BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Die Geschöpfe des Prometheus, Op. 43 (transcrição para piano) – Variações e Fuga em Mi bemol maior, Op. 35, “Variações Eroica” – Howard

Quase todas obras orquestrais publicadas por Beethoven durante a vida também o foram em transcrições para piano, muitas vezes não autorizadas, com uma rapidez proporcional à do sucesso na estreia. Poucas dessas transcrições foram preparadas pelo próprio Beethoven, e é uma delas – a da música para o balé Die Geschöpfe des Prometheus, que a companhia de Salvatore Viganò apresentou em Viena em 1801 – que eu lhes trago hoje.

Essa versão pianística distinguiu-se por ir à prensa bem antes da partitura original: foi publicada em 1801, mesmo ano da estreia do balé, enquanto o original só seria publicado em 1804. Na ocasião, o editor atribuiu-lhe o Opus 24, que depois caberia à sonata para violino e piano que conhecemos por “Primavera”, ao passo que a integral do balé receberia o bem mais tardio Op. 43. Isso tudo só atesta o quanto a música repercutiu entre o público que a ouviu no Burgtheater, quanto o próprio apreço que Beethoven, até então muito seletivo com as obras que inseria em seu catálogo oficial de publicações, tinha por sua composição.

Quem conhece a interessante música para Prometheus poderá não se entusiasmar pela ideia de ouvi-la ao teclado, alegando que as cores orquestrais originais – cheias de solos, e que incluem alguns dos poucos compassos que Beethoven escreveu para a harpa e para o corno di bassetto – se perderiam no preto e branco do piano. O que lhes posso dizer é que o intérprete dessa gravação, aliás a primeira que se fez da transcrição, garante que haja toda cor possível. Leslie Howard, afinal, é veterano da colossal empreitada de gravar a obra completa de Liszt, legando-nos 99 CDs cheios da histriônica música do abade, e de tudo fez para que as complicadas e, admitamos, frequentemente enfadonhas partituras tivessem toda cor e vida que pudessem.

A obra que completa a gravação é a única possível: as variações para piano, Op. 35, que se baseiam no tema duma contradança de Prometheus. Ainda que celebrizadas como “Variações Eroica“, por conta da ainda mais famosa reaparição do tema no finale da Terceira Sinfonia, elas seriam mais apropriadamente chamadas de “Variações Prometheus”, uma vez que o balé para Viganò estreou três anos antes do portento que Beethoven dedicou, e iradamente desconsagrou, a Bonaparte.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Quinze variações e uma fuga para piano sobre um tema original, em Mi bemol maior, Op. 35, “Variações Eroica”
Compostas em 1802
Publicadas em 1803
Dedicadas ao conde Moritz Lichnowsky

1 – Introduzione col basso del Tema
2 – A due
3 – A tre
4 – A quattro
5 – Tema
6 – Variation I
7 – Variation II
8 – Variation III
9 – Variation IV
10 – Variation V
11 – Variation VI
12 – Variation VII – Canone all’Ottava
13 – Variation VIII
14 – Variation IX
15 – Variation X
16 – Variation XI
17 – Variation XII
18 – Variation XIII
19 – Variation XIV – Minore
20 – Variation XV – Maggiore – Largo – Coda
21 – Finale – Alla Fuga- Allegro con brio – Andante con moto


Die Geschöpfe des Prometheus, música para o balé em dois atos de Salvatore Viganò, Op. 43, em transcrição para piano do próprio compositor (Hess 90)
Balé composto entre 1800-1 e publicado em 1804
Transcrição publicada em 1801
Dedicado à princesa Christiane von Lichnowsky

ATO I

22 – Overtura: Adagio – Allegro molto e con brio – attacca:
23 – Introduzione: La Tempesta. Allegro non Troppo – attacca:
24 – No. 1: Poco Adagio
25 – No. 2: Adagio – Allegro con brio
26 – No. 3: Minuetto

ATO II
27 – No. 4: Maestoso – Andante
28 – No. 5: Adagio – Andante quasi allegretto
29 – No. 6: Un poco Adagio – Allegro
30 – No. 7: Grave
31 – No. 8: Allegro con brio – Presto
32 – No. 9: Adagio – Allegro molto
33 – No. 10: Pastorale
34 – No. 11: Andante
35 – No. 12: Maestoso (“Solo di Gioia”)
36 – No. 13: Allegro – Comodo
37 – No. 14: Andante – Adagio (“Solo della Casentini”)
38 – No. 15: Andantino – Adagio (“Solo di Viganó”)
39 – No. 16: Finale

Leslie Howard, piano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Johann Sebastian Bach (1685-1750): As Sonatas para Violino e Cravo (Holloway / Moroney / Sheppard)

Johann Sebastian Bach (1685-1750): As Sonatas para Violino e Cravo (Holloway / Moroney / Sheppard)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Mais um belo disco deste monstro do violino barroco que é John Holloway. As 6 Sonatas para violino e cravo obbligato, BWV 1014-1019, de Johann Sebastian Bach, foram provavelmente compostas durante os últimos anos de Bach em Köthen entre 1720 e 1723, antes de se mudar para Leipzig. Em Leipzig, ele continuou a fazer alterações nelas. Ela são, na sua maioria, escritas em 4 movimentos, lento-rápido-lento-rápido e foram desenvolvidas como trios, ou seja, há três partes independentes que consistem de duas vozes superiores combinados com uma linha de baixo. Em vez de fazer o papel de um instrumento contínuo, preenchendo as harmonias de um baixo cifrado, o cravo tomou uma das linhas melódicas superiores em igualdade de condições com a violino. Ao mesmo tempo, ele proporciona a linha de baixo (a qual pode ser reforçada ou não por uma viola da gamba, por exemplo). Holloway é toda uma paleta de cores. Seu violino soa às vezes tão grave que parece uma viola. Em outros pontos, como no final do Adagio da Sonata Nº 5, ele parece uma orquestra. Um disco realmente muito bom, que nos dá outra visão de obras fundamentais de Bach.

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Sonatas para Violino e Cravo (Holloway / Moroney / Sheppard)

Tracklist:

CD1:

01. Sonata in G major BWV 1021 – I. Adagio (03:58)
02. Sonata in G major BWV 1021 – II. Vivace (01:07)
03. Sonata in G major BWV 1021 – III. Largo (02:13)
04. Sonata in G major BWV 1021 – IV. Presto (01:24)

05. Sonata in E minor BWV 1023 – [Prelude] – Adagio ma non tanto (04:18)
06. Sonata in E minor BWV 1023 – II. Allemanda (03:45)
07. Sonata in E minor BWV 1023 – III. Gigue (02:58)

08. Sonata No.1 in B minor BWV 1014 – I. Adagio (03:49)
09. Sonata No.1 in B minor BWV 1014 – II. Allegro (03:07)
10. Sonata No.1 in B minor BWV 1014 – III. Andante (03:22)
11. Sonata No.1 in B minor BWV 1014 – IV. Allegro (03:33)

12. Sonata No.2 in A major BWV 1015 – I. Dolce (03:05)
13. Sonata No.2 in A major BWV 1015 – II. Allegro assai (03:25)
14. Sonata No.2 in A major BWV 1015 – III. Andante un poco (02:54)
15. Sonata No.2 in A major BWV 1015 – IV. Presto (04:37)

16. Sonata No.3 in E major BWV 1016 – I. Adagio (03:51)
17. Sonata No.3 in E major BWV 1016 – II. Allegro (03:10)
18. Sonata No.3 in E major BWV 1016 – III. Adagio ma non tanto (04:48)
19. Sonata No.3 in E major BWV 1016 – IV. Allegro (04:01)

CD2:

01. Sonata No.4 in C minor BWV 1017 – I. Largo (03:58)
02. Sonata No.4 in C minor BWV 1017 – II. Allegro (04:43)
03. Sonata No.4 in C minor BWV 1017 – III. Adagio (03:12)
04. Sonata No.4 in C minor BWV 1017 – IV. Allegro (05:01)

05. Sonata No.5 in F minor BWV 1018 – I. Lamento (07:30)
06. Sonata No.5 in F minor BWV 1018 – II. Allegro (04:38)
07. Sonata No.5 in F minor BWV 1018 – III. Adagio (03:03)
08. Sonata No.5 in F minor BWV 1018 – IV. Vivace (02:40)

09. Sonata No.6 in G major BWV 1019 – I. Allegro (03:53)
10. Sonata No.6 in G major BWV 1019 – II. Largo (01:30)
11. Sonata No.6 in G major BWV 1019 – III. Allegro (harpsichord solo) (04:53)
12. Sonata No.6 in G major BWV 1019 – IV. Adagio (02:32)
13. Sonata No.6 in G major BWV 1019 – V. Allegro (03:33)

14. Sonata No.6 (appendix) – I. Adagio (01:38)
15. Sonata No.6 (appendix) – II. Cantabile, ma un poco adagio (06:38)
16. Sonata No.6 (appendix) – III. (harpsichord solo) (05:35)
17. Sonata No.6 (appendix) – IV. Violino solo e basso (02:25)

John Holloway, violin
Davitt Moroney, harpsichord, chamber organ
Susan Sheppard, cello

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Anônimo do século XVII

PQP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Canções polifônicas, WoO 99 – Abschiedsgesang, WoO 102 – Cantata Un lieto Brindisi, WoO 103 – Gesang der Mönche, WoO 104 – Hochzeitslied, WoO 105

Lembram de quando lhes contei que o jovem Ludwig ambicionava enriquecer compondo óperas em italiano? Se disso lembram, lembrarão também que ele tomou lições de prosódia e composição vocal naquele idioma com ninguém menos que o Kapellmeister Salieri. Pois bem: saibam que os exercícios dessas lições, preservados e reunidos sob o WoO 99, serão apresentados agora.

Apesar de sua legendária desorganização, sempre responsável, para onde quer que se mudasse, pelo mais caótico apartamento de Viena, Beethoven carregava seu montão de papeis consigo e, ainda que virados num ninho de ratos, estavam todos com ele quando de sua morte. Entre eles estava um bom número de exercícios de composição corrigidos por seus professores – Albrechtsberger, Haydn, e o supracitado Salieri. Diferentemente das enfadonhas tarefas de contraponto e harmonia que escreveu para os dois primeiros, os exercícios de prosódia para Salieri são bonitinhos o bastante para ocuparem uma melodiosa meia hora do tempo dos leitores-ouvintes. Quem não gosta tanto deles, acho, são os musicólogos, que comeram o pão do Cramulhão a tentarem botar em ordem essas miniaturas vocais. Nem os respeitados senhores responsáveis pelos catálogos Kinsky-Halm e Hess conseguiram chegar a um consenso, e só a última edição do Kinsky-Halm silenciou o celeuma. Suas conclusões:

1) Ludwig compôs exercícios sobre quinze textos, todos de autoria de Pietro Metastasio, o libretista arroz-de-festa da opera seria, cuja obra era o manancial obrigatório para qualquer aspirante a operista em italiano;
2) Os exercícios foram compostos para várias combinações, de duas a quatro vozes, do quarteto vocal padrão (soprano, contralto, tenor, baixo);
3) Alguns textos foram usados para mais de uma combinação de vozes;
4) Da música para o no. 6 (“Ah rammenta”) resta apenas um esboço preliminar, e o no. 15 (o quarteto “Silvio amante disperato”) perdeu-se, e dele só se sabe através de anotações de Alexander Thayer, o primeiro biógrafo acadêmico de Beethoven, que viu a partitura autógrafa e anotou seus quatro primeiros compassos;
5) Sobreviveram seis versões do no. 11, “Fra tutte le pene”: três feitas por Beethoven, e três corrigidas por Salieri, e permitem algumas inferências sobre a relação pedagógica entre os dois.

Arredondam a gravação outras curtas obras vocais que ainda não tinham sido publicadas em nossa série.

A bem-humorada Abschiedgesang (“Canção de Despedida”), WoO 102, para um coro de vozes masculinas a cappella, foi escrita para um amigo, Leopold Weiss, que deixava Viena. O início é majestoso, mas a canção logo descamba para um scherzo muito jovial e retorna para o tom solene e o verso da abertura (die Stunde schlägt, “a hora bateu” ou “chegou a hora”), para encerrar com cada voz a entoar Lebewohl! (“Adeus!”). A merecida reputação de Beethoven como um carrasco convicto de cantores (e qualquer um que tenha feito parte dum coro a cantar a Nona Sinfonia concordará com o veredito) arrefece um pouco cada vez que ouvimos uma sua obra assim.

Un lieto brindisi (“Um brinde feliz”), WoO 103, alcunhada “cantata campestre”, foi composta para o médico italiano Giovanni Domenico Antonio Malfatti (Johann Baptist, para os íntimos), por ocasião de seu dia onomástico, o de São João Batista, em 24 de maio de 1814. Malfatti, que tinha gosto por mandar Beethoven desopilar no balneário boêmico de Teplitz/Teplice, ficou distante do compositor por um bom tempo, talvez em função do malogrado cortejo de Ludwig à sua prima Therese – uma das prováveis dedicatárias de “Für Elise. Os dois só se reconciliariam nos anos finais da vida de Beethoven, quando o mal que o mataria já estava avançado demais para que Malfatti, um dos melhores médicos de Viena, pudesse fazer qualquer coisa.

A brevíssima Gesang der Mönche (“Canto dos Monges”), WoO 104, para coro masculino a cappella, baseia-se num trecho do Wilhelm Tell de Schiller, em que os monges aproximam-se do vilão Gessler, mortalmente ferido por uma flecha de Tell. A despeito de seu severo verso final (Bereitet oder nicht zu gehen!
Er muß vor seinem Richter stehen! – “Pronto ou não para partir/Ele deve postar-se ante seu juiz”), a canção foi escrita para um amigo, o violinista Wenzel Krumpholz, que morreu inesperadamente em 1817, mas é bem possível que ela ecoe a preocupação do próprio Beethoven com sua morte, pois já manifestava múltiplos sinais da longa enfermidade que o mataria, dez anos depois.

Hochzeitslied (‘Canção de Casamento”), WoO 105, foi dedicada a Anna Giannatasio del Rio por ocasião de seu matrimônio com Leopold Schmerling em 1819. Nada sei mais deles, nem pretendo saber, porque o próprio Beethoven não demonstrou muito interesse por essa pequena obra muito formulaica, da qual existem duas versões.

Por fim, e antes que reclamem, aviso que subverti a ordem original das faixas na boa gravação da Naxos, a fim de que as canções em italiano iniciassem a audição, e que esta encerrasse com as duas obras mais robustas do disco: as versões de câmara de Opferlied e Bundeslied, que são melhor conhecidas em roupagens para coro e orquestra.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Canções polifônicas em italiano sobre textos de Pietro Metastasio, WoO 99
Compostas em 1801
Revisadas por Antonio Salieri (1750-1825)

1 – No. 1: Bei labbri che amore, Hess 211
2 – No. 2: Ma tu tremi, o mio tesoro, Hess 212
3 – No. 3: E pur fra le tempeste, Hess 232 (arranjo de Willy Hess para voz e piano)
4 – No. 4: Sei mio ben, Hess 231
5 – No. 5a: Giura il nocchier, Hess 227 (1ª versão)
6 – No. 5b: Giura il nocchier, Hess 230 (2ª versão)
7 – No. 5c: Giura il nocchier, Hess 221 (3ª versão)
8 – No. 7: Chi mai di questo core, Hess 214
9 – No. 8: Scrivo in te, Hess 215
10 – No. 9: Per te d’amico aprile, Hess 216
11 – No. 10a: Nei campi e nelle selve, Hess 217 (1ª versão)
12 – No. 10b: Nei campi e nelle selve, Hess 220 (2ª versão)
13 – No. 11a: Fra tutte le pene, Hess 208 (1ª versão, original)
14 – No. 11a: Fra tutte le pene, Hess 208 (1ª versão, revisado por Salieri)
15 – No. 11b: Fra tutte le pene, Hess 209 (2ª versão, revisado por Salieri)
16 – No. 11b: Fra tutte le pene, Hess 209 (2ª versão, original)
17 – No. 11c: Fra tutte le pene, Hess 224 (3ª versão, original)
18 – No. 11c: Fra tutte le pene, Hess 210 (3ª versão, revisado por Salieri)
19 – No. 12a: Salvo tu vuoi lo sposo (1ª versão)
20 – No. 12b: Salvo tu vuoi lo sposo, Hess 228 (2ª versão)
21 – No. 13a: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 218 (1ª versão)
22 – No. 13b: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 219 (2ª versão)
23 – No. 13c: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 213 (3ª versão)
24 – No. 14a: Già la notte s’avvicina, Hess 223 (1ª versão)
25 – No. 14b: Già la notte s’avvicina, Hess 222 (2ª versão)

Abschiedsgesang, para coro, sobre texto de Ignaz Seyfried, WoO 102
Composta e publicada em 1814
Dedicada a Leopold Weiss

26 – “Die Stunde schlägt” – Andante ma non troppo

Un lieto brindisi, cantata campestre para quatro vozes e piano, WoO 103 (Hess 127)
Composta em 1814
Publicada em 1949
Dedicada a Giovanni Battista Malfatti

27 – Allegro

Gesang der Mönche (“Canção dos Monges”) do Wilhelm Tell de Friedrich Schiller, para coro masculino, WoO 104
Composta em 1817
Publicada em 1839
Dedicada à memória de Wenzel Krumpholz e Franz Sales Kandler

28 – “Rasch tritt der Tod” – Ziemlich langsam

Hochzeitslied, para solista, coro e piano, WoO 105 (Hess 125), 1ª versão
Composta em 1819
Publicada em 1858
Dedicada a Anna Giannatasio del Rio

29 – “Auf, Freunde, singt dem Gott der Ehen” – Allegro

30 – Der freie Mann (1ª versão), Hess 146
31 – Die laute Klage, WoO 135 (1ª versão)
32 – In questa tomba oscura, WoO 133 (1ª versão)
33 – Klage, WoO 113 (1ª versão)
34 – Lied aus der Ferne, WoO 138 (1ª versão)
35 – Seis canções, Op. 48 – No. 3: Vom Tode (1ª versão)
36 – An die Geliebte (esboço, 1811)
37 – Opferlied, Hess 91 (2ª versão, Op. 121b, para soprano, coro e piano)
38 – Bundeslied, Op. 122, “In allen guten Stunden” (versão para coro e piano)

Ensemble Tamanial:
Tabea Gerstgrasser, soprano
Marianne Prenner, mezzo-soprano
Nicolas Frémy, tenor
Alex Gazda, barítono

Claudia Schlemmer e Paula Sophie Bohnet, sopranos
Stefan Tauber e Daniel Johannsen, tenores
Georg Klimbacher, barítono
Martin Weiser e Ricardo Bojórquez Martínez, baixos
Diána Fuchs e Bernadette Bartos, piano
Cantus Novus Wien
Thomas Holmes, regência

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CD BÔNUS: apesar de gostar muito das interpretações do disco acima, senti falta de algum sotaque italiano mais espesso nas canções italianas. Vá lá que foram compostas por um renano que nunca foi à Itália, mas achei que o considerável sucesso de Beethoven em seus estudos de prosódia com Salieri mereceria algo mais mediterrâneo e, por isso, resolvi oferecer-lhes essa gravação alternativa.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Canções polifônicas em italiano sobre textos de Pietro Metastasio, WoO 99

1 – No. 1: Bei labbri che amore, Hess 211
2 – No. 2: Ma tu tremi, o mio tesoro, Hess 212
3 – No. 3: E pur fra le tempeste, Hess 232 (arranjo de Willy Hess para voz e piano)
4 – No. 4: Sei mio ben, Hess 231
5 – No. 5a: Giura il nocchier, Hess 227 (1ª versão)
6 – No. 5b: Giura il nocchier, Hess 230 (2ª versão)
7 – No. 5c: Giura il nocchier, Hess 221 (3ª versão)
8 – No. 7: Chi mai di questo core, Hess 214
9 – No. 8: Scrivo in te, Hess 215
10 – No. 9: Per te d’amico aprile, Hess 216
11 – No. 10a: Nei campi e nelle selve, Hess 217 (1ª versão)
12 – No. 10b: Nei campi e nelle selve, Hess 220 (2ª versão)
13 – No. 11a: Fra tutte le pene, Hess 208 (1ª versão, original)
14 – No. 11a: Fra tutte le pene, Hess 208 (1ª versão, revisado por Salieri)
15 – No. 11b: Fra tutte le pene, Hess 209 (2ª versão, revisado por Salieri)
16 – No. 11b: Fra tutte le pene, Hess 209 (2ª versão, original)
17 – No. 11c: Fra tutte le pene, Hess 224 (3ª versão, original)
18 – No. 11c: Fra tutte le pene, Hess 210 (3ª versão, revisado por Salieri)
19 – No. 12: Salvo tu vuoi lo sposo
20 – No. 13a: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 218 (1ª versão)
21 – No. 13b: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 219 (2ª versão)
22 – No. 13c: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 213 (3ª versão)
23 – No. 14a: Già la notte s’avvicina, Hess 223 (1ª versão)
24 – No. 14b: Già la notte s’avvicina, Hess 222 (2ª versão)

Karen Wierzba, soprano
Natalie Pérez, mezzo-soprano
Vincent Lièvre-Picard, tenor
Jean-François Rouchon, barítono
Jean-Pierre Armengaud, piano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Missa da Coroação K. 317 / Vesperae solennes de confessore, K. 339 — Coleção Collegium Aureum Vol. 10 de 10

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Missa da Coroação K. 317 / Vesperae solennes de confessore, K. 339 — Coleção Collegium Aureum Vol. 10 de 10

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um resumo bastante incompleto do que foi a carreira do extraordinário Collegium Aureum, grupo que teve sua origem na Harmonia Mundi e que foi um dos principais pioneiros das interpretações historicamente informadas. 

E chegamos ao fim desta coleção com mais um grande disco. O som redondo e as crianças cantantes dão o tom deste maravilhoso Mozart. A Krönungsmesse (Missa da Coroação), K. 317, é a 15ª Missa composta por Wolfgang Amadeus Mozart e é uma das mais populares entre as suas missas. Assim como a maioria das missas de Mozart, a da Coroação é uma missa brevis. Ela parenta ter recebido seu apelido na Corte Imperial, em Viena, no início do século XIX, depois de se tornar a música preferida para coroações imperiais e reais. Possivelmente, foi tocada nas coroações de Leopoldo II, em 1790, e de Francisco I, em 1792.

A Vesperae solennes de Confessore, K. 339, é uma composição para coral, solistas, violino I, violino II, 2 trompetes, 3 trombones, 2 tímpanos e baixo contínuo formado por violoncelo, fagote, contrabaixo e órgão. O título de “confessore” não era de Mozart, e foi adicionado depois.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Missa K. 317 / Vesperae solennes de confessore, K. 339 — Coleção Collegium Aureum Vol. 10 de 10

CD10: Mozart – Krönungsmesse, K. 317; Vesperae solennes de confessore, K. 339 (62:44)

Missa, C-dur, K. 317 ‘Krönungsmesse’
01. I. Kyrie
02. II. Gloria
03. III. Credo
04. IV. Sanctus
05. V. Benedictus
06. VI. Agnus Dei

Vesperae solennes de confessore, K. 339
07. I. Dixit
08. II. Confitebor
09. III. Beatus vir
10. IV. Laudate pueri
11. V. Laudate Dominum
12. VI. Magnificat
13. Litaniae Laurentanae, KV 109

Hans Buchheirl, soprano (KV 317, 339)
Ursula Buckel, soprano (KV 109)
Andreas Stein, alto (KV 317, 339)
Maureen Lehane, alto (KV 109)
Theo Altmeyer, tenor (KV 317, 339)
Richard van Vrooman, tenor (KV 109)
Michael Schopper, bass (KV 317, 339)
Eduard Wollitz, bass (KV 109)
Tölzer Knabenchor
Collegium Aureum
Rolf Reinhardt, conductor (KV 109)

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Quem não lembra?

PQP

 

Centenário da morte de Alberto Nepomuceno (1864-1920) – Obras para piano – Szidon

O trabalho cotidiano de erguer o memorial pequepiano ao jubileu de Beethoven quase nos faz esquecer duma importante efeméride: o centenário da morte de Alberto Nepomuceno, notável compositor cearense, amplamente reconhecido como pai do nacionalismo musical brasileiro.

Não conheço tanto quanto gostaria de sua obra – o que, aliás, é um problema que aflige quase todos que o admiram. Há pouca coisa em mídia digital, e muito do que existe em analógico está em fitas de programas de rádios, gravações piratas de recitais e concertos, e LPs poentos. Dou-me conta de que ouvi ao vivo a maior parte que conheço de sua obra, e de que quase tudo que tenho comigo, eu baixei aqui no PQP. Alcanço ao blog uma pequena retribuição, um LP com algumas obras para piano interpretadas por meu conterrâneo Roberto Szidon, que também fica como uma homenagem ao único cearense amigo de Grieg, e como uma promessa de que, quando libertado for das obrigações contratuais beethovenianas, dedicarei mais de mim à sua memória.

Alberto NEPOMUCENO de Oliveira (1864-1920)

Lado A

Suíte antiga, para piano, Op.11
1 – Prelúdio
2 – Minueto
3 – Ária
4 – Rigaudon

Quatro peças líricas para piano, Op. 13
5 – Anelo
6 – Valsa
7 – Diálogo
8 – Galhofeira

Lado B
Duas peças para piano, Op. 27
1 – No. 1: Devaneio
2 – No. 2: Improviso

Folhas d’álbum, para piano
3 – No. 1: Con molto sentimento
4 – No. 2: Con moto
5 – N
o. 3: Andante mosso

Dois noturnos para piano
6 – No. 2 em Sol maior, para a mão esquerda

Roberto Szidon, piano

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Alberto e seu amigo Edvard

Vassily

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Concerto para Clarinete / Concerto para Oboé — Coleção Collegium Aureum Vol. 9 de 10

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Concerto para Clarinete / Concerto para Oboé — Coleção Collegium Aureum Vol. 9 de 10

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um resumo bastante incompleto do que foi a carreira do extraordinário Collegium Aureum, grupo que teve sua origem na Harmonia Mundi e que foi um dos principais pioneiros das interpretações historicamente informadas. 

E aqui temos dois belos concertos de Mozart: um tardio, escrito para o clarinete, e outro nem tanto, escrito para solo de oboé. O Concerto para Clarinete em A maior, K 622, foi composto em Viena em 1791 para o clarinetista Anton Stadler, para clarinete e orquestra. O concerto é também uma das últimas obras completas de Mozart, e seu último trabalho puramente instrumental (ele morreu em dezembro, após a conclusão). O concerto é notável pela delicada interação entre solista e orquestra, e também pela falta de cadenzas na parte do solista. O Concerto para Oboé , K. 314, foi composto na primavera ou verão de 1777, para o oboísta Giuseppe Ferlendis (1755-1802). Em 1778, Mozart o reescreveu como um concerto para flauta. O concerto é uma peça amplamente estudada para ambos os instrumentos e é um dos mais importantes do repertório do oboé.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Concerto para Clarinete / Concerto para Oboé — Coleção Collegium Aureum Vol. 9 de 10

CD09: Mozart – Klarinettenkonzert K. 622, Oboenkonzert K. 314 (47:56)
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Konzert für Klarinette und Orchester, A-Dur, K. 622
01. I. Allegro
02. II. Adagio
03. III. Rondo – Allegro

Konzert für Oboe und Orchester, C-Dur, K. 314
04. I. Allegro aperto
05. II. Adagio non troppo
06. III. Rondo – Allegretto

Hans Deinzer, clarinet
Helmut Hucke, oboe
Collegium Aureum
Franzjosef Maier, direction

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Cânones e Brincadeiras Musicais – Accentus – Ensemble Tamanial – Cantus Novus Wien


Beethoven escreveu algumas dezenas de cânones e brincadeiras musicais ao longo de sua vida. Se os primeiros foram exercícios de contraponto de um ambicioso estudante, a maior parte dos demais destina-se a uma finalidade específica – homenagem, agradecimento, deboche, sátira. Nenhum deles dura mais de dois minutos – poucos, aliás, passam sequer de um – e seus breves textos são muitas vezes tão só uma breve saudação (como “Feliz Ano Novo” (WoO 165, 176, 179), “Adeus” (WoO 181/2) ou “Aproveite a vida” (WoO 195)). Alguns cânones não têm qualquer texto, pelo que são executados habitualmente com instrumentos. Há aqueles destinados a colegas (“Ars longa, vita brevis”, por exemplo, escrito para Hummel) e, a maior parte, a amigos. Ao conde Lichnowsky, que muito o ajudou, Ludwig tascou um “Herr Graf, Sie sind ein Schaf! (“Senhor conde, você é um tolo”). Ignaz Schuppanzigh, tremendamente obeso, é chamado de “Falstafferel” (“Falstaffinho”). Há outras famosas vítimas de trocadilhos: E. T. A. Hoffmann, Friedrich Kuhlau e Carl Schwencke. Muitos cânones são cordiais, quase tributos, como aqueles para Albrechtsberger, Rellstab e Spohr. Também há pequenas paródias, como “Signor Abate”, imitando uma arieta rossiniana, e cânones profundamente enigmáticos: a quem se destinou “Ewig dein” (“Sempre teu”)? E para quem Beethoven pediu para “escrever para mim a escala de Mi bemol” (WoO 172)?

Às bobagenzinhas intercalam-se coisas mais sérias. Alguns de seus mais caros aforismos, vindos de seu poetas favoritos, ganharam cânones: “Kurz ist der Schmerz und ewig die Freude” (“A dor é breve, e a alegria, eterna”), de Schiller; “Edel sei der Mensch, hüfreich und gut, ja gut” (“Nobre é o Homem; prestativo e bom, sim: bom”), de Goethe; e “Das Schöne zu dem Guten” (“O Belo ao Bom”), de Matthison. E também há os cânones dos penúltimos meses de sua vida, como “Wir irren allesamt nur jeder irret anderst” (‘Todos erramos, apenas cada um de uma maneira diferente’), escrito em 1826 para o barão Karl Holz, que muito amparou Beethoven em sua agonia final.

Holz, aliás, é autor de um dos cânones espúrios incluídos nessa edição, que por muito tempo foi atribuído a Ludwig, assim como foi um de Michael, o irmão de seu professor Joseph Haydn. E também há o caso daquele talvez mais famoso entre esses diminutos bombons, “Ta, ta, ta, ta, lieber Mälzel”, WoO 162, que cita um tema da Oitava Sinfonia e serviu para embasar teorias, hoje refutadas, de que seu segundo movimento tentava imitar um metrônomo:

Sabe-se hoje que essa peça dedicada a Mälzel – inventor do panharmonicon e do trompetista mecânico para os quais Beethoven escreveu música – foi escrita por outrem, provavelmente o factotum Schindler, que lhe foi muito prestativo e seu primeiro biógrafo, mas também nunca teve escrúpulos em falsificar evidências para parecer-lhe mais próximo. Schindler à parte, essas diminutas bagatelas vocais, cheias de humor de quinta série, são também breves janelas para a vida pessoal de Ludwig e mostram um seu lado bem diferente daquele gênio de cores turronas, intensas e irascíveis com que nos acostumamos a vê-lo pintado. Por isso mesmo, e a despeito de sua pouca importância musical, eu as acho fascinantes.

Nenhuma gravação até hoje juntou a totalidade dos cânones e brincadeiras musicais de Beethoven, de modo que resolvi lhes trazer duas. A do coro Accentus é decididamente mais intimista e, talvez, afeita à despretensiosidade das bagatelas, dada a preferência por vozes solistas, e sempre a cappella. A outra, com os coros Cantus Novus e Ensemble Tamanial, me parece mais expressiva e variada, e conta com a participação de instrumentos, tanto para a execução dos cânones instrumentais, quanto para algumas intervenções marotas (notavelmente em “Bester Magistrat, Ihr friert” (“Caro Magistrado, você está congelando”), em que o violoncelo contribui com um apropriado tremolando). Se eu lhes puder sugerir, comecem pelo Accentus, prossigam com o outro disco e, ao final dessas duas horas, talvez imaginem um Beethoven a sorrir.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Languisco e moro, Hess 229
2 – Lob auf den Dicken, WoO 100
3 – Graf, Graf, liebster Graf, WoO 101
4 – Im Arm der Liebe ruht sich’s wohl, WoO 159
5 – Ewig dein, WoO 161
6 – Ta ta ta, lieber Mälzel, WoO 162
7 – Kurz ist der Schmerz, und ewig ist die Freude, WoO 163
8 – Freundschaft ist die Quelle wahrer Glückseligkeit, WoO 164
9 – Glück zum neuen Jahr, WoO 165
10  – Kurz ist der Schmerz, und ewig ist die Freude, WoO 166
11 – Brauchle, Linke, WoO 167
12 – Das Schweigen, WoO 168a
13 – Das Reden, WoO 168b
14 – Ich küsse Sie, WoO 169
15 – Ars longa, vita brevis, WoO 170
16 – Glück fehl’ dir vor allem, WoO 171
17 – Ich bitt’ dich, WoO 172
18 – Hol’ euch der Teufel! B’hüt’ euch Gott, WoO 173
19 – Glaube und hoffe, WoO 174
20 – Sankt Petrus war ein Fels, WoO 175 no. 1
21 – Bernardus war ein Sankt, WoO 175 no. 2
22 – Glück zum neuen Jahr, WoO 176
23 – Bester Magistrat, Ihr friert, WoO 177
24 – Signor Abate, WoO 178
25 – Seiner kaiserlichen Hoheit, alles Gute, alles Schöne!, WoO 179
26 – Hoffmann, sei ja kein Hofmann, WoO 180
27 – Gedenket heute an Baden, WoO 181
28 – O Tobias!, WoO 182
29 – Bester Herr Graf, Sie sind ein Schaf, WoO 183
30 – Falstafferel, lass’ dich sehen!, WoO 184
31 – Edel sei der Mensch, hilfreich und gut, WoO 185
32 – Te solo adoro, WoO 186 (versão para mezzo-soprano e baixo)
33 – Te solo adoro, WoO 186 (versão para soprano e mezzo-soprano)
34 – Te solo adoro, WoO 186 (Versão para tenor e baixo)
35 – Schwenke dich ohne Schwänke, WoO 187
36 – Gott ist eine feste Burg, WoO 188
37 – Doktor, sperrt das Tor dem Tod, WoO 189
38 – Ich war hier, Doktor, ich war hier, WoO 190
39 – Kühl, nicht lau, WoO 191
40 – Ars longa, vita brevis, WoO 192
41 – Ars longa, vita brevis, WoO 193
42 – Si non per portas, per muros, WoO 194
43 – Freu’ dich des Lebens, WoO 195
44 – Es muss sein, WoO 196
45 – Da ist das Werk , WoO 197
46 – Wir irren allesamt, WoO 198
47 – Ich bin der Herr von zu, Du bist der Herr von von, WoO 199
48 – Das Schöne zum Guten, WoO 203
49 -Herr Graf, ich komme zu fragen, WoO 221
50 – Esel aller Esel, WoO 227

Accentus

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Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Lob auf den dicken Schuppanzigh, WoO 100
2 – Graf, Graf, liebster Graf, WoO 101
3 – Im Arm der Liebe ruht sich’s wohl, WoO 159
4 – Ewig dein, WoO 161
5 – Freundschaft ist die Quelle wahrer Glückseligkeit, WoO 164
6 – Glück zum neuen Jahr!, WoO 165
7 – Kurz ist der Schmerz, WoO 163
8 – Brauchle, Linke, WoO 167
9 – Das Schweigen, WoO 168, No. 1
10 – Das Reden, WoO 168, No. 2
11 – Ich küße Sie, drücke Sie an mein Herz, WoO 169
12 – Ars longa, vita brevis, WoO 170

Johann Michael HAYDN (1737–1806)

13 – Glück fehl’ dir vor allem, MH 582 (atribuído a Beethoven como WoO 171)

Ludwig van BEETHOVEN

14 – Ich bitt’ dich, schreib’ mir die Es-Scala auf, WoO 172
15 – Hol Euch der Teufel! B’hüt’ Euch Gott!, WoO 173
16 – Glaube und hoffe, WoO 174
17 – Sankt Petrus war ein Fels, WoO 175 no. 1
18 – Bernardus war ein Sankt, WoO 175 no. 2
19 – Bester Magistrat, Ihr friert!, WoO 177
20 – Glück, Glück zum neuen Jahr!, WoO 176
21 – Signor Abate!, WoO 178
22 – Seiner Kaiserlichen Hoheit! – Alles Gute, alles Schöne, WoO 179
23 – Hoffmann, sei ja kein Hofmann, WoO 180
24 – Gedenket heute an Baden!, WoO 181, No. 1
25 – Gehabt euch wohl, WoO 181, No. 2
26 – Tugend ist kein leerer Name, WoO 181, No. 3
27 – O Tobias!, WoO 182
28 – Bester Herr Graf, Sie sind ein Schaf!, WoO 183
29 – Falstafferel, lass’ dich sehen!, WoO 184
30 – Edel sei der Mensch, hülfreich und gut, WoO 185
31 – Te solo adoro, WoO 186
32 – Schwenke dich ohne Schwänke!, WoO 187
33 – Gott ist eine feste Burg, WoO 188
34 – Doktor sperrt das Tor dem Tod, WoO 189
35 – Ich war hier, Doktor, ich war hier, WoO 190
36 – Kühl, nicht lau, WoO 191
37 – Ars longa, vita brevis, WoO 192
38 – Ars longa, vita brevis, WoO 193
39 – Si non per portas, WoO 194
40 – Freu dich des Lebens, WoO 195
41 – Es muss sein!, WoO 196
42 – Da ist das Werk, WoO 197
43 – Wir irren allesamt, WoO 198
44 – Ich bin der Herr von zu, WoO 199
45 – Ich bin bereit! – Amen, WoO 201
46 – Das Schöne zum Guten, WoO 202
47 – Das Schöne zu dem Guten, WoO 203

Karl HOLZ (1799–1958)

48 – Holz geigt die Quartette so (atribuído a Beethoven como WoO 204)

Ludwig van BEETHOVEN

49 – Languisco e moro, Hess 229
50 – Te solo adoro, Hess 263 (esboço do WoO 186)
51 – Te solo adoro, Hess 263 (esboço do WoO 186)
52 – Herr Graf, ich komme zu fragen, WoO 221
53 – Esel aller Esel, WoO 227
54 – Kurz ist der Schmerz, WoO 166
55 – Canon in G Major, WoO 160, No. 1, “O care selve”
56 – Canon in C Major, WoO 160, No. 2

Claudia Schlemmer, soprano
Stefan Tauber e Martin Weiser, tenores
Franz Schneckenleitner, baixo
Luka Kusztrich, Benjamin Lichtenegger, Lara Kusztrich e Dominik Hellsberg, violinos
Wolfgang Däuble, violoncelo
Ensemble Tamanial
Cantus Novus Wien
Thomas Holmes, piano e regência

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Apesar do humor de quinta série, nosso herói conteve seu linguajar. Seu ídolo Mozart, pelo contrário, nunca pagou imposto para ser boca-suja – nem para mandar os outros sujarem suas bocas, como nesses seus famosos e escatológicos cânones que me parecem impossíveis de cantar sem risadas. 

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704): Missa Sancti Henrici e Sonatas — Coleção Collegium Aureum Vol. 8 de 10

Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704): Missa Sancti Henrici e Sonatas — Coleção Collegium Aureum Vol. 8 de 10

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um resumo bastante incompleto do que foi a carreira do extraordinário Collegium Aureum, grupo que teve sua origem na Harmonia Mundi e que foi um dos principais pioneiros das interpretações historicamente informadas. 

Pois é, Biber foi um grande compositor e o demonstra nesta gravação com crianças canoras e adultos idem. Há a Missa Sancti Henrici e depois uma amostra da notável música instrumental do mestre com duas de suas Sonatas. Não que a música vocal lhe seja inferior. E, bem, como a gravação é de 1983, deve ter sido um marco na ressurreição Biber para as salas de concerto.

Pouco se sabe da biografia de Biber, além de que pode ter estudado num colégio jesuíta em Opava, na Boêmia, e que possivelmente recebeu alguma educação musical de um organista local. Antes de 1668, Biber trabalhou na corte do Príncipe Johann Seyfried von Eggenberg, em Graz, e depois foi empregado pelo príncipe-bispo de Olomouc, Karl II von Liechtenstein-Kastelkorn , em Kroměříž. Aparentemente Biber tinha boa reputação, e suas habilidades no violino eram altamente apreciadas .

No verão de 1670 Karl II enviou Biber a Absam, perto de Innsbruck, para adquirir novos violinos, feitos pelo luthier Jacob Stainer, porém Biber nunca retornou e, em vez disso, começou a trabalhar para o Arcebispo de Salzburg, Maximilian Gandolph von Kuenburg. Como Karl e Maximilian eram amigos, o antigo empregador não tomou nenhuma atitude. Biber permaneceu em Salzburg pelo resto de sua vida.

Em 1684, foi nomeado Kapellmeister (mestre de capela) em Salzburg. Sua vasta produção musical foi recuperada e passou às salas de concertos recentemente. Biber serviu à nobreza com afinco, provavelmente sem participar de turnês por outros países. Foi um inovador, trazendo, para o repertório de violino, inovações técnicas e estéticas. São relevantes as pitorescas e virtuosísticas Sonatas de Biber, com destaque para a Mystery (Rosary) Sonatas, que inclui novas técnicas e tonalidades incomuns.

Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704): Missa Sancti Henrici e Sonatas — Coleção Collegium Aureum Vol. 8 de 10

CD08: Biber – Missa Sancti Henrici; Sonatae tam aris quam aulis servientes (46:47)
Heinrich Ignaz Franz Biber (1644-1704)
Missa Sancti Henrici
01. I. Kyrie
02. II. Gloria
03. III. Credo
04. IV. Sanctus et Bendedictus
05. V. Agnus Dei

Sonatae tam aris quam aulis servientes
Sonata I a otto 1676
06. I. (Allegro)
07. II. Adagio – Presto
08. III. Allegro

Sonata XII a otto 1676
09. I. (Allegro)
10. II. Adagio – Allegro
11. III. Adagio – Presto

James Griffett, tenor
Michael Schopper, bass
Regensburger Domspatzen
Collegium Aureum
Georg Ratzinger, conductor

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Erlkönig, WoO 131 – Lieder – Breuer – Trost – Edelmann – Bojorquez – Bartos

Um Erlkönig de Beethoven?

Bem, em termos.

Ludwig debruçou-se sobre a famosa balada de Goethe e, após completar a melodia e esboçar o acompanhamento pianístico, abandonou o esqueleto da canção, que jazeu insepulto até que o alemão Reinhold Becker (1842-1924) o completou, em 1897. Ainda que o fragmento tenha sido composto em 1795, dois anos antes de Schubert vir ao mundo, há semelhanças notáveis entre as composições, a mais óbvia no acompanhamento ostinato do piano, que sugere o galope do cavalo a levar o homem e seu filho através da noite escura e do assédio do Rei dos Elfos. Ainda mais notável é que o torso de canção deixado por Beethoven tenha sido incluído no corpo principal do catálogo Kinsky-Helm das obras sem número de Opus (Werke ohne Opuszahl), distinção que normalmente só cabe a obras completas. Ainda que seja um gesto de covardia comparar qualquer outra versão com a obra-prima de Schubert, o mestre supremo da canção, e por mais que se discuta a fidelidade de Becker aos caquinhos que Beethoven nos legou de seu Erlkönig, parece-me que o resultado – ainda mais na voz do ótimo barítono Paul-Armin Edelmann – tem seu muito mérito e merece, se não um lugar ao lado do de Schubert, pelo menos algum próximo ao de Loewe, e bem adiante de outros, como os de Zelter e Spohr.

Entre as canções remanescentes do disco – entre as quais predominam versões alternativas e obscuras de Lieder de Beethoven – destaco o Hess 137, Ich wiege dich in meinem Arm (“Eu te embalo em meus braços”), que tem aqui sua primeira gravação. A bizarra história de sua redescoberta vale a pena ser contada:

Durante muito tempo, ela fora conhecida somente por uma referência que Ludwig fez a ela num rol de canções que ofereceu, sem sucesso, para publicação. Embora mencionada nos catálogos de sua obra, ela nunca fora encontrada – em grande parte porque sua caligrafia medonha fez os musicólogos procurarem, obviamente em vão, por uma canção com o esdrúxulo título Ich schwingen dich in meinem Dom (“Eu te balanço na minha catedral”). Depois que Alan Tyson, grande estudioso da obra de Beethoven, sugeriu o título correto, dois beethovenmaníacos conseguiram encontrar um poema com o mesmo título, da lavra do esquecido pastor Friedrich Wilhelm August Schmidt (1764-1838), de quem Ludwig já musicara um outro poema. Faltava aos dois – Mark Zimmer e Willem Holsbergen – encontrar a música, o que só conseguiram por causa dum verso sui generis:


Wovon, ach! ist dein Kuss so suess,
Wie Pisang war im Paradies?
Ach! ist so suess von Liebe!”

“De quê, ai! teu beijo é tão doce
Como banana no paraíso?
Oh! é tão doce de amor!”


Pisang (“banana”) é uma palavra malaia que entrou na língua neerlandesa devido à longa ocupação da Indonésia pelos Países Baixos, e que de lá, provavelmente, chegou ao alemão. O neerlandês Holsbergen reconheceu o bizarro verso dum caderno de rascunhos de Beethoven que vira anos antes em Londres. Munido do poema, conseguiu enfim identificar o esboço a que ele se referia, com melodia e parte do acompanhamento completos. Após reconstruir a canção – a quem deu o nome correto, que lhe foi sonegado por tanto tempo – publicou-a em 2013, duzentos e dezesseis anos após sua composição.

Quem estranhou a aparição da exótica banana no universo de Beethoven provavelmente corará ao perceber que ele fez questão de ressaltar o papel da fruta (quase que certamente numa comparação marota), mencionando-a três vezes na canção e acrescentando alguns efeitos assanhadinhos que sugerem que o poeta estava a imaginar-se num, bem, num vocês-sabem-o-quê com a amada. Já aqueles que atrelaram sua realização pessoal à necessidade de conhecer uma piada com banana e o humor de oitava série de Beethoven, bem, esses terão hoje um dos melhores dias de suas vidas.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Klage, WoO 113 (2ª versão)
2 – Neue Liebe, neues Leben, WoO 127, Hess 136
3 – Erlkönig, WoO 131, Hess 148 (completed by R. Becker)
4 – In questa tomba oscura, WoO 133 (2ª versão)
5 – Sehnsucht, WoO 134 (1ª versão)
6 – Sehnsucht, WoO 134 (2ª versão)
7 – Sehnsucht, WoO 134 (3ª versão)
8 – Gesang aus der Ferne, WoO 137
9 – An die Geliebte, WoO 140 (1ª versão)
10 – An die Geliebte, WoO 140 (2ª versão)
11 – An die Geliebte, WoO 140 (3ª versão)
12 – Egmont, Op. 84: Freudvoll und leidvoll (versão para voz e piano, com prelúdio)
13 – Egmont, Op. 84: Freudvoll und leidvoll (para voz e piano, Hess 94)
14 – Egmont, Op. 84: Freudvoll und leidvoll (versão para voz e piano, sem prelúdio, Hess 93)
15 – Canções de diferentes nacionalidades, WoO 158 – no. 28: Das liebe Kätzchen, Hess 133
16 – Canções de diferentes nacionalidades, WoO 158 – no. 29:Der Knabe auf dem Berge, Hess 134
17 – Schwinge dich in meinem Dom, Hess 137 (reconstruído por A.W. Holsbergen como ‘Ich wiege dich in meinem Arm’)
18 – Dimmi, ben mio, che m’ami, Hess 140 (versão inicial do Op. 82, no. 1)
19 – Dimmi, ben mio, che m’ami, Hess 140 (versão alternativa do Op. 82, No. 1)
20 – Seis canções, Op. 48 – no. 6: Bußlied (variação nos compassos 102-113)
21 – Wonne der Wehmut, Hess 142 (1ª versão do Op. 83, no. 1)
22 – Feuerfarb’, Hess 144 (1ª versão do Op. 52 no. 2)
23 – Opferlied, Hess 145 (esboço da primeira versão, WoO 126)
24 – An Henrietten, Hess 151, “Traute Henrietten” (completado por A. Orel)
25 – Seis canções, Op. 75 – no. 4: Gretels Warnung (1ª versão)
26 – Languisco e moro, Hess 229 (arranjo em ‘Der vollkommene Capellmeister, Part III Chapter 14: Ungezwungener Gebrauch der übermäßigen None’ de J. Mattheson)

Elisabeth Breuer, soprano (5–7, 12-17, 25, 26)
Rainer Trost, tenor (1, 2, 8, 18, 19, 21, 24)
Paul Armin Edelmann, barítono (3, 9-11, 20, 22, 23)
Ricardo Bojórquez, baixo (4)
Bernadette Bartos, piano

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O mais descabeladoramente difícil de todos Erlkönigs: a transcrição que Heinrich Wilhelm Ernst fez, para violino solo, da canção de Schubert. Notem que as vozes da criança, de seu pai e do Rei dos Elfos são claramente distinguíveis pelo registro, e que a excelente Hilary Hahn despacha as horrorosas dificuldades técnicas sem derramar uma gota sequer de suor.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Middle String Quartets (Melos) #BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Middle String Quartets (Melos) #BTHVN250

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O Melos Quartett de Stuttgart foi fundado em 1965 por quatro jovens, membros de conhecidas orquestras de câmara alemãs. O quarteto existiu até 2005, quando seu primeiro violinista faleceu e o grupo foi extinto. Os caras eram ótimos e gravaram muito. Se fossem bonitos, as capas de seus discos poderiam tapar uma parede da sala de sua casa, mas eles eram apenas notáveis músicos e é melhor ouvi-los apenas. Aqui temos notáveis interpretações dos três Quartetos Rasumovsky e elas são os destaques do trio de CDs. O conde (mais tarde príncipe) Andrey Kirillovich Razumovsky (1752-1836) foi um diplomata russo que passou muitos anos de sua vida em Viena. Ele encomendou a obra pedindo a Beethoven que, em cada dos quartetos, houvesse um movimento de inspiração russa. Os Quartetos Razumovsky refletem um afastamento agudo da música de câmara anterior de Beethoven, que havia sido escrita dentro de um estilo simples, com os conjuntos amadores de Viena em mente. Os Quartetos Razumovsky são riquíssimos e variados, com partes intricadas e desenvolvimentos ambiciosos de temas que impõem pesadas demandas técnicas aos executantes. Existem mudanças emocionais radicais, muitas vezes acompanhadas de justaposições estilísticas, equilibrando-se entre temas cerebrais e danças camponesas russas.

As interpretações do Ébène para este repertório middle de Beethoven, que postamos anteriormente, são melhores, talvez muito melhores, mas o charme do Melos ainda tem seu valor.

Os Early, com o Melos, estão AQUI.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Middle String Quartets (Melos)

DISCO 01

String Quartet in F after the Piano Sonata in E, Op.14 no.1
01. I.Allegro
02. II.Allegretto
03. III.Rondo. Allegr0…

String Quartet in F, Op.59 no.1 (Rasumovsky)
04. I.Allegro
05. II.Allegretto vivace e sempre sc…
06. III.Adagio molto e mesto – attacca
07. IV.Theme russe. Allegro

DISCO 02

String Quartet in E, Op.59 no.2 (Razumovsky)
01. I.Allegro
02. II.Molto adagio. Si tratta questo…
03. III.Allegretto
04. IV.Finale. Presto

String Quartet in F, Op.95
05. I.Allegro con brio
06. II. Allegretto ma non troppo – attacca
07. III.Allegro assai vivace ma serioso
08. IV.Larghetto espressivo – Allegretto agitato

DISCO 03

String Quartet in C, Op.59 no.3 (Razumovsky)
01. I.Introduzione. Andante con moto …
02. II.Andante con moto quasi Allegretto
03. III.Menuetto. Grazioso – attacca
04. IV.Allegro molto

String Quartet in E flat, Op.74 (‘Harp’)
05. I.Poco Adagio – Allegro
06. II.Adagio ma non troppo
07. III.Presto – attacca
08. IV.Allegretto con Variazioni

Melos Quartett
Wilhelm Melcher, 1. violino
Gerhard Voss, 2. violino
Hermann Voss, viola (alto)
Peter Buck, Violoncello

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O Melos não parece um grupo envelhecido de rock?

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Integral dos Lieder – Walderdorff – Brunner – Okerlund – Gustav Mahler Chor

Não é todo dia que uma edição alegadamente integral faz a alegria de um completista. Se você for um deles, e seu objeto de obsessão são os lieder de Beethoven, seu dia chegou (ou quase, como veremos mais adiante).

Esta coleção de cinco CDs marca a primeira ocasião em que todos os Lieder conhecidos e completos de Beethoven foram lançados num mesmo pacote. Além de todos os sucessos (se é que se pode falar assim desse arbusto relativamente pouco prestigiado da obra de Ludwig) e de todas as obras obscuras habituais, os artistas dedicaram-se a gravar versões preliminares e alternativas de suas canções, bem como, pela primeira vez, registrar algumas com seus textos completos, incluindo estrofes descartadas por diversos motivos das edições originais.

Dessa feita, a coleção inclui nada menos que onze premières mundiais:

– A primeira versão de Gretels Warnung, que depois seria publicada como no. 4 do Op.75;
– A primeira versão de An den fernen Geliebten, posteriormente publicada como no. 5 do Op. 75, que tem uma parte vocal mais extensa e um poslúdio mais curto para o piano;
– A primeira versão de Klage, WoO 113;
– A primeira versão de In questa tomba oscura, WoO 133;
– A primeira versão de Lied aus der Ferne, que se tornaria WoO 137, mas com a música da WoO 138 (Der Juengling in der Fremde);
– As três versões de An die Geliebte, WoO 140 com acompanhamento de piano (infelizmente, há uma – pasmem! – versão do próprio punho de Beethoven com acompanhamento de VIOLÃO que jamais foi gravada – algum leitor-ouvinte se habilita?);
– As duas versões de Freudvoll und Leidvoll, a canção da Clärchen em Egmont, Hess 93;
– A primeira versão de Dimmi ben mio, Hess 140, que depois seria o no. 1 do Op. 82;
– A primeira versão de Wonne der Wehmut, Hess 142, que se tornaria o no. 1 do Op. 83;
– A primeira versão de Feuerfarb’, Hess 144, que seria depois o no. 2 do Op. 52.

Além delas, a coleção inclui a primeira gravação com texto completo das seguintes canções:

Der freie Mann, WoO 117 (que tivera três estrofes censuradas por motivações políticas, mas que estavam de acordo com o posicionamento político de Beethoven);
Abschiedsgesang an Wiens Bürger, WoO 121, com todas suas seis estrofes;
Der Jüngling in der Fremde, WoO 138, com suas seis estrofes;
So oder so, WoO 148, com suas seis estrofes, incluída uma que afirma que “reis também são servos!”, algo bem de acordo com as crenças de Beethoven, mas que não passou incólume pelos censores de sua época.

Além delas, estão inclusas versões de câmara para Opferlied e Bundeslied, que normalmente escutamos com acompanhamento de orquestra. No entanto, como toda promessa tem suas entrelinhas, os produtores propuseram-se somente a oferecer as gravações de canções completas, deixando aquelas fragmentárias (mesmo que tenham sido reconstruídas em nossos tempos) de lado. Ainda por cima, um probleminha técnico impediu que a integridade do Op. 48 fosse para a nuvem. Assim, à guisa de compensação, incluí no rodapé uma gravação alternativa do ciclo com uma intérprete que, acredito, não suscitará reclamações dos leitores-ouvintes.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

INTEGRAL DOS LIEDER

DISCO 1

1 – Schilderung eines Mädchens, WoO 107 (anônimo) W/O
2 – An einen Säugling, WoO 108 (Döring) B/O
3 – Der freie Mann, 2ª versão, WoO 117 (Pfeffel) W/O/Coro
4 – Oito canções, Op. 52 – no. 1: Urians Reise um die Welt (Claudius) W/O/Coro
5 – Oito canções, Op. 52 – no. 2: Feuerfarb’, 2ª versão (Mereau) W/O
6 – Oito canções, Op. 52 – no. 3: Das Liedchen von der Ruhe (Ueltzen) W/O
7 – Oito canções, Op. 52 – no. 4: Maigesang (Goethe) W/O
8 – Oito canções, Op. 52 – no. 5: Mollys Abschied (Bürger) B/O
9 – Oito canções, Op. 52 – no. 6: Die Liebe (Lessing) W/O
10 – Oito canções, Op. 52 – no. 7: Marmotte (Goethe) W/O
11 – Oito canções, Op. 52 – no. 8: Das Blümchen Wunderhold (Bürger) W/O
12 – Ich liebe dich so wie du mich, WoO 123 (Herrosee) W/O
13 – La partenza, WoO 124 (Metastasio) W/O
14 – Adelaide, Op. 46 (Matthisson) W/O
15 – Abschiedsgesang an Wiens Bürger, WoO 121 (Friedelberg) W/O/Coro
16 – Kriegslied der Österreicher, WoO 122 (Friedelberg) (W/O/Coro)
17 – Opferlied, WoO 126 (Matthisson) W/O

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DISCO 2

1 – Neue Liebe, neues Leben, 1ª versão, WoO 127 (Goethe) W/O
2 – La tiranna, Canzonetta WoO 125 (Wennington) W/O
3 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 1: Bitten W/O
4 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 2: Die Liebe des Nächsten W/O [danificada]
5 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 3: Vom Tode W/O[danificada]
6 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 4: Die Ehre Gottes aus der Natur W/O
7 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 5: Gottes Macht und Vorsehung W/O
8 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 6: Bußlied W/O
9  – Lebensglück, Op. 88 (anônimo) W/O
10 – Der Wachtelschag, WoO 129 (Sauter) W/O
11 – An die Hoffnung, Op. 32 (Tiedge) W/O
12 – Elegie auf den Tod eines Pudels, WoO 110 (anônimo) W/O
13 – Als die Geliebte sich trennen wollte, WoO 132 (Breuning) W/O
14 – In questa tomba oscura, 2ª versão, WoO 133 (Carpani) W/O

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DISCO 3

1 – Sehnsucht, 1ª versão, WoO 134 (Goethe) B/O
2 – Sehnsucht, 2ª versão, WoO 134 (Goethe) B/O
3 – Sehnsucht, 3ª versão (Goethe) B/O
4 – Sehnsucht, 4ª versão (Goethe) B/O
5 – Andenken, WoO 136 (Matthisson) W/O
6 – Der Jüngling in der Fremde, WoO 138a (Reissig) W/O
7 – Lied aus der Ferne, WoO 138b (Reissig) W/O
8 – Gesang aus der Ferne, WoO 137 (Reissig) W/O
9 – Der Liebende, WoO 139 (Reissig) W/O
10 – Seis canções, Op. 75 – no. 1: Kennst Du das Land (Goethe) B/O
11 – Seis canções, Op. 75 – no. 2: Neue Liebe, neues Leben, 2ª versão (Goethe) W/O
12 – Seis canções, Op. 75 – no. 3: Aus Goethes Faust (Goethe) W/O/Coro
13 – Seis canções, Op. 75 – no. 4: Gretels Warnung (Halem) B/O
14 – Seis canções, Op. 75 – no. 5: An den fernen Geliebten, 1ª versão (Reissig) B/O
15 – Seis canções, Op. 75 – no. 5: An den fernen Geliebten, 2ª versão (Reissig) B/O
16 – Seis canções, Op. 75 – no. 6: Der Zufriedene (Reissig) W/O
17 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 1: Dimmi, ben mio, che m’ami, 2ª versão (anônimo) W/O
18 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 2: T’intendo sì, mio cor (Metastasio) W/O
19 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 3: L’amante Impaziente, Arietta buffa (Metastasio) W/O
20 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 4: L’amante Impaziente, Arietta assai seriosa (Metastasio) W/O 21 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 5: Odi l’aura che dolce sospira (Metastasio) W/B/O
22 – Três canções, Op. 83 – no. 1: Wonne der Wehmut, 2ª versão (Goethe) W/O
23 – Três canções, Op. 83 – no. 2: Sehnsucht (Goethe) W/O
24 – Três canções, Op. 83 – no. 3: Mit einem gemalten Band (Goethe) W/O
25 – An die Geliebte, 1ª versão (Stoll) W/O
26 – An die Geliebte, 3ª versão, WoO 140 (Stoll) W/O
27 – Der Bardengeist, WoO 142 (Hermann) W/O
28 – Des Kriegers Abschied, WoO 142 (Reissig) W/O

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DISCO 4

1 – Merkenstein, 1ª versão, WoO 144 (Ruprecht) W/O
2 – Merkenstein, 2ª versão, Op. 100 (Ruprecht) W/B/O/Coro
3 – Das Geheimnis, WoO 145 (Wessenberg) W/O
4 – An die Hoffnung, 2ª versão, Op. 94 (Tiedge) W/O
5 – Sehnsucht, WoO 146 (Reissig) W/O
6 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 1: Auf dem Hügel sitz ich spähend (Jeitteles) W/O
7 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 2: Wo die Berge so blau (Jeitteles) W/O
8 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 3: Leichte Segler in den Höhen (Jeitteles) W/O
9 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 4: Diese Wolken in den Höhen (Jeitelles) W/O
10 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 5: Es kehret der Maien, es blühet die Au (Jeitteles) W/O
11 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 6: Nimm sie hin denn, diese Lieder (Jeitteles) W/O
12 – Der Mann von Wort, Op. 99 (Kleinschmid) W/O
13 – Ruf vom Berge, WoO 146 (Treitschke) W/O
14 – So oder so, WoO 148 (Lappe) W/O
15 – Resignation, WoO 149 (Haugwitz) W/O
16 – Abendlied unterm gestirnten Himmel, WoO 150 (Goeble) W/O
17 – Ariette (Der Kuß), Op. 128 (Weisse) W/O
18 – Klage, 1ª versão, WoO 113 (Hölty) W/O
19 – Klage, 2ª versão, WoO 113 (Hölty) W/O
20 – Erhebt das Glas mit froher Hand (Trinklied), WoO 109 (anônimo) W/O/Coro
21 – Punschlied, WoO 111 (anônimo) W/O/Coro
22 – An Laura, WoO 112 (Matthisson) W/O
23 – Der freie Mann, 1ª versão, Hess 146 (Pfeffel) W/O/Coro

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DISCO 5

1 – Feuerfarb’, 1ª versão, Hess 144 (Mereau) W/O
2 – Ein Selbstgespräch, WoO 114 (Gleim) W/O
3 – O care selve, oh cara, WoO 119 (Metastasio) W/O/Coro
4 – Seufzer eines Ungeliebten und Gegenliebe, WoO 118 (Bürger) W/O
5 – Gretels Warnung, 1ª versão (Halem) B/O
6 – Romance, WoO 128 (anônimo) W/O
7 – Man strebt die Flamme zu verhehlen, WoO 120 (anônimo) B/O
8 – In questa tomba oscura, 1ª versão (Carpani) W/O
9 – Dimmi, ben mio, che m’ami, 1 ª versão, Hess 140 (anônimo) W/O
10 – Wonne der Wehmut, 1ª versão, Hess 142 (Goethe) W/O
11 – An die Geliebte, 2ª versão, WoO 140 (Stoll) W/O
12 – Der Gesang der Nachtigall, WoO 141 (Herder) W/O
13 – Die laute Klage, WoO 135 (Herder) W/O
14 – Auf, Freunde, singt dem Gott der Ehen, 1ª versão, WoO 105 (Stein) B/O/Coro
15 – Auf, Freunde, singt dem Gott der Ehen, 2ª versão, WoO 105 (Stein) W/O/Coro
16 – Gedenke mein, WoO 130 (Beethoven) W/O
17 – Es lebe unser teurer Fürst (Lobkowitz-Kantata), WoO 106 (Beethoven) B/O/Coro
18 – Freudvoll und Leidvoll, 1ª versão do acompanhamento pianístico, Op. 84 no. 4 (Goethe) W/O
19 – Freudvoll und Leidvoll, 2. versão do acompanhamento pianístico, Op. 84 no. 4 (Goethe) W/O
20 – Bundeslied, Op. 122 (Goethe) W/B/O/Coro
21 – Opferlied, Op. 121b (Matthisson) B/O/Coro

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Constantin Graf von Walderdorff, barítono (W)
Heidi Brunner, mezzo-soprano (B)
Kristin Okerlund, piano (O)
Gustav Mahler Chor, Wien


CD BÔNUS: infelizmente, minha cópia do segundo disco não dispõe da segunda e da terceira canções do ciclo do Op. 48. Numa tentativa de compensar o lapso, proponho uma emenda melhor que o soneto: uma gravação da inesquecível Jessye Norman, acompanhada por James Levine, entoando o ciclo completo.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Seis canções sobre poemas de Christian Fürchtegott Gellert, Op. 48
Compostas entre 1801-02
Publicadas em 1803
Dedicadas ao conde Johann Georg von Browne

1 – No. 1: Bitten
2 – No. 2: Die Liebe des Nächsten
3 – No. 3: Vom Tode
4 – No. 4: Die Ehre Gottes aus der Natur
5 – No. 5: Gottes Macht und Vorsehung
6 – No. 6: Bußlied

Jessye Norman, mezzo-soprano
James Levine, piano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736): La Serva Padrona — Coleção Collegium Aureum Vol. 7 de 10

Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736): La Serva Padrona — Coleção Collegium Aureum Vol. 7 de 10

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um resumo bastante incompleto do que foi a carreira do extraordinário Collegium Aureum, grupo que teve sua origem na Harmonia Mundi e que foi um dos principais pioneiros das interpretações historicamente informadas. 

Uma pequena joia esta interpretação de La Serva Padrona!

(O texto a seguir foi retirado daqui.)

Criada para ser apresentada despretensiosamente nos entreatos de outra peça, La Serva Padrona atraiu desde a estreia um grande público e se converteu numa referência para boa parte das óperas cômicas que se seguiram e que, não raro, aprofundaram e desenvolveram elementos que já estavam nela sugeridos.

O compositor italiano Giovanni Battista Pergolesi (1710 – 1736) faleceu muito precocemente com apenas 26 anos e La Serva Padrona (A criada patroa) é a sua mais importante obra. Com libreto de Gennaro Maria Federico ela subiu ao palco pela primeira vez em 1733 no Teatro di San Bartolomeo, em Nápoles.

Rigorosamente falando La Serva Padrona não é uma ópera. Ela é melhor classificada como um intermezzo, ou seja, um tipo de espetáculo que tinha lugar nos intervalos das óperas sérias. Pergolesi escreveu sua Serva para ser apresentada entre os atos de outra ópera de sua autoria, Il prigioner superbo. O próprio autor parece não se dar conta da originalidade da obra.

O intermezzo é uma forma dramática que se opõe à rigidez formal e à grandiloquência da ópera séria exatamente por sua função de entreter a plateia, adotando por isto enredos leves e uma simplicidade formal notável. A ópera séria, fruto da reforma do libreto proposta na virada dos séculos XVII e XVIII, advogava entre outras coisas uma rígida separação de gêneros e a eliminação das inserções cômicas, então muito comuns, nas peças dramáticas. Nos intermezzos não encontraremos assuntos mitológicos ou da história clássica, nem heróis espetaculares ou mulheres sofredoras. Não estão presentes também os efeitos cênicos surpreendentes produzidos por aparatos cenográficos complexos.

O libreto de La Serva Padrona, cuja execução dura cerca de uma hora, põe em cena uma história doméstica simples e divertida, com um desfecho rápido e, até certo, ponto previsível, tratada com um mínimo de meios musicais: apenas dois cantores, para os papéis de Serpina e Uberto, e ainda um ator mudo, no papel do criado Vespone. A orquestra, por sua vez, é reduzida ao naipe de cordas e ao baixo contínuo. Composta por dois intermezzos se baseia nos personagens da commedia dell’arte e nos assuntos típicos da época: a esperteza das pessoas do povo triunfando sobre a avareza da burguesia. Tudo isso articulado numa divertida sátira social.

A peça foi o estopim de uma polêmica que agitou os meios musicais franceses no período do barroco tardio, muito depois da morte de Pergolesi: a Querela dos Bufões. Em agosto de 1752, uma companhia itinerante de bufões italianos representou em Paris La Serva Padrona, no entreato da ópera Acis & Galatée de Lully. Foi o suficiente para vir à tona a oposição, até então latente, entre os partidários da tradição lírica francesa e os defensores do estilo bufo italiano — tendo de um lado, os aristocratas, com Rameau como símbolo, e do outro, intelectuais e enciclopedistas, como Jean-Jacques Rousseau.

A polêmica ultrapassou o terreno da música e levou a uma discussão de ideias estéticas, culturais, filosóficas, e até políticas. Os partidários de Rameau defendiam a complexidade da harmonia e ornamentação da música francesa e combatiam o que consideravam música de entretenimento, enquanto os de Rousseau atacavam a retórica dos temas mitológicos que pouco diziam ao público burguês emergente e defendiam a simplicidade e naturalidade da ópera italiana. Tudo isso provocado pelo sucesso de La serva padrona.

A gravação veiculada traz a soprano Maddalena Bonifaccio no papel de Serpina e o baixo-barítono Siegmund Niemsgern como Uberto. O conjunto instrumental é o Collegium Aureum, grupo criado em 1962 por solistas e professores do Conservatório de Freiburg, na Alemanha.

Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736): La Serva Padrona — Coleção Collegium Aureum Vol. 7 de 10

CD07: Pergolesi – La serva padrona (48:54)
Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736)
La serva padrona
Atto primo
01. Aspettare, e non venire (Uberto)
02. Recitativo
03. Sempre in contrasti (Uberto)
04. Recitativo
05. Stizzoso, mio stizzoso (Serpina)
06. Recitativo
07. La conosco a quegl’ occhietti (Serpina, Uberto)

Atto secondo
08. Recitativo
09. A Serpina penserete (Serpina)
10. Recitativo
11. Son imbrogliato io gia (Uberto)
12. Recitativo
13. Per te io ho nel core (Duet)

Maddalena Bonifacio, soprano
Siegmund Nimsgern, bass
Collegium Aureum
Franzjosef Maier, direction

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PQP

 

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770–1827) The Piano Concertos – Bavouzet, Swedish Chamber Orchestra

Era só uma questão de tempo para que Jean-Efflam Bavouzet lançasse sua integral dos Concertos para Piano de Beethoven. Projeto pessoal, pressão da gravadora ou até mesmo dos fãs, como este que vos escreve, enfim, eis que finalmente foi lançado no final de agosto, ainda dentro das comemorações dos 250 anos de nascimento de Beethoven. Confesso que ainda não ouvi com a atenção devida, a correria do dia a dia impede, mas gostei do pouco do que ouvi.
Considero Bavouzet um dos pianistas mais completos da atualidade. Já postamos tantas versões destes concertos que fiquei pensando em prorrogar esta postagem para o ano próximo, mas sei lá o que vai acontecer até lá, as coisas anda tão confusas e loucas neste ano de 2020, que preferi antecipar.
Bavouzet é um músico tão completo que optou por ele mesmo dirigir a ótima Orquestra de Câmara Sueca. Versátil o rapaz, não é verdade? O texto abaixo é do próprio pianista explicando sua decisão:

“Tocar um concerto com um maestro que compartilha e enriquece a visão da obra em questão é uma das maiores alegrias na vida de um solista. No entanto, também se pode admitir que alguns aspectos de atuar sem um condutor podem ser vantajosos. O tempo de ensaio é geralmente aumentado pelo processo de elaboração dos diferentes protocolos de gestos do solista e do líder na coordenação da execução do conjunto. À medida que a obra avança, vai-se forjando um vínculo criativo, resultando em uma osmose artística, uma visão comum da obra, na qual o compromisso não tem lugar. Para o pianista há também o deleite de estar frente a frente com toda a orquestra, na comunicação visual direta, os músicos talvez mais propensos a iniciativas pessoais, multiplicando assim o prazer da participação genuína, do diálogo e da troca musical. As Cadenzas usadas ​​nesta gravação são todas de Beethoven, do conjunto que ele escreveu em 1809, e portanto são contemporâneas do Quinto Concerto. ” (livremente traduzido, a partir do editorial da Amazon).

Pois bem, então vamos ao que viemos, a tão esperada integral dos Concertos para Piano de Beethoven nas mãos mais que competentes de Jean-Efflaim Bavouzet.

COMPACT DISC ONE
Piano Concerto No. 2, Op. 19 (1787 / 88–95, revised 1798) in B flat major 
1 Allegro con brio
2 Adagio
3 Rondo. Molto allegro

Piano Concerto No. 1, Op. 15 (1795, revised 1800) in C major 
4 Allegro con brio
5 Largo
6 Rondo. Allegro

COMPACT DISC TWO
Piano Concerto No. 3, Op. 37 (1802–03) in C minor
1 Allegro con brio
2 Largo
3 Rondo. Allegro – Presto

Piano Concerto No. 4, Op. 58 (1805–06) in G major
4 Allegro moderato
5 Andante con moto
6 Rondo. Vivace – Presto

COMPACT DISC THREE
Piano Concerto No. 5, Op. 73 (1809) in E flat major (‘Emperor’)
1 Allegro
2 Adagio un poco mosso –
3 Rondo. Allegro

Grand Quintet, Op. 16 (1796–97)* in E flat major for Piano with Oboe, Clarinet, Bassoon, and Horn
4 Grave – Allegro, ma non troppo
5 Andante cantabile
6 Rondo. Allegro, ma non troppo

Swedish Chamber Orchestra
Karin Egardt oboe*
Kevin Spagnolo clarinet*
Mikael Lindström bassoon*
Terése Larsson horn*
Urban Svensson leader
Jean-Efflam Bavouzet pianist • director

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BOOKLET – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – König Stephan, Op. 117 – Marcha para “Tarpeja”, WoO 2a – “Germania”, WoO 94 – “Es ist vollbracht”, Woo 97 – Vestas Feuer, Hess 115 – Leonore Prohaska, WoO 96 – Chung – Järvi – Davis – Finley – Abbado

Mencionamos ontem que Beethoven recebeu a encomenda de música incidental para duas peças de teatro destinadas à inauguração de um novo teatro alemão (ironicamente chamado “Teatro Húngaro”) em Pest. Uma delas, Die Ruinen von Athen, já lhes foi apresentada. A segunda, é dela que se trata a postagem de hoje.

König Stephan, oder: Ungarns erster Wohltäter (“Rei Estêvão, ou: Primeiro Benfeitor da Hungria”) trata, claro, do homônimo rei dos húngaros, e o primeiro com esse título Estêvão, que se converteu ao catolicismo, unificou a Planície Panônica sob sua coroa e, por isso, é considerado o fundador da nação húngara. Canonizado, teve a ele consagrada uma majestosa basílica em Pest, e seu dia de santo é um feriado nacional em que se comemora também a própria fundação da Hungria. Não deixa de ser irônico, por isso, que um herói nacional dos magiares fosse incensado em língua alemã, num teatro construído por austríacos e no contexto duma reação ao crescente nacionalismo nos Cárpatos. No entanto, se o compararmos seu libreto com o de Die Ruinen von Athen – em que Pest é citada como uma “Nova Atenas”, liderada pelo imperador Franz II -, o de König Stephen é dum esculacho mais leve: ele basicamente descreve a trajetória do rei como cristianizador daquelas planícies pagãs, até sua coroação, mas acaba cedendo ao nariz marrom ao enaltecer, no final, o imperador austríaco.

As duas peças foram escritas por August von Kotzenbue, um sujeito multiúso que acabaria assassinado, anos mais tarde, ao ser confundido com um espião. A ideia era de apresentar König Stephan como prelúdio e Die Ruinen von Athen como epílogo duma trilogia sobre temas húngaros, mas a peça central foi censurada por motivos políticos, por ser simpática demais aos magiares. Beethoven recebeu a encomenda da música durante suas férias no balneário boêmio de Teplitz/Teplice e, numa rara demonstração de eficiência no cumprimento de prazos, enviou para a Hungria, dentro dos três meses combinados, duas coleções duma música incidental tão elaborada e expansiva que transformou as acanhadas peças de Kotzenbue em Singspiele. Quando os organizadores deram uma de Beethoven, postergando o prazo e adiando a inauguração do teatro apenas para 1812, ele se deu o trabalho de revisar a música antes de entregá-la novamente.

Não se sabe como foi a acolhida na estreia, mas alguns meses depois já circulavam edições piratas de reduções de ambas séries para piano a quatro mãos – um indicativo certeiro de popularidade. A boa interpretação que lhes alcanço, a cargo do ótimo Myung-whun Chung, distingue-se pela presença do grande Dietrich Fischer-Dieskau que, contrariamente à sua praxe, não solta o inconfundível vozeirão de barítono e limita-se a contribuir com a narração da parte do protagonista.

As demais obras do disco (com a exceção do Coro dos Príncipes Aliados, WoO 95, uma entre as obras bajulatórias à nobreza reunida para o Congresso de Viena, para a qual não encontramos pareamento melhor), fecham a fatura da música composta por Beethoven para os palcos.

As duas obras do WoO 2 foram, por muito tempo, associadas à tragédia Tarpeja, de Christoph Kuffner (1780-1846), sobre a jovem vestal acusada de trair Roma em sua luta contra os sabinos. No entanto, somente a segunda (a Marcha Triunfal, WoO 2a) foi composta para Kuffner, porque se descobriu, com base no estudo marcas d’água dos papéis usados na composição, que o destino da breve WoO 2b era o de prelúdio ao segundo ato de Leonore. Ao perceber que o primeiro dos dois atos do libreto era excessivamente longo, Beethoven dividiu-o em duas partes, e teve que lhe escrever mui rapidamente esta breve introdução, que acabou sobrando nos golpes de foice que Beethoven deu na obra para, anos depois, reformulá-la como Fidelio.

A gravação inclui duas árias com coros – Germania Es ist vollbracht – escritas como grands finales de Singspiele de outros autores. Era comum que os Singspiele funcionassem assim, como coletâneas de colaborações (muitas vezes não autorizadas) de diversos compositores, e certamente uma contribuição de Beethoven, o mais célebre compositor da Áustria, ganharia uma destacada posição final. Germania serviu como coro final para Die gute Nachricht (“A Boa Nova”)uma peça patriótica destinada a celebrar a vitória sobre Napoleão e seu exílio em Elba. Na mesma linha, Es ist vollbracht (“Está consumado”) encerra Die Ehrenpforten (“As Portas da Glória”), que comemora a segunda tomada de Paris, após a abdicação de Napoleão e sua derrota final, após os chamados “Cem Dias”. Ela inclui uma citação do então hino imperial austríaco, Gott erhalte Franz den Kaiser“, composto por Joseph Haydn e é hoje, com o nome Das Lied der Deutschen, o hino da República Federal da Alemanha. Os dois coros foram provavelmente escritos como pagamento duma dívida de gratidão, pois o autor dos textos os dois Singspiele, Georg Friedrich Treitschke, em muito ajudou Beethoven ao transformar o libreto da fracassada Leonore no do bem-sucedido Fidelio.

A obra seguinte, Vestas Feuer (“O Fogo de Vesta”), baseia-se na reconstrução da única cena que Beethoven compôs para o libreto que Emanuel Schikaneder (libretista de “A Flauta Mágica” e seu primeiro Papageno) lhe alcançou em 1803. Como já repetimos muitas vezes na série, Ludwig tinha a ambição de fazer fortuna com ópera, e um colaborador na posição de Schikaneder – famoso, ainda que em decadência, e dono de seu próprio teatro – parecia ideal para isso. O libreto, no entanto, não só não o agradou (ele comparou o vocabulário de Schikaneder ao de uma “feirante de Viena”), como chegou com considerável atraso, quando Beethoven já estava trabalhando em obras como a Eroica e a sonata Waldstein. Previsivelmente, então, pulou fora do barco e deixou Schikaneder, er, a ver navios.

Nem sei se vale a pena entrar no mérito da trama, já que a cena é muito curta – um casal em encontros furtivos, o pai da moça que odeia o rapaz, um mandrião a dizer-lhe que o pai está possesso, a aparição do tal pai e todo um feio entrevero, e a reconciliação dos três ao reconhecer o amor que há entre o casal, e isso tudo sem que se enxergue qualquer fogo do Tempo de Vesta. Limitar-me-ei a informar-lhes que a cena foi reconstruída pelo mesmo incansável Willy Hess que não só pôs em condições de execução vários fragmentos de Beethoven, mas também organizou um dos mais abrangentes catálogos de sua obra, e que o conciliatório trio final soará familiar àqueles entre vós outros que acompanharam nossas postagens de Leonore/Fidelio: ele foi a base do que se tornaria o grande dueto O namenlose Freude, que encerra a única ópera que Beethoven completaria, e em cujos trabalhos se lançou tão logo abandonou Schikaneder.

As peças finais são talvez a mais peculiares de toda nossa série. Elas foram compostas para o drama Leonore Prohaska, de Friedrich Duncker, baseado na história real da heroína alemã que, disfarçada de homem, numa trajetória semelhante à de Diadorim de Guimarães Rosa, lutou pelo exército prussiano nas guerras napoleônicas, destacou-se pela bravura em combate, e só teve sua verdadeira identidade descoberta depois de ser mortalmente ferida na batalha de Göhrde. Beethoven escreveu quatro pequenas peças, todas muito distintas: um impetuoso, conciso coro de soldados dispostos a morrer em combate (Wir bauen und sterben, “Nós construímos e morremos”); um breve romance para soprano com acompanhamento de harpa, que é uma de suas poucas peças originais para esse instrumento; um breve melodrama acompanhado pelo lindo (e, admitamos, fantasmagórico) som duma harmônica de vidro; e uma marcha fúnebre que é a orquestração do segundo movimento de sua sonata para piano, Op. 26, o único exemplo remanescente duma obra pianística de Beethoven orquestrada por ele próprio.

Ludwig van BEETHOVEN
(1770-1827)

Abertura e música incidental para a peça König Stephan, oder: Ungarns erster Wohltäter (“Rei Estêvão, ou: Primeiro Benfeitor da Hungria”), de August von Kotzebue, Op. 117
Compostas entre 1811-12
Publicadas em 1826 (abertura) e 1865

1 – Abertura. Andante con moto – Presto
2 – Coro: “Ruhend von seinen Thaten”. Andante maestoso e con moto
3 – Coro: “Auf dunkelm in finstern Hainen Wandelten”. Allegro con brio
4 – Marcha das Mulheres. Feurig und stolz
5 – Coro das mulheres: “Wo die unschuld Blumen streute”. Andante con moto all’Ongarese
6 – Melodrama: “Du hast dein Vaterland”
7 – Coro: “Eine neue strahlende Sonne”. Vivace
8 – Melodrama: “Ihr edlen Ungarn!”. Maestoso con moto – Andante maestoso
9 – Geistlicher Marsch. Moderato – Melodrama: “Heil unserm Konige!”. Allegro vivace e con brio – Grave risoluto e ben marcato
10 – Schlusschor: “Heil! Heil unserm Enkeln”. Presto

Dietrich Fischer-Dieskau, Helmut Rühl, Ulrike Jackwerth, Boris Aljinovicz e Frank-Thomas Mende, narradores
Coro dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia
Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia
Myung-Whun Chung, regência


Entreato para a ópera “Leonore”, Wo0 2b
Composta em 1805
Publicada em 1938

11 – Alla Marcia

Göteborgs Symfoniker
Neeme Järvi, regência


Marcha Triunfal para a tragédia “Tarpeja”, de Christoph Kuffner, WoO 2a
Composta em 1813
Publicada em 1840

12 – Marcia: Lebhaft und stolz

BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


“Germania”, ária para barítono, coro e orquestra para o final do Singspiel Die gute Nachricht, de Georg Friedrich Treitschke, WoO 94
Composta e publicada em 1814

13 – Feurig, jedoch micht zu geschwind

Gerald Finley, barítono
BBC Singers
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


Chor auf die verbündeten Fürsten (“Coro dos Príncipes Aliados”), para coro e orquestra, WoO 95
Composta em 1814
Publicada em 1865

14 – Ziemlich lebhaft

BBC Singers
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


“Es ist vollbracht”, ária para barítono, coro e orquestra para o final do Singspiel Die Ehrenpforten, de Georg Friedrich Treitschke, WoO 97
Composta e publicada em 1815

15 – Risoluto

Gerald Finley, baixo
BBC Singers
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


Cena da ópera Vestas Feuer (“O Fogo de Vesta”), com libreto de Emanuel Schikaneder, Hess 115
Reconstruída e completada por Willy Hess
Composta em 1803
Publicada em 1953

16 – “Blick, o Herr, durch diese Bäume” – “Liebe Freundin, lebe wohl!”

Susan Gritton, soprano
David Kübler, tenor
Robin Leggate, tenor
Gerald Finley, baixo
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


Música incidental para a peça Leonore Prohaska de Friedrich Duncker, WoO 96
Composta em 1815
Publicada em 1865

17 – Kriegerchor: “Wir bauen und sterben”
18 – Romanze: “Es blüht eine Blume im Garten mein”
19 – Melodrama: “Du, dem sie gewunden”
20 – Trauermarsch

Sylvia McNair, soprano
Karoline Eichhorn, declamação
Marie-Pierre Langlamet, harpa
Sascha Reckert, harmônica de vidro
Rundfunkchor Berlin
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado, regência

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Para quem sempre quis conhecer o rei Estêvão, o grande dia chegou: eis sua mão direita, conservada num relicário na basílica que leva seu nome, em Budapest
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Mahler (1860 – 1911) · ∾ · Erinnerung · ∾ · (Coleção de Lieder) · ∾ · Christiane Karg & Malcolm Martineau ֍

Mahler (1860 – 1911) · ∾ · Erinnerung · ∾ · (Coleção de Lieder) · ∾ · Christiane Karg & Malcolm Martineau  ֍

Mahler

Erinnerung

Christiane Karg

Malcolm Martineau

 

Hoje chegou pelo correio uma caixa com CDs de Mahler – Sinfonias –, quase todas, regidas pelo jovem James Levine, diversas orquestras. Eu já havia esquecido que havia pedido. Gosto particularmente da gravação que ele fez da Terceira e da Quinta Sinfonia e assim pedi a coisa toda que ele gravou. Vai dar trabalho, mas será divertido. Mas o que eu realmente queria dizer é que chegou novamente dias de ouvir Mahler. Para tanto, é preciso entrar na vibe, sentir uma certa apetência. Não creio que alguém simplesmente acorde e diga – hoje ouvirei a Oitava Sinfonia de Mahler, a menos que seja um dia especial.

O universo deste compositor é um tanto complexo e sua exploração pode durar uma vida toda, se você souber dosar. Eu não entendi direito ainda a Sexta, Sétima e a Oitava. Adoro de paixão a Nona e a Canção da Terra, mas ouço estas obras com parcimônia, quando posso realmente me entregar a elas com a dedicação que eu acho que elas merecem.

Sobrou o que? Bom, as outas sinfonias que eu ouço com mais frequência, a Quarta prima entre elas.

Mas, se você ainda é noviç@ na arte de Mahler, ou mesmo iniciad@ mas que ainda tem arcanos a galgar, precisa ouvir os Lieder. Na minha opinião, o caminho para o coração da música de Mahler passa por suas lindas canções.

E este disco, que você encontra aqui no PQP Bach ainda antes do seu lançamento, que será no dia 16 de outubro de 2020, traz assim um buquê delas, todas muito boas, algumas espetaculares. A cantora, Christiane Karg, já tem alguns discos lançados, mas este é o primeiro dela que ouço. Buscarei muitos outros.

Temos seis canções do conjunto intitulado “Des Knaben Wunderhorn”, com poesias folclóricas e cheias de sabedoria popular e sete canções do conjunto intitulado “Lieder und Gesänge aus der Jugenszeit”, do tempo de juventude. Tem também cinco canções maravilhosas, com letras de Friedrich Rückert, as “Rückert Lieder”, e para fechar o cortejo, algo deveras especial.

Em 1905, Edwin Welte inventou uma maneira de gravar os pianistas da época em rolos de papel e Mahler foi um dos que deixaram registro. Ele gravou arranjos de algumas de suas obras. Pois, usando estes raríssimos documentos, nas duas últimas canções, Christiane Karg é acompanhada por ninguém menos do que o próprio compositor. Bem, ela teve que dar um jeito de se adaptar aos andamentos ousados do Gustav, mas é isso o que temos. A última canção, em particular, tem como letra um poema da coleção “Des Knaben Wunderhorn” – Wir geniessen den himmlischen Leben – e tornou-se o quarto movimento da Quarta Sinfonia. A canção é uma descrição da vida no Céu pelos olhos de uma criança.

É claro, cada um pode ouvir a música como quiser, inclusive escolhendo uma ou outra canção e depois seguir para outros arquivos. Mas se você se permitir um pouco mais de tempo e dedicação, poderá usufruir muito mais. De um libreto de outro disco, tirei o seguinte parágrafo: Há outro aspecto dos Lieder de Mahler: eles devem ser vistos como os germes de suas obras sinfônicas. Não é por acaso que muitos deles existem em duas versões, com acompanhamento de piano e com acompanhamento orquestral. Na coleção de poemas intitulado “Des Knaben Wunderhorn”, que refletem a realidade em uma maneira simplista, Mahler encontrou algo de seu próprio e real despertar primitivo. Essas canções antecipam o que suas sinfonias mais tarde iriam definir – a relação entre felicidade e nostalgia, medo e amor pela natureza, pesar e o fantasmagórico.

Por exemplo, um pouco de esforço revela o rico universo folclórico das canções do KW. A primeira delas a ser apresentada aqui, Rheinlegendchen (Lendazinha Renana), conta de um camponês que sente saudades de sua amada e de uma forma mágica e misteriosa seu anel (ou aliança) cai no rio, corre para o mar e acaba na barriga de um peixe. O peixe, depois de assado vai para a mesa do rei que acha o anel! E, é claro, a jovenzinha reconhece o anel e volta correndo para devolvê-lo…. Bom, você acha que isso tudo demora uns quinze minutos para contar, não é? Nada, a canção demora meros 3 minutos! Por isso é preciso ouvir e ouvir…

Outra canção maravilhosa é Des Antonious von Padua Fischpredigt, que conta como o caridoso santo, não encontrando qualquer pessoa na igreja, foi pregar aos peixes. E todos os peixes o escutaram com a atenção que o santo merece. Mas, ao fim do sermão, cada um se volta para sua própria vida, o peixe lúcio continua um ladrão, as enguias grandes amantes, o sermão agradou, mas eles continuam como sempre foram. Verdadeira sabedoria folclórica.

Há canções nas quais o intérprete faz mais do que uma voz, como na Das Irdishe Leben – A Vida na Terra – em que há uma criança faminta, uma mãe que lhe promete o pão e o narrador. E tem Verlorne Müh’ – Inútil Esforço – em que a garota tenta atrair o rapazola, mas com diz o título, o esforço é em vão.

Eu gosto muito das canções com letras de Friedrich Rückert, que também escreveu a letra para os Kindertotenlieder. Há três canções curtas, belíssimas, e duas mais parrudas – Um Mitternacht, que é muito séria, e dá um pouco de medo, e a que eu mais gosto de todas, Ich bin der Welt abhanden gekommen. Acho que nesta canção há uma parte essencial da obra de Mahler, que não seria completa sem ela.

Escrevi mais do que havia planejado, não sei se você continua comigo até aqui ou se já foi para outra postagem. Espero que meu entusiasmo por essas coisas lhe contagie de alguma maneira e que o disco lhe seja agradável!

Vale!

Gustav Mahler (1860 – 1911)

  1. Rheinlegendchen (Des Knaben Wunderhorn)
  2. Wer hat dies’ Liedlein Erdacht? (Des Knaben Wunderhorn)
  3. Hans und Grete (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  4. Ablösung im Sommer (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  5. Scheiden und Meiden (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  6. Verlorne Müh’ (Des Knaben Wunderhorn)
  7. Des Antonius von Padua Fischpredigt (Des Knaben Wunderhorn)
  8. Das irdische Leben (Des Knaben Wunderhorn)
  9. Wo die schönen Trompeten blasen (Des Knaben Wunderhorn)

Rückert-Lieder

  1. Blicke mir nicht in die Lieder!
  2. Ich atmet’ einem linden Duft!
  3. Um Mitternacht
  4. Liebst du um Schönheit
  5. Ich bin der Welt abhanden gekommen

 

  1. Erinnerung (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  2. Phantasie aus Don Juan (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  3. Nicht wiedersehen (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)

Christiane Karg, soprano

Malcolm Martineau, piano

  1. Ich ging mit Lust (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  2. Wir geniessen den himmlischen Leben

Christiane Karg, soprano

Gustav Mahler, piano de rolo

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FLAC | 227 MB

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MP3 | 320 KBPS | 159 MB

Malcolm Martineau, rindo à toa…

For her first solo recital on harmonia mundi, Christiane Karg, alongside her faithful partner Malcolm Martineau, presents an incursion into the most intimate aspect of Mahler’s music: the songs from Des Knaben Wunderhorn take us to the heart of the composer’s creative process, as do the songs from his youth and the later Rückert-Lieder.

Aproveite!

René Denon

Se você gostou desta postagem, pode se interessar por estas aqui:

Gustav Mahler (1860-1911): Des Knaben Wunderhorn

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 4 – Emmy Loose, Philharmonia Orchestra & Paul Kletzki

Robert Schumann (1810-1856): Quinteto e Quarteto para Piano, Op. 44 e 47

Robert Schumann (1810-1856): Quinteto e Quarteto para Piano, Op. 44 e 47

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Não sou um admirador incondicional de Robert Schumann, mas há coisas que amo com toda a paixão. Dentre elas, estão este quinteto e quarteto absolutamente perfeitos. E aqui o grande Emerson String Quartet recebe El Imparable Menahem Pressler, ex-líder do saudoso Beaux Arts Trio, para uma interpretação de referência das obras. Tudo aqui é maravilhoso, mas o Andante cantabile do Quarteto é algo realmente especial e sempre me lembra uma cena dilacerante de um filme há muito visto de Alexander Kluge. Casualmente, o In modo d’una marcia foi largamente utilizado por Ingmar Bergman no belíssimo Fanny e Alexander, Um Schumann para admiradores de Bach? Também, mas antes penso que seja duas das mais gloriosas obras de música absoluta já compostas e que abrem o horizonte para Johannes Brahms.

Não deixe de ouvir.

Robert Schumann (1810-1856): Quinteto e Quarteto para Piano, Op. 44 e 47

1. Piano Quintet in E flat, Op.44 – 1. Allegro brillante 8:56
2. Piano Quintet in E flat, Op.44 – 2. In modo d’una marcia (Un poco largamente) 8:54
3. Piano Quintet in E flat, Op.44 – 3. Scherzo (Molto vivace) 4:48
4. Piano Quintet in E flat, Op.44 – 4. Allegro, ma non troppo 7:24

5. Piano Quartet in E flat, Op.47 – 1. Sostenuto assai – Allegro ma non troppo 8:45
6. Piano Quartet in E flat, Op.47 – 2. Scherzo (Molto vivace) 3:38
7. Piano Quartet in E flat, Op.47 – 3. Andante cantabile 7:12
8. Piano Quartet in E flat, Op.47 – 4. Finale (Vivace) 7:45

Menahem Pressler, piano
Emerson String Quartet

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LINK ALTERNATIVO

Clara e Robert Schumann. O quinteto foi dedicado a ela.

PQP (2010) / Revalidado por Pleyel (2020)

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Die Ruinen von Athen, Opp. 113 & 114 – Die Weihe des Hauses, Op. 124, WoO 95 e Hess 118 – Segerstam

A inauguração do novo teatro alemão na cidade de Pest (ainda não unificada com sua vizinha Buda, que do outro lado do Danúbio era então capital da Hungria) trouxe, em 1811, duas mui bem-vindas encomendas a Beethoven.

A primeira delas foi a música incidental para Die Ruinen von Athen, uma peça de August Friedrich Ferdinand von Kotzebue (1761-1819). Apesar do nome, “As Ruínas de Atenas” era um descarado veículo de propaganda da dominação austríaca da Hungria. Acompanhem a sinopse: a deusa Atena acorda dum sono de dois mil anos e encontra um casal que lamenta a ocupação da Grécia pelos otomanos, descritos das mais desabonantes maneiras. Constatando com desgosto as ruínas em que os turcos deixaram a cidade, Atena é levada por Hermes a Pest (!), chamada de Nova Atenas (!!) onde assiste, no novo teatro alemão (!!!), a um triunfo das musas Talia e Melpômene, na companhia de… Franz II, Sacro Imperador Romano-Germânico (!!!!). Entre as estátuas das duas, Zeus erige um busto de Franz (!!!!!), que é coroado por Atena. Para arrematar a vergonha alheia (e a massagem no ego do imperador), a peculiar celebração é encerrada por um coro a renovar os juramentos da tradicional lealdade húngara aos austríacos (!!!!!!).

Minhas googleadas pela cyberesfera não me trouxeram resenhas da estreia de “As Ruínas”, mas imagino que ela tenha agradado os germanófonos de Pest tanto quanto deve ter deixado tiriricas os magiares, sempre ferrenhos nacionalistas. O fato é que Beethoven – até então reticente quanto a peças de ocasião – não ficou desgostoso com a sua contribuição. A chamada “marcha turca”, que conta com a curiosa instrução em alemão de usar “todos instrumentos barulhentos possíveis, como castanholas, pratos e assemelhados”, foi um imenso e imediato sucesso que suscitou muitas paródias, paráfrases e reinvenções, a começar pelo próprio Beethoven, com sua série de variações para piano do Op. 76.

Outra prova de que a música para “As Ruínas” não o envergonhou viria dez anos depois, quando encontramos Ludwig, então veterano do Congresso de Viena e de suas composições de ocasião, já com trambolhos sensacionalistas como “A Vitória de Wellington” e “O Momento Glorioso” no currículo, e sem mais quaisquer pudores em compor o que fosse necessário para agradar ao público. Quando o convidaram para a reinauguração do Theater in der Josefstadt em Viena, ele prontamente sugeriu remontagem de “As Ruínas de Atenas”, imaginando, todo pimpão, o quão rapidamente conseguiria reelaborar a música que já escrevera. Não contava ele, no entanto, com a intervenção de um certo Carl Meisl, que adaptou a peça de Kotzebue e, mudando as letras e acrescentando-lhe outros números, ferrou com as pretensões beethovenianas de maciota. Além de ter que providenciar música para as adições de Meisl (como a ária para soprano e coro Wo sich die Pulse, WoO 98), ele reformulou o que compusera em 1811, adaptando um dos números de “As Ruínas” (a Marcha e o Coro “Schmückt die Altäre”) para permitir sua execução independente, publicando-o separadamente como seu Op. 114. Também, notavelmente, descartou a acanhada abertura antiga e acrescentou uma nova abertura, concebida numa escala muito maior que o restante da música incidental. Nela, Beethoven exibiu os primeiros produtos de seu dedicado estudo do contraponto nas obras de Händel e J. S. Bach. A obra resultante, conhecida como “A Consagração da Casa”, Op. 124, é uma de suas melhores aberturas e tem lugar merecidamente cativo nos programas das salas de concerto.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Die Weihe des Hauses, abertura em Dó maior para a peça de ocasião de Carl Meisl, Op. 124
Composta em 1822
Publicada em 1825
Dedicada ao príncipe Nikolay Golitsyn

1 – Maestoso e sostenuto – Allegro con brio


“Die Weihe des Hauses”, Musik zu Carl Meisls Gelegenheitsfestspiel (Música para “A Consagração da Casa”, peça comemorativa de ocasião de Carl Meisl), Hess 118

2 – Coro invisível: Folge dem mächtigen Ruf der Ehre!

Wo sich die Pulse, coro para “Die Weihe des Hauses”, WoO 98

3 – Allegro ma non troppo e un poco maestoso

Marcha e coro para “Die Ruinen von Athen”, peça de August von Kotzebue, Op. 114

4 – Assai moderato

“Die Ruinen von Athen”, abertura e música incidental para a peça de August von Kotzebue, Op. 113
Composta entre 1811-12
Publicada em 1823 (abertura) e 1846
Dedicada ao rei Friedrich Wilhelm IV da Prússia

5 – Abertura. Andante con moto – Allegro, ma non troppo
6 – Coro: “Tochter des mächtigen Zeus” Andante poco sostenuto
7 – Diálogo: “Versöhnt”
8 – Dueto: “Ohne Verschulden Knechtschaft dulden”. Andante con moto – Poco piu mosso
9 – Diálogo: “Wo sind wir”
10 – Coro dos Dervixes: “Du hast in deines Ärmels falten”. Allegro ma non troppo
11 – Diálogo: “Ha! Welchen Unsinn hat mein Ohr vernommen!”
12 – Marcia alla turca. Vivace – Diálogo: “He! Achmet!”
13 – Harmonie auf dem Theater, Melodrama: “Es wandelt schon das Volk im Feierkleide und fullt die weiten Strassen und frohlockt!”
14 – Diálogo: “Wo sind wir nun”
15 – Marcia – Diálogo: “Schau dieser Kinder fröhliches Gewühl” – “Schmückt die Altare”. Assai moderato
16 – Recitativo: “Mit reger Freude”. Vivace
17 – Coro: “Wir tragen empfängliche Herzen im Busen”. Allegretto ma non troppo
18 – Ária com coro: “Will unser Genius noch einen Wunsch gewähren?”. Adagio – Allegro con brio
19 – Monólogo: “Nicht in des Königs furchtgebietendem Glanze”
20 – Coro: “Heil unserm König, heil!”. Allegro con fuoco

Roland Astor, Angela Eberlein, Claus Obalski, Ernst Oder e Leah Sinka, narradores
Reetta Haavisto, soprano
Juha Kotilainen, baixo
Chorus Cathedralis Aboensis
Turun Filharmoninen Orkesteri (Orquestra Filarmônica de Turku)
Leif Segerstam, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


CD BÔNUS 1: O mundo tem, hoje, aproximadamente 7,6 bilhões de seres humanos. Talvez algum entre eles tenha acordado hoje com a vontade inadiável de ouvir a música para Die Weihe des Hauses da forma que Beethoven a organizou, adaptando a golpes de facão as indesejadas alterações de Carl Meisl ao libreto original de Die Ruinen von Athen – e, talvez, não tenha entendido, pelo CD anterior, como a música foi executada na reinauguração do Theater in die Josefstadt. Se por acaso você for este ser humano, seus problemas acabaram: aqui está a música para Die Weihe des Hauses como foi tocada na efeméride a que se destinou – a única diferença é que, no coro final, a palavra König (“rei”) é trocada por Kaiser (“Imperador”). Baixe o disco e aproveite seu dia de sorte.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

“Die Weihe des Hauses”, Musik zu Carl Meisls Gelegenheitsfestspiel (Música para “A Consagração da Casa”, peça comemorativa de ocasião de Carl Meisl), Hess 118

1 – Abertura [Op. 124]
2 – No. 1: Unsichtbarer Chor (Coro invisível) »Folge dem mächtigen Ruf der Ehre!« [adaptado do Op. 113 no. 1]
3 – No. 2: Dueto »Ohne verschulden Knechtschaft dulden« [Op. 113 no. 2]
4 – No. 3: Coro dos Dervixes »Du hast in deines Ärmels falten« [Op. 113 no. 3]
5 – No. 4: Marcia Alla Turca [Op. 113 no. 4]
6 – No. 5: Coro com solo de soprano: »Wo sich die Pulse jugendlich jagen« – »Laßt uns im Tanze« [WoO 98]
7 – No. 6: Marcha com coro: »Schmückt die Altäre!« [Op. 114; adaptado do Op. 113 no. 6]
8 – No. 7: Melodrama »Es wandelt schon das Volk im Feierkleide« [Op. 113 no. 5]
9 – No. 8: Recitativo »Mit reger Freude« [Op. 113 [6a]
10 – Coro »Wir Tragen Empfängliche Herzen Im Busen« [Op. 113 no. 8] – Ária e coro »Will unser Genius noch einen Wunsch gewahren« [Op. 113 no. 7]
11 – No. 9: Coro »Heil Unserm Kaiser!« [Op. 113 no. 8]

Sylvia McNair, soprano
Bryn Terfel, barítono
Bruno Ganz, narração
Rundfunkchor Berlin
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


CD BÔNUS 2: Quando Hugo von Hoffmannstahl e Richard Strauss decidiram ressuscitar a esquecida música de Beethoven e a defunta peça de Kotzebue, eles acharam que a música do Op. 113 não bastava para preencher uma noite no teatro. Assim, acharam que seria boa ideia, só porque Prometeu e Atenas são ambos gregos, mesclar a música do balé “As Criaturas de Prometeus” com aquela para “As Ruínas de Atenas”. Qualquer leitura superficial dos libretos tê-los-ia feito perceber que eles nada tinham um com o outro, então resolveram criar um personagem – um misterioso visitante alemão – que dança com as entidades de “Prometeus” e, por fim, acaba por ver uma nova Acrópolis surgir em meio às ruínas em que, pensavam eles, Atenas fora tornada pelos otomanos. O curioso mexidão beethoveniano tem uma pitada só de Strauss: o intermezzo, que tem citações de sinfonias de Ludwig e, com meros dois minutos, não diz muito a que veio. Ainda assim, achei que a curiosidade justificaria o compartilhamento, e por isso eu deixo essa avis rara aqui com vocês:

Richard Georg STRAUSS (1864-1949)

Música para Die Ruinen von Athen, de August von Kotzebue, adaptada da música incidental de Ludwig van Beethoven para a peça Die Ruinen von Athen e para o balé Die Geschöpfe des Prometheus

1 – Overtura. Adagio – Allegro molto con brio
2 – Coro: “Trümmer der herrlichen Welt, erwachet”
3 – Dueto
4 – Marcia alla turca
5 – Dueto
6 – Chor der Derwische
7 – Melodram
8 – Arie
9 –  Intermezzo
10 – Auftritt des Fremden
11 – Auftritt und Tanz von fünf Mädchen
12 – Auftritt und Tanz von vier Jünglingen
13 – Pastorale: Auftritt eines Jünglings und einer Bacchantin
14 – Rüpelhafter Spott-Tanz der vier Faune
15 – Ein Zug springender Bacchantinnen, die Faune
16 – Bacchanal
17 – Marsch und Chor

Bodil Arnesen, soprano
Yaron Windmüller, barítono
Franz-Josef Selig,  baixo
Chor der Bamberger Symphoniker
Bamberger Symphoniker
Karl Anton Rickenbacher, regência

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Danças da Renascença de diversos compositores — Coleção Collegium Aureum Vol. 6 de 10

Danças da Renascença de diversos compositores — Coleção Collegium Aureum Vol. 6 de 10

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um resumo bastante incompleto do que foi a carreira do extraordinário Collegium Aureum, grupo que teve sua origem na Harmonia Mundi e que foi um dos principais pioneiros das interpretações historicamente informadas. 

Este CD é um bem curto, de mais ou menos 36 minutos, que traz um surpreendente Collegium Aureum interpretando músicas da renascença. O conjunto liderado por Franzjosef Maier mantém a classe habitual e sai-se muito bem na tarefa pouco habitual. Os compositores são o bando desconhecido de sempre com destaque para o onipresente Susato destas coleções. É um bom disco. Entrei numa loja com os fones nos ouvidos tocando a primeira faixa. A balconista me perguntou se eu estava ouvindo heavy metal. Respondi que sim… mas que era algo muito antigo, pré-Elvis. Ela ficou me achando meio idiota, penso. Deve ter razão.

Danças da Renascença de diversos compositores — Coleção Collegium Aureum Vol. 6 de 10

CD06: Dance Music of the Renaissance (35:47)
JACQUES MODERNE (first half of the XVIth century)
01. 3 Branles De Bourgogne & Branle gay nouveau
TIELMAN SUSATO (died c.1561)
02. Pavane ‘Mille Regretz’ – Ronde – Pavane ‘Si pas souffrir’ – Ronde & Saltarelle – Hoboecken dans – Ronde ‘Il estoit une fillette’
CLAUDE GERVAISE (XVIth century)
03. Branle [00:01:43]
PIERRE PHALESE (c.1510-c.1573)
04. L’arboscello ballo Furlano
MELCHIOR FRANCK (1573-1639)
05. Pavana – Galliarda
HANS LEO HASSLER (1564-1612)
06. 3 Intraden
PIERRE ATTAIGNANT (before 1500-1553)
07. Tordion – Pavane – Galliarde
CHRISTOPH DEMANTIUS (1567-1643)
08. Polnischer Tanz – Galliarde

Collegium Aureum

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PQP

 

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Romance Cantabile, WoO 207 – Romances para violino e orquestra, Opp. 40 & 50 – Concerto para violino, violoncelo e piano, Op. 56 – Gallois – Chung Trio – Chung

Tudo em família.

Quando as irmãs coreanas Kyung-wha (violinista) e Myung-wha Chung (violoncelista) precisam de um pianista, simplesmente olham para o irmão, Myung-whun, e tocam em trio – chamado, que surpresa, Trio Chung. Quando alguma delas precisa de um regente, elas também olham para Myung-whun, que é tão competente ao pódio que é responsável pela melhor interpretação da complicadíssima Turangalîla de Messiaen que há no mercado.

E quando precisam dum flautista e dum fagotista? Bem, como faltam-lhes irmãos para tanto, então os Chung importam da França os irmãos Gallois.

As famílias reúnem-se nesse disco em diferentes formações para abordar repertório beethoveniano. Passaremos ao largo da boa interpretação que os Chung dão para o Concerto Triplo (que será ouvido pela quarta vez nesta nossa série, da qual já é um arroz de festa), e dos dois bonitos Romances com a ótima Kyung-wha. Nossa postagem de hoje foca novamente numa peça diminuta, enigmática e fragmentária: o Romance cantabile que Beethoven escreveu provavelmente em 1786 para a peculiar combinação de piano, flauta e fagote, com acompanhamento de dois oboés e orquestra de cordas. O conjunto de solistas, semelhante àquele do trio WoO 37, sugere que o Romance tenha tido os mesmos dedicatários: o conde Westerholt-Gysenberg, que tocava fagote, tinha um filho flautista, e cuja filha estudava com o garoto Ludwig, então organista na corte do Eleitor de Colônia. Supõe-se que a breve obra seja parte dum concerto, ou talvez duma sinfonia concertante cujas demais partes foram perdidas, ou talvez nunca completadas. A melancólica tonalidade de Mi menor – à qual Beethoven voltaria em obras concertantes somente no soberbo Andante do Concerto no. 4 para piano – empresta-lhe um caráter elegíaco, que é passageiramente diluída pelos diálogos entre a flauta e o piano. É bem possível que o jovem compositor tenha abandonado a peça por ter caído em desgraça com o conde, quando este soube de suas intenções amorosas com a filha, ou que a tenha deixado de lado em função de sua primeira viagem a Viena, para a qual partiu com a intenção de encontrar Mozart, e da qual voltou precipitadamente por conta da doença que mataria sua mãe. O fato é que do Romance cantabile chegou a nossos tempos somente um fragmento, que foi completado pelo musicólogo suíço Willy Hess – responsável por um dos mais importantes catálogos da beethoveniana e orquestrador do concerto para piano que escutamos há alguns dias.

A boa leitura de Chung com os irmãos Gallois pareceu-me um tanto suntuosa (e também untuosa) para uma pecinha tão despretensiosa. Assim, resolvi acrescentar uma versão alternativa, mais camerística, à qual se soma uma gravação de outra obra incompleta, o concerto para violino em Dó maior, que também foi iniciado em Bonn e igualmente abandonado por conta de uma viagem – nesse caso, a segunda e definitiva viagem a Viena.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto em Dó maior para violino, violoncelo, piano e orquestra, Op. 56
Composto entre 1803-05
Publicado em 1807
Dedicado a Joseph Franz Maximilian, príncipe Lobkowitz

1 – Allegro
2 – Largo (attacca)
3 – Rondo alla polacca

Chung Trio:
Myung-whun Chung, piano
Kyung-wha Chung, violino
Myung-wha Chung, violoncelo

Philharmonia Orchestra
Myung-whun Chung, regência


Romance no. 1 para violino e orquestra em Sol maior, Op. 40
Composto em 1802
Publicado em 1803

4 – Adagio cantabile

Romance no. 2 para violino e orquestra em Fá maior, Op. 50
Composto em 1798
Publicado em 1805

5 – Adagio cantabile

Kyung-wha Chung, violino
Philharmonia Orchestra
Myung-whun Chung, regência


Romance cantabile em Mi menor, para piano, flauta e fagote, com acompanhamento de dois oboés e orquestra de cordas, WoO 209 (Hess 13)
Completado por Willy Hess (1906-1997)
Provavelmente composto entre 1786-1787

6 – Romance cantabile

Patrick Gallois, flauta
Pascal Gallois, fagote
Philharmonia Orchestra
Myung-Whun Chung, piano e regência

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FAIXAS-BÔNUS:

Romance cantabile em Mi menor, para piano, flauta e fagote, com acompanhamento de dois oboés e orquestra de cordas, WoO 209 (Hess 13)

1 – Romance cantabile

Johanna Haniková, piano
Martina Čechová, flauta
Filip Krytinář, 
fagote
Czech Chamber Philharmonic Orchestra, Pardubice
Marek Štilec, regência

Concerto em Dó maior para violino e orquestra, WoO 5 (fragmento)
Composto provavelmente entre 1790-92

2 – Allegro

Jakub Junek, violino
Czech Chamber Philharmonic Orchestra, Pardubice
Marek Štilec, regência

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

J. S. Bach (1685-1750): Cantata BWV 202 e BWV 209 — Coleção Collegium Aureum Vol. 5 de 10

J. S. Bach (1685-1750): Cantata BWV 202 e BWV 209 — Coleção Collegium Aureum Vol. 5 de 10

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um resumo bastante incompleto do que foi a carreira do extraordinário Collegium Aureum, grupo que teve sua origem na Harmonia Mundi e que foi um dos principais pioneiros das interpretações historicamente informadas. 

A Cantata secular BWV 202 é uma das lindas compostas por Bach. É a famosa “Cantata do Casamento”, umas das preferidas deste filho de Bach.. Provavelmente foi composta para um casamento. Porém, os estudiosos discordam sobre a data, que pode ser do período de Bach em Weimar , por volta de 1714, embora tenha sido tradicionalmente ligada ao seu casamento com Anna Magdalena em 3 de dezembro de 1721 em Köthen. É uma das cantatas mais gravadas de Bach. As árias “Weichet nur, betrübte Schatten” e “Sich üben im Lieben” são frequentemente executadas como peças de concerto. A cantata sobreviveu apenas em uma cópia da década de 1730, que apresenta um estilo usado por Bach apenas até por volta de 1714. O libretista não é conhecido, mas Harald Streck suspeita de Salomon Franck, o poeta da corte de Weimar. Mais tradicionalmente, a composição estava ligada ao tempo de Bach em Köthen em 1718 e à ocasião de um casamento, possivelmente o do próprio Bach com Anna Magdalena em dezembro de 1721. O texto relaciona o amor inicial com a chegada da primavera após o inverno, mencionando flores brotando nos dois primeiros movimentos, o sol subindo mais alto no terceiro movimento, Cupido em busca de uma “presa” nos dois movimentos seguintes, e finalmente um casal de noivos e bons votos para eles. O tom é bem humorado e brincalhão.

“Non sa che sia dolore”, BWV 209, é uma cantata secular composta por Johann Sebastian Bach, apresentada pela primeira vez em Leipzig em 1747. Juntamente com “Amore Traditore”, é uma das duas cantatas em que Bach trabalha com texto em italiano. Bach provavelmente compôs esta cantata como uma despedida de Lorenz Albrecht Beck (1723-1768). O libretista da obra é desconhecido.

J. S. Bach (1685-1750): Cantata BWV 202 e BWV 209 — Coleção Collegium Aureum Vol. 5 de 10

CD05: J.S. Bach – Hochzeits-kantate, Non sà che sia dolore (48:16)
Hochzeits-kantate, BMV 202
01. I. Aria: Weichet nur, betrübte Schatten
02. II. Recitativo: Drum sucht auch Amor sein Vergnügen
03. III. Recitativo: Die Welt wird wieder neu
04. IV. Aria: Phöbus eilt mit schnellen Pfeilen
05. V. Aria: Wenn die Frühlingslüfte streichen
06. VI. Recitativo: Und dieses ist das Glücke
07. VII. Aria: Sich üben im Lieben
08. VIII. Recitativo: So sei das Band der keuschen Liebe
09. IX. Aria: Sehet in Zufriedenheit

Non sà che sia dolore, BWV 209
10. I. Sinfonia
11. II. Recitativo: Non sà che sia dolore
12. III. Aria: Parti pur col dolore
13. IV. Recitativo: Tuo saver al tempo e l’età
14. V. Aria: Recitti gramezza e pavento

Elly Ameling, soprano
Gerald English, tenor
Siegmund Nimsgern, bass
Collegium Aureum

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano, WoO 4, arranjo para piano e sopros – Peças para “Flötenuhr”, WoO 33, em arranjo para sopros- Quinteto para piano e sopros, Op. 16 – Ma’alot Quartet – Markus Becker

O ótimo pianista e regente Howard Shelley também é arranjador, como acabei descobrindo através dessa transfiguração do tímido concerto escrito por um Beethoven adolescente num sexteto animado, e até brilhante, com uma assanhada parte para piano. Claro que não se pode falar aqui de uma obra memorável, mas não queremos ser injustos nem com o Ludwig de treze anos que a compôs, nem com o Beethoven mais velho, que escolheu nunca publicá-la em vida. Queremos, sim, exaltar o grande trabalho de Shelley, cujo resultado é minha leitura favorita dessa obscura peça, defendida com muito elã pelo pianista Markus Becker – um explorador de repertórios ignotos do piano alemão – e pelo quinteto de sopros Ma’alot.

O Ma’alot, composto por sopristas alemães de distintas carreiras pedagógicas, prossegue o disco surpreendendo, com arranjos para as diminutas peças que Ludwig dedicou ao Flötenuhr, feitos pelo seu clarinetista Ulf-Guido Schäfer. Neles brilha a flautista Stephanie Winker, que os faz assim soar muito melhores que nos órgãos em que hoje são habitualmente tocados. Para encerrar, Winker sai de cena para a volta de Becker, que executa com os demais o bonito quinteto para piano e sopros escrito durante a única turnê de Beethoven como concertista, obra à qual voltaria muitas vezes, sempre que queria se exibir ao piano. Se há várias leituras mais virtuosísticas do quinteto, poucas outras têm tanto apuro na execução em conjunto, e ela fecha com muito sabor esse disco delicioso.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto para piano em Mi bemol maior, WoO 4 (1784-85)
Arranjo de Howard Shelley (1950) para piano e quinteto de sopros

1 – Allegro moderato
2 – Larghetto
3 – Rondo. Allegro ma non troppo

Quatro peças para o Flötenuhr, WoO 33 (1794-1800)
Arranjo de Ulf-Guido Schäfer para quinteto de sopros

4 – No. 1. Allegro con più molto
5 – No. 2. Adagio assai
6 – No. 3. Scherzo. Allegro
7 – No. 4. Allegro

Quinteto para piano, oboé, clarinete, trompa e fagote em Mi bemol maior, Op. 16
Composto entre 1796-1797
Publicado em 1801
Dedicado ao príncipe Joseph zu Schwarzenberg

8 – Grave – Allegro ma non troppo
9 –  Andante cantabile
10 – Rondo: Allegro ma non troppo

Markus Becker, piano
Ma’alot Quintet:
Stephanie Winker, 
flauta
Christian Wetzel, oboé
Ulf-Guido Schäfer, clarinete
Sibylle Mahni, trompa
Volker Tessmann, fagote

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

J. S. Bach (1685-1750): Cantata do Café BWV 211 e Cantata dos Camponeses BWV 212 — Coleção Collegium Aureum Vol. 4 de 10

J. S. Bach (1685-1750): Cantata do Café BWV 211 e Cantata dos Camponeses BWV 212 — Coleção Collegium Aureum Vol. 4 de 10

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um resumo bastante incompleto do que foi a carreira do extraordinário Collegium Aureum, grupo que teve sua origem na Harmonia Mundi e que foi um dos principais pioneiros das interpretações historicamente informadas. 

Essas Cantatas de Bach costumavam vir juntas em LPs e CDs. Hoje mudou muito e a elas foram agregadas outras Cantatas seculares.

Só que a Cantata do Café é muito superior à dos Camponeses. Na do Café, Schlendrian é um pai grosseiro e está preocupadíssimo porque sua filha Lieschen entregou-se à nova mania de tomar café. Todas as promessas e ameaças para desviá-la de tão detestável hábito foram infrutíferas até que, para dissuadi-la, ofereceu-lhe um marido. Lieschen aceita a idéia com entusiasmo e o pai parte apressadamente para conseguir-lhe um. Esta é a idéia principal da Cantata do Café, obra cômica de J. S. Bach, uma mini-ópera, que foi apresentada entre 1732 e 1735 na Kaffeehaus de Zimmermann, em Leipzig. A primeira Kaffeehaus da cidade foi aberta em 1694 — o café chegara à Alemanha em 1670 — e em 1735 a burguesia podia escolher entre oito privilegiadas casas.

Kaffeekantate, BWV 211, foi encomendada a Bach por Zimmermann e é, em parte, uma ode ao produto (sim, puro merchandising) e, de outra parte, uma punhalada no movimento existente na Alemanha para impedir seu consumo pelas mulheres. Acreditava-se que o “negro veneno” pudesse causar descontrole e esterilidade ao sexo frágil, mas Bach, em troca do pagamento de Zimmermann, ignorou estes terríveis perigos. Senão, talvez não musicasse uma ária que diz: “Ah, como é doce o seu sabor. / Delicioso como milhares de beijos, / mais doce que um moscatel. / Eu preciso de café”; e nem nos brindaria com estas delicadezas…: “Paizinho, não sejas tão mau. / Se eu não beber meu café / as minhas curvas vão secar / as minhas pernas vão murchar / ninguém comigo irá casar”.

Na dos Camponeses. o texto descreve como um fazendeiro não identificado ri com a esposa do fazendeiro Mieke sobre as maquinações do coletor de impostos, enquanto elogia a economia de sua esposa. De acordo com a natureza do texto, Bach criou uma composição relativamente simples com árias curtas. Ele recorreu a formas de dança popular, melodias folclóricas e populares (como La Folia, por exemplo) e trechos de suas próprias peças (BWV 11 e BWV 201).

J. S. Bach (1685-1750): Cantata do Café BWV 211 e Cantata dos Camponeses BWV 212 — Coleção Collegium Aureum Vol. 4 de 10

CD04: J.S. Bach – Kaffee-kantate, Bauern-kantate (58:11)
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Kaffee-kantate, BWV 211
01. I. Recitativo (Erzähler): Schweigt stille, plaudert nicht
02. II. Aria (Schlendrian): Hat man nicht mit seinen Kindern
03. III. Recitativo (Schlendrian): Du böses Kind, du loses Mädchen
04. IV. Aria (Lieschen): Ei, wie schmeckt der Coffee süße
05. V. Recitativo (Schlendrian): Wenn du mir nicht den Coffee lässt
06. VI. Aria (Schlendrian): Mädchen, die von harten Sinnen
07. VII. Recitativo (Schlendrian): Nun folge, was dein Vater spricht
08. VIII. Aria (Lieschen): Heute noch, heute noch
09. IX. Recitativo (Erzähler): Nun geht und sucht der alte Schlendrian
10. X. Coro: Die Katze lässt das Mausen nicht

Bauern-kantate, BWV 212
11. I. Sinfonia
12. II. Duetto: Mer han en neue Oberkeet
13. III. Recitativo (bass): Nu, Miecke, gib dein Guschel immer her
14. IV. Aria (soprano): Ach es schmeckt doch gar zu gut
15. V. Recitativo (bass): Der Herr ist gut
16. VI. Aria (bass): Ach, Herr Schösser, geht nicht gar zu schlimm
17. VII. Recitativo (soprano): Es bleibt dabei, dass unser Herr der beste sei
18. VIII. Aria (soprano): Unser trefflicher lieber Kammerherr
19. IX. Recitativo (bass): Er hilft uns allein, alt und jung
20. X. Aria (soprano): Das ist galant
21. XI. Recitativo (bass): Und unsre gnädige Frau ist nicht ein prinkel stolz
22. XII. Aria (bass): Fünfzig Taler bares Geld
23. XIII. Recitativo (soprano): Im Ernst ein Wort!
24. XIV. Aria (soprano): Kein Zschocher müsse so zart und süße
25. XV. Recitativo (bass): Das ist zu klug vor dich
26. XVI. Aria (bass): Es nehme zehntausend Ducaten
27. XVII. Recitativo (soprano): Das klingt zu liederlich
28. XVIII. Aria (soprano): Gib, Schöne, viel Söhne von artger Gestalt
29. XIX. Recitativo (bass): Du hast wohl recht
30. XX. Aria (bass): Dein Wachstum sei feste und lache vor Lust
31. XXI. Recitativo (soprano): Und damit sei es auch genug
32. XXII. Aria (soprano): Und dass ihr’s alle wisst
33. XXIII. Recitativo (bass): Mein Schatz, erraten!
34. XXIV. Coro: Wir gehn nun, wo der Tudelsack

Elly Ameling, soprano
Gerald English, tenor
Siegmund Nimsgern, bass
Collegium Aureum

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Edvard Grieg (1843-1907): Symphony in C minor, EG 119, Old Norwegian Romance with Variations, Op. 51, Three Orchestral Pieces from ‘Sigurd Jorsalfar’, Op. 56 – Malmö Symphony Orchestra, Bjarte Engeset

Vamos continuar com a série dedicada a Grieg, trazendo sua desprezada sinfonia, como atesta o próprio autor:

-‘Must never be performed, E. G. ’ 

Nunca deve ser tocada. A insatisfação de Grieg com a única sinfonia que compôs foi tão grande que se propôs a colocar essa observação na própria partitura. Curioso, não acham? Mas leiam o comentário do maestro Bjarte Engeset no booklet em anexo:

“(…) Mas não houve tais reservas quanto ao nosso trabalho de gravá-lo! Desde o primeiro compasso, fomos apanhados em seu energia positiva e juvenil, e pelo potencial de suas muitas novas ideias musicais. Tivemos que responder com a mesmo energia, sinceridade e coragem que sentimos irradiando das notas. Alguns estudiosos de Grieg afirmaram que o segundo o tema do primeiro movimento é “bastante desinteressante em seu movimento em escala”. Este mesmo tema nos fascinou profundamente devido à originalidade da sua forma, e sentimos que devíamos tocá-la a alta temperatura, com grande generosidade, expressividade e rubato inato.”

E creio que seja com esta determinação que devemos ouvir esta obra. Pode não ser nenhuma obra prima, mas tem suas qualidades. Como sempre, sugiro a leitura do booklet, que tem uma belíssima introdução do maestro responsável por estas gravações que tenho trazido para os senhores, Bjarte Engeset. Espero que apreciem.

01. Symphony in C minor, EG.119 – I. Allegro molto

02. II. Adagio espressivo

03. III. Intermezzo

04. IV. Finale. Allegro molto vivace

05. Old Norwegian Romance with Variations, op.51

06. Three Orchestral Pieces from ‘Sigurd Jorsalfar’, op.56 – I. Prelude ‘In The King’s Hall’

07. II. Intermezzo ‘Borghild’s Dream’

08. III. Homage March

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concertos para piano e orquestra, WoO 4, Op. 19 e Hess 15 – Vetter

Além dos concertos para piano, assim digamos, “canônicos”, numerados de 1 a 5, Beethoven deixou incompletos dois outros que datam de períodos bem diversos de sua vida e carreira.

O Concerto em Mi bemol maior, WoO 4, foi escrito ainda em Bonn, quando o rapazote, que tocava viola na orquestra do Eleitor de Colônia, tinha 13 ou 14 anos. Depois de praticamente completar a parte para piano, deixando de escrever apenas algumas repetições óbvias, de indicar as entradas da orquestra e de esboçar os temas do acompanhamento, submeteu-o a algumas revisões infrutíferas para, depois da mudança para Viena, esquecê-lo para sempre. Muito se conjectura sobre os motivos que o levaram a engavetar uma obra que, se completa, teria sido sua primeira composição de mais vulto – e o que cada vez mais se conclui é que, provavelmente, ele se deu conta de que a obra não era tão boa assim. O concerto é claramente composto nos moldes dos concertos do jovem Mozart, a ponto de lhes parecer uma paródia. Ainda que alguns momentos no movimento lento sugiram que um grande mestre dos movimentos lentos ali a estava a aprender seu ofício, tem-se a impressão de se estar ouvindo uma obra genérica de um dos tantos pianistas-compositores do final do século XVIII – talvez um Dussek. Ainda que seja uma criação notável para alguém tão jovem – e que certamente compreendamos que a vida daquele jovem órfão que tinha que sustentar a família fosse duríssima -, esta composição aqui aparece apenas por suscitar curiosidade e, claro, porque lhes prometemos a obra completa do mestre.

O outro concerto fragmentário é muito mais interessante: o Allegro dum concerto em Ré maior que, se tivesse sido completado, seria seu concerto no. 6. Beethoven começou a esboçá-lo no final de 1814 – o ano em que estreou a recauchutada Leonore como Fidelio – e completou o solo de piano até a metade da exposição. A partir daí, o manuscrito está cheio de clarões, com as partes orquestrais apenas insinuadas, até chegar um ponto em que garranchos e medonhas rasuras denotam uma insatisfação ou insegurança maiúscula com a obra. Embora não se saiba por que o compositor abandonou um projeto que levava aparentemente tão a sério, é provável que Beethoven o estivesse escrevendo para ele mesmo estreá-lo e que tenha desistido da ideia por conta de sua já profunda surdez. Esse torso de movimento, com setenta e poucas páginas, foi posto em pé algumas vezes por musicólogos. Do punhado de edições que escutei, essa que ouvirão a seguir, feita por Hermann Dechant e Nicholas Cook, pareceu-me a mais satisfatória, preenchendo de maneira convincente, ainda que sem intenções de autenticidade, as muitas clareiras que Ludwig deixou ao abandonar a obra. Ao ouvir essa reconstrução, não se tem dúvidas de que ela é uma das mais substanciais entre as obras que ele deixou incompletas, e de que sua atmosfera e material temático sugerem muito a Nona Sinfonia, que viria dez anos depois.

Este disco de curioso repertório tem uma intérprete sui generis. Sophie-Mayuko Vetter, nascida no Japão e criada na Alemanha, foi instruída por seu pai alemão nos mistérios (que eu, um completo ignorante, chamo de feitiçarias) do que chamamos em português de canto dos harmônicos (overtone singing) – em outras palavras, a arte de produzir com a laringe, faringe e todo aparelho de ressonância humano dois ou mais sons simultâneos, com resultados que variam do sublime ao decididamente fantasmagórico.


Papa Vetter em ação

Enquanto acompanhava o pai em turnês a conjurar silvos do além, Sophie-Mayuko estudou piano e dedicou uma boa parte de sua carreira à música contemporânea, especialmente à obra de Karlheinz Stockhausen, amigo da família. Ao dedicar-se a páginas obscuras de Beethoven, lançando mão inclusive dum fortepiano para o concerto no. 0, ela traz um colorido muito interessante a partituras que, ademais, não passariam de curiosidades, e que sob suas mãos soam tão experimentais quanto o repertório que a projetou.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto para piano e orquestra no. 6 em Ré maior, Hess 15
Fragmento reconstruído e completado por Nicholas Cook e Hermann Dechant
Composto entre 1814-15

1 – Allegro

Concerto para piano e orquestra em Si bemol maior, Op. 19
(cadências de Beethoven)
Composto em 1787-1789, revisado em 1795
Publicado em 1801
Dedicado a Carl Nicklas von Nickelsberg

2 – Allegro con brio
3 – Adagio
4 – Rondo: Molto allegro

Concerto para piano e orquestra em Mi bemol maior, WoO 4
Reconstruído e completado por Willy Hess
Composto entre 1784-85

5 – Allegro moderato
6 – Larghetto
7 – Rondo: Allegretto

Sophie-Mayuko Vetter, piano (1-4) e fortepiano (5-7)
Hamburger Symphoniker
Peter Ruzicka, regência

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Mayuko-san spricht

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

.: interlúdio :. Edu Lôbo e Quarteto Novo – Cantiga de Longe (1970)

.: interlúdio :. Edu Lôbo e Quarteto Novo – Cantiga de Longe (1970)

Quem se lembra de Loopy Le Beau, o Lobo Bom? Os de minha idade – meio século e uns trocados, decerto se recordam dos desenhos bobinhos de cachorros engravatados da Hanna-Barbera. Tinha também o Coelho Ricochete e Blabláu; Tartaruga Touché; Matraca Trica; o sensível Dom Pixote, que sempre me lembrou Marcel Proust; Maguila Gorila; Pepe Legal, que virava o paladino ‘enviolado’ El Cabong! Loopy era um pobre lobo que por ser bonzinho sempre levava a pior – acho que na época não percebíamos ali uma certa lição sobre os perigos da virtude. Mas se a virtude é musical, aí sim, é tudo de bom.

Se de repente alguém me indaga: Que lindo, de quem é esta canção? E eu respondo Edu Lôbo! Logo retrucam: Do lobo?! Que lobo? Edu, minha gente! um dos maiores cancioneiros, não somente a música brasileira, a quem a própria deve muitos dos seus tesouros! Este sim, um lobo de finíssima estirpe, boníssimo em inspiração melódica e poética. Carioca, filho do pernambucano Fernando Lobo, também cancioneiro, Edu começou na sanfona, instrumento de predileção do pai – certamente bafejado pela aura de sua terra natal. Todavia o lupino jovem logo caiu de amores pelo violão, para contrariedade do seu velho. Apaixonado pela Bossa Nova, ingressou na carreira em 1960 e muito bem ciceroneado, por ninguém menos que Vinícius de Moraes, com quem viria a compor uma das joias da canção brasileira: Arrastão. Obra que lhe valeu o prêmio máximo do Primeiro Festival de Música (chamada) Popular Brasileira em 1965.

Os dados de uma gloriosa carreira que vem se desenrolando desde então podem ser encontrados facilmente e não iremos aqui desdobrar, porém, gostaria de ressaltar que Edu Lôbo sempre primou por utilizar-se da música de uma forma nobilíssima, muitas vezes engajando-a em causas de relevância social e humana. A música, esta dádiva que vem da vida e que a ela deve servir, mas que tantas vezes é produzida e desfrutada como mero ornamento. Ilustrando essa virtuosa característica do artista, temos o projeto “Nordeste Já”, de 1985, onde ele reuniu 155 vozes pela causa da seca no Nordeste, no curso de outros projetos pós-ditadura.

No presente disco o compositor e intérprete vem acompanhado por elementos de uma altíssima tétrade: O “Quarteto Novo”. Um dos mais representativos grupos da música instrumental brasileira. O taumaturgo Hermeto Pascoal, artífice dos arranjos e atuante na flauta e no piano. Que como sempre, onde pisa nasce música. Mais o célebre Airto Moreira na percussão. No contrabaixo, José Marino (Zelão), bateria Cláudio Slon e ao violão e vocal, o próprio Edu. Vale lembrar que o original Quarteto Novo contava com o incrível Heraldo do Monte ao violão e craviola, mais Theo Barros ao contrabaixo. Um dos melhores e mais importantes registros da música instrumental brasileiro é seu único disco, de 1967, primeiro a difundir o gênero baião no exterior. Todas as canções são de Edu, algumas com parcerias; exceto uma, Zum-Zum, que é do seu pai Fernando. Destaco a beleza de Mariana Mariana, uma canção que ouvimos como se sedentos bebêssemos uma água fresca da ribeira. O disco foi produzido por Aloysio de Oliveira e gravado nos States, em L.A. Alguém disse que a canção é o sino da memória; alguém mais falou que cantar seria entoar ideias; costumo pensar que a canção é o coração da música.

Edu Lôbo & Quarteto Novo – Cantiga de Longe, 1970

1 Casa Forte
2 Frevo Itamaracá (Come e Dorme)– Edu e Nelson Ferreira
3 Mariana, Mariana – Edu e Ruy Guerra
4 Zum-Zum – Fernando Lobo e Paulo Soledade
5 Águaverde
6 Cantiga de Longe
7 Festa de Santarém
8 Zanzibar
9 Marta e Romão – Edu e Gianfrancesco Guarnieri
10 Rancho de Ano Novo – Edu e Capinan
11 Cidade Nova – Edu e Ronaldo Bastos

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Edu, o lobo boníssimo.

Wellbach