.: interlúdio :. Wes Montgomery – In Paris; The Definitive ORTF Recording

coverEsta belezura de CD foi gravada alguns dias após o nascimento deste que vos escreve, lá em meados dos anos 60, no Theatré des Champs-Élyseés, e mostra todo o talento deste fantástico guitarrista, que inspirou gerações de outros guitarristas, com seu estilo e técnica únicos.
Ele é acompanhado por quatro excepcionais músicos:

Harold Mabern – Piano
Arthur Harper – Baixo
Jimmy Lovelace – Drums
Johnny Griffin – Sax Tenor

Sou fã confesso de Wes desde a primeira vez que o ouvi. O que ele faz aqui em clássicos como ‘Impressions’, de John Coltrane elevou a guitarra a um nível até então pouco explorado enquanto instrumento solista. Umas das particularidades mais incríveis deste gigante do Jazz é que era autodidata, aprendeu a tocar de ouvindo, ouvindo seu ídolo Charlie Christian.

01 – Four On Six
02 – Impressions
03 – The Girl Next Door
04 – Here’s That Rainy Day
05 – Jingles
06 – To Wane
07 – Full House
08 – ‘Round Midnight
09 – Blue ‘N Boogie ; West Coast Blues
10 – Twisted Blues

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

.: interlúdio :. Chet Baker: Sentimental Walk in Paris

.: interlúdio :. Chet Baker: Sentimental Walk in Paris

1zf4rpz“A última vez que vi Paris” é o título de um filme famoso, com aquela diva de olhos violáceos, Miss Taylor. Hemingway alegou que “Paris é uma Festa”. Paris, enfim, não tem fim. Mas depende. Depende de quem viu Paris da última vez (ou pela última vez), e também para quem Paris signifique algo mais que ir ao Louvre tirar um selfie com a Gioconda. Para mim Paris é um espetáculo de beleza e história. Uma festa de beleza e história. À parte os sanitários imundos sem portas dos bistrôs nas áreas mais turísticas e a falta de hábitos higiênicos dos atendentes das pâtisseries, entre outras coisas básicas dessa natureza, Paris é tudo de bom. Seu cheiro de rosas e crepes, de pedras medievais e frio, suas sombras que são azuis e que inspiraram os impressionistas. Francamente, não vivi os odores que alguns me alardearam. Montaigne dizia que as cidades mais fétidas do mundo seriam Veneza e Paris. Em seu tempo acredito plenamente. Balzac dizia da dureza do chão de Paris. Como para quem a visita o melhor é andar, de fato, seu solo é coriáceo. Distâncias imensas que vencemos hipnotizados pela beleza, nos deixando na lona, com febre de cansaço; todavia, inebriados. Balzac também falou da qualidade da comida – ora, existem os turistas e os peregrinos. Me enquadro entre estes últimos. Caminhante, peregrino da arte e da beleza (quase um Goliardo) e portanto não abastado o suficiente para ‘nouvelles cuisines’. Lembro que num bistrô nas imediações des Invalides nos serviram uma carne dos cavalos de Napoleão, de 1812; e no Marais uma sopa cuja acidez acionaria as lâmpadas de toda a Torre Eiffel. Confesso meu necro-turismo, habitué dos campos santos, que me levou à honra de estar ao pé do túmulo do grande Debussy – atenção, não é no Père Lachaise, mas no cemitério de Passy. Estou parecendo uma dondoca de Caras se pavoneando. Falo de Paris porque o presente registro é uma ‘caminhada sentimental’ pela Lutécia – antigo nome da cidade luz (pela qual rezo aos antigos deuses para que não soçobre às invasões bárbaras, fanáticas, obscurantistas, assassinas e desertícolas).

13z21rbEste disco traz um grande encontro ‘romântico’ entre o fabuloso Chet Baker e o maestro compositor romeno Vladimir Cosma (não confundir com Joseph Kosma, húngaro autor da melodia de Les feuilles mortes). Cosma, advindo de Bucareste para Paris para ser aluno de Nadia Boulanger. A sacerdotisa suprema da chamada música moderna, que em sua sabedoria sempre conduziu seus discípulos para os seus reais talentos, ao invés de encarcera-los nas mofadas fórmulas chamadas eruditas: entre muitos, Piazzolla e Gershwin. Todos os temas do disco são de Cosma. Variam entre lindos e deliciosos. Arranjos que lembram as escolas de Henry Mancini e Elmer Bernstein. Cosma é o que chamaríamos de um velho macaco em seu métier. Compositor de boas fórmulas melódicas, maestro e arranjador cativante, com um currículo vasto e admirável. Baker…

a1pl3mAlguém disse que nada havia a mais que se falar sobre ele? Sim, aquele drogadito do trompete, bafejado pelo sopro da beleza eterna em sua arte. Destacaria a faixa 5, Two Much. Baker era um camaleão que se adaptava aos mais diversos idiomas com a mesma verve. Sua atuação nesta faixa é tão bela e cativante quanto nas outras, todavia em seu arremate ele mostra por que seu nome se inscreve entre as constelações.

Esta colaboração entre o grande compositor de trilhas sonoras e maestro romeno Vladimir Cosma e o genialíssimo Chet Baker rendeu um dos mais belos discos de ambas as carreiras. Quando Cosma decidiu convidar Baker neste projeto, ele foi desencorajado por todos os tipos de negativas. Disseram: “não chame Chet Baker, ele vai aparecer chapado ou nem vai aparecer. Você não pode confiar nele ”. O maestro ficou apreensivo. Mesmo assim, Cosma rastreou o trompetista, que na época trabalhava na Itália. Os dois passaram horas ao telefone. Cosma teve o cuidado de dizer a Baker para trazer o trompete e o flugelhorn, já que ele tinha diferentes melodias que ele pensava ser mais adequadas para tais timbres, e Baker teve o cuidado de dizer a Cosma para não escrever nada onde ele tivesse que tocar mais alto do que um G ou F, já que seus dentes poderiam causar problemas. A música seria toda escrita para Baker, e o trompetista concordou em vir a Paris dois dias antes da sessão, a fim de ensaiar com o compositor, em seu apartamento em Paris. O encontro deles era para as duas horas. Nada de Chet. Horas vêm e vão sem nenhum sinal de Baker. Finalmente, depois das quatro, o telefone toca e é Chet. “Desculpe, cara, ainda estou na Itália. Meu carro quebrou e tenho que consertá-lo. Com certeza estarei aí amanhã a essa hora.” No dia seguinte, aconteceu a mesma coisa: Chet não apareceu, mas novamente ele ligou: “Ei cara, demorou mais do que eu pensava para consertar meu carro, mas estou a caminho agora e estarei lá a tempo.” A essa altura, Cosma estava muito nervoso. Ele tinha prazos para gravar e contratou nada menos que 40 músicos, incluindo uma orquestra de cordas completa, e mais um baixista de Copenhage – ninguém menos que o grande NHOP; e um baterista da Califórnia. Como reforço, Cosma ligou para o melhor trompetista de jazz de Paris e diz a ele para estar lá caso Chet não aparecesse ou, pior, não estivesse em condições de tocar. No entanto, tarde daquela noite a campainha toca no apartamento de Cosma, e lá está Chet. Ele tem uma linda jovem com ele, a quem Cosma reconhece como a filha de um famoso saxofonista belga, seu amigo Jacques Pelzer. O que Baker não tem, entretanto, é um trompete; ele teve de vendê-lo para subsidiar o conserto do carro. Os planos cuidadosamente discutidos de Cosma para fazer certas músicas no trompete e outras no flugelhorn foram jogados pela janela. No entanto, Baker promete alugar um trompete e garantiu que tudo ficaria bem. Ele também pediu a Cosma para gravar algumas das músicas para ele em uma fita cassete, para que ele pudesse ouvi-la em seu hotel naquela noite. Cosma não achou boa ideia, mas concordou, não com muita confiança. A sessão está marcada para as 9h; assim que Cosma chegou às 8h30, ele ouviu um dos mais familiares sons do jazz moderno – o trompete de Chet Baker. Não apenas Chet está adiantado para o encontro, mas ele já aprendera todas as melodias. Na lata, como se diz. Cosma tocava cada música com a orquestra, mas Baker insistiu em não tocar durante o ensaio – ele não colocaria o trompete nos lábios até que a fita estivesse realmente rolando. E então – pura magia. “Eu não posso te dizer o quão bonito ele tocou”. Diz Cosma. “Foi magnífico. Cada tomada foi literalmente perfeita, lindamente executada, com sentimento e alma e sem erros. Quando terminamos, era quase impossível escolher o melhor take de cada música, porque eram todas tão maravilhosas quanto diferentes umas das outras ”. Apesar de suas saídas para se ‘abastecer’, a sua inspiração não diminuiu. Dessa forma, eles conseguiram gravar todas as faixas que precisavam em um único dia. Cosma e Baker nunca mais trabalharam juntos, mas mantiveram contato, e Cosma ia ver Baker todas as vezes que ele tocava em Paris nos quatro anos restantes de sua vida. Gênio é gênio.

2cf5bonMas este texto não poderia ter uma Coda tão prosaica, afinal, falamos de Paris e de Paris há o que se dizer – e não caberia aqui (nem alhures). Evoco um ilustre de quem poucos lembram ou que poucos conhecem. O poeta e trompetista de jazz Boris Vian, de curta e intensa vida; a quem poderemos voltar a encontrar em outra esquina de Paris, noutra caminhada como esta. Segue um pequeno frasco com fragmentos de sua poesia:

Não queria morrer
Sem que tenham inventado as rosas eternas
A jornada de duas horas
O mar na montanha
A montanha no mar
O fim das dores
Os jornais em cores
A felicidade das crianças
E tantas coisas mais
Que dormem nos crânios
Dos geniais engenheiros
Dos joviais jardineiros
Dos solícitos socialistas
Dos urbanos urbanistas
E dos pensativos pensadores
Tantas coisas para ver
Para ver e ouvir
Tanto tempo esperando
Procurando no escuro.

Por fim, talvez a presença mais marcante de Paris nas telas (excetuando ‘Aristogatas’), esteja em Casablanca, 1942. Quando Rick (Bogart) relembra seus felizes dias de amor ao lado de sua bela Ilsa Lund Laszlo (Ingrid Bergman). Recorda o dia em que os nazis ocuparam Paris: “Eu me lembro de todos os detalhes. Os alemães vestiam cinza e você azul”. E na célebre despedida ao final da película: “Nós sempre teremos Paris”.

Chet Baker – Sentimental Walk in Paris, 1985.

  1. 12 + 12
  2. Sentimental Walk
  3. Hobbylog
  4. B. Blues
  5. Two Much
  6. Douceurs Ternaires
  7. Yves Et Jeun
  8. Pintade A Jeun
  9. Douceurs Ternaires (alt. Take)
  10. B. Blues (alt. Take)
  11. Pardon, Mon Affaire

Chet Baker – Trompete
Vladimir Cosma – Composições, arranjos e regência

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

"We´ll always have Paris."
“We´ll always have Paris.”

Wellbach

.: interlúdio :. The Uri Caine Ensemble: Gustav Mahler In Toblach

.: interlúdio :. The Uri Caine Ensemble: Gustav Mahler In Toblach

R-889268-1427574158-9244.jpegIM-PER-DÍ-VEL !!!

CD enviado por um amigo do blog.

Sim, é Mahler. E sim, é jazz contemporâneo e experimental. Trata-se de um disco de 1999 onde o The Uri Caine Ensemble toca temas de Mahler com imensa liberdade. Uri Caine iniciou seus estudos de piano aos sete anos de idade e teve lições com o pianista francês de jazz Bernard Peiffer aos 12. Estudou na Universidade da Pensilvânia tendo por tutor George Crumb. Com ele, adquiriu familiaridade com a música clássica, mas iniciou sua carreira como pianista de jazz em Filadélfia. Na década de 1980 foi viver em Nova Iorque. Caine, que tem gravados 16 álbuns, é muito apreciado pelas suas ecléticas e inventivas interpretações do repertório clássico. Este seu tributo em versão jazz para Gustav Mahler, gravado em 1999, recebeu um prêmio da Sociedade Alemã Mahleriana, embora tenha havido polêmica devido ao conservadorismo de alguns membros do júri. Caine também trabalhou nas Variações Goldberg de Bach, nas Variações Diabelli de Beethoven, bem como reinterpretou diversas obras de Wagner e Mozart. É um álbum certamente muito original, daqueles para se amar ou odiar. Eu estou no primeiro grupo.

The Uri Caine Ensemble: Gustav Mahler In Toblach

CD 1

1-1 Symphonie Nr. 5, Trauermarsch = Symphony No. 5, Funeral March 7:06
1-2 Oft Denk’ Ich, Sie Sind Nur Ausgegangen! Aus »Kindertotenlieder« = I Often Think They Have Merely Gone Out! From »Songs Of The Death Of Children« 10:24
1-3 Nun Will Die Sonn So Hell Aufgehn Aus »Kindertotenlieder« = Now Will The Sun Rise As Brightly »From Songs Of The Death Of Children« 5:35
1-4 Der Tamboursg’sell Aus »Des Knaben Wunderhorn« = The Drummer Boy From »The Boy’s Magic Horn« 14:03
1-5 Einleitung Zur Symphonie Nr. 5, Adagietto = Introduction To Symphony No. 5, Adagietto 1:53
1-6 Symphonie Nr. 5, Adagietto = Symphony No. 5, Adagietto 12:42

CD 2

2-1 Symphonie Nr. 1 »Titan« 3. Satz = Symphony No. 1 »Titan«, 3rd Movement 13:22
2-2 Ging Heut’ Morgen Übers Feld Aus »Lieder Eines Fahrenden Gesellen«, Symphonie Nr. 2 »Auferstehungs-Symphonie«, Andante Moderato = I Went Out This Morning Over The Countryside From »Songs Of A Wayfarer«, Symphony No. 2 »Resurrection«, Andante Moderato 13:26
2-3 Symphonie Nr. 2 »Auferstehungs-Symphonie«, Urlicht = Symphony No. 2 »Resurrection«, Primal Light 2:34
2-4 Interlude Zu »Der Abschied« = Interlude To »The Farewell« From »The Song Of The Earth« 1:49
2-5 Der Abschied Aus »Das Lied Von Der Erde« = The Farewell From »The Song Of The Earth« 26:25

Acoustic Bass – Michael Formanek
Alto Saxophone – David Binney
Arranged By [All Compositions Arranged By], Adapted By [All Compositions Adapted By] – Uri Caine
Drums – Jim Black
Piano, Keyboards – Uri Caine
Trumpet – Ralph Alessi
Turntables, Electronics [Live Electronics] – DJ Olive
Violin – Mark Feldman
Vocals, Oud – Aaron Bensoussan

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Quando mandam um professor de música erudita ensinar um cara que gosta de jazz podem nascer monstros como Uri Caine.
Quando mandam um professor de música erudita ensinar um cara que gosta de jazz, podem nascer monstros como Uri Caine.

PQP

.: interlúdio :. Brad Mehldau – After Bach

51nrWXrNrJL._SS500Eis a resenha do Jornal inglês “The Guardian” referente a este CD:

No composer looms over modern jazz quite like Johann Sebastian Bach, whose harmonic rigour seems to have provided the basis for bebop and all that followed. Listen to the endlessly mutating semiquavers tumbling from Charlie Parker’s saxophone and it could be the top line of a Bach fantasia; the jolting cycle of chords in John Coltrane’s Giant Steps could come straight from a Bach fugue and Bach’s contrapuntal techniques crop up in countless jazz pianists, from Bill Evans to Nina Simone.

Bach certainly casts a long shadow over US pianist Brad Mehldau: even when he’s gently mutilating pieces by Radiohead, Nick Drake or the Beatles, he sounds like Glenn Gould ripping into the Goldberg Variations. Which is why it comes as no surprise to see Mehldau recording an entire album inspired by Bach.
However, this is not a jazz album. Instead of riffing on Bach themes, as the likes of Jacques Loussier or the Modern Jazz Quartet have done in the past, After Bach sees Mehldau using Bach’s methodology. Mehldau plays five of Bach’s canonic 48 Preludes and Fugues, each followed by his own modern 21st-century response. For instance, after a straight performance of the Prelude No 3 in C-sharp major, Mehldau responds by resetting Bach’s original riff in a jerky 5/4 rhythm and taking it into a harmonically adventurous labyrinth. Similarly, a romantic, rubato-heavy reading of the F minor Prelude and Fugue is followed by a dreamlike meditation on some of the themes hinted at in Bach’s original. The effect is as if someone has taken pages from The Well-Tempered Clavier, turned them upside down and reflected them in a wobbly fairground mirror.
Where Bach’s preludes and fugues are like gentle sudoku puzzles, Mehldau’s cryptic harmonies sometimes feel as if you’re grappling with an insoluble 5×5 Rubik’s Cube and the results – as with the opening track, Benediction – can sometimes be headache-inducing. However, by the two closing tracks, Ostinato and Prayer for Healing, Mehldau is wearing his chops lightly and starting to tug at the heartstrings.”

1 Before Bach: Benediction
2 Prelude No. 3 in C# Major from The Well-Tempered Clavier Book I, BWV 848
3 After Bach: Rondo
4 Prelude No. 1 in C Major from The Well-Tempered Clavier Book II, BWV 870
5 After Bach: Pastorale
6 Prelude No. 10 in E Minor from The Well-Tempered Clavier Book I, BWV 855
7 After Bach: Flux
8 Prelude and Fugue No. 12 in F Minor from The Well-Tempered Clavier Book I, BWV 857
9 After Bach: Dream
10 Fugue No. 16 in G Minor from The Well-Tempered Clavier Book II, BWV 885
11 After Bach: Ostinato
12 Prayer for Healing

Brad Mehldau – Piano

BAIXAR AQUI  – DOWNLOAD HERE

Brad Mehldau mostrando a que veio.
Brad Mehldau mostrando a que veio.

.: interlúdio :. Victor Wooten, Dennis Chambers & Bob Franceschini – 2017 – Trypnotyx

coverEste petardo que ora vos trago foi gravado por três grandes músicos, sendo que dois deles já considero lendas vivas, e que mostram a que nível de sofisticação e aprimoramento técnico os músicos deste início de século XXI chegaram.

Tive a grata satisfação de ver o imenso baterista Dennis Chambers ao vivo, em technicolor, há meros 50 metros de distância, na conservadora Florianópolis do início dos anos 2000, em um bar temático mexicano, onde a maior parte dos seus clientes não sabiam, nem entendiam e nem se interessavam em saber o que estava acontecendo no palco e pude constatar seu virtuosismo absurdo, seu domínio do instrumento e sua versatilidade e criatividade em um solo de vinte e cinco minutos, que cronometrei sim. Naquele momento ele tocava com a banda do guitarrista Mike Stern, que tinha como saxofonista este mesmo Bob Franceschini que toca neste CD aqui. O talento de Dennis Chambers é nato, mas foi aperfeiçoado e forjado em décadas de dedicação à causa, desde os tempos do “Funkadelic” até seu período tocando com Carlos Santana. O cara é o rei do groove.

Victor Wooten é um caso a parte. Não consigo classifica-lo, nem pretendo. É um monstro, um legítimo sucessor do legado de gigantes do nível de Stanley Clarke ou Jaco Pastorius, músicos estes que ajudaram a elevar o nível de virtuosismo na execução do baixo elétrico. Ouçam a faixa “Funky D” para entenderem do que estou falando.

Poderia ficar horas falando sobre estes três caras, mas vou parar por aqui e pedir para os senhores ouvirem este CD. Seus estilos e técnicas são uma evolução natural do jazz, elevado à enésima potência em se tratando de virtuosismo.
P.S. Lembro que Victor Wooten já apareceu cá pelas plagas do PQPBach, tocando com outro lendário músico, o tocador de Banjo Béla Fleck. procurem em postagens antigas e ouçam, por favor.

Victor Wooten, Dennis Chambers & Bob Franceschini – 2017 – Trypnotyx

01 Take Off
02 Dc10
03 Liz & Opie
04 Cruising Altitude
05 Funky D
06 The 13th Floor
07 A Little Rice and Beans
08 A Soul Full of Ballad
09 Caught in the Act
10 One Hand
11 Trypnotyx
12 Final Approach
13 Cupid
14 Landing

Victor Wooten – Bass
Dennis Chambers – Drums
Bob Francheschini – Tenor Sax

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Não se deixem levar pelas aparências. Estes três representam a evolução do jazz neste final da década de 10 do século XXI.
Não se deixem levar pelas aparências. Estes três representam a evolução do jazz neste final da década de 10 do século XXI.

.: interlúdio :. Chet Baker – “Blood, Chet and Tears” (1970)

.: interlúdio :. Chet Baker – “Blood, Chet and Tears” (1970)

2zz25qfNuma postagem anterior na qual tivemos o formidável disco “Diane”, comecei o texto comentando que tudo já se houvera falado sobre Chet Baker, e terminei dizendo que sempre haveria algo a mais que se falar sobre ele. Pois bem, ei-lo aqui de volta, pois é uma daquelas figuras que, como o cometa Halley, sempre volta a cruzar os céus e nos encantar. Comentei também como o seu biógrafo James Gavin esmiuçou suas mazelas em detalhes anatômicos e sórdidos. Gavin é um daqueles autores tipicamente biófagos, que apesar de não escreverem desprezivelmente, investem nas polêmicas e põem no microscópio cada célula de suas vítimas no afã de venderem o máximo possível; pecando enfim no que deveriam ser mais fortes – na apreciação da obra. Espero neste texto trazer comentários e relatos em sentido contrário ao que Gavin andou semeando, por mais verdadeiras que tenham sido suas informações. Ora, que Baker vivia na agulha nem vale comentar, assim como milhares que chafurdam no pó e outros paraísos artificiais, porém, sem a glória de trazerem ao mundo sequer um mísero grão de beleza. Em finais dos anos 60 Chet atingiu o ponto mais crítico de sua carreira, ao ser espancado e perdendo alguns dentes (pesadelo de todo trompetistas, bem sei) – embora ele já viesse tocando por séculos sem um dos incisivos frontais, perdido na infância devido a uma pedrada travessa. Em 1966 Baker foi atacado na saída de um clube de jazz em São Francisco. Alguns dizem que o ataque estaria relacionado a drogas. Possivelmente. Qualquer que fosse sua motivação, custou a Baker os dentes e com eles a maior parte de seu sustento. Tal perda inviabilizou quase totalmente a sua atuação ao trompete – além do seu estado psicológico e do descredito no qual estava afundado.

2072pmv

O baterista Artt Frank é mais conhecido por sua amizade e associação profissional com Baker, com quem trabalhou por muitos anos. No final de 1969 ele estava tentando o seu melhor para despertar Chet de seu pesadelo, e foi ele quem fez “Blood, Chet e Tears” acontecer graças à sua amizade com alguns dos principais executivos da MGM Records. A MGM ofereceu a Baker um contrato para um disco ser lançado na Verve e centrado em torno da recente produção do grupo Blood, Sweat & Tears. Chet tocaria sua música em seu próprio estilo Jazzístico, e dessa forma, tanto a gravadora quanto o trompetista, seriam capazes de atingir um grupo muito maior de ouvintes. O álbum foi finalmente gravado durante a primavera de 1970, no Sunwest Recording Studios, sob a direção musical do veterano produtor Jerry Styner. Publicado em 6 de julho de 1970, “Blood, Chet and Tears” não vendeu bem e Baker, infelizmente, voltou a cair na obscuridade por mais alguns anos.

5ldy8n

É assim que Artt Frank se lembra do dia em que a gravação de “Blood, Chet and Tears” aconteceu: “No dia da sessão de gravação, Chet estava em minha casa antes das 7h30. Ele estava animado, mas chateado e ansioso por terminar logo o trabalho. Ele não estava nem um pouco feliz por ter que gravar aquela música, mas empolgado por ser capaz de ganhar o dinheiro que ele e sua família precisavam. […] Durante a viagem, Chet estava nervoso e não disse uma palavra até chegarmos no estúdio de gravação. ‘Eu realmente não gosto de ter que fazer esse álbum, cara – disse ele. Eu realmente não sei. Eu sei o quanto você trabalhou para fazer tudo acontecer, e agradeço tudo que você fez Artt, mas eu não me sinto bem em ter que tocar esse tipo de merda, você sabe?’ Ele discursou sobre o rock, como este gênero não teria nada a dizer, que era um nada que dominou o país, a indústria fonográfica e a maioria dos shows nos clubes. Ele falou sobre como os músicos de rock estavam fazendo grana com muitos trabalhos, enquanto grandes músicos de jazz estavam ralando e passando dificuldades. A coisa que o irritava mais e achava o mais injusto era que quase todos os músicos de rock fumavam maconha, tomavam pílulas e heroína, mas a sociedade parecia dar as costas para tudo isso, enquanto que perseguiam os músicos do jazz. Ele não conseguia entender. Eu concordei com ele completamente, mas também o lembrei que Mike Curb (presidente da MGM Records) tinha conseguido uma data de gravação para ele. Sugeri que ele fosse ao estúdio, gravasse a coisa e terminasse com isso. Ele não disse uma palavra por alguns minutos, depois sorriu. ‘Você está certo, cara’, ele concordou. Fomos para o escritório e fomos imediatamente recebidos pelo engenheiro de som, Donn Landee, e pelo produtor diretor musical do álbum, Jerry Styner. Um enorme teto à prova de som, uma janela de vidro separava o escritório do estúdio de gravação, do outro lado um grupo de músicos olhava para nós. Depois das apresentações Chet queria ir direto ao assunto. Jerry levou os músicos de volta ao estúdio e dirigiu Chet para uma cadeira de couro com encosto alto ao lado dos músicos. […] Jerry colocou as coisas em andamento e a primeira música que eles fizeram foi ‘’Easy Come, Easy Go”. Eu só podia imaginar o que Chet estava passando. Eles terminaram com aquela faixa e fizeram outra chamada “Sugar, Sugar”, e quando isso terminou, Chet fez uma música dos Beatles chamada “Something”. Para minha surpresa, parecia muito bom. Depois disso, eles fizeram mais quatro músicas, com Chet cantando novamente na música “Come Saturday Morning”. Mais uma vez ele parecia ótimo. Eles tocaram mais duas músicas e a sessão de gravação acabou. Chet e eu entramos na sala do engenheiro e ouvimos as reproduções juntos. Uma jovem artista gráfica, Laura Thompson, estava desenhando Chet enquanto ele tocava a peça final, que Mike acabou usando para a capas de frente e de trás do álbum. Jerry Styner e Donn Landee estavam completamente satisfeitos com o resultado das tomadas, então nos fomos. Chet ficou aliviado por ter acabado. Ele achava que tinha tocado bem e estava satisfeito com seu canto em “Something”, uma canção escrita por George Harrison; e também “Come Saturday Morning”, popularizada por The Sandpipers e escrita por Fred Karlin e Dory Previn. Mas Chet nunca mais quis voltar a tocar esse tipo de música novamente. Naquela noite fomos a um restaurante para comemorar. […] No caminho de volta para casa, eu estava dirigindo para o sul em La Cienega, e assim que cruzei o Beverly Boulevard, Chet de repente se sentiu mal e queria que eu parasse e parasse o mais rápido que pudesse. Eu saí do tráfego e fui até o meio-fio e assim que o fiz, ele abriu a porta traseira, enfiou a cabeça para fora e vomitou a deliciosa refeição que acabara de comer. Mais tarde ele me disse que achava que havia se prostituído e que não podia suportar isso.”

117h9py

No final dos anos 1960, Artt Frank estava morando no sul da Califórnia com sua família, tocando bateria nas noites e pintando casas como seu trabalho diário. Certa noite passou por um clube de jazz no qual se anunciava o ‘Quarteto Chet Baker’. Ele entrou, pegou uma cerveja e sentou-se em uma mesa bem em frente ao palco. Mesmo que não houvesse uma taxa de couvert a multidão era extremamente escassa, e quando Frank ouviu Baker tocar ele entendeu o porquê. “Ele não estava tocando bem, diz Frank. Ele terminou meio solo e desceu do palco para terminar o set. Eu disse: Ei, Chet, lembra de mim? Ele disse que não. Desculpe, cara. E continuou andando. Eu disse: Chet, você se lembra de quando me disse uma vez que se não fosse um trompetista ia ser piloto de corridas e dirigir em Le Mans? De repente, ele parou e disse: Sim. Sim, cara. Em Boston. Então ele veio e apertou minha mão e sentou-se”. Conversaram e Chet lhe explicou porque estava naquele estado no seu instrumento. Tinha cicatrizes e sentia dores quando tocava. Este encontro levou a uma amizade duradoura entre Frank e Baker. Um amigo de Frank contratou Baker, que não estava bem financeiramente, para ajudá-lo a pintar casas. Frank encorajou o trompetista a começar a praticar de novo a sério – o que ele fez apesar das dores e dormências na mandíbula. Em 1969, depois que Chet tornou a tocar melodias, o baterista começou a tentar agendar shows para o retorno de Baker. Mas todos os clubes, incluindo os antigos redutos de jazz de Baker, não queriam apostar num homem que eles consideravam como desmoralizado e pouco confiável. Frank perseverou e espalhou contínuos anúncios da volta do trompetista à cena musical. As coisas começaram a acontecer, finalmente encontrando um lugar chamado Melody Room, Baker usando um flugelhorn emprestado por Herb Alpert – sim, aquele do Tijuana Brass! Numa chuvosa sexta feira à noite, “Chet não queria entrar, lembra Frank. Nós ficamos lá fora, praticamente ensopados, e ele finalmente confessa para mim que está com medo. Ele não queria decepcionar as pessoas. Eu disse: Chet, se você não for lá agora, nunca mais vai voltar a trabalhar nesta cidade. Você não vai fazer isso. Eu estava carregando seu trompete e de repente sinto sua mão sobre a minha mão, seus dedos em volta dos meus dedos no estojo do instrumento. Ele disse: ‘Estou pronto, Artt. Vamos entrar’. Então nós abrimos a porta e entramos na história.”

Isso tudo daria (e deu) um filme  sobre superação e drogas ou vice-versa, porém para os fãs do jazz, bastidores e anedotas sempre serão bem vindas e fazem parte desse contexto musical, de forma pitoresca, poética e também documental. Falando sobre o presente disco, como citamos acima, são peças do mundo musical pop-rock. Acontece que, apesar da aversão de Baker por este trabalho, ele se sai muitíssimo bem, pois que era um artista com a incrível capacidade de adaptar-se a diferentes idiomas. Lamento que não tenha gravado álbuns somente de músicas brasileiras, vide as maravilhosas gravações que fez com o tecladista e compositor brasileiro Rique Pantoja nos anos 80. A propósito disso, acrescentei como brinde uma faixa rara e muito simpática, na qual ele toca Tom Jobim, o tema ‘Dindi’. Esta faixa está originalmente em um disco chamado “Sign of the times” (este sim, um disco bastante abaixo das capacidades do artista, apesar desta atraente faixa), no qual o grande guitarrista Joe Pass também estava em plenos anos 60, apelando para o pop-rock. Realmente, um sinal dos tempos nos quais o império do rock quase veio a sufocar os outros gêneros. Gostaria de destacar duas faixas, pontuando que onde Chet atua ao trompete é sempre criativo, cálido, belo, sempre ele mesmo. Melhor por exemplo do que as suas atuações em discos de Mariachis nos quais andou colhendo uns níqueis. A faixa “Come Saturday Morning”, na qual apenas canta, é uma pequena e despretensiosa joia e a faixa “Something”, na qual canta com encantadora nonchalance, traz um solo de apenas meio chorus que é simplesmente genial. Não caberia aqui uma análise teórica de porque é genial, porém, talvez possam crer na palavra de um trompetista: Sim, é genial.

Para concluir este texto que acabou se estendendo demais, algo mais das narrativas do Artt Frank sobre o amigo: “Uma vez, estávamos sentados em um restaurante Denny’s, logo abaixo da Strip, no Melody Room. Era cerca de 2:30 da manhã. Chet está comendo panquecas e ovos, café, e olha pela janela e diz: Olhe para aquele pobre coitado, Artt. Eu olhei para fora, e havia um cara cavando em uma lata de lixo. E ele pegou algo e começa a comer. Chet diz: Quantas pessoas você acha que se preocupam com aquele pobre coitado? Então ele se levanta, sai da mesa e vai para fora. Eu posso vê-lo enfiar no bolso e colocar algo na mão do cara. Deve ter sido cinco ou dez dólares, porque ele não tinha muito. Então ele traz o cara para se sentar com a gente e ele lhe compra um café da manhã.” E ainda: “Em 1975, estávamos tocando em um lugar chamado Lush Life em Nova York, eu e Chet. Nós estamos andando pela rua um dia e estava muito frio. Muitas crianças negras, mexicanas e crianças porto-riquenhas estavam em volta de um fogo, tentando se aquecer. Todo mundo tinha um casaco, exceto um dos garotos. Então Chet parou e disse: Ei, cara. Tente isso. Ele tirou o casaco e deu ao menino, dizendo: Como se sente? O garoto disse: Bom, cara. Chet lhe diz: Fique com ele. É seu. E continuamos andando. Essas são as histórias de Chet Baker, conclui Frank, Esse é o tipo de cara que Chet Baker era.”

Há quem considere este seu pior disco, não é. Talvez o pior, tecnicamente falando, seja Albert’s House de 1969, onde transita apenas entre as notas mais graves e o registro médio; e também teria sido uma tentativa de reabilita-lo em sua carreira. Apesar disso, ele está muito nas concepções e o que estraga o disco é a má equalização e um horroroso teclado de brinquedo. A presente gravação está a anos luz de ‘Diane’ e outros grandes títulos de Baker, porém é um registro raro e curioso. Talvez alguns apreciem por certa nostalgia do repertório, outros talvez o deplorem. Gosto por que mesmo na lama o artista não perdeu o brilho. Seu trompete e performance vocal, em si, nos tocam tanto quanto nos seus melhores momentos discográficos.

Chet Baker – “Blood, Chet and Tears” (1970)

  • Easy Come, Easy Go
  • Sugar, Sugar
  • Something
  • Spinning whell
  • Vehicle
  • The Letter
  • And When I Die
  • Come Saturday Morning
  • Evil Ways
  • You’ve Made Me So Very Happy
  • Dindi – Chet Baker & Joe Pass

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Deep in a Dream
Deep in a Dream

WellBach

.: interlúdio :. Herbie Hancock: Jazz Profile

.: interlúdio :. Herbie Hancock: Jazz Profile

51Ltr2+lpAL._SX425_

Tomei um susto esta manhã. Procurei este CD que estou postando e não o encontrei. Iniciei uma busca em meio aos meus outros discos. Depois de quase meia hora de investigação, logrei êxito. Quando o vi, respirei aliviado. Coloquei-o rapidamente no som para apreciar Hancock. A primeira faixa Empty Pockets, de início, já nos revela a mestria do jazz-men à frente do seu Fender Rhodes, o piano elétrico que o imortalizou. Herbie nasceu em Chicago em 1940. É considerado como um dos mestres do estilo jazzístico. Tocou com Miles Davis em um dos quintetos mais viscerais e antológicos da história do jazz, formado de 1964-1968: Miles Davis (trompete), Herbie Hancock (piano), Ron Carter (contrabaixo), Tony Williams (bateria) e Wayne Shorter (saxofone tenor). A discografia vasta de Hancock pode surpreender alguns, pois o compositor é um experimentalista. A Wikipédia afirma: “Sua discografia inclui discos voltados para o Jazz assim como algumas incursões pelo Fusion, Funk e Música Clássica. Poucos pianistas têm ou tiveram uma carreira tão fecunda quanto Hancock, que já atravessa algumas décadas como um dos maiores pianistas da história do Jazz”. Hancock nasceu numa família de músicos amadores. Desde muito cedo revelou certa facilidade para tocar piano. Aos 11 anos de idade, Hancock chegou a tocar o primeiro movimento do Concerto para Piano em Ré Menor, de Mozart, em um concerto de músicos jovens com a Orquestra Sinfônica de Chicago. Até essa época seu repertório limitava-se a peças de Chopin, Mendelssohn e outros autores de música clássica. O despertamento definitivo para o jazz veio, quando aos 13 anos ouviu um trio de Jazz. Aquilo abriu a sua percepção para um outro tipo de universo musical completamente novo, cheio de possibilidades. Daí para frente, começa a frequentar os espaços onde se executava o jazz. Em poucos termos, é assim que se dá o despertamento de Herbie para o jazz. O CD que ora posta é uma coletânea com algums composições de som apetecível; ótimos para quem deseja se iniciar em Hancock. Boa degustação!

Herbie Hancock: Jazz Profile

1 Empty Pockets
Bass – Butch Warren
Drums – Billy Higgins
Tenor Saxophone – Dexter Gordon

2 Jack Rabbit
Bass – Paul Chambers (3)
Congas, Bongos – Osvaldo Martinez
Drums – Willie Bobo

3 Yams
Alto Saxophone – Jackie McLean
Bass – Butch Warren
Trumpet – Donald Byrd

4 Eye Of The Hurricane
Tenor Saxophone – George Coleman

5 Cantaloupe Island

6 The Sorcerer
Drums – Mickey Roker

7 I Have A Dream
Bass – Buster Williams
Bass Clarinet – Jerome Richardson
Bass Trombone – Tony Studd
Drums – Albert “Tootie” Heath*
Flute – Hubert Laws
Tenor Saxophone – Joe Henderson
Trombone – Garnett Brown
Trumpet – Johnny Coles

Credits
Bass – Ron Carter (tracks: 4 to 6)
Drums – Tony Williams* (tracks: 3 to 6)
Mastered By – Ron McMaster
Piano, Written-By – Herbie Hancock
Recorded By – Rudy Van Gelder
Trumpet, Cornet – Freddie Hubbard (tracks: 1, 4, 5)

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Herbie Hancock em 1997
Herbie Hancock em 1997

Carlinus

.: interlúdio :. Cecile McLorin Salvant: Dreams And Daggers (2017)

.: interlúdio :. Cecile McLorin Salvant: Dreams And Daggers (2017)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A ascensão de Cecile McLorin Salvant (1989) é irresistível. WomanChild, o primeiro álbum da cantora foi indicado ao Grammy de 2014 como melhor álbum de jazz vocal. O segundo, For One to Love, levou para casa o Grammy de 2016 na mesma categoria. Após sua vitória no Grammy, McLorin Salvant lançou seu terceiro álbum na Mack Avenue Records, chamado Dreams and Daggers, um disco duplo gravado principalmente ao vivo com sua banda durante várias noites no Village Vanguard — o venerável clube de jazz do Greenwich Village. Outras faixas na coleção de 23 foram posteriormente gravadas em estúdio com um quarteto de cordas

Aqui, ela retrabalha alguns standards com audácia, imaginação e tempo dramático infalível. Alguns dizem que Salvant evita modelos de jazz, mas a grande Betty Carter é uma influência significativa, mesmo que Salvant e seu ótimo pianista Aaron Diehl planejem as músicas muito mais meticulosamente. As canções contemporâneas também são excelentes.

Cecile McLorin Salvant será muito conhecida no mundo inteiro. Anotem aí.

Cecile McLorin Salvant: Dreams And Daggers (2017)

01 – And Yet
02 – Devil May Care
03 – Mad About the Boy
04 – Sam Jones’ Blues
05 – More
06 – Never Will I Marry
07 – Somehow I Never Could Believe
08 – If a Girl Isn’t Pretty
09 – Red Instead
10 – Runnin’ Wild
11 – The Best Thing for You (Would Be Me)
12 – You’re My Thrill
13 – I Didn’t Know What Time It Was
14 – Tell Me What They’re Saying Can’t Be True
15 – Nothing Like You
16 – You’ve Got to Give Me Some
17 – The Worm
18 – My Man’s Gone Now
19 – Let’s Face the Music and Dance
20 – Si j’étais blanche
21 – Fascination
22 – Wild Women Don’t Have the Blues
23 – You’re Getting to Be a Habit with Me

Produced by Al Pryor & Cécile McLorin Salvant.
Recorded live at the Village Vaguard and the DiMenna Centre.

Musicians:
Cécile McLorin Salvant – vocals
Aaron Diehl – piano
Paul Sikivie – double bass
Lawrence Leathers – drums
+ CATALYST QUARTET – strings

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Vocês não imaginam como canta Cécile McLorin Salvant. Ela é um absoluto espanto.
Vocês não imaginam como canta Cécile McLorin Salvant. Ela é um absoluto espanto.

PQP

.: interlúdio :. John Coltrane & Frank Wess: Wheelin’ & Dealin’ (1957)

.: interlúdio :. John Coltrane & Frank Wess: Wheelin’ & Dealin’ (1957)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Certa vez, num bar, após um concerto daqueles gloriosos, estávamos num grupo de umas 15 pessoas, entre os músicos que se apresentaram e outras pessoas, todas bastante qualificadas do ponto de vista de formação, digamos assim. Uma delas, uma escritora chilena, pontificou:

Para identificarmos um mau caráter, basta observar como ele trata as crianças. Se ele as despreza ou humilha, não é incontestável, mas o cara tem boas possibilidades de ser um deles.

Até hoje, pude comprovar a lei. Parece ser verdadeira, ao menos na amostragem disponível a mim. Mas houve uma resposta paralela de um excepcional violoncelista uruguaio, infelizmente já falecido:

Concordo contigo, e adendo outra lei. Um cara pode não gostar de música erudita ou de jazz: OK. Um cara pode não gostar de eruditos, mas gostar de jazz: OK, até porque um dia ele chegará a nós de alguma forma. Um cara pode gostar de ambos: OK. Mas se o cara gostar de eruditos e não gostar de jazz, ele será ou racista ou da direita troglodita. Cuidem bem, não há erro.

Tinha esquecido desta declaração, mas lembrei dela ontem, quando ouvi três pessoas mal disfarçando seu racismo numa loja de CDs eruditos. Se denunciados, mesmo informalmente e de brincadeira, negariam. Mas, nossa, que nojo, que nojo. Será que o uruguaio tinha razão?

John Coltrane & Frank Wess: Wheelin’ & Dealin’ (1957)

01. Things Ain’t What They Used To Be
02. Wheelin’ (Take 2)
03. Wheelin’ (Take 1)
04. Robbins Nest
05. Dealin’ (Take 2)
06. Dealin’ (Take 1)

John Coltrane (tenor saxophone)
Frank Wess (tenor saxophone, flute)
Paul Quinichette (tenor saxophones)
Mal Waldron (piano)
Doug Watkins (bass)
Art Taylor (drums)

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Coltrane gênio!
Coltrane gênio!

PQP

.: interlúdio :. Charlie Mingus: The Complete Town Hall Concert

.: interlúdio :. Charlie Mingus: The Complete Town Hall Concert

1962. Charlie Mingus reuniu uma banda imensa que incluía Clark Terryn, Eric Dolphy, Jaki Byard e o amigo de sempre Dannie Richmond. Um disco estranho, muito livre e surpreendente. Destaque para a música preferida de meu filho, a visceral e poética Freedom, escrita sobre poema de Mingus contra o racismo. E há únicos trechos gravados por Mingus de sua obra-prima “Epitaph” (uma das maiores peças de jazz já escritas, com mais de duas horas de música e que já foi gravada em DVD. Sim, tenho. Ganhei… do meu filho). Atenção para My Search e Portrait. O que me surpreende é que a maioria dos fãs de Mingus rejeitam este disco. Não entendo. Gostar de Mingus e ter problemas com modernagens? Não, né?

Charlie Mingus: The Complete Town Hall Concert

1. Freedom (Part 1) (Live) (Digitally Remastered) 3:47
2. Freedom (Part 2) (aka Clark In The Dark) (1994 Digital Remaster) 3:14
3. Osmotin’ (Live) (Digitally Remastered) 2:50
4. Epitaph (Part 1) (Live) (Digitally Remastered) 7:03
5. Peggy’s Blue Skylight (Live) (Digitally Remastered) 5:21
6. Epitaph (Part 2) (Live) (Digitally Remastered) 5:10
7. My Search (Live) (Digitally Remastered) 8:09
8. Portrait (Live) (1994 Digital Remaster) 4:34
9. Duke’s Choice (aka Don’t Come Back) (Digitally) (Live) (1994 Digital Remaster) 5:12
10. Please Don’t Come Back From The Moon (Live) (Digitally Remastered) 7:24
11. In A Mellow Tone (AKA Finale) (Live) (Digitally Remastered) 8:21
12. Epitaph (Part 1-Alt. Take) (Live) (Digitally Remastered) 7:23

Músicos:
Snooky Young, Ernie Royal, Richard Williams, Clark Terryn, Eddie Armour, Lonnie Hillyer, Rolf Ericson (trompete)
Quentin Jackson, Britt Woodman, Jimmy Cleveland, Willie Dennis, Eddie Bert, Paul Faulise
(trombone)
Eric Dolphy, Charles McPherson, Charlie Mariano, Buddy Collette (sax alto)
Romeo Penque (oboe)
Zoot Sims, George Berg (sax tenor)
Jerome Richardson, Pepper Adams (sax barítono)
Danny Bank (clarineta baixo e clarineta)
Jaki Byard, Toshiko Akiyoshi (piano)
Les Spann (guitarra)
Charles Mingus, Milt Hinton (baixo)
Dannie Richmond (bateria)
Warren Smith (vibrafone, percussão)
Grady Tate (percussão)
Melba Liston, Bob Hammer, Gene Roland (arranjos)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Era bom ser Charlie Mingus, mas dava trabalho.
Era bom ser Charlie Mingus, mas dava trabalho.

PQP

.: interlúdio :. Roberta Donnay & The Prohibition Mob Band – My Heart Belongs To Satchmo

FrontEste CD é uma deliciosa homenagem a Louis Armstrong, um dos maiores músicos do século XX, um músico que rompeu diversas barreiras, principalmente raciais, e tornou-se um ícone da música norte-americana. O texto abaixo foi retirado do site da própria Roberta Donnay:

“The Prohibition Mob Band, led by Roberta Donnay, is a vintage jazz and swing band that employs 1920-30s swing, blues, and roots music in the jazz tradition. The ensemble’s mission is to explore, celebrate, and promote America’s jazz roots by interpreting vintage material as well as contributing original works reminiscent of the Jazz Age. Roberta Donnay & the Prohibition Mob Band have been touring the U.S. since 2012. The Prohibition Mob Band releases its third CD, “My Heart Belongs To Satchmo” on Blujazz in March 2018. This new record is devoted to the early music of Louis Armstrong, continuing the band’s tradition of resurrecting both well-known and obscure vintage music. “

Sugiro ouvirem bem alto, a banda é excelente e consegue tocar com paixão com um profundo senso histórico. A voz levemente nasalada de Roberta é ideal para estas canções.

Em outras palavras, leva com certeza o selo de ‘IM-PER-DÍ-VEL’ !!!

01 – Sugar (That Sugar Baby O’ Mine)
02 – My Bucket’s Got A Hole In It
03 – I’m In The Market For You
04 – Ol’ Man Mose
05 – That’s My Home
06 – Basin Street Blues
07 – Up A Lazy River
08 – I’m A Ding Dong Daddy (From Dumas)
09 – Do You Know What It Means To Miss New Orleans
10 – On The Sunny Side Of The Street
11 – Music Goes Round And Round
12 – Sweet Georgia Brown
13 – I’m Shootin’ High
14 – A Kiss To Build A Dream On
15 – Pennies From Heaven

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

.: interlúdio :. Horace Silver: Blowin’ the Blues Away (1959)

.: interlúdio :. Horace Silver: Blowin’ the Blues Away (1959)

Um excelente disco, infelizmente curto. A banda de Silver tem uma sonoridade tão parruda que chega a ser curioso ouvir e pensar que se trata de um quinteto. Não há faixas ruins neste álbum, todas elas são superlativas, e por isso cometerei uma injustiça se escolher uma delas, deixando de fora outra que o pequepiano eventualmente ame. Eu chamaria este disco de quente. Há faixas lentas, mas Silver parece gostar mais das pauleiras. Mas suas pauleiras não são amargas, são expressão de pura felicidade.

Horace Silver era Horace Ward Martin Tavares Silva (1928-2014), pianista e compositor de jazz norte-americano. Era filho de João Tavares Silva, de Cabo Verde, e Gertrude, uma norte-americana. Destacou-se nos estilos hard bop e soul jazz. Silver começou sua história musical no sax-tenorista e, mais tarde, voltou-se para o piano. Lançou grande parte de seus discos pela gravadora Blue Note, com a qual é bastante identificado.

Horace Silver: Blowin’ the Blues Away (1959)

1 Blowin’ The Blues Away 4:43
2 The St. Vitus Dance 4:09
3 Break City 4:56
4 Peace (Rudy Van Gelder Edition) 6:02
5 Sister Sadie 6:19
6 Baghdad Blues 4:53
7 Melancholy Mood 7:08

Horace Silver – piano
Blue Mitchell – trumpet (tracks 1, 3-6 & 8)
Junior Cook – tenor saxophone (tracks 1, 3-6 & 8)
Gene Taylor – bass
Louis Hayes – drums

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

As fotos de Silver são como sua música.
As fotos de Silver são como sua música.

PQP

.: interlúdio :. Jaco Pastorius: Jaco Pastorius (1976)

.: interlúdio :. Jaco Pastorius: Jaco Pastorius (1976)

É consenso. Jaco Pastorius foi o maior virtuose do baixo elétrico em todos os tempos. Este é seu primeiro disco solo. Antes, em 1974, ele tinha gravado o CD Jaco com Pat Metheny. Sua habilidade é algo arrebatador. Esta não é a melhor amostra de Pastorius, muito melhor é esta, mas mesmo assim este álbum é hoje um clássico intocável. Segundo o próprio Pastorius, suas principais influências musicais foram: “James Brown, The Beatles, Miles Davis, e Stravinsky, nessa ordem.”  O baixista morreu de forma estúpida. Após ter provocado uma briga na porta de um bar, Jaco tomou uma surra de um segurança, vindo a falecer após longo período de coma. Tinha 35 anos…

Jaco Pastorius: Jaco Pastorius (1976)

1 Donna Lee 2:28
2 Come On, Come Over
Vocals – David Prater, Sam Moore
3:52
3 Continuum 4:33
4 Kuru/Speak Like A Child 7:42
5 Portrait Of Tracy 2:22
6 Opus Pocus 5:29
7 Okonkole Y Trompa 4:25
8 (Used To Be A) Cha-Cha 8:57
9 Forgotten Love 2:14
10 (Used To Be A) Cha-Cha (Alternate Take – Previously Unreleased) 8:49
11 6/4 Jam (Previously Unreleased) 7:45

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Só rindo mesmo.
Com toda esta categoria, só rindo mesmo.

PQP

.: interlúdio :. Paolo Fresu Devil Quartet – Carpe Diem

.: interlúdio :. Paolo Fresu Devil Quartet – Carpe Diem

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um lindíssimo CD do trompetista italiano Paolo Fresu. Como disse um amigo, talvez o jazz europeu esteja produzindo melhor do que o norte-americano. Fresu é um dos amores de Carla Bley e foi através dos elogios dela que o descobri. Se fosse possível inserir o Miles Davis do período cool na cena do jazz contemporâneo, talvez ele soasse muito parecido com Fresu. Mas enquanto Miles se preocupava com um som urbano, Fresu oferece um cool cheio de romance. Pense no Mediterrâneo ao pôr do sol, um copo de Chianti na mão, olhando profundamente nos olhos de seu parceira(o), sentindo a brisa salgada flutuando na pele. É essa a magia. Carpe Diem, com o Paolo Fresu Devil Quartet, oferece músicas espaçosas, radicais e melódicas, com um ritmo que se desdobra lentamente, envolvendo o ouvinte em felicidade. E a visão romântica de Fresu é habilmente apoiada pro um grupo fantástico de italianos formado por Bebo Ferra no violão, Paolino Dalla Porta no baixo e Stefano Bagnoli na bateria. Grande parte do álbum consiste de baladas lindamente escritas e construídas. Home, In minore, Enero, Ballata per Rimbaud, Ottobre, Giulio libano e a impressionante Human Requiem são exemplos primordiais. Um grande CD!

Paolo Fresu Devil Quartet – Carpe Diem

01. Home
02. Carpe Diem
03. In minore
04. Enero
05. Dum loquimur, fugerit invida aetas
06. Lines
07. Secret Love
08. Ballata per Rimbaud
09. Ottobre
10. Un tema per Roma
11. Human Requiem
12. Quam minimum credula postero
13. Giulio libano
14. Un posto al sole

Personnel:

Paolo Fresu – trumpet and fluglehorn
Bebo Ferra – acoustic guitar
Paolino Dalla Porta – doublebass
Stefano Bagnoli – drums

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Paolo Fresu Devil Quartet: Bando de espetaculares instrumentistas
Paolo Fresu Devil Quartet: um bando de espetaculares instrumentistas

PQP

.: interlúdio:. Invisible Threads: John Surman, Nelson Ayres & Rob Waring

.: interlúdio:. Invisible Threads: John Surman, Nelson Ayres & Rob Waring

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O último CD do extraordinário John Surman tinha sido Saltash Bells, de 2012, um álbum solo que foi considerado um de seus melhores trabalhos. Invisible Threads marca a estreia de um novo trio que inclui o pianista, arranjador e compositor brasileiro Nelson Ayres e o percussionista norte-americano Rob Waring (que mora na Noruega desde 1981). Surman (que também mora lá) conheceu Ayres enquanto eles trabalhavam no disco Fala de Bicho, de Marlui Miranda, no Brasil. Depois, eles tocaram alguns shows juntos. A dupla seguiu caminhos separados com a intenção de voltar. Enquanto compunha ideias para enviar ao pianista, Surman continuava ouvindo o toque de Waring em sua cabeça. Então enviou arquivos de som com suas ideias também para Waring. Estava formado o trio sem bateria. Gravaram rapidamente e, nossa!, o resultado vale a pena ouvir. 

O disco é de uma fineza só. Tranquilo e de belos temas, melodias e timbres.

Invisible Threads: John Surman, Nelson Ayres & Rob Waring

1. At First Sight (02:33)
2. Autumn Nocturne (06:52)
3. Within the Clouds (04:48)
4. Byndweed (05:11)
5. On Still Waters (04:45)
6. Another Reflection (01:33)
7. The Admiral (05:15)
8. Pitanga Pitomba (07:06)
9. Summer Song (05:22)
10. Concentric Circles (06:32)
11. Stoke Damerel (03:37)
12. Invisible Threads (05:39)

Personnel:
John Surman, soprano and baritone saxophones, bass clarinet
Nelson Ayres, piano
Rob Waring, vibraphone, marimba

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Waring, Ayres e Surman: mestres
Waring, Ayres e Surman: mestres

PQP

.: interlúdio :. Keith Jarrett: Nude Ants (Live At The Village Vanguard)

.: interlúdio :. Keith Jarrett: Nude Ants (Live At The Village Vanguard)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Não deixo por menos, estamos tratando de um dos maiores discos de jazz de todos os tempos. Aqui, o quarteto escandinavo de Jarrett dá uma notável demonstração de musicalidade e tesão, atacando diversas vertentes, desde o jazz tradicional até o free. O pianista domina a música, mas as intervenções de Garbarek são sempre preciosas, assim como o acompanhamento de Danielsson e Christensen também são notáveis. O álbum é muito convincente, uma ilustração do trabalho refinado de Jarrett com influências europeias da música clássica e folclórica .

Keith Jarrett: Nude Ants (Live At The Village Vanguard)

1 Chant Of The Soil 17:12
2 Innocence 8:15
3 Processional 20:33
4 Oasis 30:34
5 New Dance 12:57
6 Sunshine Song 12:03

Bass – Palle Danielsson
Drums, Percussion – Jon Christensen
Piano, Timbales, Percussion, Music By – Keith Jarrett
Tenor Saxophone, Soprano Saxophone – Jan Garbarek

Recorded May 1979 at the Village Vanguard, New York.
Originally released as double LP in 1980.

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Jan Garbarek & Keith Jarrett: protagonistas de um dos maiores discos de jazz de todos os tempos
Jan Garbarek & Keith Jarrett: protagonistas de um dos maiores discos de jazz de todos os tempos

PQP

.: interlúdio :. Ralph Towner: Diary

.: interlúdio :. Ralph Towner: Diary

Este é o segundo álbum que Towner fez para a ECM. É de 1973 e eu lhe daria 3 estrelas em 5. Não chega ao nível de outros posteriores, mas é bom. Insere-se naquela tendência de vanguarda de certos trabalhos da gravadora de Manfred Eicher. Ainda é muito free jazz — talvez seja ainda mais ECM style –, com Towner revezando-se nos instrumentos em temas muitas vezes desprogramados. Não é o seu melhor trabalho, mas é o início de uma série de registros fantásticos que Towner continuaria a liberar através da ECM ao longo das décadas e até os dias de hoje. Altamente recomendado para fãs de música instrumental. O cara toca mesmo.

Ralph Towner: Diary

1 “Dark Spirit” – 7:21
2 “Entry in a Diary” – 3:55
3 “Images Unseen” – 4:14
4 “Icarus” – 6:18
5 “Mon Enfant” (Traditional) – 5:42
6 “Odgen Road Towner 8:02
7 “Erg” – 3:21
8 “Silence of a Candle” – 3:53

Ralph Towner — twelve-string guitar, classical guitar, piano, gong

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Towner lá pelos anos 70
Towner lá pelos anos 70

PQP

.: interlúdio :. Oregon – Music of Another Present Era (1973)

.: interlúdio :. Oregon – Music of Another Present Era (1973)

Gente, o Oregon existe até hoje, ainda fazendo grande música. Em 2017, lançou Lantern, seu 30º álbum! Existem desde 1970 e este é seu fenomenal álbum de estreia, de 1973. Numa primeira audição, este trabalho parece um álbum datado, viajante, psicodélico, de jovens jazzistas perturbados pela força daqueles anos. Depois, você ouve novamente e se dá conta que a coisa é mais profunda. Já de cara eles conseguiram um bom equilíbrio entre as tradições musicais do Leste (não esqueçam que a Índia estava ultra na moda) e do Oeste e este transculturalismo podia ficar uma merda, mas aqui funciona bem. O Oregon é inacreditável também por outro motivo: seus membros sempre mantiveram importantes carreiras solo. De certa forma, o Oregon sempre esteva em segundo plano na vida de Towner e Walcott, por exemplo. Mas… Quando se ouve o grupo, parece que não pode dar certo. Oboé, corne inglês? O baixista também toca piano? Só que a coisa sempre rola esplendidamente.

Oregon – Music of Another Present Era (1973)

1. North Star
2. The Rough Places Plain
3. Sail
4. At the Hawk’s Well
5. Children of God
6. Opening
7. Naiads
8. Shard / Spring Is Really Coming
9. Bell Spirit
10. Baku the Dream Eater
11. The Silence of a Candle
12. Land of Heart’s Desire
13. The Swan
14. Touchstone

Oregon:
Ralph Towner – guitar
Collin Walcott – percussion, violin, sitar, tabla
Glen Moore – bass, flute, piano, guitar (bass)
Paul McCandless – horn (English), oboe

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Imaginem que até eu já fui jovem.
Imaginem que até eu já fui jovem.

PQP

.: interlúdio :. Keith Jarrett – Whisper not (live in Paris 1999)

Keith Jarrett - Whisper NotEstou renovando esse link por considerar injusto que este magnífico registro ao vivo deste trio não esteja disponível. Talvez seja o CD deles que mais tenha ouvido naquele momento de minha vida que comentei em postagem anterior. Novamente  peço para os senhores ouvirem com fone de ouvido para melhorem captar os detalhes e nuances. PQPBach detalhou suas faixas favoritas na postagem, lamento mas gosto tanto deste CD que não consigo encontrar melhores momentos. O considero perfeito demais.

FDPBach

Hoje é sexta-feira e troquei a postagem de um vetusto Buxtehude por esse bom álbum duplo de standards do trio de Jarrett. Dentre os CDs de standards feitos pelo trio, este é o que mais gosto. Tem uma atmosfera alegre e despreocupada de artistas divertindo-se no auge de suas possibilidades. Não há drama e nem se nota sombra da doença que Jarrett já havia contraído na época, a Síndrome de Fadiga Crônica. Gosto de várias faixas: Poinciana, Whisper Not, Groovin’ High, What Is This Thing Called Love?, Prelude To A Kiss e até da muitíssimo gravada ‘Round Midnight, que aqui recebe boa versão. Enjoy!

Keith Jarret – Whisper not (live in Paris 1999)

Disc 1

1. Bouncing With Bud 7:31
2. Whisper Not 8:04
3. Groovin’ High 8:29
4. Chelsea Bridge 9:46
5. Wrap Your Troubles In Dreams 5:46
6. ‘Round Midnight 6:43
7. Sandu 7:26

Disc 2

1. What Is This Thing Called Love? 12:22
2. Conception 8:07
3. Prelude To A Kiss 8:14
4. Hallucinations 6:34
5. All My Tomorrows 6:22
6. Poinciana 9:09
7. When I Fall In Love 8:06

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Keith Jarrett, piano
Gary Peacock, baixo acústico
Jack DeJohnette, bateria e percussão

PQP

.: interlúdio :. Louis Armstrong & Ella Fitzgerald: Porgy & Bess

.: interlúdio :. Louis Armstrong & Ella Fitzgerald: Porgy & Bess

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O JAZZ RELÊ A RELEITURA QUE GERSHWIN FEZ DO JAZZ…

Louis Armstrong + Ella Fitzgerald + Porgy & Bess = Clássico Absoluto. Reunir dois mestres em seus respectivos “intrumentos” tocando o maior clássico da música americana do século XX só poderia dar um resultado: absolutamente fantástico.

Louis e Ella, Ella & Louis, Porgy & Bess… este CD nem precisa ser comentado. Na verdade, tem de ser ouvido, e ouvido novamente, e novamente ouvido… garanto que nunca vão se cansar.. desde o arranjo inicial da abertura, a famosa dupla mostra o porquê de serem considerados ícones do Jazz do século XX. Não dá para não se emocionar com Ella & Louis cantando Sumertime, Ou Ella lamentando em “My man´s gone now”, Louis solando em “I Got plenty of Nuttin”… Não esqueçam de apertar o botão de play novamente quando o CD terminar. Garanto que nunca irão se cansar.

louis-and-ella

Louis Armstrong & Ella Fitzgerald – Porgy & Bess

1. Porgy And Bess: Overture
2. Summertime
3. I Wants To Stay Here
4. My Man’s Gone Now
5. I Got Plenty O’ Nuttin’
6. Buzzard Song
7. Bess You Is My Woman Now
8. It Ain’t Necessarily So
9. What You Want Wid Bess?
10. A Woman Is A Sometime Thing
11. Oh, Doctor Jesus
12. Porgy And Bess: Medley: Here Come De Honey Man / Crab Man / Oh, Dey’s So Fresh And Fine
13. There’s A Boat Dat’s Leavin’ Soon For New York
14. Bess, Oh Where’s My Bess?
15. Oh Lawd, I’m On My Way

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

A perfeição: Ella Fitzgerald e Louis Armstrong
A perfeição: Ella Fitzgerald e Louis Armstrong

Postado por FDP EM 17.05.2008
Revalidado várias vezes

.: interlúdio :. Egberto Gismonti (1969)

.: interlúdio :. Egberto Gismonti (1969)

Este é um LP digitalizado que mostra os primórdios do grande Egberto Gismonti. É seu disco de estreia. Egberto completará 71 anos em 2018 e este disco chegará aos 49. É claro que é um trabalho que apenas interessa a fãs. É o disco de um menino. Sofre de um extravasamento de sinceridade que o torna muito claro para os aficionados e mais obscuro para o público. Aqui está principalmente o violonista e o cantor, ainda oscilando entre o puramente instrumental e o cantado. Há muita coisa boa e, bem, como Gismonti se desenvolveu! É claro que os arranjos são datados, que Gismonti praticamente deixou de cantar, que depois o piano entrou de vez em sua vida para conviver com o violão, que ele ganhou um raro verniz internacional, que fez – aos montes — CDs estupendos, mas tudo isso já está aqui latente, basta ouvir com carinho. Vale a audição, e como!

Egberto Gismonti (1969)

A1 Salvador 3:40
A2 Tributo A Wes Montgomery 3:20
A3 Pr’um Samba 3:05
A4 Computador 3:10
A5 Atento, Alerta 3:17
A6 Lírica II (Pra Mulher Amada) 1:35
B1 O Gato 3:40
B2 Um Dia 3:15
B3 Clama-Claro 2:00
B4 Pr’um Espaço 2:40
B5 O Sonho 4:20
B6 Estudo N.o 5 2:00

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Egberto Gismonti: surpreendendo desde 1969
Egberto Gismonti: surpreendendo desde 1969

PQP

.: interlúdio :. Keith Jarrett Trio – Standards Live

.: interlúdio :. Keith Jarrett Trio – Standards Live

Keith Jarrett - Standards LiveHouve um tempo em minha vida em que eu só ouvia cds do Keith Jarrett Trio. Não, não estou brincando. Andava com um discman da Sony tocando um cd duplo simplesmente genial intitulado ‘Whisper Not’, que logo aparecerá por aqui. Posteriormente consegui aquela magnífica caixa com as gravações realizadas na Blue Note, seis cds absolutamente perfeitos, com registros ao vivo, em um momento em que considero o melhor momento destes três caras juntos. Na época, até esqueci meu lado metaleiro, e fiquei por meses focado nestes verdadeiros tour de force de virtuosismo e improvisação.

01-Stella By Starlight
02-The Wrong Blues
03-Falling In Love With Love
04-Too Young To Go Steady
05-The Way You Look Tonight
06-The Old Country

Keith Jarrett – Piano
Gary Peacock – bass
Jack DeJohnette – Bateria

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Três lendas do jazz
Três lendas do jazz

FDP /PQP

.: interlúdio :. Keith Jarrett e Charlie Haden: Jasmine

.: interlúdio :. Keith Jarrett e Charlie Haden: Jasmine

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu uso muito este CD. Ou usamos muito. Sempre dá certo. Acaba em sexo. É absolutamente matador. Abrace já nas primeiras notas. Se você não conseguir chegar lá é porque é ruim demais. FAÇA A EXPERIÊNCIA E CONTE-NOS O RESULTADO. Os veteranos Jarrett e Haden… Olha, este Jasmine é uma coisa maravilhosa, cheia de charme e musicalidade. São mais de 60 minutos de interpretações sublimes e maduras. Se não serve para trepar, para alguma coisa a idade serve, né? Mas agora o viagra emparelhou tudo, né? Bem, são grandes canções do repertório norte-americano que recebem tratamento luxuoso. Ouçam e usem porque vale a pena.

Keith Jarrett escreveu na contracapa:

Call your wife or husband or lover in late at night and sit down and listen. These are great love songs played by players who are trying, mostly, to keep the message intact. I hope you can hear it the way we did.

Exatamente! É uma maravilha, música pura tocada entre amigos no bom e velho piano do home studio de Keith Jarrett.

Keith Jarrett e Charlie Haden: Jasmine

1. For All We Know 9:46
2. Where Can I Go Without You 9:20
3. No Moon At All  4:40
4. One Day I’ll Fly Away  4:15
5. I’m Gonna Laugh You Right Out Of My Life  12:09
6. Body And Soul  11:09
7. Goodbye  8:01
8. Don’t Ever Leave Me 3:11

Keith Jarrett, piano
Charlie Haden, baixo

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Essa dupla...
Essa dupla…

PQP

.: interlúdio :. Charlie Haden & Christian Escoude: Gitane

.: interlúdio :. Charlie Haden & Christian Escoude: Gitane

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu tinha 22 anos e meus amigos do jazz diziam que Charlie Haden era genial. Eu logo pensei: outro baixista espetacular chamado Charlie, assim como Mingus! Fui na King`s Discos e comprei Gitane — um disco só de violão e baixo — a peso de ouro, um importado recém lançado. Nossa, ele era totalmente diferente de Mingus, mas o disco quase furou, tanto que até hoje lhe conheço cada nota. Talvez tenha sido uma das maiores lições da importância do baixo no jazz e do quanto ele pode ser sofisticado. Até morrer, Haden fez dupla com vários instrumentistas no mesmo formato deste disco e jamais o resultado foi esquecível ou irrelevante. Já o violonista Christian Escoude é um bom devoto de Django Reinhardt. Os dois músicos se sentem em casa com os temas “ciganos” escolhidos. A faixa-título, um baixo solo de Haden, é uma joia especial. Trata-se de uma sessão de jazz calorosa e sem pressa que confundo com minha própria formação como ouvinte.

Charlie Haden & Christian Escoude: Gitane

1 Django
Written-By – John Lewis (2)
8:56
2 Bolero
Written-By – Django Reinhardt
4:20
3 Manoir De Mes Rêves
Written-By – Django Reinhardt
5:55
4 Gitane
Written-By – Charlie Haden
3:34
5 Nuages
Written-By – Django Reinhardt
8:56
6 Dinette
Written-By – Django Reinhardt
6:04
7 Improvisation
Written-By – Christian Escoude*
2:52

Christian Escoude, violão
Charlie Haden, baixo

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

A capa do velho vinil de 1979
A capa do velho vinil de 1978

PQP

.: interlúdio :. Egberto Gismonti & Charlie Haden in Montreal

.: interlúdio :. Egberto Gismonti & Charlie Haden in Montreal

IM-PER-DÍ-VEL !!!

In Montreal é um álbum de Egberto Gismonti e Charlie Haden gravado em 6 de julho de 1989 no Festival Internacional de Jazz de Montreal e lançado pela ECM em 2001. Aqui, temos dois monstros em plena forma em ação. Gismonti é mais dinâmico. Ele é a mola propulsora em peças de como Salvador, Maracatu e Em Família. Essas músicas mais agitadas de Gismonti são contrabalanceadas pelas composições majestosas e reflexivas de Haden. Um belo disco, lindamente interpretado e muito brasileiro. O ouvido de Haden para a música latina funciona perfeitamente, encaixando-se tanto ao violão de 10 cordas quanto ao piano de Gismonti. Este brinca muito, como em Lôro e em Frevo. Uma alegria ouvir esses dois.

Egberto Gismonti & Charlie Haden in Montreal

1 Salvador
Composed By – Egberto Gismonti
7:36
2 Maracatú
Composed By – Egberto Gismonti
9:21
3 First Song
Composed By – Charlie Haden
6:28
4 Palhaço
Composed By – Egberto Gismonti, G.E. Carneiro*
9:19
5 Silence
Composed By – Charlie Haden
9:49
6 Em Família
Composed By – Egberto Gismonti
10:03
7 Lôro
Composed By – Egberto Gismonti
7:32
8 Frevo
Composed By – Egberto Gismonti
6:43
9 Don Quixote
Composed By – Egberto Gismonti, G.E. Carneiro*
12:02

Egberto Gismonti, violão, piano e o que pintar
Charlie Haden, baixo

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Charlie Haden e Egberto Gismonti combinando o que vamos ouvir.
Charlie Haden e Egberto Gismonti combinando o que vamos ouvir.

PQP