Handel: Música para os Reais Fogos de Artifício • Concerti a due cori – Tafelmusik • Jeanne Lamon ֎

Handel: Música para os Reais Fogos de Artifício • Concerti a due cori – Tafelmusik • Jeanne Lamon ֎

Handel

Music for the Royal Fireworks

Concerti a due cori

Tafelmusik

Jeanne Lamon

 

Os nomes Tafelmusik e Jeanne Lamon passaram muitos anos juntos e apareceram em inúmeras capas de excelentes álbuns de música, vários deles marcando presença nas páginas do PQP Bach.

A combinação sempre foi garantia de ótima qualidade e o amor e a dedicação da diretora e violinista à sua orquestra realçava a sua arte que transparece em suas gravações.

Eu gosto particularmente dos concertos para violino de Bach, alguns álbuns de Vivaldi que eventualmente são acompanhados do violoncelista Anner Bylsma.

Outro álbum que tenho ouvido por muitos anos é este da postagem, que traz a festiva música de Handel.

Esta postagem presta uma homenagem a Jeanne Lamon, que morreu dia 20 de junho de 2021, aos 71 anos, vítima de câncer. Jeanne deixa a companheira Christina Mahler, que já foi a Principal Violoncelista da Tafelmusik.

Que este iluminado disco com a sua belíssima música de Handel, fruto da arte e do talento de Jeanne e seus músicos possam servir para nos lembrar que mesmo em circunstâncias tão adversas a arte pode servir de consolo e bálsamo. Penso nos muitos brasileiros que nesses dias têm os diagnósticos ou os tratamentos desta terrível doença adiados ou prejudicados devido aos destrambelhos da pandemia.

George Frideric Handel (1685 – 1759)

Música para os Reais Fogos de Artifício, HWV 351

  1. Ouverture
  2. Bourrée
  3. La Paix
  4. La Réjouissance
  5. Menuet I
  6. Menuet II

Concerto da due cori No. 2, em fá maior, HWV 333

  1. Pomposo – Allegro
  2. A tempo giusto
  3. Largo
  4. Allegro ma non troppo
  5. A tempo ordinario

Concerto da due cori No. 1, em si bemol maior, HWV 332

  1. Ouverture – Allegro ma non troppo
  2. Allegro
  3. Largo
  4. A tempo ordinario
  5. Alla breve modera
  6. Menuet

Concerto da due cori No. 3, em fá maior, HWV 334

  1. Ouverture – Allegro
  2. Allegro ma non troppo
  3. Adagio
  4. Andante larghetto
  5. Allegro

Tafelmusik

Jeanne Lamon

Christina Mahler, primeiro violoncelo

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Jeanne e Christina

The Book in on the Table: “This is clear, clean, crisp playing, that is lively, joyful, and, dare I say it, perfect in every way! The recording quality is superb as well. I have purchased many recordings with Jeanne Lamon conducting her group Tafelmusik, and I am starting to think that Lamon can do no wrong when it comes to conducting.”  John Doe (no Amazon)

Eu concordo com o Joe!

Aproveite!
René Denon

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Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784): Sinfonias, Suítes, Concerto para Cravo e Orq. (Lamon)

Mendelssohn (1809 – 1847) & Tchaikovsky (1840 – 1893): Concertos para Violino – Akiko Suwanai – Czech Philharmonic Orchestra & Vladimir Ashkenazy ֍

Mendelssohn (1809 – 1847) & Tchaikovsky (1840 – 1893): Concertos para Violino – Akiko Suwanai – Czech Philharmonic Orchestra & Vladimir Ashkenazy ֍

Mendelssohn • Tchaikovsky

Concertos para Violino

Akiko Suwanai

Czech Philharmonic Orchestra

Vladimir Ashkenazy

Eu achava que se houvesse um pedacinho da cozinha do céu aqui na terra, esse seria o Bar das Freiras, que fazia o melhor queijo quente com banana do planeta. Ao lado da lanchonete das freirinhas, cuja féria vai toda para a caridade, fica o elevador que era pilotado pela Chica, a ascensorista com o maior sorriso que eu conheci e que morava em Niterói. Isto tudo aconteceu na minha outra vida, antes que eu soubesse que também moraria em Niterói.

Numa daquelas tardes, tive que correr para pegar o elevador: Chica, Chica, péra-aí! A porta já quase fechava e eu estava atrasado para o Seminário de Topologia. Acomodei-me e ataquei de assobio o tema do último movimento do Concerto para Violino que naqueles dias não saia da minha vitrola – fá, fá-fá-fi-fáá… Afinal, havia comprado na famosa Modern Sound aquele cobiçado LP do Heifetz e não ouvia outra coisa.   Foi então que ouvi a pergunta vinda do senhor professor: Mendelssohn ou Tchaikovsky? Olhei-o com alguma surpresa, afinal, não imaginava que professores de física se interessassem por música. Deve ser um destes concertos românticos, acrescentou ele. Eu ri e disse que era o tema do último movimento do Concerto de Brahms. Não muito fora da marca, riu ele, faz tempo que não ouço meus discos. Ficamos amigos e falávamos com frequência sobre nossas audições, sempre no vai-e-vem do elevador, cada um para o seu respectivo andar.

Lembrei-me dessas coisas ouvindo este disco da postagem com dois dos grandes concertos românticos para violino: Mendelssohn e Tchaikovsky! Quais outros? Bem, tem o pai de todos, o Concerto de Beethoven, o já mencionado Concerto de Brahms, já são quatro. Eu acrescentaria ‘o’ Concerto de Bruch, de Sibelius (certamente) e, talvez, Glazunov? Na verdade, basta olhar as gravações de Heifetz…

Na gravação deste disco a solista Akiko Suwanai usa o violino Dolphin Stradivarius, um violino feito em 1714 pelo famoso Antonio Stradivari e que também pertenceu ao Jascha Heifetz.

Atualmente a moça toca outro instrumento, mas nesta gravação temos uma feliz coincidência, afinal deve ser o mesmo instrumento ouvido nas gravações de Heifetz. E para acrescentar muita qualidade ao disco, temos a ótima Orquestra Filarmônica Tcheca, regida por Vladimir Ashkenazy, com gravações feitas no excelente Dvořák Hall – Rudolfinum -, em Praga.

Felix Mendelssohn (1809 – 1847)

Concerto para Violino em mi menor, Op. 64

  1. Allegro molto appassionato
  2. Andante
  3. Allegretto non troppo – Allegro molto vivace

Piotr Tchaikovsky (1840 – 1893)

Concerto para Violino em ré maior, Op. 35

  1. Allegro moderato
  2. Canzonetta: Andante
  3. Allegro vivacíssimo

Akiko Suwanai, violino

Czech Philharmonic Orchestra

Vladimir Ashkenazy

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Momento ‘Sol Nascente’: メンデルスゾーンとチャイコフスキーのヴァイオリン協奏曲どちらも大好きですが、諏訪内晶子さんの演奏も素敵な魅力を感じました。

Eu amo os concertos para violino de Mendelssohn e Tchaikovsky, mas a performance de Akiko Suwanai também foi fascinante. (Tradutor do Google)

E também: Akiko Suwanai’s Tchaikovsky is one of the most musical renditions of the Tchaikovsky violin concerto. Just listen to around 1:00 of the first track, where she introduces the main theme. It is so beautiful and moving, not like any version I listened to.

Forte, ma non tanto…

Aproveitem!

René Denon

Prokofiev (1891 – 1953): Concertos para Piano Nos. 1 & 3 – Simon Trpčeski – RLPO – Vasily Petrenko ֍

Prokofiev (1891 – 1953): Concertos para Piano Nos. 1 & 3 – Simon Trpčeski – RLPO – Vasily Petrenko ֍

PRKFV

Concertos para Piano Nos. 1 & 3

Abertura sobre Temas Hebraicos

Simon Trpčeski, piano

Royal Liverpol Philharmonic Orchestra

Vasily Petrenko

Não me canso de ouvir estes concertos para piano… São os dois entre os cinco compostos por Prokofiev que ouço com mais frequência. O juvenil e impetuoso Concerto No. 1 é conciso e brilhante, como se esperava de um autoconfiante estudante que buscava se firmar como compositor e pianista. O outro concerto, o Terceiro, é mais espetacular ainda. Se bem que não é necessário fazer comparações…

Simon Trpčeski

Essas maravilhosas peças andaram em minha vitrola no disco que o FDP Bach repostou dia destes, na interpretação do ótimo Horácio Gutiérrez e como nada é por acaso, pouco depois me dei com este disco. O pianista macedônio Simon Trpčeski nos oferece uma excelente interpretação. Veja o que nos diz uma crítica que apareceu no The Guardian: ‘Nas mãos de ST, os dois concertos de Prokofiev no disco estão maravilhosamente apresentados – articulação impetuosa, ritmos atrevidos, uma habilidade de contornar as curvas com uma arrogância a um só tempo ágil e robusta’.

Vasily Petrenko

A Royal Liverpol Philharmonic Orchestra sob a regência de Vasily Petrenko está em ótima forma, inclusive na faixa entre os dois concertos, a bem-humorada Abertura sobre Temas Hebraicos.

Realmente, a tríplice aliança Trpčeski / RLPO / Petrenko tem colocado ótimos discos no mercado e, assim que obtivermos sinal verde da direção para postar Rachmaninov no blog, além de Prokofiev, voltaremos à carga…

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Concerto para Piano No. 1 em ré bemol maior, Op. 10

  1. Allegro brioso – Andante assai – Allegro scherzando

Abertura sobre Temas Hebraicos, Op. 34 bis

  1. Abertura

Concerto para Piano No. 3 em dó maior, Op. 26

  1. Andante – Allegro
  2. Tema e Variações: Andantino
  3. Allegro ma non troppo

Simon Trpčeski, piano

Royal Liverpol Philharmonic Orchestra

Vasily Petrenko

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Simon, Vasily e a RLP

Momento ‘The Book is on The Table’: The performances by Trpčeski and the Royal Liverpool Philharmonic Orchestra under Vasily Petrenko are very strong, capturing the exuberance of the Piano Concerto No. 1 and delivering a crowd-pleasing, sparkling Third with no hint of the mordant quality many attach to the work. The Overture on Hebrew Themes, Op. 34bis, is a fine, little-known entr-acte. A crowd-pleasing Prokofiev release.

Aproveite!

René Denon

Tchaikovsky (1840 – 1893): Concertos para Piano Nos. 1 & 2 – Simon Trpčeski – RLPO – Vasily Petrenko ֍

Tchaikovsky (1840 – 1893): Concertos para Piano Nos. 1 & 2 – Simon Trpčeski – RLPO – Vasily Petrenko ֍

Tchaikovsky

Concertos para Piano Nos. 1 & 2

Simon Trpčeski, piano

Royal Liverpol Philharmonic Orchestra

Vasily Petrenko

 

Naqueles dias éramos felizes (sem o saber) e uma das diversões era a ronda – a visita às lojas de discos. Havia as lojas elitistas, com seus conhecidos, conhecedores e em geral desdenhosos vendedores, assim como também havia os xexelentos sebos, em geral com seus peculiares donos.

Nós, os frequentadores, já nos conhecíamos e entre nós havia alguma intimidade nascida das constantes coincidências. É claro que acabávamos descobrindo as preferências e gostos uns dos outros. Um dos insultos que prazerosamente lançávamos uns aos outros era a resposta dada à pergunta feita por quem acabava de entrar na loja, em geral em tom mais afoito: Muitas novidades? Mandávamos de volta: Já pegamos tudo que havia de bom, sobrou aí uma porção de Tchaikovskys para você!

O fato era que as novidades chegavam em geral em pequenos números de discos. Quantas vezes suspirávamos vendo alguém levar ao caixa o último CD de algum disco com Gilels tocando Sonatas para Piano de Beethoven… O sortudo ia exibindo o disco como um troféu e cabia a nós outros torcer para que a nova remessa fosse logo liberada pela alfândega e fosse um pouquinho mais pródiga.

Simon Trpčeski

Mas, os Tchaikovskys, estes nunca faltavam e daí, em parte, a razão de nossa brincadeira. Em especial, estava sempre presente em todas as lojas ‘o’ Concerto para Piano, em muitos casos em diferentes gravações – antigas ou recentes… Demorou para que me desse conta que Piotr havia escrito mais do que um concerto para piano. Este, o Número Um, o mais popular e frequentemente tocado e gravado entre todos os concertos para piano, recebe aqui uma gravação que achei primorosa. É verdade, fazia uma era que não ouvia o velho Cavalo de Batalha, mas o ouvi com muito prazer. Claro, isso foi graças a excelente interpretação do pianista macedônio Simon Trpčeski, acompanhado pela Royal Liverpol Philharmonic Orchestra, regida por Vasily Petrenko. A escolha do disco, que passou pelos intérpretes, também teve sua dose de influência pelo lado B, o Segundo Concerto, do qual gostei bastante e que apesar de bem menos famoso do que seu irmão mais velho, oferece muitos ótimos momentos, especialmente nesta gravação.

Assim, só posso lhe dizer, aproveite muito bem estes Tchaikovskys que aí estão!

Piotr Tchaikovsky (1840 – 1893)

Concerto para Piano No. 1 em si bemol menor, Op. 23

  1. Allegro non troppo e molto maestoso – Allegro con spirito
  2. Andante semplice – Prestissimo
  3. Allegro con fuoco

Concerto para Piano No. 2 em sol maior, Op. 44

  1. Allegro brillante e molto vivace
  2. Andante non troppo
  3. Allegro com fuoco

Simon Trpčeski, piano

Royal Liverpol Philharmonic Orchestra

Vasily Petrenko

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O maestro é o que está com a batuta…

Veja como o disco foi bem acolhido pela crítica:

“[In No. 2] Trpčeski begins like a racehorse out of the starting gate…Still, overall he sounds less impetuous and more poised than Denis Matsuev in his recent recording…Petrenko is always of a mind with his soloist, and shapes some powerful long crescendos, but lets the orchestra veer dangerously close to bombast.” BBC Music Magazine, September 2014 ***

“Trpceski’s take on the B flat minor dazzles.” Sunday Times, 5th October 2014

Aproveite!

René Denon

Martinů (1890-1959) • Honegger (1892–1955) • Stravinsky (1882–1971): Peças para Orquestra – Kammerorchester Basel & Christopher Hogwood ֍

Martinů (1890-1959) • Honegger (1892–1955) • Stravinsky (1882–1971): Peças para Orquestra – Kammerorchester Basel & Christopher Hogwood ֍

Martinů • Honegger

Stravinsky

Peças para Orquestra

Kammerorchester Basel

Christopher Hogwood

Paul Sacher

Paul Sacher viveu por todo o século XX e de 1926 até 1987 dirigiu a orquestra que ele mesmo fundou, a Basler Kammerorchester. Isto já é impressionante, mas além disso, Sacher foi um homem de seu próprio tempo e queria ouvir e interpretar música que estava sendo composta naqueles dias. Para estrear nos concertos da orquestra, ele encomendou obras aos renomados (e em alguns casos, nem tão renomados assim) compositores atuantes e o catálogo das obras compostas nestas condições é enorme.

Este disco reúne três destas obras e replica o concerto da noite de 21 de janeiro de 1947, celebrando vinte anos da orquestra. Estas foram encomendadas especialmente para este dia.

Bohuslav Martinů compôs uma peça em três movimentos – Toccata e due canzoni, que tem um piano obbligato. Veja como a peça é descrita no allmusic.com: Com a duração de aproximadamente 25 minutos, esta obra com três movimentos para orquestra e com uma proeminente parte para piano é equivalente a uma sinfonia em importância e escopo, se não pelo nome ou forma. O tom consistentemente cada vez mais expressivo da obra contradiz a impressão que o título dá, de que este pode ser um exercício leve em formas neoclássicas.

A obra de Stravinsky, o Concerto em ré maior para Orquestra de Cordas – Basler – é bastante famoso e reflete o período clássico do compositor. Completando o programa uma sinfonia, a quarta de Arthur Honegger, com o sugestivo nome ‘Deliciae Basilienses’, com um lindo colorido orquestral e ritmos influenciados por jazz.

A surpresa do disco é a regência de Christopher Hogwood, mais comumente associado ao repertório barroco e clássico, assim como à prática dos instrumentos de época e tal. Para a nossa sorte, em 2001 quando o disco foi produzido, a onda HIP já havia se arrefecido e Christopher estava empregando seus méritos, préstimos e talento em outras freguesias. Ouvindo o disco numa tarde estranhamente quieta de um domingo de maio, acredito que o pessoal aplaudiu o Paul Sacher e sua orquestra de pé e voltou encantado para casa.

Bohuslav Martinů (1890-1959)

Toccata e due canzoni (1946)

  1. Toccata
  2. Canzone No. 1
  3. Canzone No. 2

Igor Stravinsky (1882–1971)

Concerto em ré maior para Orquestra de Cordas ‘Basler’

  1. Vivace
  2. Arioso
  3. Rondo

Arthur Honegger (1892–1955)

Sinfonia No. 4 ‘Deliciae Basilienses’

  1. Lento e misterioso
  2. Larghetto
  3. Allegro

Kammerorchester Basel

Christopher Hogwood

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Kammerorchester Basle

Depois que vocês gostaram do disco, o pessoal ficou bem mais animado…

 

 

 

 

 

 

“Christopher Hogwood leads near ideal performances of all three items, and they respond well to his crisp, period-instrument-influenced approach…wholly recommendable.” CLASSICS TODAY

The archives of the Sacher Stiftung in Basel contain many treasures of contemporary music commissioned by Sacher, and first performed by him. In addition the documentation of more than 50 years of concert giving, both with the Basler Kammerorchester and the Collegium Musicum Zürich demonstrates his masterly sense of the possibilities of combining old and new music to best effect.

Aproveite!

René Denon

Debussy (1862 – 1918) – Chopin (1810 – 1849) – Mussorgsky (1839 – 1881): Peças para Piano – Behzod Abduraimov ֍

Debussy (1862 – 1918) – Chopin (1810 – 1849) – Mussorgsky (1839 – 1881): Peças para Piano – Behzod Abduraimov ֍

Debussy • Chopin

Mussorgsky

Peças para Piano

Behzod Abduraimov

 

Este disco chamou-me a atenção pelo que me pareceu de imediato um inusitado programa. Claro, adoro estas obras, logo eu que gosto de piano, mas confesso não as imaginava reunidas em um mesmo recital. Debussy e Chopin têm uma conexão, é certo, mas, Mussorgsky?

Além disso, havia visto o jovem virtuose, nascido no Uzbequistão, com o para mim estranho nome Behzod Abduraimov, associado a discos com Concertos para Piano do tipo arrasa-quarteirão.

No entanto, uma leitura do livreto trouxe a frase ‘O todo geralmente é maior do que a soma de suas partes’. E mais, nas palavras do próprio pianista: ‘Cada movimento é uma miniatura em si mesmo, e juntos formam um caleidoscópio de todos os tipos de imagens e emoções humanas’.

Uma das críticas compara as interpretações de Behzod com aquelas de pianistas como Pascal Rogé, Jean-Yves Thibaudet e Jean-Efflam Bavouzet, dizendo que estes conseguem mais sofisticação, mas não a mesma inocência infantil que ele consegue na suíte de Debussy. Eu fiquei pensando em quão privilegiados somos de poder contar com tantas opções…

Claude Debussy (1862 – 1918)

[1-6] – Children’s Corner

Frédéric Chopin (1810 – 1849)

[7-30] – Préludes, Op. 24

Modest Mussorgsky (1839 – 1881)

[31-44] – Quadros de uma Exposição

Behzod Abduraimov, piano

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A Exposição…

Uma crítica bastante favorável na famosa Gramophone explica que as peças têm feito parte dos recitais de Behzod quando em suas turnês e certamente sua interpretação dessas lindas pecinhas que tomadas assim, juntas, somam um universo, transformam a audição do disco o do recital uma agradabilíssima experiência.

Aproveite!

René Denon

Behzod mostrando um diminuendo para o pessoal do PQP Bach…

Se você gostou desta postagem, talvez queira visitar esta aqui…

Frederic Chopin (1810-1849): Préludes, Op. 28 – Eric Lu, piano

Chopin (1810–1849), Liszt (1811–1886) & Ravel (1875–1937): Peças para Piano – Benjamin Grosvenor ֎

Chopin (1810–1849), Liszt (1811–1886) & Ravel (1875–1937): Peças para Piano – Benjamin Grosvenor ֎

Chopin • Listz • Ravel

Peças para Piano

Benjamin Grosvenor

 

Este disco é uma pérola para os amantes da boa música para piano! É o disco de estreia de Benjamin Grosvenor no selo DECCA em 2011, já faz meia eternidade, quando a data é vista sob a perspectiva de hoje. O então bem jovem pianista de 19 anos reuniu no disco os Scherzos de Chopin e Gaspard de la nuit, de Ravel, peças que constavam constantemente de seus recitais. Ele explica que as peças de Liszt servem como uma ponte entre esses dois compositores e não por acaso. O livreto tem um texto com título ‘From Chopin via Liszt to Ravel’.

O conjunto todo reúne uma coleção de peças produzidas por compositores-pianistas, Chopin e Liszt, além de Ravel, cuja composição excedia sua própria técnica de piano.

O disco inicia com o Scherzo No. 1 de Chopin com sua impetuosidade e passando pelo episódio mais sonhador – afinal, Chopin era um renomado romântico.

Em lugar de seguir apresentando os outros Scherzos, em ordem de publicação, assim como fazia nos recitais, para nos dar uma oportunidade de apreciar ainda mais as diferenças existentes entre um e outro, Grosvenor os intermedia com outras obras, três Noturnos.

O libreto nos ensina que Chopin foi o primeiro compositor a considerar um scherzo como uma peça independente, destacada de uma sonata ou sinfonia.

Depois disso, funcionando como o intermezzo, fazendo uma ponte para a grande peça final, três lindas peças de Liszt: duas transcrições para piano de canções de Chopin e um Noturno, de nome ‘En rêve’. Afinal, Chopin não foi o único nem o primeiro a compor noturnos.

Para arrematar, o Gaspard de la nuit, três poemas para piano segundo poemas de Aloysius Bertrand. Esta peça de Ravel destaca-se como uma das mais difíceis da literatura para piano e foi composta também com este propósito. Uma espécie de suíte, consta de três movimentos, de nomes Ondine, Le Gibet e Scarbo. Da literatura onde buscou a inspiração, Ravel traz um clima noturno, fantasmagórico, presente mesmo no nome. Ondine é uma ninfa que representa o perigo da atração da sereia, enquanto Le Gibet ressoa um sino que dobra ao longe enquanto se avista no horizonte o corpo de um enforcado sob a luz do por do Sol. Ravel se propôs o desafio de superar com Scarbo o já formidável virtuosismo do Islamey de Balakirev, que ocupava a posição de peça mais difícil da literatura para piano. Certas passagens, com um ritmo fascinante, em particular as repetidas notas em staccato, evocam claramente o piano de Liszt, em particular a Valsa-Mefisto, tendo Ravel pretendido, com esta partitura, “exorcizar o romantismo”, segundo a sua própria expressão.

Frédéric Chopin (1810 – 1849)

  1. Scherzo No. 1 em si menor, Op. 20
  2. Noturno No. 5 em fá sustenido maior, Op. 15 No. 2
  3. Scherzo No. 4 em mi maior, Op. 54
  4. Noturno No. 19 em mi menor, Op. 72 No. 1
  5. Scherzo No. 3 em dó sustenido menor, Op. 39
  6. Noturno No. 20 em dó sustenido menor, Op. post.
  7. Scherzo No. 2 em si bemol menor, Op. 31

Franz Liszt (1811 – 1886)

Transcrição para Piano de Duas Canções de Chopin

  1. Moja pieszczotka (Minha Querida)
  2. Życzenie (O Desejo da Donzela)

Noturno

  1. ‘En rêve’, S207

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Gaspard de la Nuit

  1. Ondine
  2. Le gibet
  3. Scarbo

Benjamin Grosvenor, piano

Gravado no Lyndhurst Hall, Londres, em 26 de abril de 2011

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Benjamin experimentando o grand piano do Salão de Retratos do PQP Bach Hall de Itaperuna

Ravel’s Gaspard holds no terrors for him. He is at his fluid best in Ondine. Others have created a darker atmosphere in Le Gibet (Pogorelich) and provided more attack in Scarbo (Berezovsky). This is to judge Grosvenor by the highest standards, as his brilliant pianism demands.

Phillip Scott

One of the most individual things about this stunning debut by Benjamin Grosvenor is his pervasive sense of balance and his unerring blend of Classical restraint and Romantic ardour…He is a virtuoso who declines the mantle of virtuoso, every gestures being put exclusively and exhilaratingly at the service of the music. Grosvenor’s playing exudes joy and spontaneity, seeming to release rather than interpret the music.

BBC Music Magazine, outubro de 2011

Aproveite!

René Denon

PS: Se você gostou deste álbum, não deixe de visitar…

Vários: Dances – Peças para Piano – Benjamin Grosvenor

J. S. Bach (1685–1750): Trio Sonatas – Simon Preston, órgão ֍

J. S. Bach (1685–1750): Trio Sonatas – Simon Preston, órgão ֍

BACH

Trio Sonatas BWV 525 – 530

Simon Preston, órgão

 

Nos anos 90, quem apreciava a música para órgão de Bach aguardava ansiosamente os lançamentos de duas séries de gravações realmente espetaculares. Simon Preston pela Deutsche Grammophon, com capas em um estilo que reforçava o fato de as gravações serem digitais, e Christopher Herrick, pela Hyperion, com capas bem mais tradicionais – barrocas. Ambos competiam em altíssimo nível e as comparações eram tão inevitáveis quanto inconclusivas. Pena que os discos da Hyperion enferrujaram, eram muito mais vulneráveis ao clima daqui. Já os CDs do Preston ainda estão aqui e continuam a ser desfrutados. E como já faz um bom tempo que o órgão de Bach não é postado, vamos de Trio Sonatas, com o Simon!

WF Bach

Este é um disco espetacular e reúne as seis peças deste tipo que Bach compilou e arrumou para a prática de seu filho mais velho, Wilhelm Friedemann, que realmente tornou-se um dos melhores organistas de seu tempo. Cada sonata tem três movimentos, rápido – lento – rápido. Um bom número dos dezoito movimentos que formam o conjunto foi arranjado de peças já existentes enquanto os restantes foram compostos para a empreitada. Era comum a apresentação assim de coleções de seis peças.

O que torna especial este conjunto de sonatas é o fato de serem adaptações para um instrumento de teclado e pedais, como o órgão, das Sonatas em Trio, obras para conjuntos de instrumentos, dois melódicos, acompanhados de um cravo. Assim, cada uma das mãos apresenta o material de um dos instrumentos melódicos e os pés ficam encarregados do baixo contínuo, a parte atribuída ao cravo, nos conjuntos de câmara.

Particularmente instrutivo é comparar o adagio da Sonata em ré menor, BWV 527, com sua adaptação para flauta, violino e cravo, que se tornou o movimento lento do Concerto Tríplice, BWV 1044.

O fato de que esta música que surgiu de propósitos didáticos, digamos assim, tenha a capacidade de continuar encantando intérpretes e ouvintes até hoje é uma prova da profunda genialidade de Bach.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Trio Sonata No. 1 em mi bemol maior, BWV 525

  1. [Sem indicação de tempo]
  2. Adagio
  3. Allegro

Trio Sonata No. 2 em dó menor, BWV 526

  1. Vivace
  2. Largo
  3. Allegro

Trio Sonata No. 3 em ré menor, BWV 527

  1. Andante
  2. Adagio e dolce
  3. Vivace

Trio Sonata No. 4 em mi menor, BWV 528

  1. Adagio – Vivace
  2. Andante
  3. Un poc’allegro

Trio Sonata No. 5 em dó maior, BWV 529

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Trio Sonata No. 6 em sol maior, BWV 530

  1. Vivace
  2. Lento
  3. Allegro

Simon Preston, órgão

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Simon Preston

Simon Preston, at the Klais organ of St Katharina’s, Blankenburg, displays some outstanding musicianship here. He commands such a technique that it enables the various influences on Bach’s style to guide and colour the music. Thus the aria-like slow movements of the Second and Fourth Sonatas unravel a lovely sense of line and freedom, and the sparkling concertante outer movements are delivered with flair.

Aproveite!

René Denon

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Bach (1685-1750): Joy of Bach – Keiko Nakata

Mozart (1756 – 1791): Così fan tutte • (Homenagem ao Ammiratore) • solistas • Philharmonia Orchestra & Karl Böhm ֍

Mozart (1756 – 1791): Così fan tutte • (Homenagem ao Ammiratore) • solistas • Philharmonia Orchestra & Karl Böhm ֍

MOZART

Così fan tutte

Schwarzkopf • C. Ludwig

Kraus • G. Taddei

Berry • H. Steffek

Philharmonia Orchestra

Karl Böhm

Para homenagear nosso gentil e saudoso amigo, compare Ammiratore, como eu gostava de chamá-lo, decidi postar uma linda ópera. Não vou tentar fazer uma postagem no estilo dele, resultado de meticulosa pesquisa, com detalhes históricos e ilustrações bem específicas, além da apresentação de diferentes gravações… Eu não tenho estas habilidades que eram típicas dele. Costumava dizer-lhe que minhas (poucas) postagens de óperas buscam mais contagiar os visitantes do blog pelo meu amor por elas, por uma pequena anedota eventualmente introduzida e que o atraísse para a obra, contando que ela (a música) fizesse então a mágica. Ainda aposto nesta abordagem e tenho certeza de que nosso querido amigo aprovaria a postagem.

Così fan tutte é a terceira ópera surgida da colaboração de Mozart e Lorenzo da Ponte. As duas anteriores, Le Nozze di Figaro e Don Giovanni, não poderiam ser mais diferentes desta última. Enquanto Figaro e Don Giovanni estão repletas de personagens marcantes e árias fenomenais, Così se destaca por números apresentados por conjuntos de cantores: duos, trios, sextetos. As personagens aparecem aos pares: duas mocinhas, dois galãs e um casal formado pelo cínico filósofo e sua colaboradora, a camareira das moças. Outro aspecto que distingue esta obra das anteriores é ser politicamente incorreta e mais deliciosa ainda por isso. Afinal, o título, Così fan tutte, fala por si, mesmo sem tradução.

Veja como a trama é descrita em um dos sites que andei visitando: ‘Uma comédia com elementos nitidamente sérios, a peça traz um conto satírico de traição, onde a confiança é testada até o limite. Afinal, é possível que dois casais aparentemente fiéis tenham suas vidas afetivas arruinadas por um jogo de traições aparentemente inofensivo?’

Elisabeth e Christa ensaiando para uma apresentação no PQP Bach Opera Theater de Resende…

Assim é a ópera, repleta de troca de papéis, de disfarces e confusões. O libreto foi escrito por da Ponte sem um especial modelo literário e aparentemente tudo surgiu de uma história que lhe foi contada pelo próprio imperador austríaco. É claro que o tema não era de todo ausente da literatura, mas certamente chocou muitas pessoas na época de sua composição. A ópera também não ficou muito tempo em cartaz devido a morte do imperador. Assim, Così fan tutte firmou-se mesmo como uma das grandes óperas de Mozart, passando a integrar o repertório dos principais teatros do mundo a partir do século XX.

Quando Mozart iniciou a sua composição em novembro de 1789, estava financeiramente quebrado e a obra foi composta em tempo recorde – com a primeira apresentação em fins de janeiro de 1790. As reservas das pessoas sobre o tema e a morte do imperador, fechando os teatros para o luto oficial, contribuíram para que a ópera não salvasse as finanças de Mozart, o que foi realmente uma pena. A experiência de Mozart na composição de música de câmera certamente influenciou nas suas composições para grupos de cantores.

As moças e os galãs…

A história inicia com uma aposta feita pelo experiente Don Alfonso com os jovens Guglielmo e Ferrando, confiantes na fidelidade de suas amadas Fiordiligi e Dorabella. É claro que segue uma enfiada de confusões, disfarces e idas e vindas que incluem envenenamento e seções de mesmerização, até que as duas lindas se rendem aos encantos dos mocinhos disfarçados de bigodudos albaneses. Afinal, così fan tutte…

Bom, é curioso que naqueles dias Mozart havia escrito uma carta para a sua Constanze, que passava uns dias em uma estância de águas em Baden recuperando a saúde, admoestando-a a ser mais… discreta. Mas Mozart era realmente um ser humano diferenciado. Veja um outro trecho de carta, da mesma época: An astonishing number of kisses are flying about! I see a whole crowd of them. Ha! Ha! I have just caught three — They are delicious… I kiss you millions of times.

A gravação da postagem é clássica. Alguns diriam até jurássica. Bem, eu digo impecável, inigualável. As cantoras Elisabeth Schwarzkopf e Christa Ludwig (a quem aqui mais uma vez prestamos homenagem) estão perfeitas. O tenor Alfredo Kraus como Ferrando e Giuseppe Taddei como Guglielmo completam o quarteto central. Walter Berry, que fora casado com a Christa Ludwig, é Don Alfonso e Hanny Steffek uma ótima Despina. A Philharmonia Orchestra está sob o comando de Karl Böhm, cuja expertise em Mozart era indisputável naqueles dias, e a produção de Walter Legge completa o conjunto magnificamente.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Così fan tutte

Ópera buffa em dois atos

Fiordiligi – Elisabeth Schwarzkopf, soprano

Dorabella – Christa Ludwig, mezzosoprano

Ferrando – Alfredo Kraus, tenor

Guglielmo – Giuseppe Taddei, barítono

Don Alfonso – Walter Berry, baixo

Despina – Hanny Steffek, soprano

Philharmonia Orchestra & Chorus

Karl Böhm

Produção – Walter Legge

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FLAC | 732 MB

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MP3 | 320 KBPS | 379 MB

Karl era bom em Mozart, Strauss e Wagner. Já em certos outros assuntos…

Böhm já havia gravado a ópera para a DECCA em 1955 e voltaria a gravá-la em 1977 para o selo amarelo. Mas esta gravação, feita sob a supervisão de Walter Legge e com um time dos sonhos de cantores é, sem dúvida, a melhor escolha. O Penguin Guide diz: Its glorius singing is headed by the incomparable Fiordiligi of Schwazkopf and the equally moving Dorabella of Christa Ludwig; it remains a superb memento of Walter Legge’s recording genius and remains unserpassed…

Aproveite!

RD

Linda imagem da produção de Così fan tutte feita por J. E. Gardiner

Para uma visão geral da ópera, visite este site aqui.

Outra gravação para contrastar:

W. A. Mozart (1756-1791): Così fan tutte

 

Mozart (1756-1791): Sinfonias Nros. 23, 25, 28, 29, 31, 35, 36, Sinfonia Concertante e Posthorn (Berliner Philharmoniker / Abbado) ֍

Mozart (1756-1791): Sinfonias Nros. 23, 25, 28, 29, 31, 35, 36, Sinfonia Concertante e Posthorn (Berliner Philharmoniker / Abbado) ֍

Mozart

(Algumas) Sinfonias

Berliner Philharmoniker

Claudio Abbado

 

Como eu gosto muito de música que envolva piano – sonatas, concertos – acabo negligenciando um pouco os outros gêneros. Para manter uma dieta musical equilibrada é necessário, portanto, um certo planejamento. Foi assim que escolhi uma cesta de discos com sinfonias e me dei conta que estava há um bom tempo sem ouvir sinfonias de Mozart.

As Sinfonias eram ouvidas em casa assim, antes das vitrolas…

Wolfferl escreveu sinfonias desde que usava calças curtas e podemos dizer que ao longo de sua vida o gênero floresceu e ganhou proporções maiores. Certamente as sinfonias compostas por Haydn eram muito estimulantes, mas as últimas sinfonias produzidas por Mozart (que foram compostas quase três anos antes de sua morte) estabelecem elas próprias novos espetaculares padrões.

Confesso razoável desinteresse pelas pequenas obras de juventude e os discos que reuni com o mais destas obras ficaram pouco tempo sob a agulha da minha vitrola. Mesmo os conjuntos historicamente informados, com suas muitas repetições não ajudaram muito.

As capas do yellow label eram ‘muito’ melhores…

Assim, foi com bastante prazer que encontrei um pacote com várias sinfonias (já de maturidade) mas que ainda antecedem as grandes quatro últimas poderosas sinfonias. A orquestra, pasmem, Berliner Philharmoniker! Mas, acalmem seus desnecessários temores, em vez de Darth Vader, segurando a batuta está o gentil Claudio Abbado. Estas sinfonias são parte de uma série de gravações feitas pela Berliner Philharmoniker sob a regência de Abbado para a Sony, numa das primeiras gravações da orquestra fora do yellow label em muitos anos.

Como vocês possivelmente sabem, Claudio Abbado foi escolhido para suceder a Herbert von Karajan como o regente principal da orquestra e permaneceu neste cargo de 1990 até 2002. Com as simples e revolucionárias palavras ‘I’m Claudio for everyone. No titles!’ ele se apresentou e inaugurou uma nova etapa na vida artística de uma das maiores orquestras de todos os tempos.

A cara de felicidade de Claudio ao saber que seria o regente da BP

Como os berlinenses estavam em busca de uma imagem diferente daquela associada a HvK, as interpretações destas obras sob a batuta do novo Herr Direktor, que não queria ser assim chamado, soam bastante inovadoras – um som mais translúcido, mais leve. Houve até um certo ranger de dentes entre os críticos e fãs mais arraigados às velhas práticas da orquestra de som laqueado e opulento. Eu gostei bastante da nova abordagem. Como achei o material um pouco extenso, acabei fazendo uma seleção com as ‘mais-mais’. Espero que você goste.

No pacote temos duas sinfonias intermediárias – a ‘Pequena’ Sinfonia em sol menor, assim chamada para diferenciá-la da Sinfonia No. 40, também em sol menor, e a adorável Sinfonia No. 29 em lá maior. Depois temos uma Sinfonia Parisiense, em três movimentos, feita para agradar os ouvidos franceses. Em seguida duas maravilhosas sinfonias compostas para ocasiões específicas – a Sinfonia ‘Haffner’ e a Sinfonia ‘Linz’. Estas sinfonias são o prelúdio das quatro últimas majestosas que ainda estavam a caminho. Como gosto muito desta obra, inclui também a Sinfonia Concertante para Viola e Violino e uma ‘Sinfonia’ formada por três movimentos extraídos da Serenata Posthorn, uma espécie de encore para terminar o alentado programa.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Sinfonia No. 25 em sol menor, K183

  1. Allegro con brio
  2. Andante
  3. Menuetto – Trio
  4. Allegro

Sinfonia No. 29 em lá maior, K. 201

  1. Allegro moderato
  2. Andante
  3. Menuetto
  4. Allegro con spirito

Sinfonia No. 31 em ré maior, K297 ‘Paris’

  1. Allegro assai
  2. Andantino
  3. Allegro

Sinfonia No. 35 em ré maior, K. 385 “Haffner”

  1. Allegro con spirito
  2. Andante
  3. Menuetto
  4. Finale. Presto

Sinfonia No. 36 em dó maior, K. 425 “Linz”

  1. Adagio – Allegro spiritoso
  2. Andante
  3. Menuetto – Trio
  4. Presto

Sinfonia concertante em mi bemol maior, K. 364

  1. Allegro maestoso
  2. Andante
  3. Presto

Sinfonia da Serenade No. 9 em ré maior, K320 ‘Posthorn’

  1. Adagio maestoso – Allegro con spirito
  2. Andantino
  3. Finale. Presto

Wolfram Christ, viola (K 364)

Rainer Kussmaul, violino (K 364)

Berliner Philharmoniker

Claudio Ababdo

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FLAC | 809 MB

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MP3 | 320 KBPS | 415 MB

One bad review from Amazon-critics: Revisiting this disc was an act of penance. Was it efficacious? Not in the least. In fact, it just stoked my anger – a mortal sin in itself – that the most over-rated conductor on the planet would so mutilate the Berlin Phil to gain street-cred with the likes of Jeggy and Norrington. Nor am I that much of a sinner, sad to say, that I need to undergo this trial again in preparation for the Pascal Mystery to come.

A much warmer one: When first issued in 1993-94, these Mozart performances from Abbado and the Berlin Phil. were ill-fated. No one could quite accept that long-time DG artists had switched to Sony, and sales were poor. Now the performances have resurfaced in impeccable “enhanced” DSD sound, and they couldn’t be better. A direct comparison to Levine’s Sym. 31 with the Vienna Phil. (DG) is telling: it’s the Berliners who sound free, joyous, and alive inside–all Viennese virtues–while the Viennese themselves sound rushed and indifferent.

Here a professional one, on the Symphonies Nos. 29 & 35: Though Abbado’s Berlin sound is weighty, the results are not just big-scale but elegante too, with horns whooping out brightly. Abbado is never mannered and his phrasing and pointing of rhythm are delicately affectionate, conveying na element of fun and with speeds never allowed to drag. Slow movements are kept flowing, and finales are hectically fast, but played with such a verve and diamond-bright articulation that there is no feeling of breathlessness. [Trecho do Penguin’s Guide to CDs]

Brilho diamantino! Aproveite!

René Denon

– O que o pessoal do PQP Bach achou deste adagio?

Beethoven (1770-1827): Concertos para Piano Nos. 3 e 4 – Jacob Bogaart – Netherlands Radio Chamber Orchestra – Ernest Bour ֎

Beethoven (1770-1827): Concertos para Piano Nos. 3 e 4 – Jacob Bogaart – Netherlands Radio Chamber Orchestra – Ernest Bour ֎

BTHVN

Concertos para Piano Nos. 3 & 4

Jacob Bogaart

Netherlands Radio Chamber Orchestra

Ernest Bour

 

Promessas são importantes, mas há que saber a hora de quebrá-las.  Eu havia prometido a mim mesmo não postar tão cedo alguma música de Beethoven, depois daquele tsunami de postagens comemorativas. É claro que isso não incluiu não ouvir música de Beethoven. E tenho ouvido alguns bons discos, segundo meu gosto pessoal, pelo menos. Houve um disco com dois quartetos de cordas e uma coleção com as seis ou sete últimas sonatas para piano que realmente quase me fizeram quebrar o jejum. Os arquivos até já foram para a nuvem, mas as postagens ainda estão a caminho.

Jacob Bogaart esperando seu expresso no PQP Bach Café de Saquarema…

Foi então que avistei este disco no alto da pilha de CDs que o Comitê de Distribuição de Material Musical aqui do PQP Bach me designou e a adrenalina fluiu forte em minhas veias e artérias, talvez… Os primeiros acordes do Concerto No. 3 confirmaram a impressão e a decisão da postagem se confirmou. Sob a batuta do Ernest Bour a Orquestra de Câmara da Radio Holandesa inicia de maneira contagiante, arrebatadora. As proporções sonoras fazem os dois concertos mais próximos dos grandes concertos de Mozart e, especialmente no caso do Terceiro, gostei mais ainda por isso.

O disco foi gravado em 1985, mas certamente NÃO é jurássico! Os intérpretes não são estelares, mas são absolutamente credenciados e basta ouvir um pouco do disco para crer.

Ernest Bour já nos ofereceu seus préstimos aqui recentemente, regendo concertos para piano de Mozart, acompanhando o fabuloso Rudolf Firkušný. O solista Jacob Bogaart eu não conhecia, mas passarei a ficar atento às suas gravações. Você poderá saber um pouco mais de seus interesses musicais e de sua (ótima) formação acessando a sua página, clicando aqui.

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Concerto para Piano No. 3 em dó menor, Op. 37

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Allegro

Piano Concerto No. 4 in G major, Op. 58

  1. Allegro moderato
  2. Andante con moto
  3. Vivace

Jacob Bogaart, piano

Netherlands Radio Chamber Orchestra

Ernest Bour

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MP3 | 320 KBPS | 158 MB

Ernest Bour e Jacob Bogaart

Veja o resumo de uma crítica: Ernest Bour, conductor par excellence of 20th century music […] Bour’s Beethoven sounds transparent, dynamic and light.‘Totally cleansed of caked – on romantic grease’.

Together with pianist Jacob Bogaart the Urtext was studied as well as the manuscripts […] and nearly everything that had been written about Beethoven…

All together a challenging quest that resulted in the synthesis of modern piano practice and that of nearly two centuries ago.

Aproveite!

René Denon

Bravo!

Gibbons / Sweelinck / Bach / Brahms / Berg: For Glenn Gould (Stewart Goodyear) ֍

Gibbons / Sweelinck / Bach / Brahms / Berg: For Glenn Gould (Stewart Goodyear) ֍

For Glenn Gould

Gibbons · Sweelinck

Bach

Brahms · Berg

Stewart Goodyear, piano

Stewart Goodyear nasceu e cresceu em Toronto, filho de pais que vieram de outros países – algo bem canadense. Como vocês sabem, Toronto, no Canadá, é também a cidade natal de Glenn Gould. Além da cidade natal, Stewart e Glenn têm em comum o fato de serem extraordinários pianistas. Apesar de Glenn Gould já ter morrido há tempo, acho adequado manter o verbo no presente.

De Gould já sabemos muitas coisas (e caso você ainda não saiba, está esperando o que?), incluindo o fato que suas lendárias interpretações, especialmente das obras de Bach, mas também de Beethoven e particularmente de Mozart, costumam despertar paixões ou desafetos. Impossível é ficar em cima do muro.

Quanto a Stewart Goodyear, ele é um pianista capaz de feitos memoráveis, tais como interpretar todas as Sonatas para Piano de Beethoven em um só dia, e não apenas uma vez na vida.

Glenn pensando no seu próximo disco…

No disco desta postagem, Stewart presta uma homenagem ao outro pianista canadense revisitando algumas peças típicas de seu repertório. O programa do disco pode fazê-lo erguer uma sobrancelha num primeiro contato, mas não deixe isso atrapalhar o que poderá trazer uma boa hora de música. Coloque o arquivo no player e aproveite o passeio.

Eu adorei a transição da Partita de Bach para os dois intermezzi de Brahms, o que me fez buscar o disco do Glenn interpretando Brahms, de tirar o folego.

A Sonata de Berg também surge assim como um desafio, um sabor contrastante na seleção e a interpretação assegura que ela merece ser mais vezes ouvida. Bem, adivinhe com qual peça o Stewart ‘Bom-Ano’ termina o programa? Ganha um doce se acertar sem colar…

Esparrame-se em sua poltrona favorita e aprecie sem moderação!

Orlando Gibbons (1583 – 1625)

  1. Lord Salisbury’s Pavan and Galliard, para teclado, MB18/19

Jan Pieterszoon Sweelinck (1562 – 1621)

  1. Fantasia em ré maior

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

  1. Sinfonia No. 7 em mi menor, BWV 793
  2. Sinfonia No. 8 em fá maior, BWV 794
  3. Sinfonia No. 14 em si bemol maior, BWV 800
  4. Sinfonia No. 11 em sol menor, BWV 797
  5. Sinfonia No. 4 em ré menor, BWV 790

Partita No. 5 em sol maior, BWV 829:

  1. Praeambulum
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Tempo di Minuetto
  6. Passepied
  7. Gigue

Johannes Brahms (1833 – 1897)

  1. Intermezzo, Op. 118, No. 2 em lá maior
  2. Intermezzo, Op. 117, No. 3 em dó sustenido menor

Alban Berg (1885 – 1935)

  1. Sonata para Piano, Op. 1

Johann Sebastian Bach 91685 – 1750)

  1. Aria, da “Goldberg Variations” BWV 988

Stweart Goodyear, piano

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MP3 | 320 KBPS | 164 MB

Para entender melhor o programa, veja a primeira pergunta feita ao Stewart numa entrevista que poderá ser lida na íntegra aqui.

GGF: 1) Can you tell us how this program originated, and how it’s connected to Glenn Gould?

SG: This program consists of repertoire Glenn Gould performed in his historic debuts at the Phillips Collection in Washington DC, and the Ladies Morning Music Club in Montreal. Many of the works programmed were very close to Gould, and both programs showcased some of his most favourite composers.

Aproveite!

René Denon

Stewart esperando uma porção de pastéis de camarão no famoso Caneco Gelado do Mário…

Fauré / Debussy / Ravel / Poulenc / Stravinsky: Música Francesa para Duo de Piano – Paul Lewis · Steven Osborne ֍

Fauré / Debussy / Ravel / Poulenc / Stravinsky: Música Francesa para Duo de Piano – Paul Lewis · Steven Osborne ֍

Fauré · Debussy

Ravel · Poulenc

Stravinsky

Paul Lewis · Steven Osborne

 

Buscar inspiração no mundo do ‘Era uma vez…’ – no universo infantil – é um recurso usado por compositores do mundo todo. Isto também aconteceu com os compositores franceses da virada do século XIX para o século XX, como podemos ver nas duas suítes para piano a quatro mãos que abrem e fecham o programa deste maravilhoso disco.

Eu, que aprecio bastante estes dois ótimos pianistas, Paul Lewis e Steven Osborne, e como gosto muito deste repertório, tratei logo de ouvir e de postar este disco assim que me dei com ele. Inclusive, passei-o à frente de outros projetos. Afinal, nada como uma boa novidade para animar a gente.

Gabriel Fauré teve em 1892 um caso com Emma Bardac, cuja filha de tão pequenina tinha o apelido Dolly. Foi para ela que Fauré compôs cinco das seis peças desta Suíte Dolly, ao longo de alguns anos, acrescentando a primeira delas, a Berceuse, que já estava na gaveta esperando uma boa oportunidade. Essa música de salão é muito bela e agradável, mas demanda bastante trabalho dos intérpretes. Veja como o último movimento, Le pas espagnol, é de tirar o fôlego.

A peça a seguir é uma curta mas intensa Sonata para Piano, a quatro mãos, escrita por Poulenc ainda aos 19 anos e sob boa influência de Satie. O livreto fala em pureza, equilíbrio e reserva. Eu penso em intensidade e ritmos marcados.

Após esta breve sonata entramos em um universo sonoro diferente, com as Seis Epígrafes Antigas, de Debussy. Estas peças são arranjos feitos em 1914, para piano duo, de um material composto originalmente para duas flautas, duas harpas e celesta, por volta de 1900, para acompanhar um espetáculo de mímica e declamação de poemas – Les chansons de Bilittis. Claude fez estes arranjos com um olho no mercado para música para piano a quatro mão e outro na despensa, que já andava meio vazia.

Depois disso, a adorável Petit Suíte, também de Debussy, mas esta peça composta em 1888, 1889. Música de salão no melhor sentido da palavra – um pouco de superficialidade, nada de longos movimentos, ritmos simples e melodias memoráveis. Depois de ouvir ‘Em bateau’ uma só vez você reconhecerá a peça cada vez que voltar a ouvi-la. Claude estreou a suíte ao lado de Jacques Durand, que seria seu editor. Pois no último movimento, Claude ficou tão animado que deixou o pobre Durand arfando.

Na sequência Três Peças de Stravinsky, que era russo, mas estava emprestado na França, em 1914, às voltas com o espetacular insucesso da Sagração. A composição destas peças certamente foram uma boa maneira de retomar o fôlego assim como os seus poderes criativos.

E para completar este lindo disco, a Suíte Ma mère l’oye, de Maurice Ravel. Falar o que? Perfeição! Já ouvi muitas gravações desta suíte e gosto praticamente de todas (I’m easy to please), mas esta, senhores, está maravilhosa. Vejam lá o quão feérico é este jardim!

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Suíte Dolly, Op. 56

  1. Berceuse
  2. Mi-a-ou
  3. Le jardin de Dolly
  4. Kitty-valse
  5. Tendresse
  6. Le pas espagnol

Francis Poulenc (1899 – 1963)

Sonata para piano a quatro mãos

  1. Prélude
  2. Rustique
  3. Final

Claude Debussy (1862 – 1918)

6 Epigraphes antiques

  1. Pour invoquer Pan, dieu du vent d’été
  2. Pour un tombeau sans nom
  3. Pour que la nuit soit propice
  4. Pour la danseuse aux crotales
  5. Pour l’égyptienne
  6. Pour remercier la pluie au matin

Petite Suite

  1. En bateau
  2. Cortège
  3. Menuet
  4. Ballet

Igor Stravinsky (1882 – 1971)

Três Peças Fáceis para Piano Duo

  1. March
  2. Waltz
  3. Polka

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Ma mère l’oye

  1. Pavane de la belle au bois dormant
  2. Petit poucet
  3. Laideronnette, impératrice des pagodes
  4. Les entretiens de la belle et de la bête
  5. Le jardin féerique

Steven Osborne & Paul Lewis, piano

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Steven & Paul

Fresh-faced charm pervades this astutely curated disc…Far from a marriage of convenience, Lewis and Osborne are long-standing duo partners, complementing each other perfectly in lightly-worn… 

— BBC Music

This offers not only the perfect escape from our current locked-down state but also the most sublime example of peerless pianism.

Gramophone Magazine, April 2021 – Recording of the Month

Aproveite!

René Denon

Se você gostou desta postagem, pode também visitar esta aqui:

Música Francesa para Piano a Quatro Mãos – Marylène Dosse e Annie Petit

Mahler (1860 – 1911): Lieder – Christa Ludwig & Gerald Moore ֍

Mahler (1860 – 1911): Lieder – Christa Ludwig & Gerald Moore ֍

Gustav Mahler

Lieder

Christa Ludwig

Gerald Moore

 

Este é um disco para especialistas e, portanto, se você não tem atração por essas específicas canções, siga seu caminho para as postagens mais próximas. Mas, se você, assim como eu, já provou e gostou dos Lieder, especialmente do período romântico tardio, prepare-se para algo bem especial. O álbum reúne quatro grandes nomes nesse assunto e a lista vem hoje encabeçada por Christa Ludwig, a cantora que faleceu recentemente (em 24 de abril de 2021) e a quem aqui justamente prestamos uma homenagem.

Gerald Moore

Ela vai assim juntar-se aos outros três nomes da minha lista e que já lá se foram para o Himmlisches Paradies. São eles o compositor Gustav Mahler, o pianista Gerald Moore e Walter Legge, o produtor mais poderoso e influente naqueles dias de novembro de 1957.

Walter Legge tinha uma paixão por música e em especial por Lieder. Era casado com Elisabeth Schwarkopf e a lista dos cantores que trabalhavam em cooperação com ele era estelar. Incluía Hans Hotter, Dietrich Fischer Dieskau. Se considerarmos as gravações de óperas, além deles temos Maria Callas, Tito Gobbi, Nicolai Gedda e inúmeros outros.

Christa Ludwig transitou em todas estas áreas com maravilhosa competência. Aqui ela mostra sua arte nas canções acompanhadas ao piano por um dos acompanhantes de piano que estabeleceu padrões altíssimos para esta função e tornou-se uma referência. Ela voltaria a gravá-las acompanhada por orquestras e grandes regentes, como Otto Klemperer e Lenny Bernstein. Mas aqui temos a oportunidade de ouvi-la em um momento muito especial de sua carreira.

Walter Legge

As 15 canções do programa incluem canções com letras de Rückert, algumas da coleção Des Knaben Wunderhorn e algumas canções de juventude do compositor. Não deixe de ouvir as minhas preferidas Ich atmet’ einen linden Duft, Liebst du um Schönheit, Wer hat dies Liedlein erdacht?, Des Antonius von Padua Fischpredigt e Rheinlegendchen.

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Ruckert Lieder

  1. Ich atmet’ einen linden Duft
  2. Ich bin der Welt abhanden gekommen
  3. Um Mitternacht
  4. Liebst du um Schönheit

Des Knaben Wunderhorn

  1. Der Schildwache Nachtlied
  2. Wer hat dies Liedlein erdacht?
  3. Das irdische Leben
  4. Des Antonius von Padua Fischpredigt
  5. Rheinlegendchen
  6. Wo die schönen Trompeten blasen
  7. Lob des hohen Verstandes

Vierzehn Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit

  1. Frühlingsmorgen (Leander)
  2. Hans und Grethe (Volkslied)

Knaben Wunderhorn

  1. Um schlimme Kinder artig zu machen
  2. Ich ging mit Lust

Christa Ludwig, mezzo-soprano

Gerald Moore, piano

Produção de Walter Legge

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FLAC | 233 MB

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MP3 | 320 KBPS | 133 MB

Christa Ludwig habitually named three conductors from whom she had learned everything she needed to know about music: Karl Böhm for precision, Herbert von Karajan for beauty of sound and legato, and Leonard Bernstein for the expressive quality and joy of music. [The Guardian]

Aproveite!

René Denon

Manuel Bandeira (1886 – 1968): Poemas escolhidos pelo autor ֎

Manuel Bandeira (1886 – 1968): Poemas escolhidos pelo autor ֎

 

Manuel Bandeira 

Poemas Escolhidos

 

 

 

Quando a Indesejada das gentes chegar

(Não sei se dura ou caroável),

Talvez eu tenha medo.

Talvez sorria, ou diga:

                    – Alô, iniludível!

O meu dia foi bom, pode a noite descer.

(A noite com seus sortilégios.)

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

A mesa posta,

Com cada coisa em seu lugar.

O nome deste poema é Consoada e o poeta é Manuel Bandeira, que nasceu em 19 de abril de 1886, no Recife. Em 1903 estava estudando para tornar-se engenheiro ou arquiteto na Escola Politécnica de São Paulo, mas teve que abandonar seus estudos. Em suas próprias palavras:

“Quando caí doente em 1904, fiquei certo de morrer dentro de pouco tempo: a tuberculose era ainda o ‘mal que não perdoa’. Mas fui vivendo[…]. Continuei esperando a morte a qualquer momento, vivendo sempre como que provisoriamente.”

A poesia de Manuel Bandeira tem muito presente este tema, mas tem muitas outras coisas também. Eu possivelmente sou uma das pessoas menos preparadas para escrever uma postagem sobre o poeta, mas me obrigo a fazer isto por duas razões. Primeiro por querer dividir com mais pessoas os poemas lidos pelo poeta e, depois, pelo fato de que Bandeira é o poeta ao qual mais frequentemente recorro. Pois que a poesia é fundamental.

As minhas primeiras leituras de suas obras foram feitas na Escola Elementar (ah, a escola é tão importante nas nossas vidas…), mas gostei tanto que passei a ser um leitor desobrigado, que lê pelo prazer da leitura e pelo que ganhamos ao fazer isso…

Vários livros com seus poemas passaram por minhas mãos, alguns se perderam para outras necessitadas mãos, mas alguns restaram. Um em particular me é caro, uma antologia que acabei mandando encadernar com uma capa mais robusta, pois que tem o autógrafo do poeta. É verdade, a dedicatória é para outrem, mas só de imaginar que a mão do poeta, segurando uma caneta, esteve por um breve momento sobre aquela página, muito me alegra…

Espero que você goste de ouvir a voz marcante de alguém que nasceu no século XIX, viveu seus mais dias na primeira metade do século passado dando vida a alguns de seus mais significativos poemas. Você há de perceber que a mensagem dos poemas continua sendo muito, muito significativa. Especialmente nestes nossos tristes dias!

Manuel Bandeira (1886 – 1968)

01. Noite Morta
02. Berimbau
03. O Cacto
04. Pneumotórax
05. Evocação do Recife
06. Profundamente
07. Namorados
08. Vou-me embora para Pasárgada
09. O Último Poema
10. Estrêla da Manhã
11. Momento num Café
12. Rondó dos Cavalinhos
13. O Martelo
14. Água-Forte
15. Canção do Vento e da Minha Vida
16. Última Canção do Beco
17. Belo Belo (Tenho tudo o que quero…)
18. Piscina
19. Tema e Voltas
20. O Rio
21. Arte de Amar
22. Boi Morto
23. Satélite
24. Noturno do Morro do Encanto
25. Consoada
26. Poema só para Jaime Ovalle
27. A Ninfa
28. Mascarada
29. Maísa
30. Azulão

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Aproveite!

René Denon

Vou-me embora para Pasárgada

Lá sou amigo do rei

A Obra Completa de Béla Bartók (1881–1945): Allegro Barbaro e outras peças para piano – Zoltán Kocsis ֍ #BRTK140

A Obra Completa de Béla Bartók (1881–1945): Allegro Barbaro e outras peças para piano – Zoltán Kocsis ֍ #BRTK140

Bartók

Allegro Barbaro

Peças para Piano

Zoltán Kocsis

 

Entre 1951 e 1953 nasceram na Hungria três grandes pianistas – Deszö Ránki em 1951, András Schiff em 1953. Mas talvez o mais exuberante dos três tenha sido o que nasceu em 1952 – Zoltán Kocsis. Ele foi além de pianista, com um repertório imenso, um ótimo regente e tinha também boa mão para composição.

Como pianista tocava de Bach até os compositores de seus dias. Eu gosto muito das suas gravações para a Philips das peças de Debussy. É claro que ele também gravou as obras de Bartók para esta gravadora e  você encontrará algumas delas disponíveis no seu distribuidor PQP Bach mais próximo. Há inclusive quem diga que o blog passará uns dias com o apelido de PQP Bartók!

No entanto, o disco que apresento nesta postagem é algo mais antigo. Faz um belo par com o disco gravado por András Schiff e que foi postado pelo Playel aqui no PQP Bach. O disco de András Schiff é de 1980 (um ano antes do centenário de Bartók) enquanto o disco de Zoltán foi gravado cinco anos antes, em 1975. Há até uma coincidência de parte do repertório que fará a festa dos que gostam de comparar as interpretações.

As peças deste disco foram compostas entre 1911 e 1927. Por exemplo, a Sonata (razoavelmente curta) é de 1926.

Béla verificando uns arquivos baixados do PQP Bach…

Minha peça favorita no disco é o Allegro Barbaro, de 1911. É uma destas peças, como a Toccata op. 7 de Schumann ou a Toccata op. 11 de Prokofiev, que mexe com a gente. Parece ter um motor propulsor gerando a música… Intensa, marcante, serve como um cartão de visitas do compositor. Como é curtinha (até mais curta do que as outras peças mencionadas), ouça algumas vezes nesta linda interpretação do Zoltán Kocsis…

A transição para as demais peças é para ser saboreada com prazer. A Suíte e a Sonata não estão no disco do Schiff e fogem um pouco do padrão ‘música folclórica’, mas continuam com seus ritmos marcantes. As Velhas Canções para Dançar, algumas das 15 Canções Caipiras Húngaras, que estão na íntegra no disco do Schiff, fecham este disco do Zoltán (disco curtíssimo para os padrões atuais) com chave de ouro!

Impossível conseguir um corte de cabelo decente nestes dias de pandemia, não é, Béla?

Béla Bartók (1881 – 1945)

Allegro Barbaro

  1. Allegro

Três Rondós sobre Melodias Folclóricas

  1. Andante
  2. Vivacissimo
  3. Allegro molto

Três Melodias Folclóricas Húngaras

  1. Andante tranquilo rubato
  2. Allegro non troppo um poco rubato
  3. Maestoso

Suíte, op. 14

  1. Allegretto
  2. Scherzo
  3. Allegro molto
  4. Sostenuto

Sonata para Piano

  1. Allegro moderato
  2. Sostenuto e pesante
  3. Allegro molto

Danças Folclóricas Romenas

  1. Jocul cu bâtǎ (O Jogo da Vara)
  2. Brâul (O Cinto)
  3. Pe loc
  4. Buciumeana
  5. “Poarga” româneascá (Portão Romeno)
  6. Mǎnuntelul (O Bando)

Velhas Canções para Dançar de “15 Canções Caipiras Húngaras”

  1. Allegro
  2. Allegretto
  3. Allegretto
  4. L’istesso tempo
  5. Assai moderato
  6. Allegretto
  7. Poco più vivo
  8. Allegro
  9. Allegro

Zoltán Kocsis, piano

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Zoltán e Sviatoslav adorando as instalações do PQP Bach em Budapeste…

É claro que eu não sei um fiapo de romeno, mas o Google tradutor me ajudou a divertidamente descobrir algumas coisas por trás dos nomes das Danças Folclóricas Romenas.

Aproveite!

René Denon

Minha sobrinha achou que eu estava falando ‘deste’ Bartók aqui…

Beethoven (1770-1827) · ∾ · Sinfonias Nos. 7, 8 & 9 · ∾ · Britten Sinfonia & Thomas Adès ֍

Beethoven (1770-1827) · ∾ · Sinfonias Nos. 7, 8 & 9 · ∾ · Britten Sinfonia & Thomas Adès ֍

A apresentação das Sinfonias de Beethoven como um ciclo é um fenômeno que certamente se deve às gravadoras. Algo semelhante se deu com as Sonatas para Piano. Pioneiro nesta empreitada e que certamente estabeleceu um espetacular parâmetro de comparação foi a iniciativa de Walter Legge que gravou para a EMI, entre 1951 e 1955, com a Philharmonia Orchestra regida pelo ainda não tão poderoso Herbert von Karajan, todas as sinfonias. Este ciclo ainda aparece nas listas dos mais-mais. Note que os ciclos de Sinfonias regidas por Furtwängler, por exemplo, foram obtidos reunindo gravações feitas em momentos diferentes.

Apesar das enormes dificuldades apresentadas pela tarefa, a moda pegou e todos os grandes regentes a levaram a cabo. Alguns, até mesmo mais vezes do que talvez fosse aconselhável.

Para ter uma ideia de quantas vezes isso se repetiu, veja uma lista de 2017, por ordem alfabética dos regentes, nesta página aqui.

Além dos grandes nomes de orquestras e regentes, nós consumidores precisamos escolher entre as diferentes abordagens. Qual é o seu estilo de interpretação favorito? Toscanini ou Furtwängler? Talvez Klemperer ou Bruno Walter? Karajan-63 ou Karajan-84? Possivelmente nenhum dos anteriores. Talvez o menos glamoroso, mas eficientíssimo Günter Wand? Há quem diga: Mackerras! Há para todos os gostos.

A primeira gravação que me fez pensar em uma abordagem diferente daquela oferecida pelas grandes orquestras foi da Sinfonia Pastoral com o jovem Michael Tilson Thomas regendo a English Chamber Orchestra. As outras sinfonias vieram posteriormente. Além dessas, havia algumas sinfonias gravadas pela Marlboro Festival Orchestra, regida pelo venerando Pablo Casals. Mas, o bloco das orquestras historicamente informadas estava a caminho e chegaram pelo disco do Roger Norrington regendo a London Classical Palyers com as Sinfonias 2 e 8, que levou um prêmio da Gramaphone em 1987. Daí por diante o cenário não seria mais o mesmo.

Atualmente estas ondas e modismos ganharam uma boa perspectiva e podemos escolher aquela gravação que traz as características que mais nos agradam, nos diferentes estilos e abordagens. Basta considerar como exemplos os ciclos gravados por Nikolaus Harnoncourt regendo a Chamber Orchestra of Europe ou David Zinman regendo a Tonhalle Orchestra Zurich.

É também importante considerar a opinião de que o ciclo ideal pode ser aquele coletado de gravações por diferentes orquestras e regentes para as diferentes sinfonias. Veja o que diz o Norman Lebrecht numa publicação sobre este tema e que você poderá ler aqui: ‘Boxed sets, I’ve always understood, are for Christmas. Beethoven is for the other 364 days of the year’.

Mesmo assim, vamos postar aqui as três últimas sinfonias que restam para completar o ciclo gravado por Thomas Adès regendo a Britten Sinfonia. O desafio é grande, mas acho que o conjunto é excelente. Minha maior expectativa era a Nona Sinfonia. Bom, se você gosta de Beethoven apresentado com intensidade, clareza e tempos justos, vai gostar muito destas gravações. Ouça e depois, me conte!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sinfonia No. 7 em lá maior, Op. 92

  1. Vivace
  2. Allegretto
  3. Presto meno assai
  4. Allegro con brio

Sinfonia No. 8 em fá maior, Op. 93

  1. Allegro vivace con brio
  2. Allegretto scherzando
  3. Tempo di Menuetto
  4. Allegro vivace

Sinfonia No. 9 em ré menor, Op. 125 ‘Choral’

  1. Allegro ma non troppo, un poco maestoso
  2. Allegro vivace
  3. Adagio molto e cantabile
  4. Allegro assai

Gerald Barry (b. 1952)

  1. The Eternal Recurrence

Jennifer France, soprano

Christianne Stotijn, mezzo-soprano

Ed Lyon, tenor

Matthew Rose, baixo

Britten Sinfonia Voices – Royal Holloway Choir

Britten Sinfonia

Thomas Adès

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Lascou!

O artigo de Benjamin Poore, que pode ser lido na íntegra aqui, diz:

Bacchic ebullience in Beethoven from Thomas Adès at the Barbican

Adès’ reading of this symphony was precise and propulsive. So far, so Nietzschean – but I have some misgivings. When Wilhelm Fürtwangler reclaimed the symphony at Bayreuth in 1951, he spotlighted its moments of faltering doubt and vulnerability: in places it is is unsure of its own ability to summon joy and brotherhood into the world; sometimes it turns its back on human community altogether. The self-assurance of Adès performance seemed to cast aside the uncertainties and frailties of this music, perhaps occluding its deeper significance.  

Fragilidades? Veja lá…

Aproveite!

RD

Postagens anteriores:

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827): Sinfonias 1, 2 & 3 · ∾ · G. Barry (1952): Beethoven / Concerto para Piano (Adès / Britten Sinfonia) ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Sinfonias Nos. 4, 5 & 6 · ∾ · Britten Sinfonia & Thomas Adès ֍

A Obra Completa de Béla Bartók (1881 – 1945): Concertos para Piano Nos. 1 e 2 – Maurizio Pollini – CSO – Claudio Abbado ֍ #BRTK140

A Obra Completa de Béla Bartók (1881 – 1945): Concertos para Piano Nos. 1 e 2 – Maurizio Pollini – CSO – Claudio Abbado ֍ #BRTK140

Béla Bartók

Concertos para Piano Nos. 1 e 2

Maurizio Pollini

Chicago Symphony Orchestra

Claudio Abbado

 

Em janeiro faz muito, muito frio em Chicago. Apesar do frio, eu estava muito animado para ouvir Günter Wand reger a CSO interpretando a Primeira Sinfonia de Brahms. O concerto foi memorável e eu trouxe como souvenir um CD comprado na Symphony Store – o disco desta postagem – Bartók, Pollini, CSO e Abbado!

A música não poderia ser mais diferente e eu estava começando a explorar um repertório, digamos assim, mais ousado. Eu já tinha ótimas indicações sobre o disco: a melhor gravação dos Concertos para Piano de Bartók, dizia meu modernoso amigo, que considerava o Terceiro Concerto menos interessante.

Furtwängler e sua batuta…

Realmente, o disco é primoroso – uma referência. Poderia acrescentar que o Primeiro Concerto foi composto em 1926 e teve o compositor como solista na estreia em um festival em Frankfurt, onde a regência ficou a cargo de Wilhelm Furtwängler. O pessoal achou que aquilo era música de outro planeta – percussiva, dissonante, intensa e uma orquestração exuberante. Os críticos americanos falaram em unmitigate ugliness e estavam certos. Música não precisa ser ‘bonita’ e a peça é maravilhosa exatamente por ser tudo isso.

Bartók e Hans Rosbaud

O Segundo Concerto é de 1930-31 e também foi estreado pelo compositor em Frankfurt, agora com Hans Rosbaud regendo a Orquestra da Rádio de Frankfurt. O próprio Bartók disse que este outro concerto tem um material temático mais agradável e uma orquestração mais fácil.

No livreto da última edição que comprei há notas interessantíssimas escritas por Ingo Harden que nos informa que Bartók estava sem compor por uns três anos devido as suas muitas turnês como pianista, mas também devido às tendências observadas no cenário musical daqueles dias. Havia uma polarização entre o serialismo proposto por Schoenberg e a tendência neoclássica trazida por Stravinsky. Bartók apresentou uma terceira via, pois que seus concertos seguem os modelos já estabelecidos, mas com uma força, uma linguagem totalmente inovadora e que a interpretação de Pollini – CSO & Abbado revelam em seu estado mais puro.

Este disco não poderia faltar neste momento que trazemos aos nossos leitores um panorama mais completo da obra do compositor, mas ele já foi apresentado no blog anteriormente. Foi postado em 18 de março de 2010 pelo Carlinus e posteriormente pelo FDP Bach como parte de uma coleção das gravações de Pollini-Abbado. Assim, esta postagem se caracteriza como mais uma PQP-Originals.

Veja aqui o texto da postagem mais antiga:

‘Este CD, que desde que me veio à mão eu não cesso de ouvi-lo, é um imperativo categórico: precisa ser postado. Sei que o PQP vai admirar. Afinal, temos Bartok e Pollini. É música arrebatadora, com certeza. Digo apenas que é um registro para ouvir com atenção, de joelhos. É o álbum que mais ouvir esta semana. Cada vez que o ouço, acho um detalhe novo, um ângulo que exige atenção. Fico perplexo diante de time tão poderoso. Simplesmente, Pollini e Abbado a reger um dos compositores que mais admiro, Bartok – um gigante da música do século XX. É ouvir e se deleitar. Estou “ensaboando” as palavras. É assim que se procede quando não achamos termos precisos para descrever aquilo que é magnífico. Bom deleite!’

Béla Bartók (1881 – 1945)

Concerto para Piano e Orquestra No. 1

  1. Allegro moderato – Allegro
  2. Andante – Allegro – ataca:
  3. Allegro molto

Concerto para Piano e Orquestra No. 2

  1. Allegro
  2. Adagio – Presto – Adagio
  3. Allegro molto – Presto

Igor Stravinsky (1882 – 1971)

Três Movimentos de ‘Petrushka’, para piano solo

  1. Danse russe. Allegro giusto
  2. Chez Pétrouchka
  3. La semaine grasse. Com moto – Allegretto – Tempo giusto – Agitato

Maurizio Pollini, piano

Chicago Symphony Orchestra

Claudio Abbado

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Os arquivos musicais desta postagem são de uma reedição do álbum e traz também os Três Movimentos de Petrushka, de Igor Stravinsky. Esta gravação faz parte de um disco lançado pela Deutsche Grammophon com peças de diversos compositores e é um monumento em si mesmo. Acho que as peças de Stravinsky funcionam muito bem como encores após os dois concertos do Bartók. Você poderá ouvir muitas vezes, todos nós compreenderemos.

Aproveite!

RD

‘Roberto’ Abbado e ‘Erasmo’ Pollini

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 25 e 18 – Rudolf Firkušný – Southwest German RSO – Ernest Bour ֎

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 25 e 18 – Rudolf Firkušný – Southwest German RSO – Ernest Bour ֎

Mozart

Concertos para Piano Nos. 25 & 18

Rudolf Firkušný

Há um crítico de música que se encaminhou para esta carreira com um único propósito – mostrar falsa a afirmação feita com empáfia pelo arrogante professor de Apreciação Musical:

Mozart é perfeito!

‘I bristled and set out to prove the man wrong!’

Ele escreveu em um de seus artigos: ‘Uma profunda resistência a Mozart não aprecia um bom augúrio para alguém que pretendia iniciar uma carreira que tivesse qualquer coisa a ver com música clássica!’ Se fosse Shostakovich, Hindemith ou Schoenberg, talvez fosse ainda possível, mas Mozart, pensei…

Realmente, pode parecer um pouco chocante ouvir alguém com interesse em música dita clássica uma afirmação como – não suporto Mozart!

Mesmo tendo mais de …. anos, continuo a me espantar quando ouço alguém afirmar com ênfase, e em alguns casos, até disfarçado prazer, que ‘não suporta a música de tal ou tal compositor’. Espanta-me afirmações assim peremptórias – detesto Rachmaninov! Tal radicalidade me parece tão improvável quanto o reverso – Ora, todo o mundo adora Rachamaninov!

Certa vez, um colega da universidade levou-me a fita cassete com a Sinfonia do Novo Mundo, que eu gostava tanto, para devolvê-la no outro dia e dizer, com um muxoxo: É bonitinha, mas meio cansativa, com tantas repetições dos temas. Ela acabou ficando um pouco chatinha… Disse assim e deixou-me, com a fita na mão. Que amigo urso! A Sinfonia nunca mais me foi a mesma. Amigos, cuidado com a má palavra descuidadamente lançada…

Estou mencionando tudo isto por razão de ser o tema da postagem Concertos para Piano de Mozart. Para mim eles são, senão provas, pelo menos evidências da quase perfeição de Mozart. Quem me garante isso é alguém que tem até mais experiência do que eu, não é, Miles?

Não sei que pensava o tal professor daquele que depois se fez crítico, mas definitivamente há Mozart e há Mozart. Dia destes a tentativa de audição de algumas sinfonias juvenis do nosso herói redundou em completo fracasso. Não passei da primeira. E olha que eram regidas pelo recomendado Jeffrey Tate!

Assim, começo a perceber que quando imagino perfeição e Mozart, certamente há que se fazer opções. Cada um de nós deve ter seu repertório de perfeições mozartianas. Até o próprio James Oestreich reconhece certos lampejos, rasgos de perfeição: ‘Minha resistência ao compositor gradualmente se erodiu em face de descobertas como ‘Le Nozze di Figaro’, especialmente as arrepiantes harmonias do final do ato II, a Gran-Partita para sopros, especialmente o primeiro Adagio que é de outro mundo’… E ele segue enumerando mais algumas obras, incluindo o Concerto para Clarinete.

Ernest Bour

Ele volta a resmungar sobre certas outras coisas, mas acabei por considerar que o Andante do Concerto para Piano No. 18 facilmente estaria na minha lista das perfeições do Wolferl! Especialmente quando interpretado pelo pianista Rudolf Firkušný, acompanhado pela Orquestra da Radio Alemã, regida pelo Ernest Bour. Este disco é da mesma safra do que foi postado anteriormente aqui.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para Piano No. 25 em dó maior, K. 503

  1. Allegro maestoso
  2. Andante
  3. Allegretto

Concerto para Piano No. 18 em si bemol maior, K. 456

  1. Allegro vivace
  2. Andante
  3. Allegro vivace

Rudolf Firkušný, piano

Southwest German Radio Symphony Orchestra

Ernest Bour

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Rudolf e o coqueiro de Piratininga…

Esta postagem só foi possível graças a colaboração de dois caros amigos parceiros aqui do blog… A eles, meu obrigado!

Aproveite!

René Denon

Não deixe de visitar:

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 9 e 24 & Quarteto com Piano K. 478 – Rudolf Firkušný ֎

 

J. S. Bach (1685-1750): Paixão segundo São Mateus – McCreesh ֍

J. S. Bach (1685-1750): Paixão segundo São Mateus – McCreesh ֍

Bach

Paixão Segundo São Mateus

Gabrieli Consort & Players

Paul McCreesh

 

A Dor dos Outros

Um dos muitos livros que não terminei de ler, mas que muito me impressionou e me fez pensar (afinal, para que servem os livros, se não para isso?) é ‘Sobre fotografia’ da inquieta e inteligentíssima Susan Sontag. Ela fala entre outras coisas da banalização da imagem da dor devido à superexposição: As fotos de Don McCullin dos biafrenses magérrimos no início da década de 1970 produziram menos impacto, para alguns, do que as fotos de Werner Bischof das vítimas indianas da fome no início da década de 1950, porque estas imagens tornaram-se banais, e as fotos das famílias tuaregues que morriam de fome na África subsaariana, publicadas em revistas de todo o mundo em 1973, devem ter parecido, a muitos, uma reprise insuportável de uma exibição de atrocidades já familiar.

O tema da insensibilização diante a superexposição dos horrores é muito próprio para o momento atual. Há um ano, horrorizei-me com as cenas de veículos militares levando caixões de vítimas do Covid em Bergamo. Mal sabia do que ainda estava por vir. Mais inquietante ainda: o que está ainda por vir? A insensibilidade diante da dor do outro é o tema que tenho considerado neste período que antecede a Sexta-Feira Santa e o Domingo de Páscoa. Como temos sido expostos ao crescente número de vítimas desta pandemia, resultado de tantos desencontros, desacertos e erros crassos, estamos sujeitos a este processo de insensibilização, que nos torna mais duros, menos simpáticos à dor do próximo. Preciso dizer também que este processo nos torna mais vulneráveis, menos cuidadosos?

Quanto mais será necessário para nos horrorizar? Enquanto escrevo o ‘número’ aproxima-se célere da barreira de 300 000. Possivelmente, esta barreira já foi pulverizada.

Foto do Portal de Notícias G1

Hoje vi a foto do corpo um homem velho, magérrimo, deitado no chão da enfermaria onde recebera a última tentativa de ajuda. Ao seu lado, sentada estava a enfermeira, vencida, cansada. A posição do homem lembra imagens de um crucificado. Impossível, mesmo com o risco de pecar, não relacionar as imagens. Vamos permitir que esta imagem passe, sem nos escandalizar? E o que faremos, como seremos daqui para frente?

O que nos pode dizer hoje, especialmente nestes dias conturbados, o sacrifício que é narrado e comentado nesta música tão perfeita? Confesso, aproximei-me com temeridade da audição desta obra. Tenho evitado estas obras mais sérias, mas a ocasião me obriga. Veja, pense, sinta… e ouça.

Matthias Grünewald

Escolhi uma gravação muito diferente, mesmo se considerarmos as gravações historicamente informadas, ela é diferente. Acho que o momento nos pede para sairmos de nossa ‘zona de conforto’. Neste sentido, McCreesh vai mexer com sua percepção da obra.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Paixão segundo São Mateus BWV 244

Gabrieli Consort & Players

Coro I:

Deborah York, soprano

Magdalena Kožená, mezzo-soprano

Mark Padmore, tenor

Peter Harvey, baixo

Coro II:

Julia Gooding, soprano

Susan Bickly, mezzo-soprano

James Gilchrist, tenor

Stephan Loges, baixo

Ulla Munch, soprano in ripieno

Paul McCreesh

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Paul McCreesh

Aproveite, se puder…

Cuide-se!

René Denon

Aaron Copland (1900-1990) & Gerald Finzi (1901-1956): Concertos para Clarinete – Sarah Williamson ֎

Copland – Finzi

Concertos para Clarinete

Sarah Williamson

Orchestra of the Swan

David Curtis

É bem possível que a menção ‘Concerto para Clarinete’ remeta ao concerto escrito por Mozart para seu amigo Anton Stadler, mas há mais música para clarinete e orquestra além dele. Este lindo disco mostra isto, de sobra.

Dois concertos de dois compositores que nasceram muito próximos no tempo, mas separados por um oceano.

Em 1947 o clarinetista de jazz, Benny Goodman, pediu a Aaron Copland que lhe compusesse um concerto, se possível, puxado para o jazz… Copland foi muito feliz em sua composição do concerto, que abre o disco com um belíssimo primeiro movimento.

O clima muda de América para uma pastoril Inglaterra – a segunda peça do disco é um Romance, para orquestra de cordas, uma peça de uns sete minutos, muito inglesa, composta por Gerald Finzi. Na sequência, o seu Concerto para Clarinete. Este concerto também teve um padrinho, o clarinetista Frederick Thurston, que foi o solista na primeira apresentação, sob a regência do próprio Gerald Finzi. Eu não consigo ouvir só uma vez o último movimento deste concerto, um belíssimo Rondo – Allegro giocoso – música verdadeiramente deliciosa de se ouvir.

Para completar o programa, uma das peças mais conhecidas de Aaron Copland – a Suíte do Balé Appalachian Spring, na qual continua brilhando o clarinete. Eu mal consigo me conter a espera do hino dos Shakers, o Simple Gifts. Como não gostar?

Aaron Copland (1900 – 1990)

Concerto para clarinete

  1. Very Slow
  2. Cadenza & III. Rather fast

Gerald Finzi (1901 – 1956)

Romance para orquestra de Cordas

  1. Romance

Concerto para clarinete

  1. Allegro vigoroso
  2. Adagio ma senza rigore
  3. Rondo. Allegro giocoso

Aaron Copland (1900 – 1990)

Appalachian Spring

  1. Very slow
  2. Fast
  3. Moderato
  4. Fast & V. Still faster
  5. As at first (slowly)
  6. Calm and flowing (Simple Gifts)
  7. Moderato: Coda

Sarah Williamson, clarinete

Orchestra of the Swan

David Curtis

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A clarinetista, na época da gravação do disco (2009) estava no início de sua carreira como solista e a gravação faz parte de uma série que dá exatamente oportunidade a talentos em início de carreira. O colunista do The Guardian, Andrew Clements, esperava mais da orquestra, e eu entendo. Mas, considerando a beleza da música acho que vale a pena ouvir, a menos que você seja por demais exigente…

Eu gostei muito e aqui está, um sopro de beleza em meio a tanto desalento.

Aproveite!

René Denon

PS: Para você que também mal consegue esperar pela melodia dos Shakers – Simple Gifts – não deixe de ouvir a faixa 10 deste aqui:

.: interlúdio :. The Gift ∞ Música para o dia de Natal ∞

Se você gostou especialmente da música de Gerald Finzi, talvez queira ouvir este disco:

Butterworth (1885-1916) / Parry (1848-1918) / Bridge (1879-1941) – Música para Orquestra de Câmara – English String Orchestra – William Boughton

J. S. Bach (1685-1750): Concertos de Brandenburgo – The Amsterdam Baroque Orchestra & Ton Koopman ֎ #BRANDENBURGAÇO

J. S. Bach (1685-1750): Concertos de Brandenburgo – The Amsterdam Baroque Orchestra & Ton Koopman ֎ #BRANDENBURGAÇO

Bach

Concertos de Brandenburgo

The Amsterdam Baroque Orchestra

Ton Koopman

 

A gravação dos Brandenburgos oferecida pela The Amsterdam Baroque Orquestra regida pelo multitalentoso (organista, cravista, regente…) Ton Koopman é uma excelente opção ao lado da gravação feita por Pinnock (AP), especialmente para quem prefere expressivos contrastes menos precisamente marcados.

Mais ou menos assim começa o verbete no The Penguin Guide to Compact Disc, editado por Ivan March e pals, em 1996. Incríveis 25 anos se passaram e o álbum continua gracioso como sempre. O utilíssimo comentário, que atribui três estrelinhas à gravação, acrescenta o fato de que no Terceiro Concerto, a título de movimento lento, Koopman nos oferece a Toccata em sol maior, BWV 916, fazendo uma ponte entre os dois movimentos rápidos.

Esta postagem é uma revalidação (pelo menos dos Concertos de Brandenburgo) de outra, que foi ao ar em 21 de março de 2012, postada pelo Carlinus – justamente para comemorar o níver do João Sebastião Ribeiro. Aqui temos a revalidação com links novos para as versões flac e mp3 na nossa série PQP-Originals.

Veja o texto da postagem original:

Em homenagem ao dia natalício de Johann Sebastian Bach!!! Os Concertos de Brandenburgo são uma das páginas mais famosas e importantes da música barroca, além do que é uma das obras mais populares do vasto material de Johann Sebastian Bach. Estes concertos foram compostos no período que vai de 1718 a 1721 e ficaram esquecidos após o ano de 1734. Somente no século XIX é que voltaram a ser explorados e tocados. São uma das obras mais belas de todos os tempos. Vale a pena ouvir e se entusiasmar. Existe uma outra gravação aqui no blog com o inglês Trevor Pinnock, alguém que é especialista no repertório barroco e, principalmente, em Bach. Dessa vez, apresento o holandês Ton Koopman, outro especialista em Bach. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concertos de Brandenburgo

CD 1

Concerto No.1 em fá maior, Bwv 1046

  1. [Allegro]
  2. Adagio
  3. Allegro
  4. Minuet -Trio 1 – Minuet 2 – Polonaise – Minuet 3 – Trio 2 – Minuet 4
Monica Hugget, violino piccolo
Ku Ebbinge · Michel Henry Dombrecht, oboés
Michel Garcin Marrou · Jos Konings, trompas

Concerto No. 2 em fá maior, BWV 1047

  1. [Allegro]
  2. Andante
  3. Allegro assai
Ricardo Kanji, flauta doce
Alison Bury, violino
Ku Ebbinge, oboé
Crispian Steele Perkins, trompete

Concerto No.3 em sol maior, Bwv 1048

  1. [Allegro]
  2. Adagio
  3. Allegro
Monica Hugget · Alison Bury · Graham Cracknell, violinos
Jan Schlap · Trevor Jones · Nicola Cleminson, violas
Jaap Ter Linden · Richte Van Der Meer · Wouter Möller, violoncelos

CD 2

Concerto No.4 em sol maior, Bwv 1049

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Presto
Monica Hugget, violino
Ricardo Kanji · Reine-Marie Verhagen, flautas doces

Concerto No. 5 em ré maior, BWV 1050

  1. Allegro
  2. Affetuoso
  3. Allegro
Wilbert Hazelzet, flauta
Roy Goodman, violino
Ton Koopman, cravo

Concerto No. 6 em si bemol maior, BWV 1051

  1. [Allegro]
  2. Adagio ma non tanto
  3. Allegro
Jan Schlapp · Trevor Jones, violas
Christopher Coin · Sarah Cunningham, violas da gamba
Jaap Ter Linden, violoncelo

The Amsterdam Baroque Orchestra

Ton Koopman

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MP3 | 320 KBPS | 253 MB

A The Amsterdam Baroque Orquestra recebeu um reforço considerável de uma constelação de solistas ingleses. Veja os nomes listados…

Ton ensaiando a Orquestra PQP Bach no PQP Bach Hall de Nictheroy

Aproveite!
René Denon

J. S. Bach (1685 – 1750): Concertos de Brandenburgo – Hanover Band & Anthony Halstead ֎ #BRANDENBURGAÇO

J. S. Bach (1685 – 1750): Concertos de Brandenburgo – Hanover Band & Anthony Halstead ֎ #BRANDENBURGAÇO

Bach

Concertos de Brandenburgo

Hanover Band

Anthony Halstead

 

Em 1977 duas sondas espaciais, Voyager I e II, foram lançadas no espaço pela NASA com o objetivo de explorar os planetas do sistema solar e usando a força gravitacional dos bitelões serem lançadas no espaço interestelar. Coisa de filme de ficção científica. Clicando aqui você poderá descobrir onde elas estão neste momento.

Uma das missões destas viajantes estelares é levar a quem interessar possa, mensagens do planeta Terra. Nestes terríveis dias em que estamos vivendo, particularmente aqui no Brasil, não creio que algum tipo de vida ‘inteligente’ venha nos pagar uma visitinha, tomar um café. Mas eles terão a oportunidade de ver algumas imagens de como é a vida na Terra ou pelo menos como era em 1977. Isto porque as naves levam um disco com informações do tipo imagens, sons e até músicas e recados dados pelas pessoas que prepararam e lançaram as naves e, portanto, leva a perspectiva deles do que há na Terra. Como tudo foi supervisionado pelo Carl Sagan, podemos esperar, pelo menos boas e bem fundadas intenções.

No topo da lista das músicas gravadas no tal disco de ouro está o primeiro movimento do Concerto de Brandenburgo No. 2, interpretado pelo que na época era o melhor intérprete de Bach – Karl Richter regendo sua Orquestra Bach de Munique.

Christian Ludwig Markgraf von Brandenburg

Como o tempo voa, fosse hoje possivelmente a mensagem não estaria em um disco, mas em um pen drive e poderia levar todos os seis concertos reunidos por Bach para encher os olhos do Margrave de Brandenburgo para que este lhe oferecesse um emprego. Certamente a disputa para ser o escolhido como o melhor intérprete dos Brandenburgos seria muito acirrada. Instrumentos de época, um instrumento apenas para cada parte, escolha do tom e essas coisas dariam panos para mangas.

Halstead

O fato é que neste 24 de março de 2021 a famosa dedicatória lisonjeira escrita por Bach para o Margrave completa 300 anos e como nós aqui do PQP Bach não perdemos a oportunidade de postar as coisas que gostamos, aqui vai mais uma ótima gravação destes seis lindíssimos concertos. A Hanover Band é uma das muitas pioneiras orquestras inglesas que se especializou em interpretar música antiga (barroca, clássica) usando instrumentos e práticas de época. Na verdade, se você observar os nomes dos instrumentistas verá que eles se repetem em várias outras orquestras similares. Mas aqui eles estão, nesta gravação, sob a regência e liderança de Anthony Halstead, que toca cravo em essencialmente todos os concertos, mas toca trompa no primeiro deles.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concertos de Brandenburgo

CD 1

Concerto No.1 em fá maior, Bwv 1046

  1. [Allegro]
  2. Adagio
  3. Allegro
  4. Minuet -Trio 1 – Minuet 2 – Polonaise – Minuet 3 – Trio 2 – Minuet 4 7

Concerto No.3 em sol maior, Bwv 1048

  1. [Allegro]
  2. Adagio
  3. Allegro

Concerto No.4 em sol maior, Bwv 1049

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Presto

CD 2

Concerto No. 5 em ré maior, BWV 1050

  1. Allegro
  2. Affetuoso
  3. Allegro

Concerto No. 2 em fá maior, BWV 1047

  1. [Allegro]
  2. Andante
  3. Allegro assai

Concerto No. 6 em si bemol maior, BWV 1051

  1. [Allegro]
  2. Adagio ma non tanto
  3. Allegro

Hanover Band

Anthony Halstead

(Os nomes dos músicos em cada um dos concertos se encontram no encarte, junto com os arquivos musicais)

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FLAC | 477 MB

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MP3 | 320 KBPS | 300 MB

“The spacecraft will be encountered and the record played only if there are advanced spacefaring civilizations in interstellar space.”

– Carl Sagan

The Hanover Band’s gutsy playing stripped decades of varnish from the score with sound that was full-blooded…”

THE TIMES, EDINBURGH FESTIVAL

Aproveite!

René Denon

PS: Outra gravação porreta dos concertos do Margrave você encontrará aqui:

J. S. Bach (1685-1750): Concertos de Brandenburgo – Concerto Italiano & Rinaldo Alessandrini

Bach (1685-1750): Variações Goldberg, BWV 988 – Maggie Cole, cravo ֎

Bach (1685-1750): Variações Goldberg, BWV 988 – Maggie Cole, cravo ֎

 

Bach

Variações Goldberg

Maggie Cole, cravo

 

 

Depois de tanto tempo sentado diante de suas anotações cheias de diagramas e fórmulas, o homem começou a pestanejar, entrando em um estado de torpor. A luz tremula vinda das chamas da lareira ajudava a fazer com que as fórmulas e esquemas começassem lentamente a se mover, primeiro no papel, depois pairando sobre a atulhada mesa de trabalho, girando numa estranha dança.

Havia já bastante tempo que ele buscava uma representação para a descoberta que satisfizesse os axiomas da teoria, mas era um terrível quebra-cabeça que sempre terminava com alguma peça sobrando ou faltando. Tantas vezes percorrera aquelas sendas e caminhos em seus pensamentos que só mesmo com muita persistência continuava tentando descobrir a solução do desafio.

August Kekulé

Foi então que entre as fórmulas que lhe dançavam diante dos olhos percebeu algo de novo, uma cobra que se enrolava, se enroscava e finalmente, abocanhava o próprio rabo. Ele acordou subitamente e num estalo fechou a questão. A cobra engolindo seu próprio rabo é um símbolo que lhe indicou a solução para o problema que tanto lhe desafiara – uma estrutura cíclica – um anel acomodando os seis átomos de carbono, cada um com quatro ligações, e mais seis átomos de hidrogênio com uma ligação cada – a molécula de benzeno! Quem contou esta história foi o próprio cientista, o químico Friedrich August Kekulé, que em 1865, aos 36 anos resolveu com um insight o problema de encontrar o modelo da estrutura da molécula de benzeno, inspirado no famoso símbolo da cobra engolindo o próprio rabo – ouroboros – que lhe ocorrera em um sonho.

A sensação de fazer uma descoberta como esta é inebriante e é uma das razões pelas quais muitas pessoas dedicam seu tempo e energia e talentos buscando ampliar o que já conhecemos. Mesmo modestas, pequenas descobertas ou até a resolução de um pequeno problema já indica como isto pode ser atraente e fascinante.

Eu lembrei desta história, de uma estrutura circular, quando estava a caça de uma boa gravação das Variações Goldberg, parte da minha busca de gravações das obras para teclado de João Sebastião Ribeiro interpretadas ao cravo. Eu sempre me esforço para poder ouvir a obra toda, o ciclo que se fecha na repetição da ária, ouroboros!

Maggie Cole

Dois critérios são importantes para minhas escolhas nestas postagens com música interpretada ao cravo. A qualidade do som e o andamento usado pelo intérprete, itens essenciais, na minha opinião. Meus candidatos para a postagem envolviam, além da escolhida Maggie Cole, Kenneth Gilbert no selo harmonia mundi e Pierre Hantaï, na primeira de suas gravações, no selo Opus 111. Hantaï é o queridinho de vários de nossos blogueiros e não é por pouca coisa, o cara é um bamba. Portanto, sua gravação já foi postada aqui. Assim, fiquei ouvindo Maggie, depois Kenneth, Kenneth de novo, depois Maggie, que acabou ganhando por pequeniníssimos detalhes. A gravação dela tem as repetições, por exemplo. O disco tem uma capa muito bonita e o selo Virgin Classics deixou saudades. De qualquer forma, para os dias com menos tempo para música, Kenneth Gilbert will fill the bill, nicely!

A música, bem, o que dizer? Que é uma das mais lindas que o grande João compôs? Que o Quodlieb e a Pérola Negra são as coisas mais lindas que você já ouviu? Que quando a ária é tocada pela primeira vez e ao seu final, ao passar para a primeira das variações, meu coração se enche de alegria? Bom, a tudo isto acrescento que quando a ária retorna, fechando o ciclo, sinto grande satisfação e tenho que me conter para não recomeçar tudo de novo.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Variações Goldberg

Maggie Cole, cravo

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FLAC | 514 MB

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MP3 | 320 KBPS | 180 MB

“A graceful, vital musician with an elegant technique and a razor-sharp feeling for phrasing and accent.”

New York Times

“Maggie Cole’s spirited, poetic and disciplined playing illuminates each and every one of Bach’s Goldberg Variations on her Virgin Classics recording.”

Gramophone

“Cole’s recording of the Goldberg Variations is a wonderful surprise musically and acoustically. She glides across the keyboard with great grace, and in the technically demanding passages, Bach’s intricate music is displayed to awesome effect.”

Billboard

Está esperando o que?

Aproveite!

René Denon

Maggie Cole nos jardins do Palacete PQP Bach no Cosme Velho, explicando como consegue aquelas perfeitas cruzadas de mãos para o atônito comitê do PQP Bach local…

Cécile Chaminade (1857-1944) – Jean Françaix (1912-1997) – Claude Debussy (1862-1918) – Lili Boulanger (1893-1918): Trios com Piano – Atos Trio ֎

Cécile Chaminade (1857-1944) – Jean Françaix (1912-1997) – Claude Debussy (1862-1918) – Lili Boulanger (1893-1918): Trios com Piano – Atos Trio ֎

Trios com Piano

/thefrenchalbum/

/atostrio/

Atos Trio

 

Todos acudiram à porta do escritório do eminente matemático francês Lagrange na recém-criada École Polytechnique ao ouvirem os brados do sábio, surpreso com mais uma lista de problemas resolvidos perfeitamente pelo supostamente medíocre aluno Monsieur LeBlanc.

Naqueles dias, no finalzinho do século XVIII, o material de estudo e as listas de problemas ficavam à disposição dos alunos, que retornavam suas observações e soluções para serem avaliadas. Monsieur LeBlanc já era contado como alguém que não prosseguiria nos estudos, quando suas tarefas passaram a exibir soluções brilhantes, engenhosas e criativas. A criatividade e a imaginação são características apreciadas tanto nas artes como nas ciências.

Finalmente, Lagrange exigiu um encontro com o estudante e para sua surpresa, deparou-se com uma jovem – Mademoiselle Sophie Germain. Naqueles dias, as moças eram impedidas de estudar ciências como a Matemática. Havia inclusive uma literatura específica para elas, para que aprendessem apenas o necessário para as suas receitas e manejo de contas nos armarinhos.

Para a sorte de Germain e de todos, pois seu exemplo certamente ajudou a quebrar, ou pelo menos a trincar um paradigma, o sábio Lagrange não se importava nem um pouco com o fato de ela ser mulher e continuou a orientá-la e incentivá-la.

Lembrei-me desta história ao ouvir este adorável disco com peças para Trio com Piano de quatro compositores franceses, dois deles mulheres. É verdade que estas compositoras viveram basicamente um século depois de Sophie Germain, mas as mudanças na cultura e na sociedade são muito lentas. Assim como Sophie, elas enfrentaram resistência para realizar suas aspirações artísticas, mas tiveram a sorte de encontrar quem reconhecesse seus talentos e as ajudassem a prosseguir.

Cécile Cheminade, compositora da primeira peça do disco, impressionou Bizet ainda muito jovem e foi estudar no Conservatório de Paris. Foi compositora e pianista. Este trio foi composto quando ela tinha 30 anos. Ela foi a primeira compositora a ser agraciada com a legion d’honneur em 1913.

A mudança da primeira peça, que tem seus toques românticos e um lindo e melodioso movimento Lento, para o relativamente recente Trio de Jean Françaix é muito estimulante. Composto em 1986, esta peça alegre, com tons jazzísticos, não parece ter sido composta por um senhor nos seus 74 anos.

Como um contraponto a isto, em seguida temos o Trio de Claude Debussy, que foi composto quando ele tinha ainda 18 anos e servia como pianista em residência da família da milionária russa Nadeschda von Meck, em Fiesole, perto de Florença.

A última peça do disco é da compositora Lili Boulanger, irmã mais nova da importante compositora e professora de composição, Nadia Boulanger. Lili teve seus talentos musicais assim como seu ouvido perfeito descobertos por Gabriel Fauré e foi a primeira mulher a ganhar o Prix de Rome. Lamentavelmente, ela morreu ainda bem jovem.

Interpretando este lindo e colorido disco temos um ótimo conjunto alemão, formado por Annette Hehn, violino, Stefan Heinemeyer, violoncelo e ao piano Thomas Hoppe.

A nnette   T(h)o mas  e  S tefan   formam o Atos Trio!

Cécile Chaminade (1857 – 1944)

Trio com Piano No. 2 em lá menor, Op. 34 (1886)

  1. Allegro moderato
  2. Lento
  3. Allegro enérgico

Jean René Désiré Françaix (1912 – 1997)

Trio com Piano (1986)

  1. 5/8 = 52
  2. Scherzando
  3. Andante
  4. Allegrissimo

Claude Debussy (1862 – 1918)

Trio com Piano em sol maior (1880)

  1. Andante con motto alegro
  2. Scherzo
  3. Andante expressivo
  4. Finale appassionato

Marie-Juliette ‘Lili’ Boulanger (1893 – 1918)

D’um matin de printemps

  1. Trio com Piano

Atos Trio

Annette von Hehn, violino

Thomas Hoppe, piano

Stefan Heinemeyer, violoncelo

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FLAC | 312 MB

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MP3 | 320 KBPS | 166 MB

Eu achei muito próprio que o nome da matemática fosse Sophie e o da compositora Cécile!

Aproveite!

René Denon

O Atos Trio chegando para dar uma palhinha em uma conhecida livraria de Porto Alegre…