Alban Berg (1885-1935): Quarteto Op. 3 & Suíte Lírica – Quatuor Arditti

Alban Berg (1885-1935): Quarteto Op. 3 & Suíte Lírica – Quatuor Arditti

Alban Berg

Quarteto Op. 3

Suíte Lírica

 

Eu sou basicamente um conservador. Bem, eu quero dizer conservador quando se trata de gosto musical. Expandir meu, digamos assim, repertório, sempre exigiu um certo esforço, mas as recompensas sempre vieram e em abundância. Adoro essa palavra…

Custei muito a incluir as peças de Debussy e Bartók em minha dieta musical, mas hoje não vivo sem elas.

Atualmente tenho tentado navegar por águas um tanto geladas, mapeando os mares shostakovichianos, mas não fui muito além do famosíssimo quinteto para piano e cordas e dos concertos para piano, desde que interpretados pela belíssima Anna Vinnitskaya.

Pois assim, como parte das resoluções de fim de ano, decidi me aventurar mais por águas ainda não navegadas. Porém, antes de grandes arroubos, resolvi visitar algumas das minhas tentativas juvenis que haviam restado indecisas e ataquei de Alban Berg. Como tenho uma queda por quartetos de cordas, busquei na prateleira de baixo, aquela que precisamos abaixar e está mais empoeirada do que as outras, meu disco de Quartetos de Alban Berg.

Então, um álbum com música atonal. Sim, aquela que é impossível assobiar um pedaço depois de ouvi-la. Temeridades à parte, do triunvirato da Segunda Escola de Viena, acho Berg o mais acessível. E olha que o Quarteto Op. 3, obra que abre o disco, é a peça de maior fôlego, criado nesta forma de compor, produzida neste período. Veja o que Schoenberg disse desta peça: ‘Este quarteto surpreendeu-me de maneira mais incrível pela riqueza de sua linguagem e pala ausência de restrições, pelo ímpeto e segurança do discurso, pela sua cuidadosa elaboração e significante originalidade’. A apresentação deste quarteto em Salzburgo em 2 de agosto de 1923, durante um concerto realizado pela Sociedade Internacional de Música Contemporânea foi o primeiro grande sucesso de público de Alban Berg.

A Suíte Lírica é uma peça impressionante. Aqui a temos em sua forma original. O nome foi inspirado pelo nome de uma peça de Alexander Zemlinsky, a Sinfonia Lírica, de 1923. Apesar de atonal, a peça tem suas raízes nas tradições vienenses de quartetos de cordas, especialmente os últimos quartetos de Beethoven e na estrutura do Das Lied von der Erde, de Mahler, obra extremamente significativa do início do século XX. Veja que a peça é composta de seis movimentos.

A obra inicia com um Allegretto gioviale, mas se encaminha para um fim trágico, passando por um Presto delirando e desaguando em um Largo desolato. Pois é, acho que o pouquinho de romantismo que restou em Berg o faz assim, mais acessível aos ouvintes acostumados à música tonal. Vide seu deslumbrante Concerto para Violino. Mas, isto fica para outra ocasião! Quanto a você, fique com o convite de navegar estas águas menos percorridas, se é o seu caso. As recompensas podem ser surpreendentes.

Alban Berg (1885 – 1935)

Quarteto Op. 3

  1. Primeiro movimento
  2. Segundo movimento

Suíte Lírica

  1. Allegro gioviale
  2. Andante amoroso
  3. Allegro misterioso
  4. Adagio appassionato
  5. Presto delirando
  6. Largo desolato

Quatuor Arditti

Irvine Arditti, violino
David Albermann, violino
Levine Andrade, viola
Rohan de Saram, violoncelo

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O Quatuor Arditti ou Arditti Quartet já não tem esta mesma formação. Aqui está um update dos membros que participaram desta gravação, mas não mais fazem parte do grupo. Página do segundo violino, agora com a grafia David Alberman pode ser acessada aqui.

Levine Andrade, que tocava a viola, faleceu em 2018. Você poderá ler um obituário aqui.

O violoncelista Rohan de Saram continua ativo e você poderá acessar sua página aqui.

A página do Arditti Quartet atual é esta aqui.

Usei Quatuor Arditti no lugar de Arditti Quartet porque o selo do disco da postagem é francês. Você poderá ler aqui uma entrevista com Irvine Arditti e David Alberman, feita por Bruce Duffie.

Há muitas explicações sobre as motivações para a composição da Suíte Lírica, que envolvem uma paixão impossível, motivos musicais construídos por letras dos nomes dos enamorados e um bocado de teoria musical. Você pode saber mais sobre isto aqui, o programa da peça segundo outro excelente conjunto musical. Mas hoje, as honras são para o ousado Quatuor Arditti.

Aproveite!
René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 9 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 9 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 109 ◦ Op. 110 ◦ Op. 111

 

 

Após a composição das duas sonatas anteriores, ditas para Hammerklavier, ambas com quatro movimentos, sendo que a segunda delas alcançou todos os limites da forma sonata, estabelecendo novos patamares, o que fazer mais? Como prosseguir daqui? Pois a resposta genial veio com a composição de um conjunto de três sonatas que guardam cada uma delas enorme individualidade. Em um sentido, uma volta à proporções menores, mas com uma renovada liberdade. A palavra que me ocorre sempre que penso nestas três sonatas é transcendência. Nelas Beethoven exercita uma enorme flexibilidade e demonstra ainda uma concentrada dose de criatividade. Resumindo: sublimes.

Duas destas sonatas terminam em variações e uma delas em uma fuga. O lirismo também está presente. Não foram as últimas composições para piano do genial Ludovico, mas com elas ele definitivamente terminou o ciclo de sonatas.

Considero essas três peças indispensáveis e já as ouvi inúmeras vezes, com muitos intérpretes. Mas nunca me canso delas. Gosto muitíssimo das gravações do Kovacevich (Philips e EMI), gosto mais da última gravação (creio que ao vivo) do Brendel para a Philips, da gravação menos conhecida da pianista Inger Södergren, no selo Calliope. As Sonatas Nos. 30 e 31 foram gravadas pelo Emil Gilels na Deutsche Grammophon. Alas, ele não chegou a gravar a última sonata, transcendeu. Mas hoje, o dia é de Igor Levit e espero que você, caso tenha chegado até aqui, desfrute também desta gravação e lembre-se da enorme evolução alcançada por um dos maiores compositores de que temos notícia.

Vivat, vivat Beethoven!!

Desenho feito por August von Klöber

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No. 30 em mi maior, Op. 109

  1. Vivace ma non troppo
  2. Prestissimo
  3. Gesangvoll, mit innigster Empfindung. Andante molto cantabile ed expressivo

Sonata para piano No. 31 em lá sustenido maior, Op. 110

  1. Moderato cantabile molto expressivo
  2. Allegro molto
  3. Adagio ma non troppo – Fuga. Allegro ma non troppo

Sonata para piano No. 32 em dó menor, Op.111

  1. Maestoso – Allegro com brio ed apassionato
  2. Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

Igor Levit, piano

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Igor adorando os jardins do PQP Bach!

Esta jornada teria sido impossível sem a condução impecável deste notável pianista e cidadão, Igor Levit! Você poderá ler uma curta entrevista com ele aqui.

Aproveite!

René Denon

Brahms (1833-1897): Sonatas para Violoncelo e Piano – Lynn Harrel & Stephen Kovacevich

Brahms (1833-1897): Sonatas para Violoncelo e Piano – Lynn Harrel & Stephen Kovacevich

Brahms

Sonatas para Violoncelo Nos. 1 & 2

Variações sobre um tema de Handel

Lynn Harrell & Stephen Kovacevich

 

Quando Brahms iniciou a composição da primeira sonata para violoncelo e piano, em 1862, tinha as sonatas de Beethoven por modelo, mas enfrentava diferentes desafios. Desde os dias de Beethoven, o piano se desenvolvera em um instrumento mais poderoso e as composições que precisavam equilibrar dois instrumentos assim diversos apresentavam claras dificuldades. Isto sem contar que nestes tempos de romantismo, ousar escrever uma ‘sonata’ soava como um desafio clássico.

Brahms era, no entanto, um pianista com larga experiência em acompanhar músicos e cantores e já tinha experiência em compor para conjuntos de câmera. Apesar de que esta sonata era sua primeira experiência com apenas dois instrumentos.

Brahms dedicou a sonata a Josef Gänsbacher, um ótimo cantor e também um violoncelista. Parte das soluções que Brahms encontrou para produzir tão linda sonata foi de fazer o piano ‘acompanhar’ o violoncelo que ‘canta’ nos seus registros mais baixos. Para não causar conflito entre os dois instrumentos, nestes momentos o pianista, mesmo quando usa as duas mãos, elas acabam ficando na região dos registros mais altos, dando espaço para o violoncelo. Pois tocar o violoncelo nos registros mais baixos, fazê-lo cantar, não é tarefa assim fácil.

Pois deve ter sido isto que teria causado Gänsbacher afirmar, enquanto ensaiava a sonata com Johannes, conta a história, que não conseguia ouvir a si mesmo. Ao que retrucara prontamente Brahms (mesmo sob o risco de perder o amigo): Você é que tem sorte!

O último movimento da sonata lhe foi acrescentado já no momento da publicação e é uma fuga cujo sujeito é modelado no Contraponto XIII da Arte da Fuga, de Bach. Mais clássico, impossível!

A segunda sonata é resultado de um pedido feito pelo violoncelista Robert Hausmann, do Quarteto Joachim, em 1884. Inicialmente Brahms não mostrou interesse, mas em 1886 a sonata estava pronta e os dois a estrearam em 14 de novembro. O Concerto Duplo, para violino e violoncelo também contou com Hausmann na sua estreia.

Enquanto a primeira sonata ainda tem um certo ar de juventude, a segunda é claramente obra de um grande e maduro compositor, com dois primeiros impetuosos movimentos, clássica mas afinal também composta nos dias de romantismo.

Lynn Harrell

Este disco é o resultado do encontro de dois excelentes músicos, Lynn Harrell e Stephen Kovacevich, que dão, especialmente à segunda sonata, uma urgência que ainda mais enfatiza sua impetuosidade.

O disco ainda nos brinda com a excelente interpretação das Variações Handel, compostas por Brahms levando em conta o terceiro movimento da primeira sonata do segundo livro de Handel. A Sonata de Handel é em si bemol maior HWV 434 e você poderá ouvi-la aqui, na interpretação da excelente Ragna Shirmer. São as três primeiras faixas do disco 1. As Variações estão na faixa 3.

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Sonata para violoncelo No. 1 em mi menor, Op. 38

  1. Allegro non troppo
  2. Allegretto quase Menuetto
  3. Allegro

Sonata para violoncelo No. 2 em fá maior, Op. 99

  1. Allegro vivace
  2. Adagio affettuoso
  3. Allegro appassionato
  4. Allegro molto

8. Variações e fuga sobre um tema de Handel, Op. 24

Lynn Harrell, violoncelo

Stephen Kovacevich, piano

Produção; John Fraser

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MP3 | 320 KBPS | 179 MB

Stephen Kovacevich

Portanto, não deixe para depois, baixe logo os arquivos e aproveite este ótimo álbum, mesmo que você já tenha outras gravações destas lindas sonatas.

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 8 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 8 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 101

Op. 106 – ‘Hammerklavier’

 

Chegamos ao terceiro período de composição de Beethoven. O compositor agora praticamente surdo comunica-se com seus amigos pelos cadernos de conversação. Esta condição e o surgimento de instrumentos com um teclado estendido certamente influenciaram sua maneira de compor. Isto marcaria as suas últimas cinco sonatas.

A Sonata No. 28 em lá maior Op. 101 foi composta em 1818, quando Beethoven passava uns dias em Baden, cidade perto de Viena. No nome desta sonata, Beethoven colocou a palavra Hammerklavier, para indicar que a sonata havia sido escrita para este novo instrumento, assim como fez na outra sonata deste disco: a Grösse Sonate für das Hammerklavier, que para nós e todo o mundo ficou conhecida como a ‘Hammerklavier’. Assim como o fez no caso da Sinfonia Eroica, ao compor esta sonata Beethoven expandiu os limites da forma como nunca havia sido nem imaginado. Demoraria muito para que outras sonatas surgissem com o escopo desta. Para termos uma ideia de sua magnitude, foi composta em 1818, mas apenas em 1836 foi apresentada publicamente, por ninguém menos do que Franz Liszt, na Salle Erard, Paris.

What is greatness in music? Before we talk about spiritual greatness, let us establish this: The art of music also has a physical size – width, height, circumference, time, density, weight, appearance and expression. When Ludwig van Beethoven announced his B Major Sonata op. 106 as a great one, his greatest, even (before a single note had been written down), he meant everything: No other sonata from his pen is longer, more compact in sound, fingering or compositional technique, no other is more comprehensive in the sense of the genres it contains – symphony, aria, choir, dance, fugue. And yet, it is conceived, explored and taxed entirely from the perspective of the piano: piano sound and piano playing that tests all limits, even the suggestive ones. Written between the final symphonies, it aspires to their public relevance and resonance – but as a piano work, as a statement of the individual.

A sonata foi dedicada ao Arquiduque Rodolfo, patrono, aluno e grande amigo de Beethoven. Dizem, os primeiros acordes da sonata seriam uma alusão à frase ‘Vivat, vivat Rudolfo’!

The first bar of Beethoven’s ovational Hammerklavier-Sonata is accompanied with the singing of “Vivat, vivat, Rodolfo”. The composer dedicated his opus 106 to the Archduke Rudolf of Habsburg.

Os textos em inglês são citações de um programa de concerto que pode ser lido na íntegra aqui.

Nesta penúltima postagem das Sonatas para Piano de Beethoven, com a intenção de lembrar com ênfase a passagem de 2020, ano que marca os 250 anos de nascimento do grande Ludovico, gostaria de prestar também uma homenagem ao pianista Igor Levit. Além de enorme artista, como essas suas interpretações atestam, mesmo quando o resultado não cai exatamente ao gosto do ouvinte, Levit destaca-se por sua atitude como ser humano, num mundo tão carente de pessoas de destaque cultural que se posicionem com clareza em relação a tantos temas sociais e políticos. Quando um artista deste quilate recebe um prêmio por esse tipo de atuação, é preciso reconhecer. Assim, hats off para o Levit.

Você poderá ler o artigo que conta como Igor Levit ganhou o ‘Beethovenpreis de Bonn’ por seu compromisso social e político na íntegra aqui.

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No. 28 em lá maior, Op. 101

  1. Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung
  2. Marschmässig
  3. Langsam und sehnsuchtsvoll
  4. Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit

Sonata para piano No. 29 em si bemol maior, Op. 106 ‘Hammerklavier’

  1. Allegro
  2. Assai vivace
  3. Adagio sostenuto. Appassionato e con molto sentimento
  4. Allegro risoluto

Igor Levit, piano

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“Every crowd is curious if you take them seriously” – Igor Levit 
Pois é, e além de tudo, grande pianista! Aproveite!
René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 7 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 7 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 78 ◦ Op. 79 

Op. 81a ‘Les Adieux’ ◦ Op. 90

 

 

Mais um passo nesta série de postagens das Sonatas para Piano de Ludwig van Beethoven, parte das nossas comemorações de 250 anos de seu nascimento.

Após as duas monumentais sonatas postadas no volume anterior, a Waldstein e a Appassionata, temos uma série de pequenas sonatas. É como se o inovador e inesgotável Ludovico precisasse tomar um fôlego e mostrar para a sua audiência também ser capaz de criar lindas e charmosíssimas peças para piano.

A sonata de maior extensão neste disco é a intitulada ‘Les Adieux’ e como muitas outras de suas obras, foi dedicada ao Arquiduque Rodolfo. A sonata tem um caráter programático, fazendo alusão à ocasião na qual o Arquiduque e boa parte da nobreza deixaram Viena por uma temporada, devido ao cerco da cidade pelas tropas de Napoleão. Os movimentos da sonata são intitulados Liebewohl, Abwesenheit e Wiedersehen – Adeus, Ausência e Reunião. A palavra Le-be-wohl foi escrita com as sílabas assim separadas sobre as três primeiras notas da sonata.

As três primeiras sonatas foram escritas por volta de 1809 e 1810. A última sonata do disco, escrita em apenas dois movimentos, é de 1814 e dedicada ao Conde Moritz Lichnowsky. Neste período Beethoven estava usando alemão para deixar as indicações de andamentos dos movimentos de suas obras.

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No. 24 em fá sustenido maior, Op. 78

  1. Adagio cantábile – Allegro ma non troppo
  2. Allegro vivace

Sonata para piano No. 25 em sol maior, Op. 79

  1. Presto alla tedesca
  2. Andante
  3. Vivace

Sonata para piano No. 26 em mi bemol maior, Op. 81a – ‘Les Adieux’

  1. Das Lebewohl. Adagio – Allegro
  2. Das Wiedersehen. Andante expressivo
  3. Das Wiedersehen. Vivacissimamente

Sonata para piano No. 27 em mi menor, Op. 90

  1. Mit Lebhaftigkeit und darchaus mit Empfindung und Ausdruck
  2. Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

Igor Levit, piano

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Aproveite bem esta beleza de disco e prepare-se para as duas últimas postagens da série e que já estão a vir!

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 6 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 6 de 9 – BTHVN250

BTHVN

Op. 49 ◦ Op. 53 Waldstein

Op. 54 ◦ Op. 57 Appassionata

 

As duas sonatinhas (leichten Sonaten) que abrem o disco pertencem ao passado, foram compostas em 1795/6, apesar só terem sido publicadas em 1805, sendo esta a razão para o número de opus 49. Elas são charmosas e muito lindas, e servem para abrir os trabalhos para o que vem pela frente: duas sonatas espetaculares: Waldstein e Appasionata. Cuidado, não subestime a Sonata No. 22, em fá maior, Op. 54, só por estar entre estas obras magníficas. Ela também merece toda a nossa admiração, mas é difícil não falar mais sobre as duas outras monumentais sonatas.

Conde Waldstein, amigo leal do Ludovico!

Na minha opinião, a Waldstein é a sonata mais decisiva entre todas as compostas pelo grande Ludovico. Esta sonata é um marco, uma espécie de Bojador… Se o pianista cruzar esta etapa, estará além, terá transposto as maiores dificuldades e estará pronto para as riquezas que estão a vir.

As sonatas Waldstein e Appassionata são do período heroico do compositor, junto com a Sinfonia No. 3, justamente apelidada ‘Eroica’. Veja o que diz Maynard Solomon: Com as sonatas Waldstein e Appassionata, compostas principalmente em 1804 e 1805, Beethoven transpôs irrevogavelmente as fronteiras do estilo pianístico clássico, criando sonoridades e tessituras que nunca haviam sido antes obtidas. Ele deixou de limitar as dificuldades técnicas de suas sonatas para permitir a execução por amadores competentes (…) As dinâmicas foram grandemente ampliadas; as cores são fantásticas e luxuriantes, aproximando-se de sonoridades quase orquestrais. Ainda Solomon: – os movimentos lentos estão organicamente ligados aos finales, de modo a dar a impressão de obra em dois movimento ampliados.

O livrinho sobre as sonatas para piano de Beethoven, escrito por Denis Matthews, para a coleção Guias Musicais BBC, conta que entre os fatores que contribuíram para a grandeza de estilo sem precedentes da Waldstein está o fato de Beethoven ter adquirido em 1803 um piano Erard, com um compasso a mais no agudo. Isso fizera inclusive que ele reescrevesse certas passagens do Concerto em dó menor. Também é desta época a Sonata a Kreutzer e Leonora (Fidelio) estava já pelo caminho.

Assim, temos mais uma postagem que homenageia este extraordinário compositor, repleta de música maravilhosa, com a interpretação audaciosa e competentíssima de Igor Levit, que nos dá aqui uma palhinha, só para a turma do PQP-Bach.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para piano No. 19 em sol menor, Op. 49, 1

  1. Andante
  2. Allegro

Sonata para piano No. 20 em sol maior, Op. 49, 2

  1. Allegro, ma non troppo
  2. Tempo di Menuetto

Sonata para piano No. 21 em dó maior, Op. 53 – “Waldstein”

  1. Allegro com brio
  2. Adagio molto
  3. Allegretto moderato – Prestissimo

Sonata para piano No. 22 em fá maior, Op. 54

  1. Im tempo d’un Menuetto
  2. Allegretto – Più allegro

Sonata para piano No. 23 em fá menor, Op. 57 – “Appassionata”

  1. Allegro assai
  2. Andante con moto
  3. Allegro ma non troppo – Presto

Igor Levit, piano

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Igor…

Ludovico disse à Andreas Streicher, em castiço alemão: I received your fortepiano the day before yesterday. It is really marvelous, anybody else would like to have it for his own, and I – you may laugh, but I would have to lie if I didn’t tell you that it is too good for me, and why? – because it deprives me of the freedom to create my own tone.

Aproveite mais este lindo disco da série…

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 5 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 5 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 31

 

 

 

Continuamos com as postagens da série das Sonatas para Piano de Beethoven interpretadas por Igor Levit. Agora ultrapassamos a metade do caminho com as três sonatas do Opus 31.

Do ponto de vista da obra de Beethoven, este é um momento importante. As obras produzidas em Bonn e em seus primeiros anos em Viena não ganharam número de opus, não constavam do catálogo oficial do compositor. As obras compostas em Viena, especialmente a partir de 1793, passaram a ter esta numeração e revelam a genialidade de Beethoven. As três Sonatas para piano do Opus 31, de 1802, representam um ponto significativo na carreira de nosso genial homenageado, mas havia muito ainda por vir.

Nesta primeira fase de sua carreira, era comum que Beethoven publicasse grupos de três peças reunidas em um único número de opus. Foi assim com o Opus 1 (Trios com Piano), Opus 2 (Sonatas para Piano), Opus 9 (Trios de Cordas), Opus 10 (Sonatas para Piano), Opus 12 (Sonatas para Violino e Piano), Opus 30 (Sonatas para Violino e Piano) e Opus 31, com as Sonatas para Piano deste álbum. Houve o Opus 18, com os seis primeiros quartetos de cordas e haveria ainda o Opus 59, mais 3 quartetos de cordas. No entanto, com opus 31 Beethoven parece terminar esta fase de sua carreira. Segundo Czerny, pouco depois da composição da Sonata em ré maior, Op. 28, Beethoven teria dito a seu amigo Krumpholz: Estou apenas um pouco satisfeito com minhas obras anteriores. De hoje em diante, tomarei outro rumo.

Assim como nos outros casos de conjuntos de três obras em um mesmo número de opus, neste conjunto de três sonatas, as duas primeiras são mais simples e a última, mais ousada. Realmente, as duas primeiras sonatas têm três movimentos cada e a última, uma típica Sonata Grande, tem quatro movimentos. No entanto, a segunda, intitulada “Tempest”, é possivelmente a mais famosa das três.

Eu gostei bastante da interpretação do Igor Levit para estas três sonatas, onde os movimentos mais rápidos ganharam uma bravura especial.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para piano No. 16 em sol maior, Op. 31, 1

  1. Allegro vivace
  2. Adagio grazioso
  3. Allegretto

Sonata para piano No. 17 em ré menor, Op. 31, 2 – “Tempestade”

  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto

Sonata para piano No. 18 em mi bemol maior, Op. 31, 3 – “Hunt”

  1. Allegro
  2. Allegretto vivace
  3. Moderato e grazioso
  4. Presto con fuoco

Igor Levit, piano

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Igor Levit

Beethoven também produziu dois conjuntos de três obras antes das publicações com números do opus. Há um conjunto de três quartetos com piano, catalogados como WoO. 36, em 1785, e um conjunto de três sonatas para piano, as Kurfürstensonaten, WoO. 47, de 1783. Mas o mais magnífico conjunto de três obras, só que cada uma com seu próprio número de opus, é o formado pelas últimas três sonatas para piano. Você não perde por esperar…

Enquanto isto, aproveitem estas três do Opus 31!

René Denon

Debussy (1862-1918): La Mer – Prélude à l’aprés-midi d’un faune – Images – Orchestre National de France & Daniele Gatti

Debussy (1862-1918): La Mer – Prélude à l’aprés-midi d’un faune – Images – Orchestre National de France & Daniele Gatti

Debussy

La Mer

Orchestre National de France

Gatti

 

Claude Debussy foi um inovador. Um compositor que deixou sua marca especialmente por sua criatividade. Sua obra para piano é magnífica, mas nesta postagem teremos a oportunidade de ouvir algumas de suas contribuições sinfônicas. Temos aqui três obras seminais, que mostram grande originalidade na linguagem musical, na orquestração e também nas suas concepções. Sobretudo no caso da sua obra orquestral mais conhecida – La Mer.

A primeira destas três obras a ser composta foi o Prélude à l’aprés-midi d’un faune, cuja estreia ocorreu em 22 de dezembro de 1894. A peça foi inspirada por um poema de Stéphane Mallarmé e tem as características do estilo inovador que Debussy traria a suas obras. A inspiração grega aparece no uso sensual da flauta, assim como de ousadas harmonias.

A composição de La Mer foi iniciada na Borgonha, longe do mar. O próprio Debussy escreveu para um amigo: Você dirá que o mar não chega perto das colinas da Borgonha, mas eu tenho inúmeras recordações…

A peça é formada por três movimentos (Debussy era chegado em trípticos) e foi o mais perto que ele chegou de escrever uma sinfonia. Mas o mar de Debussy não é de almirante. Ele também não tinha intenção de escrever uma obra programática e chamou a cada movimento de esboço. Esta é uma das peças que maior impacto me causou nas minhas expansões do classicismo para o modernismo, a música do século XX, ao lado da Sagração da Primavera, de Stravinsky e do Concerto para Orquestra, de Bartók.

A última peça do programa, Images pour orchestre é também uma peça belíssima. Tem um tríptico dentro de um tríptico. Ibéria, a parte central, é composta de três movimentos, foi composta primeiro e é às vezes apresentada sozinha, como na linda gravação de Fritz Reiner. Depois Debussy compôs Rondes de printemps. Estas duas peças foram apresentadas juntas pela primeira vez em 1910 e só em 1913 Images completa, com a primeira parte, Gigues, foi apresentada ao público.

Images está impregnada de Espanha e de poesia. Os nomes dos movimentos são um deleite à parte: Par les rues et par les chemins, Le Matin d’un jour de fête…

Este magnífico repertório é apresentado aqui por uma tradicional orquestra francesa, a Orchestre National de France, regida pelo competentíssimo maestro italiano Daniele Gatti. O disco não é uma unanimidade de crítica, mas eu gostei demais. Achei especialmente elegante, com tempos muito bem escolhidos, como esta música sofisticadíssima precisa ser apresentada. A peça que ouvi mais vezes foi o Prélude, talvez por ser mais curta e por que eu gosto muito desta versão. Mas as outras peças estão também muito boas. É claro, vocês sabem, se eu só posto o que eu gosto muito. Não faz muito tempo, FDP Bach postou um disco com este exato repertório, mas as peças não são apresentadas na mesma sequência. O outro disco é também muito bom. Se você quiser ouvi-lo também, acesse aqui.

Claude pegando um bronze aqui em Camboinhas…

Claude Debussy (1862 – 1918)

La Mer

  1. De l’aube à midi sur la mer
  2. Jeux de vagues
  3. Dialogue du vent et de la mer

Prélude à l’aprés-midi d’un faune

  1. Très modéré

Images pour orchestre

  1. Gigues
  2. Iberia – Par les rues et par les chemins
  3. Iberia – Les Parfums de la nuit
  4. Iberia – Le Matin d’un jour de fête
  5. Rondes de printemps

Orchestre National de France

Daniele Gatti

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A música de Debussy é geralmente descrita como ‘impressionista’, mas ele não gostava deste rótulo. Ele disse: ‘Eu tento fazer alguma coisa diferente… o que os imbecis chamam ‘impressionismo’, um termo que é tão pobremente usado quanto possível, particularmente pelos críticos’. Então, nada de chamar a música do cara de impressionista, OK?

Aproveite!

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 4 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 4 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 26, Op. 27 & Op. 28

 

 

Mais uma postagem na série das Sonatas para Piano de Beethoven interpretadas pelo Igor Levit. Agora a postagem vem com quatro sonatas, três delas com apelidos, entre elas a famosa Sonata “Ao Luar”.

Começamos com a Sonata No. 12, chamada “Marcia funebre” e que foi terminada por volta de 1800, na mesma época da Primeira Sinfonia. A Sonata foi dedicada ao amigo (pelo menos por um certo tempo) e patrono, Príncipe Karl von Lichnowsky. A estrutura desta sonata é nada convencional, iniciando com um tema e variações. É verdade que Mozart já fizera isto antes e Beethoven compôs inúmeros conjuntos de variações. Mas o que é bastante inovador é o uso de um movimento intitulado “Marcia funebre”, prenunciando o que aconteceria na sua Terceira Sinfonia. Este movimento foi orquestrado por Beethoven e chegou a ser tocado no seu funeral, em 1827. Esta sonata certamente não era estranha à Chopin!

Princesa Josephina

O Opus 27 contém duas sonatas que foram intituladas “Quasi una fantasia”, indicando que o compositor tomaria algumas liberdades com a forma. No caso da Sonata No. 13, os movimentos se seguem ininterruptamente, como em uma fantasia, que passa de um episódio ao outro. Além disso, não seguem a ordem usual esperada para uma sonata. Esta sonata foi dedicada à Princesa Josephina von Liechtenstein, como era comum ocorrer com as dedicatórias, a alguém da nobreza.

Giulietta Guicciardi

Já isto não é o caso da Sonata “Ao Luar”, que foi dedicada à Condessa Giulietta Guicciardi. Beethoven conheceu a Condessa através de suas duas amigas, as irmãs Therese e Josephine Brunsvik. Beethoven tornou-se professor da Giulietta, candidatíssima à Amada Imortal, indicada para este papel por Anton Schindler. O assistente e biografo de Beethoven que foi bastante contestado em suas informações. Neste caso, a contestação veio de Therese, em favor de sua irmã, Josephine. Altas especulações. O que importa é que a sonata é uma das mais populares e com devida justiça. Em uma interpretação como esta aqui, do Igor Levit, passamos do maravilhoso e surpreendente Adagio inicial, pela distensão do Allegretto, para o tempestuoso e virtuosístico Presto agitato final. Deste movimento, Charles Rosen disse: É o mais desenfreado em sua representação da emoção. Mesmo hoje, duzentos (e vinte) anos depois, sua ferocidade é estonteante!

A Sonata No. 15, Pastoral, é reconhecida por suas dificuldades técnicas e por sua beleza. Foi dedicada ao Conde Joseph Sonnenfels. Em geral, o título Pastoral é dado a uma obra que faz referência ao campo ou à natureza, como é o caso da Sinfonia Pastoral. Não parece ser o caso aqui, onde pode aludir à calma, simplicidade e leveza da sonata. É claro que o nome foi dado pelos editores originais, que o fizeram sem maiores consultas ao Ludwig.

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No.12 em lá bemol maior, Op. 26 – “Marcia funebre”

  1. Andante con variazioni
  2. Allegro molto
  3. Marcia funebre sulla morte d’um eroe
  4. Allegro

Sonata para piano No. 13 em mi bemol maior, Op. 27,1 – “Quasi una fantasia”

  1. Andante – Allegro
  2. Allegro molto e vivace
  3. Adagio con espressione
  4. Allegro vivace

Sonata para piano No. 14 em dó sustenido menor, Op. 27, 2 – “Quasi una fantasia” – “Ao Luar”

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegretto
  3. Presto agitato

Sonata para piano No. 15 em ré maior, Op. 28 – “Pastoral”

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro vivace
  4. Allegro ma non tanto

Igor Levit, piano

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Uma vez, Friedrich Himmel, o pianista real da corte da Prússia, fez uma série de improvisações para Beethoven. Depois que Himmel tocou por um certo tempo, Ludwig mandou: “Muito bem, quando você vai começar? ” Mais tarde ele explicou: “Eu pensei que Himmel estava só preludiando um pouquinho…”

Então é isto, e não deixe de aproveitar!

René Denon

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para Flauta e Cravo – Dorothee Oberlinger & Christian Rieger

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para Flauta e Cravo – Dorothee Oberlinger & Christian Rieger

J.S. Bach

Sonatas para Flauta e Cravo

Dorothee Oberlinger

Christian Rieger

 

Um dos muitos prazeres que você pode derivar deste disco é o de ouvi-lo, digamos assim, às cegas, como num blind date. Ouça e tente identificar as peças. Não há dúvida, o disco é puro Bach, mas com algumas poucas intervenções, por assim dizer. Duas das sonatas foram escritas originalmente para flauta e cravo, mas as outras peças que o compõem não foram escritas para esta combinação. Temos também uma sonata para flauta solo e uma peça escrita originalmente para alaúde, aqui interpretada ao cravo.

Usamos o termo flauta, mas aqui são usadas flautas doce contralto e uma flauta doce contralto ligeiramente maior, uma flauta de voz, para se adaptar a peça.

Isto não deve causar grande comoção, pois a música do período barroco é assim, muito flexível e sujeita a adaptações, de um instrumento para outro ou mesmo de um grupo de instrumentos para outro. O próprio Bach praticou estas adaptações e arranjos.

O grande destaque do disco é mesmo a flautista Dorothee Oberlinger, que na companhia do cravista Christian Rieger fizeram as escolhas e adaptações e permitem que vejamos estas lindas peças sob uma diferente perspectiva. Um crítico chegou a usar a palavra prisma.

Assim, vejamos de mais perto. (Se você quer seguir minha sugestão inicial, está na hora de pular esta parte e ir direto ao download, voltando aqui depois.) A primeira sonata é uma adaptação de uma Trio Sonata para órgão, a segunda de uma Sonata para Violino e Cravo. Depois temos a Partita para flauta solo, uma Sonata escrita para flauta (transversa) e contínuo e a peça escrita originalmente para alaúde. Completando o disco, uma Sonata para flauta (transversa) e cravo.

A Partita para Flauta Solo provavelmente foi concebida por Bach tendo o flautista Pierre Gabriel Buffardin em mente. A amizade de Bach com Silvius Leopold Weiss, excelente alaudista e compositor, deve ter estimulado a composição de peças para este instrumento. O Prelúdio, Fuga e Allegro, apresentado aqui ao cravo, é uma peça maravilhosa.

O disco foi muitíssimo bem gravado, o que é fundamental para apreciarmos adequadamente a maravilhosa arte destes dois grandes músicos. Eu coloquei este disco para tocar e não consegui fazer qualquer outra coisa até que ele terminasse. Espero que você também desfrute dele da mesma forma.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonata em sol maior para flauta de voz e cravo, BWV 525, originalmente Trio Sonata para órgão No. 1 em mi bemol maior
  1. Alla breve
  2. Adagio
  3. Allegro
Sonata em dó menor para flauta doce contralto e cravo, BWV 1017, originalmente para violino e cravo
  1. Largo
  2. Allegro
  3. Adagio
  4. Allegro
Partita em dó menor para flauta doce contralto, BWV 1013, originalmente em para flauta transversa em lá menor
  1. Allemande
  2. Corrente
  3. Sarabande
  4. Bourrée Anglaise
Sonata em mi maior para flauta doce contralto e contínuo, BWV 1035, originalmente para flauta transversa e contínuo
  1. Adagio ma non tanto
  2. Allegro
  3. Siciliana
  4. Allegro assai
Prelúdio, Fuga e Allegro em mi bemol maior para cravo, BWV 998
  1. Präludium
  2. Fuge
  3. Allegro
Sonata em si menor para flauta doce contralto e cravo, BWV 1030, originalmente para flauta transversa e cravo
  1. Andante
  2. Largo e Dolce
  3. Presto

Dorothee Oberlinger, flautas

Christian Rieger, cravo

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Doroteia busted for adapting Bach’s sonatas… But she got away with it!

Qual seria a música que Bach comporia para uma guitarra moderna? Enquanto você não pensa nesta pergunta, aproveite o álbum da postagem!

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 3 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 3 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 13, Op. 14 & Op. 22

 

 

 

Príncipe Lichnowsky

Este disco inicia com a primeira sonata de Beethoven que ganhou um apelido, a Pathétique. A Sonata em dó menor, Op.  13, é um microcosmo do tipo de música que associamos ao compositor: inicia gravemente e anuncia o drama que está por vir, mas irrompe em um episódio virtuosístico. E nesta gravação, isto é bastante evidenciado.  A música é cheia de paixão e lirismo, mas também demanda enorme técnica do intérprete. Esta alternância entre estes estados, o movimento lento, por exemplo, e o allegro final, ilustram a capacidade criativa de Beethoven e fazem dele um artista único. Composta em 1798 e dedicada ao Príncipe Karl von Lichnowsky, foi um sucesso instantâneo, firmando completamente a reputação de Beethoven como compositor, além de pianista.

Baronesa Josefa von Braun

Após esta intensa sonata, Beethoven criou duas lindas sonatinhas, as de números 9 e 10, em mi maior e sol maior, Op. 14. Cheias de charme e aparentemente bem mais simples do que suas predecessoras. Charles Rosen observa que estas duas sonatas oferecem menos dificuldades técnicas e parecem destinadas ao uso doméstico. Certamente devem ter agradado muito a Baronesa Josefa von Braun, a quem foram dedicadas.

A Sonata No. 9, em mi maior, foi também arranjada Quarteto de Cordas e esse arranjo mostra a maestria de Beethoven para escrever para cordas.

Sonata…
Quarteto!

Com a próxima Sonata No. 11, em si bemol maior, Op. 22, escrita em 1800, Beethoven retoma o estilo Grand Sonata, em quatro movimentos e era considerada por ele uma de suas melhores sonatas deste período inicial.

Beethoven em 1803

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No. 8 em dó menor, Op. 13 – “Pathétique”

  1. Grave – Allegro di molto e com brio
  2. Adagio cantabile
  3. Allegro

Sonata para piano No. 9 em mi maior, Op. 14, 1

  1. Allegro
  2. Allegretto
  3. Allegro comodo

Sonata para piano No. 10 em sol maior, Op. 14, 2

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro assai

Sonata No. 11 em si bemol maior, Op. 22

  1. Allegro con brio
  2. Adagio con molto espressione
  3. Menuetto
  4. Allegretto

Igor Levit

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Quando Beethoven estava ainda estava na casa dos vinte anos, os pianos eram todos feitos de madeira e bastante delicados. Uma vez, Ludovico quebrou tantas cordas enquanto tocava um concerto de Mozart que um de seus amigos precisou desembaraçar as cordas quebradas enquanto ele prosseguia tocando. Ainda bem que não precisamos nos preocupar com cordas quebradas com esta gravação.

Aproveite!

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 2 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 2 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 7 & Op. 10

 

Prosseguimos com nossas homenagens postando esta maravilhosa Integral das Sonatas para Piano, interpretadas por Igor Levit. Neste vídeo ele explica o que torna a música de Beethoven tão atual, apesar de ter sido escrita há tanto tempo.

Beethoven compôs duas sonatas após a grande sonata que fecha o Opus 2, mas que foram publicadas mais tarde, como Opus 49. Vocês terão que esperar um pouco para ouvir estas duas sonatinhas, pois estamos postando a série na sequência “oficial” de publicação. Assim, neste álbum temos a Grande Sonata em mi bemol maior, Opus 7, e as três sonatas que formam o Opus 10.

Condessa Babette von Keglevics

A Sonata No. 4 foi escrita em 1796 e dedicada à Condessa Anna Louisa Barbara (Babette) von Keglevics, uma de suas alunas. Segundo Carl Czerny, enquanto escrevia esta sonata, Beethoven estava repleto de ternos sentimentos pela aluna, mas também muito emotivo devido aos avanços das tropas de Napoleão em direção à Viena. A sonata é grandiosa e seu primeiro movimento deixa claro que é uma explosão de paixão e vigor. Só a Hammerklavier alcançará proporções ainda maiores.

As duas primeiras sonatas do Opus 10 são em dó menor e fá maior, respectivamente, e são estruturadas em três movimentos. As tonalidades são significativas para Beethoven. Dó menor é a tonalidade do Concerto de Mozart que Beethoven tanto admirava e a sonata remete a este mundo dramático, assim como a uma das sonatas para piano de Mozart, também em dó menor. Não deixe de notar o lindo Adagio molto, o segundo movimento. Já a Sonata em fá maior tem um tom mais relaxado, de quem está caminhando ao ar livre, em contato com a natureza, como será também o caso da Sinfonia Pastoral.

A última sonata do disco, a terceira do Opus 10, é em ré maior e novamente se expande em quatro movimentos. Contraste é uma constante nesta sonata, que abre com um agressivo e dinâmico primeiro movimento, continua com um angustiado largo, um quase convencional minueto e termina em um caprichoso rondó. Sir Donald Francis Tovey escreveu que o primeiro movimento desta sonata “parece saltar sobre a gente como uma pantera”. Portanto, agarre-se na poltrona!

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No. 4 em mi bemol maior, Op. 7

  1. Allegro molto e con brio
  2. Largo, com gran espressione
  3. Allegro
  4. Poco allegretto e grazioso

Sonata para piano No. 5 em dó menor, Op. 10, 1

  1. Allegro molto e con brio
  2. Adagio molto
  3. Prestissimo

Sonata para piano No. 6 em fá maior, Op. 10, 2

  1. Allegro
  2. Allegretto
  3. Presto

Sonata para piano No. 7 em ré maior, Op. 10, 3

  1. Presto
  2. Largo e mesto
  3. Allegro
  4. Allegro

Igor Levit, piano

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Igor Levit

Certa vez, Beethoven ficou aborrecido com seus ouvintes em uma apresentação em Berlim, pois todos chegaram às lágrimas com sua interpretação. Ele teria reclamado com um amigo: Não é isto que nós artistas queremos. Nós queremos aplausos!

Pois então, batam palmas! Aplausos paro o artista!

René Denon

J. S. Bach (1685-1750): Partitas BWV 825 a 830 – Angela Hewitt, piano (2ª Gravação – 2019)

J. S. Bach (1685-1750): Partitas BWV 825 a 830 – Angela Hewitt, piano (2ª Gravação – 2019)

J.S. Bach

Partitas BWV 825 – 830

Angela Hewitt

 

 

 

Meu primeiro contato com estas joias musicais que são as Partitas de Bach foi pela gravação de Stanislav Heller, cravista checo, gravado em 1965 pela Christophorus e divulgado nas nossas paradas em LP duplo pela Paulus, a editora das Irmãs Paulinas. Então, faz tempo que ouço estas peças, mas nunca me canso. Há um tsunami de gravações destas obras e você pode escolher se prefere ouvi-las tocadas ao cravo ou ao piano. Eu ainda não decidi e sigo tentando. Ao piano, gosto das interpretações de Perahia, Richard Goode, Igor Levit. Isso sem contar uns discos com apenas três das seis partitas. Ao cravo, gosto imenso do Christopher Rousset e da segunda gravação do Trevor Pinnock, para o selo Hänssler. Não que a primeira, para a Archiv Produktion, seja ruim. Talvez um pouco reverberante, mas o cara queria ser gravado no banheiro…

Isso nos traz à segunda gravação da mesma obra pelo intérprete. Bom, como dizia um dos meus cínicos amigos, basta viver o suficiente, aparecer uma nova tecnologia, e eles gravam tudo de novo. Vimos muito disto, mas não creio que seja o caso desta segunda gravação das Partitas pela famosa pianista Angela Hewitt. Pois é, eu não mencionei o nome dela anteriormente, mas a sua primeira gravação, feita em 1996/7, está na minha prateleira, ao lado das outras três (gravações com piano) mencionadas. Mas eu sou assim, compulsivo quando se trata de certas obras. Portanto, quando vi esta segunda gravação da Hewitt destas Partitas, tratei de colocar na playlist.

Decididamente, a mais bonita capa de álbuns com as Partitas

Ela explica no livreto as razões que a levaram a gravar a mesma obra uma segunda vez. Claro, todo mundo sabe, Angela Hewitt iniciou suas gravações com um ótimo disco de música de Bach para a Deutsche Grammophon. Mas o destino não quis e ela mudou para a Hyperion, onde se estabeleceu e gravou praticamente toda a obra de Bach para teclado. Depois deste envolvimento por tanto tempo com este compositor, passou a gravar também música de outros mestres, como um excelente disco com peças de Debussy e também a integral das peças de Ravel. Pois estava assim a moça levando a vida quando, em 2004, John Gilhooly, diretor do Wigmore Hall, lhe propôs um mega projeto: tocar toda a obra para teclado de Bach em 12 recitais. Hewitt negaceou mas acabou embarcando no projeto que iniciou em 2016 e terminará em 2020 (que chegará amanhã, é claro, estou escrevendo estas mal traçadas linhas no último dia de 2019 e é melhor parar de experimentar estes espumantes aqui, esta louça nunca que acaba…). Com isto, a artista percorreu o mundo novamente tocando as Partitas e decidiu gravá-las de novo. A gravação foi feita no Kulturzentrum Gustav Mahler em Toblach/Dobbiaco, desta vez ela usou seu próprio piano Fazoli, e tudo com produção de Ludger Böckenhoff, que foi o engenheiro de som na primeira gravação, feita vinte anos antes! Ela disse, não necessariamente nesta ordem: ‘Não espere diferenças de proporções Gouldianas’. ‘Uma allemande ainda é uma allemande, uma courant ainda não deve ser corrida e uma gigue deve ser dançável’. ‘Quanto mais envelhecemos, mais a música significa para nós, e me dá grande alegria compartilhar estas partitas com vocês mais uma vez’. O que dizer? A alegria é toda nossa!

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

CD1

[1-6] Partita No. 1 em si bemol maior, BWV 825
[7-12] Partita No. 2 em dó menor, BWV 826
[13-19] Partita No. 4 em ré maior, BWV 828

CD2

[1-7] Partita No. 3 em lá menor, BWV 827
[8-14] Partita No. 5 em sol maior, BWV 829
[15-21] Partita No. 6 em mi menor, BWV 830

Angela Hewitt, piano

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Angela adorando o fim de semana na Ilha do PQP…

Um dos críticos da Amazon sobre este álbum: ‘clean-cut, undiosyncratic, straight-up and honest’. Realmente,  eu acrescentaria, excelente música, apresentada com amor por uma espetacular artista!

Aproveite!

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 1 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 1 de 9 – BTHVN250

 

 

BTHVN Op. 2

 

 

Começamos aqui nossas homenagens ao grande aniversariante do ano – Ludwig van Beethoven! Em 17 de dezembro ele completará 250 anos, vivo, vivíssimo! Sua música soará o ano todo com a mesma energia, vibração e encantamento de sempre.

Acreditem, datas como esta são apenas casualidades. Tivesse a Terra um pouco mais de pachorra ao girar em torno do Sol e teríamos anos mais longos e estaríamos comemorando talvez o centenário de nascimento de Beethoven. Caso nossos ancestrais tivessem quatro dedos em cada mão (como o Mickey e o Pato Donald) no lugar de cinco e contaríamos de oito em oito no lugar de dez em dez e pronto, de novo estas datas simbólicas estariam totalmente mudadas.

Eu já passei pelos 200 anos de nascimento de Beethoven, lá em 1970, pelos 200 anos da morte de Mozart, em 1991. Há muito de marketing sendo feito nestas ocasiões pelas gravadoras e pela mídia que vive de música, mas acabamos nos rendendo a isto tudo. Afinal, esta é uma boa desculpa para ouvir as músicas todas novamente.

Começaremos nossas homenagens postando esta maravilhosa Integral das Sonatas para Piano, interpretadas por Igor Levit. Neste vídeo ele explica o que torna a música de Beethoven tão atual, apesar de ter sido escrita há tanto tempo. Além disso, o vídeo serve como trailer das maravilhas que virão nesta série de postagens.

As sonatas serão postadas na ordem em que foram publicadas. No primeiro disco as três sonatas reunidas no Opus 2, são assim três jovens irmãs. Estas sonatas foram compostas por volta de 1795, resultados dos primeiros anos de Beethoven em Viena e refletem o arrojo, o ímpeto e a autoconfiança do compositor. Mas lembremos que Beethoven já estava então com 25 anos, era um virtuose do piano, excelente improvisador e não era exatamente inexperiente na arte de composição de sonatas para piano. Estruturadas em quatro movimentos, todas apresentam belíssimos movimentos lentos e apenas a primeira tem um minueto no terceiro movimento. As outras exibem já um scherzo e todas terminam com movimentos onde o solista pode exibir todo o seu virtuosismo.

Dedicadas a Haydn, estas peças mostram a qualidade do compositor e anunciam o escopo que ele alcançaria nas próximas sonatas.

O Largo appassionato da segunda sonata do grupo revela a capacidade de Beethoven produzir movimentos que nos tocam profundamente. O arrojo e as proporções da terceira sonata, em dó maior, a destacam do grupo e fizeram dela peça de repertório de muitos grandes pianistas.

A interpretação de Igor Levit evidencia tudo isto e nos prepara para uma viagem que, prometo, será espetacular.

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No. 1 em fá menor, Op. 2, 1

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Menuetto – Allegretto
  4. Prestissimo

Sonata para piano No. 2 em lá maior, Op. 2, 2

  1. Allegro vivace
  2. Largo appassionato
  3. Scherzo: Allegretto
  4. Rondo: Grazioso

Sonata para piano em dó maior, Op. 2, 3

  1. Allegro com brio
  2. Adagio
  3. Scherzo: Allegro
  4. Allegro assai

Igor Levit, piano

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Igor Levit

Que esta jornada seja tão empolgante para vocês quanto está sendo para mim!

Aproveitem!

René Denon

Mussorgsky (1839-1881): Quadros de Uma Exposição / Ravel (1875-1937): Ma Mère l’Oye & Rapsódia Espanhola – Carlo Maria Giulini

Mussorgsky (1839-1881): Quadros de Uma Exposição / Ravel (1875-1937): Ma Mère l’Oye & Rapsódia Espanhola – Carlo Maria Giulini

Mussorgsky

Quadros de Uma Exposição

Ravel

Ma Mère l’Oye & Rapsódia Espanhola

Carlo Maria Giulini

 

Nas eternas discussões sobre música que mantínhamos nos encontros ao redor das bancas dos desejados LPs e CDs nas lojas de discos, falávamos de quase tudo. – Leon Fleisher e Szell são imbatíveis neste repertório! – Eu ouvia de um sério senhor de ascendência nipônica, enquanto segurava minha possível compra dos Concertos para Piano de Brahms, com Rudolf Serkin e o mesmo George Szell. Dúvidas abundavam, pois o investimento seria substancial.

Um dos temas que vez por outra entrava em pauta era o que o mesmo senhor chamava de ‘música canalha’. Eu sei, soa pior do que deveria, mas o pessoal era assim, radical. A cada um era permitido gostar de uma peça do gênero. Scheherazade era a queridinha dele. Vaias e apupos se elevavam quando Jardins de Um Mosteiro era mencionado.

Mas o repertório de ‘Música Ligeira’ ou de apelo popular, típico de orquestras como a Boston Pops, reserva grandes surpresas e geralmente traz ótimas lembranças.

Pois minha música de apelo popular preferida é ‘Quadros de Uma Exposição’ e esta é a minha gravação preferida. Sim, este álbum é um dos meus ‘Discos Mais Queridos’!

Carlo Maria Giulini foi um excelente regente, apesar de um repertório relativamente reduzido. Ele começou estudando violino e chegou a ocupar a fileira de violas da Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia. Tocou sob a batuta de grandes regentes, como Bruno Walter, Wilhelm Furtwängler, Victor de Sabata, Otto Klemperer. Esta experiência na orquestra certamente o ajudou a tornar-se um ótimo regente. Ele disse em entrevistas que detestava a abordagem ditatorial e exigente do então diretor musical da orquestra, preferindo a maneira gentil de reger de Bruno Walter. Segundo ele, Walter fazia cada músico sentir-se importante.

Entre as suas gravações mais famosas se encontram peças como ‘La mer’, de Debussy, as Sinfonias Nos. 3 e 5 de Beethoven, algumas das sinfonias de Mahler, as três últimas sinfonias de Bruckner. Óperas também eram importantes em seu repertório e as gravações de Don Giovanni, As Bodas de Fígaro, de Mozart, e Rigoletto e Falstaff de Verdi, vêm facilmente à memória. O Requiem de Verdi é também uma das gemas de sua discografia.

As peças que estão reunidas neste álbum foram lançadas originalmente em diferentes LPs. O denominador comum aqui é a orquestração de Maurice Ravel. A orquestração feita por Ravel do original Os Quadros de Uma Exposição, para piano, de Modest Mussorgsky, era tocada com frequência por Giulini. Realmente, esta peça pode ser usada para convencer pessoas que não têm o hábito de ouvir música ‘erudita’ a se aventurar nestas veredas. O movimento de abertura, Promenade, é uma daquelas músicas que gruda na nossa memória musical e como é repetida ao longo do passeio para vermos os quadros, acaba ficando de vez na nossa mente.

Para completar o programa, a suíte ‘Ma Mère l’Oye’, que nos leva para o mundo dos Contos de Fadas e a magia de Ravel permite nossa imaginação alçar grandes voos. E ainda há espaço para a Rapsódia Espanhola, que nos transporta diretamente para uma Espanha mítica, com seus jardins, perfumes e sons.

As duas orquestras – Chicago Symphony e Los Angeles Philharmonic foram dirigidas por Giulini e essas gravações mostram o quanto foi frutífera essa relação.

Modest Mussorgsky (1839 – 1881)

Quadros de Uma Exposição (Orquestração de Maurice Ravel)

  1. Promenade
  2. Gnomus
  3. Promenade
  4. Il vecchio castello
  5. Promenade
  6. Tuileries
  7. Bydlo
  8. Promenade
  9. Ballet des Petits Poussins dans leurs Coques
  10. Samuel Goldenberg und Schmuyle
  11. Limoges: Le Marché & Catacombae: Sepulchrum Romanum
  12. Cum mortuis in lingua mortua
  13. La Cabane de Baba-Yaga sur des Pattes de Poule & La Grande Porte de Kiev

Chicago Symphony Orchestra

Carlo Maria Giulini

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Ma Mère l’Oye

  1. Pavane de la Belle au Bois Dormant
  2. Petit Poucet
  3. Laideronnette, Impératrice des Pagodes
  4. Les Entretiens de la Belle et la Bête
  5. Le Jardin Féerique

Rapsodia Espanhola

  1. Prélude à la Nuit
  2. Malagueña
  3. Habanera
  4. Feria

Los Angeles Philharmonic Orchestra

Carlo Maria Giulini

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Música fácil, dirão certos puristas, mas com esta qualidade de interpretação, eu quero é mais!!

Para saber um pouco mais sobre a vida deste grande maestro, veja aqui.

Aproveite!

René Denon

Johannes Brahms (1833-1897): Sinfonias – COE – Paavo Berglund

Johannes Brahms (1833-1897): Sinfonias – COE – Paavo Berglund

Brahms

Sinfonias

COE & Berglund

 

 

As Sinfonias de Beethoven foram fonte de grande inspiração para Brahms, mas também foram motivo de um certo desencorajamento. Aproximar-se dos padrões estabelecidos por estas obras maravilhosas parecia impossível. Ele teria afirmado: ‘Eu nunca escreverei uma sinfonia’. Mas a criatividade venceu as barreiras internas e o enorme senso autocrítico, resultando em uma sinfonia muito especial. Aos 43 anos, após ter criado obras primas em muitos outros gêneros, Brahms completou sua Primeira Sinfonia. Uma vez vencida a primeira barreira, mais outras três sinfonias seguiram num período de aproximadamente dez anos.

Paavo tentando descobrir qual oboé antecipou a sua entrada…

É este conjunto de obras primas que temos aqui, na interpretação segura e direta de Paavo Berglund, regendo o excelente grupo de músicos que forma a COE, Chamber Orchestra of Europe. Esta orquestra sob a regência de Nikolaus Harnoncourt nos deixou um ótimo registro das Sinfonias de Beethoven. Agora, com selo Ondine e ótima produção de Andrew Keener temos as Sinfonias de Brahms.

A formação com um número menor de músicos nas seções de cordas tem beneficiado muito as gravações das Sinfonias de Brahms, como aconteceu, por exemplo, no caso de Charles Mackerras e a Scottish Chamber Orchestra. Os diferentes grupos de instrumentos têm igual oportunidade de brilhar, resultando em uma performance ágil e equilibrada. Os movimentos lentos também estão muito bem apresentados, nos quais o discurso musical se desenvolve com fluência e elegância. Resumindo, temos uma clássica apresentação destas quatro lindas sinfonias.

Johannes Brahms (1833 – 1897)

CD1

Sinfonia No. 1 em dó menor, op. 68

  1. Um poco sostenuto – Allegro
  2. Andante sostenuto
  3. Um poco allegretto e grazioso
  4. Adagio non troppo ma con brio

CD2

Sinfonia No. 2 em ré maior, op. 73

  1. Allegro non troppo
  2. Adagio non troppo
  3. Allegro grazioso (Quase Andantino) – Presto ma non assai
  4. Allegro con spirito

CD3

Sinfonia No. 3 em fá maior, op. 90

  1. Allegro com brio
  2. Andante
  3. Poco Allegretto
  4. Allegro

Sinfonia No. 4 em mi menor, op. 98

  1. Allegro non troppo
  2. Andante moderato
  3. Allegro giocoso – poco meno presto
  4. Allegro enérgico e passionato – Più Allegro

Chamber Orchestra of Europe

Paavo Berglund

Produção: Andrew Keener

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MP3 | 320 KBPS | 397 MB

Chamber Orchestra of Europe

Ah, se eu pego quem desafinou…

Eu não vou jogar fora meus discos do Günter Wand regendo a NDR Orchestra ou os do Bernstein regendo a opulenta Wiener Philharmoniker, mas ouvir a interpretação do Berglund de quando em vez me dará muito prazer. Espero que o mesmo aconteça com você…

Aproveite!

René Denon

Mozart (1756-1791): Arias – Christian Gerhaher – Freiburger Barockorchestrer & Gottfried von der Goltz

Mozart (1756-1791): Arias – Christian Gerhaher – Freiburger Barockorchestrer & Gottfried von der Goltz

M O Z A R T

A R I A S

G E R H A H E R

Este disco segue uma tradição que pode andar um pouco desatualizada – coleção de árias famosas – mas sempre faz sucesso e emplaca grandes vendas.

Foi ouvindo discos como este que passei a me interessar e a gostar de ópera.

Há casos em que o disco reúne mais do que um compositor, em função do repertório do cantor. Este segue a linha de árias de um só compositor, no caso Mozart. O acompanhamento é por uma das melhores orquestras especializadas em música barroca e clássica: a Freiburger Barockorchester, regida pelo também violinista Gottfried von der Goltz.

O cantor está em evidência no momento – Christian Gerhaher – especialista em Lieder, mas como deixa claro este álbum, também ótimo cantor de ópera.

O repertório é magnífico. Como especial bônus, entremeada entre as árias, a Sinfonia No. 36 em dó maior – Linz – maravilhosa!

Os seus movimentos funcionam como intermezzos e mostra que a orquestra é mesmo excelente em território mozartiano.

Difícil escolher a ária mais bonita. Várias de Don Giovanni, tais como a ária do catálogo, que abre o disco, e a serenata que o Don faz sob a janela da donzela acompanhante de Dona Elvira. Nela ele revela seu lado absolutamente sedutor.

A chamada Ária da Champagne, a terceira do disco, é um autorretrato exato de Don Giovanni. É um tour de force, brilhante e superficial, mas que por isso precisa ser curta, menos do que minuto e meio. Apesar disso, ela permanece ressoando em nossos ouvidos. Gênio!

Mais à frente haverá outra ária do Don, agora revelando seu caráter dissimulado, de quem não assume seus maus atos.

Outro aspecto genial das óperas de Mozart que este disco revela é o contraponto que há entre os personagens. Há o nobre e o plebeu. Plebeus são Fígaro, Leporello, Papageno. O conde e o Don representam os nobres, e representam bem demais, pois revelam um caráter pouco idôneo. (Ah, Beaumarchais…) O conde Almaviva (mal tem seu nome citado em toda a ópera) consegue redenção, mas o Don Giovanni recebe punição capital.

Um pouco diferente das outras óperas, que tem seus personagens centrais, Così fan tutte é ópera de conjunto. Não há um personagem que se destaca sobre os outros, mas um conjunto de cantores com núcleo no quarteto de mocinhos e mocinhas e o cético Don Alfonso. As árias deste disco são de um dos mocinhos, o de voz mais grave, Guglielmo.

Temos assim um recorte do maravilhoso universo das Óperas de Mozart, servindo como um instigante abridor de apetite.

Somam à beleza deste álbum o bandolim de Avi Avitar e o acompanhamento em pianoforte de Kristian Bezuidenhout.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Don Giovanni, K. 527

  1. No. 4 Aria: “Madamina, il catalogo è questo” (Leporello)
  2. No. 16 Canzonetta: “Deh, vieni alla finestra” (Don Giovanni)
  3. No. 11 Aria: “Fin ch’han dal vino” (Don Giovanni)

Sinfonia No. 36 em dó maior – Linz – K. 425

  1. Presto

Le Nozze di Figaro, K. 492

  1. Recitativo & No. 3 Cavatina: “Bravo, signor padrone! … Se vuol ballare, signor contino” (Figaro)

Don Giovanni, K. 527

  1. No. 17 Aria: “Metà di voi qua vadano” (Don Giovanni)

Così fan tutte, K. 588

  1. No. 15 Aria: “Non siate ritrosi” (Guglielmo)

Don Giovanni, K. 527

  1. No. 20 Aria: “Ah, pietà, Signori miei” (Leporello)

Sinfonia No. 36 em dó maior – Linz – K. 425

  1. Andante

Die Zauberflöte, K. 620

  1. No. 2 Aria: “Der Vogelfänger bin ich já” (Papageno)
  2. No. 20 Aria: “Ein Mädchen oder Weibchen” (Papageno)
  3. No. 21 Finale. Allegro: “Papagena! Papagena! Papagena!” (Papageno)

Sinfonia No. 36 em dó maior – Linz – K. 425

  1. Menuetto – Trio

Le Nozze di Figaro, K. 492

  1. No. 27 Recitativo ed Aria: “Tutto è disposto … Aprite um po’ quegli occhi” (Figaro)
  2. No. 10 Aria: “Non più andrai, farfallone amoroso” (Figaro)
  3. No. 18 Recitativo ed Aria: “Hai già vinta la causa! … Vedrò, mentr’io sospiro” (Il conte)

Così fan tutte, K. 588

  1. No. 26 Aria: “Donne mie, la fate a tanti” (Guglielmo)

Sinfonia No. 36 em dó maior – Linz – K. 425

  1. Adagio – Allegro spiritoso

Così fan tutte, K. 588

  1. No. 15a Aria: “Rivolgete a lui lo sgauardo” (Guglielmo)

Christian Gerhaher, barítono

Freiburger Barochorchester

Gottfried von der Goltz

Avi Avital, bandolim (2)
Kristian Bezuidenhout, fortepiano (5), strumento d’acciaio (11)

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MP3 | 320 KBPS | 184 MB

Joelle Harvey como Susanna e Christian Gerhaher como Figaro

Há quem torça o nariz para um disco como este, preferindo ouvir as árias no contexto da ópera toda. Este disco seria como seguir em uma mesa de sobremesas pegando apenas as cerejas que estão sobre os bolos… Mas, quem liga?

Portanto, deixe os preconceitos de lado, baixe logo o disco e ouça muitas vezes.

René Denon

Bach (1685-1750): Variações Goldberg – Zhu Xiao-Mei

Bach (1685-1750): Variações Goldberg – Zhu Xiao-Mei

J.S. Bach

Variações Goldberg

Zhu Xiao-Mei, piano

朱 晓 玫

 

Parem tudo o que estiverem fazendo. Deixem as compotas de figo descansarem um pouco mais em seus vidros. Esperem as mangas amadurecerem um pouco mais antes de colhê-las. As flores esperarão uma hora e meia mais antes de serem regradas, elas não se importarão. Simplesmente sente-se no batente da porta que dá para o quintal, aumente e aumente o som: Zhu Xiao-Mei vai tocar as Variações do Grande Bach.

Ouça, não se preocupe, o tempo passará sem que você se dê conta! Você poderá então retomar as coisas que tinha para fazer.

Eu não sei quantas versões destas variações já ouvi, algumas talvez melhores do que esta e ainda muitas outras virão. Mas, hoje, neste momento, esta interpretação soa-me como a mais urgente, mais intensa.

Ainda postarei outras gravações desta obra e então falarei das belezas de uma ou outra das variações, como aquela chamada ‘Pérola Negra’, e de como este nome me faz pensar nelas como em um colar, onde a ária no início e, de novo, no final, no derradeiro de todo o universo que passou, fazem o papel das duas metades do fecho.

Nestas outras postagens que farei falarei da variação de número 16, chamada ‘Ouverture’, como se o caprichoso mago compositor nos dissesse – ‘como isto é um círculo, o começo pode estar em qualquer parte…’

Hoje apenas vos peço que ouçam as Variações Goldberg, da Xiao-Mei (ouso chamá-la pelo primeiro nome), sem pensar nas outras que você conhece. Apenas deixe que ela conte como naqueles dias ela as interpretava. Será uma maravilhosa maneira de usar bem seu tempo.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Variações Goldberg

Zhu Xiao-Mei, piano

Gravado em 1990

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MP3 | 320 KBPS | 141 MB

Aproveite bem de uma hora e meia de sua vida: ouça Zhu Xiao-Mei tocando as Variações Goldberg!

René Denon

Schumann (1810-1856): Peças para Piano – Radu Lupu

Schumann (1810-1856): Peças para Piano – Radu Lupu

Robert Schumann

Humoreske 

Kinderszenen 

Kreisleriana

 

Outro CD da série ‘Meus CDs Mais Queridos’! Com Robert Schumann estamos em pleno romantismo. O compositor hesitou entre a literatura e a música e foi também crítico musical.

Neste álbum temos três coleções de peças para piano típicas do romantismo. Elas não têm uma forma definida com uma sonata e mais parecem uma série de improvisações, sob diferentes inspirações. A palavra ‘sonhadoramente’ vem à nossa mente o tempo todo e inclusive um dos nomes das peças das Kinderszenen é Träumerein.

A literatura está presente na inspiração e no nome da última série do álbum – Kreisleriana – que faz referência a Johannes Kreisler, o nome de um personagem músico de alguns contos de E.T.A. Hoffmann.

Romantismo também paira sobre a vida do compositor, que escreveu estas peças enquanto estava apaixonado por Clara e sofria oposição ferrenha do pai dela.

A grande estrela do disco é certamente o pianista – Radu Lupu. Cada uma das faixas reserva um encanto especial para o ouvinte e ele, com suma maestria, revela este encanto sem pecar pelo excesso romântico, dando a exata medida em cada uma destas pérolas.

Veja o que disse deste álbum a Gramaphone de 2010: ‘Do ponto de vista de tocar piano, este disco tem uma distinção aristocrática remanescente de [Dinu] Lipatti’.

Robert Schumann (1810 – 1856)

Humoreske, Op. 20
Kinderszenen, Op. 15
Kreisleriana, Op. 16

Radu Lupu, piano

Gravado na Salle de Châtonneyre, Corseaux, Suiça, 1993
Produção: Michael Woolcock

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MP3 | 320 KBPS | 172 MB

Radu em pose decididamente romântica…

Você poderá descobrir mais detalhes sobre a biografia e a música de Robert Schumann visitando esta página aqui.

Detalhes sobre o número de faixas do disco, assim como os nomes das peças, podem ser vistos aqui ou nos arquivos de música.

Aproveite!

René Denon

Beethoven (1770-1827): (Algumas) Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich, piano #BTHVN250

Beethoven (1770-1827): (Algumas) Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich, piano #BTHVN250

Stephen KOVACEVICH

Great Pianists of the 20th Century – No. 60

 

Como sempre acontece nesta época do ano (estamos nos tórridos dias de dezembro), volto os meus olhos para meus incontáveis CDs em suas prateleiras e trato de passá-los em revista. É quase um ritual, considero que vou me livrar da metade deles. É fácil, a cada dois, decida: este fica, este vai. Começo a construção de pilhas, este sim, este não, bom… talvez não, quem sabe?

Não tentem isto em casa sem os devidos equipamentos de segurança. As fotos são meramente ilustrativas…

Vocês já adivinharam, todos eles voltam para os seus lugares e eu deixo o grande projeto de reduzir todos os meus pertences a o que couber em um metro cúbico para o próximo ano.

No entanto, uma nova componente se meteu nesta arrumação de fim de ano:  vaga ideia de postar sistematicamente meus discos ‘mais queridos’. Sei, vaga pois o critério é subjetivo e, desde que comecei fazer as postagens aqui no PQP Bach, tenho usado deste critério – os discos mais queridos.

É claro, os maledicentes de plantão vão dizer – desculpas esfarrapadas para ouvir novamente estes velhos amigos a contar mais uma vez as antigas e adoráveis histórias…

Não importa, o que detonou de vez esta iniciativa foram os primeiros acordes da Sonata para Piano em mi bemol maior, Op. 31, 3, do Ludovico, interpretada pelo (jovem) Stephen Kovacevich. Não a segunda gravação, para a EMI, que também é ótima, mas a primeira, para a Philips, feita em dezembro de 1971, no Town Hall, Wembley, Londres.

A Philips bobeou feio em não ter conseguido que ele gravasse todas as sonatas, mas não sou de ficar olhando para a metade vazia do copo.

Quem adivinhar o nome destas cinco pessoas ganha uma cocada…

Assim, aqui vai esta postagem de um dos meus discos mais queridos, o Volume 60 da série ‘Great Pianists of the 20th Cetntury’, featuring Stephen KOVACEVICH, tocando algumas sonatas para piano de Beethoven. Entre elas, amigos, as três (maravilhosas) últimas.

Provavelmente este álbum já foi postado por algum de meus ‘parças’ aqui do PQP Bach, pode estar enterrado em uma destas caixas com muitos discos, pois que o lançamento de caixas com ‘todas’ as gravações de ‘fulano’ pelo selo ‘beltrano’ tornou-se prática corrente com as modernas estratégias de marketing… Mas, alguma repetição pode até ser benéfica, especialmente quando a música é tão espetacular.

As sete sonatas do disco são bem representativas, tanto da arte de Beethoven quanto da arte do intérprete, o então jovem Stephen Kovacevich. No primeiro CD a ‘Pathétique’ com seu maravilhoso movimento lento ‘Adagio cantabile’ e seu último movimento virtuosístico. Duas sonatas das três que formam o opus 31, entre elas a ‘Tempest’, com seu perpetuum mobile no final. A já mencionada Sonata em lá maior, op. 101, que é uma prova dos poderes mágicos que o Ludovico tinha de criar uma obra prima assim que vontade surgisse. Como se não bastasse tudo isto, as três últimas sonatas, reinvenção de tudo, a forma sonata levada ao limite.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

CD1

Sonata para piano No. 8 em dó menor, Op. 13 – ‘Pathétique’
  1. Grave – Allegro di molto e com brio
  2. Adagio cantábile
  3. Allegro
Sonata para piano No. 17 em ré menor, Op. 31, 2 – ‘Tempest’
  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto
Sonata para piano No. 18 em mi bemol maior, Op. 31, 3 – ‘Hunt’
  1. Allegro
  2. Allegretto vivace
  3. Moderato e grazioso
  4. Presto con fuoco
Sonata para piano No. 28 em lá maior, Op. 101
  1. Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung. Allegretto ma non troppo
  2. Lebhaft, marschmässig. Vivace alla marcia
  3. Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio ma non troppo, com affetto
  4. Geschwind, doch nicht zu sehr und mit Entschlossenheit. Allegro

CD2

Sonata para piano No. 30 em mi maior, Op. 109
  1. Vivace ma non troppo – Adagio expressivo – Tempo I
  2. Prestissimo
  3. Gesangvoll, mit innigster Empfindung. Andante cantabile ed expressivo
Sonata para piano No. 31 em lá bemol maior, Op. 110
  1. Moderato cantabile molto expressivo
  2. Allegro molto
  3. Adagio ma non troppo – Fuga. Allegro ma non troppo
Sonata para piano em dó menor, Op. 111
  1. Maestoso – Allegro com brio ed appassionato
  2. Adagio molto semplice e cantabile

Stephen Kovacevich, piano

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MP3 | 320 KBPS | 352 MB

Uma palavra sobre os arquivos. No álbum original, com dois CDs, uma das sonatas com quatro movimentos ficou dividida, dois movimentos no primeiro, os outros dois no segundo CD. Aproveitei o espaço de CD virtual dos arquivos para colocar esta sonata completa no primeiro CD-arquivo, evitando assim a sua divisão. Além disso, os dois últimos movimentos foram ‘unidos’ em uma única faixa, para evitar a desagradável interrupção, uma vez que eles são tocados em seguida, quando ouvimos os CDs diretamente do CD player. Ao fazer isto, renomeei a faixa, mas subtrai as indicações em alemão (que podem ser lidas aqui, no texto). Desculpe-me, Ludovico, por esta ousadia, mas se o nome do arquivo ficar muito longo, certos leitores de arquivos flac ou mp3 ficam confusos e não conseguem decidir qual é o formato.

Então, quem já tem, aproveite para ouvir de novo, e quem ainda não tem, não perca tempo, aproveite, pois é difícil ficar melhor do que isto.

René Denon

Schubert (1797-1828): Sinfonias Nos. 8 e 9 – Camerata Academica des Mozarteums Salzburg – Sandor Végh

Schubert (1797-1828): Sinfonias Nos. 8 e 9 – Camerata Academica des Mozarteums Salzburg – Sandor Végh

Franz Schubert

Sinfonias Nos. 8 & 9

Camerata Academica

Sandor Végh

 

Schubert certamente é conhecido por suas peças para piano, incluindo as suas últimas sonatas, a música de câmera e sobretudo por suas canções acompanhadas ao piano, os Lieder. Este tipo de música sempre teve execução garantida pelo próprio compositor e por seus muitos amigos artistas. No entanto, as obras orquestrais tinham destino mais incerto, não havia garantias de ter uma sinfonia, por exemplo, executada por uma orquestra de músicos profissionais. Apesar disto, ele produziu algumas lindas sinfonias. As primeiras tinham escopo mais modesto e foram executadas por orquestras amadoras. As Sinfonias Nos. 5 e 6, no entanto, demandam um conjunto maior e você poderá ouvi-las na interpretação da Camerata Academica des Mozarteums Salzburg, sob a regência de Sandor Végh, álbum postado aqui.

Agora temos as duas últimas Sinfonias, que têm um escopo ainda maior. A Sinfonia Inacabada foi composta em 1822 e a sua história, desde a pena de Schubert até a estreia, no dia 17 de dezembro de 1865, envolve um grande amigo do compositor e algum mistério.

Johann Baptist Jenger, Anselm Hüttenbrenner e Franz Schubert

O amigo chamava-se Anslem Hüttenbrener e era pianista e compositor amador. A Sinfonia foi dada à Sociedade Musical da Estíria, de Granz, que havia homenageado Schubert. Como Anselm era o elo entre Schubert e a Sociedade, os manuscritos da Sinfonia foram enviados para ele, mas este nunca os repassou aos outros membros da Sociedade.

Estaria Anselm esperando que Schubert completasse a sinfonia? Teriam os dois amigos esquecido completamente da peça? O fato é que Schubert não completou a sinfonia e morreu seis anos depois. Anselm serviu de fonte para muitas informações sobre Schubert após a morte dele, mas nunca mencionou o manuscrito, nem mesmo para Ferdinand, irmão de Schubert, que passou a cuidar de suas obras.

Somente em 1865, Anselm entregou os manuscritos da Sinfonia a Johann Herbeck, regente da Gesellschaft der Musikfreunde, que fora visitá-lo em Granz e a Sinfonia foi então revelada.

Óculos de Schubert sobre a partitura de uma de suas canções

A história da Grande Sinfonia também envolve algumas peripécias. Em 1825 Schubert iniciou a composição desta grande peça e a terminou no ano seguinte. No entanto, sem fundos para ter a obra estreada, enviou-a como uma dedicatória à Gesellschaft der Musikfreunde. Schubert recebeu por isso algum dinheiro e as partes da Sinfonia foram copiadas. Em 1827 a orquestra fez uma primeira leitura da sinfonia com vistas a sua execução, mas a obra foi considerada muito difícil e deixada de lado.

Em 1838, Robert Schumann visitou Viena e Ferdinand, o irmão de Schubert, mostro-lhe a partitura da sinfonia. Schumann levou consigo uma cópia da mesma e em 1839 a obra foi então estreada pela Leipzig Gewandhaus, sob a regência de Feliz Mendelssohn. A estreia foi saudada por um artigo escrito por Schumann onde a expressão ‘himmlische Länge’ – comprimento celestial – foi cunhada para referir-se a sinfonia. Você poderá descobrir mais detalhes sobre esta história aqui.

Franz Schubert (1797 – 1828)

Sinfonia No. 8 em si menor, D. 759

  1. Allegro moderato
  2. Andante com moto

Sinfonia No. 9 em dó maior, D. 944

  1. Andante – Allegro non troppo
  2. Andante con moto
  3. Allegro vivace
  4. Allegro vivace

Camerata Academica des Mozarteums Salzburg

Sandor Végh

Coprodução ORF – Österreichischer Rundfunk & Capriccio

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MP3 | 320 KBPS | 182 MB

TUDO JUNTO (SINFONIAS 5, 6, 8 E 9) EM MP3

Sandor Vegh

Veja o que disse Thomas Zehetmair (regente e violinista) sobre a ‘Grande Sinfonia’: “É um dos misteriosos milagres da arte!”

Aproveite!

René Denon

Bach (1685-1750): Joy of Bach – Keiko Nakata

Bach (1685-1750): Joy of Bach – Keiko Nakata

Bach

Peças para Órgão

Keiko Nakata

 

A imagem que eu tinha de um organista era a de um vetusto senhor, ligeiramente robusto, cabelos brancos, como Helmut Walcha, Piet Kee e o médico, humanista e organista Albert Schweitzer. Mesmo os três ‘jovens’ organistas que ouço com mais frequência – Christopher Herrick, Ton Koopman e Hans Fagius – estão com cabelos brancos e com pedidos de aposentadorias já protocolados. Assim, quando me deparei com este disco, com o instigante nome – Joy of Bach – com a jovem organista Keiko Nakata, não tive dúvidas, coloquei logo na minha playslist. Gostei do recital e achei que vocês também poderiam gostar.

Keiko Nakata nasceu no Japão e estudou órgão e cravo na Tokyo Geidai – Universidade de Belas Artes e Música. Ela completou seus estudos em Paris e o disco mostra que é realmente talentosa.

O repertório do disco é variado e adequado a uma deliciosa audição. A famosa Tocata e Fuga em ré menor, que pode ter sido composta por um jovem Bach, assim como um Concerto transcrito de Vivaldi, uma Fantasia e o meu preferido ‘Wachet auf, ruft uns die Stimme’, coral que também aparece na cantata correspondente.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

  1. Fantasia super: Komm, Heiliger Geist, BWV 651
  2. Tocata e Fuga em ré menor, BWV 565 – Tocata
  3. Tocata e Fuga em ré menor, BWV 565 – Fuga
  4. Fuga em sol menor, BWV 578
  5. Prelúdio e Fuga em sol maior, BWV 550 – Prelúdio
  6. Prelúdio e Fuga em sol maior, BWV 550 – Fuga
  7. Coral ‘Wachet auf, ruft uns die Stimme, BWV 645
  8. Trio em sol maior, BWV 1027a
  9. Concerto em ré menor, BWV 596 – [—]
  10. Concerto em ré menor, BWV 596 – Grave
  11. Concerto em ré menor, BWV 596 –Fuga
  12. Concerto em ré menor, BWV 596 –Largo e Spiccato
  13. Concerto em ré menor, BWV 596 – [—]
  14. Prelúdio e Fuga em ré maior, BWV 532 – Prelúdio
  15. Prelúdio e Fuga em ré maior, BWV 532 – Fuga
  16. Prelúdio Coral ‘O Mensch, bewein’ dein’ Sünde gross’, BWV 622

Keiko Nakata, órgão do Templo Saint-Jean, de Belfort

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MP3 | 320 KBPS | 150 MB

Keiko esperando a turma do PQP Bach para bater um papo depois do expediente…

Você poderá visitar a página do órgão usado na gravação se clicar aqui. Não demore e baixe logo o disco! Aproveite Joy of Bach e escreva para a gente dizendo que gostou… Use o link ‘LEAVE A COMMENT’ logo abaixo do título da postagem e faça a Joy of PQP Bach!

René Denon

Beethoven (1770-1827) & Schubert (1797-1828) – Últimas Sonatas para Piano – Zhu Xiao-Mei #BTHVN250

Beethoven (1770-1827) & Schubert (1797-1828) – Últimas Sonatas para Piano – Zhu Xiao-Mei #BTHVN250

Beethoven 

Sonata No. 32 em dó maior, Op. 111

Schubert

Sonata No. 23 em si bemol maior, D. 960

 

A primeira vez que ouvi falar da pianista chinesa Zhu Xiao-Mei (Zhu é o nome de família e Xiao-Mei é seu nome) foi ao assistir um documentário sobre a vida dela, seu retorno para uma turnê na China após uma ausência de trinta anos e sua relação com a peça musical que tornou-se sua pièce de résistence – as Variações Goldberg, de Bach.

Há também um livro autobiográfico – O Rio e Seu Segredo (La rivière et son secret) que pretendo ler em breve.

Fiquei muito impressionado com essa artista, mesmo sem nunca haver ouvido um de seus álbuns. Ela teve que enfrentar tantas dificuldades e apesar disto (e talvez por isto) alcançou um nível de profundidade artística que transcende a música, a arte, e transborda em direção ao que, na falta de palavras mais adequadas (ao aqui tosco redator) chamo de filosofia e espiritualidade.

Mas o disco desta postagem não trata das Variações Goldberg ou mesmo outra música de Bach, e sim das duas últimas sonatas para piano de dois geniais compositores que viveram em Viena, sob condições muito diferentes, um deles morrendo perto de um ano depois do outro.

O que faz uma pianista reunir em um disco as sonatas destes dois compositores tão próximos mas tão distintos em um só álbum? Ela escolheu de cada um deles a última sonata: de Beethoven a Sonata No. 32 em dó maior, Op. 111 e de Schubert, a Sonata em si bemol maior, D. 960. Ela explica isto no livreto que acompanha os arquivos de música, pois em ambas as sonatas os compositores abordam o tema de completar, terminar os ciclos. Pois é, uso de rodeios mas é dela mesmo que estamos falando, a indesejada das gentes. Inevitabilidade é a palavra. A inevitabilidade vem com um consolo, que é a ausência de seu conhecimento, digamos assim, pleno. Ah, sábio e bondoso é o Senhor. Mas há momentos, se você ainda não os experimentou é por que é jovem ou sortudo, nos quais mergulhamos mais na consciência desta inevitabilidade. Leiam o livreto, a Xiao-Mei (ouso chama-la pelo primeiro nome) explica de maneira mais simples e direta do que eu.

A ideia é que estes compositores, ao trabalharem nestas obras já estavam neste estágio avançado de sabedoria. É verdade, Beethoven compôs a sonata em 1822 e ainda viveria um bom tempo, enquanto Schubert tinha apenas dois meses ainda de vida. De qualquer forma, essas condições certamente tornaram o momento criativo de cada um deles muito especial.

A sonata de Beethoven com apenas dois movimentos, inicia com um movimento que, segundo Xiao-Mei, simboliza luta, combate. ‘É a mensagem de Beethoven – você deve lutar pela vida’. Enquanto o primeiro movimento trata de gerar constantemente tensão, o segundo movimento se resolve em um ciclo de variações, que como as Goldberg, termina voltando a apresentar o tema inicial, fechando o ciclo, e depois dissolvendo-se, com uma nota de aceitação, de entrega. Xiao-Mei usa a palavra délivrance, na entrevista em francês.

A Sonata de Schubert apresenta outra abordagem do tema. Enquanto Beethoven resolve sua sonata e a termina com uma certa aceitação, Schubert é bem mais relutante. Isto fica aparente nos dois dolorosos e hesitantes primeiros movimentos da sua sonata. A morte deve ser bem mais assustadora para alguém de 32 anos, mesmo que seja alguém com tantos problemas quantos os que Schubert enfrentava.

No entanto, os dois últimos movimentos trazem mais luminosidade e uma certa leveza, mesmo que ainda haja momentos de silêncio e hesitação.

A entrevista que você poderá ler no livreto do disco foi feita por Michel Mollard, o produtor do documentário que mencionei no início e que também aparece neste vídeo, ao lado de Zhu Xiao-Mei.

Mesmo que você não se impressione tanto com este papo, baixe os arquivos e ouça a música. São duas obras primas interpretadas por uma artista que fica longe da superficialidade e do brilho fácil. Alguém que realmente conviveu longos períodos com as peças e as reverencia de maneira profunda.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para piano No. 32 em dó maior, Op. 111

  1. Maestoso – Allegro con brio e appassionato
  2. Arietta – Adagio molto, semplicie e cantábile

Franz Schubert (1797 – 1828)

Sonata para piano No. 23 em si bemol maior, D. 960

  1. Molto moderato
  2. Andante sostenuto
  3. Scherzo – Allegro vivace com delicateza
  4. Allegro, ma non troppo

Zhu Xiao-Mei, piano

Gravação realizada na Igreja Saint Pierre, Paris, em 2004

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Disco para ouvir e refletir! Aproveitem!

René Denon

Debussy (1862-1918): Études – Paul Jacobs

Debussy (1862-1918): Études – Paul Jacobs

Debussy

Douze Études pour le piano

En blanc et noir

Paul Jacobs

 

Eu busquei muito este CD, pela música e principalmente pelo intérprete. Paul Jacobs nasceu em 22 de junho de 1930 em Nova Iorque e foi um prodígio. Antes de dez anos já dava concertos. Estudou na Juilliard School. Ao se formar em 1951, foi para a Europa, permanecendo a maior parte do tempo em Paris. Tornou-se figura proeminente no cenário da música contemporânea, atuando em diversos grupos, como o Domaine Musical de Pierre Boulez.

Paul Jacobs

Em 1960 retornou para Nova Iorque e continuou muito ativo, participando de seminários e apresentando-se como solista. Estreou música de compositores como Stockhausen, Berio, Henze, Messiaen e Carter. Em 1961 foi nomeado pianista da Filarmônica de Nova Iorque, indicado por Leonard Bernstein, e ocupou esta posição até o fim de sua vida. Paul tinha interesse por música antiga e era também cravista. Foi dono de uma boa coleção com diversos instrumentos, tais como cravos e espinetas, inclusive um Érard, piano da época de Chopin.

Sua relação com o selo Nonesuch começou quando foi convidado a gravar a obra para piano de Schoenberg, em 1974, devido ao centenário de nascimento deste compositor. Em um intervalo das gravações, Paul tocou um dificílimo estudo de Debussy com tamanha facilidade que todos no estúdio ficaram maravilhados. Assim, estes estudos foram gravados em 1975 e posteriormente outros álbuns com música de Debussy, que muito breve poderão ser encontrados no seu distribuidor PQP Bach mais próximo.

Lamentavelmente, Paul Jacobs foi uma das primeiras vítimas da terrível síndrome que no início dos anos oitenta do século passado acometeu o mundo. Paul Jacobs morreu em 25 de setembro de 1983.

A gravação de ‘En blanc et noir’ que completa este álbum foi feita em 5 de junho de 1982, em um festival de música em Ojai, na Califórnia. Gilbert Kalish descreveu como, apesar do desgaste físico que a doença causava, como a música inspirava Paul e o animava. O som desta gravação não tem a mesma qualidade da gravação em estúdio dos ‘Études’, mas o calor e a empolgação do momento equilibram a balança.

Os ‘Études’ e ‘Em blanc et noir’ encontram-se entre as últimas obras compostas por Debussy, por volta de 1915, quando já se encontrava doente e tinha consciência de seu próximo fim. Mesmo assim produziu estas peças maravilhosas e seu grande envolvimento com a música também se dava na preparação da edição das obras de Chopin. A grande admiração pela obra deste compositor certamente o animou na produção dos seus ‘Études’, que em número de doze se dividem em dois livros. Esta divisão se deve a duas abordagens um pouco diferentes. O primeiro livro leva em conta problemas técnicos tradicionais e o segundo aborda problemas associados a figurações musicais. Os próprios títulos revelam essas diferenças. Por exemplo, o primeiro estudo do livro I chama-se ‘Pour les “cinc doigts” – d’après Monsieur Czerny’, enquanto que o primeiro estudo do livro II é intitulado ‘Pour les degrés chromatiques’. ‘En blanc et noir’ faz clara referência às teclas do piano, mas também tem reflexos dos sentimentos despertados devido à guerra que assolava a Europa.

Eu não consigo ler o título da segunda obra do disco sem me lembrar de ‘Ebony and Ivory’, de Paul MacCartney e Stevie Wonder.

Claude Debussy (1862 – 1918)

Douze Études pour le piano

  1. Étude 1 pour les cinq doigts d’après Monsieur Czerny
  2. Étude 2 pour les tierces
  3. Étude 3 pour les quartes
  4. Étude 4 pour les sixtes
  5. Étude 5 pour les
  6. Étude 6 pour les huit doigts
  7. Étude 7 pour les degrés chromatiques
  8. Étude 8 pour les agréments
  9. Étude 9 pour les notes répétées
  10. Étude 10 pour les sonorités opposées
  11. Étude 11 pour les arpèges composés
  12. Étude 12 pour les accords

En blanc et noir

  1. Avec emportement
  2. Lent, sombre
  3. Scherzando

Paul Jacobs, piano

(Gilbert Kalish, piano II em ‘En blanc et noir)

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FLAC | 199 MB

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MP3 | 320 KBPS | 152 MB

 

Espero que você goste deste disco tanto quanto eu e que esta postagem possa contribuir para reafirmar memória deste extraordinário músico que foi Paul Jacobs.

René Denon

Haydn (1732-1809) & Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Olivier Cavé #BTHVN250

Haydn (1732-1809) & Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Olivier Cavé #BTHVN250

 

Haydn ֍ Beethoven

Sonatas para Piano

 

O pianista suíço Olivier Cavé chamou a minha atenção com um ótimo álbum – três lindos concertos para piano de Mozart, de períodos diferentes. O disco foi postado aqui mesmo no PQP Bach…

Assim, quando me deparei com este álbum, mais do que depressa, apanhei-o! E não é que gostei deste também? E então, os senhores sabem, se eu gosto, eu posto.

Você poderia achar estranho, reunir em um disco duas sonatas de Haydn com três de Beethoven. Mas, pensando um pouco, a ideia é boa. Permite que tenhamos uma perspectiva de quanto o compositor mais velho influenciou o voluntarioso Ludovico, mesmo que este não o admitisse.

Papa Haydn

As sonatas de Haydn são de períodos diferentes na carreira do compositor. A Sonata em si menor é do período em que Haydn trabalhava para a família Esterházy e não podia negociar diretamente com os editores. Assim, a sonata é, por assim dizer, para consumo interno. Já a outra sonata, em dó maior, foi composta sob comissão do editor Breitkopf, de Leipzig, e visava público mais amplo.

As três sonatas de Beethoven são de seu primeiro período de composição, nos seus primeiros anos em Viena. As duas primeiras do Opus 2, dedicadas a Haydn, e a segunda sonata do Opus 10.

O jovem Ludovico

Estas sonatas são obras típicas do período clássico, cheias de ótimas ideias e muito bom humor. Especialmente bonito é o movimento lento da Sonata Op. 2, 2 – Largo appassionato. E veja que todos os movimentos finais das sonatas do disco são grazioso, presto e prestíssimo!

A seguir, uma tradução livre do texto da página do disco.

Ludwig van Beethoven havia acabado de fazer vinte anos quando encontrou-se com Joseph Haydn pela primeira vez, em 1790. Dois anos depois, o jovem compositor reuniu-se aos muitos alunos do mestre vienense. Mas, cansado das constantes faltas do professor e incomodado por suas críticas, ele logo deixou as aulas, afirmando anos depois, de maneira amarga, não ter aprendido qualquer coisa com Haydn. É esta distância, esta diferença de estilos e de aspirações entre Beethoven e seu antigo professor que está para ser ouvida neste novo álbum de Olivier Cavé […]. A Sonata Hob. XVI: 32 (1776) de Haydn aponta para um estilo clássico mas vigoroso, Hob. XVI: 48, composta apenas quatro anos depois, é mais moderada e acadêmica. Beethoven almejou quebrar com este classicismo, permitindo-se um escopo expressivo maior e trocando o tradicional terceiro movimento – minueto – por um scherzo, na sua segunda sonata, um claro sinal de seu espírito revolucionário.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para piano No. 1 em fá menor, Op. 2, 1
  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto
  4. Prestissimo

Franz Joseph Haydn (1732 – 1809)

Sonata para piano em si menor, Hob. XVI: 32
  1. Allegro moderato
  2. Minuet – Trio
  3. Presto

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para piano No. 2 em lá maior, Op. 2, 2
  1. Allegro vivace
  2. Largo appassionato
  3. Scherzo: Allegretto
  4. Rondo: Grazioso

Franz Joseph Haydn (1732 – 1809)

Sonata para piano em dó maior, Hob. XVI: 48
  1. Andante con espressione
  2. Presto

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para piano No. 6 em fá maior, Op. 10, 2
  1. Allegro
  2. Allegretto
  3. Presto

Olivier Cavé, piano

Gravação feita em setembro de 2017 – Studio TELDEX, Berlim
Produção: Johannes Kammann

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FLAC | 400 MB

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MP3 | 320 KBPS | 181 MB

Olivier dando um rolé em Veneza, após um almoço com a turma do PQP Bach…

Esta postagem é parte de nossas homenagens ao grande Ludovico: Vivat, vivat Beethoven! – 2020

Aproveitem!

René Denon