Mais um tremendo CD desta estranha fase em que ouço Chopin. Acho que meu pai adoraria ter ouvido mais nossa conterrânea Maria João. O segundo concerto para piano e orquestra de Chopin é igualmente bom e imenso, durando mais de 30 minutos. O disco traz esplêndido complemento: os 24 Prelúdios pelas compreensivas mãos desta notável pianista. Deve ser IM-PER-DÍ-VEL !!!
Concerto para piano e Orquestra no.2 em F menor, Op.21 e
24 Prelúdios, Op.28
Concerto para piano e Orquestra no.2 em F menor, Op.21
01. Maestoso [14:34]
02. Larghetto [9:11]
03. Allegro vivace [8:46]
Maria João Pires, piano
Royal Philharmonic Orchestra
André Previn, regente
24 Prelúdios, Op.28
04. 1. in C major [0:34]
05. 2. in A minor [2:32]
06. 3. in G major [1:01]
07. 4. in E minor [2:18]
08. 5. in D major [0:38]
09. 6. in B minor [2:04]
10. 7. in A major [0:50]
11. 8. in F sharp minor [1:55]
12. 9. in E major [1:18]
13. 10. in C sharp minor [0:40]
14. 11. in B major [0:49]
15. 12. in G sharp minor [1:14]
16. 13. in F sharp major [3:19]
17. 14. in E flat minor [0:26]
18. 15. in D flat major (“Raindrop”) [5:56]
19. 16. in B flat minor [1:13]
20. 17. in A flat major [3:20]
21. 18. in F minor [1:03]
22. 19. in E flat major [1:27]
23. 20. in C minor [1:59]
24. 21. in B flat major [1:58]
25. 22. in G minor [0:53]
26. 23. in F major [1:01]
27. 24. in D minor [2:40]
Não se assustem, hoje vocês terão dose dupla da Segunda Sinfonia de Mahler, conhecida como ‘Ressurreição’. Esta que vos trago, com Solti / CSO, dando continuidade à integral, e na parte da tarde, em seu horário tradicional, PQPBach traz a mesma sinfonia com outra versão que Zubin Mehta fez nos anos 90, frente à Filarmônica de Israel. Dois maestros bem experientes, dirigindo excepcionais conjuntos orquestrais, com visões diferentes da mesma obra. Excelente oportunidade para as devidas comparações e análises.
01. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 1. Allegro maestoso
02. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 2. Andante moderato
03. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 3. In ruhig fliessender Bewegung
04. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 4. Urlicht. Sehr feierlich, aber schlicht
05. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 5. Im Tempo des Scherzo
Isobel Buchanan – Soprano
Mira Zakai – Contralto
Chicago Symphony Orchestra
Sir Georg Solti – Conductor
Tenho 60 anos, quase 61. Então, já ouvi várias dezenas de gravações do Concerto Imperador. Nunca gostei muito dele e até enchi o saco, entende? Mas então, chega esta gravação e lança uma bela luz de pureza sobre o tão conhecido concerto e o entusiasmo retorna. Parece que tudo o que a gente desejava a respeito dele foi cumprido. Já a Sonata Op. 111 permanece sob o domínio de Pollini e deverá ficar assim por anos ainda. O entendimento do italiano sobre a peça foi de tal magnitude que — penso –, quem grava depois, teria que partir do deus do piano, criando sua concepção a partir daquele ponto. Mas a tentativa de Freire foi boa.
Um CD que vale pela EXTRAORDINÁRIA gravação do Concerto Nº 5, Imperador.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano nº 5, Imperador, e Sonata Op. 111
Concerto para Piano nº 5, Imperador
1. Allegro
2. Adagio un poco mosso
3. Rondo (Allegro)
Sonata Op. 111
4. Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
5. Arietta (Adagio molto semplice e cantabile)
Nelson Freire, piano
Gewandhausorchester
Riccardo Chailly
Vamos cobrir uma falta gravíssima aqui do PQPBach: até hoje nenhum dos colegas havia trazido a integral das sinfonias de Mahler com Georges Solti em seus tempos de Chicago. Dia destes até trouxe a Quinta Sinfonia com esta mesma formação, mas a integral é material inédito por aqui.
Uma de cada vez, tá bom? Nada de ir com muita sede ao pote. Vamos aos poucos, começando pelo começo, trazendo a Primeira Sinfonia.
01. Sinfonie Nr.1 D-dur – 1. Langsam. Schleppend. Wie ein Naturlaut
02. Sinfonie Nr.1 D-dur – 2. Kräftig bewegt, doch nicht zu schnell
03. Sinfonie Nr.1 D-dur – 3. Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen
04. Sinfonie Nr.1 D-dur – 4. Stürmisch bewegt
Não há pinturas retratando John Danyel. Ele foi um alaudista e compositor inglês. Nasceu em Wellow, Somerset. Um dia, em post semelhante a este, eu falava na habilidade dos ingleses para criarem canções com melodias simples e grudentas. Tal talento parece que só ganhou reconhecimento mundial na música popular da segunda metade do século XX. Mas sujeitos como este Danyel-sem-rosto já escreviam coisas legais e grudentas há 400 anos. As canções cantadas são entremeadas com peças para alaúde solo. Não chega a ser um grande CD da nossa querida Hyperion, mas é muito agradável.
John Danyel (1564-1626): Songs
1. Like As the Lute Delights
2. Time, Cruel Time
3. Pavan for lute in C major
4. What Delight Can They Enjoy
5. Mrs M E her funeral tears for the death of her husband: Part 1: Grief keep within
6. Mrs M E her funeral tears for the death of her husband: Part 2: Drop not, mine eyes
7. Mrs M E her funeral tears for the death of her husband: Part 3: Have all our passions?
8. Why Canst Thou Not?
9. Stay, Cruel, Stay!
10. Passymeasures Galliard, for 2 lutes
11. Coy Daphne Fled
12. Let Not Cloris Think
13. Eyes Look No More
14. Rosamund, for lute
15. Thou Pretty Bird How Do I See
16. A Fancy, for 2 lutes (incomplete)
17. Dost Thou Withdraw Thy Grace?
18. He Whose Desires
19. If I Could Shut the Gate
20. I die whenas I do no see her
21. Monsieur’s Almain
22. Can Doleful Notes?: Part 1: Can doleful notes?
23. Can Doleful Notes?: Part 2: No, let chromatic tunes
24. Can Doleful Notes?: Part 3: Uncertain turns of thought
25. Now the Earth, the Skies, the Air
26. Mistress Anne Grene Her Leaves Be Greene
Nigel Short (countertenor)
Libby Crabtree (soprano),
Charles Daniels (tenor)
Matthew Vine (tenor)
Adrian Peacock (baixo)
David Miller (lute)
Jacob Heringman (lute)
Mark Caudle (viol)
Gostaram dos concertos para cravo? Pois bem, então vamos apresentar algumas sinfonias do mano Johann Christian.
Johann Christian viveu em um período interessante da história da música. Filho de um gênio, não diria que ele herdou a genialidade de seu pai, mas era um período de transição e muita gente nem sabia quem era seu pai. Conheciam bem seu irmão, Carl Philip Emanuel, mais talentoso em minha modesta opinião.
Mas vamos ao que viemos.
CD 1
01 – Symphonie G-Dur op. 6 Nr. 1, 1. Satz Allegro con brio
02 – Symphonie G-Dur op. 6 Nr. 1, 2. Satz Andante
03 – Symphonie G-Dur op. 6 Nr. 1, 3. Satz Allegro assai
04 – Symphonie D-Dur op. 6 Nr. 2, 1. Satz Allegro spirito
05 – Symphonie D-Dur op. 6 Nr. 2, 2. Satz Andante
06 – Symphonie D-Dur op. 6 Nr. 2, 3. Satz Allegro spirito
07 – Symphonie Es-Dur op. 6 Nr. 3, 1. Satz Allegro con brio
08 – Symphonie Es-Dur op. 6 Nr. 3, 2. Satz Andante
09 – Symphonie Es-Dur op. 6 Nr. 3, 3. Satz Allegro assai
10 – Symphonie B-Dur op. 6 Nr. 4, 1. Satz Allegro di molto
11 – Symphonie B-Dur op. 6 Nr. 4, 2. Satz Andante
12 – Symphonie B-Dur op. 6 Nr. 4, 3. Satz Presto
13 – Symphonie Es-Dur op. 6 Nr. 5, 1. Satz Allegro con brio
14 – Symphonie Es-Dur op. 6 Nr. 5, 2. Satz Andante
15 – Symphonie Es-Dur op. 6 Nr. 5, 3. Satz Allegro assai
16 – Symphonie g-moll op. 6 Nr. 6, 1. Satz Allegro
17 – Symphonie g-moll op. 6 Nr. 6, 2. Satz Andante piu tosto adagio
18 – Symphonie g-moll op. 6 Nr. 6, 3. Satz Allegro molto
CD 2
01. Symphony Op. 8, No. 2 in G major Allegro
02. Symphony Op. 8, No. 2 in G major Andante
03. Symphony Op. 8, No. 2 in G major Presto assai
04. Symphony Op. 8, No. 3 in D major Allegro assai
05. Symphony Op. 8, No. 3 in D major Andante
06. Symphony Op. 8, No. 3 in D major Presto
07. Symphony Op. 8, No. 4 in F major Allegro molto
08. Symphony Op. 8, No. 4 in F major Andante
09. Symphony Op. 8, No. 4 in F major Temp di Menuetto
10. Symphony in C major, Vernier No. 46 Allegro assai
11. Symphony in C major, Vernier No. 46 Andantino
12. Symphony in C major, Vernier No. 46 Allegro assai
13. Symphony in F major Allegro assai
14. Symphony in F major Andante
15. Symphony in F major Presto
16. Symphony in C major, Vernier No. 46 Allegro
17. Symphony in C major, Vernier No. 46 Andante con espressione
18. Symphony in C major, Vernier No. 46 Allegro
19. Symphony in G major, Huberty Op. 6, No. 1 Allegro con brio
20. Symphony in G major, Huberty Op. 6, No. 1 Andantino
21. Symphony in G major, Huberty Op. 6, No. 1 Tempo di Menuetto
22. Symphony in G major, Huberty Op. 6, No. 1 Allegro assai
CD 3
01. Symphony No. 1 in B-flat – Allegro con spirito
02. Symphony No. 1 in B-flat – Andante
03. Symphony No. 1 in B-flat – Presto
04. Symphony No. 2 in E-flat – Allegro
05. Symphony No. 2 in E-flat – Andante
06. Symphony No. 2 in E-flat – Tempo di minuetto
07. Symphony No. 3 in B-flat – Allegro assai
08. Symphony No. 3 in B-flat – Andante
09. Symphony No. 3 in B-flat – Allegro di molto
10. Symphony Sieber 1773 Collection, No. 2 – Allegro
11. Symphony Sieber 1773 Collection, No. 2 – Andante
12. Symphony Sieber 1773 Collection, No. 2 – Tempo di Gavotta Allegro
13. Symphony Sieber 1773 Collection, No. 1 – Allegro con spirito
14. Symphony Sieber 1773 Collection, No. 1 – Andante
15. Symphony Sieber 1773 Collection, No. 1 – Presto
16. Symphony in E-flat with clarinets – Allegro
17. Symphony in E-flat with clarinets – Andante
18. Symphony in E-flat with clarinets – Tempo di minuetto
Vamos conhecer melhor a obra de nosso irmão Johann Christian? Ok, então vamos começar com alguns concertos para Cravo e orquestra.
O cravista e regente Anthony Halstead se dedicou bastante tempo ao nosso irmão, e creio que gravou toda sua obra. Nem sei quantos cds ao todo ele gravou pelo selo CPO, nem sei se tenho todos, sei que é bastante coisa. Mas vou trazer apenas alguns, para que os senhores possam melhor conhecer sua obra.
Começamos então com alguns Concertos para Cravo. Reparem que a linguagem barroca já ficou para trás, e reconhecemos o Classicismo em seu princípio. Maiores informações podem ser encontradas no booklet.
CD 1
01 – Concerto in D minor – Allegro assai
02 – Concerto in D minor – Adagio affettuoso
03 – Concerto in D minor – Allegro
04 – Concerto in B flat major – Allegretto
05 – Concerto in B flat major – Andante
06 – Concerto in B flat major – Presto
07 – Concerto in F minor – Allegretto
08 – Concerto in F minor – Andante e grazioso
09 – Concerto in F minor – Allegro
CD 2
01 – Concerto in E major – 1. Allegro assai
02 – Concerto in E major – 2. Adagio
03 – Concerto in E major – 3. Presto
04 – Concerto in F minor – 1. Allegro di molto
05 – Concerto in F minor – 2. Andante
06 – Concerto in F minor – 3. Prestissimo
07 – Concerto in G major – 1. Allegro
08 – Concerto in G major – 2. Poco adagio
09 – Concerto in G major – 3. Allegro
CD 3
01. Concerto No. 1 in B flat major Allegretto
02. Concerto No. 1 in B flat major Minuetto
03. Concerto No. 2 in A major Andante
04. Concerto No. 2 in A major Minuetto
05. Concerto No. 3 in F major Allegro
06. Concerto No. 3 in F major Minuetto
07. Concerto No. 4 in G major Allegro assai
08. Concerto No. 4 in G major Andante
09. Concerto No. 4 in G major Presto
10. Concerto No. 5 in C major Non tanto allegro
11. Concerto No. 5 in C major Allegretto
12. Concerto No. 6 in D major Allegro assai
13. Concerto No. 6 in D major Andante
14. Concerto No. 6 in D major Allegro moderato
Anthony Halstead – Hapsichord & Conductor
The Hanover Band
Nós, do PQPBach, estamos fazendo uma série de postagens em homenagem a este grande maestro, que completaria 100 anos em 2018. Estas postagens seguirão até a data de seu nascimento, dia 25 de agosto. Aqui, todas as postagens.
Leonard Bernstein ficou famoso como maestro e como compositor, por motivos que não vou nem precisar listar. Lenny também foi um grande educador. No campo da educação tradicional, entre seus alunos famosos, podemos citar a maestrina Marin Alsop e o maestro Michael Tilson Thomas. E talvez seja ainda mais importante a forma como ele inovou na utilização da TV: entre 1958 e 72, nos Young People’s Concerts, ele falava sobre Beethoven, sobre romantismo, sobre Mahler e sobre atonalismo em linguagem de televisão, de forma simples e ao mesmo tempo sem estupidificar o público. Tá tudo, ou quase, no Youtube, é claro…
O disco que trago nesta sexta-feira 13 contém a famosa Sinfonia Fantástica de Berlioz e em seguida uma faixa bônus, com Bernstein comentando a sinfonia e dando exemplos musicais. Após ouvir Bernstein comentar sobre o tema principal (idée fixe – ideia fixa), sobre como a sinfonia é descrita por Berlioz como uma alucinação de um amante embriagado de ópio, sobre os dois últimos movimentos que incluem uma marcha até a guilhotina e uma orgia diabólica com bruxos e bruxas, duvido que vocês ouçam essa sinfonia da mesma forma.
‘Pretty spooky stuff. And it’s spooky because those sounds you’re hearing come from the first psychedelic symphony in history, the first musical description ever made of a trip, written one hundred thirty odd years before the Beatles, way back in 1830 by the brilliant French composer Hector Berlioz.’ Lenny Bernstein, 1968
Hector Berlioz: Symphonie Fantastique
1. Rêveries, passions
2. Un bal
3. Scène aux champs
4. Marche au supplice
5. Songe d’une nuit du Sabbat
New York Philharmonic, Leonard Bernstein, 1963
6. Bonus track: Berlioz takes a trip (Leonard Bernstein, 1968)
Sandrine Piau nos convida para uma viagem pelo território íntimo e infinito dos sonhos. Quimera: uma busca ilusória e insatisfeita, o cemitério de nossas ilusões …
Sandrine e sua parceira de longa data, a pianista Susan Manoff, criaram um programa que combina a canção alemã (Hugo Wolf, uma das canções de Mignon de Schumann, uma cena de Fausto de Goethe de Carl Loewe), Mélodies de Debussy e Poulenc (com Banalités), e Art Songs de Barber junto com descobertas de compositores mais raramente ouvidos como Ivor Gurney e as Dickinson Songs de André Previn, o célebre maestro americano menos conhecido por suas composições, que incluem este magnífico ciclo escrito por Renée Fleming.
Com naturalidade, em francês, alemão e inglês, Sandrine Piau está no auge de sua arte. Fantoches, Clair de Lune, Solitary Hotel, Haverá realmente uma manhã ?: Saída para o mundo dos sonhos seguindo este itinerário poético único.
A terra das quimeras é a única neste mundo em que vale a pena viver (Jean-Jacques Rousseau). (Wikipedia)
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Chimère
Loewe, Johann Carl Gottfried (Alemanha, 1796 – 1869) 01. Lieder und Balladen – Ach neige, du Schmerzenreiche Schumann, Robert (Alemanha, 1810-1856) 02. Lieder und Gesänge aus “Wilhelm Meister”, Op. 98a – Mignon “Kennst du das Land?” 03. Lieder und Gesänge, Op. 127 – Dein Angesicht 04. Myrthen, Op. 25 – Die Lotosblume Debussy, Achille-Claude (França, 1862 – 1918) 05. Fêtes Galantes I, CD 86 – I. En sourdine 06. Fêtes Galantes I, CD 86 – II. Fantoches 07. Fêtes Galantes I, CD 86 – III. Clair de lune Wolf, Hugo Philipp Jacob (Áustria, 1860 – 1903) 08. Verschwiegene Liebe 09. Nixe Binsefuss 10. Das verlassene Mägdlein 11. Lied vom Winde Gurney, Ivor Bertie (Inglaterra, 1890 – 1937) 12. Five Elizabethan Songs – IV. Sleep Baksa, Robert (Estados Unidos, 1938) 13. Heart! We Will Forget Him Poulenc, Francis Jean Marcel (França, 1899 – 1963) 14. Banalités, FP 107 – I. Chanson d’Orkenise 15. Banalités, FP 107 – II. Hôtel 16. Banalités, FP 107 – III. Fagnes de Wallonie 17. Banalités, FP 107 – IV. Voyage à Paris 18. Banalités, FP 107 – V. Sanglots Barber, Samuel Osborne (Estados Unidos, 1910 – 1981) 19. Despite and Still, Op. 41 – IV. Solitary Hotel Poulenc, Francis Jean Marcel (França, 1899 – 1963) 20. Métamorphoses, FP 121 – C’est ainsi que tu es Previn, André (Andreas Ludwig Priwin), Alemanha, 1929) 21. Three Dickinson Songs – As Imperceptibly as Grief 22. Three Dickinson Songs – Will There Really Be a Morning? 23. Three Dickinson Songs – Good Morning Midnight
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Chimère – 2018
Sandrine Piau, soprano
Susan Manoff, piano
Por gentileza, quando tiver problemas para descompactar arquivos com mais de 256 caracteres, para Windows, tente o 7-ZIP, em https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ e para Mac, tente o Keka, em http://www.kekaosx.com/pt/, para descompactar, ambos gratuitos. . When you have trouble unzipping files longer than 256 characters, for Windows, please try 7-ZIP, at https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ and for Mac, try Keka, at http://www.kekaosx.com/, to unzip, both at no cost.
A ópera que ora compartilho com vocês é a minha preferida. Giuseppe Verdi (10 de outubro de 1813, Reconle Verdi, Itália – 27 de janeiro de 1901, Milão) estava no auge de seu poder dramático e criativo. Otello, ópera em quatro atos e libreto italiano de Arrigo Boito (1842 – 1918) que estreou na casa de ópera La Scala, em Milão, em 5 de fevereiro de 1887. Baseado na peça de William Shakespeare (1564 – 1616) – Otelo. Esta ópera foi o penúltimo trabalho de Verdi. O compositor tinha uma particular afeição pelas obras de Shakespeare. Ele o descreveu como “o grande pesquisador do coração humano” e escreveu: “Ele é um dos meus poetas muito especiais, e eu o tenho suas obras em minhas mãos desde a mais tenra juventude, e leio e releio continuamente”. Verdi já havia se aposentado após terminar Aida em 1871. Seu amigo e editor, Giulio Ricordi, tinha outras idéias. No verão de 1879, Ricordi (seu sobrenome ainda hoje encima diversas partituras onde muitos jovens artistas aprendem música), sua esposa, o maestro Franco Faccio (considerado o maior regente italiano na época) estavam jantando com Verdi e sua esposa Giuseppina. “Quase que por acaso – Ricordi recordaria mais tarde – conduzi a conversa para Shakespeare e Boito. Ao mencioniar Otelo, vi Verdi olhar para mim desconfiado mas interessado. Ele seguramente entendeu e seguramente reagiu. Eu acreditava que o momento estava maduro.” Foram estes nomes que Ricordi lançou cuidadosamente à mesa de conversa naquela noite – Otelo, uma peça que Verdi nunca havia considerado seriamente musicar, Arrigo Boito, conhecido por sua ópera Mefistofele e por vários libretos escritos para terceiros. Faccio levou Boito para visitar o compositor no dia seguinte; três dias mais tarde quando Boito voltou sozinho com um esboço do libreto de Otelo já pronto, Verdi disse simplesmente: “Agora escreve os versos. Eles serão úteis para mim, para você, ou para qualquer outro”.
Boito trabalhou incessantemente sobre o libreto, até que em novembro enviou parte dele ao compositor. Verdi reconhecia Boito como um homem de genuíno talento, e como a possibilidade de uma grande promessa. Giuseppina confidenciou que Verdi havia gostado do que encontrara no esboço de Boito, que seguiu as linhas-mestras de Verdi: “concisão, clareza, verdade, fidelidade ao original” para adaptar a peça à uma ópera. Mas ela também percebeu que ele colocara o libreto na cabeceira da cama, e por lá ficou adormecido por quatro anos. Antes de dar início ao trabalho propriamente dito, Verdi e Boito colaboraram na revisão de uma ópera antiga de Verdi, “Simon Boccanegra” – um teste para o trabalho conjunto. O resultado foi positivo. Em julho de 1881, oito meses após a estréia do novo Boccanegra, Boito fez sua primeira visita para encontrar-se pessoalmente com Verdi a fim de discutirem seu “Otello” (ou Iago, como era então chamado). Porém em 1882 Verdi voltou-se para uma revisão em grande escala do seu “Don Carlos” uma engenhosa maneira de desenferrujar azeitar as engrenagens antes de escrever a primeira nota de Otello. Corria o mês de março de 1884 quando Verdi finalmente começou. Fazia quinze anos que não escrevia uma ópera nova. Santa Agata, por tantos anos mergulhada na quietação do parque onde trinavam rouxinóis e o vento agitava as folhas do arvoredo, foi subitamente inundada pelas ondas sonoras, irrompendo do gabinete de estudo, arrancadas do antigo piano pelo ilustre ancião que perseguia a visão do seu sonho e revivia nas notas ardentes sensações de amor e tortura. Porém houveram alguns problemas que deixaram a conclusão da obra por um fio: um rumor de que Boito teria dito que ele mesmo gostaria de compor a música interrompeu a composição por oito meses até que a situação fosse contornada e Verdi voltasse a trabalhar em plena força. Em 5 de outubro de 1885 Verdi escreveu: “Acabei o quarto ato e volto a respirar novamente”. Mas ainda foram necessários alguns ajustes no texto e na música. Ai então Verdi gastaria mais um ano para concluir a orquestração. Ao longo de 1886 Verdi teve a idéia da entrada dramática de Otello, a famosa “Esultate” (CD 1 faixa 2) e em novembro concluiu a partitura, sendo a obra enviada para ser impressa no mês seguinte. Em 21 de dezembro de 1886, Boito escreveu: “O sonho tornou-se realidade”. A estréia no La Scala, em 5 de fevereiro de 1887, foi um triunfo. Estiveram presentes críticos de toda a Europa, que enviaram a suas redações matérias onde afirmavam que Verdi havia-se superado. Otello foi a primeira das obras de Verdi a atrair a atenção dos “wagnerianos” convictos (Verdi admirava Wagner, mas com reservas; conta-se que quando Verdi ouviu a apresentação de Tannhäuser em Viena em 1875, comentou: “Eu cochilei, mas os alemães também.”).
Sobre a história, Otello, é uma das mais comoventes tragédias shakespearianas. Por tratar de temas universais – como ciúme, traição, amor, inveja e racismo – na trama, Otelo é um general mouro a serviço do reino de Veneza, casado com Desdêmona, moça de pele clara e filha de um rico senador. Eles se uniram às escondidas e o genro só é aceito pelo sogro porque o casamento já está consumado. A obra de Shakespeare pode render ótimas discussões sobre aparência e realidade. A começar por Iago, um dos maiores vilões da literatura. Na peça, ele é chamado de honesto diversas vezes por diferentes personagens. Mas em sua essência é pérfido, maquiavélico e sem limites. Finge lealdade a Otello, apesar de odiá-lo. Isso porque o general promoveu o soldado Cássio ao cargo de tenente, preterindo-o. O fato despertou em Iago uma inveja devastadora e seu grande objetivo passa a ser a destruição de Otello. Movido por esse sentimento sombrio, ele tece intrigas que fazem o protagonista acreditar que sua esposa o trai com Cássio. Não há provas, apenas insinuações, que vão envolvendo o general, enlouquecendo-o aos poucos. Cego de ciúme, Otello mata Desdêmona e só depois descobre que ela era inocente. Então, cheio de culpa, ele se suicida.
No trabalho de Verdi e Boito a divisão ficou assim:
O primeiro ato de Otello evolui, de maneira ininterrupta, da vasta e aterrorizante tempestade que dá início à primeira página da partitura, à calma da noite, quando as estrelas começam a surgir no céu. A entrada de Otello, uma das mais famosas em todo o gênero lírico lança um breve raio de luz em meio a tempestade; ele canta apenas duas linhas, e recolhe-se em seguida para passar a noite em casa; mas sua presença permanece. Dois grandes conjuntos estão aqui perfeitamente integrados à ação: o coro do fogo da alegria, “Fuoco di gioia” (CD 1 faixa 4), e a canção de beber, quase inebriante em sua própria embriaguez. Cássio, após dois versos, gagueja, perde sua linha, e quase leva a música a uma interrupção. É mais uma vez a entrada de Otello, despertado de seu sono pela balbúrdia, que acalma a cena, deixando que ela progrida suavemente rumo ao dueto de amor que fecha o ato. Esta música primorosamente orquestrada para as cordas baixas, com encantadores toques dos sopros e profundos arpejos da harpa (CD 1 faixa 9). Por fim quando Dosdêmona e Otello se beijam, é a orquestra sozinha quem canta, com efeito indescritível .
Quando abre o segundo ato, surpreendemos Iago e Cássio em meio a uma conversa, e a sensação de estarmos espreitando só faz crescer quando Iago, deixado sozinho, profere seu “Credo”. Sabe-se que o texto de Boito para este número foi enviado a Verdi sem que este o houvesse solicitado, no período do único desentendimento realmente sério entre os dois, persuadiu o compositor a retomar sua pena. Uma música brutal e explosiva Verdi confere uma força aterrorizante do texto conseguindo uma dramaticidade verdadeiramente shakespeariana, uma das árias aonde Verdi mostra que é ainda um grande mestre da ópera aos 73 anos de idade (CD 1 faixa 12) considero uma das árias mais autênticas da ópera feitas para caracterizar o caráter do personagem. Desdêmona, em contraste, é caracterizada por um coro angelical das mulheres e crianças. Segue-se dois conjuntos de formas antigas que recebem um tratamento novo, são integrados à textura contínua das conversas de Otelo / Desdêmona e Iago / Emília, o quarteto integra brilhantemente ação e contemplação. No dueto que encerra o ato, Verdi lança mão de seus recursos mais dramáticos. Um primor. Diria um ato musicalmente e poeticamente perfeito.
O terceiro ato desnuda impiedosamente o relacionamento entre Otello e Desdêmona, tanto na intimidade quanto contra o amplo pano-de-fundo de uma última grande cena de massa. Verdi havia-se transformado em um formidável “pesquisador do coração humano”. O dueto que abre o terceiro ato explora meticulosamente regiões desse território emocional, com a precisão de uma lâmina, raramente atingida pela música. Otello, enunciado na mais aterradora calma, expõe a alma de um homem dilacerado. Depois disso, nada poderia cair de maneira mais cruel nos ouvidos do que o alegre”coup de théatre” de Iago com o lenço. Conduzido por sete vozes independentes sobre coro e orquestra enquanto a ação fica congelada eleva-se a novas alturas quando Otello, permanecendo mudo no epicentro da tempestade, explode subitamente a ira que vinha remoendo dentro dele, e lança a música em rumos audaciosos e inesperados. No final vemos Iago com o pé em cima de Otello (cena essa sugerida por Boito à Verdi para encerrar o ato)..
O último ato começa com a “Canção do Salgueiro” de Desdêmona cantada suavemente (CD 2 faixa 16), em um clima de calma glacial, perturbada uma vez pelo vento e depois por seu súbito desespero – um momento de marcante realismo emocional. A passagem súbita das cordas em surdina para a prece de Desdêmona, parece deixar o ambiente completamente sem ar (CD 2 faixa 18) (considero esta Ave Maria a mais comovente já composta para óperas, Verdi nos brinda com uma música magnífica, muito f…, e a Kiri nesta gravação arrebenta na interpretação). Otello entra sobre uma linha única nos contrabaixos – a própria voz do terror. Tão logo ele se inclina para beijar sua adormecida esposa, e a força plena da melodia de Verdi, desaba sobre ele, a tragédia desenrola-se rapidamente.
A difícil tarefa de trabalharem juntos em Otello aprofundou e solidificou o relacionamento entre Verdi e Boito. Quando deram início a “Falstaff, dois anos mais tarde, as tensões, os pequenos amuos e as disputas mais ferrenhas já eram coisa superada. No final eles tornaram-se íntimos como pai e filho. Boito permaneceu sentado em um silêncio respeitoso ao lado da cama de Verdi nos últimos dias do compositor. Ele estava lá no derradeiro momento: ”Ele morreu magnificamente, como um lutador, formidável e mudo”. O legado de Otello é um edifício perto do coração de Milão; a “Casa di Riposo per Musicisti” – uma casa de repouso para músicos onde, como Verdi conheceu muito bem, os embates da velhice são melhor enfrentados com música e companheirismo de mãos dadas. A “Casa di Reposo” foi construída em um terreno comprado por Verdi com a renda de Otello, e foi desenhada por Camilo Boito, irmão de Arrigo. Em seus últimos anos, Verdi viria a declarar-se que a “Casa di Riposo” era a sua obra favorita.
Escolhi para postar a gravação do selo LONDON gravado ao vivo em duas apresentações em 1991. Pavarotti é um Otello maravilhoso, apesar que na época muitos críticos terem dito que ele estava velho, aos 53 anos, para interpretar e gravar Otello. Ele é um tenor de primeira linha e sempre foi (são os famosos críticos de “pêlo em ovo”, como dizer que Pav está “velho” depois de ouvir a faixa 23 no fechamento do segundo ato disco 1 e a emoção da última cena faixa 22 do disco 2). Desdêmona foi um dos papéis de assinatura de Te Kanawa (1944), e esta gravação demonstra o porquê. Ela tem uma voz muito pura, inocente, para não mencionar incrivelmente rica … absolutamente perfeita para este papel. Te Kanawa sempre cantou lindamente para Solti e oferece um desempenho terno e comovente, transformando seu famoso tom puro em um efeito comovente e subindo maravilhosamente como por exemplo no poderoso conjunto final do Ato 3 (CD2 faixas 12 até 14) ou perto do sublime no início do quarto ato nas faixas 3 e 4 do CD 2. Leo Nucci (1942) retrata Iago como ele é: um homem corrupto e coração sem sentimentos. A voz de Nucci tem um som muito rico, cremoso e lembrando um chocolate amargo. Anthony Rolfe-Johnson (1940 – 2010), especialista em Bach e Handel, faz um trabalho maravilhoso como Cassio. O coro da faixa 14 no disco 1, quando eles estão passeando com Desdêmona, é para mim uma das mais belas músicas de coro de ópera. Solti e a orquestra de Chicago são ótimas. Sob o ritmo estável de Solti, eles tocam maravilhosamente e os momentos culminantes acabam se tornando realidade, pois Solti, em seus últimos anos, tornou-se melhor em evitar a abordagem da emoção barata e foi mais para a construção lenta. Mas como devoto de Pavarotti e Te Kanawa, estou feliz de ter nas minhas prateleiras essa performance e sobretudo compartilhar aqui no blog. Acho que a qualidade do som é soberba (não consigo imaginar o que os críticos estavam pensando quando meteram o pau na performance).
A história “passo a passo” com fotos do encarte original do CD estão junto no arquivo de download com as faixas, o resumo da ópera foi extraído do livro “As mais Famosas Óperas”, Milton Cross (Mestre de Cerimônias do Metropolitan Opera). Editora Tecnoprint Ltda., 1983.
Pessoal, abrem-se as cortinas e divirtam-se com a soberba música de Verdi !
Giuseppe Verdi (1813 – 1901): Otello
1-01 Otello, Act I_ 1. Una vela! Una vela!
1-02 Otello, Act I_ 2. Esultate!
1-03 Otello, Act I_ 3. Roderigo, ebben che pensi?
1-04 Otello, Act I_ 4. Fuoco di gioia
1-05 Otello, Act I_ 5. Roderigo, beviam!
1-06 Otello, Act I_ 6. Inaffia l’ugola!
1-07 Otello, Act I_ 7. Capitano, v’attende la fazione ai baluardi
1-08 Otello, Act I_ 8. Abbaso le spade!
1-09 Otello, Act I_ 9. Già nelle notte densa!
1-10 Otello, Act II_ 1. Non ti crucciar
1-11 Otello, Act II_ 2. Vanne! La tua meta gia vedo
1-12 Otello, Act II_ 3. Credo in un Dio crudel
1-13 Otello, Act II_ 4. Cio m’accora
1-14 Otello, Act II_ 5. Dove guardi
1-15 Otello, Act II_ 6. D’un uom che geme sotto
1-16 Otello, Act II_ 7. Se inconscia contra te
1-17 Otello, Act II_ 8. Desdemona rea!
1-18 Otello, Act II_ 9. Tu_! Indietro! Fuggi !!
1-19 Otello, Act II_ 10. Ora e per sempre adio
1-20 Otello, Act II_ 11. Pace, signor
1-21 Otello, Act II_ 12. Era la note Casio dormia
1-22 Otello, Act II_ 13. Oh! Mostruosa culpa
1-23 Otello, Act II_ 14. Si, pel ciel mormoreo giuro
2-01 Otello, Act III_ 1. La vedetta
2-02 Otello, Act III_ 2. Continua
2-03 Otello, Act III_ 3. Dio ti giocondi
2-04 Otello, Act III_ 4. Esterrefatta fisso
2-05 Otello, Act III_ 5. Dio! Mi potevi scagliar
2-06 Otello, Act III_ 6. Cassio è là
2-07 Otello, Act III_ 7. Vieni_ l’aula è deserta
2-08 Otello, Act III_ 8. …e intantanto
2-09 Otello, Act III_ 9. Quest’è il segnale
2-10 Otello, Act III_ 10. Il Doge ed il Senato salutano
2-11 Otello, Act III_ 11. Messeri! Il Dodge
2-12 Otello, Act III_ 12. A terra!.. Si.. nel livido fango
2-13 Otello, Act III_ 13. Quell’ innocente
2-14 Otello, Act III_ 14. Fuggite!
2-15 Otello, Act IV_ 1. Era più calmo ?
2-16 Otello, Act IV_ 2. Mia madre aveva una povera ancella
2-17 Otello, Act IV_ 3. _Piangea cantando
2-18 Otello, Act IV_ 4. Ave Maria, piena di grazia
2-19 Otello, Act IV_ 5. (Otello aparece)
2-20 Otello, Act IV_ 6. Diceste questa sera le vostre preci
2-21 Otello, Act IV_ 7. Aprite! Aprite!
2-22 Otello, Act IV_ 8. Niun mi tema
Otello – Luciano Pavarotti
Desdemona – Kiri Te Kanawa
Iago – Leo Nucci
Cassio – Anthony Rolfe Johnson
Emília – Elzbieta Ardam
Lodovico – Dimitri Kavrakos
Montano – Alan Opie
Roderigo – John Keyes
Coro da sinfônica de Chicago
Orquestra Sinfônica de Chicago
Regente: Sir Georg Solti
Gravação: Orchestra Hall de Chicago – 8 e 12 de abril 1991
Carnegie Hall de Nova Iorque – 16 e 19 de abril de 1991
Talvez esta gravação fique um pouco abaixo daquela clássica de Simon Preston, com The English Concert regido por Trevor Pinnock para a Archiv, mas é um belo registro que não precisa se curvar diante do ícone. Egarr prova ser um excelente solista que dá à música toda a emoção que merece, sem sobrecarregá-la com um virtuosismos superficiais. Melhor ainda, ele entende o significado da música e da face majestática das obras, bem como de sua melancolia e jovialidade, presentes nas proporções corretas. A delicadeza do Concerto Nº 6 é inédita. Eu achei, pelo menos. A qualidade da gravação da HM é, como sempre, sensacional.
G. F. Handel (1685-1759): Organ Concertos Op. 4
Organ Concerto In G Minor Op. 4 No. 1
1 Larghetto, E Staccato 5:02
2 Allegro 5:01
3 Adagio 1:13
4 Andante 4:13
Organ Concerto In B-Flat Major Op. 4 No. 2
5 A Tempo Ordinario, E Staccato 0:50
6 Allegro 4:21
7 Adagio, E Staccato 0:38
8 Allegro, Ma Non Presto 3:29
Organ Concerto In G Minor Op. 4 No. 3
9 Adagio 3:24
10 Allegro 3:41
11 Adagio 0:56
12 Allegro 2:03
Organ Concerto In F Major Op. 4 No. 4
13 Allegro 3:57
14 Andante 4:17
15 Adagio 1:05
16 Allegro 5:04
Organ Concerto In F Major Op. 4 No. 5
17 Larghetto 1:51
18 Allegro 2:25
19 Alla Siciliana 1:28
20 Presto 2:30
Organ Concerto In B-Flat Major Op. 4 No. 6
21 Andante Allegro 6:17
22 Larghetto 4:05
23 Allegro Moderato 2:41
Organ – Richard Egarr
Bass – Tim Amherst*
Bassoon – Alexandre Salles
Cello – Catherine Jones, Imogen Seth Smith*
Lute, Guitar – William Carter
Oboe – Frank de Bruine, Lars Henriksson
Viola – Martin Kelly, Trevor Jones
Violin – Iwona Muszynska, Joanna Lawrence, Marianna Szücs, Pavlo Beznosiuk, Pierre Joubert, Rebecca Livermore, Rodolfo Richter, William Thorp
Academy Of Ancient Music
Passou-se algum tempo. Em 2015, a Orquestra Sinfônica de Boston, com seu grande regente titular Andris Nelsons, lançou a 10ª Sinfonia e, em 2016, vieram as Sinfonias 5, 8 e 9. Mas, céus, certamente valeu a espera esperar dois anos pela continuidade. E todos os registros foram feitos ao vivo, como deve ser.
Devido à relação difícil de Shostakovich com o regime de Stálin, a pretendida estréia da 4ª Sinfonia em 1936 foi cancelada, e o trabalho não recebeu sua primeira apresentação até vinte e cinco anos depois. É uma peça monumental e abrangente, usando uma enorme orquestra, e dizer que ela é extremamente exigente tecnicamente é um eufemismo. Trata-se de uma obra decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios: puro Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.
Escrita em 1957, a décima primeira sinfonia é chamada de O Ano de 1905 e é amplamente programática, retratando os eventos dos primórdios da Revolução Russa naquele ano. A abertura Adagio, intitulada The Palace Square, é um tema sombrio, e as cordas de Boston são novamente exemplares: há uma calma gelada em seu tom e, ainda assim, um brilho que de alguma forma oferece um sombrio conforto. É um som extraordinário que é o pano de fundo perfeito para as sinistras interjeições dos tímpanos e das fanfarras de trompete e trompa. Há explosões de metais e percussão no segundo movimento — os tiros nos operários –, uma bela canção de luto no terceiro — tema russo que foi depois retomado por Britten — e uma energia maníaca no quarto. É uma performance aterradora, cheia de força bruta e desespero, mas também grande ternura, particularmente no último movimento.
Esta série de Nelsons fica cada vez melhor. A execução destas sinfonias é notável e certamente se tornará referência. A próxima dupla será as Sinfonias Nº 6 e 7 — data de lançamento a ser anunciada. Mal posso esperar para ouvir!
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nº 4 e 11
Symphony No. 4 in C Minor, Op. 43
1. 1. Allegretto poco moderato 14:56
2. 2. Presto 11:47
3. 3. Moderato con moto 8:24
4. 4. Largo 6:52
5. 5. Allegro 22:25
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons
Duração: 1:04:24
Symphony No. 11 in G Minor, Op. 103 “The Year 1905”
1. 1. The Palace Square (Adagio) 17:15
2. 2. The Ninth of January (Allegro – Adagio – Allegro – Adagio) 18:46
3. 3. Eternal Memory (Adagio) 12:28
4. 4. The Tocsin (Allegro non troppo) 14:10
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons
Duração: 1:02:39
Posso irritar alguns de vocês? Pois é, eu nem gosto muito de Chopin. Mas meu pai — o real, não J. S. Bach — amava Chopin e sinto muita falta dele, de meu pai que faleceu em 1993. Então tento gostar, mas do que gosto mesmo é do fraseado e da elegância da genial pianista portuguesa Maria João Pires. Credo, ela toca muito e, mesmo que a música não me seduza, a arte de Maria João está toda lá, forte e sensível. Olha, gents, eu acho que este deve ser um CD IM-PER-DÍ-VEL para a maioria dos pequepianos. But not for me.
1. Piano Concerto No.1 in E minor, Op.11 – 1. Allegro maestoso 20:45
2. Piano Concerto No.1 in E minor, Op.11 – 2. Romance (Larghetto) 10:14
3. Piano Concerto No.1 in E minor, Op.11 – 3. Rondo (Vivace) 10:44
4. Fantasie in F minor, Op.49 14:45
5. Impromptu No.4 in C sharp minor, Op.66 “Fantaisie-Impromptu” 5:51
6. Berceuse in D flat, Op.57 5:44
Maria João Pires, piano
Chamber Orchestra of Europe
Emmanuel Krivine
Trago um disco excepcional de Schnittke. Ele é uma expansão daquele disco com a Suíte Gogol, com interpretações mais vigorosas e qualidade sonora superior. Não dá para negar a satisfação de ouvir essa música (veja abaixo minha foto de alegria).
Em 1978, Alfred Schnittke (1934-1998) escreveu a música incidental para uma produção que era uma adaptação para o palco do romance Almas Mortas, de Gógol. Depois de quase tudo pronto, o governo soviético proibiu a produção. Uma Suíte foi montada a partir da partitura de Gennadi Rozhdenstvensky e dois dos principais colegas de Schnittke — Gubaidulina e Denisov — contribuíram com a marcha que abre este CD. Em 1985, a música foi coreografada. O balé, chamado Esquisses foi realizado pelo Bolshoi
Schnittke foi o compositor mais importante a surgir na Rússia desde Dmitri Shostakovich. A sua música, nos seus primeiros anos, demonstra uma forte influência de Shostakovich. Mas depois ele desenvolveu uma técnica poliestilística simplesmente sensacional e única. Poliestilismo é o uso de múltiplos estilos e/ou técnicas de composição musical, e é considerado como algo pós-moderno. É a capacidade de absorver diferentes tradições e expressar-se particularmente através de uma escrita poliestilística – mistura de estilos – altamente individual e refinada, capaz de unir o passado, o presente e o futuro, o local e o universal.
Bem, para aqueles que estão ainda começando no mundo da grande música, segue um vídeo de pouco mais de 12 minutos com um resumo do que é música clássica…
Alfred Schnittke (1934-1998): Esquisses
1. March The Swan, The Pike And The Crayfish
2. Ov
3. The Childhood Of Chichikov
4. The Portrait
5. Major Kovalyov
6. Morning. The Disappearance Of The Nose
7. In Search Of The Nose
8. Despair
9. The Nose Is Found
10. The Overcoat
11. Ferdinand VIII
12. The Civil Servants
13. The Barrell-Organ
14. The Unknown Woman
15. Pas De Deux – Orch Of The Bolshoi Theatre/Andrey Tchistiakov O
16. The Debauch
17. The Sabbath
18. The Barrell-Organ
19. Spanish Royal March
20. The Ball
21. The Testament
22. March The Swan, The Pike And The Crayfish
Orchestra of the Bolshoi Theatre
Conducted by Andrey Chistiakov
Harmoniemesse Wind Band Mass Missa B-Dur B flat Major Hob XXII:14
1. Mass No. 14 in B-Flat Major, Hob. XXII14 Harmoniemesse I. Kyrie
2. Mass No. 14 in B-Flat Major, Hob. XXII14 Harmoniemesse II. Gloria
3. Mass No. 14 in B-Flat Major, Hob. XXII14 Harmoniemesse III. Credo
4. Mass No. 14 in B-Flat Major, Hob. XXII14 Harmoniemesse IV. Sanctus
5. Mass No. 14 in B-Flat Major, Hob. XXII14 Harmoniemesse V. Benedictus
6. Mass No. 14 in B-Flat Major, Hob. XXII14 Harmoniemesse VI. Agnus Dei
Heiligmesse Heilig Mass Missa St.i Bernardi von Offida Missa B-Dur B flat Major Hob. XXII:10
7. Mass No. 9 in B-Flat Major, Hob. XXII10 Sancti Bernardi von Offida I. Kyrie
8. Mass No. 9 in B-Flat Major, Hob. XXII10 Sancti Bernardi von Offida II. Gloria
9. Mass No. 9 in B-Flat Major, Hob. XXII10 Sancti Bernardi von Offida III. Credo
10. Mass No. 9 in B-Flat Major, Hob. XXII10 Sancti Bernardi von Offida IV. Sanctus
11. Mass No. 9 in B-Flat Major, Hob. XXII10 Sancti Bernardi von Offida V. Benedictus
12. Mass No. 9 in B-Flat Major, Hob. XXII10 Sancti Bernardi von Offida VI. Agnus Dei
Sibylla Ruben Soprano
Ingeborg Danz Alto
Lothar Odinius Tenor
Michael Nagy Bass
Linh Kauffmann Soprano – [Et incarnatus est] D
David Kim Bass [Et incarnatus est]
Oregon Bach Festival Chorus & Orchestra
Helmuth Rilling
CD 4
Theresienmesse Theresa Mass Missa B-Dur B flat Major Hob XXII:12
1. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse I. Kyrie
2. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse IIa. Gloria
3. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse IIb. Gloria. Gratias agimus tibi
4. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse IIc. Gloria. Quoniam tu solus sanctus
5. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse IIIa. Credo
6. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse IIIb. Credo. Et incarnatus est
7. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse IIIc. Credo. Et resurrexit
8. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse IV. Sanctus
9. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse V. Benedictus
10. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse VIa. Agnus Dei
11. Mass in B-Flat Major, Hob. XXII12 Theresienmesse VIb. Agnus Dei. Dona nobis pacem
Paukenmesse Mass in Time of War Missa in tempore belli C-Dur C major Hob XXII:9
12. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli I. Kyrie
13. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli IIa. Gloria. Gloria in excelsis
14. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli IIb. Gloria. Qui tollis
15. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli IIc. Gloria. Quoniam tu solus sanctus
16. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli IIIa. Credo
17. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli IIIb. Credo. Et incarnatus est
18. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli IIIc. Credo. Et resurrexit
19. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli IIId. Credo. Et vitam venturi
20. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli IV. Sanctus
21. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli V. Benedictus
22. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli VIa. Agnus Dei
23. Mass No. 10 in C Major, Hob. XXII9 In tempore belli VIb. Agnus Dei. Dona nobis pacem
Ruth Ziesak Soprano
Ingeborg Danz Alto
Christoph Prégardien Tenor
Michel Brodard Bass
Gächinger Kantorei Stuttgart
Stuttgarter Kammerorchester
Helmuth Rilling
Um excelente disco de trombeteadas e lirismo com o Padrão de Qualidade Biber. Trombeteadas porque há várias Sonatas e Balletti para trompetes e lirismo pelas Sonatas e Partitas para cordas. Hum… a faixa 27, aquela Harmonia artificiosa-ariosa! Imaginem entrar em algum lugar em 1696 e ouvir esse tipo de música pela primeira vez… Eu seria derrubado, aniquilado. A Harmonia artificiosa-ariosa é sua última coleção publicada de música instrumental. Contém sete partitas para dois instrumentos e baixo contínuo: cinco para dois violinos, um para duas violas d’amore e um para violino e viola. Mas o resto vale muito a pena, se vale!
Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704):Balletti & Sonatas for Trumpetes & String
1. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 1
2. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Sonata
3. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Allamanda
4. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Amener
5. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Aria
6. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Balletto
7. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Trazza
8. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Gavotte
9. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Canario
10. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Amoresca
11. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Sarabanda
12. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Gagliarde
13. Balletti à 6, suite for 2 trumpets, violin, 2 violas & continuo in C major, C. 57: Ciacona
14. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 6
15. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Sonata
16. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Allemanda
17. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Courante
18. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Balletto
19. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Sarabanda
20. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Gigue
21. Pars IV of ‘Mensa Sonora’, suite for violins, 2 violas & continuo in B flat major, C. 72: Sonatina (Adagio)
22. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 2
23. Partita, for 2 violins, viola da braccio & continuo No. 4 in E flat major (Harmonia Artificiosa-Ariosa No. 4), C. 65
24. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 4
25. Sonata tam Aris à 5, for trumpet, violin, 2 violas & continuo No. 10 in G minor (Sonatae No. 10), C. 123
26. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 10
27. Partita for 2 violins & basso continuo No. 6 in D major (Harmonia Artificiosa-Ariosa No. 6), C. 67
28. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 3
29. Sonata tam Aris à 5, for 2 trumpets, 2 violins & continuo No. 7 in G major (Sonatae tam Aris No. 7), C. 120
30. Trumpet Duos (12), for 2 trumpets (Nos. 13-24 of Sonatae, tam Aris), C. 126-137: A Due No. 5
É muito grande a probalidade de que estes quatro CDs com missas de Haydn tragam as melhores versões que eu já possa ter ouvido destas obras. Trata-se “apenas” de Helmuth Rilling, um especialista em regência de coros, e que passou boa parte de sua vida se dedicando a obra de Bach, tendo gravado a integral de sua obra, em uma caixa de 170 CDS, que tenho o grande orgulho de possuir, boa parte destes cds dedicados às cantatas de Johann Sebastian. Digamos, portanto, que o cara tem um know how indiscutível para nos proporcionar o prazer da audição destes quatro cds, com certeza uma das minhas principais aquisições deste ano de 2018.
O imenso talento do bom velhinho Helmuth Rilling (85 anos e ainda trabalhando) para reger obra vocal e coral está mais do que evidente nestes quatro CDs.
Para se ouvir à exaustão, sem temer excessos.
CD 1 Missa Cellensis In honorem Beatissimae Virginis Mariae Erste Mariazeller Messe” HOB.XXII:5 Messe Nr. 5 C-Dur/Mass No. 5 in C major
1. Kyrie I (Adagio/Allegro con spirito) 3’11
2. Christe (Allegretto) 3’03
3. Kyrie II (Vivace) 3’00 Gloria
4. Gloria (Allegro di molto) 2’55
5. Laudamus te (Moderato) 3’52
6. Gratias (Alla breve) 2’45
7. Domine Jesu (Allegro) 4’55
8. Qui tollis (Adagio) 5’58
9. Quoniam (Allegro di molto) 3’06
10. Cum Sancto Spiritu 0’29
11. In Gloria (Largo/Allegro con spirito) 2’57 Credo
12. Credo (Vivace) 3’37
13. Et incarnatus (Largo) 6’52
14. Et resurrexit (Allegro) 4’41 Sanctus
15. Sanctus 1’32
16. Benedictus 5’12 Agnus
17. Agnus Dei (Largo) 2’20
18. Dona nobis (Presto) 2’16
Priska Eser-Streit (Soprano)
Anne Buter (Alto)
Christoph Genz (Tenor)
Thomas Hamberger (Bass)
Orpheus Chor München
Neue Hofkapelle München Gerd Guglhör
CD 2
Nelsonmesse Lord Nelson Mass Missa in angustiis d-Moll D Minor Hob XXII:II
1. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse I. Kyries I-III
2. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse IIa. Gloria
3. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse IIb. Gloria. Qui tollis peccata mundi
4. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse IIc. Gloria. Quoniam tu solus sanctus
5. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse IIIa. Credo
6. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse IIIb. Credo. Et incarnatus est
7. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse IIIc. Credo. Et resurrexit
8. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse IV. Sanctus
9. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse V. Benedictus
10. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse VIa. Agnus Dei
11. Mass No. 11 in D Minor, Hob. XXII11 Nelsonmesse VIb. Agnus Dei. Dona nobis pacem
Schöpfungsmesse Creation Mass Missa solemnis B-Dur B flat Major Hob XXII:I3
12. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse Ia. Kyrie I
13. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse Ib. Kyrie II & III
14. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse IIa. Gloria
15. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse IIb. Gloria. Quoniam tu solus sanctus
16. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse IIIa. Credo
17. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse IIIb. Credo. Et incarnatus est
18. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse IIIc. Credo. Et resurrexit
19. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse IV. Sanctus
20. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse V. Benedictus
21. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse VIa. Agnus Dei
22. Mass No. 13 in B-Flat Major, Hob. XXII13 Schöpfungsmesse VIb. Agnus Dei – Dona nobis pacem
Donna Brown Sopran
Roxana Constantinescu Alto
Lothar Odinius Tenor
Markus Eiche Bass
Oregon Bach Festival
Chorus Oregon Bach Festival Orchestra
Helmuth Rilling
Porém, como estou com 100% de preguiça, vou copiar dois textos abaixo. O primeiro, em inglês, fala com muita propriedade desta bela e famosa obra de Górecki, a Sinfonia Nº 3, que vendeu inacreditáveis 5 milhões de cópias desta gravação da Nonesuch que posto hoje. Depois a nora biográfica da Wiki a respeito do compositor.
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Who would have thought it?
An unknown Polish composer, writing very dark, sombre music, based on deeply religious texts, in a style that does not have instant appeal, but demands the attention of the listener for almost an hour. Hardly the stuff to outsell Madonna and Britany.
And yet, that is what Henryk Gorecki’s Symphony no.3 (The Symphony of Sorrowful Songs) did. In 1993, a recording with Dawn Upshaw and the London Symphonietta topped not only the classical music charts, but the popular charts as well, and remains the best-selling album ever of music by a contemporary composer.
That any classical CD should sell so well is remarkable, but for a contemporary classical piece, full of such depth of feeling to sell over one million copies is unheard of.
And most surprised of all, perhaps, was Henryk Gorecki himself, who never set out to write popular music. He was part of the radical school of composers that included Szymanowski and Serocki who became known as the Polish school, known for their difficult, dissonant sound mass composition style. The group wrote music that dispensed with rhythm and melody and focussed only on tone color – and the harsher, louder and more jarring, the better.
But Gorecki was always an individual whose compositional style has changed with time. He came late to composition but eventually became the Professor of music at the university in Katowice. He studied in Paris, and was influenced by Webern, Stockhausen, and especially Messiaen, their music unavailable in communist-controlled Poland.
Gorecki’s biggest source of inspiration, however, has always been his fervent Catholicism and his respect for his Polish cultural heritage, including folk and medieval texts. For Gorecki, music should always have meaning and message.
After the 1960’s avant-garde period, Gorecki moved away from dissonance to consonance, away from harshness to harmony. In the 1970’s he picked up on the minimalist movement in the west and fused all these ideas and influences into his unique voice.
Symphony no.3, Symphony of Sorrowful Songs is an hour-long work that demands the attention of the listener. It is made up of three movements, all labelled Lento, their slow, deliberate pace having a ritualistic prayer-like quality, with the intensity of Gregorian chant. They have an extremely slow deliberate harmonic progression and build to a slow controlled climax.
Movement 1 – Lento sostenuto tranquillo ma cantabile – (sustained, tranquil, and song-like)
The first movement is a great, complex canon of deep sorrow. It starts almost inaudibly with the basses, then with utmost slowness, progressively rises through the strings until the entire orchestra is involved in its glory.
At its heart, as the strings suddenly fade, lies a 15th century Polish poem known as the Lamentation of the Holy Cross. The Mother of Christ begs her dying son to speak:
My son, chosen and loved,
Let your mother share your wounds
(Full text below)
At the end of this soprano respite, this brief ray of light, the huge string canon returns, more powerful than before. This time it retreats, and eventually fades into oblivion.
Movement 2 – Lento e largo – tranquillissimo
The second movement is based on a message found scrawled on a Gestapo prison cell wall in 1944 by an 18 year old girl Helena Wanda Blazusiakówna:
No, Mother, do not weep,
Most chaste Queen of Heaven
Help me always.
Hail Mary.
It is heralded by a radiant set of chords that has made the whole work famous, but then quickly darkens. Again, the theme is motherhood, but this time, the child calls out to the mother, both actual and spiritual.
Movement 3 – Lento cantabile semplice
The final movement is based on folksong, a mother searching for her son.
Where has he gone,
My dearest son?
Although certainly sorrowful, these diverse texts are linked by the theme of motherhood and motherly love. There is hope and joy, yearning and loss, tenderness and ultimately peace in this music.
To what can we attribute its huge popular success? Certainly it is beautiful music, and beauty is attractive. It is unique music, unlike anything else written recently. Dawn Upshaw’s singing is delicate and radiant. She soars over the orchestra with an other-worldly voice.
But there must be something more. Gorecki seems to have tapped in to a deep need of people in this most secular and uncertain times, a need for meaning, for spiritual comfort, for security. It is no surprise that other best-selling contemporary composers, such as Arvo Pärt and John Taverner share this theme for “holy minimalism”. and lets not forget the monks of the monastery of Santo Domingo de Silos whose original Chant recording has now sold over five million copies.
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A família de Górecki era modesta, e ambos os pais tinham amor à música. O seu pai Roman (1904-1991) era músico amador e a sua mãe Otylia (1909-1935) era pianista. Otylia morreu quando seu filho tinha apenas dois anos de idade, e os primeiros trabalhos de Górecki foram dedicados em memória de sua mãe. Henryk se interessou por música desde cedo, embora fora desanimado por seu pai e por sua madrasta até ao ponto em que não lhe era permitido tocar o velho piano de sua mãe. Entretanto, persistiu, e em 1943, permitiram que ele fizesse aulas de violino com Paweł Hajduga, um músico amador local e fabricante de instrumentos.
É a partir de 1951 que Górecki começa a compor as suas primeiras peças, maioritariamente canções e pequenas peças para piano, quando ingressa na sua primeira escola de música, em Rybnik. Pouco depois, estuda por si mesmo as regras do dodecafonismo e serialismo, e mais tarde evolui para o modernismo de Anton Webern, Iánnis Xenákis e Pierre Boulez. Conclui o curso de composição musical com Bolesław Szabelski em Katowice e, depois de uma pós-graduação em Paris, torna-se professor nessa mesma escola onde estudou.
Durante o seu estudo, Gúrecki apercebe-se da importância de trabalhar para desenvolver uma linguagem própria e as primeiras tentativas surgiram com os Quatro Prelúdios de 1955, evoluindo seriamente durante a década de 1960, considerada o seu período mais dissonante. Em 1969, Górecki parece ter atingido a sua maturidade com Old Polish Music¸ mas é na década de 1970 que atingirá o estilo que mais o caracterizará, com obras como Ad Matrem (1971), a sua Sinfonia n.º 3 (1976) e Beatus Vir (1979). Górecki preocupava-se em conseguir uma ligação perfeita entre o conteúdo espiritual e emocional do texto, frequentemente sagrado ou de origem tradicional com a sua música, e aí residiu o estrondoso sucesso destas composições.
Com a década de 1980, Górecki expande a sua gama de possibilidades e na música dele encontramos radicais contrastes no tempo, nas dinâmicas e na textura harmónica no que toca à oposição entre consonância e dissonância, ao mesmo tempo influenciado pelo folclore da Polónia. Tal expansão artística é visível na sua música de câmara, desde Lerchenmusik (1984) a Little Requiem for a Polka – Kleines Requiem fur eine Polka de 1993.
Ainda na década de oitenta, Górecki torna-se politicamente activo e são-lhe característicos actos em nome de uma causa que defende: depois de ter dedicado muita da sua música ao Papa João Paulo II, demite-se do seu cargo de professor da Escola Superior de Música de Katowice como acto de protesto ao governo por não ter permitido a visita do Papa na cidade; já o seu Miserere foi composto para comemorar a violência decretada contra a [União Comercial Auto-Governativa) Solidariedade.
As suas composições após os anos 1950 e 1960, foram caracterizadas pelo modernismo dissonante com inspiração em Karlheinz Stockhausen, Luigi Nono e seus contemporâneos, Krzysztof Penderecki e Kazimierz Serocki. A meio da década de 1970, Górecki mudou seu estilo em direção do “puro” som minimalista, que foi marcado pela sua Sinfonia n.º 3. Górecki tem progredido com diversos estilos distintos desde a reverência a Beatus Vir (1979), ao meditativo Miserere (1981) e ao espiritualismo de Good Night (1990).
Até 1992, Górecki foi conhecido somente por alguns conhecedores, primeiramente como um dos primeiros compositores responsáveis pelo renascimento da música da Polónia no pós-guerra. Naquele ano a etiqueta Elektra-Nonesuch liberou uma gravação de sua Sinfonia n.º 3, com 15 anos de existência. Esteve no topo da venda de discos no Reino Unido. Em dois anos a sinfonia No.3 tinha vendido mais de 700 000 cópias no mundo inteiro, e esse valor é pelo menos quatrocentas vezes mais a expectativa de vendas de uma sinfonia de um compositor relativamente desconhecido no séc XX. Entretanto o sucesso da gravação não despertou o interesse em outros trabalhos do compositor.
Górecki é casado com Jadwiga Rurańska e tem dois filhos – Anna, uma pianista, e Mikołaj, compositor.
Henryk Górecki (1933-2010): Symphony No. 3, Op. 36 (“Symphony of Sorrowful Songs”)
Movement 1 – Lento sostenuto tranquillo ma cantabile
Movement 2 – Lento e largo – tranquillissimo
Movement 3 – Lento cantabile semplice
Vou começar a partir de hoje com uma série de postagens que homenageiam Leonard Bernstein, maestro norte americano que completaria 100 anos de idade no próximo dia 25 de agosto. O PQPBach tem planos de fazer diversas homenagens a este grande músico do século XX. Quem viver, verá.
Inicio então esta série de postagens trazendo obras de Mozart, gravado já nos seus últimos anos de vida. Temos então a magnífica “Grande Missa in Dó Maior, K. 427”, a conhecida “Exsultate, jubilate, K.165 , e outra peça menos conhecida, intitulada “Ave Verum Corpus”, K. 618.
Os solistas são bem conhecidos: a soprano Arleen Auger, a mezzo soprano Frederica von Stade, o tenor Frank Lopardo, e o baixo Cornelius Hauptmann.
Uma grande gravação para iniciarmos as comemorações pelo Centenário de Lenny.
01. Ave verum corpus, K.618, Adagio
02. Exsultate, jubilate, K.165, Exsultate, jubilate – Fulget amica dies – Tu virg…
03. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Kyrie
04. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Gloria Gloria in excelsis Deo
05. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Gloria Laudamus te
06. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Gloria Gratias agimus tibi
07. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Gloria Domine Deus
08. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Gloria Qui tollis peccata mundi
09. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Gloria Quoniam to solus
10. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Gloria Jesu Christe
11. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Gloria Cum Sanctu Spiritu
12. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Credo Credo in unum Deum
13. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Credo Et incarnatus est
14. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Sanctus SanctusOsanna
15. Mass in c, K.427 ‘Grosse Messe’, Benedictus
Arleen Auger · Soprano
Frederica von Stade – Mezzo Soprano
Frank Lopardo – Tenor
Cornelius Hauptmann – Bass
Chor und Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Leonard Bernstein – Conductor
Stravinsky criou uma frase muito famosa: “Vivaldi não escreveu 477 concertos, ele escreveu o mesmo concerto 477 vezes”. Mas é somente uma frase de efeito, não podemos concordar com o russo. A frase de Stravinsky é genial porque contém ofensa e explicação. Isso porque Vivaldi é inconfundível e original apesar de seus concertos terem sempre a mesma estrutura. Então, de um ponto de vista moderno, talvez seja razoável dizer que ele fez sempre o mesmo concerto de forma diferente. 477 vezes. Por exemplo, este discos é sensacional. L’Arte dell’Arco é um conjunto brilhante e seu diretor, Frederico Guglielmo, infunde vigor e amor por Vivaldi nesses concertos. Antonio Vivaldi, sendo um padre falsamente celibatário, tinha um grande amor pela jovem virtuosa Anna Maria, possivelmente sua melhor aluna. A música virtuosística que ele escreveu para ela está entre as melhores que ele produziu, e esta gravação apresenta esses concertos com toda a devoção e refinamento que eles merecem. Anna Maria e Chiara foram duas das melhores alunas de Antonio Vivaldi. Elas eram órfãs no Ospedale della Pietà em Veneza — um orfanato estabelecido pela rica classe dominante com o objetivo de criar garotas que seriam úteis à sociedade do ponto de vista prático ou artístico. Vivaldi atuou como diretor musical de 1703 a 1715 e novamente de 1723 a 1740. Mais aqui.
Antonio Vivaldi (1678-1741): Seis Concertos para Anna Maria
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in B minor, RV 387
1 I. Allegro
2 II. Largo
3 III. Allegro
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in A major, RV 343
4 I. Allegro
5 II. [Largo]
6 III. Allegro
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in D major, RV 229
7 I. Allegro
8 II. Largo
9 III. Allegro
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in A major, RV 349
10 I. Allegro – Adagio – [Allegro]
11 II. Largo
12 III. Allegro ma poco
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in D minor, RV 248
13 I. Allegro
14 II. Largo – Presto – Adagio – [Presto] – Largo
15 III. Allegro ma non molto
Antonio Vivaldi: Violin Concerto in B flat major, RV 366, “Il Carbonelli”
16 I. Allegro
17 II. Adagio
18 III. Allegro
Estou sem palavras depois de ouvir este novo CD de Lisa Batiashvili dedicado a Prokofiev. Não sei realmente como expor uma opinião sem parecer óbvio, pois o CD é espetacular, um primor de execução, com uma solista excepcional, focada, inteligente, sem medo de se expor, e que traz um sopro de novidade na execução destes tão executados concertos. Sou de uma geração que se espelhou em dois ícones do violino, David Oistrakh e Jascha Heifetz. O que eles gravaram, ou executaram, marcou época e os reverenciamos como ídolos.
Lisa Batiashvili tem apenas 37 anos de idade e um longo caminho pela frente. Mas o que já nos mostrou até agora já é suficiente para colocá-la em um patamar acima de outros instrumentistas de sua geração, e com certeza ela irá alcançar aquele patamar em que repousam os dois mestres citados acima. O tempo é o senhor de tudo e de todos. Lembro de ter sentido a mesma sensação depois de ouvir Itzhak Perlman tocando estes mesmos concertos, mas gravados já há bastante tempo. Batiashvili trouxe uma rajada de ar fresco para estas obras tão badaladas, executadas e gravadas. É a nova geração mostrando a que veio. E também faço questão de destacar o o jovem maestro Yannick Nézet- Seguin, que faz um trabalho memorável frente a Chamber Orchestra of Europe.
IMPERDÍVEL !!! Com certeza.
01 – Dance of the Knights (from Romeo and Juliet)
02 – Violin Concerto No.1 I. Andantino
03 – II. Scherzo Vivacissimo
04 – III. Moderato
05 – Grand Waltz (from Cinderella)
06 – Violin Concerto No.2 I. Allegro moderato
07 – II. Andante assai-Allegreretto
08 – III. Allegro ben marcato
09 – Grand March (from The Love for Three Oranges)
Lisa Batiashvili – Violin
Chamber Orchestra of Europe
Yannick Nézet-Séguin – Conductor
Um disco delicioso que foi indicado para o Grammy de 2006 de “Melhor Composição Contemporânea Clássica”. A música de Golijov é intelectualmente viva e extremamente acessível, é emocionalmente direta e calorosa. Cantora de extraordinária versatilidade, Dawn Upshaw dá à música de Golijov uma performance convincente, enquanto a mistura de instrumentos e a firmeza dos Cães Andaluzes são surpreendentes.
Osvaldo Golijov há muito tempo tem pontos de contato com a música de Berio. Golijov escreveu ciclo de canções, Ayre, para demonstrar o alcance vocal de Dawn Upshaw, assim como Berio fez com Cathy Berberian em seu Folk Songs. Golijov diz que “viu um arco-íris” quando percebeu pela primeira vez a gama de cores na voz de Upshaw. Ela diz: “Ayre me leva vocalmente a lugares onde eu nunca estive antes: em termos estéticos, o ciclo abriu novas portas”. Os solos de clarinete tingidos de klezmer foram inspirados por David Krakauer. Os textos de Golijov são em árabe, hebraico, sardo, espanhol e ladino (a língua perdida dos judeus espanhóis); as melodias são uma mistura de três culturas — cristã, islâmica e judaica — que coexistiram pacificamente na península ibérica.
As canções folclóricas de Luciano Berio para voz e sete instrumentos, compostas há 40 anos para sua esposa Cathy Berberian, abriram caminho para os compositores que queriam destruir a distinção entre música “popular” e “erudita”. Nem todas essas onze peças são canções folclóricas no sentido estrito da palavra: duas são do compositor norte-americano John Jacob Niles e duas são do próprio Berio. Mas as outros vêm da Armênia, França, Sicília e Sardenha, sendo uma delas uma MARAVILHOSA canção de amor do Azerbaijão gravada em um velho 78 rpm por um cantor com uma banda de Baku e transcrita de ouvido por Berio e Berberian. A pontuação de Berio evoca um mundo além da sala de concertos.
Para Osvaldo Golijov, a música de Luciano Berio ocupa um lugar especial: “Sempre me liguei a ele. Foi meu mestre”.
Osvaldo Golijov (1960 – ): Ayre
for Voice and Chamber Ensemble
1. Dawn, St. John’s Day
2. A Mother Roasted Her Child
3. Walls Are Encircling The Land
4. Moon
5. Nani
6. My Love
7. My Eyes Weep
8. Be A String, Water, To My Guitar
9. Untie Your Ribbons
10. O God, Where Shall I Find You?
11. Ariadna In Her Labyrinth
Luciano Berio (1925 – 2003): Folk Songs
for Mezzo Soprano, Flute, Clarinet, Viola, Cello, Harp and Percussion
12. Black Is The Color
13. I Wonder As I Wander
14. Loosin Yelav
15. Rossignolet Du Bois
16. A La Femminisca
17. La Donna Ideale
18. Ballo
19. Motettu De Tristura
20. Malurous Qu’o Uno Fenno
21. Lo Fiolaire
22. Azerbaijan Love Song
Artist : Dawn Upshaw & The Andalucian Dogs
Release date : 2006
Label : ECM Records
As Sonatas para Violoncelo de Brahms estariam certamente entre as obras que eu levaria para uma ilha deserta. Provavelmente a gravação de dois gigantes do século XX, Rudolf Serkin e Mstlsav Rostropovich.
Mas a nova geração está muito bem representada neste CD: o violoncelista é Jean-Guihen Queyras e o pianista é Alexander Tharaud. Jovens franceses que já tem experiência suficiente para nos proporcionar agradáveis momentos na audição destas duas obras primas do repertório.
A música de Brahms é por demais sofisticada, elaborada e profunda para uma simples gravação. Com certeza, essa dupla irá regravar estas peças quando tiverem mais idade e mais maturidade. Não falo no quesito técnico e virtuosístico, isso sobra para os dois, mas sim no quesito maturidade emocional e afetiva. Talvez seja o que falta neste CD.
SONATA FOR CELLO & PIANO No. 1 Op. 38 in E minor · mi mineur · e-moll
1) I. Allegro non troppo (E minor)
2) II. Allegretto quasi Menuetto (A minor)
3) III. Allegro (E minor)
SONATA FOR CELLO & PIANO No. 2 Op. 99 in F Major · fa majeur · F-Dur
4) I. Allegro vivace (F major)
5) II. Adagio affettuoso (F# major)
6) III. Allegro passionato (F minor)7) IV. Allegro molto (F major)
DANSES HONGROISES Ungarische Tänze · Hungarian dances WoO 1 (excerpts)
Transcription for piano and cello by Alexandre Tharaud & Jean Guihen Queyras
Book 1
8) Tanz No. 4 (Poco sostenuto) transposed in G minor
9) Tanz No. 1 in G minor (Allegro molto)
10) Tanz No. 5 in F# minor (Allegro – Vivace)
Book 2
11) Tanz No. 7 (Allegretto – Vivo) transposed in A Major
Book 3
12) Tanz No. 14 in D minor (Un poco andante)
13) No. 11 in D minor (Poco andante)
Jean-Guihen Queyras – Violoncelo
Alexander Tharaud – Piano
Antoine Beuger usa ideias de Cage para fazer sua ultra provocativa obra Dialogues (Silences), de 1993. Em termos de música aleatória, não poderia ser melhor. São poucas notas emitidas pelo clarinete, entremeadas de longos silêncios. Parece haver vários 4`33 dentro de Dialogues. Posso imaginar a reação do público e a calma necessária ao clarinetista. O que pensava Cage? Ora, questionando o paradigma da música ocidental, que explicava a música como uma série ordenada de notas, Cage se voltou para o silêncio de forma eminentemente conceitual. Todos os mínimos ruídos, comuns em salas de espetáculos, criam a aura de um happening, provocando o público e fazendo com que uma execução pública seja diferente da anterior e de contornos inesperados. Depois temos uma obra do próprio Cage, Music for One (1984), que parece até menos radical que a anterior. Na boa, eu curti o disco, mas não é para qualquer um, Tem que gostar de modernismos, estranhamentos e experimentações.