BTHVN
Op. 101
Op. 106 – ‘Hammerklavier’
Chegamos ao terceiro período de composição de Beethoven. O compositor agora praticamente surdo comunica-se com seus amigos pelos cadernos de conversação. Esta condição e o surgimento de instrumentos com um teclado estendido certamente influenciaram sua maneira de compor. Isto marcaria as suas últimas cinco sonatas.
A Sonata No. 28 em lá maior Op. 101 foi composta em 1818, quando Beethoven passava uns dias em Baden, cidade perto de Viena. No nome desta sonata, Beethoven colocou a palavra Hammerklavier, para indicar que a sonata havia sido escrita para este novo instrumento, assim como fez na outra sonata deste disco: a Grösse Sonate für das Hammerklavier, que para nós e todo o mundo ficou conhecida como a ‘Hammerklavier’. Assim como o fez no caso da Sinfonia Eroica, ao compor esta sonata Beethoven expandiu os limites da forma como nunca havia sido nem imaginado. Demoraria muito para que outras sonatas surgissem com o escopo desta. Para termos uma ideia de sua magnitude, foi composta em 1818, mas apenas em 1836 foi apresentada publicamente, por ninguém menos do que Franz Liszt, na Salle Erard, Paris.
What is greatness in music? Before we talk about spiritual greatness, let us establish this: The art of music also has a physical size – width, height, circumference, time, density, weight, appearance and expression. When Ludwig van Beethoven announced his B Major Sonata op. 106 as a great one, his greatest, even (before a single note had been written down), he meant everything: No other sonata from his pen is longer, more compact in sound, fingering or compositional technique, no other is more comprehensive in the sense of the genres it contains – symphony, aria, choir, dance, fugue. And yet, it is conceived, explored and taxed entirely from the perspective of the piano: piano sound and piano playing that tests all limits, even the suggestive ones. Written between the final symphonies, it aspires to their public relevance and resonance – but as a piano work, as a statement of the individual.
A sonata foi dedicada ao Arquiduque Rodolfo, patrono, aluno e grande amigo de Beethoven. Dizem, os primeiros acordes da sonata seriam uma alusão à frase ‘Vivat, vivat Rudolfo’!
The first bar of Beethoven’s ovational Hammerklavier-Sonata is accompanied with the singing of “Vivat, vivat, Rodolfo”. The composer dedicated his opus 106 to the Archduke Rudolf of Habsburg.
Os textos em inglês são citações de um programa de concerto que pode ser lido na íntegra aqui.
Nesta penúltima postagem das Sonatas para Piano de Beethoven, com a intenção de lembrar com ênfase a passagem de 2020, ano que marca os 250 anos de nascimento do grande Ludovico, gostaria de prestar também uma homenagem ao pianista Igor Levit. Além de enorme artista, como essas suas interpretações atestam, mesmo quando o resultado não cai exatamente ao gosto do ouvinte, Levit destaca-se por sua atitude
como ser humano, num mundo tão carente de pessoas de destaque cultural que se posicionem com clareza em relação a tantos temas sociais e políticos. Quando um artista deste quilate recebe um prêmio por esse tipo de atuação, é preciso reconhecer. Assim, hats off para o Levit.
Você poderá ler o artigo que conta como Igor Levit ganhou o ‘Beethovenpreis de Bonn’ por seu compromisso social e político na íntegra aqui.
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
Sonata para piano No. 28 em lá maior, Op. 101
- Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung
- Marschmässig
- Langsam und sehnsuchtsvoll
- Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit
Sonata para piano No. 29 em si bemol maior, Op. 106 ‘Hammerklavier’
- Allegro
- Assai vivace
- Adagio sostenuto. Appassionato e con molto sentimento
- Allegro risoluto
Igor Levit, piano
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Essas três pequenas sonatas compostas em Bonn por um Beethoven menino (doze anos!) e dedicadas ao príncipe-eleitor de Colônia (em alemão, Kurfürst) são normalmente ignoradas no cômputo de suas sonatas para piano. Sou da opinião de que elas merecem ser conhecidas, nem que seja para perceber os primeiros lampejos de brilho do garoto que se aventurava ambiciosamente na sonata-forma, e reconhecer as manifestações mais precoces dos cacoetes de Ludwig em sua escrita para o teclado. Jörg Demus – o mais discreto dos integrantes da troika pianística vienense, completada por Friedrich Gulda e Paul Badura-Skoda – traz-nos uma leitura muito bonita, com sua característica precisão elegante, muito embora eu ache que estas sonatinhas exijam o som mais pungente, que eu sei que não é do gosto de todos, do pianoforte. A gravação prossegue com duas sonatinas, a segunda delas completada por Ferdinand Ries (1784-1838), aluno e amigo do compositor, e termina com mais uma fieira de pequenas peças avulsas para piano, incluindo uma écossaise (WoO 23) originalmente escrita para banda marcial, mas que sobrevive tão só num arranjo para piano feito por Carl Czerny (outro pupilo e amigo) e que fica menos estranha aqui que no meio de seus pares, que publicaremos oportunamente.




Quando se trata da Música de Câmera de Beethoven, sempre nos vem à mente os magníficos Quartetos de Cordas, ou as Sonatas para Violino ou então para Violoncelo. Se esquece de outras preciosidades, por algum motivo desconhecido ignorados pelas gravadoras. A não ser que você queira encarar uma Integral de suas obras pela DG, fica difícil o acesso a estas obras.




Mais outro balainho, este com peças que, se deixadas soltas, ficariam à deriva e se perderiam em nossa integral.


Concluímos nosso minifestival Jandó com o último balaio de gatinhos pianísticos beethovenianos e uma pequena homenagem ao artista.




O peculiar nome de Jenő (algo como “Eugênio”) Jandó chamou-me pela primeira vez a atenção pelas repetidas vezes que aparecia nas paredes das lojas de discos (para vocês verem como eu sou velhinho) tomadas por CDs da Naxos. Seu repertório parecia inesgotável: de Bach a Bartók, passando por concertos completos de Mozart, um catatau de obras de Liszt e integrais das sonatas de Haydn, Schubert e Beethoven. Cheguei a pensar que se tratasse de uma fraude, ao feitio da milagrosa 





O selo honconguês Naxos busca sempre expandir seu já vasto catálogo sem repetir repertório, normalmente gravando séries integrais com artistas e conjuntos menos célebres e lançando-as no mercado envoltas em projetos gráficos espartanos, sem firulas, e por preços camaradas. Naquelas priscas eras em que só se construía um acervo discográfico com a aquisição de mídias físicas, a Naxos era uma das melhores amigas dos melômanos que, como eu, tinham muita ambição e pouca bufunfa. Muito embora esta abordagem low cost e bastantona do repertório sempre tenha tido seus detratores, nunca me decepcionei com os discos da Naxos, talvez mesmo por saber o que esperar deles. Mais que isso, não foram raras as vezes que me surpreendi com as escolhas arrojadas de repertório e com a qualidade do que ouvi. Foi através da Naxos, por exemplo, que conheci artistas notáveis como a pianista turca İdil Biret, intérprete maravilhosa do repertório romântico, e a violoncelista alemã Maria Kliegel, que oferece interpretações muito marcantes para um repertório vasto, e muitas vezes desconhecido para mim. Enquanto lhes prometo que Biret e Kliegel participarão desta série, a fim de que nossos leitores-ouvintes possam tirar suas próprias conclusões sobre elas, peço licença para voltar os holofotes para o herói desconhecido da Naxos: o pianista húngaro Jenő Jandó, que contribuirá com os três próximos volumes desta nossa beethoveniana.






Mais um balaio de gatos que raramente ouvimos miar, em sua maior parte consagrado ao meio do quarteto de cordas – formação que preocuparia Beethoven desde o começo de sua carreira, muito em função dos modelos impressionantes deixados por Mozart e Haydn, e mantê-lo-ia ocupado até o fim da vida.








Dentro de nosso plano de postar a obra completa de Ludwig van Beethoven em gravações inéditas no blog, chegamos a uma questão de ordem.




