Este é um grande CD! O repertório é excelente e a interpretação não lhe fica abaixo. Eu sou uma natureza fiel, então fico com pena de dizer que esta interpretação é melhor do que aquela que me apresentou a este repertório de Quartetos de CPE. Afinal, quem me apresentou foi um de meus ídolos: Christopher Hogwood, que tocou estas peças fazendo sua parte ao piano forte. Só que… sim, esta interpretação é superior.
Durante os últimos anos da sua vida, CPE, à semelhança do pai, não se interessou por seguir a moda ou o mercado, tendo como principal objetivo deixar à posteridade uma herança musical significativa. Numa carta escrita em 1787, ele declarou que havia concluído seu “trabalho para o público e agora desejava abandonar a pena”, até porque o desejo de ver publicadas certas obras que “lhe trariam honra após sua morte” havia sido satisfeito pela a publicação em 1786 do Zwey Litaneien Wq204 e em 1787 da cantata Die Auferstehung und Himmelfahrt Jesu Wq240. Os três quartetos deste disco, escritos depois, em 1788, último ano da sua vida e aparentemente sem encomenda, podem assim ser considerados as pérolas da produção de câmara do compositor, e um dos melhores frutos de um período de criatividade em que foi capaz expressar precisamente o que ele queria sem restrições. A escolha dos instrumentos é particularmente interessante – aliás, praticamente única como gênero e altamente original em termos de timbre. Estes belos quartetos são a manifestação mais pura e individual do seu gênio criativo.
C.P.E. Bach (1714-1788): Música de Câmara com Flauta Transversa (Helianthus Ensemble)
Quartet In A Minor Wq93 (H537) (1788) For Obbligato Harpsichord, Transverse Flute & Viola
1 I. Andantino 5:35
2 II. Largo E Sostenuto 3:31
3 III. Allegro Assai 4:38
Quartet In D Wq94 (H538) (1788) For Obbligato Harpsichord, Transverse Flute & Viola
4 I. Allegretto 4:44
5 II. Adagio (Sehr Langsam Und Ausgehalten) 3:18
6 III. Allegro Di Molto 5:08
Duet In E Minor Wq140 (H598) For Transverse Flute & Violin (Edited By The Author In Musikalisches Vielerley, Hamburg 1770)
7 I. Andante 1:50
8 II. Allegro 3:46
9 III. Allegretto 2:41
Quartet In G Wq95 (H539) (1788) For Obbligato Harpsichord, Transverse Flute & Viola
10 I. Allegretto 4:37
11 II. Adagio 2:47
12 III. Presto 5:28
Trio Sonata In A Wq146 (H570/H542) (1731-47) For Transverse Flute, Violin, Cello & Harpsichord
13 I. Allegretto 7:33
14 II. Andante 2:48
15 III. Vivace 4:40
Composed By – Carl Philipp Emanuel Bach
Ensemble – Helianthus Ensemble
Flute – Laura Pontecorvo
Nascido em Teerã, no Irã, 39 anos atrás, Mahan Esfahani cresceu nos Estados Unidos, onde estudou musicologia na Universidade de Stanford. Estudou cravo em Praga com Zuzana Ruzicková. Em 2009, fixou-se em Londres. E hoje vive em Praga. Ele é decididamente um cravista fora da curva. Nos últimos treze anos encomendou obras a compositores contemporâneos e as estreou, algumas para cravo e orquestra. E, claro, notabilizou-se também no chamado repertório fundamental do instrumento – as obras do período barroco, sobretudo as de Bach. Já tocou com nomes ilustres do mundo clássico, como François Xavier-Roth, Ilan Volkov, Thomas Dausgaard, Antoni Wit, Jiri Belohlávek e o atual maestro titular e diretor artístico da Osesp Thierry Fischer. Entre seus parceiros de concertos e gravações estão Michala Petri e Emmanuel Pahud; e estreou obras de compositores como George Lewis, Brett Dean, Ben Sorensen. Grava para a Hyperion e para a Deutsche Grammophon.
E é da Hyperion, selo independente inglês que foi recentemente comprado pelo grupo Universal, que também detém a Deutsche Grammophon, o excepcional CD desta semana. Ele se intitula “Bach: os Pequenos Livros para Anna Magdalena”. Pela primeira vez, juntam-se no mesmo álbum as peças curtas instrumentais com nove árias sacras constantes dos álbuns de 1722 e 1725, onde Bach inclui, além de suas peças, as de outros compositores seus contemporâneos, como o cravista francês François Couperin.
No texto do encarte brilhante – tão bom quanto suas interpretações ao cravo – Esfahani denuncia a misoginia multissecular que transformou em praticamente material descartável, mero gesto de gentileza do gênio para sua segunda esposa estes cadernos manuscritos, para serem usados na atmosfera familiar. Ora, escreve o cravista, Anna era cantora profissional até casar-se com Johann Sebastian e praticamente abandonou o canto para se dedicar à numerosa família: “A presença de peças para cravo e também outras vocais de caráter sacro tem um significado mais profundo do que a descrição em geral informal desta música como subprodutos menores e até mesmo imperfeita do que se descreve imperfeitamente como “devoção pessoal’. Se as obras do ‘pequeno livro’ são modestas e parecem de escasso valor comparadas às grandes suítes e variações e às fantasias e fugas virtuosísticas, elas representam, porém, o espírito de uma civilização que coloca no mesmo patamar tanto estas quanto as que exigem maiores competências técnicas e expressivas”.
E fecha com chave de ouro: “Cada uma delas é um precioso artefato que sobreviveu até os dias atuais, de uma mulher sobre quem sabemos tão pouco que nem temos uma representação física. Para conhecê-la e conhecer o homem que era Johann Sebastian, seria bom prestarmos atenção à música que ambos consideravam digna o bastante para acompanhar seus pensamentos diários, em família”.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Notebooks for Anna Magdalena (Esfahani / Sampson)
01. Bach: Minuet in F major, BWVAnh113 (1:46)
02. Pezold: Minuets in G major / G minor, BWVAnh114 & 115 (3:34)
03. Couperin: Rondeau in B flat major, BWVAnh183 (4:17)
04. Bach: Minuet in G major, BWVAnh116 (1:44)
05. Bach: Polonaise in F major, BWVAnh117 (1:18)
06. Bach: Minuet in B flat major, BWVAnh118 (1:24)
07. Bach: Polonaise in G minor, BWVAnh119 (1:13)
08. Bach: Wer nur den lieben Gott lässt walten, BWV691 (1:36)
09. Bach: Gib dich zufrieden, BWV510 (1:20)
10. Bach: Gib dich zufrieden, BWV511 (1:14)
11. Bach: Minuet in A minor, BWVAnh120 (1:28)
12. Bach: Minuet in C minor, BWVAnh121 (1:03)
13. Bach (CPE): March in D major, BWVAnh122 (1:04)
14. Bach (CPE): Polonaise in G minor, BWVAnh123 (1:19)
15. Bach (CPE): March in G major, BWVAnh124 (1:26)
16. Bach (CPE): Polonaise in G minor, BWVAnh125 (1:59)
17. Bach: Erbauliche Gedanken eines Tobackrauchers, BWV515a, ‘So oft ich meine Tobackspfeife’ (5:28)
18. Böhm: Menuet fait par Mons Böhm in G major (1:09)
19. Bach: Musette in D major, BWVAnh126 (0:43)
20. Bach (CPE): March in E flat major, BWVAnh127 (1:13)
21. Bach: Polonaise in D minor, BWVAnh128 (1:17)
22. Stölzel: Bist du bei mir, BWV508 (2:47)
23. Bach: Goldberg Variations ‘Aria mit verschiedenen Veränderungen’, BWV988 – Movement 01: Aria (4:21)
24. Bach (CPE): Solo per il cembalo, BWVAnh129 (2:13)
25. Hasse: Polonaise in G major, BWVAnh130 (2:00)
26. Bach: The well-tempered Clavier Book 1, BWV846-869 – No 01 in C major, BWV846. Movement 1: Prelude (2:11)
27. Bach (JC): Rigaudon in F major, BWVAnh131 (0:44)
28. Bach: Warum betrübst du dich?, BWV516 (1:37)
29. Bach: Ich habe genug, BWV82 – No 2. Recitativo: Ich habe genug (1:07)
30. Bach: Ich habe genug, BWV82 – No 3. Aria: Schlummert ein, ihr matten Augen (7:09)
31. Bach: Schaffs mit mir, Gott, BWV514 (0:57)
32. Bach: Minuet in D minor, BWVAnh132 (0:54)
33. Bach: Willst du dein Herz mir schenken, BWV518 (2:58)
34. Bach: Dir, dir, Jehova, will ich singen, BWV299b (0:55)
35. Bach: Wie wohl ist mir, o Freund der Seelen, BWV517 (1:32)
36. Bach: Gedenke doch, mein Geist, zurücke, BWV509 (0:58)
37. Bach: O Ewigkeit, du Donnerwort, BWV513 (1:22)
38. Bach: Jesus, meine Zuversicht, BWV728 (1:49)
39. Bach: Minuet in G major, BWV841 (1:18)
40. Stölzel: Bist du bei mir, BWV508 (2:40)
Eu tenho tara por CPE Bach. Também tenho tara por Keith Jarrett. Então este CD é pra mim! Ouvir este disco após o Bach de Dinnerstein (ver postagem de ontem) foi maravilhoso. Jarrett é elegante e discreto quando faz música erudita. Dinnerstein — apesar de ser uma maravilhosa pessoa — não tem nada daquilo que gosto em música, ela é esparramadamante romântica. Os estudiosos tendem a separar as obras de CPE Bach, encontrando nelas (1) traços do barroco, (2) dos primeiros clássicos e até mesmo um (3) prenúncio da era romântica. No entanto, essas sonatas soam completas em si mesmas, e não é provável que nos assustemos com as emoções agitadas que chocaram os contemporâneos de CPE Bach. As Sonatas de Württemberg (1744) receberam o nome de um de seus alunos, o duque Carl Eugen de Württemberg e foram escritas originalmente para clavicórdio. A execução de Jarrett é nuançada e variada, reconhecidamente de uma forma que um clavicórdio não poderia reproduzir. Ele declara a bela melodia do Adagio na Sonata nº 2 com ousadia, recua e depois retorna à sua abordagem inicial de maneira convincente. É uma performance comovente, assim como sua execução do Andante na Sonata nº 4, que começa com o delineamento de uma única nota da melodia principal. Não sei por que essa gravação foi retida por quase trinta anos — Jarrett gravou tudo em 1994 — e o fato é que o estilo lírico de Jarrett se encaixa notavelmente em CPE Bach. Recomendo uma atenta audição. Vale a pena.
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): Württemberg Sonatas Wq 49 (Jarrett)
Sonata I In A Minor
1-1 Moderato 7:35
1-2 Andante 3:15
1-3 Allegro Assai 5:28
Sonata II In A-flat Major
1-4 Un Poco Allegro 6:51
1-5 Adagio 3:07
1-6 Allegro 3:50
Sonata III In E Minor
1-7 Allegro 6:01
1-8 Adagio 3:16
1-9 Vivace 3:06
Sonata IV In B-flat Major
2-1 Un Poco Allegro 5:42
2-2 Andante 3:01
2-3 Allegro 4:29
Sonata V In E-flat Major
2-4 Allegro 7:41
2-5 Adagio 3:20
2-6 Allegro Assai 3:26
Sonata VI In B Minor
2-7 Moderato 7:09
2-8 Adagio Non Molto 3:43
2-9 Allegro 4:44
Marc-André Hamelin é, atual e merecidamente, um dos maiores nomes do piano. De habilidade miraculosa, não é um pianista que se apoie apenas em seu virtuosismo, também interpreta com senso de estilo seu material preferido, o das obras complicadas…
Neste CD duplo, ele se debruça sobre o estranho CPE Bach, compositor que tem o vanguardismo no sangue. O CD é sensacional e intrigante. Como disse o crítico da Gramophone, certos artistas parecem encontrar um portal secreto como o de Quero ser John Malkovich e entram nos cérebros de cada compositor que tocam. Marc-André Hamelin certamente está entre eles. E quando o cérebro é o do dissidente da dinastia Bach, Carl Philipp Emanuel, podemos esperar coisas extraordinárias. Com uma música enraizada no legado de seu pai, mas tão distante quanto Brahms e Schumann, CPE é uma daquelas figuras que desafiam a visão linear da história da música. Os dois discos generosamente preenchidos de Hamelin são um argumento forte não apenas para o significado histórico do compositor, mas também mostram que apenas o piano moderno serve a seus vôos ilimitados de imaginação e justaposições inquietantes. Neste Hamelin se junta a DannyDriver (2 posts diferentes) e Mikhail Pletnev (DG) entre os mais distintos pianistas modernos e enfrentarem CPE. Entre as peças de personagens da seleção de Hamelin, destaca-se o maluco L’Aly Rupalich (H95), trazido à vida aqui com muito entusiasmo e inteligência. É possível ouvir esta peça sem mexer o corpo? Eu duvido. Ao longo do programa, o deleite e o prazer de Hamelin são altamente contagiantes. O ensaio informativo do livreto é de Mahan Esfahani, ele próprio um expoente experiente de CPE Bach no cravo. Resumindo, não consigo pensar em uma introdução melhor a CPE Bach no piano moderno do que esses dois alegres discos.
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): Sonatas & Rondos (Hamelin)
CD1
Sonata in A minor H247 Wq57/2[9’21]
1 Allegro[3’23]
2 Andante[1’50]
3 Allegro di molto[4’08]
4 Rondo in E major H265 Wq57/1[8’07]
Fantasia in C major H291 Wq61/6[6’07]
5 Presto di molto[0’38]
6 Andante[1’30]
7 Presto di molto[0’40]
8 Larghetto sostenuto[2’00]
9 Presto di molto[1’19]
Sonata in E minor H66 Wq62/12[15’49]
10 Allemande[2’51]
11 Courante[2’21]
12 Sarabande[3’42]
13 Menuet[4’37]
14 Gigue[2’18]
15 Abschied von meinem Silbermannischen Claviere, in einem Rondo H272 Wq66[7’56]
Arioso with 9 variations in C major H259 Wq118/10[13’38]
16 Arioso[1’18]
17 Variation 1[1’17]
18 Variation 2[1’06]
19 Variation 3[1’18]
20 Variation 4[1’16]
21 Variation 5[1’07]
22 Variation 6[1’18]
23 Variation 7[1’51]
24 Variation 8[1’31]
25 Variation 9[1’36]
26 March in G major BWVAnh124[1’22]
27 Solfeggio in C minor H220 Wq117/2[0’59]
CD2
28 Rondo in C minor H283 Wq59/4[4’40]
Sonata in F minor H173 Wq57/6[12’45]
29 Allegro assai[3’30]
30 Andante[4’16]
31 Andantino grazioso[4’59]
32 L’Aly Rupalich H95 Wq117/27[2’48]
Sonata in D major H286 Wq61/2[5’12]
33 Allegro di molto[2’19]
34 Allegretto[1’16]
35 Presto di molto[1’37]
Sonata in A flat major H31 Wq49/2[14’11]
36 Un poco allegro[6’11]
37 Adagio[4’01]
38 Allegro[3’59]
39 Rondo in B flat major H267 Wq58/5[5’14]
Sonata in E minor H281 Wq59/1[7’29]
40 Presto[3’24]
41 Adagio[1’37]
42 Andantino[2’28]
43 La complaisante H109 Wq117/28[2’55]
44 Rondo in E major H274 Wq58/3[4’06]
Freie Fantasie fürs Clavier in F sharp minor H300 Wq67[12’16]
45 Adagio[2’32]
46 Allegretto[0’43]
47 Largo[1’17]
48 Adagio[1’20]
49 Largo[1’54]
50 Adagio[1’54]
51 Allegretto[0’41]
52 Adagio[0’53]
53 Allegretto[0’32]
54 Largo[0’30]
Este disco é sensacional. A primeira sonata é bem conhecida, penso, em sua versão para flauta, mas as outras me eram inteiramente desconhecidas, E são lindas! No título, o teclado vem antes do violino e é isto mesmo o que se ouve. Nenhum dos dois instrumentos é coadjuvante, só que o piano tem leve protagonismo. E esta dupla de instrumentistas… Ah, é assim que se faz, meus amigos. Mais um disco delicioso da rainha do violino barroco, Rachel Podger. Em parceria com o tecladista Kristian Bezuidenhout, Rachel nos oferece um pouco mais de uma hora de música completamente arrebatadora do muitas vezes subestimado Carl Philipp Emanuel Bach, quinto filho e segundo filho sobrevivente de Johann Sebastian Bach. As Sonatas são imaginativas, inovadoras e sublimes. Kristian Bezuidenhout é o parceiro perfeito para Podger nesses trabalhos. Tem um toque delicado e sutil. Assim como Podger, sua forma de tocar não é automática ou perfeitinha, não está ligada a um metrônomo. Ele arrisca um bom grau de improvisação, o que torna essas obras muito mais interessantes do que seriam em outras mãos. A alternância entre cravo e pianoforte acrescenta grande interesse ao CD. O resultado é o de pura alegria auditiva. Destaque absoluto para o lindo e comovente Arioso con variazioni per il cembalo e violino.
01. Violon Sonata in G Minor, H. 542.5: I. […] 3:46
02. Violon Sonata in G Minor, H. 542.5: II. Adagio 2:40
03. Violon Sonata in G Minor, H. 542.5: III. Allegro 4:51
04. Violin Sonata in C Minor, H. 514, Wq. 78: I. Allegro moderato 8:06
05. Violin Sonata in C Minor, H. 514, Wq. 78: II. Adagio ma non troppo 6:30
06. Violin Sonata in C Minor, H. 514, Wq. 78: III. Presto 5:26
07. Arioso con variazioni per il cembalo e violino in A Major, Wq. 79 11:06
08. Violin Sonata in B Minor, H. 512, Wq. 76: I. Allegro moderato 7:15
09. Violin Sonata in B Minor, H. 512, Wq. 76: II. Poco andante 5:13
10. Violin Sonata in B Minor, H. 512, Wq. 76: III. Allegretto siciliano 5:37
11. Violin Sonata in D Major, H. 502, Wq. 71: I. Poco adagio 3:21
12. Violin Sonata in D Major, H. 502, Wq. 71: II. Allegro 2:16
13. Violin Sonata in D Major, H. 502, Wq. 71: III. Adagio 2:58
14. Violin Sonata in D Major, H. 502, Wq. 71: IV. Menuet I & II 2:53
Kristian Bezuidenhout, teclados
Rachel Podger, violino
P.Q.P. Bach tem se dedicado a ouvir e difundir a música do seu irmão que deixou o mais importante legado: C.P.E. Bach, o terceiro de um total de vinte crianças. Só nos últimos doze meses foram nove postagens, entre obras para teclado, sonatas para cravo e violino, concertos e um oratório.
C.P.E. Bach foi ofuscado pelas gerações seguintes de excepcionais compositores que nasceriam naquele mesmo século no mundo austro-germânico: Haydn, Mozart, Beethoven e Schubert. Mas todos esses tinham em alta conta as suas obras. Aliás, no início do século XIX, tempos de Chopin e Schumann, o conhecimento das obras de J.S. Bach e C.P.E. Bach era um dos elementos que diferenciava, por toda a Europa, os compositores respeitados e sérios de outros que faziam apenas entretenimento em teatros e salões. Por volta de 1850, as obras de Bach pai deixariam de ser coisa de especialistas, professores e ratos de bibliotecas, com suas obras corais voltando a ser apresentadas em igrejas e as de câmara também: os manuscritos dos concertos de Brandenburgo, por exemplo, dormiram em gavetas até 1849, quando foram redescobertos e publicados no ano seguinte.
Mas Carl Philipp Emmanuel Bach não teve esse reencontro com os grandes públicos ou, se teve, é bastante recente. Intérpretes jovens como Danny Driver (aqui e aqui) têm mostrado como sua música é instigante, cheia de mudanças de emoções que antecipam já certos aspectos do piano romântico. É o caso também do Concerto para violoncelo em lá menor que aparece neste disco gravado pela Akademie für Alte Musik Berlin, orquestra surgida no então lado leste (socialista) da cidade na década de 1980.
C.P.E. Bach compôs três concertos para violoncelo (aqui os 3 em uma gravação pioneira dos já falecidos A. Bylsma e G. Leonhardt). Dos três, apenas um é em tom menor, este gravado aqui pelo alemão Peter Bruns. Sendo em tom menor, há nele algo de mais trágico e misterioso, como bem sabe quem conhece os concertos em tom menor de Mozart e de Beethoven. E, ao contrário da simetria e ordem presente nos vários concertos compostos por J.S. Bach e por Vivaldi, aqui temos as mudanças e irregularidades típicas de C.P.E., como afirmam as notas do disco da Harmonia Mundi: “se, no concerto barroco, a sucessão dos tutti e dos solos era regrada por sua repartição em blocos distintos de peso igual, encontramos em Emanuel Bach uma rede extremamente entrelaçada e irregular de partes solistas e orquestrais, rede que liga mais intimamente os interlocutores e os faz se corresponder de modo mais ativo.”
As sinfonias gravadas aqui pelos músicos de Berlim não fazem feio, claro: sempre em três movimentos curtos, elas exigem grandes peripécias do conjunto orquestral. Também aqui, as mudanças de clima e de andamento parecem indicar uma refinada arte de enganar as expectativas do público. Como naqueles falsos fade-outs que seriam usados, séculos depois, na mixagem de álbuns de artistas como Beatles e Radiohead, dando a impressão de que a música acabou quando não acabou. Mas o que fica mais na memória, cada vez que termino de ouvir o disco, é o concerto para violoncelo em lá menor.
C.P.E. Bach (1714-1789):
Symphony for 2 oboes, 2 horns, strings & continuo in E flat major, Wq. 179 (10:54)
1 Prestissimo
2 Larghetto
3 Presto
Concerto for harpsichord, strings & continuo in C major, Wq. 20 (24:15)
4 (Ohne Satzbezeichnung)
5 Adagio ma non troppo
6 Allegro assai
Symphony for 2 flutes, 2 oboes, 2 horns, strings & continuo in E minor, Wq. 178 (10:58)
7 Allegro assai
8 Andante moderato
9 Allegro
Concerto for cello, strings & continuo (“No. 1”) in A minor, Wq. 170 (24:26)
10 Allegro assai
11 Andante
12 Allegro assai
Symphony for strings & continuo in G major, Wq. 173 (8:09)
13 Allegro assai
14 Andante
15 Allegretto
Cello – Peter Bruns
Harpsichord – Raphael Alpermann
Ensemble – Akademie Für Alte Musik Berlin
Recorded At – Jesus-Christus-Kirche, Berlin (2000)
Um bom disco daquele que foi meu irmão mais talentoso. Wilhelm Friedemann era um beberrão, Johann Christian desconsiderava nosso pai, eu era apenas um bastardo e papai ficava mesmo satisfeito com Carl Philipp Emanuel, que tinha inteligência suficiente para ver que nosso pai era o monumento ao qual todos reverenciam hoje, tanto que o convidava para se apresentar nas Cortes onde trabalhava. Estes concertos são bastante bons. Diria que o Wq. 165 é uma obra-prima bem típica de mano CPE. O tema curto e repetitivo de alguns primeiros movimentos de CPE encasquetaram e marcaram o cidadão Beethoven. Espantosa também é a Sonata para oboé solo. Uma joia. O concerto de Marcello que fecha o disco se faz presente por motivos óbvios: é bom, popular e foi a única coisa talentosa que o italiano escreveu. Então, é melhor deixá-lo em boa companhia e não com os outros rebentos do compositor, um bando de delinquentes inúteis
C.P.E. Bach (1714-1789) e Alessandro Marcello (1673-1747): Concertos para Oboé
Bach, Carl Philipp Emanuel
Oboe Concerto in B-Flat Major, Wq. 164, H. 466
1. I. Allegretto 00:08:16
2. II. Largo e mesto 00:07:08
3. III. Allegro moderato 00:05:54
Oboe Concerto in E-Flat Major, Wq. 165, H. 468
4. I. Allegro 00:06:40
5. II. Adagio ma non troppo 00:07:02
6. III. Allegro ma non troppo 00:06:03
Oboe Sonata Solo in A Minor, Wq. 132, H. 562
7. I. Poco adagio 00:04:27
8. II. Allegro 00:05:24
9. III. Allegro 00:04:45
Marcello, Alessandro
Oboe Concerto in D Minor
10. I. Andante e spiccato 00:03:15
11. II. Adagio 00:04:19
12. III. Presto 00:04:05
Jozsef Kiss, oboé
Budapest Ferenc Erkel Chamber Orchestra
Sim, cravo e violino. Invertido assim mesmo! As sonatas para teclado e violino representam uma parte menos conhecida da obra de Carl Philipp Emanuel Bach. São executadas com muito menos frequência do que suas obras orquestrais, que os três quartetos que compôs no último ano de sua vida ou as sonatas para flauta, seja com baixo contínuo ou com uma parte teclado obbligato. Seu pai, Johann Sebastian, foi o primeiro compositor alemão a escrever sonatas para cravo e violino (BWV 1014-1019). Seu filho os avaliou muito bem: “Os 6 trios de Clavier … estão entre as melhores obras escritas por meu querido falecido pai. Eles ainda soam muito bem hoje e me dão grande prazer, apesar de terem mais de 50 anos. Há certos Adágios nelas cujas qualidades cantabiles são insuperáveis até hoje”, afirmou ele em uma carta a Johann Nicolaus Forkel em 1774. Parece provável que ele tenha composto suas próprias sonatas pensando no pai. Este disco termina com uma Sonata que por muito tempo foi considerada como sendo de Johann Sebastian. Meus ouvidos dizem que é mesmo! Mas a visão geral é que não seria uma obra de JS, e que provavelmente também não é de CPE Bach. Poderia ser algum aluno de JS. É notável que CPE se referisse às sonatas para teclado e violino de seu pai como ‘trios’. Assim também são chamadas suas próprias sonatas para esta partitura. Isso era bastante comum na época: as duas mãos no teclado eram contadas como duas partes. Lembre-se de que os quartetos a que me referi no parágrafo de abertura foram marcados para três instrumentos. E é incrível que essas excelentes sonatas sejam tocadas tão raramente.
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): Sonatas For Cravo e Violino (Loreggian, Guglielmo)
Sonata In D Major, Wq. 71
1 I. Adagio Ma Non Molto 2:50
2 II. Allegro 2:19
3 III. Adagio 2:26
4 IV. Menuet No. 1 – Menuet No. 2 2:54
Sonata In D Major, Wq. 72
5 I. Adagio Ma Non Troppo 2:43
6 II. Allegro 2:01
7 III. Allegro 3:08
Sonata In C Major, Wq. 73
8 I. Allegro Di Molto 3:16
9 II. Andante 3:53
10 III. Allegretto 7:19
Sinfonia In D Major, Wq. 74
11 I. Allegro 4:36
12 II. Andante 2:54
13 III. Tempo Di Minuetto 2:23
Sonata In B Minor, Wq. 76
14 I. Allegro Moderato 7:19
15 II. Poco Andante 4:52
16 III. Allegretto Siciliano 7:47
Sonata In G Minor, H. 542.5
17 I. – 3:43
18 II. Adagio 2:47
19 III. Allegro 5:13
Hoje ouvi o Concerto para 2 cravos de Carl Philipp Emanuel Bach, Wq 46. E não consegui ultrapassá-lo. Fiquei em loop. O movimento lento (Largo e con sordino) me pareceu de uma beleza aterradora, de uma profundidade e inteligência abissais na versão da Musica Antiqua Köln (Goebel) que rolava nos meus fones. Ouvi umas 5 vezes o movimento de 10 min. Depois, em casa, fui ouvir a versão de Ton Koopman com a OSI e… Tudo me pareceu uma interessante improvisação. Algo até leve. Aí está um dos aspectos mais interessantes das interpretações, né? São dois mestres, porém onde Goebel viu uma coisa, Koopman viu outra. Eu fico com Goebel, mas como ir contra Koopman? Jamais! Desculpem, vou escutar tudo de novo. (Talvez seja bom lembrar que Goebel contou com os grandes Andreas Staier e Robert Hill nos cravos…).
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): Concertos para 2 Cravos (Musica Antiqua Köln / Goebel / Staier / Hill)
Konzert Für 2 Cembali Und Orchester F-Dur – Wq 46; Helm 408
1. Allegro 8:55
2. Largo E Con Sordino 10:06
3. Allegro Assai 4:33
Konzert Für 2 Cembali Und Orchester Es-Dur – Falck 46
1. Un Poco Allegro 10:39
2. Cantabile Senza Accompagnamento 3:20
3. Vivace 6:44
Cello – Christina Kyprianides*, Phoebe Carrai
Composed By – Carl Philipp Emanuel Bach (faixas: 1 to 3), Wilhelm Friedemann Bach (faixas: 4 to 9)
Conductor – Reinhard Goebel
Harpsichord – Andreas Staier, Robert Hill (9)
Horn – Andrew Joy, Stefan Blonck
Orchestra – Musica Antiqua Köln
Timpani – Eckhard Leue
Trumpet – Friedemann Immer, Susan Williams (2)
Viola – Christian Goosses, Karin Baasch, Karlheinz Steeb
Violin [❘] – Benjamin Hudson, Gustavo Zarba, Hajo Bäß, Reinhard Goebel, Werner Ehrhardt
Violin [❘❘] – Almut Bergmeier*, Andrea Keller, Mary Utiger, Paula Kibildis
Violone – Jean Michel Forest*, Jonathan Cable
Carl Philipp Emanuel Bach foi um dos grandes rebeldes musicais do século XVIII, trabalhando em um período de transição, mas destinado a ser ofuscado por outros. A história tem um jeito peculiar de fazer isso com compositores que não se encaixam perfeitamente nos moldes vigentes. Seu pai, Johann Sebastian Bach e Mozart, ambos gênios, refletem perfeitamente seus tempos. Emanuel Bach pode ter o mesmo talento, mas ele não é um perfeito barroco nem clássico e só agora, ao que parece, estamos começando a reconhecer seus talentos únicos. Evitando o modelo de um único clima por movimento da geração de seu pai, ele se diverte mudando de um humor para outro, justapondo introspecção com explosões temperamentais e explorando ritmos divergentes e harmonias peculiares. Reverenciada por Mozart, esta é uma música que às vezes vai além do classicismo para a turbulência de Beethoven e do período romântico. Em suma, CPE Bach era um visionário. A primeira incursão de Danny Driver na produção para teclado de CPE Bach foi um dos discos instrumentais mais emocionantes de 2010 e, mais uma vez, ele se mostra um guia ideal para esse repertório. (Este CD é de 2013). O seu instrumento de eleição é um Steinway. As gravações deste compositor limitam-se geralmente ao cravo ou ao pianoforte. Os instrumentos mais antigos tendem a enfatizar a natureza “para e anda” desta música, mas o mundo sonoro de Driver é uma revelação. O peso e a ressonância do piano abrem imediatamente uma dimensão beethoviana. Ainda mais impressionante é a alta compreensão do pianista das complexidades dessa música. Sua técnica impecável alia-se à clareza para dar sentido aos sofisticados desafios de CPE. Em suma, é um trabalho superlativo realizado com habilidade consumada e registrado com naturalidade.
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): Sonatas para Teclado, Vol. 2 (Driver)
Sonata In F Sharp Minor H37 Wq52/4 (16:32)
1 Allegro 7:16
2 Poco Andante 4:40
3 Allegro Assai 4:36
Sonata In E Major H39 Wq62/5 (15:49)
4 Allegro 6:02
5 Andantino 4:45
6 Vivace Di Molto 5:02
Sonata In C Minor H121 Wq65/31 (11:57)
7 Allegro Assai Ma Pomposo 4:35
8 Andante Pathetico 2:57
9 Allegro Scherzando 4:25
Sonata In A Major H135 Wq65/32 (13:26)
10 Allegro 5:38
11 Andante Con Tenerezza 5:09
12 Allegretto 2:39
Um bom disco de um pianista inspirado. Danny Driver, que vi uma vez ao vivo apresentando-se no Wigmore Hall, é excelente! Já Carl Philipp Emanuel Bach, segundo filho de Johann Sebastian, foi reverenciado e criticado por seus contemporâneos por suas ousadias em relação aos modos convencionais de expressão musical. Ele aperfeiçoou um estilo de composição altamente original e intensamente pessoal conhecido como empfindsamer Stil (literalmente, o estilo sensível). É estranho, a música dramática de CPE Bach rompe claramente, mas também se baseia no estilo do início do século XVIII aperfeiçoado por seu pai. Suas composições marcam um dos primeiros e uma das mais inspiradas alterações da estética barroca. CPE Bach compôs mais de trezentas obras para teclado durante sua vida. Todas as obras desta gravação foram compostas durante a década de 1740, enquanto ele estava a serviço do rei Frederico II da Prússia.
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): Sonatas para Teclado, Vol. 1 (Driver)
Sonata In G Minor H47 Wq65/17 (1746) (15:26)
1 Allegro 5:59
2 Adagio 4:32
3 Allegro Assai 4:55
Sonata In A Major H29 Wq48/6 (1742) (19:20)
4 Allegro 7:22
5 Adagio 4:29
6 Allegro 7:27
Sonata in B flat major H25 Wq48/2 (12:56)
7 Vivace 5:51
8 Adagio 4:01
9 Allegro Assai 3:02
Sonata In C Minor H27 Wq48/4 (14:01)
10 Allegro 6:48
11 Adagio 4:26
12 Presto 2:45
Sonata In E Flat Major H50 Wq52/1 (16:16)
13 Poco Allegro 8:15
14 Adagio Assai 4:55
15 Presto 3:05
Um disco muito bom e interessante, tocado com extrema perícia pelo brasileiro Cristiano Holtz, que iniciou os seus estudos de cravo aos doze anos de idade, no Brasil, com Pedro Persone. Aos quinze, a convite de Jacques Ogg, foi viver nos Países Baixos, com quem prosseguiu os seus estudos musicais. Permaneceu neste país durante dez anos estudando com vários outros professores, entre os quais Anneke Uittenbosch e Meno van Delft. Desde muito novo, a sua maior influência foi Gustav Leonhardt, que o aceitou excepcionalmente como seu último estudante oficial. Igualmente marcante na sua formação foram os estudos privados com Pierre Hantaï, Marco Mencoboni e Miklós Spányi. Este CD tem generosos 78 minutos e mostra novamente a grande arte de CPE Bach. Mas acho que Cristiano poderia ter mais fantasia e ser mais ousado, sei lá. Isto cai bem em CPE.
C.P.E. Bach (1714-1788): Essai sur l’art véritable de jouer les instruments à clavier (Ensaio sobre a verdadeira arte de tocar instrumentos de teclado) (Holtz)
1 Keyboard Sonata in C Major, Wq. 63/1: I. Allegretto tranquillamente 2:26
2 Keyboard Sonata in C Major, Wq. 63/1: II. Andante mà innocentemente 1:58
3 Keyboard Sonata in C Major, Wq. 63/1: III. Tempo di minuetto con tenerezza 2:32
4 Keyboard Sonata in D Minor, Wq. 63/2: I. Allegro con spirito 2:23
5 Keyboard Sonata in D Minor, Wq. 63/2: II. Adagio sostenuto 3:15
6 Keyboard Sonata in D Minor, Wq. 63/2: III. Presto 2:27
7 Keyboard Sonata in A Major, Wq. 63/3: I. Poco allegro ma cantabile 4:08
8 Keyboard Sonata in A Major, Wq. 63/3: II. Andante lusingando 1:47
9 Keyboard Sonata in A Major, Wq. 63/3: III. Allegro 4:55
10 Keyboard Sonata in B Minor, Wq. 63/4: I. Allegro grazioso 4:00
11 Keyboard Sonata in B Minor, Wq. 63/4: II. Largo maestoso 4:38
12 Keyboard Sonata in B Minor, Wq. 63/4: III. Allegro siciliano scherzando 2:54
13 Keyboard Sonata in E-Flat Major, Wq. 63/5: I. Allegro di molto 1:35
14 Keyboard Sonata in E-Flat Major, Wq. 63/5: II. Adagio assai mesto e sostenuto 5:44
15 Keyboard Sonata in E-Flat Major, Wq. 63/5: III. Allegretto, arioso ed amoroso 4:32
16 Keyboard Sonata in F Minor, Wq. 63/6: I. Allegro di molto 3:19
17 Keyboard Sonata in F Minor, Wq. 63/6: II. Adagio affetuoso e sostenuto 5:14
18 Keyboard Sonata in F Minor, Wq. 63/6: III. Fantasia (Allegro moderato – Largo – Allegro moderato) 6:39
19 Keyboard Sonatina in G Major (In 2 Sonaten), Wq. 63/7 2:20
20 Keyboard Sonatina in E Major (In 2 Sonaten), Wq. 63/8 2:50
21 Keyboard Sonatina in D Major (In 2 Sonaten), Wq. 63/9 2:20
22 Keyboard Sonatina in B-Flat Major (In 2 Sonaten), Wq. 63/10 2:02
23 Keyboard Sonatina in F Major (In 2 Sonaten), Wq. 63/11 2:57
24 Keyboard Sonatina in D Minor (In 2 Sonaten), Wq. 63/12 0:59
Um CD lindo, com várias faixas impressionantes e uma interpretação idem! Ouça esta maravilha para entrar em contato com o que há de moderno na família Bach. Sim, A Arte da Fuga de papai já é pura modernidade, mas aqui você tem contato com a improvisação do mano CPE. Às vezes, parece que estamos ouvindo Ligeti ou Cage. Embora Christine Schornsheim tenha excelentes registros de J.S. Bach, ela realmente se solta com seu filho Carl Philipp Emanuel. Seu teclado de eleição é um ‘Tangentenklavier’ de 1801 que pretende fundir o melhor que o clavicórdio, o cravo e o pianoforte têm para oferecer em termos de timbre e dinâmica. Pode não ser um instrumento do qual o compositor tivesse conhecimento, mas se presta perfeitamente ao idioma imaginativo de CPE e de Christine Schornsheim. Ela dá forma dramática e colorida aos arpejos e apimenta o capricho melódico de CPE. Efeitos de pedal discretos, mas perceptíveis, sublinham as cadências imprevisíveis e as pepitas dissonantes, já que a música vagueia por tantos humores quanto mudanças de tom. Uma entrevista com Schornsheim revela que ela é tão inteligente, perspicaz e espirituosa longe do teclado quanto frente a ele. Em suma, um CD absolutamente delicioso.
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): Rondos & Fantasias (Christine Schornsheim)
1 Fantasia I Es-Dur Wq 58/6 5:42
2 Rondo III B-Dur Wq 58/5 5:12
3 Rondo II c-Moll Wq 59/4 4:36
4 Rondo I C-Dur Wq 56/1 6:53
5 Rondo III a-Moll Wq 56/5 7:54
6 Rondo II E-Dur Wq 58/3 4:57
7 Fantasia II C-Dur Wq 59/6 7:26
8 Rondo II G-Dur Wq 57/3 4:38
9 Rondo III F-Dur Wq 57/5 5:06
10 Rondo II d-Moll Wq 61/4 3:53
11 Fantasia I F-Dur Wq 59/5 4:06
12 Rondo I E-Dur Wq 57/1 7:47
13 Fantasia II C-Dur Wq 61/6 5:05
O oratório foi um gênero importante na Europa a partir de meados do século XVII, mas assumiu formas muito diferentes em vários países. Na Itália e na Áustria, muitos oratórios eram sobre assuntos do Antigo Testamento ou sobre a vida de santos ou mártires. Eles eram geralmente realizados durante a Quaresma, quando as casas de ópera estavam fechadas, e muitas vezes terminavam com uma referência à Paixão de Cristo. Os oratórios tornaram-se cada vez mais dramáticos, e poderíamos chamá-los de óperas sagradas, ou “dramas sagrados” — termo que Handel usava para seus oratórios. O número de contribuições de CPE Bach para o gênero é limitado. Ele compôs três oratórios. O primeiro é de 1736 e foi perdido. Seu segundo oratório, Die Israelten in der Wüste, foi apresentado em 1769, apenas um ano depois que o compositor assumiu suas funções em Hamburgo. É seu único oratório sobre um assunto do Antigo Testamento. Embora este oratório certamente não seja desprovido de drama, não é dramático em nenhum sentido operístico. Os solistas nesta gravação enfrentam seus desafios de forma impressionante. Anja Maria Petersen e Sarah Maria Sun cantam suas árias brilhantemente e suas vozes combinam maravilhosamente bem no dueto ‘Umsonst sind uns’re Zähren’ que é um dos aspectos mais bonitos desta performance ao vivo. Christoph Spering escreve em suas notas no livreto que “Ignorei deliberadamente as condições associadas à música da igreja em Hamburgo nos dias de Carl Philipp Emanuel Bach, mas preferi usar um conjunto de tamanho médio que nos permite trazer mais cor a todas as possibilidades expressivas do trabalho.” Isso parece referir-se em primeiro lugar ao tamanho da orquestra, mas também pode ser aplicado às forças corais. Um excelente disco!
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): Die Israeliten in der Wüste (Spering)
1 Die Zunge klebt am dürren Gaum (Chor) – Chorus Musicus Köln / Das Neue Orchester
2 Ist dies Abrahm’s Gott (Rez.)
3 Will er, dass sein Volk verderbe (Arie)
4 Verehrt des Ew’gen Willen (Rez.)
5 Bis hierher hat er euch gebracht (Arie)
6 Warum verließen wir Ägyptens blühendes Land (Rez.)
7 O bringet uns zu jenen Mauern (Arie)
8 Für euch fleht Moses stets (Rez.)
9 Symphonie
10 Welch ein Geschrei (Rez.)
11 Du bist der Ursprung unsrer Not (Chor)
12 Undankbar Volk (Rez.)
13 Umsonst sind unsre Zähren (Duett)
14 Gott, meiner Väter Gott (Acc.)
15 Gott, sieh dein Volk im Staube liegen (Arie)
16 O Wunder (Chor)
17 Veridenet hat ihr ihn (Rez.)
18 Gott Israels (Terzett mit Chor)
19 Wie nah war uns der Tod! (Rez.)
20 Vor des Mittags heißen Strahlen (Arie)
21 O Freunde, Kinder (Acc.)
22 Beneidenswert, die ihren Sohn ihn nennt (Rez.)
23 Oh selig, wem der Herr gewähret (Arie)
24 Hofft auf den Ew’gen (Rez.)
25 Verheissner Gottes (Chor)
26 Was der alten Väter Schar (Choral)
27 Oh Heil der Welt (Rez.)
28 Lass Dein Wort (Chor)
Anja Petersen (soprano) — Erste Israeltin
Sarah Maria Sun (soprano) – Zweite Israeltin
Daniel Johannsen (tenor) – Aaron
Johannes Weisser (baixo) – Moses
Chorus Musicus Köln,
Das Neue Orchester
Christoph Spering
rec. ao vivo, 2014, Nikolaikirche, Leipzig, Alemanha.
Um disco que reúne Andreas Staier e a Freiburger Barockorchester não pode ser ruim. E não é. Ainda mais tocando concertos do mais talentoso de meus irmãos. É claro que há aquele respeito de a orquestra não trovejar sobre o delicado som do cravo, mas isso CPE administra brilhantemente. Publicado em 1772, os “Sei Concerti” marcou o fim de três décadas de tédio como cravista da corte de Frederico, o Grande. Dentro de um clima vivo, os movimentos rápidos se alternam alegremente. Este é um CD quente, um daqueles onde tudo parece chegar junto na hora certa. Aqui está a melhor orquestra barroca do mundo se juntando a um dos melhores cravistas do planeta em concertos de um compositor que parece estar ganhando novo reconhecimento como o gigante que verdadeiramente era. A sensação de liberação criativa evidente nas conhecidas sinfonias de cordas de 1773 também está presente nesses concertos e, de fato, foi sua ousadia formal que motivou Staier, a julgar pelo entusiasmo do libreto. Staier compara CPE Bach a Beethoven. Vocês podem confirmar a veracidade da comparação quando (por exemplo) o primeiro movimento do nº 2 colide com o início do segundo. Parece Beethoven, assim como a Fantasia Wanderer ou a Sonata em Si menor de Liszt. E que lindo é este segundo mvto — sério, parece jazz. E o que dizer dos dois movimentos finais do Nº 4? Grande disco!
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): 6 Concertos para Cravo WQ 43 (Staier, Freiburger Barockorchester, Müllejans)
Concerto No. 1 In F Major
1-1 1. Allegro Di Molto 5:48
1-2 2. Andante 3:43
1-3 3. Prestissimo 4:10
Concerto No. 2 In D Major
1-4 1. Allegro Di Molto 7:50
1-5 2. Andante 6:11
1-6 3. Allegretto 8:24
Concerto No. 3 In E Flat Major
1-7 1. Allegro 7:05
1-8 2. Larghetto 3:35
1-9 3. Presto 4:03
Concerto No. 4 In C Minor
2-1 1. Allegro Assai 3:24
2-2 2. Poco Adagio 2:15
2-3 3. Tempo Di Minuetto 2:51
2-4 4. Allegro Assai 4:27
Concerto No. 5 In G Major
2-5 1. Adagio – Presto 4:58
2-6 2. Adagio 2:34
2-7 3. Allegro 5:04
Concerto No. 6 In C Major
2-8 1. Allegro Di Molto 7:27
2-9 2. Larghetto 3:55
2-10 3. Allegro 6:44
Andreas Staier
Freiburger Barockorchester
Petra Müllejans
Apesar de serem pai e dois filhos, é quase como se nesse disco houvesse três gerações de compositores. Carl Philipp Emanuel era filho de Maria Barbara, a primeira mulher de Bach e tinha 21 anos quando Johann Christian nasceu. Nesta época, Emanuel já era músico formado.
Johann Christian era filho de Anna Magdalena, estudou com seu pai até a morte deste. A partir de então, o jovem de 15 anos foi morar e trabalhar com Carl Philipp Emanuel.
Posteriormente Johann Christian mudou-se para a Itália, em busca de se aperfeiçoar no estilo italiano. Viveu em Bolonha e em 1760 tornou-se organista da Catedral de Milão. Em 1762 viajou para Londres para apresentação de óperas e acabou transferindo-se para lá. Tonou-se empresário organizando concertos e associou-se a Carl Friedrich Abel.
Carl Philipp Emanuel trabalhou em Berlim e depois em Hamburgo, onde substituiu seu padrinho, Georg Philipp Telemann. Assim como todos os seus irmãos, Emanuel e Johann Christian estudaram com Johann Sebastian, mas seguiram estilos diferentes, uma vez que o barroco, estilo que Sebastian elevara à perfeição, começava a dar lugar na preferência das pessoas ao estilo clássico, que eles ajudaram a estabelecer. C.P. Emanuel era conhecido como o Bach de Berlim e, depois, Bach de Hamburgo. J. Christian tornou-se John e era o Bach de Londres. Johann Christian teve grande influência na formação musical de Mozart.
Os concertos deste disco são típicos exemplos de seus estilos. O Concerto de Emanuel tem súbitas mudanças de andamento, que representam sua abordagem pessoal: ‘um estilo expressivo, geralmente turbulento, conhecido como empfindsamer stil – estilo sensível, em que aplicava os princípios da retórica e drama às estruturas musicais.
Os dois concertos de Johann Christian fazem parte de um conjunto de seis e estão bem próximos aos concertos de juventude de Mozart.
Para completar o disco, um dos muitos concertos que Johann Sebastian adaptou para cravo, cordas e baixo contínuo, usando movimentos de concertos para outros instrumentos ou trechos de suas cantatas. Impossível imaginar que não tenham sido criados já como concertos para algum instrumento de tecla, tão o maravilhoso era o dom musical do genial Sebastian.
Para nos brindar com este lindo programa musical, temos como solista a pianista Anastasia Injushina, que começou seus estudos aos quatro anos, em São Petersburgo e aos dez anos já se apresentava em concertos. Em 1991 mudou-se para a Finlândia onde continuou a estudar e estabeleceu sua carreira musical.
Para acompanha-la, temos a excelente Hamburger Camerata, regida por Ralf Gothóni, que eu conhecia por suas gravações como pianista. Isto tudo com produção esmerada do selo finlandês Ondine.
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788)
Concerto para Piano em ré maior, Wq. 43 / 2 (H472)
Allegro di molto
Andante
Allegretto
Johann Christian Bach (1735-1782)
Concerto para Piano em ré maior, Op. 7, No. 3, W. C57
Allegro con spirito
Rondeau: Allegretto
Concerto para Piano em mi bemol maior, Op. 7, No. 5 (W C59)
The Hamburg Camerata string are in sparkling form. Anastasia Injushina’s articulation is admirably versatile, though ornaments tend to accent, rather than simply decorate, the slow movement’s beautifully languid line…Injushina captures the elegance of fluid scales and pert ornaments. [BBC Music Magazine 2013]
This music is an apt vehicle for Anastasia Injushina’s limpid pianistic facility and taste, but the touches of individuality in the writing and in the work’s significance in the development of the keyboard concerto are outweighed by reams of stock, note-spinning gestures. [Gramophone 2013]
CPE, você meu amigo de fé, meu irmão camarada, amigo de tantos caminhos e tantas jornadas. CPE, você é disparado o mais talentoso filho do Homem e demonstra novamente o fato neste CD. Com tratamento de luxo de William Christie, Die Israeliten in der Wüste (Os israelitas no deserto) é um belo oratório de Carl Philipp Emanuel Bach. Embora conhecido principalmente por suas obras em outros gêneros, Carl Philipp Emanuel Bach também compôs oratórios durante sua carreira como compositor. Depois de chegar a Hamburgo em 1768, ele se viu em uma atmosfera muito mais propícia à criatividade musical do que seu cargo anterior em Berlim lhe proporcionara. Com seu novo posto vieram muitas novas responsabilidades e Bach se viu compondo peças nos gêneros mais longos. Uma de suas primeiras composições em seu novo posto de Hamburgo este oratório começado na segunda metade de 1768 e terminado no início de 1769. A peça foi baseada em um libreto do libretista alemão Daniel Schiebeler que, em vez de criar o libreto usando citações diretas das escrituras, usou poesia baseada nas escrituras. Bach escreveu o oratório para a consagração da Lazarettkirche em 1769 e a partitura foi impressa pela primeira vez em 1775. Ele escreveu a peça com a intenção de que fosse executada “não apenas em uma ocasião solene, mas a qualquer momento, dentro ou fora da Igreja”. Essa esperança finalmente se concretizou quando a peça foi executada mais tarde fora das áreas de língua alemã e ganhou reputação como uma peça de concerto em vez de uma peça exclusivamente sacra, um status que manteve no século seguinte. Parte da razão para isso foi que em Hamburgo havia artistas muito melhores, capazes de produzir uma peça tecnicamente tão complicada. O estilo geral de escrever oratório de Bach é claramente influenciado por Handel . Os temas de Bach e os efeitos musicais indicam respeito e uma forte influência dos oratórios de Handel, particularmente, do Messias.
C.P.E.Bach (1714-1788): Die Israeliten in der Wüste
Die Israeliten In Der Wüste, Oratorio For 5 Soloists, Chorus, Orchestra & Continuo, H. 775, Wq. 238
Erster Theil
1 Chœur Des Israélites “Die Zunge Klebt” 4:18
2 Récitatif Et Air Première Femme Israélite “Ist Dieses Abrams Gott” 8:16
3 Récitatif Aaron “Verehrt Des Ewgen Willen” 0:53
4 Air Aaron “Bis Hieher Hat Er Euch Gebracht” 6:24
5 Récitatif Et Air Deuxième Femme Israélite “Warum Verließen Wir” 7:12
6 Récitatif Aaron “Für Euch Fleht Moses” 0:24
7 Symphonie 0:39
8 Récitatif Moïse “Welch Ein Geschrey” 0:11
9 Chœur Des Israélites “Du Bist Der Ursprung Unserer Noth” 1:53
10 Récitatif Moïse “Undankbar Volk” 1:28
11 Duo Femmes Israélites “Umsonst Sind Unsre Zähren” 7:57
12 Récitatif Accompagné Moïse “Gott, Meiner Väter Gott” 2:54
13 Air Moïse “Gott, Sieh Dein Volk” 5:34
14 Chœur Des Israélites “O Wunder” 1:36
Zweyter Theil
15 Récitatif Moïse “Verdienet Habt Ihr Ihn” 1:17
16 Air Moïse “Gott Israels, Empfange” 4:54
17 Récitatif Et Air Première Femme Israélite “Wie Nah War Uns Der Tod” 7:00
18 Récitatif Accompagné Moïse “O Freunde, Kinder” 4:15
19 Récitatif Et Air Deuxième Femme Israélite “Beneidenswert, Die Ihren Sohn” 5:23
20 Récitatif Moïse “Hofft Auf Dem Ewgen” 0:31
21 Chœur “Verheißner Gottes” 2:02
22 Choral “Was Der Alten Väter Schaar” 0:44
23 Récitatif Ténor “O Heil Der Welt” 1:10
24 Chœur “Laß Dein Wort” 1:54
Barbara Schlick
Lena Lootens
Hein Meens
Stephen Varcoe
Corona & Cappella Coloniensis
William Christie
Faça o seguinte, por favor. Ouça as faixas 2 e 3 deste disco. Depois, quero ver você deletar o arquivo. Meu irmão CPE Bach mostra — nova e novamente — porque é considerado o mais talentoso dos manos. A interpretação das obras segue o padrão habitual da Alpha, ou seja, é sublime.
CPE Bach: Solo a Viola di gamba col Basso
1. Sonata for viola da gamba & continuo in D major, H. 559, Wq. 137: Adagio, ma non tanto
2. Sonata for viola da gamba & continuo in D major, H. 559, Wq. 137: Allegro di molto
3. Sonata for viola da gamba & continuo in D major, H. 559, Wq. 137: Arioso
4. Sonata for viola da gamba & continuo in G minor, H. 510, Wq. 88: Allegro moderato
5. Sonata for viola da gamba & continuo in G minor, H. 510, Wq. 88: Larghetto
6. Sonata for viola da gamba & continuo in G minor, H. 510, Wq. 88: Allegro assai
7. Pieces (27) for viola da gamba (MS Drexel 5871), WKO 186-212: Adagio pour viole de gambe seule
8. Sonata for viola da gamba & continuo in C major, H. 558, Wq. 136: Andante
9. Sonata for viola da gamba & continuo in C major, H. 558, Wq. 136: Allegretto
10. Sonata for viola da gamba & continuo in C major, H. 558, Wq. 136: Arioso
11. Pieces (27) for viola da gamba (MS Drexel 5871), WKO 186-212: Postlude pour viole de gambe seule
O mano CPE era o meu preferido. Esse era bróder mesmo. Talentoso, legal, feio pra caralho, quando a gente saía à noite sempre sobrava pra mim. Baita cara. Aqui neste CD, temos dois pilares da música historicamente informada — Anner Bylsma (1934-2019) e Gustav Leonhardt (1928-2012). E eles dão um show nestes lindos concertos já muito afastados do barroco de nosso pai. Os concertos são realmente de primeira linha, com amplos adágios e movimentos rápidos de motivos curtos e muito bonitos.
Descontando os bastardos como eu, CPE foi o quinto e segundo filho sobrevivente de Johann Sebastian Bach e Maria Barbara Bach. Seu segundo nome foi em homenagem a seu padrinho Georg Philipp Telemann, amigo de Johann Sebastian Bach. Ele foi um compositor influente que trabalhou numa época de transição entre o estilo barroco de seu pai e o estilo clássico que o seguiu. Sua abordagem pessoal, expressiva e frequentemente turbulenta, conhecida como empfindsamer Stil ou ‘estilo sensível’, aplicava os princípios da retórica e do drama às estruturas musicais. Seu dinamismo contrasta deliberadamente com o estilo galante mais educado, também em voga. Para distingui-lo de seu irmão Johann Christian, um talento menor, conhecido como o “Bach de Londres”, que nessa época foi o mestre da música da Rainha da Grã-Bretanha, CPE Bach era conhecido como o “Bach de Berlim” durante sua residência naquela cidade, e mais tarde, como o “Bach de Hamburgo”, quando sucedeu a Telemann como Kapellmeister na cidade. Para seus contemporâneos, ele era conhecido simplesmente como Emanuel. Eu o chamava de Mané. Pois Mané também foi um pedagogo influente, escreveu o famoso “Ensaio sobre a verdadeira arte (teu cu) de tocar instrumentos de teclado”, que seria estudado por Haydn , Mozart e Beethoven , entre outros.
C. P. E. Bach (1714-1788): Concertos para Violoncelo (Bylsma / Leonhardt)
Cello Concerto in A major Wq172 H439
[01] I. Allegro [6’31]
[02] II. Largo con sordini, mesto [7’42]
[03] III. Allegro assai [5’01]
Cello Concerto in A minor Wq170 H432
[04] I. Allegro assai [9’25]
[05] II. Andante [9’48]
[06] III. Allegro assai [6’31]
Cello Concerto in B flat major Wq171 H436
[07] I. Allegretto [8’12]
[08] II. Adagio [10’05]
[09] III. Allegro Assai [6’29]
Anner Bylsma (Cello)
The Orchestra of the Age of the Enlightenment
Gustav Leonhardt (Regência)
Um bom disco. Andrea Kollé toca todo tipo de flautas, seja transversa, seja doce, barrocas, o diabo. Seu repertório é amplo. É uma musicista que trabalha como solista de obras sinfônicas, de óperas ou de peças de câmara. Nasceu em Amsterdam, estudou na Holanda com Abbie de Quant e na Basiléia com Aurèle Nicolet. Desde 1990 é membro da Orquestra da Ópera de Zurique e toca na Orquestra Barroca “La Scintilla”, também de Zurique. A música contemporânea é particularmente importante para ela, tendo feito várias estreias mundiais, principalmente a estreia holandesa da peça solo (T)air(E) de Heinz Holliger, em 1985. O compositor romeno Dan Dediu dedicou seu Naufragi para flauta solo a ela em 2001. Andrea Kollé fez várias gravações em CD, incluindo este, com composições de Bach, Yun, Firsowa, Wildberger e Karg-Elert. Ela também fez gravações como parte do Zürcher Bläser Quintett para as gravadoras Jecklin Edition e Musique Suisse. Eu curti moderadamente.
CPE Bach / Firsowa / Yun / Karg-Elert / Jolivet / Wildberger / JS Bach: Peças para Flauta Solo (Kollé)
Carl Philipp Emanuel Bach [1714 – 1788)
Sonate a-moll, WQ 132
1) Poco adagio [4:56]
2) Allegro [3:46]
3) Allegro [3:15]
Elena Firsowa (1950 – )
Zwel Inventionen
4) I. Andante [3:44]
5) II. Allegretto [2:32]
Sou apaixonado por vários destes concertos em que mano CPE se esmera a fim de dar boa música para o iluminista Frederico II. A propósito, vocês deveriam ler Uma Noite no Palácio da Razão, onde é narrado o encontro de J.S. Bach com Frederico, o Grande. O encontro, como vocês devem saber, foi patrocinado por Carl Philipp Emanuel. A obra é de James R. Gaines.
Este CD é extraordinário. Embora empregado por mais de 25 anos pelo mais poderoso de todos os flautistas, Frederico II, Carl Philipp Emanuel Bach escreveu apenas uma vez um concerto especificamente para flauta. Mas, como seu pai, ele às vezes transcrevia a mesma obra para diferentes solistas. Ele fez versões para flauta de vários concertos para teclado (três também têm versões para violoncelo) com tal habilidade que nem por um momento parecem arranjos. O estilo de CPE não tem nada de convencional. Ele é exclamativo e fragmentário, muito diferente de tudo o que foi feito antes ou depois. É também altamente expressivo e lírico, difícil de descrever em palavras.
Patrick Gallois, flauta principal da Orquestra Nacional da França, é um instrumentista preciso e de belo fraseado, à altura das exigências técnicas da música. Ele toca a sonata solo de um modo bastante improvisado. Kevin Mallon dirige o Toronto Camerata com muito espírito. Mas acho que esses concertos soariam melhor com instrumentos de época.
C.P.E. Bach (1714-1788): Integral dos Concertos para Flauta e Orquestra
Disc 1:
Flute Concerto in A minor, Wq. 26, H. 430
I. Allegro assai 00:09:15
II. Andante 00:06:48
III. Allegro assai 00:07:15
Flute Concerto in B flat major, Wq. 167, H. 435
I. Allegretto 00:07:58
II. Adagio 00:07:32
III. Allegro assai 00:05:55
Sonata in A minor for Solo Flute, Wq. 132, H. 562
I. Poco adagio 00:03:19
II. Allegro 00:04:47
III. Allegro 00:04:19
Disc 2:
Flute Concerto in A major, Wq. 168, H. 438
I. Allegro 00:05:43
II. Largo con sordini, mesto 00:09:00
III. Allegro assai 00:05:13
Flute Concerto in G major, Wq. 169, H. 445
I. Allegro di molto 00:11:09
II. Largo 00:08:01
III. Presto 00:05:20
Flute Concerto in D minor, Wq. 22, H. 484/1
I. Allegro 00:08:42
II. Un poco andante 00:08:47
III. Allegro di molto 00:06:53
Patrick Gallois, flute
Toronto Chamber Orchestra
Kevon Mallon, Conductor
Alguns filhos de famosos relutam seguir a carreira dos pais por diversas razões e certamente o peso da comparação está entre elas. No caso de Carl Philippe Emanuel, além do pai, também o padrinho era famoso. Talvez até mais famoso. No entanto, Emanuel era um Bach e naqueles dias, Bach e músico era quase a mesma coisa.
O florescimento da carreira de Emanuel ocorreu quando o ambiente cultural em que eles viviam fazia assim uma revisão do gosto musical, com o estilo barroco que se desenvolvera por gerações chegando a um ápice e com sua arte extremamente requintada da qual seu pai e seu padrinho eram assim dois grandes representantes começava a dar lugar a uma música menos estudada e mais leve, o estilo galante que abriria caminho para o classicismo. A contribuição de Emanuel para este estilo foi enorme e quando Mozart reverenciava um certo Bach em sua famosa frase, era a Emanuel a quem ele se referia.
Neste disco onde a Kammerakademie Potsdam tem importante papel, tendo como solista o oboísta Ramón Ortega Quero, temos quatro concertos dos três compositores – pai, filho e padrinho.
Mesmo que alguns deles não tenham sido compostos originalmente para o oboé, as adaptações fazem jus à maravilhosa música dessa época e é bem representativa da arte destes geniais compositores, que assim conviveram num período de transição artística.
O disco abre com o concerto do mais jovem compositor, escrito originalmente para flauta e arranjado para oboé pelo excelente solista. Aliás, Ramón tem desempenhado o papel de principal oboé de várias importantes orquestras, sendo mais recentemente indicado para assumir está posição na Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks. Veja uma entrevista sua aqui.
Em seguida, o Concerto em lá menor, BWV 1041, de Johann Sebastian Bach, aqui tendo o oboé no lugar do violino.
O Concerto de Telemann é o único em quatro movimentos e inicia com um lindo movimento mais lento – Siciliano.
Para terminar, o Concerto em sol menor, BWV 1056 de Bach, que tem o movimento lento mais lindo de todos. Confira!
Carl Philipp Emanuel Bach (1714 – 1788)
Concerto para flauta em ré menor, Wq. 22, H. 425 (arranjo para Oboé, cordas e cravo por R. O. Quero)
[Allegro]
[Andante]
Allegro assai
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
Concerto para violino em lá menor, BWV1041
[Allegro moderato]
Andante
Allegro assai
Georg Philipp Telemann (1681 – 1767)
Concerto em lá maior para oboé d’amore, cordas e baixo contínuo, TWV 51:A2
This is Ramón Ortega Quero’s debut Genuin CD and is part of the Movimentos edition. He won the ARD Music Competition and is solo oboist in the BR-Symphonieorchester.
Well supported here by the highly versatile Kammerakademie Potsdam.
Este é um resumo bastante incompleto do que foi a carreira do extraordinário Collegium Aureum, grupo que teve sua origem na Harmonia Mundi e que foi um dos principais pioneiros das interpretações historicamente informadas.
O CD que abre a coleção é esplêndido, verdadeiramente notável. São concertos duplos para dois cravos ou para cravo e pianoforte. CPE foi o mais talentoso filho de Bach, secundado por Wilhelm Friedemann. Vejam a lista de executantes. É a nata dos anos 60 e 70.
Segundo filho de Johann Sebastian Bach e Maria Barbara Bach, o talento de CPE se manifestou já na infância, recebendo completa e esmerada educação musical de seu pai, mas inicialmente tencionava dedicar-se profissionalmente ao Direito, estudando na Universidade de Leipzig e na Universidade de Frankfurt. Ao terminar o curso em 1738 foi empregado pelo rei Frederico II da Prússia como cravista, para quem trabalharia pelos trinta anos seguintes. Em 1768 sucedeu seu padrinho, Georg Philipp Telemann, na posição de kantor do Johanneum de Hamburgo, uma escola latina, bem como tornou-se diretor de música municipal, responsável pela música das cinco principais igrejas da cidade e pela ornamentação de cerimônias cívicas, onde permaneceria ativo até sua morte em 1788. Foi um grande dinamizador do ambiente musical de Hamburgo, além de ligar-se a importantes figuras da literatura e da filosofia, participando de clubes e sociedades de debates.
Deixou obra volumosa, com mais de 750 composições entre peças para teclado solo, concertos, sinfonias, música sacra, música de câmara e lieder. Cravista virtuoso, cerca de metade de sua produção é para o teclado, além de ter deixado um importante tratado técnico que exerceu grande impacto. Sua música é louvada pela sua originalidade, inventividade, vigor, elegância e incomum expressividade, caracterizando o chamado Estilo Galante ou Rococó. Introduziu importantes inovações em termos de forma, estilo, estrutura e harmonia, contribuiu significativamente para o desenvolvimento da sonata clássica, e é considerado um dos precursores da formação do idioma e das formas musicais típicos do Classicismo. Ao mesmo tempo, a intensidade da expressão emocional, a imprevisibilidade e os fortes contrastes de sua música o qualificam também como um dos primeiros românticos.
Seu prestígio foi muito grande enquanto viveu, tido como um dos maiores virtuosos, compositores e professores de sua época, mas na primeira metade do século XIX declinou radicalmente e sua produção foi largamente esquecida. Sua obra começou a ser resgatada na década de 1860, mas embora voltasse a ser mais apreciado, ainda era tido como uma figura menor, de talento limitado, notável mais por ter sido um agente destacado na consolidação da linguagem clássica do que pelos méritos intrínsecos de suas composições. Esta visão só começou a ser revertida na segunda metade do século XX, quando os estudos a seu respeito iniciaram uma fase de acelerada multiplicação e aprofundamento, mas permaneceu influente até a década de 1990. Desde então sua reputação vem sendo rapidamente recuperada, já sendo considerado em ampla escala como um dos mais importantes, originais e influentes compositores do século XVIII.
C.P.E. Bach (1714-1788): Coleção Collegium Aureum Vol. 1 de 10
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788)
Doppelkonzert für Cembalo, Fortepiano und Orchester, Es-dur, Wq.47
01. I. Allegro di molto
02. II. Larghetto
03. III. Presto
Sonatine für 2 Cembali und Orchester, D-dur, Wq.109
04. Presto – Tempo di Minuetto
Doppelkonzert für 2 Cembali, Fortepiano und Orchester, F-dur, Wq.46
05. I. Allegro
06. II. Largo
07. III. Largo
Eric Lynn Kelley, harpsichord (Wq.47 & Wq.109)
Jos van Immerseel, fortepiano (Wq.47), harpsichord (Wq.109)
Alan Curtis, harpsichord (Wq.46)
Gustav Leonhardt, harpsichord (Wq.46)
Collegium Aureum
Este outro Bachiana de Goebel e grupo é uma excelente coleção de concertos dos filhos de Bach, meus irmãos. O trabalho mais substancial, neste disco bem preenchido de música, é o Concerto de C.P.E. Bach para Cravo e Pianoforte de 1788, ano de sua morte. Os dois instrumentos são tratados como iguais, e a orquestra também desempenha um papel significativo. O primeiro movimento oferece uma combinação única de drama — especialmente nas violentas interjeições da orquestra — e de inteligência picante, características marcantes e que se mostram novamente no presto. Esses movimentos cercam um larghetto grave, de beleza austera. É um trabalho profundamente pessoal. Mas o Concerto para Viola e Pianoforte de Johann Christoph Friedrich Bach não fica atrás. As outras duas peças também têm bastante apelo. OK, A Sinfonia Concertante de J.C. Bach é fraquinha, mas o Concerto para Flauta de Wilhelm Friedemann Bach é ótimo. Ele abre com um primeiro movimento de texturas complexas e passa para um largo gentil e depois para um delicioso final vivace.
Sinfonia Concertante For Violin, Violoncello, 2 Oboes, Strings And Basso Continuo In A Major WC 34 (T284/4)
Cadenza – Stephan Schardt
Composed By – Johann Christian Bach
Violin – Stephan Schardt
Violoncello – Joachim Fiedler
(13:10)
1 1. Andante di molto 8:00
2 2. Rondeau: Allegro assai 5:10
Concerto For Flute, Strings And Basso Continuo In D Major BR WFB C 15
Composed By – Wilhelm Friedemann Bach
Flute – Verena Fischer
(20:36)
3 1. Un poco Allegro 6:59
4 2. Largo 8:52
5 3. Vivace 4:45
Concerto For Fortepiano And Viola, 2 Horns, 2 Oboes, Strings And Basso Continuo In E Flat Major BR JCFB C 44
Composed By – Johann Christoph Friedrich Bach
Fortepiano – Robert Hill (9)
Viola – Reinhard Goebel
(25:50)
6 1. Allegro con brio 12:39
7 2. Larghetto cantabile 5:24
8 3. Allegretto 7:47
Concerto For Harpsichord And Fortepiano, 2 Flutes, 2 Horns, Strings And Basso Continuo In E Flat Major H 479 (Wq. 47 )
Composed By – Carl Philipp Emanuel Bach
Fortepiano – Robert Hill (9)
Harpsichord – Léon Berben
(17:24)
9 1. Allegro molto 6:43
10 2. Larghetto 6:28
11 3. Presto 4:09
Musica Antiqua Köln
Reinhard Goebel, conductor, viola
Stephan Schardt, violin
Joachim Fiedler, violoncello
Verena Fischer, transverse flute
Robert Hill, fortepiano
Léon Berben, harpsichord
Reinhard Goebel é o máximo. Ex-aluno de Franzjosef Maier, foi o fundador — em 1973 — e principal violinista do esplêndido Musica Antiqua Köln, conjunto de música barroca historicamente informada que foi dissolvido pelo próprio fundador em 2007. Ele é outro adicto em Bach. Seu eu sou obcecado por Johann Sebastian e seus filhos Wilhelm Friedemann e Carl Philipp Emanuel Bach, ele é por toda a família. E não para de gravar discos dedicados à obra de todos os Bach. Este aqui é o quarto CD capitaneado por Goebel que conheço e que tem esta ideia. Fica claro que nenhum familiar chega próximo das alturas de J. S., que W.F. e C.P.E, foram geniais, mas não eram Deus como o pai e que o resto da família nem seria conhecida se não fosse Johann Sebastian. Mas Goebel ama todo mundo e não para. Ainda bem. Goebel, por favor, não pare de tentar nos convencer do contrário, OK?
C.P.E. Bach / J.C.F. Bach / W.F. Bach / J.S. Bach: Cantatas of the Bach Family (Goebel / Berliner Barock Solisten)
Carl Philipp Emanuel Bach
01. – Ich bin vergnügt mit meinem Stande, Wq. deest: No. 1, Ich bin vergnügt mit meinem Stande
02. – Ich bin vergnügt mit meinem Stande, Wq. deest: No. 2, Im Schweiße meines Angesichts
03. – Ich bin vergnügt mit meinem Stande, Wq. deest: No. 3, Lieber Gott, es ist das Deine
Carl Philipp Emanuel Bach
04. – Symphony in F Major, Wq. deest: I. Allegro
05. – Symphony in F Major, Wq. deest: II. Adagio
06. – Symphony in F Major, Wq. deest: III. Allegro assai
Johann Christoph Friedrich Bach
07. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 1, Abgöttin meiner Seele!
08. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 2, Ihr Götter welche Phantaseyn!
09. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 3, Nicht taub, nicht fühllos, nein
10. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 4, Ach, dass mein irdisch Ohr nicht fähig ist
11. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 5, Ach, es muss ein Teil der Gottheit
12. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 6, O Venus! Saturnia! Bracht ich nur dir
13. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 7, O Himmel! Der Boden wankt
14. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 8, Nun senkt sie Haupt und Hand herab
15. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 9, Bald sollen diese Lippen mich
16. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 10, Ja, diese leichte Mühe, dies selige Geschäft
17. – Pygmalion, Wf XVIII:5: No. 11, Allgütige! Wofern dich hier noch
Wilhelm Friedemann Bach
18. – Symphony in B-Flat Major, F 71: I. Allegro
19. – Symphony in B-Flat Major, F 71: II. Andante
20. – Symphony in B-Flat Major, F 71: III. Presto
Johann Sebastian Bach
21. – Ich habe genug, BWV 82 (1747 Version): No. 1, Ich habe genug
22. – Ich habe genug, BWV 82 (1747 Version): No. 2, Ich habe genug
23. – Ich habe genug, BWV 82 (1747 Version): No. 3, Schlummert ein, ihr matten Augen
24. – Ich habe genug, BWV 82 (1747 Version): No. 4, Mein Gott! Wann kömmt das schöne
25. – Ich habe genug, BWV 82 (1747 Version): No. 5, Ich freue mich auf meinen Tod
Benjamin Appl – Baritone
Berliner Barock Solisten
Reinhard Goebel – Conductor