23º Festival de Música de Juiz de Fora: Georg Philipp Telemann (1681-1767) + J. S. Bach (1685-1750) + Johann Gottlieb Graun (1702-1771) + José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805) Acervo PQPBach

2zrgu3t23º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2012

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

Para este CD, a Orquestra Barroca preparou um programa com obras alemãs do início do século XVIII. Três personalidades : Telemann, Bach e Graun. Todos mostram essa característica marcante da música barroca alemã: a fusão dos estilos italiano e francês – tão díspares quanto mutuamente influentes – expressos através de uma profunda erudição e esmero artesanal.

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A Suite “Hamburger Ebb und Fluth” de G. P. Telemann é comumente chamada de “Música Aquática” por analogia à famosa suíte de Haendel, porém não foi assim batizada pelo seu autor. Ao contrário de Haendel, que compôs uma obra orquestral na qual a única ligação com a água foi a função de sua performance (executada num barco em Londres), a música de Telemann faz analogia à água através de suas ideias musicais. Desde a ouverture, o movimento das águas é sentido nos motivos temáticos da fuga central e da especial combinação de notas longas dos sopros e ritmos acelerados das cordas. As danças que compõem a suíte têm nomes próprios, com figuras da mitologia grega ligadas a água: Tétis, Netuno, Tritão, Éolo e Zéfiro. As alusões são de caráter retórico, e dão uma atmosfera diferente a cada dança, com ideias musicais nada convencionais – como o caso da giga que simula o sobe e desce das marés.

O concerto para violino em lá menor BWV 1041 de J. S. Bach é uma conhecida peça do repertório; é compreensível quando verificamos que esta foi uma das poucas obras do período barroco imortalizadas no cânone violinístico do período romântico, a partir da fundação do Conservatório de Paris, no início do século XIX. Desde então, uma tradição “romantizada” de interpretação desta obra de Bach se instalou de maneira profunda na pedagogia do violino, o que contribuiu para uma considerável distorção de sua visão interpretativa. Aqui, Bach faz uma perfeita imitação da música de A. Vivaldi (que só veio a ser redescoberto no início do século XX): o diálogo entre o violino solista e a orquestra, a técnica de composição do ritornello, os motivos musicais clichês do estilo italiano ostinatto e o cantabile, e a linguagem idiomática do violino, magnificamente mostrado no último movimento.

Por outro lado, Johann Gottlieb Graun é pouco conhecido do grande público, e sua obra menos ainda. Este excelente compositor fez parte de uma geração de artistas que gravitaram em torno de Frederico II, rei da Prússia. Frederico, o Grande, como ficou conhecido, tinha grande apreço pela música – ele próprio era flautista e tinha como tutor musical Quantz e C.P.E. Bach entre seus empregados. Neste seleto ambiente artístico produziu-se música de altíssimo nível e num estilo único, que viria a ser conhecido como escola de Berlim – associada ao gênero galante, ao estilo “sentimental” e ao movimento literário “sturm und drang”. A suite em lá menor para orquestra mostra bem a característica da escola de Berlim, com mudanças bruscas de affetto, passagens concertantes virtuosísticas para os sopros e uma decadente visão das danças em estilo francês.

Para terminar o CD, a obra Tercio de J. J. Emerico Lobo de Mesquita, que possui uma grande importância para o repertório colonial, pelo fato de ser, além de autografada e datada, preservada num manuscrito da partitura geral – ao contrário de tantas outras peças que nos chegaram somente através de partes separadas. A singeleza de Tercio é também emblemática: ela representa bem a produção musical brasileira dessa época, ao mesmo tempo funcional e talentosa, pois soube superar a precariedade evidente do ambiente colonial com uma tocante economia de recursos musicais, sem comprometer a criatividade e a beleza musical.

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Georg Philipp Telemann (Alemanha, 1681-1767)
01. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 1. Ouverture Grave
02. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 2. Saraband. Die schlaffende Thetis
03. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 3. Bourée. Die erwachende Thetis
04. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 4. Loure. Der verliebte Neptune
05. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 5. Gavotte. Spielende Najaden
06. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 6. Harlequinade. Der Schertzende Tritonus
07. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 7. Der stürmende Aeolus
08. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 8. Menuet. Der angenehme Zephir
09. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 9. Gigue. Ebbe und Fluth
10. Suite Wassermusik “Hamburger Ebb’ & Fluth” em dó maior 10. Canarie. Die lustigen Bots Leute
Johann Sebastian Bach (Alemanha 1685-1750)
11. Concerto para violino e orquestra em lá menor, BWV 1041 – 1. Allegro
12. Concerto para violino e orquestra em lá menor, BWV 1041 – 2. Andante
13. Concerto para violino e orquestra em lá menor, BWV 1041 – 3. Allegro assai
Johann Gottlieb Graun (Alemanha, 1702-1771)
14. Suite em lá menor para orquestra 1. Ouverture
15. Suite em lá menor para orquestra 2. Menuet – trio
16. Suite em lá menor para orquestra 3. Duetto
17. Suite em lá menor para orquestra 4. Menuet
18. Suite em lá menor para orquestra 5. Sarabande
19. Suite em lá menor para orquestra 6. Aria I
20. Suite em lá menor para orquestra 7. Aria II
21. Suite em lá menor para orquestra 8. Bourrée
22. Suite em lá menor para orquestra 9. Loure
23. Suite em lá menor para orquestra 10. Chaconne
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
24. Tercio – 1. Difusa est Gratia – Andante Lento
25. Tercio – 2. Padre Nosso
26. Tercio – 3. Ave Maria
27. Tercio – 4. Gloria

23º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juíz de Fora – 2012
Orquestra Barroca
Maestro Luis Otávio Santos
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CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

Boa audição.

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Avicenna

Franz Schubert (1797-1828): Fantasia ‘Wanderer’, D. 760, e Sonata para Piano D. 845 (Pollini)

Franz Schubert (1797-1828): Fantasia ‘Wanderer’, D. 760, e Sonata para Piano D. 845 (Pollini)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Não deixo por menos, este é um dos melhores discos de todos os tempos. E nem é pelo Schumann, mas pela extraordinária e imbatível interpretação da Fantasia Wanderer de Schubert. Que diferença faz a incrível interpretação de Pollini! Ele deixa clara a grandeza da peça. Sobre mim, este álbum tem o mesmo efeito das últimas sonatas para piano de Beethoven, gravadas pelo mesmo Pollini. É música de primeira linha tocada exatamente como se deve fazer. Nestas peças, os outros pianistas, quando comparados com ele, parecem bobos, incapazes de qualquer profundidade. Acho que as três palavras-chave são: profundidade, força e unidade. Ouçam AGORA!

Franz Schubert (1797-1828): Fantasia ‘Wanderer’, D. 760, e Sonata para Piano D. 845

Fantasie C-dur D. 760 (Op. 15) “Wanderer-Fantasie”
Allegro Con Fuoco Ma Non Troppo 6:24
Adagio 6:37
Presto 4:49
Allegro 3:42

Klaviersonate a-moll D. 845 (Op. 42)
Moderato 12:07
Andante Poco Moto 12:08
Scherzo: Allegro Vivace – Trio: Un Poco Piu Lento 6:46
Rondo: Allegro Vivace 5:12

Maurizio Pollini, piano

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Pollini: imbatível.
Pollini: imbatível.

PQP

22º Festival de Música de Juiz de Fora: Jean-Philippe Rameau (1683-1764) + Francesco Geminiani (1687-1762) + José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805): Acervo PQPBach

22%c2%ac%e2%88%ab-festival-internacional-de-mua%cc%83a%cc%8asica-colonial-brasileira-e-mua%cc%83a%cc%8asica-antiga-de-juiz-de-fora22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2011

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

Referida nos catálogos de composições do mulato mineiro José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746?-1805), por Maria da Conceição de Resende Fonseca (n.5) e por Maria Inês Guimarães (n.6), esta obra foi impressa na série Patrimônio Arquivístico – Musical Mineiro (n.3), a partir de sua única fonte conhecida: uma cópia de Hermenegildo José de Sousa Trindade (1806-1887), pertencente à Orquestra Lira Sanjoanense (São João Dei-Rei – MG). Destinada a uma cerimônia religiosa setecentista, seu texto latino invoca a intermediação de Nossa Senhora em nossa conexão com Deus. No Breviário Romano, Beata Mater é a Antífona do Magnificat para as comemorações de Nossa Senhora, mas o compositor utilizou uma versão do texto dividido em duas seções, com o acréscimo da doxologia Gloria Patri, o que lhe confere a incomum estrutura responsorial, talvez indicando algum uso paralitúrgico da obra.

Escrita para quatro vozes, violinos I e II, viola, baixo, trompas I e II, a obra utiliza uma textura homofônica, alternando solos, duos e tutti, como era habitual nos compositores mineiros da segunda metade do século XVIII, porém no Intercede pro nobis ad Dominum, a seção mais longa da peça, o autor emprega um discurso mais desenvolvido, com tendências polifônicas e repetição contínua dessa pequena frase latina. Na doxologia Gloria Patri, que desempenha a função de Verso, o compositor utilizou apenas o duo de soprano e contralto, acompanhado de maneira bastante simples e com o convencional caráter de seção contrastante. Esse Gloria Patri, no entanto, pode ter sido uma inclusão de outro compositor no século XIX, possivelmente o próprio Hermenegildo José de Sousa Trindade, que também acrescentou partes de flauta e clarineta ao conjunto instrumental, partes que não foram utilizadas na edição dessa obra.

Na atualidade, e fora do ambiente litúrgico, obviamente esquecemos a função religiosa que esta composição pode ter desempenhado, ou seja, a função de um elemento que, integrado em um ritual, era capaz de nos religar à vida. Essa religação foi necessária desde que os seres humanos começaram a dividir as tarefas práticas dos seus grupos sociais, há milhares de anos, e a gastar nelas mais tempo e energia do que nos aspectos imateriais da vida, como o pensamento, o sentimento e a vontade. Manifestas em sonhos, medos, tendências psíquicas, angústias e alegrias, por mais que fossem reprimida em nome das tarefas cotidianas, tais particularidades da vida ressurgiam e invadiam o ser humano, além de seu controle. Por isso, foram divinizadas, adoradas como aspectos exteriores ao cotidiano, remetidas para um lugar inacessível acima de nossas cabeças (Céu, Olimpo, Sinai, astros) e denominadas ‘espirituais’ (do latim spiritus, sopro), ou seja, intangíveis, imateriais. Assim, os antigos conceberam o sopro como o portador da vida, capaz, portanto, de expressar-se em som, voz, palavra, nome e música.

Entre os interesses que existem na revitalização da música antiga e na discussão de sua função no presente, estão o contato com um repertório que, séculos atrás, de alguma maneira ajudava o ser humano a se religar aos aspectos imateriais da vida, reprimidos em nome das tarefas cotidianas, além da real possibilidade de que essa música possa nos ajudar a fazer o mesmo na atualidade. Interessante notar que essa função existia não apenas na música feita para os templos, mas também nas sonatas, óperas, concertos e sinfonias, desde que a sociedade leiga assumiu a tarefa de também fazer o que anteriormente apenas as igrejas faziam. Sempre que o ideal de religação foi posto em prática, o belo manifestou-se de alguma maneira e nosso interesse por esse belo pode agora nos proporcionar nova religação. Mas o belo não é produzido pela indústria e nem comprado em lojas, o belo é uma manifestação da vida criadora em nome da própria vida. Apenas consumir esse repertório, em lugar de procurar nele algo realmente belo, é perder a oportunidade de religação e, novamente, separar-se da vida.

Obviamente, uma grande parte da música que precedeu o século XX foi destinada às elites, portanto sem beneficiar a maior parte da população de seu tempo e, conseqüentemente, bela apenas em sua forma e não totalmente em sua função. Mas deixar de usar esse repertório no presente, apenas porque foi vetado à maior parte dos homens do passado é, no mínimo, um desperdício: seria o mesmo que eliminar dos dias atuais a escrita, por ter sido esse o meio de comunicação usado pelas antigas elites para a repressão popular. A vida que necessita cuidado não é mais a do passado, porém a do presente e, para isso, são válidos todos os meios hoje disponíveis, desde que realmente estejam a serviço da vida (de toda a vida) e não mais de sua repressão. Cabe-nos, portanto, recriar o belo, não apenas da forma, mas principalmente de sua função.

Cravista Profa. Beatrice Sterna
Cravista Profa. Beatrice Sterna

A Antífona ou Responsório Beata Mater, de Lobo de Mesquita, pode estar distante de sua função original, mas como toda obra antiga, guarda um resquício de sua beleza, ou de sua capacidade de religação que, por meio da edição contemporânea e de uma interpretação tão sensível e cuidadosa, como a da Orquestra Barroca do XXII Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, pode ser ao menos parcialmente revitalizada, provocando-nos novamente algum efeito de ‘suspensão da cotidianidade’, como a esse fenômeno se referiu Michel Maffesoli.

Ouvir hoje Lobo de Mesquita é tomar contato com um recurso criado para desempenhar uma importante função de religação com a vida, ainda que a ignorância humana tenha somado a essa tarefa a repressão social, o patrulhamento cultural e a ditadura religiosa. Se realmente tivermos a finalidade de fazer no presente esse tipo de conexão com a vida, qualquer meio será válido. E se colocarmos essa intenção na pequena Beata Mater, ela deixa de ser uma mera sequência de notas, uma velha partitura, um agente de repressão, um novo item de catálogo, um recente trabalho ou mais um produto, para se tornar uma oportunidade de contato com a vida que está acima das tarefas repetitivas do nosso cotidiano. Em outras palavras: a mais pura espiritualidade, comum a qualquer cristão, judeu, muçulmano, budista, ateu, músico ou pessoa comum. Ouvir Lobo de Mesquita para religar-se à nossa vida é conectar-se, por meio de Lobo de Mesquita, à vida que há em cada um de nós.

(Paulo Castagna, extraído do encarte)

Orquestra Barroca
Jean-Philippe Rameau (France, 1683-1764)
01. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 1. Ouverture
02. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 2. Premier air
03. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 3. Deuxième air
04. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 4. Premiere air infernal
05. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 5. Deuxième air de furies
06. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 6. Air des Matelots I et II
07. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 7. Rigaudon I et II
08. Suite extraída da ópera “Hypollite et Aricie” 8. Chaconne
09. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 1. Ouverture
10. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 2. Air / Gavotte / Chaconne / Loure / Passepied / Rigaudon
11. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 3. Sarabande
12. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 4. Tambourin
13. Suite extraída do ballet “Pygmalion” 5. Pantomime I et II
Francesco Geminiani (Itália, 1687-Irlanda, 1762)
14. Concerto Grosso em ré menor, nº 3 op. 3 – 1. Adagio e stacatto – allegro
15. Concerto Grosso em ré menor, nº 3 op. 3 – 2. Adagio
16. Concerto Grosso em ré menor, nº 3 op. 3 – 3. Allegro
17. Concerto Grosso em ré menor, nº 4 op. 3 – 1. Largo e stacatto
18. Concerto Grosso em ré menor, nº 4 op. 3 – 2. Allegro – largo – allegro
19. Concerto Grosso em ré menor, nº 4 op. 3 – 3. Vivace
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
20. “Beata Mater”, antífona do Magnificat

22º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2011
Orquestra Barroca, Maestro Luis Otávio Santos

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Um CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

Boa audição.

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Avicenna

21º Festival de Música de Juiz de Fora: Georg Muffat (1653-1704) & J S Bach (1685-1750) & Lobo de Mesquita (1746- 1805): Acervo PQPBach

2805d0621º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2010

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita nasceu na Vila do Príncipe do Serro do Frio ( atual Serro – MC) por volta de 1746, provavelmente filho de um português e de uma escrava africana. Viveu, estudou e compôs várias músicas nessa Vila até 1783, quando se transferiu para o Arraial do Tejuco (atual Diamantina, MG), onde atuou intensamente como professor, organista e compositor. Os últimos anos de sua vida foram menos dedicados à composição e mais à procura de oportunidades profissionais em centros de maior atividade musical: em 1798 mudou-se para Vila Rica (atual Ouro Preto, MG) e, pouco tempo depois, para o Rio de Janeiro, a capital da colônia, onde morreu em 1805, depois de trabalhar por quatro anos como organista na Ordem Terceira do Carmo.

As duas pequenas e preciosas composições de Lobo de Mesquita, selecionadas dentre as mais de cinquenta hoje conhecidas desse autor, são ricamente interpretadas neste CD pela Orquestra Barroca do XXI Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, liderada pelo talentoso e internacionalmente reconhecido Luís Otávio Santos.

Congratulamini mihi, a primeira de suas composições aqui gravadas, é aparentemente um Responsório destinado ao louvor a Nossa Senhora do Carmo, apesar de diferenças estruturais com o Responsório que normalmente integrava suas Matinas. Publiquei esta peça no v.1 da série Patrimônio Arquivístico – Musical Mineiro (PAMM 02), impresso pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais em 2008. A edição, que incluiu a reconstituição das partes de trompas, foi feita a partir do único manuscrito até agora conhecido dessa música (arquivado na Casa de Cultura de Santa Luzia, MG), copiado na primeira metade do século XIX e nunca antes referido nos catálogos de obras de Lobo de Mesquita. É interessante destacar também que esta é a primeira gravação do Congratulamini mihi de Lobo de Mesquita, o que somente reforça a importância desta iniciativa do Centro Cultural Pró- Música e, em particular, de seu diretor artístico Luís Otávio Santos.

Salve Regina é uma Antífona de Nossa Senhora, destinada a várias funções litúrgicas e paralitúrgicas, entre elas as Vésperas e as Missas dominicais. A única edição até agora existente dessa obra foi publicada por Francisco Curt Lange em Mendoza (Argentina) no ano de 1951, a partir do também único manuscrito conhecido (hoje arquivado no Museu da Inconfidência ), copiado em 1787 no Arraial do Tejuco, provavelmente pelo próprio compositor.

Como é freqüente nas composições de Lobo de Mesquita e de seus contemporâneos mineiros, suas obras participaram do estilo europeu do período, apesar da notória simplicidade, de uma certa defasagem cronológica e do “sotaque’ local. Percebemos que sua sonoridade herdou o comedimento da música sacra européia, mas também a dramaticidade da ópera setecentista, nessa época ainda mais preocupada com a beleza musical do que com a sua expressividade ou sentimentalidade, que seriam mais importantes apenas no século XIX. A maestria de Lobo de Mesquita, contudo, fez com que suas obras fossem mais numerosamente preservadas do que as de qualquer outro compositor mineiro do século XVIII.

Para além dos necessários aspectos técnico-musicológicos, no entanto, é sempre interessante perguntar por que damos ou deveríamos dar atenção às obras desse ou de outros compositores que participaram da formação do que é hoje o Brasil, quando o repertório internacional já conta com obras tão exuberantes e tão numerosas de Vivaldi, Bach, Mozart, Haydn e vários outros, para citar apenas autores do século XVIII? É certo que interesses religiosos, nacionalistas, regionalistas e institucionais, embora hoje irrelevantes ou pouco significativos em termos humanos, motivaram várias iniciativas musicais no decorrer do século XX, mas adotar exclusivamente tais motivações, em meio aos desafios bem mais profundos e complexos da atualidade, parece-me enorme falta de criatividade e desinteresse pela vida.

Sabemos que Vivaldi, Bach, Mozart e Haydn produziram muitas obras hoje internacionalmente idolatradas por sua beleza e genialidade, em grau incomparavelmente superior ao de toda a música de seus contemporâneos no Brasil e em todo o continente americano do período. Mesmo reconhecendo sua real e imensa contribuição cultural, é preciso considerar que os citados compositores não foram filhos de escravos africanos, nem mestiços nascidos em uma colônia européia na América, mais destinada à extração e envio de riquezas para a Europa do que à formação de uma sociedade melhor; não foram tratados com devastador preconceito pela sociedade branca da época, que neles viam quase somente seus servidores e não pessoas com necessidades físicas, sociais e espirituais; não tiveram que aprender música europeia fora da Europa e em condições precárias, a partir de pouquíssimos modelos e com os escassos e talvez despreparados mestres, que corajosamente se aventuraram por vilas recém-fundadas, dezenas de milhares de quilômetros distantes dos centros de emanação da cultura branca do período; não enfrentaram a forte competição profissional e a luta pela sobrevivência em meio a condições de vida bem mais desfavoráveis que as do Velho Mundo: nem tiveram a maior parte de suas composições perdidas ou mutiladas e nem impressas dois séculos após sua morte, por musicólogos que enfrentaram a inexistência ou incipiência do ensino musicologico em seus países, que driblaram o pouco interesse do público e da mídia para fazer circular esse tipo de repertório e que obtiveram, com muita dificuldade, os recursos para tal. Se Vivaldi, Bach, Mozart e Haydn tivessem nascido e vivido em Minas Gerais no século XVIII, provavelmente não teriam feito mais do que lá fez Lobo de Mesquita. E suas composições estariam começando a ser divulgadas apenas nas últimas décadas do século XX…

Mais do que compositor de uma religião, de uma instituição, de um país ou de uma de cidade, Lobo de Mesquita é um exemplo humano de criatividade, de adaptação a uma cultura imposta e de superação de condições de vida e de trabalho bastante desfavoráveis. É possível que, além de se perguntar o que ele deveria ser em sua sociedade, o compositor mulato tenha se perguntado o que ele poderia ser apesar dela? Se, para alguns, é o meio que produz o homem, é preciso admitir, diante de casos como este, que muitas vezes o homem supera as limitações impostas pelo meio e atinge resultados imprevistos e surpreendentes. Lobo de Mesquita fez, há duzentos anos, o que poucos de nós conseguiríamos fazer hoje em dia. Por que então, em lugar de diminuir o seu significado ou de julgá-lo a partir da cultura europeia, não poderíamos aprender com ele a superar nossos próprios limites e nossas condições de vida? Não temos garantias de que as religiões, as instituições, os países ou as cidades farão isso por nós.

(Paulo Castagna, extraído do encarte)

Orquestra Barroca
Georg Muffat (Savoy, France, 1653-1704)
01. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 1. Ouverture
02. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 2. Balet
03. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 3. Air
04. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 4. Bourrée
05. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 5. Gigue
06. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 6. Gavotte
07. Suite “Gratitudo” em ré menor, extraída de “Florilegium Primum” 7. Menuet
08. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 1. Grave
09. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 2. Allegro
10. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 3. Grave
11. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 4. Aria
12. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 5. Grave
13. Sonata 2 em sol menor, extraída de “Armonico Tributo” 6. Borea
14. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 1. Ouverture
15. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 2. Balet
16. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 3. Bourrée
17. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 4. Rondeau
18. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 5. Gavotte
19. Suite “Sperantis Gaudia” em sol menor, extraída de “Florilegium Primum” 6. Menuet I et II
20. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 1. Allemanda
21. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 2. Adagio
22. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 3. Fuga
23. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 4. Adagio
24. Sonata 5 em sol Maior, extraída de “Armonico Tributo” 5. Passagaglia Grave
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
25. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 1. Ouverture
26. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 2. Bourrée I et II
27. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 3. Gavotte
28. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 4. Menuet I et II
29. Ouverture (suite) n. 4 em ré Maior, BWV 1069 5. Réjouissance
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
30. Salve Regina
31. Congratulamini mihi

21º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2010
Orquestra Barroca, Maestro Luis Otávio Santos

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Outro CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

Boa audição.

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Avicenna

.: interlúdio :. Alexandre Tharaud – Barbara

.: interlúdio :. Alexandre Tharaud – Barbara

Algo finíssimo. Para este álbum duplo, o pianista Alexandre Tharaud convidou uma série espetacular de artistas convidados para homenagear a cantora e compositora Barbara, que morreu há 20 anos, em novembro de 1997. Ela compartilha um lugar de honra na canção francesa com outros dois ‘B’s’, Jacques Brel e Georges Brassens. Entre os artistas em destaque estão três grandes atores Juliette Binoche, Vanessa Paradis e Jane Birkin. Faz 20 anos que Barbara morreu, com 67 anos, em 24 de novembro de 1997. A ideia de Alexandre Tharaud para este álbum remonta ao dia do seu funeral. Ele, como muitos outros fãs, foi ao cemitério de Bagneux, nos arredores de Paris. Depois que as multidões e as câmeras de TV partiram, um grupo de devotos permaneceu torno da tumba e se juntou em uma interpretação improvisada de suas músicas. “Eu percebi então que Barbara viveria através de nossas vozes”, diz Tharaud. “Eu era jovem, mas o estúdio de gravação já era central na minha vida. Naquela manhã, no Cemitério de Bagneux, prometi fazer um álbum dedicado inteiramente à música de Barbara. Eu precisava de tempo e cantores. Os convidados deste álbum não são aqueles anônimos, mas queridos amigos que invoquei para prestar suas próprias vozes únicas a este tributo”. Para Barbara, Tharaud reuniu artistas de várias gerações e diversos contextos artísticos e culturais. Muitos de seus nomes são bem conhecidos em todo o mundo. Entre eles estão: atriz-cantoras como Juliette Binoche — símbolo sexual maior e absoluto de PQP Bach, a pessoa pela qual ele sente mais tesão no mundo (se eu vejo ela na rua ela nem vai saber de que lado eu cheguei) –, Vanessa Paradis e Jane Birkin; o rock star Radio Elvis; cantores e compositores Bénabar, Juliette, Dominique A, Tim Dup, Jean-Louis Aubert e Albin de la Simone; as cantoras Camélia Jordana, Rokia Traoré, Hindi Zahra e Luz Casal; o ator-diretor Guillaume Gallienne; o violinista Renaud Capuçon, o clarinetista Michel Portal e quarteto de cordas Modigliani. O próprio Alexandre Tharaud toca em quase todas as faixas — não apenas piano, mas também órgãos eletrônicos e teclados, celesta e sinos.

Alexandre Tharaud – Barbara

CD1
01. Pierre (Prelude) [Arr. Tharaud for Piano]
02. Cet Enfant-là (Arr. Tharaud for Piano & String Quartet)
03. Septembre (Arr. Tharaud for Piano)
04. Mes hommes (Arr. Tharaud for Piano, Double Bass & Accordion)
05. Du bout des lèvres (Arr. Tharaud for Piano & Keyboards)
06. Vivant poème (Arr. Tharaud for Piano)
07. Pierre (Arr. Tharaud for Piano, Keyboards, Accordion & Cello)
08. A mourir pour mourir (Arr. Radio Elvis & Tharaud for Guitar, Snare drum, Keyboards and Percussion)
09. Y’aura du monde (Arr. Tharaud for Clarinet, Double Bass & Keyboards)
10. Là-bas (Arr. Tharaud & de la Simone for Piano, Percussion, Keyboards, Bass guitar & Cello)
11. C’est trop tard (Arr. Tharaud for Bass, Horn, Keyboards and Piano)
12. Au bois de Saint-Amand (Arr. Tharaud for Piano & Percussion)
13. Vienne (Arr. Tharaud for Violin & Piano)
14. Say, when will you return? (Dis, quand reviendras tu ?) [Arr. Tharaud for Cello & Piano]
15. Les amis de Monsieur (Arr. Tharaud for Piano)
16. Attendez que ma joie revienne (Arr. Tharaud for Guitar, Double Bass, String Quartet & Piano)
17. Pierre (postlude) [Arr. Tharaud for Piano]

CD2
01. Ô mes théâtres (Arr. Tharaud for Narrator)
02. Valse de Frantz (Arr. Tharaud for Piano)
03. Nantes (Arr. Romanelli & Portal for Clarinet & Accordion)
04. Ce Matin-là (Arr. Tharaud for Clarinet, String Quartet & Piano)
05. Le Bel âge (Arr. Tharaud for Accordion & Piano)
06. Plus rien (Arr. Tharaud for Piano)
07. Rémusat (Arr. Romanelli for Accordion)
08. J’ai tué l’amour (Arr. Tharaud for Piano)
09. Ma plus belle histoire d’amour (Arr. Tharaud for Clarinet & Piano)

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Juliette Binoche e Alexandre Tharaud: eu ainda mato esse cara
Juliette Binoche e Alexandre Tharaud: eu ainda mato esse cara

PQP

20º Festival de Música de Juiz de Fora: Jean-Fèry Rebel (1666-1747) + Jean-Philippe Rameau (1683-1764) + Jerônimo de Souza “Queiroz” (fl. 1721-1826) (Acervo PQPBach)

20º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2009

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

Estas pequenas, porém expressivas peças foram compostas por Jerônimo de Sousa, nome genérico utilizado por pelo menos dois compositores de Vila Rica (antiga Ouro Preto): Jerônimo de Sousa Lobo Lisboa e Jerônimo Sousa Lobo Queirós, que floresceram entre 1746 e 1826. Foram editadas no v.2 da série Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro (PAMM 10 e 11), publicada pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais em 2008.

Salve Regina é uma Antífona de Nossa Senhora, destinada a várias funções litúrgicas e paralitúrgicas, entre elas as Vésperas e as Missas dominicais, enquanto Vide Domine, quoniam tribulor foi escrito para o Setenário das Dores, função celebrada durante sete dias, nos quais eram rememoradas cada uma das “dores” de Nossa Senhora, que correspondem a passagens particularmente sofridas de sua vida. As duas composições aparecem isoladas em várias cópias mineiras, porém associadas em sua principal fonte, um pequeno e belo manuscrito de meados do século XIX, pertencente à Casa de Cultura de Santa Luzia (MG).

As duas peças são homofônicas e sem solos, com freqüente ornamentação e intensasnfoz5 movimentação dos violinos. Na antífona Salve Regina alternam-se tutti e duos de contralto e tenor, acompanhados por uma rica figuração no violino I e freqüentes acordes arpejados, notas rebatidas e baixos de Alberti. É comum, em toda a obra, a terminação feminina nas cadências, típica das melodias de modinhas luso-brasileiras da transição do século XVIII para o XIX.

Na antífona Vide Domine, quoniam tribulor, música bem mais difundida em manuscritos mineiros que a obra precedente, alternam-se duos, trios e quartetos, utilizando-se uma textura diferente a cada uma das frases ou segmentos do texto literário, possivelmente com a função de ressaltar seu significado e seu caráter melancólico. O autor explora de maneira sensível a forma poética do texto, dividindo-o em dois blocos (Vide Domine e Quoniam amaritudine) e separando-os com três compassos destinados exclusivamente às cordas. Para dar maior força expressiva ao versículo, Jerônimo de Sousa apresenta o texto completo duas vezes, a primeira em uma seção em Mi bemol maior e a segunda em Fá menor, ambas com o mesmo material temático e sempre terminando na dominante da seção seguinte. Um trecho final de três compassos sobre a repetição da frase Et domini mors similis est leva a tonalidade novamente para Mi bemol maior.

qnk7piEm nenhuma das fontes conhecidas destas duas obras existem partes de trompas, mas são freqüentes as partes de flautas I e II, cuja composição por Jerônimo de Sousa é discutível e, por isso, estão ausentes na presente gravação. Difícil, no entanto, é precisar a época na qual foram compostas. Seu estilo distancia-se das obras de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746?-1805), porém aproxima-se das de João de Deus de Castro Lobo (1794-1832), o que pode nos proporcionar uma certa idéia de quando foram idealizadas. Talvez sejam composições da década de 1810 ou 1820, um período de particular exuberância da música sacra mineira.

A rica interpretação que aqui se ouve valoriza a beleza destas pequenas composições, representantes de uma fase de intensa criatividade na música sacra mineira e brasileira. Seu estilo, de inegável origem europeia, não visava diferenciar a música escrita na América daquela produzida no Velho Mundo, ainda que certos “sotaques” possam ser identificados. Seu valor não está na busca dessa diferença, concepção hoje considerada praticamente irrelevante, mas sim na idéia de que os cristãos entendiam-se como iguais em qualquer lugar do mundo. Talvez seja esse o maior mérito daqueles que, em lugar de invadir terras anteriormente habitadas, enriquecer-se com elas, explorar o trabalho escravo e esgotar os recursos minerais em benefício de uma minoria local e de potências internacionais, dedicaram suas vidas à arte e à contemplação espiritual. Somos capazes disso no presente?

(Prof. Paulo Castanha, extraído do encarte)

20º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
Jean-Fèry Rebel (France, 1666-1747)
01. La Fantasie: introduction: airs et batteries de tambours par M. Philidor
Jean-Philippe Rameau (France, 1683-1764)
02. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 1. Ouverture
03. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 2. Gracieusiment
04. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 3. Musette
05. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 4. Air grave pour deux polonais
06. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 5. Menuets I et II
07. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 6. Tonnerre (extraído de “Hippolyte et Aricie”)
08. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 7. Air grave pour deux guerriers
09. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 8. Air pour les esclaves africains
10. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 9. Tambourin I et II
11. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 10. Prèlude pour l’adoration du Soleil
12. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 11. Air des Incas du Perou pour la dévotion du Soleil
13. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 12. Gavottes I e II
14. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 13. Entrée (extraído de “Les Borèades”)
15. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 14. Air pour les fleurs
16. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 15. Les sauvages
17. Les Indes Galantes, suite para orquestra: 16. Chaconne
Jerônimo de Souza “Queiroz” (Vila Rica, fl. 1721-1826)
18. Salve Regina (Edição Paulo Castagna)
19. Vide Domine, quoniam tribulor (Edição Paulo Castagna)

20º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2009
Orquestra Barroca
Regência: Luis Otávio Santos

Outro CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

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Boa audição.

fazendo arte

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

19º Festival de Música de Juiz de Fora: Mozart (1756-1791) + Neukomm (1778-1858): Acervo PQPBach

2rgjmkk19º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2008

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

Passado e Presente em Sintonia

A Orquestra Barroca do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora é o carro-chefe do principal evento promovido pelo Centro Cultural Pró Música. Para a décima nona edição do Festival, que reúne anualmente renomados artistas e pesquisadores na área, a Orquestra Barroca registra no seu nono CD a importante data de comemoração dos 200 anos da transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil. A vinda da Corte para o Rio de Janeiro, em 1808, foi decisiva para o avanço das artes no Brasil. Em pouco tempo, muitos parâmetros culturais, oriundos da velha tradição europeia, se somaram aos já existentes traços da nossa cultura colonial. Para a vida musical brasileira, isso representou uma nova etapa histórica. Inúmeros músicos profissionais europeus se transferiram para o Brasil, trazendo uma bagagem artística muito mais sólida, contribuindo para um notável aumento na qualidade da música que passou a ser executada e criada em solo brasileiro.

Um bom exemplo disso é a música que Padre José Maurício compôs para a então recém criada Capela Real, que possuiu um efetivo de músicos de quantidade e qualidade sem precedentes até então no Brasil. É também dessa época crucial da nossa História a peça que a Orquestra Barroca registra pela primeira vez em CD, executada com instrumentos de época: a Sinfonie a Grand Orchestre do compositor austríaco Sigismund Neukomm. Possivelmente estamos tratando da primeira sinfonia dentro dos cânones clássicos estabelecidos pela escola norte-europeia de Haydn, Mozart e Beethoven composta no Brasil. Na sua breve passagem pelo Brasil, Neukomm compôs várias obras, algumas inclusive procurando assimilar a inventividade musical que ele aqui encontrou, como a modinha, por exemplo. Contudo, a Sinfonie é, na sua invenção, totalmente austríaca. E o fôlego que ela exige da orquestra se compara a outras grandes obras compostas nesse período na Europa.

2lveirmA Orquestra Barroca sempre procurou nos seus CDs confrontar o repertório europeu e o brasileiro, vistos sob a luz da interpretação histórica. Com isso, o CD deste ano vem com uma proposta singular, diferente: ao lado da Sinfonia Haffner de Mozart, a Orquestra Barroca traz uma obra também europeia, mas de um compositor que muito contribuiu para a construção de um novo gosto musical aqui no Brasil. Portanto, levando isso em consideração, ao lado da bagagem cultural que a Família Real presenteou à vida brasileira desde a sua chegada, pode-se dizer, e com muita propriedade, que a Sinfonie (datada : Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1820) faz parte, sim, do nosso patrimônio artístico brasileiro.

Orquestra Barroca
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)
01. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – I. Allegro con spirito
02. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – II. Andante


03. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – III. Minuetto
04. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – IV. Presto
Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858)
05. Sinfonia para grande orquestra, E bemol – I. Andante maestoso – Allegro
06. Sinfonia para grande orquestra, E Bemol – II. Minuetto
07. Sinfonia para grande orquestra, E Bemol – III. (sem indicacao)
08. Sinfonia para grande orquestra, E Bemol – IV. Allegro

19º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2008
Orquestra Barroca, Maestro Luis Otávio Santos
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Mais um CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

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o6y1ko

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Francis Poulenc (1899-1963): Works for Piano Solo & Duo

Francis Poulenc (1899-1963): Works for Piano Solo & Duo

Lucille e Alessio são casados. Normalmente gravam em duo, mas neste disco o foco ficou em Lucille. O casal só aparece lá no final do disco, na Sonata a 4 Mãos e no Concerto para Dois Pianos. As Improvisations e Novelettes gravadas aqui parecem conjuntos, mas ambos os grupos foram compostos durante longos períodos de tempo. As improvisações abrangem mais de 25 anos. Isso mostra a notável consistência da obra de Poulenc, que mostrou algumas mudanças temáticas (por exemplo, na direção da música religiosa), mas geralmente tendia sempre a aprofundar em vez de mudar de direção. Lucille Chung captura muito bem o espírito leve e ousado de Poulenc. Ela é elegante, suave e sintonizada com inteligência sutil do compositor. Tenho absoluta certeza de que Poulenc teria adorado suas performances.

Francis Poulenc (1899-1963): Works for Piano Solo & Duo

15 Improvisations
1 No. 1 in B minor 1:35
2 No. 2 in A-Flat Major 1:36
3 No. 3 in B minor 1:36
4 No. 4 in A-Flat Major 1:30
5 No. 5 in A Minor 1:44
6 No. 6 in B-Flat Major 1:34
7 No. 7 in C Major 2:44
8 No. 8 in A Minor 1:35
9 No. 9 in D Major 1:29
10 No. 10 in F Major, “Eloge des gammes” 2:11
11 No. 11 in G Minor 0:51
12 No. 12 in E-Flat Major, “Hommage à Schubert” 2:10
13 No. 13 in A Minor 2:23
14 No. 14 in D-Flat Major 1:28
15 No. 15 in C Minor, “Hommage à Edith Piaf” 3:22

3 Novelettes
16 Novelette in C Major 2:42
17 Novelette in B-Flat Minor 2:01
18 Novelette sur un thème de Manuel de Falla 2:40

Sonata for Four Hands
19 I. Prelude 2:01
20 II. Rustique 1:47
21 III. Final 1:57

22 L’embarquement pour Cythère 2:16

Concerto in D Minor for Two Pianos
23 I. Allegro ma non troppo 7:30
24 II. Larghetto 5:23
25 III. Finale 5:55

Lucille Chung, piano
Alessio Bax, piano

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Larga a Lucille, Alessio
Larga a Lucille, Alessio

PQP

18º Festival de Música de Juiz de Fora: Franz Joseph Haydn (1732-1809) + C.P.E. Bach (1714-1788) + Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) – Acervo PQPBach

261k8jo18º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2007

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

Uma celebração especial

Esta postagem tem o objetivo especial de celebrar o retorno do mais completo website sobre a vida e obra do Pe. José Maurício Nunes Garcia, que ficou 2 anos fora do ar. Devemos essa obra prima a Antonio Campos Monteiro Neto, que dedicou 2 anos para remontar e atualizar o site.

Nao deixe de visitar. IM-PER-DÍ-VEL!!!
http://www.josemauricio.com.br/

Palhinha: ouçam 08. Abertura em Ré Maior

Franz Joseph Haydn  (1732-1809)
01. Sinfonia em Ré Maior, Hob. 104 “Londres”, Adagio – Allegro
02. Sinfonia em Ré Maior, Hob. 104 “Londres”, Andante
03. Sinfonia em Ré Maior, Hob. 104 “Londres”, Menuet
04. Sinfonia em Ré Maior, Hob. 104 “Londres”, Finale – Spiritoso
C.P.E. Bach (1714-1788)
05. Sinfonia em Ré Maior Wt 183, Allegro di Molto
06. Sinfonia em Ré Maior Wt 183, Largo
07. Sinfonia em Ré Maior Wt 183, Presto

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
08. Abertura em Ré Maior
09. Sinfonia Fúnebre (1790)
10. Ouverture “Que Expressa Relâmpagos e Trovoadas”

18° Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2007
Orquestra Barroca
Regente: Luis Otávio Santos

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memoria

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Boa audição.

de surpresas

Avicenna

17º Festival de Música de Juiz de Fora: Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) + Pe. João de Deus de Castro Lobo (1794-1832) + João de Sousa Carvalho (1745-1799) – Acervo PQPBach

10nexol17º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2006

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

Após vários anos trazendo ao público brasileiro diversas obras – primas do barroco europeu (já consolidado como uma singular e pioneira contribuição para a discografia brasileira) e do começo da nossa música colonial, o Festival trouxe uma novidade, mais uma vez com o que de novo nada tem: a obra de W.A.Mozart. A novidade aqui em questão é forma como ela foi executada, graças ao alicerce que o Festival ao longo de 17 anos soube construir. Ao comemorar os 250 anos de nascimento do grande gênio, a Orquestra Barroca interpretou sinfonias do compositor com o instrumentarium da época (instrumentos clássicos com afinação 430hz), com suas respectivas técnicas interpretativas historicamente orientadas, na primeira produção brasileira do gênero. (extraído do encarte)

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)
01. Sinfonia no. 34, em dó menor, K. 338 – I. Allegro vivace
02. Sinfonia no. 34, em dó menor, K. 338 – II. Andante, di molto piu tosto allegretto
03. Sinfonia no. 34, em dó menor, K. 338 – III. Allegro vivace
04. Sinfonia no. 38, em ré maior, K. 504, “Praga” – I. Adagio – Allegro
05. Sinfonia no. 38, em ré maior, K. 504, “Praga” – II. Andante
06. Sinfonia no. 38, em ré maior, K. 504, “Praga” – III. Presto
Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
07. Abertura em Ré Maior
João de Sousa Carvalho (Estremoz, 1745 – Alentejo, 1799)
08. Abertura de L’Amore Industrioso

17° Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2006
Orquestra Barroca. Maestro Luis Otávio Santos
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Boa audição.

- by Sergey Ivchenko
– by Sergey Ivchenko

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

.: interlúdio :. Klezmokum ‎– ReJew-Venation (1998)

.: interlúdio :. Klezmokum ‎– ReJew-Venation (1998)

O Klezmokum é um grupo Klezmer holandês que mistura jazz contemporâneo com música sefardita. É uma mistureca braba. .

O Klezmer (do iídicheכּלי־זמיר , através do hebraico kèléy zemer, כלי זמר, “instrumentos musicais”) é um gênero de música não-litúrgica judaica, desenvolvido a partir do século XV pelos asquenazes.

A princípio a palavra klezmer (plural klezmorim) designava apenas os instrumentos musicais, sendo posteriormente estendida aos próprios músicos – estes vistos com pouco apreço pois em geral não sabiam ler música e portanto, tocavam melodias de ouvido. Somente na segunda metade do século XX klezmer passou a identificar um gênero, antes referido simplesmente como música yiddish .

Apesar de viver em stheitls (guetos judaicos) na Polônia, Romênia, Bulgária, Hungria etc., os klezmorim, quase sempre músicos amadores, absorveram a cultura local, com forte influência cigana, e constituíram a base da cultura musical iídiche. Formavam grupos itinerantes que tocavam em festas judaicas – casamentos e outras celebrações – um repertório basicamente feito para danças em grupo ou entre casais.

Na formação dos primeiros grupos, predominavam os instrumentos de cordas, sobretudo o violino que há séculos tem sido o instrumento protagonista entre os músicos judeus. O lema dos klezmorim era “Shpil, klezmer, biz di strunes plotsn dir” (“Toca Klezmer, até as cordas dos violinos se partirem!”). Era acompanhado por um címbalo, um contrabaixo ou umcello), usando-se eventualmente uma flauta. A partir do século XIX, com o surgimento das bandas militares, foram sendo adicionados instrumentos de sopro (clarinete, saxofone e trompete) e de percussão. No século XX, nos primórdios da indústria fonográfica, era mais difícil gravar instrumentos de cordas do que instrumentos de sopro – o que reforçou o papel destes últimos nas formações de klezmer. Actualmente o clarinete é usado para a melodia e são frequentes os ensembles de metais. O papel do baixo é muitas vezes desempenhado pela tuba ou sousafone e a percussão tem-se tornado cada vez mais importante.

No século XX, quando os judeus deixaram a Europa Oriental e os shtetls, o klezmer difundiu-se no mundo, especialmente nos Estados Unidos, influenciando importantes compositores, como Gershwin, Leonard Bernstein e Aaron Copland. De fato a música Klezmer reinventou-se nos EUA. Ali fundaram-se mesmo escolas voltadas para a aprendizagem da música Klezmer.

A maior parte do repertório é constituída de danças para casamentos e outras celebrações judaicas, como o Bar Mitzvah. A música tinha que se enquadrar no acontecimento solene e ao mesmo tempo incitar os convidados a dançar no fim da cerimónia religiosa. No entanto, apesar de ter a sua origem nas cerimónias de casamento, klezmer nunca foi só para dançar mas também para ouvir durante o banquete.

As gravações mais antigas de que se tem notícia são as quatro Romanian Fantasies executadas pelo violinista Josef Solinski entre 1907 e 1908. Os Klezmatics basearam-se nas mesmas para a composição “Romanian Fantasy” no álbum “Jews with Horns”. Ao longo dos séculos XIX e XX transformou-se, ganhando virtuosismo e sofisticação. Em 1925 foi criado o YIVO – Institute for Jews Research. Mais tarde, Henry Sapoznik criou em Nova Iorque o Archive of Recorded Sound, inserido nesta instituição. Recolheu e catalogou antigas gravações numa série de compilações. 1

Nos anos 1970 houve um ressurgimento protagonizado por artistas como: Giora Feidman, Zev Feldman, Andy Statman, The Klezmorin, The Klezmer Conservatory Band e Henry Sapoznick.

Na década de 1980 deu-se um segundo revival, com artistas como Joel Rubin, Budowitz, Khevrisa, Di Naye Kapelye, Alicia Svigals e The Chicago Klezmer Ensemble.

Klezmokum ‎– ReJew-Venation (1998)

1 Atesh Tanz Traditional 3:42
2 Russian Cher #5/Sherele Traditional 5:50
3 Y’did Nefesh 5:52
4 Doina in G Major/Old Klezmer Dance 8:13
5 Shir Hashomer 6:20
6 El Rey Por Muncha Madruga 4:35
7 Hora Maré Traditional 5:04
8 Shoror Traditional 6:11
9 Adonai Melech/Hodu l’Adonai Traditional 8:21
10 Los Kaminos de Sirkidji Traditional 4:50
11 Desert Dance (Larry Fishkind) 5:29
12 Nevalah (John Zorn) 7:07

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Klezmokum
Klezmokum

PQP

.:interlúdio:. Astor Piazzolla – “The Roug Dancer and the Cyclical Night” (Tango Apasionado).

.:interlúdio:. Astor Piazzolla – “The Roug Dancer and the Cyclical Night” (Tango Apasionado).

Confissões de um Piazzóllatra Anônimo: Com esta postagem imagino que fica bem clara a minha condição de viciado, junky, em Piazzolla; como diria Augusto dos Anjos, “como o ébrio ama a garrafa tóxica de rum”, naufrago na dipsomania da música de Astor. Porque me faz bem? longe disso, é como 15 rounds contra Cassius Clay! Masoquismo musical? Talvez, se é que algum maluco psicanalista freudiano descobriu essa anomalia. Me recordo de algo que escreveu o acerbo-cômico filósofo romeno Cioran: “Com as tuas veias repletas de noites jazes como um epitáfio em meio a um circo”. É por aí a minha relação com essa música dilacerante e este texto assume um tom confessional: Sim, de viciado, que ao três anos descobriu o paraíso artificial da garrafa de Maracujina que ficava em um móvel ao meu alcance; e que ingeria goma-arábica e cabeças de palitos de fósforo… Triste sina a de um drogado. E que mais tarde, achando-se salvo do abismo, se depara com um bandoneón lancinante, capitoso, hipnótico, deletério… Sou mesmo o que Billy Wilder chamaria de Farrapo Humano. É fácil para os que não são afetados pela isca da beleza. Ah, a beleza! Nos estupores opiáticos das milongas me ressoam as linhas de Baudelaire, seu soneto à beleza ‘La Beauté’: “Eu sou bela, ó mortais! como um sonho de pedra.” Ou ainda, do mesmo vate boêmio curtido em absinto e papoulas, o seu Hino à Beleza: “Vens tu do céu profundo ou sais do precipício, Beleza? Teu olhar, divino porém daninho, Doidamente verte o bem e o malefício, E podemos por isso comparar-te ao vinho!” Eis que em meu socorro, para justificar meu fado, me vêm as palavras do grande Wilde: “A beleza é uma forma da genialidade, aliás, é superior à genialidade na medida em que não precisa de comentário. Ela é um dos grandes fatos do mundo, assim como a luz do Sol, ou a primavera, ou a miragem na água escura daquela concha de prata que chamamos de lua. Não pode ser interrogada, é soberana por direito divino.” Voilà! Non, rien de rien, non, je ne regrette rien! Não me arrependo de nada e vou afundar os dois pés na jaca, chafurdar no lodo de conhaque e mirra da música de Piazzolla até a consumação dos séculos. Ufa! O que cachaça não faz! Este é mais um disco lindo, impactante, como tantos outros de Astor, porém me parece que traz peculiaridades, com um destaque para o fenomenal músico cubano Paquito d’Rivera, que participa da gravação! A obra foi composta para um espetáculo idealizado e dirigido pela coreógrafa argentina Graciela Daniele em NY. Por mais que pesquisasse não encontrei o enredo da peça. Sei que o disco traz dois títulos: “O dançarino rude e a noite cíclica” e “Tango Apaixonado”. Não saber da temática é até melhor, pois ouvir a música nos leva a impressões talvez mais interessantes do que seria a trama do espetáculo. A mim, à parte todos os elementos piazzolescos contidos no disco, me sabe também a uma melancolia circense; algo Felliniano. Quem viu a sua joia “Ginger e Fred” (que filme, meu Deus!) saberá o que estou tentando expressar; ou o excelente filme do Patrice Leconte, recentemente lançado em DVD, “A mulher e o atirador de facas” – La Fille sur le Pont; que recomendo vivamente. Algo também do final de “O Circo” de Chaplin, enfim.

Astor Piazzola, por Pablo Morales de los Rios.
Astor Piazzolla, por Pablo Morales de los Rios.

Discorremos muito sobre Astor nas postagens anteriores e sempre há o que se falar. Só para acrescentar, Astor adorava pescar tubarões. O Cavaleiro Negro do Bandonéon compôs uma ode a isso – ‘Escualo’, que dedicou ao seu digníssimo escudeiro Fernando Suarez Paz, o magnífico violinista. Disse-lhe que era uma obra que lhe dedicava com amor. Paz, numa entrevista, ironiza dizendo que a dificuldade da peça não é nada amorosa (risos). Esta obra não vai aqui, ficará para outra postagem. Mais outra?! Prometo largar o vício! Chega de tanta beleza. Só pode fazer mal. Mas, amigos, lhes garanto: Piazzolla não dá ressaca. É whisky de fina cepa; Bourbon de primeira linha; ou Falerno, se assim preferirem – ou ainda cachaça mineira da mais nobre estirpe. Hélas! Eis que retorno trôpego à pipa de Baudelaire! Como dizia o nosso poeta pernambucano Antônio Maria: “Ninguem me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire.” Embriagai-vos!:

2ica45g“É preciso estar sempre embriagado. Eis tudo! Eis a única questão! Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que vos parte os ombros e vos dobra para o chão é preciso embriagar-se sem piedade. Mas de que? De vinho, de poesia, de virtude, como preferirdes! Mas embriagai-vos. E se por vezes, nos degraus de um palácio, na relva verde de uma vala, na solitude melancólica da vossa alcova, despertais com a embriaguez já evolada ou desaparecida, indaga ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que se vai, a tudo o que geme, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala; indaga que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio vos dirão: “É hora de embriagar-se! Para não ser o cativo mártir do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem termo! De vinho, de poesia, de virtude, como quiserdes!” (Caricatura – Charles Baudelaire, por Jeff Stahl)

Gostaria de oferecer esta postagem ao amigo escritor, professor, cineasta e colega de trompete e de copo Gabriel Lopes Pontes.

“The Roug Dancer and the Cyclical Night” (Tango Apasionado).

Astor Piazzolla – Bandoneón
Fernando Suarez Paz – Violino
Paquito d’Rivera – Clarineta e Sax alto
Rodolfo Alchourron – Guitar
Pablo Ziegler – Piano
Andy Gonzalez – Bass
Gravado em Radio City Studio, A & R Studio e Sorcerer Studio, Nova York; agosto e setembro de 1987.

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Wellbach

16º Festival de Música de Juiz de Fora: Jean-Féry Rebel (1666-1747) + J. S. Bach (1685-1750) + José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805) + Francesco Durante (1684-1755) + Pedro Antonio Avondano (1714-1782) + Florêncio José Ferreira Coutinho (1750-1819) (Acervo PQP)

16%c2%ac%e2%88%9e-festival-internacional-de-mua%cc%83a%cc%8asica-colonial-brasileira-e-mua%cc%83a%cc%8asica-antiga-de-juiz-de-fora16º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2005

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

A Criação do Universo. Do Big-Bang ao rouxinol. Única e extravagante. Imperdível!!!

 

O CD1 contém a Cantata BWV 66 “Erfrent euch, ihs Herzen”, mais uma pérola de beleza e perfeição de Bach.

Entretanto, é a obra do seu obscuro vizinho francês que demanda maiores informações neste texto. Jean-Féry Rebel foi discípulo de Jean-Baptiste Lully, figura máxima da música nos tempos de Luís XIV. Dele, Rebel herdou a influência predominante que a música de dança teve na corte francesa e grande parte da obra de Rebel são peças coreográficas independentes, um detalhe incomum para a época, onde o ballet era um dos indivisíveis componentes da ópera francesa. Sua última obra, contudo, é a mais chocante. “Les Élémens” (1737) é uma obra única e extravagante, onde o compositor retrata a criação do universo. Sua invenção é futurista não somente no aspecto musical (uso abusivo de dissonância e desordem na construção da abertura, intitulada “o caos”), mas também na sua cosmogonia: depois do “big-bang” inicial, os quatro elementos Terra (longas e repetidas notas dos baixos), Fogo (rapidíssimas figurações dos violinos), Água (linhas fluidas e desconectadas das flautas) e Ar (agudíssimos trinados dos pícolos) buscam a ordem entre sí, que só será encontrada no fim da peça, seguida de uma tradicional suite de danças em estilo francês.

Palhinha: ouça 01. Les Élémens, ballet – 1. Le Cahos

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O CD2 é dedicado ao maior expoente da escola colonial mineira, J. J. Emerico Lobo de Mesquita, com uma de suas mais aclamadas obras: a Missa em Fá Maior. Esta gravação, a primeira a ser realizada sob o ponto de vista histórico, com instrumentos da época, temperamento desigual e forças instrumentais e vocais adequadas ao seu próprio contexto musical, celebra o bicentenário do compositor, morto em 1805. Completando o CD, um tríptico de obras napolitano-luso-brasileira demonstrando os pontos comuns dos universos estéticos de Francesco Durante, Pedro Antonio Avondano e Florêncio Coutinho.
(extraído do encarte)

CD1
Jean-Féry Rebel (1666-1747)
01. Les Élémens, ballet – 1. Le Cahos
02. Les Élémens, ballet – 2. Loure I
03. Les Élémens, ballet – 3. Chaconne
04. Les Élémens, ballet – 4. Ramage/Rossignols
05. Les Élémens, ballet – 5. Loure II
06. Les Élémens, ballet – 6. Tambourin I et II
07. Les Élémens, ballet – 7. Sicillienne
08. Les Élémens, ballet – 8. Caprice

Johann Sebastian Bach (1685-1750)
09. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 1. Coro
10. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 2. Recitativo (Basso)
11. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 3. Aria (Basso)
12. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 4. Dialogus (Alto, Tenore)
13. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 5. Aria (Alto, Tenore)
14. Cantata BWV 66 – Erfreut Euch, Ihr Herzen – 6. Choral

CD2
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805)
01. Missa em Fá Maior – 1. Kyrie
02. Missa em Fá Maior – 2. Gloria
03. Missa em Fá Maior – 3. Cum Sancto Spiritu
04. Missa em Fá Maior – 4. Credo
05. Missa em Fá Maior – 5. Et Incarnatus
06. Missa em Fá Maior – 6. Et Resurrexit
07. Missa em Fá Maior – 7. Sanctus
08. Missa em Fá Maior – 8. Sanctus
09. Missa em Fá Maior – 9. Benedictus
10. Missa em Fá Maior – 10. Agnus Dei

Francesco Durante (Itália, 1684-1755)
11. Litania A Quatro voci
Pedro Antonio Avondano (Lisboa, 1714-1782)
12. Ladainha A Quatro
Florêncio José Ferreira Coutinho (Vila Rica, 1750-1819)
13. Laudate Pueri Dominum

Orquestra Barroca do 16º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, MG – julho de 2005 – com instrumentos de época
Regente: Luís Otávio Santos
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Avicenna

15º Festival de Música de Juiz de Fora: Jean-Marie Leclair (1697-1764) + J. S. Bach (1685-1750) + Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741)

foto15º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2004

Com instrumentos de época. On period instruments.


O Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora celebra seus 15 anos com esta edição comemorativa e especial: a produção em DVD de um concerto a Orquestra Barroca do Festival, dirigida por Luis Otávio Santos.

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Jean-Marie Leclair (França, 1697 – 1764)
01. Scylla Et Glaucus: Ouverture
02. Scylla Et Glaucus: Sarabande
03. Scylla Et Glaucus: Symphonie Pour La Descente De Venus
04. Scylla Et Glaucus: Passepied
05. Scylla Et Glaucus: Air De Silvains
06. Scylla Et Glaucus: Air En Roundeau
07. Scylla Et Glaucus: Air De Demons
08. Scylla Et Glaucus: Tamburin
Johann Sebastian Bach (Alemanha, 1685-1750)
09. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Coro
10. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Recitativo
11. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Aria
12. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Recitativo
13. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Aria
14. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Recitativo
15. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Aria
16. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Recitativo
17. Tönet, ihr Pauken! BWV 214: Coro
Antonio Lucio Vivaldi (Itália, 1678-1741)
18. Concerto Violino Op.4 N.4 La Stravaganza: Allegro
19. Concerto Violino Op.4 N.4 La Stravaganza: Largo
20. Concerto Violino Op.4 N.4 La Stravaganza: Allegro

15º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2004
Orquestra Barroca
Regente: Luis Otávio Santos

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Avicenna

Samuel Barber (1910-1981), Bela Bartók (1881-1945): Concerto para piano e orq., Op. 38 / Concerto para piano e orq., Nº 3

Samuel Barber (1910-1981), Bela Bartók (1881-1945): Concerto para piano e orq., Op. 38 / Concerto para piano e orq., Nº 3

Este é um CD recém lançado que traz gravações de Jarrett de 1984 e 1985. É ótimo, mas…  Desde a década de 1980, Keith Jarrett alterna jazz com música erudita, sempre no mais alto nível. Tudo funciona maravilhosamente no excelente concerto de Barber. A orquestra mostra-se parruda e lírica, mas o mesmo não pode ser dito sobre esta obra-prima de Bartók. Acontece que, quem tem nos ouvidos a gravação Anda-Fricsay ou a Argerich-Dutoit, não se deixa enganar por uma orquestra japonesa de segunda linha. Como disse, é um bom disco, mas….

Samuel Barber (1910-1981), Bela Bartók (1881-1945): Concerto para piano e orq., Op. 38 / Concerto para piano e orq., Nº 3

01 – Samuel Barber – Piano Concerto op. 38 – I Allegro appassionato
02 – Samuel Barber – Piano Concerto op. 38 – II Canzone, Moderato
03 – Samuel Barber – Piano Concerto op. 38 – III Allegro molto

Rundfunk-Sinfonieorchester Saarbrücken
Dennis Russell Davies: conductor

04 – Bela Bartok – Piano Concerto No. 3 – I Allegretto
05 – Bela Bartok – Piano Concerto No. 3 – II Adagio religioso
06 – Bela Bartok – Piano Concerto No. 3 – III Allegro vivace

New Japan Philharmonic
Kazuyoshi Akiyama: conductor

07 – Keith Jarrett – Tokyo Encore – Nothing But A Dream

Keith Jarrett, piano

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Dennis Russell Davies: um banho de bola em seu colega japonês
Dennis Russell Davies: um banho de bola em seu colega japonês

PQP

14º Festival de Música de Juiz de Fora: André da Silva Gomes (1752-1844): Missa a 8 Vozes e Instrumentos + J. S Bach: Cantata BWV 97 + Handel: Concerto Grosso Op.3 N.4 (Acervo PQPBach)

2rz3yvd14º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2003

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

A instauração de bispado em São Paulo e a fundação e construção da Sé no lugar da antiga matriz impulsionaram a atividade musical, com Alvará do Rei, de 6 de maio de 1746, criando ali os cargos de mestre-de-capela, organista e moços do coro. André da Silva Gomes, quarto mestre-de-capela da Sé de São Paulo, nasceu em Lisboa no mes de dezembro de 1752, como consta do assento de seu batismo realizado na freguesia de Santa Engrácia, daquela cidade, sendo filho legítimo de Francisco da Silva Gomes e Inácia Rosa. A documentação portuguesa não nos ofereceu nenhuma trilha para estabelecermos o local ou instituição em que Silva Gomes pudesse ter desenvolvido seus estudos musicais, já que seu nome não consta da documentação que restou do Seminário Patriarcal de Lisboa, onde lecionou o compositor José Joaquim dos Santos com quem Silva Gomes afirma, em seu Tratado da Arte Explicada de Contraponto, ter estudado.

André da Silva Gomes veio para Sao Paulo, em março de 1774, com o terceiro bispo da cidade, Dom Manuel da Ressurreição, que o trouxe como mestre-de-capela em sua comitiva. Teve como antecessores no cargo, Matias Álvares Torres, Antonio de Oliveira e Antonio Manso da Mota e, como eles, sua função era compor, ensaiar e executar a sua música nos ofícios da Sé e ensinar a juventude. De fato, Silva Gomes aplica-se ao ensino mantendo agregados que inicia na arte musical, sendo por eles assessorado, secundado e depois sucedido. Sua vida e trabalho em São Paulo prolongam-se de 1774 a 1823, sendo dessa última data sua composição mais recente, por nós reconhecida, a Missa de Natal, em sol maior, para ser executada na igreja da Freguesia de Cotia, constante do acervo de obras da antiga Sé, e por nos editada e executada inúmeras vezes a partir de 1978.

O período áureo da produção musical em São Paulo colonial coincide com as atividades de André da Silva Gomes na Sé. Seu brilhantismo e nível artístico absorvem, sem concorrência o que apresenta um quadro sui-generis os serviços musicais mais importantes da capital, como as da Sé, as festas oficiais da Câmara, e as das irmandade do Santíssimo Sacramento, de São Francisco e do Carmo. A “Missa a 8 vozes e instrumentos“, em Mi-bemol, integra, sob o nº 031, o Catálogo de obras de André da Silva Gomes, de aproximadamente 1785, e é composta de Kyrie e Gloria. É um manuscrito original autógrafo, com os frontispícios assinados pelo autor, e do qual não encontramos nem uma cópia, nem no todo nem nas partes, contemporânea ou posterior. O documento integra o arquivo da Cúria Metropolitana de Sao Paulo e suas partes solistas, desgastadas, parecem ter sido executadas, na época, com mais frequência do que o restante da obra.

Restauramos e editamos essa Missa em 1966, pela Universidade de Brasília e foi gravada e executada pela primeira vez no selo Festa, em 1970, produzido por Irineu Garcia. Composta de Kyrie e Gloria, com duração aproximada de 45 minutos e requerendo a participação de cantores solistas, essa Missa é solidamente estruturada, com escritura clara e economia de meios, riqueza de vocabulário e resultados sonoros incisivos. Nos seus 12 segmentos o autor explora uma fórmula cadencial de nove tonalidades e cultiva o estilo contrapontístico (Kyrie II: fuga a 8; Cum Sancto Spiritu: fugado), a escritura alternada de dois coros e o tratamento instrumental não concebido como mero reforço tímbrico das partes vocais; a riqueza harmônica que lhe é peculiar atinge no Et in terra, complexa elaboração nas notas de passagem, antecipações e retardos, e no cruzamento das vogais fechadas e abertas entre os dois coros, com resultados tímbricos fortemente expressivos.

O contínuo caminha de forma barroca, com cifrado abundante, ainda que não ausente da peça, o baixo de Alberti nos momentos em que o cantabile requer uma escritura mais ligeira. A presença dos trompetes confere à peça um barroco brilhantismo, especialmente no Gloria. A versatilidade melódica é até exuberante (Laudamus, Qui tollis e Quoniam) e, a par da contrapontística empresta à obra grande variedade, secundada pela diversificação tonal das unidades que a compõem. A alternância e contraste de caráter (Christe entre os dois Kyrie; Gratias, largo, seguido pelo Domine Deus, caminhante, vivo, triunfante, seguido pelo lânguido e “troppo afectuozo” Qui tollis), integra-se também na exploração tímbrica das vozes onde os baixos têm destacado temperamento. Aquela alternância está presente da mesma forma em certas seções em que dinâmica e articulação são manuseadas com imaginação, criatividade e efeito. Esta missa, de feitura irreprochável, é, seguramente, uma das obras mais monumentais escritas no período colonial brasileiro.

(Régis Duprat, julho de 2003 – extraído do encarte)

Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Cantata BWV-97 – In Allen Meinen Taten (Em Todas As Minhas Ações) 1. Coro
Cantata BWV-97 – In Allen Meinen Taten (Em Todas As Minhas Ações) 2. Aria
Cantata BWV-97 – In Allen Meinen Taten (Em Todas As Minhas Ações) 3. Recitativo
Cantata BWV-97 – In Allen Meinen Taten (Em Todas As Minhas Ações) 4. Aria
Cantata BWV-97 – In Allen Meinen Taten (Em Todas As Minhas Ações) 5. Recitativo
Cantata BWV-97 – In Allen Meinen Taten (Em Todas As Minhas Ações) 6. Aria
Cantata BWV-97 – In Allen Meinen Taten (Em Todas As Minhas Ações) 7. Duetto
Cantata BWV-97 – In Allen Meinen Taten (Em Todas As Minhas Ações) 8. Aria
Cantata BWV-97 – In Allen Meinen Taten (Em Todas As Minhas Ações) 9. Choral
Georg Freidrich Händel (1685 – 1759)
Concerto Grosso Op.3 N.4 – 1. Ouverture
Concerto Grosso Op.3 N.4 – 2. Andante
Concerto Grosso Op.3 N.4 – 3. Allegro
Concerto Grosso Op.3 N.4 – 4. Allegro
André da Silva Gomes (Lisboa, 1752 – São Paulo, SP, 1844)
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 1.Kyrie
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 2. Christie
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 3. Kyrie
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 4. Gloria
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 5. Et In Terra
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 6. Gloria
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 7. Laudamus
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 8. Gratias
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 9. Domine Deus
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 10. Qui Tollis
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 11. Quoniam
Missa a 8 Vozes e Intrumentos – 12. Cum Sanctu Spiritu

14º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2003
Orquestra Barroca
Regente: Luis Otávio Santos

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La-invencion-de-la-rueda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Avicenna

13º Festival de Música de Juiz de Fora: J.S. Bach: Overture BWV 1068 + Magnificat BWV 243 + André da Silva Gomes (1752-1844): Missa Concertada para a Noite de Natal (Acervo PQP Bach)

34dh89g13º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2002

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

 

 

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13º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2002
Orquestra Barroca
Maestro Luis Otávio Santos
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_ by Sergey Ivchenko
_ by Sergey Ivchenko

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão (Abbado, BPO)

Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão (Abbado, BPO)

Para ouvir e chorar, de tão lindo e dilacerante que é.

Às vezes eu sinto que é bom fazer uma postagem arrasa-quarteirão, enfiar goela adentro de vocês uma baita música e, bem, encarem esta postagem como tal. Um Réquiem Alemão de Brahms já foi postado no PQP, mas em duas gravações que, numa boa, não são tudo aquilo. O que posso fazer se Herreweghe e Gardiner ficam abaixo de Abbado e a Filarmônica de Berlim? Nada, né? É curiosa a relação que a Filarmônica de Berlim tem com o Réquiem. Karajan o gravou 4 vezes, sempre superando-se e, em 1993, Abbado tratou de fazer o mesmo… Questão de costume, talvez.

Dois acontecimentos fizeram Brahms compor o seu Réquiem: o falecimento, em 1856, do amigo e mentor Robert Schumann — então ele compôs o primeiro movimento — e a morte de sua mãe em fevereiro do ano de 1865 — quando completou a obra, estreada em 1868. O Réquiem tem uma letra estranha, pois fala pouco em Deus, mas há nele um indiscutível e profundo sentimento religioso. Sim, sou ateu, porém saibam que é uma tremenda bobagem chamá-lo de Réquiem Ateu. Cito isto porque tal absurdo foi bastante divulgado durante uma época. Basta ler o texto e ouvir a música para que notemos o tamanho da besteira.

Conheci o Réquiem quando adolescente, ao mesmo tempo que ouvia pelas primeiras vezes a Sinfonia Nº 1. Mal sabia que aquele grande compositor “sinfônico” seria amado por mim principalmente por sua música de câmara.

Em seu blog, o colega Milton Ribeiro referiu-se uma vez ao Um Réquiem Alemão.

Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão (Abbado, BPO)

1 I. Selig Sind, Die Da Lied Tragen (Chor). Ziemlich Langsam Und Mit Ausdruck 10:26
2 II. Denn Alles Fleisch, Es Ist Wie Gras (Chor). Langsam Marschmäßig – Un Poco Sostenuto (Aber Des Herrn Wort) – Allegro Non Troppo (Die Erlöseten Des Herrn) 15:04
3 III. Herr, Lehre Doch Mich (Bariton Und Chor). Andante Moderato 10:29
4 IV. Wie Lieblich Sind Deine Wohnungen (Chor). Mäßig Bewegt 5:56
5 V. Ihr Habt Nun Traurigkeit (Sopran Und Chor). Langsam 7:38
6 VI. Denn Wir Haben Hie Keine Bleibende Statt (Bariton Und Chor). Andante – Vivace (Denn Es Wird Die Posaune Schallen) – Allegro (Herr, Du Bist Würdig) 12:23
7 VII. Selig Sind Die Toten, Die In Dem Herrn Sterben (Chor). Feierlich 11:41

Baritone Vocals – Andreas Schmidt
Choir – Eric-Ericson-Kammerchor*, Schwedische Rundfunkchor*
Chorus Master – Gustaf Sjökvist
Conductor – Claudio Abbado
Orchestra – Berliner Philharmoniker
Soprano Vocals – Cheryl Studer

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Claudio Abbado em foto recente
Claudio Abbado em 2011

PQP

12º Festival de Música de Juiz de Fora: Telemann (1681-1767): Overture (Suíte) em Ré Maior & J. J. Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805): Missa em Mí Bemol Maior (Acervo PQPBach)

nzimna12º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2001

Com instrumentos de época. On period instruments.

Neste clima de consolidação das propostas primordiais às quais o Festival e o Centro Cultural Pró-Música se propõem, a Orquestra Barroca, no seu 2º CD, promove a releitura da Missa em Mi bemol Maior de J.J. Emerico Lobo de Mesquita. Esta obra, considerada uma das mais representativas do compositor, já fora gravada no primeiro da série de Cds do Festival, em 1992. Naquela época, a necessidade de registros fonográficos da música colonial era uma prioridade, pois a discografia disponível para o público e interessados era pequena. Contudo, os instrumentos de época ainda tiveram que esperar vários anos.

Com o amadurecimento do departamento de Música Antiga do festival, emblemado pela Orquestra Barroca, a regravação da Missa em Mi Bemol nove anos depois reafirma a proposta do Festival na sua totalidade: divulgar os novos conceitos estéticos, fruto do trabalho integrado de pesquisadores e intérpretes especializados na música histórica. É uma união final entre os universos de Curt Lange e Sigiswald Kuijken e o marco de uma nova era do Festival.

Contrapondo-se a Emerico Lobo de Mesquita neste CD, encontra-se a versão da Orquestra Barroca da Suíte em Ré Maior de G. P. Telemann. Um do mais prolíficos e executados compositores do fim do Barroco Europeu, Telemann soube como poucos explorar os recursos de cada instrumento para o qual escrevia. Nesta pouco conhecida Ouverture em Ré M, Telemann emprega uma orquestração sui generis: o uso de oboés e corni da caccia obligatti cria uma sonoridade ao mesmo tempo pomposa e rústica. Talvez essa inventio extravagante o leve a incluir na suíte movimentos não derivados das tradicionais danças francesas, como a divertida Rejouissance, o descritivo Carillon e a barrulhenta Tintamare. Um típico delírio barroco com efeitos sonoros somente realizáveis com os recursos de uma orquestra barroca.

Este é um CD de novidades. Novas sonoridades e efeitos orquestrais com a música de Telemann e uma nova visão estética da música do Brasil colonial com a releitura de Emerico. Mas, acima de tudo, este é um CD de comemoração da longa trajetória percorrida pelo Centro Cultural Pró-Música, que o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido em 2000 pelo Ministério da Cultura e pelo IPHAN ao Festival, veio reconhecer, colocando-o numa posição proeminente e de interferência na produção cultural do Brasil.

(http://www.promusica.org.br/index.php?meio=cds/cd12)

Georg Philipp Telemann (1681-1767)
01. Overture (Suíte) em Ré Maior – 1. Overture
02. Overture (Suíte) em Ré Maior – 2. Plainte
03. Overture (Suíte) em Ré Maior – 3. Rejoussance
04. Overture (Suíte) em Ré Maior – 4. Carrillon
05. Overture (Suíte) em Ré Maior – 5. Tintamare
06. Overture (Suíte) em Ré Maior – 6. Loure
07. Overture (Suíte) em Ré Maior – 7. Minuet I Et II

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
08. Missa em Mí Bemol Maior – 1. Kyrie
09. Missa em Mí Bemol Maior – 2. Christe
10. Missa em Mí Bemol Maior – 3. Kyrie
11. Missa em Mí Bemol Maior – 4. Gloria
12. Missa em Mí Bemol Maior – 5. Laudamus
13. Missa em Mí Bemol Maior – 6. Gratias
14. Missa em Mí Bemol Maior – 7. Domine Deus
15. Missa em Mí Bemol Maior – 8. Qui Tollis
16. Missa em Mí Bemol Maior – 9. Suscipe
17. Missa em Mí Bemol Maior – 10. Qui Sedes
18. Missa em Mí Bemol Maior – 11. Quoniam
19. Missa em Mí Bemol Maior – 12. Cum Sanctu Spiritu

12º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2001
Orquestra Barroca
Luis Otávio Santos, regente
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inocência

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

11º Festival de Música de Juiz de Fora: Lobo de Mesquita (1746-1805) – Matinas Para Quinta-Feira Santa + J. S. Bach – Suite nº 1 em Dó Maior (Acervo PQPBach)

20axpb811° Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2000

Com instrumentos de época. On period instruments.

Uma palavra sobre o instrumentarium. O conjunto de partes cavadas que serviu de fonte para esta reconstituição está depositado no Museu da Música da Curia Metropolitana de Mariana. É composto de oito cadernos de partes, cada qual atado com costuras em “X” e assim denominados: suprano a 4, alto a 4, tenor a 4, baxa a 4, violino primo, violino segundo, (violeta), baxo, trompa I e trompa II.

Trata-se de material copiado com bastante esmero, provindo da pena de um único copista (talvez o próprio compositor – ainda não podemos afirmar com precisão), a exceção da parte destinada à viola (violeta) que, embora goze de similar apuro na caligrafia, é uma cópia bem posterior, certamente da primeira metade do século XIX. Tal fato nos faz pensar na verdadeira intenção do compositor quanto à presença ou não deste instrumento. Se recorrermos à analogia, considerando outras obras de Emerico, assim como também um outro conjunto de partes existente no arquivo da lira São Joanense, poderíamos chegar à conclusao de que estas violas não foram, em realidade, projetadas pelo autor. Ademais, é preciso atentar para o fato de que esta parte em pouco contribui para o enriquecimento quer harmônico, quer contrapontístico da obra, salvo alguns trechos excepcionais. Em geral este instrumento dobra, à oitava superior, o baixo, por vezes criando curiosos cruzamentos com o contraponto destinado a parte de segundo violino. Porém, mesmo com a presença destes “rápidos incidentes”, julgamos oportuna a inclusão desta parte, já que, (além da prática moderna, que remonta ao último quartel do século XVIII, quando a viola passa a frequentar mais amiúde os conjuntos mineiros) além de muito bem posta, contribui, ainda que discretamente, para o equilíbrio harmônico do naipe das cordas. Acrescente-se ainda um pequeno órgão que, além de obrigatório à época, é comprovado através das pouquíssimas cifras existentes sobre a parte do baixo instrumental.

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita nasceu na Vila do Príncipe do Serro Frio (atual Serro), em 1746, e faleceu no Rio de Janeiro, em 1805, atuando como organista na Ordem Terceira de N.S.do Carmo. (Sérgio Dias, extraído do encarte)

Johann Sebastian Bach (1685-1750)
01. Suite N.1 em Dó Maior BMV 1066 – 1. Overture
02. Suite N.1 em Dó Maior BMV 1066 – 2. Courante
03. Suite N.1 em Dó Maior BMV 1066 – 3. Gavotte I e Gavotte II
04. Suite N.1 em Dó Maior BMV 1066 – 4. Forlane
05. Suite N.1 em Dó Maior BMV 1066 – 5. Menuet I e Menuet II
06. Suite N.1 em Dó Maior BMV 1066 – 6. Bourree I e Bourree II
07. Suite N.1 em Dó Maior BMV 1066 – 7. Passepied I e Passepied II

Matinas Para Quinta-Feira Santa
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
08. Primeiro Noturno – 1. Antífona : Primeira Leitura
09. Primeiro Noturno – 2. Primeiro Responsório
10. Primeiro Noturno – 3. Segundo Responsório
11. Primeiro Noturno – 4. Terceiro Responsório
12. Segundo Noturno – 1. Leitura
13. Segundo Noturno – 2. Primeiro Responsório
14. Segundo Noturno – 3. Segundo Responsório
15. Segundo Noturno – 4. Terceiro Responsório
16. Terceiro Noturno – 1. Leitura
17. Terceiro Noturno – 2. Primeiro Responsório
18. Terceiro Noturno – 3. Segundo Responsório
19. Terceiro Noturno – 4. Terceiro Responsório

11° Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2000
Orquestra Barroca do 11° Festival
Regente: Luis Otávio Santos
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Avicenna

Nikolay Medtner (1879-1951): Complete Piano Sonatas

Nikolay Medtner (1879-1951): Complete Piano Sonatas

Nossa época pode parecer carente de gênios e revoluções artísticas, mas ela é absolutamente importante para revisão do que aconteceu nos últimos séculos. Assim como num epílogo de um grande livro, tudo está sendo redescoberto, desenterrado e comentado. Talvez com um certo exagero, é verdade, revirando dos escombros música de péssima qualidade. Mas ainda acho o esforço muito bem vindo, uma ótima maneira de evitar injustiças tantas vezes cometidas por nossos antepassados. O caso interessante é a do compositor Medtner, que por infelicidade dele nasceu no século errado. Sua música, basicamente escrita para o piano, era considerada ultrapassada para um século tão cheio de experiências como foi o século XX. Apesar da enorme dificuldade técnica, a música de Medtner não acrescentava nenhum traço inovador à literatura musical. Mesmo na Rússia, seu país de origem, era preferível tocar Scriabin ou Rachmaninov, cujos traços geniais eram muito mais percebidos pelos interpretes e pelo público. Ainda sim todos os grandes pianistas russos interpretaram pelo menos uma vez a música de Medtner (Horowitz, Richter, Gilels,…)

No entanto, veja o que dizia Rachmaninov, em 1921, para Medtner “Eu repito o que já disse a você na Rússia, você é, na minha opinião, o maior compositor da nossa época”. Mas naquela época Rachmaninov também não estava em boa posição diante da crítica. Ou seja, a “carta de recomendação” de Rachmaninov na tinha muito valor, mas essa “carta” ajudou Medtner a fazer concertos pelos Estados Unidos. Hoje as avaliações são outras. A música de Medtner vem conquistando à atenção de muitos interpretes e consequentemente dos ouvintes.

Eu conheço bem as suas obras para piano solo, assim como os seus adoráveis concertos, e confesso que no início não fiquei convencido do seu valor. Mas a música sempre pedia outra audição, mesmo sem encontrar um porquê, a música de Medtner me viciava. Na verdade não tenho argumentos convincentes para defender esta música, pois ela não tem traços novos e, alguma vezes, soa como retalhos de influências, no entanto há uma linguagem entre as notas que é única e preciosa. Mas como qualquer viciado que não quer tomar drogas sozinho, trago uma exuberante caixa com quatros CDs interpretadas pelo melhor dos pianistas, Marc-André Hamelin.

No primeiro disco é possível perceber traços inspirados na primeira sonata op.5 e na interessante Zwei Marchen op.8. A sonata op.5 é uma dessas obras que realmente viciam imediatamente, alguns de vocês irão ouvir essa obra repetidas vezes essa semana. É isso que podemos chamar de um início promissor. No segundo disco, a promessa se confirma. A sonata op.22 é um primor de estrutura, um corpo sem brechas, mantendo o encanto do início ao fim. As mudanças de ritmos seguram a concentração de qualquer ouvinte. Esta sonata de um só movimento tem uma linha melódica não tão óbvia como foi no caso da sonata op.5, mas aí está talvez sua qualidade, ela nos conquista por seu desencadeamento e virtuosismo. Depois partimos para outra ótima peça, a sonata op.25 no.1, cujo segundo movimento lembra muito o que Rachmaninov faria nas variações Paganini. Mas cá entre nós, eu prefiro Medtner. E você deve concordar comigo quando ouvir a extraordinária sonata op.25 no.2, que para alguns críticos é uma das mais bem desenvolvidas do século XX. O segundo movimento é de uma liberdade que chegamos a pensar que o pianista está improvisando.

No terceiro disco continuamos em alto nível, difícil encontrar pontos fracos aqui. Destaco a faixa 5, a sonata-reminicenza que tem um tema inesquecível que vai sendo desenvolvido também ao longo dos outros movimentos. O quarto disco tem as duas sonatas mais singelas e ao mesmo tempo mais avançadas de Medtner, as op53 n.1 e n.2. O Scherzo da op.53 n.1 (faixa 7) é um outro exemplo de música viciante, já ouvi isso inúmeras vezes. Música de primeira.

Disco 1
1. Sonata In F Minor Op. 5: Allegro
2. Sonata In F Minor Op. 5: Intermezzo: Allegro
3. Sonata In F Minor Op. 5: Largo divoto
4. Sonata In F Minor Op. 5: Finale: Allegro risoluto
5. Zwei Marchen Op. 8: Andantino
6. Zwei Marchen Op. 8: Allegro
7. Sonaten-Triade Op. 11: No. 1 In A Flat Major
8. Sonaten-Triade Op. 11: No. 2 In D Minor (Sonata-Elegy)
9. Sonaten-Triade Op. 11: No. 3 In C Major

Disco 2
1. Sonata In G Minor Op. 22: Tenebroso, sempre affrettando – Allegro assai – Interludium (Andante lugubre) – Allegro assai
2. Sonata-Skazka In C Minor Op. 25 No. 1: Allegro abbandonamente
3. Sonata-Skazka In C Minor Op. 25 No. 1: Andantino con moto
4. Sonata-Skazka In C Minor Op. 25 No. 1: Allegro con spirito
5. Sonata In E Minor ‘Night Wind’ Op. 25 No. 2: Introduzione: Andante – Allegro
6. Sonata In E Minor ‘Night Wind’ Op. 25 No. 2: poco e poco Allegro molto sfrenatamente, presto

Disco 3
1. Sonata-Ballada In F Sharp Major Op. 27: Allegretto
2. Sonata-Ballada In F Sharp Major Op. 27: Introduzione: Mesto
3. Sonata-Ballada In F Sharp Major Op. 27: Finale: Allegro
4. Sonata In A Minor Op. 30: Allegro risoluto – Allegro molto
5. Vergessene Weisen (Forgotten Melodies) Op. 38: No. 1 Sonata-Reminiscenza: Allegretto tranquillo
6. Vergessene Weisen (Forgotten Melodies) Op. 38: No. 2 Danza graziosa: Con moto leggiero
7. Vergessene Weisen (Forgotten Melodies) Op. 38: No. 3 Danza festiva: Presto
8. Vergessene Weisen (Forgotten Melodies) Op. 38: No. 4 Canzona fluviala: Allegretto con moto
9. Vergessene Weisen (Forgotten Melodies) Op. 38: No. 5 Danza rustica: Allegro commodo
10. Vergessene Weisen (Forgotten Melodies) Op. 38: No. 6 Canzona serenata: Moderato
11. Vergessene Weisen (Forgotten Melodies) Op. 38: No. 7 Danza silvestra
12. Vergessene Weisen (Forgotten Melodies) Op. 38: No. 8 Alla Reminiscenza: Quasi coda

Disco 4
1. No. 1 Meditazione: Introduzione, quasi Cadenza – Meno mosso – Meditamente
2. No. 2 Romanza: Meditamente
3. No. 3 Primavera: Vivace
4. No. 4 Canzona matinata: Allegretto cantando, ma sempre con moto
5. No. 5 Sonata tragica: Allegro non troppo
6. Sonata In B Flat Minor ‘Sonata Romantica’ Op. 53 No. 1: Romanza: Andantino con moto, ma sempre espressivo
7. Sonata In B Flat Minor ‘Sonata Romantica’ Op. 53 No. 1: Scherzo: Allegro
8. Sonata In B Flat Minor ‘Sonata Romantica’ Op. 53 No. 1: Meditazione: Andante con moto
9. Sonata In B Flat Minor ‘Sonata Romantica’ Op. 53 No. 1: Finale: Allegro non troppo
10. Sonata In B Flat Minor ‘Sonata Minacciosa’ Op. 53 No. 2: Allegro sostenuto
11. Sonate-Idylle In G Major Op. 56: Pastorale: Allegretto cantabile
12. Sonate-Idylle In G Major Op. 56: Allegro moderato e cantabile

Marc-Andre Hamelin, piano

Baixe Aqui – DISCO 1
Baixe Aqui – DISCO 2
Baixe Aqui – DISCO 3
Baixe Aqui – DISCO 4

Selfie do Medtner: tesão
Selfie do Medtner: tesão

CDF

10º Festival de Música de Juiz de Fora: Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) – Obra Profana (Acervo PQPBach)

mwprom

10º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga
1999

Pe. José Maurício Nunes Garcia
Obra profana

O encarte deste CD traz um completo tratado sobre a música profana do Pe. José Maurício, escrito em 1999 pelo Maestro Sérgio Dias. Nada mais me resta senão reproduzir o primeiro parágrafo, além de destacar a bela voz da solista soprano Katya Oliveira (http://www.youtube.com/user/Katybia), cuja excelente gravação de “Creator Alme” já foi aqui postada.

Como de praxe em quase toda a pretérita música brasileira, ainda não nos é possível estabelecer muitas certezas sobre a obra profana de José Maurício Nunes Garcia. No caso específico de algumas peças instrumentais, mais prudente seria considerá-las como avulsas, cuja ausência de dados documentais nos impede de identificar se foram ou não relacionadas à esfera eclesiástica. Uma boa ilustração para tal – e que até hoje é cultivada em cidades como São João Del Rey e Prados – se consubstancia no fato de que, em determinadas festividades do calendário litúrgico, persiste o hábito de se ouvirem aberturas ou peças de circunstância, cuja principal função é conferir a devida pompa ao início da celebração.

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
Coral e Orquestra de Câmara da Pró-Música. Regente: Nelson Nilo Hack
01. Abertura em Ré (s.d.)
02.
Sinfonia Fúnebre (1790)
03. Coro para o Entremês (1808)
Coro e Orquestra do X Festival
Solista: Katya Oliveira, soprano. Regente: Sérgio Dias
04. O Triunfo da América (1809) 1. Ária da América
05. O Triunfo da América (1809) 2. Coro que se há de cantar dentro
06. O Triunfo da América (1809) 3. Coro Final do Drama
07. Ulissea – Drama Eroico (1809) – 1. Abertura da Ópera Zemira” (1803) – Ouverture que Expressa Relâmpagos e Trovoadas
08. Ulissea – Drama Eroico (1809) – 2. Coro das Fúrias
09. Ulissea – Drama Eroico (1809) – 3. Coro das Ninfas
10. Ulissea – Drama Eroico (1809) – 4. Gênio de Portugal – Recitado
11. Ulissea – Drama Eroico (1809) – 5. Gênio de Portugal – Ária
12. Ulissea – Drama Eroico (1809) – 6. Coro Final Acompanhando a Voz

Solistas: Pedro Couri Neto, contratenor & Cláudio Ribeiro, cravo
13. Beijo a Mão Que Me Condena (s.d) – modinha

10º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga – 1999
Coral e Orquestra de Câmara da Pró-Música. Regente: Nelson Nilo Hack
Coro e Orquestra do X Festival: Katya Oliveira, soprano; Pedro Couri Neto, contratenor e Cláudio Ribeiro, cravo.
Regente: Sérgio Dias
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Boa audição.

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Avicenna

9º Festival de Música de Juiz de Fora: Lobo de Mesquita (1746-1805): Ladainha in Honorem Beatae Mariae Virginis & Manoel Dias de Oliveira (1735-1813): Matinas para a Assunção de Nossa Senhora (Acervo PQP)

bdtswj9º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
1998

É no Museu da Música – acervo de manuscritos e documentos correlatos pertencentes à Cúria Metropolitana de Mariana – que estão depositados os manuscritos que serviram de fonte para a peça que hora divulgamos em CD. Neste arquivo, a obra pode ser localizada através do registro ON-15. Outrossim, na página 225 do seu “O Ciclo do Ouro – O Tempo e a Música do Barroco Católico”, o professor Elmer C. Corrêa Barbosa e sua equipe dão a este conjunto de partes cavadas o código BRMGMAmm [PUCRJ-03(0643- 0714)] e indicam como “provável autor” Manoel Dias de Oliveira. Não foi encontrada junto aos manuscritos frontispício e os cadernos que contém o material, atados separadamente por costuras em X, são em número de sete, estando assim denominados: Violino 1º, Violino 2º, Soprano a 4, Altus a 4, Tenor a 4, Baxa a 4 e Baxo.

Não obstante as inúmeras controvérsias que circundam a obra do Capitão Manoel Dlas, desta vez cremos procedente a tentativa de atribuição. Neste sentido, passamos, em trabalho mais demorado e levado a público durante o IX Festival Internacional de Música Colonial Brasileira, em julho de 1998, a apresentar as justificativas para esta concordância.

Por hora, é bastante frisar que se trata de um conjunto de responsórios cantados durante o ofício solene das Matinas da Assunção da Virgem, Festa comemorada pela Igreja Católica aos quinze de agosto. Fazem parte deste conjunto de partes cavadas os oito responsórios previstos para os três noturnos habituais, menos o Te Deum Laudamos, que se costuma pôr (por determinação que remonta ao século XIX) no lugar do nono responsório – por ocasião do último dos noturnos. Como o copista indica, por escrito, a execução do Te Deum é de se supor que este hino fosse aproveitado de um material composto em separado, ou anexado por um outro compositor, tal como era de praxe no exercício profissional dos músicos mineiros que, à época, se reuniam em conjuntos mais ou menos fixos, a fim de disputar o concorrido mercado de trabalho. Quanto às antífonas, apenas a Quae est ista recebe música polifônica, assim como o hino O Gloriosa Virginum e o invitatório Venite adoremos o qual, por sua vez, antecede ao hino Quem terra pontus, também musicados.

Sobre a organização formal do ofício de Matinas, pode-se resumidamente dizer que está disposta em três noturnos, como visto acima. Cada um deles é preludiado por uma antífona e finalizado por um gloria patri que são, estes útimos, também musicados em polifonia, para o caso da obra em questão. Cada responsório, de sua parte, se subdivide numa estrutura tripartida, assim como definida pela tradição litúrgica desde a pratica do cantochão. No caso das obras polifônicas, há, em geral, uma introdução em andamento moderado – de caráter gracioso -, cujo verso é atacado em allegro (na maior parte das vezes em tempo de alla breve e um da capo ao incipit do responsório, que põe termo a todo o movimento. Portanto, trata-se de um esquema ABA que aproxima a estrutura responsorial de uma fórmula bastante em voga na segunda metade do século XVIII, sobretudo na esfera da música destinada à dança e da ária da capo operística. Neste caso, é preciso observar que não se trata de mera coincidência.

Quanto à obra que aqui apresentamos, pode-se afirmar que se trata de uma possível composição de Manoel Dias devido, sobretudo, às dimensões formais de cada responsório, tipicamente manoelinas: uma introdução instrumental galante e de caráter concertato, seguida da entrada da voz (ou vozes) utilizando recursos imitativos breves (em geral à distância de terça ou sexta), finalizadas por uma pequena coda (opcional) – o que confirma mais uma vez a estrutura ternária. Além disso, são freqüentes as marchas harmônicas com rítmo sincopado do tipo (♪♩♪); instrumentação característica (trio antigo); recursos hemiolíticos arcaizantes, com alargamento de compasso (em geral de 3/4 para 3/2); e situações harmônico-contrapontísticas que são peculiares ao autor em questão, sobretudo no que tange às preferências funcionais/cadenciais. No que se refere ao baixo, este guarda a severidade do contínuo barroco, sublinhado por um despojamento extremamente acentuado; fato que, aliás, é comum a toda “Escola de Compositores Mineiros”. A estrutura harmônica por ser tão transparente – quase óbvia, diríamos -, dispensa uma numeração detalhista para a sua realização: são pouquíssimas as indicações neste sentido, reservadas tão somente aos momentos passíveis de dúvida ou cujo emprego de um acorde em especial se faz indispensável. Já no que toca às modulações, apresentam-se passagens ainda típicas da pena do Capitão, sobretudo quando observadas as mudanças bruscas de afeto; sendo muito utilizados para este fim os acordes de quinta e sétima diminutas.

Os manuscritos utilizados para o levantamento da partitura (os únicos disponíveis) são certamente posteriores à composição da obra. Embora não tragam quaisquer menções de data, e devido ao excelente estado de conservação – preservação do papel e da tinta; falta de utilização continuada (grifos e anotações ulteriores, marcas de cera, etc.) e tipologia da escrita musical, pode-se dizer que foram copiados no princípio do século XIX, tendo talvez como fonte direta o próprio autógrafo. Arriscamos esta afirmação porque, embora realizados a posteriori, estes manuscritos são extremamente econômicos quanto aos signos de articulação e dinâmica (estes últimos quase inexistentes). Os erros de cópia também confirmam esta hipótese porque são poucos, sobretudo se levada em consideração a amplitude da obra. Contudo, dada a omissão de alguns compassos e ritornellos, além das eventuais trocas de notas, não corrigidas por mãos posteriores (equívocos que certamente truncariam uma execução), ousamos supor que tenham sido copiados para uma utilização não sucedida ou por mero interesse preservacionista. Aliás, deve-se frisar que tal interesse muito ocorreu aos músicos dos primeiros quartéis do século XIX, em geral regentes dos conjuntos sobreviventes (continuadores da tradição), alunos de primeira ou segunda geração; todos personagens ligados, por estreitos laços, aos mestres setecentistas. Graças a eles, é que conhecemos a maior parte do que restou do século XVIII.

Finalmente, uma palavra sobre a versão apresentada neste disco. É de praxe a inclusão das violas nas transcrições de obras pretéritas; contudo, optamos por não empregá-las nesta ocasião, porque julgamos estar absolutamente equilibrada a instrumentação determinada pelos manuscritos. E também porque o dobramento à oitava do baixo, hábito característico da tradição napolitana, ocasionaria cruzamentos com os segundos violinos que, em uma versão com instrumentos modernos, se tornam ainda mais evidentes e portanto intoleráveis. Quanto aos instrumentos do grupo do contínuo, utilizamos dois violoncelos (o segundo reservado somente aos tutti, juntamente com o fagote), um contrabaixo e o órgão. Na época, o conjunto vocal era composto de ‘um’ tiple (voz infantil), ‘um’ alto (contratenor), ‘um’ tenor e ‘um’ baixo (nos manuscritos baxa [a voz]). Nesta versão, dado o ambiente congregacional, característico de um Festival, utilizamos um pequeno coro, aqui e ali interrompido pelas intervenções de solos. (Sergio Dias, Jacaraípe, primavera de 1998 – extraído do encarte)

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
01. Ladainha in Honorem Beatae Mariae Virginis – 1. Ladainha
02. Ladainha in Honorem Beatae Mariae Virginis – 2. Agnus Dei

atribuído a Manoel Dias de Oliveira [São José del Rey (Tiradentes], 1735-1813)
03. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 1. Invitatório
04. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 2. Hino
05. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 3. 1º Noturno – Responsório I
06. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 4. 1º Noturno – Responsório II
07. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 5. 1º Noturno – Jaculatória
08. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 6. 1º Noturno – Responsório III
09. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 7. 2º Noturno – Responsório I
10. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 8. 2º Noturno – Responsório II
11. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 9. 2º Noturno – Responsório III
12. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 10. 3º Noturno – Responsório I
13. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 11. 3º Noturno – Responsório II
14. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 12. 3º Noturno – Himno
15. Matinas para Assunção de Nossa Senhora – 13. 3º Noturno – Antífona

9º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 1998
Orquestra de Câmara e Coral Pró-Música. Maestro Nelson Nilo Hack (faixas 01 ,02)
Orquestra e Coro do Festival. Maestro Sérgio Dias (faixas 03 a 15)

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Avicenna

.: interlúdio :. Gary Peacock Trio: Tangents

.: interlúdio :. Gary Peacock Trio: Tangents

O viajandão Gary Peacock tem 82 anos e está há quase 65 por aí, se apresentando e gravando com seu contrabaixo. Já formou grupos com luminares como Albert Ayler, Paul Bley, Bill Evans e Keith Jarrett, ou seja, está na história do jazz. Quando o Standards Trio, de Jarrett, Peacock e o baterista Jack DeJohnette foi dissolvido em 2014, após mais de vinte gravações, Peacock lançou seu próprio trio de piano com o pianista Marc Copland e o baterista Joey Baron. Tangents vem logo após Now This (ECM, 2015).

Ao invés de ficar numa boa, lambendo sua própria história, Peacock está disposto a experimentar formas mais livres. Ele encontrou parceiros empáticos em Baron e Copland, que “têm a mesma experiência e a vontade de sentir a música juntos”. Tangents deve ser considerado um destaque nas carreiras dos três artistas. Para mim, eles muitas vezes são sérios demais e exploram pouco as tais tangentes. Mas há dias em que se precisa de um CD assim calmo, introspectivo e, paradoxalmente, cintilante.

Gary Peacock Trio: Tangents

1 Contact 6:29
2 December Greenwings 4:50
3 Tempei Tempo 4:10
4 Cauldron 2:29
5 Spartacus 5:10
6 Empty Forest 7:11
7 Blue In Green 4:42
8 Rumblin’ 4:07
9 Talkin’ Blues 4:04
10 In And Out 2:53
11 Tangents 6:50

Double Bass – Gary Peacock
Drums – Joey Baron
Piano – Marc Copland

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O Gary Peacock Trio
O Gary Peacock Trio

PQP

Dmitri Shostakovich (1905-1975) – Violin Concertos nº 1 & 2 – Zimmermann, Gilbert, NDR Elbphilharmonie Orchester

51SZoT+jv9L._SS500Neste CD que ora vos trago temos um compositor russo interpretado por um violinista alemão, acompanhado por uma orquestra alemã regida por um descendente por parte de pai de indígenas norte americanos e mãe japonesa. Como diria o ingênuo Robin do saudoso seriado dos anos 60 do Batman, santa salada de frutas, Batman … !!! Mas em verdade, em verdade, eu apenas vos dou um adjetivo para este CD: IM-PER-DÍ-VEL !!! E por que ainda não baixastes, cara pálida? Com certeza esta é uma das melhores gravações que já ouvi destes concertos. David Oistrakh e o próprio Shostakovich iriam se sentir bem satisfeitos quando ouvissem este CD.
Conheço Frank Peter Zimmermann há muito tempo, desde os anos 90, quando tive a oportunidade de ouvir seu Tchaikovsky, ao lado de Lorin Maazel ou Kurt Masur, não tenho certeza. Trata-se de um músico completo, experiente, apesar de jovem, e que já encarou todo o principal repertório do violino, desde o barroco até música contemporânea do século XX. Alan Gilbert também me é bem conhecido, tenho já há alguns anos acompanhado sua carreira frente a New York Philharmonic Orchestra, onde realiza um estupendo trabalho.
Então, senhores, baixem este CD, sentem-se em suas melhores poltronas e ouçam este petardo. Não vai sobrar pedra sobre pedra. Zimmermann é um violinista muito intenso, extrai do seu violino um som vibrante, com muita energia.

P.S. Uma curiosidade: Zimmermann nasceu quase junto comigo, ele é do dia 27 de fevereiro de 1965 e eu nasci no dia anterior, do mesmo ano. Coincidências …

01. I. Nocturne Adagio
02. Violin Concerto No. 1 in A Minor, Op. 77 II. Scherzo Allegro non troppo
03. Violin Concerto No. 1 in A Minor, Op. 77 III. Passacaglia Andante
04. IV. Burlesca Allegro con brio
05. Violin Concerto No. 2 in C-Sharp Minor, Op. 129 I. Moderato
06. violin Concerto No. 2 in C-Sharp Minor, Op. 129 II. Adagio
07. Violin Concerto No. 2 in C-Sharp Minor, Op. 129 III. Adagio – Allegro

Frank Peter Zimmermann – Violin
NDR Elbphilharmonie Orchester
Alan Gilbert – Conductor

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PICEDITOR-SMH
Frank Peter Zimmermann literalmente comendo seu Stradivarius …