Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano Op. 78 • 101 • 111 – Ingrid Marsoner ֍

Beethoven

Sonata para Piano, Op. 101

Rondó Op. 129

Sonatas para Piano, Op. 78 & 111

Ingrid Marsoner

 

Fui até uma farmácia, paguei R$ 120 e um simpático enfermeiro enfiou-me nas narinas (nas ventas, teria dito meu saudoso pai) um cotonete que de tão longo parecia o espadachim do Zorro. Quinze minutos depois ele deu-me o resultado: positivo para Covid. Ou, DETECTADO, como diz lá no resultado. Detectado resultado reagente para Antígeno SARS-CoV-2 na amostra. Nunca fiquei tão desapontado com um resultado positivo em toda a minha vida, mas vocês hão de convir, essa coisa de resultado é relativa.

Como não sou negacionista e dou muita atenção para o que diz a ciência, estou com todas as três doses de vacina tomadas e também a vacina da gripe. Assim, espero passar esta fase como todos aqueles que escutaram a voz da razão e buscaram os recursos disponíveis, com sintomas leves e em casa. Até aqui, tudo bem…

O que você faria neste caso? Provavelmente, o mesmo que eu, com pequenas variações, dependendo do seu próprio grau de neurose…

Ingrid flagrada em um passeio no Jardim Botânico da sede do PQP Bach do Rio de Janeiro…

Eu decidi ouvir este disco com sonatas para piano de Beethoven. A intérprete, Ingrid Marsoner, é austríaca e foi aceita na Academia de Música de Graz aos 11 anos, como aluna de Sebastian Benda, que fora aluno de Edwin Fischer. Depois foi estudar com Rudolf Kehrer em Viena. Suas principais  inspirações musicais são os eminentes pianistas Tatiana Nikolaieva, Paul Badura-Skoda e Alfred Brendel.

O repertório do disco é muito interessante. Peças para piano de Beethoven de seu último período, pelo menos a linda Sonata op. 101, que inicia o disco, e a Sonata op. 111, a última do compositor e do disco. Há também famoso Rondó – Raiva pela perda de um real! – que é uma obra de juventude e foi publicada tardiamente, o que explica o elevado número de opus. No manuscrito da peça se encontra este nome, mas não nos garranchos do Ludovico, e podem muito bem ser do seu secretário marketeiro e imaginoso Anton Schindler. De qualquer forma, a propósito da estrutura do Rondó, o libreto menciona muito poeticamente uma citação de Christian Friedrich Hobbel – Uma pessoa só pode se transformar naquilo que ela já é!

A sonata dedicada à Teresa Brunswick parece ser também uma espécie de exercício, mas que beleza de sonatina. O Rondo é a sonatazinha fazem um certo interlúdio para a grande e última sonata, op. 111. O livreto também fala na diferença entre a poesia e a filosofia. Texto um pouco hermético, pelo menos para moi, mas que lindas ideias. Ouvir essa música buscando o caminho da poesia e não da filosofia, me deixou mais animado no fim do dia.

Não deixe de ouvir este desimportante e im-PER-DÍ-VEL disco, sem compará-lo com esta ou aquela interpretação – apenas sente-se e aproveite. Depois, me conte…

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Piano No. 28 em lá maior, Op. 101

  1. Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung. Allegretto ma non troppo
  2. Lebhaft. Marschmäßig. Vivace alla marcia
  3. Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto + IV. Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro

Rondo a capriccio em sol maior, Op. 129 “Raiva pela perda de um real!”

  1. Rondó

Sonata para Piano No. 24 em fá sustenido maior, Op. 78 “à Thérèse”

  1. Adagio cantabile-Allegro ma non troppo
  2. Allegro vivace

Sonata para Piano No. 32 em dó menor, Op. 111

  1. Maestoso-Allegro con brio ed appassionato
  2. Arietta. Adagio molto semplice e cantabile

Ingrid Marsoner, piano

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Ludovico procurando por seu secretário…

Vejam o que o pessoal entendido achou do disco:

“Ingrid Marsoner’s interpretation of Sonata Op. 78 is fluent and nuanced, genuine and devoted, sensitive and inspired, with rhapsodic tension and conviction. She extracts many a design secret from this wonderful F# major Sphinx.”
Klassik Heute – Rainer E. Janka – July 2017

“It may be in the craggy, windswept heights of Op 111 that Marsoner is most impressive … Here, Marsoner’s ability to suggest the mighty integrity of Beethoven’s architecture from multiple points of view within the musical narrative is particularly impressive. This is mature Beethoven which will be understandable by virtually anyone, even as it remains engagingly personal in expression. Without awe, Marsoner expresses her reverence for Beethoven with scrupulous attention to detail. This well-recorded disc will be a welcome addition to any library of Beethoven piano music

Gramophone – Patrick Rucker – July 2017

Aproveite!

René Denon

8 comments / Add your comment below

  1. Me alegro que no sea nada grave. Te deseo que pase pronto y te sigas encontrando bien.
    Gracias por toda la buena música que compartes y sobretodo, los interesantes comentarios y explicaciones de las obras. Un abrazo.

  2. O disco me causou uma boa impressão, René. É um repertorio indescritível, e não deixou de ser interessante a forma como foi ordenado. É de notar todo o zelo dispensado, de modo que a singela sonata op. 78 não fica estrita ao papel de mero entreato. E antes de mais nada, na interpretação, a forma equilibrada de desdobrar os elementos da expressividade. Achei tudo muito elegante, sem a exclusão do ímpeto das obras, em especial na 101. De fato, por que sempre olhar algo à luz de referências, tal como alguém que repreendesse a ilusão inerente ao primeiro amor? Pois bem. Obrigado por compartilhar. Espero que se restabeleça integralmente.

  3. “Eu decidi ouvir este disco com sonatas para piano de Beethoven.” -> excelente decisão! E viva a razão, a ciência (mesmo com suas falhas) e o bom senso, com boa música! Fique em paz.

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