Henri Dutilleux (1916-2013): Sinfonia No. 1 – Métaboles – Les Citations • Orchestre National de Lille & Jean-Claude Casadesus ֎

Henri Dutilleux

Sinfonia No. 1

Métaboles

Les Citations

Orchestre National de Lille

Jean-Claude Casadesus

Henri dando umas dicas de como viver bem ao pessoal do PQP Bach…

Henri Dutilleux seria temido pelos burocratas, caso tivesse vivido por aqui. Ele trabalhou na Rádio Francesa de 1943 até 1963, quando se aposentou para se dedicar integralmente à composição. Vejam que Henri viveu até 2013 – um jubileu de aposentadoria!

No entanto, ele começou cedo. Aos 11 anos estudava piano, harmonia e contraponto no Conservatório de Douai e posteriormente estudou com Henri Büsser no Conservatório de Paris. Na Segunda Guerra alistou-se como maqueiro e serviu até a queda de Paris, em 1940. No entanto, o que conta é a música e Dutilleux era do ramo.

Fiquei surpreso com a beleza deste disco e mais surpreso ainda ao observar que seu programa coincide com a primeira metade do programa de uma postagem feita por Pleyel, coisa de dois anos atrás. Apesar disso, decidi insistir com a postagem pois as gravações oferecidas na postagem anterior foram feitas ao vivo e aqui temos uma outra opção. Além disso, Dutilleux e sua obra merecem mais visibilidade e divulgação.

No texto de sua postagem, Pleyel menciona a maneira fria como Pierre Boulez saudou a Primeira Sinfonia de Dutilleux. É bom lembrar que Boulez mandava no establishment musical francês e não admitia outras formas de composição que não adotasse o dodecafonismo. Apesar disso, Dutilleux construiu uma linguagem musical própria, evitando modismos e trabalhando cuidadosamente cada uma de suas peças. Ele dizia sobre elas: Eu não fico feliz com minha música a menos que ela me tome completamente. Tem que ser como no amor – paixão fulminante.

A Sinfonia No. 1 é de 1951 e foi a primeira obra puramente orquestral de Dutilleux e foi concebida em quatro movimentos monotemáticos com uma estrutura cíclica. Seu primeiro movimento é uma Passacaglia! A sua estreia foi feita pela Orchestre de l’Office de Radiodiffusion-Télévision Française, regida por Roger Désormière e isso certamente colocou Dutilleux no mapa da música. A sinfonia logo caiu no gosto de outros regentes, entre eles Jean Martinon, Charles Munch e Ernest Ansermet.

O que mais me impressionou nesta obra foram as sonoridades obtidas de uma orquestra com muitos instrumentos, tais como piccolo, triângulo, xilofone, celesta, harpa e outros desta sorte. Estes instrumentos são empregados para obter intrigantes efeitos, especialmente usados para fazer contraste aos sons mais baixos e de tonalidades mais escuras, produzidas por instrumentos como o corne inglês, baixo clarinete, contra fagote, trombone, tuba, gongo, tam tam. Não se deixe enganar pelo início, apenas pizzicati nos contrabaixos. As lindas sonoridades logo vão surgir. A sinfonia termina num movimento no qual toda a orquestra é usada, mas a música acaba assim como começou, calando-se lentamente.

A próxima obra, Métaboles (1964) foi encomendada pela Cleveland Orchestra, por ocasião de seu aniversário de 40 anos. Sua inspiração foi o virtuosismo do conjunto de instrumentos de madeira da orquestra. Sua estreia ocorreu em janeiro de 1965 com a orquestra regida por seu tirano regente, George Szell. Nesta obra a simetria da Primeira Sinfonia deu lugar a outra abordagem.  Ela foi concebida como uma série de permutações. Cada um dos quatro primeiros movimentos é iniciado por uma seção diferente da orquestra, que só é usada como um todo para iniciar o quinto e último movimento – Flamboyant. O título Métaboles se refere ao metabolismo biológico – uma alusão à maneira como o tema do primeiro movimento se transforma gradual e substancialmente.

No verão (do hemisfério norte) de 1985 Henri Dutilleux atuou como compositor residente do Festival de Aldeburgh, que foi fundado por Benjamin Britten e Peter Pears. Ele então compôs uma peça chamada For Aldeburgh 85 para oboé, cravo e percussão, em comemoração do aniversário de Peter Pears. Em 1990 ele retomou esta peça, acrescentou um contrabaixo e compôs mais um movimento, que chamou de Janequin a Jehan Alain. Este Jehan Alain foi um organista morto em ação 50 anos antes. Na composição deste movimento Dutilleux usa temas de Janequin e de Alain, daí o nome da peça – Les Citations.

Jean-Claude ensaiando a Orquestra de Câmara do Festival PQP Bach de Alegrete

O disco traz a Orchestre National de Lille regida por seu fundador, Jean-Claude Casadesus em cuidadosa produção da Naxos. Veja o que um dos críticos disse: The liner notes by Paul Conway are helpful in every way (pdf junto aos arquivos musicais), both as an introduction to Henri Dutilleux and to his music. […]. The entire CD exhibits impressive performances from the Orchestre National de Lille and their conductor Jean-Claude Casadesus. The recording is excellent with great clarity throughout but especially so in the translucent music of Les Citations.

Henri Dutilleux (1916 – 2013)

Sinfonia No. 1

  1. Passacaille
  2. Scherzo
  3. Intermezzo
  4. Finale, con variazioni

Métaboles

  1. Incantatoire
  2. Linéaire
  3. Obsessionnel
  4. Torpide
  5. Flamboyant

Orchestre National de Lille

Jean-Claude Casadesus

 

Les Citations

  1. For Aldeburgh 85
  2. De Janequin a Jehan Alain

Cyril Ciabaud, oboé

Kasia Tomczak-Feltrin, cravo

Mathieu Petit, contrabaixo

Romain Robine, percussão

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 270 MB

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MP3 | 320 KBPS | 187 MB

Petit, o cara do contrabaixo…

A crítica de David Hurwitz (10/10), do site Classics Today, diz: Jean-Claude Casadesus first recorded the work a few decades ago for Forlane, if memory serves, with this same orchestra. That was a good performance, but this remake is just terrific. The orchestra has improved, and so has the engineering, which permits Casadesus to concentrate on capturing the vibrant textures of the outer movements (the finale especially), as well as the poignant lyricism of the third movement Intermezzo, with particular success.

Então, está esperando o que? Baixe logo o disco e deixe seu comentário…

Aproveite!

René Denon

To be continued…

4 comments / Add your comment below

  1. Até que enfim algo de Dutilleux, autor com apenas 7 entradas nesse blog em toda sua história e ainda representado por uma ótima gravação!

  2. O link para o arquivo MP3 está errado, faz o download de peças de Poulenc para piano (um ótimo disco por sinal).

    Já o link para o arquivo FLAC está ok. A gravação das peças de Dutilleux é de primeira linha!

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