W. A. Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano – Murray Perahia

W. A. Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano – Murray Perahia

Mozart

Sonatas para Piano 

K. 310 – K. 331 – K. 533/494

Murray Perahia

Para quem gosta de piano, um disco com sonatas é uma festa. Se o compositor é Mozart, a festa será ainda mais animada! Neste caso, temos como intérprete Murray Perahia, cujas credenciais como intérprete de Mozart são impecáveis. Portanto, pode preparar-se para um grande recital. Mas, aviso aos navegantes, não vão ficar esperando arroubos românticos e dramas psicológicos. As sonatas de Mozart pertencem ao mundo clássico, foram compostas para o fortepiano vienense e são sutis, espirituosas, elegantes, divertidas.

Mozart compôs dezoito sonatas e neste disco temos três, que são muito diferentes, umas das outras.

A Sonata em lá menor, K. 310 é uma de apenas duas em tonalidade menor, todas as outras em tonalidade maior. Por isso, há que esperar um pouco mais de drama desta que abre o recital. De fato, o Andante cantabile con espressione, o movimento lento da sonata, é quase tão longo quanto os outros dois movimentos juntos. Tudo indica que esta sonata foi composta, assim como as Sonatas K. 309 e K. 311, entre 1777 e 1778, durante uma visita de Mozart a Paris. Ele nunca mencionou essa peça em suas cartas e é bem possível que ela não tenha sido concebida visando alguma apresentação pública. O seu tom mais dramático pode refletir o difícil período enfrentado por Mozart, em função da morte de sua mãe, que o acompanhava na estada em Paris.

A próxima sonata é definitivamente a mais conhecida das sonatas de Mozart. A Sonata em lá maior, K. 331 inicia com um tema e variações, que certamente não passaria desapercebido pelo jovem Beethoven. No lugar de um movimento lento, temos um Menuetto e Trio, que são seguidos imediatamente pelo (justamente famoso) Rondo alla Turca. A primeira vez que ouvi este movimento, que também aparece em recitais de grandes pianistas como um encore, foi em um LP do Wilhelm Kempff. Quase furei o pobre disco. Mas quem não faria a mesma coisa?

A última sonata nasceu inicialmente como apenas um Rondo, K. 494, para algum aluno, mas que foi logo depois estendido a uma sonata, completado pelos outros movimentos, Allegro e Andante, K. 533.

Enfim, temos aqui um disco onde não falta elegância e requinte, algum elemento de drama e muito boa música.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Sonata para Piano em lá menor, K. 310

  1. Allegro maestoso
  2. Andante cantabile con espressione
  3. Presto

Sonata para Piano em lá maior, K. 331

  1. Andante grazioso e variazioni
  2. Menuetto – Trio
  3. [Rondo] Alla Turca. Allegretto

Sonata para Piano em fá maior, K. 533/494

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegretto

Murray Perahia, piano

Gravação na Sofiensaal, Viena, 1991
Produção: Andreas Neubronner

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MP3 | 320 KBPS | 144 MB

As sonatas de Mozart são únicas, disse o famoso pianista Artur Schnabel. Elas são muito fáceis para as crianças e muito difíceis para os artistas. Por isso, não é fácil elaborar um ótimo disco de sonatas para piano de Mozart. Este chega muito alto. Aproveite bastante!

René Denon

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 3 (Versão 1889) – CBSO – Andris Nelsons

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 3 (Versão 1889) – CBSO – Andris Nelsons

Bruckner

Sinfonia No. 3

City of Birmingham Orchestra

Andris Nelsons

Deve ser o inverno, com o elevado consumo de tangerinas, que me causa isto. Acordo com muita vontade de ouvir Bruckner. Meus vizinhos anseiam pela primavera, para sons mais barrocos…

Na verdade, Bruckner não é o primeiro nome que ouvimos nas rodinhas de festas de aniversário quando o papo descamba para música. Mas, se o assunto é sinfonias, a presença é garantida.

A primeira das Sinfonias de Bruckner que ouvi foi a Romântica, a Quarta Sinfonia. Lembram das coleções sobre música clássica que eram vendidas nas bancas? Em todas elas, Bruckner 4.

Meu mapa de Sinfonias de Bruckner hoje está bastante expandido, além da óbvia No. 4, ouço com frequência as três últimas, 7, 8 e 9. A Oitava é proporcionalmente mais majestosa, mas suas irmãs próximas são também grandiosas.

Michael Gielen recentemente colocou, definitivamente, a Sexta no meu mapa e espero que Bernard Haitink, regendo a Orquestra da Rádio Bávara, faça alguma coisa pela Quinta. As primeiras Sinfonias, de números 2, 1, 0 e, pasmem, 00 (duplo 0), ainda estão em terra ignota.

Anton Bruckner

Mas a Terceira Sinfonia, assunto desta postagem, a sinfonia que Anton dedicou a Wagner, me foi apresentada pelo jurássico George Szell regendo (mercilessly) a Orquestra de Cleveland. Desde então tenho uma simpatia por esta Sinfonia.

Mas, tratando-se de Bruckner, a coisa sempre pode complicar. Há várias versões desta sinfonia. Alvo de selvagem recomposição, desconstrução e revisões, restaram pelo menos três versões entre as quais os maestros podem escolher. Sobre este assunto, você pode encontrar mais informações aqui.

Estão presentes nesta peça as características que admiramos na obra de Bruckner. A sólida construção dos tutti – apresentados aqui superlativamente. Som enorme, grupos de metais (trompas, muitas trompas) se opondo e se unindo às cordas. Temas belíssimos em suas simplicidades. Adagio, que sempre é tão importante em Bruckner, iniciando nas cordas e prosseguindo com as adições de metais e madeiras. Sei que é lugar comum, tratando-se de Bruckner, tudo combina com enormes paisagens. Eu diria, paisagens alpinas. Depois, rock solid scherzo, com ritmo pulsante! Até as pedras dançam. O final, resumo de tudo, com seus lindos temas de dança. Não é por pouco que o pessoal aplaude freneticamente.

A gravação desta postagem foi feita em 25 de novembro de 2009 com a City of Birmingham Symphony Orchestra (a orquestra do Simon Rattle, antes de sua transferência para a Berliner Philharmoniker) regida pelo então jovem Andris Nelsons. Na ocasião, Nelsons era o regente principal da CBSO. Hoje ele está gravando o Ciclo das Sinfonias de Bruckner para o big yellow label – a Deutsche Grammophon, com a Gewandhaus Orchester, Leipzig. Essas gravações têm sido postadas aqui no PQP pelo PQP. Veja, em particular, esta postagem aqui.

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia No. 3 em ré menor (Versão 1889)

  1. Mehr langsam, Misterioso
  2. Adagio, bewegt, quasi Andante
  3. Ziemlich schnell
  4. Allegro

City of Birmingham Symphony Orchestra

Andris Nelsons

Gravação feita em 25 de novembro de 2009 no Symphony Hall, Birmingham
Produção: Rebecca Bean (para a Radio BBC 3)

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City of Birmingham Symphony Hall

Temos então uma oportunidade de comparar duas perspectivas desta peça de Bruckner, distantes uma da outra de perto de dez anos, do jovem maestro.  É claro, as circunstâncias são diferentes, duas orquestras com tradições muito diversas e também as diferenças das condições das duas gravações. Você poderá ler uma crítica comparativa das duas gravações aqui.

No entanto, como deve ser em música, as conclusões finais devem ser as suas.

René Denon

PS: A partitura desta versão da Sinfonia está disponível aqui.

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano K. 107 / J. S. Schröter (1752-1788): Concerto para Piano Op 3, 3

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano K. 107  / J. S. Schröter (1752-1788): Concerto para Piano Op 3, 3

Mozart

Piano Concertos K. 107

Schröter

Piano Concerto Op. 3, 3

Este disco foi lançado originalmente na era dos LPs com o código MK 39222. Sorri com meus botões ao lembrar-me de Miles Kendig e pensei nos dizeres do arguto psicólogo: coincidências não existem. Com esta postagem, realmente completamos a saga dos Concertos para Piano de Mozart. Para deveras completá-la, pedimos ajuda a outro exímio pianista, especialista em Mozart: Murray Perahia. Este disco foi lançado quando Perahia era bem jovem e o selo ainda chamava-se CBS Masterworks. Na era dos CDs foi lançado, e de novo, algumas vezes. A última vez na série Sony Classical – Great Performances.

Selim Gidnek, ou melhor, Miles Kendig

Assim como os Concertos Nos. 1 a 4, esses três concertos são arranjos de peças de outros compositores, neste caso, de Johann Christian Bach. Os arranjos aqui são para piano (poderia ser cravo), dois violinos e baixo contínuo. São peças que revelam a impressionante capacidade musical de Mozart, que era ainda criança, assim como ilustram o desenvolvimento e a estruturação do concerto para piano como gênero musical.

Para completar o disco, um lindo Concerto para Piano em dó maior, de Johann Samuel Schröter. Nascido na Polônia, Schröter era um pouco mais velho do que Mozart e dominou a cena musical em Londres, vindo a ocupar o lugar de Johann Christian. Era ótimo compositor e exímio pianista, como confirma este lindo concerto. No entanto, para casar-se com uma mulher de família rica, concordou em aceitar uma grande anuidade do sogro em troca de abandonar a carreira musical. Uma pena…

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Concerto para piano em ré maior, K. 107, 1

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Tempo di Minuetto

Concerto para piano em sol maior, K. 107, 2

  1. Allegro
  2. Allegretto

Concerto em mi bemol maior, K. 107, 3

  1. Allegro
  2. Allegretto (Rondeaux)

Johann Samuel Schröter (1752-1788)

Concerto para piano em dó maior, Op. 3, 3

  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegro

Murray Perahia, piano e regente

English Chamber Orchestra

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Pode clicar na imagem…

Mozart gostava da música de Schröter e disse dos seus Concertos Op. 3: Eles são lindos! Quem poderia discordar do Wolfie?

René Denon

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 6 – Michel Gielen

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 6 – Michel Gielen
hänssler, ótima gravadora, mas as capas…

Bruckner 

Sinfonia No. 6

Bach/Schoenberg

Prelúdio e Fuga BWV 552

Anton Bruckner nunca ouviu a sua Sexta Sinfonia em sua totalidade. Ela foi composta entre setembro de 1879 e setembro de 1881, com algumas revisões feitas em 1882. Anton era obcecado por revisões. O segundo e o terceiro movimento da Sexta foram estreados em 11 de fevereiro de 1883 pela Filarmônica de Viena, regida por Wilhelm Jahn. A estreia de toda a sinfonia ocorreu em 26 de fevereiro de 1899, também pela Filarmônica de Viena, agora regida por Gustav Mahler.

Falando em uma entrevista sobre as escolhas das versões das Sinfonias de Bruckner para as suas gravações, Michael Gielen diz que “felizmente, há apenas uma versão da Sexta, assim como da Quinta, portanto não havia escolha a ser feita”.

Bruckner gastou tanto tempo revendo as primeiras sinfonias e compondo as últimas que não teve tempo para revisar estas duas nem para terminar a Nona. Sobre este tema, você poderá ler um pouco mais aqui.

Ainda sobre a Sexta Sinfonia, Gielen afirma: “Eu amo esta peça. (…) Acho simplesmente incrível a maneira como este ritmo dançante no início contrasta com o tema principal, que tem mais um caráter de tipo canção, fazendo a sinfonia começar subitamente com duas ideias”.

Em uma crítica sobre este disco, Victor Carr Jr menciona a meticulosa atenção dada por Gielen à estrutura rítmica e aos detalhes contrapontísticos, resultando em uma performance vibrante, com uma textura excepcionalmente clara. Gielen encurta os românticos ritardandos no fim do primeiro e último movimento, permitindo que os maravilhosos finais abruptos de Bruckner tenha seus devidos impactos. Você poderá ler a crítica completa aqui.

Arnold, achando tudo um grande barato…

Para completar o disco, a transcrição para orquestra do Prelúdio e Fuga em mi bemol maior, BWV 552, de Johann Sebastian Bach, feita por ninguém mais do que Arnold Schoenberg. O cara entendia de orquestração! Realmente, esta parte do disco merece atenção e é mais do que apenas um complemento. O contraste da Sinfonia para esta peça é maravilhoso, assim como ouvir a peça de Bach vestida de modernidade nos lembra da sua atemporalidade.

E a orquestra, hein? Maravilhosa, assim como a gravação.

 

 

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia No. 6 em lá maior

  1. Maestoso
  2. Sehr feierlich
  3. Nicht schnell – Trio. Langsam
  4. Bewegt, doch nicht zu schnell

Johann Sebastian Bach (1685-1750)/Arnold Schoenberg (1874-1951)

Prelúdio e Fuga para órgão em mi bemol maior, BWV 552

  1. Prelúdio
  2. Fuga

SWR Sinfonieorchester Baden-Baden und Freiburg

Michael Gielen

Direção artística: Helmut Hanusch

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Aproveite!

René Denon

S. Prokofiev (1891-1953): Romeu e Julieta – Sonata para Piano No. 2 – Elena Kuschnerova, piano

S. Prokofiev (1891-1953): Romeu e Julieta – Sonata para Piano No. 2 – Elena Kuschnerova, piano

Um disco quase todo russo!

 

Eu tenho uma enorme predileção por música ao piano. Adoro CDs com piano solo. Quando ouvi rumores de uma pianista russa que migrara para a Alemanha e era tudo menos convencional, saí logo à caça.

O primeiro CD dela que ouvi foi de música de Bach. Disco excepcional, já está escalado para futura postagem. Mas, olhando o rol de minhas postagens, achei que estava faltando um certo tempero russo, algo assim ovas de esturjão e vodcas. Como o pessoal do blog vetou o disco da orquestra de balalaicas, escalei o disco de Prokofiev, música para piano, interpretada pela Elena Kuschnerova. Sergei Prokofiev compôs um dos melhores concertos para piano do Século XX e é um bamba do teclado. Ainda tenho que explorar parte de sua obra, mas adoro três de seus cinco concertos para piano e a tal cantata com música do filme do Eisenstein. A Sinfonia Clássica nem conta, todo mundo gosta. Veja mais informações sobre ele neste site.

Prokofiev

Este disco traz dez peças que Prokofiev transcreveu para piano a partir de movimentos do seu justamente famoso balé Romeu e Julieta.

Este balé, assim como a música para o filme Alexander Nevsky, foram compostos em 1935 e 1938, respectivamente quando a política em vigor na Rússia exigia maior comunicação dos artistas com o público. Prokofiev agiu com atenção a esta orientação sem, no entanto, deixar de produzir obras primas.

Estas dez faixas, na minha opinião, valem o disco. Recriar ao piano o universo sonoro de tão sofisticada orquestra é para poucos. Mas, esqueça a orquestra, mergulhe neste ambiente sonoro de piano e aproveite uma delícia após a outra.

Prokofiev compôs nove sonatas para piano e aqui temos a segunda delas, composta em 1912, antes da Revolução, quando Prokofiev ainda era um talentoso jovem de 21 anos. A sonata tem quatro movimentos, apesar de bastante compacta. Nestes movimentos já se apresentam algumas das linhas básicas criação artística do compositor e são muito contrastantes. Por exemplo, o segundo movimento lembra uma tocata e segue a linha chamada cinética. Para maiores detalhes sobre os demais movimentos da sonata, você pode consultar aqui.

A última faixa do disco funciona assim como um bis, um encore. É uma marcha com menos de dois minutos que originalmente pertence à ópera O Amor das Três Laranjas, composta em 1921 e apresentada pela primeira vez em Chicago, sob a direção do próprio Prokofiev.

Elena Kuschnerova

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Romeu e Julieta – Dez Peças para Piano, Op. 75 (1937)

  1. Dança folclórica. Allegro giocoso
  2. Allegretto
  3. Assai moderato
  4. A jovem Julieta. Vivace
  5. Máscaras. Andante marciale
  6. Os Montecchios e os Capuletos. Allegro pesante
  7. Frei Lourenço. Andante expressivo
  8. Allegro giocoso
  9. Dança das jovens com lírios. Andante com eleganza
  10. Romeu e Julieta, antes da partida. Lento

Sonata para Piano No. 2 em ré menor, Op. 14 (1912)

  1. Allegro, ma non tropo
  2. Allegro marcato
  3. Andante
  4. Vivace

Da Ópera O Amor das Três Laranjas, Op. 33 (1919)

  1. Marcha (transcrição para piano) (1922)

Elena Kuschnerova, piano

Gravação de 1966

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Elena

Sobre a pianista Elena Kuschnerova, o crítico de música para o The New York Times, Harold Schonberg disse: A pianist who grabs the imagination.

Ouçam o disco e me digam depois!

René Denon

.: interlúdio :. Oscar Peterson Plays Cole Porter

.: interlúdio :. Oscar Peterson Plays Cole Porter

 

 

Oscar Peterson plays The Cole Porter Song Book

Este disco é um clássico! Oscar Peterson foi um dos maiores pianistas de todos os tempos. Com uma carreira que perdurou por mais de sessenta anos e decolou quando começou a trabalhar com o produtor Norman Granz. Granz havia formado o selo Verve para gravar Ella Fitzgerald e acabou reunindo uma constelação de grandes artistas, entre eles Oscar Peterson. Nesta época, Oscar Peterson era acompanhado por Ray Brown (contrabaixo) e Ed Thigpen (bateria). Essa formação jazzística, um trio, gravou excelentes discos para o selo Verve.

O Oscar Peterson palys the Cole Porter Song Book é um álbum que faz parte de uma série dedicada a grandes nomes da música americana, como George Gershwin e Duke Ellington. As canções, originalmente com letras, escritas para musicais, são apresentadas nesta roupagem jazzística, pelo Oscar Peterson Trio.

Linda e Cole Porter

Cole Porter foi um playboy, no sentido exato da palavra, mas foi também muitas outras coisas. Teve uma vida intensa, mas com muitas, muitas dificuldades também. Nascido em Peru, Indiana, no coração do Midwest (Meio-Oeste americano), não poderia ter vindo de um lugar mais conservador. Logo ele que era, em tudo, diferente. Vale a pena descobrir um pouco mais sobre a vida deste fascinante compositor. Como a literatura acessível é vasta, deixo isso com você. O que importa é que ele foi um compositor como poucos. Criou canções maravilhosas, daquelas que grudam na nossa pele, não saem da nossa cabeça. Suas letras são sobre temas urbanos e são sofisticadas. Mas principalmente, verdadeiros hits!

Oscar e seus parceiros tomam doze delas e as trazem para você. O som do piano, acompanhado pelo baixo, com o ritmo marcado pelos drums, é irresistível. Gosto de todas, mas se me torcerem o braço, digo que Night and Day, I’ve Got You Under My Skin e I Love Paris são as minhas mais queridas.

Oscar, de boas

Oscar Peterson Plays The Cole Porter Song Book

  1. In the Still of The Night
  2. It’s All Right With Me
  3. Love for Sale
  4. Just One of Those Things
  5. I’ve Got You Under My Skin
  6. Every Time We Say Goodbye
  7. Night and Day
  8. Easy to Love
  9. Why Can’t You Behave
  10. I Love Paris
  11. I Concentrate on You
  12. It’s De-Lovely

Oscar Peterson, piano

Ray Brown, contrabaixo

Ed Thigpen, bateria

Produção: Norman Granz

Gravado em 1959

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Play it again, OP…

A capa deste disco é uma coisa maravilhosa. As capas desta série poderiam ser emolduradas e irem direto para a parede da minha sala. São de Merle Shore e eu não consegui descobrir nada sobre essa pessoa. Se você sabe algo, por favor, diga-me!

René Denon

F. Mendelssohn (1809-1847) / R. Schumann (1810-1856): Quartetos com Piano

F. Mendelssohn (1809-1847) / R. Schumann (1810-1856): Quartetos com Piano

Felix Mendelssohn

Robert Schumann

Quartetos com Piano

Märchenbilder

Este despretensioso disco reúne tantas coisas que eu gosto que decidi postá-lo. É mais um destes discos vendidos nas bancas junto com a BBC Music Magazine a esconder algumas gemas.

Felix Mendelssohn

O disco inicia com o Quarteto para Piano em si menor, Op. 3, de Mendelssohn, que foi composto quando Felix tinha apenas 16 anos. Nascido em família rica, ele foi criança prodígio e sua música tem muita ligação com a herança clássica de Mozart e Beethoven, mas com traços românticos, como em seu belíssimo Concerto para Violino. Este quarteto com piano é repleto de impetuosidade e brilhantismo.

Robert Schumann

Felix Mendelssohn e Robert Schumann foram amigos e nos primeiros dias do ano 1846, o casal Mendelssohn visitou o casal Schumann, que realizaram uma soirée. Nesta noite, Clara Schumann tocou a parte de piano e Mendelssohn a parte da viola do Quarteto para Piano em mi bemol maior de Robert Schumann. É uma obra de uma fase de intensa produção camerística do compositor, guarda muita beleza no Andante cantabile e imenso frescor nos outros movimentos. Fica um pouco na sombra do magnífico Quinteto com Piano, composto na mesma fase, mas é uma pequena obra prima.

Completam o disco quatro peças escritas por Schumann para viola e piano, os Märchenbilder, Op. 113. Schumann compôs estas peças para Wilhelm Joseph von Wasielewski, o primeiro violinista da Düsseldorf Musikverein, da qual Schumann era o diretor, e que fora roubado da Leipzig Gewandhaus, de Mendelssohn.

Talvez o Quarteto de Schumann seja a peça mais destacada do disco, mas as outras compõem com ele com muita harmonia.

Narek Hakhnazaryan
Juho Pohjonen

O disco, com repertório camerístico, tem por intérpretes músicos relativamente jovens, provenientes dos mais diferentes cantos do mundo. Como um produto típico de nossos dias, está repleto de diversidade. A sua gravação é proveniente da Chamber Music Society – CMS – do Lincoln Center, da cidade de Nova Iorque.

O violoncelista é Narek Hakhnazaryan, da Armênia, que em 2011 ganhou a Golden Medal do International Tchaikovsky Competition. Ao violino, Erin Keefe, a concertmaster da Minnesota Orchestra e detentora do Avery Fisher Carrer Grant de 2006. De uma geração anterior, o violista Paul Neubauer chegou ao posto de primeira viola da New York Philharmonic aos 21 anos, no início da década de 1980. Juho Pohjonen é um jovem pianista finlandês que tem se destacado por participar de muitos festivais de música e se apresentado com as principais orquestras do mundo.

Erin Keefe
Paul Neubauer

No entanto, o nome que me fez chegar ao disco é Da-Hong Seetoo, o produtor. A biografia de Da-Hong é impressionante. Nascido na China, de família musical, estudou violino na infância, mas tudo foi interrompido pela Revolução Cultural Chinesa. A música, os discos e livros, tudo foi banido de uma hora para outra. Nesta adversidade, Da-Hong acabou aprendendo muito sobre gravações. O gravador que ganhou de seu pai, que usava para gravar e regravar os discos que conseguiam emprestar, tudo por baixo dos panos, foi reparado por Da-Hong inúmeras vezes. Estudante do Conservatório de Shangai, foi ouvido em 1979 pelo primeiro violino da Sinfônica de Boston, Joseph Silverstein, que o recomendou para estudar no Curtis Institute of Music. Foi aceito sem mesmo uma audição. Posteriormente fez pós-graduação na Julliard School of Music. Neste período de estudos passou a gravar os discos de seus colegas. Esta experiência o ajudou a optar pela carreira de produtor de discos, na qual tem muito sucesso. Assim, seu nome completa esta constelação de talentos de diferentes países.

Da-Hong preparando-se para gravar a Abertura 1812

Felix Mendelssohn (1809 – 1847)

Quarteto com Piano em si menor, Op. 3

  1. Allegro molto
  2. Andante
  3. Allegro molto
  4. Finale: Allegro vivace

Robert Schumann (1810 – 1856)

Märchenbilder (para viola e piano), Op. 113

  1. Nicht schnell (Não rápido)
  2. Lebhaft (Vivo)
  3. Rasch (Rápido)
  4. Langsam, mit melancholischem Ausdruck (Lento, com expressão melancólica)

Quarteto com Piano em mi bemol maior, Op. 47

  1. Sostenuto assai – Allegro ma non tropo
  2. Scherzo: Molto vivace
  3. Andante cantábile
  4. Finale: Vivace

Juho Pohjonen, piano

Erin Keefe, violino

Paul Neubauer, viola

Narek Hakhnazaryan, violoncelo

Produção: Da-Hong Seetoo

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Aproveite, nem sempre temos tantas pessoas interessantes juntas vindo tocar para a gente.

René Denon

W. A. Mozart (1756-1791): Integral Concertos para piano – Jenö Jandó – Post 6 de 5

W. A. Mozart (1756-1791): Integral Concertos para piano – Jenö Jandó – Post 6 de 5

W. A. Mozart

 

Concertos para Piano Nos. 1 a 4

Jenö Jandó

Ao chegar em casa após intensas reuniões tratando do planejamento das postagens do blog e de horas seguidas de audições dos arquivos postados pelos colegas, esperava apenas uma noite tranquila em frente à TV fazendo o leve exercício de entender os meandros e as sutilezas da política nacional. No entanto, ao abrir a caixa de correio, meu coração acelerou – envelope acolchoado com plástico de bolhas com clara indicação de ter chegado do exterior, enviado por um desconhecido Gidnek Selim. Quase não conseguia enfiar a chave no buraco da fechadura, com gana de abrir logo o teimoso envelope.

Alguns minutos depois e tudo foi se esclarecendo. O conteúdo do envelope era o CD que faltava à postagem da Integral dos Concertos para Piano de Mozart. Realmente, dias atrás, um atento leitor escreveu-me observando que, como num destes contos de Borges, havia uma lacuna e a minha postagem da Integral dos Concertos para Piano de Mozart restava incompleta. Mas como?, pensava eu, dez é o número da totalidade! Onde estão os quatro primeiros concertos?, insistia o leitor arguto. Argumentei que estes não eram exatamente concertos compostos por Mozart. Numa enciclopédia que imaginava ter consultado havia indicações de sonatas de Johann Christian Bach. Busquei a tal enciclopédia, mas as consultas feitas após a meia-noite são elusivas. O volume que eu buscava, com verbetes iniciados por Moz até verbetes iniciados por Rac estava desaparecido. Mais mistério. Iniciei buscas outras e até enviei alguns e-mails para um antigo endereço que Miles havia deixado na última vez que estivemos juntos.

Claro, Miles…

Foi assim que descobri a existência de mais um volume da coleção por mim postada, o de número 11. Pronto, imagino que agora a saga dos Concertos para Piano estará, enfim, completa. Sem dúvida, Gidnek Selim é um ardiloso anagrama de Miles Kendig. Em se tratando de espiões e agentes secretos, mesmo aposentados, todo o cuidado é pouco. Meu caro Miles deve ter percebido a falha na postagem e enviou-me o CD que faltava. Ah, o que seria da vida sem os amigos…

Então, aqui temos a coisa toda, os Concertos para Piano de Nos. 1 a 4 realmente são pastiches de obras de compositores alemães que atuavam em Paris. Foi lá que Mozart os conheceu, assim como as suas obras, em suas viagens de 1763, 1764 e novamente em 1766.

Hermann Friedrich Raupach era um compositor alemão. Mozart e ele improvisavam juntos, ao piano, enquanto Mozart, uma criança ainda, sentava-se sobre seus joelhos. Mozart e Johann Christian Bach fariam o mesmo, em Londres.

Leontzi Honauer era músico de Strasburgo e tinha muitas obras publicadas em Paris.

Johann Schobert foi cravista e compositor muito admirado em Paris, que em 1767 teve a infelicidade de comer cogumelos envenenados. Mozart admirava sua música, que achava charmosa. Leopold, o pai de Mozart não o tinha em grande conta.

Johann Gottfried Eckard havia se mudado para Paris em 1758 e lá permaneceu até a sua morte em 1809. Eckard aprendera muito com CPE Bach e preferia o emergente piano em oposição ao cravo. Era excelente pianista e mestre na improvisação.

Fica então assim a distribuição dos compositores das peças usadas na moldagem dos concertos.

J. Jandó

W. A. Mozart (1756 – 1791)

Concerto No. 1 em fá maior, K. 37

  1. Allegro (Raupach)
  2. Andante (Honauer)
  3. Allegro (Honauer)

Concerto No. 2 em si bemol maior, K. 39

  1. Allegro spiritoso (Raupach)
  2. Andante (Schobert)
  3. Molto allegro (Raupach)

Concerto No. 3 em ré maior, K. 40

  1. Allegro maestoso (Honauer)
  2. Andante (Eckard)
  3. Presto (CPE Bach)

Concerto No. 4 em sol maior, K. 41

  1. Allegro (Honauer)
  2. Andante (Raupach)
  3. Molto allegro (Honauer)

Jennö Jandó, piano

Concentus Hungaricus

Ildikó Hegyi, regente

Produção: Ibolya Tóth

Gravação de 1991

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MP3 | 320 KBPS | 124 MB

Estes pastiches revelam a habilidade de Mozart em revestir peças originalmente escritas como música de câmera ou como sonatas na forma de concertos e permitiam assim a exibição de seus dotes como virtuose do piano. São peças típicas do estilo galante, desenvolvido pelos alemães e que tanto caíra no gosto dos parisienses. Segundo a revista Classic CD, “You are in for a treat!”

Como? Nova ligação de Miles, ainda mais concertos para piano de Mozart? Bom, essa vai ter que ficar para depois! To be continued…

René Denon

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Sonatas para viola da gamba – (Trio Sonatas) BWV 1027 – 1029 & 1039 – Nikolaus Harnoncourt & Frans Brüggen

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Sonatas para viola da gamba – (Trio Sonatas) BWV 1027 – 1029 & 1039 – Nikolaus Harnoncourt & Frans Brüggen

J. S. Bach

Sonatas para viola da gamba – BWV 1027-1029

Sonata para duas flautas transversas – BWV 1039

 

Ganha uma cocada quem encontrar o Nikolaus nesta foto…

Nikolaus Harnoncourt era de uma família nobre de Luxemburgo e Lorraine e foi batizado como Conde Johannes Nikolaus de la Fontaine und d’Harnoncourt-Unverzagt. Era descendente de imperadores. Seu primeiro emprego como músico foi de violoncelista da Orquestra Sinfônica de Viena, em 1952. Em 1953 fundou, com sua mulher, Alice Harnoncourt, o Concentus Musicus Wien, para tocar música antiga com instrumentos originais e práticas similares às usadas na época da composição das peças.

Posteriormente, Harnoncourt tornou-se regente de orquestras convencionais, regendo todo o repertório clássico. Deixou gravações (perto de 500 CDs) que incluem, por exemplo, as sinfonias de compositores que vão de Haydn e Mozart até Bruckner. O Ciclo das Sinfonias de Beethoven, que ele gravou com a Chamber Orchestra of Europe, ganhou importantes prêmios de discos e ainda é uma referência.

Vai dizer que não gostou da música?

Nesta postagem temos a oportunidade de ouvir Harnoncourt interpretando as sonatas para viola da gamba de Bach. Veja o que ele mesmo disse sobre o instrumento: Ao contrário do violino, a viola da gamba é essencialmente um instrumento introvertido, de sonoridade frágil e doce, que foi desde o seu surgimento destinado a espaços de dimensões restritas. Você poderá ler a integra dos comentários do disco, escritos pelo próprio Harnoncourt, neste site aqui.

Frans, no tempo em que levava a vida na flauta

Este disco traz as três (trio) sonatas para viola da gamba escritas por J. S. Bach. O termo triosonata deve-se ao fato de termos três vozes apresentando a música. A viola da gamba e o cravo, que tem papel importante, uma segunda voz, além do baixo contínuo. Estas composições são releituras de peças escritas para outras combinações de instrumentos. A primeira sonata, por exemplo, foi arranjada a partir da sonata para duas flautas e baixo contínuo, a última peça do disco. Você poderá comparar as duas peças e perceber a habilidade do magnífico Johann Sebastian Bach de apresentar (vestir) a música em diferentes maneiras. Após as três primeiras sonatas para viola da viola da gamba, ouvir a mesma peça interpretada ao som de duas flautas é algo que ainda hoje me surpreende e encanta.

Leopold Stastny

Para interpretar a sonata para duas flautas temos o lendário Frans Brüggen fazendo dupla com Leopold Stastny. Frans Brüggen é outro pioneiro da prática de instrumentos originais e foi virtuose flautista. Adaptando os dizeres das camisetas da Oktoberfest, ele tocava todas. Posteriormente passou a reger e deixou gravações excelentes. Assim como Harnoncourt, foi longevo e manteve-se ativo até seus últimos dias.

A produção do disco está ao cargo de Wolf Erichson, importante e premiado produtor. Você poderá ver parte de sua discografia aqui.

Johann Sebastian Bach (1685-1750)

Sonate G-dur für Viola da gamba und Cembalo, BWV 1027

  1. Adagio
  2. Allegro ma non tanto
  3. Andante
  4. Allegro moderato

Sonate D-dur für Viola da gamba und Cembalo, BWV 1028

  1. Adagio
  2. Allegro
  3. Andante
  4. Allegro

Sonate g-moll für Viola da gamba und Cembalo, BWV 1029

  1. Vivace
  2. Adagio
  3. Allegro

Sonate G-dur (Triosonate) für Traversflöten und B.c., BWV 1039

  1. Adagio
  2. Allegro ma non presto
  3. Adagio e piano
  4. Presto

Nikolaus HarnoncourtGambe (Jacobus Stainer, Absam 1667) und Violoncello (Andrea Castagneri, Paris 1744)

Herbert TacheziCembalo (nach italienischen Vorbildern von Martin Skowroneck, Bremen)

Frans BrüggenTraversflöte (A. Grenser, Dresden 1750)

Leopold StastnyTraversflöte (Kopie nach Hotteterre von F. v. Huene, Boston)

Gravado em 1968

Produção de Wolf Erichson

Wolf verificando se o pessoal tocou mesmo todas as notas

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Frans Brüggen experimentando uma flauta cubana

Você poderá ler uma crítica bastante pertinente deste disco aqui.

O disco foi gravado em 1968 e lançado em 1969, pelo então selo Telefunken! Faz, portanto, mais de cinquenta anos e isto o qualifica para nosso selo Jurassic CD!!!

Aproveite, a música é ótima!

René Denon

 

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti con Molti Instrumenti – Ensemble Matheus & Jean-Christophe Spinosi

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti con Molti Instrumenti – Ensemble Matheus & Jean-Christophe Spinosi

Vivaldi

 

Concerti con Molti Instrumenti

 

Estou quase certo, foi o língua de trapo do Stravinsky que afirmou ter Vivaldi escrito o mesmo concerto quinhentas vezes. Mesmo a mais infame afirmação pode conter uma grama de verdade. A afirmação, se é que houve, se foi exatamente assim, se foi feita pelo próprio Stravinsky, tem que ser considerada no contexto em que teria sido feita. Nos anos trinta havia complicados contextos políticos e sociais envolvidos e o ressurgimento da obra de Vivaldi a deixava superexposta.

Vivaldi viveu aqui…

O fato incontestável é que Vivaldi é muito bom! Seus concertos seguem sempre o formato allegro – adagio – allegro e duram perto de nove minutos, mas afirmar que são iguais uns aos outros é uma simplificação distorcente. Vivaldi tem imaginação e verve fenomenais. E ele teve no Pio Ospedale della Pietà seu laboratório de experimentos e entre suas alunas musicistas maravilhosas. Concertos para todos os tipos de instrumentos, inclusive alguns raros, que vinham do outro lado dos Alpes, devido às ótimas conexões venezianas com os fabricantes de instrumentos alemães. Além do Ospedale, Vivaldi trabalhou com outras orquestras, como a Orquestra de Dresden, dirigida por seu amigo e aluno Johann Georg Pisandel. Esta orquestra continha uma boa variedade de instrumentos de sopro, assim como a Orquestra da Ópera de Mantua. Por volta de 1720, Vivaldi também supriu música para a grande orquestra mantida em Roma pelo Cardeal Pietro Ottoboni, o grande mecenas das artes. Esta orquestra certamente tinha clarinetes entre seus instrumentos.

Exemplos indubitáveis das mil habilidades de Vivaldi são seus concertos com molti instrumenti. Estes concertos aparecem com frequência nos discos dos experts em música barroca, mas aqui temos algo bastante especial. Dois discos produzidos pelo selo francês Pierre Verany, com o Ensemble Matheus regido por Jean-Christophe Spinozi. O primeiro disco é intitulado Chalumeaux & Clarinettes Integral. Neste disco brilha o solista Gilles Thomé, que não só toca chalumeaux e clarintes, ele também as faz. O chalumeau é assim um parente distante do clarinete e caiu em desuso na medida que o clarinete foi sendo aperfeiçoado. O segundo disco traz concertos com misturas de instrumentos mais comuns como flautas transversa e doce, oboés e fagotes, com os tradicionais instrumentos de cordas e tiorbas, alaúdes, cravos e órgão. Entre os concertos deste disco, não deixe de notar o intitulado “Il Proteo o sia il Mondo al rovescio” e o que foi composto para “Sua Altezza Reale di Sassonia”! Nobres concertos. O título do primeiro concerto – O Mundo Virado de Cabeça para Baixo – refere-se ao violino e o violoncelo alternando-se no solo do concerto no mesmo intervalo tonal. Este disco individual foi postado pelo próprio PQP Bach.

Chalumeaux feitos pelo Gilles

Os músicos tocam instrumentos de época, mas isso não deve afastar nossos queridos leitores que preferem os instrumentos tradicionais. Nada aqui é agressivo ou abrasivo. Pelo menos aos meus ouvidos. Na verdade, se você estiver esperando os trompetes e fanfarras, vai se surpreender com a delicadeza e variedade dos sons. Vá em frente e deleite-se nesta superdose de música barroca italiana, produzida pela imaginação fervilhante do Petre Rosso, o Padre Vermelho!

Gilles Thomé ensaiando antes de você baixar os discos…

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerti con Molti Instrumenti, Volume 1

Chalumeaux & Clarinettes – Integrale

  1. [1-3] – Concerto em dó maior, RV 558 para duas flautas doces, dois chalumeaux, duas tiorbas, dois bandolins, dois violinos “in tromba marina” e violoncelo
  2. [4-7] – Concerto em si bemol maior, RV 579 – “Funebre”, para dois oboés “sordini”, chalumeau, três violas “alle inglese” e violino
  3. [8-10] – Concerto em dó maior, RV 555 para duas flautas doces, oboé, chalumeau, dois trompetes, violino, duas “violette inglesi” e dois cravos
  4. [11-13] – Concerto em dó maior, RV 560 para dois oboés, dois clarinetes, cordas e baixo contínuo
  5. [14-16] – Concerto em dó maior, RV 559 para dois oboés, dois clarinetes, cordas e baixo contínuo
  6. [17-19] – Concerto em dó maior, RV 556 “Per la Solennita di S. Lorenzo”, para duas flautas doces, dois oboés, dois clarinetes, fagote, dois violinos, cordas e baixo contínuo

Ensemble Matheus

Gilles Thomé, chalumeau e clarinete

Jean-Christophe Spinosi, solo de violino e direção

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Jean-Christophe Spinosi

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerti Con Molti Instrumenti, Volume 2

  1. [1-3] – Concerto No. 3 em sol menor, RV 577 – “Per l’Orchestra di Dresda”, para violino, dois oboés, duas flautas doces, dois fagotes e orquestra
  2. [4-6] – Concerto em fá maior, RV 572 – “Il Proteo o sia  il Mondo al rovescio”, para violino, duas flautas transversas, dois oboés, cravos, violoncelo e orquestra
  3. [7-9] – Concerto em ré menor, RV 566 para dois violinos, dois oboés, duas flautas doces, fagote e orquestra
  4. [10-12] – Concerto em lá maior, RV 585 – “In Due Cori”, para quatro violinos, quatro flautas doces, dois órgãos e duas orquestras
  5. [13-15] – Concerto em dó maior, RV 556 [2ª. Versão] – “Per la Per la Solennita di S. Lorenzo”, para dois violinos, duas flautas doces, dois oboés, fagote e orquestra
  6. [16-18] – Concerto em dó maior, RV 557 para dois violinos, dois oboés, duas flautas doces, fagote e orquestra
  7. [19-21] – Concerto em sol menor, RV 576 – “Sua Altezza Reale di Sassonia”, para violino, oboé, duas flautas doces, dois oboés, fagote, contrafagote e orquestra

Ensemble Matheus

Jean-Christophe Spinosi, solo de violino e direção

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MP3 | 320 KBPS | 157 MB

O próprio Vivaldi veio dar uma conferida

Veja o que um crítico (quase) anônimo disso no Amazon sobre o primeiro disco: Consacré aux clarinettes et chalumeaux, le volume 1 fait entendre des instruments en buis fabriqués par Gilles Thomé qui en joue ici avec un art consommé. Ecoutez par exemple son poétique dialogue crépusculaire avec le violon de J.C. Spinosi dans le Largo e cantabile du « per la solennita di S. Lorenzo »

O Volume 1 é consagrado aos clarinetes e chalumeaux, instrumentos de madeira fabricados por Gilles Thomé que os toca com arte consumada. Escute por exemplo seu poético diálogo crepuscular com o violino de J. C. Spinosi no Largo e cantabile do “Per la Solennita di S. Lorenzo”

Ele está se referindo à faixa 18 do Volume 1. Baixe o disco e confira!

René Denon

.: interlúdio :. O legendário João Gilberto

.: interlúdio :. O legendário João Gilberto

Sem Palavras

 

Apenas nossa homenagem!

The Legendary João Gilberto

  1. Chega de Saudade – (Antônio Carlos Jobim – Vinicius de Moraes)
  2. Desafinado – (Antônio Carlos Jobim – Newton Mendonça)
  3. Samba de Uma Note Só – (Antônio Carlos Jobim – Newton Mendonça)
  4. O Pato – (Jayme Silva – Neuza Teixeira)
  5. Bolinha de Papel – (Geraldo Pereira)
  6. Amor em Paz – (Antônio Carlos Jobim – Vinicius de Moraes)
  7. Trevo de 4 Folhas – (Mort Dixon – Harry Woods)
  8. O Barquinho – (Roberto Menescal – Ronaldo Bôscoly)
  9. Lobo Bobo – (Carlos Lyra – Ronaldo Bôscoly)
  10. Bim Bom – (João Gilberto)
  11. Hô-Bá-Lá-Lá – (João Gilberto)
  12. Aos Pés da Cruz – (Marino Pinto – Zé da Zilda)
  13. É Luxo Só – (Ary Barroso – Luiz Peixoto)
  14. Outra Vez – (Antônio Carlos Jobim)
  15. Coisa Mais Linda – (Carlos Lyra – Vinicius de Morais)
  16. Este Seu Olhar – (Antônio Carlos Jobim)
  17. Trenzinho – (Lauro Maia)
  18. Brigas, Nunca Mais – (Antônio Carlos Jobim – Vinicius de Moraes)
  19. Saudade Fez Um Samba – (Carlos Lyra – Ronaldo Bôscoly)
  20. Amor Certinho – (Roberto Guimarães)
  21. Insensatez – (Antônio Carlos Jobim – Vinicius de Moraes)
  22. Rosa Morena – (Dorival Caymmi)
  23. Morena Boca de Ouro – (Ary Barroso)
  24. Maria Ninguém – (Carlos Lyra)
  25. A Primeira Vez – (Bide – Marçal)
  26. Presente de Natal – (Nelcy Noronha)
  27. Samba da Minha Terra – (Dorival Caymmi)
  28. Saudade da Bahia – (Dorival Caymmi)
  29. Corcovado – (Antônio Carlos Jobim)
  30. Só em Teus Braços – (Antônio Carlos Jobim)
  31. Meditação – (Antônio Carlos Jobim – Newton Mendonça)
  32. Você e Eu – (Carlos Lyra – Vinicius de Morais)
  33. Doralice – (Antônio Almeida – Dorival Caymmi)
  34. Discussão – (Antônio Carlos Jobim – Newton Mendonça)
  35. Se é Tarde, me Perdoa – (Carlos Lyra – Ronaldo Bôscoly)
  36. Um Abraço no Bonfá – (João Gilberto)
  37. Manhã de Carnaval – (Luiz Bonfá – Antônio Maria)
  38. Medley: O Nosso Amor/A Felicidade – (Antônio Carlos Jobim – Vinicius de Moraes)

Compilação de Gravações de 1958 a 1961

Transferências para a mídia digital: Ron Macmaster

Foto da Capa: Francisco Pereira (1958)

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Valeu!

René Denon

Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano No. 5, Op. 73 – Emperor – Christoph Eschenbach – Boston SO – Seiji Ozawa

Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano No. 5, Op. 73 – Emperor – Christoph Eschenbach – Boston SO – Seiji Ozawa
Capa original do LP & Cassette

Ludwig van Beethoven

Emperor

Fantasia Coral

O que torna um disco, uma gravação, tão especial para alguém, mesmo depois de dezenas de anos? Algumas gravações, alguns discos, entram em nossas vidas e depois seguem suas vidas de objetos que se vão. Mas, de quando em vez, nos deparamos com algo especial. Quando esta gravação do Imperador, com Christoph Eschenbach ao piano, acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Boston, regida pelo Seiji Ozawa, chegou em minhas mãos em um cassette, eu já conhecia a gravação do Stephen Kovacevich (naqueles dias, Bishop-Kovacevich) acompanhado da Sinfônica de Londres regida pelo (depois Sir) Colin Davis.

Eu ouvia uma, depois a outra, depois de novo uma e assim por diante, na vã tentativa de estabelecer uma preferida. Acho que naqueles dias, por um fio de cabelo, ganhou Eschenbach. O que me inclinou nesta direção foi a maravilhosa, a mágica transição do Adagio um poco mosso – attacca, para o Rondo – Allegro. Este momento do concerto, na minha opinião, é fundamental. Esta é a razão de eu ter, nos arquivos em mp3, unido em um único arquivo as duas faixas. Assim tenho a certeza que este momento estará lá, quando você ouvir.

Capa da gravação rival…

Falávamos outro dia entre amigos sobre antigas gravações – jurássicas – no nosso jargão. Pois bem, aqui temos um típico Jurássico CD. O que nos faz voltar a estas gravações antigas? Há tantas novas, mesmo novíssimas, tentadoras e interessantes. Bem, primeiro, uma coisa não necessariamente exclui a outra. Mas eu acredito que queremos continuar experimentando a magia que uma vez lá percebemos.

No caso desta gravação do Imperador, ouvi tudo de novo. Lá estava, bem no início, a maneira imperiosa e arrebatadora com a qual Beethoven abre o concerto. Todos nós sabemos o quanto os primeiros momentos são importantes para agarrar a atenção do ouvinte. E o momento da transição do Adagio para o Rondo? Continuei esperando a última nota do Adagio, com a respiração suspensa, até o súbito irromper do Rondo, a magia intacta.

Se eu tivesse conhecido apenas esta gravação do Imperador, ainda sim saberia que se trata de uma obra prima. Não seria este o critério máximo para atribuir algum tipo de valor a uma gravação? Eu não conheço outro.

Quanto a Fantasia para Piano, Coro e Orquestra, em dó menor, Op. 80, interpretada pelo competentíssimo Jörg Demus, acompanhado dos vienenses? Bem, até Beethoven tinha que por pão na mesa e essas fantasias faziam realmente muito sucesso. A peça serve para levar o tempo do CD para 59 minutos e é até bonitinha. Mas não se deixe levar, o CD é do Imperador.

Christoph Eschenbach

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano em mi bemol maior, Op. 73 – Emperor

  1. Allegro
  2. Adagio um poco mosso – attacca:
  3. Allegro

Christoph Eschenbach, piano

Boston Symphony Orchestra

Seiji Ozawa

  1. Fantasia para Piano, Coro e Orquestra, em dó menor, Op. 80

Jörg Demus, piano

Wiener Singverein

Wiener Symphoniker

Ferdinand Leitner

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Jurássico!!

Jurássico, mas a magia ainda está lá!

René Denon

Claude Debussy (1862-1918): Images I e II – Estampes – Ivan Moravec, piano

Claude Debussy (1862-1918): Images I e II – Estampes – Ivan Moravec, piano

Ivan Moravec plays Debussy

O concerto foi na Sala Cecília Meireles e a primeira parte do programa foi o Concerto para Piano de Schumann. Lindo. O último movimento, arrebatador, como se espera de um autêntico concerto romântico. A pianista Sylvia Thereza, que eu não conhecia, tem excelentes credenciais e fez mais do que jus à obra.

Palmas, muitas palmas, ela voltou umas três vezes ao palco para agradecer nosso entusiasmo e então ficamos quietinhos quando ela anunciou que tocaria Reflexos na Água, de Debussy. Como foi bonito. Ficamos lá, nós e os jovens músicos da orquestra, todo o mundo na pontinha da cadeira, por cinco minutos, ouvindo uma beleza de música, um refrescante contraste com o romantismo da peça que ouvíramos antes.

Lembrei-me então do disco que estou postando hoje: Ivan Moravec plays Debussy. Bons discos de Debussy não são muitos e excelentes então, nem se diga. É bem fácil errar a mão com este compositor. Além disso, o som também é muito importante, para podermos apreciar os mil efeitos que ele produz e que compõem as suas ideias musicais.

Neste disco temos uma feliz combinação de compositor – repertório – intérprete, completado por um excelente trabalho técnico, apesar do selo relativamente pouco conhecido, MMG – Vox Cum Laude.

O pianista Ivan Moravec nasceu em Praga, teve grande renome e atinha-se a um repertório centrado principalmente na obra de Chopin e compositores tchecos.

Claude tomando um solzinho de outono em Camboinhas…

Quando gravava alguma obra, era como resultado de muita dedicação e experiência. Aqui nas páginas deste blog você encontrará alguns concertos para piano de Mozart interpretados por ele, que foram postados pelo FDP Bach (aqui e aqui). Encontrará também os Noturnos de Chopin, postados pelo Vassily Genrikhovich (aqui). A postagem do Vassily foi feita na ocasião da morte de Moravec, em 2015 aos 84 anos.

O disco desta postagem começa exatamente pela Reflets dans l’eau (Reflexos na água), a primeira da série Images, livre 1. O disco é composto pelas duas séries de três peças chamadas Images, além de Estampes, outra série de três peças. Moravec devia saber que dez é o número da totalidade, pois acrescentou uma intrigante peça do primeiro livro dos Préludes, chamada Des pas sur la neige, entre as duas Images e Estampes. Os títulos das peças de Debussy são muito bonitos e mesmo poéticos. Mas eles apenas reforçam a impressão causada pela peça. No caso dos Préludes, Debussy insistia que o nome viesse apenas no final da peça.

Você poderá ler cada um dos nomes das peças e descobrir um pouco sobre cada um deles. Os que eu mais gosto são Et la lune descend sur le temple qui fut, Soirée dans Grenade e Jardins sous la pluie. Debussy esnobava dizendo que escolhera o nome Et la lune descend sur le temple qui fut para formar um perfeito verso Alexandrino.

Max também produziu a integral das sonatas para piano de Beethoven com Richard Goode!

Falta mencionar um importante nome que aparece sempre em letras pequeninas no livreto, quando aparece. A produção deste fenomenal disco é de Max Wilcox, uma lenda para as pessoas que sabem da importância dos produtores na história das gravações. Max produziu praticamente todos os LPs de Arthur Rubinstein. Produziu também muitos discos do Emerson Quartet. Você poderá assistir aos depoimentos de Max Wilcox e Da-Hong Seetoo sobre suas experiências como produtores aqui. A discografia de Max é imensa e ele foi uma das pessoas que elevou o papel de produtor de discos a um nível artístico. Meu lema é: “Se é Max, é bom!” Com sorte, pode ser excepcional, como é o caso desta preciosidade aqui.

Claude Debussy (1682 – 1918)

Images I

  1. Reflets dans l’eau
  2. Hommage à Rameau
  3. Mouvement

Images II

  1. Cloches à travers les feuilles
  2. Et la lune descend sur le temple qui fut
  3. Poissons d’or

Preludes, Livre I, No. 6

  1. Des pas sur la neige

Estampes

  1. Pagodes
  2. Soirée dans Grenade
  3. Jardins sous la pluie

Ivan Moravec, piano

Produção: Max Wilcox

Ivan Moravec

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Este disco merece o selo de ótima qualidade!

René Denon

Francesco Antonio Bonporti (1672-1749): Inventioni, Op. 10 – Chiara Banchini, violino – Jesper Christensen, cravo – Gaetano Nasillo, violoncelo

Francesco Antonio Bonporti (1672-1749): Inventioni, Op. 10 – Chiara Banchini, violino – Jesper Christensen, cravo – Gaetano Nasillo, violoncelo
  • Bonporti

Invenzioni

 

Senhores, abram espaço nos seus HDs, joguem fora aqueles arquivos de conversas do WhatsApp e baixem isto aqui!

Francesco Antonio Bonporti fazia parte da turma de italianos dilettanti di musica, assim como Benedetto Marcello e Tomaso Albinoni. Nascido em berço de ouro, na cidade de Trento, praticava a arte da música por prazer, era um gentiluomo. Pagou de próprio bolso as publicações de suas obras que foram do Opus 1 até o Opus 12 e circularam muito, mesmo em edições piratas.

Francesco Antonio Bonporti

Como era de se imaginar, vindo de família abastada, Bonporti teve acesso ao melhor do que havia em seu tempo. Aos 19 anos recebeu o grau de Doutor em Filosofia em Innsbruck. Estudou teologia no Collegium Germanicum, em Roma e seguiu carreira eclesiástica.

Estudou música com Ottavio Pitoni, que fora regente da Capela do Collegium Germanicum. É possível que tenha estudado com Corelli e certamente conhecia bem as suas obras.

Nesta postagem temos o que há de mais inovador em sua obra, o Opus 10, que coleta dez Invenzioni para violino solo, mas com detalhado baixo contínuo. As peças são sonatas com diversos movimentos, mas o título indica maior liberdade tomada pelo Bonporti ao compô-las.

Chiara Banchini

Nesta gravação temos a excelente violinista Chiara Banchini, acompanhada por Jesper Christensen ao cravo e Gaetano Nasillo ao violoncelo. Sim, eles usam instrumentos originais, mas não temam aqueles nossos leitores que preferem música com instrumentos modernos. O conjunto é excelente e acham a medida certa para apresentar esta maravilhosa e inovadora música.

E para saber quanto essas peças são boas? Afirmo, são excelentes. Vejam, o grande, o imenso Johann Sebastian Bach tinha conhecimento delas e fez cópias de algumas delas (Nos. 2, 5, 6 e 7). Por esta razão, estas peças foram consideradas como do próprio Bach até 1911, quando tudo foi devidamente esclarecido. É pouco ou quer mais?

O que distingue este este conjunto de peças escrito por Bonporti já é indicado pelo título: Invenzioni, Invenções. Livre das convenções acadêmicas, aqui Bonporti dá rédeas soltas à imaginação. Bizaria, fantasia, capricio, ecco e balletto são alguns dos títulos dados aos diversos movimentos. Ele fala assim desta sua obra: Eu compus estas melodias de acordo com um gosto bem especial, em um estilo totalmente incomum.

Depopis desta foto de Trento já liguei para meu agente de viagens…

Francesco Antonio Bonporti  (1672 – 1749)

Invenzioni a violino solo, Op. 10  – [Bologna 1712, Veneza/Trento 1713]

CD1

[1-5] – Invenzioni prima em lá menor

[6-11] – Invezioni nona em fá sustenido menor

[12-15] – Invenzioni quarta em sol menor

[16-19] – Invenzioni quinta em si bemol maior

[20-23] – Invenzioni ottava em mi mmenor

CD2

[1-4] – Invenzioni terza em fá maior

[5-8] – Invenzioni settima em ré maior

[9-12] – Invenzioni seconda em si menor

[13-16] – Invenzioni sesta em dó menor

[17-20] – Invenzioni decima em mi maior

Chiara Banchini, violino Nicola Amati, Crémone 1674

Gaetano Nasillo, violoncelo Barak Norman, Londres c. 1710

Jesper Christensen, cravo Gianfranco Facchini, Ravenne 1996 (de um modelo italiano de 1700)

CD 1 – BAIXE AQUI – CD 1 – DOWNLOAD HERE

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MP3 | 320 KBPS | 109 MB

CD 2 – BAIXE AQUI – CD 2 – DOWNLOAD HERE

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CD 2 – BAIXE AQUI – CD 2 – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 100 MB

Chiara Banchini

Não é por pouco que Bach tenha se interessado por estas Invenzioni.

Ouçam e depois me contem!

René Denon

.: interlúdio :. Raphael Rabello: Todos os Tons

.: interlúdio :. Raphael Rabello: Todos os Tons

Todos Os Tons

Raphael Rabello

Para este interlúdio escolhi um disco onde tudo é brasileiro: os músicos, os compositores, a gravação e a manufatura do disco. Há um único simpatizante, pero és um hermano.

O personagem principal, Raphael Rabello, merece toda a nossa reverência e apreciação. Músico completo, nasceu e viveu amadrinhado e em claro compadrio com a música. Realmente é muita pena que se tenha ido tão cedo. Neste disco ele toca músicas de Tom Jobim.

Há dois convidados especiais para o disco. Um é Paco de Lucia, que empresta um sotaque flamenco à primeira faixa do disco – o Samba do Avião. O outro é o próprio Tom Jobim, que anuncia sua presença na faixa oito – Garoto, tocando o piano.

Todos os outros músicos são parceiros de Raphael Rabello, pessoal de primeiríssima linha, como o Paulo Moura, o Luiz Avelar. Os créditos estão todos bem indicados na relação das músicas logo a seguir.

Nas faixas cinco e dez – Modinha e Luiza – Raphael Rabello se apresenta solo.

Você poderá ler uma crítica equilibrado do álbum aqui. Além disso, se você quiser saber mais detalhes da vida deste importante músico, poderá se interessar pela sua biografia, escrita por Lucas Nobile, com o atraente título O Violão em ErupçãoVocê poderá ler uma sinopse do livro aqui.

Se exigissem que eu escolhesse a música mais linda do disco eu diria Anos Dourados e Luiza, em nenhuma ordem. Entendo, você deve estar vendo alguma incoerência. Esqueça, não há.

TODOS OS TONS

01. Samba Do Avião

Compositor: Tom Jobim
Músicos: Armando Marçal (Marçalzinho), percussão
Dininho (Horondino Reis da Silva), baixo 5 cordas
Paulinho Braga, bateria
Raphael Rabello, violão
Participação Especial: Paco de Lucia, violão
Arranjos: Raphael Rabello

02. Samba De Uma Nota Só

Compositores: Newton Mendonça e Tom Jobim
Músicos: Dininho (Horondino Reis da Silva), baixo 5 cordas
Mamão (Ivan Conti), bateria
Raphael Rabello, violão
Arranjos: Raphael Rabello

03. Passarim

Compositor: Tom Jobim
Músicos: Dininho (Horondino Reis da Silva), violão baixo
Mamão (Ivan Conti), bateria
Raphael Rabello, violão
Arranjos: Raphael Rabello

4. Retrato Em Branco E Preto

Compositores: Chico Buarque e Tom Jobim
Músicos: Jaques Morelenbaum, violoncelo
Luiz Avellar, piano
Raphael Rabello, violão
Arranjos: Paulo Jobim e Raphael Rabello

05. Modinha

Compositores: Tom Jobim e Vinícius de Moraes
Músico: Raphael Rabello, violão 7 cordas
Arranjos: Raphael Rabello

06. Garota De Ipanema

Compositores: Tom Jobim e Vinícius de Moraes
Músicos: Luizão Maia, baixo 5 cordas
Raphael Rabello, violões
Wilson das Neves, bateria
Arranjos: Raphael Rabello

07. Anos Dourados

Compositores: Chico Buarque e Tom Jobim
Músicos: Dininho (Horondino Reis da Silva), baixo 5 cordas
Luiz Avellar, teclados
Luiz Avellar, piano
Raphael Rabello, violão
Arranjos: Luiz Avellar e Raphael Rabello

08. Choro (Garoto)

Compositor: Tom Jobim
Músicos: Leo Gandelman, saxofone soprano
Nico Assumpção, baixo 6 cordas
Raphael Rabello, violão 7 cordas
Wilson das Neves, bateria
Participação Especial: Tom Jobim, piano
Arranjos: Paulo Jobim, Raphael Rabello e Tom Jobim

09. Pois É

Compositores: Chico Buarque e Tom Jobim
Músicos: Nico Assumpção, baixo 6 cordas
Raphael Rabello, violões
Participação Especial: Paulo Moura, saxofone alto
Arranjos: Nico Assumpção, Paulo Moura e Raphael Rabello

10. Luiza

Compositor: Tom Jobim
Músico: Raphael Rabello, violão 7 cordas
Arranjos: Raphael Rabello

Gravadora: RCA – BMG Ariola
Produtor: José Milton

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Aproveite, ouça o disco, são uns quarenta minutos de fina, finíssima música. Depois, conte-me você, qual é a música mais bonita…

René Denon

François Couperin (1668-1733): Peças para Piano – Alexandre Tharaud

François Couperin (1668-1733): Peças para Piano – Alexandre Tharaud

tic, toc, choc

Tharaud joue Couperin

Eu gosto de tudo neste disco. A capa é matadora! A mão com os dedos lembrando uma pessoa correndo, sobre fundo preto é uma imagem e tanto. A escolha dos tipos para compor o título, misturando itálicos com normais, bold com simples, as tonalidades, tudo em letras minúsculas depois uma palavra com letras maiúsculas. E o charme do título – tic, toc, choc! Até a casquinha do nautilus do selo harmonia mundi dá a esta capa um toque especial.

François Couperin

O compositor, Couperin, François Couperin (há outros Couperins), deixou um legado de maravilhosas peças para cravo – e aqui temos um piano, o rei dos instrumentos, um grand piano, capaz de tocar desde o mais leve sussurro da ninfa até entoar a trovoada da tempestade. Esse disco é uma destas vencedoras confluências do antigo e do novo.

Tem a maravilhosa escolha do repertório, começando com uma peça de nome intrigante – Les baricades mistérieuses. A primeira vez que a ouvi foi em um disco com uma coletânea de peças famosas para cravo, interpretado pelo Trevor Pinnock. Desde então essa peça grudou em minha memória musical. Você ouvirá peças com nomes envolvendo carrilhões, querubins. Algumas peças têm até dois nomes, como a que dá título ao disco: Le tic, toc, choc ou les maillotins. Bruit de guerre, Les tricoteuses. Os títulos servem para despertar a imaginação, para criar um clima, uma atmosfera.

Muséte

As peças foram escolhidas das suítes que Couperin publicou ao longo da vida e eram chamadas Ordres. O próprio Couperin esperava que os intérpretes escolhessem as peças e montassem as suas próprias Ordres, como fez aqui o Tharaud.

Ouça o disco, mesmo que você tenha preferência por ouvir música interpretada pelo instrumento para o qual ela foi originalmente escrita. Ande, permita-se esta pequena indulgência, ouça este prazeroso disco. Aposto uma cocada que você não se arrependerá.

François Couperin (1668 – 1733)

  1. Les Baricades Mistérieuses (6e ordre)
  2. Le Tic-Toc-Choc ou Les Maillotins (18e ordre)
  3. La Couperin (21e ordre)
  4. Les Calotines (19e ordre)
  5. Les Ombres Errantes (25e ordre)
  6. Les Tricoteuses (23e ordre)
  7. Le Carillon de Cithére (14e ordre)
  8. Muséte de Taverni (à 5 mains) (15e ordre)
  9. Les Rozeaux (13e ordre)
  10. L’Atalante (12e ordre)
  11. Passacaille (8e ordre)
  12. La Muse Plantine (19e ordre)
  13. Les Tours de passe-passe (22e ordre)
  14. Bruit de guerre (extrait de La Triomphante) (10e ordre)*
  15. Le Dodo ou L’Amour au berceau (15e ordre)
  16. La Visionnaire (25e ordre)
  17. La Logivière (5e ordre)
  18. Les Juméles (12e ordre)
  19. Les Chérubins ou l’aimable Lazure (20e ordre)
  20. Jacques Duphly: La Pothouïn (4e Livre de Pièces pour clavecin)

Alexandre Tharaud, piano

*com a participação de Pablo Pico, tambor Dawul  

Direção artística: Cécile Lenoir

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Alexandre vai sair do concerto direto para a Festa Junina do PQP.

Permita-se esta pequena indulgência, ouça este prazeroso disco. Aposto um pé-de-moleque que você não se arrependerá.

René Denon

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Invenções / Sinfonias / Suíte Francesa Nº 5 – Till Fellner, piano

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Invenções / Sinfonias / Suíte Francesa Nº 5 – Till Fellner, piano
ECM, ótima gravadora, mas as suas capas…

A Arte da Invenção

Este disco poderia ser um exercício didático, e como tal, poderia ser rather dull, como dizem os ingleses, meio chatinho. Mas ao contrário, o disco traz uma coleção de pequenas pérolas, música para se ouvir miles de vezes.

A coleção de Invenções e Sinfonias, quinze de cada, foi escrita para fins didáticos. Johann Sebastian as preparou primeiro para seu filho mais velho, Wilhelm Friedemann. A fonte mais antiga destas composições é o Clavier-Büchlein for Wilhelm Friedemann Bach. Mas toda a filharada e agregados e muitos outros mais usaram dessas obras de Bach para se tornarem excelentes músicos.

As Invenções foram escritas a duas vozes em contraponto e as Sinfonias a três vozes em contraponto. O próprio Bach explica o que se deve esperar ao estudá-las. Veja uma livre tradução do longo título dado à coleção numa bela cópia à mão que chegou até nós:

Instruções para o uso didático das Invenções e Sinfonias

Instrução direta

para aprender a tocar claramente a duas vozes, mas também, para depois de progredir, lidar corretamente e bem com três partes obbligato; e também adquirir ao mesmo tempo não apenas boas inventiones, mas a habilidade de desenvolvê-las bem, e acima de tudo, cultivar um estilo cantabile de tocar e ganhar desde o começo uma forte perspectiva de composição.

Você encontrará mais informações sobre as Invenções e Sinfonias aqui.

Ganha um doce quem descobrir qual destas peças é usada como um ringtone.

O pessoal caprichava na letra! Era uma maneira de mostrar o quanto era valioso esse caderno.

Completando o repertório do disco temos a Suíte Francesa No. 5, em sol maior, BWV 816. A conexão desta peça com as Invenções e Sinfonias é que a suite, de certa forma, também é material instrucional. As cinco primeiras das seis suítes que formam a coleção que chamamos Suítes Francesas, constavam do Notenbüchlein für Anna Magdalena Bach, abrindo este conjunto de obras usadas para fins didáticos e para entretenimento doméstico.

Cada suíte é formada por um conjunto de danças. As danças Allemande, Courante, Sarabande e Gigue são comuns a todas as suítes. Em cada uma delas, Bach introduz mais algumas danças, que variam de suite para suite. No caso da Suíte No. 5, essas danças são Gavotte, Bourrée e Loure. A Suíte Francesa No. 5 é uma das mais tocadas desta coleção e ao chegar na faixa de número 31 deste lindíssimo disco, você entenderá isto perfeitamente.

Till Fellner

Till Fellner é um pianista de pianistas. Ele teve Alfred Brendel entre seus professores. Veja o que Fellner disse desta experiência: Brendel mostrou-me através de sua maneira de tocar e por seus ensinamentos que o compositor vem em primeiro lugar e não o intérprete. Portanto, ao tocar, você deve tentar servir o compositor.

 

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

[1-15] – Invenções, a duas vozes, BWV 772 – 786

[16-30] – Sinfonias, a três vozes, BWV 787 – 801

[31-37] – Suite Francesa No. 5, em sol maior, BWV 816

Till Fellner, piano

Gravação de 2007, no Mozartsaal, Wiener Konzerthaus

Produção de Manfred Eicher

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Till chegando ao PQP Headquarters para dar uma entrevista

Ao ouvir este maravilhoso disco, que é uma perfeição da primeira até a última nota, poderá julgar por você mesmo se ele aprendeu bem a sua lição.

Este disco merece nosso Selo de Qualidade!

René Denon

Josquin Desprez (1450-1521): Missa Pange Lingua – Ensemble Clément Janequin & Ensemble Organum – Marcel Pérès

Josquin Desprez (1450-1521): Missa Pange Lingua – Ensemble Clément Janequin & Ensemble Organum – Marcel Pérès

Josquin Desprez

Missa Pange Lingua

Parece incrível, mas houve um tempo no qual as informações eram difíceis de serem obtidas. Consultávamos livros, tentávamos emprestar de algum amigo um ou outro disco ou gravar uma fita cassete para conhecer uma peça de música da qual havíamos ouvido falar. Lembro-me de estar fazendo hora em uma loja de discos que frequentava e ver surgir um mortal qualquer perguntando sobre gravações de música de câmera de Gabriel Fauré. Hoje uma simples busca na internet ou nas páginas do PQP Bach e você receberá uma inundação de possibilidades.

Demorei anos para notar que há um violino de perfil nesta capa…

Uma das minhas fontes de busca de informações era o livrinho Uma Nova História da Música, do Otto Maria Carpeaux. No final do livro há uma lista de obras consideradas por ele fundamentais na evolução da Música Ocidental, colocadas em ordem cronológica. Você poderá ver essa lista aqui. Eu adorava percorrer a lista buscando as peças que já conhecia e sonhando com aquelas que ainda não ouvira.

A postagem de hoje traz a segunda peça da lista do Carpeaux – a Missa Pange Lingua, de Josquin Desprez. Pode ser Des Près ou des Prez. De qualquer forma, Josquin é suficiente.

A missa é de 1516, aproximadamente, e é a peça mais antiga que tenho em minha coleção de música. Josquin é da escola franco-flamenga e foi um compositor importante. Era admirado por Martinho Lutero, que disse sobre ele: “É um mestre das notas, que obedecem aos seus desejos, enquanto outros compositores fazem o que as notas desejam”.

Foi um dos primeiros mestres do estilo de música vocal polifônica da Renascença, que estava surgindo durante seu período de vida. A música que prevalecia antes era o Canto Gregoriano, onde todos cantavam juntos a melodia. A transição deste tipo de música para a música polifônica ocorreu ao longo de séculos e os dois estilos conviveram lado a lado por bom tempo. Josquin certamente tinha conhecimento dos dois estilos.

O nome Missa Pange Lingua se deve ao fato de Josquin ter usado em toda a sua composição a melodia de um hino conhecido, chamado Pange Lingua. O hino é em louvor ao Corpus Christi e a missa claramente foi feita para a Festa de Corpus Christi. Em 1345 uma hóstia foi miraculosamente resgatada intacta de um fogo no qual havia caído. Este fato ficou conhecido como o Milagre de Amsterdam. A devoção que havia ao Santo Sacramento nesta época ajudou a tornar a missa muito conhecida em toda a Europa. Uma outra gravação da Missa Pange Lingua pode ser obtida aqui (Viva, Avicenna!).

Usar uma melodia, mesmo que de obra profana, para uma composição sacra, era comum. Por exemplo, uma melodia conhecida como L’homme armè foi usada por Dufay, por Ockeghem e por Josquin para a composição de famosas missas que levam este nome.

Uma palavra sobre esta específica gravação. A missa é composta do Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei. Na prática, estes movimentos eram diluídos em um contexto que incluía outros cantos, o Introito, Gradual, Aleluia, Ofertório, e o canto da comunhão. A gravação deste disco faz isto. Você notará que estes movimentos são cantados a uma só voz (plainchant). Estes movimentos não foram compostos por Josquin. A maioria são de autores anônimos. Nos movimentos da missa propriamente dita, você ouvirá a polifonia. Além disso, a última faixa do disco é o hino Pange Lingua. Há, portanto, várias possibilidades de audição. É claro que, se os artistas e produtores prepararam assim o disco, é assim que eles esperam que você o ouça. Mas, aqui está a minha sugestão: ouça, nesta ordem, as faixas 11, 2, 3, 6, 8 e 10. O hino é cantado a uma só voz e a sua melodia será usada imediatamente no Kyrie e assim por diante. Depois, faça como quiser… O contraste dos movimentos cantados a uma voz com os movimentos polifônicos é bem interessante. Aqui está a letra do hino Pange Lingua. Nesta gravação não são cantados todos os versos como está nesta letra, mas você perceberá…

Interior da Catedral de São João, em ‘s-Hertogenbosch, Holanda

Assistindo a um documentário sobre Hieronimus Bosch, pintor que morreu em 1516, ano da composição da missa, ouvi uma explicação sobre este tipo de música que tento transcrever aqui. A explicação foi dada por Stratton Bull, o diretor artístico e membro da Cappella Pratensis, conjunto que canta algumas das peças no documentário. “Se Hieronymus Bosch entrasse nesta igreja (em ‘s-Hertogen-bosch, a cidade em que viveu Bosch) em um dia qualquer da semana, ele ouviria uma grande variedade de música. Naquele tempo, a voz humana era essencial para a música devocional. Isto não quer dizer que instrumentos não estavam envolvidos. Haveria um maravilhoso órgão com um organista no prédio e há muitos registros de instrumentos tocando com as vozes. Mas as vozes são, é claro, essenciais para o tipo de música que expressa devoção a Deus. Especialmente através de textos bíblicos e outros textos religiosos. De novo, é a ideia de tomar a palavra e quando a palavra se torna importante, dar a ela uma adicional dimensão. Isto é exatamente o que cantar faz, no lugar de apenas falar. Isto dá a ela uma extra cor e quando se adiciona mais vozes, tudo torna-se mais ornado e complexo”. Josquin sabia disso como poucos.

The Haywain Triptych (1512 – 1515), H. Bosch

Josquin Desprez (1450 – 1521)

  1. Intoït
  2. Kyrie – (Josquin)
  3. Gloria – (Josquin)
  4. Graduel
  5. Alleluia
  6. Credo – (Josquin)
  7. Offertoire
  8. Sanctus – (Josquin)
  9. O Salutaris
  10. Agnus Dei – (Josquin)
  11. Hymne “Pange Lingua”

Ensemble Clément Janequin                          Ensemble Organum

Dominique Visse, contratenor                            Gérard Lesne, contratenor

Michel Laplénie, tenor                                         Josep Benet, tenor

Philippe Cantor, barítono                                     Josep Cabré, barítono

Antoine Sicot, baixo                                             François Fauché, baixo

Direção: Marcel Pérès

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Otto achando muita graça de mim por eu não ter visto antes o violino, na capa do livro dele…

Não é necessário ser religioso para se sentir elevado por esta música. Espero que ouvir o disco seja uma experiência tão gratificante para você quanto tem sido para mim.

René Denon

Domenico Scarlatti (1685-1757): 18 Sonatas – Alexandre Tharaud, piano

Domenico Scarlatti (1685-1757): 18 Sonatas – Alexandre Tharaud, piano

Scarlatti – 18 Sonatas

Como o personagem do livro de Virginia Woolf, Domenico Scarlatti viveu duas vidas em uma, mas não fez mudança de sexo.

Nascido no mesmo ano em que nasceram Johann Sebastian Bach e George Frideric Handel, mostrou talento fenomenal para música desde cedo. Seu pai, Alessandro Scarlatti, era músico famoso e muito bem estabelecido em Nápoles. Exerceu grande influência sobre a carreira do filho. Após a sua morte, em 1725, Domenico começou uma outra vida, pelo menos para a música, e produziu a obra pela qual agora é justamente famoso. Se a sua vida tivesse terminado na primeira etapa, ele teria sido um mestre menor. O que lhe garante o destaque na História da Música são as perto de 550 sonatas para cravo que produziu em sua segunda vida.

Scarlatti, por Velasco, em trajes de Cavaleiro da Ordem de Santiago

Produzidas como exercícios, nelas ele explorou e desenvolveu a técnica do teclado imensamente, mas produziu também verdadeiras pérolas que estão no repertório dos maiores (e menores) pianistas. Nestas peças exuberantes notamos ritmos de danças, muita alegria e elementos da música folclórica da Espanha. Scarlatti, com respeito a técnica do teclado, foi tão inovador quanto seriam, muitos anos depois, Liszt e Chopin. Saltos e arpejos extensíssimos, notas de passagens duplas, cruzamentos de mãos e rápidas repetições de notas. Chopin tinha grande admiração pelas peças de Scarlatti. Vladimir Horowitz sempre teve as suas sonatas em seu repertório e muito fez para o seu reconhecimento. Suas gravações ainda hoje são referências.

Scarlatti conviveu com os nobres e os grandes artistas de seu tempo. Em Roma frequentava os encontros musicais promovidos pelo Cardeal Pietro Ottoboni, que em uma destas ocasiões foi o juiz de um duelo entre os jovens Scarlatti e Handel. Considerados empatados no cravo, o enorme saxão levou a melhor no órgão. A disputa não impediu que os dois extraordinários músicos fossem amigos por toda a vida. Neste círculo de convivência conheceu o Embaixador de Portugal, o Marques de Fontes. Esta conexão o levou posteriormente, após um período em Londres, à Lisboa, onde o rei D. João V o tornou professor de música da Princesa Maria Bárbara de Bragança. A princesa casou-se em 1729 com o Príncipe Fernando de Astúrias, de Espanha, e assim Scarlatti mudou-se para Madri. Scarlatti e sua música tornaram-se espanhóis. A princesa tornou-se rainha e o protegeu por toda a vida.

Maria Barbara quando era a Princesa de Astúrias

Neste disco temos o pianista francês, Alexandre Tharaud, que nos explica a escolha do repertório. As Sonatas K. 239, K. 420 e K. 141 trazem o elemento folclórico da Música Espanhola e o Flamenco. Nas Sonatas K. 72, K. 29, K. 514 e K. 3 destaca-se o estilo virtuosístico. As Danças da Corte estão presentes nas Sonatas K. 430 e K. 64, enquanto as Sonatas K. 208, K. 32 e K. 132 lembram árias de óperas. As Sonatas K. 380, K. 9 e K. 481 são figurinhas carimbadas, aparecem em quase todos os álbuns de música de Scarlatti e Tharaud as estudava desde a adolescência.

Apesar de suas sonatas terem sido compostas para cravo, elas adaptam-se maravilhosamente ao piano. Eu tenho grande predileção pelas gravações de Horowitz, Perahia, Pogorelich, Pletnev e Subdin. Mesmo o despretensioso disco da pianista eslovena Dubravka Tomšič merece atenção. Mas o artista da vez, Alexandre Tharaud, é de primeira grandeza e o disco, com selo Virgin Classics, é muito bem produzido por Cécile Lenoir.

Minha Sonata preferida é a dolente K. 208. Cuidado, ela derreterá seu coração!

A aula da princesa, pintada por Gaspare Traversi

Domenico Scarlatti (1685 – 1757)

  1. Sonata K. 239 em fá maior – Allegro
  2. Sonata K. 208 em lá maior – Adagio è cantabile
  3. Sonata K. 72 em dó maior – Allegro
  4. Sonata K. 8 em sol menor – Allegro
  5. Sonata K. 29 em ré maior – Presto
  6. Sonata K. 132 em dó maior – Cantabile
  7. Sonata K. 430 em ré maior – Non presto mà a tempo di ballo
  8. Sonata K. 420 em dó maior – Allegro
  9. Sonata K 481 em fá menor – Andante è cantabile
  10. Sonata K. 514 em dó amior – Allegro
  11. Sonata K. 64 em ré menor – Gavota: Allegro
  12. Sonata K. 32 em menor – Aria
  13. Sonata K. 141 em ré menor – Allegro
  14. Sonata K. 472 em si bemol maior – Andante
  15. Sonata K. 3 em lá menor – Presto
  16. Sonata K. 380 em mi maior – Andante commodo
  17. Sonata K. 431 em sol maior – Allegro
  18. Sonata K. 9 em ré menor – Allegro

Alexandre Tharaud, piano

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Alexandre agradecendo aos leitores do blog!

A música de Scarlatti é perfeita para ser ouvida numa manhã ensolarada de domingo, garantia-me um querido amigo matemático inglês, já há muitos anos. Agora eu o entendo, perfeitamente!

René Denon

J. S. Bach (1685-1750): Motetos, BWV 225 – 230 & BWV Anh. 159 – The Hilliard Ensemble

J. S. Bach (1685-1750): Motetos, BWV 225 – 230 & BWV Anh. 159 – The Hilliard Ensemble
Não precisa limpar os óculos, a ECM gosta destas capas assim, modernosas…

Motetos, um mar de ondulantes harmonias!

 

Este disco é um forte candidato a meu Disco-do-Ano, mesmo que não tenha sido lançado este ano. Se levarmos em conta a rapidez com que os discos atualmente veem e vão, um disco de 2007 (gravado em 2003) é uma velharia. Mas eu uso outras medidas, outros calendários. Estava de olho nele há tempo e finalmente os nossos caminhos se cruzaram.

O que torna um disco significativo para você, antes mesmo que ouça ainda que seja um pedacinho dele?

É claro que a combinação compositor-repertório atrai logo a atenção. Neste caso, Bach-Motetos, temos uma combinação vencedora. Logo em seguida, e aí quase deterministicamente, intérprete(s). Neste quesito, o disco oferece uma opção interessantíssima, levando os níveis de curiosidade à estratosfera. Mas, antecipo, a combinação autor-repertório-intérpretes, neste caso, não é óbvia, mas absolutamente intrigante. O Hilliard Ensemble é bem conhecido por suas interpretações de música anterior ao período barroco e teve que ser expandido, acrescentando os dois sopranos, um contra tenor e um baixo para realizar o disco. As vozes dos sopranos tornam o som dos Hilliard diferente, mas adequado para o repertório.

No conjunto da música sacra de Bach – Cantatas, Magnificat, Missas, Paixões, Oratórios e mesmo outras peças menores, os Motetos têm uma posição singular.

Veja a definição – moteto é uma composição vocal em estilo polifônico (muitas vozes) sobre um texto bíblico ou prosa similar, para ser usado em um serviço religioso. A palavra moteto tem origem latina, assim como mote (lema, tema, assunto), mot (palavra, em francês), motejo (zombaria). Bon mot – um chiste.

Mesmo nos dias de Bach, esta forma musical era arcaica. Apesar disso, os motetos foram as suas peças vocais que continuaram a ser interpretadas após a sua morte até o renascimento do interesse do público em geral por sua obra, nos fins do Século XIX.

Singet dem Herren…

Em abril de 1789, Mozart fez uma parada em Leipzig durante uma viagem a Berlim. Mozart teria feito improvisações no órgão da Igreja de São Tomás e ficou surpreso ao ouvir o Moteto Singet dem Herren ein neus Lied, cantado pelo Coro de Meninos da Igreja. Ele teria dito: “Finalmente algo do qual se possa aprender”. Pediu que as partituras das diferentes vozes fossem dispostas em cadeiras em torno dele, para que pudesse estudar a música. Ele levou consigo uma cópia da peça. Esta cópia se encontra em uma instituição em Viena e tem uma anotação feita por ele: “Uma orquestra completa deve ser acrescentada”.

Essa observação nos leva às diferentes maneiras de interpretar os Motetos. As suas partituras constam apenas de vozes – soprano, contralto, tenor e baixo. Apenas em um deles tem indicação de acompanhamento de baixo contínuo (Lobet den Herrn, alle Heiden). Alguns são em oito vozes (duplo coro), outros em quatro (ou cinco) vozes. Mas, tradicionalmente, usa-se instrumentos (colla parte) para reforçar as vozes. Outra grande diferença está no número de cantores para cada parte (cada voz). Os grandes coros das interpretações de Karl Richter, Fritz Werner, Wolfgang Gönnenwein cederam vez aos coros com poucos cantores em cada voz, seguindo a tendência das interpretações que observam os instrumentos e técnicas usadas na época das composições. Entre essas distinguem-se as gravações de Gardiner (duas), Herreweghe, Ton Koopmann e Sigiswald Kuijken.

A gravação que postamos aqui vai ainda mais longe. Seguindo a teoria de Joshua Rifkin, temos uma gravação com um cantor apenas para cada voz e nada de instrumentos acompanhando. Apenas no Moteto Lobet den Herrn, alle Heiden temos um acompanhamento de órgão tocando o contínuo da partitura. Temos, portanto, uma versão minimalista das peças, mas nada pequena.

Independentemente do tipo de interpretação ao qual você está apegado, se é que você tem alguma, ouça o disco. Essa formação, aliada à expertise e dedicação do grupo permite que observemos essa maravilhosa música de uma forma nova e essencialmente natural, quase primeva. Vozes humanas recriando um universo sonoro sofisticadíssimo. O escritor E.T.A. Hoffmann comparou os motetos a oito vozes às “ousadas e maravilhosas estruturas da Catedral de Strasbourg…” Recriar catedrais à oito vozes é o desafio a que se propõem os cantores deste disco. Em minha opinião, eles o superam galhardamente.

Vista da Catedral de Strasbourg

Os Motetos Singet dem Herrn ein neues Lied; Der Geist hilft unser Schwachheit auf; Fürchte dich nicht, ich bin bei dir; Komm, Jesu, komm e Ich lasse dich nicht, du segnest mich denn, são a oito vozes (duplo coro). Os dois outros Motetos são a quatro ou cinco (dois sopranos) vozes.

No início de carreira, Richard Wagner foi regente em Dresden. Ele regeu um concerto no dia 22 de janeiro de 1848. No programa, a Sinfonia “Praga”, de Mozart,  o Moteto Singet dem Herrn ein neues Lied, uma cena de Medea, de Cherubini e a Sinfonia Eroica, de Beethoven. Posteriormente, em um ensaio intitulado “A Música do Futuro”, escreveu loas ao moteto, “pelo valor lírico de sua melodia rítmica … ressurgindo em um mar de ondulantes harmonias”. Poético e sensível Richard.

Rosácea, Catedral de Strasbourg

Johann Sebastian Bach (1685-1750)

Motetos BWV 225 – 230 e BWV Anh. 159

  1. Singet dem Herrn ein neues Lied, BWV 225
  2. Der Geist hilft unser Schwachheit auf, BWV 226
  3. Jesu, meine Freude, BWV 227
  4. Fürchte dich nicht, ich bin bei dir, BWV 228
  5. Komm, Jesu, komm, BWV 229
  6. Lobet den Herrn, alle Heiden, BWV 230
  7. Ich lasse dich nicht, du segnest mich denn, BWV Anh. 159

The Hilliard Ensemble

Joanne Lunn, soprano

Rebecca Outram, soprano

David James, contra tenor

David Gould, contra tenor

Rogers Covey-Crump, tenor, órgão

Steven Harrold, tenor

Gordon Jones, barítono

Robert Macdonald, baixo

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Aproveite, nem sempre temos anjos cantando um mar de ondulantes harmonias!

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos de Cordas, Op. 18, 4; Op. 135; Op. 95 – Pavel Haas Quartet

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos de Cordas, Op. 18, 4; Op. 135; Op. 95 – Pavel Haas Quartet

Quarteto de Cordas em dó menor, Op. 18, 4

Quarteto de Cordas em fá maior, Op. 135

Quarteto de Cordas em fá nenor, Op. 95 – Quarteto Serioso

A Integral das Sonatas para Piano ou dos Quartetos de Cordas de Beethoven tornou-se por demais comum neste nosso mundo de excessos. Há uma infinidade de opções de gravações das sonatas e meia infinidade de gravações dos quartetos. Ficamos assim assoberbados com essas possibilidades e até esquecemos que essas obras foram produzidas vagarosamente, ao longo de toda a vida criativa do genioso e genial Ludovico.

Trinta e duas sonatas e dezesseis quartetos, mais uma enorme fuga, formam realmente um conjunto imponente. Onde começar? O que ouvir primeiro?

Começaremos deixando as sonatas para outra ocasião e vamos nos concentrar nos quartetos.

Assim como no caso das sonatas, a composição dos quartetos ocupou Beethoven ao longo de toda a sua carreira de compositor, que é dividida (apenas por razões práticas) em três períodos: Primeiros Anos (1792-1802); Período Heroico (iniciando em 1803, com a Sinfonia Eroica); Fase Final (iniciando em 1814, com a Hammerklavier).

Neste disco temos uma ótima introdução aos Quartetos de Cordas. Portanto, é um excelente convite para quem gostaria de explorar mais este repertório, mas se sente um pouco assoberbado pelo volume da obra. Ah, mas também é uma maravilha para quem já navega bem nestas águas, pois o disco é supimpa!

O disco reúne várias características que eu prezo bastante. É um disco (de certa forma) despretensioso. Gravado pela BBC Music foi vendido nas bancas com o Volume 17, No. 9, da revista. O Quarteto Paavel Haas, que interpreta as obras, é famoso e detentor de inúmeros prêmios, mas em 2007 estava vivendo seus primeiros sucessos. Assim, suas performances neste disco tem um frescor, um sabor de descoberta e uma certa impetuosidade e audácia que geralmente caracterizam as interpretações de jovens e talentosos artistas. Fundado em 2002, o PHQ ganhou em 2007 o título Rising Stars, da European Concert Hall Organization, e de 2007 a 2010 foi o quarteto da BBC New Generation Artists. Além disso, este é o único disco com quartetos de Beethoven na discografia deles ?.

Veja também por que o repertório do disco é interessante.

No seu período inicial, Beethoven produziu seis quartetos, todos publicados como o Opus 18. Isso de publicar em grupos de seis (ou três) peças era típico da época e foi mudando ao longo da vida de Beethoven.

Deste primeiro conjunto temos o Quarteto em dó menor, Op. 18, No. 4. É uma peça bem representativa deste Primeiro Período. Segue os moldes tradicionais vigentes, mas revela vários traços da personalidade do autor: impetuosidade, autoconfiança, bom humor, e tem uma boa pitada de inovação. Estas características são deixadas bem evidentes pelo PHQ. Impetuosidade descreve o primeiro movimento. O segundo, um Scherzo, revela autoconfiança. Não deixe de notar o rascante sotaque do violoncelo. O Menuetto no terceiro movimento é cheio de urgência e o quarteto é arrematado com um Allegretto que revela alguma serenidade e bastante decisão. Os movimentos dos quartetos são descritos (quase que sempre) pelos títulos em italiano e lê-los já é uma fonte de prazer.

O segundo quarteto do disco é a última obra completa que Beethoven compôs. Após este quarteto ele compôs apenas o movimento final (mais curto) do quarteto Op. 130, que usou para substituir o original, que foi publicado separadamente como a Grosse Fuge, Op. 133. Este é o mais compacto dos últimos quartetos e ainda segue o padrão de quatro distintos movimentos. No primeiro movimento você notará certos padrões, como o questionamento e resposta, tensão e distensão, que tornam as peças desse compositor tão atraentes. No segundo movimento, Vivace, note os contrastes sonoros obtidos com as diferentes maneiras de usar os arcos que tocam os instrumentos. A palavra contemplação resume o terceiro e lindo movimento Lento assai, cantante e tranquilo. Este movimento rivaliza-se em beleza com o Heiliger Dankgesang eines Genesenen an die Gottheit, in der Lydischen Tonart. Molto adagio – Andante, o terceiro movimento do Quarteto No. 15, em lá menor, Op. 132 (fica aqui uma dica).

O quarto e último movimento tem uma inscrição que o precede: Der schwer gefasste Entschluss. Muss es sein? Es muss sein! (A difícil decisão: Tem que ser? Tem que ser!) Esta frase está associada ao sentimento de inevitabilidade. O destino: o que tem que ser, será! (Veja o conhecido livro do Kundera, A Insustentável Leveza do Ser.) O movimento tem toda essa coisa de pergunta e afirmação, tensão e resolução, completando assim, a obra.

Para completar o disco, o último dos quartetos considerados do Período Heroico. O Quarteto No. 11, em fá menor, Op. 95, tem o título Quarteto Serioso, devido ao terceiro movimento, Allegro assai vivace ma serioso. Este também é um quarteto compacto, que novamente inicia com muita impetuosidade, típica desta fase do compositor. O quarteto foi composto na mesma época que a Abertura Egmont. Beethoven afirmou em uma carta a Georg Smart que “o Quarteto [Op. 95] foi escrito para um restrito ciclo de connoisseurs e nunca deve ser tocado em público”. A afirmação deve ser considerada em contexto. Na composição deste quarteto Beethoven experimentou várias novas técnicas: desenvolvimentos mais curtos, uso mais acentuado de silêncio e outras coisas mais técnicas. Nada que você não possa lidar… Não deixe de perceber os momentos finais do disco, uma coda para arrematar lindamente um belíssimo e singelo disco.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Quarteto de Cordas em dó menor, Op. 18, 4

  1. Allegro ma non tanto
  2. Scherzo: Andante scherzoso quasi allegretto
  3. Menuetto: Allegro
  4. Allegretto

Quarteto de Cordas em fá maior, Op. 135

  1. Allegretto
  2. Vivace
  3. Lento assai, cantante e tranquillo
  4. Der schwer gefasste Entschluss: Grave, ma non troppo tratto – ůAllegro

Quarteto de Cordas em fá menor, Op. 95 – Quarteto Serioso

  1. Allegro com brio
  2. Allegretto ma non troppo
  3. Allegro assai vivace ma serioso
  4. Larghetto espressivo – Allegretto agitato – Allegro

Pavel Haas Quartet

Veronika Jarůškova, violino

Eva Karová, violino (Op. 18, 4 e Op. 135)

Maria Fuxová, violino (Op. 95)

Pavel Nikl, viola

Peter Jarůšek, violoncelo

Gravado no Warehouse, Londres, em 2008

Produção: Lindsay Kemp

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MP3 | 320 KBPS | 157 MB

Aproveite, baixe o disco, ouça uma vez, duas. Verá que há um universo entre quatro instrumentos de cordas!

René Denon

Gabriel Fauré (1845-1924): Sonatas para Violino – Krysia Osostowicz & Susan Tomes

Gabriel Fauré (1845-1924): Sonatas para Violino – Krysia Osostowicz & Susan Tomes
Place du Théâtre français (1898), por Camille Pissarro (1830-1903)

Sonata para violino No. 1 em lá maior, Op. 13

Sonata para violino No. 2 em mi menor, op. 108

A combinação de um instrumento melódico e um instrumento com teclado (piano, pianoforte ou cravo, dependendo da época) é muito apreciada pelos compositores e há uma enormidade de obras-primas com este formato.

Eu tenho uma especial predileção pelas sonatas para violino e piano produzidas por compositores franceses (e adjacências). Essas peças geralmente combinam graça, sutileza, elegância e sofisticação. Este disco traz duas delas: as sonatas de Gabriel Fauré.

Fauré viveu um período de tremendas mudanças, tanto na música quanto nas coisas do mundo. Quando iniciou sua vida de compositor, na década de sessenta do Século XIX, Chopin, Liszt e Wagner eram compositores de vanguarda. Quando morreu, seis anos depois de Debussy, o mundo havia passado pela Primeira Grande Guerra, Schoenberg era a vanguarda na música e até a Sagração da Primavera havia sido estreada.

Gabriel Urbain Fauré, 1907

Fauré foi membro fundador da Société Nationale de Musique, junto com Saint-Saëns (de quem fora aluno), Bizet, Chabrier, Franck e Massenet. A primeira das duas sonata para violino de Fauré teve sua estreia em um dos concertos da Société, que estimulou enormemente a produção de música de câmera francesa.

Compor era apenas uma das muitas atividades musicais de Fauré, que foi organista, professor e diretor do Conservatório de Paris. Em 1905, Maurice Ravel, que era aluno de Fauré, foi eliminado prematuramente de concorrer ao Prix de Roma (uma importante competição que garantia ao vencedor uma estada de um ano estudando em Roma) pela sexta vez. Essa controvérsia acabou com a demissão do antigo diretor do Conservatório e a indicação de Fauré em seu lugar. Ele mudou radicalmente a administração e o currículo do Conservatório. Instituiu bancas com membros externos e independentes para decidir as novas admissões, exames e competições. Isso acabou com antigos privilégios e favorecimentos que eram dados aos alunos particulares dos professores.

Krysia Osostowicz

A primeira sonata foi entusiasticamente recebida em janeiro de 1877 num concerto da Société National de Musique e ganhou uma ótima resenha no Journal de Musique, escrita por Saint-Saëns. A sonata chama a atenção pela sua verve e frescor, revelando a juventude do compositor.

A segunda sonata foi a primeira de uma série de obras-primas camerísticas compostas por Fauré. A sonata tem uma linguagem harmônica mais complexa do que a primeira e transparece as atribulações pelas quais o compositor passava. Fauré, como Beethoven, viveu na surdez seus últimos anos. Além disso, durante a composição da sonata, entre 1916 e 1917, seu filho estava em serviço militar.

Susan Tomes

Mas nada de preocupações, o disco é excelente, as intérpretes, Krysia Osostowicz, violino, e Susan Tomes, piano, são excelentes. Ambas são membros do Quarteto Domus e experts em música de câmera. A produção do disco, aos cuidados de Andrew Keener, é excelente. O selo Hyperion empacota tudo e arremata a encomenda com mais uma de suas capas maravilhosas.

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Sonata para violino No. 1, em lá maior, Op. 13
  1. Allegro molto
  2. Andante
  3. Allegro vivo
  4. Allegro quasi presto
Sonata para violino No. 2, em mi menor, Op. 108
  1. Allegro non troppo
  2. Andante
  3. Allegro non troppo

Krysia Osostowski, violino

Susan Tomes, piano

Produção: Andrew Keener

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MP3 | 320 KBPS | 114 MB

Aproveite para apreciar a juventude da primeira e a maturidade da segunda sonata!

René Denon

Stephen Hough’s Spanish Album – Peças de A. Soler, E. Granados, I. Albeniz, F. Mompou, F. Longas, C. Debussy, M. Ravel, F. X. Scharwenka, W. Niemann e S. Hough

Stephen Hough’s Spanish Album – Peças de A. Soler, E. Granados, I. Albeniz, F. Mompou, F. Longas, C. Debussy, M. Ravel, F. X. Scharwenka, W. Niemann e S. Hough

Peças para Piano 

Vários Compositores

 

Uma alusão à música espanhola nos traz à memória uma variedade de ritmos e estilos que vão do violão clássico, passando pelo flamenco, zarzuela e outros. Esses ritmos e estilos inspiraram compositores de Espanha e de outros países também.

Como não pensar no Capricho Espanhol, de Rimsky-Korsakov, na ópera Carmen, de Bizet ou no balé El amor brujo, de Manuel de Falla?

A música tem esse poder de evocar lembranças em todos os nossos sentidos: sons, cores, temperatura e sabores – tudo junto e misturado.

O disco desta postagem nos transporta para um mundo de paixões e misticismo. Você identificará em cada faixa algum aspecto da cultura espanhola e ficará surpreso ao perceber que nem todas as peças foram compostas por espanhóis.

O disco merece ser ouvido muitas vezes. Primeiro por sua simples beleza e sensualidade. Depois você perceberá a altíssima qualidade técnica do pianista Stephen Hough, um dos melhores em atividade.

A maneira como o disco foi concebido, desfilando compositores espanhóis, fraceses e de outras nacionalidades, mas também guardando alguma ordem cronológica mostra o cuidado da produção.

Real Alcazar, Sevilha

A sonata do padre Antonio Soler nos lança imediatamente no clima de ritmos empolgantes, de clara evocação espanhola. Soler aprendeu muita coisa com o Domenico Scarlatti!

A sequência também apresenta peças mais poéticas, onde ritmos mais dolentes revelam o caráter apaixonado da cultura espanhola.

Os compositores franceses agregam muita sofisticação e refinamento ao disco.

Stephen Hough

As últimas faixas exibem o aspecto virtuosístico do pianista que compôs a última delas. É a técnica colocada ao serviço da música (e do nosso prazer), não o contrário.

O selo Hyperion é mais uma garantia de qualidade na produção sonora, nas notas do livreto e na escolha da (magnífica) capa. Veja o que disse a Classic CD sobre o álbum: “This is a terrific disc. A master pianist reminds us that the piano can delight, surprise and enchant!”

Stephen Hough’s Spanish Album

  1. Antonio Soler (1729-1783) – Sonata em fá sustenido maior
  2. Enrique Granados (1867-1916) – Valses poéticos
  3. Isaac Albéniz (1860-1909) – Evocación, do livro I, de Iberia
  4. Isaac Albéniz – Triana, do livro II, de Iberia
  5. Frederico Mompou (1893-1987) – Pájaro triste, de Impressiones íntimas
  6. Frederico Mompou – La barca, de Impressiones íntimas
  7. Frederico Mompou – Secreto, de Impressiones íntimas
  8. Frederico Mompou – Gitano, de Impressiones íntimas
  9. Federico Longas (1893-1968) – Aragón
  10. Claude Debussy (1862-1918) – La soirée dans Grenade, de Estampes
  11. Claude Debussy – La sérenade interrompue, dos Préludes, livro I
  12. Claude Debussy – La Puerta del Vino, dos Préludes, livro II
  13. Maurice Ravel (1875-1937) – Pièce em forme de Habanera, arranjo de Maurice Dumesnil (1886-1974)
  14. Isaac Albéniz – Tango, arranjo de Leopold Godowsky (1870-1938)
  15. Franz Xaver Scharwenka (1850-1924) – Spanisches Ständchen, Op. 63, 1
  16. Walter Niemann (1876-1953) – Evening in Seville, Op. 55, 2
  17. Stephen Hough (b 1961) – On Falla (2005)

Stephen Hough, piano

Produção: Andrew Keener

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Stephen Hough esperando a van do PQP para levá-lo ao Castelo do PQP para um fim de semana com a turma…

Se você não ficar fascinado, adicto e dependente deste disco, então eu não sei de mais nada. Este merece nosso Selo RD de (Ótima) Qualidade!

Anda, vai, baixa logo, mas cuidado, material altamente contagiante!

René Denon

J. S. Bach (1685-1750): Partita & Sonatas (Anner Bylsma, Violoncello Piccolo)

J. S. Bach (1685-1750): Partita & Sonatas (Anner Bylsma, Violoncello Piccolo)

Partita em mi maior, BWV 1006

Sonata em sol menor, BWV 1013

Sonata em lá menor, BWV 1003

Anner Bylsma, Violoncello Piccolo

Na primeira vez que este CD cruzou meu caminho, eu não estava preparado para ele. Quando tive uma segunda chance, o dito cujo surgindo de dentro de uma caixa de CDs usados, em um empoeirado sebo, não hesitei e o arrematei na hora.

Música de Johann Sebastian Bach embalada em um excelente selo (deutsche harmonia mundi) com um intérprete famoso – Anner Bylsma – tudo conjurando para que eu sacasse da carteira. Mesmo assim, havia algo estranho no ar, uma duvidazinha restante. Assim como em uma postagem recente aqui no PQP, onde uma violinista famosa toca (ao violino) as Suites para Violoncelo Solo, temos música originalmente escrita para outros instrumentos, aqui interpretada em um violoncelo. Na verdade, um piccolo violoncelo.

Tudo isto demanda atenção e algumas explicações. Vamos a elas. Primeiro, a música. Temos a Partita em lá menor, BWV 1006, e a Sonata em lá menor, BWV 1003, ambas escritas para violino solo. Além delas, a Sonata em lá menor, BWV 1013, originalmente em lá menor, escrita para flauta solo.

Primeira página do Prelúdio da Partita BWV 1006

Você pode estar se perguntando: qual é a diferença entre uma Partita e uma Sonata? Lembre-se, Bach escreveu diversas Sonatas e Partitas e também Suítes para instrumentos vários. Para saber a diferença, damos a palavra aos especialistas. Uma Sonata é [uma composição] tradicionalmente na forma de quatro movimentos e uma Partita (ou Suíte) é um grupo de danças, às vezes precedido de um Prelúdio.

Isto dito, reina a confusão. Em alguns discos, a peça originalmente para flauta é chamada de Partita, aqui é chamada de Sonata. E aí?

Devemos lembrar que no período barroco as formas ainda não estavam bem estabelecidas e uma sonata ou uma sinfonia deste período não tem a mesma formalidade que tomaria no vindouro período clássico. E esse rigor seria devidamente quebrado pelos compositores que viriam ainda depois.

Portanto, por agora, fica assim: movimentos com nomes de danças, como Gavota, Allemande, Sarabanda ou Giga, então é Partita ou Suíte; se os nomes são formais, tais como Allegro, Grave, Largo, Allegretto, então é uma Sonata. Mas há muito mais nesse interessantíssimo tema e você pode aprofundar-se um pouquinho mais aqui ou aqui.

Anner Bylsma

A próxima pergunta é: como um violinista resolve tocar as Suítes para Violoncelo (no seu violino)? No passado, violistas e violonistas se aventuraram nestas águas. Assim como o nosso violoncelista desta postagem, se aventurando em música escrita para instrumentos com registro bem mais alto. O desafio que isto apresenta certamente é uma coisa (a grama do vizinho sempre parece mais verdinha), mas acho que o principal apelo deve vir da música. O próprio Anner Bylsma nos fala um pouco sobre esse disco. Em uma entrevista com Bruce Duffie, que você pode ler aqui, ele explica que o violoncelo piccolo é um instrumento feito para crianças e tem a mesma afinação que um violino. “I couldn’t keep myself from doing the A Minor Sonata for Violin Solo and the E Major Partita”. Perguntado sobre a dificuldade de sobrepor todos os dedos para tocar as peças, ele explica: Sim. O violoncelo piccolo tem mais espaço do que o violino, e soa muito bem porque tem um tom que se mantem, continua soando um pouco mais do que um violino. Isso permite apresentar o contraponto maravilhosamente.

Então é isso, o homem já explicou, a música dança na Partita, é mais solene e dolente nas Sonatas e faz você esquecer qual instrumento está sendo tocado. Assim, como em todo bom disco, depois de um tempo, o que realmente importa é a música. E a se a música é de Bach, então é música que transcende…

Capa de outra edição do disco

Partita em mi maior, BWV 1006

  1. Preludio
  2. Loure
  3. Gavotte en Rondeau
  4. Menuett 1 & 2
  5. Bourrée
  6. Gigue

Sonata em sol menor (original: em lá menor), BWV 1013

  1. Allemande
  2. Corrente
  3. Sarabande
  4. Bourrée anlaise

Sonata em lá menor, BWV 1003

  1. Grave
  2. Fuga
  3. Andante
  4. Allegro

Anner Bylsma, Violoncello Piccolo

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Aproveite esta piccola música do grande Bach, pelas mãos do Anner Bylsma!

René Denon

C.P.E. Bach (1714-1788): Chamber Works (Rachel Podger & Friends)

C.P.E. Bach (1714-1788): Chamber Works (Rachel Podger & Friends)

Carl Philipp Emanuel Bach (1714 – 1788)

Música de Câmera 

 

Eu adoro lojas de discos usados – sebos! A vida toda frequentei estes lugares um pouco mágicos, um pouco marginais, mas sempre interessantes. E os personagens? Os donos, atendentes, frequentadores… Uma verdadeira galeria de personagens. Seria um perfeito ambiente para um bom filme. Sempre que posso, visito um (dos poucos que restaram) na rua Augusta, em São Paulo, e outro, na rua da Travessa, no centro do Rio.

Agora há o sebo virtual. Vocês sabem, lá na internet. Este dá para visitar sem sair de casa. Não é a mesma coisa. Não tem cheiro (só quando a compra chega), não tem papo agradável com a turma, sobre o que está rolando na novela, qual foi o melhor jogador do clássico, essas coisas que a gente só dá valor quando não as tem. Mas, reserva umas boas surpresas, como este disquinho aqui da postagem. A BBC Music Magazine, muito boa revista sobre música e discos, tem a tradição desde seu lançamento de oferecer de brinde, em cada número, um CD com gravações dos seus arquivos. Este da postagem é um deles.

O disco foi gravado em 28 de julho de 2014, no Cadogan Hall, durante o BBC Proms, na seção de música de câmera. O concerto marcou a data histórica dos 300 anos de nascimento de Carl Philip Emanuel Bach.

A violinista barroca, musa de metade e meia da turma do PQP, Rachel Podger, juntou uma patota e preparou um concerto com quatro obras do CPE, que ilustram a sua produção de música de câmera.

Rachel Podger
Carl Philipp Emanuel Bach

As críticas e resenhas falam de Carl Philipp Emanuel Bach como uma figura de ligação entre a música barroca (especialmente a obra de J.S.Bach) e a música clássica (representada pela obra de Haydn e Mozart). No entanto, não é necessário muita leitura, basta relaxar naquela poltrona na qual você se senta para ouvir os arquivos que baixa daqui, e desfrutar um excelente programa de música.

Veja, um disco deste tipo é um retrato de um momento, de um concerto ao vivo, onde imperfeições são parte do pacote, aplausos após cada peça e algum barulho que revela o clima alegre da ocasião.

A seguir, uma livre tradução da resenha que você poderá ler na íntegra aqui.

O programa começa e termina com duas trio sonatas, que ladeiam uma sonata para violino e fortepiano e uma sonata para fortepiano.

A trio sonata para flauta, violino e contínuo, que abre o programa, foi escrita ainda na juventude de CPE, provavelmente sob a supervisão do pai, mas revista posteriormente, em 1747.

A sonata para violino e fortepiano em dó menor, de 1763, é uma peça substancial e mostra o lado mais dramático de CPE. O movimento lento é particularmente sublime e a sonata termina com uma vibrante tarantella.

Na sequência, uma sonata para fortepiano que pertence ao conjunto intitulado für Kenner und Liebhaber (para profissionais e amadores), publicadas em 1785. A sonata tem as típicas características de CPE – grandes contrastes, vôos de fantasia, excentricidade e vivacidade.

A segunda das duas trio sonatas, em dó menor, Sanguineus and Melancholicus, de 1749, é uma obra altamente individual – um animado diálogo entre dois violinos, um alegre e otimista (Rachel Podger) e o outro profundamente melancólico (Bojan Čičić). Basicamente Sanguineus tenta animar Melancholicus, que permanece inconsolável até o último movimento, quando eles se reunem num animado dueto. A obra realmente sumariza o espírito de CPE Bach.

O time liderado pela Rachel Podger é excelente e conta com maravilhoso suporte do tecladista Kristian Bezuidenhout. Se depender de mim, os senhores ouvirão mais coisas deste ótimo músico.

Kristian Bezuidenhout

Carl Philipp Emanuel Bach (1714 – 1788)

1-3. Trio Sonata para flauta, violino e contínuo, em lá maior, H570, Wq. 146

4-6. Sonata para violino em dó menor, H514, Wq. 78

7-9. Sonata para pianoforte em mi menor, No. 5 da Coleção ‘Kenner und Liebhaber’, H281, Wq. 59/1

10-12. Trio Sonata em dó menor, ‘Sanguineus & Melancholicus’, H579, Wq. 161/1

Rachel Podger, violino

Katy Bircher, flauta

Bojan Čičić, violino

Tomasz Pokrzywiński, violoncelo

Kristian Bezuidenhout, pianoforte

 

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Emanuel, dando um suporte para sua majestade!

Que este concerto desperte a sua curiosidade para a música do Calos Felipe Emanuel Ribeiro!

René Denon