F. J. Haydn (1732-1809): Trios Nº 43, 44 e 45 (Höbarth, Cohen, Coin)

F. J. Haydn (1732-1809): Trios Nº 43, 44 e 45 (Höbarth, Cohen, Coin)

Um excelente CD. Com raro talento, Höbarth, Cohen e Coin gravaram todos os Trios de Haydn para a Harmonia Mundi e, quando começa o Presto do Trio Nº 43, a gente já sabe que está na companhia de um gênio. Estes são os últimos três trios do compositor, escritos em Londres em meados da década de 1790 para uma pianista chamada Theresa Jansen-Bartolozzi. São entre as peças mais peculiares que ele já escreveu. Ouça as mudanças rítmicas do citado Presto, por exemplo. Haydn cria uma sequência selvagem de acentos mutáveis ​​que o aproxima do território de Bartók. Ou o primeiro movimento do Trio No. 44, uma série bizarra de recomeços que leva a manipulação de Haydn para a forma sonata a um reino totalmente novo. A lista continua. Essas são peças essenciais para o amante de Haydn, e o trio de instrumentos originais do pianista Patrick Cohen, do violinista Erich Höbarth e do violoncelista Christophe Coin as traz com a qualidade discreta certa e o som do tamanho de uma sala que esses trios exigem. O equilíbrio entre os três instrumentos é especialmente bom. O uso de um pianoforte na música de câmara clássica elimina a necessidade de os instrumentistas de cordas se esforçarem para produzir um som mais alto, e as relações entre eles têm um efeito relaxante e surpreendente. Dá-lhe!

F. J. Haydn (1732-1809): Trios Nº 43, 44 e 45 (Höbarth, Cohen, Coin)

Trio N°43 En Ut Majeur/C Major/C-dur (Hob.XV:27)
1 Allegro
2 Andante
3 Presto

Trio N°44 En Mi Majeur/e Minor/e-dur (Hob.Xv:28)
4 Allegro Moderato
5 Allegretto
6 Finale. Allegro

Trio N°45 En Mi Bémol Majeur/E Flat Major/Es-dur (Hob.Xv:29)
7 Poco Allegretto
8 Andantino Ed Innocentemente
9 Finale. Presto Assai

Cello – Christophe Coin
Piano – Patrick Cohen
Violin – Erich Höbarth

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Você sabia que há dois crânios no túmulo de Haydn? Se quer saber mais detalhes, vá estudar.

PQP

F. J. Haydn (1732-1809): Concertos para Violoncelo (Perényi, Rolla)

F. J. Haydn (1732-1809): Concertos para Violoncelo (Perényi, Rolla)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu prometo não fazer nenhuma piada de quinta série com o nome do regente até o final, tá? Neste disco maravilhoso, o cellista Miklós Perényi evita qualquer coisa que possa ser considerada virtuosística ou teatral, ele escolhe corretamente  se concentrar no lirismo terno de Haydn, acoplado à forma silenciosa de paixão que é a marca registrada do compositor. Também o papel que János Rolla e a Franz Liszt Chamber Orchestra cumpre são fundamentais, fornecendo apoio ao solista. Novamente, não há nada chamativo ou individualista – apenas um suporte sólido para as linhas e motivos de Haydn. Eles são todos capturados em bom som. Eles decidiram que fariam um Haydn perfeito e o fizeram. Aliás, esse Perényi é um monstro! Trata-se de um CD para ser ouvido, reouvido, triouvido, tetraouvido… Prossigam vocês.

F. J. Haydn (1732-1809): Concertos para Violoncelo (Perényi, Rolla)

Cello Concerto No. 1 In C Major
1 Moderato 9:26
2 Adagio 8:48
3 Allegro Molto 6:20

Cello Concerto No. 2 In D Major
4 Allegro Moderato 14:43
5 Adagio 6:04
6 Allegro 5:04

Cello – Miklós Perényi
Conductor – János Rolla
Orchestra – Franz Liszt Chamber Orchestra

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Miklós Perenyi

PQP

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonia Nº 104 / Sinfonia Nº 94 / Divertimento para Sopros (Coral de Santo Antônio) (Vienna Chamber Orch / Alfred Scholz)

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonia Nº 104 / Sinfonia Nº 94 / Divertimento para Sopros (Coral de Santo Antônio) (Vienna Chamber Orch / Alfred Scholz)

Vocês já sabem: Alfred Scholz foi um produtor muito prolífico (!) de gravações de baixo orçamento, que muitas vezes vendia fraudulentamente gravações creditadas a artistas e orquestras inexistentes. Também nomes de pessoas reais — normalmente já falecidas — eram creditados a performances que não eram delas. Trabalhando como maestro, ele gravou algumas coisas. Sabe-se lá se ele mesmo quem rege neste CD. Mas, gente, esta gravação é muito boa, e o repertório é sensacional!

A Sinfonia Nº 104 é a sinfonia final de Haydn . É a última das doze sinfonias de Londres e é conhecida (de forma um tanto arbitrária, dada a existência de outras onze) como a Sinfonia de Londres. Na Alemanha, é comumente conhecida como a Sinfonia de Salomon, em homenagem a Johann Peter Salomon , que organizou as duas turnês de Haydn por Londres.  A obra foi composta em 1795, enquanto Haydn vivia em Londres, e estreou lá no King’s Theatre em 4 de maio de 1795, em um concerto com composições exclusivamente do próprio Haydn e dirigido pelo compositor. A estreia foi um sucesso; Haydn escreveu em seu diário “Toda a companhia ficou completamente satisfeita e eu também. Ganhei 4.000 florins nesta noite: tal coisa só é possível na Inglaterra.”

Haydn escreveu a sinfonia em 1791 em Londres durante a primeira de suas visitas à Inglaterra (1791–1792). A estreia ocorreu no Hanover Square Rooms em Londres em 23 de março de 1792, com Haydn liderando a orquestra sentado em um pianoforte. a velhice de Haydn, seu biógrafo Georg August Griesinger perguntou-lhe se ele escreveu essa “Surpresa” para deixar a plateia ligada. Bem, Haydn respondeu:

Não, mas eu estava interessado em surpreender o público com algo novo, e em fazer uma estreia brilhante, para que meu aluno Pleyel, que na época estava contratado por uma orquestra em Londres (em 1792) e cujos concertos tinham estreado uma semana antes do meu, não me superasse. O primeiro Allegro da minha sinfonia já havia encontrado inúmeros Bravos, mas o entusiasmo atingiu seu pico mais alto no Andante com o Drum Stroke. Bis! Bis! soou em cada garganta, e o próprio Pleyel (*) me elogiou pela minha ideia. 

(*) Após os fatos narrados acima, Pleyel entrou para o PQP Bach.

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonia Nº 104 / Sinfonia Nº 94 / Divertimento para Sopros (Coral de Santo Antônio) (Vienna Chamber Orch / Alfred Scholz)

Symphony No. 104 In D Major (London)
1 Adagio – Allegro
2 Andante
3 Menuetto – Allegro
4 Allegro Spiritoso

Symphony No. 94 In G Major (Surprise)
5 Adagio Cantabile – Vivace Assai
6 Andante
7 Menuetto: Allegro Molto
8 Allegro Di Molto

9 Wind Quintet Divertimento No. 1 In B Major (Choral St. Antony)

Vienna Chamber Orchestra
Alfred Scholz

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Haydn testanto um piano forte na PQP Bach Hanover Square Rooms

PQP

Giovincello – Concertos para Violoncelo – Edgar Moreau (violoncelo) – Il Pomo d’Oro & Riccardo Minasi ֍

Giovincello – Concertos para Violoncelo – Edgar Moreau (violoncelo) – Il Pomo d’Oro & Riccardo Minasi ֍

Haydn • Vivaldi

Platti • Boccherini

Graziani

Concertos para Violoncelo

 

Edgar Moreau já fez sua estreia aqui no blog como camarista, tocando violoncelo em um disco que achei lindo, com peças de Claude Debussy, acompanhado de uma turma de peso.  (Aqui…)

Nesta postagem a proposta é outra e o disco é mais antigo, foi o segundo disco do violoncelista, uma coleção de concertos que abrange os períodos barroco e clássico, mas com uma ‘pegada’ mais barroca, com interpretações virtuosísticas e cheias de fantasia, mas também com lindos momentos de ‘galenteios’.

Haydn e Boccherini são compositores do período clássico, enquanto Vivaldi e os menos conhecidos Platti e Graziani são barrocos, se bem que nessa transição é melhor não rotular as coisas tão taxativamente. No momento estou ouvindo o movimento lento do concerto de Grazini, um belíssimo Larghetto grazioso com portamento!

Carlo Graziani, nascido na cidade italiana de Asti por volta de 1710, foi um dos primeiros virtuosos do violoncelo. Viajado, em 1747 ele estava em Paris, depois em Londres, onde tocou com Mozart, em seus 7 anos, em 1764.  Graziani se casou com uma cantora de ópera italiana e o casal mudou-se para Frankfurt. Foi contratado pelo príncipe herdeiro do trono da Prússia, que se tornaria Frederico Guilherme II, como seu professor de violoncelo. Aposentou-se da corte prussiana em 1773, sendo sucedido por Jean-Pierre Duport, mas continuou a trabalhar para Frederico Guilherme II com uma pensão muito generosa. Deixou muitos conjuntos de sonatas e vários concertos para seu instrumento.

Giovanni Benedetto Platti era oboísta, mas também um músico muito versátil, pois dominava o violino, cravo, violoncelo, flauta e composição. Com essas características foi contratado pelo Príncipe Arcebispo Johann Philipp Franz von Schönborn, cujo irmão, o Conde Rudolph Franz Erwein von Schönborn era violoncelista amador. O Conde tinha uma coleção de sonatas e concertos de violoncelo, entre eles obras de Vivaldi escritas para ele. Ainda estão na coleção do castelo do Conde, em Wiesentheid, os autógrafos de 22 concertos para violoncelo de Platti, muitos deles comissionados pelo Conde.

Joseph Haydn (1732-1809)

Cello concerto Hob. VIIb.1 in C major

  1. I Moderato
  2. II Adagio
  3. III Allegro Molto

Antonio Vivaldi (1678-1741)

Cello concerto RV 419 in A minor

  1. I Allegro
  2. II Andante
  3. III Allegro

Giovanni Platti 1697-1763

Cello concerto in D major

  1. I Allegro
  2. II Adagio
  3. III Allegro

Luigi Boccherini (1743-1805)

Cello concerto G479 in D major

  1. I Allegro
  2. II Adagio
  3. III Allegro

Carlo Graziani (? – 1787)

Cello concerto in C major

  1. I Allegro moderato
  2. II Larghetto grazioso con portamento
  3. III Rondeau. Allegretto

Edgar Moreau cello

Il Pomo d’Oro

Riccardo Minasi conductor

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MP3 | 320 KBPS | 186 MB

Partes da crítica da Gramophone: In fact, Moreau’s ‘giovincello’ qualities are what this disc is all about. The balance is engineered so as to place his singing, silkily intense and muscular tone absolutely in the foreground, along with the sound of his fingerboard and his gasps of exertion. […] the Vivaldi’s dramatic final movement is the perfect vehicle for Moreau’s en pointe virtuosity, while the aria-like central movement of Graziani’s concerto leaves us in no doubt as to his ability to sculpt extended phrases with poetry and sense of line.

Il Pomo d’Oro

Na verdade, as qualidades de ‘giovincello’ de Moreau são a essência deste disco. O equilíbrio é projetado de forma a colocar seu tom cantante, sedosamente intenso e muscular absolutamente em primeiro plano, junto com o som dos seus movimentos de dedos e seus suspiros de esforço. […] o dramático movimento final de Vivaldi é o veículo perfeito para o seu virtuosismo, enquanto o movimento central do Concerto de Graziani, semelhante a uma ária, não nos deixa dúvidas quanto à sua capacidade de esculpir frases extensas com poesia e sentido de linha.

Aproveite!

René Denon

Edgar Moreau

Shostakovich: Trios e Romances (Beaux Arts Trio); Haydn: Concerto em ré (Meneses, Gielen, ao vivo)

In memoriam Antonio Meneses (1957-2024)

Continuando as homenagens a Antonio Meneses, trago duas gravações: a segunda, direto da rádio alemã, está mais abaixo. Comecemos pelo prato principal, a sua última gravação em estúdio com o Beaux Arts Trio há quase 20 anos, a não ser que apareçam outras até agora engavetadas.

O longevo trio, fundado em 1955 com Pressler como integrante fixo e as cordas mudando, teve Meneses como violoncelista de 1998 até a despedida do trio, em 2008. Depois de 2008, os três músicos seguiram carreiras movimentadas: Pressler tornou-se o decano dos pianistas em atividade, tocando praticamente até a véspera da sua morte aos 99 anos. Em 2007 Pressler e Meneses gravaram uma integral das obras para violoncelo e piano de Beethoven (aqui) e Meneses tocou bastante com orquestras e outros pianistas como Maria João Pires. Assim como Pires e Pressler (dois pianistas de mãos relativamente pequenas), Meneses tinha uma certa discrição que fugia do virtuosismo exagerado: a aparência era bem cuidada, claro, e seus ternos eram elegantes, mas certos detalhes entregavam que a preocupação era mais com o som do que com as câmeras.

Aqui nesta gravação de 2005 pelo trio hiper-cosmopolita (Pressler europeu radicado nos EUA, Meneses brasileiro radicado na Europa, Hope um sul-africano que estudou na Yehudi Menuhin School na Inglaterra), temos obras de fases bem diferentes de Shostakovich: o Trio nº 1, obra de juventude, é composto em um único movimento no qual se alternam momentos rápidos e lentos. O Trio nº 2, com uma divisão bem mais clássica em quatro movimentos como uma obra de Haydn ou Schubert, é um pouco posterior ao Quinteto com Piano e às sinfonias nº 7 e 8, ou seja, época em que Shosta já tinha uma voz bem própria e reconhecida mundialmente. Finalmente os Romances para soprano e trio, Op. 127 (1967), são da última fase do compositor, quando seu temperamento se torna mais calmo e reflexivo, como nas sonatas para violino (1968) e para viola (1975) e nos últimos quartetos.

Dmitri Shostakovich (1906-1975):
1. Trio #1 em dó menor, Op. 8
2-5. Trio #2 em mi menor, Op.67
6-12. Sete Romances sobre versos de Alexander Blok, Op. 127

Beaux Arts Trio (Pressler, Meneses, Hope)
Joan Rodgers, soprano – tracks 6-12
Recorded: Auer Hall, Indiana University, 2005

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E fica como sobremesa uma gravação de rádio do então jovem Meneses com a Orquestra da Rádio Bávara e o maestro alemão Michael Gielen. Que eu saiba, Meneses e Gielen nunca lançaram um disco juntos. Nesta gravação de um dos mais belos concertos já compostos para o violoncelo, a orquestra toca com um molho mais encorpado (metáfora de PQPBach), amanteigado, digamos, se comparado com certas interpretações mais secas de Haydn. Mas há, até hoje, gente que gosta desse tipo de som, e aqui ele nunca chega a exageros intoleráveis. É bom lembrar ainda que nos tempos de Haydn as orquestras em Viena, em Esterháza e em Londres, cidades onde Haydn viveu, soavam bem diferentes entre si, então ninguém vai chegar a uma sonoridade matematicamente exata, estamos combinados?

F.J. Haydn (1732-1809): Violoncellokonzert D-dur, Hob. VIIb/2

Das Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Michael Gielen, conductor (1927 – 2019)
Antonio Meneses, cello (1957 – 2024)

Recorded: rec. 8/9 March 1979 Munich

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Beaux Arts Trio: Pressler, Hope, Meneses

F. J. Haydn (1732-1809): Symphonie Nr. 45 “do Adeus” • Symphonie Nr. 46 • Symphonie Nr. 47 “Palíndromo” (English Chamber Orchestra, Daniel Barenboim)

A capa ao lado quase corresponde ao CD postado…

A Sinfonia n.º 45 de Joseph Haydn, também intitulada de “Sinfonia do Adeus”, é música de protesto, um elegante protesto que pretendia convencer o príncipe Nikolaus a não obrigar a orquestra a permanecer mais tempo no Palácio de Esterházy, em 1772, uma estadia que já se prolongava por longos meses e mantinha afastados os músicos das suas famílias. Haydn consentiu em traduzir em música essa insatisfação. No decorrer do último andamento, os músicos terminam sucessivamente as suas partes e retiram-se do palco. No final, não resta ninguém no palco.

Muitas das sinfonias de Haydn contêm “surpresas mais surpreendentes” do que aquela conhecida por “Sinfonia Surpresa”. A surpresa na Sinfonia º 46 aqui vem no movimento final. A abertura é um tema forte que é rapidamente retomado e desenvolvido, com destaque para as trompas. A música avança apenas para parar repentinamente, interrompida por uma passagem final do minueto. As trompas então explodem novamente com o tema principal, mas logo desapareceram e a música quase para. Então as cordas levam o movimento e a sinfonia a um encerramento rápido e abrupto. Embora não se saiba se ele estava familiarizado com esta sinfonia, Ludwig van Beethoven faria mais tarde a mesma coisa no final de sua Quinta Sinfonia, interrompendo o tema com uma reprise do material do movimento anterior antes de retornar.

Por que a Sinfona Nº 47 é chamada de “O Palíndromo”? O “Minuetto al Roverso” é a razão: a segunda parte do Minueto é igual à primeira, mas ao contrário.

F. J. Haydn (1732-1809): Symphonie Nr. 45 • Symphonie Nr. 46 • Symphonie Nr. 47 (English Chamber Orchestra, Daniel Barenboim)

Symphonie Nr. 45 F Sharp Minor (Hob. I: 45) “Sinfonia do Adeus”
Allegro Assai 5:36
Adagio 7:32
Menuet 4:02
Finale. Presto Adagio 7:46

Symphonie Nr. 46 H-Dur (Hob. I: 46)
1. Vivace 5:43
2. Poco Adagio 4:00
3. Menuet. Allegretto 3:02
4. Finale. Presto E Scherzando 4:30

Symphonie Nr. 47 G-Dur (Hob. I: 47) “O Palíndromo”
1. (Allegro) 5:52
2. Un Poco Adagio, Cantabile 8:11
3. Menuet Al Roverso 2:27
4. Finale. Presto Assai 4:38

English Chamber Orchestra
Daniel Barenboim

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Sim, o pessoal queria sair deste palácio.

PQP

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 95 e 97 (Szell)

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 95 e 97 (Szell)

Mais duas maravilhosas sinfonias de Haydn, desta vez à cargo do grande George Szell à frente da Orquestra de Cleveland. Mais uma dupla incrível, que realizou gravações maravilhosas ainda nos anos 60.

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 95 e 97 (Szell)

1 Symphonie in C Minor nº 95 – Allegro
2 Symphonie in C Minor nº 95 – Andante
7 Symphonie in C Minor nº 95 – Menueto
8 Symphonie in C Minor nº 95 – Finale- Vivace

9 Symphonie in C Major nº 97 – adagio – Vivace
10 Symphonie in C Major nº 97 – Adagio ma non troppo
11 Symphonie in C Major nº 97 – Menuetto – Allegretto
12 Symphonie in C Major nº 97 – Finale – Spirituoso

Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor

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Szell apreciava a regência, mas preferiria ter sido guarda de trânsito

FDP

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 94, 96 e 100 (Dorati)

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 94, 96 e 100 (Dorati)

Três grandes sinfonias de Haydn, interpretadas por um de seus grandes intérpretes, Antal Dorati. Para que pedir mais nesse princípio de Primavera?

As sinfonias “Surpresa”, “Milagre” e “Militar” têm suas peculiaridades, e estes nomes às definem bem. Destaque para a de nº 100, conhecida como “Militar”. O gênio de Haydn inseriu na obra diversos elementos de marchas militares, e percussão em excesso. Muitas vezes podemos imaginar um pelotão marchando.

A interpretação de Dorati é magnífica. Possui um profundo conhecimento da obra de Haydn e estabelece uma cumplicidade com a orquestra que permite um total domínio sobre a mesma. Lembramos que com esta mesma Philarmonia Hungarica ele gravou a integral das sinfonias de Haydn. Ou seja, ambos se conheciam muito bem.

Outro lembrete: com a postagem do cd de Brüggen, regendo as sinfonias de nº 90 e 93, tivemos a partir desta de nº 93 o início do ciclo conhecido como Sinfonias “Londres”. Com estas 12 últimas sinfonias compostas, 93 a 104, Haydn estabeleceu em definitivo o gênero “Sinfonia”, e deu-lhe uma estrutura própria, que só viria a ser modificada com a “Eroica” de Beethoven. Mas isso é outra história.

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Londrinas Nº 94, 96 e 100 (Dorati)

1- Symphonie 94 in G Major – Adagio cantabile – vivace assai
2 -Symphonie 94 in G Major – Andante
3 – Symphonie 94 in G Major – Menuetto
4 – Symphonie 94 in G Major – Finale Allegro di molto

5 – Symphonie nº 96 in D – Adagio – Allegro
6 – Symphonie nº 96 in D – Andante
7 – Symphonie nº 96 in D – Menuetto – Allegretto
8 – Symphonie nº 96 in D – Finale – Vivace assai

9 – Symphonie nº 100 – Adagio – Allegro
10 – Symphonie nº 100 – Allegretto
11 – Symphonie nº 100 – Menuetto
12 – Symphonie nº 100 – Finale – Presto

Philarmonia Hungarica
Antal Dorati – Conductor

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Doratão comandando a massa

FDP

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias No. 22 (Der Philosoph) • No. 63 (La Roxelane) • No. 80 (Orpheus Chamber Orchestra)

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias No. 22 (Der Philosoph) • No. 63 (La Roxelane) • No. 80 (Orpheus Chamber Orchestra)

Não pensem que erramos, é que a Orpheus trabalha sem maestro. Este antigo CD é maravilhoso.  Embora a orquestra toque com instrumentos modernos, mas esta longe de ser o oposto da “prática de época” — na minha opinião, esse movimento também informa algumas das maneiras de abordar as obras. Então, não deixa de ser historicamente informado. Ouçam e concluam. A Orpheus dá-nos versões enérgicas, ágeis e maravilhosas de três obras encantadoras. A melhor Sinfonia pode ser a 80, OK, mas sou apaixonado pela 22. O nome (“O Filósofo”) não está no manuscrito original e é improvável que tenha vindo do próprio Haydn. Ele aparece em uma cópia manuscrita da sinfonia encontrada em Modena, datada de 1790. Portanto, o apelido data da época do compositor, mas não da composição (1764). Pensa-se que o título deriva da melodia e do contraponto do primeiro movimento (entre as trompas e o corne inglês), que musicalmente aludem a uma pergunta seguida de uma resposta e paralelamente ao sistema de debate disputatio. O uso de um efeito tique-taque abafado na peça também evoca a imagem de um filósofo imerso em pensamentos enquanto o tempo passa. Só que o apelido torna-se menos apropriado à medida que a sinfonia avança e a seriedade dá lugar ao bom humor…

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias No. 22 (Der Philosoph) • No. 63 (La Roxelane) • No. 80 (Orpheus Chamber Orchestra)

Symphony In E-flat Major, Hob. I:22 “The Philosopher”
1 1. Adagio 8:17
2 2. Presto 4:02
3 3. Menuetto – Trio – Menuetto 3:50
4 4. Finale: Presto 2:49

Symphony In C Major, Hob. I:63 “La Roxelane”
5 1. Allegro 5:54
6 2. “La Roxelane”: Allegretto (O Più Tosto Allegro) 4:10
7 3. Menuet – Trio – Menuet 4:10
8 4. Finale: Presto 3:47

Symphony In D Minor, Hob. I:80
9 1. Allegro Spiritoso 5:13
10 2. Adagio 9:25
11 3. Menuetto – Trio – Menuetto 3:36
12 4. Finale: Presto 4:34

Orpheus Chamber Orchestra

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A Orpheus depois de pôr mais um maestro pra correr.

PQP

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Nº 44 “Trauer”, 88 e 104 “London” (Capella Istropolitana, Wordsworth)

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Nº 44 “Trauer”, 88 e 104 “London” (Capella Istropolitana, Wordsworth)

Haydn escreveu 104 sinfonias, das quais a última é apresentada neste disco interpretado pelos eslovacos da Capella Istropolitana e seu regente inglês Barry Wordsworth, grupo de crescente reputação na Europa. E você vê o porquê neste disco. Eles conseguem levar Haydn de uma forma que captura o espírito e o frescor de seu trabalho. As três sinfonias são tocadas lindamente. E com Haydn isso é muito. Ele é reconhecido hoje como o “pai” da sinfonia, não porque tenha criado a forma — houve sinfonias antes dele, mas não soavam como hoje. Foi Haydn quem moldou e desenvolveu a sinfonia na forma clássica madura. A de Nº 44 é facilmente reconhecida como uma sinfonia moderna com quatro movimentos. É um trabalho agradável, mas certamente não está classificado entre os trabalhos mais importantes de Haydn, mas já dá a promessa das coisas maiores que estão por vir. A música de Haydn está repleta de felicidade e de belas melodias para as quais ele parecia ter um suprimento inesgotável. A Sinfonia Nº 88 representa mais um avanço no crescimento de Haydn como compositor. Continua sendo uma das sinfonias mais populares de Haydn e é frequentemente gravada e tocada em concertos. Aqui temos mais consistência do que na 44. Já é uma joia, mas a pepita do disco, no entanto, é a Sinfonia Nº 104, facilmente uma daquelas poucas sinfonias classificadas entre as maiores já escritas. Este é Haydn no pleno reflexo de sua genialidade. Nela, o compositor combina seu inato senso de estilo com uma grande competência e é uma alegria ouvi-la mais uma vez. Uma palavra sobre a Capella Istropolitana e Wordsworth: cresci numa época em que as sinfonias traziam consigo um molho pesado, às vezes indigesto. Minha introdução à Sinfonia Nº 104 de Haydn foi com Otto Klemperer e a Philharmonia. A interpretação era majestosa, grandiosa, bem executada e totalmente sem noção. Aqui, tudo é mais íntimo. A Capella Istropolitana é uma orquestra menor e de toque muito mais leve. É Haydn. Sua genialidade foi nos levar até às portas de Beethoven, mas ele não foi Beethoven.

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Nº 44 “Trauer”, 88 e 104 “London” (Capella Istropolitana, Wordsworth)

Symphony No. 44 in E Minor, Hob.I:44, “Trauersinfonie” (Mourning)
1 I. Allegro con brio 07:08
2 II. Menuet and trio 06:23
3 III. Adagio 04:35
4 IV. Finale: Presto 03:48

Symphony No. 88 in G Major, Hob.I:88
5 I. Adagio – Allegro 06:40
6 II. Largo 05:34
7 III. Menuetto: Allegretto 04:13
8 IV. Finale: Allegro con spirito 03:53

Symphony No. 104 in D Major, Hob.I:104, “London”
9 I. Adagio – Allegro 08:22
10 II. Andante 09:29
11 III. Menuet – Trio 05:26
12 IV. Finale: Spiritoso 06:51

Orchestra: Capella Istropolitana
Conductor: Wordsworth, Barry

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A Capellla Istropolitana é de Bratislava

PQP

J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)

J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Gostei muito. As gravações são todas ao vivo, tomadas na Tonhalle de Zurique, com aplausos. Trata-se de uma coleção dos ‘bis depois de Beethoven’ que András Schiff deu durante seu ciclo das 32 sonatas do mestre entre 2004 e 2006. Com 52 minutos, equivalem a um banquete dos finais clássicos dos recitais do pianista – de Bach, Haydn e Mozart, passando por Beethoven até Schubert. Se você pensa nos bis como coisas leves, bem, eles podem ser ou não ser. Esses compositores escreveram muitas peças características que são menos ambiciosas do que as grandes sonatas, mas que não devem ser descartadas como miniaturas. Composições mais curtas, sim, mas com longas reflexões por trás delas.

O que tocar depois de uma noite de, digamos, cinco sonatas de Beethoven? Nada, afirmariam muitos pianistas. E Schiff está de acordo com aqueles que, depois da última Sonata de todas (a famosa Op. 111), considerariam a adição de qualquer coisa que não fosse o silêncio como um terrível erro. No entanto, ele nos chega com uma atitude do tipo “por que não?, não há razão para negar a um público entusiasmado um pouco mais de música, desde que estejam relacionadas com as sonatas ouvidas anteriormente”. Os bis variam em extensão e escopo, desde a pequena Giga em Sol maior de Mozart, K. 574 (1’42” e bem traiçoeira), até a Sonata em Sol menor de dois movimentos de Haydn (nº 44 em Hob.) que chamou a atenção de vários grandes pianistas, como Sviatoslav Richter. E ainda temos Bach! Uma joia de CD!

J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)

Three Piano Pieces D 946 (Franz Schubert)
1 No. 1 e- Flat minor. Allegro assai 07:26

2 Allegretto c minor D 915 (Franz Schubert) 04:59

3 Eine kleine Gigue in G Major KV 574 (Wolfgang Amadeus Mozart) 01:42

Sonata g minor Hob XVI :44 (Joseph Haydn)
4 Moderato 09:33
5 Allegretto 04:04

6 Hungarian Melody in b minor D 817 (Franz Schubert) 03:59

7 Andante favori F major WoO 57. Andante grazioso con moto (Ludwig van Beethoven) 08:41

Partita No. 1 B-flat Major BWV 825 (Johann Sebastian Bach)
8 Menuet I & II 02:32
9 Gigue 02:33

Prelude and Fugue b-flat minor BWV 867 (Johann Sebastian Bach)
10 Prelude 02:30
11 Fugue 03:27

András Schiff, píano

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É difícil não chamar Schiff de volta ao palco

PQP

Franz-Joseph Haydn (1732-1809): Missa in tempore belli (Doyle, Eichenberger, Berchtold, Friedrich, Lutz, Bach-Stiftung St. Gallen)

A Suíça, vocês sabem… Tem várias cidades médias para padrões europeus e que no Brasil seriam consideradas pequenas, mas onde circula muita grana e, consequentemente, muita arte:

Basel (Basiléia), onde foram estreadas tantas obras de Bartók, Honegger, Stravinsky, Dutilleux, graças ao apoio do bilionário Paul Sacher (músico e empresário, casado com a herdeira da La Roche).

Davos, onde se encontram anualmente os bilionários do Fórum Econômico Mundial para … [o jurídico do PQP Bach sugeriu retirar este trecho para evitar processos]

Montreux e Lugano, famosas pelos seus festivas de jazz… Luzern (Lucerna ou Lucerne), com um importante festival de música de concerto, associado a nomes como Abbado e Boulez.

Lausanne, no mesmo lago de Montreux e da irmã maior Genebra. Lausanne e Genebra são sedes de duas orquestras que gravaram muito por gravadoras como Decca (aqui, com E. Ansermet) e Erato (aqui, com M.J. Pires) nos anos 1950 a 80, com naipes menores e sonoridades mais leves que as das orquestras alemãs.

Com exceção de Genebra e da capital Zurich, as outras cidades citadas têm menos de 200 mil habitantes. É o caso ainda de Saint Gallen, próxima de Zurich e a 1/3 do caminho entre esta e Munique. Nessa cidade de umas 80 mil pessoas – mas vai saber quantos milionários e mecenas das artes – existe desde 2006 uma fundação chamada J.S. Bach-Stiftung, St. Gallen, dedicada às obras corais de Bach. A orquestra e o coro que se formaram nesse contexto, após anos dedicados ao repertório de um só compositor, resolveram fazer outras obras, principalmente para coro e orquestra, como a 9ª Sinfonia de Beethoven e esta Missa in tempore belli (Missa em tempos de guerra), assim nomeada por Haydn por ter sido composta em 1796, em meio às longas guerras que se seguiram à Revolução Francesa e mais especificamente no momento em que tropas francesas começavam a ameaçar os países aliados dos Bourbon e do Antigo Regime.

Com instrumentos de época e cantores super entrosados, o time joga realmente em conjunto. Imagino que a maioria seja de suíços e alemães, mas também se destaca a voz de Julia Doyle, soprano inglesa que apareceu aqui recentemente na Paixão de São João regida por Gardiner.

O que surpreende nessa Missa é o uso da percussão: não é que o tímpano fosse uma novidade em música sacra… Na Missa em Si Menor de Bach, por exemplo, ele aparece para reforçar os momentos de exaltação grandiosa, como o Gloria e o Osanna. A genialidade de Haydn foi usar o tímpano como elemento dramático, sobretudo nos dois movimentos finais: o Benedictus se inicia com cordas misteriosas e rufares de tambores em uma longa introdução instrumental, antes dos solistas entrarem, com destaque para a suave voz angelical de Julia Doyle. Não é um tambor de elevação divina, bem pelo contrário, é um tom de ameaça de quem teme que os canhões cheguem perto da sua casa, talvez mesmo tiros de canhão poderiam cair no seu muro… balas perdidas… coisas bem distantes do cotidiano dos brasileiros de 2023, é claro…

E os tambores de guerra seguem soando no movimento final, Agnus Dei – que segundo os especialistas em Haydn é o coração desta missa, com o destaque dado ao “dai-nos a paz”. Imagina-se que este trecho representaria a opinião de Haydn, que só podia ser expressa em latim já que o efetivo fim da guerra contra Napoleão era tema para os mais altos diplomatas e não se esperava, numa sociedade cheia de censura e regras hierárquicas, que um compositor, mesmo respeitado como Haydn, expressasse qualquer opinião sobre o tema em público.

Se a paz imediata era a vontade de Haydn, não foi esse o curso da História: a missa é de 1796, quando o exército austríaco acumulava derrotas e temia-se a invasão de Viena. E essa invasão viria a acontecer bem depois, em maio de 1809: o bairro onde morava Haydn foi bombardeado de 10 a 13 de maio daquele ano. Dias depois, Haydn morria aos 77 anos e foi homenageado por Napoleão, que admirava o compositor, o que não o impedia de travar longa guerra contra os seus parentes e amigos. Os últimos anos de Haydn, assim como os anos do Beethoven “heroico” (Sinfonias 3 a 6, Sonata Appassionata, etc), foram anos de preocupação com guerras bastante violentas: para quem vivia em Viena, uma bala de canhão sempre poderia cair no dia seguinte. Viver em guerra é mais ou menos assim. Não é legal, né?

Franz-Joseph Haydn (1732-1809):
Missa in tempore belli, Hob. XXII:9 “Paukenmesse”
1. Kyrie
2. Gloria
3. Credo
4. Sanctus
5. Benedictus
6. Agnus Dei

Julia Doyle, soprano
Claude Eichenberger, alto
Bernhard Berchtold, tenor
Wolf Matthias Friedrich, bass
Choir & Orchestra of the J.S. Bach Foundation, Conductor: Rudolf Lutz
Live Recording

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Julia Doyle, soprano de timbre suave e cristalino, sem exageros operísticos

Pleyel

Joseph Haydn – Concertos para Violoncelo, Sinfonia Concertante – Heinrich Schiff, ASMF, Marriner, Accardo, ECO

Eis um CD delicioso de se ouvir, daqueles que no deixam felizes, assobiando e loucos para ouvir novamente. A parceria Schiff / Marriner / ASMF funciona perfeitamente aqui, corretos, concisos, mostrando os grandes músicos que eram.

Nem teria muito a comentar sobre o CD, ou até mesmo sobre a música. A comparação com Rostropovich é inevitável, mas também creio que é desnecessária. Talvez o que posso dizer é que a alegria que sinto com esta turma tocando aqui é a mesma que senti quando ouvi o gigante russo tocando estes mesmos concertos e não por acaso, com a mesma Orquestra. O que também poderia dizer é que o famoso disco de Rostropovich foi gravado em um momento em que ele já era uma unanimidade, uma lenda viva, enquanto que Schiff ainda tentava se impor como um intérprete de renome.

Infelizmente, dores nos ombros afastaram Heinrich Schiff dos palcos e nunca mais conseguiu se apresentar ao vivo, falecendo precocemente aos 65 anos, em 2016. Realizou belíssimas gravações pelo selo Philips, tendo a oportunidade de gravar com grandes nomes do selo, como Bernard Haitink, Viktoria Mullova e André Previn.

A Sinfonia Concertante, que aparece neste CD da integral do músico, foi retirada de um outro disco que ele gravou com Salvatore Accardo e a English Chamber Orchestra. Nem preciso dizer que o virtuose italiano do violino também nos proporciona excelentes momentos com sua  execução. Infelizmente essa Sinfonia não é tão gravada. Mas o resultado aqui nos deixa perfeitamente satisfeitos.

Sei que estamos em uma época em que estas gravações mais antigas são desconsideradas (e esta aqui nem é tão velha, 1988), consideradas ultrapassadas, diariamente aparecem outros registros com uma nova geração de músicos, mas sempre gosto de voltar a estes ‘dinossauros’. Todos deram sua contribuição para a evolução da interpretação, e até mesmo da gravação. E foram estas gravações que me auxiliaram na descoberta destes repertórios em uma época em que não tínhamos internet, nem streaming, e foram as responsáveis pela nossa formação musical enquanto ouvinte.

Cello Concerto In C, H. VIIb No. 1
1 Moderato
2 Adagio
3 Finale (Allegro Molto)
Cello Concerto In D, H. VIIb No.2
4 Allegro Moderato
5 Adagio
6 Rondo (Allegro)

Heinrich Schiff – Cello
Academy of Saint Martin in the Fields
Sir Neville Marriner – Conductor

Sinfonia Concertante in B flat, Op. 94 Hob. 1:105
Allegro
Andante
Allegro con spirito

Heinrich Schiff – Cello
Neil Back – Oboe
Graham Sheen – Fagott
Salvatore Accardo – Violin & Director
English Chamber Orchestra

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Henry Purcell, Georg Friedrich Händel, Joseph Haydn: To Saint Cecilia (Les Musiciens Du Louvre, Minkowski)

Henry Purcell, Georg Friedrich Händel, Joseph Haydn: To Saint Cecilia (Les Musiciens Du Louvre, Minkowski)

Roubo? Mas é claro! E digo de onde. Foi roubado do Átila do Prato Feito, um excelente blog. Tudo porque seduziu-me a ideia do CD duplo e o excelente conjunto que interpreta o repertório. O estranho é que não gostei muito da amada (por mim) Ode de Handel, levada um tanto em ponto morto, sem a densidade emocional que PQP exigiria em seus sonhos. Mas pensem bem: três Cecílias, três vezes a padroeira da música, uma vez por Purcell, depois por Handel e Haydn. Não, só roubando mesmo. Leiam o post do Átila, muito melhor do que aquilo que escrevo aqui.

Purcell, Handel e Haydn: To Saint Cecilia

Hail, bright Cecilia, Z 328 “Ode on St Cecilia’s Day” by Henry Purcell
1. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (Symphony) 9:49
2. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (‘Hail! Bright Cecilia!’) 4:03
3. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (‘Hark, Each Tree’) 3:45
4. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (‘Tis Nature’s Voice’) 4:28
5. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (Soul of the World’) 2:07
6. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (Thou Tun’st this World’) 5:11
7. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (‘With That Sublime Celestial Lay’) 2:49
8. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (Wond’rous Machine’) 2:12
9. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (‘The Airy Violin’) 1:16
10. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (In Vain the Am’rous Flute’) 6:36
11. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (‘The Fife and All the Harmony of War’) 2:52
12. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (‘Let These Amongst Themselves Contest’) 2:22
13. To Saint Cecilia – Hail! Bright Cecilia (Ode À Sainte Cécile) (Hail! Bright Cecilia!’) 4:09

Ode for St Cecilia’s Day, HWV 76 by George Frideric Handel
14. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (Overture: Larghetto e staccato – Allegro – Minuetto I – Minuetto II) 5:14
15. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘From Harmony’) 0:30
16. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘When Nature’) 2:54
17. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘From Harmony’) 3:17
18. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘What Passion Cannot Music Raise’) 10:12
19. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘The Trumpet’s Loud Clangor’) 3:12
20. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (March) 1:39

Disc 2:
1. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘The Soft Complaining Flute’) 6:28
2. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘Sharp Violins Proclaim’) 3:34
3. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘But Oh! What Art Can Teach’) 5:43
4. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘Orpheus Could Lead’) 1:29
5. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘But Bright Cecilia’) 0:54
6. A Song for St Cecilia’s Day (Ode À Sainte Cécile) (‘As From the Pow’r of Sacred lays’) 7:52

Missa Cellensis in honorem, H 22 no 5 “Cäcilienmesse” by Franz Joseph Haydn
7. Cäcilienmessemissa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Kyrie I’) 3:09
8. Cäcilienmessemissa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Christe’) 3:02
9. Cäcilienmessemissa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Kyrie II’) 2:51
10. Cäcilienmessemissa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Gloria In Excelsis Deo’) 2:37
11. Cäcilienmesse|Missa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Laudamus Te’) (‘Laudamus Te’) 3:35
12. Cäcilienmesse|Missa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Gratias Agimus Tibi’) (‘Gratias Agimus Tibi’) 2:49
13. Cäcilienmessemissa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Domine Deus’) 5:03
14. Cäcilienmessemissa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Qui Tollis Peccata Mundi’) 5:15
15. Cäcilienmesse|Missa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Quoniam Tu Solus Sanctus’) (‘Quoniam Tu Solus Sanctus’) 2:53
16. Cäcilienmesse|Missa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Cum Sancto Spiritu’) (‘Cum Sancto Spiritu’) 0:27
17. Cäcilienmesse|Missa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘In Gloria Dei Patris’) (‘In Gloria Dei Patris’) 3:03
18. Cäcilienmesse|Missa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Et Incarnatus Est’) (‘Et Incarnatus Est’) 8:33
19. Cäcilienmesse|Missa Cellensis In Honorem Beatissimæ Virginis Mariæ Hob. Xxii:5 1766 (‘Et Resurrexit’) (‘Et Resurrexit’) 4:36

Anders J. Dahlin (Tenor)
Lucy Crowe (Soprano)
Richard Croft (Tenor)
Nathalie Stutzmann (Alto)
David Bates (Countertenor)
Luca Tittoto (Bass)
Neil Baker (Baritone)

Regência: Marc Minkowski
Les Musiciens du Louvre
Choeur des Musiciens du Louvre

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Mendelssohn não sabe o que está fazendo aqui.

PQP

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Nona Década (2021-) [Martha Argerich, 82 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-

Celebramos mais um aniversário da Rainha, e ela não dá sinais de arrefecer o radiador. Vá lá, volta e meia a assombrosa octogenária nos dá um susto, só para daí voltar com tudo – cancelando um concerto ou outro, naturalmente, como sói acontecer desde que Martha é Martha – e nos fazer sonhar com mais uma década todinha (a nona de sua vida, e a oitava como pianista) com ela a forrar nossos tímpanos de deleite.

Já é meu bem surrado costume cantar-lhe parabéns pelo cumple e celebrar a data gaiatamente, compartilhando presentes gravados pela própria aniversariante. Marthinha segue tão ativa fazendo música  quanto afastada dos estúdios, de modo que todos os novos registros de sua arte, como há já algumas décadas, provêm somente de apresentações ao vivo. Entre as adições à discografia marthinhiana lançadas desde o 5 de junho passado – as quais passo a lhes oferecer a seguir -, apenas uma foi gravada, conforme a promessa do título desta postagem, na nona década de vida da Rainha. Trata-se de um recital em duo com o violinista Renaud Capuçon, gravado no ano passado, em que ela nos serve algumas de suas especialidades: além de uma das sonatas de Schumann, que a mantém entre os poucos grandes intérpretes a prestigiá-las em
seu repertório, ela demonstra seguir afiada como sempre na realização das eletrizantes partes pianísticas da “Kreutzer” e da sonata de Franck.

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105
1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 – Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
7 – Allegretto ben moderato
8 – Allegro
9 – Recitativo – Fantasia. Ben moderato
10 – Allegretto poco mosso

Renaud Capuçon, violino

Gravado ao vivo no Grand Théâtre de Provence em Aix-en Provence (França) em 22 de abril de 2022.

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Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

Neste interessante CD, Marc-André Hamelin interpreta gente como ele, ou seja, compositores-pianistas. OK, quase todos são, mas Hamelin se dedica aos grandíssimos virtuoses que, de vez em quando, achatam suas bundas numa cadeira para compor. O resultado é uma série de obras onde, em sua maioria, são exigidas habilidades demoníacas dos pianistas, o que não é problema para Hamelin, um pianista que parece ter e controlar uns 36 dedos sem se confundir. Há umas coisas decididamente bobas, outras lindas e outras em que a gente fica pensando: como ele consegue tocar essa coisa? Bem coloquemos as coisas em seus devidos lugares: o pianista canadense Marc-Andre Hamelin é um fenômeno, tendo uma série de gravações de tirar o fôlego. Ele se estabeleceu mais ou menos como o maior virtuose do planeta, e este disco só irá aumentar essa reputação — isto não significa que ele seja o melhor, claro. Hamelin faz parte de uma longa linhagem de compositores-pianistas. Alguns compuseram obras de dificuldade sobre-humana para exibir suas próprias proezas e fazer seus colegas se acovardarem, outros o fizeram para se apresentaram em público, ou seja, por razões financeiras (Rachmaninov e Medtner são bons exemplos). Este disco contém uma amostra representativa destes trabalhos, muitos dos quais não foram gravados anteriormente ou pelo menos são difíceis de encontrar. O CD também traz músicas de dois “gênios reclusos”: Charles-Valentin Alkan e Kaikhosru Shapurji Sorabji, ambos homens que produziram obras de desafios técnicos diabólicos enquanto se isolavam de quase todo contato humano e musical.

Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

1 Toccata In G Flat Major Op 13
Composed By – Leopold Godowsky
3:18

2 Poème Tragique Op 34
Composed By – Alexander Scriabin*
3:13

3 Etude No 9 (D’après Rossini)
Composed By – Marc-André Hamelin
3:48

4 Etude No 10 (D’après Chopin) (‘Pour Les Idées Noires’) 2:01

5 Schübler Chorale No 6 (transcription)
Composed By – Bach*
Transcription By – Samuel Feinberg*
3:29

6 Andante From Symphony No 94 (transcription)
Composed By – Haydn*
Transcription By – Charles-Valentin Alkan
5:48
Esquisses Op 63
Composed By – Charles-Valentin Alkan
7 No 46: Le Premier Billet Doux 1:05
8 No 47: Scherzetto 2:11

9 Fantasia Nach J S Bach
Composed By – Ferruccio Busoni
13:37

10 Moment Musical In E Flat Minor Op 16 No 2 (Revised Version 1940)
Composed By – Sergei Rachmaninov*
2:45

11 Etude-Tableau In E Flat Op 33 No 4 (Originally No 7)
Composed By – Sergei Rachmaninov*
1:37
Deux Poèmes Op 71
Composed By – Alexander Scriabin*
12 No 1: Fantastique 1:18
13 No 2: En Rêvant, Avec Une Grande Douceur 1:51

14 Berceuse Op 19a
Composed By – Samuel Feinberg*
4:53

15 Improvisation No 1 In B Flat Minor Op 31 No 1
Composed By – Nikolai Medtner
7:02

16 Pastiche On The Hindu Merchant’s Song From ‘Sadko’ By Rimsky-Korsakov
Composed By – Kaikhosru Shapurji Sorabji
4:05

17 Prelude And Fugue (Etude No 12)
Composed By – Marc-André Hamelin

Marc-André Hamelin, piano

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Hamelin aqui na Livraria Bamboletras. Quem dera…

PQP

Pérolas do Low Budget Price

O ano era 1988. O CD acabava de chegar ao Brasil, depois de uns 4 ou 5 anos de atraso em relação ao resto do mundo. Eu e meus amigos melômanos, no alto de nossos 14, 15 anos, ouvíamos entusiasmados sobre a novidade pelos noticiários da TV e reportagens nos grandes jornais, todos anunciando em letras garrafais: o LP morreu. O mundo se convertia gradativamente ao digital, os computadores pessoais entravam nos lares e se falava de uma grande e obscura rede de comunicação chamada internet.

Para nós, o pacote era realmente convidativo e não tínhamos nenhum saudosismo, pois significava, como decorrência, o fim dos chiados e dos riscos do disco. Justamente um dos chamarizes de marketing: o CD era indestrutível, som puro para toda a vida. Não demorou muito tempo para que percebêssemos que essa historia estava mal contada, o CD não era eterno, mas realmente tinha duas enormes vantagens: não tinha chiado e não se desgastava em cada reprodução.

Nossos olhos se enchiam quando começamos a ver as primeiras prateleiras das lojas de discos acomodando CDs, e mais: muita música clássica, como nunca tínhamos visto antes. Um paraíso.  Talvez pela questão da novidade, mudança de hábitos, e tal, os lojistas começaram pelos clássicos, que justamente levantava a bandeira do scratch-free. A empolgação era tamanha que nem me dei conta de que muitas daquelas gravações não eram as mesmas que comprávamos em LP ou K7. Na verdade, nem atinei para a apresentação dos discos. Como seriam suas capas? Iguais à dos LPs? Capas genéricas iam surgindo e, cegos pela avidez, nem nos tocamos que estávamos comprando budget-price.

Comecei comprando uma gravação do Concerto no.3 de Beethoven, e percebi que aquele som era bem diferente do que estava acostumado. Não era ruim a interpretação, mas como vivíamos em lojas de discos, sabíamos todos os grandes intérpretes. Pollini, Argerich, Michelangeli, Arrau, Weissenberg, Brendel, Kempff, e não era nenhum deles. Para usar uma expressão da época, as fichas começaram a cair: fui conferir e não tinha o nome dos intérpretes na capa! Isso nunca tinha acontecido. Olhei a contracapa (foi difícil achar), e vi que a (ou o, não dava para dizer naquela situação) pianista era uma tal de Dubravka Tomsic e o maestro era um certo Sr. Anton Nanut com uma Sinfõnica da Rádio de Ljiubjana, que sei lá onde era, nem como se pronunciava.

Pouco depois, com o aumento das vendas dos CDs, começaram a chegar também as gravações dos grandes selos, DG, PHILIPS, DECCA, SONY e EMI. Mas este? MOVIEPLAY?? Que diabos?? E por fim as diferenças de preços, não deixavam mentir: eram gravações low budget price, ou como começamos a chamar, CDs de “Baciada”, já que eram oferecidos em grandes lotes como ofertas e pontas de estoque.

Qual era a mágica? Basicamente, uma gravadora espanhola e portuguesa chamada Sonoplay, fundada em meados dos anos 1960 por um dissidente da PHILIPS, teve acesso a fonogramas originais de orquestras e solistas obscuros, principalmente do leste europeu, que, depois da 2a.Guerra, ficaram à mercê de contratos irrisórios para aumentar o orçamento, sem garantia de que seriam lançados algum dia. Em 1968, a gravadora se tornou MOVIEPLAY, e gravava nada além de música folclórica portuguesa e pot-pourris de disco-dance.

O golpe veio com a mudança de suporte. Com o CD, a reciclagem desse material se tornava possível e legítima. Pegaram esses velhos fonogramas, digitalizaram e começaram a vender como produtos novos, em série, alterando os nomes dos intérpretes, omitindo as datas de gravação e afirmando que se tratavam de gravações digitais (a sigla DDD estava sempre presente). Chegaram a inventar alguns nomes: Henry Adolph e Alberto Lizzio são personagens fictícios, este ultimo deliberadamente um pseudônimo do maestro e produtor musical Alfred Scholz, que provavelmente vendeu alguns desses fonogramas. Um disco com o Concerto para Flauta e Harpa de Mozart, regido por esse sr. Lizzio (provavelmente Scholz), e tendo à harpa uma tal Renata Modron – que também não possui NENHUMA referência na internet inteira –  ganharia facilmente o prêmio de pior gravação desse concerto. Nível amador. A festa era tamanha que um mesmo fonograma circulava por vários selos de baixo orçamento, e como ninguém sabia ao certo de quem eram os detentores dos direitos, lançavam e relançavam sem nenhum pudor. A gravadora NAXOS começou fazendo algo muito semelhante, mas tomou o caminho da aprovação crítica e busca pela consagração de qualidade. No caso desses budgets, isso não era sequer cogitado.

Outros maestros e solistas, talvez por ainda estarem vivos e atuantes, acabaram exigindo contratos e direitos sobre as gravações, mas mesmo assim, sendo desconhecidos do circuito Star System dos grandes selos, faziam ou vendiam suas gravações por preços bem mais baixos. O leste europeu às vésperas da Perestroika era um mercado imenso a se explorar.

Neste momento final dos anos 80, a Movieplay começou a lançar essas gravações por toda a Europa e também no Brasil, numa divisão de clássicos que envolvia uma série chamada ‘Digital Concerto’, e uma outra, composta basicamente de coletâneas ao estilo dos pot-pourris antigos, chamada ‘Romantic Classics’, todas com o mesmo design padrão, cuja única variação possível era a pintura de fundo. No meio de um monte de fonogramas genéricos, alguns sem dono e/ou sem registro de intérprete, combinados com outros legítimos, começam a aparecer verdadeiras pérolas: gravações de baixo custo, com esses maestros/orquestras/solistas pouco festejados, mas que se destacam como leituras e interpretações que, não fosse o descaso do marketing envolvido, poderiam sem problemas situarem-se entre os grandes selos e as performances lendárias. Ok, um pouco exagerado, mas quero dizer que sim, há boas gravações no meio da baciada. ‘Barganhas’ como se costuma dizer. Trouxe algumas aqui, que considero realmente registros de excelência que valem a pena divulgar:

 

1.Haydn: String Quartets –  op.1 no.1 ‘Hunting quartet’, op.64 no.5 ‘The Lark’ & op.76 no.3 ‘ Emperor’ – Caspar da Salo Quartet
Este é um caso típico dessas apropriações para evitar pagamento de direitos. O Quarteto ‘Caspar da Salo’, nomeado em função de um famoso Luthier do séc.XVI, Gasparo de Saló, é um embuste, um conjunto fictício, criado por Alfred Scholz para vender fonogramas alheios na onda do digital. Felizmente, a leitura desses quartetos é límpida e precisa, o conjunto tem um equilíbrio sonoro incrivelmente coeso, com uma técnica segura e clara que destaca todo o esplendor das abundantes invenções melódicas de Haydn. Infelizmente jamais saberemos quem está realmente tocando ou quando a gravação foi feita.

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2.Beethoven: Piano Concerto no.3, Pathétique Sonata – Dubravka Tomsic, piano – Anton Nanut, Radio Symphony Orchestra Ljubljana
Sim, Dubravka Tomšič Srebotnjak existe mesmo, nasceu na Eslovênia em 1940 e ainda está viva (Wikipedia). Infelizmente, ficava muito difícil, no meio de um monte de nomes eslavos desconhecidos,  saber quem era quem. Foi preciso um amigo, o saudoso pianista e professor Antonio Bezzan, para nos chamar a atenção para seu talento. E realmente, ao ouvirmos com mais atenção, seu acento eslavo realça uma interpretação bastante pessoal e nada frívola. Técnica e esteticamente, Tomsic demonstra sensibilidade e desenvoltura. Se não chega a impressionar, também não faz feio, e nos revela uma interessante verve russa em Beethoven.

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3.Dvórak: Symphony no.9 ‘From the New World’; Smetana: Die Moldau – Anton Nanut, Radio Symphony Orchestra Ljubljana
No fim das contas, Anton Nanut, que também existe e é real (Norman Lebrecht, em seu blog, até publicou uma nota sobre seu falecimento), acaba se mostrando um regente de primeira grandeza. Comprometido com uma tradição sonora imponente, que mescla reminiscências do império Austro-Húngaro com a verve russa, essa é uma das mais contundentes versões da Sinfonia Novo Mundo. Se não soubéssemos quem está regendo, poderíamos facilmente tomar esta como uma gravação de Szell ou Doráti. Mas o grande destaque deste disco é o Moldau. Sim, nem Kubelik fez um Moldau tão sensível e autêntico. Recomendo sem restrições.
A parte ruim é que também não temos certeza de quem está realmente regendo e nem quando foi feita a gravação. Há vários selos e edições que usam esse mesmo fonograma, e há indicações dúbias nos sites de streaming e lojas virtuais, de que esse Moldau talvez tenha sido regido por Alfred Scholz. Mas uma pesquisa exaustiva nos dá mais referências (e também referências mais antigas) indicando ser de Nanut. Ficamos com ele, por enquanto. O descaso do selo budget inclui também a indicação errada de uma Dança Eslava de Dvorak. Ao invés da op.72 no.1, é na verdade a op.46 no.1. O fato é que é um disco memorável, bom e barato, apesar disso fazer pouca diferença hoje em dia.

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4.Mahler: Symphony no.6 – Hartmut Haenchen, Philharmonia Slavonica
Esta é uma gravação realmente legítima. Haenchen (nascido em 1943) é um maestro relativamente conhecido na Europa, que tem referências autênticas e um site próprio, com uma discografia imensa e um invejável currículo, que inclui até mesmo participações recentes no Festival de Bayreuth. Talvez seja mais conhecido no Brasil por ser especialista em C.P.E. Bach, mas suas incursões na música romântica e pós-romântica são bastante relevantes, tendo sido recentemente apontado como um destaque de profunda conexão com Bruckner e Mahler. É curioso que um regente dessa estatura nunca tenha assinado contratos fixos com grandes selos (aparece de vez em quando na SONY), mas de qualquer modo, essa gravação não nos deixa mentir: é a mais convincente Sexta de Mahler que já ouvi. A fúria com que destaca a sonoridade das angústias mahlerianas é irresistível, ao mesmo tempo que contrabalança o lírico Andante com uma doçura tocante. A percussão é onipresente, as pratadas são épicas, e os golpes do martelo e do tam-tam do último movimento, os mais sonoros que já ouvi. Devastador. A gravação é realmente surpreendente, não apenas pela contundência da leitura, mas também pelo equilíbrio das forças maciças que Mahler evoca. Provavelmente foi o CD de melhor relação custo/benefício que já comprei.
Haenchen gravou outras vezes essa sinfonia, até com a Netherlands Philharmonic, mas essa me parece a mais relevante. Conforme uma crítica que recebeu na Amazon, “an energetic, dinamic, colourful interpretation in only one CD, in a bargain collection. Haenchen is an inmense conductor and I think the appropiate conductor for (for example) Philadelphia or NY orchestras in USA. ” Fica a dica.

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CHUCRUTEN

Joseph Haydn (1732-1809): 4 Concertos para Piano (Brautigam / Concerto Copenhagen)

Joseph Haydn (1732-1809): 4 Concertos para Piano (Brautigam / Concerto Copenhagen)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este disco pode assustar alguns desavisados. Brautigam toca o pianoforte do tempo de Haydn e, para ficar ainda mais estranho, temos um baixo contínuo feito pelo cravo no belo e divertido Concerto Nº 11, que abre o CD. O instrumento de Brautigam soa particularmente bem escolhido para esta música. Tem uma ação rápida que faz com que os movimentos externos realmente brilhem, mas também permite o canto nos movimentos lentos.  Os concertos são maravilhosos: leves, brilhantes, efervescentes, cheios de humanidade e repletos de poesia. O tom de Brautigam é claro e vibrante, seu toque é gracioso, suas interpretações, cheias de personalidade. Tudo isso acompanhado pelo elegante Concerto Copenhagen sob regência de Lars Ulrik Mortensen ,

Joseph Haydn (1732-1809): 4 Concertos para Piano (Brautigam / Concerto Copenhagen)

01. Concerto in D major, H.XVIII/11 – I. Vivace
02. II. Un poco adagio
03. III. Rondo all’Ungarese (Allegro assai)

04. Concerto in F major, H.XVIII/3 – I. Allegro
05. I. Largo cantabile
06. III. Presto

07. Concerto in D major, H.XVIII/2 – I. Allegro moderato
08. II. Adagio molto
09. III. Allegro

10. Concerto in G major, H.XVIII/4 – I. Allegro
11. II. Adagio
12. III. Rondo (Presto)

Ronald Brautigam – Pianoforte
Concerto Copenhagen
Lars Ulrik Mortensen – Conductor

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Gosto do estilo dele. Tem cara de pianista, né?

PQP

Haydn (1732-1809) & Cia: Legacy – Concertos para Violoncelo & outras obras – Christian-Pierre La Marca – Le Concert de la Loge & Julien Chauvin ֍

Haydn (1732-1809) & Cia: Legacy – Concertos para Violoncelo & outras obras – Christian-Pierre La Marca – Le Concert de la Loge & Julien Chauvin ֍

Legacy

Christian-Pierre La Marca

Le Concert de la Loge

Julien Chauvin

 

Christian-Pierre La Marca

Eu sempre imagino Papa Haydn já idoso, compositor renomado, mais velho do que Mozart e Beethoven. Mas é fato que houve um jovem Joseph Haydn – cantor de coro que declinou da castrazione para manter a bela voz e que estudou música com outros mestres até tornar-se um mestre ele mesmo. Um destes músicos de uma geração anterior que a dele foi Nicola Porpora, que além de compositor de óperas foi professor de canto. Teve entre seus alunos famosos castrati, como Farinelli e Caffarelli. Haydn trabalhou como factótum (assessor para assuntos gerais) para Porpora enquanto este viveu em Viena e lembrava-se do mestre com um sorriso nos lábios. Aprendeu muito palavras italianas com ele, tais como asino, coglione e birbante. Havia também boas lembranças de cutucões nas costelas…

Foi também coisa da juventude de Haydn a composição de concertos diversos, nos primeiros anos que passou na Petit Versailles, a Corte de Estérhazy, para brindar os bons músicos que serviam a orquestra que estava a sua disposição.

Foi assim que surgiu, nos primeiros anos da década de 1760 o seu primeiro concerto para violoncelo, composto provavelmente para o violoncelista Joseph Weigl, que trabalhava ali. Aliás, o concerto ficou perdido por muito tempo, até ser redescoberto nos arquivos de um museu em Praga, em 1961. O manuscrito estava ao lado de um outro concerto de Joseph Weigl. De qualquer forma, a primeira frase do concerto havia sido registrada por Haydn em um catálogo de obras que ele começara a fazer em Estérhazy.

Julien Chauvin

O segundo concerto é tecnicamente mais difícil e foi escrito em 1783. Este foi atribuído a Anton Kraft, outro violoncelista que atuou em Estérhazy. Anton foi excelente violoncelista e deve ter dado seus pitacos na parte técnica do concerto, coisa que pode ter ajudado a causar a confusão. Kraft foi o violoncelista para quem Beethoven escreveu a parte de violoncelo de seu Concerto Triplo.

Neste ótimo disco os dois concertos são apresentados pelo violoncelista Christian-Pierre La Marca, acompanhado pela orquestra com prática de instrumentos de época, Le Concert de la Loge, regida por Julien Chauvin. O disco traz ainda obras de outros compositores da época, perfazendo um agradável programa musical. Temos uma ária do Nicola Porpora, cantada aqui pelo ótimo contratenor Philippe Jaroussky, um movimento (largo) de um concerto para violoncelo, também de Porpora, uma Sinfonia Concertante, que fora deixada inacabada por Mozart, numa reconstrução feita por Robert Levin. E também uma transcrição para violoncelo da música de balé de Gluck, danse des ombres heureuses, escrita para a ópera Orphée et Eurydice, feita por Christian-Pierre La Marca.

Joseph Haydn (1732 – 1809)

Concerto para violoncelo No. 1 em dó maior, Hob. VIIb:1

Cadenza: Christian-Pierre La Marca

  1. Moderato
  2. Andante
  3. Allegro molto

Nicola Porpora (1686 – 1768)

Concerto para violoncelo em sol maior
  1. Largo

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Reconstrução: Robert Levin

Sinfonia Concertante em lá maior (KV Anhang 104 / 320E)
  1. Fragmento

Christoph Willibald Gluck (1714 – 1787)

Orphée et Euridice
  1. Dança dos Espíritos Abençoados (Transcrição de Christian-Pierre La Marca)

Nicola Porpora (1686 – 1768)

Gli orti esperidi
  1. Ária: Giusto amor tu che m’accendi

Joseph Haydn (1732 – 1809)

Concerto para violoncelo No. 2 em ré maior, Hob. VIIb:2 (Op. 101)

Cadenza: Maurice Gendron

  1. Allegro moderato
  2. Andante
  3. Allegro

Christian-Pierre La Marca, violoncelo

Philippe Jaroussky, contatenor (Gluck)
Julien Chauvin (violino) e Adrien La Marca (viola) (Mozart)

Le Concert de La Loge

Julien Chauvin

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Le Concert de la Loge

Partes da entrevista dada por Christian-Pierre e Julien:

LM: I wanted this program to introduce new ways of listening to Haydn’s concertos. The title of the album Legacy emphasizes more of the aspect of transmition than that of inheritance – the goodwill one generation passes on to the next, the encounters between musicians who hand down a tradition, the development of styles of writing for the instrument.

JC: Haydns’s concertos are often recorded on their own, the fact that they are ‘enveloped’ in other pieces gives them an additional dimension.

I couldn’t agree more!

Aproveite!

René Denon

Haydn (1732 – 1809): Algumas Sinfonias – (Projeto Haydn 2032) – Il Giardino Armonico ou Kammerorhester Basel & Giovanni Antonini ֎

Haydn (1732 – 1809): Algumas Sinfonias – (Projeto Haydn 2032) – Il Giardino Armonico ou Kammerorhester Basel & Giovanni Antonini ֎

Joseph Haydn

Sinfonias (Algumas)

Il Giardino Armonico

Kammerorchester Basel

Giovanni Antonini

O número 2023 é uma permutação de 2032, ano no qual se completará 3 séculos desde o nascimento de Franz Joseph Haydn. Ora, vocês sabem, o marketing da indústria fonográfica adora estas efemérides. Prepare-se para um tsunami de integrais de trios com piano, quartetos de cordas, sonatas para piano e, é claro, sinfonias. Já vimos algumas destas integrais no passado, como Antal Dorati ou Adam Fischer nas sinfonias, Quatuor Festetics nos quartetos ou Beaux Arts Trio nos trios com piano. Até 2032 veremos várias destas coleções reeditadas e a curiosidade maior é quanto a mídia – streaming, mais certamente. Acho que as gerações dos compradores de LPs, cassetes e CDs estarão se esvaindo até lá, restando apenas alguns highlanders…

No entanto, um projeto que tenho acompanhado com particular interesse atende pelo singelo nome Haydn 2032. A Joseph Haydn Foundation, na Basileia (Basel), está organizando, produzindo e financiando a performance e gravação das 107 sinfonias de Haydn pelo Il Giardino Armonico ou a Kammerorchester Basel, com a direção artística de Giovanni Antonini. Até agora detectei 12 volumes e um 13º chegará em breve.

Talvez devido a (minha) idade e a enorme curiosidade de ouvir música, não consegui ouvir os 12 discos inteiros. Mas não resisti e montei uma playlist com as sinfonias minhas mais conhecidas – todas com apelidos – e gostei tanto que decidi postar. Talvez algum de nossos colaboradores se anime e traga a coleção na integral (que contém também música de alguns contemporâneos do Haydn, para dar uma contextualização) e torne assim esta postagem obsoleta. Mas, até lá, dependendo apenas de minhas energias, aqui vai este pot-pourri.

Joseph Haydn (1732 – 1809)

Sinfonia No. 39 em sol menor – Tempesta di mare
  1. Allegro assai
  2. Andante
  3. Menuet – Trio
  4. Finale (Allegro di molto)
Sinfonia No. 49 em fá menor – La Passione
  1. Adagio
  2. Allegro di molto
  3. Menuet – Trio
  4. Finale (Presto)

Sinfonia No. 22 em mi bemol maior – Der Philosoph
  1. Adagio
  2. Presto
  3. Menuetto & Trio
  4. Finale (Presto)
Sinfonia No. 60 em dó maior – Il distratto
  1. Adagio – Allegro di molto
  2. Andante
  3. Menuetto – Trio
  4. Presto
  5. Adagio – Allegro
  6. Finale (Prestissimo)

Sinfonia No. 26 em ré menor – Lamentatione
  1. Allegro assai con spirito
  2. Adagio
  3. Minuet – Trio
Sinfonia No. 30 em dó maior – Alleluia
  1. Allegro
  2. Andante
  3. Finale

Sinfonia No. 63 em dó maior – La Roxolana
  1. Allegro
  2. La Roxolana – Allegretto piu tosto allegro
  3. Menuet – Trio
  4. Finale
Sinfonia No. 43 em mi bemol maior – Mercury
  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Menuet – Trio
  4. Finale (Allegro)

Sinfonia No. 45 em fá sustenido menor – L’addio
  1. Allegro assai
  2. Adagio
  3. Menuet (Allegretto) – Trio
  4. Finale (Presto)
  5. Adagio

Sinfonia No. 82 em dó maior – L’ours
  1. Vivace
  2. Allegretto
  3. Minuet – Trio
  4. Finale (Vivace assai)

Il Giardino Armonico (Nos. 39, 49, 22, 60, 63, 43 e 45)

Kammerorchester Basel (Nos. 26, 30 e 82)

Giovanni Antonini

Antonini no dressing room do PQP Bach Hall de Alegrete

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MP3 | 320 KBPS | 491 MB

É papa fina!

Aproveite!

René Denon

Papa Haydn, para colorir

Joseph Haydn (1732 – 1809): Sinfonias No. 6 (Le Matin), No. 7 (Le Midi) & No. 8 (Le Soir) – Florilegium & Ashley Solomon ֎

Joseph Haydn (1732 – 1809): Sinfonias No. 6 (Le Matin), No. 7 (Le Midi) & No. 8 (Le Soir) – Florilegium & Ashley Solomon ֎

Haydn

Sinfonias Nos. 6 a 8

Le Matin • Le Midi • Le Soir

Florilegium

Ashley Solomon

Vai aqui um CD luminoso, presentinho de Natal! Nesta gravação a orquestra conta com 18 músicos, o mesmo número com que contava a orquestra a disposição de Haydn quando este compôs estas sinfonias, em 1761. Isso aconteceu logo que ele chegou a Esterhazy, para a alegria do príncipe que o contratara e que encomendou algumas peças programáticas, a là Quatro Estações.

Os nossos seguidores que moram próximos ao Rio de Janeiro e ouvem a Rádio MEC, certamente vão reconhecer trechos da Sinfonia No. 6, usados pela Rádio como vinhetas em alguns momentos.

Além de terem este aspecto programático, as três sinfonias apresentam momentos em que este ou aquele instrumento se apresenta como solista. Desde a flauta até o contrabaixo, passando pelas trompas, os músicos têm suas oportunidades de brilhar. Especialmente os operáticos violino e violoncelo.

A Solomon

Certamente os mais saudosistas vão suspirar pela ótima gravação da Academy of St. Martin-in-the-Fields, sob a regência de Neville Marriner, mas quem se aventurar a navegar por estas novas águas e ouvir esta gravação feita em Londres, em março deste ano (2022), será recompensado pela habilidade dos músicos em realizar tudo o que Haydn preparou para impressionar o príncipe e sua corte. Sem esquecer também a espetacular produção do selo Channel Classics.

Ashley Solomon é flautista e regente da orquestra Florilegium que atua há muitos anos e grava para o selo Channel Classics desde 1995. Com bastante flexibilidade, o grupo conta com excelentes músicos, como Bojan Čičič (violino), Jennifer Morsches (violoncelo), Reiko Ichise (viola da gamba) e Terence Charlston (cravo/órgão).

Solomon’s luminous tone and unfussy command of the complicated melodies conflate into something utterly beautiful. Slow movements are soulful in their infinite variety, fast ones are clever and with a wealth of invention behind them.

Joseph Haydn (1732 – 1809)

Sinfonia No. 6 em ré maior ‘Le Matin’

  1. Adagio – Allegro
  2. Adagio – Andante
  3. Minuet
  4. Finale. Allegro

Sinfonia No. 7 em dó maior ‘Le Midi’

  1. Adagio – Allegro
  2. Recitativo. Adagio
  3. Minuet
  4. Finale. Allegro

Sinfonia No. 8 em sol maior ‘Le Soir’

  1. Allegro molto
  2. Andante
  3. Minuet
  4. La Tempesta. Presto

Florilegium

Ashley Solomon

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MP3 | 320 KBPS | 165 MB

BBC Music Magazine – Christmas 2022

Solomon coaxes lively performances out of the members of Florilegium, with the depictions of rain, lightning and thunder conjured up by Haydn in the concluding storm movement of ‘Le Soir’ sounding particularly vivid.

Para colorir

Aproveite!

René Denon

Haydn (1732 – 1809) & Mozart (1756 – 1791): Concertos para Piano No. 11 (H) & No. 12 (M) – Musikkollegium Winterthur & See Siang Wong ֎

Haydn (1732 – 1809) & Mozart (1756 – 1791): Concertos para Piano No. 11 (H) & No. 12 (M) – Musikkollegium Winterthur & See Siang Wong ֎

1782

Haydn & Mozart

Concertos para Piano

Musikkollegium Winterthur

See Siang Wong

O ano de 1782 encontrou Haydn trabalhando para o príncipe Miklós (Nicolau) Esterházy e já no auge de sua maturidade como compositor. Nessa época ocorre a publicação de seus Seis Quartetos Op. 33, pela firma Artaria, de Viena, que estabelece um nível altíssimo para esse gênero. É também dessa época o Concerto para Piano em ré maior, sua última composição desse tipo, que foi publicado em 1784. Assim como os concertos contemporâneos de Mozart é uma peça no Estilo Galante e uma das melhores. O seu último movimento, um Rondó Húngaro, tem todas as características do que Haydn fazia de melhor…

A orquestra em frente ao Musikkollegium esperando o pessoal do PQP Bach que viria para fazer umas entrevistas…

Enquanto Haydn vivia e produzia no palácio Hesterhaza, em 1782 Mozart estava finalmente em Viena, fora dos muros de Salzburgo. Neste ano, em 16 de julho, estreia no Burgtheater a ópera (deliciosa) Die Entführung aus dem Serail. O Concerto em lá maior, K. 414, foi composto no outono, junto com seus irmãos K. 413 e 415 (Nos. 11 – 13) como parte das obras a serem apresentadas para o público de Viena nos Lenten Concertos (Concertos do Período da Quaresma, quando os teatros de ópera ficavam fechados), em janeiro de 1783. O Concerto No. 12 tem em seu movimento lento a menção de um tema de Johann Christian Bach, o Bach de Londres, que morrera no início do ano, e era muito admirado por Mozart.

O piano do PQP Bach Lounge deixou o Wong de cabeça para baixo…

O disco completo deve conter mais uma Sinfonia e outras peças orquestrais, mas os Concertos e uma minúscula peça para piano solo foi o que consegui. Demorei um pouco até chegar ao disco, mas depois que o ouvi, gostei tanto que tenho o ouvido com alguma frequência agora. Como vocês sabem, quando isso acontece, acabo trazendo para vocês também aproveitarem. O See Siang Wong é ótimo, muito simpático e foi aluno do Bruno Canino no Hochschule der Künste Bern.

Joseph Haydn (1732 – 1809)

Concerto para Piano No. 11 em ré maior, Hob. XVIII: 11

  1. Vivace
  2. Um poco adagio
  3. Rondo all’Ungarese

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para Piano No. 12 em lá maior, K. 414

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegretto

Suíte para Piano K, 399

  1. Courante

See Siang Wong, piano

Musikkollegium Winterthur

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MP3 | 320 KBPS | 103 MB

Mozart e Haydn se conheciam e tinham uma alta estima mútua. Há também relatos de ocasiões nas quais ambos tomaram parte de concertos de música de câmara. Dizem os detratores que eles tocavam bem viola…

Aproveite!

René Denon

PQP Bach – Quizz: Quem é o músico tocando viola na foto a seguir?

Franz-Joseph Haydn (1732-1809): 11 Sonatas para Piano – Alfred Brendel (Parte 2 de 2)

Franz-Joseph Haydn (1732-1809): 11 Sonatas para Piano – Alfred Brendel (Parte 2 de 2)

5183vyeJwbLComplementamos a postagem dessa caixa essencial de Haydn, na leitura de Alfred Brendel, com seus dois últimos CDs.

O Franz de Haydn é o nome de santo de Haydn (batizado Franciscus Josephus Haydn), e que era dado, conforme costume da época, em homenagem ao santo celebrado no dia de seu batismo (São Francisco de Paula, 2 de abril). Esse prenome quase nunca usado pelo próprio compositor, que invariavelmente se assinava “Joseph” ou “Giuseppe Haydn”. Um leitor apontou isso num comentário à postagem original e eu, que não fazia a menor ideia do assunto, resolvi aceder. Assim, mantemos a coerência com a prática que nos leva a chamar a pessoa batizada Johannes Chrysostomus Wolfgangus Teophilus Mozart, nascida no dia de São João Crisóstomo (27 de dezembro), de Wolfgang Amadeus Mozart.

Vassily

POSTAGEM ORIGINAL DE FDP BACH EM 18/2/2010

Eis então os dois CDs que faltavam para essa série do grande pianista Alfred Brendel interpretando Haydn. Trata-se de uma série conceituadíssima, que não pode faltar na discoteca dos amantes da obra do mestre austríaco.

Enfim, para tornar mais agradável este feriadão eis os dois últimos cds desta excelente série da Philips.

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Franz-Joseph Haydn (1732-1809): 11 Piano Sonatas – Alfred Brendel (Parte 2 de 2)
Alfred Brendel, piano

CD 3
01 – Sonata in C, Hob. XVI_48 – 1. Andante con espressione
01 – Sonata in C, Hob. XVI_48 – 2. Rondo (Presto)
02 – Sonata in D, Hob. XVI_51 – 1. Andante
03 – Sonata in D, Hob. XVI_51 – 2. Finale (Presto)
04 – Sonata in C, Hob. XVI_50 – 1. Allegro
05 – Sonata in C, Hob. XVI_50 – 2. Adagio
06 – Sonata in C, Hob. XVI_50 – 3. Allegro molto

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CD 4
01 – Sonata in E flat, Hob. XVI_52 – 1. Allegro
02 – Sonata in E flat, Hob. XVI_52 – 2. Adagio
03 – Sonata in E flat, Hob. XVI_52 – 3. Finale (Presto)
04 – Sonata in G, Hob. XVI_40 – 1. Allegretto e innocente
05 – Sonata in G, Hob. XVI_40 – 2. Presto
06 – Sonata in D, Hob. XVI_37 – 1. Allegro con brio
07 – Sonata in D, Hob. XVI_37 – 2. Largo e sostenuto
08 – Sonata in D, Hob. XVI_37 – 3. Finale (Presto, ma non troppo)
09 – Andante con variazioni in F minor, Hob. XVII_6

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LINK ALTERNATIVO COM TODOS OS CDs DESTE POST

Brendel com Minnie

FDPBach

Franz-Joseph Haydn (1732-1809): 11 Sonatas para Piano – Alfred Brendel (Parte 1 de 2)

Franz-Joseph Haydn (1732-1809): 11 Sonatas para Piano – Alfred Brendel (Parte 1 de 2)

5183vyeJwbLDia desses alguém pediu ao nosso SAC a repostagem desta excelente gravação de Brendel. Atendemos prontamente, pois acreditamos que ela não possa faltar em qualquer discografia.

Vassily

Postagem original de FDP Bach:

Minha vida anda muito corrida, e com esse calor que fez nos últimos dias não tenho vontade de fazer nada, desculpem, nem respondo meus emails. Aliado à isso, estou com problemas de saúde na família, então, a vontade de responder se resume a nenhuma.

Essa série do Brendel tocando Haydn já está no rapidshare há algum tempo. São quatro cds, estou postando dois, e outra hora coloco os outros dois.

Material de primeira linha, poderia classificá-lo facilmente como IM-PER-Dí-VEL.  Divirtam-se.

Franz-Joseph Haydn – 11 Piano Sonatas (Parte 1 de 2)
Alfred Brendel, piano

CD 1:
1. Keyboard Sonata in C minor, H. 16/20: 1. Moderato
2. Keyboard Sonata in C minor, H. 16/20: 2. Andante con moto
3. Keyboard Sonata in C minor, H. 16/20: 3. Finale. Allegro

4. Keyboard Sonata in E flat major, H. 16/49: 1. Allegro
5. Keyboard Sonata in E flat major, H. 16/49: 2. Adagio e cantabile
6. Keyboard Sonata in E flat major, H. 16/49: 3. Finale. Tempo di minuetto

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CD 2:
1. Keyboard Sonata in E minor, H. 16/34: 1. Presto
2. Keyboard Sonata in E minor, H. 16/34: 2. Adagio
3. Keyboard Sonata in E minor, H. 16/34: 3. Vivace molto, innocentemente

4. Keyboard Sonata in B minor, H. 16/32: 1. Allegro moderato
5. Keyboard Sonata in B minor, H. 16/32: 2. Menuet. Tempo di menuet
6. Keyboard Sonata in B minor, H. 16/32: 3. Finale. Presto

7. Keyboard Sonata in D major, H. 16/42: 1. Andante con espressione
8. Keyboard Sonata in D major, H. 16/42: 2. Vivace assai

9. Fantasia (Capriccio) for piano in C major, H. 17/4

10. Adagio for keyboard in F major, H. 17/9

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LINK ALTERNATIVO COM TODOS OS CDs DESTE POST

Brendel com Minnie

FDP Bach

Haydn (1732-1809) • Beethoven (1770-1828) • Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano – Rafal Blechacz ֎

Haydn (1732-1809) • Beethoven (1770-1828) • Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano – Rafal Blechacz ֎

Haydn • Beethoven

Mozart

Sonatas para Piano

Rafal Blechacz, piano

 

O disco desta postagem já apareceu PQP Bach em 27 de fevereiro de 2013. Foram duas as postagens feitas naquele dia, segundo palavras do Presidente-Diretor, o próprio PQP Bach, autor da postagem de então. Ele gostou do disco, confiram lá!

Rafal Blechacz, pianista do dia…

De qualquer forma, os links não estão mais ativos, há muito sumidos com o vanished rapidshare. Como gostei bastante, tratei de dedicar-lhe nova postagem, que aqui vai.

Ele reúne três sonatas para piano de três compositores clássicos, que viveram partes de suas vidas em Viena e, de certa forma, se conheceram bem uns aos outros, apesar de Beethoven e Mozart terem se encontrado pessoalmente muito brevemente.

As sonatas são representantes do gênero clássico e trazem características deste período, mas as similaridades acabam por aqui. Elas foram compostas em momentos totalmente diferentes nas carreiras de cada um deles e cada uma delas revela em parte as personalidades de seus criadores, que não poderiam ser mais diferentes.

A Sonata em mi bemol maior, Hob. XVI: 52 (Hoboken), também conhecida pela numeração L. 62 (Landon), é a última sonata para piano composta por Haydn, em 1794, no seu último período criativo. Ele estava no auge da fama, já aposentado dos serviços à família Esterházy, viajando para Londres a convite do empresário J.P. Salomon. A sonata foi dedicada à pianista inglesa Therese Jansen, de quem foi padrinho de casamento e a quem dedicou os Trios com Piano Hob. XV: 27-29.

Esta é possivelmente a sonata mais conhecida de Haydn e merece a fama. As características de bom humor e ótimo gosto estão presentes e eu fiquei muito impressionado com a transição do segundo (Adagio) para o terceiro movimento (Presto) nesta interpretação do Rafal Blechacz, em geral mais identificado com o repertório romântico, como a música de Chopin.

A Sonata em lá maior, op. 2, 2 faz parte do primeiro grupo de sonatas para piano que Beethoven publicou e foi dedicada a Haydn, de quem Beethoven foi ‘aluno’. Apesar do baixo número de opus, ela foi composta em 1796, quando Beethoven tinha 26 anos e algumas sonatas para piano em seu portfólio. É bom lembrar também que Beethoven oscilou, no início de sua carreira, entre intérprete e compositor. Naqueles dias sua fama recaia principalmente em seus talentos como improvisador. A sua sonata já se distingue das demais no disco por ter quatro movimentos, sonata grande, com um brincalhão scherzo seguindo o Largo appassionato, Beethoven sempre quebrando o clima, e é arrematada por um gracioso rondó.

A última sonata do disco é a mais antiga delas, Sonata em ré maior, K. 311, composta por Mozart em 1777 em sua estada em Augsburg e Mannheim, no caminho de Paris. Ela foi publicada lá, em conjunto com as Sonatas K. 309 e 310 e são de um período intermediário do compositor. O primeiro movimento é o que eu considero um exemplo de música líquida, devido à sua fluidez, especialmente na interpretação de Rafal Blechacz. Com sua elusiva simplicidade, é uma típica obra de Mozart – que nos conquista sem que saibamos por que, basta ouvir e sorrir.

Joseph Haydn (1732 – 1809)

Sonata para Piano em mi bemol maior, Hob. XVI:52
  1. Allegro (Moderato)
  2. Adagio
  3. Presto

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Piano em lá maior, Op. 2 No. 2
  1. Allegro vivace
  2. Largo appassionato
  3. Allegretto
  4. Grazioso

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Sonata para Piano em ré maior, K. 311
  1. Allegro con spirito
  2. Andantino con espressione
  3. Allegro

Rafal Blechacz, piano

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MP3 | 320 KBPS | 139 MB

Rafał Blechacz has been named the 2014 PQP Bach Artist…

Textural transparency, expressive economy, creative inspiration, high humour and strategically placed silences characterise these three Haydn, Beethoven and Mozart sonatas, as well as Rafal Blechacz’s splendid, beautifully recorded interpretations. […] . In short, Blechacz’s third solo release (his second for DG) is by far his strongest yet.

Aproveite!

René Denon

PS: Se você gostou desta postagem, poderá se interessar por estas outras.

Aqui, sonatas de Beethoven intercaladas com sonatas de Beethoven…

Haydn (1732-1809) & Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Olivier Cavé #BTHVN250

Aqui, uma excelente opção para as três sonatas do Opus 2 de Beethoven:

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Três sonatas para piano, Op. 2 – Perahia

Nas duas a seguir, Sonatas de Haydn, incluindo as três últimas:

Joseph Haydn (1732 – 1809): Sonatas para Piano – Paul Lewis, piano (2021) ֍

Haydn (1732-1809): Sonatas para Piano – Paul Lewis

Para arrematar, uma opção interessante para algumas sonatas de Mozart (parte de um integral) incluindo as Sonatas K. 309-311:

Mozart (1756 – 1791): Sonatas para Piano – Klára Würtz – 2/3 ֎