Dou continuidade aqui ao diálogo transcrito e explicado em post anterior:
… Não posso dizer que minha vida em Nova York tenha sido ruim. Não faltou sucesso pra meus ragtimes, nem um casamento novo e melhor. O problema foi minha ópera, Treemonisha, que ninguém queria ouvir.
… Foram anos e anos de composição. Não era ragtime, não era comédia: era uma ópera séria, com grandes partes de coro escritas no melhor contraponto… e ninguém queria ouvir. Um negro podia compor ragtime, diziam; que quisesse escrever ópera era muita pretensão.
… Todos os meus esforços foram em vão. O desgosto apertou o gatilho da doença, e fui perdendo a razão. Fui internado, e morri sem ouvir Treemonisha soando no ar nem ao menos uma vez.
Músicos que eram, os membros do grupo compreendiam bem. Por uns instantes só alguns suspiros furaram o silêncio, até que o próprio Scott Joplin sorriu e disse:
– Mas no fundo estou vingado. Sessenta anos depois de minha morte Treemonisha foi montada, e com sucesso. Foi gravada em disco, e o mundo todo pôde conhecer.
– E é uma bela ópera, posso garantir – disse um dos músicos. – Seu estilo é único; não há no mundo obra que se pareça com ela.
Já outro deles falou assim:
– Sou amigo de Gunther Schuller, o musicólogo que recuperou a partitura e regeu a montagem. Como se vê no nome, é de origem alemã, como seu primeiro professor. Não lhe parece curioso?
– Sem dúvida. É um traço bem curioso do meu destino.
– Isso não rouba a pureza negra da sua música?
– Esse tipo de idéia é uma grande bobagem. Neste mundo há lugar pra tudo: para a expressão de todas as culturas “em estado puro”, e também pra todas as combinações que se possa imaginar.
… As coisas mais ricas, que abrem caminhos novos para a humanidade, acontecem onde os diferentes se encontram e, em vez de brigar ou de um calar a boca do outro, resolvem cantar juntos, com diferença e tudo. E aí, de repente, sem que ninguém possa prever como será, um caminho novo nasceu!
“Bravo, isso mesmo, é isso aí!”, aplaudiu todo o grupo – e nossos amigos sentiram que era hora de prosseguir.
Como dito no post anterior, o diálogo procede do livro O dia em que Túlio descobriu a África (R.Rickli, 1997, esgotado, disponível em PDF AQUI). Cabe registrar que a orquestração realizada pelo próprio Scott Joplin nunca foi encontrada, apenas a redução para piano cuja impressão ele pagou do próprio bolso. Gunther Schuller, autor de estudos clássicos e aprofundados sobre as origens do jazz, foi o primeiro a orquestrá-la e regeu sua estréia em 1972 – produção que foi lançada em vinil em 1976, e é a reproduzida aqui. De lá para cá foram feitas outras orquestrações e gravações, mas não cheguei a conhecer.
O arquivo postado inclui reprodução de capas e o libreto completo da ópera – também da autoria de Joplin, e por isso não vejo necessidade de maiores detalhes aqui.
Scott Joplin: Treemonisha – ópera em 3 atos (1910)
para solistas, coro, orquestra e ballet.
Gunther Schuller regendo o coro e orquestra da Houston Grand Opera Production
Carmen Balthrop, Betty Allen, Curtis Rayam: solistas principais
Gravação original: Deutsche Grammophon, 1976
O Ensamble Música Distinta foi criado em janeiro de 2012 por Geraldine Henriquez Bilbao (piano, projetos musicais, metodologista), Oscar Battaglini Suniaga (alaúde renascentista cuatro venezolano, musicólogo, violão solo), Emilio Jimenez Jimenez (cuatro acompanhante, harpa, voz, luteria), Fabiana Henriquez (voz, projetos cênicos, flauta), e desde abril de 2014, Victor Urrieta (barítono, harpa, baixo, luteria).
Integram seus repertórios música antiga Europeia com música tradicional venezuelana. Essa proposta visa expor como alguns elementos do espanhol renascentista e música barroca foram incorporados durante o período colonial e ainda é mantido vivo nas tradições musicais do nosso país, através de processos de inculturação operados durante a nossa longa evolução histórica, e reavaliar a essência da música, suas origens, evolução e desenvolvimento, nomeadamente a música tradicional venezuelana. Suas pesquisas, exposições e mostras musicais já foram apresentadas no leste da Venezuela, em Caracas e na Andaluzia (Espanha), tanto como experiências acadêmicas e de pesquisa in situ, como em tarefas de extensão comunitária, recitais didáticos e concertos homenagem. E sempre com a presença e colaboração de músicos e devotos dos locais onde essas atividades foram realizadas.
O verdadeiro título deste CD é: “Livro de cifra nveva para el Viejo Mvndo intitvlado La España antigva en la mvsica oriental venezolana”.
Oscar Battaglini, laúd renacentista Alfonso X, El Sabio (1221-1284) 01. Cantiga I a la Virgen María “Des oge mais quer’ eu trovar pola Sennor onrrada”
Luis de Narvaéz (España, 1490 – 1547)
02. Diferencias sobre el romance “Guárdame las vacas”
Geraldine Henríquez Bilbao, piano Luis de Narvaéz (España, 1490 – 1547) 03. Diferencias sobre el romance “Guárdame las vacas”
Ensemble Entramao & Ensemble vocal Filarmonía & Oscar Battaglini, laúd renacentista Gilberto Mejías Palazzi (Venezuela, 1917 – 2002) 04. Mar de la Virgen Bonita
Oscar Battaglini, laúd renacentista Josquin Desprez (Franco-Flamenco, c.1450 – 1521)/ Luis de Narvaéz (España, 1490 – 1547) 05. Mille Regretz de vous abandonner (Mil pesares por abandonaros)
Oscar Battaglini, cuatro venezolano Alonso de Mudarra (España, c.1510-1580) 06. Piezas para guitarra renacentista: Fantasía del Primer Tono 07. Piezas para guitarra renacentista: Pavana 08. Piezas para guitarra renacentista: Romanesca o Guárdame las vacas
Miguel de Fuenllana (España, 1500 – 1579) 09. Piezas para guitarra renacentista: Fantasía
Adrian Le Roy (Francia, 1520 – 1598) 10. Piezas para guitarra renacentista: Branle de Bourgongne
Beatriz Bilboa, teclado con el timbre de clavecin Antonio de Cabezón (España, 1510-1566) 11. Diferencias sobre las Vacas
Oscar Battaglini, laúd renacentista Luis de Narvaéz (España, 1490 – 1547) 12. Igno de Nuestra Señora O Gloriosa Domina excelsa supra sidera del Primer Tomo (o modo)
Beatriz Bilboa, piano Antonio de Cabezón (España, 1510-1566) 13. Otras diferencias de Vacas
Ensemble Entramao & Ensemble vocal Filarmonía & Oscar Battaglini, laúd renacentista Luis de Narvaéz (España, 1490 – 1547) 14. Guardame las Vacas / Polo Margariteño
Oscar Battaglini, laúd renacentista Luis de Narvaéz (España, 1490 – 1547) 15. Fantasía XIV del primer tono (o modo)
Francesco Canova da Milano “Il Divino” (Itália, 1497 – 1543) 16. Fantasía XXXXII del primer tono (o modo)
Alexander Lugo, bandola oriental & Oscar Battaglini, laúd renacentista y guitarra clásica Luis de Narvaéz (España, 1490 – 1547) 17. Guardame las vacas (Canon)
Alexander Lugo, bandola oriental y mandolina & Rigoberto Fernández, mandolina & Oscar Battaglini, guitarra clásica & Emilio Jiménez, cuatro venezolano y voz Folklore s. XV 18. Variaciones sobre la Jota margariteña (La caída de Alhama) – romance español s. XV
Emílio Jiménez, cuatro venezolano y voz Folklore / letra original de Vicente Gómez Martínez-Espinel (España 1550 – 1624) 19. Gaitón y Punto del Navegante
Alberto “Beto” Válderrama, bandola oriental & Lucianne Sanabria, voz En vivo, 2012 20. Potpourri oriental: jota, punto, malagueña y polo
La España antigva en la mvsica oriental venezolana – 2013
Ensemble Música Distinta
Tupasi Maria Chant sacré des indiens Guarani, Chiquitos & Moxos Siglo XVIII
Com instrumentos de época – on period instruments
Como “Os caminhos do barroco na América Latina” revelou em 1992, começou a primeira revolução, obrigando-nos a repensar tudo o que pensávamos e que sabíamos da música sacra ocidental nos séculos XVII e XVIII. E com esta gravação é um novo passo. De fato, para Ricardo Massun e músicos do Ensemble Louis Berger, é ilusório ressuscitar a música que nasceu nas reduções jesuíticas da Amazônia, sem retornar simultaneamente a todo instrumentarium indígena-jesuítico. Após uma extensa pesquisa, os nossos músicos tornaram-se assim artesãos e luthiers. A trompa incrível, a harpa, o quarteto de cordas nasceram de suas mãos e do vibrar de seus dedos. O som resultante é incrível, surpreendente e comovente. Estreia mundial em gravação em instrumentos barrocos da série K617.
Domenico Zipoli (Prato, Itália, 1688 – Córdoba, Argentina 1726) 01. Chapie Zuichupa
Anónimo 02. Ane Nupaqsuîma Suchetaña
Domenico Zipoli (Prato, Itália, 1688 – Córdoba, Argentina 1726) 03. Sonata Trio: Grave 04. Sonata Trio: Allegro 05. Sonata Trio: Minuet 06. Sonata Trio: Presto
Anónimo 07. Cánite Pláudite 08. Tupâsy Maria 09. Letania 10. Tata guasu Aña Retamenguâ 11. Hara Vale Hava
Domenico Zipoli (Prato, Itália, 1688 – Córdoba, Argentina 1726) 12. In hoc mundo
Giovanni Battista Bassani (Italia, ca. 1650-1716) 13. Misa a la Fuga: Kyrie – Christe 14. Misa a la Fuga: Gloria 15. Misa a la Fuga: Credo 16. Misa a la Fuga: Crucifixus 17. Misa a la Fuga: Sanctus 18. Misa a la Fuga: Benedictus 19. Misa a la Fuga: Agnus Dei
Domenico Zipoli (Prato, Itália, 1688 – Córdoba, Argentina 1726) 20. Yai Jesuchristo (Dulce Jesus mío)
Tupasi Maria. Chant sacré des indiens Guarani, Chiquitos & Moxos – 2002
Ensemble Louis Berger.
Maestro Ricardo Massun
Para apresentar este post e o seguinte, permitam-me transcrever aqui um diálogo ficcional entre um grupo de músicos e dois personagens reais de diferentes séculos: o Chevalier de Saint-George (de quem postei aqui 6 CDs não faz muito tempo) e o estadunidense Scott Joplin (1867-1917), de um livro com intenções paradidáticas (mais detalhes no final).
– … permita-me dizer, Monsieur le Chevalier: a fama é uma senhora muito injusta. Escolhe alguns nomes para perpetuar, e deixa outros iguais ou melhores no esquecimento. É uma barbaridade que seus concertos sejam tão pouco executados nos tempos modernos, pois não são em nada inferiores aos de Mozart e Haydn.
– Mais non, Monsieur! Agradeço sua intenção de me consolar, mas evidentemente o que o senhor diz não pode ser verdade! – protestou o Cavaleiro.
– Jamais buscaria consolá-lo com falsidades, Chevalier! É minha opinião sincera, e quem é do ofício e conhece sua música só pode concordar, estou certo.
“Sim, sim, é verdade”, apoiaram vários dos presentes, para evidente alegria do Cavaleiro. Era porém muito educado para permitir que a própria glória ocupasse mais que um momento na roda de amigos, de modo que logo desviou:
– Mas parece que a sua vida também foi das mais interessantes, Mr. Joplin! Gostaríamos muito de ouvi-lo!
– Nem de longe tão interessante como a sua, Chevalier. E, sinto dizer, não muito feliz.
– Ora – interveio um músico moderno – sua música teve grande sucesso popular, tanto na sua época quanto anos mais tarde. Quem não conhece a famosíssima The Entertainer, pelo menos da trilha sonora do filme Golpe de Mestre? – Cantarolou:
– Justamente: todo mundo conhece meus “ragtimes”, alegres, dançantes, mas a música de maior fôlego, quem conhece? Minhas óperas, quem quis ouvir?
– Fale um pouco da sua vida, Mr. Joplin. Assim poderemos entender melhor.
– Está bem, já que insistem…
… Nasci em 1868 no interior do Texas, respirando música: meu pai, ex-escravo, tocava violino – country music, bem entendido – enquanto minha mãe tocava banjo e cantava. Desde o início, porém, foi o teclado que me fascinou: onde existisse um piano na vizinhança, lá ia eu investigar.
… Minha mãe dava todo apoio que podia. Quando ficou sozinha e teve de se empregar em casas de família pra nos sustentar, pedia licença pra eu estudar no piano da patroa…
Por um instante tremulou na lembrança de Túlio a figura de sua própria mãe, Dona Aurora, e os olhos ameaçaram se molhar.
– E parece que o barulho de minhas experiências chamou atenção, e foi assim que o Professor apareceu. Era um alemão excêntrico que vivia lá em Texarkana, e me ofereceu aulas de piano e harmonia. Na verdade deu mais: deu pistas em todas as áreas do mundo do conhecimento, explodindo os limites do acanhado horizonte de Texarkana.
… Não que minha vida tenha ficado cosmopolita da noite pro dia! Adolescente, saí tocando pelos bares, às vezes pelos piores lugares, para ter o que comer.
Túlio ouviu na cabeça a voz de Milton Nascimento cantando: “foi nos bailes da vida, ou num bar em troca de pão / que muita gente boa pôs o pé na profissão / de tocar um instrumento e de cantar / não se importando se quem pagou quis ouvir…”
– De vila em vila, cidade em cidade, fui chegando às maiores: Saint Louis, Chicago… Em Sedalia fiquei alguns anos e consegui me matricular em cursos de harmonia avançada e composição. Vendia aqui e ali meus ragtimes, até que em 1899 o Maple Leaf Rag explodiu no mundo todo. Virei o “Rei do Ragtime”. Casei, podia estar tranqüilo pra sempre.
… Mas eu queria mesmo era escrever para o palco, realizar coisas de fôlego. Achei que agora as portas estariam abertas, mas… mesmo sendo o Rei do Ragtime, de todos os lados só ouvia “não”.
… A muito custo montei uma pequena ópera-rag, cujo manuscrito depois se perdeu. Minha filha morreu, meu casamento acabou, saí pelo mundo de novo, fui parar em Nova York, onde vivi até 1917 – quer dizer, pelo resto da vida.
O diálogo (do livro O dia em que Túlio descobriu a África, de R.Rickli, 1997, esgotado, disponível em PDF AQUI) prosseguirá no post seguinte. Por enquanto deixo vocês com uma seleção de “piano rags”, ou ragtimes, tocados por Joshua Rifkin – mas não sem advertir que tenho certeza de que a música do “Ernesto Nazareth dos Estadis Unidos” pode ser tocada com muito mais bossa.
Não se trata da velocidade: Scott Joplin passou a vida advertindo os compradores de suas partituras contra a tentação de tocar acelerado; “o tempo do ragtime não é rápido”, insistia sempre. O branco Rifkin segue o conselho de Joplin quanto a isso, mas afora isso toca tudo inacreditavelmente igual. Só que essa é a única versão que consegui, e quero crer que “ruim com ela, pior sem ela”, espero que vocês concordem.
Joshua Rifkin plays Scott Joplin’a piano rags
01 Maple leaf rag
02 The entertainer
03 The ragtime dance
04 Gladiolous rag
05 Fig leaf rag
06 Scott Joplin’s new rag
07 Euphonic sounds
08 Elite syncopations
09 Bethena
10 Paragon rag
11 Solace
12 Pineapple rag
13 Weeping willow rag
14 The cascades
15 Country club
16 Stoptime rag
17 Magnetic rag
O Padre João de Deus de Castro Lobo é aquele que, junto com o Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), praticamente encerra o ciclo de compositores brasileiros do período colonial. Nasceu em Vila Rica (atual Ouro Preto) no ano de 1794, em uma família de músicos. Seu pai, Gabriel de Castro Lobo, foi regente na Irmandade do Santíssimo Sacramento na Freguesia do Pilar, de 1787 à 1816. Seu irmão Carlos de Castro Lobo foi exímio organista, e transferiu-se para o Rio de Janeiro para trabalhar na Capela Imperial. Pouco se sabe, entretanto sobre a vida de João de Deus.
Sua primeira atuação registrada como músico profissional foi em 1811 quando, aos 17 anos, fez parte do grupo de músicos que atuou na temporada da Casa de Ópera de Vila Rica. Ordenou-se Padre em 1821, recebendo sua formação religiosa no Seminário de Mariana. Na mesma cidade foi mestre-de-capela da Sé e organista da Ordem 3ª da Penitência. Atuou ainda, segundo registros, como organista da Ordem 3ª de N. Sra. do Monte do Carmo de Ouro Preto. Faleceu precocemente em Mariana no ano de 1832, deixando incompletos os “Responsórios fúnebres”, sua última obra.
As obras que chegaram aos nossos dias – pouco mais de 40 – consistem quase integralmente de peças sacras destinadas aos diversos serviços religiosos. Uma única exceção é a “Abertura em Ré M”. Das obras sacras destacam-se “Te Deum em Lá m”, a “Missa em Ré M”, o “Credo em Fá M” e, principalmente, a “Missa e Credo a 8 vozes” onde, em seu estilo pré-romântico, nota-se a influência da ópera italiana. O ousado contorno das melodias, o virtuosismo vocal e instrumental e o brilhantismo da orquestração distinguem o compositor de seus contemporâneos.O oficio de “Matinas” é a mais longa das horas do Ofício Divino e é cantado durante a madrugada. É dividido em três Noturnos, cada um deles composto por três Responsórios, que são numerados de I a IX, consecutivamente. O Responsório IX (3º do Noturno III) pode ser substituido por um Te Deum, em ocasiões solenes. É o caso das “Matinas de Natal” do Padre João de Deus, que possuem apenas oito responsórios.
No Brasil, durante o século XVIII, os responsórios I, III, VI e VIII eram cantados repetindo-se a segunda parte, normalmente um alegro, após o verso e o gloria patri, o que dava a esses responsórios a seguinte forma: a/b/c/b/d/b. Atualmente, e também nesta gravação, omite-se a repetição intermediária do allegro, após o verso.
Nos arquivos musicais brasileiros são encontradas um número enorme de Matinas “postas em música” pelos mais diversos compositores dos séculos XVIII e XIX, a maior parte delas dedicadas à Semana Santa. Outras tantas foram compostas em honra a um determinado Santo ou para outro período do calendário litúrgico. De Castro Lobo são conhecidas três Matinas: as de São Vicente, as de Natal e as de N. Sra. da Conceicão. Nas duas primeiras o compositor aproveitou trechos com a mesma música, modificando o texto e adequando a prosódia. Assim, o Responsório VIII da de São Vicente tem a mesma música do Responsório VII das Matinas de Natal. A música das Matinas de N. Sra. da Conceição é, na verdade, aproveitamento de trechos de outras obras, levantando a hipótese de não ser trabalho original do compositor, mas um “arranjo” posterior feito para homenagear a Santa.
As “Matinas de Natal” de João de Deus de Castro Lobo foram escritas para solistas, coro a 4 vozes e orquestra, composta de duas flautas, duas trompas e o quinteto de cordas. O tratamento dado aos instrumentos é bastante idiomático. Nos sopros, as trompas limitam-se ao reforço harmônico. As flautas são tratadas com mais desenvoltura, dobrando os violinos ou atuando como solista (verso do Responsório VII). Nas cordas, os violinos têm uma função concertante, costurando as frases do coro, que recebe um tratamento mais homofônico. Os solos vocais, bastante ornamentados, exigem cantores de sólidos recursos e revelam a influência do “bel canto”.
A gravação aqui registrada é a segunda de uma série que começou com as “Novenas” do Padre José Maurício. A partitura das “Matinas de Natal” de João de Deus de Castro Lobo foi montada a partir dos manuscritos da partes vocais e instrumentais depositados no arquivo da Lira Sanjoanense, por Aluizio Viegas e teve no Maestro Ernani Aguiar seu primeiro intérprete em tempos modernos. (André Cardoso, Regente e Professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, extraído do encarte)
Palhinha: ouça o 5º Responsório – 1. O Magnum Mysterium
Matinas do Natal
Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832) 01. Matinas do Natal – 1º Invitatório – Christus Natus Est 02. Matinas do Natal – 2º Responsório – 1. Hodie Nobis Caelorum Rex 03. Matinas do Natal – 2º Responsório – 2. Gaudet Exercitus Angelorum 04. Matinas do Natal – 2º Responsório – 3. Gloria in Excelsis Dei 05. Matinas do Natal – 2º Responsório – 4. Gloria Patri 06. Matinas do Natal – 2º Responsório – 5. Gaudet Exercitus Angelorum 07. Matinas do Natal – 3º Responsório – 1. Hodie Nobis de Caelo Pax Vera 08. Matinas do Natal – 3º Responsório – 2. Hodie per Totum Mundum 09. Matinas do Natal – 3º Responsório – 3. Hodie Illuxit Nobis 10. Matinas do Natal – 3º Responsório – 4. Hodie per Totum Mundum 11. Matinas do Natal – 4º Responsório – 1. Quem Vidistis Pastores 12. Matinas do Natal – 4º Responsório – 2. Natum Vidimus 13. Matinas do Natal – 4º Responsório – 3. Dicite Quidnam Vidistis 14. Matinas do Natal – 4º Responsório – 4. Gloria Patri 15. Matinas do Natal – 4º Responsório – 5. Natum Vidimus 16. Matinas do Natal – 5º Responsório – 1. O Magnum Mysterium 17. Matinas do Natal – 5º Responsório – 2. Beata Virgo 18. Matinas do Natal – 5º Responsório – 3. Ave Maria 19. Matinas do Natal – 5º Responsório – 4. Beata Virgo 20. Matinas do Natal – 6º Responsório – 1. Beata Dei Genitrix 21. Matinas do Natal – 6º Responsório – 2. Hodie Genuit Salvatorem Saeculi 22. Matinas do Natal – 6º Responsório – 3. Beata Quae Credidit 23. Matinas do Natal – 6º Responsório – 4. Hodie Genuit Salvatorem Saeculi 24. Matinas do Natal – 7º Responsório – 1. Sancta et Immaculata 25. Matinas do Natal – 7º Responsório – 2. Quia Quem Caeli 26. Matinas do Natal – 7º Responsório – 3. Benedicta Tu in Mulieribus 27. Matinas do Natal – 7º Responsório – 4. Gloria Patri 28. Matinas do Natal – 7º Responsório – 5. Quia Quem Caeli 29. Matinas do Natal – 8º Responsório – 1. Beata Viscera 30. Matinas do Natal – 8º Responsório – 2. Quia Hodie Pro Salute Mundi 31. Matinas do Natal – 8º Responsório – 3. Dies Santificatus 32. Matinas do Natal – 8º Responsório – 4. Quia Hodie Pro Salute Mundi 33. Matinas do Natal – 9º Responsório – 1. Verbum Caro Factum Est 34. Matinas do Natal – 9º Responsório – 2. Et Vidimus Gloriam Ejus 35. Matinas do Natal – 9º Responsório – 3. Omnia per Ipsum 36. Matinas do Natal – 9º Responsório – 4. Gloria Patri 37. Matinas do Natal – 9º Responsório – 5. Et Vidimus Gloriam Ejus
Este CD é mais uma colaboração do maestro, compositor e musicólogo Harry Crowl Jr. Não tem preço!
Pe. João de Deus de Castro Lobo: Matinas de Natal – 2001
Coral Porto Alegre e Orquestra
Direção: Ernani Aguiar
Música en las misiones jesuítas en Chile Región de la araucanía Siglo XVIII Syntagma Musicum
Em 1777, dez anos após a expulsão dos jesuítas das colônias espanholas, foi publicado na Alemanha a obra Chilidúgú, sive Res chilenses vel descriptio status tum naturalis, tum civilis, cum moralis Regni populique Chilensis inserta suis locis perfectæ ad Chilensem Limguam Manuductioni deo O.M. multis ac miris modis Juvante, do SJ Havestadt Bernardo (1714-1781), que serviu como missionário no Chile entre os anos 1748 e 1767, participando em mais de uma ocasião em incursões aos territórios indígenas localizados ao sul do rio Bio Bio.
O padre cruzou sozinho as montanhas para visitar os nativos localizados no lado leste dos Andes, na área de Neuquén. Este trabalho, escrito em latim e composto por sete partes, corresponde a uma revisão cuidadosa da língua e da cultura dos habitantes da região de Araucanía.
El Cancionero Chilidúgú é composto por 19 partituras que Havestadt Bernardo incorporou ao volume 2 do seu trabalho, com as respectivas letras das canções, um compêndio completo dos princípios da fé católica adaptado à língua Mapuche.
Chilidúgú: (Chili=Chile, Dúgú=fala, idioma => O idioma do Chile, em Mapuche).
El Cancionero Chilidúgú del Padre Havestadt 01. Quiñe Dios 02. Duamtunm Vill 03. Jesus Cad 04. A Señor Dios 05. Dios Ñi Votm 06. Aiubige 07. Huera Que Che 08. Ventenlu 09. Duamtunm 10. Ufchigepe 11. Quiñe Dios 12. Santo Angel Em 13. Vau Mlei 14. Acui 15. Cume Que Che Ñi 16. Cad Burenieve 17. Mari Mari 18. Ayueimi 19. Vill Dgu Mo
Música en las misiones jesuítas de la araucanía en el siglo XVIII – 1998
El Cancionero Chilidúgú del Padre Havestadt
Syntagma Musicum de la Universidad de Santiago de Chile
Coro de Niños de la Comunidade Huilliche de Chiloé
Maestro Gabriel Coddou Espejo
O lindo Magnificat que tanto ouvi em minha adolescência continua a ser uma das obras mais populares de Bach, e esta é uma de suas melhores gravações. Em um verdadeiro clássico da discografia, John Eliot Gardiner dirige uma performance cheia de energia: seu coro e orquestra navegam através das passagens mais complicadas em alta velocidade sem que nada pareça apressado ou desconfortável. Os solistas são fantásticos, com participações especialmente notáveis de Nancy Argenta, Patrizia Kwella e Charles Brett. Também neste disco está a melhor versão disponível do Jauchzet Gott em allen Landen, a Cantata 51. Emma Kirkby canta com a pureza de um dos meninos de Bach e com a segurança de uma especialista adulta. Ela e o trompetista Crispian Steele-Perkins enfrentam com classe essa famosa peça, cheia de notas altas e longas corridas.
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) Magnificat in D major, BWV 243
1) Magnificat Anima Mea [2:49]
2) Et Exsultavit Spiritus Meus [2:16]
3) Quia Respexit Humilitatem [2:14]
4) Omnes Generationes [1:10]
5) Quai Fecit Mihi Magna [1:59]
6) Et Misericordia [3:24]
7) Fecit Potentiam [1:44]
8) Deposuit Potentes [1:46]
9) Esurientes Implevit Bonis [2:46]
10) Suscepit Israel [2:00]
11) Sicut Locutus Est [1:24]
12) Gloria Patri [2:14]
Nancy Argenta, soprano
Patrizia Kwella, soprano
Charles Brett, alto
Anthony Rolfe- Johnson, Tenore
David Thomas, Basso
Monteverdi Choir
“Jauchzet Gott in allen Landen” Cantata BWV 51
13) “Zauchzet Gott” [4:04]
14) “Wir beten zu dem Tempel an” [1:51]
15) “Hochster, mache deine Güte” [4:14]
16) “Sei Lob und Preis mit Ehren” [3:29]
17) Alleluja” [2:01]
Emma Kirkby, Soprano English Baroque Soloists Conducted by John Eliot Gardiner Crispian Steele-Perkins, Solo Trumpet
Música de Vísperas Misiones de Chiquitos – Bolivia 1691 – 1767
El presente trabajo tiene como base el material estudiado en la Tesis Doctoral presentada por Piotr Nawrot, SVD a la Escuela de Música Benjamin T. Rome de la Universidad Católica de América en Washington D.C. para optar al título profesional. A ese trabajo se han añadido muchas otras transcripciones que completan un juego de música de Vísperas que pudieron ser habitualmente cantadas en las antiguas reducciones de los Jesuitas y en tiempos inmediatamente posteriores a su ex-pulsión (1767).
El material corresponde a la Colección de Manuscritos Musicales del Archivo Episcopal del Vicariato Apostólico de Ñuflo de Chávez en Concepción de Chiquitos, Santa Cruz – Bolivia, y que proceden principalmente de dos de las ex reducciones jesuíticas del área, Santa Ana y San Rafael.
La colección completa consta generalmente de libros de partes vocales e instrumentales con una cubierta de cuero en la que muchas veces se ha repujado el nombre de la voz o el instrumento. Nuestro objetivo no es el de justificar o defender el pasado, sino ofrecer la documentación conservada para darla a conocer como una reconstrucción casi exacta de lo que ocurría.
La Colección de Concepción nos ayuda en el conocimiento de lo que se había logrado musicalmente en las reducciones, primariamente al servicio de la liturgia, con el consecuente carácter funcional. Al igual que la pintura, la escultura y la arquitectura, la música en las Doctrinas se cultivaba no tanto con un criterio en el que primaba lo estético, o con el fin de maravillar a los nuevos conversos, sino como un tributo ala Fuente de todas las Artes (Dios), y como una manifestación de espiritualidad. Pese a que en la Colección predominan las obras vocales e instrumentales adheridas a estilos desarrollados en Europa desde la Edad Media, pasando por el Renacimiento, el Barroco y el Clásico, cualquier apreciación reductiva de la respuesta de los indios a modelos europeos sería para ellos una injusticia. Si bien es cierto que muchas de las obras de la Colección fueron escritas por compositores nacidos en Europa, y la enseñanza de la música y la fabricación de los instrumentos en las escuelas misionales adoptaron técnicas traídas del Viejo Continente, muchas obras fueron escritas por músicos locales, a lo que hay que añadir que todos los cantantes e instrumentistas eran indios y que los instrumentos utilizados para los eventos litúrgicos y sociales eran frecuentemente de origen indígena.
Lo viejo y lo nuevo, lo enseñado y lo adoptado, debe ser más bien entendido como una manifestación de la catolicidad (universalidad) de la Iglesia, y no del forzado de un estilo sobre el otro. Cualquier intento de encontrar en esta Colección obras brillantes de concierto como los oratorios dramáticos de Haendel será un craso error, porque la música en las reducciones fue siempre y sólo litúrgicamente relevante; su éxito fue medido a partir de su capacidad de dirigir las mentes y los corazones a Dios. Por ello, aunque no se excluye un alto goce estético, no son los valores artísticos sino más bien su adecuación litúrgica lo que justifica el estudio y la catalogación de la música de esta Colección.
Música de Vísperas en las Reducciones de Chiquitos – Bolivia (1691 – 1767)
Domenico Zipoli (Prato, Itália, 1688 – Córdoba, Argentina 1726). Archivo Musical de Chiquitos 01. Versículo y Respuesta: Deus in adjutorium. Domine ad adjuvandum
Maestros jesuítas e indígenas anónimos 02. Antífona 1: Domine quinque talenta
Domenico Zipoli (Prato, Itália, 1688 – Córdoba, Argentina 1726). Archivo Musical de Chiquitos 03. Salmo 1: Dixit Dominus
Maestros jesuítas e indígenas anónimos 04. Antífona 2: Euge serve bone 05. Salmo 2: Nisi Dominus 06. Antífona 3: Fidelis servus
Domenico Zipoli (Prato, Itália, 1688 – Córdoba, Argentina 1726). Archivo Musical de Chiquitos 07. Salmo 3: Beatus vir
Maestros jesuítas e indígenas anónimos 08. Antífona 4: Beatus ille servus 09. Salmo 4: Laudate pueri Dominum 10. Antífona 5: Serve bone 11. Salmo 5: Laudate Dominum
Canto llano 12. Ecclesiastes 31: Lectio brevis
Maestros jesuítas e indígenas anónimos 13. Himno. En la fiesta de la Virgem: Jesu corona virginum
Canto llano 14. Verso y Respuesta: Justum deduxit. Et ostendit 15. Antífona para el Magnificat: Hic vir despiciens
Maestros jesuítas e indígenas anónimos 16. Cántico a la Virgen Maria: Magnificat 17. Verso y Respuesta de despedida: Benedicamus Domino. Deo gratias 18. Antífona en honor de la Virgen Maria: Salve Regina
Música de Vísperas en las Reducciones de Chiquitos – Bolivia – 1995
Orquesta de Cámara de La Paz & Coral Nova
Maestro Ramiro Soriano Arce
Mais uma postagem dedicada aos “semi-novos” da minha geração.
Billboard é uma revista de música americana, publicada pela primeira vez em 1 de Novembro de 1894. Considerada uma das mais antigas revistas comerciais do mundo, originalmente era focada na afixação de cartazes e externas de entretenimento antes de se especializar na indústria da música na década de 1950, quando então tornou-se a Bíblia da música popular americana, até hoje.
Pesquisava os discos mais vendidos e as músicas mais tocadas nas rádios e publicava seu famoso ranking.
Abaixo, alguns sucessos que estiveram presentes no “Top 100 Hits of 1956”.
Bill Doggett 01. Honky Tonk, Part 1 02. Honky Tonk, Part 2
Billy Vaughn 03. Theme From 3 Penny Opera
The Dream Weavers 04. It’s Almost Tomorrow
Fats Domino 05. Blueberry Hill
06. My Blue Heaven
The Flamingos 07. I’ll Be Home
Gale Storm 08. Memories Are Made of This
Gene Vincent 09. Be-Bop-A-Lula
Ivory Joe Hunter 10. Since I Met You Baby
Jim Lowe 11. The Green Door
Jimmie F. Rodgers 12. Kisses Sweeter Than Wine
Little Richard 13. Slippin’ And Slidin’ 14. Rip It Up
Little Willie John 15. Fever
Mickey & Sylvia 16. Love Is Strange
Mitchell Ayres & Ray Charles Singers 17. Moonglow
The Penguins 18. Earth Angel
The Platters 19. The Great Pretender 20. My Prayer 21. Only You
Sonny James 22. Young Love
Billboard 1956 Top Hits
Coletadas pelo meu amigo Lauro Mendonça
Senhores, confesso que havia esquecido de continuar essa série, a correria do dia a dia acaba nos confundindo, e nos fazendo esquecer de algumas coisas.
Vamos continuar, então, trazendo os cds de número 5 e 6, que trazem as sinfonias de 18 a 25. Lembro que as gravações foram realizadas pela Filarmônica de Viena, imbatível neste repertório, em minha modesta opinião, e dirigida pelo maestro norte americano James Levine.
CD 5
1 Symphony No.18 In F, K.130 1. Allegro
2 Symphony No.18 In F, K.130 2. Andante Grazioso
3 Symphony No.18 In F, K.130 3. Menuetto
4 Symphony No.18 In F, K.130 4. Allegro Molto
5 Symphony No.19 In E Flat, K.132 1. Allegro
6 Symphony No.19 In E Flat, K.132 2. Andante
7 Symphony No.19 In E Flat, K.132 3. Menuetto
8 Symphony No.19 In E Flat, K.132 4. Allegro
9 Symphony No.20 In D, K.133 1. Allegro
10 Symphony No.20 In D, K.133 2. Andante
11 Symphony No.20 In D, K.133 3. Menuetto
12 Symphony No.20 In D, K.133 4. Allegro
CD 6
1 Symphony No.21 In A, K.134 1. Allegro
2 Symphony No.21 In A, K.134 2. Andante
3 Symphony No.21 In A, K.134 3. Menuetto
4 Symphony No.21 In A, K.134 4. Allegro
5 Symphony No.22 In C, K.162 1. Allegro Assai
6 Symphony No.22 In C, K.162 2. Andantino Grazioso
7 Wiener Philharmoniker – Symphony No.22 In C, K.162 3. Presto Assai
8 Symphony No.23 In D, K.181 1. Allegro Spirituoso
9 Symphony No.23 In D, K.181 2. Andantino
10 Symphony No.23 In D, K.181 3. Presto Assai
11 Symphony No.24 In B Flat, K.182 1. Allegro Spiritoso
12 Symphony No.24 In B Flat, K.182 2. Andantino Grazioso
13 Symphony No.24 In B Flat, K.182 3. Allegro
14 Symphony No.25 In G Minor, K.183 1. Allegro Con Brio
15 Symphony No.25 In G Minor, K.183 2. Andante
16 Symphony No.25 In G Minor, K.183 3. Menuetto
17 Symphony No.25 In G Minor, K.183 4. Allegro
Belíssimo CD. Boas músicas e linda sonoridade do trio. O barroco parece não ter fim. Cada vez ouvimos mais maravilhas. O violinista John Holloway é um músico que tem melhorado constantemente seu desempenho. As quatro sonatas aqui Biber registradas são cheias de contrastes e surpresas. Ah, e se você já se perguntou sobre a diferença que as cordas de tripa dão a um violino, faça o favor de colocar este CD. Você vai ouvir enorme diferença.
Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704) e Georg Muffat (1653-1704): Der Türken Anmarsch
1 Biber: Sonata “Victori der Christen” for violin & continuo in A minor 9:45
2 Biber: Sonata for violin & continuo No. 1 in A major (Sonatae Violino Solo No. 1), C. 138 11:21
3 Biber: Sonata for violin & continuo No. 2 in D minor (Sonatae Violino Solo No. 2), C. 139 8:28
4 Biber: Sonata for violin & continuo No. 5 in E minor (Sonatae Violino Solo No. 5), C. 142 10:54
5 Biber: Sonata for violin & continuo No. 8 in G major (Sonatae Violino Solo No. 8), C. 145 9:29
6 Muffat: Sonata for violin & continuo in D major 12:52
John Holloway, violin
Aloysia Assenbaum, organ
Lars Ulrik Mortensen, harpsichord
Las artes a lo largo de la historia han tenido un papel fundamental dentro de las culturas y sociedades de todo el mundo, quizá uno de los principales aportes que las artes pueden dar a un grupo social sea la unidad de sus componentes, en éste caso, la música al introducirse al territorio novohispano sirvió como un atrayente para los indígenas ya que ellos también acostumbraban celebrar con música y cantos rituales, la música sirvió primordialmente para la evangelización no agresiva de los indios y negros y para la propagación de los ideales religiosos.
El principal público eran los niños quienes aprendían con facilidad gracias a su curiosidad. Poco después con la construcción de monasterios y capillas, se implantó la educación de oficios y artes para los negros e indígenas y era aquí en donde los frailes misioneros quienes fueron los pioneros de la introducción musical lograron seguir sus misión evangelista. Los frailes de la nueva España aprovecharon el talento y las tradiciones indígenas para crear un sentido de empatía con los indios y la música que ellos enseñarían destinada a armonizar las capillas durante las misas.
En 1523, dos años después de la toma de Tenochtitlan, llegaron a México tres franciscanos: fray Juan de Ayora, fray Juan de Tecto y fray Pedro de Gante quienes en Texcoco fundaron una escuela para indios en la cual se incluyó la enseñanza musical. Poco a poco instruyeron a los indígenas y negros a la fabricación de sus propios instrumentos y se daban lugar los talleres artesanales de instrumentos musicales. Así en su afán por hacer atractiva la religión incluían en la misa a los nuevos adeptos cantando y tocando en las misas como si de una orquesta se tratase, con gran cantidad de instrumentos como flautas, clarines, cornetines, trompetas, jabelas o flautas moriscas, chirimías etc. Las ideas puritanas buscaban la simpleza musical y los obispos y la corona comenzaron a preocuparse por lo que ellos llamaban superficialidad de la música para las misas y para 1561 llegó a la Nueva España una cédula real que dictaba frenar el exceso de música que había en los monasterios.
A pesar de lo anterior, no se siguió la orden ya que la música era el método más efectivo de evangelización de naturales y los monasterios con enseñanza musical fueron aumentando poco a poco y dos monasterios simbólicos para esta enseñanza musical fueron el monasterio de San José de los Naturales y el Imperial Colegio de Indios de Santiago Tlatelolco.
Bajo la enseñanza de los monasterios, los indígenas se convertían en “músicos de canto llano y canto de órgano” pero bajo la vigilancia de obispos europeos que inspeccionaban que el sentido espiritual de la música no se perdiera; y también se convertían en artesanos que no sólo fabricaban los instrumentos, sino que se encargaban de adornarlos ya que como existe en diversos registros de frailes como los de Motolinía, los indígenas poseían un gran talento para las manualidades y las artes plásticas.
(https://www.academia.edu/5807708/LA_MUSICA_BARROCA_EN_MEXICO)
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Música Barroca Mexicana – vol. I
Hernando Franco (Espanha, 1532-México, 1585) 01. Magnificat del V Tono 02. Regína Caeli
Anônimo (séc. XVIII) 03. Sonata en sol mineur
Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha c.1590 – Puebla, México, 1664) 04. Versa est in Luctum
Francisco Lópes Capillas (México, c1605-1674) 05. Adiuva nos Deus
Antonio de Salazar (Sevilha, Espanha c.1650–Cidade do México 1715) 06. O sacrum convivium
Anônimo (séc. XVIII) 07. Sonata en sol Majeur
Francisco Lópes Capillas (México, c1605-1674) 08. In Horrore 09. Tantum ergo 10. Lumen ad revelationem
Anônimo (séc. XVIII) 11. Sonata en sol mineur
Gaspar Fernandes (Portugal, 1566-México,1629) 12. Siempre mi niño que os miro 13. Zagalejo de perlas 14. Naciendo en pajas 15. El que de este pan comiere 16. Si el pan y el vino son dos
Manuel de Sumaya (Manuel de Zumaya) (México, c.1678-1755) 17. Misa en Sol a cinco voces y tenor solista 1. Kyrie 18. Misa en Sol a cinco voces y tenor solista 2. Gloria 19. Misa en Sol a cinco voces y tenor solista 3. Credo 20. Misa en Sol a cinco voces y tenor solista 4. Sanctus 21. Misa en Sol a cinco voces y tenor solista 5. Agnus Dei
Música Barroca Mexicana vol. I – 1996
Cappella Cervantina. Maestro Horacio Franco
Música Barroca Mexicana – vol. II: Esplendor de la Catedral de México
Hernando Franco (Espana, 1532 – Cidade do México, 1585) 01. Misa Brevis a 5: I. Kyrie 02. Misa Brevis a 5: II. Sanctus 03. Misa Brevis a 5: III. Agnus Dei 04. Arbor Decora
Rodrigo de Ceballos (España, c.1525-c.1571) 05. Salve Regina
Anónimo 06. Sonata en Mi Bemol para Flauta y Continuo: I. Largo 07. Sonata en Mi Bemol para Flauta y Continuo: II. Allegro 08. Sonata en Mi Bemol para Flauta y Continuo: III. Alla Francesca 09. Sonata en Mi Bemol para Flauta y Continuo: IV. (Allegro)
Francisco Lópes Capillas (México, c1605-1674) 10. Dixit Dominus 11. Magnificat
Manuel de Sumaya (Manuel de Zumaya) (México, c.1678-1755) 12. Misa de Tercer Tono a 8 con Violines: I. Kyrie 13. Misa de Tercer Tono a 8 con Violines: II. Gloria 14. Misa de Tercer Tono a 8 con Violines: III. Credo 15. Misa de Tercer Tono a 8 con Violines: IV. Sanctus 16. Misa de Tercer Tono a 8 con Violines: V. Agnus Dei
Música Barroca Mexicana vol. II: El Esplendor de la Catedral de México – 1998
Cappella Cervantina. Maestro Horacio Franco
Música de dos mundos El barroco en Europa y América Siglo XVIII
Los americanos siempre hemos oscilado entre el complejo de inferioridad frente a Europa y el complejo de Patoruzú (somos una tierra joven con posibilidades inmediatas ilimitadas). A nuestros ojos, las músicas locales son, ora meramente epigonales, insignificantes apéndices colaterales de la gran tradición europea, ora radicalmente renovadoras, dinamita que hará explotar a las decrépitas formas del viejo continente.
La antítesis civilización-barbarie nos ha marcado a fuego, y solemos optar inconscientemente por el punto de vista de uno o otro de los términos así opuestos. Sólo raramente logramos ver nuestra realidad sin esos anteojos dualistas, para poder percibir la riqueza de los procesos dialécticos que la han conformado y la singularidad de los rasgos resultantes.
El programa de esta grabación apunta a marcar algunos de esos rasgos, dentro de los límites del repertorio musical del barroco. Esta constituido por pares de obras con textos iguales o, al menos, pertenecientes al mismo género. Cada par presenta una obra europea y una americana, o ejecutada en América durante el período colonial.
Las parejas no tienen conexión histórica ni cronológica, puesto que no hemos querido dar una clase de historia: simplemente presentan y contrastan ejemplos característicos. Dentro de un vocabulario y una sintaxis comunes, podemos entonces distinguir algunas de las virtudes y características de la música a ambos lados del Atlántico.
Si las obras europeas brillan por su complejidad, su sutileza en la expresión, y su esmerada construcción formal, las americanas se destacan por su espontaneidad, sus encantadoras melodías, y su genuina despreocupación por la estructura. Elaboradas fugas con reiteradas cadencias marcan y enfatizan el final de la Salve y el Nisi Dominus europeos; sus contrapartes americanas se limitan a evocar los ritmos y climas de los comienzos respectivos y terminan sin decir “agua va”.
El Alma redemptoris vienés enriquece con un contrapunto instrumental de variada figuración el irregular contorno de la melodía vocal, mientras que en el Regina coeli de las misiones bolivianas los instrumentos realzan con su brillo y su ritmo motórico las agradables y simétricas melodías del coro y los solistas. Los cromatismos y vuelos de fantasía del aria de Brentner contrastan con el sereno transcurso de la de Jerusalem. En resumen: elaboración y variedad en el Viejo Mundo, frescura y simplicidad en el Nuevo.
Está en nosotros el saber apreciar las cualidades de ambos.
Leonardo Waisman
Música de dos Mundos: El Barroco en Europa y en América
Juan de Araujo (Villafranca, España, 1646 – Chuquisaca, Bolívia 1712)
01. Villancicos de negros: Los Coflades De La Estleya – Alto Peru
Carlos Patiño (Santa María del Campo Rus, 1600 – Madrid, 1675)
02. Villancicos: No Duermas – España
Jan Josef Ignác Brentner (Checoslovaquia, 1689 – 1742)
03. Arias: Desidero Te – Bohemia
Ignacio de Jerusalem y Stella (Itália, 1707 – Cidade do México, 1769)
04. Arias: Fecit Me Deus – Mexico
Jean-Marie Leclair (Francia, 1697 – 1764)
05. Sonatas: Sonata Op. No.7 – Francia
Padre Martin Schmid (Suiza, 1694-1772)
06. Sonatas: Piezas En Re Menor – Misiones Jesuiticas de Chiquitos
Marco Antonio Ziani (Itália, ca. 1653 – Austria, 1715)
07. Antífonas marianas: Alma Redemptoris Mater III – Austria
Anónimo, ca. 1740 (Padre Martin Schmid ?)
08. Antífonas marianas: Regina Coeli – Misiones Jesuiticas de Chiquitos
Domenico Scarlatti (Nápoles, Reino de Nápoles,1685 – Madrid, Reino de España,1757)
09. Salves: Salve Regina – Italia
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
10. Salves: Salve Regina – Brasil
Anónimo, (Chiquitos, Bolivia, ca. 1740)
11. Salmos: Nisi Dominus (Salmo 127) – Misiones Jesuiticas de Chiquitos
Giovanni Battista Martini (Padre Martini) (Itália, 1706 – 1784)
12. Salmos: Nisi Dominus (Salmo 127) – Italia
Música de dos mundos: El barroco en Europa y América – 1993
Musica Segreta & Ars Viva (Argentina)
Maestro Leonardo Waisman
Apreciei com moderação este álbum de Beata Söderberg. Beata compõe, toca tango, música folclórica escandinava e o que vier pela frente. Mas sua maior especialidade parece ser a composição e interpretação de seus tangos, dos quais já gravou cinco discos. Sua música parece ser crossculture, se esta expressão existe. Apesar de seu grupo ser interpretado por ela e um grupo de músicos argentinos, seu tango é violento e melódico como o heavy metal finlandês. Achei Beatitudes estranho, mas alguns amigos que vieram aqui em casa e que gostam mais do gênero, adoraram ouvi-lo. O CD recebeu muitos prêmios.
Beata Söderberg: Beatitudes (Tangos)
1 Viviana 3:37
2 Temprano 4:43
3 Chicago 3:30
4 Tomoto 4:39
5 Candombeata 6:18
6 Besos 3:52
7 Steinway Street Milonga 3:24
8 Dube 4:34
9 Tango Uno 4:38
10 Un Corazón para Llevar 2:43
11 Variaciones Sobre una Sonrisa 3:41
12 Año Nuevo 6:36
Beata Söderberg: Cello
Juan Esteban Cuacci: Piano
Walter Rios: Bandoneon
Roberto Tormo: Contrabajo
José Luis Colzani: Percusión
Completando a série, Murray Perahia volta com mais quatro concertos, sempre muito bem acompanhado pela Academy of St. Martin of the Fields. Com certeza, uma bela trilha sonora para o final de semana !!!
Enjoy it !!
01. Keyboard Concerto No. 3 in D Major, BWV 1054 – I. (Allegro)
02. Keyboard Concerto No. 3 in D Major, BWV 1054 – II. Adagio e piano sempre
03. Keyboard Concerto No. 3 in D Major, BWV 1054 – III. Allegro
04. Keyboard Concerto No. 5 in F Minor, BWV 1056 – I. (Allegro)
05. Keyboard Concerto No. 5 in F Minor, BWV 1056 – II. Largo
06. Keyboard Concerto No. 5 in F Minor, BWV 1056 – III. Presto
07. Keyboard Concerto No. 6 in F Major, BWV 1057 – I. (without tempo indication)
08. Keyboard Concerto No. 6 in F Major, BWV 1057 -II. Andante
09. Keyboard Concerto No. 6 in F Major, BWV 1057 -III. Allegro assai
10. Keyboard Concerto No. 7 in G Minor, BWV 1058 – I. (Allegro)
11. Keyboard Concerto No. 7 in G Minor, BWV 1058 -II. Andante
12. Keyboard Concerto No. 7 in G Minor, BWV 1058 -III. Allegro assai
Murray Perahia – Conductor & Piano
Academy of St. Martin in the Fields
Meu primeiro contato com Murray Perahia foi com uma fita cassete com a gravação dos Impromptus de Schubert. Depois disso, vieram as magníficas gravações dos concertos de Beethoven com o Haitink, talvez minha gravação favorita destes concertos, e só depois de muito tempo conheci seus Mozarts.
Murray Perahia é um pianista excepcional, com uma profunda sensibilidade musical, e que depois de ‘velho’ resolveu encarar Johann Sebastian. Estas gravações que ora vos trago foram feitas lá no começo do século, 2001, para ser mais exato, e teve o acompanhamento dos ingleses da Academy of St. Martin in the Fields. Reconheço que não seriam os cds que eu levaria para uma ilha deserta, mas eles tem sua qualidade. Como comentei acima, Perahia é um músico muito experiente e com uma profunda sensibilidade musical, mas nestas gravações acho que o respeito pela obra de Bach se sobrepóe a sua real capacidade de intérprete (lembro que ele recém ganhou um prêmio da revista Grammophon por sua recente gravação das Suítes Francesas, do mesmo Johann Sebastian). Sinto-o um tanto tímido. Ou será que é frescura minha, pois estaria viciado em Trevor Pinnock ou Gustav Leonhardt, ou mais recentemente, na excepcional leitura de Pierre Hantai, e portanto não consigo mais entender, ou ouvir, as gravações destas obras com instrumentos modernos?
A decisão está nas mãos, ou ouvidos, dos senhores.
01. Keyboard Concerto No. 1 in D minor, BWV 1052 – I. Allegro
02. Keyboard Concerto No. 1 in D minor, BWV 1052 – II. Adagio
03. Keyboard Concerto No. 1 in D minor, BWV 1052 – III. Allegro
04. Keyboard Concerto No. 2 in E major, BWV 1053 – I. [ ]
05. Keyboard Concerto No. 2 in E major, BWV 1053 – II. Siciliano
06. Keyboard Concerto No. 2 in E major, BWV 1053 – III. Allegro
07. Keyboard Concerto No. 4 in A major, BWV 1055 – I. Allegro
08. Keyboard Concerto No. 4 in A major, BWV 1055 – II. Larghetto
09. Keyboard Concerto No. 4 in A major, BWV 1055 – III. Allegro ma non tanto
Murray Perahia – Piano & Conductor
Academy of St Martin in the Fields
.O I Seminário de Musica Brasileira tem como objetivo proporcionar aos profissionais e estudantes de música, internos e externos à UNESP, o contato com uma amostra significativa do repertório musical brasileiro de diversos períodos e formações, e com importantes trabalhos sobre o assunto, por profissionais da pesquisa e produção cultural no Brasil, que possuem relações acadêmicas com esta universidade. A entrada é franca e serão oferecidos certificados de frequência a cada uma das palestras (com carga horária de duas horas), a serem entregues ao final das mesmas.
Puxa, tanta coisa ainda para postar, e vocês publicam outra gravação dos Concertos de Brandenburgo? Sim, sim, eu sei. Todas versões que foram postadas aqui até agora foram excelentes, e esta do Gardiner pode ser colocada ao lado de todas as outras, sem maiores problemas, graças à excelência dos intérpretes e do seu English Baroque Soloists, com certeza um dos melhores conjuntos barrocos de todos os tempos. Basta ouvir suas gravações postadas aqui até agora. Mas essa gravação tem outro fator a ser considerado: Gardiner nunca tinha gravado esses concertos antes, apesar de os tocar já há mais de 30 anos. E um grande músico sempre consegue mostrar novas opções, destacar detalhes que passaram despercebidos antes. E essas gravações foram realizadas entre janeiro e abril do ano passado. Ou seja, muito recentes. Gosto de todos os concertos, mas os que mais me emocionam ainda são os de Nº 1, 2 (principalmente os solos de trompete), e a loucura total que é o de Nº 5, com aquele solo de cravo. Vi uns holandeses tocando esse concerto e o solista era uma figura muito esquisita, muito magro, cabelos compridos e uns óculos fundo de garrafa imensos. Mas o cara tocava muito, assim como o conjunto que o acompanhava, um misto de brasileiros e holandeses. Então, senhores, aí temos mais uma gravação dos Concertos de Brandenburgo.
Johann Sebastian Bach – Brandenburg Concertos – Gardiner – English Baroque Soloists
Está na cara que não é Bach, mas é parecido, não? É que Buxtehude exerceu grande influência sobre Bach. Em novembro de 1705, Johann Sebastian pediu licença de um mês para ir a Lübeck visitar Bux. Sem grana, caminhou trezentos e vinte quilômetros só para ouvi-lo e aprender alguma coisa. Além desta visita, outros músicos, como Häendel e Matterson, também acorreram a Lübeck com a mesma finalidade. Buxtehude fez um testamento no qual dizia que o organista que se seguisse a ele na Marienkirche deveria se casar com sua filha solteira. Era uma tradição ligada ao organista da igreja. O próprio Buxtehude se casou com a filha mais nova do antigo organista (Franz Tunder). Ele fez tudo para que Bach casasse com sua filha, mas nosso herói simplesmente fugiu. É que já estava de olho em sua prima Maria Barbara. Na Marienkirche de Lübeck, Buxtehude fizera significativas mudanças nas tradições musicais da Igreja, estabelecendo as Abendmusik, eventos que atraíam grande interesse, visitantes e comerciantes para Lübeck. Como organista, representa o auge da tradição alemã (apesar de ele próprio se considerar dinamarquês), exercendo decisiva influência nos músicos da geração subsequente. Bux dava às suas músicas leveza, vida e uma sensação de improviso. É o grande compositor barroco no período entre Heinrich Schütz e J. S. Bach.
Estou sempre 14 dias adiantado em minhas postagens. Então, escrevo esta aqui em 30 de agosto. Hoje faz dois anos que Oliver Sacks morreu. Antes de falecer, muito doente, ele tinha apenas dois prazeres: salmão defumado e Bach. Casualmente, hoje vim para o trabalho ouvindo a Missa em Si Menor, que tantos acham ser a maior das músicas já compostas. A versão de Rudolf Lutz tem tanto ritmo que cheguei aqui com um pouco de dor na mão. Estava discretamente regendo toda a coisa pelo caminho. Só falta o salmão defumado, Oliver.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Missa em Si Menor, BWV 232
I. Missa
Kyrie
1-1 Chor – Kyrie Elesion I 9:24
1-2 Duett (Soprano I, II) – Christe Elesion 4:40
1-3 Chor – Kyrie Elesion II 3:36
Gloria
1-4 Chor – Gloria In Excelsis Deo 1:38
1-5 Chor – Et In Terra Pax 4:38
1-6 Sopran – Laudamus Te 3:56
1-7 Chor – Gratias Agimus Tibi 2:44
1-8 Duett (Sopran, Tenor) Domine Deus 4:03
1-9 Chor – Qui Tollis 2:57
1:10 Alt – Qui Sedes 5:13
1-11 Bass – Quoniam Tu Solus Sanctus 3:37
1-12 Chor – Cum Sancto Spiritu 3:37
II. Symbolum Nicenum
Credo
2-1 Chor – Credo In Unum Deum 2:17
2-2 Chor – Patrem Omniptentem 1:44
2-3 Duett (Sopran, Alt) – Et In Unum Dominum 4:19
2-4 Chor – Et Incarnatus Est 2:47
2-5 Chor – Crucifixus 2:48
2-6 Chor – Et Resurrexit 3:34
2-7 Bass – Et Spiritum Sanctum 4:52
2-8 Chor – Confitebor 4:12
2-9 Chor – Et Expecto 1:56
III. Sanctus
2-10 Chor – Sanctus 2:44
2-11 Chor – Pleni Sunt Coeli 1:58
IV. Osanna, Benedictus, Angus Dei, Dona Nobis Pacem
2-12 Chor – Osanna In Excelsis 2:21
2-13 Tenor – Benedictus 3:34
2-14 Chor – Osanna Repetuar 2:23
2-15 Alt – Agnus Dei 4:40
2-16 Chor – Dona Nobis Pacem
Alto Vocals [Choir] – Damaris Rickhaus*, Dina König, Francisca Näf*, Judith Flury, Katharina Jud, Liliana Lafranchi, Stefan Kahle
Alto Vocals, Soloist – Alex Potter
Bass Vocals [Choir] – Fabrice Hayoz, Martin Schicketanz, Matthias Ebner, Matthias Lutze, Philippe Rayot, Retus Pfister, Tobias Wicky, Valentin Parli
Bass Vocals, Soloist – Klaus Mertens
Choir – Chor Der J.S. Bach Stiftung
Flute [Traverso] – Marc Hantaï, Yifen Chen
Harpsichord – Jörg Andreas Bötticher
Horn [Corno] – Olivier Picon
Oboe – Andreas Helm, Dominik Melichárek, Philipp Wagner (2)
Organ – Nicola Cumer
Soprano Vocals [Choir] – Alexa Vogel, Gunta Smirnova, Guro Hjemli, Jessica Jans, Julia Schiwowa, Lea Scherer, Lia Andres, Linda Loosli, Lisa Weiss (4), Lucy de Butts, Simone Schwark, Sybille Diethelm
Soprano Vocals, Soloist – Julia Doyle
Tenor Vocals [Choir] – Manuel Gerber, Marcel Fässler, Matthias Lüdi, Nicolas Savoy, Sören Richter, Tobias Mäthger
Tenor Vocals, Soloist – Daniel Johannsen
Timpani – Martin Homann
Trombone [Tromba] – Klaus Pfeiffer, Patrick Henrichs, Peter Hasel
Viola – Mariana Doughty, Martina Bischof, Matthias Jäggi, Sarah Krone
Violin – Christine Baumann (2), Christoph Rudolf (2), Dorothee Mühleisen, Elisabeth Kohler, Eva Borhi, Ildikó Sajgó, Lenka Torgersen, Peter Barczi, Petra Melicharek, Sonoko Asabuki
Violin, Concertmistress – Plamena Nikitassova
Violoncello – Bettina Messerschmidt, Daniel Rosin, Maya Amrein
Violone – Alexandra Lechner (2), Markus Bernhard (2) Orchester Der J.S. Bach Stiftung
Rudolf Lutz
Só tem obra prima nestes três CDs que ora vos trago das obras de câmara de Brahms. Começando pelos dois quartetos op. 51, e terminando com o Quinteto op. 34 e com o Quarteto de Cordas op. 88, trata-se de música de altissimo nível, e magnificamente interpretadas. Reconheço que para algumas destas obras minha escolha de intérpretes seria outra, mas pensemos no coletivo. A Deutsche Grammophon sabe bem o que está fazendo quando seleciona o que vai ser apresentado nestes cds, são mais de 100 anos de experiência no mercado fonográfico.
Então vamos ao que viemos.
CD 7
01. String Quartet no.1 in C minor,op.51 no.1 Allegro
02. Romanze. Poco adagio
03. Allegretto molto moderato e commodo
04. Allegro
05. String Quartet no.2 in A minor,op.51 no.2 Allegro non troppo
06. Andante moderato
07. Quasi Minuetto, moderato – Allegretto vivace – Tempo di Minuetto
08. Finale. Allegro non assai
Emerson String Quartet
CD 8
01. String Quartet no.3 in B minor,op.67 Vivace
02. Andante
03. Agitato (Allegretto non troppo)
04. Poco Allegretto con variazioni – Doppio Movimento
Emerson String Quartet
05. Trio for piano,Violin and Horn in E flat major,op,40 Andante
06. Scherzo. Allegro
07. Adagio mesto
08. Finale. Allegro con brio
Norbert Hauptmann – French Horn
Thomas Brandis – Violin
Tamás Vásáry – Piano
CD 9
01. Quintet for piano,2 Violins, Viola and violoncello in F minor,op,34 Allegro non troppo – Poco sostenuto – Tempo I
02. Andante un poco adagio
03. Scherzo. Allegro
04. Finale. Poco sostenuto – Allegro non troppo – Tempo I – Presto non troppo
Emerson String Quartet
Leon Fleischer – Piano
05. String Quartet no.1 in F major,op,88 Allegro non troppo, ma con brio
06. Grave ed appassionato – Allegretto vivace – Tempo I – Presto – Tempo I
07. Allegro energico
Pois bem, após várias solicitações, não apenas do Sander, mas de vários outros de nossos leitores / ouvintes, trago para os senhores a Missa Solemnis. Sempre citando Maynard Solomon, temos a seguinte descrição e detalhes da obra:
“Tal como a primeira missa de Beethoven, a Missa Solemnis, op. 123, foi escrita para uma ocasião específica: destinava-se a celebrar a investidura do arquiduque Rudolph (1788-1831) como arcebispo de Olmütz (na Morávia) em 9 de março de 1820. Rudolph, filho do imperador Leopold II e irmão do imperador Franz era o mais importante dos mecenas de Beethoven desde 1809 em diante, e o beneficiário de nada menos que 15 dedicatórias, incluindo as dos Concertos para Piano nº 4 e 5, o Trio, op 97 (Arquiduque), as Sonatas opp. 106 e 111, e a Grosse Fugue, op. 133.
(…) A Missa tornou-se a paixão absorvente de Beethoven durante quatro anos, substituíndo Fidélio como a grande ‘obra problemática’ de sua carreira; Com efeito, há um sentido em que a Missa Solemnis passou a ser encarada por Beethoven como uma composição talismática, cujo valor para ele era tão grande que – como vimos antes – enveredou por uma série incomum de negociações e manipulações financeiras a respeito de sua publicação, o que lhe custou não poucas amizades e lhe granjeou a desagradável reputação de práticas comerciais desonestas.
(…) Embora possamos estar certos de que Beethoven verteu na Missa Solemnis seus mais profundos sentimentos religiosos, podemos estar certos de que não foi a adesão ao catolicismo que inspirou a obra. Conforme tem sido frequentemente assinalado, a peça nunca esteve inteiramente à vontade na sala de concerto nem na igreja. Em várias ocasiões, Beethoven sugeriu que ela poderia ser executada como “um grande oratório” (…)
(…) Entretanto, deve-se reconhecer também o papel desempenhado pela imaginação produtiva, e, embora existam muitos ‘caminhos novos para velhas ideias’, na Missa Solemnis, sua importância histórica reside predominantemente no modo como, muito mais do que reproduzidas, nela foram remodeladas as tradições da música litúrgica. Isso foi feito praticamente pelo mesmo método que criou a grande música religiosa dos predecessores de Beethoven, de Dufay a Josquin, a Handel e Bach, ou seja, uma recusa em aceitar as formas e linguagens recebidas como modelos eternos, e uma infusão de elementos seculares derivados de estilos musicais não-litúrgicos que ampliaram as possibilidades expressivas da forma, dando origem a novos significados associacionistas que, por seu turno, se embutiram na matriz da gramática musical mais recente.” (SOLOMON, p. 406-411)
Lendo este texto, não pude deixar de concordar quando ele diz que a Missa Solemnis sente-se pouco a vontade se executada numa igreja. Ou seja, Beethoven criou uma nova música sacra que, embora imbuída de profunda religiosidade, não necessariamente pode ser considerada música sacra, nos moldes a que nos acostumamos ao ouvir dos grandes mestres do gênero, como papai Bach, ou Handel. O próprio Beethoven teria escrito que considerava a música a capella o único estilo eclesiástico verdadeiro, “talvez por não desejar que a obra servisse a sua normal função apaziguadora como uma idealização da perpetuidade e imutabilidade da crença (SOLOMON, p. 409-410).
Curiosamente, enquanto escrevo este texto, ouço uma das melhores versões da 9º sinfonia que já tive a oportunidade de ouvir, uma contribuição da Laís Vogel, que está me ajudando entender esta análise tão pormenorizada de Solomon. Em outras palavras, antes o homem que a fé. “A religião permanece constante, só O homem é inconstante”, terie escrito Beethoven a um amigo, discutindo sobre a imortalidade.
Para concluir, basta acrescentar que Beethoven considerava essa Missa a maior obra que compusera até então. Gosto muito da conclusão de Solomon em sua análise desta obra:
“(…) E assim, o conflito em curso entre a fé e a dúvida em Beethoven é revelado na Missa Solemnis. Como Riezler sabia, no “Donna nobis pacem”, com seus sons de discórdia e guerra, e seus angustiados clamores de paz, interior e exterior, Beethoven ‘atrevera-se a permitir que a confusão do mundo exterior invadisse o domínio sagrado da música eclesiastica’. Neste sentido, a Missa Solemnis antevê as questões e dúvidas teológicas – a par da guerra travada entre ciência e religião – que dominariam o campo da batalha intelectual do século XIX.”
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Missa Solemnis, Op. 123 (Herreweghe)
1 – Kyrie 11`55
2 – Gloria 16`59
3 – Credo 17`41
4 – Sanctus 5`16
5 – Benedictus 9`22
6 – Agnus Dei 16`09
Rosa Mannion – Soprano
Birgit Remmert – Contralto
James Taylor – Tenor
Cornelius Hauptmann – baixo
Choir de la Chapelle Royale et du Collegium Vocale
Orchestre des Champs Elysées
Phillipe Herreweghe – Director
Os Sete Pecados Capitais de Weill e Brecht (cujo nome completo é Os Sete Pecados Capitais da Classe Média) é uma obra bastante conhecida e divertida. Nos mostra como a família burguesa foi transformada num núcleo econômico, onde a moral cristã muitas vezes conflita com os interesses e necessidades econômicas.
Como dizem Marx e Engels no Manifesto Comunista:
O palavreado burguês acerca da família e da educação, acerca da relação íntima de pais e filhos, torna-se tanto mais repugnante quanto mais, em consequência da grande indústria, todos os laços de família dos proletários são rasgados e os seus filhos transformados em simples artigos de comércio e instrumentos de trabalho.
Podemos estender isso à classe média, principalmente aquela que está próxima da pobreza mas quer ascender por via de fazer algum dos filhos enriquecer. As relações entre familiares acaba se tornando puramente instrumental e funcional (em função do capital), onde a função dos pais para o filho é prover dinheiro para que a criança/adolescente possa consumir, a função do homem para a família é prover dinheiro para a “sustentação” da casa, e a função da mulher para o lar no geral é realizar todo o trabalho doméstico improdutivo e não remunerado para a manutenção da própria força de trabalho do homem (dar comida e um lar onde ele possa descansar para poder trabalhar no dia seguinte), e da força de trabalho futura (a criança). Dessa forma, todo aquele indivíduo que deixa de exercer sua função econômica no núcleo familiar, acaba por ser descartado. E se se mantém em suas funções, se torna cada vez mais alienado de si.
Kafka percebeu essas relações instrumentais e seus males muito bem e fez uma ótima metáfora em A metamorfose. No romance, um caixeiro viajante de nome Gregor que está cansado de trabalhar para sustentar a família, um dia acorda e sê vê metamorfoseado num inseto. A primeira coisa que pensa Gregor é que se atrasará para o trabalho. Isso demonstra bem duas coisas: o processo de alienação a que ele está submetido pelo trabalho, e a monstruosidade em que ele se torna ao se ver cansado de uma relação alienante a que ele não pode fugir.
Weill tinha bem em mente essa relação quando em Paris, a convite de escrever uma obra para uma companhia de dança, resolve compor a obra. Brecht o ajuda e escreve o libreto. Os sete pecados retratados são pecados do ponto de uma classe específica, a classe média, que verá como pecado qualquer ação que vá contra o objetivo de manter seu padrão de vida e a ordem social em que vive.
Cada movimento representa um pecado diferente, onde Anna (a protagonista), viaja por uma nova cidade. Cada movimento também tem um andamento de dança distinto: valsa, furiant[1], foxtrote[2], shimmy[3], dixieland[4] e tarantella[5]. Essas danças não são ocasionais, mas revelam um tipo de dança presente em cada cidade pelo qual Anna passa (Memphis, Los Angeles, Philadelphia, Boston, Baltimore, San Francisco). Na versão para teatro, o papel de Anna é dividido em dois, onde uma canta e a outra dança. Isso é porque ela tem duas personalidades, onde a “principal” é representada pela Anna boazinha e ingênua (a dançarina), que é quem aparentemente cai nos diversos pecados de cada movimento/cidade/dança. Já a outra Anna (cantora), seu alter ego, é sarcástica e devotada ao seu papel: instigar sua outra personalidade, da forma que for necessária, a prover dinheiro para a família pensando em seu objetivo: construir uma pequena casinha às margens do Mississípi. A divisão entre as duas personalidades poderia ser descrita como o pensamento de um trabalhador e de um burguês, ou o pensamento alienado e a razão instrumental. Ou seja, uma mentalidade que recebe ordem e está sujeita aos “vícios” do tipo de vida que leva, e o outro pensamento que está preocupado com os fins que deve tomar, independentemente de suas consequências sociais, éticas ou morais.
Para ilustrar melhor a história, recomendo a vocês que vejam essa versão feita para TV:
Ficam evidentes os pecados a que a Anna ingênua é tentada: Ter preguiça de ser explorada, ter orgulho de não mostrar seu corpo nu para ganhar dinheiro, ter raiva das injustiças que presencia em Los Angeles, ter a gula de querer comer quando está com fome devido a um regime segundo um contrato, ter a luxuria de preferir amar e dar dinheiro ao homem que ama em vez de vender o corpo ao rico que a paga bem, ter a ganância de não ficar com nenhum dinheiro nem poder amar ninguém e ter a inveja daqueles que não precisam se sujeitar a tudo isso. Graças ao seu sábio alter ego, por sete anos, em sete cidades diferentes, Anna resiste a estes pecados! Do ponto de vista da classe média americana da época, seria totalmente razoável praticar qualquer um desses atos para fazer dinheiro (aceitar um emprego precário lavando louça ou exibindo o corpo em boates, fazer regime para atingir um padrão de beleza, ficar com o homem mais rico em vez daquele a que se ama, ignorar as injustiças sociais que vê na rua diariamente, se contentar com as coisas como elas são, etc.).
Também fica claro para nós o porquê da família ter enviado a Anna para fazer dinheiro e não seus dois irmãos: o corpo de uma mulher jovem e esbelta numa sociedade como a americana do século XX é uma peça de valor comercial, e esse corpo, tão proibitivo no cristianismo, deverá ser profanado das formas mais violentas possíveis pelo mercado, sendo vendido parcial e/ou integralmente das mais diversas formas possíveis.
Essa condição da mulher como mercadoria infelizmente não se limitou apenas ao contexto da classe média americana do século XX, mas foi regra desde pelo menos o século XIX, e ainda perdura em nossos dias. Dizem Marx e Engels no Manifesto:
O burguês vê na mulher um mero instrumento de produção. Ouve dizer que os instrumentos de produção devem ser explorados comunitariamente, e naturalmente não pode pensar senão que a comunidade virá igualmente a ser o destino das mulheres.
Não suspeita que se trata precisamente de suprimir a posição das mulheres como meros instrumentos de produção.
Neste sentido, de suprimir a condição da mulher como meios de produção, é que devemos aproveitar um ano como o nosso, de 2017, onde faz 100 anos da Revolução Russa para pensar a emancipação feminina novamente. Pois foi na Rússia revolucionária onde pela primeira vez na história as mulheres tiveram direito iguais explicitamente declarados na constituição, tiveram direito a igualdade de direitos políticos e sociais no geral. Ao criarem as creches, restaurantes e lavanderias públicas conseguiram socializar o trabalho doméstico o que ajudou a libertar a mulher desse trabalho para que pudesse participar da vida pública tanto quanto o homem. A família passou a ser baseada principalmente no amor livre, e não tanto na dependência econômica. Pelo menos assim se formava a sociedade soviética russa em sua primeira década após a revolução.
—
Trago duas interpretações dessa obra, a principal e mais clássica é feita por Lotte Lenya, que era mulher do próprio Kurt Weill. Talvez pelo fato de conhecer bem as intenções de Weill, ela faz uma interpretação que nos lembra muito as cantoras dos cabaré de Berlim ou Paris, muito populares nos anos 20 e 30. Esse estilo de cabaré (ou kabarett, no original), foi muito utilizado por Weill em suas obras, e falarei mais disso no próximo post. A voz estridente nos parece ligeiramente “vulgar” e nos remete à tudo que havia de mais mundano e profano dos anos 20 e 30. As ironias latentes da própria história – além das diferenças de personalidade – ficam evidentes em na interpretação de Lenya. A outra interpretação é de Gisela May, que embora não saiba ser tão teatral em sua voz, tem um timbre bastante agradável e que dá um tom levemente épico e dramático à história, e que igualmente sabe interpretar as diferentes personalidades em sua voz.
Notas:
[1] Rápida dança em compasso ternário do folclore da Boêmia. (DOURADO, 2004).
[2] Variada e alegre dança norte-americana de salão para casais em compasso binário e às vezes quartenário, surgiu no início do século XX. Originou-se do ragtime e é caracterizado por ritmos sincopados e passos corridos. (DOURADO, 2004).
[3] Dança em compasso binário de negros norte-americanos do início do século XX, guardava semelhanças com o ragtime e tornou-se popular também entre os brancos em shows de cabarés, como as Zigfield follies (Folias de Siegfield). (DOURADO, 2004).
[4] Gênero jazzístico criado por músicos brancos de Nova Orleans cuja execução era caracterizada principalmente por pequenos conjuntos ou combos. De maneira genérica, refere-se ao estilo de jazz inspirado naquele estilo, executado em toda a região sulina e até os dias de hoje cultivado entre aficionados nos EUA e no mundo inteiro. A palavra tem origem na música Dixie, de Daniel Emmett, precursor dos negros ministrels (menestréis negros) norte-americanos, cujo tema foi adotado como verdadeiro hino na Guerra de Secessão. (DOURADO, 2004)
[5] Dança rápida em compasso 6/8 geralmente acompanhada por pandeiro e castanholas, é típica de regiões interioranas da Itália, como Taranto. No século XVII supunha-se que o andamento ágil da tarantela serviria para expulsar os demônios que as tarântulas inoculavam nos corpos de suas vítimas. Na música romântica, foi empregada por compositores como Bottesini, Weber, Liszt, Wieniawski, Glière e Chopin. (DOURADO, 2004).
Bibliografia:
DOURADO, Henrique Autran. Dicionário de termos e expressões da música. – São Paulo: Editora 34, 2004.
HOBSBAWM, Eric J. História Social do Jazz. – São Paulo: Paz e Terra, 2016.
MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista. Edições Avante!. Disponível em: Arquivo Marxista Online.
Kurt Weill (1900-1950): Die sieben Todsünden (Os sete pecados capitais)
CD 1: Lotte Lenya
Die sieben Todsünden (The Seven Deadly Sins)
01 Prolog (Andante sostenuto)
02 Faulheit (Allegro vivace)
03 Stolz (Allegretto, quasi andantino – Schneller Walzer)
04 Zorn (Molto agitato)
05 Völlerei (Largo)
06 Unzucht (Moderato)
07 Habsucht (Allegro giusto)
08 Neid (Allegro non troppo – Alla marcia un poco tenuto)
09 Epilog (Andante sostenuto)
Lotte Lenya
Ernst Poettgen
Fritz Göllnitz
Julius Katona
Sigmund Roth
Die Dreigroschenoper (The Threepenny Opera)
10 Moritat vom Mackie Messer
11 Barbara-Song
12 Seeräuberjenny (Pirate Jenny)
The Rise and Fall of the City of Mahagonny
13 Havana-Lied
14 Alabama Song
15 Denn Wie Man Sich Bettet
Happy End
16 Bilbao-Song
17 Surabaya-Johnny
18 Was die Herren Matrosen sagen (The Sailor’s Tango)
Berlin Requiem
19 Vom ertrunkenen Mädchen (Ballad of the Drowned Girl)
The Silverlake, A Winter’s Tale
20 Lied der Fennimore (I Am a Poor Relative)
21 Cäsars Tod (Ballad of Caesar)
Die sieben Todsünden
01 Die sieben Todsünden – 1. Prolog
02 Die sieben Todsünden – 2. Faulheit (Sloth)
03 Die sieben Todsünden – 3. Stolz (Pride)
04 Die sieben Todsünden – 4. Zorn (Wrath)
05 Die sieben Todsünden – 5. Völlerei (Gluttony)
06 Die sieben Todsünden – 6. Unzucht (Lust)
07 Die sieben Todsünden – 7. Habsucht (Greed)
08 Die sieben Todsünden – 8. Neid (Envy)
09 Die sieben Todsünden – 9. Epilog
Gisela May
Peter Schreier, tenor
Hans-Joachim Rotzsch, tenor
Günther Leib, Barítono
Herman Christian Polster, baixo
Rundfunk-Sinfonie-Orchester Leipzig
Herbert Kegel, regente
Berliner Requiem
10 Vom ertrunkenen Mädchen
Gisela May
Studio-Männerchor
Studio-Orchester
Henry Krtschil, regente
Happy End
11 Surabaya Johnny
12 Bilbao-Song
13 Was die Herren Matrosen sagen
14 Ballade von der Höllen-Lili
Aufstieg und Fall der Stadt Mahagonny
15 Havanna Song
16 Wie man sich bettet, so liegt man
Die Dreigroschenoper
17 Barbara Song
18 Song von der sexuellen Hörigkeit
19 Seeräuber-Jenny
Gisela May
Studio-Orchester
Heinz Rögner, regente
Berliner Requiem
20 Zu Potsdam unter den Eichen
Gisela May
Studio-Orchester
Henry Krtschil, adaptação e regente
Mais um arquivo enviado pela amiga Lais Vogel e um trecho do e-mail enviado a mim por Fernando Monteiro:
Sobre o pianista Arthur Rubinstein, acho que você fez um comentário até justo — embora encarando o profissional do piano muito pelo lado técnico, e esquecendo a, digamos, “biografia” atrás daquelas teclas tocadas com uma certa “nonchalance”, sim, mas que trazia, aqui e ali, um lendário sentimento chopiniano — de época — muito interessante e, mesmo, puro. [Coisa que só se aprendia no século XIX; hoje, as jovens sumidades aprendem e “sabem” mais — porém, como as atrizes, não têm um passado, um “daimon”, uma história longa impregnada de acontecimentos da passagem de século, fantástica, que foi a dezenovesca…
Com isso, que eu quero apenas dizer, lembrar, que uma longa vida, a dele, uma vida longamente vivida (?), isto é, quase aventurosa e cheia, plena, suntuosa demais até, para que eu (que nasci só em 1949, quando Rubinstein já era velho) possa pensar, a respeito dele, com algo sequer parecido com o conforto “crítico” com o qual você encara o artista — uma das grandes figuras do século 20 — um tanto *espaçosamente* e, por sua vez, também não isento de certo “descuido” de quem resolve uma sólida lenda em (quanto?)… dois minutos?*
Beethoven – Concertos Nros. 4 e 5
1 Piano Concerto No. 4 in G major, Op. 58- Allegro moderato.mp3
2 Piano Concerto No. 4 in G major, Op. 58- Andante con moto.mp3
3 Piano Concerto No. 4 in G major, Op. 58- Rondo, Vivace.mp3
4 Piano Concerto No. 5 in E flat major (‘Emperor’), Op. 73- Allegro.mp3
5 Piano Concerto No. 5 in E flat major (‘Emperor’), Op. 73- Adagio un poco moto.mp3
6 Piano Concerto No. 5 in E flat major (‘Emperor’), Op. 73- Rondo, Allegro.mp3
Artur Rubinstein, piano
Boston Symphony Orchestra
Erich Leinsdorf