Repostagem lá de 2011, em uma época em que os os recursos tecnológicos eram escassos, e a qualidade da internet era sofrível. Mas mesmo assim, eu e PQPBach, não lembro quem mais fazia parte do grupo na época, talvez o Bisnaga, um jovem arquiteto com muitas idéias na cabeça e um tremendo conhecedor de Maria Callas, o Monge Ranulfus, nosso eterno Avicenna, com certeza … o Gabriel Clarinete, na época calouro em uma Faculdade de Música, hoje em dia maestro, e claro, eram os últimos dias do Mestre Carlinus entre nós, que saiu para seguir em carreira solo, enfim, lutávamos com o que tinhamos. Então fiz esta postagem de um compositor com quem até então não tinha muita familiaridade, Shostakovich. Inclusive ganhei do próprio PQP Bach logo em seguida a biografia do compositor, que li com atenção.
Enfim, novos links. O tempo passa, o tempo voa … e o velho Shosta continua atualíssimo.
Minha relação com a música de Shostakovich é meio confusa. Não entendo muito de sua obra, mas talvez a culpa não seja dele, e sim de certos comentários que ouvi no correr dos anos chamando-o de estalinista, etc. De alguma forma, criou-se uma barreira, e deixei a ideologia sobrepor-se à qualidade da obra, e nestes 46 anos de vida só ouvi com atenção duas obras suas: esta sensacional Quinta Sinfonia, cuja gravação de Haitink me acompanhou durante muitos anos e sua 13ª sinfonia, na versão do Kondrashin. As outras, meio que as deixei de lado. Após muitos anos, graças às indicações o do maior conhecedor da obra do russo que conheço, sim ele mesmo, nosso estimado PQPBach, cuja generosidade premiou-me com uma biografia do compositor, e à grande admiração que tenho pelo gigante David Oistrakh, o maior violinista do século XX em minha modesta opinião, cujas gravações dos concertos para violino são uma das maiores realizações da indústria fonográfica, me deixaram impressionado, enfim, graças á estes dois, comecei a dar ao velho Shosta a atenção que merecia. Haitink, Jansons e Kondrashin, tenho ouvido estas três integrais das sinfonias com toda a atenção devida, e vim a descobrir um mundo totalmente novo.
Dia desses vi um excelente documentário sobre o Gergiev. Tenho alguns cds dele, inclusive já postei alguns, e com certeza, ele é o grande regente russo deste início de século XXI, e o maior intérprete do universo russo da atualidade. O documentário falava sobre o período em que ele foi diretor da Filarmônica de Roterdam, e tinha diversos depoimentos dos músicos da orquestra, elogiando-o muito.
A aparência desleixada, os cabelos já escassos, mas ainda revoltos, a barba por fazer, enfim, tudo isso são elementos que fazem parte da personalidade de Valery Gergiev, mas não dizem respeito à sua qualidade artística. Volto a repetir o que se fala sobre ele na imprensa especializada: no repertório russo ele é imbatível. E estas gravações de sinfonias de Shostakovich são uma prova disso. Tenho certeza que os senhores vão concordar.
Dimitri Shostakovich (1906-1975) Sinfonias n° 5 e 9
01. Symphony No. 5 – I. Moderato
02. Symphony No. 5 – II. Allegretto
03. Symphony No. 5 – III. Largo
04. Symphony No. 5 – IV. Allegro non troppo
05. Symphony No. 9 – I. Allegro
06. Symphony No. 9 – II. Moderato
07. Symphony No. 9 – III. Presto
08. Symphony No. 9 – IV. Largo
09. Symphony No. 9 – V. Allegretto – Allegro
Neste último CD encontramos uma curiosidade: um arranjo do próprio Beethoven de sua Segunda Sinfonia para Trio com Piano, procedimento comum à época. Claro que vamos sentir falta da orquestração, mas é no mínimo curioso ouvir, e melhor podermos compreender o processo criativo de Beethoven. Aliás, existem diversos arranjos dessa sinfonia para as mais diversas formações (septeto, noneto, cordas, dueto de pianos, etc.). esses arranjos ajudavam a tornar a obra mais conhecida, por vezes sendo possível sua execução em casa. Muitos destes arranjos foram feitos pelo próprio compositor. Coisa de gênio.
Nos últimos anos temos visto a proliferação de diversos Trios com Piano executando essas obras. Alguns destes grupos optam pela execução conhecida como historicamente informada, com instrumentos construídos semelhantes aos da época. Outros, como o próprio Beaux Arts Trio, o interpretaram com instrumentos modernos. Não sou nenhum fanático por nenhuma destas escolas, mas acho importante termos estas opções.
Na medida do possível, nós do PQPBach estamos trazendo as mais diversas opções de interpretação, para os senhores terem acesso à estas possibilidades, aproveitando a ocasião das comemorações dos 250 anos de nascimento deste gênio da humanidade conhecido como Ludwig van Beethoven.
01. Trio in D major (after Symphony No.2) – I. Adagio – Allegro con brio
02. Trio in D major (after Symphony No.2) – II. Larghetto quasi andante
03. Trio in D major (after Symphony No.2) – III. Scherzo
04. Trio in D major (after Symphony No.2) – IV. Allegro molto
05. Triosatz in E flat major – Allegretto
06. Trio No.4 in B flat major, op.11 ‘Gassenhauer’ – I. Allegro con brio
07. Trio No.4 in B flat major, op.11 ‘Gassenhauer’ – II. Adagio
08. Trio No.4 in B flat major, op.11 ‘Gassenhauer’ – III. Tema Pria ch´io l´impegno (Allegretto) con variazioni
Por algum motivo, o produtor da então gravadora Philips optou em separar os trios de op. 70. Deve ter tido seus motivos. Mas o importante é que neste quarto CD temos o famoso ‘Ghost Trio’, o primeiro do opus citado acima. Foi composto em 1809, e, assim como o Segundo Trio de mesmo Opus, foi dedicado a Condessa Marie von Erdödy’, uma nobre húngara e uma das melhores amigas e confidente de Beethoven.
Segundo a Wikipedia, esse Trio é “conhecido como Ghost, e é um de seus trabalhos mais conhecidos no gênero (rivalizado apenas pelo Archduke Trio). O trio, em Ré Maior, apresenta temas encontrados no segundo movimento da Sinfonia nº 2 de Beethoven. O All-Music Guide afirma que “por causa de seu movimento lento estranhamente pontuado e inegavelmente assustador, ele foi apelidado de Trio” Ghost “. permanece com o trabalho desde então. A música fantasmagórica pode ter suas raízes nos esboços de uma ópera de Macbeth que Beethoven estava contemplando na época. ” Segundo Lewis Lockwood, o aluno de Beethoven, Carl Czerny, escreveu em 1842 que o movimento lento lembrou da cena fantasma na abertura do Hamlet de Shakespeare, e essa teria sido a origem do apelido. James Keller também atribui o apelido a Czerny, acrescentando: “Você pode descartar como errônea a alegação frequentemente encontrada de que esse movimento do Trio Fantasma é uma reformulação da música que Beethoven originalmente esboçou como Coro das Bruxas para seu Macbeth.”. Polêmicas à parte, o que importa é que com esse apelido que o trio é conhecido até hoje.
01. Trio in E flat major, op.38 (after Septet, op.20) – I. Adagio – Allegro con brio
02. Trio in E flat major, op.38 (after Septet, op.20) – II. Adagio cantabile
03. Trio in E flat major, op.38 (after Septet, op.20) – III. Tempo di menuetto
04. Trio in E flat major, op.38 (after Septet, op.20) – IV. Andante con variazioni
05. Trio in E flat major, op.38 (after Septet, op.20) – V. Scherzo Allegro molto
06. Trio in E flat major, op.38 (after Septet, op.20) – VI. Andante con moto alla
07. Trio No.5 in D major, op.70 no.1 ‘Ghost’ – I. Allegro vivace e con brio
08. Trio No.5 in D major, op.70 no.1 ‘Ghost’ – II. Largo assai ed espressivo
09. Trio No.5 in D major, op.70 no.1 ‘Ghost’ – III. Presto
Hoje, dia 21 de abril, é feriado. Para aqueles que se encontram em quarentena, em isolamento social devido à pandemia do Coronavírus, tanto faz se é feriado ou não, não acham? É um dia igual ao outro. Tenho um calendário aqui na mesa onde vou riscando os dias que passam. A pilha de livros que aguardavam sua vez de serem lidos está diminuindo, o número de CDs que aguardam sua vez para serem ouvidos também está menor … e assim vão passando os dias.
O terceiro CD da coleção dos Trios para Piano de Beethoven interpretados pelo Beaux Arts Trio traz o que talvez seja o trio mais conhecido, intitulado “Archduke”, de op. 97, obra de maturidade de Ludwig van. Não precisamos ter conhecimento do idioma alemão para entendermos esse nome que leva a obra. Sim, a obra foi dedicada a um nobre, mais especificamente para o Arquiduque Rudolph da Áustria, filho mais novo de Leopold II, Imperador do Sacro Império Romano. Rudolph era músico amador, amigo e aluno de Beethoven, e além disso, um dos patrono do compositor. Entenderam?
01. Trio No.7 in B flat major, op.97 ‘Archduke’ – I. Allegro moderato
02. Trio No.7 in B flat major, op.97 ‘Archduke’ – II. Scherzo Allegro
03. Trio No.7 in B flat major, op.97 ‘Archduke’ – III. Andante cantabile, ma pero
04. Trio No.7 in B flat major, op.97 ‘Archduke’ – IV. Allegro moderato
05. Trio No.9 in E flat major, WoO 38 – I. Allegro moderato
06. Trio No.9 in E flat major, WoO 38 – II. Scherzo Allegro ma non troppo
07. Trio No.9 in E flat major, WoO 38 – III. Rondo Allegretto
08. Trio No.11 in G major, op.121a – 10 Variations on Wenzel Muller’s song “Ich bin der Schneider Kakadu”
Se esta quarentena está servindo para alguma coisa, ao menos para mim está sendo para preparar postagens para o futuro. E acho que meus colegas estão fazendo o mesmo. Hoje, dia 8 de abril, estou preparando os trios com o Beaux Arts Trio que serão postados a partir do dia 19 …
Havia uma dúvida se eu iria postar a primeira ou a segunda versão destes trios, e acabei optando pela segunda. O colega Rene Denon gentilmente ofereceu sua caixa com a primeira versão. Quem sabe postamos mais a frente?
01. Trio No.3 in C minor, op.1 no.3 – I. Allegro con brio
02. Trio No.3 in C minor, op.1 no.3 – II. Andante cantabile con variazioni
03. Trio No.3 in C minor, op.1 no.3 – III. Menuetto Quasi allegro
04. Trio No.3 in C minor, op.1 no.3 – IV. Finale Prestissimo
05. Trio No.6 in E flat major, op.70 no.2 – I. Poco sostenuto – Allegro ma non tr
06. Trio No.6 in E flat major, op.70 no.2 – II. Allegretto
07. Trio No.6 in E flat major, op.70 no.2 – III. Allegretto ma non troppo
08. Trio No.6 in E flat major, op.70 no.2 – IV. Finale Allegro
09. Trio No.10 in E flat major, op.44 – 14 Variations on an original theme – Tema
Curioso, elogiamos tanto o Beaux Arts Trio, mas nunca mais trouxemos os trios de Beethoven interpretados por eles desde os primórdios do Blog, lá em 2008. Estava lembrando agora, que diabos eu fazia da vida em 2008? Aí lembrei que era professor em uma pequena cidade no interiorzão de nosso país. Eu era feliz e não sabia? Mas essa falha só pode ser devido a esquecimento, não acham? Vá entender. Vou trazer então este histórico registro, dentro das comemorações dos 250 anos de nascimento de Beethoven.
Resolvi postar um cd de cada vez. Assim os senhores não ficam tão sobrecarregados de coisas para se ouvir.
01. Trio No.1 in E flat major, op.1 no.1 – I. Allegro
02. Trio No.1 in E flat major, op.1 no.1 – II. Adagio cantabile
03. Trio No.1 in E flat major, op.1 no.1 – III. Scherzo Allegro assai
04. Trio No.1 in E flat major, op.1 no.1 – IV. Finale Presto
05. Trio No.2 in G major, op.1 no.2 – I. Adagio – Allegro vivace
06. Trio No.2 in G major, op.1 no.2 – II. Largo con espressione
07. Trio No.2 in G major, op.1 no.2 – III. Scherzo Allegro
08. Trio No.2 in G major, op.1 no.2 – IV. Finale Presto
09. Trio No.8 in one movement in B flat major, WoO 39 – Allegretto
ATUALIZANDO LINK DESSE CDZAÇO. IMPERDÍVEL !!! Jaap Schroeder não quis saber o que vinha pela frente neste ano de 2020. Faleceu exatamente no primeiro dia do ano. Uma grande perda na História da Música.
Graças ao selo Naxos tive acesso a esta histórica gravação do grande violinista barroco holandês Jaap Schröder, um dos maiores especialistas na técnica barroca de interpretação violinística em instrumentos chamados autênticos. Tem uma longa carreira, e uma longa discografia que o qualificam como um dos principais divulgadores da música do período barroco ao clássico em instrumentos de cordas historicamente autênticos.
Mesmo já tendo passado trinta e poucos anos de sua gravação, realizada dentro de uma Igreja em Basel, Suiça, estas leituras mostram toda a técnica e versatilidade deste grande músico, que já tocou no mundo todo, com todos os tipos de orquestras, conjuntos de câmara, e que com certeza influenciou todos os grandes violinistas da atualidade, principalmente nossas atuais musas do Barroco, Amandine Beyer e Rachel Podger.
Claro que se trata de um CD para se ouvir com calma e tranquilidade, de preferência com um bom fone de ouvido. Facilmente colocamos nele o selo de qualidade do PQPBach de IM-PER-DI-VEL !!!
CD 1
1- 4 Sonata nº 1, in G Minor, BWV 1001
5 – 12 Partita nº 1, in B Minor, BWV 1002
13 – 16 Sonata nº 2, in A minor, BWV 1003
CD 2
1 – 5 Partita nº2, in D Minor, BWV 1004
6 – 9 Sonata nº 3, in C Major, BWV 1005
10 – 15 Partita nº 3, in E Minor, BWV 1006
Mais uma parceria da dupla Ammiratore – FDPBach, dando prosseguimento à postagem das óperas de Richard Wagner (1813-1883). Sim, eu sei, é um processo lento, demorado. Cada postagem é feita com muito cuidado e carinho, pesquisamos bastante, e claro, a correria do dia – a – dia não dá folga. Nem eu nem o Ammiratore sabemos o que é essa tal de quarentena no serviço. Estamos trabalhando normalmente, claro que observadas todas as questões de segurança.
Minha escolha inicial da gravação do “Der fliegende Holländer”, ‘O Holandês Voador’, ou também conhecida como ‘O Navio Fantasma’ era a de Georges Solti, realizada em 1976, tendo Norman Bailey como o Holandês, mas meu caro colega veio com essa versão matadora, provavelmente a melhor gravação já realizada desta ópera, com o imenso Dietrich Fischer-Dieskau, o melhor e mais importante barítono do Século XX e XXI, no papel principal. Esse é um daqueles músicos que alcançaram tal estatura que estão no Olimpo dos grandes intérpretes, ao lado de Rubinstein, Rostropovich, Richter, entre outros. E aqui também temos Fritz Wunderlich, o grande tenor, falecido precocemente, que também realizou algumas gravações memoráveis.
A primeira vez que li alguma coisa sobre a lenda do Holandês Voador foi em uma antiga revista de quadrinhos de histórias de terror, chamada Cripta. Fiquei emocionado com a história. Alguns anos depois comprei o LP duplo da Decca, tendo George Solti como regente, gravação que citei acima. Sendo assim vamos ao que viemos, temos a honra de, novamente, trazer mais uma grande gravação de ópera “Der Fliegende Hollander” o primeiro grande sucesso de Wagner. Desta vez traremos a batuta do maestro Franz Konwitschny, esta performance de 1960 é extraordinária, os cantores Fischer-Dieskau, Gottlob Frick e o grande Fritz Wunderlich estão na ascendente das carreiras. O resultado é uma joia.
Franz Konwitschny
Esta gravação foi feita na Berlim oriental dos anos 60, quase um ano antes da construção do Muro. O maestro Franz Konwitschny (1901-1962), ficou muito pouco conhecido devido à situação política complicada daquela época. Isso é lamentável, porque, como podemos ouvir nesta gravação, ele foi um artista de alto nível e na pesquisa que fizemos ele foi um dos principais pilares de Dresden, Leipzig e Berlim Oriental por muitos anos até sua precoce morte. Ele interpretou esta ópera de Wagner com ritmos bastante restritos e amplo suspense, enfatizando os aspectos líricos e não dramáticos da partitura. Os temas e estruturas da ópera são trabalhados com cuidado e são bem claros. Para isso, ele tinha excelentes músicos, nomeadamente o “Chor der Deutschen Staatsoper Berlin” e a “Staatskapelle Berlin”. Em nenhum momento há uma queda de tensão, ambas as formações fazem um trabalho brilhante. A condução de Konwitschny oferece uma combinação notável de drama, beleza, poder e calor. A orquestra é lindamente cultivada e a qualidade do som é maravilhosa.
Porém a escolha e o foco da gravação é o monumental Dietrich Fischer-Dieskau. Na consciência de suas possibilidades vocais, ele não cria o personagem-título de maneira particularmente poderosa e fantasmagórica, mas apresenta traços quase transcendentais e, assim, cria um psicograma fascinante do marinheiro pálido. Cada frase, cada nota não é apenas cantada lindamente, mas projetada com a mais alta introspecção. … nos oferece uma performance excepcional ! Seu lindo, melódico, sombrio e bravo holandês é tudo o que podemos imaginar do personagem ! PQP que interpretação !
O Daland de Gottlob Frick também merece aplausos. O cantor tinha uma das mais belas vozes graves do século XX, um dos grandes baixos de Wagner de todos os tempos. O jovem Fritz Wunderlich, no pequeno papel de timoneiro, dá uma idéia das grandes realizações que ele foi capaz. Seu magnífico teor quase eleva o timoneiro ao papel de protagonista. Sieglinde Wagner era uma cantora experiente e agrada no papel de Maria. Marianne Schech como Senta, bem…. no geral ela é segura e claramente projeta um ponto de vista dramaticamente diferente da histeria do personagem que estamos acostumados a ouvir. Ela interpreta uma Senta muito lírica, mais romântica e até que ficou bonita, mas não é a personagem beirando a loucura. O dueto entre ela e o Holandes é magnífico, mas romântico. Rudolf Schock, faz seu papel de Erik de forma competente, gostei da forma refrescante ao ouvir a sua abordagem nova, lírica e natural o dueto com Senta também é diferente do tradicional, mais meladão, também muito bonito de ouvir. Os técnicos de gravação fizeram um bom trabalho. O som estéreo é excelente.
Na primeira postagem do “Der Fliegende Hollander” comentamos muito da concepção da obra e do enredo e para não ficar repetitivo vamos abordar nesta postagem outros aspectos tendo como base o incrível trabalho da Iracema Maria de Macedo. Como já escrevemos um texto legal no outro post vale a pena relembrar AQUI.
“Der Fliegende Hollander” é uma ópera romântica em três atos, baseada na versão que Heinrich Heine deu à lenda do holandês errante em “Aus den Memoiren des Herren von Schnabelewopski”, publicada em 1834. A lenda vinha se espalhando pela Europa desde o início do século XVIII e passava de geração a geração. No início do século XIX, começou a receber uma elaboração literária em versões inglesas e alemãs. É uma estória típica de um povo de navegadores, os holandeses, nos tempos das grandes conquistas marítimas. Tratava-se de uma superstição referente a uma embarcação fantástica, supostamente avistada pelos marujos em suas viagens. Essa embarcação sobrenatural se distinguia das embarcações normais por exibir todas as suas velas alçadas ao vento quando as condições de tempo estavam totalmente desfavoráveis e não permitiam aos navios comuns levantar o menor pedaço de pano. Dizia-se que um marinheiro holandês, em punição pela audácia de ter afrontado o diabo durante uma tempestade, foi condenado por este último a errar eternamente pelo mar, sem sossego, sem paz e sem poder morrer. O holandês só se libertaria dessa maldição se uma mulher o amasse e se sacrificasse, sendo-lhe fiel até a morte. A cada sete anos ele tinha o direito de atracar em terra firme em busca de sua redentora.
Wagner escreveu que essa lenda exprime uma característica geral dos homens muito antiga: o desejo de tranquilidade diante das aflições e tempestades da vida. Segundo ele, há duas outras versões muito conhecidas desse tema. No mundo grego, a lenda do holandês se equipara à vida errante de Ulisses em sua nostalgia da pátria e do lar e, no mundo cristão, à lenda do judeu que foi condenado a vagar eternamente sobre a terra, sem direito à morte e ao descanso. Na estória do holandês haveria uma curiosa mistura dos traços da lenda de Ulisses e da lenda do judeu.
A composição de “Der Fliegende Hollander” marca ainda um momento decisivo da evolução de Wagner. Seria o início de sua carreira como poeta dramático e o fim de sua história como libretista de ópera. Ele pensa que isso não teria acontecido bruscamente e de modo consciente mas como uma pulsão natural de sua originalidade e do seu modo particular de encarar a arte. Era o amadurecimento de um artista na descoberta de seu próprio caminho. Rompendo com o modelo tradicional, correu riscos e expôs sua obra a um destino incerto. Porém nas primeiras apresentações “Der Fliegende Hollander” foi uma decepção para o público de Dresden que, pouco tempo antes, havia aclamado calorosamente a ópera “Rienzi”. Wagner compreendeu o quão difícil seria encontrar espectadores amadurecidos e sensíveis a suas inovações. Reza a lenda que após uma apresentação e recepção morna em Berlim, um homem e uma mulher desconhecidos vieram até Wagner falando espontaneamente das expressões e emoções suscitadas pela obra. Para Wagner esse episódio marcou uma compreensão mais nítida, mais importante do que se fazer entender por uma multidão de espectadores, seria atingir a sensibilidade de algumas pessoas, em particular, que poderiam servir como referência para poder perceber se sua mensagem foi transmitida ou não. “Fazer compreender minha intenção era sempre, e antes de tudo, minha preocupação principal e para me assegurar desta compreensão, eu me dirigia instintivamente não mais à massa que me era estrangeira, mas a indivíduos particulares que me faziam apreender distintamente a emoção e o sentimento que eles tinham experimentado. A precisão exata da minha relação com eles exerceu, a partir de então, uma forte influência sobre meu trabalho”.
O holandês é um homem amaldiçoado, um estranho. Wagner mergulhou na história do misterioso marinheiro e criou sua primeira ópera sobre a redenção pelo amor. Dutchman, o andarilho dos mares, inquieto entre a vida e a morte, conhece uma mulher – Senta – que também parece estranha e fascinada por uma figura masculina que nasceu de suas próprias fantasias: o holandês. É um mundo de imagens oscilando entre os sonhos e o fantástico, de obsessões e projeções – um mundo que perde sua conexão com a realidade. Isso afeta especialmente o caçador Erik, que pode parecer ser o único personagem lúcido e verdadeiro. Mas ele perde seu amor para o fantástico. A ópera de Wagner, criada em 1841 e estreada em Dresden em 1843, é um ponto de virada da tradicional ópera romântica alemã representada por Weber e Marschner. Esta ópera é o encontro, pela primeira vez, do tema da vida de Wagner: a redenção do amor através da morte.
Em uma de nossas mesas redondas regadas a vinho, queijo e especiarias lá no Centro de Convenções do PQPBach o nosso querido Vassily Genrikhovich nos presenteou com a gravação que ora compartilhamos. Há anos que procuravamos uma versão do “Der Fliegende Hollander” assim, estupenda! Quero dizer, os amigos do blog não podem imaginar a inspiração completa que flui ao longo desta performance … da atuação, canto, orquestra e engenharia de som! É quase como testemunhar ao vivo! Acho que esta é a versão mais poderosa que eu já ouvi, pelo menos é a mais musical. Na verdade, acredito nos personagens e na história, e é isso que busco quando ouço Ópera. Altamente recomendado !
Sobem as cortinas e apreciem sem moderação esta que é a primeira obra prima de Wagner “Der Fliegende Hollander”.
Richard Wagner
“Der Fliegende Hollaender” – Konwitschny
CD1
01 – Ouvertüre
02 – Hejohe! Hallojo! Ho He! Ja!
03 – Mit Gewitter und Sturm
04 – Die Frist ist um
05 – He! Holla! Steuermann!
06 – Weit komm ich her
07 – Hohohe! Hallojo!
08 – Introduktion (2. Akt)
09 – Summ und brumm, du gutes Rädchen
10 – Johohoe! Traft ihr das Schiff im Meere an
11 – Bleib, Senta!
CD2
01 – Mein Herz, voll Treue
02 – Mein Kind, du siehst mich
03 – Mögst du, mein Kind
04 – Wie aus der Ferne
05 – Verzeiht, mein Volk
06 – Introduktion (3. Akt)
07 – Steuermann, laß die Wacht!
08 – Was mußt’ ich hören
09 – Willst jenes Tages
10 – Verloren!
Personagens e intérpretes
Doland – Gottlob Frick
Senta – Marianne Schech
Erik – Rudolf Schock
Mary – Sieglinde Wagner
Der Steuermann – Fritz Wunderlich
Holländer – Dietrich Fischer-Dieskau
Chor der Deutschen Staatsoper Berlin – Martin Görgen
A Postagem original desta série foi feita lá em fevereiro de 2016, que foi um ano complicado, meu sogro e meu irmão mais velho estavam com sérios problemas de saúde, então nem me focava muito no PQPBach. Infelizmente os dois vieram a falecer com poucos meses de diferença. A música foi uma grande aliada nesse período. O ato de preparar as postagens era um momento para relaxar e esquecer os problemas.
Depois de uma semana longe do meu computador (apenas conferindo emails), semana longa, diga-se de passagem, complicada, tensa, quente, etc., sento novamente em frente ao computador para poder preparar esta última postagem desta histórica gravação.
Como falei, está fazendo muito calor cá para as bandas do sul, com temperatura média de 30º C, ultrapassando fácil, fácil, os 40 º C de sensação térmica. Um inferno tropical.
Mas vamos ao que viemos. O Concerto Imperador dispensa maiores comentários, não temo em dizer que é uma das mais belas obras já produzidas pelo ser humano. E nas mãos desta trinca Fleischer / Szell / Cleveland Orchestra, torna-se quase imbatível.
Ah, antes que me esqueça, mudam-se os nomes no Concerto triplo. Temos então Isaac Stern, Istomin, Rose & Eugene Ormandy e sua Orquestra da Filadélfia.
01 Piano Concerto #5 In E Flat, Op. 73, ‘Emperor’ – 1. Allegro
02 Piano Concerto #5 In E Flat, Op. 73, ‘Emperor’ – 2. Adagio Un Poco Mosso
03 Piano Concerto #5 In E Flat, Op. 73, ‘Emperor’ – 3. Rondo- Allegro
Leon Fleischer – Piano
Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor
04 Concerto In C For Piano, Violin & Cello, Op. 56, ‘Triple’ – 1. Allegro
05 Concerto In C For Piano, Violin & Cello, Op. 56, ‘Triple’ – 2. Largo
06 Concerto In C For Piano, Violin & Cello, Op. 56, ‘Triple’ – 3. Rondo Alla Polacca
Isaac Stern – Violin
Eugene Istomin – Piano
Leonard Rose – Cello
Philadelphia Orchestra
Eugene Ormandy – Conductor
O Concerto nº 5 (de 1811) é apelidado Imperador justamente por ser uma das obras orquestrais mais grandiosas da fase heróica de Beethoven, junto com as Sinfonias nº 3 (1803), 5 e 6 (1808) e a ópera Fidelio com suas quatro Aberturas (1805 a 1814).
Karl Böhm (1894-1981) foi um maestro austríaco que conheceu, em Viena e Salzburgo, as gerações contemporâneas de Brahms e Bruckner, e carregou a tocha do romantismo germânico sem os exageros de Karajan. Realizou gravações famosas de Beethoven com a Filarmônica de Viena e a Staatskapelle Dresden. Sua Pastoral foi escolhida por meu colega Das Chucruten como a gravação romântica por excelência desta sinfonia.
Pollini não precisa de apresentações, os frequentadores do blog acompanharam suas gravações de Beethoven, de Chopin e muitos outros. Ele já foi incensado dezenas de vezes pelos elogios de PQP e FDP, como nesta postagem abaixo, de 2008.
Como colaboração à Fundação para a Divulgação e Inevitável Imortalização do Guia Genial dos Pianistas Maurizio Pollini trago para os nossos leitores / ouvintes um grande momento. Maurizio Pollini tocando o Concerto Imperador acompanhado pelo grande Karl Böhm.
Explico: há alguns meses, uma grande amiga do blog, Laís Vogel, me perguntou com aquele jeitinho que toda a baiana tem, se por acaso eu não teria esta gravação. Como grande admirador destes dois músicos, informei-lhe que obviamente possuía, e que se fosse de seu desejo, eu mandaria para ela. Claro que fã ardorosa de Pollini, e membra(?) fundadora da Fundação para a Divulgação e Inevitável Imortalização do Guia Genial dos Pianistas Maurizio Pollini ela pediu encarecidamente a gentileza. Bem, enviei este material para ela, e acabei esquecendo da tal da gravação, envolvido que estava com outras coisas.
Falar o que sobre o Concerto Imperador a não ser que o considero a maior obra já escrita para o repertório pianístico? Falar o que sobre Pollini que já não tenha sido falado aqui no blog, e ardorosamente defendido pela Fundação para a Divulgação e Inevitável Imortalização do Guia Genial dos Pianistas Maurizio Pollini…? E Karl Böhm, um dos maiores regentes do século XX, imbatível no quesito Mozart?
Vamos deixar, portanto, que a música fale por si mesma.
Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor”
1. Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor” – 1. Allegro
2. Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor” – 2. Adagio un poco mosso
3. Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor” – 3. Rondo (Allegro)
Maurizio Pollini – Piano
Karl Böhm – Condutor
Wiener Philharmoniker
No apogeu de sua carreira, Leon Fleischer desenvolveu distonia focal, um distúrbio do movimento neurológico que o deixou incapaz de tocar com a mão direita por 30 anos. Fleisher foi forçado a se concentrar no ensino e na condução, além de poder tocar apenas o repertório para a mão esquerda. No entanto, após décadas de terapias malsucedidas, as injeções de Botox começaram a restaurar o uso da mão direita de no início dos anos 90.
Leon Fleischer, George Szell e a Cleveland Orchestra fizeram história naquele começo de década de 60. E venderam muito, deixando os executivos da Columbia muito felizes. E olha que na época a concorrência era acirrada no mundo fonográfico. Mas como grandes músicos que eram, deixaram sua marca.
01 Piano Concerto #2 In B Flat, Op. 19 – 1. Allegro Con Brio
02 Piano Concerto #2 In B Flat, Op. 19 – 2. Adagio
03 Piano Concerto #2 In B Flat, Op. 19 – 3. Rondo- Molto Allegro
04 Piano Concerto #4 In G, Op. 58 – 1. Allegro Moderato
05 Piano Concerto #4 In G, Op. 58 – 2. Andante Con Moto
06 Piano Concerto #4 In G, Op. 58 – 3. Rondo- Vivace
Leon Fleicher – Piano
Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor
Hoje trago para os senhores uma repostagem para continuar com minha contribuição às comemorações dos 250 anos do nascimento de Beethoven. E com uma turminha muito especial: Leon Fleischer e George Szell, nos áureos deste com a Orquestra de Cleveland.
O norte-americano Leon Fleischer (californiano, para ser mais exato), foi um fenômeno do piano que apareceu nas paradas ali em meados dos anos 50. O rapaz foi aluno de Arthur Schabel, quiçá o maior intérprete de Beethoven da primeira metade do século XX. Participou de diversas gravações com George Szell e sua Cleveland Orchestra, incluindo aí uma turnê até na Rússia. Ah, com meros 16 anos de idade se apresentou com a New York Philharmonic sob a direção de Pierre Monteux. tem currículo o rapaz… mas continuarei a dar detalhes autobiográficos dele nas postagens que concluirão esta série.
Não sei quantas versões tenho dos concertos para piano de Beethoven, nem quantas já ouvi. Tenho algumas versões favoritas, enquanto que outras se encontram naquela lista para se ouvir com mais atenção, pois tem alguma coisa que se destaca.
Talvez estas gravações de Leon Fleischer se encontrem nesta categoria, pois não as tenho há muito tempo. Claro que os nomes envolvidos chamam a atenção, ainda mais depois da formidável leitura que este mesmo trio, Fleischer / Szell / CO, fez dos concertos de Brahms. Confesso, portanto, que ouvi poucas vezes estes CDs, e deixo a seu cargo a responsabilidade de classificá-los.
Minhas postagens tem sido feitas a toque de caixa, devido a eterna falta de tempo. E aqui novamente não vai ser diferente. Um cd por dia, certo?
01 Piano Concerto #1 In C, Op. 15 – Allegro Con Brio
02 Piano Concerto #1 In C, Op. 15 – Largo
03 Piano Concerto #1 In C, Op. 15 – Allegro Scherzando
04 Piano Concerto #3 In C Minor, Op. 37 – Allegro Con Brio
05 Piano Concerto #3 In C Minor, Op. 37 – Largo
06 Piano Concerto #3 In C Minor, Op. 37 – Allegro
Leon Fleischer – Piano
Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor
Com certeza um dos temas mais marcantes já compostos na história da música é o tema inicial de “Also Sprach Zarathustra”, do compositor alemão Richard Strauss. Minha geração (nasci em 1965) teve a oportunidade de ouvi-la em diversas ocasiões, mas com certeza o tema ficou imortalizado com o clássico de Stanley Kubrick, “2001 Uma Odisséia no Espaço”, com certeza um dos filmes mais importantes da história do cinema. Sim, eu sei, estou exagerando nos superlativos. Mas com certeza é assim mesmo. Acredito que todos que acompanham esse Blog conhecem a obra, se não inteira, pelo menos seu primeiro movimento.
Esse poema sinfônico foi composto em 1896 e estreado naquele mesmo ano. É livremente baseado na obra prima do filósofo alemão Friedrich Nietszche. Mas isso todo mundo sabe.
Herbert von Karajan está em casa com este repertório. O conhecia perfeitamente e deve ter regido a obras inúmeras vezes. Para os interessados, no Youtube se encontra uma entrevista com um especialista em Strauss que relata o encontro do jovem maestro com o veterano compositor e também maestro, lá no começo da década de 40. Sugiro assistirem.
A segunda parte do CD traz as “Vier letzte lieder”, as ‘Quatro Últimas Canções’. e como o próprio nome diz, foi a última obra composta por Strauss. Foi composta sobre poemas de Hermann Hesse. Sua estréia só ocorreu após a morte do compositor, e os intérpretes então foram a soprano Kirsten Flagstad dirigida por Wilhem Fürtwangler. A gravação mais famosa dessa obra provavelmente é de Elizabeth Schwarskopf com George Szell. Aqui Karajan chamou uma de suas sopranos favoritas, com quem gravou inúmeros discos, Gundula Janowitz.
P.S. Antes que eu esqueça, minha gravação não é a da capa aí acima, ou seja, sem o “Till Eulenspiegel” e sem o “Don Juan”, que trarei em outra ocasião.
Como diria nosso saudoso colega Carlinus, uma boa audição.
01. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Einleitung
02. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Von den Hinterweltlern
03. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Von der grossen Sehnsucht
04. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Von den Freuden und Leidenschaften
05. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Das Grablied
06. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Von der Wissenschaft
07. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Der Genesende
08. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Das Tanzlied
09. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Das Nachtwandlerlied
10. Vier letzte lieder AV150 I. Frühling10. Richard Strauss Vier letzte lieder AV150 I. Frühling
11. Vier letzte lieder AV150 II. September
12. Vier letzte lieder AV150 III. Beim Schlafengehen
13. Vier letzte lieder AV150 IV. Im Abendrot
Gundula Janowitz – Soprano
Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan – Conductor
Não vou me extender em maiores considerações sobre essa obra, já temos postagens dela bem descritivas, inclusive a recém postada pelo colega René Denon. Pretendo apenas dar a minha colaboração para com a ocasião da Páscoa. Não sou cristão praticante, de vez em quando acompanho minha esposa nos cultos da Igreja Luterana, comunidade da qual ela faz parte. Mas a música de Bach ultrapassa essas barreiras, ela é atemporal.
Estou trazendo para os senhores uma belíssima gravação de René Jacobs, gravada recentemente. É tudo tão magnífico, belo, perfeito, que me faltam adjetivos para classificá-la. Ouçam com atenção, leiam o texto do booklet, imprescindível para quem quer se aprofundar mais na obra, e assistam ao vídeo do ensaio que disponibilizo junto aos links dos CDs. René Jacobs gravou essa obra anteriormente, como contratenor, e conhece muito bem a obra. IM-PER-DÍ-VEL !!! Assim como outras gravações desta obra que já disponibilizamos aqui.
CD 1
01. JOHANNES-PASSION, BWV 245 – ERSTER TEIL. Nr. 1. Exordium “Herr, unser Herrscher”
02. Nr. 2a. Evangelist, Jesus “Jesus ging mit seinen Jüngern über den Bach Kidron” – Nr. 2b. Turba “Jesum von Nazareth!” – Nr. 2c. Evangelist, Jesus – Nr. 2d. Turba – Nr. 2e. Evangelist, Jesus
03. Nr. 3. Choral “O große Lieb, o Lieb ohn’ alle Maße”
04. Nr. 4. Evangelist, Jesus “Auf daß das Wort erfüllet würde”
05. Nr. 5. Choral “Dein Will gescheh, Herr Gott, zugleich”
06. Nr. 6. Evangelist “Die Schar aber und der Oberhauptmann”
07. Nr. 7. Arie (Alt) “Von den Stricken meiner Sünden”
08. Nr. 8. Evangelist “Simon Petrus aber folgete Jesu nach”
09. Nr. 9. Arie (Sopran) “Ich folge dir gleichfalls mit freudigen Schritten”
10. Nr. 10. Evangelist, Ancilla, Petrus, Jesus, Servus “Derselbige Jünger”
11. Nr. 11. Choral “Wer hat dich so geschlagen”
12. Nr. 12a. Evangelist “Und Hannas standte ihn gebunden” – Nr. 12b. Turba “Bist du nicht seiner Jünger einer” – Nr. 12c. Evangelist, Petrus, Servus
13. Nr. 13. Arie (Tenor) “Ach, mein Sinn, wo willst du endlich hin”
14. Nr. 14. Choral “Petrus, der nicht denkt zurück”
15. ZWEITER TEIL. Nr. 15. Choral “Christus, der uns selig macht”
16. Nr. 16a. Evangelist, Pilatus “Da führeten sie Jesum von Kaiphas vor das Richthaus” – Nr. 16b. Chorus – Nr. 16c. Evangelist, Pilatus – Nr. 16d. Turba – Nr. 16e. Evangelist, Pilatus, Jesus
17. Nr. 17. Choral “Ach großer König, groß zu allen Zeiten”
18. Nr. 18a. Evangelist, Pilatus, Jesus “Da sprach Pilatus zu ihm” – Nr. 18b. Turba “Nicht diesen, sondern Barrabam!” – Nr. 18c. Evangelist
19. Nr. 19. Arioso (Baß) “Betrachte, meine Seel, mit ängstlichem Vergnügen”
20. Nr. 20. Arie (Tenor) “Erwäge, wie sein blutgefärbter Rücken”
21. Nr. 21a. Evangelist “Und die Kriegsknechte flochten eine Krone von Dornen” – Nr. 21b. Turba – Nr. 21c. Evangelist, Pilatus – Nr. 21d. Turba “Kreuzige, kreuzige!” – Nr. 21e. Evangelist, Pilatus – Nr. 21f. Turba – Nr. 21g. Evangelist, Pilatus, Jesus
22. Nr. 22. Choral “Durch dein Gefängnis, Gottes Sohn”
23. Nr. 23a. Evangelist “Die Jüden aber schrieen und sprachen” – Nr. 23b. Turba – Nr. 23c. Evangelist, Pilatus – Nr. 23d. Turba – Nr. 23e. Evangelist – Nr. 23f. Turba – Nr. 23g. Evangelist
24. Nr. 24. Arie (Baß) – Chor “Eilt ihr angefochtnen Seelen – Wohin”
CD 2
01. Nr. 25a. Evangelist “Allda kreuzigten sie ihn” – Nr. 25b. Turba “Schreibe nicht der Jüden König” – Nr 25c. Evangelist, Pilatus
02. Nr. 26. Choral “In meines Herzens Grunde”
03. Nr. 27a. Evangelist “Die Kriegsknechte aber, da sie Jesum gekreuziget hatten” – Nr. 27b. Turba – Nr. 27c. Evangelist
04. Nr. 28. Choral “Er nahm alles wohl in acht”
05. Nr. 29. Evangelista, Jesus “Und von Stund an nahm sie der Jünger zu sich”
06. Nr. 30. Arie (Alt) “Es ist vollbracht!”
07. Nr. 31. Evangelist “Und neiget das Haupt und verschied”
08. Nr. 32. Arie (Baß) “Mein teurer Heiland, laß dich fragen” – Choral “Jesu, der du warest tot”
09. Nr. 33. Evangelist “Und siehe da, der Vorhang im Tempel zerriß”
10. Nr. 34. Arioso (Tenor) “Mein Herz, indem die ganze Welt”
11. Nr. 35. Arie (Sopran) “Zerfließe, mein Herze”
12. Nr. 36. Evangelist “Die Jüden aber, dieweil es der Rüsttag war”
13. Nr. 37. Choral “O hilf, Christe, Gottes Sohn”
14. Nr. 38. Evangelist “Darnach bat Pilatum Joseph von Arimathia”
15. Nr. 39. Conclusio “Ruht wohl, ihr heiligen Gebeine”
16. Nr. 40. Schlußchoral “Ach Herr, laß dein lieb Engelein”
17. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) I. Exordium “O Mensch, bewein dein Sünde groß” (Choralfantasie) (replaced Exordium from 1724 “Herr, unser Herscher” [nr. 1])
18. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) II. Arie (Baß) “Himmel reiße, Welt erbebe” – Choral “Jesu, deine Passion” (additionally inserted between nos. 11 & 12)
19. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) III. Arie (Tenor) “Zerschmettert mich, ihr Felsen und ihr Hügel” (replaced Arie from 1724 “Ach, mein Sinn” [nr. 13])
20. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) IV. Arie (Tenor) “Ach windet euch nicht so, geplagte Seelen” (replaced nr. 19 Arioso (Baß) nr. 20 Arie (Tenor) from 1724)
21. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) V. Schlußchoral “Christe, du Lamm Gottes” (replaced Schlußchoral from 1724 [nr. 40])
Sunhae Im – Soprano
Werner Güra – Tenor
Sebastian Kohlhepp – Contratenor
Johannes Weisser – Bass
RIAS Kammerchor
Akademie für Alte Musik Berlin
René Jacobs – Conductor
Um gigante do violão é o adjetivo mínimo que conseguir encontrar para descrever Julian Bream. E este CD aqui é ainda mais obrigatório, é uma verdadeira aula de como tocar Bach neste instrumento tão peculiar e único. Lembro de ouvir o nome de Bream por um conhecido, que tinha o incrível dom de tirar estas músicas de ouvido, era autodidata, não sabia ler partitura. Ouvia os discos com muita atenção, e depois se dedicava durante horas, ou até mesmo dias, a repetir aquelas músicas. Aliás, este conhecido faleceu já há muito tempo, muito jovem, por sinal, começo dos anos 90, mas nunca esqueço de sua dedicação e paixão pela música.
Enfim, falar sobre Julian Bream é chover no molhado, portanto, sugiro que para quem não o conhece, procure informações na internet. Vale a pena.
01. Prelude Fugue and Allegro BWV 998 – I. Prelude
02. Prelude Fugue and Allegro BWV 998 – II. Fugue
03. Prelude Fugue and Allegro BWV 998 – III. Allegro
04. Suite BWV 996 – I. Prelude
05. Suite BWV 996 – II. Allemande
06. Suite BWV 996 – III. Courante
07. Suite BWV 996 – IV. Sarabande
08. Suite BWV 996 – V. Bourree
09. Suite BWV 996 – VI. Gigue
10. Parita No.2 BWV 1004 – Chaconne
11. Partita No.3 BWV 1006a – I. Prelude
12. Partita No.3 BWV 1006a – II. Loure
13. Partita No.3 BWV 1006a – III. Gavotte en Rondeau
14. Partita No.3 BWV 1006a – IV. Menuett I – Menuett II – Menuett I
15. Partita No.3 BWV 1006a – V. Bourree
16. Partita No.3 BWV 1006a – VI. Gigue
Trago mais uma jovem musicista sul coreana, Hee-Young Lim, em outro belo CD da Sony, lançado no final de 2018. Como o próprio nome diz, aqui teremos apenas obras compostas por franceses para o violoncelo. Uma proposta interessante, assim podemos sair um pouco do repertório tradicional.
Saint-Säens e seu Primeiro Concerto talvez seja a obra mais conhecida deste CD, claro que ao lado da indefectível ‘Meditation de Thais’, de Massenet. Lalo também está presente, com seu Concerto para Cello, e entrando no século XX, Darius Milhaud.
Os clientes da amazon foram unânimes em dar 5 estrelas a este CD. E ele tem várias qualidades, entre elas, é óbvio, a excelente solista Hee-Young Lim. Nascida em 1987, curiosamente seus pais não são músicos, ela já tem uma carreira consolidada, apesar deste aqui ser seu primeiro CD. Tem um considerável currículo, atuando como solista, líder dos violoncelos da Filarmônica de Rotterdam, nos tempos de Yannick Nézet-Séguin, além de dar aulas e masterclasses ao redor do planeta. Sugiro darem uma olhada no site da moça. Tem muitas informações interessantes ali. O endereço é https://heeyounglim.com/.
Espero que apreciem. Trata-se de um belo CD, muito bem gravado e interpretado. Tenho certeza de que ainda falaremos muito sobre essa musicista.
01. Concerto for Cello and Orchestra No. 1 in A Minor, Op. 33 I. Allegro non troppo
02. Concerto for Cello and Orchestra No. 1 in A Minor, Op. 33 II. Allegretto con moto
03. Concerto for Cello and Orchestra No. 1 in A Minor, Op. 33 III. Tempo I – Un peu moins vite – Molto allegro
04. Concerto for Cello and Orchestra in D Minor, Op. 37 – Prelude Lento – Allegro maestoso
05. Concerto for Cello and Orchestra in D Minor, Op. 37 – Intermezzo Andantino con moto – Allegro presto
06. Concerto for Cello and Orchestra in D Minor, Op. 37 – Introduction Andante – Allegro vivo
07. Cello Concerto No. 1, Op. 136 – Nonchalant
08. Cello Concerto No. 1, Op. 136 – Grave
09. Cello Concerto No. 1, Op. 136 – Joyeux
10. Les larmes de Jacqueline
11. Meditation From Thais
Hee-Young Lim
London Symphony Orchestra
Scott Yoo – Conductor
Este belo concerto para violino e orquestra de Dvorák acabou ficando ofuscando pelo Concerto para Violoncelo, e foi meio que relegado a segundo plano, o que é uma pena. É muito bonito, tem belas passagens, não sou músico mas não consigo identificar passagens muito técnicas ou difíceis, se estiver errado por favor me corrijam. Reza a lenda que em um primeiro momento, o compositor pensou em dedicar a obra a Joseph Joachim, que conhecera alguns anos antes, o grande virtuose da época, e grande amigo de Brahms, mas o violinista se mostrou cético com a obra, e teceu alguns comentários críticos, o que magoou Dvorák, que no final das contas, não lhe fez a dedicatória. O CD ainda traz dois momentos muito delicados, com o Romance para Violino e Orquestra e a conhecidíssima “Humouresque”.
Uma curiosidade: a jovem violinista sul coreana Dami Kim em 2012 ganhou o prestigioso Concurso Joseph Joachim em Hanover, entre diversos outros prêmios em outras competições. Neste CD ela enfrenta a obra com louvor, mostrando uma segurança muito grande e uma técnica muito apurada, mesmo nos momentos mais técnicos. No Romance, por exemplo, não se deixa cair nas armadilhas sentimentais da obra.
Vale a pena ouvir, ainda mais nestes tempos de isolamento, quando estamos em casa, longe do convívio social. Ah, quem não lembra do “Humouresque, nº 7, op. 101, última faixa do CD? Está sempre naquelas coletâneas de música clássica. Claro que isso não lhe tira a qualidade e a beleza da peça.
01. Violin Concerto in A Minor, Op. 53, I Allegro ma non troppo
02. Violin Concerto in A Minor, Op. 53, II Adagio ma non troppo
03. Violin Concerto in A Minor, Op. 53, III Finale Allegro giocoso, ma non troppo
04. Romance for Violin and Orchestra in F Minor, Op. 11
05. Humoresque, Op. 101, No. 7
Dami Kim – Violin
Slovak Philharmonic Orchestra
Damian Iorio
A obra prima de Stravinsky dispensa apresentações. A novidade aqui é esta fantástica versão para dois pianos, com arranjo do próprio compositor, que, segundo seus biógrafos, primeiro escrevia as peças para o piano e depois a transcrevia para a orquestra. O piano era seu principal instrumento de trabalho. Ah, creio que tanto o Concerto para dois piano solos quanto as outras obras estão estreando aqui no PQPBach.
Dois grandes pianistas da atualidade se encarregam de interpretá-las nesta gravação, Leif Ove Andsnes, norueguês, e o canadense Marc-André Hamelin, que conhecemos por suas incursões na obra de Haydn e de Mozart. Com certeza, dois dos maiores pianistas da atualidade, músicos experientes, pois esta empreitada é para poucos. O criterioso trabalho de produção do excelente selo Hyperion torna tudo ainda mais especial.
Sim, eu sinto falta do barulho da orquestra, dos efeitos especiais, daquele caos sonoro. Mas lembro os senhores que o arranjo é do próprio compositor. Ouçam com atenção, e depois podem fazer as devidas comparações com sua versão orquestral favorita. A ‘Sagração da Primavera’ é uma das maiores composições do século XX, e vale a pena conhecer todas as possibilidades de interpretação. Lembro de ter trazido para os senhores a impressionante transcrição que o músico de jazz Larry Coryell fez para violão com cordas de aço. Quando puder, reposto este CD.
01 The Rite of Spring – Part 1, Introduction
02 The Rite of Spring – Part 1, Augurs of Spring (Dances of the Young Girls)
03 The Rite of Spring – Part 1, Game of Abduction
04 The Rite of Spring – Part 1, Spring Rounds
05 The Rite of Spring – Part 1, Game of the Two Rival Tribes
06 The Rite of Spring – Part 1, Procession of the Oldest and Wisest One
07 The Rite of Spring – Part 1, The Kiss of the Earth
08 The Rite of Spring – Part 1, Dancing Out of the Earth
09 The Rite of Spring – Part 2, Introduction
10 The Rite of Spring – Part 2, Mystic Circle of the Young Girls
11 The Rite of Spring – Part 2, Glorification of the Chosen One
12 The Rite of Spring – Part 2, Evocation of the Ancestors
13 The Rite of Spring – Part 2, Ritual Action of the Ancestors
14 The Rite of Spring – Part 2, Sacrificial Dance
15 Concerto for Two Solo Pianos – Con moto
16 Concerto for Two Solo Pianos – Notturno. Adagietto
17 Concerto for Two Solo Pianos – Quattro variazioni
18 Concerto for Two Solo Pianos – Preludio e fuga
19 Madrid
20 Tango
21 Circus Polka
A magistral ‘Totendanz” encerra essa série dedicada a Franz Liszt com chave de ouro, com uma interpretação segura e extremamente virtuosística de Michel Béroff.
Além dessa obra, o CD traz outras transcrições de Liszt, baseadas ou em sua própria obra, ou então de Beethoven e de Berlioz. Aliás, dentro desta série dedicada a este compositor, pretendo repostar as incríveis transcrições para piano das sinfonias de Beethoven.
Fico entre cético e maravilhado com a capacidade criativa deste compositor único. Venerado por muitos, provavelmente o maior pianista do século XIX, segundo relatos, dedicou sua vida a explorar todas as possibilidades do instrumento. Como comentei anteriormente, existe uma coleção do selo inglês Hyperion, que tem 99 CDs com sua obra pianística! É algo impressionante. Talvez apenas C.P.E. Bach tenha se dedicado tanto a este instrumento anteriormente.
Vamos então encerrar mais uma coleção?
01. Fantasie uber ungarische Volksmelodien
02. Fantasie uber Motiven aus Beethovens Ruinen von Athen
03. Grande Fantaisie symphonique uber Themen aus Berlioz’s Lelio
04. Malediction
05. Totentanz
Michel Béroff – Piano
Gewandhausorchester Leipzig
Kurt Masur – Conductor
Então encerramos esta coleção dedicada a Franz Liszt com as obras orquestrais, Poemas Sinfônicos e as duas Sinfonias. Nos dois últimos CDs traremos a obra composta para Piano e Orquestra. Antes que perguntem, as Rapsódias Hungaras já estão programadas, tanto a versão para piano quanto a versão para orquestra, mas com outra orquestra e outro maestro.
Liszt compôs apenas dois concertos para piano e orquestra, o que é interessante, considerando a monumental obra pianística do compositor. O pianista inglês Leslie Howard, associado ao selo inglês Hyperion, lançou 99 Cds com o que seria toda essa obra. Nosso colega Ammiratore tem esta coleção, e dise que quem sabe um dia, talvez, traga para os senhores. Eu diria que seria um projeto de aposentadoria do colega, pois atualmente ele se encontra totalmente atarefado com outros compromissos. Mas vamos aos Concertos.
O Concerto nº 1 tem meros 20 minutos de duração, mas é muito intenso e conciso, com temas bem desenvolvidos pelo solista e pela orquestra. Os rascunhos iniciais datam de 1830, porém ele só completou a obra em 1849, fez alguns ajustes em 1853 e finalmente a estreou em 1855, atuando como solista e tendo seu amigo Berlioz como regente. Bártok a descreveu como “a primeira realização perfeita da forma de sonata cíclica, com temas comuns sendo tratados com base no princípio da variação “. Adoro o tema do Segundo Movimento, um “Quasi adagio” o considero uma das mais belas passagens da história da música. E que bela transição para o terceiro movimento, um “Alegretto vivace” !!! O Concerto termina em um Allegro marziale animato, onde alguns temas anteriores são repetidos com variações, até seu final. Um belíssimo concerto, sem dúvidas.
No Segundo Concerto Liszt nos traz novas idéias e possibilidades, e novamente dá muito trabalho ao solista, em uma obra que praticamente não tem intervalo entre seus seis movimentos. Aliás, nos rascunhos, o compositor dizia que se tratava de um “Concerto Sinfônico”. ele intercala movimentos lentos, líricos, delicados, para depois se tornar uma explosão de virtuosismo e técnica. O grande pianista Alfred Brendel assim analisa a obra de Franz Liszt:
“Há algo fragmentário no trabalho de Liszt; seu argumento musical, talvez por sua natureza, muitas vezes não é levado a uma conclusão. Mas o fragmento não é a forma mais pura e legítima de romantismo? Quando a utopia se tornar o objetivo principal, quando for feita uma tentativa de conter o ilimitado, o formulário deverá permanecer “aberto” para que o ilimitado possa entrar. Cabe ao intérprete nos mostrar como uma pausa geral pode se conectar ao invés de separar dois parágrafos, como uma transição pode transformar misteriosamente o argumento musical. Esta é uma arte mágica. Por algum processo incompreensível para o intelecto, a unidade orgânica se estabelece, a “forma aberta” chega a suas conclusões no infinito.”
Os senhores conhecem a magnífica obra de Franz Schubert intitulada “Wanderer Fantasy”? Já a trouxemos aqui algumas vezes. Pois o inquieto Liszt transcreveu a obra para Piano e Orquestra. O resultado? Bem, os senhores julgam. Até adquirir esta coleção eu não fazia idéia que existisse tal obra.Outra novidade para mim foi outra transcrição, desta vez baseada na obra Carl Maria von Weber, a ‘Polonaise Brillante’.
Todos os grandes pianistas mais cedo ou mais tarde precisam encarar estes dois petardos. Os primeiros nomes que me vem a mente são os de Kristian Zimerman, que me apresentou estas obras há uns trinta anos, ao lado de Seiji Ozawa, Alfred Brendel, com certeza, na histórica gravação ao lado de Bernard Haitink frente a Filarmônica de Londres, Sviatoslav Richter com Kiril Kondrashin com a Sinfônica de Londres, Claudio Arrau com Colin Davis também frente a Sinfônica de Londres, e muitos outros. Algumas destas gravações já apareceram por aqui, mas não creio que ainda tenham seus links ativos.
Michel Béroff é um eximio pianista, com uma técnica apuradíssima e que não se deixa cair nas armadilhas destas obras, que são muitas. E conta com a cumplicidade de uma das principais orquestras alemãs, a do Gewandhaus de Leipzig, nos áureos tempos de Kurt Masur.
01. Piano Concerto No.1 in E flat major – I. Allegro maestoso
02. Piano Concerto No.1 in E flat major – II. Quasi adagio
03. Piano Concerto No.1 in E flat major – III. Allegretto vivace
04. Piano Concerto No.1 in E flat major – IV. Allegro marziale animato
05. Piano Concerto No.2 in A major – I. Adagio sostenuto assai
06. Piano Concerto No.2 in A major – II. Allegro agitato assai
07. Piano Concerto No.2 in A major – III. Allegro moderato
08. Piano Concerto No.2 in A major – IV. Allegro deciso
09. Piano Concerto No.2 in A major – V. Marziale un poco meno allegro
10. Piano Concerto No.2 in A major – VI. Allegro animato
11. Schubert. Wanderer Fantasy
12. Weber. Polonaise brillante
Michel Béroff – Piano
Gewandhausorchester Leipzig
Kurt Masur – Conductor
Em Zwei Episoden Von Lenaus Faust Liszt retoma a clássica história imortalizada por Goethe. Os episódios intitulam-se “Der nächtliche Zug” e a famosa ‘Mephisto Waltz No.1’, uma das mais conhecidas obras de Listz. Posteriormente as duas obras seriam transcritas para piano.
Encontrei essa descrição para cada um dos movimentos:
“Der nächtliche Zug”
“É uma noite quente de primavera, escura e sombria, mas os rouxinóis estão cantando. Faust entra a cavalo, deixando o cavalo passear silenciosamente. Logo, luzes são vistas através das árvores, e uma procissão religiosa se aproxima, cantando … A procissão passa e Faust, deixado sozinho, chora amargamente na crina de seu cavalo.
“Mephisto Waltz No.1”
Fausto e Mefistófeles entram na estalagem em busca de prazer; os camponeses estão dançando, e Mephisto apreende o violino e intoxica a platéia com sua execução. Abandonam-se a fazer amor e, duas a duas, saem para a noite estrelada, Faust com uma das meninas; então o canto do rouxinol é ouvido através das portas abertas.
Em “Eine Sinfonie Zu Dantes Divina Commedia” (Uma Sinfonia sobre a Divina Comédia de Dante), como o próprio nome diz, Liszt novamente dá asas à sua imaginação para compor uma Sinfonia baseada em outra obra prima da literatura, A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Especialistas, entretanto, divergem sobre esta obra ser uma Sinfonia, dizem que na verdade tratam-se de dois Poemas Sinfônicos. E como não poderia deixar de ser, seus dois movimentos se intitulam “Inferno” e “Purgatório”. Originalmente, Liszt compôs um movimento baseado no “Paraíso” mas foi desaconselhado pelo seu genro, Richard Wagner, vindo então a retirar o movimento da obra.
Uma interessante descrição, por sinal, desta Sinfonia pode ser encontrada na Wikipedia, com maiores detalhes.
01. Zwei Episoden Von Lenaus Faust – I. Der Nachtliche Zug
02. Zwei Episoden Von Lenaus Faust – II. Mephisto Waltz No.1
03. Eine Sinfonie Zu Dantes Divina Commedia – I. Inferno
04. Eine Sinfonie Zu Dantes Divina Commedia – II. Purgatorio
Volker Arndt – Knabenasoprano
Frauenchor des Thomanerchors Leipzig
Gewandshausorchester Leipzig
Kurt Masur – Conductor
“Von Der Wiege Bis Zum Grabe” é o último dos treze poemas sinfônicos de Liszt. De acordo com informações, foi livremente inspirado em um tríptico do pintor húngaro Michaël Zichy.
Se compõe de três movimentos: O Berço (Die Wiege) , O Combate pela Existência (Der Kampf ums Dasein) e Rumo ao Túmulo, Berço da Vida Futura (Zum Grabe, die Wiege des zukunftigen Lebens).
A segunda parte do CD traz a Sinfonia Fausto, uma leitura pessoal da obra prima de Goethe. Divide-se em três movimentos, cada um deles identificado com o nome de um personagem do livro: do próprio personagem que dá título a obra, Fausto, de sua amada Gretchen e Mephistopheles.
01. Von Der Wiege Bis Zum Grabe – I. Die Wiege
02. Von Der Wiege Bis Zum Grabe – II. Der Kampf Um’s Dasein
03. Von Der Wiege Bis Zum Grabe – III. Zum Grabe
04. Ein Faust-Sinfonie in Drei Charakterbildern – I. Faust
05. Ein Faust-Sinfonie in Drei Charakterbildern – II. Gretchen
06. Ein Faust-Sinfonie in Drei Charakterbildern – III. Mephistopheles
Klaus König – Tenor
Männerchor des Rundfunkchors Leipzig
Gewandhausorchester Leipzig
Kurt Masur
Uma repostagem diferente, para nosso amigo Gerardo… não tenho mais esse CD, provavelmente está em um HD externo que está com defeito, não consigo acessá-lo. Mas como o Gerardo queria conhecer essa leitura, ofereço esse vídeo que está disponível no YOUTUBE, enquanto tento recuperar o HD.
FDP Bach ficou muito satisfeito com a recepção ao cd do grande Carlos Kleiber que postou ontem. Foram 82 downloads em menos de 24 horas, um dos recordes do blog, se não estou enganado.
Por este motivo, então, tirarei de minha cartola outro momento glorioso deste grande regente, desta vez um registro ao vivo da Sinfonia nº 2 de Brahms, em minha modesta opinião, uma das mais sensíveis do mestre alemão. De um romantismo arrebatador, ela nos conquista pela beleza da melodia, e Kleiber já no primeiro movimento nos mostra a que veio.
Malcolm MacDonald, em sua biografia de Brahms, faz a seguinte colocação sobre esta sinfonia:
” Convencionalmente, ela (a segunda sinfonia) é considerada a mais luminosa e genial de Brahms, uma perspectiva cheia do mais tocante e sereno refrigério quando contrastada com o arrojo do dó menor da Primeira: de vez em quando ela tem sido apelidada sua “Pastoral”. (…) O op. 73, pelo menos em seus dois primeiros movimentos, sempre me tem parecido uma das mais escuras das sinfonias em tonalidade maior. Realmente, é uma escuridão rica e introspectiva (parcialmente produzida pela riqueza da harmonia, tingida de simbolismos da natureza, romântico), mas sua gravidade não é menor por isso. Os planos muito largos da Sinfonia, não obstante intrincadamente se bifurcando em caminhos de desenvolvimento, permitem um constante jogo de luz e sombra. E vislumbramos a luz como se do meio de uma floresta, onde forçosamente devemos nos perder em meio a algumas regiões muito tenebrosas.”
Bela descrição, e dificilmente alguém irá discordar dela. Ainda mais depois de ouvir esta interpretação de Carlos Kleiber.
Esta gravação foi extraída de um DVD.
Johannes Brahms (1830-1897) – Sinfonia nº 2, in D, op. 73
1 Symphony No.2 in D, Op.73 – 1. Allegro non troppo
2.Symphony No.2 in D, Op.73 – 2. Adagio non troppo – L’istesso tempo, ma grazioso
3.Symphony No.2 in D, Op.73 – 3. Allegretto grazioso ( Quasi andantino) – Presto ma non assai
4.Symphony No.2 in D, Op.73 – 4. Allegro con spirito
Nestes tempos de pandemia, nada como a música para nos confortar e ajudar a preencher aquele tempo ocioso que o isolamento social provoca. E estes poemas sinfônicos se encaixam como luva, não acham?
Franz Liszt não frequenta muito o PQPBach. Recentemente o colega Ammiratore postou dois CDs do pianista Claudio Arrau dedicados ao compositor, mas reconheço que temos pouca coisa dele. A postagem desta série de Cds dedicados a sua obra orquestral ajuda a cobrir um pouco essa lacuna.
Este terceiro CD traz algumas peças não tão conhecidas, mas graças ao brilhantismo desta incrível Orquestra de Leipzig podemos conhece-las melhor. Talvez a mais conhecida seja ‘Hamlet’, baseado na peça homônima de Shakespeare.
Sem mais delongas, vamos ao que viemos.
01. Hungaria
02. Hamlet
03. Hunnenschlacht
04. Die Ideale
Gewandhausorchester Leipzig
Kurt Masur – Conductor
PUBLICADA ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 31/5/2014, RESTAURADO POR VASSILY EM 02/4/2020
Eis finalmente a nossa mui amada, salve, salve, Nona Sinfonia, in D Minor, de Beethoven, outro monumento da música ocidental, uma das mais importantes obras da criação humana. E mais não tenho o que dizer.
Confesso que fiquei um pouco decepcionado com a falta de comentários sobre esse projeto. Com raríssimas exceções, o silêncio dominou o campo dos comentários. Tivemos a grata satisfação de conhecermos o Beto, que nos deu uma verdadeira aula sobre as transcrições que Liszt realizou. Agradeço imensamente a ele, que mostrou como o PQPBach pode ser coletivo. Ninguém aqui é dono absoluto da razão, ou sabe tudo sobre tudo e todos.
Bruno Walter foi um dos maiores maestros do século XX, foi um regente que atravessou o século XX trazendo na bagagem uma vasta experiência nos palcos. Foi contemporâneo e amigo pessoal de Mahler, e só isso já seria um grande diferencial, mas sua arte ultrapassou barreiras. Beethoven, Brahms e Bruckner, sem contar obviamente Mahler, foram suas especialidades, mas também são memoráveis suas gravações das sinfonias de Mozart. Felizmente a tecnologia conseguiu nos trazer esses seus registros, que oferecemos aos senhores com o maior prazer, para mostrar os tesouros que existem no passado. E espero poder trazer mais dessas maravilhosas gravações.
Leslie Howard ainda frequenta os palcos. Esse excepcional pianista, talvez o maior especialista vivo em Liszt, com toda a sua versatilidade, nos mostrou um Beethoven diferente, sob a visão de um visionário, e não podemos negar que Liszt o fosse. Um compositor além de seu tempo, que mostrou um respeito muito grande pelo gênio de Bonn quando realizou essas transcrições.
01 – Symphony No.9 in D minor, Op. 125 ‘Choral’ – I. Allegro ma non troppo, un poco maestoso
02 – II. Molto vivace
03 – III. Adagio molto e cantabile
04 – IV. Presto
05 – Rezitativo O Fewunde, nicht diese Tone! Allegro assai
Emilia Cundari – Soprano
Nell Rankin – Mezzo Soprano
Albert da Costa – Tenor
William Wildermann – Bass
Westminster Symphonic Choir
Columbia Symphony Orchestra
Bruno Walter – Conductor BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE