Obs. de PQP: Neste ano de 2016, o mundo falará muito em Florence Foster Jenkins. Afinal, Stephen Frears acaba de finalizar a cinebiografia desta absurda, patética e desafinadíssima cantora com Meryl Streep no papel principal. Ela é simplesmente hilariante. As plateias desenvolveram uma curiosa convenção. Quando ela chegava em momentos particularmente horríveis em que eles tinham que rir, eles explodiam em aplausos e assobios para poderem rir livremente, sem machucar tanto a auto-estima — na verdade uma inabalável fortaleza — da pobre cantora. Ouçam o que ela consegue fazer nesta que é sua melhor gravação (não estou ironizando). Ouvir ‘A Faust Travesty’ é algo só para os fortes, mas ‘A Rainha da Noite’, ‘Biassy’ e ‘Like a Bird’ também quase me mataram. Mas deixemos a palavra para Das Chucruten.
Hoje vou postar uma pérola da indústria fonográfica do século XX, que de vez em quando deixa escapar suas máculas de maneira muito divertida. Esta é o que podemos chamar de raridade humorística da música.
Florence Foster Jenkins foi uma moça da alta sociedade americana, nascida ainda no final do séc.XIX, casada durante pouco tempo com um médico, e depois com um ator que virou seu empresário. Ao que parece sua família era muito rica e lhe permitiu manter-se de forma extravagante mesmo depois de uma separação. Consta que ela sempre quis ser cantora, mas nem seus pais nem seu marido deram bola, então ela resolveu seguir por conta própria. O resultado é que ela se autopromoveu e começou a organizar apresentações de canto às próprias custas.
Chamou a atenção dos críticos porque era totalmente desprovida de qualquer musicalidade mínima: não entendia a pulsação rítmica, era incapaz de manter-se no ritmo; não conseguia afinar-se minimamente e tinha uma pronúncia de língua estrangeira que beirava o ridículo. Não obstante, suas apresentações se tornaram “cult”, e, mesmo sabendo que o público ia assisti-la para o escárnio, dizia que os risos eram “inveja profissional”.
Pouco antes de morrer, em 1944, conseguiu apresentar-se no Carnegie Hall e gravou seu único disco de 78 rotações (aos 70 anos de idade!), que é a pérola que aqui vos apresento. O mérito do pianista acompanhador é grande, um verdadeiro malabarista que consegue, com maestria, seguir um motorista bêbado. O CD ainda tem umas faixas bônus com uma sátira ao Fausto de Gounod, cantado de forma invertida, e muito propriamente, chamado “A Faust Travesty”. Agradeço à minha amiga Ana Lucia pela introdução desta Diva na minha discografia
Abraços.
FLORENCE FOSTER JENKINS – THE GLORY (???) OF HUMAN VOICE / A FAUST TRAVESTY
01 Mozart: Die Zauberflöte, K 620 – Queen Of The Night Aria
02 Lyadov: Die Musikdose, Op. 32
03 Cosme McMoon: Like A Bird
04 Delibes: Lakme – Ou Va La Jeune Hindoue_
05 Cosme McMoon: Serenata Mexicano
06 David: La Perle Du Bresil – Charmant Oiseau
07 Bach,J.S. / Pavlov: Biassy
08 Strauss, Jr.: Die Fledermaus – La Chauve-Souris_ Adele’s Laughing Son – Air D’adele – ‘mein Herr Marquis’
09 Gounod: A Faust Travesty: Valentine’s Aria (Ere I Leave My Native Land)
10 Gounod: A Faust Travesty: Jewel Song (O Heavenly Jewels)
11 Gounod: A Faust Travesty: Salut, Demeure Chaste Et Pure (Emotions Strange)
12 Gounod: A Faust Travesty: Final Trio (My Heart Is Overcome With Terror)
Florence Foster Jenkins, Soprano
Cosme McMoon, pianist
Jenny Williams – Thomas Burns, singing the Faust parody
Estes dois discos têm me acompanhado no caótico trânsito de minha cidade nas últimas semanas e me dado tanto prazer que decidi fazer a postagem. Se o carro para no sinal, na geleia geral do trânsito ou no posto de gasolina, abro os vidros e deixo que essa exuberante arte do excesso se espalhe e impressione as pessoas, que me olham com alguma curiosidade.
As óperas têm estado presentes no blog, especialmente nas edições completas (e vastamente comentadas), mas aqui temos uma proposta diferente – coleção de árias – o crème de la crème. Veja o título: 40 Most Beautiful Arias – 40 Mais Belas Árias !
Há uma certa simplificação, pois que nem todas as faixas são árias, há alguns duetos também.
Eu confesso que costumava olhar com um certo desdém para este tipo de edição, por parecer um pouco populista, mas rendi-me à efetividade do produto, adorei ouvir essas belezuras, uma depois da outra… Realmente, é fácil criticar este tipo de lançamento, inclusive por deixar esta ou aquela outra ária de fora, pois que há muitas tantas tão bonitas, mas no fim dos discos chegamos ao entendimento de porque tantas pessoas se apaixonam por ópera. Além disso, a alternância tanto dos tipos de vozes quanto de estilos funcionou bem para mim.
No pacote há 18 compositores representados e o campeão é Puccini, com 11 árias, seguido de Mozart e Verdi, cada um com 5 números. Bizet tem 4 faixas, Handel 2 e o resto, uma cada.
Na escolha dos intérpretes os produtores devem ter tido um olho nos contratos, de forma que se poderia dizer que este ou aquele intérprete teria sido uma melhor opção. Mas não nos prendamos a essas coisas e se deixe levar pela onda da ópera, no que ela tem de melhor.
Há uma certa aura em torno de música clássica, ópera em especial, deixando uma impressão de inacessibilidade, que é necessário ter um gosto adquirido para de fato apreciar, mas isso é falso. As pessoas gostam (sempre gostaram) de ópera. Eu gosto do filme ‘O Feitiço da Lua’ (Moonstruck) pela história, mas também pela cena da ópera. O mocinho do filme (Nicholas Cage, quando jovem) é um padeiro que ama ópera e consegue levar a mocinha (Cher, a noiva de seu irmão mais velho) para uma noite na ópera. Mas não é um teatro qualquer, é o Metropolitan! A cena transmite toda a excitação e expectativa que antecede o espetáculo e mostra como as pessoas se envolvem com a apresentação. Pois bem, nem precisa vestir sua roupa de domingo, apenas ouça e deixe-se encantar pela magia dessas peças.
Moonstruck – Loretta e Ronny vão à Opera
As estrelas do disco:
Disco 1
Nessun dorma (Ninguém durma) – ária do Ato III de Turandot (1926), de Giacomo Puccini. A princesa Turandot decretara que ninguém poderia dormir na cidade de Pequim até o nome do príncipe (Calaf) lhe ser revelado. Calaf havia concordado que morreria caso seu nome fosse descoberto antes do amanhecer. Ele canta certo de que o esforço será em vão e que ao amanhecer ele mesmo dirá seu nome à princesa ganhando assim a sua mão em casamento. O papel é de um tenor. Neste disco, a ária é cantada por Placido Domingo que teve uma voz maravilhosa…
L’amour est un oiseau rebelle (O amor é um pássaro rebelde) – Habanera – Ária do Ato I de Carmen (1875), de Georges Bizet. A ária é cantada pela própria protagonista, ao sair do trabalho, na fábrica de charutos. Carmen é a própria sedução, falando sobre o amor e as loucuras de amar. O papel é escrito para um mezzo-soprano, e a intérprete é Julia Migenes. Carmen é uma ópera especial entre todas, não só pela música maravilhosa, mas pela audácia dos temas e, é claro, termina em tragédia.
Una furtiva lacrima – ária de L’elisir d’amore (1832), ópera de Gaetano Donizetti, cantada por Nemorino, um jovem camponês. Ele está cheio de confiança por ter tomado a segunda dose da Poção do Amor (na verdade, apenas vinho) e esnoba todas as belas da vila, reunidas e interessadas nele devido à fortuna que acabara de herdar. Entre elas está Adina, que fica magoada com sua indiferença e sai. Nemorino assim descobre que ela está interessada nele e canta sua alegria por descobrir que ela o ama. Aqui o tenor é Roberto Alagna.
Je dis que rien ne m’épouvante (Posso dizer que nada me assusta…) – ària de Carmen, cantada por Micaëla, uma jovem da vila de Don José e que está apaixonada por ele. Carmen mete Don José em tantas confusões que a ele só resta unir-se aos contrabandistas (Dancaïre e Remendado, ótimos nomes…) que vivem escondidos nas montanhas. A pobrezinha Micaëla vai a sua procura e para afugentar seu próprio medo, canta essa canção.
Au fond du temple saint também é de Bizet, mas da ópera Les pêcheurs de perles (1863) e não é uma ária, é um dueto. Os personagens são Nadir e Zurga, dois vértices de um (surpresa) triângulo amoroso. Os cantores aqui são Jerry Hadley e Thomas Hampson.
Ombra mai fu (também conhecida como Largo de Handel) – é uma ária da ópera Xérxes (1739), de Georg Frideric Handel. Muito conhecida, a ária é cantada por Xérxes para uma árvore, um plátano, louvando suas maravilhas… Aqui Xérxes é a cantora Jennifer Larmore.
When I am laid in earth – é um lamento cantado por Dido, na ópera Dido and Aeneas (década de 1680) de Henry Purcell. O sem-coração do Aeneas se apaixona por Dido, uma rainha, mas deve retornar à sua pátria e a abandona. É claro que ela vai se matar por isso, mas não sem antes nos cantar este maravilhoso lamento… Remember me, remember me, but ah! forget my fate! Aqui o lamento é da maravilhosa Véronique Gens.
Voi che sapete che cosa è amor – ária da ópera Le Nozze di Figaro (1786) do cara que sabia de tudo sobre ópera, Wolfgang Amadeus Mozart. A ária é cantada por Cherubino, um jovem pajem que vive apaixonado por todas as mulheres da ópera e canta para elas essa linda canção sobre o amor de dentro de seu uniforme militar… É claro que o papel é sempre de uma cantora (contralto) e aqui é a spettacolare Cecilia Bartoli.
Soave sia il vento – duetto de Così fan tutte (1790), outra do grande Mozart. Esta ópera é sobre (in)fidelidade no amor – rola uma aposta e dois casais serão submetidos a uma série de provas. Os mocinhos partem em um barco (de mentirinha, é claro) e as mocinhas, Dorabella e Fiordiligi, junto ao cético Don Alfonso, dão adeusinhos a eles, desejando que bons ventos os levem… As cantoras aqui são as famosas Kiri Te Kanawa e Frederica von Stade, que leva nobreza até no nome.
Mon coeur s’ouvre à ta voix – ária da ópera Samson and Delilah (1877) de Camille Saint-Saëns. Não consigo pensar nessa ópera sem lembrar dos filmes de Cecil B. DeMille, com Victor Mature e a deslumbrante Hedy Lamarr (deve ser um lance de numerologia, esse nome). Mas, voltando ao assunto, temas bíblicos como esse eram usados para um bom libreto, e essa ária é o momento no qual Dalila encanta e seduz o povero Sansão. A cantora aqui é o mezzo-soprano Olga Borodina e no finalzinho da ária o tenor José Cura da a voz a um balbuciante Sansão.
Pourquoi me réveiller, ária da ópera Werther (1887), de Jules Massenet. Você provavelmente sabe, Os Sofrimentos do Jovem Werther é um livrinho escrito por Goethe contando a história do mísero Werther, que está apaixonado pela Charlotte, que o ama de volta, mas está casada com outro homem. Sofrência no úrtimo com o terrível desfecho, suicídio do pobrezinho. O livro é um clássico, dizem autobiográfico (menos a parte do suicídio…) e gerou uma onda de suicídios nos dias de seu lançamento. Nesta ária, Werther lembra-se, ao lado de Charlotte, das suas leituras de poesias… O cantor é o tenor Jerry Hadley.
La donna è mobile, canzone do ato III, de Rigoletto (1851) ópera de Giuseppe Verdi. Essa é uma dessas óperas que você precisa ouvir pelo menos uma vez. Aqui o Duque de Mantua, um grande mulherengo, a là Don Giovanni, canta disfarçado de soldado está linda ária com palavras nada altaneiras sobre o caráter mundano das mulheres… O tenor aqui é Richard Leech.
Canção da Lua é uma ária da ópera Rusalka (1901), de Antonín Dvořák, mais conhecido pelo seu belíssimo Concerto para Violoncelo e pela Sinfonia ‘do Novo Mundo’. Rusalka conta a história de uma ninfa aquática que se apaixona por um humano. Aqui ela implora à Lua que revele ao príncipe (claro que o humano seria um príncipe…) o seu amor. A popularidade da ária sobrepujou a ópera e faz parte do repertório de grandes sopranos. Aqui está a cargo de Eva Urbanová.
Un bel di é uma ária de nosso campeão Puccini, da ópera Madama Butterfly (1904). Cio-Cio-San, a Madame Butterfly, espera já há três anos a volta de seu marido americano. Sua empregada Suzuki tenta convence-la que ele não retornará, mas ela crê na volta dele – Un bel di, vedreno o barco chegando e tal… Aqui a cantora é Cristina Gallardo-Domâs.
Donna non vidi mai é uma ária da ópera Monon Lescaut (1893), de (ta dã…) Puccini. O jovem cavaleiro Renato des Grieux acaba de conhecer e se apaixonar por Manon Lescaut. Desafortunadamente ela deve atender ao chamado de seu irmão, mas promete retornar. Ficando sozinho des Grieux canta nesta ária todo o seu amor por Manon. Quem empresta a voz a des Grieux aqui é José Cura.
Brindisi, de outra maravilhosa ópera de Verdi. Mais uma que precisa ser ouvida – La Traviata (1853). Alfredo, o mocinho da ópera, é convencido por Gastone e Violetta, a mocinha, a exibir sua voz. Ele então canta esta Canção de Brindar. Na gravação Alfredo é Neil Shicoff.
Vissi d’arte é a ária! Como todas as próximas neste disco, é de Puccini, da ópera Tosca (1900), talvez a ópera das óperas. A mocinha é ela mesma uma cantora de ópera (o cara era bom). Amor e música – as razões de viver de Tosca (Vissi d’arte = Eu vivo para a arte). A primeira cantora a cantar no papel de Tosca foi Giuditta Pasta, a mais famosa cantora lírica do século XIX. Foi Desdemona em Otello e teve três grandes óperas escritas para ela – Anna Bolena, La Sonnambula e Norma, na qual está a ária Casta Diva, que faz parte do segundo CD. Foi a partir daí que se passou a chamar essas mega artistas de Diva. Giuditta Pasta foi a primeira Diva! Aqui a Diva é Kiri Te Kanawa.
Che gelida manina (Que mãozinha gelada!) ária cantada por Rodolfo para Mimi, quando eles se encontram pela primeira vez. Eles são os protagonistas de mais uma ópera emblemática, La Bohème (1896), de (adivinhe) Giacomino Puccini. Ele aproveita para dizer que está apaixonado por ela. Aqui, o Rodolfo é o ótimo José Carreras.
Si, mi chiamano Mimi é da mesma ópera, mesmo momento. Rodolfo acabou de se declarar a Mimi e pede que lhe fale algo sobre ela. Bom, ela então lhe diz (cantando lindamente) que a chamam Mimi, apesar de seu nome ser Lucia. Ah, o amor! Mimi aqui é interpretada pela espetacular Barbara Hendricks.
O soave fanciulla– Depois dessas duas árias, os enamorados se reúnem nesse dueto que encerra o Primeiro Ato da ópera La Bohème. De novo, José Carreras e Barbara Hendricks são Rodolfo e Mimi.
Disco 2
O mio babbino caro (cuidado, não é ‘bambino’!) é uma ária famosa de uma (não tão famosa) ópera de um ato de Puccini, chamada Gianni Schicchi (1918). A ária é cantada por Lauretta, que implora a seu pai (babbino) – Ganni Sichicchi – que a ajude casar-se com o amor de sua vida, Rinuccio. Bom, nem os nomes ajudam muito, mas a ária é daquelas que está no repertório de todas as grandes cantoras. Aqui, Lauretta é interpretada por Cristina Gallardo-Domâs.
Ebben? Ne Andrò Lontana é uma ária da ópera La Wally (1892), escrita por Alfredo Catalani. Essa ária é cantada pela heroína, quando ela decide sair de casa para sempre. Bom, ela é uma garota tirolesa que morre jogando-se em uma avalanche de neve… Pois é, vá entender libretos de óperas. A cantora aqui também é Cristina Gallardo-Domâs.
Barcarolle é um dueto para soprano e mezzo-soprano de Les Contes d’Hoffmann (1881), a última ópera de Jacques Offenbach. Offenbach foi ótimo violoncelista e compôs inúmeras operetas de enorme sucesso. Essa Barcarolle tem uma das melodias mais populares do mundo e aposto como você vai se lembrar de já tê-la ouvido antes. Aqui as intérpretes são Jennifer Larmore e Hei-Kyung Hong.
La fleur que tu m’avais jetéeé outra pérola de Carmen, de Bizet. A canção da flor é um dos momentos mais líricos da ópera e traz o motivo do destino. Don José aqui é interpretado por Placido Domingo.
Signore, ascolta! É uma ária de Turandot, que como você já sabe, é de Puccini. A ária é cantada por Liu, uma escrava, para o príncipe Calaf, por quem está secretamente apaixonada! Ela o alerta para não arriscar sua vida pela fria princesa Turandot… Liu aqui é interpretada por Kiri Te Kanawa.
Un di felice é um dueto do primeiro ato da espetacular La Traviata (1853) de Giuseppe Verdi. Alfredo e Violetta cantam o tema mais famoso da ópera, que aqui são interpretados por Neil Shicoff e Edita Gruberova.
Dôme épais le jasmin– dueto da ópera Lakmé (1883), de Léo Delibes, cantado por Lakmé e sua serva Mallika, enquanto vão colher flores às margens de um rio. Um destes temas que são maiores do que a própria ópera, assim como a Barcarolle, de Offenbach. Aliás, cantados aqui pelas mesmas intérpretes, Jennifer Larmore e Hei-Kyung Hong.
Porgi amor– Cavatina do Segundo Ato de Le Nozze di Figaro (1786), de Mozart. A condessa, Rosina, só em seu quarto, lamenta a infidelidade de seu marido, o Conde de Almaviva. Ária curta, sem repetições, na qual a quase impossível simplicidade de Mozart transborda numa pequena joia. Aqui a condessa é Lella Cuberli.
Dalla sua pace – Ária da ópera Don Giovanni (1787), composta pelo divino Mozart, e é cantada por Don Otavio, noivo de Donna Anna. Eu tinha um amigo que o chamava Don Otário, pois o personagem é assim, um dois de paus, nada faz de interessante, mas é o tenor da ópera, onde o Don, Leporello e Masetto são todos baixo-barítonos. Isso sem contar o Comendador, que é um baixo à la Ghiaurov. Dalla sua pace foi composta para a apresentação da ópera em Viena, depois do sucesso em Praga, pois o tenor do dia não conseguia cantar a segunda ária de Don Otavio – Il mio tesoro – cuja parte …cercate…, é de matar de difícil. Aqui a bela Della sua pace está aos encargos de Hans Peter Blochwitz.
Casta Diva, assim como Vissi d’arte, é uma das mais famosas árias do repertório de soprano. A ópera é Norma (1831), de Bellini. Não é o capitão da Seleção Brasileira de Futebol de 1958, cuja estátua se encontra em frente ao Maracanã, mas Vincenzo Bellini, que escreveu o papel para Giuditta Pasta, a primeira das Divas. Aqui, a intérprete é Maria Callas, a Diva do século XX. O que realmente torna uma cantora uma Diva é a paixão que coloca em suas interpretações, assim como seu senso teatral.
Lascia ch’io pianga – Retornando no tempo, essa é uma ária da ópera Rinaldo (1705), de Handel. Como você pode imaginar, este é um lamento, construído sobre uma sarabanda. Logo após se casar com Rinaldo, Almirena é raptada por Armida. Ela está só no jardim de Armida e canta este seu lamento. A cantora na gravação é Marilyn Horne.
J’ai perdu mon Eurydice – essa memorável ária é da versão em francês de Orpheé et Eurydice (adaptada em 1774 da versão em italiano). Em italiano é Che faro senza Euridice (1762). Uma das mais lindas melodias colocadas em uma ária. Inesquecível mesmo após a primeira audição. A cantora aqui é Susan Graham.
Bein Männern, welche Liebe fuhlen – é um dueto da ópera Die Zauberflöte (1791), de Mozart. Pamina e Papageno cantam juntos um dueto sobre o amor em geral, mas não cantam um para outro, pois que não são parte de um par amoroso. Nesta gravação os cantores são Rosa Mannion e Anton Scharinger
Celeste Aidaé a ária na qual Radamés, escolhido para comandar os invasores etíopes, canta sua esperança de ser o grande vencedor para assim ganhar também o amor de Aida. A ópera Aida (1871), de Giuseppe Verdi, é uma daquelas obras que é reconhecida por todos e as suas montagens podem envolver quase um universo. Aqui Radamés está ao encargo de Placido Domingo.
Chi il bel sogno di Doretta, da ópera La Rondine (A Andorinha) (1917) de Puccini. Nesta ária a protagonista Magda conta como Doretta se apaixonou por um estudante. Na ópera, por sua performace, Magda ganha um colar de pérolas, que aqui vai para Kiri Te Kanawa.
Quizz do PQP Bach: Qual é a série de cuja trilha sonora esta ária faz parte?
Amor ti vieta é uma ária da ópera Fedora, de Umberto Giordano. Como parte de seu plano de vingança, Fedora (1898) seduz o Conde Loris Ipanov. Nesta ária eles se encontram em uma festa e ele diz a ela que realmente a ama. O conde aqui é Placido Domingo.
Es lebt eine Vilja (Vilja-Lied) é da ópera Die Lustige Witwe (1905), de Franz Lehár. Em sua festa Hanna conta a história de um espírito da montanha, uma Vilja, que vaga por lá e seduz os caçadores com sua beleza. A cantora aqui é Karita Mattila.
E lucevan le stelle é do Terceiro Ato de Tosca, de Puccini. Mario Cavaradossi é o mocinho (literalmente) da ópera, um jovem e liberal pintor, amante de Tosca. Nesta belíssima ária Cavaradossi troca sua última posse, um anel, para que um guarda leve uma carta para sua amada Tosca. Enquanto ele escreve a carta, canta seu amor por Tosca e pela vida. Mais uma vez, a voz linda de Placido Domingo.
Ave Maria é uma ária da ópera de maturidade de Verdi, Otello (1887). Desdemona reza à Virgem Maria um pouco antes de Otello entrar e cego de ciúmes, matá-la. Pois é, feminicídio é comum nas óperas… A Desdemona da vez é Cristina Gallardo-Domâs.
Non più mesta accanto al fuoco é da ópera La Cenerentola (1817), de Gioacchino Rossini. Ele mão poderia faltar , este genial compositor. Essa ópera é baseada no conto de fadas Cinderela, e foi composta em apenas 24 dias. Este é um dos momentos finais da ópera, onde a Cinderela canta que já não fica mais triste perto do fogo. Muito virtuosismo, mas a melodia aqui é a mesma de uma ária cantada pelo Conde Almaviva no final de O Barbeiro de Sevilha. Não por pouco que Rossini tinha fama de preguiçoso. Compunha deitado em sua cama. Se a folha em que estava escrevendo caísse, em vez de pegá-la do chão, ele começava tudo novamente em uma outra mais à mão. A cantora aqui é Jennifer Larmore.
Esta foi uma de minhas primeiras postagens, lá em 2008, há quatorze anos. Outros tempos, outra realidade, outra tecnologia. O link para Download foi colocado no falecido Rapidshare, era o que tinhamos naquele momento.
Um usuário encontrou essa pequena delícia chamada “Virtuosi” la naqueles primórdios do PQPBach e pediu para atualizar o link. O CD reune o vibrafonista e o pianista Makoto Ozone, músico totalmente desconhecido para mim naquele momento.
Mas além do CD solicitado trago outro CD desta parceria, que foi lançado em 1995, o CD intitulado ‘Face to Face’, onde a dupla toca alguns clássicos do Jazz, assim como obras do próprio Ozone, Thelonius Monk, Benny Goodman, dentre outros. O texto abaixo é da postagem original.
Outra preciosidade encontrada em meu velho porta cds, dos tempos em que ainda baixava mp3 via Soulseek. Um belo dia digitei Gary Burton, e no meio de um monte de coisas, também excelentes, encontrei essa jóia da coroa de meus cds de Jazz.
O nome dado ao CD, “Virtuosi”, define bem a proposta: o encontro de dois virtuoses em seus respectivos instrumentos. Gary Burton com seu vibrafone, e o até então desconhecido para mim, Makoto Ozone, pianista. Algus poderão torcer o nariz e comentar com desdém “mais um disco do tão famigerado encontro OcidentexOriente”. Mas lamento informar senhores de nariz torcido, de que não se trata de nada disso. O que se ouve aqui neste cd é música ocidental, com arranjos de obras de Ravel até Brahms. E tocadas com uma precisão e correção que beira as raias do absurdo. Ainda com relação a esta mesma precisão, dá-se a impressão de que eles tocam juntos há incontáveis décadas, mas existe aí uma diferença de gerações, porém o jovem Makoto Ozone não se deixa intimidar frente ao gigante Gary Burton, que traz junto de si toda a tradição de outros mestres do instrumento no jazz, como Lionel Hampton ou Milt Jackson.
Apesar de poder soar estranho num primeiro momento, garanto-lhes que o que os senhores irão ouvir é da mais pura beleza. Como comentei acima, existe uma cumplicidade tremenda entre os músicos, dando a nítida impressão de eles tocam juntos há muito tempo.
Boa audição.
Gary Burton & Makoto Ozone – Face to Face
01 – Kato’s Revenge
02 – Monk’s Dream
03 – For Heaven’s Sake
04 – Bento Box
05 – Blue Monk
06 – O Grande Amor
07 – Laura’s Dream
08 – Opus Half
09 – My Romance
10 – Times Like These
11 – Eiderdown
1 – Le tombeau de Couperin, for piano – Prelude – Composed by Maurice Ravel
2 – Excursions (4), for piano, Op. 20 No. 1 – Composed by Samuel Barber
3 – Prelude for piano No.19 in A minor, Op. 32/8 – Composed by Sergey Rachmaninov
4 – Milonga, for guitar – Composed by Jorge Cardoso
5 – Preludes (3) for piano II – Composed by George Gershwin
6 – Sonata for keyboard in E major, K. 20 (L. 375) “Capriccio” – Composed by Domenico Scarlatti
7 – Three Little Oddities, suite for piano Impromptu – Composed by Zez Confrey
8 – Concerto in F, for piano & orchestra Movement III – Composed by George Gershwin
9 – Lakmé, opera Medley: Berceuse / Duettino – Composed by Leo Delibes
10 – Capriccio for piano in B minor, Op. 76/2 – Composed by Johannes Brahms
11 – Something Borrowed, Something Blue – Composed by Makoto Ozone
A voz da soprano Sabine Devieilhe é o grande destaque deste belíssimo CD. E é ela quem o apresenta:
“Este álbum veio através do meu desejo de gravar Lakmé, um papel que tem sido muito querido para o meu coração desde que eu o fiz pela primeira vez no palco em 2012.
Para este personagem de Lakmé, Leo Delibés compôs algumas das mais belas músicas já compostas para soprano coloratura. Sua abordagem artística era essencialmente francesa, pois sempre fazia da voz o centro das atenções, com uma orquestração que às vezes é diáfana (quando uma heroína recita uma oração) e às vezes deslumbrante (nos grandes duetos amorosos).
Foi esse trabalho que despertou meu amor pela ópera francesa do século XIX. Mas Lakmé também surgiu no contexto de artistas europeus, tornando-se mais abertos a influências de terras distantes. Os ouvidos ocidentais estavam ansiosos por fazer viagens musicais e poéticas, e as pessoas eram cada vez mais receptivas a perfumes de longe.” Esta sua apresentação em sua íntegra se encontra no booklet que está anexado ao arquivo.
Dois momentos memoráveis deste CD é a magnífica ”Viens, Mallika’, com a ‘Duo das Flores’, uma das mais belas árias já compostas, e ‘La Romance d’Ariel” de Debussy. A voz de Sabine Devieilhe é alguma coisa de outro mundo. Tenho certeza que os senhores irão amar este CD.
1 Messager Madame Chrysanthème, Act 3 ‘Le jour sous le soleil béni’ (Madame Chrysanthème)
2 Debussy Pelléas et Mélisande, Act 3 ‘Mes longs cheveux descendent’ (Mélisande)
3 Delibes Lakmé, Act 2 ‘Où va la jeune Hindoue’ (Lakmé)
4 Delage 4 poèmes hindous – I. Madras
5 Delage 4 poèmes hindous – II. Lahore
6 Delage 4 poèmes hindous – III. Bénarès
7 Delage 4 poèmes hindous – IV. Jeypur
8 Debussy La Romance d’Ariel
9 Delibes Lakmé, Act 1 ‘Viens, Mallika’ (Lakmé, Mallika)
10 Stravinsky Le Rossignol, Act 2 ‘Ah, joie, emplis mon coeur’ (Le Rossignol)
11 Thomas Hamlet, Act 4 ‘À vos jeux, mes amis’ (Ophélie)
12 Berlioz La mort d’Ophélie
13 Massenet Thaïs, Act 2 ‘Celle qui vient est plus belle’ (La Charmeuse, Crobyle, Myrtale)
14 Koechlin Le voyage
15 Delibes Lakmé, Act 3 ‘Tu m’as donné le plus doux rêve’ (Lakmé)
Deixarei este CD a cargo do Departamento de Polêmicas. As escolhas tomadas pela notável violinista Patricia Kopatchinskaja (diz-se Copatchínscaiá) foram bem estranhas. No Ravel, a dança cigana não acelera — ou acelera e trava, acelera e trava –, o Bartók é muito pessoal… Não gostei tanto quanto poderia. Mas amo ver Kopatchinskaja no YouTube e fico pensando se sua magnética presença cênica não esconde certo descuido. Quando vemos Janine Jansen é uma coisa esplêndida. Ela é linda e toca demais. Quando apenas a ouvimos, notamos seu grande esmero nos detalhes e ela permanece. E a moldava? Parece que do vídeo para o áudio algo se perdeu. Mas Patricia é uma gênia e mantenho minha enorme admiração por ela. O problema deve ser eu. Ouçam!
Poulenc / Delibes / Bartók / Ravel: Deux (peças para violino e piano)
Francis Poulenc
1 Violin Sonata, FP 119: I. Allegro con fuoco
2 Violin Sonata, FP 119: II. Intermezzo. Très lent et calme
3 Violin Sonata, FP 119: III. Presto tragico
Léo Delibes
4 Coppélia: No. 2, Waltz (Arr. E. Dohnányi for Piano)
Béla Bartók
5 Violin Sonata No. 2, Sz. 76: I. Molto moderato
6 Violin Sonata No. 2, Sz. 76: II. Allegretto
Maurice Ravel
7 Tzigane, M. 76
Patricia Kopatchinskaja, violino
Polina Leschenko, piano
Acho que é notório que eu, Marcelo Stravinsky, adoro arranjos orquestrais de peças pianísticas e vice-versa. Gosto muito, também, de suítes para balé, e aproveitando a deixa do Carlinus, em reviver Schumann , quero compartilhar uma peça que buscava há um certo tempo. Carnaval, Op. 9, é uma série de 22 pequenas peças para piano, baseada nas personagens da Commedia dell’arte. Escrita no período de 1834 a 1835, foi dedicada ao violinista Karol Lipiński. É subtitulada Scènes mignonnes sur quatre notes (Pequenas cenas em quatro notas).
***
Carnaval, Op. 9
Em cada seção de Carnaval, aparecem uma ou ambas das duas Séries de notas musicais. São elas:
* Lá, Mi bemol, Dó, Si (A-E♭-C-B); em alemão são escritas como A-Es-C-H
* Lá bemol, Dó, Si; em alemão (A♭-C-B): As-C-H.
Essas duas Séries na verdade soletram o que, em alemão, é o nome da cidade onde a namorada de Schumman, Ernestine von Fricken, nasceu (Asch, que agora é Aš, pertencente à República Checa). São também as letras musicais de seu próprio nome: Schumann’.
Em Carnaval, Schumann vai musicalmente além de Papillons, para quem ele mesmo concebeu a história de que era uma ilustração musical. Carnaval permanece famosa por suas passagens resplandecentes de cordas e por seu deslocamento rítmico.
Dentre os vários que orquestraram Carnaval, temos Ravel, que fez arranjos de apenas algumas partes. A versão aqui apresentada, tem orquestrações de Alexander Glazunov, Nikolai Rimsky-Korsakov, Anatoly Lyadov e Alexander Tcherepnin, por encomenda dos Balés Russos, na pessoa de Sergei Diaghilev.
Um disco gentil e agradável. Nada demais, mas também nada indigno. Chama a atenção, é claro, as transcrições para piano do lied An Sylvia, de Schubert, e do Adagietto da Quinta Sinfonia de Mahler. Cyprien Katsaris é um virtuose daqueles que fazem uma brilhatura e sorriem. Ele ama transcrições, tanto que já gravou a integral das Sinfonias de Beethoven transcritas por Liszt. Mas sua maior aventura foi ter gravado uma rara versão para piano de A Canção da Terra, de Gustav Mahler com Brigitte Fassbaender e Thomas Moser. Em registros mais sérios, está gravando todos os Concertos para Piano de Mozart. Olha, com o espírito que ambos têm, Mozart e Katsaris, acho que deve ser uma boa ouvir. É um sujeito peculiar esse pianista.
Vários compositores: Piano Rarities · Vol. 1 Transcriptions
1 Fritz Kreisler (1875-1962) · Praeludium and Allegro in the style of Pugnani
2 Robert Schumann (1810-1856) · MondNacht, op. 39 no. 5
3 Franz Schubert (1797-1828) · Gesang (An Sylvia), op. 106 no. 4, D. 891
4 Richard Wagner (1813-1883) · Der Engel (no. 1 from Wesendonck-Lieder)
5 Richard Strauss (1864-1949) · Zueignung, op. 10 no. 1
6 Gustav Mahler (1860-1911) · Adagietto (from Symphony no. 5)
7 Federico Mompou (1893-1987) · Damunt de tu només les flors
8 Francisco Táregga (1852-1909) · Recuerdos de la Alhambra
9 Agustín Barrios Mangoré (1885-1944) · Chôro Da Saudade
10 Georges Bizet (1838-1875) · Adieux de l’Hôtesse arabe
11 Gabriel Fauré (1845-1924) · Nell, op. 18 no. 1
12 Léo Delibes (1836-1891) · Valse (from Coppélia ou la Fille aux yeux d’émail)
13 Stanislaw Moniuszko (1819-1872) · Gwiazdka
14 Sergei Rachmaninov (1873-1943) · Vocalise
15 Reinhold Glière (1875-1956) · Valse (from The Bronze Horseman)
Terceira das sete terças-feiras (ops, hoje é quarta) que postamos essa coleção show de bola das gravações em estúdio de Maria Callas.
E… Meu Deus! Não consigo dizer que este grupeto de dez CDs é melhor que o anterior ou o próximo! Tem tanta coisa embasbacadora nessa coleção…
Pra não sair da rotina dessa série, só tem peso-pesado nas peças de hoje: temos o felicíssimo encontro de Callas com Karajan, na Madame Butterfly de Puccini, além das regências inspiradas de Tulio Serafin e as vozes marcantes dos tenores: Gedda, Di Stefano e Tucker dão show, show esse compartilhado/ofuscado por Gobbi (barítono) e Rossi-Lemeni (baixo).
Callas cintila, soberba, tanto nas óperas como nos três álbuns de árias nos quais resgata e apresenta outros compositores não tão conhecidos intercalados aos famosos. As óperas de hoje estão no topo da lista das mais necessárias, das básicas que todo iniciante no meio operístico deve conhecer e todo experiente deve revisar: Il Turco in Italia, Madama Butterfly, Aida e Rigoletto.
Ouça! Está do caraglio hoje! Deleite-se! Atinja o êxtase!
Palhinha: Maria Callas canta Oh, mio babbino caro, da ópera Gianni Schicchi, de Puccini (faixa 08 do CD 23):
Maria Callas (1923-1977) Complete Studio Recordings
CDs 21-22 Gioachino Rossini (1792-1868)
Il turco in Italia (2 CDs)
CD 21 01. Sinfonia
02. Nostra Patria e Il Mondo Intero (1º Ato)
03. Ho Da Fare Un Dramma Buffo
04. Ah! Se Di Questi Zingari L’Arrivo
05. Vado In Traccia Di Una Zingara
06. Chi Vuol Farsi Astrologar?
07. Ah, Mia Moglie, San Chi Sono
08. Non Si Da Follia Maggiore
09. Voga, Voga, A Terra, A Terra
10. Bella Italia, Alfin Ti Miro
11. Serva…Servo
12. Amici…Soccorretemi
13. Un Marito-Scimunito!
14. Ola, Tosto Il Caffe. Sedete
15. Siete Turchi, Non VI Credo
16. Lo Stupisco, Mi Sorprende
17. Come! Si Grave Scorno Soffrir Potete In Pace?
18. Un Vecchio Far Non Puo Maggior Follia
19. Per Piacere Alla Signora
20. No, Mia Vita, Mio Tesoro
21. Gran Meraviglie
22. Per La Fuga e Tutto Lesto
23. Perche Mai Se Son Tradito
24. Evviva d’Amore Il Foco Vitale
25. Chi Servir Non Brama Amor S’Allontani
26. Qui Mia Moglie Ha Da Venire
27. Ah! Che Il Cor Non M’Ingannava
28. Vada Via, Si Guardi Bene Di Cercar L’Amante Mio
CD 22 01. A Proposito, Amico (2º Ato)
02. d’un Bell’ Usodi Turchia
03. Se Fiorilla Di Vender Bramate
04. Non V’e Piacer Perfetto Se Nol Procura Amor
05. Che Turca Impertinente!
06. Credete Alle Femmine Che Dicon d’Amarvi!
07. In Italia Certamente Non Si Fa L’Amor Cosi
08. Fermate…Cosa C’e?
09. E Selim Non Si Vede!
10. Oh! Guardate Che Accidente!
11. Dunque Seguitemi
12. Questo Vecchio Maledetto
13. Si, Mi e Forza Partir
14. Son La Vite Sul Campo Appassita
15. Rida A Voi Sereno Il Cielo
16. Restate Contenti
Maria Callas, soprano
Nicolai Gedda, tenor
Nicola Rossi-Lemeni, baixo
Coro e Orchestra della Scala di Milano
Gianandrea Gavazzeni, regente
Setembro de 1954, Milão
CD 23 Giacomo Puccini (1858-1924)
Puccini Arias (1 CD)
01. Manon Lescaut – In Quelle Trine Morbide
02. Manon Lescaut – Sola, Perduta, Abbandonata
03. Madama Butterfly – Un Bel Di Vedremo
04. Madama Butterfly – Con Onor Muore
05. La Bohème – Si. Mi Chiamano Mimi
06. La Bohème – Donde Lieta Usci
07. Suor Angelica – Senza Mamma
08. Gianni Schicchi – O Mio Babbino Caro
09. Turandot – Signore, Ascolta!
10. Turandot – In Questa Reggia
11. Turandot – Tu Che Di Gel Sei Cinta
Maria Callas, soprano
Philharmonia
Tullio Serafin, regente
Setembro de 1954, Londres
CD 24 Lyric and Coloratura Arias (1 CD)
Francesco Cilea (1866-1950)
01. Adriana Lecouvreur – Ecco: Respiro Appena. Lo Son L’Umile Ancella
02. Adriana Lecouvreur – Poveri Fiori Umberto Giordano (1867-1948)
03. Andrea Chénier – La Mamma Morta Alfredo Catalani (1854-1893)
04. La Wally – Ebben? Ne Andro Lontana Arrigo Boito (1842-1918)
05. Mefistofele – L’Altra Notte In Fondo Al Mare Gioachino Rossini (1792-1868)
06. Il barbiere di Siviglia – Una Voce Poco Fa Giacomo Meyerbeer (1791-1864)
07. Dinorah – Ombra Leggera Léo Delibes (1836-1891)
08. Lakmé – Dov’e L’Indiana Bruna? Giuseppe Verdi (1813-1901)
09. I vespri siciliani – Merce, Dilette Amiche
Maria Callas, soprano
Philharmonia
Tullio Serafin, regente
Setembro de 1954, Londres
CD 25 Callas at La Scala (1 CD)
Luigi Cherubini (1760-1842)
01. Medea – Dei Tuoi Figli Gasparo Spontini (1774-1851)
02. La Vestale – Tu Che Invoco
03. La Vestale – O Nume Tutelar
04. La Vestale – Caro Oggetto Vincenzo Bellini (1801-1835)
05. La sonnambula – Compagne, Teneri Amici…Come Per Me Sereno
06. La sonnambula – Oh! Se Una Volta Sola…Ah! Non Credea Mirarti…Ah! Non Giunge
Maria Callas, soprano
Coro e Orchestra della Scala di Milano
Tullio Serafin, regente
Junho de 1955, Milão
CD 26, 27 Giacomo Puccini (1858-1924)
Madama Butterfly (2 CDs)
CD 26 01. E Soffitto…E Pareti (1º Ato)
02. Questa e La Cameriera
03. Dovunque Al Mondo
04. Quale Smania VI Prendre!
05. Quanto Cielo! Ancora Un Passo Or Via
06. Gran Ventura
07. L’Imperial Commissario
08. Vieni, Amor Mio!
09. Leri Son Salita Tutta Sola
10. Ed Eccoci In Famiglia
11. Vieni La Sera
12. Bimba Dagli Occhi Pieni Di Malia
13. Vogliatemi Bene, Un Bene Piccolino
14. E Lzaghi Ed Izanami (2º Ato)
15. Un Bnel Di Vedremo
16. C’e. Entrate
17. Non Io Sapete Insomma
CD 27 01. A Voi Pero Giurerei Fede Costante
02. Ora A Noi
03. E Questo? E Questo?
04. Che Tua Madre Dovra
05. Io Scendo Al Piano
06. Vespa! Rospo Maledetto!
07. Una Nave Da Guerra
08. Scuoti Quella Fronda Di Ciliegio
09. Or Vienmi Ad Adornar
10. Coro A Bocca Chiusa
11. Oh Eh! Oh Eh! Oh Eh! (3º Ato)
12. Gia Il Sole!
13. Povera Butterfly!
14. Io So Che Alle Sue Pene
15. Addio, Fiorito Asil
16. Glielo Dirai?
17. Che Vuol Da Me?
18. Come Una Mosca Prigioniera
19. Con Onor Muore
Maria Callas, soprano
Nicolai Gedda, tenor
Lucia Danielli, mezzo soprano
Coro e Orchestra della Scala di Milano
Herbert von Karajan, regente
Agosto de 1955, Milão
CD 28, 29 Giuseppe Verdi (1813-1901)
Aida (2 CDs)
CD 28 01. Preludio
02. Si, Corre Voce Che L’Etiope Ardisca (1º Ato)
03. Se Quel Guerriero Io Fossi!
04. Celeste Aida
05. Quale Insolita Gioia Nel Tuo Sguardo!
06. Vieni, O Diletta, Appressati
07. Alta Cagion V’Aduna
08. Su! Del Nilo Al Sacro Lido
09. Ritorna Vincitor!
10. Possente Ftha…Tu Che Dal Nulla Hai Tratto
11. Immenso Ftha! …Mortal, Diletto Ai Numi
12. Nume, Custode E Vindice
13. Chi Mai Fra Gl’ Innie I Plausi (2º Ato)
14. Danza Degli Schiavi Mori
15. Vieni, Sul Crin Ti Piovano
16. Fu La Sorte Dell’ Armia’ Tuoi Funesta
17. Pieta Ti Prenda Del Mio Dolor
18. Su! Del Nilo Al Sacro Lido…Numi, Pieta
19. Gloria All’ Egitto,ad Iside
20. Marcia Trionfale
21. Ballabile
22. Vieni, O Guerriero Vindice
CD 29 01. Salvator Della Patria
02. Che Veggo! Egli? Mio Padre! Anch’io Pugnai…Ma Tu, Re, Tu Signore Possente
03. Il Dolor Che In Quel Volto Favella
04. O Re, Pei Sacri Numi…Gloria All’ Egitto
05. O Tu Che Sei d’Osiride (3º Ato)
06. Vieni d’Iside Al Tempio
07. Qui Radames Verra!
08. O Patria Mia
09. Ciel! Mio Padre!
10. Rivedrai Le Foreste Imbalsamate
11. Pur Ti Riveggo, Mia Dolce Aida
12. Nel Fiero Anelito Di Nuova Guerra
13. Fuggiam Gli Ardori Inospiti…La, Tra Foreste Vergini
14. Ma Dimmi: Per Qual Via
15. L’Aborrita Rivale A Me Sfuggia (4º Ato)
16. Gia I Sacerdoti Adunansi
17. Ohime! Morir Mi Sento!
18. Spirto Del Nume
19. A Lui Vivo, La Tomba…Sacerdoti: Compiste Un Delitto!
20. La Fatal Pietra Sovra Me Si Chiuse
21. Vedi? Di Morte L’Angelo…Immenso Ftha
22. O Terra, Addio
Maria Callas, soprano
Richard Tucker, tenor
Fedora Barbieri, mezzo soprano
Tito Gobbi, barítono
Coro e Orchestra della Scala di Milano
Tullio Serafin, regente
Agosto de 1955, Milão
CDs 30-31 Giuseppe Verdi (1813-1901)
Rigoletto (2 CDs)
CD 30 01. Preludio
02. Della Mia Bella Incognita Borghese (1º Ato)
03. Questa O Quella
04. Partite? Crudele!
05. In Testa Che Avete
06. Gran Nuova! Gran Nuova!
07. Ch’io Gli Parli
08. O Tu Che La Festa Audace
09. Quel Vecchio Maledivami!
10. Pari Siamo!
11. Figlia! Mio Padre!
12. Ah, Veglia, O Donna
13. Giovanna, Ho Dei Rimorsi
14. E Il Sol Del’ Anima
15. Addio! Speranza Ed Anima
16. Gualtier Malde! Silenzio!
17. Riedo! …Perch?? …Silenzio
18. Zitti, Zitti, Moviamo A Vendetta
19. Soccorso, Padre Mio!
CD 31 01. Ella Mi Fu Rapita! (2º Ato)
02. Parmi Veder Le Lagrime
03. Duca, Duca! Ebben?
04. Povero Rigoletto!
05. Cortigiani, Vil Razza Dannata
06. Mio Padre! Dio! Mia Gilda!
07. Tutte Le Feste Al Tempio
08. Compiuto Pur Quanto
09. Si, Vendetta, Tremenda Vendetta
10. E L’Ami? (3º Ato)
11. La Donna e Mobile
12. Un Di, Se Ben Rammentomi
13. Bella Figlia Dell’ Amore
14. Venti Scudi Hai Tu Detto?
15. E Amabile Invero
16. Della Vendetta Alfin Giunge L’Istante!
17. Chi Mai, Chi e Qui In Sua Vece?
Maria Callas, soprano
Giuseppe di Stefano, tenor
Tito Gobbi, barítono
Coro e Orchestra della Scala di Milano
Tullio Serafin, regente
Setembro de 1955, Milão
Hoje é o aniversário de Niza de Castro Tank e, embora as mulheres odeiem que se diga a idade, aviso que está esta soprano soprando 81 velinhas neste dia (tá, a piadinha soprano soprando é infame, mas não resisti).
“Niza o quê?“, dirão alguns. Essa frase, infelizmente, será muito repetida, pois conhecemos ainda muito pouco dos nossos compositores eruditos e menos ainda de nossos intérpretes. Para os amantes de ópera, Niza é nome obrigatório: é uma das grandes divas do Brasil, dona de uma das vozes mais leves que nossos teatros e outras tantas salas de concerto da América do Sul, Europa e Oriente Médio viram. Uma flauta! Em nível de fazer bonito até mesmo ao lado de vozes como Natalie Dessay e Diana Damrau.
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Vivendo no interior de São Paulo, tive a oportunidade de vê-la (melhor ainda, de ouvi-la) em três ocasiões em sua terra natal, Limeira. Em uma dessas, junto com a orquestra sinfônica de lá, vi Niza deixar o público “absurdado” e sem fôlego com seu fôlego absurdo: ela me segura a última nota, muito aguda, do final d’A Floresta do Amazonas (de Villa-Lobos) por míseros 22 segundos!!! (parece pouco? Tente fazer isso em casa…) E já tinha, na época, 72 anos! Pra se ter uma ideia, na gravação existente dessa peça, a fantástica Bidu Sayão mantém aquela nota por 10 segundos, o que já é difícil…
Sobre sua técnica, impecável, há um comentário que resume tudo no youtube:
Marvelous! Wonderful voice and flawless technique. A trully coloratura for sure. Amazing pianos, breathtaking trills (and really high pianissimo trills), perfect staccatto, celestial agility, a really high range, exquisite portamentos, classy glissandos, and what is probably one of the most perfect pianissimos I’ve ever seen. I’m astonished. Simply unbelievable. There’s not even a single flaw. Bravissima!
Ou seja:
Maravilhoso! Voz maravilhosa e técnica impecável. Uma verdadeira coloratura, com certeza. Pianos surpreendentes, trinados de tirar o fôlego (e realmente trinados muito pianíssimos) estacatos perfeitos, agilidade celestial, uma tessitura muito extensa, portamento requintado, glissandos elegantes, e o que é provavelmente um dos pianíssimo mais perfeitos que eu já vi. Estou espantado. Simplesmente inacreditável. Não há nem mesmo uma única falha. Bravissima!
Aqui, uma palhinha de seu timbre límpido, cantando a Ária das Campainhas (ou das sinetas) da ópera Lakmé:
E Niza, com sua longeva voz, ainda se apresenta com certa regularidade, especialmente nas cidades próximas: Campinas, onde vive (foi também professora de canto na Unicamp e formou muitos cantores líricos); Limeira, sua terra natal; Piracicaba, onde lecionou por muito tempo; e na capital, onde passou parte de sua vida. Soube que, às vésperas de completar os 80 anos, esteve em Piracicaba solando o Stabat Mater de Pergolesi… E deu show, claro!
Em tempo: isto não é um CD, mas uma reunião de árias encontradas em vários lugares, a maior parte delas avulsa. Alguns registros não são muito bons, por vezes até meio caseiros, mas há poucos registros de Niza (ou seja, nem dá pra escolher muito). Conheça esta senhora tão simples do interior, com sua voz estupendamente encantadora!
Um BAITA SOPRANO! Não perca! (= IM-PER-DÍ-VEL!)
Niza de Castro Tank (Limeira, SP, 1931 – ) Árias de Mozart, Delibes, Donizetti, Verdi e Carlos Gomes
01. A. Carlos Gomes – C’era una volta un principe – Il Guarany
02. A. Carlos Gomes – Gentile di Cuore – Il Guarany
03. A. Carlos Gomes – Sento una Forza Indómita – Il Guarany
04. A. Carlos Gomes – Nele Regno delle Rose – Odalea
05. A. Carlos Gomes – Cavattina de Joanna – Joanna de Flandres
06. G.Verdi – Tutte le feste al tempio – Rigoletto
07. G.Verdi – Caro Nome – Rigoletto (déc. 1970)
08. G.Verdi – Caro Nome – Rigoletto (déc. 1990)
09. W.A.Mozart – Der Hölle Rache (ária da rainha da Noite) – A Flauta Mágica
10. G.Donizetti – Quando rapito in estasi – Lucia de Lammermoor
11. G.Donizetti – Cena da loucura – Lucia de Lammermoor
12. C.P.L.Delibes – Dov’è l’indiana bruna (Ária das Campainhas) – Lakmé
Ah, há uma biografia de Niza: “Niza, apesar das outras“, pela Imprensa Oficial. Tem o e-book aqui.
E há, ainda, uma ótima entrevista de quase 1h com ela no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=9TyrwxSTAyM.
Grande coleção de canções muito pouco ouvidas por aí. Bartoli está mais contida, pois as músicas não pedem aquele histrionismo que ela está sempre pronta a dar. Sua voz é provocante, adaptando-se a cores e personagens diferentes. Certamente Cecilia Bartoli não é a campeã da canção francesa, mas é raro ouvir um álbum que tem muitas canções que nunca foram gravadas. Os pontos altos do CD — e estes são altíssimos! — são a Havanaise de Viardot e a indescritível La mort d’Ophélie de um surpreendente (e sutil) Berlioz.
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