Robert Schumann (1810 – 1856), Clara Schumann (1819 – 1896), Johannes Brahms (1833 – 1897): Peças para Piano – Benjamin Grosvenor ֎

Schumann & Brahms

Kreisleriana, Op. 16

Variações, Op. 20

Intermezzi, Op. 117

Outras Peças

Benjamin Grosvenor

 

É interessante poder acompanhar o desenvolvimento de um artista, como é o caso do pianista Benjamin Grosvenor, mesmo que seja sob a perspectiva de seus discos.

Ele sempre fica assim quando isso é mencionado…

Nascido em 1992, foi o mais jovem pianista britânico a assinar contrato com o selo DECCA em 2011. Fazia quase 60 anos que o selo não contratava qualquer pianista britânico.

Já postei dois álbuns dele aqui no blog – o primeiro a ser lançado pela DECCA, no qual ele exibe um repertório de pérolas para o piano, compostas por campeões do teclado: Chopin, Liszt e Ravel. O outro, um álbum temático, Dances, onde o pianista nos brinda com uma coleção de peças de vários compositores inspirados por diferentes tipos de danças.

No álbum desta postagem, lançado há bem pouco tempo, temos uma coleção de peças de três compositores que foram muito, muito próximos. Robert e Clara Schumann, que acolheram o jovem Brahms no início de sua carreira como compositor. Havia muita afinidade musical entre eles, assim como grande admiração pelos seus talentos musicais. Com o agravamento das condições de saúde de Robert, Johannes e Clara conviveram com muita proximidade. Certamente havia amor além de amizade entre eles, mas essa relação não foi avante, após a morte de Robert.

Além da admiração de cada um deles pela obra dos outros, a atuação de Clara, que era uma renomada pianista, na divulgação da obra de ambos, foi importante para a divulgação de suas composições. Ela fez muito para estabelecer o reconhecimento das obras de seus dois compositores preferidos.

No programa, obras de Robert Schumann ocupam o maior espaço, começando com uma primorosa interpretação da coleção de peças inspiradas pela novela de E.T.A. Hoffmann, que tem por personagem um violinista maníaco-depressivo chamado Kreisler. Essa obra é bem típica de Schumann, com contrastes entre o impulsivo Florestan e o sonhador Eusebius.

Mais algumas peças de Robert, entre elas um movimento da Sonata No. 3 para piano, umas quasi variazoni, provavelmente para fazer eco às Variações sobre um tema de Robert Schumann, compostas por Clara, que além de pianista foi ótima compositora. Provavelmente sua obra não é maior devido à sua atividade como intérprete, sem esquecer seu casamento com Robert, com oito filhos (!?!), dos quais quatro sobreviveram a ela.

Nos últimos 15 minutos do disco, 3 Intermezzi da coleção de peças publicadas como o Opus 117, já bem no fim da vida de Johannes Brahms, quase quarenta anos após a morte de Robert.

Robert Schumann (1810 – 1856)

[1-8] – Kreisleriana, Op. 16

[9] – Romance em fá sustenido maior, Op. 28 No. 2

[10] – Blumenstück, Op. 19

[11-15] – Piano Sonata No. 3 in F minor, Op. 14: Quasi variazoni

[16] – Abendlied (arr. Grosvenor)

Clara Schumann (1819 – 1896)

[17-24] – Variações sobre um tema de Robert Schumann, Op. 20

Johannes Brahms (1833 – 1897)

[25-27] – Intermezzi (3), Op. 117

Bejamin Grosvenor, piano

Data da gravação: 24/04/2022

Local da gravação: Potton Hall, Suffolk

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FLAC | 249 MB

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MP3 | 320 KBPS | 201 MB

Trecho final da resenha sobre o disco na Gramophone: The engineering brings out all the colour and nuance of the playing. All in all, this is an album that reaffirms Grosvenor’s status as one of the most accomplished pianists around.

Benjamin Grosvenor impressionado com a última aquisição para a coleção de grand pianos para o acervo do PQP Bach…

Outras gravações de Kreisleriana, de Robert Schumann, podem ser encontradas nas postagens indicadas:

Schumann (1810-1856): Peças para Piano – Radu Lupu

R. Schumann (1810–1856): Kreisleriana ; F. Chopin (1810-1849): 2 Noturnos, Scherzo nº 3, Fantasia (Linda Bustani)

Robert Schumann (1810-1856): Einsam – Peças para Piano – Nino Gvetadze ֎

Aproveite!

René Denon

Johannes Brahms (1833-1897): Concerto Duplo para Violoncelo e Violino, op. 120, Clara Schumann (1819-1896) – Trio para Piano, Violino e Violoncelo – Anne-Sophie Mutter, Pablo Ferrández

Nossa adorada Anne-Sophie volta ao Concerto Duplo de Brahms, desta vez ao lado de um jovem violoncelista, Pablo Ferrández (não está escrito errado não), e de seus fiéis companheiros na sua longa trajetória, Lambert Orkis e Manfred Honeck.

O Concerto Duplo de Brahms é uma peça única, sem dúvidas. . Ouço esse concerto já há muito tempo, quando a mesma Anne-Sophie o gravou com o nosso Antonio Meneses ao lado do Kaiser Karajan. Foi um disco que causou um grande impacto em minha formação, e até hoje tenho muito carinho por ele. Posteriormente me cairam em mãos as históricas gravações de Oistrak / Rostropovitch, aí admirei ainda mais essa obra.

Em sua biografia de Brahms, Malcolm McDonald assim nos apresenta essa fantástica obra:

“Longe de ser o menor, o Concerto Duplo é sem dúvida o mais romântico de todos os seus concertos, talvez de todas as suas obras orquestrais, e de um modo que provém da própria natureza dos instrumentos. Tratados como solistas em plano de igualdade, os dois instrumentos de corda, tão assemelhados em construção e tão diferentes em caráter, sugerem inevitavelmente o diálogo – e diálogo, mais ainda, masculino-feminino. O violino é algumas vezes um feminino afirmativo e o violoncelo algumas vezes um masculino maleável e sonhador, mas  as polaridades fundamentais são construídas na sonoridade deles. E sobre o que falam, no universo romântico, o homem e a mulher? Embora nervosamente, sinfônico e incrivelmente rico em construção, é quase fantasioso caracterizar o Concerto Duplo como música de amor praticamente contínua. Brahms passou a vida compondo canções de amor, mas algumas de suas mais íntimas e mais profundamente sentidas foram sempre as sem palavras (…)”. 

Brahms compôs a obra sempre pensando em seu amigo Joseph Joachim, um renomado violinista da época, e no violoncelista Haussmann, que tocava no Quarteto de Cordas de Joachim, e a obra foi  apresentada pela primeira vez para a sua amiga Clara Schumann, em uma formação para trio, tendo Brahms tocado a parte orquestral ao piano.

Sua estréia oficial, com os mesmos dois solistas, foi recebida com ressalvas pela audiência e pela crítica especializada, que estranhou a conjunção dos dois instrumentos. Só com o passar dos anos foi sendo compreendida, e mesmo assim é pouco executada até mesmo nos dias de hoje.

Anne-Sophie Mutter conhece muito bem essa obra, já a gravou em sua juventude, com Karajan, ao lado do brasileiro Antonio Meneses, como comentei acima, para quem se interessar o link foi  atualizado há alguns anos e podem achar esse CD aqui. Gostei imensamente de ouvi-la tocando novamante essa obra, agora uma mulher madura e muito experiente. A parceria com Herrández funciona perfeitamente, e somos apresentados a um instrumentista que ainda vai nos proporcioar muito prazer.

A obra que encerra o CD é o belo Trio para Piano, Violino e Violoncelo, de Clara Schumann.

Johannes Brahms – Concerto para Violino e Violoncelo, op. 104
01 – I. Allegro
02 – II. Andante
03 – III. Vivace non troppo

Anne-Sophie Mutter – Violino
Pablo Ferrández – Violoncelo
Czech Philharmonic Orchestra
Manfred Honneck – Conductor

Clara Schumann – Trio para Piano, Violino e Violoncelo
04 – I. Allegro moderato
05 – II. Scherzo – Tempo di menuetto – Trio
06 – III. Andante
07 – IV. Allegretto

Anne-Sophie Mutter – Violino
Pablo Ferrández – Violoncelo
Lambert Orkis – Piano

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FDP

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Lieder, transcritos para piano por Clara Schumann (1819-1896) – Garben


Dia dos Namorados? Nah, só aqui no Brasil. É véspera do dia de Santo Antônio e, mais que isso, aquela efeméride marqueteira inventada para que as pessoas consumam alguma coisa em junho, pois o Dia de São Valentim é em fevereiro, no meio das férias, época ruim para consumo, e porque abril já tem a Páscoa e maio já tem as noivas e o Dia das Mães, e julho… Bem, julho já é de férias de novo, então o melhor seria que realmente os casais enchessem os restaurantes e fizessem fila no motel em junho mesmo, nem que fosse para dar o pretexto a Vassily para, pela primeira e provavelmente última vez, escrever a palavra “motel” aqui no PQP Bach.

Eu ligo tchongas para o Dia dos Namorados, mas já que estamos em nosso minifestival Schumann, escolhi como música de fundo para os arrulhos dos pombinhos que o celebram essas bonitas canções de Robert, habilmente transcritas por Clara para o piano, e aqui interpretadas por Cord Garben, um bom pianista que ficou mais conhecido como produtor e gerente de egos da Deutsche Grammophon.

Apesar de todas aparências, e de toda fama que granjearam como Casal 20 (termo que atesta minha velhice) da música de concerto, a relação entre Clara e Robert não tinha calmarias. A casa dos Schumann sempre oscilou entre brasas e chamas: Robert era devotamente apaixonado pela esposa, mas extremamente possessivo, o que se agravava ainda mais pelo fato de Clara, uma das melhores pianistas da Europa, excursionar extensamente e com muita frequência. Dóia-lhe em especial na machidão, também, o fato da esposa ser tanto a provedora da casa quanto a Schumann famosa no mundo da época. Clara, por sua vez, sempre teve foi muito crítica a Robert como compositor, e a tal ponto que, com algumas exceções, só incorporou as obras dele ao seu repertório depois de enviuvar. Nos quarenta anos em que viveu sem ele, dedicou-se à preservação de seu legado, não sem dar chá de sumiço em algumas partituras que considerava indignas de serem lembradas, o que levou muito papel para a fogueira, enquanto batalhava para sustentar os sete filhos que sobreviveram à infância, e aos netos que os filhos lhe traziam.

Essas transcrições que ora lhes alcanço, em sua maior parte feitas depois da morte de Robert, são tão fiéis ao seu texto e essenciais quanto poderiam ser. Não há aqui a grandiloquência, nem os arroubos prestidigitadores de tantas das transcrições de Liszt, feitas para o húngaro brilhar nos palcos. Clara, ao contrário, lançou mão de sua sabedoria pianística para incorporar a melodia do canto àquele que é, com raras exceções, o acompanhamento original de Schumann. Essas apaixonadas canções sem palavras, muitas delas compostas naquele incrível “Ano das Canções” do 1840, são um sensível memorial de Clara para Robert – talvez a sonhar com um amor como o de “Widmung”, poema que abre a coleção “Myrthen”:

“Du meine Seele, du mein Herz,
Du meine Wonn’, O du mein Schmerz,
Du meine Welt, in der ich lebe,
Mein Himmel du, darein ich schwebe,
O du mein Grab, in das hinab
Ich ewig meinen Kummer gab”

 

“Tu, minha alma; tu, meu coração,
Tu, meu prazer; oh tu, minha dor,
Tu, meu mundo, no qual eu vivo,
Meu céu, tu – no qual flutuo,
Tu és o túmulo onde sepultei
Minhas mágoas para sempre”

 

 

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Transcrições para piano de Clara Josephine SCHUMANN (1819-1896)

1 – Widmung, Op. 25 no.1: “Du meine Seele, du mein Herz”
2 – Dein Angesicht, Op. 127 no. 2: “Dein Angesicht, so lieb und schön”
3 – Er, der Herrlichste von allen, Op. 42 no. 2
4 – Du bist wie eine Blume, Op. 25 no. 24
5 – Der Nussbaum, Op. 25 no. 3: “Es grünet ein Nussbaum vor dem Haus”
6 – Singet nicht in Trauertönen, Op. 98a no. 7 (Philinens Lied)
7 – Ich wandre nicht, Op. 51 no. 3
8 – Sehnsucht, Op. 51 no. 1: “Ich blick in mein Herz und ich blick in die Welt”
9 – Helft mir, ihr Schwestern, Op. 42 no. 5
10 – Die Lotosblume, Op. 25 no. 7: “Die Lotosblume ängstigt sich vor der Sonne Pracht”
11 – Nichts schöneres, Op. 36 no. 3: “Als ich zuerst dich hab gesehn”
12 – Märzveilchen, Op. 40 no. 1: “Der Himmel wölbt sich rein und blau”
13 – Sonntags am Rhein, Op. 36 no. 1: “Des Sonntags in der Morgenstund”
14 – Mit Myrthen und Rosen, Op. 24 no. 9
15 – Berg und Burgen schau’n herunter, Op. 27 no. 7
16 – Dem roten Röslein gleicht mein Lieb, Op. 27 no. 2
17 – In der Fremde, Op. 39 no. 1: “Aus der Heimat hinter den Blitzen rot”
18 – Intermezzo, Op. 39 no. 2: “Dein Bildnis wunderselig”
19 – Mondnacht, Op. 39 no. 5: “Es war, als hätt’ der Himmel”
20 – Frühlingsnacht, Op. 39 no. 12: “Über’n Garten durch die Lüfte”
21 – Rose, Meer und Sonne, Op. 37 no. 9: “Rose, Meer und Sonne sind ein Bild der Liebsten mein”
22 – Der Knabe mit dem Wunderhorn, Op. 30 no. 1: “Ich bin ein lust’ger Geselle”
23 – Er ist’s, Op. 79 no. 23: “Frühling läßt sein blaues Band'”
24 – An den Sonnenschein, Op. 36 no. 4: “O Sonnenschein! Wie scheinst du mir…”
25 – Ständchen, Op. 36 no. 2: “Komm in die stille Nacht…”
26 – Die Stille, Op. 39/4: “Es weiß und rät es doch keiner”
27 – Volksliedchen, Op. 51 no. 2: “Wenn ich früh in den Garten geh'”
28 – Geständnis, Op. 74 no. 7: “Also lieb ich euch”

Cord Garben, piano

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Para que não fiquem achando que eu não gosto das transcrições de Liszt, aqui está Nelson Freire tocando – à primeira vista! – a bonita transcrição de Franz para “Widmung”. Quem lhe vira as páginas é sua ultra-amiga Martha Argerich, que faz uma participação muito especial do documentário “Nelson Freire”, de Walter Salles, do qual esse vídeo é um extra.

 


Instigada por Nelson, Martha incorporou a transcrição de “Widmung” a seu repertório e passou a tocá-lo como bis – como fez no ano passado para esses felizardos na Itália. Sua leitura, expressiva e brilhante, é extraordinária – como tudo o que vem dela…


… e que não reparem nas águas-vivas no fundo e nos cortes no começo e no fim do vídeo: Jessye Norman era o de que melhor havia no planeta, e sua interpretação de “Widmung” nunca deixa meus olhos secos.

Vassily

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Ibragimova, Tiberghien)

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Ibragimova, Tiberghien)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Ontem e anteontem, apresentamos as versões de Mutter e Mullova para este extraordinário repertório. Pois Ibragimova crava sua bandeira no Olimpo dos bons registros modernos destas Sonatas. Aqui, ela é mais do que consistente. Mas ainda fico com Mutter… A delicadeza e a quietude de Alina Ibragimova é talvez a característica mais marcante dessas performances. Escute o centro lírico do final da Op 78, que coisa! Na primeira audição, fiquei desapontado por Ibragimova ser tão contida; na segunda, já achei que sua aparente reticência fazia todo sentido. Há grandes momentos — movimentos inteiros –, neste CD muito bem gravado. O final do Op. 100 transmite calor através de cores sutis, frases flexíveis e uma linda narrativa. A delicadeza do terceiro movimento do Op 108 é arrebatadora, graças em grande parte ao leve toque de Tiberghien. A inclusão de Clara Schumann é um bonito bonus track.

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Ibragimova)

Johannes Brahms Violin Sonata No 1 In G Major (Op 78) (27:22)
1 – Vivace Ma Non Troppo 10:40
2 – Adagio – Pìu Andante – Adagio Come I 8:06
3 – Allegro Molto Moderato – Pìu Moderato 8:35

Johannes Brahms Violin Sonata No 2 In A Major (Op 100) (18:56)
4 – Allegro Amabile 8:08
5 – Andante Tranquillo – Vivace – Andante – Vivace Di Pìu – Andante – Vivace 5:35
6 – Allegretto Grazioso, Quasi Andante 5:12

Johannes Brahms Violin Sonata No 3 In D Minor (Op 108) (21:15)
7 – Allegro 8:29
8 – Adagio 4:13
9 – Un Poco Presto E Con Sentimento 2:58
10 – Presto Agitato 5:33

11 Clara Schumann Andante Molto (No 1 Of Three Romances, Op 22)

Piano [Steinway & Sons] – Cédric Tiberghien
Violin – Alina Ibragimova

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Alina e Cédric, né?

PQP

The Art of the Nocturne, CD 4 de 4 – Noturnos para piano de vários compositores

Nocturnes BoxAntes que nossos arretados leitores-ouvintes me intimem novamente a concluir a série, o cabra aqui apressa-se em fazê-lo.

O último álbum é um saco de gatos repleto de noturnos escritos por contemporâneos de Chopin. De Clara Schumann a Camille Pleyel (que faria fortuna como fabricante de pianos), e de Glinka ao boçal Kalkbrenner, que quase foi professor de Chopin e se considerava, após a morte de Haydn e Beethoven, “o último músico clássico vivo”, tem de tudo. Em sua maioria, são bombons tão untuosos e adocicados que farão até os mais ardentes anti-chopinianos querer escutar os noturnos do mestre e espocar fogos em homenagem ao gênio polonês.

Dignas de nota são as peças de Charles-Valentin Alkan (1813-1888), um compositor para piano extremamente original que, para minha total surpresa, faz sua estreia aqui no PQP Bach. Ele foi uma figura excêntrica, amigo de Liszt e Chopin e, ainda assim, tido por vários contemporâneos como o maior pianista de sua época. Daremos um jeito de trazer para cá, nas próximas semanas, um tanto de sua produção desenfreada, e muitas vezes prosopopeica, pelas mãos dos ótimos Marc-André Hamelin e Jack Gibbons.

THE ART OF THE NOCTURNE, volume IV

Joseph Étienne Camille PLEYEL (1788-1855)

01 – Noturno “alla Field” em Si bemol maior

Friedrich (Frédéric) Wilhelm Michael KALKBRENNER (1785-1849)

Noturnos para piano, Op. 121

02 – No. 1 em Lá bemol maior, “Les Soupirs de la Harpe Éolienne”
03 – No. 2 em Fá maior, a três mãos*

Clara Josephine SCHUMANN (1819-1896)

Soirées Musicales, Op. 6

04 – No. 2: Noturno em Fá maior

Louis James Alfred LEFÈBURE-WÉLY (1817-1870)

05 – Noturno em Ré bemol maior, Op. 54, “Les Cloches du Monestère”

Edmond WEBER (1838-1885)

06 – Noturno em Ré bemol maior, Op. 1, “Première Pensée”

Charles-Valentin ALKAN (1813-1888)

07 – Noturno em Si maior, Op. 22
08 – Esquisses, Op. 63 – no. 43: em Fá sustenido menor, “Notturnino Innamorato”

Mikhail Ivanovich GLINKA (1804-1857)

09 – Noturno em Mi bemol maior

Maria SZYMANOWSKA (1789-1831)

10 – Noturno em Lá bemol maior, “Le Murmure”

Ignacy Feliks DOBRZYNSKI (1807-1867)

Noturnos, Op. 21

11 – No. 1 em Sol menor
12 – No. 2 em Mi bemol maior

Noturnos, Op. 24

13 – No. 1 em Fá menor
14 – No. 2 em Ré bemol maior

15 – Noturno em Sol menor, “Pożegnanie” (“Despedida”)

Bart van Oort, piano Érard (1837)
* com Agnieska Chabowska

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Uma das duas únicas fotografias conhecidas de Alkan. Depois que vocês ouvirem sua música, não estranharão.
Uma das duas únicas fotografias conhecidas de Alkan. Depois que vocês ouvirem sua música, não a estranharão.

Vassily Genrikhovich

Franz Schubert (1797-1828): Quinteto “A Truta” / Clara Schumann (1819-1896): Trio Op. 17

Franz Schubert (1797-1828): Quinteto “A Truta” / Clara Schumann (1819-1896): Trio Op. 17

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O Quinteto “A Truta”, de Schubert dispensa apresentações. É lindo! O Beaux Arts idem. Por isso, demos mais espaço a uma rápida biografia de Clara Schumann, uma talentosa compositora e pianista, muito mais fora do repertório habitual. Ela foi importante não apenas por si mesma como por suas relações com Robert Schumann, Brahms, Chopin e pelas célebres inimizades. Seu Trio também é muito bom.

Clara Schumann, nascida Clara Josephine Wieck foi uma pianista e compositora alemã. Foi casada com o também compositor Robert Schumann.

Desde muito jovem, aprendeu a técnica do piano com seu pai, Friedrich Wieck. A mãe, Marianne, era uma excelente musicista e dava concertos. Quando Clara tinha 4 anos, os pais se divorciaram, com Friedrich ganhando a custódia da menina. Aos 5, Clara começou a ter lições de piano mediante a disciplina rígida do pai.

A partir dos 13 anos desenvolveu uma brilhante carreira pianística, apresentando-se em vários palcos pela Europa. Destacou-se não só por isso, mas também pela performance de compositores românticos da época, como Chopin e Carl Maria Von Weber.

Na adolescência iniciou um romance com Robert Schumann que na época era aluno de seu pai. Ao tomar conhecimento da ligação de Robert e Clara, Wieck ficou furioso, pois Robert tinha problemas com a bebida, o fumo e crises depressivas. Preocupado com o futuro da filha, proibiu a relação. A consequência foi uma longa batalha judicial, em que, após um ano de litígio, Schumann conseguiu a permissão para desposar Clara, após ela completar 21 anos.

Depois do casamento, Clara e Robert começaram uma longa colaboração, ele compondo e ela interpretando e divulgando suas composições. Clara continuou a compor, mas a vida em comum era complicada, pois ela foi forçada a parar a carreira por diversos períodos, devido às 8 gestações e, apesar de Schumann aparentemente encorajar sua criação musical, ela abdicou muitas vezes de sua carreira como compositora para promover a do marido.

A situação era agravada por várias diferenças entre o casal: Clara adorava turnês, Robert as odiava; ele precisava de silêncio e tranquilidade para praticar, o que significa que Clara ficava em segundo plano, pois somente após o estudos do marido ela poderia ter suas horas de estudo.

Outro problema eram as constantes crises nervosas do marido, que fizeram Clara assumir as responsabilidades familiares sozinha. A pior crise de sua vida aconteceu quando Schumann entrou em depressão crônica, o que obrigou a família a interná-lo num manicômio, onde ficou por dois anos, até a morte. Após 14 anos de casamento, Clara ficou sozinha com os filhos, tendo que dar aulas e apresentações para sustentar a família.

A partir daí, ela ficou livre para compor e dar concertos, e sua carreira finalmente se desenvolveu. A amizade com Johannes Brahms foi o principal sustentáculo nesse período, o que deu margem a fofocas de que os dois teriam um romance. Foram anos de colaboração mútua, já que os dois artistas eram defensores ferrenhos da estética romântica ligada a um padrão mais formal, e opositores de Wagner e Liszt. A amizade durou até o final da vida de Clara.

Ao mesmo tempo, Clara trabalhou intensamente na divulgação da obra do ex-marido e, toda vez que se apresentava, fazia-o vestida de preto, por ser viúva.

Durante certo período, Clara sofreu de uma síndrome de dor crônica, atribuída aos excessos de treinos na tentativa de executar as obras orquestrais de Brahms. O tratamento realizado à época foi bem sucedido e Clara pode continuar sua carreira. Os últimos anos da compositora foram marcados por uma brilhante carreira como professora e o reconhecimento como concertista.

Franz Schubert (1797-1828): Quinteto “A Truta” / Clara Schumann (1819-1896): Trio Op. 17

Schubert
Piano Quintet In A, Op. 114 D.667 “The Trout”
1 Allegro Vivace
2 Andante
3 Scherzo (Presto)
4 Andantino (Tema Con Variazioni)
5 Finale (Allegro Giusto)
Beaux Arts Trio
Samuel Rhodes
Georg Hörtnagel

Clara Schumann
Klaviertrio G-moll, Op. 17
6 Allegro Moderato
7 Scherzo (Tempo Di Menuetto)
8 Andante
9 Allegretto
Beaux Arts Trio

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A raridade aqui é Clara Schumann, né?

PQP

Clara Schumann (1819-1896) – Piano Concerto A Moll, op. 7, Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concerto nº 4, G Dur,, op. 58 – Ragna Schirmer, Staatskapelle Halle, Ariane Mattiakh

Não consigo me lembrar de onde foi que consegui este CD, mas trata-se de uma grata surpresa. Claro que estou falando do Concerto para Piano de Clara Schumann, a eterna sra Robert Schumann. Aqui, apesar do peso do nome de Beethoven no CD, é ela quem dita as regras.
No booklet em que apresenta o CD, a pianista Ragna Schirmer explica o por que de seu interesse e sua dedicação e esta pessoa tão impar e tão talentosa, mas que resolveu viver à sombra de seu eterno amor, o compositor Robert Schumann.
Ai fica a curiosidade: mas por que temos Beethoven Nesse CD? Em um primeiro momento, podemos pensar, ah, é para completar o CD, mas queridos, as cadenzas desta gravação foram escritas por Clara, simples assim.  Entenderam?
Eu particularmente conhecia Ragna Schirmer como excelente intérprete de Bach e Haendel, e fui surpreendido nesta sua incursão no romantismo.  Vale a pena ouvirmos este CD para podermos conhecer mais um pouco desta grande mulher, a grande Clara Schumann.

01. Piano Concerto in A Minor, Op. 7 I. Allegro Maestoso
02. Piano Concerto in A Minor, Op. 7 II. Romanze. Andante non troppo, con Grazia
03. Piano Concerto in A Minor, Op. 7 III. Finale. Allegro non troppo-Allegro Molto
04. Piano Concerto No.4 in G Major, Op. 58 I. Allegro Moderato
05. Piano Concerto No.4 in G Major, Op. 58 II. Andante con Moto
06. Piano Concerto No.4 in G Major, Op. 58 III. Rondo. Vivace

Ragna Schirmer – Piano
Sttatskapelle Halle
Ariane Matiakh – Conductor

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Clara Wieck Schumann (1819-1896): Piano and Chamber Music

Clara Wieck Schumann (1819-1896): Piano and Chamber Music

Um belo CD. Se você não é familiarizado com a música de Clara Schumann, esta coleção de obras para piano solo e de câmara fornece uma boa visão geral de quem era a esposa de Robert Schumann e possível amante de Brahms. A pianista Micaela Gelius é muito boa intérprete e enfatiza a poesia da música ao invés de cintilar vaidosamente como costumam fazer os intérpretes de Rachmaninov. Ela parece Arrau tocando Bobby Schumann.

Da mesma forma, Gelius e seus colegas chegam a um desempenho soberbo no Trio. O violinista Sreten Krstic é especialmente bom e isto já se nota nos Romances. É boa música romântica. E honesta.

Clara Wieck Schumann (1819-1896): Piano and Chamber Music

1 Scherzo for piano No. 2 in C minor, Op. 14 4:32

2 Romance for piano in A minor, Op. 21/1 5:16

Soirées Musicales, 6 pieces for piano, Op. 6
3 Toccatina 2:29

Romances for piano, Op. 11
4 Romance No. 1 3:39
5 Romance No. 2 5:48

Variations on a Theme by Robert Schumann, for piano in F sharp minor, Op. 20
6 Variation 1 1:01
7 Variation 2 0:48
8 Variation 3 1:02
9 Variation 4 1:11
10 Variation 5 0:49
11 Variation 6 1:10
12 Variation 7 1:05
13 Variation 8 3:40

Romances for violin & piano, Op. 22
14 Romance No. 1 3:17
15 Romance No. 2 2:40
16 Romance No. 3 3:48

Piano Trio in G minor, Op. 17
17 I 10:33
18 II 4:47
19 III 5:24
20 IV 7:45

Micaela Gelius, piano
Sreten Krstic, violin
Stephan Haack, cello

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My name is Schumann, Clara Schumann
My name is Schumann, Clara Schumann

PQP

Stravinsky, Schubert, Ravel, Clara Schumann – Katia Labeque & Viktoria Mullova – Recital

41tg5Dsxp2L._SS280Mas que encontro dos sonhos …!!! Duas de minhas musas tocando juntas, em um repertório impecável, um encontro de duas excepcionais musicistas, e volto a repetir, um verdadeiro encontro dos sonhos.
O repertório abrange aproximadamente 100 anos de história da música, começando com a incrível Sonata barroca de Stravinsky, passando pela modernidade de Ravel e o romantismo de Schubert e Schumann.
Discaço, sem dúvida alguma, que merece sua atenção.

01. Stravinsky Suite Italienne – Introduction Allegro Moderato
02. Stravinsky Suite Italienne – Serenata Larghetto
03. Stravinsky Suite Italienne – Tarantella Vivace
04. Stravinsky Suite Italienne – Gavotte Con Due Variazioni – Allegretto – Alleg
05. Stravinsky Suite Italienne – Scherzino Presto Alla Breve
06. Stravinsky Suite Italienne – Minuetto – Finale
07. Schubert Fantasie For Violin And Piano D.934 – I Andante Molto
08. Schubert Fantasie For Violin And Piano D.934 – II Allegretto
09. Schubert Fantasie For Violin And Piano D.934 – III Andantino
10. Schubert Fantasie For Violin And Piano D.934 – IV Tempo Primo – Allegro Viva
11. Ravel Sonata For Violin And Piano – I Allegretto
12. Ravel Sonata For Violin And Piano – II Blues Moderato
13. Ravel Sonata For Violin And Piano – III Perpetuum Mobile Allegro
14. Schumann, Clara Romanze Fur Violine Und Klavier, Op.221 Db Major. re bemol major

Katia Labeque – Piano
Viktoria Mullova – Violin

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Clara Wieck Schumann (1819-1896) e Carl Maria von Weber (1786-1826): Concertos para Piano

Este disco marca a estreia de Clara Wieck Schumann no PQP, não? Ela é uma tremenda personagem e não sei como não é mais explorada pela literatura e pelo cinema. Mas este CD é… insignificante. Weber é uma bosta e o concerto de Clara não fica muito além. Os intérpretes fazem de tudo para tornar a coisa interessante, mas é complicado.

Clara Wieck Schumann: Piano Concerto in A minor, Op. 7
1. Piano Concerto in A minor, Op. 7: Allegro maestoso
2. Piano Concerto in A minor, Op. 7: Romanze: Andante non troppo, con grazia
3. Piano Concerto in A minor, Op. 7: Finale: Allegro non troppo

Carl Maria von Weber: Piano Concerto No. 1 in C major, J. 98 (Op. 11)
4. Piano Concerto No. 1 in C major, J. 98 (Op. 11): No. 1, Allegro
5. Piano Concerto No. 1 in C major, J. 98 (Op. 11): No. 2, Adagio
6. Piano Concerto No. 1 in C major, J. 98 (Op. 11): No. 3, Finale. Presto

Carl Maria von Weber: Piano Concerto No. 2 in E flat major, J. 155 (Op. 32)
7. Piano Concerto No. 2 in E flat major, J. 155 (Op. 32): No. 1, Allegro maestoso
8. Piano Concerto No. 2 in E flat major, J. 155 (Op. 32): No. 2, Adagio
9. Piano Concerto No. 2 in E flat major, J. 155 (Op. 32): No. 3, Rondo. Presto

Elizabeth Rich, piano
Janácek Philharmonic Orchestra
Dennis Burkh

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