Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Sinfonias nº 40 & 41, Orquestra da Rádio Bávara, Rafael Kubelik

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Sinfonias nº 40 & 41, Orquestra da Rádio Bávara, Rafael Kubelik

Domingo chuvoso de inverno, e nada melhor que Mozart para nos acompanhar como trilha sonora. É incrível como a música desse gênio é capaz de tornar as coisas mais fáceis, deve atingir certas áreas de nosso cérebro que causam essa sensação de bem estar, de estar bem consigo mesmo. Vocês não sentem isso também?

Lembro que essas sinfonias me foram apresentadas por esse mesmo maestro, em um CD do antigo selo CBS, com essa mesma orquestra, e quando vi aquela capa com aquele homem com cabelo esquisito pensei, será que isso aqui é bom? Mas aí entrou em ação o velho clichê que diz que não devemos julgar um livro pela capa, e nada mais correto em se afirmar com relação àquele CD, que não tenho mais, perdeu-se nas areias do tempo. Mas reencontrei estes três mesmos atores, Orquestra, Maestro e Mozart, em uma bela caixa que traz gravações ao vivo, com o mesmo repertório, a saber, as Sinfonias de nº 40 e 41. Que bela sensação a de sentir as mesmas emoções depois de tanto tempo. Até parece que Rafael Kubelik e a Orquestra da Rádio Bávara nasceram um para o outro, e Mozart serviu de elemento de ligação.

Tudo aqui flui tão facilmente, tão leve, que nem parece que é ao vivo. Só no final das obras ouvimos as palmas, acaloradas como não poderia deixar de ser. Essas últimas sinfonias nunca soaram tão perfeitas, elegantes, quanto nas mãos de Kubelik, mesmo gostando muito de outros maestros regendo. Talvez Karl Böhm seja o que soe mais próximo em termos de coesão e coerências sonoras.

O monumental último movimento da Sinfonia nº 41, provavelmente a mais perfeita tradução da genialidade de Mozart em suas sinfonias, traduz um pouco o que quero dizer. Enxergamos nessa música tão forte, tão envolvente, aquele elemento transformador, aquele “IT”, aquela coisa que torna tudo tão perfeito, e nos faz acreditar que sim, a vida vale a pena, apesar de todo o mal que nos cerca. Kubelik, neste registro, já idoso, maduro, ciente de toda a grandeza daquela partitura, em seus últimos anos de vida, traduz e deixa transparecer essa sensação de bem-estar.

E viva a música !!!

Symphony No. 40 In G Minor, K. 550
1 Molto Allegro
2 Andante
3 Menuetto: Allegretto
4 Allegro Assai

Symphony No. 41 In C Major, K. 551 (“Jupiter”)
5 Allegro Vivace
6 Andante Cantabile
7 Menuetto: Allegretto
8 Molto Allegro

Symphonie-Orchester Des Bayerischen Rundfunks
Rafael Kubelik – Conductor

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FDP

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti per Piccolo, P.78, P.83, P.79 e P.77 / Georg Phillip Telemann: Sept Fantasies (Beaumadier, Rampal)

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti per Piccolo, P.78, P.83, P.79 e P.77 / Georg Phillip Telemann: Sept Fantasies (Beaumadier, Rampal)

Os pedidos para obras para piccolo foram tão insistentes, que resolvi colaborar. Mas que não se pense que o atendimento às solicitações serão tão frequentes e imediatas. Casualmente, FDP Bach recém havia conseguido este velho e bom CD com obras para piccolo e orquestra. Por isso resolveu atender a solicitação.

Dentre as inúmeras e infrutíferas tentativas de se tornar músico, ou pelo menos de aprender a tocar um instrumento, FDP Bach se aventurou pelo mundo da flauta. Não a transversal, com a qual nunca conseguiu sequer pegar a embocadura, e sim aquele singelo e equivocadamente considerado simplório instrumento chamado de flauta doce. Se não me engano sua afinação era em Mi. Enfim, aprender até que aprendeu um pouco, graças à insistência de uma freira, professora de música onde FDP estudou em uma época do século passado… Enfim, até chegamos a ensaiar uma apresentação em um evento qualquer, mas FDP não teve coragem, e desistiu… nosso pai deve ter se revirado na tumba, tanto de raiva quanto de vergonha. E por falar em Albinoni, até hoje arrisco assoprar na velha Yamaha (sim, ainda a tenho) aquele tradicional adágio, assim como uma despudorada e desavergonhada versão do Jesus, Alegria dos Homens, a tradicional Cantata BWV 140 de nosso pai… Até que toco direitinho… Mas sem público, por favor…

Gravação curiosa essa que estou liberando… Confesso que fui enganado, mas depois considerei esse equívoco até que bom. Afinal, o nome que mais chama atenção na capa é o de Jean Pierre Rampal, ao qual já dediquei algumas postagens, mestre soberano deste instrumento maravilhoso. Mas o que chamo de equívoco é o fato de que Rampal nessa gravação apenas é o regente da Orchestre National de France. O solista se chama Jean-Louis Beaumadier, do qual nunca tinha ouvido falar até então. E o dito cujo toca muito bem… Também, imagina a pressão de tocar flauta ao lado do maior flautista do século XX, um dos maiores instrumentistas do século… E o que é pior, ou melhor, dependendo do ponto de vista, tendo-o como orientador… Sua interpretação, tanto dos concertos para piccolo de Vivaldi, quanto as fantasias para flauta de Telemann, é segura, correta, sem equívocos. Um belo resultado, um CD agadabilíssimo de se ouvir.. FDP espera que seus ouvintes/leitores sintam-se tão recompensados quanto ele ao ouvirem essas obras.

Inicio com esta postagem algo que eu e Clara Schumann nomeamos como Festival Barroco… Vivaldis, Telemanns, Handels, nosso pai Bach, claro, nossos irmãos CPE e Wilhelm, com certeza estarão presentes… mas chega de blá, blá, blá…

Recadinho de PQP, que acaba de reativar este link: Gostei mais das Fantasias de Telemann no final do CD do que dos concertos do Padre Vermelho…

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti per Piccolo, P.78, P.83, P.79 e P.77 / Georg Phillip Telemann: Sept Fantasies (Beaumadier, Rampal)

01 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.78- 1. Allegro
02 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.78- 2. Largo
03 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.78- 3. Allegro molto

04 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en la mineur P.83- 1. Allegro
05 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en la mineur P.83- 2. Larghetto
06 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en la mineur P.83- 3. Allegro

07 Antonio Vivaldi- Concerto pour piccolo en do majeur P.79- 1. Allegro non molto
08 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.79- 2. Largo
09 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.79- 3. Allegro molto

10 Antonio Vivaldi – Concerto pour flute en la mineur P.77- 1. Allegro molto
11 Antonio Vivaldi – Concerto pour flute en la mineur P.77- 2. Largo
12 Antonio Vivaldi – Concerto pour flute en la mineur P.77- 3. Allegro molto

13 Georg P. Telemann – Fantaisie No.1 en la majeur (Vivace-Adagio-Allegro)
14 Georg P. Telemann – Fantaisie No.2 en la majeur (Grace-Vivace-Adagio-Allegro)
15 Georg P. Telemann – Fantaisie No.4 en si bémol majeur (Andante-Allegro-Presto)
16 Georg P. Telemann – Fantaisie No.5 en do majeur (Presto-Largo-Presto-Largo-Allegro-Allegro)
17 Georg P. Telemann – Fantaisie No.8 en mi mineur (Largo-Spirituoso-Allegro)
18 Georg P. Telemann – Fantaisie No.9 en mi majeur (Affettuoso-Allegro-Grave-Vivace)
19 Georg P. Telemann – Fantaisie No.12 en sol mineur (Grave-Allegro-Grave-Allegro-Dolce-Allegro-Rondeau (presto)

Orchestre National de France
Jean-Pierre Rampal – Conductor
Jean-Louis Beaumadier – Flute, picollo Haynes

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Jean-Louis Beaumadier lustrando nosso Steinway com os cotovelos

FDP

 

Franz Liszt (1811-1886): Liszt Piano Recital (Leif Ove Andsnes)

Franz Liszt (1811-1886): Liszt Piano Recital (Leif Ove Andsnes)

Fiz tanta propaganda para o rapaz que nada mais justo que mostrar um pouco de seu talento neste cd excepcional, só com obras de Franz Liszt.

Ouvi este cd três vezes seguidas, e posso recomendá-lo sem pestanejar. Sei que alguns leitores consideram a obra de Lizst um monte de notas sem sentido, mas talvez ao ouvirem esta interpretação mudem de opinão.  Sim, concordo, é um virtuosismo exagerado o que se pede para interpretar estas obras, mas creio que Andsnes consegue demonstrar que por trás de tantas notas existe vida.  Sobre este cd, o editorial da amazon.com escreveu o seguinte:

“An index to the excellence of Leif Ove Andsnes’s Liszt recital is that he makes familiar works exciting and fresh-sounding and obscure ones persuasive and accessible. Andsnes turns the “Mephisto” Waltz No. 1 from a tired circus stunt into a tone poem daring in its effrontery and voluptuous in its lyricism. He plays the “Dante” Sonata without the usual penny-awful bludgeoning and sentimental blustering and lifts its treatment of love, chaos, and redemption to an exalted level. The infrequently performed “Andante lagrimoso” (No. 9 of the Harmonies poétiques et religieuses) is haunting in its unceasing alterations between pain and serenity. And in late works–such as the Second and Fourth “Mephisto” Waltzes and the “Valse oubliée” No. 4–the pianist shows us how far Liszt had traveled from romanticism toward both expressionism and impressionism, making us understand how these works lit the paths of composers as diverse as Debussy, Schoenberg, and Bartók. If you buy only one recording of Liszt’s piano music this year, make it this.

Confesso que não tenho muita familiaridade com a obra de Liszt, com excessão de seus concertos para piano, já postados aqui, e sua Sinfona “Fausto”, além, é claro, de suas rapsódias, e sempre me chamou a atenção sua capacidade de fazer espetáculo. Segundo seus biógrafos, Liszt seria um showman da época, e seu virtuosismo enquanto pianista se transmitiu à sua obra, de difícil execução para os solistas. O cd que ora posto tem momentos de puro virtuosismo, sim, mas ao mesmo tempo, graças a um excepcional intérprete, vemos que “the pianist shows us how far Liszt had traveled from romanticism toward both expressionism and impressionism, making us understand how these works lit the paths of composers as diverse as Debussy, Schoenberg, and Bartók, como bem exemplifica o editorial da amazon. Outro comentarista do mesmo site diz que nunca viu tanto vigor e paixão numa interpretação de uma obra de Liszt. E assino embaixo, ainda mais depois daquela excepcional performance que tive o raro prazer de presenciar semana passada.

Ah, e não se preocupem, a saga Gilels/Beethoven continua.

Franz Liszt  – Liszt Piano Recital – Leif Ove Andsnes

01. Apres une lecture du Dante (Années de pèlerinage, 2e année Italie)
02. Valse Oubliee No 4
03. Mephisto Waltz No 4
04. Die Zelle in Nonnenwerth Elegie Version 4
05. Ballade No 2
06. Mephisto Waltz No 2
07. Andante Lagrimoso (Harmonies Poe iques et Religieuses No 9)
08. Mephisto Waltz No 1 Der Tanz in der Dorfschenke

Leif Ove Andsdnes – Piano

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FDP

Antonio Vivaldi (1678-1741): Cantate, Concerti & Magnificat (Kirkby / Tafelmusik / Lamon)

Antonio Vivaldi (1678-1741): Cantate, Concerti & Magnificat (Kirkby / Tafelmusik / Lamon)

Prezados, como estarei viajando no final de semana, minha contribuição para o blog está sendo postada h0je, quinta feira. E começarei com Vivaldi. Mas não se trata de qualquer Vivaldi, e sim de um Vivaldi interpretado por nossa musa inspiradora, com sua voz angelical, Emma Kirkby. Já postei duas outras obras com esta maravilhosa soprano inglesa, especialista no repertório renascentista e barroco. Neste CD Kirkby interpreta Motetos e a Magnificat do padre ruivo. Peças maravilhosas, sensíveis e que mostram o domínio que a sardenta Kirby tem de sua voz. Falar de Vivaldi é chover no molhado. Nunca conheci alguém que dissesse não gostar de sua música. Espero que gostem tanto quanto eu gostei.

Antonio Vivaldi (1678-1741): Cantate, Concerti & Magnificat (Kirkby / Tafelmusik / Lamon)

01 – Motet, RV627 – 1. In turbata mare irato
02 – 2. Splende serena, o lux amata
03 – 3. Resplende, bella divina stella
04 – 4. Alleluia

05 – Concerto madrigalesco in d, RV129 – 1. Adagio – Allegro
06 – 2. Adagio
07 – 3. Allegro

08 – Concerto in g, RV157 – 1. Allegro
09 – 2. Largo
10 – 3. Allegro

11 – Concerto alla rustica in G, RV151 – 1. Presto
12 – 2. Adagio
13 – 3. Allegro

14 – Motet, RV680 – 1. Lungi dal vago volto
15 – 2. Augelletti, voi col canto
16 – 3. Allegrezza, mio core
17 – 4. Mi stringerai si, si

18 – 1. Magnificat anima mea Dominum
19 – 2. Et exsultavit spiritus meus in Deo
20 – 3. Et misericordia eius a progenie
21 – 4. Fecit potentiam in brachio suo
22 – 5. Esurientes implevit bonis
23 – 6. Suscepit Israel puerum suum
24 – 7. Sicut locutus est ad patres
25 – 8. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto

Tafelmusik Baroque Orchestra Conducted by Jeanne Lamon
Emma Kirkby – soprano

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Emma jovem, na época desta gravação.

PQP

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Suítes Inglesas BWV 806-811 (Glenn Gould)

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Suítes Inglesas BWV 806-811 (Glenn Gould)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Meu irmão PQP Bach já postou uma bela versão destas mesmas Suítes Inglesas, com o grande Gustav Leonhardt, com certeza um dos maiores intérpretes que nosso pai já teve. Mas os gouldmaníacos logo se manifestaram, e começaram a pedir mais gravações do canadense. Fucei, então, meus cds de mp3, e logo encontrei essas gravações. Somos todos gouldmaníacos, com certeza. Essa sua versão das Suítes Inglesas é magnífica, e não canso de ouvi-la. Ainda tenho meu LP com essa gravação, aliás, e fiquei muito feliz quando consegui a versão em mp3. Mas vamos ao que interessa.

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Suítes Inglesas BWV 806-811 (Glenn Gould)

Suite No. 1 In A Major, BWV 806 = A-dur = En La Majeur = In La Maggiore
1-1 I. Prélude 2:45
1-2 II. Allemande 2:10
1-3 III. Courante I 1:47
1-4 IV. Courante II 2:11
1-5 V. Double I 2:06
1-6 VI. Double II 1:59
1-7 VII. Sarabande 4:07
1-8 VIII. Bourrée I 1:16
1-9 IX. Bourrée II – Bourrée I Da Capo 2:14
1-10 X. Gigue 2:00

Suite No. 2 In A Minor, BWV 807 = A-moll = En La Mineur = In La Mineur
1-11 I. Prélude 4:31
1-12 II. Allemande 1:34
1-13 III. Courante 1:11
1-14 IV. Sarabande – Les Agréments De La Même Sarabande 3:03
1-15 V. Bourrée I 1:26
1-16 VI. Bourrée II – Bourrée I Da Capo 2:00
1-17 VII. Gigue 2:17

Suite No. 3 In G Minor, BWV 808 = G-moll = En Sol Mineur = In Sol Mineur
1-18 I. Prélude 2:53
1-19 II. Allemande 1:44
1-20 III. Courante 1:20
1-21 IV. Sarabande – Les Agréments De La Même Sarabande 3:19
1-22 V. Gavotte I (Ou La Musette) 0:50
1-23 VI. Gavotte II – Gavotte I Da Capo 1:10
1-24 VII. Gigue 1:52

Suite No. 4 In F Major, BWV 809 = F-dur = En Fa Majeur = In Fa Maggiore
2-1 I. Prélude 4:25
2-2 II. Allemande 2:46
2-3 III. Courante 0:54
2-4 IV. Sarabande 3:01
2-5 V. Menuett I 1:20
2-6 VI. Menuett II – Menuett I Da Capo 1:57
2-7 VII. Gigue 2:15

Suite No. 5 In E Minor, BWV 810 = E-moll = En Mi Mineur = In Mi Mineur
2-8 I. Prélude 4:43
2-9 II. Allemande 2:58
2-10 III. Courante 1:51
2-11 IV. Sarabande 1:59
2-12 V. Passepied I (En Rondeau) 1:06
2-13 VI. Passepied II – Passepied I Da Capo 1:37
2-14 VII. Gigue 2:04

Suite No. 6 In D Minor, BWV 811 = D-moll = En Ré Mineur = In Re Mineur
2-15 I. Prélude 8:25
2-16 II. Allemande 3:11
2-17 III. Courante 2:46
2-18 IV. Sarabande 3:07
2-19 V. Double 2:15
2-20 VI. Gavotte I 1:34
2-21 VI. Gavotte II – Gavotte I Da Capo 2:19
2-22 VIII. Gigue 2:56

Glenn Gould – Piano

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PQP

Franz Schubert (1797-1928) – Quarteto para Cordas “A Morte e a Donzela” (arranjo Gustav Mahler, Sonata Arpegione – Michal Kánka, Pavel Hüla

Até ter acesso a esse CD, eu não conhecia esse arranjo para orquestra de cordas que Mahler fez da obra prima de Schubert, o Quarteto para Cordas “A Morte e a Donzela”. Ainda não tenho uma opinião formada na verdade, precisaria ouvir mais vezes para absorver, tão acostumado que estou com a versão para Quarteto para Cordas. Em se tratando de uma obra dessa envergadura, provavelmente umas das maiores composições já escritas para o gênero, a empreitada é um tanto arriscada.

 

Ao mesmo tempo, o nome de Mahler, um mestre em se tratando de composições para orquestras de grande porte, lembramos imediatamente de seu magnífico Quarteto para Cordas, e o que dizer do Adagietto de sua Quinta Sinfonia? Obras de rara sensibilidade para um compositor acostumado compor para grandes conjuntos orquestrais, como comentei acima.  Em minha humilde opinião, entendo que a interpretação da excelente “Praga Camerata” está um pouco acelerada para o meu gosto, já no primeiro movimento entendo que devia ser mais cadenciado, como podemos ouvir na ótima gravação do “Orlando Quartet”, que postei há pouco tempo. Não sei quais as recomendações de Mahler para o arranjo, e se o maestro foi fiel a essas recomendações. Mas enfim, à parte a estranheza que esses arranjos podem causar em um primeiro momento para aqueles apaixonados pela obra, Schubert está presente, com certeza, com toda a sua carga emotiva e sentimental.

A Sonata “Arpegione’ também mantém-se fiel ao original, porém lhes garanto que a estranheza permanece, mas nada que venha a comprometer o resultado. Afinal, apesar de tudo, é Schubert.

Vale a pena conferir.

01. String Quartet No. 14 in D Minor, D. 810 “Death and the Maiden” (Arr. for String Orchestra by Gustav Mahler): I. Allegro moderato
02. String Quartet No. 14 in D Minor, D. 810 “Death and the Maiden” (Arr. for String Orchestra by Gustav Mahler): II. Andante con moto
03. String Quartet No. 14 in D Minor, D. 810 “Death and the Maiden” (Arr. for String Orchestra by Gustav Mahler): III. Scherzo. Allegro moderato
04. String Quartet No. 14 in D Minor, D. 810 “Death and the Maiden” (Arr. for String Orchestra by Gustav Mahler): IV. Presto
05. Arpeggione Sonata in A Minor, D. 821 (Arr. for Cello and Strings by Michal Kaňka): I. Allegro moderato
06. Arpeggione Sonata in A Minor, D. 821 (Arr. for Cello and Strings by Michal Kaňka): II. Adagio
07. Arpeggione Sonata in A Minor, D. 821 (Arr. for Cello and Strings by Michal Kaňka): III. Allegretto

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FDP

Johannes Brahms (1833-1897): Complete Chamber Music (CD 5 de 11) – Clarinet Quintet in B minor, Op 115, String Quintet No. 2 in G major, Op. 111 (Berlin Philarmonic Octet / Herbert Stahr)

Johannes Brahms (1833-1897): Complete Chamber Music (CD 5 de 11) – Clarinet Quintet in B minor, Op 115, String Quintet No. 2 in G major, Op. 111 (Berlin Philarmonic Octet / Herbert Stahr)

Dando continuidade à obra de câmara integral de Brahms, e ainda com os quintetos, vamos agora ao CD 5.

Eu tinha na cabeça, como uma idéia fixa, frases do quinteto para clarineta e cordas de Brahms, que para mim sugere a cor, o som, a fragrância, o espírito, enfim, do outono. Depois de despedir docemente uma rapariga americana que chorou no meu ombro as dores dum amor mal correspondido (o noivo tinha fugido para a Índia), liguei o telefone para a minha secretária e disse: “Mary, faça passar o próximo paciente”.

Erico Verissimo, Solo de Clarineta, Vol. 1

Johannes Brahms (1833-1897): Complete Chamber Music (CD 5 de 11) – Clarinet Quintet in B minor, Op 115, String Quintet No. 2 in G major, Op. 111 (Berlin Philarmonic Octet / Herbert Stahr)

Clarinet Quintet in B minor, Op 115
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Andantino – Presto non assai – ma con assentimento
4 – Com moto

String Quintet No. 2 in G major, Op. 111
5 – Allegro non troppo, ma con brio
6 – Adagio
7 – Un poco allegretto
8 – Vivace ma non troppo presto

Berlin Philarmonic Octet
Herbert Stahr – Clarinet

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Brahms: esse era um mal-humorado, nossa!

FDP

Franz Liszt (1811-1887): Concertos para Piano (Richter / Kondrashin)

Franz Liszt (1811-1887): Concertos para Piano (Richter / Kondrashin)

Por FDP Bach: Sviastoslav Richter foi um grande pianista, um dos grandes do século XX. Esta gravação dos concertos de Liszt é histórica, realizada ainda na década de 60, ao lado de outro grande russo, Kiril Kondrashin, que rege a Filarmônica de Londres. Creio que o grande trunfo da dupla Richter / Kondrashin nestas gravações é seu pleno controle da execução, de uma meticulosidade impressionante. Richter não se deixa envolver por demais com a estrutura romântica da obra, a interpreta com racionalidade, diferentemente de outros intérpretes, que resolvem se jogar de corpo e alma na execução. Espero que apreciem.

Por PQP Bach: Curta nota sobre a obra pianística de Liszt: Apesar do pouco sucesso de quase todas as suas obras orquestrais e corais, Liszt seguiu com coerência ferrenha, certo de que estava a produzir para o futuro. E ele realizou-se plenamente apenas na música para piano, seu instrumento. Ainda assim é bom não levar em conta grande parte dela. As variações e fantasias sobre melodias de óperas são medonhas, assim como as danças e as valsas da moda. São músicas de virtuosismo vazio, que apenas serviam como suporte para os concertos do super-astro do teclado que foi Liszt durante boa parte de sua vida. Porém, os dois Concertos para Piano, as peças poéticas Années de pèlerinage e as Harmonies poétiques et religieuses e, principalmente, a incontestabilíssima Sonata para Piano em Si Menor, são outra conversa.

Franz Liszt (1811-1887): Concertos para Piano (Richter / Kondrashin)

1. Piano Concerto No. 1 In E flat: 1. Allegro maestoso
2. Piano Concerto No. 1 In E flat: 2. Quasi adagio
3. Piano Concerto No. 1 In E flat: 3. Allegretto vivace – Allegro animato
4. Piano Concerto No. 1 In E flat: 4. Allegro marziale animato

5. Piano Concerto No. 2 In A: Adagio sostenuto assai – Allegro agitato assai
6. Piano Concerto No. 2 In A: Allegro moderato
7. Piano Concerto No. 2 In A: Allegro deciso – Marziale un poco meno allegro
8. Piano Concerto No. 2 In A: Allegro animato

Composed by Franz Liszt
Performed by London Symphony Orchestra with
Sviatoslav Teofilovich Richter
Conducted by Kiril Kondrashin

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Richter treinando levitação

FDP / PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Music for Wind Ensemble – The Albion Ensemble

Poderia classificar esse CD como curioso, mas a versatilidade dos músicos do Albion Essemble está acima dessa classificação tão simplista. É Beethoven, sim, não precisam ficar assustados, afinal, estamos acostumados a grandes conjuntos orquestrais interpretando a Abertura “Egmont” ou a “Sinfonia nº1”. Talvez os mais puristas fiquem de cabelo em pé, reclamem, esbravejem, mas veja bem, estas transcrições foram realizadas ainda em tempos de Beethoven vivo, ou seja, devem ter passado por sua aprovação. Parece que era moda e muito comum encontrar estas transcrições disponíveis ali no começo do século XIX. Uma curiosidade acerca destas transcrições, o texto foi retirado de outro CD do mesmo Albion Ensemble:

“É amplamente reconhecido que a maior parte do vasto corpo de trabalho do período clássico para pequena banda de sopro, ou ‘Harmonie’, foi planejada para ser usada como música de fundo – isto é, música para fazer serenata aos nobres e ricos ou para acompanhar as suas refeições (Tafelmusik). Embora em muitos casos a qualidade da música, seja ela original ou arranjada, é variável, existe também um belo repertório que merece a escuta mais atenta. Talvez o primeiro grande expoente da música Harmonie tenha sido Mozart, que soube imbuir toda a sua obra, independentemente da função a que se destinava, de uma profundidade faltando na produção de muitos de seus contemporâneos menores. É difícil imaginar a nobre Serenata em E bemol, K375, ou a grande e grave Serenata em dó menor, K388, sendo música destinada apenas a capturar um interesse passageiro do ouvinte. Assim também, nesta gravação, encontramos música Harmonie digna do primeiro plano.

A música Harmonie tornou-se um gênero particularmente na moda em Viena após o Imperador da dinastia, dos Habsburgos  José II, estabeleceu em sua corte um grupo que veio a ser conhecido como Kaiserlich Harmonia königlich. Este conjunto fundado em 1782 era um octeto composto por dois oboés de cada clarinetes, fagotes e trompas, diferindo de outras pequenas bandas de sopro, que eram empregadas em todo o mundo e na Europa a partir de meados do século, na medida em que os seus músicos não eram apenas criados uniformizados, mas também os principais músicos profissionais vienenses da época.”

As peças que o “Albion Ensemble” gravou nesse CD são bem conhecidas pelos fãs do compositor. Começando pela abertura “Egmont”, e terminando com a emblemática Sonata ‘Patetique’, escrita para piano, o que podemos ouvir aqui não são simplificações, ao contrário. Cada peça foi cuidadosamente transcrita, obedecendo o modelo original, claro que com as ressalvas e adaptações necessárias. Nas obras orquestrais obviamente sentimos falta da própria massas orquestral, e na Sonata Patética, principalmente em seus momentos mais intensos, sentimos falta da impulsividade percussiva do solista, não sei se me fiz entender.

Deixo ao crivo dos senhores o veredito desse CD. Gostei do que ouvi, antes de tudo, muito respeito a originalidade da empreitada, e claro, um profundo conhecimento da obra de Beethoven. É mais comum nos dias de hoje ouvirmos as sinfonias transcritas para piano, como a conhecida versão de Liszt, disponível aqui mesmo no PQPBach. Lembrei-me agora de um membro do blog que infelizmente aparece muito pouco por aqui, o Marcelo Stravinsky, que se declara um fã incondicional de versões alternativas, transcrições, etc. Esse com certeza é um CD que ele vai apreciar.

Para maiores informações, sugiro a leitura do livreto anexo ao arquivo compactado.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Music for Wind Ensemble – The Albion Ensemble

01 – Egmont, Op. 84_ Overture
02 – Symphony No. 1 in C Major, Op. 21_ I. Adagio molto – Allegro con brio
03 – Symphony No. 1 in C Major, Op. 21_ II. Andante cantabile con moto
04 – Symphony No. 1 in C Major, Op. 21_ III. Menuetto – Allegro molto e vivace
05 – Symphony No. 1 in C Major, Op. 21_ IV. Finale. Allegro molto vivave
06 – Fidelio, Op. 72_ Overture
07 – Fidelio, Op. 72, Act II_ March
08 – Piano Quintet in E-Flat Major, Op. 16_ II. Andante cantabile
09 – Piano Sonata No. 8 in C Minor, Op. 13, _Pathetique__ I. Grave – Allegro di molto e con brio
10 – Piano Sonata No. 8 in C Minor, Op. 13, _Pathetique__ II. Adagio cantabile
11 – Piano Sonata No. 8 in C Minor, Op. 13, _Pathetique__ III. Rondo. Allegro

THE ALBION ENSEMBLE
GEORGE CAIRD, VICTORIA WOOD oboes
ANGELA MALSBURY, MICHAEL HARRIS clarinets
PETER FRANCOMB, SIMON MORGAN horns
GARETH NEWMAN, ROBIN KENNARD bassoons
MARTIN FIELD contrabassoo

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FDP

Johannes Brahms (1833-1897): Concertos para Piano Nº 1 e 2 (Freire / Chailly)

Johannes Brahms (1833-1897): Concertos para Piano Nº 1 e 2 (Freire / Chailly)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Nossa leitora/ouvinte Lais Vogel gentilmente nos enviou o texto que segue abaixo. Achei interessante postá-lo. O texto sintetiza muito bem o que deve ser dito a respeito desta gravação.

“Gente, olha que noticia boa e interessante:

“O Brahms que todos aguardavam”, diz a Gramophone.

“Saiu hoje no site da revista inglesa Gramophone a resenha do CD com os dois concertos de Brahms tocados pelo Nelson. O (temido) crítico Jed Distler inicia a avaliação dizendo: “Esta é a gravação dos concertos para piano de Brahms que todos nós esperávamos”.

“O álbum duplo (lançado este ano pela Decca, no Brasil inclusive) já tinha sido muito elogiado pelo site americano Classics Today (www.classicstoday.com) e por jornais brasileiros. Agora foi coroado com a crítica da Gramophone. Vale a pena adquiri-lo, e não por motivos patrióticos. As interpretações de ambos os concertos são realmente primorosas. Eu as comparei com o registro clássico de Gilels/Jochum (que considero a ‘versão padrão’ dessas obras) e, para minha própria surpresa, gostei mais da do Freire com o maestro Chailly. Os tempi são mais fluentes que os de Jochum e, ainda assim, a clareza orquestral não é sacrificada. Ao contrário: Chailly (e os técnicos da Decca) nos faz(em) ouvir coisas que passam despercebidas em outras gravações. Freire está endiabrado e prova que é um pianista de primeira linha, pois dá conta do recado sem fazer a orquestra pisar no freio e sem embolar as notas. Ele usa, sim, mais pedal do que Gilels, tendo assim mais legato no seu som. Mas não usa esse recurso para esconder imperfeições técnicas. É questão de estilo… e Brahms permite isso (muito mais que Mozart ou Bach). Enfim, quem for fã do Nelson ou desses concerti de Brahms, pode comprar o CD sem medo. Ah, eu não sou funcionária da Decca, nem vendedora de CDs. Sou apenas uma admiradora do Nelson e de Brahms.”

Confesso que estou ouvindo a gravação pela primeira vez, e já fazem umas duas semanas que baixei esse material. Já postei anteriormente estes mesmos concertos com o Pollini, e futuramente, a pedidos de nossa querida Clara Schumann irei postá-los com o seu Brendelzinho (Brendelzão, eu diria). E também confesso que estou adorando. A Orquestra do Gewandhaus de Leipzig é fantástica, e o Freire está no apogeu de sua forma.

Também volto a reiterar que sou apaixonado por estes concertos, principalmente pelo segundo, o qual embalou minhas paixões adolescentes, como já salientei.

Mas vamos ao que interessa…

Johannes Brahms (1833-1897): Concertos para Piano Nº 1 e 2 (Freire / Chailly)

Piano Concerto No.1 In D Minor / D-moll / En Ré Mineur, Op. 15 (46:34)
I Maestoso
II Adagio
III Rondo: Allegro Non Troppo

Piano Concerto No.2 In B-Flat Major / B-dur / En Sí Bémol Major, Op. 83 (48:53)
I Allegro Non Troppo
II Allegro Appassionato
III Andante
IV Allegretto Grazioso

Nelson Freire – Piano
Gewandhausorchester
Riccardo Chailly – Director

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Quem seriam, né?

FDP

Edward Elgar (1857-1934): Violin Concerto / Ralph Vaughan Williams (1872-1958): The Lark Ascending (Hahn / Davis)

Edward Elgar (1857-1934): Violin Concerto / Ralph Vaughan Williams (1872-1958): The Lark Ascending (Hahn / Davis)

Belo CD da jovem Hilary Hahn, que, por sinal, esteve se apresentando aqui no Brasil há alguns meses. O Concerto para Violino de Elgar é muito bonito, apesar de pouco gravado, e Hahn, apesar da precocidade quando da gravação desse CD, nos emociona com sua interpretação. Este foi um de seus primeiros CDs pelo selo alemão Deutsche Grammophon, e ela aqui está muito bem acompanhada pelo incansável Colin Davis, que rege a Sinfônica de Londres. Não sou muito fã dos compositores ingleses, mas não há como não se render ao “The Lark Ascending” de Vaughan Williams. Já ouvi diversas outras interpretações para essa obra, entre as quais poderia destacar a do maluquinho Nigel Kennedy, e pode-se ver que Hahn fez, e ainda faz, as lições de casa direitinho. Os comentaristas da Amazon deram 4 estrelas e meia para este CD. Concordo. O conjunto da obra é altamente recomendável e delicado. Ótimo para se ouvir num dia de chuva, claro que sempre acompanhado por um bom vinho.

Edward Elgar (1857-1934) – Violin Concerto / Ralph Vaughan Williams (1872-1958): The Lark Ascending (Hahn / Davis)

Edward Elgar – Violin Concerto in B minor, Op. 61
1 – Allegro 17min59
2 – Andante 12min18
3 – Allegro molto 19min26

Ralph Vaugham Williams
4 – The Lark Ascending, romance for violin & orchestra 16min21

Hilary Hahn – Violin
London Symphony Orchestra
Sir Colins Davis – Conductor

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A jovem Hilary Hahn durante visita à Livraria Bamboletras.

FDP

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 95 e 97 (Szell)

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 95 e 97 (Szell)

Mais duas maravilhosas sinfonias de Haydn, desta vez à cargo do grande George Szell à frente da Orquestra de Cleveland. Mais uma dupla incrível, que realizou gravações maravilhosas ainda nos anos 60.

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 95 e 97 (Szell)

1 Symphonie in C Minor nº 95 – Allegro
2 Symphonie in C Minor nº 95 – Andante
7 Symphonie in C Minor nº 95 – Menueto
8 Symphonie in C Minor nº 95 – Finale- Vivace

9 Symphonie in C Major nº 97 – adagio – Vivace
10 Symphonie in C Major nº 97 – Adagio ma non troppo
11 Symphonie in C Major nº 97 – Menuetto – Allegretto
12 Symphonie in C Major nº 97 – Finale – Spirituoso

Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor

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Szell apreciava a regência, mas preferiria ter sido guarda de trânsito

FDP

Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão, Op. 45 (Gardiner)

Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão, Op. 45 (Gardiner)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Não preciso falar da paixão que nutrem os irmãos PQP e FDP pela obra desse gênio alemão. Temos postado muita coisa dele. Mas não resistimos a compartilhar nossas emoções com os caros leitores/ouvintes do blog.

Pois bem, a obra escolhida de Brahms foi simplesmente “Ein Deutsches Requiem”. Escolhi esta peça pois o final de semana se aproxima, e todos terão tempo de aprecia-la com atenção. Não é uma obra fácil, ao contrário, é extremamente complexa, e considerada sua maior e mais ousada obra. Composta para grande orquestra, coro misto e dois solistas, barítono e soprano, mostra uma faceta um tanto quanto diferente de Brahms, mas coerente com seus ideais estético-musicais. Cito um pequeno trecho do filósofo alemão Ernst Bloch, colhido da biografia de Brahms escrita por Malcolm McDonald:

“à música do Requiem não falta contenção e o que lhe equivale em Brahms: uma preciosa profundidade que evita a apoteose (…) Esta música nos está dizendo que existe um broto – não mais porém não menos – que poderia florescer em alegria perpétua e que sobreviverá às trevas, que na realidade ele aprisiona dentro de si (…) Nas trevas desta música estão cintilando aqueles tesouros que estão livres da ferrugem e das traças. Referimo-nos àqueles tesouros permanentes em que a vontade e o objetivo, a esperança e sua satisfação, a virtude e a felicidade possam ser unidos, em um mundo sem decepção e de supremo bem – o réquiem circunda a região secreta do supremo bem”.

Após essa belíssima descrição, que mais podemos dizer? Ah, sim, talvez uma idéia geral da obra.

Possivelmente foi escrita entre 1865-1866, logo após a morte da mãe do compositor. Com certeza ela já vinha sendo pensada já a alguns anos. Está intimamente enraizada na Bíblia Luterana, ao contrário de outros Requiems, baseados na liturgia romana. O texto foi retirado de diversas passagens do Antigo e do Novo Testamento, e para McDonald, “se dirige essencialmente aos sentimentos dos desolados pela perda de uma pessoa querida, em uma meditação consoladora sobre o destino comum dos mortos e dos vivos. (…) Não é o primeiro Réquiem em alemão (…) mas foi o primeiro em que um compositor escolhera e moldara seu texto, para ressonâncias essencialmente pessoais, a fim de falar a um público contemporâneo numa linguagem compartilhada, transcendendo as coerções do ritual: um sermão profético a partir da experiência particular e com aplicação universal”.

A obra é dividida em sete partes:

Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão, Op. 45 (Gardiner)

1 – Chor: Selig sind, die da Lied tragen
2 – Chor: Denn alles Fleisch, es ist wie Grãs
3 – Solo (Bariton) und Chor: Herr, lehre doch mich
4 – Chor: Wie liebich sind Deine Wohnungen
5 – Solo (Sopran) und Chor: Ihr habt nun Traurigkeit
6 – Solo (Bariton) und Chor: Denn wir haben hie keine bleibende Statt
7 – Chor: Selig sind die Toten, die in dem Herrn sterben

A gravação é a premiada e elogiadíssima versão de Sir John Eliot Gardiner. Maiores detalhes abaixo:

Rodney Gilfry (Baritone)
Charlotte Margiono (Soprano)
Monteverdi Choir e Orchestre Révolutionnaire et Romantique
Conducted by: Sir John Eliot Gardiner

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Dãããããã… O que será que tem aqui? Um soco inglês?

FDP / PQP Bach

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Motetos, BWVs 225-230 (Herreweghe)

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Motetos, BWVs 225-230 (Herreweghe)

Por algum motivo até agora inexplicável, os Motetos de papai ainda não foram postados. Não sei o porque, talvez mano PQP esteja guardando algum trunfo na manga, mas resolvi atender a alguns pedidos insistentes, feitos no correr dos últimos meses, aproveitando uma pequena folga que terei nesta semana. Obras corais extremamente complexas, inexplicavelmente pouco gravadas (talvez mesmo pela sua dificuldade de interpretação), estes motetos são verdadeiras obras primas de papai. Introspectivas, meditativas, elas exigem do ouvinte concentração absoluta, de preferência sem barulhos externos que atrapalhem suas peculiaridades. Herreweghe, bem, Herreweghe é um dos maiores regentes da obra de papai. Até agora não li nenhum comentário negativo de suas gravações. A Chapelle Royale e o Collegium Vocale Gent são seus eternos  companheiros, e graças a eles e seus solistas, temos tido acesso a interpretações magníficas, não apenas das obras de papai, mas também de diversos outros compositores barrocos.

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Motetos, BWVs 225-230 (Herreweghe)

01 – BWV 226 Der Geist hilft unsrer Schwachheit auf
02 – BWV 228 Fürchte dich nicht
03 – BWV 227 Jesu meine Freude
04 – BWV 229 Komm, Jesu, Komm
05 – BWV 230 Lobet den Herrn, alle Heiden
06 – BWV 225 Singet dem Herrn ein neues Lied

La Chappele Royalle
Collegium Vocale, Gent
Phillipe Herreweghe – Condutor

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Frans Hals: Dois meninos cantando (1620)

FDP Bach

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 94, 96 e 100 (Dorati)

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 94, 96 e 100 (Dorati)

Três grandes sinfonias de Haydn, interpretadas por um de seus grandes intérpretes, Antal Dorati. Para que pedir mais nesse princípio de Primavera?

As sinfonias “Surpresa”, “Milagre” e “Militar” têm suas peculiaridades, e estes nomes às definem bem. Destaque para a de nº 100, conhecida como “Militar”. O gênio de Haydn inseriu na obra diversos elementos de marchas militares, e percussão em excesso. Muitas vezes podemos imaginar um pelotão marchando.

A interpretação de Dorati é magnífica. Possui um profundo conhecimento da obra de Haydn e estabelece uma cumplicidade com a orquestra que permite um total domínio sobre a mesma. Lembramos que com esta mesma Philarmonia Hungarica ele gravou a integral das sinfonias de Haydn. Ou seja, ambos se conheciam muito bem.

Outro lembrete: com a postagem do cd de Brüggen, regendo as sinfonias de nº 90 e 93, tivemos a partir desta de nº 93 o início do ciclo conhecido como Sinfonias “Londres”. Com estas 12 últimas sinfonias compostas, 93 a 104, Haydn estabeleceu em definitivo o gênero “Sinfonia”, e deu-lhe uma estrutura própria, que só viria a ser modificada com a “Eroica” de Beethoven. Mas isso é outra história.

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 94, 96 e 100 (Dorati)

1- Symphonie 94 in G Major – Adagio cantabile – vivace assai
2 -Symphonie 94 in G Major – Andante
3 – Symphonie 94 in G Major – Menuetto
4 – Symphonie 94 in G Major – Finale Allegro di molto

5 – Symphonie nº 96 in D – Adagio – Allegro
6 – Symphonie nº 96 in D – Andante
7 – Symphonie nº 96 in D – Menuetto – Allegretto
8 – Symphonie nº 96 in D – Finale – Vivace assai

9 – Symphonie nº 100 – Adagio – Allegro
10 – Symphonie nº 100 – Allegretto
11 – Symphonie nº 100 – Menuetto
12 – Symphonie nº 100 – Finale – Presto

Philarmonia Hungarica
Antal Dorati – Conductor

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Doratão comandando a massa

FDP

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – O Cravo Bem Temperado – Masaaki Suzuki

Mesmo já tendo passado vinte e sete anos de sua realização, essa gravação de Masaaki Suzuki continua atual, se comparada com outras mais recentes. O cravista e maestro japonês dá um show de interpretação, com uma técnica apuradíssima e uma sensibilidade única. Não temos aqui aquelas interpretações mecânicas, por demais técnicas e virtuosísticas. Não por acaso, Suzuki é um dos maiores intérpretes da obra de Bach nesse século. Com seu conjunto Bach Collegium Japan vem se dedicando a gravar a obra do gênio de Leipzig em sua integra. Quem viver, verá.

Mesmo sendo considerada uma obra fundamental no repertório, “O Cravo Bem Temperado” só foi publicado 51 anos após a morte de Bach, porém cópias manuscritas por seus alunos e discípulos circularam por toda a Europa, tendo chegado às mãos de Beethoven, Mozart e Haydn, que a estudaram com atenção. O famoso maestro Hans von Bülow considerava a obra ‘O Velho Testamento do Piano’, e Schumann o considerava ‘o pão do dia a dia do pianista‘. Não por acaso, até hoje os prelúdios e fugas do Cravo são utilizados na educação musical.

Temos várias gravações de excelente qualidade dessas obras aqui no PQPBach, destacaria a recém lançada pelo lendário maestro e cravista Trevor Pinnock, que o colega René Denon postou há não muito tempo. Interpretadas ao piano, a gravação de Glenn Gould continua sendo referência dentre os ‘jurássicos’, e András Schiff dentre as gravações atuais. Vale a pena serem baixadas para as devidas comparações. Suzuki segue a linha da interpretação historicamente informada, sendo um pouco mais criterioso e detalhista em sua abordagem, se podemos falar assim.

Espero que apreciem, pretendo trazer outras gravações desse incrível músico japonês, como já comentei anteriormente, uma referência em se tratando de Bach neste século XXI.

CD 1 – Das wohltemperierte Klavier, Buch I
1 – 24 – Praeludium und Fuge, BWVs 846 a 857

 

CD 2 Das wohltemperierte Klavier, Buch I

1 – 24 – Praeludium und Fuge, BWVs 858 a BWV 869

 

CD 3 – Das Wohltemperierte Klavier Book II 

1 – 24 Praeludium und Fuge BWV 870 a BWV 882

 

CD 4 – Das Wohltemperierte Klavier Book II 

1 – 24 BWV 883 a BWV 893

Masaaki Suzuki – Cravo

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Johannes Brahms (1833-1897): Trios para Piano (Trio Fontenay)

Pretendo com esta postagem voltar a me dedicar a meu compositor favorito, o bom e velho Johannes Brahms, e trago seus trios para piano, obras primas incontestes desse repertório.

Já trouxe essas mesmas obras em outras ocasiões, principalmente a versão do Beaux Arts Trio, talvez o melhor registro já realizado, mas existem outras gravações de excelente qualidade, como essa que trago hoje, com os alemães do “Trio Fontenay“, em dois cds lançados entre 1988 e 1990.

Já encontramos o DNA de Brahms presente no op. 8, obra de juventude, mas que foi revisada pelo compositor já no final de sua vida. Talvez a melhor maneira de entendermos e conhecermos esse compositor tão especial seja exatamente por essas obras com menor número de instrumentos. Nelas, Brahms consegue se expressar com muita propriedade, nos fascinando com suas escolhas e principalmente, com uma perfeita interação entre os instrumentos, não deixando nenhum deles se sobressair muito, em perfeita harmonia.

Para quem não conhece a obra de Brahms, ou a teme por algum motivo (já comentaram comigo que a achavam por demais hermética), creio que os Trios sejam a melhor apresentação. Líricas e muito expressivas, revelam a alma de um compositor que viveu sua vida em função da música.

Espero que apreciem.

Johannes Brahms (1833-1897): Trios para Piano (Trio Fontenay)

CD 1

01. Piano Trio No. 1 in B major, op. 8 (revised 1889) – I. Allegro con brio
02. Piano Trio No. 1 in B major, op. 8 (revised 1889) – II. Scherzo Allegro molt
03. Piano Trio No. 1 in B major, op. 8 (revised 1889) – III. Adagio
04. Piano Trio No. 1 in B major, op. 8 (revised 1889) – IV. Finale Allegro
05. Piano Trio No. 2 in C major, op. 87 – I. Allegro
06. Piano Trio No. 2 in C major, op. 87 – II. Tema con variazioni Andante con moto
07. Piano Trio No. 2 in C major, op. 87 – III. Scherzo Presto – Trio Poco meno
08. Piano Trio No. 2 in C major, op. 87 – IV. Finale Allegro giocoso

CD 2

01. Piano Trio No. 3 in C minor, op. 101 – I. Allegro energico
02. Piano Trio No. 3 in C minor, op. 101 – II. Presto non assai
03. Piano Trio No. 3 in C minor, op. 101 – III. Andante grazioso
04. Piano Trio No. 3 in C minor, op. 101 – IV. Finale Allegro molto
05. Piano Trio in A major, op. posth. (1853) – I. Moderato
06. Piano Trio in A major, op. posth. (1853) – II. Vivace – Trio
07. Piano Trio in A major, op. posth. (1853) – III. Lento
08. Piano Trio in A major, op. posth. (1853) – IV. Presto

Trio Fontenay:
Wolf Harden – Piano
Michael Mücke – Violin
Niklas Schimdt – Cello

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FDP

Robert Schumann – Sinfonias – Pablo Heras-Casado, Münchner Philharmoniker

Depois de Brahms, Schumann é meu compositor romântico favorito em se tratando de sinfonias. Desde os primeiros acordes da Primeira Sinfonia, vejo um mundo imenso de possibilidades e sentimentos. Mas ao contrário das sinfonias de seu amigo Brahms, sempre vendo o mundo de uma forma mais complexa e densa, Schumann consegue nos apresentar uma outra forma de ver o mundo, mais alegre, mais colorida e ensolarada. Não por acaso primeira Sinfonia é intitulada ‘Primavera’. Como sempre, sugiro fortemente a leitura do livreto em anexo.

Sabemos que Robert, até determinada fase de sua vida, se dedicava às composições para piano, mas graças à sua esposa, Clara, ele encarou o desafio e compôs a Sinfonia nº1. O depoimento abaixo de Clara Schumann nos dá uma ótima perspectiva do assunto:

“seria melhor se ele compusesse para orquestra; sua imaginação não encontra espaço suficiente no piano… Suas composições são todas orquestrais no sentimento… Meu maior desejo é que ele componha para orquestra – esse é o campo dele! Que eu consiga trazê-lo para isso!” (extraido da Wikipedia, tradução livre).

Ah, Clara, sábias e proféticas palavras, que ajudaram a nos trazer quatro obras primas fundamentais do repertório sinfônico.

Existem diversas gravações de excelente qualidade destas sinfonias, já trouxemos diversas opções. Pablo Heras-Casado vem se destacando nos últimos anos nos palcos do mundo inteiro, e essa sua parceria com a poderosa Filarmônica de Munique só ajuda a fortalecer seu nome. A gravação foi realizada em 2022, bem recente, e lançada pelo selo Harmonia Mundi.

CD 1

Symphony No. 1 Op.38 ‘Frühling’ B-Dur
1 | I. Andante un poco maestoso – Allegro molto vivace
2 | II. Larghetto
3 | III. Scherzo. Molto vivace
4 | IV. Allegro animato e grazioso

Symphony No.2 Op.61 C major
5 I. Sostenuto assai – Un poco più vivace – Allegro ma non troppo – Con fuoco
6 II. Scherzo. Allegro vivace
7 III. Adagio espressivo
8 IV. Allegro molto vivace

CD 3

Symphony No.3 Op.97 ‘Rhenish’ E-flat major
1 I. Lebhaft
2 II. Scherzo. Sehr mäßig
3 III. Nicht schnell
4 IV. Feierlich
5 V. Lebhaft

Symphony No.4 Op. 120 (1851 version) D minor
6 I. Ziemlich langsam – Lebhaft
7 II. Romanze. Ziemlich langsam
8 III. Scherzo. Lebhaft
9 IV. Langsam – Lebhaft

Münchner Philharmoniker
Pablo Heras-Casado

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FDP

Francesco Durante: Magnificat / Emanuele D’Astorga: Stabat Mater / Giovanni Battista Pergolesi: Confitebor tibi Domine (Freiburg Baroque Orch / Hengelbrock)

Francesco Durante: Magnificat / Emanuele D’Astorga: Stabat Mater / Giovanni Battista Pergolesi: Confitebor tibi Domine (Freiburg Baroque Orch / Hengelbrock)

Confesso que até ouvir este cd, nunca tinha ouvido falar de Francesco Durante, ou Emmanuel D’Astorga, o que realmente me chamou a atenção foi o Pergolesi, autor de meu “Stabat Mater” favorito, já postado aqui no blog, na magnífica versão de Emma Kirkby e Christopher Hogwood. Mas qual não foi a minha supresa ao ouvir a “Magnificat” de Francesco Durante, e o Stabat Mater” de D’Astorga: músicas absolutamente maravilhosas, com corais próximos ao que imagino como corais de anjos, e de uma profundidade religiosa que não admite brincadeiras. Então, para esta data natalina, nada como música religiosa de extrema beleza. Maiores informações sobre Franceso Durante, que foi aluno de Scarlatti, pode encontrada aqui. Aproveito esta postagem para desejar a todos os nossos leitores-ouvintes um Feliz Natal e um excelente 2009, e prometo que continuarei trabalhando para possibilitar a vocês o privilégio de terem acesso a música de excelente qualidade com suas melhores interpretações.

Francesco Durante: Magnificat / Emanuele D’Astorga: Stabat Mater / Giovanni Battista Pergolesi: Confitebor tibi Domine (Freiburg Baroque Orch / Hengelbrock)

01 – Francesco Durante – Magnificat – Magnificat anima mea (coro)
02 – Francesco Durante – Magnificat – Et misericordia (Solo Soprano)
03 – Francesco Durante – Magnificat – Fecit potentiam (Coro)
04 – Francesco Durante – Magnificat – Deposuit potentes (Coro)
05 – Francesco Durante – Magnificat – Suscepit Israel (Duetto Tenore-Basso)
06 – Francesco Durante – Magnificat – Sicut locutus est (Coro)
07 – Francesco Durante – Magnificat – Gloria Patri (Coro)
08 – Francesco Durante – Magnificat – Sicut erat in principio (Coro)

Ekkehard Abele, Ann Monoyios, Johannes Happel, Bernhard Landauer, Hermann Oswald – Solistas
Freiburg Baroque Orchestra
Thomas Hengelbrock- Director

09 – Emanuele D’Astorga – Stabat Mater – Stabat Mater (Coro)
10 – Emanuele D’Astorga – Stabat Mater – O quam tristis (Terzetto Soprano-Tenore-Basso)
11 – Emanuele D’Astorga – Stabat Mater – Quis est homo (Duetto Alto-Soprano, Duetto Tenore-Basso)
12 – Emanuele D’Astorga – Stabat Mater – Eja mater (Coro)
13  – Emanuele D’Astorga – Stabat Mater – Sancta Mater (Solo soprano)
14  – Emanuele D’Astorga – Stabat Mater – Fac me tecum (Duetto Alto-Tenore)
15 – Emanuele D’Astorga – Stabat Mater – Virgo virginum (Coro)
16 – Emanuele D’Astorga – Stabat Mater – Fac me plagis (Solo Basso)
17  – Emanuele D’Astorga – Stabat Mater – Christe cum sit (Coro)

Ekkehard Abele, Johannes Happel, Bernhard Landauer, Hermann Oswald, Hans-Jorg Mammel – Solistas
Freiburg Baroque Orchestra
Thomas Hengelbrock- Director

18  – Giovanni Battista Pergolesi – Confitebor tibi Domine – Confitebor (Coro)
19  – Giovanni Battista Pergolesi – Confitebor tibi Domine – Confessio (Solo Soprano)
20 – Giovanni Battista Pergolesi – Confitebor tibi Domine – Fidelia omnia (Solo Soprano)
21 – Giovanni Battista Pergolesi – Confitebor tibi Domine – Redemptionem misit (Coro)
22  – Giovanni Battista Pergolesi – Confitebor tibi Domine – Sanctum et terribile (Solo Alto)
23  – Giovanni Battista Pergolesi – Confitebor tibi Domine – Intellectus bonus (Solo Alto)
24  – Giovanni Battista Pergolesi – Confitebor tibi Domine – Gloria Patri (Coro)
25  – Giovanni Battista Pergolesi – Confitebor tibi Domine – Sicut erat (Coro)

Ekkehard Abele,Johannes Happel, Bernhard Landauer, Stephanie Moller, Hermann Oswald, Hans-Jorg Mammel – Solistas

Freiburg Baroque Orchestra
Thomas Hengelbrock- Director

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Thomas Hengelbrock feliz após ver o Inter de Coudet.

FDP

Antonio Vivaldi: Concerti per Flauto e Flautino – Dorothée Oberlinger, Sonatori de La Gioiosa Marca

Eis um CD para ouvirmos sem nos cansar, mesmo que seja em um sábado de manhã, envolvido na faxina semanal da casa, tal a qualidade dos músicos envolvidos, e claro, a qualidade das obras interpretadas. Temos aqui um grupo de músicos especializados nesse repertório, liderados pela excepcional flautista Dorothée Oberlinger. Em outras palavras, gente que vive e respira o barroco vinte e quatro horas por dia, sem excessos ou virtuosismos extremos, e que nos oferece um Vivaldi muito atual, mesmo seguindo a linha do historicamente interpretado. Oberlinger se utiliza de instrumentos construídos baseados em modelos dos séculos XVII e XVIII.

Sugiro a leitura do livreto que segue em anexo ao arquivo, que traz uma contextualização histórica das obras gravadas e demais informações técnicas.

Antonio Vivaldi – Concerto per Flauto e Flautino – Dorothée Oberlinger, Sonatori de La Gioiosa Marca

Concerto in re maggiore «La Pastorella» rv 95 per flauto, due violini, violoncello e b.c. (c/e/g)
1 Allegro
2 Largo
3 Allegro

Concerto in sol maggiore rv 101 per flauto, due violini, violoncello e b.c. (b/c/f)
4 […]
5 Largo
6 Allegro

Concerto in la minore rv 108 per flauto, due violini e b.c. (a/c/f)
7 Allegro
8 Largo

Concerto in do maggiore rv 444 per flautino, due violini, viola e b.c. (a/b/c/f)
10 Allegro non molto
11 Largo
12 Allegro molto

Concerto in sol maggiore rv 443 per flautino, due violini, viola e b.c. (a/b/c/f)
13 […]
14 Largo
15 Allegro molto

Concerti per flauto e flautino, archi e basso continuo A 334

16 Allegro ma non molto tutti gl’istromenti sordini
17 Cantabile*
18 Largo e cantabile
19 Allegro

Concerto in si bemolle maggiore «Conca» rv 163 per due violini, viola e b.c. (a/b/c/f)

20 […] / Allegro molto
21 Andante**
22 Allegro

DOROTHEE OBERLINGER flauti dritti
SONATORI DE LA GIOIOSA MARCA

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FDP

Dorothée Oberlinger posando com uma de suas flautas no Hall do PQPCorp. Ltd., em Cambuci, SP.

Viva Pollini (1942-2024): Johannes Brahms – Concerto para Piano Nº 1 – Pollini, Böhm, Wiener Philharmoniker

Morre o homem, vive o Mito. Acho que é essa a expressão que se usa quando um grande pessoa morre, daquelas pessoas que realmente contribuíram de alguma forma para tornar este nosso triste planeta mais agradável de se viver.

Maurizio Pollini nos deixou mas ficou sua obra e seu talento, imortalizado em diversos discos, que irão nos acompanhar no resto da jornada de nossas vidas. E é um destes discos, talvez uma das melhores gravações já realizadas deste imortal concerto, que trago para os senhores, para entenderem a dimensão e o tamanho do artista que nos deixou. Tivemos o privilégio de ter acesso a essas gravações.

Karl Böhm nos deixou há muito tempo, quarenta e três anos, para ser mais exato, e um pouco antes de vir a falecer entrou no estúdio com o jovem Pollini e gravou o Concerto para Piano nº 1, de Brahms, um dos concertos mais emblemáticos já escritos para o instrumento. E tinha de ser com a maior das orquestras, a Filarmônica de Viena, orquestra que dirigiu por décadas. Essa gravação me foi apresentada há não muitos anos, mas desde o primeiro momento entendi que era muito especial. Gilels, Richter, Rubinstein, Kovacevich, todos estes gigantes do piano deixaram registradas suas interpretações desse concerto, todas com seus méritos, com certeza, e Pollini sem dúvida, com essa gravação, escreveu seu nome no panteão dos grandes intérpretes dessa obra.

Alguns anos mais tarde ele gravou os dois concertos de Brahms com seu grande amigo, Claudio Abbado, e mais recentemente, com Christian Thielemann. Ouvi essa última gravação hoje de tarde, também excelente, mas a presença de Böhm aqui é o grande diferencial. O velho maestro conduz os filarmônicos austríacos com sabedoria, como não poderia deixar de ser, tantas as vezes em que ele dirigiu não apenas essa orquestra, mas também esse concerto. Grande músico que já era, Pollini entendeu que tinha um grande parceiro ao seu lado, e se portou de forma digna, nos apresentando uma interpretação muito expressiva, porém sem cair em sentimentalismos exagerados.

Escrevi esse texto no calor do momento, em tempo recorde,  a pedidos do nosso mentor PQPBach. Meu acervo é muito grande, e é complicado encontrar certas gravações que não ouvimos há muito tempo. Consegui esse arquivo com o colega Rene Denon, também um fã de Pollini. No correr da semana vou tentar atualizar os links de minhas postagens antigas com o grande pianista.

Descanse em Paz, maestro Maurizio.

01. Piano Concerto No. 1 Op. 15- I. Maestoso
02. Piano Concerto No. 1 Op. 15- II. Adagio
03. Piano Concerto No. 1 Op. 15- III. Rondo. Allegro non troppo

Maurizio Pollini – Piano
Wiener Philharmoniker
Karl Böhm – Conductor

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FDP

Domenico Scarlatti (1685-1757): Sonatas para Cravo (Zilberajch)

Domenico Scarlatti (1685-1757): Sonatas para Cravo (Zilberajch)

Por algum motivo, até agora nada tínhamos postado de nenhum dos Scarlattis. Neste belo CD — bastante tranquilo para o padrão de Domenico –, o pianoforte utilizado por Aline Zilberajch foi fabricado na mesma época em que Scarlatti vivia, por um elemento chamado Bartolomeo Cristofori, que é considerado o inventor do piano. O encarte do CD contém uma interessante descrição do processo de criação e fabricação do instrumento, mas não nos diz se Domenico estava apaixonado por Maria Bárbara… Reconheço que até então nunca tinha ouvido falar em Aline Zilberajch, mas fiquei surpreso ao conhecer seu currículo. Sua especialidade é exatamente este período da história da música, séculos XVII e XVIII, e é uma das principais intérpretes deste instrumento. Ah, para alegria de Clara Schumann, é uma das grandes intérpretes dos seus amados Rameau, Couperin, entre outros tantos compositores franceses que viveram entre estes séculos.

Domenico Scarlatti (1685-1757): Sonatas para Cravo (Zilberajch)

1. Sonate für Cembalo f-moll K 481 (L 187): Andante è cantabile
2. Sonate für Cembalo f-moll K 386 (L 171): Presto
3. Sonate für Cembalo D-Dur K 282 (L484): Allegro
4. Sonate für Cembalo d-moll K 213 (L 108): Andante
5. Sonate für Cembalo g-moll K 43 (L40): Allegrissimo
6. Sonate für Cembalo C-Dur K 308 (L 359): Cantabile
7. Sonate für Cembalo C-Dur K 49 (L 301): Presto
8. Sonate für Cembalo C-Dur K 133 (L 282): Allegro
9. Sonate für Cembalo g-moll K 93 (336): Fuga
10. Sonate für Cembalo D-Dur K 45 (L 265): Allegro
11. Sonate für Cembalo d-moll K 32 (L 423): Aria
12. Sonate für Cembalo d-moll K 517 (L 266): Prestissimo
13. Sonate für Cembalo G-Dur K 144: Cantabile
14. Sonate für Cembalo G-Dur K 391 (L 79): Minuet
15. Sonate für Cembalo D-Dur K 490 (L 206): Cantabile
16. Sonate für Cembalo A-Dur K 220 (L 342): Allegro
17. Sonate für Cembalo E-Dur K 216 (L 273): Allegro
18. Sonate für Cembalo e-moll K 291 (L 61): Andante

Aline Zilberajch – Pianoforte

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Com muita paciência, Aline Zilberajch explica a PQP como se escreve seu nome.

FDP

Richard Wagner (1813-1883): Glenn Gould Conducts Wagner´s Siegfried Idyll

Richard Wagner (1813-1883): Glenn Gould Conducts Wagner´s Siegfried Idyll

Quando comprei este CD o fiz com um misto de receio e de curiosidade. Na época eu conhecia pouco a obra de Wagner, mas já conhecia a excentricidade de Glenn Gould, e me pareceu no mínimo deveras curioso um especialista em Bach tocando Wagner ao piano, ainda mais obras tão ricas orquestralmente falando, como a abertura dos “Mestres Cantores”, ou até mesmo o magnífico “Idílio” de Siegfried.

Mas o que realmente chama a atenção neste cd é Glenn Gould regendo um pequeno grupo de câmera. Foi sua primeira, única e última experiência no gênero, pois faleceu logo depois. O “Idílio” de Siegfried foi originalmente composto para uma pequena orquestra, 13 ou 14 músicos. Transcrevo abaixo o texto do libreto que acompanha o cd:

“(…) Em 1964 o próprio Gould ingressou no seu futuro de alta tecnologia retirando-se completamente da cena concertística. Em seguida permitiu ao público que ouvisse a sua produção musical somente sob a forma de cuidadas gravações, transmissões radiofônicas e transmissões de vídeo. Certa vez Wagner disse que, depois ter inventado a ‘orquestra invisível’ em Bayreuth queria agora inventar o ‘palco invisivel’, do qual Gould se voltava para o público na maneira pela qual Wagner enunciava às platéias de execuções convencionais e obrigava os ouvintes a aceitar os seus termos de apresentação.

Ao primeiro impacto não se associaria a transparência cristalina de um especialista em Bach como Gould com as redundantes sonoridades do ultra-romântico Wagner. Efetivamente, porém, Gould nutira profundo amor por Wagner, um amor que encontrava o próprio fundamento na natureza incorrigivelmente polífônica da sua música. As transcrições aqui apresentadas não só deram a Gould a possibilidade de ter uma experiência direta de Wagner, negada a quase todos os pianistas, mas forneceram também o material para um disco que correspondia aos critérios caros a Gould, apresentando música conhecida de maneira nova, estimulante e diferente. A prestidigitação característica de Gould resulta efetivamente em passagens característicamente contrapontísticas como o fugato do toque de trompa da Viagem ao Reno e a música redundante de Beckmesser na abertura de Os Mestres Cantores com o seu subsequente momento culminante, um tour de force de aguda força rítmica e luminosa transparência. Divertindo-se com a a possibilidade do meio de gravação ir além da execução ao vivo, Gould criou aqui algumas passagens mais densas da gravação a quatro mãos em mais de uma pista, não encontrando nenhum motivo musical para sacrificar a riqueza de Wagner aos limites de dez dedos invisíveis.

Em vez de procurar imitar a orquestra, Gould reelaborou estas peças para piano substituindo as figuras rítmicas por trêmulos introduzindo esquemas de motivos em acordes que se demonstravam muito longos para serem sustentados pelo piano e modificando as duplicações do baixo. Em toda a obra se observam numerosos toques interpretativos inesperados. O tema de marcha dos mestres cantores, pelo início da abertura, habitualmente um momento importante, procede aqui como uma breve e divertida passseata. Não se observa nem mesmo o tradicional retardamento desse tema durante seu aparecimento final, pois Gould saber transformar o enorme tumulto dos instrumentos de corda em um flutuar aéreo.. No ousadamente lento ‘Idílio de Siegfried’ o tema do acalanto em escala descendente é introduzido de maneira surpreendentemente não sentimental; a elaboração em tonalidade terna da peça é posta de lado por um momento sucessivo.

As primeiras tentativas de Gould de reger uma orquestra o desencorajaram de prosseguir nessa atividade porque devia executar movimentos agitando os braços, o que lhe dava tensões musculares que comprometiam seu controle magistral do teclado. Todavia, graças ao seu domínio na arte da composição, tinha a mente de um regente, e no fim se repropôs a tentar ainda compilando listas de repertórios que compreendiam concertos para piano onde podia acompanhar-se a si próprio, através de uma gravação em mais de uma pista. Gould iniciou sua nova carreira de regente em julho de 1982 quando, com os membros da Sinfônica de Toronto, gravou a versão de câmera original do Idílio de Siegfried. Sua executação de estréia, posta em circulação pela primeira vez neste disco, revelou-se um adeus porque Gould, hipertenso crônico, foi vítima de um golpe de apoplexia no dia 4 de outubro seguinte, nove dias depois de seu cinquentário. “ Benjamin Folkman.

Pois bem, então deixo-os com este cd curioso porém de uma beleza ímpar, graças ao talento de Glenn Gould, com certeza um dos maiores músicos do século XX, e que não temia ousar.

Richard Wagner – Glenn Gould Conducts Wagner´s Siegfried Idyll

01 Siegfried Idyll, for small orchestra in E major, WWV 103
02 Die Meistersinger von Nürnberg, opera, WWV 96- Vorspiel Zum I. Aufzug
03 Die Götterdämmerung (Twilight of the Gods), opera, WWV 86d- Tagesgrauen Und Siegfrieds Rheinfahrt
04 Siegfried Idyll, for small orchestra in E major, WWV 103

Membros da Sinfônica de Toronto
Glenn Gould – Piano e Regência

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Glenn Gould: exorcizando Wagner do corpo
Glenn Gould: exorcizando Wagner do corpo

FDP Bach
Link revalidado por FDPBach em 02/24

Brahms & Schumann – Works for Cello & Piano – Bruno Philippe, Tanguy de Williencourt

Essa excelente dupla de músicos franceses já apareceu cá pelas bandas do PQPBach em outra ocasião, em postagem do colega René Denon. Hoje trago os dois encarando aquela que considero a mais bela Sonata para Violoncelo e Piano já composta, o op. 38 de Brahms. Uma obra prima como esta precisa antes de tudo de parceria entre os músicos, e aqui temos Philippe e Williencourt em perfeita sintonia.

Nesta primeira Sonata, composta quando o compositor ainda andava entrando nos seus trinta anos, temos uma novidade: Brahms omite o movimento lento, ficando estruturada da seguinte forma: Allegro non troppo, Allegretto quasi minuetto and Allegro. Trata-se de uma obra leve, solta, porém já com aquela densidade tipicamente brahmsiana, ou seja, nada é tão simples assim. Bruno Phillipe é jovem, ainda tem uma carreira longa pela frente, e não se intimida com as armadilhas de obras tão expressivas. Expõe contidamente toda sua carga dramática, mostrando que é um músico em pleno desenvolvimento, apesar da precocidade.

Malcolm McDonald, em sua excelente e fundamental biografia de Brahms, assim descreve essa primeira Sonata:

Contudo, o resultado é característicamente brahmsiano, acima de tudo no primeiro movimento, cujo caráter cismático e meditativo é reforçado pela concentração de Brahms sobre o registro mais baixo do violoncelo e o tom vivo e sombrio das cordas inferiores. O Piano, porém, nunca é limitado a um papel só de acompanhamento. Brahms de fato seguiu a praxe clássica de denominar a obra uma ‘Sonata para Piano com Violoncelo’, enfatizando a paridade dos dois instrumentos e na co-projeção do material temático as tessituras são minuciosamente entretecidas, às vezes a beira da obscuridade.

Espremida entre a Primeira e a Segunda Sonata, dois petardos peso pesadíssimos, Phillipe e Williencourt nos proporcionam mais momentos prazerosos e mais leves, quando interpretam as “Fantasiestücke for cello and piano”, de Robert Schumann, pequenas peças compostas originalmente para Clarinete, mas podendo ser arranjadas para violoncelo, de acordo com as próprias notas do compositor.

A Segunda Sonata para Violoncelo e Piano, de 0p. 99,  já foi composta por um compositor maduro, totalmente ciente de seu talento e fama. Uma pequena curiosidade: Brahms compôs esta e outras duas de suas obras primas, a Sonata para Violino op. 100 e o Trio com Piano op. 101, enquanto passava suas férias de verão na estação suíça de Hofstetten. Ou seja, este foi um período altamente produtivo. MCDonald considera esta Segunda Sonata ‘de forma relativamente expansiva e de caráter extrovertido.’

Como salientei acima, Bruno Phillipe é um músico jovem (estes registros foram realizados em 2014, quando o músico tinha meros vinte anos de idade), e muito talentoso e tem um grande futuro pela frente, e sua parceria com o pianista Tanguy de Williencourt já proporcionou excelentes CDs, que em algum momento no futuro trarei para os senhores.

Brahms & Schumann – Works for Cello & Piano – Bruno Philippe, Tanguy de Williencourt

Johannes Brahms (1833-1897)

Sonata for cello and piano n°1 in E minor, op. 38

1. Allegro non troppo
2. Allegro quasi Menuetto
3. Allegro

Robert Schumann (1810-1856)

Fantasiestücke for cello and piano, op. 73
4. Zart und mit Ausdruck
5. Lebhaft, leicht
6. Rasch und mit Feuer

Johannes Brahms (1833-1897)

Sonata for cello and piano n°2 in F major, op. 99
7. Allegro vivace
8. Adagio affetuoso
9. Allegro passionato
10. Allegro molto

Bruno Philippe – Cello
Tanguy de Williencourt – Piano

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Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino, Sonata a Kreutzer – Nemanja Radulović, Double Sens

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino, Sonata a Kreutzer –  Nemanja Radulović, Double Sens

Confesso que não vinha acompanhando muito a carreira de Nemanja Radulović até me chegar em mãos esse extraordinário CD da Warner, lançamento de final de ano pela gravadora, onde toca o Concerto para Violino, e uma incrível versão orquestral da Sonata a Kreutzer, que vai deixar os mais puristas de cabelo em pé. O rapaz é acompanhando pela própria orquestra, originalmente um Conjunto de Câmara, mas para esta empreitada, deu uma aumentada no número de músicos, afinal, é o Concerto de Beethoven, né?

Mas enfim, vamos ao CD. Como não poderia deixar de ser, o talento, a versatilidade e o incrível domínio do instrumento prevalecem. Nemanja Radulović é um violinista de mão cheia, cheio de recursos técnicos e ousado em algumas escolhas. E a cumplicidade da ótima orquestra ajuda muito, estão sempre em perfeita sintonia.

Talvez alguns puristas estranhem o arranjo para Violino e Orquestra da “Sonata a Kreutzer”. Mas de acordo com o biógrafo de Beethoven, Maynard Solomon, o próprio compositor considerava essa obra quase uma Sinfonia Concertante, quando anotou na Primeira Edição da Sonata: “Escrita num estilo muito concertante, como o de um concerto”, e Solomon conclui: “assinalando assim a sua intenção de introduzir elementos de conflito dinâmico num dos principais gêneros de salão do período clássico” (SOLOMON, p. 259).

O Concerto para Violino de Beethoven é provavelmente o maior dos Concertos para Violino já compostos e é um prazer ouvir Nemanja Radulović tocando ele. É uma lufada de ar novo, uma nova roupagem, uma nova abordagem, como várias outras que temos acompanhado, que mostram o quanto este Concerto é atemporal. Espero que apreciem, eu gostei muito.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino, Sonata a Kreutzer – Nemanja Radulović, Double Sens

01. Beethoven_ Violin Concerto in D Major, Op. 61_ I. Allegro ma non troppo
02. Beethoven_ Violin Concerto in D Major, Op. 61_ II. Larghetto
03. Beethoven_ Violin Concerto in D Major, Op. 61_ III. Rondo. Allegro
04. Beethoven _ Arr. Radulović_ Sonata No. 9 in A Major, Op. 47 _Kreutzer_
05. Beethoven _ Arr. Radulović_ Sonata No. 9 in A Major, Op. 47 _Kreutzer__ II. Andante con variazioni
06. Beethoven _ Arr. Radulović_ Sonata No. 9 in A Major, Op. 47 _Kreutzer__ III. Finale. Presto

Nemanja Radulović – Violino
Double Sens

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