Fonogramas fornecidos com dedicação por Raphael Soares e recebidos com apreço e entusiasmo por Bisnaga.
Que belezinha esse CD! É mais um daqueles álbuns sem pretensões e que consegue ser um prazer só.
Isabela Figueiredo dos Santos, essa mocinha de verde na imagem, com esse ar tão singelo, imprime com sua voz límpida muito sentimento e muita personalidade às canções de Waldemar Henrique.
Na verdade, isso nem é um CD: é o recital de mestrado da jovem e bela Isabela. A qualidade da gravação, já aviso, é baixa e a captação não é boa. No entanto, talvez seja o único trabalho que reuniu todas as Lendas Amazônicas de Waldemar – por isso é legal tê-las na biblioteca – mas das quais (outro senão) perdemos as duas últimas…
Mas não esmoreça! Aproveite que o arquivo é minúsculo (tem somente 8Mb), baixe sem receios e curta a música de Waldemar Henrique com a candura de Isabela. Lindo!
Ouça, ouça! Deleite-se!
Waldemar Henrique (1905-1995)
Lendas Amazônicas
01. Foi o Boto, Sinhá!
02. cobra Grande
03. Tamba-Tajá
04. Matintaperêra
05. Uirapuru
06. Curupira
07. Manha-Nungára
08. Nayá
09. Japiim
10. Uiara (perdido)
11. Pay- Tuna (perdido)
Estamos na segunda postagem deste belíssimo Guia dos Instrumentos Antigos, com o CD dedicado às danças e balés do Renascimento. Tão bom ou melhor que o primeiro!
E o nível não vai cair. Vai nesse padrão até o final
Não se esqueça e não perca os próximos capítulos! Uma postagem com cada CD por dia, do domingo (ontem) até o domingo que vem, quando disponibilizaremos o livro escaneado integralmente também.
Já falei um tanto na primeira postagem. Agora não tem muito mais o que falar. Só ouvir essas raridades!
Então, ouça! Leia! Estude! Espalhe, divulgue e… Deleite-se!
Guide des Instruments Anciens – CD2
Renascença: danças e balés
Faz muito tempo que Alfred Brendel não dá as caras por aqui. O que é uma pena, já que estamos falando de um dos grandes pianistas do século XX. O Brendelzinho da nossa antiga colaboradora Clara Schumann, que o adorava, reverenciava mesmo. Era Deus no céu e Brendel na Terra.
E a nossa sumida portuguesinha tinha um pouco de razão. Alfred BrendeI infelizmente anda um tanto quanto afastado dos palcos, e das gravações, devido principalmente à idade, já adentrado nos 80 e poucos anos. Mas cada novo cd seu é uma alegria para os ouvidos, com certeza. Dono de uma técnica apuradíssima, estabeleceu padrões de excelência poucas vezes alcançado, dentro de um repertório mais limitado ao classicismo e ao romantismo, apesar de eu ter um cd seu em que toca Schoenberg. Suas gravações de Schubert, principalmente os “Impromptus”, são incomparáveis. Seu Mozart é quase unanimidade, assim como seu Beethoven. Aliás, o conheci exatamente através de sua integral dos concertos para piano de Beethoven, com o grande Bernard Haitink.
Esse cd que ora vos trago é uma coletânea. A coleção “Great Pianists” foi financiada pela fábrica de pianos “Steinway & Sons”, que fornece os instrumentos para os grandes teatros e gravadoras do mundo todo. Dentro dessa coleção, Brendel foi “brindado” com seis discos, que pretendo trazer de dois em dois.
E logo neste primeiro o bicho pega com as sonatas de Haydn, uma fantasia mozartiana, e, talvez o grande momento dos dois cds, os “Impromptus” de Schubert. Além, é claro, da maravilhosa “Fantasiestücke” de Schumann. Resumindo, dois cds para serem ouvidos à exaustão, sem medo de ser feliz.
CD 1
01.Haydn- Piano Sonata in E minor, Hob. XVI-34 1. Presto
02.Haydn- Piano Sonata in E minor, Hob. XVI-34 2. Adagio
03.Haydn- Piano Sonata in E minor, Hob. XVI-34 3. Vivace molto,innocentemente
04.Haydn- Piano Sonata in G, Hob. XVI-40 1. Allegretto ed innocente
05.Haydn- Piano Sonata in G, Hob. XVI-40 2. Presto
06.Haydn- Piano Sonata in D, Hob. XVI-42 1. Andante con espressione
07.Haydn- Piano Sonata in D, Hob. XVI-42 2. Vivace assai
08.Haydn- Piano Sonata in E flat, Hob. XVI-52 1. Allegro
09.Haydn- Piano Sonata in E flat, Hob. XVI-52 2. Adagio
10.Haydn- Piano Sonata in E flat, Hob. XVI-52 3. Finale. Presto
11.Mozart- Fantasia in C minor, KV 475
CD 2
01.Schubert- Impromptus, D. 899 No. 1 in C minor- Allegretto molto moderato
02.Schubert- Impromptus, D. 899 No. 2 in E flat- Allegro
03.Schubert- Impromptus, D. 899 No. 3 in G flat- Andante
04.Schubert- Impromptus, D. 899 No. 4 in A flat- Allegretto
05.Schubert- Impromptus, D. 935 No. 1 in F minor- Allegro moderato
06.Schubert- Impromptus, D. 935 No. 2 in A flat- Allegretto
07.Schubert- Impromptus, D. 935 No. 3 in B flat- Thema (Andante) mit Variationen
08.Schubert- Impromptus, D. 935 No. 4 in F minor- Allegro scherzando
09.Schumann- Fantasiestucke, Op. 12 1. Des Abends
10.Schumann- Fantasiestucke, Op. 12 3. Warum_
11.Schumann- Fantasiestucke, Op. 12 5. In der Nacht
12.Schumann- Fantasiestucke, Op. 12 8. Ende vom Lied
Essa já chega no PQPBach como sendo uma das postagens que mais me enche de orgulho (a nós: Bisnaga e Avicenna, autores desta postagem a quatro mãos): uma edição de luxo de um guia de instrumentos antigos, com 200 páginas e OITO CDs com músicas em instrumentos de época.
É um material extraordinário para professores de história da arte, estudantes, músicos e curiosos em geral. O livro é trilíngue: está em francês, alemão e inglês. Não tem texto em português, mas nada que jogar uns trechos no Google tradutor não resolvam, né? Ele estará para download na oitava e derradeira postagem.
O aspecto geral é como esta página que colocamos abaixo (esta introduz a categoria das cordas friccionadas), com boas ilustrações e fotos de instrumentos originais. Escaneamos numa boa qualidade pra que vocês possam usar em aulas ou coisas assim. Conhecimento tem mais é que circular!
Além de tudo, os CDs vêm com músicas de boa interpretação e com grande parte dos instrumentos descritos no livro em ação, em uma seleção de obras que abrange desde a Idade Média até o Classicismo, passando pelo Renascimento e Barroco.
AGUARDEM! Será uma postagem com cada CD por dia, deste domingo até o domingo que vem, quando disponibilizaremos o livro escaneado integralmente também.
Enfim, uma publicação espetacular!
Ouça! Leia! Estude! Divulgue e… Deleite-se!
Guide des Instruments Anciens – CD1
Idade Média: Cantigas de Santa Maria / Nos tempos dos Trovadores / O début da polifonia / Nos tempos da Guerra dos Cem Anos
Depois da postagem abaixo (originalmente uma postagem de viola da gamba de 2013), feita pelo chefão PQP, bateu uma inveja… Sabe aquela que as velhinhas chamam de “inveja boa”? Acho que foi dessas, pois me veio um ímpeto alucinante de postar essas belezas de peças para viola da gamba de Georg Philipp Telemann, coisa de louco, e tão belas quanto a intérprete e o instrumento solista.
Tratemos primeiramente de Telemann. Ele anda meio jogadinho às traças, pois não é complexo como Bach nem vibrante como Vivaldi, mas não podemos tirar-lhe o posto um dos maiores compositores do barroco. Sua obra é vastíssima, abrange quase tudo que se imagina. Telemann é um dos mais prolíficos compositores da história, mas pudera: ele tinha uma espécie de guilda, um escritório de composição, com ajudantes e tudo mais. Compunha, arranjava e arrematava as obras dos pupilos e… as assinava. Com isso, o alemão aí conseguiu ter uma produção tão numerosa (passam de 2 mil obras. Já me corrigiram: passam de 3 mil!), no entanto, não há como saber com certeza se as obras por ele assinadas saíram realmente de sua imaginação e de sua própria caneta…
Tenha em conta que isso não reduz a qualidade das obras que levam até hoje o nome de Telemann: suas composições são de extrema qualidade. Ouça este álbum e compreenderás!
Tratemos então de nossa bela intérprete, Hille Perl. Como a magrinha aí é boa! Como a música flui quando ela se entrelaça com aquela viola da gamba com o espelho cravejado de madrepérolas! Se você já ouviu o concerto para viola do Telemann (postado aqui) numa viola da baccio, a versão de Perl é muito superior, é de uma fluência incrível!
Bom, ouça para entender essa rasgação de seda! Deleite-se meeeesmo!
Palhinha:
http://youtu.be/kDUzdKopKuY
Georg Philipp Telemann (1681-1767)
Concertos para Viola da Gamba
Sonata em Si para Viola da Gamba e Baixo Contínuo
01. Largo
02. Vivace
03. Andante
04. Allegro
Concerto em Mi para Viola da Gamba e Baixo Contínuo
05. Allegro
06. Largo
07. Allegro
Concerto em Lá para 2 Violas e Baixo Contínuo
08. Soave
09. Allegro
10. Adagio
11. Allegro
Suite em Ré para Viola da Gamba, Cordas e Baixo Contínuo
12. Ouverture
13. La trompette
14. Sarabande
15. Rondeau
16. Bourée
17. Courante
18. Gigue
Concerto em Sol para Viola da Gamba, Cordas e Baixo Contínuo
19. Largo
20. Allegro
21. Andante
22. Presto
Hille Perl, viola da gamba
Freiburger Barockorchester
Petra Müllejans, regente
Estes dois últimos cds dessa excelente integral de Rachel Podger trazem algumas variações e sonatas de juventude. Vale a pena ouvir, nem que seja pelo simples motivo de ouvir o violino de Rachel Podger. Ela é maravilhosa. Claro que não podemos esquecer do pianoforte de Gary Cooper, um excelente músico.
Hoje é o meu último dia de férias. A partir de segunda feira volto à rotina do trabalho. Infelizmente não consegui fazer quase nada do que tinha planejado, mas o simples fato de ter ficado em casa lendo e ouvindo meus discos já valeu e muito a pena.
Então vamos concluir a série.
CD 7
01. Allegro in B flat major, KV 372
02 – 08 – 6 Variations in G minor, ‘Hélas, j’ai perdu mon amant’, KV 374b
09. Sonata in E flat major, KV 26 ; I. Allegro molto
10. Sonata in E flat major, KV 26 ; II. Adagio poco Andante
11. Sonata in E flat major, KV 26 ; III. Rondeaux
12. Fantasia in C minor for Piano, KV 396
13-25 12 Variations in G major, ‘La Bergère Célimène’, KV 374a
CD 8
01. Sonata in B flat major, KV 10 ; I. Allegro
02. Sonata in B flat major, KV 10 ; II. Andante
03. Sonata in B flat major, KV 10 ; III. Menuetto I and II
04. Sonata in G major, KV 11 ; I. Andante
05. Sonata in G major, KV 11 ; II. Allegro
06. Sonata in G major, KV 11 ; III. Menuetto ; Allegro
07. Sonata in A major, KV 12 ; I. Andante
08. Sonata in A major, KV 12 ; II. Allegro
09. Sonata in F major, KV 13 ; I. Allegro
10. Sonata in F major, KV 13 ; II. Andante
11. Sonata in F major, KV 13 ; III. Menuetto I and II
12. Sonata in C major, KV 14 ; I. Allegro
13. Sonata in C major, KV 14 ; II. Allegro
14. Sonata in C major, KV 14 ; III. Menuetto I and II ‘Carillon’
15. Sonata in B flat major, KV 15 ; I. Andante maestoso
16. Sonata in B flat major, KV 15 ; II. Allegro grazioso
Estava eu navegando pelos milhões de mares dessa imensa blogosfera, procurando por gravações de Satie, quando me deparei com esse primor de álbum. Adoro Satie, Milhaud e o Les Six como um todo, porém tenho em Poulenc, a figura mais talentosa do grupo. Um CD tipicamente com a cara de Poulenc e do irônico e extrovertido Les Six.
A seguir, um trecho retirado da WIKIPÉDIA, sobre a vida pessoal de Poulenc.
A vida de Poulenc foi uma vida de constante luta interna (“meio monge, meio bad boy”). Tendo nascido e sido educado na religião católica, Poulenc debatia-se com a conciliação dos seus desejos sexuais pouco ortodoxos à luz das suas convicções religiosas. Poulenc referiu a Chanlaire que “Sabes que sou sincero na minha fé, sem excessos de messianismo, tanto como sou sincero na minha sexualidade Parisiense.” Alguns autores consideram mesmo que Poulenc foi o primeiro compositor abertamente gay, embora o compositor tenha mantido relações sentimentais e físicas com mulheres e tenha sido pai de uma filha, Marie-Ange.
A sua primeira relação afectiva importante foi com o pintor Richard Chanlaire, a quem dedicou o seu Concert champêtre: “Mudaste a minha vida, és o sol dos meus trinta anos, uma razão para viver e trabalhar“. Em 1926, Francis Poulenc conhece o barítono Pierre Bernac, com o qual estabelece uma forte relação afectiva, e para quem compõe um grande número de melodias. Alguns autores indicam que esta relação tinha carácter sexual, embora a correspondência entre os dois, já publicada, sugira fortemente que não. A partir de 1935 e até à sua morte, em 1963, acompanha Bernac ao piano em recitais de música francesa por todo o mundo. Pierre Bernac é considerado como “a musa” de Poulenc.
Poulenc foi profundamente afetado pela morte de alguns dos seus amigos mais próximos. O primeiro foi a morte prematura de Raymonde Linossier, uma jovem com quem Poulenc tinha esperanças de casar. Embora Poulenc tivesse admitido que não tinha nenhum interesse sexual em Linossier, eram amigos de longa data. Em 1923, Poulenc ficou chocado e inane durante um par de dias depois da morte aos 20 anos, na sequência de febre tifóide, do seu amigo, o romancista Raymond Radiguet. Já em 1936, o seu grande amigo Pierre-Octave Ferroud foi decapitado num acidente de automóvel na Hungria, na sequência do qual visitou a Virgem Negra de Rocamadour. Em 1949, a morte de outro grande amigo, o artista Christian Bérard, esteve na origem da composição do seu Stabat Mater.
.oOo.
Poulenc: Aubade – Les Biches
Les Biches, suite for orchestra (from the ballet), FP 36
1. Très lent – Subito allegro molto 3:23
2. Adagietto 3:38
3. Rag-Mazurka, Presto 6:05
4. Andantino 3:03
5. Final, Presto 3:44
Les animaux modèles, suite for orchestra, FP 111
6. Le Petit Jour – Dawn (Très Calme) 4:26
7. Le Lion Amoureux – The Amorous Lion (Passionnéjment Animé) 1:43
8. L’Homme Entre Deux Âges Et Ses Deux Maîtresses – A Middle-Aged Man And His Two Mist 2:05
9. La Mort Et Le Mûcheron – Death And The Woodcutter (Très Lent) 5:46
10. Les Deux Cogs – Two Roosters (Très Modéré) 3:31
11. Le Repas De Midi – Midday Meal (Très Doux, Calme Et Heureux) 3:12
12. Matelote provençale, for orchestra (for collab. work, La guirlande de Campra), FP 153: No. 5 {From ‘La Guirlande De Campra’} 1:32
13. Pastourelle, ballet movement (for collab. work, L’éventail de Jeanne), FP 45 1:55
14. Valse (pour Micheline Soulé), for piano in C major (for collab. work, Album des Six), FP 17 1:50
15. Discours du général, ballet movement (for collab. ballet, Les mariés de la Tour Eiffel, by Les Six), FP 23/1 0:58
16. La baigneuse de Trouville, ballet movement (for collab. ballet, Les mariés de la Tour Eiffel, by Les Six), FP 23/2 1:49
Aubade, choreographic concerto for piano & 18 instruments, FP 51
17. Toccata (Lento Et Pesante; Molto Animato) 2:41
18. Récitatif: Les Compagnes De Diane (Larghetto) 1:46
19. Rondeau: Diane Et Compagnes (Allegro)/Entrée De Diane (Più Mosso)/Sortie de Diane (Céder un peu) 3:21
20. Presto: Toilette De Diane (Presto) 1:35
21. Récitatif: Introduction À La Variation De Diane (Larghetto) 2:12
22. Andante: Variation De Diane (Andante Con Moto) 3:07
23. Allegro Féroce: Désespoir De Diane 0:39
24. Conclusion: Adieux Et Départ De Diane (Adagio) 4:58
Deux préludes posthumes et 3e gnossienne (orchestraton of 3 piano works of Erik Satie), FP 104
25. No. 1, ‘Fete donnee’ 3:34
26. No. 2, ‘1er prelude du Nazareen’ 3:43
27. No. 3, ‘3eme gnossienne’ 2:14
Pascal Rogé, piano
Orchestre National de France, Charles Dutoit
Uchida não quis saber de regentes para fazer esta série de Concertos para Piano de Mozart. Não parece, mas são gravações feitas ao vivo, no Cleveland`s Severance Hall. Ela já tem uma integral destes concertos com a English Chamber Orchestra, sob a regência de Jeffrey Tate. 20 anos depois, nesta regravação destas obras-chave de seu repertório, Uchida vem um pouquinho pior… A culpa é mais da orquestra — dirigida por ela — do que da categoria da pianista, sempre excelente. Apesar do espetacular trabalho dos sopros, o tamanho da orquestra é demasiadamente grande para as peças. A abordagem também é excessivamente romântica para Mozart. Tate era mais Mozart na versão anterior de Uchida .
W. A. Mozart (1756-1791): Concertos No. 23, K. 488 & No.24, K. 491
1. Piano Concerto No.24 In C Minor, K.491 – 1. (Allegro) 14:43
2. Piano Concerto No.24 In C Minor, K.491 – 2. Larghetto 8:04
3. Piano Concerto No.24 In C Minor, K.491 – 3. (Allegretto) 9:55
4. Piano Concerto No.23 In A, K.488 – 1. Allegro 11:43
5. Piano Concerto No.23 In A, K.488 – 2. Adagio 6:47
6. Piano Concerto No.23 In A, K.488 – 3. Allegro Assai 8:18
Oba, mais três cds dessa dupla imbatível nesse repertório, Rachel Podger e Gary Cooper. Lembro que ou eu ou PQP trouxemos essas mesmas peças com a dupla Mutter/Orkis há algum tempo atrás, mas ainda dou uma vantagem de um corpo para a Podger/Cooper, mesmo sendo Lambert Orkis um especialista no pianoforte, e a Mutter, bem é a Mutter.
De qualquer forma, é Mozart em sua essência, e a timbragem do violino de Podger é perfeita para essas obras do gênio de Salzburg. Como falei anteriormente, não consigo imaginar essas peças tocadas de outra forma. Adquiriram uma identidade própria. Mas estou me repetindo. Vamos ao que interessa, que é a música.
CD 4
01. Sonata in Eb K.302 (293b) I Allegro
02. Sonata in Eb K.302 (293b) II Rondeau Andante grazioso
03. Sonata in G K.9 I Allegro spiritoso
04. Sonata in G K.9 II Andante
05. Sonata in G K.9 III Menuet I and II
06. Sonata in E minor K.304 (300c) I Allegro
07. Sonata in E minor K.304 (300c) II Tempo di Menuetto
08. Sonata in D K.29 I Allegro molto
09. Sonata in D K.29 II Menuetto and Trio
10. Sonata in A K.526 I Molto Allegro
11. Sonata in A K.526 II Andante
12. Sonata in A K.526 III Presto
CD 5
01. Sonata in A KV 305 I Allegro di molto
02. Sonata in A KV 305 II Thema andante grazioso
03. Sonata in C KV.403 (385c) I Allegro moderato
04. Sonata in C KV.403 (385c) II Andante
05. Sonata in C KV.403 (385c) III Allegretto
06. Sonata in BB KV 31 I Allegro
07. Sonata in BB KV 31 II Tempo di minuetto moderato
08. Sonata in D KV 306 I Allegro con spirito
09. Sonata in D KV 306 II Andantino cantabile
10. Sonata in D KV 306 III Allegretto
CD 6
01. Sonata in F Major, KV376 Allegro
02. Sonata in F Major, KV376 Andante
03. Sonata in F Major, KV376 Rondeau Allegretto grazioso
04. Sonata in C Major, KV296 Allegro vivace
05. Sonata in C Major, KV296 Andante sostenuto
06. Sonata in C Major, KV296 Rondeau Allegro
07. Sonata in G Major, KV27 Andante poco Adagio
08. Sonata in C Major, KV27 Allegro. Minore
09. Sonata in F Major, KV377 Allegro
10. Sonata in C Major, KV377 Thema Andante
11. Sonata in C Major, KV377 Tempo di Menuetto
Até às últimas décadas do século XIX, Portugal e o Brasil, apesar de politicamente separados, mantiveram estreitos laços culturais no domínio musical. A partir de então, o fosso entre as duas nações não cessou de aumentar. A tradição da música de salão burguesa, em Portugal, foi a primeira vítima da generalização do gramofone e da introdução da Rádio; a música mais popular nos círculos urbanos deixou de ser lida, e, na ausência de um investimento sério na educação musical, a pequena burguesia deixou de ler música. As tentativas feitas na década de 1940, no sentido de revitalizar a tradição do canto acompanhado ao piano, elevando-lhe o nível artístico, saldaram-se por um falhanço que a ausência de alternativas profissionais para a circulação do repertório tornou endémico. A canção em Português deixou de ser publicada, e quase deixou de ser escrita, para não acabar na gaveta. A actividade quase isolada de um Fernando Lopes-Graça e o repertório brasileiro, que desde o início do século não parou de crescer, apoiado numa forte ligação à música popular e num grande esforço educativo, não lograram alterar a situação. O recente desenvolvimento profissional do canto em Portugal, a que não é alheia à expansão e elevação artística do movimento coral operadas nas décadas de 1970 e 1980, permitem esperar que, à canção acompanhada em Português, venha a ser conferida a importância que lhe é devida; não no defunto salão burguês, mas na sala de concertos e na sua extensão discográfica. O repertório incluído nesta gravação abrange um século, de 1850 a 1950. Dos sete compositores representados, três são portugueses, três brasileiros (todos ligados ao Rio de Janeiro), e o sétimo, luso-brasileiro. Embora todos eles tenham tido alguma relação com a música popular, a forma como dela se servem ou inspiram varia grande-mente, como varia o tipo de público a que originalmente se dirigiram.
(Manuel Pedro Ferreira, extraído do encarte)
Ouça! Ouça! Deleite-se!
Evocação
Do Salão Burguês à Sala de Concertos
Portugal / Brasil (1850-1950)
Francisco de Lacerda (1869-1934)
01. Tenho tantas saudades
02. Os meus olhos nos teus olhos
03. Desde que os cravos e rosa
04. Meu amor, quando morreres
05. É ter arte não falar Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
06. Quem sabe?
07. Suspiro d’alma Arthur Napoleão (1843-1925)
08. Romance
09. Miragem
10. Se tu me amasses! Jayme Ovalle (1894-1955)
11. Azulão
12. Modinha Luiz de Freitas Branco (1890-1955)
13. Aquela moça
14. O minuete Fernando Lópes-Graça (1906-1994)
15. Márcia bela
16. Eu fui terra do bravo
17. Ó meu bem
Filomena Amaro, soprano
Gabriela Canavilhas, piano
Lisboa, 1995
Sem querer, e sem combinar nada, eu e PQP de repente vamos postar uma série de CDs de Mozart. Eu me manterei fiel com essa excelente caixa de Rachel Podger, ele será mais, ou tem sido, visto que já há alguns dias vem postando Mozart, eclético.
Mas como falei, é Rachel Podger, e quando trago um CD dela, os senhores podem ter certeza de que é coisa boa. E aqui ela traz o excelente pianista com nome de artista de Hollywood, Gary Cooper (quem não sabe do que estou falando é favor procurar maiores informações na internet). Enfim, são oito cds, para não perder o costume.
Adoro as sonatas para violino de Mozart, ainda mais quando são tão bem tocadas. Podger consegue extrair delas aquele algo a mais. E confesso que depois de ouvir essas gravações, não consigo ouvir outras. Para mim, a dupla Podger / Cooper estabeleceu um padrão de qualidade difícil de ser batido atualmente.
Neste primeiro momento, trarei os três primeiros cds, e logo completo a coleção.
01. KV 303 – Adagio Molto allegro
02. KV 303 – Tempo di menuetto
03. KV 7 – Allegro molto
04. KV 7 – Adagio
05. KV 7 – Menuet I & II
06. KV 301 – Allegro con spirito
07. KV 301 – Allegro
08. KV 30 – Adagio
09. KV 30 – Rondeau
10. KV 481 – Molto allegro
11. KV 481 – Adagio
12. KV 481 – Allegretto
CD 3
01. Sonata in Bb, KV 454 I Largo
02. Sonata in Bb, KV 454 II Allegro
03. Sonata in Bb, KV 454 III Andante
04. Sonata in Bb, KV 454 IV Allegretto
05. Sonata in C, KV 28 I Allegro maestoso
06. Sonata in C, KV 28 II Allegro grazioso
07. Andante & fugue in A, KV 402 (385E) I Andante, ma un poco adagio
08. Andante & fugue in A, KV 402 (385E) II Allegro moderato
09. Andante & allegretto in C, KV 404 I Andante
10. Andante & allegretto in C, KV 404 II Allegretto
11. Sonata in Bb, KV 8 I Allegro
12. Sonata in Bb, KV 8 II Andante grazioso
13. Sonata in Bb, KV 8 III Menuet I & II
14. Sonata in Eb, KV 380 (374F) I Allegro
15. Sonata in Eb, KV 380 (374F) II Andante con moto
16. Sonata in Eb, KV 380 (374F) III Rondeau. Allegro
Depois do poderoso Requiem, nas mãos de Herreweghe, trago agora o Stabat Mater, nas também competentes mãos do saudoso maestro italiano Giuseppe Sinopoli.
A composição desta obra foi muito difícil para Dvorák. Ele a iniciou logo após a morte de sua filha, em 1875, e durante o ano de 1876 continuou trabalhando nela. Porém, naquele mesmo ano veio a perder seus dois outros filhos. Trabalhou então na orquestração da obra, que veio a ser estreada em 1880.
Lembro que poema original do “Stabat Mater” tem sua origem ainda na Idade Média, e diversos outros compositores se utilizaram dele, entre eles, Pergolesi, que compôs o mais belo de todos. A letra do poema retrata exatamente o sofrimento de Maria ao pé da cruz.
Esta gravação que ora vos trago, foi realizada ao vivo, e tem um outro detalhe também trágico: o maestro Giuseppe Sinopoli faleceu algum tempo depois de sua execução, e o CD resultante foi lançado ainda em meio à comoção com sua morte.
Mariana Zvetkova – Soprano
Ruxandra Donose – Mezzo Soprano
Johan Botha – Tenor
Roberto Scandiuzzi – Bass
Chor der Sächsischen Staatsoper Dresden
Staatskapelle Dresden
Giuseppe Sinopoli – Conductor
Vejam aí no Google Images, Gesa Lücker é linda. É uma pena que não tenhamos nenhuma mulher em nosso grupo de postadores. Zempre zuspirei por uma pequepiana de zaias, zabem? Zempre! O que teria passado pela cabeça da bela e excelente pianista Gesa ao fazer um disco com as caixinhas de música de Mozart na primeira parte — tudo limpinho e sem muito drama — e a visceralidade — além de zerta fúria — de Prokofiev na segunda? Não imagino, mas respeito.
OK, suportemos o Moz da primeira parte do CD, mas fiquemos o Prok da segunda, muito mais raivoso e sujo. Blergh, maravilha!
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)
Sonata No. 5 in G major, KV 283
1) Allegro
2) Andante
3) Presto
4) Adagio in B minor, KV 540
5) Rondo in D major, KV 485
6) Gigue in G major, KV 574
Sergei Prokofiev (1891-1953)
Sonata No. 8 in flat major, op. 84
7) Andante dolce
8. Andante sognando
9) Vivace
Como se diz, não se mexe em time que está ganhando, então Phillipe Herreweghe juntou novamente todo o mesmo pessoal que realizou a gravação do “Stabat Mater”, do mesmo Dvorák, para gravar o “Requiem” do compositor tcheco. Mesma orquestra, mesmo coral, mesmos solistas, com exceção da substituição de Michaela Selinger pela divina Bernarda Fink e claro, mesma gravadora.
Recém saído do forno, este CD provavelmente deve e merece ganhar a mesma atenção que o “Stabat Mater”. Herreweghe é um regente excepcional, que detém todo o controle da situação, e sabe como poucos explorar todo o potencial do material humano que tem em mãos.
Trata-se de uma obra longa, mais de uma hora e meia de duração, e de tremendo impacto.
Tem corais gloriosos, e um conjunto de solistas totalmente em sintonia fazem desse CD IM-PER-DÍ-VEL!!
01-01 – Requiem Op. 89 I. Introitus (Requiem æternam – Kyrie eleison)
01-02 – Requiem Op. 89 II. Graduale (Requiem æternam)
01-03 – Requiem Op. 89 III. Sequentia (Dies irae)
01-04 – Requiem Op. 89 IV. Sequentia (Tuba mirum)
01-04 – Requiem Op. 89 IV. Sequentia (Tuba mirum)
01-06 – Requiem Op. 89 VI. Sequentia (Recordare_ Jesu pie)
01-07 – Requiem Op. 89 VII. Sequentia (Confutatis maledictis)
01-08 – Requiem Op. 89 VIII. Sequentia (Lacrimosa)
02-01 – Requiem Op. 89 IX. Offertorium (Domine Jesu Christe)
02-02 – Requiem Op. 89 X. Offertorium (Hostias)
02-03 – Requiem Op. 89 XI. Sanctus – Benedictus
02-04 – Requiem Op. 89 XII. Pie Jesu
02-05 – Requiem Op. 89 XIII. Agnus Dei
Ilse Eerens – Soprano
Bernarda Fink – Mezzo Soprano
Maximilian Schmitt – Tenor
Nathan Berg – Bass
Royal Flemish Philharmonic
Collegium Vocale Gent
Philippe Herreweghe – Conductor
As duas primeiras faixas deste disco pertencem àquele irritante grupo de obras de Mozart que parecem mais adequadas às caixinhas de música. Depois, a coisa ganha profundidade — diria enorme profundidade, até — e o CD de Anne Queffélec fica espetacular. A gente gosta é de drama e sangue, Wolfgang! A gente somos viscerais, sacou? A elegância e a articulação fluida da pianista nascida em Paris torna-a digna de seus professores Alfred Brendel, Jorg Demus e Paul Badura-Skoda. A interpretação que Queffélec dá às duas Fantasias e à Sonata são algo para ficar morando no coração da gente.
W.A. Mozart (1756-1791): Obras para piano
1. Rondo en la mineur, K. 511: Andante 10:09
2. Variations sur un menuet de Duport en ré majeur, K. 573 14:56
3. Fantaisie en ut mineur, K. 475 12:51
4. Sonate en ut mineur, K. 457: Allegro molto 8:09
5. Sonate en ut mineur, K. 457: Adagio 8:58
6. Sonate en ut mineur, K. 457: Allegro assai 4:35
Há quem chame a João Domingos Bomtempo “o Beethoven Português”. Sem querer tirar o grande valor que Bomtempo teve, esta afirmação parece-me claramente exagerada. Não é que Bomtempo fosse mau; Beethoven é que era genial. Se, em vez de compararem João Domingos Bomtempo com Beethoven, o comparassem com Franz Schubert ou lhe chamassem “o Mendelssohn Português”, eu estaria completamente de acordo. Agora Beethoven… O grande mestre de Bonn não era comparável com ninguém; ele pertencia a outra galáxia!
Dito isto e para não ser mal interpretado, afirmo claramente que João Domingos Bomtempo foi um grande compositor. Posso até afirmar, sem hesitar, que ele foi um dos melhores compositores da Europa do seu tempo. Se Bomtempo tivesse sido alemão, austríaco, italiano ou francês, o seu nome seria conhecido de todos os apreciadores de música e as suas obras far-se-iam ouvir em todos os auditórios e salões do mundo. Mas Bomtempo era de um país musicalmente periférico chamado Portugal. Ainda por cima exerceu parte da sua atividade no Brasil, que nem sequer fica na Europa. O grande valor que Bomtempo teve impõem-nos, por isso, tanto a portugueses como a brasileiros, a obrigação moral de ouvir e de promover a sua música. Já que mais ninguém o faz, sejamos nós a fazê-lo.
(Fernando Ribeiro, do blog A Matéria do Tempo)
João Domingos Bomtempo (Lisboa, 1775 – 1842) é um caso excepcional na história da música portuguesa. Personificando as transfor¬mações musicais ocorridas na passagem do século XVIII para o século XIX, nenhum outro compositor parece ter tido um papel tão marcante, mas também tão isolado na nossa música. Tendo tentado contribuir para pôr termo ao reinado exclusivo da música operática de cunho italiano que havia dominado o nosso panorama musical no século anterior, para a introdução entre nós da música instrumental de raiz germânica, boémia e francesa, e para a reforma do ensino musical segundo o modelo laico representado pelo Conservatório de Paris, os seus esforços não parecem ter tido, contudo, um reflexo profundo e duradouro. (…) Bomtempo nunca chegou a ser devidamente apreciado pela maioria do nosso público, cuja predilecção pela música teatral era invencível. (…) Se enquanto compositor, João Domingos Bomtempo se destaca, sobretudo, como o nosso único autor de relevo no campo da música instrumental durante todo o século XIX, particularmente através das suas duas sinfonias, seis concertos para piano e orquestra e diversas sonatas, fantasias e variações para piano, as suas vocais religiosas representam também uma tendência, de influência germânica e francesa, que vai no sentido de um afastamento em relação ao estilo operático italiano que dominava entre nós (…).
A atmosfera geral que se respira no Libera me é de facto de austera dignidade. Se bem que o motivo instrumental do Libera me que se faz ouvir nos violinos logo após a introdução da orquestra seja claramente decalcado no da Marcha Fúnebre da Sinfonia Heróica de Beethoven. Toda a obra evoca de novo muito mais – como o fizera já o seu próprio Requiem – o Requiem de Mozart. A austeridade da obra é reforçada pelo modo como se move na órbita tonal relativamente restrita de dó menor e maior e de fá menor, sendo as modulações sempre muito breves e ocorrentes, pela ausência de solistas alternando com o coro, assim como pela utilização de certos elementos cíclicos, como a repetição da introdução inicial antes do “dies illae. dies irae”. ou novamente o motivo da Heróica sobre as palavras “requiem aeternam dona eis domine”. A mesma atmosfera de austera digni-dade, não isenta de dramatismo, é comum às quatros Absolvições.
(Manuel Carlos de Brito, do encarte)
Bom pra dedéu! Ouça! Ouça! Deleite-se!
João Domingos Bomtempo (1775-1842)
Quatro Absolvições / Libera me
01. Quatro absolvições, I. Subvenite sancti dei
02. Quatro absolvições, II. Qui lazarum resuscitasti
03. Quatro absolvições, III. Domine quando veneris
04. Quatro absolvições, IV. Ne recordaris peccata mea domine
05. Libera me, em dó menor (1835)
Mária Zádori, soprano
Judith Németh, contralto
Gábor Kállay, tenor
János Tóth, baixo
Coro de Budapeste
Orquestra Filarmónica de Budapeste
Mátyás Antal, regente
Instituto Italiano, Budapeste, 1988
O Apollon Musagete Quartett rapidamente se estabeleceu como uma peça importante dentro da cena musical europeia. É realmente excelente, tocam demais. Visions Fugitives de Sergei Prokofiev, op. 22 é única peça fraca desde CD. Trata-se de uma adaptação para quarteto de cordas de uma partitura original para piano. O resto são obras-primas escritas originalmente para quartetos. Os de Tchai e Shosta são absolutamente empolgantes.
Tchaikovsky / Prokofiev / Shostakovich: Quartetos de Cordas (Russian Soul)
Pyotr Ilyich Tchaikovsky: Streichquartett Nr. 1 in D-Dur, op. 11
1. Moderato e semplice 10:42
2. Andante cantabile 7:08
3. Scherzo. Allegro non tanto e con fuoco – Trio 3:50
4. Finale. Allegro giusto – Allegro vivace 6:54
TUDO QUE ESTÁ ABAIXO É MENTIRA, MENOS O SUPORTE, QUE É BOM DEMAIS!
Nosso servidor de arquivos sofreu um mal súbito ontem à tarde. Mas deve retornar antes que alguém se suicide. Se o suporte não fez feriadão, voltamos segunda-feira; se fez, quarta. Não o queiram mal, é um bom moço. Beijos.
Jean Pierre Rampal foi um dos maiores flautistas do século XX, quiçá o maior. Creio que a primeira vez que o ouvi foi exatamente com essas obras de Bach aqui presentes. Fiquei muito impressionado, mas como vivemos no Brasil, e ainda estávamos no início da década de 80, era muito difícil encontrar seus discos em minha pequena cidade do interior. Mesmo quando ia para a capital, também era difícil achar alguma coisa.
Mas com o passar do tempo, consegui localizar alguns discos dele, e encantamento foi ainda maior. Essa série de quatro cds que estou trazendo hoje é exatamente para mostrar-lhes a evolução do gênio em seu instrumento. Tem de Bach a Honneger, ou seja, o repertório é bem eclético, abrangendo dos séculos XVIII ao século XX. Claro que falta muita coisa, mas serve como aperitivo para os senhores melhor conhecerem o talento desse cara.
CD 1
1 – 9 – J.S. Bach (1685-1750) – Sonates pour flûte & clavecin BWV 1030-1032
10-20 – J.S. Bach – Sonates pour flûte & continuo BWV 1033-1035
21-24 – J.S. Bach – Sonate pour flûte seule BWV 1013
Jean Pierre Rampal – Flûte
Robert Veyron-Lacroix – Clavecin
CD 2
1 – G.P.Teleman (1681-1767) – Concerto en sol majeur pour flûte & cordes – 1 Allegro ma non troppo
2 – Adagio
3 – Allegro
4 – Suite en la mineur pour flûte & cordes – 1 Ouverture
5 2 Les Plaisirs
6 3 Air á l’italliane
7 4 Menuets
8 5 Réjouissances
9 6 Passapied
10 7 Polonaise
11-13 Sonates pour flûte & clavecin
14 Concerto pour flûte & clavecin
Jean Pierre Rampal – Flûte
Robert Veyron-Lacroix – Clavecin
Orchestre de chambre de la Sarre
Karl Ristenpart – Conductor
CD 3
1-3 Joseph Haydn (1732-1809) – Sonate pour flûte & Piano
4-9 Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sérenade pour flûte, violin & alto
10 Franz Schubert (1797-1828) – Introduction &a variations sur le theme “Ihr Blümlein alle”
11-13 Robert Schumann (1810-1856) – 3 Romances op. 94
Jean Pierre Rampal – Flûte
Robert Veyron-Lacroix – Piano
Gérrard Jarry – Violin
Serge Collot – Alto
CD 4
1-3 Claude Debussy (1862-1918) – Sonate pour flûte, alto & harpe
Jean Pierre Rampal – Flûte
Odette Le Dentu – Harpe
Pierre Pasquier – alto
4 – Maurice Ravel – Introduction & allegro pour harpe, flûte, clarinet & quatour à cordes
Jean Pierre Rampal – Flûte
Lily Laskine – Harpe
Ulysse Delécluse – Clarinette
Quatour Pascal
5-7 Albert Roussel (1869-1937) – Sérenade pour flûte, harpe & Trio à cordes
Jean Pierre Rampal – Flûte
Lily Laskine – Harpe
Trio Pasquier
8-10 Arthur Honegger (1892-1955) – Concertino da camara pour flûte, cor anglais & orchestre à cordes
Jean Pierre Rampal – Flûte
Pierre Pierlot – Cor anglais
Association des Concerts de Chambre de Paris
Fernand Oubradous – Conductor
11 Arthur Honneger – Romance
12 Amable Massis (1893-1980) – Pastorale
13 Henri Gagnebin (1886-1977) – Marche des gais lurons
Jean Pierre Rampal – Flûte
Françoise Gobet – Piano
Duas das principais obras do gênio haendeliano, tanto a Música para os Reais Fogos de Artifício quanto a Música Aquática são peças obrigatórias no repertório de qualquer orquestra, ainda mais quando se trata de um conjunto fenomenal como o Collegium Aureum.
Mas vamos ao que interessa. Estou escrevendo essa postagem em uma manhã de domingo, e nada como Haendel para nos deixar de bem com a vida e com o dia que está começando. A vida pulsa em cada nota, em cada intervalo, em cada sopro, e isso é um grande motivador para seguirmos em frente.
George Frideric Haendel – Music for the Royal Fireworks, Water Music – Collegium Aureum
01. Music for the Royal Fireworks I. Ouverture
02. II. Bourree
03. III. La Paix
04. IV. La Rejouissance
05. V. Menuet I
06 VI. Menuet II
07. Water Music – Suite in F I. Ouverture
08. II. Adagio e staccato
09. III. Allegro-Andante-Allegro
10. IV. Allegro
11. V. Air
12. VI. Minuet
13. VII. Bourree
14. VIII. Andante
15. IX. Hornpipe
16. Suite D-Dur I. Ouverture
17. II. Alla Hornpipe
18. III. Minuet
19. IV. Lentement
20. V. Bourree
21. Suite C-Dur I. Andante
22. II. Rigaudon I & II
23. III. Menuet I & II
24 IV. Gigue I & II
José dos Santos Maurício (1752-1815) (ou apenas Joze Mauricio) foi um dos compositores e músicos mais requisitados do seu tempo, principalmente no âmbito da actividade que desenvolveu ao serviço da Igreja, na Guarda e na sua cidade natal, Coimbra. O trabalho produzido e as qualidades evidenciadas permitir-lhe-iam vir a ser nomeado, em 1802, Lente de Música e Mestre da Real Capela da Universidade de Coimbra e, em 1810, admitido na Irmandade de Santa Cecília. Por vicissitudes próprias da história, só em 1996, com a publicação do seu Miserere, o público de Coimbra volta a ter contacto com o compositor, entretanto silenciado por anos de esquecimento. (…). Na edição discográfica aqui proposta juntam-se as gravações de duas obras gémeas, dois salmos, dois Miserere. O de Maurício já aludido e o de Macedo. Composto em 1870, este Miserere de Francisco Lopes Lima de Macedo (1820-1875) surge como uma Homenagem à Memória de Joze Maurício (como se lê numa das folhas de rosto da obra manuscrita) e donde se conclui que esta personalidade era ainda, seis décadas após a morte, muito admirada e venerada. Francisco de Macedo teve, profissionalmente, percurso semelhante ao de Maurício, embora, talvez com menos brilhantismo, fruto mais do tempo que do homem. Nascido e criado junto à Igreja de Santa Cruz, aí terá encontrado apoio no encontro dos saberes musicais. Virá a ser organista, pianista, compositor, professor de música e ainda proprietário de um estabelecimento comercial de venda de instrumentos. A sua actuação enquanto profissional está suficientemente documentada pelas notícias da imprensa da época. Em 1853, com 33 anos de idade, viria ocupar o lugar de organista e em 1864 seria nomeado Lente de Música da Universidade. Um e outro destes cargos seriam ocupados até à sua morte. Quanto à música, nas duas obras encontramos fórmulas compositivas de gosto simples e fácil, muitas vezes espectável e de clara influência do estilo próprio da música dramática italiana, o que não constitui excepção para a época. A textura é essencialmente homofónica, mas com a presença de algum contraponto simples. Os autores servem-se de um coro misto a 3 vozes com Sopranos, Tenores e Baixos, com partes de solistas dos mesmos naipes e a presença de órgão obrigado.
(César Nogueira, do encarte do CD)
Ouça! Ouça! Deleite-se!
Miserere
Música da Capela Real de Coimbra
José dos Santos Maurício (1752-1815)
01. Miserere mei Deus
02. Amplius lava me
03. Tibi sou peccavi
04. Ecce enim veritatem
05. Auditui meo
06. Cor mundum
07. Redde mihi
08. Libera me
09. Quoniam si voluisses
10. Benigne fac domine
11. Tunc imponent Francisco Lopes Lima de Macedo (1820-1875)
12. Miserere mei Deus
13. Amplius lava me
14. Tibi sou peccavi
15. Ecce enim veritatem
16. Auditui meo
17. Cor mundum
18. Redde mihi
19. Libera me
20. Quoniam si voluisses
21. Benigne fac domine
22. Tunc imponent
Tânia Ralha, soprano
João Martins, tenor
Nuno Dias, baixo
Coro Misto da Universidade de Coimbra
César Nogueira, regente
Paulo Bernardino, órgão
Coimbra, 2005
Clara Haskil morreu em 1960, mas continua por aí. Esse CD saiu em 1991 na coleção Dokumente da DG e voltou a ser editada de forma ampliada em 2003 na grande coleção The Originals. A versão que aqui apresentamos é a de 1991. Haskil é mozartiana até o último fio de seus cabelos brancos e aqui dá um belo recital acompanhada pelo genial Ferenc Fricsay. Não dá nada, mas nada mesmo errado. O som é de lata, mas as interpretações são de se ouvir de joelhos. Eu fico com vontade de falar mal de Haskil só para provocar reações de quem gosta de dizer “Tremei, infiel!”, mas não dá, ela não concede espaço à crítica, a veínha era boa demais.
Outro baita CD.
Mozart: Concertos para Piano N° 19 & 27
1. Piano Concerto No.19 in F, K.459 – 1. Allegro – Cadenza: Wolfgang Amadeus Mozart 12:46
2. Piano Concerto No.19 in F, K.459 – 2. Allegretto 8:08
3. Piano Concerto No.19 in F, K.459 – 3. Allegro assai – Cadenza: Wolfgang Amadeus Mozart 7:06
Clara Haskil, piano
Berlin Philharmonic Orchestra
Ferenc Fricsay
4. Piano Concerto No.27 in B flat, K.595 – 1. Allegro 13:15
5. Piano Concerto No.27 in B flat, K.595 – 2. Larghetto 7:39
6. Piano Concerto No.27 in B flat, K.595 – 3. Allegro 8:41
Clara Haskil, piano
Munich Bavarian State Orchestra
Ferenc Fricsay
Não estou repetindo a postagem de ontem, não. Trata-se de outro CD, com outras obras, apenas o solista, a orquestra e o maestro são os mesmos. E o compositor, é claro.
Carmignola e Marcon continuam aqui seu trabalho de arqueologia musical, trazendo estes tesouros desconhecidos do tão conhecido Antonio Vivaldi. Curiosa a apresentação que nos faz o booklet:
“This is the third of a provocative series in wich the brilliant violinist Giuliano Carmignola and the Venice Baroque Orchestra directed by Andrea Marcon are challenging many of our basic ideas abour Antonio Vivaldi and his concertos.”
Provocativas e desafiadoras, assim devemos encarar estas gravações.
1-3 Concerto in B Minor RV 386
4-6 Concerto in D Minor RV 235
7-9 Concerto in F Major RV 296
10-12 Concerto in E-flat Major RV 258
13-15 Concerto in B Minor RV 389
16-18 Concerto in E-flat Major RV 251
Excelentes solistas, coro e orquestra. Brilhante regência de Christoph Spering.
Em março de 1791, Mozart regeu em Viena um de seus últimos concertos públicos; tocando o Concerto para piano n.º 27 (KV 595). Poucos dias antes, batera a sua porta um desconhecido, que se recusou a identificar-se e deixou Mozart encarregado da composição de um Réquiem em Ré menor. Deu-lhe um adiantamento e avisou que retornaria em um mês. Mas pouco tempo depois, o compositor é chamado de Praga para escrever a ópera A clemência de Tito, para festejar a coroação de Leopoldo II. Quando subia com sua esposa Constanze na carruagem que os levaria a esta cidade, o desconhecido ter-se-ia apresentado outra vez, perguntando por sua encomenda. Posteriormente supôs-se que aquele sombrio personagem era um enviado do conde Walsegg-Stuppach, cuja esposa havia falecido. O viúvo desejava que Mozart compusesse a missa de réquiem para os ritos fúnebres no enterro de sua esposa, mas faria crer — como parece que já fizera antes — aos presentes que fora ele quem compusera a obra.
Diz-se que Mozart, obsedado pelas ideias de morte desde o falecimento de seu pai, Leopold, debilitado pela fadiga e pela doença que lhe atingia, muito sensível ao sobrenatural devido às suas vinculações com a franco-maçonaria e impressionado pelo aspecto misterioso do homem que encomendou a missa, terminou por acreditar que este era um mensageiro do Destino e que o réquiem que iria compor seria para seu próprio funeral.
Mozart, ao morrer, conseguiu terminar apenas três secções com o coro e composição completa: Introito, Kyrie e Dies Irae. Do resto da sequência deixou os trechos instrumentais, o coro, vozes solistas e o cifrado do contrabaixo e órgão incompletos, deixando anotações para seu discípulo Franz Xaver Süssmayer. Também havia indicações para o Domine Jesu e Agnus Dei. Não havia deixado nada escrito para o Sanctus nem para o Communio. Seu discípulo Süssmayer completou as partes, escreveu música onde faltava, compondo, por exemplo, completamente o Sanctus. Para o Communio, simplesmente utilizou dos temas do Introito e do Kyrie, à maneira de uma reexposição, para dar sentido integral à obra.
A obra teve a sua estreia em Viena, 2 de Janeiro de 1793, num concerto em benefício da viúva de Mozart, Konstanze Weber.
W.A. Mozart (1756-1791): Requiem K.626
Requiem (Completed By Franz Xaver Süssmayr)
1) I – Introitus – Requiem
2) II – Kyrie – Kyrie
3) III – Sequentia – Dies Irae
4) III – Sequentia – Tuba Mirum
5) III – Sequentia – Rex Tremendae
6) III – Sequentia – Recordare
7) III – Sequentia – Confutatis
8) III – Sequentia – Lacrimosa
9) IV – Offertorium – Domine Jesu
10) IV – Offertorium – Hostias
11) V – Sanctus – Sanctus
12) VI – Benedictus – Benedictus
13) VII – Agnus Dei – Agnus Dei
14) VIII – Communio – Lux Aeterna
Requiem Autograph Fragments
15) III – Sequentia – Dies Irae
16) III – Sequentia – Tuba Mirum
17) III – Sequentia – Rex Tremendae
18) III – Sequentia – Recordare
19) III – Sequentia – Confutatis
20) III – Sequentia – Lacrimosa
21) IV – Offertorium – Domine Jesu
22) IV – Offertorium – Hostias
23) VIII – Communio – Amen
Chorus Musicus Köln
Das Neue Orchester
Christoph Spering