de Celin, Celino. Celedonio Romero morreu em 1996. Entrou em seu lugar o filho de Angel, Lito.

Vamos à música. O Quarteto é requintado. São donos de uma habilidade e de uma competência extraordinária. Neste post temos a formação original, ainda com Celedonio. O fato é que é um CD muito bom. O repertório é maravilhoso — Vivaldi, Torroba, Scarlatti, Rodrigo (Concerto de Aranjuez e etc), Bizet (Carmen) entre outros, com obras originais para violão (ou violões) e transcrições. Boa apreciação!

Los Romeros – Celebração do Jubileu de Ouro

DISCO 01

Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741)
Concerto para 4 violões in B menor, RV 580
*
01. Allegro
02. Largho Larghetto
03. Allegro

Celedonio Romero (1913-1996)
Noche en Málaga

04. Noche en Málaga
Romantic Prelude
05. Romantic Prelude

Francisco Moreno Torroba (1891-1982)
Sonatina trianera

06. Torroba – Sonatina trianera

Domenico Scarlatti (1685-1757)
Sonata in G major, Kk 391

07. Sonata in G major, Kk 391

Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741)
Concerto em C maior para violão, RV 425*
08. Allegro
09. Largo
10. Allegro

Enrique Granados (1867-1916)
Intermezzo (Goyescas)

11. Intermezzo (Goyescas)

Joaquín Rodrigo (1901-1999)
Concerto Madrigal
**
12. Fanfarre (Allegro marziale)
13. Madrigal (Andante nostálgico)
14. Entrada (allegro vivace)
15. Pastorcito (Allegro vivace)
16. Girardilla (Presto)
17. Pastoral (Allegro)
18. Fandango
19. Arieta (andante nostálgico)
20. Zapateado (Allegro vivace)
21. Caccia a la española ( Allegro…)

DISCO 02

Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741)
Concerto para 2 violões em G maior, RV 532*
01. Allegro
02. Andante
03. Allegro

Manuel de Falla (1876-1946) El Sombrero de tres picos
04. Danza del corregidor
05. Danza del molinero

Joaquín Rodrigo (1901-1999)
Concerto de Aranjuez*
06. Allegro con spirito
07. Adagio
08. Allegro gentile

Georges Bizet (1838-1875)
Suíte da Ópera Carmen

09. Prélude
12. Séguedille
13. Chanson bohème
14. Entr’acte
15. Chanson du toreador

Joaquín Rodrigo (1901-1999)
Concerto Andaluz**
16. Tiempo de Bolero
17. Adagio
18. Allegretto

* San Antonio Symphony Orchestra
Victor Alessandro, regente
** Academy of St Martin in the Fields
Sir Neville Marriner, regente

Angel Romero, violão
Caledonio Romero, violão
Celin Romero, violão
Pepe Romero, vilão
Angelita Romero castanhetas in
Sonatine trianera, El sombrero de tres picos and Carmen Suite

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE 

Uma das várias formações da Família Romero
Uma das várias formações da Família Romero

Carlinus / PQP

Joaquin Rodrigo – Conciertos – Pepe Romero

O Concierto de Aranjuez deve ter sido uma das primeiras músicas que ouvi e compreendi em minha vida, ainda nos meus tenros e singelos 5 ou 6 anos de idade. Digamos que o velho LP com o John Williams e o Eugene Ormandy, LP que ainda tenho, me iniciou musicalmente. A paixão pelo instrumento e pela música não foram suficientes para me tornar um virtuose no violão, ao contrário, posso dizer que fui um violonista medíocre. Digo fui porque já há mais de quinze anos não pego um para tocar.

Mas Joaquin Rodrigo foi o meu mentor espiritual e musical. Amo suas composições, e desde o começo me sensibilizei com sua cegueira, e claro, com sua sensibilidade em explorar um instrumento tão rico harmonicamente falando quanto o violão. Alguns consideram o segundo movimento do Concierto de Aranjuez um tanto piegas, porém não concordo. Trata-se da mais bela declaração de amor já escrita através de notas musicais, no mesmo nível de qualquer obra de Chopin ou Beethoven.

Este CD triplo está fora de catálogo, não consegui encontrá-lo nem na amazon francesa e nem no site da própria Decca Classics. Traz a Familia Romero interpretando as obras de Joaquin Rodrigo, com destaque para o mais famoso deles, Pepe Romero,  que interpreta o Concierto de Aranjuez e a “Fantasia para un Gentilhombre”. A diferença desta caixa que posto para esta cujo link da amazon anexei é que não tenho nesta caixa o Concerto Serenata para Harpa e Orquestra. Mas que se trata de coisa finíssima, ah, os senhores podem estar certos. Tenho certeza de que irão apreciar e muito.

CD 1

01 – Concierto de Aranjuez – I. Allegro con spirito
02 – Concierto de Aranjuez – II. Adagio
03 – Concierto de Aranjuez – III. Allegro gentile
04 – Fantasia para un gentilhombre – I. Villano y Ricercare (Adagietto – Andante moderato)
05 – Fantasia para un gentilhombre – II. Españoleta y Fanfare de la Caballeria de Nápoles (Adagio – Allegretto molto ritmico)
06 – Fantasia para un gentilhombre – III. Danza de las hachas (Allegro con brio)
07 – Fantasia para un gentilhombre – IV. Canario (Allegro ma non troppo)

Pepe Romero – Violão
Academy of St Martin on the Fields
Neville Marrimer – Condutor

CD 2

01 – Concierto Madrigal – Fanfarre (Allegro Marziale)
02 – Concierto Madrigal – Madrigal (Andante nostalgico)
03 – Concierto Madrigal – Entrada (Allegro vivace)
04 – Concierto Madrigal – Pastorcito, tu que viennes, pastorcito, tu que vas (Allegro vivace)
05 – Concierto Madrigal – Girardilla (Presto)
06 – Concierto Madrigal – Pastoral (Allegro)
07 – Concierto Madrigal – Fandango
08 – Concierto Madrigal – Arieta (Andante nostalgico)
09 – Concierto Madrigal – Zapateado (Allegro vivace)
10 – Concierto Madrigal – Caccia a la española (Allegro vivace – Andante nostalgico)
11 – Concierto Andaluz – I. Tiempo de Bolero
12 – Concierto Andaluz – II. Adagio
13 – Concierto Andaluz – III. Allegretto

Los Romeros – Violões
Academy of St Martin on the Fields
Neville Marrimer – Condutor

CD 3

01 – Concierto para una fiesta – I. Allegro deciso
02 – Concierto para una fiesta – II. Andante calmo
03 – Concierto para una fiesta – III. Allegro moderato
04 – En los Trigales
05 – Sonata a la Española – I. Allegro assai
06 – Sonata a la Española – II
07 – Sonata a la Española – III
08 – Tiento antiguo
09 – Junto al Generalife
10 – Fandango
11 – 3 Petites Pièces – 1
12 – 3 Petites Pièces – 2
13 – 3 Petites Pièces – 3
14 – Bajando de la Meseta
15 – Romance de Durandarte

Pepe Y Angel Romero – Violões
Academy of St Martin in the Fields
Neville Merrimer – Condutor

CD 1 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CD 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CD 3 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDPBach

Narciso Yepes – Guitarra Española – Cds 4 e 5

Um pacotaço duplo para encerrar esta coleção maravilhosa, com o violão de Narciso Yepes interpretando as grandes obras compostas para este instrumento.

Nestes dois últimos cds o que predomina é a obra de Joaquin Rodrigo, com os conhecidíssimos “Concierto de Aranjuez” e “Fantasia para un Gentilhombre”, além de trazer também uma obra chamada “Concierto: Tres graficos para Guitara e Orquesta”, de Maurice Ohana, compositor que até então eu não conhecia. Sua biografia pode ser encontrada aqui .

Os números de download para estes cds do Yepes me surpreenderam, não imaginava que tantos de nossos ouvintes – leitores gostassem do instrumento.  Tentarei trazer outras obras, além de outros estilos.

CD 4
Joaquin Rodrigo
01. Concierto de Aranjuez I Allegro con Spirito
02. Concierto de Aranjuez II Adagio
03. Concierto de Aranjuez III Allegro gentile

Narciso Yepes – Violão
Orquestra Sinfónica R.T.V. Española

Salvador Bacarisse (1898-1963)
04. Concertino para guitarra y orquesta en la menor (A minor) op 72 I Allegro
05. Concertino para guitarra y orquesta en la menor (A minor) op 72 II Romanza. Andante
06. Concertino para guitarra y orquesta en la menor (A minor) op 72 III Scherzo. Allegretto
07. Concertino para guitarra y orquesta en la menor (A minor) op 72 IV Rondo. Allegro ben misurato

Narciso Yepes – Violão
Orquestra Sinfónica R.T.V. Española
Odón Alonso – Condutor

Antonio Ruiz-Pipó (1933)
08. Tablas para guitarra y orquesta I Canto libre
09. Tablas para guitarra y orquesta II Scherzando (attaca)
10. Tablas para guitarra y orquesta III Elegía
11. Tablas para guitarra y orquesta IV Molto vivace

Narciso Yepes – Violão
London Symphony Orchestra
Rafael Frübeck de Burgos – Condutor

CD 5
Joaquín Rodrigo – Fantasia para un Gentilhombre
01. Villano y ricercar
02. Espanoleta y fanfare de la cabelleria de Napoles
03. Danza de las hachas
04. Canario

Narciso Yepes – Violão
Orquestra da R.T.V. Española
Odón Alonso – Condutor

Maurice Ohana – Concierto: Tres gráficos para Guitarra y Orquesta
05. Grafico de la farruca y cadencias
06. Improvisacion sobre un grafico de la siguiriya
07. Grafico de la buleria tiento

Narciso Yepes – Violão
London Symphony Orchestra
Rafael Frübeck de Burgos – Maestro

Joaquin Rodrigo – Concierto Madrigal para Dos Guitarras y Orquesta
08. Fanfarre
09. Madrigal
10. Entrada
11. Pastorcico, tu que vienes, pastorcic, tu que vas
12. Girardilla
13. Pastoral
14. Fandango
15. Arieta
16. Zapateado
17. Caccia a la espanola

Narciso Yepes y Godelieve Monden – Violões
Philarmonia Orchestra
Garcia Navarro – Condutor

CD 4 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CD 5 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Andrès Segovia (1893-1987) – Fantasía para un Gentilhombre, Concierto del Sur, Concerto nº6

01 03

FDP voltou de viagem inspirado. E resolveu atender ao pedido de um leitor/ouvinte, que preferiu não se identificar, e postar um CD tendo o violão como instrumento solista.

O missivista desta postagem reconhece que foi um violonista medíocre em seus tempos de adolescente, mas logo reconheceu a falta de talento para o tal do instrumento. Aprendeu alguns acordes, alegrou alguns amigos tocando canções de Chico Buarque e Caetano Veloso, arriscou alguns passos no mundo do rock´n´roll, mas sua falta de talento era por demais patente, e decidiu doar o instrumento para um sobrinho, que talvez pudesse fazer melhor uso dele…

Mas a paixão pelo instrumento continuou. E quando teve acesso ao mundo do violão enquanto instrumento solista frente a uma orquestra sinfônica, ficou estarrecido com as possibilidades múltipla do mesmo. Claro que se apaixonou pelo Concierto de Aranjuez, de Joaquim Rodrigo, e pelas peças para alaúde adaptadas para o violão, e tendo intérpretes absolutamente maravilhosos, como Andrès Segovia, Narciso Yepes, John Williams, Julian Bream, os irmãos Romero, Paco de Lucia entre outros.

Mas nesta postagem FDP fará diferente. Até agora foi dado destaque ao compositor, apesar de termos todo o cuidado ao escolhermos os intérpretes. Dessa vez se dará destaque ao intérprete. E que intérprete…

“El señor don Andrés Torres Segovia, marqués de Salobreña¨, mais conhecido como Andrès Segovia, nasceu em 1893 e faleceu, quase centenário, em 1987. É considerado o introdutor do violão nas salas de concerto, que freqüentou durante toda sua vida. Também ajudou no desenvolvimento do instrumento, para melhorar sua acústica nas salas de concerto. Transcreveu inúmeras peças de Bach, Bocherini, entre outros, e ajudou a divulgar pelo mundo inteiro a riquíssima música espanhola. Villa-Lobos compôs seus Doze Estudos para Violão em sua homenagem.

Mas o CD a ser postado faz parte de uma pequena série que a cultuada gravadora Deutsche Grammophon lançou em homenagem ao Mestre, com o simples nome de “Segovia Collection”, composta de cinco cds, onde se destacam compositores espanhóis.

A primeira obra é a maravilhosa “Fantasia para um Gentilhombre”, composta por encomenda a Joaquim Rodrigo. Dividida em quatro movimentos, são variações sobre um tema, onde a força da música espanhola, com forte influência da música flamenca, se destaca. Possuo outras gravações desta obra, inclusive com o genial Narciso Yepes, mas nas mãos mágicas de Segovia ela se transforma na verdadeira e legítima representação da alma espanhola. Ouçam com atenção principalmente o primeiro movimento. É de arrepiar.

Após o belíssimo “Concierto del Sur”, de Manoel Ponce, Segovia envereda no barroco, através da música de Luigi Bocherini, tocando o Concerto para violoncelo nº 6, por ele adaptado para violão.

Nestas obras, poderemos admirar a versatilidade de Segovia, e sua técnica absolutamente perfeita. Com certeza, o que vocês poderão admirar não será apenas um dos maiores violonistas do século XX, mas sim um dos maiores músicos do século.

Joaquin Rodrigo – Fantasía para un gentilhombre.
1. Villano y ricercar
2.Españoleta y fanfare de la caballería de Nápoles
3.Danza de las hachas
4.Canario

Manuel Ponce – Concierto del Sur
5. Allegro moderato
6.Andante
7. Allegro moderato e festivo

Luigi Bocherini – Concerto para violoncelo nº6
8 – Allegro non tanto
9 – Andante cantabile
10 – Allegreto – più mosso

Andrès Segovia – Violão
Simphony of the Air
Enrique Jorda – Diretor

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