Antoine Beuger usa ideias de Cage para fazer sua ultra provocativa obra Dialogues (Silences), de 1993. Em termos de música aleatória, não poderia ser melhor. São poucas notas emitidas pelo clarinete, entremeadas de longos silêncios. Parece haver vários 4`33 dentro de Dialogues. Posso imaginar a reação do público e a calma necessária ao clarinetista. O que pensava Cage? Ora, questionando o paradigma da música ocidental, que explicava a música como uma série ordenada de notas, Cage se voltou para o silêncio de forma eminentemente conceitual. Todos os mínimos ruídos, comuns em salas de espetáculos, criam a aura de um happening, provocando o público e fazendo com que uma execução pública seja diferente da anterior e de contornos inesperados. Depois temos uma obra do próprio Cage, Music for One (1984), que parece até menos radical que a anterior. Na boa, eu curti o disco, mas não é para qualquer um, Tem que gostar de modernismos, estranhamentos e experimentações.
Elegância poderia ser o outro nome deste CD. É incrível notar como se adapta a música diversa e variada que J. S. Bach escreveu. Originalmente escritas para a gamba e o cravo, essas composições aparecem muito bem no violoncelo e no piano modernos. Os sons são agradáveis e ensolarados, a música, linda. A última sonata do filho mais musicalmente inovador de Bach, CPE Bach, é um bônus do CD. O tratamento recebido pelo mano CPE é igualmente luxuoso. Bem, tendo gravado todas as principais obras para teclado de Bach, Angela Hewitt agora ataca essas peças com o violoncelista Daniel Muller-Schott. As composições não são necessariamente “virtuosísticas”, mas são as primeiras a dar uma tratamento mais igualitário ao teclado além de ser apenas o continuo. As sonatas transbordam de melodias e os belos desenvolvimentos vêm sem o menor esforço.
J. S. Bach e C. P. E. Bach: Sonatas para Viola da Gamba transcritas para Violoncelo
1. Sonate No.1 G-dur BWV 1027 – I. Adagio (3:55)
2. Sonate No.1 G-dur BWV 1027 – II. Allegro ma non tanto (3:33)
3. Sonate No.1 G-dur BWV 1027 – III. Andante (2:57)
4. Sonate No.1 G-dur BWV 1027 – IV. Allegro moderato (3:11)
5. Sonate No.2 D-dur BWV 1028 – I. Adagio (2:04)
6. Sonate No.2 D-dur BWV 1028 – II. Allegro (3:34)
7. Sonate No.2 D-dur BWV 1028 – III. Andante (4:14)
8. Sonate No.2 D-dur BWV 1028 – IV. Allegro (4:02)
9. Sonate No.3 g-moll BWV 1029 – I. Vivace (5:07)
10. Sonate No.3 g-moll BWV 1029 – II. Adagio (5:43)
11. Sonate No.3 g-moll BWV 1029 – III. Allegro (3:56)
12. Sonate fur Viola da gamba und Basso continuo D-dur H 559 – I. Adagio m… (3:13)
13. Sonate fur Viola da gamba und Basso continuo D-dur H 559 – II. Allegro… (4:20)
14. Sonate fur Viola da gamba und Basso continuo D-dur H 559 – III. Arioso (4:53)
Daniel Muller-Schott, violoncelo
Angela Hewitt, piano
Um bom disco. Som barroco perfeito e música de alta qualidade, onde se destaca… Bem, se destaca um compositor anônimo que nos traz uma sonata com uma passacaglia maravilhosa (faixa 6). Mas, de resto, a coisa também é ótima. Dresden é uma cidade incrivelmente linda. Possui cerca de 600 mil habitantes, é cortada pelo rio Elba e está situada no meio do caminho para aqueles que vão de trem de Berlim para Praga. É uma linda viagem. A parte cultural da cidade é preservada com festivais de música barroca por todo lado. Pisendel (1688-1755) foi o principal violinista alemão de sua época. Foi direta e indiretamente responsável pela criação de música memorável. Em 1712, aceitou um lugar na Orquestra da Corte de Dresden. Permaneceu lá pelo resto da vida. Às vezes, dava um rolê em Veneza para visitar Vivaldi.
Pisendel & Compositores de Dresden: Sonatas para Violino
Johann Georg Pisendel: Sonata for Violin and Basso Continuo in E minor
1. Sonata for Violin & Continuo in E minor: Largo
2. Sonata for Violin & Continuo in E minor: Moderato
3. Sonata for Violin & Continuo in E minor: Scherzando
Anonymous: Sonata for violin & continuo in E flat major
4. Sonata for Violin & Continuo in E Flat Major (Scodatura Tuning BF Ef BF Ef): Prelude: Grave – Presto
5. Sonata for Violin & Continuo in E Flat Major (Scodatura Tuning BF Ef BF Ef): Aria Tarde – Adagio
6. Sonata for Violin & Continuo in E Flat Major (Scodatura Tuning BF Ef BF Ef): Passagalia: Allegro – Presto – Menuett
7. Sonata for Violin & Continuo in E Flat Major (Scodatura Tuning BF Ef BF Ef): Final
Johann Georg Pisendel: Sonata for Violin and Basso Continuo in D major
8. Sonata for Violin & Continuo in D Major: Allegro
9. Sonata for Violin & Continuo in D Major: Larghetto
10. Sonata for Violin & Continuo in D Major: Allegro
Johann David Heinichen: Sonata for violin & continuo in C minor
11. Sonata for Violin & Continuo in C minor: Adagio
12. Sonata for Violin & Continuo in C minor: Andante
13. Sonata for Violin & Continuo in C minor: Affetuoso
14. Sonata for Violin & Continuo in C minor: Allegro
Wilhelm Friedemann Bach: Keyboard Sonata in F major, F. 202 (BR A10)
15. Keyboard Sonata in F Major, F. 202 (BR A10): Allegro Ma Non Troppo
16. Keyboard Sonata in F Major, F. 202 (BR A10): Larghetto
17. Keyboard Sonata in F Major, F. 202 (BR A10): Presto
Johann Georg Pisendel: Sonata for Violin solo in A minor
18. Sonata for Violin Solo in A minor: Largo
19. Sonata for Violin Solo in A minor: Allegro
20. Sonata for Violin Solo in A minor: Giga
21. Sonata for Violin Solo in A minor: Variationen
Johann Adolph Hasse: Sonata for violin & continuo No. 6 in B flat major
22. Sonata for Violin & Continuo No. 6 in B Flat Major: Allegretto
23. Sonata for Violin & Continuo No. 6 in B Flat Major: Adagio
24. Sonata for Violin & Continuo No. 6 in B Flat Major: Allegro
25. Sonata for Violin & Continuo No. 6 in B Flat Major: Gavotte
Johann Georg Pisendel: Sonata for violin & continuo in E flat major (attrib.)
26. Sonata for Violin & Continuo in E Flat Major (Attrib.): Adagio
27. Sonata for Violin & Continuo in E Flat Major (Attrib.): Allegretto
28. Sonata for Violin & Continuo in E Flat Major (Attrib.): Larghetto
29. Sonata for Violin & Continuo in E Flat Major (Attrib.): Allegro
Martina Graulich, baroque violin
Ute Petersilge, baroque cello
Thomas C. Boysen, lute, theorbo, guitar
Stefano Demicheli, harpsichord
Álbum agradável e eufônico, com uma interessante mistura de instrumentos e estilos musicais. Algumas das faixas são bastante fracas, no entanto. A sutil e fascinante combinação de piano e kora, que eu nunca tinha ouvido antes, funciona bem e também é ótimo ouvir o koto, um dos meus instrumentos favoritos. Funcionará bem como música de fundo ou para as noites calmas e relaxantes em casa.
Bem, Transparent Water é a nova colaboração de estúdio entre o guitarrista e pianista Omar Sosa, sete vezes indicado ao Grammy, e o cantor senegalês e mestre de kora Seckou Keita, que reside em Londres. A ideia do projeto surgiu de um improviso casual da dupla em 2012 com o baterista Marque Gilmore no CLF Art Café em Londres. Motivado pela boa experiência, Omar convidou Seckou. Esta gravação foi lançada em fevereiro deste ano, mas é de 2013.
Omar Sosa, Seckou Keita: Transparent Water
1 Dary 5:09
2 In The Forest 5:14
3 Black Dream 5:24
4 Mining-Nah 4:11
5 Tama-Tama 4:55
6 Another Prayer 5:13
7 Fatiliku 5:38
8 Oni Yalorde 3:53
9 Peace Keeping 4:48
10 Moro Yeye 4:36
11 Recaredo 1993 4:19
12 Zululand 3:01
13 Thiossane 4:09
Hummel é um caso curioso na história da música. Bom compositor, foi contemporâneo dos gênios Haydn, Mozart e Beethoven, sendo bem inferior a este trio de ouro. O resultado é que pouca gente ouve ao “Mozart sem magia” representado por Hummel. Sua música é competente e agradável, sem transcendência, mas sem merecer o limbo. O pianista e maestro Howard Shelley é uma espécie de mensageiro de Hummel, tanto que gravou uma série de CDs com a obra do compositor. Com o selo de alta qualidade da Chandos, a série é um primor, mas, sabem?, é Hummel.
Johann Nepomuk Hummel (1778-1837): Concertino Op. 73, Concerto para Piano Op. 113, Rondó Op. 117
Concertino in G major Op. 73 16:25
1.I Allegro moderato 8:13
2.II Andante grazioso 3:56
3.III Rondo 4:12
Piano Concerto in A flat major Op. 113 29:44
4.I Allegro moderato 15:42
5.II Romanze: Larghetto con moto 4:47
6.III Rondo alla Spagniola: Allegro moderato 9:13
7. Gesellschafts-Rondo in D major Op. 117 12:47
London Mozart Players
Howard Shelley piano / director
Um disco leve e divertido. Aqui, a super virtuose Petri dá um banho de competência ao lado de seu parceiro habitual Lars Hannibal — que não é Lecter. O que Petri faz é impressionante. Jamais imaginei que fossem possíveis tantos efeitos quanto os obtidos na obra de Kupkovič, por exemplo. Mas Petri não é só hábil. Ela sabe fazer música para lá de sua demoníaca forma de tocar. Um belo CD para você esquecer seu (sua) chefe e se alegrar após um dia de trabalho daqueles.
Telemann (1681-1767). J.S. Bach (1685-1750), Koppel (1944), Krähmer (1795-1837), Vivaldi (1678-1741), Ibert (1890-1962), Kupkovič (1928), Jacob (1895-1984): Souvenir – Musica para Flauta Doce e Alaúde / Violão
Georg Philipp Telemann (1681 – 1767): Sonata in D Minor / d-moll / ré mineur for Alto Recorder and Continuo
1 Affetuoso 1:52
2 Presto 3:34
3 Grave 0:54
4 Allegro 3:09
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750): Partita in C Minor / c-moll / ut mineur, BWV 1013, or Alto Recorder (Flute)
5 Allemande 2:31
6 Corrente 2:25
7 Sarabande 4:13
8 Bourrée anglaise 2:34
Thomas Koppel (b.1944): Nele’s Dances for Recorder and Lute
9 I Know You Are Crossing the Borders Somewhere 2:09
10 And I Know You Are Remembering, You Distant Boy 2:51
11 And I’m Still Feeling You in My Arms 1:47
12 In Front of the Castle With No Doors 1:45
13 Where the Living Dead Are Dancing 1:54
14 There I Dance My Dance on Black Feet 3:38
15 And Later On, In the Place That No One Knows 2:09
16 I Give Birth to the Warm Fruit of Our Love 0:58
17 And the Wild Foals Leave the Folds 0:35
18 In a Symphony of Galloping Hooves 0:54
19 Ernest Krähmer (1795 – 1837): Introduction, Theme, and Variations, Op, 32, for Soprano Recorder and Guitar 10:46
Antonio Vivaldi (1678 – 1741): Sonata in G Major / G-dur / sol majeur, RV 59, for Soprano Recorder and Continuo
20 Preludio – Largo 1:44
21 Allegro ma non presto 2:53
22 Pastorale 3:22
23 Allegro 1:45
24 Jacques Ibert (1890 – 1962): Entr’acte for Sopranino Recorder (Flute) and Guitar 3:00
25 Ladislav Kupkovič (b.1928) / arr. Petri: Souvenir for Sopranino Recorder (Violin) and Guitar (Piano) 4:06
26 Gordon Jacob (1895 – 1984): An Encore for Michala for Alto Recorder and Guitar 2:19
Michala Petri, flauta doce
Lars Hannibal, alaúde / violão
Um belíssimo disco de música romântica russa. Tugan Sokhiev é um craque absoluto e este CD é um primor. Sokhiev pode ser lírico sem açúcar, grandioso sem ser chato, apaixonado sem verbosidade. Sim, sei que há quilos de gravações deste repertório, mas o pessoal da revista Gramophone acertou ao colocar este CD como Editor`s Choice Award. Ouçam porque vale a pena. E é uma gravação de compositores russos concebida por um russo. Não tem erro. A coisa é de primeira linha mesmo.
Mussorgsky: Quadros de uma Exposição / Tchaikovsky: Sinfonia No. 4
Mussorgsky: Quadros de uma Exposição
1. Promenade
2. I. Gnomus
3. Promenade
4. II. Il Vecchio Castello
5. Promenade
6. III. Les Tuileries
7. IV. Bydlo
8. Promenade
9. V. Ballet Of The Unhatched Chicks
10. VI. ‘Samuel’ Goldenberg Und ‘Schmuyle’
11. VII. The Marketplace At Limoges
12. VIII. Catacombae, Sepulchrum Romanum
13. Cum Mortuis In Lingua Mortua
14. IX. The Hut On Fowls’ Legs
15. X. The Great Gate Of Kiev
Tchaikovsky: Sinfonia No. 4
16. Andante Sostenuto. Moderato Con Anima
17. Andantino In Modo Di Canzona
18. Scherzo. Pizzicato Ostinato: Allegro
19. Finale. Allegro Coon Fuoco
Orchestre National Capitol de Toulouse
Tugan Sokhiev
Sim, é Mahler. E sim, é jazz contemporâneo e experimental. Trata-se de um disco de 1999 onde o The Uri Caine Ensemble toca temas de Mahler com imensa liberdade. Uri Caine iniciou seus estudos de piano aos sete anos de idade e teve lições com o pianista francês de jazz Bernard Peiffer aos 12. Estudou na Universidade da Pensilvânia tendo por tutor George Crumb. Com ele, adquiriu familiaridade com a música clássica, mas iniciou sua carreira como pianista de jazz em Filadélfia. Na década de 1980 foi viver em Nova Iorque. Caine, que tem gravados 16 álbuns, é muito apreciado pelas suas ecléticas e inventivas interpretações do repertório clássico. Este seu tributo em versão jazz para Gustav Mahler, gravado em 1999, recebeu um prêmio da Sociedade Alemã Mahleriana, embora tenha havido polêmica devido ao conservadorismo de alguns membros do júri. Caine também trabalhou nas Variações Goldberg de Bach, nas Variações Diabelli de Beethoven, bem como reinterpretou diversas obras de Wagner e Mozart. É um álbum certamente muito original, daqueles para se amar ou odiar. Eu estou no primeiro grupo.
The Uri Caine Ensemble: Gustav Mahler In Toblach
CD 1
1-1 Symphonie Nr. 5, Trauermarsch = Symphony No. 5, Funeral March 7:06
1-2 Oft Denk’ Ich, Sie Sind Nur Ausgegangen! Aus »Kindertotenlieder« = I Often Think They Have Merely Gone Out! From »Songs Of The Death Of Children« 10:24
1-3 Nun Will Die Sonn So Hell Aufgehn Aus »Kindertotenlieder« = Now Will The Sun Rise As Brightly »From Songs Of The Death Of Children« 5:35
1-4 Der Tamboursg’sell Aus »Des Knaben Wunderhorn« = The Drummer Boy From »The Boy’s Magic Horn« 14:03
1-5 Einleitung Zur Symphonie Nr. 5, Adagietto = Introduction To Symphony No. 5, Adagietto 1:53
1-6 Symphonie Nr. 5, Adagietto = Symphony No. 5, Adagietto 12:42
CD 2
2-1 Symphonie Nr. 1 »Titan« 3. Satz = Symphony No. 1 »Titan«, 3rd Movement 13:22
2-2 Ging Heut’ Morgen Übers Feld Aus »Lieder Eines Fahrenden Gesellen«, Symphonie Nr. 2 »Auferstehungs-Symphonie«, Andante Moderato = I Went Out This Morning Over The Countryside From »Songs Of A Wayfarer«, Symphony No. 2 »Resurrection«, Andante Moderato 13:26
2-3 Symphonie Nr. 2 »Auferstehungs-Symphonie«, Urlicht = Symphony No. 2 »Resurrection«, Primal Light 2:34
2-4 Interlude Zu »Der Abschied« = Interlude To »The Farewell« From »The Song Of The Earth« 1:49
2-5 Der Abschied Aus »Das Lied Von Der Erde« = The Farewell From »The Song Of The Earth« 26:25
Acoustic Bass – Michael Formanek
Alto Saxophone – David Binney
Arranged By [All Compositions Arranged By], Adapted By [All Compositions Adapted By] – Uri Caine
Drums – Jim Black
Piano, Keyboards – Uri Caine
Trumpet – Ralph Alessi
Turntables, Electronics [Live Electronics] – DJ Olive
Violin – Mark Feldman
Vocals, Oud – Aaron Bensoussan
Estes dois concertos demonstram a crescente importância dos violões nos palcos do mundo. O cubano Leo Brouwer, um dos principais compositores latino-americanos, escreveu muitos concertos para violão, mas The Book of Signs (2003) é o primeiro para uma dupla deles. É um concerto de temas majestosos, muito musicais e de grande virtuosismo. O primeiro movimento é baseado no tema das 32 Variações em Dó menor de Beethoven. Importante figura da música brasileira, Paulo Bellinati emprega harmonias luxuosas para homenagear a música do interior do estado de São Paulo em Concerto Caboclo (2011). Seu concerto é belo e delicado. Gostei muito. Este CD é extraordinário sob qualquer perspectiva que se ouça: excelente orquestra e regência, espetacular dupla de solista e tals.
The Book of Signs
1. I. The Signs of Memory: Theme and Variations 00:15:40
2. II. Variaciones sobre un tema sentimental 00:13:49
3. III. Allegro 00:15:21
Concerto Caboclo
4. I. Toada: Andante, quasi andantino 00:08:03
5. II. Moda di Viola: Adagio 00:05:49
6. III. Ponteado: Vivo 00:05:22
Brasil Guitar Duo
Delaware Symphony Orchestra
David Amado
Recentemente, postamos mais duas versões das Mystery Sonatas de Biber. A versão apresentada na segunda postagem é inferior a esta. Já a primeiraé tão boa quanto. As Sonatas do Rosário de Heinrich Biber — 15 sonatas para violino e contínuo, retratando os 15 Mistérios do Rosário, e uma extensa passacaglia para violino solo — constituem um dos pontos mais altos na música virtuosa de violino barroco. O violinista Daniel Sepec apresenta uma bela interpretação autêntica do famoso ciclo sonata de Biber sobre violinos originais do célebre fabricante de violinos tirolês Jakob Stainer (c. 1617-1683), com luxuoso acompanhamento contínuo de Hille Perl, Lee Santana e Michael Behringer.
Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704): The Mystery Sonatas
Disc 1
1 Der freudenreiche Rosenkranz: No. 1 in D Minor, Die Verkündigung Mariae 5:43
2 Der freudenreiche Rosenkranz: No. 2 in A Major, Marias Besuch bei Elisabeth 4:20
3 Der freudenreiche Rosenkranz: No. 3 in B Minor, Christi Geburt, Anbetung der Hirten 6:36
4 Der freudenreiche Rosenkranz: No. 4 in D Minor, Christi Darstellung im Tempel 8:00
5 Der freudenreiche Rosenkranz: No. 5 in A Major, Der zwölfjährige Jesus im Tempel 7:29
6 Der schmerzensreiche Rosenkranz: No. 6 in C Minor, Leiden Christi am Ölberg 7:49
7 Der schmerzensreiche Rosenkranz: No. 7 in F Major, Christi Geißelung 8:03
8 Der schmerzensreiche Rosenkranz: No. 8 in B-Flat Major, Die Dornenkrönung 5:41
9 Der schmerzensreiche Rosenkranz: No. 9 in A Minor, Der Kreuzgang 6:58
10 Der schmerzensreiche Rosenkranz: No. 10 in G Minor, Die Kreuzigung 9:06
Disc 2
1 Der glorreiche Rosenkranz: No. 11 in G Major, Die Auferstehung 9:00
2 Der glorreiche Rosenkranz: No. 12 in C Major, Christi Himmelfahrt 6:53
3 Der glorreiche Rosenkranz: No. 13 in D Minor, Ausgießung des Heiligen Geistes 6:59
4 Der glorreiche Rosenkranz: No. 14 in D Major, Mariä Himmelfahrt 9:14
5 Der glorreiche Rosenkranz: No. 15 in C Major, Die Krönung der Jungfrau Maria 13:48
6 Der glorreiche Rosenkranz: No. 16 in G Minor, Passacaglia, Schutzengel-Sonate 8:46
Daniel Sepec, violino
Hille Perl, viola da gamba
Lee Santana, tiorba
Michael Behringer, cravo
Brahms compôs três quartetos para piano, os Op. 25 e 26, escritos em 1861, e o Op. 60, escrito em parte em 1855 e concluído em 1875. Os dois melhores são, de forma disparada, os que estão neste CD do Fauré Quartett. São obras de absoluta preferência minha e de FDP. É Brahms, isto é: é música profunda, de primeiríssima qualidade e merecidamente conhecidos, ouvidos, reouvidos e louvados. Estou com o Rondo alla Zingarese do Op. 25 e sinto certa taquicardia. Que bom! O Fauré sabe cantar e tocar coletivamente, o que torna maravilhoso este CD. Minha performance preferida destes quartetos ainda é a do Beaux Arts Trio, feira em 1973 e com Walter Trampler como violinista convidado. Mas o Fauré vai muito bem nelas.
Johannes Brahms (1833-1897): Quartetos para Piano Op. 25 e 60
1. Allegro [Brahms: Piano Quartet No.1 in G minor, Op.25]
2. Intermezzo (Allegro ma non troppo) [Brahms: Piano Quartet No.1 in G minor, Op.25]
3. Andante con moto [Brahms: Piano Quartet No.1 in G minor, Op.25]
4. Rondo alla Zingarese [Brahms: Piano Quartet No.1 in G minor, Op.25]
5. Allegro ma non troppo [Brahms: Piano Quartet No.3 in C minor, Op.60]
6. Scherzo (Allegro) [Brahms: Piano Quartet No.3 in C minor, Op.60]
7. Andante [Brahms: Piano Quartet No.3 in C minor, Op.60]
8. Finale (Allegro) [Brahms: Piano Quartet No.3 in C minor, Op.60]
Segundo filho de papai e Maria Barbara, Carl é considerado o fundador do estilo clássico na música erudita. É uma baita responsa. Sua música é excelente e tem curiosos episódios onde pode-se ouvir os vagidos de um pequeno Beethoven. Os motivos curtos e afirmativos são os mesmos, mas sem nem sombra da qualidade do mestre de Bonn. Gosto muito deste irmão que foi muitíssimo admirado na segunda metade de do século XVIII e que recebeu grandes elogios de Mozart e Haydn, que levaram seu estilo, digamos, às últimas consequências. Robert Schumann desprezava sua música, mas Brahms, muito menos trouxa, o admirava e costumava tocar suas obras.
Este álbum de Hogwood nos mostra sua Academy no auge e é, talvez, o mais importante registro das sinfonias de CPE, ao lado do realizado pela Orquestra de Freiburg.
Excelente!
Carl Philipp Emanuel Bach – 8 Symphonies, 3 Quartets
01 – Allegro Di Molto – Symphony In G Major Wq 182 No.1
02 – Poco Adagio
03 – Presto
04 – Allegro Di Molto – Symphony In B Flat Major Wq 182 No.2
05 – Poco Adagio
06 – Presto
07 – Allegro Assai – Symphony In C Major Wq 182 No.3
08 – Adagio
09 – Allegretto
10 – Allegro Ma Non Troppo – Symphony In A Major Wq 182 No.4
11 – Largo Ed Innocentemente
12 – Allegro Assai
13 – Allegretto- Symphony In B Minor Wq 182 No.5
14 – Larghetto
15 – Presto
16 – Allegro Di Molto – Symphony In E Major Wq 182 No.6
17 – Poco Andante
18 – Allegro Spiritoso
19 – Symphony in C major Wq 174, H649. Allegro assai
20 – Symphony in C major Wq 174, H649. Andante
21 – Symphony in C major Wq 174, H649. Allegro
22 – Symphony in D major Wq 176, H651. Allegro assai
23 – Symphony in D major Wq 176, H651. Andante
24 – Symphony in D major Wq 176, H651. Presto
25 – Quartet in A minor Wq 93, H537. Andantino
26 – Quartet in A minor Wq 93, H537. Largo e sostenuto
27 – Quartet in A minor Wq 93, H537. Allegro assai
28 – Quartet in D major Wq 94, H538. Allegretto
29 – Quartet in D major Wq 94, H538. Sehr langsam und ausgehalten
30 – Quartet in D major Wq 94, H538. Allegro di molto
31 – Fantasy in C major Wq 59,6, H284
32 – Quartet in G major Wq 95, H539. Allegretto
33 – Quartet in G major Wq 95, H539. Adagio
34 – Quartet in G major Wq 95, H539. Presto
Catherine Mackintosh
Nicholas McGegan
Anthony Pleeth
The Academy of Ancient Music
Christopher Hogwood
É curioso. A esmagadora maioria dos grupos atuais que se dedicam a releituras de Piazzolla tratam de amenizá-lo. Alguns comentaristas chegam a dizer que o executante mais selvagem de Piazzolla é o próprio. Tal conceito não pode ser atribuído ao Isabelle van Keulen Ensemble. O grupo da violinista é um dos que mais se aproximam das concepções do autor. Eu curti demais. Em 1961, o escritor Alberto Rodriguez Muñoz se aproximou de Piazzolla com um pedido para que ele escrevesse música para sua peça Tango del angel, sobre um anjo que aparece em um bloco de apartamentos em Buenos Aires para limpar as almas de seus habitantes. Foram criadas as peças Introducción al ángel, Milonga del ángel e Muerte del ángel. Esta última, uma fuga de quatro partes com harmonias e ritmos duros, mostra de forma impressionante até que ponto Piazzolla forçaram as fronteiras do tango tradicional. A coisa surpreende até hoje. Eu acho outras peças — como Romance Del Diablo e Milonga del Angel — ultra sensuais, nossa. Mas eu tenho cruza com o Diabo, não adianta. E o que dizer das maravilhosas e Fuga y Misterio e Muerte Del Ángel?
Astor Piazzolla: Angeles Y Diablos
1 Allegro Tangabile 3:04
2 La Camorra I 9:10
3 Romance Del Diablo 5:58
4 Vayamos Al Diablo 2:52
5 Tango Del Diablo 4:16
6 Poema Valseado 3:18
7 Fuga Y Misterio 4:49
8 Introducción Al Ángel 4:42
9 Milonga Del Ángel 6:11
10 Muerte Del Ángel 2:57
11 Resurrección Del Ángel 6:52
Isabelle van Keulen Ensemble
Bandoneon – Christian Gerber
Double Bass – Rüdiger Ludwig
Piano – Ulrike Payer
Violin – Isabelle van Keulen
Falemos sério, por favor. O acervo de Vivaldi de nosso blog é arrasador. Eu e FDP nos alternamos divulgando CDs uns melhores que os outros. Hoje, agrego mais um campeão. A Academy for Ancient Music Berlin ou Akademie Für Alte Musik Berlin realiza um trabalho impecável nestes Concertos Duplos de Vivaldi. É uma manhã dominical numa Veneza cheia de luz e amizade. Esqueça todas as iniquidades, todos as buzinas, a falta de grana e o resto, pois todos têm seus dramas, mesmo que seja um iate com vazamento ou um amigo drogado que vendeu o Mercedez que ganhou de você e agora anda de Chevette. Ouça o CD, depois pegue seu filho, cachorro, dê um beijo em sua mulher e leve todos para passear pensando que o mundo é perfeito.
Antonio Vivaldi (1678-1741): Double Concertos
Concerto grosso RV 156 en sol mineur / G minor / g-moll
1 Allegro 2’47
2 Adagio 1’52
3 Allegro 1’37
Double Concerto RV 535 en ré mineur / D minor / d-moll
4 Largo – Allegro 3’16
5 Largo 2’36
6 Allegro molto 2’29
Concerto pour violon RV 265 en Mi majeur / E major / E-dur
(“L’Estro armonico” op.3 n°12)
7 Allegro 3’10
8 Largo 4’02
9 Allegro 2’18
Double Concerto RV 531 en sol mineur / G minor / g-moll
10 Allegro 3’30
11 Largo 4’11
12 Allegro 3’08
Double Concerto RV 522 en la mineur / A minor / a-moll
13 Allegro 3’09
14 Larghetto e spiritoso 3’39
15 Allegro 2’48
Concerto grosso RV 574B en Fa majeur / F major / F-dur
16 Allegro 4’20
17 Grave 3’41
18 Allegro 3’39
O violoncelista Jan Vogler, que mora entre Nova York e Dresden, gravou três concertos duplos para violino, violoncelo e orquestra com sua esposa, a notável violinista Mira Wang, com a Royal Scottish National Orchestra sob a direção de Peter Oundjian. É claro que Mira Wang também mora entre Nova York e Dresden. O concerto duplo de Brahms é espetacular com seus sons românticos, solos eloquentes e grande participação orquestral. A imprensa inglesa escreveu a respeito: “Vogler, em particular, tratou suas seções solo como um recitativo de ópera, mesmo nas seções mais rápidas do Vivace. Wang, sua esposa, combinou com ele em virtuosismo e em beleza de tom. O destaque, no entanto, foi a abertura do movimento lento, que traz sensacionais timbres de legato, com solistas e orquestra entrando um no outro como em círculos concêntricos, criando um som como o de chocolate derretido”. Bem… O compositor norte-americano John Harbison (nascido em 1938) compôs o concerto duplo para a Boston Symphony Orchestra, encomendado pelo Friends of the Dresden Festival. A estreia mundial altamente elogiada com Jan Vogler e Mira Wang ocorreu em 8 de abril de 2010 em Boston, sob a direção de Carlos Kalmar. Agora, este trabalho colorido e dinâmico, repleto de virtuosismo cintilante, pode ser ouvido pela primeira vez em uma gravação. O compositor alemão Wolfgang Rihm (nascido em 1953) é considerado um dos mais importantes compositores do nosso tempo. Seu “Duo Concerto”, apresentado no Carnegie Hall em Nova York por Jan Vogler e Mira Wang com Orpheus Chamber Orchestra em 2015, completa este grande CD.
Brahms / Rihm / Harbison: Double Concertos
Wolfgang Rihm (1952)
1. Duo Concerto for Violin, Cello and Orchestra 22:41
Johannes Brahms (1833-1897)
2. Concerto for Violin, Cello and Orchestra in A minor, Op. 102 : I. Allegro 17:19
3. Concerto for Violin, Cello and Orchestra in A minor, Op. 102 : II. Andante 07:40
4. Concerto for Violin, Cello and Orchestra in A minor, Op. 102 : III. Vivace non troppo 08:55
John Harbison (1938)
5. Double Concerto, “To the Memory of Roman Totenberg” : I. Affetuoso, poco inquieto 06:58
6. Double Concerto, “To the Memory of Roman Totenberg” : II. Notturno. Adagio 07:41
7. Double Concerto, “To the Memory of Roman Totenberg” : III. Tempo giusto 06:15
Personnel:
Mira Wang (violin)
Jan Vogler (violoncello)
Royal Scottish National Orchestra
Peter Oundjian (conductor)
Um CD muito original. A harpista Flora Papadopoulos interpreta, com boa dose de liberdade, várias obras escritas originalmente para violino. J. S. Bach, Biber, Marini e Corelli são quatro das principais figuras da música barroca, mas ninguém os associaria à harpa. No entanto, eles trabalharam em ambientes onde há ampla evidência de que os harpistas estavam ativos, e onde certamente existia um repertório solo de harpa, mesmo que nunca fosse escrito. O ambicioso projeto de Papadopoulos parte dessa premissa e é o resultado de uma pesquisa profunda em fontes originais. Sugere que o repertório para violino, um instrumento que compartilha de suas características idiomáticas com a harpa, era uma fonte de inspiração para os harpistas. Assim, aqui algumas das peças mais conhecidas e mais virtuosas para o violino foram arranjadas para harpa, dando a essas composições um novo sopro de vida e lançando luz sobre novas e inesperadas nuances e reflexões. Flora Papadopoulos, após colaborações significativas com conjuntos como a Cappella Mediterranea e o Concerto Italiano agora faz seu primeiro álbum solo. Explorando caminhos pessoais, altamente experimentais e empíricos, ela revive uma fascinante prática musical há muito perdida.
Bach / Biber / Corelli / Marini: Unwritten — Do Violino para a Harpa
01. Mystery Sonata No. 1 in D Minor, “The Annunciation”: I. Praeludium
02. Mystery Sonata No. 1 in D Minor, “The Annunciation”: II. Variatio-Aria allegro-Variatio-Adagio-Finale
03. Arie madrigali et corenti, Op. 3: Romanesca per violino solo e basso se piace
04. Sonate, symphonie, canzoni, passe’mezzi, baletti, corenti, gagliarde e retornelli, Op. 8: Sonata Quarta per il violino per sonar con due corde
05. Sonata in F Major, Op. 5 No. 10: I. Preludio. Adagio
06. Sonata in F Major, Op. 5 No. 10: II. Allemanda. Allegro
07. Sonata in F Major, Op. 5 No. 10: III. Sarabanda. Largo
08. Sonata in F Major, Op. 5 No. 10: IV. Gavotta. Allegro
09. Sonata in F Major, Op. 5 No. 10: V. Giga. Allegro
10. Sonata No. 1 in D Minor (Orig. in G Minor), BWV 1001: I. Adagio
11. Sonata No. 1 in D Minor (Orig. in G Minor), BWV 1001: II. Fuga
12. Sonata No. 1 in D Minor (Orig. in G Minor), BWV 1001: III. Siciliana
13. Sonata No. 1 in D Minor (Orig. in G Minor), BWV 1001: IV. Presto
Composers:
Bach, Johann Sebastian (1685-1750)
Biber, Heinrich Ignaz Franz von (1644-1704)
Corelli, Arcangelo (1653-1713)
Marini, Biagio (c.1597-1665)
Rameau é maravilhoso. É sempre interessante, alegre, cheio de musicalidade. E este super trio nos traz performances equilibradas e refrescantes que nos mostram a graça e a mistura caleidoscópica de cores instrumentais do compositor. Pinnock está animado e envolvente, Podger está inspiradora e inspirada, ambos toando com clareza e frases bem feitas. Manson responde da mesma forma. Os ‘Tambourins’ são arrepiantes, o resto também. Mais uma joia que o PQP disponibiliza para os amantes do barroco.
Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Pièces de Clavecin en Concerts
Premier Concert
1 La Coulicam 3:25
2 La Livri 3:04
3 Le Vézinet 3:26
Deuxième Concert
4 La Laborde 5:56
5 La Boucon 5:31
6 L’Agaçante 2:46
7 Premier Menuet En Rondeau. Deuxième Menuet En Rondeau 4:51
Troisième Concert
8 La La Ploplinière 3:54
9 La Timide, Premier Rondeau Gracieux. La Timide Deuxième Rondeau Gracieux 7:09
10 Premier Tambourin En Rondeau. Deuxieme Tambourin En Rondeau 2:01
Quatrième Concert
11 La Pantomime 4:31
12 L’Indiscrète 1:38
13 La Rameau 4:14
Cinquième Concert
14 La Forqueray 4:26
15 La Cupis 6:25
16 La Marais 2:29
Trevor Pinnock, cravo
Rachel Podger, violino
Jonathan Manson, viola da gamba
Velha gravação do Smetana Quartet, grupo fundado em 1943 e desfeito em 1989. São dois notáveis quartetos de Mozart. São também consistentes e parrudos, mas o Smetana exagerou na paulada. Bem, era o habitual nos anos 60. Há que considerar também que o quarteto era especializado em música romântica e tratava de trazer tudo para esta seara. Hoje, esta gravação tem um sabor de coisa do passado, mas era assim que ouvíamos Mozart. Competência máxima, afinação máxima, delicadeza nenhuma.
Quartet No.17 in B major, K.458 “Hunt”
1. I – Allegro vivace assai
2. II – Menuetto: Moderato
3. III – Adagio
4. IV – Allegro assai
Quartet No.15 in D minor, K.421(417b)
5. I – Allegro assai
6. II – Andante
7. III – Menuetto [Allegretto]
8. IV – Allegro ma non troppo (Allegretto non troppo)
Quem perder esta postagem é mulher do padre. Isto é óbvio. O quarteto Op. 26 forma uma dupla e tanto com o Op. 25. O Op. 25 é mais extrovertido e virtuoso que seu grande companheiro. Sim, é a música de câmara mais longa de Brahms. São mais de 50 minutos, tempo maior do que qualquer uma de suas sinfonias e concertos, embora a Primeira Sinfonia e o Segundo Concerto para Piano chegarem perto. Entre todos os trabalhos com números de opus, apenas Um Réquiem Alemão leva mais tempo para executar. Todos os quatro movimentos duram mais de 10 minutos e são ricos em conteúdo. É música boa pra mais de metro. O Trio Opus Póstumo não é uma loucura, mas depois que a gente se apaixona pela densidade brahmsiana, quer conhecer tudo o que o hamburguês escreveu.
Johannes Brahms (1833-1897): Integral dos Quartetos para Piano e Trio Op. Póstumo (Final)
Piano Quartet In A, Op. 26
1 Allegro Non Troppo 15:21
2 Poco Adagio 12:36
3 Scherzo. Poco Allegro 11:05
4 Finale. Allegro 9:36
Piano Trio In A, Op. Posth.
5 Moderato 9:12
6 Vivace 5:44
7 Lento 8:47
8 Presto 6:18
Beaux Arts:
Piano – Menahem Pressler
Violin – Isidore Cohen (1-4), Daniel Guilet (5-8)
Cello – Bernard Greenhouse
Mais:
Viola – Walter Trampler
Você talvez fique se perguntando: por que PQP colocou um álbum duplo em duas postagens em vez de entregar logo tudo? Ora, simples. É que é impossível ouvir apenas uma vez cada um destes CDs. (Calma, amanhã virá o segundo). Não é algo comum que passa por nossos ouvidos como uma brisa. Quem conhece estas obras sabe que são monumentos centrais da música de câmara. Além disso, desconheço melhor interpretação para estas obras do que a do Beaux Arts Trio. O que o Pressler, Cohen e Greenhouse fazem aqui merece ser ouvido por todos os dias que desejem ser lindos.
Johannes Brahms (1833-1897): Integral dos Quartetos para Piano e Trio Op. Póstumo (I)
Piano Quartet In G Minor, Op. 25
1-1 Allegro 13:10
1-2 Intermezzo. Allegro Ma Non Troppo 8:34
1-3 Andante Con Moto 9:39
1-4 Rondo Alla Zingarese. Presto 7:58
Piano Quartet In C Minor, Op. 60
1-5 Allegro Ma Non Troppo 9:59
1-6 Scherzo. Allegro 3:55
1-7 Andante 9:54
1-8 Finale. Allegro 9:39
Beaux Arts:
Piano – Menahem Pressler
Violin – Isidore Cohen
Cello – Bernard Greenhouse
Mais:
Viola – Walter Trampler
Esta é a melhor gravação que já ouvi do Concerto para Orquestra de Bartók, obra que ouço há de quarenta anos. O checo Jakub Hrůša realiza um notável trabalho em torno dos dois Concertos para Orquestra escritos pelos compositores húngaros Bartók e Kodály, que foram amigos e pesquisadores e fundadores da etnomusicologia.
O Ilha Quadrada nos fez o favor de escrever muito bem a respeito do espetacular Concerto para Orquestra de Bartók:
Eu já disse que homem é homem, menino é menino, sinfonia é sinfonia, concerto é concerto, concerto grosso é concerto grosso, sinfonia concertante é sinfonia concertante… e concerto para orquestra, que raios é isso?
Siga a lógica: se concerto é para solista e concerto grosso é para um grupo principal de instrumentistas, o concerto é para orquestra quando esse grupo principal é a orquestra toda. Entendeu? Há algo de “comunismo” nesse conceito – todos os instrumentos são importantes, todos têm frases virtuosísticas e claramente destacadas, todos são de alguma maneira solistas. (Na sinfonia não há isso: a orquestra sempre soa homogênea, “sinfônica”.)
Esse lance todo surgiu no começo do século 20, com os neoclássicos dos anos 1920. Parece que o primeiro a cunhar o termo foi Paul Hindemith. Desde Hindemith dezenas de concertos para orquestra apareceram no repertório. Desses, alguns se estabeleceram: Kodály, Lutoslawski, Carter e, principalmente, o de Béla Bartók, de 1943.
Bartók foi um dos cabras mais machos da história da música. Passou até fome, mas nunca se curvou a nenhum ditador, nunca puxou o saco de ninguém e manteve-se artística e politicamente íntegro até o fim. Sofreu um bocado. Se pensarmos que sua Hungria foi um barril de pólvora constante desde sempre, com a chegada constante de austríacos, fascistas, nazistas, soviéticos, incas venusianos (não, esses não!)…
Quando um regime nazifascista se estabeleceu na Hungria durante a Segunda Guerra Mundial, Bartók, totalmente discordante dele, emigrou para os Estados Unidos. Lá, passou perrengue. Doente e paupérrimo, foi sobrevivendo graças à ajuda de amigos. Um deles foi fundamental: Serge Koussevitzky, regente russo que dirigiu a Sinfônica de Boston por 25 anos.
Koussevitzky foi um dos mais importantes mecenas da música do século 20, encomendando e estreando dezenas de obras. Ele rapidamente estendeu a mão para o necessitado Bartók e encomendou-lhe uma obra para orquestra, “do jeito que você quiser”. Bartók escreveu o Concerto para orquestra, que se tornaria das peças mais populares do século e certamente a sua mais famosa.
Em termos de estrutura, o Concerto para orquestra tem o formato concêntrico, simétrico, clássico de Bartók: cinco movimentos, allegro-scherzo-andante-scherzo-allegro. Como já comentamos, Bartók era fã de geometria e proporções matemáticas. A forma em cinco partes é provavelmente a mais equilibrada de todas – um fit perfeito!
As marcas do estilo de Bartók não se restringem a isso: o movimento central é uma elegia em tudo devedora da típica “música noturna” bartokiana; os movimentos intermediários destacam características de execução (os pares de solistas bem caracterizados no segundo movimento, e a valsa caricata “invadida” no quarto movimento); e o finale que une a música popular húngara a um contraponto mais cerrado.
O que mais chama a atenção, no entanto, é a transparência da orquestração: o título da obra não é à toa. Cada seção da orquestra é destacada claramente, cada instrumentista tem o seu momento de brilhar e de estabelecer diálogos. Em pouquíssimos momentos a orquestra soa “cheia”. A textura é límpida a todo momento. É quase uma sinfonia, é meio um concerto, é totalmente fascinante.
Chega de falar. O momento agora é de ouvir. Toca Bartók!
Bartók / Kodály: Concertos for Orchestra
Zoltán Kodály
1 Concerto for Orchestra, K. 115 16:26
Béla Bartók
2 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: I. Introduzione. Andante non troppo – Allegro vivace 10:28
3 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: II. Presentando le coppie. Allegretto scherzando 6:44
4 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: III. Elegia. Andante non troppo 7:36
5 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: IV. Intermezzo interrotto. Allegretto 4:20
6 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: V. Finale. Pesante – Presto 9:52
Um esplêndido disco. Imaginem uma belíssima obra de Mahler, regida por George Szell tendo nas mãos uma extraordinária orquestra e, como se não bastasse, com Dietrich Fischer-Dieskau e Elisabeth Schwarzkopf! É como diz na capa: uma das Grandes Gravações do Século XX. E é Grande Música!
As canções de Des Knaben Wunderhorn (A Trompa Maravilhosa do Menino) referem-se a um objeto mágico como a cornucópia. Trata-se de uma coleção de textos de canções populares, publicada em três volumes em Heidelberg pelos poetas e escritores alemães Achim von Arnim e Clemens Brentano entre 1805 e 1808. A coleção contém canções da Idade Média até o Século XVIII. As canções foram musicadas por Gustav Mahler entre 1892 a 1901.
Gustav Mahler (1860-1911): Des Knaben Wunderhorn
1 Revelge 7:01
2 Das Irdische Leben 2:37
3 Verlorne Müh 2:29
4 Rheinlegendchen 3:05
5 Der Tambourgesell 5:49
6 Der Schildwache Nachtlied 6:14
7 Wer Hat Dies Liedlein Erdacht? 1:58
8 Lob Des Hohen Verstandes 2:41
9 Des Antonius Von Padua Fischpredigt 3:56
10 Lied Der Verfolgten Im Turm 3:41
11 Trost Im Unglück 2:08
12 Wo Die Schönen Trompeten Blasen 7:36
Dietrich Fischer-Dieskau
Elisabeth Schwarzkopf
The London Symphony Orchestra
George Szell
Uma boa gravação das Mystery Sonatas, mas inferior a esta aqui. Mesmo assim, vale muito a audição. Como são lindas estas Sonatas Pré-Bach! Sabe-se pouco acerca de Biber. Ele nasceu na atual República Checa, tinha boa reputação, e suas habilidades no violino eram altamente apreciadas. Suas principais obra são estas pitorescas e virtuosísticas Sonatas, que incluem novas técnicas e tonalidades incomuns. No mais, ele é um compositor que tem subido muito na consideração de muita gente que ouve barrocos, como eu.
Heinrich Ignaz Franz Biber: Mysterien Sonaten
CD 1:
Mystery Sonatas (16), for violin & basso continuo (or solo violin), C. 90-105
1. L’annonciation [05:21]
2. La Visite A Elisabeth [04:30]
3. La Naissance Du Christ [06:35]
4. La Presentation Au Temple [07:31]
5. Jesus Au Temple [06:26]
6. Le Jardin Des Oliviers [07:19]
7. La Flagellation [07:19]
8. La Couronne D’epines [06:29]
CD 2:
Mystery Sonatas (16), for violin & basso continuo (or solo violin), C. 90-105
1. Le Chemin De Croix [08:01]
2. La Crucifixion [10:11]
3. La Resurrection [07:12]
4. L’ascension [06:52]
5. L’esprit Saint [07:13]
6. L’assomption [08:16]
7. Le Couronnement De La Vierge [11:55]
8. L’ange Gardien [08:22]
Musicians:
Heinrich Ignaz Franz von Biber – Composer
Alice Pierot – Conductor, Violin
Les Veilleurs de Nuit – Ensemble
Hélène Grimaud é uma boa pianista. Não é daqueles pianistas da absoluta primeira linha, mas ela tem algo muito peculiar e importante: é uma notável escolhedora de repertório. Ela quase sempre pinça obras importantes de diferentes compositores que acabam por se combinar maravilhosamente. A Sonata de Liszt é grandiosa, sensacional. Por incrível que pareça, a peça do romântico fica ainda mais linda após Berg e precedendo Bartók. Não amei o Mozart de Grimaud, mas o CD para facilmente em pé. Vale a audição, ô, se não vale.
Mozart / Berg / Liszt / Bartók: Resonances
Mozart — Piano Sonata No. 8 In A Minor K. 310 (300d)
1 1. Allegro Maestoso 7:55
2 2. Andante Cantabile Con Espressione 10:22
3 3. Presto 2:55
Berg — Piano Sonata Op. 1
4 Piano Sonata Op. 1 – Mäßig Bewegt 11:37
Liszt — Piano Sonata In B Minor S 178
5 Piano Sonata In B Minor S 178 – Lento Assai – Allegro Energico – Grandioso – Recitativo – Andante Sostenuto – Allegro Energico – Andante Sostenuto – Lento Assai 30:13
Bartók — Román Népi Táncok BB 68
6 1. Joc Cu Bâtă 1:09
7 2. Brâul 0:28
8 3. Pe Loc 1:05
9 4. Buciumeana 1:23
10 5. Poargă Românască 0:29
11 6. Măruntel 0:59
Lembram aquelas seleções de clássicos dos anos 70 e 80 que tinham gatinhos na capa? Ali, o Aleluia de Handel podia vir antes de Rhapsody in Blue, a qual era seguida da Abertura 1812, por exemplo. Mas, óin, as capas tinham gatinhos… Enfim, o apelido “Disco de Gatinhos” é de autoria do Júlio e da D. Cristina lá da King`s Discos, esplêndida loja que ficava na Galeria Chaves. Eles não gostavam muito daquelas seleções. Nem eu. Pois a grande surpresa aqui é o fato de eu ter gostado deste disco de gatinhos barrocos de Daniel Hope. Achei um mui digno caça-níqueis pontuado por obras inesperadas neste tipo de seleções. É o gênero de disco que as gravadoras fazem para popularizar de vez um artista muito bom e ganhar uma bela grana. E Hope é boníssimo e tem bom gosto. Se não tivesse, faria o habitual: uma salada sem gosto.
Andrea Falconieri (1585 – 1656)
1. Chaconne in G Major [3:14]
George Frideric Handel (1685 – 1759)
Suite No.15 in D minor for Harpsichord, HWV 447
2. 3. Sarabande [3:07]
Diego Ortiz
3. Ricercata segunda [1:25]
Andrea Falconieri (1585 – 1656)
4. La suave melodia [3:10]
Biagio Marini (1597 – 1665)
5. Passacalio in G minor [3:38]
Nicola Matteis
6. “La Vecchia Sarabanda” [4:17]
Johann Pachelbel (1653 – 1706)
Canon and Gigue in D major
7. 1. Canon [3:41]
8. 2. Gigue [1:25]
Georg Philipp Telemann (1681 – 1767)
Concerto for Violin concertato, Strings and Basso continuo in A minor, TWV 51:A1
9. Adagio [2:59]
10. Allegro [2:22]
11. Presto [1:41]
Johann Paul von Westhoff (1656 – 1705)
Sonata for Violin and Continuo III
12. Imitazione delle Campane [1:55]
Nicola Matteis
13. Ground after the Scotch Humour [1:50]
Francesco Geminiani
Concerto grosso No.5 in G minor
Arr. from Corelli’s Sonata Op.5 No. 5
14. 1. Adagio [3:02]
15. 2. Vivace [1:38]
16. 3. Adagio [2:45]
17. 4. Allegro [1:40]
Antonio Valente
18. Gagliarda Napolitana [1:51]
Andrea Falconieri (1585 – 1656)
19. Passacaglia in G Minor [2:56]
Jean-Marie Leclair (1697 – 1764)
20. Tambourin [1:44]
Anonymous
21. Greensleeves [4:40]
Johann Paul von Westhoff (1656 – 1705)
Sonata “La guerra” in A Major
22. La Guerra cosí nominata di sua maestà [0:46]
Sonata for Violin and Continuo II
Sonata for Violin and Continuo “Consacrate al Grand’ Apolline di questi tempi”
23. Imitazione del Liuto. Presto [2:26]
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
Suite No.3 in D, BWV 1068
24. 2. Air [5:01]
Cello – Jonathan Cohen (7), William Conway
Double Bass – Enno Senft
Engineer – Mike Hatch
Executive-Producer – Dr. Alexander Buhr
Harpsichord, Organ – Kristian Bezuidenhout
Lute, Guitar, Theorbo – Stefan Maass, Stephan Rath (2)
Percussion – Hans-Kristian Kjos Sørensen
Photography By [Cover] – Harald Hoffmann
Producer – John West*
Viola – Stewart Eaton
Violin – Lucy Gould
Violin [Solo Violin Ii] – Lorenza Borrani
Violin, Executive Producer, Liner Notes – Daniel Hope