Antonio Meneses – Suítes brasileiras

Antonio Meneses – Suítes brasileiras

SuitesBrasileirasEste é o terceiro CD de Meneses que ora está sendo postado e talvez o mais importante de todos os que o violoncelista recifense gravou pois concretiza um projeto e sem precedentes no país: o de estímulo à produção de um repertório específico para um instrumento.

Diz o release de divulgação do disco:

“Há alguns anos, Antonio Meneses encomendou a compositores brasileiros obras que servissem como uma espécie de preâmbulo para cada uma das seis suítes para violoncelo solo de Johann Sebastian Bach. O objetivo era realizar um prolongamento, guardadas as proporções, da homenagem que Villa-Lobos fizera a Bach nas Bachianas Brasileiras.”

Daí que cada uma das seis primeiras obras – totalmente diferentes entre si na estética – parafraseia uma suíte bachiana. Na segunda metade do álbum, há uma suíte inteira em cinco movimentos, que Meneses pediu especialmente ao conterrâneo pernambucano Clóvis Pereira.

Clóvis, depois de Marlos Nobre, é o maior compositor erudito pernambucano vivo. Embora sua produção não seja muito extensa e seja quase desconhecida fora de seu estado natal, dificilmente decepciona, deixando-se claro que ela segue em maior ou menor grau as linhas do Movimento Armorial.

A parceria Meneses-Clóvis nasceu uma obra antes, com o Concertino para violoncelo e orquestra (2005) – o qual vai ser lançado por Meneses em disco este ano junto com os dois concertos de Haydn -, e deu tão certo que já está sendo escrita uma sonata pra cello e piano, a ter estreia em 2011.

***

Antonio Meneses – Suítes brasileiras

1. Etius Melos, de Ronaldo Miranda
2. Cantoria 1 para violoncelo solo, de Marlos Nobre
3. Preambulum, de Almeida Prado
4. Pequena seresta de Bach, de Edino Krieger
5. Preludiando, de Marisa Resende
6. Invocatio nº 1, de Marco Padilha

Suíte macambira, de Clóvis Pereira
7. Overture
8. O canto do cego
9. Dança característica
10. Coco embolado
11. Frevo canzonado

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Antonio Meneses: indiscutível, bom pra caralho
Antonio Meneses: indiscutivelmente, bom pra caralho

CVL

Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa, Collage über BACH, Symphony No. 3

Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa, Collage über BACH, Symphony No. 3

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  • Repost de 17 de Janeiro de 2016

Não sei como ainda não tinha postado esse álbum. Talvez eu devesse ter postado logo depois de ter discutido as três fases de composição de Arvo Pärt no post de Für Alina.

Pois bem, aqui está: Collage über Bach. Obra da fase de transição de Arvo Pärt assim como também é a sinfonia No. 3, que é igualmente sensacional.

Certa vez ouvindo a terceira sinfonia até tive um sonho meio acordado com um balé que se passaria conforme os movimentos dessa sinfonia. Não, não usei nenhuma substância, é só que a música por si só, principalmente a de Pärt, consegue estimular minha mente absurdamente.

Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa, Collage über Bach, Symphony No. 30

Tabula Rasa*
01 Ludus
02 Silentium

Collage über Bach
03 Toccata
04 Sarabande
05 Ricercare

Symphony No. 3
06 First Movemente
07 Second Movement
08 Third Movement

Ulster Orchestra
Takuo Yuasa, conductor
Leslie Hatfield, violin*
Rebecca Hirsch, violin*

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Ta ouvindo o batidão?
Ta ouvindo o batidão?

Luke

Henryk Górecki (1904-1991): Quarteto No. 1 e 2 — Steve Reich (1936): Different Trains — George Crumb (1929): Black Angels — Kronos Quartet 25 anos [6 e 7/10]

Henryk Górecki (1904-1991): Quarteto No. 1 e 2 — Steve Reich (1936): Different Trains — George Crumb (1929): Black Angels — Kronos Quartet 25 anos [6 e 7/10]

cover (2)

  • Repost de 28 de Janeiro de 2016

PQP sobre este post: IM-PER-DÍ-VEIS !!!

Górecki, Reich e Crumb, o que esses três têm em comum além da contemporaneidade de suas músicas? Nada que eu saiba amiguinhos, a pergunta foi só pra instigar curiosidade mesmo.

Górecki usa elementos minimalistas nesses dois quartetos seus, mas não sei se falta um pouco mais de vísceras que já havia ouvido em outras composições suas ou se o Kronos Quartet “falha na missão”.front

Reich é mais interessante, em sua música ele usa o elementos repetitivo e que vai se desenvolvendo aos poucos, embora aqui seja muito mais perceptível do que Music for 18 musicians por exemplo. Ele meio que brinca fazendo um contraponto minimalista e a música muda indo de uma repetição de tema à outro. E cada vez que um ou outro tema volta, ele volta com um elemento diferente. É genial. Ele adiciona umas vozes de radio também, puxando um elemento da eletroacústica, mas faz isso querendo anunciar o espírito de cada fase da música, por exemplo, New York é melancólica, Los Angeles é agitada, e quando volta à repetição New York to Los Angeles, que é meio que uma mistura, ele coloca uns sons de locomotiva. Uma brincadeira interessante. Com certeza uma música cheia de ideias que também é cheia de musicalidade.

Crumb chega pra não deixar pedra sobre pedra. Sua música é coisa que pirados como eu adoram. Ele faz inúmeras brincadeiras com elementos “não musicais”: a batida na madeira, um rangido, um suspiro, uma interjeição, etc. Mas não pense que isso tudo é sem coordenação como uma porcaria pós-moderna qualquer, na verdade ele consegue coordenar tudo isso muito bem, criando uma harmonia surpreendente. Dos três “porquinhos” aqui, ele é o mais criativo. Recomendo ouvir com o som bem alto e com muita atenção, pois a música dele está salpicada de detalhes quase inaudíveis.

Semana que vem trarei Terry Riley o oitavo disco da coleção juntamente com o nono, que trás obras de Alfred Schnittke.

25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET 6 and 7/10]

Disc 6

Henryk Górecki (1904-1991):

Quasi una Fantasia, Quartet No. 2, Op. 64
01 I. Largo
02 II. Deciso – Energico (Marcatissimo sempre)
03 III. Arioso: Adagio cantabile
04 IV. Allegro (Sempre con grande passione e molto marcato)

05 Already It Is Dusk, Quartet No. 1, Op. 62

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Disc 7

Steve Reich (1936):

Different Trains
01 America – Before The War
02 Europe – During The War
03 After The War

George Crumb (1929):

Black Angels
04 I. Departure
05 II. Absence
06 III. Return

Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello

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Steve Reich e o quarteto fantástico. [Kronos Quartet photographed at San Francisco, CA February 23, 2011©Jay Blakesberg]
Steve Reich e o quarteto fantástico. [Kronos Quartet photographed at San Francisco, CA February 23, 2011©Jay Blakesberg]
Luke

Arvo Pärt (1935): Für Anna Maria – Música completa para piano – Jeroen van Veen

Arvo Pärt (1935): Für Anna Maria – Música completa para piano – Jeroen van Veen

– Repost de 10 de Janeiro de 2016 –

Arvo Pärt não é o compositor mais fã de obras para piano, ou teclas no geral, como vocês podem perceber. Em um álbum duplo, Jeroen van Veen conseguiu compilar todas as obras para o instrumento, e ainda teve que repetir algumas (risos).

Mesmo sendo poucas, são obras deliciosas. Für Alina vocês já conheciam, assim como Fratres, Pari Intervallo e Spiegel im Spiegel. Aqui todas essas obras estão para piano solo ou para dois pianos (no caso de Fratres, Pari Intervallo, Spiegel im Spiegel e Hymn To a Great City, obras que Jeroen toca com sua mulher, Sandra Van Veen).

A grande maioria das obras de Arvo Pärt são para vozes, ou possuem vozes, seja coro ou solistas, em algum momento. Mesmo assim, quando Pärt resolve fazer obras puramente instrumentais, ele sabe caprichar, como acontece por exemplo em Tabula Rasa.

O que Jeroen faz neste álbum duplo é interessante. No primeiro disco são apenas obras para piano da terceira fase de composição de Arvo Pärt (discuti sobre essas fases aqui). A que todos nós louvamos e adoramos. No segundo disco temos obras da primeira fase, e podemos perceber a influência de Schönberg em alguns momentos da música. Apesar disso, o segundo CD acaba com Für Alina, como se quisesse aliviar os ouvidos dos ouvintes da tensão característica do dodecafonismo que transparece em algumas das músicas da primeira fase de Pärt.

Arvo Pärt (1935): Für Anna Maria – complete piano music – Jeroen van Veen

CD 1

01 Für Alina (1976) [20:18]

02 Variations for the Healing of Arinushka (1977) [5:56]

03 Ukuaru valss (1973, rev. 2010) [2:54]

04 Für Anna Maria (2006) [1:21]

05 Für Alina (1976) [2:41]

06 Pari intervallo* (1976, rev. 2008) [5:26]

07 Hymn to a Great City* (1984, rev. 2004) [5:08]

10 Fratres* (1977, rev. 1980) [11:52]

11 Spiegel im Spiegel *(1978) [9:10]

08 Für Anna Maria (2006) [1:07]

09 Für Alina (1976) [3:15]

CD 2

Vier leichte Tanzstücke ‘musik für kindertheater’ (1956-57) [7:38]

01 I. Der gestiefelte Kater
02 II. Rotkäppchen und der Wolf
03 III. Schmetterlinge
04 IV. Tanz der Entenküken

Sonatina No. 1 (1959) [7:15]
05 I. Allegro
06 II. Larghetto
07 III. Allegro

Sonatina No. 2 (1959) [5:42]
08 I. Allegro energico
09 II. Largo
10 III. Allegro

Partita Op. 2 (1958) [7:18]
11 I. Toccatina
12 II. Fughetta
13 III. Larghetto
14 IV. Ostinato

15 Für Alina (1976) [23:06]

Jeroen van Veen, piano
*Sandra van Veen, segundo piano

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Jeroen van Veen: Nome de rockeiro e cabelo de cientista, mas acabou que ele é um pianista.
Jeroen van Veen: nome de rockeiro e cabelo de cientista, mas acabou que ele é um pianista.

Luke

Arvo Pärt (1935): Collage & Pro et Contra

Arvo Pärt (1935): Collage & Pro et Contra

  • Repost de 24 de Janeiro de 2016

Vamos brincar de trava língua? Paavo Järvi rege Arvo Pärt também mas nem tão bem quanto Neeme Järvi rege. Tentem dizer isso bem rápido.
Pois é, hoje trago dois álbuns bem semelhantes, ambos focam nas obras de primeira e segunda fase de Arvo Pärt, enquanto suas interpretações também são bastante semelhantes, mas como disse no trava língua, Neeme, que é pai de Paavo, se sai um pouco melhor. Aqui, o filho não superou o pai.


No último post tive a ideia de trazer mais duas interpretações de Collage über Bach pra vocês, assim vocês podem compará-las. Mas não só por isso trago esses álbuns hoje, temos muitas obras pouco conhecidas, a maioria instrumentais, muitas sendo da primeira ou da segunda fase de Arvo Pärt. Mas no álbum COLLAGE temos algumas obras da terceira fase que vocês já conhecem: Summa e Fratres. E a antes inédita aqui no blog, Festina Lente. Neste monte de coisa tem duas obras pouco conhecidas que nem eu conhecia que no caso são Meie aedWenn Bach Bienen gezuechtet haette (eita, que nome grande).

A interpretação de Collage über Bach de Neeme Järvi é sensacional. Lembro que quando eu a ouvi pela primeira vez no carro de uma amiga que estava me dando uma carona eu senti como se a ouvisse pela primeira vez. Paavo chega quase no mesmo ponto em sua interpretação, mas não leva o prêmio.

Por algum motivo eu consegui até gostar das duas primeiras sinfonias nestes álbuns, principalmente nas interpretações de Neeme. Talvez eu esteja me tornando mais radical nos meus gostos auditivos. De qualquer forma, elas nunca serão melhores que a terceira sinfonia, que postei semana passada (assim como PQP já havia feito). A terceira sinfonia consegue ser melhor até mesmo que a quarta, que foi composta em 2008, a chamada Los Angeles. Quando eu a trarei para que vocês possam ouvir me perguntam? No futuro meus caros, no futuro…

Arvo Pärt (1935): Collage & Pro et Contra

COLLAGE

Collage sur B-A-C-H
01 I. Tocatta. Preciso
02 II. Sarabande. Lento
03 III. Ricercar. Deciso

04 Summa, for strings

05 Wenn Bach Bienen gezuechtet haette

06 Fratres, for string orchestra and percussion

Symphony No. 2
07 I
08 II
09 III

10 Festina Lente, for string orchestra and harp ad libitum

11 Credo, for piano solo, mixed choir and orchestra*

Philharmonia Orchestra
Neeme Järvi, conductor
Boris Berman, piano*

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PRO ET CONTRA

Pro et Contra*
01 I. Maestoso
02 II. Largo
03 III. Allegro

Symphony No. 1
04 I. Satz: Kanon
05 II. Satz: Präludium und Fuge

Collage über B A C H
06 I. Tocatta. Preciso
07 II. Sarabande. Lento
08 III. Ricercar. Deciso

09 Perpetuum mobile

Meie aed**
10 I. Allegro
11 II. Andantino cantabilell
12 III. Allegro
13 IV. Moderato-Allegro

Symphony No. 2
14 I. Satz: 104-120
15 II. Satz: 112
16 III. Satz: 48-60

Estonian National Symphony Orchestra
Paavo Järvi, conductor
Truls Mørk, cello*
Ellerhein Girls’ Choir**
Tiia-Ester Loitme, director**

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Em pé, da esquerda para direita: Paavo Järvi e Arvo Pärt. Sentados: Nora Pärt, Neeme Järvi (pai de Paavo) e Liilia Järvi.
Em pé, da esquerda para direita: Paavo Järvi e Arvo Pärt. Sentados: Nora Pärt, Neeme Järvi (pai de Paavo) e Liilia Järvi.

Luke

Arvo Pärt (1935): Da Pacem

Arvo Pärt (1935): Da Pacem

– Repost de 3 de Janeiro de 2016 –

Como prometido, aqui está. Outra interpretação de Salve Regina, que, como eu havia dito, é melhor que a interpretação feita por Tõnu Kaljuste. Além dessa obra, existem outras coisinhas legais aqui. A obra inicial que dá título ao álbum, Da Pacem Domine, é tremendamente linda, não é a toa que são vários os álbuns com obras de Arvo Pärt em que ela está inserida. An Den Wassern zu Babel, cuja tradução é Pelos Rios da Babilônia, nos lembra em alguns momentos – principalmente durante o solo do baixo – o cantochão tradicional e a influência árabe que eu já tinha discutido anteriormente.

Um certo alguém pela internet pegou umas cenas do filme Sátántangó de Béla Tarr, juntou com Salve Regina de Arvo Pärt e fez um belíssimo vídeo que transmite toda a espiritualidade da música. E, talvez, não só desta música em específico, como também o espirito geral da música de Arvo Pärt…

Arvo Pärt (1935): Da Pacem

01 Da Pacem Domine

02 Salve Regina

Zwei slawische Psalmen:

03 I. Psalm 117
04 II. Psalm 131

05 Magnificat

06 An Den Wassern zu Babel
Tiit Kogerman, tenor
Aarne Talvik, baixo

07 Dopo la vittoria

08 Nunc dimittis

09 Littlemore Tractus

Estonian Philharmonic Chamber Choir
Christopher Bowers-Broadbent, orgão (faixas 2, 6, 9)
Kaia Urb, soprano (5, 6, 8)
Paul Hillier, regente

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Pärt e Hillier: Não olha pro lado que quem ta passando é o bonde.
Pärt e Hillier: Não olha pro lado que quem ta passando é o bonde.

Luke

.: Interlúdio :. Stolen From Strangers

.: Interlúdio :. Stolen From Strangers

  • Repost de 31 de Janeiro de 2016

Aqui não tem eufemismo, paenas uma bela metáfora. Roubado de estranhos (ou estrangeiros), é um álbum onde o compositor Jun Miyake “rouba” referências, estilos, palavras, artistas, etc. das mais diferentes culturas e povos pelo mundo. Mas não se preocupe, não vira uma salada, mas sim uma das mais belas homenagens à pluralidade de culturas que alguém já fez.

A linguagem é o mote deste álbum. A linguagem oral é impecavelmente explorada na sua máxima beleza (o canto) e é mesclada com outras formas de linguagem: a musical e a escrita. Quero dizer, é quase como uma linguagem assumisse a forma da outra. É tudo muito poético, lírico e musical.

Podemos sentir entre uma faixa e outra as referências de Jun Myiake: o jazz, a bossa nova, a banda sinfônica, o samba, o folk eslavo, etc. São referências demais que eu mal consigo captar.

Para os amantes e conhecedores de diversas culturas — que sei que povoam esse blog em abundância — este álbum é um tesouro. Vamos desde um belíssimo poema em português cantado com o português brasileiro de Arto Lidsay, até para uma faixa onde ouvimos um búlgaro cantado por um coral que acompanha uma leve guinada à música árabe.

O álbum termina com a cultura do próprio compositor, a japonesa, e nos brinda com uma leve nostalgia do tipo que sentimos ao ver um pôr-do-sol. Sim, ótima ideia, termine de ouvir esse álbum assistindo a beleza nostálgica de um crepúsculo.

Jun Miyake (1958): Stolen From Strangers

01 Alviverde

02 O FIM

03 tHe heRe aNd afTer

04 Turn Back

05 abandon sight

06 Le Voyage Solitaire

07 Easturn

08 Le mec dans un train

09 est-ce que tu peux me voir?

10 Outros Escuros

11 Overture ~ but the rainbow is so far away

12 Niji wa Tohku

Arto Lindsay
Lisa Papineau
Vinicius Cantuaria
Dhafer Youssef
Arthur H.
Bulgarian Symphony Orchestra
Bulgarian Choir
Deyan Pavlov, conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Jun Miyake por Jean-Paul Goude.
Jun Miyake por Jean-Paul Goude.

Luke

Osvaldo Golijov (1960): The dreams and Prayers of Isaac the Blind – Sofia Gubaidulina (1931): Quartet No. 4 – Franghiz Ali-Zadeh (1947): Mugam Sayagi – Kronos Quartet: 25 anos [5/10]

Osvaldo Golijov (1960): The dreams and Prayers of Isaac the Blind – Sofia Gubaidulina (1931): Quartet No. 4 – Franghiz Ali-Zadeh (1947): Mugam Sayagi – Kronos Quartet: 25 anos [5/10]

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  • Repost de 21 de Janeiro de 2016

Até agora esse é o melhor álbum da coleção. Três compositores bem exóticos, Osvaldo Golijov da Argentina, Sofia Gubaidulina da Rússia e Franghiz Ali-Zadeh, compositora nascida no Azerbaijão.

A obra que mais gostei foi a de Golijov. Coincidentemente estava ouvindo um CD do Piazzolla antes de ouvi-lo. Não se enganem, a música deles nada se assemelham.

A música de Golijov, talvez por sua família ser emigrada da Romênia e serem judeus, possui uma forte identidade oriental, mais exatamente árabe/hebraica. Claro, essa foi a primeira e única música que ouvi dele, talvez ele não siga essa tendência em outras obras, mas o que podemos sentir aqui é intensamente prazeroso de tão exótico.

Depois temos Sofia Gubaidulina, num quarteto arrasador que de forma muito interessante, usa gravações do próprio quarteto executante durante a execução. É quase um trio de quartetos feito pelo mesmo quarteto. Duas “execuções”, não da mesma música, mas de outras partes da música são gravadas, enquanto a terceira é executada ao vivo. É claro que aqui não vai fazer diferença, já que ouviremos tudo gravado. De qualquer forma, o Kronos Quartet, como lhes é de costume, executa essa dificílima obra com maestria.

Por fim temos a compositora Franghiz Ali-Zadeh, com a obra Mugam Sayagi. “No estilo de mugam” (tradução literal de mugam sayagi) é uma tentativa bem sucedida da compositora de trazer elementos da cultura musical de seu país e ao mesmo tempo fazer música avant-garde.

Sobre este álbum eu resumiria dizendo que é o tipo de música que dá vontade de sair distribuindo por aí para mostrar como que a música contemporânea é boa e consegue ser muito mais interessante que alguns clássicos.

Semana que vem trarei o sexto álbum da coleção com Henryk Górecki, e o sétimo álbum com Steve Reich e George Crumb.

25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET 5/10]

Osvaldo Golijov (1960):

The dreams and Prayers of Isaac the Blind
01 Prelude
02 I. Agitato – Con fuoco – Maestoso – Senza misura, oscilante
03 II. Teneramente – Ruvido – Presto
04 III. Calmo, sospeso – Allego pesante
05. Postlude: Lento, liberamente

Sofia Gubaidulina (1931):

06 Quartet No. 4

Franghiz Ali-Zadeh (1947):

07 Mugam Sayagi

Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello

David Krakauer, clarinet, bass clarinet, basset horn

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Kronos Quartet no barzinho tomando uma água pra comemorar a entrada de Sunny Yang como nova violoncelista do time em 2013.
Kronos Quartet no barzinho tomando uma água pra comemorar a entrada de Sunny Yang como nova violoncelista do time em 2013.

Luke

Morton Feldman (1926-1987): Piano and string quartet – Philip Glass (1937): Quartetos 2, 3, 4 e 5 – Kronos Quartet: 25 anos [3 e 4/10]

Morton Feldman (1926-1987): Piano and string quartet – Philip Glass (1937): Quartetos 2, 3, 4 e 5 – Kronos Quartet: 25 anos [3 e 4/10]

  • Repost de 14 de Janeiro de 2016

Hoje temos aqui dois compositores estadunidenses, Morton Feldman e Philip Glass, que na coleção de 10 CDs dos 25 anos do Kronos Quartet ganharam um CD inteiro cada um.

Morton Feldman eu conheço pouco e acredito que o post que o PQP fez com essa mesma gravação já tenha dito bastante sobre a obra Piano and String Quartet.

cover (2)
Já de Philip Glass eu diria que sua música é mais empolgante. A música de Feldman, por estar recheada de ideias, lhe falta espírito (no sentido sentimental do termo). Não é uma música que conquista facilmente, é boa para fazer pensar, mas não tanto para sentir. Já em Philip Glass podemos apreciar os acordes repetitivos e pouco criativos, embora cativantes.

Uns dizem que Glass teve um bom debut mas que aos poucos foi caindo de nível, talvez por suas numerosas colaborações com artistas populares. Mas se até Pavarotti deu dessas, porque Glass seria apedrejado por isso? E por que isso seria condenável? Nunca cheguei a conhecer sua música em profundidade. Além dos quartetos presentes aqui – os quais apreciei bastante, principalmente o 3 e o 5 – já ouvi a ópera Akhnaten e o segundo concerto para violino, e todas essas obras eu gostei. Glass não se diz um minimalista, mas sem medo podemos dizer que sua música possui elementos da mesma. Atualmente ele se considera um neoclássico, e pode até ser, mas não seria um neoclassico ao nível do que foi Stravinsky em sua segunda fase por exemplo. O que podemos dizer com certeza é que dos compositores contemporâneos, por seus erros ou falhas, ele influenciou muita gente, e consegue atrair muita gente a procurar por mais música contemporânea também.

Na próxima semana trarei o quinto álbum da coleção com Osvaldo Golijov, Sofia Gubaidulina e Franghiz Ali-Zadeh.

25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET: disc 3 and 4/10]

CD 3

Morton Feldman (1926-1987): 

01 Piano and String Quartet

Kronos Quartet
Aki Takahashi, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CD 4

Philip Glass (1937):14

Quartet No. 4
01 I
02 II
03 III

Mishima Quartet, Quartet No. 3
04 1. 1957 – Award Montage
05 2. November 25 – Ichigaya
06 3. 1934 – Grandmother and Kimitake
07 4. 1962 – Body Building
08 5. Blood Oath
09 6. Mishima Closing

Company, Quartet No. 2
10 I
11 II
12 III
13 IV

Quartet No. 5
14 I
15 II
16 III
17 IV
18 V

Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello
Aki Takahashi, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Terceira formação do Kronos Quartet. John Sherba (violino), Jeffrey Zeigler (cello), David Harrington (violino), Hank Dutt (viola)
Terceira formação do Kronos Quartet a partir de 2005. Com Jeffrey Zeigler no violoncelo.

Luke

.: Interlúdio :. Entre Mundos – Alexandre Silvério Quinteto

.: Interlúdio :. Entre Mundos – Alexandre Silvério Quinteto

cover

  • Repost de 24 de Dezembro de 2015

Dedico esse post ao mestre Avicenna, que numa bela tarde em São Paulo me mostrou uma belíssima versão de “My Funny Valentine” com Johnny Mathis que me ensinou mais sobre a beleza. Espero que a versão presente neste álbum o agrade da mesma forma.

Devo confessar que o jazz não é o estilo de música sobre o qual eu possuo maior conhecimento, só cheguei a conhecer algumas coisas muito recentemente, em um curso de apreciação musical que eu estava fazendo. Fora isso, possuo algumas incursões aqui e ali e adoro quando a música erudita usa alguns de seus elementos, como o saxophone.

Mas o contrário (o jazz usar elementos do erudito), meus amigos, também pode acontecer. E é mais ou menos isso que ocorre neste álbum.

O fagotista Alexandre Silvério, que toca na OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), resolveu pegar seu instrumento, juntar uma turma de “manos do bairro”, e fazer uns sons “jazziacos” ao melhor estilo de uma dança entre o dionisíaco e o apolíneo. O fagote substitui a função que seria do saxophone com maestria e elegância, colocando no mundo do popular um elemento erudito.

Quando ouvi My Funny Valentine na versão desse álbum na Radio Cultura FM de São Paulo não me contive e imediatamente fui procurar o CD para o adquirir. Foi uma das melhores aquisições que fiz em 2015.

Agora eu o trago a vocês, e espero que gostem tanto quanto eu gostei.

Alexandre Silvério Quinteto: Entre Mundos

01 Saudade

02 My Funny Valentine (Arranjo por Alexandre Silvério)

03 Valsa para Bill

04 Tarde em Berlim (afternoon In Berlin)

05 Gordus Power

06 Ballad For Klaus (piano Intro)

07 Ballad for Klaus

08 Cromática

09 Meu fagote chorou

10 Un Tango para “El Chico”

Alexandre Silvério, fagote
Fábio Leandro, piano
Igor Pimenta, contrabaixo
Sérgio Reze, bateria
Vinicius Gomes, guitarra

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Da esquerda pra direita: Vinicius Gomes, Sérgio Reze, Alexandre Silvério, Fábio Leandro, Igor Pimenta
Da esquerda pra direita: Vinicius Gomes, Sérgio Reze, Alexandre Silvério, Fábio Leandro, Igor Pimenta.

Luke

Amaral Vieira (1952): The snow country prince

Amaral Vieira (1952): The snow country prince

cd-amaral-vieira-the-snow-country-prince-14078-MLB3661922692_012013-FPor fim, o encerramento da trilogia pianística de Amaral Vieira, com seu CD de obras mais nipófilas. Se eu disser que acabou por aqui, os fãs do compositor vão pedir mais – já sei como é. Então prometo outras postagens, mas não sei até quando (risos). E quem tiver discos dele ainda não postados, pode me mandar.

***

Amaral Vieira – The snow country prince (O príncipe do país das neves)

1. A Alvorada, op.268 (1983)
2-4. Três Retratos
1.Retrato de MR, op.98 (1977) – 2.Retrato de DS, op.98 (1977) – 3.Retrato de MPC, op.90 (1984)
5-11.Epigramas, op.246 (1988)
1.Molto marcato – 2.Energico – 3.Con monotonia – 4.Polichinelo – 5.Appassionato – 6.Con grazia – 7.Vivo
12. Toccata Festiva, op.285 (1997)
13. Sonatina em um movimento, op.165 (1982)
14. Prelúdio, op.220 (1987)
15. Tarantelle Fantasque, op.162 (1985)
16. Haha (Mãe, Melodia Japonesa), op.275 (1995)
17. Ningen Kakumei No Uta (Canção da Revolução Humana, Melodia Japonesa), op.272 (1995)
18-36. The Snow Country Prince (O Príncipe do País das neves) op.284 (1997)
Ciclo de 19 peças inspirado em conto de igual título de Daisaku Ikeda

1.In the land called Snow Country / Andante Misterioso – 2.The end of summer / Com simplicidade – 3.Last Winter / Cantilena – 4.Goodbye / Pequeno Improviso – 5.The first swans arrive / Divertimento – 6.We must feed the swans / Graciosamente – 7.The children lay in bed / Pastoral – 8.The Snow Country Prince / Humoresque – 9.After such a visit / Quase uma Valsa – 10.The swan mustn’t die / Romance – 11.Never give up / Scherzo – 12.Papa has had an accident / Meditação – 13.The sleigh took them all to the railway station / Ostinato – 14.Happier every day / Valsa Delicada – 15.Just like the swan / Fantasia – 16.Keep trying / Toccatina – 17.One evening / Agitado – 18.Oh, how lonely winter is / Noturno Elegíaco – 19.But winter was over / Rondó

Piano: Paulo Gazzaneo

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Amaral Vieira
Amaral Vieira

CVL

Isaac Albéniz (1860-1909): Suite Espanhola para Orquestra

Isaac Albéniz (1860-1909): Suite Espanhola para Orquestra

Isaac Albeniz, assim como Mozart, foi uma criança prodígio, aos 4 anos já se apresentava em público, porém, o talentoso espanhol viveu um pouco mais, até os 48 anos. Foi um rapaz muito rebelde. Aos 12 anos embarcou clandestinamente em um navio, fugindo para Argentina. Nesse período, ganhou a vida tocando em bares, até que conseguiu organizar uma série de concertos, o que lhe rendeu uma certa quantia, permitindo-lhe viajar para a Cuba, Porto Rico e Estados Unidos. Nos Estados Unidos batalhou bastante, chegando a trabalhar como porteiro de cais, de forma paralela, continuava tocando piano, ganhando dinheiro suficiente para voltar a Europa. No ano seguinte aos 13 anos, foi aceito no Conservatório de Leipzig.

A maior parte de sua produção musical foi para piano, mas é em transcrição para violão que sua Suite Espanhola é mais ouvida, seja ao vivo ou em gravações.  O grande regente espanhol Rafael de Burgos, compelido pela vivacidade e força da música de Albeniz, pegou sete peças da Suite Espanhola [com exceção de Cuba (Capricho)] e mais a canção espanhola “Cordoba” e arranjou-as para orquestra. Seu sucesso foi total, ao transferir a música de teclado para orquestra, o que nem sempre é uma tarefa fácil – podemos citar como exemplo famoso, o arranjo de Ravel para Quadros de uma Exposição de Mussórgsky. A música de Albéniz está impregnada com o sabor mais forte e mais colorido da música ibérica, nunca soando, nem um pouco, kitsch. Algumas dessas seleções estão impregnadas de uma atmosfera sensual das localidades do sul espanhol, descritas, também, por Debussy em sua Iberia.

Fontes de pesquisa: Wikipédia e Audad

Uma ótima audição!

.oOo.

Albéniz-De Burgos: Suite Espanhola para Orquestra

Suite Espanhola
01 Castilla (Seguidillas) 2:30
02 Asturias (Leyenda) 6:27
03 Aragon (Fantasia) 5:05
04 Cadiz (Cancion) 4:52
05 Sevilla (Sevillanas) 4:15
06 Granada (Serenata) 5:36
07 Cataluna (Corranda) 3:01

08 Cordoba 5:30

New Philharmonia
Rafael Frühbeck De Burgos

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Linda franjinha, não?
Albéniz: desgrenhado sexy

Marcelo Stravinsky

Arvo Pärt (1935): Orient & Occident

Arvo Pärt (1935): Orient & Occident

– Repost de 20 de Dezembro de 2015 –

Oriente e Ocidente. O que há de comum e diferente entre esses polos de civilização do mundo moderno? Hoje os historiadores repensam bastante a sinuosa relação entre o mundo ocidental e o mundo oriental ao longo da história. Por exemplo, hoje se pensa bastante sobre como que os povos que viriam a fundar o que foram os gregos clássicos vieram do oriente, e como que em alguns aspectos, como, por exemplo, na alimentação, os gregos são mais próximos dos povos do oriente médio e oriente próximo do que de outros povos europeus, digamos os franceses.

Podemos pensar essa longa relação por muitos âmbitos. Mas, como vocês leitores já podem prever, vamos pensar no âmbito musical. Herdamos dos árabes alguns instrumentos musicais ancestrais dos nossos modernos violinos, violões e flautas. Deles recebemos também o canto plano e uniforme, que viria a se tornar o conhecido cantochão (ou canto gregoriano) durante a idade média, justamente no Império Bizantino, que durante a Idade Média foi a ponte entre o oriente e o ocidente. Não é a toa que o cantochão viria a ser chamado de canto gregoriano, pois foi o Papa Gregório I, no século VI, que estabeleceu tal tipo de canto como a música padrão. Na teoria por motivos religiosos, mas na prática por motivos políticos.

Os árabes possuem uma “cor” em sua cultura que podemos identificar na arte que eles produzem. Essa “cor”, obviamente, difere da nossa. Se eu fosse pensar como um estruturalista eu conseguiria definir essa cor em um par de oposição. Por exemplo, se o ocidente fosse azul, o oriente seria vermelho. Se o ocidente fosse branco o oriente seria preto. Entre outras oposições possíveis de cores. Esse ethos (pensando esse conceito de forma sociológica) que por um exercício de imaginação pode ser imaginado como uma cor (como eu fiz aqui) pode ser identificado no tipo de música dos árabes, e não só no canto, mas, também, nas cordas.

O cantochão, como já sabemos, foi utilizado com maestria por Arvo Pärt. Nas cordas percebemos um pouco desse ethos (ou “cor”) árabe anteriormente, mas com a música Orient & Occident presente neste álbum, tudo fica mais claro. Arvo Pärt usa o efeito chamado de “Maqam árabe” nas cordas, e contrapõe com os vibratos dramáticos que os compositores ocidentais davam às cordas no ocidente (principalmente durante o romantismo, diga-se de passagem). Ou seja, ele faz uma brincadeira estruturalista, e contrapõe o estilo ocidental com o oriental, numa bela dança; podemos ir de um continente ao outro, de uma cultura à outra, em poucas notas. Se deixarem sua imaginação os levarem, vocês poderão viajar das salas de concerto do século XIX tipicamente italianas ou alemãs com centenas daqueles homens brancos caucasianos suando nas roupas formais; para as mesquitas escuras, mas coloridas, inundadas de fumaça provinda dos narguilés das ruas inundadas de homens barbudos e taciturnos.

Orient & Occident é a “pantera cor de rosa” do álbum. Mas as outras também são jóias valiosíssimas.

Em Como Cierva Sendieta, ainda podemos sentir um pouco da orientalidade, mas de forma muito mais sutil, digamos que de uma forma bizantina, ou andaluzina (lembrando que os árabes ocuparam a península ibérica do século VIII ao XII).  É a obra mais longa do álbum, e é também a obra que o finaliza. Temos também Ein Wallfahrtslied (ou Canção do Peregrino), aqui não em um arranjo para barítono solo como havíamos escutado anteriormente, mas para coro misto. É a obra que abre o álbum.

Aproveitem.

Arvo Pärt (1935): Ein Wallfahrtslied, Orient & Occident, Como Cierva Sendieta

01 Ein Wallfahrtslied – Pilgrim’s Song

Swedish Radio Symphony Orchestra
Swedish Radio Symphony Choir
Tõnu Kaljuste, regente

02 Orient & Occident

Swedish Radio Symphony Orchestra
Tõnu Kaljuste, regente

03 Como Cierva Sendieta I
04 Como Cierva Sendieta II
05 Como Cierva Sendieta III
06 Como Cierva Sendieta IV
07 Como Cierva Sendieta V

Swedish Radio Symphony Orchestra
Swedish Radio Symphony Choir
Tõnu Kaljuste, regente
Helena Olsson, soprano

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Meio aqui, meio lá...
Meio aqui, meio lá…

Luke

Arvo Pärt (1935): In Principio

Arvo Pärt (1935): In Principio

  • Repost de 22 de Novembro de 2015

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

Ele estava no princípio com Deus.

Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.

Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.

Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.

Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.

Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.

Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;

Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

João 1:1-14

Não só os cristãos que ficam encantados com essas palavras, Stephen King em A Coisa, e agora eu, escrevendo sobre esse ótimo álbum com essa obra que se inspira nestas palavras sagradas, faço referência à esse evangelho e não teria outra forma de começar a não ser por esse belíssimo texto. Não sei exatamente o que me inspira nele, há algo de poético, de épico e de fantástico que me faz ter uma enorme reverência por estes versos, entre outros da Bíblia Sagrada, mesmo não sendo mais cristão.

Arvo Pärt aqui está um pouco diferente daquele compositor calmo que transparece em Für Alina. Vemos aqui um pouco daquela força arrasadora do primeiro movimento de Tabula Rasa, embora em outra forma dessa vez, na forma de um poderoso coro e uma orquestra, no caso da obra In Principio. Também sentimos essa força na belíssima e hipnotizante Mein Weg, obra que transparece em sua tonalidade um pouco de influência da música oriental… mas isso é uma outra história, e como bem sabem, deve ser contada em outro momento…

Arvo Pärt (1935): In Principio

01 In principio – I. In principio erat Verbum
02 In principio – II. Fuit homo missus a Deo
03 In principio – III. Erat lux vera
04 In principio – IV. Quotquot autem acceperunt sum
05 In principio – V. Et Verbum caro factum est

06 La Sindone

07 Cecilia, vergine romana

Estonian Philharmonic Chamber Choir
Estonian National Symphony Orchestra
Tõnu Kaljuste, regente

08 Da pacem Domine

Estonian Philharmonic Chamber Choir
Tallinn Chamber Choir
Tõnu Kaljuste, regente

09 Mein Weg

10 Fur Lennart in memoriam

Tallinn Chamber Orchestra
Tõnu Kaljuste, regente

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Vai maluco, passa esse celular que aqui é curintia hexa campeão.
Vai maluco, arranja uma grana ai que aqui é curintia hexa campeão.

Luke

Kenneth Benshoof (1933): Traveling Music – Astor Piazzolla (1921-1992): Five Tango Sensations – Kronos Quartet: 25 anos [2/10]

Kenneth Benshoof (1933): Traveling Music – Astor Piazzolla (1921-1992): Five Tango Sensations – Kronos Quartet: 25 anos [2/10]

front

  • Repost de 7 de Janeiro de 2016

Esse é o primeiro post que faço aqui no blog com um compositor que já morreu [há algum tempo]: Astor Piazzolla. Nem por isso sua música deixa de ser contemporânea. Sua música traz as raízes argentinas e latino-americanas para os tempos modernos, fazendo isso quase sempre de forma empolgante, já que usa bastante os ritmos do tango.

Os membros do Kronos Quartet não são latino-americanos, talvez por isso as Five Tango Sensations não tenham conseguido me convencer a sentir as sensações que descrevem. É apreciável, mas não sinto nenhuma empolgação que eu acho que deveria ter sentido ao ouvir uma música de um latino-americano, como eu geralmente sinto, por exemplo, aqui, ou aqui. Achei que isso não aconteceria, já que é Piazzolla quem está tocando o bandoneon. Como nunca tinha ouvido essa obra anteriormente, posso estar errado e essas músicas serem assim mesmo, mais comedidas do que extravagantes. Talvez a culpa seja das minhas expectativas.

Four, for tango é bom, o quarteto trabalha muito bem com as cordas e mostra sua técnica já tão louvada, mas, como disse anteriormente, tem pouco de um espírito latino-americano. Mas tudo bem.

São duas estreias aqui, a primeira é minha, postando algo de um compositor que já viajou para o reino de Hades, e a segunda é a de Ken Benshoof aqui no blog. Compositor estadunidense, ele não tem nem uma página na Wikipedia, então pode-se dizer que é um compositor bem underground. Suas músicas são sombrias e introspectivas, bem diferente do John Adams que postei semana passada, por exemplo.

Semana que vem trarei o terceiro e o quarto álbum da coleção, Morton Feldman e Philip Glass, respectivamente. Dois minimalistas estadunidenses.

25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET 2/10]

Kenneth Benshoof (1933):

Traveling Music
01 Gentle, easy
02 Moderate
03 Driving

04 Song of Twenty Shadows

Astor Piazzolla (1921-1992):

Five Tango Sensations*
05 Asleep
06 Loving
07 Anxiety
08 Despertar
09 Fear

10 Four, for Tango

Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello
Astor Piazzolla, bandoneón*

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A partir de 1999, essa foi a segunda formação do Kronos Quartet. Com Jennifer Culp.
A partir de 1999, essa foi a segunda formação do Kronos Quartet. Com Jennifer Culp no violoncelo.

Luke

John Adams (1947): John’s Book of Alleged Dances – Arvo Pärt (1935): Missa Syllabica – Kronos Quartet: 25 anos [1/10]

John Adams (1947): John’s Book of Alleged Dances – Arvo Pärt (1935): Missa Syllabica – Kronos Quartet: 25 anos [1/10]

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  • Repost de 31 de Dezembro de 2015

Eu não sei se eu já deixei isso explícito, ou se vocês já perceberam, mas de todas as fases da música erudita, a música contemporânea é a que mais me fascina. E é aquela a qual vou me dedicar a polinizar neste blog, principalmente.

Claro – vocês como ouvintes devem saber – a música contemporânea pode ser dita como a mais difícil de ser ouvida. Mas, mesmo sendo difícil de ser ouvida, quando conseguimos ela é deliciosamente apaixonante, mais até do que o romantismo é capaz. Apaixonante não em um sentido romântico, mas num sentido envolvente e libertador. Por exemplo, quando eu só ouvia música popular, mesmo variando estilos (rock, reggae, pop, MPB, etc.) eu sentia uma limitação que não conseguia resolver. Quando descobri que música clássica não era tão difícil de apreciar mesmo com a duração enorme de algumas de suas obras ou pela complexidade a que eu não estava acostumado, fiquei tremendamente apaixonado. E ainda estou. Mas claro, assim como nem só do popular vive um homem, nem só de barroco, clássico e romântico se pode viver também. Assim fui conhecendo alguns compositores contemporâneos que num primeiro contato eu “vomitei”. Mas ao conhecer as obras certas e dando mais algumas chances eu aprendi a gostar daquele prato tão diferente ao meu paladar. Claro que ainda estou preso nas estruturas tradicionais; os compositores contemporâneos que mais gosto ainda usam melodia, harmonia e outras características de forma não tão radical como por exemplo, os serialistas integrais, que eu odeio. Mudanças radicais não costumam funcionar bem. Como bem disse Tancredi em Il Gattopardo: “as coisas devem mudar para que continuem as mesmas”.

É difícil definir o que é contemporâneo. Alguns dão o início lá em Stravinsky como primeiro compositor a se libertar inteiramente da sombra de Beethoven, colocando Arnold Schönberg e Claude Debussy como compositores de transição dessa sombra que cobre todo o século XIX. Enquanto outros só pensam em música contemporânea na música minimalista que surge nos anos 80 e outros movimentos que vêm depois do serialismo integral e das experiências pós-modernas dos anos 70 e 80. É difícil fazer essa definição, e não vou me arriscar aqui.

O Kronos Quartet, grupo formado há mais de vinte e cinco quarenta anos, são especialistas em música contemporânea. Claro que eles se embrenharam no repertório clássico também, mas o foco deles desde o início foi tocar a música produzida nos dias de hoje. E considero esse trabalho, que eles fazem tão bem, muito importante para a perpetuação e desenvolvimento da música como arte no mundo atual. Eu, como bom amante da música contemporânea que sou, não poderia deixar de postar essa coleção e honrar a esse grupo.

Neste álbum, o primeiro dessa coleção do aniversário de 25 anos completado em 1998 – (iihhh, já tem um tempinho ein tio?) – temos a melhor interpretação da Missa Syllabica de Arvo Pärt que já ouvi, juntamente com a pior de Psalom. E temos deliciosas obras recheadas de jams e ritmos dançantes do compositor estadunidense John Adams em John’s Book of Alleged Dances.

Semana que vem teremos Ken Benshoof (quem é esse cara?) e Astor Piazzolla no segundo volume da coleção.

Como hoje é véspera de ano novo, sugiro uma resolução para vocês: ouvir mais música erudita contemporânea em 2016.

25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET 1/10]

John Adams (1947):

John’s Book of Alleged Dances:

01 Judah to Ocean
02 Toot Nipple
03 Dogjam
04 Pavane: She’s So Fine
05 Rag the Bone
06 Habanera
07 Stubble Crotchet
08 Hammer & Chisel
09 Alligator Escalator
10 Standchen: The Little Serenade
11 Judah to Ocean (Reprise)

Arvo Pärt (1935):

12 Fratres

13 Psalom

14 Summa

Missa Syllabica*:

15 Kyrie
16 Gloria
17 Credo
18 Sanctus
19 Agnus Dei
20 Ite, Missa Est

Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello

Ellen Hargis, soprano*
Suzanne Elder, alto*
Neal Rogers, tenor*
Paul Hillier, baritone*

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Os "fofuxos" em 1998.
Os “fofuxos” do Kronos Quartet (David Harrington, John Sherba, Joan Jeanrenaud e Hank Dutt), em 1998.

Luke

.: interlúdio :. Nick Drake (1948-1974): • Five Leaves Left • Bryter Layter • Pink Moon (os três discos oficiais)

..

Depois do excelente impacto da postagem de 13 de outubro, com dois dos sete álbuns póstumos do Nick Drake, aqui vão os três álbuns que o moço lançou em vida – dos 21 aos 24 anos, antes de sua precoce partida em 1974, aos 26.

Sugestão: se você, como eu, achar as capas um tanto de mau gosto, não se deixe enganar: o conteúdo musical e poético está, de modo geral, muito acima delas. (Digo “de modo geral” apenas porque o segundo álbum não me parece estar no mesmo nível de tudo mais que que já ouvi dele; chega a parecer um esforço de ser o que ele menos era: pop).

Se, além da música, quiser conhecer um pouco da pessoa e sua história, o leitor DiMenez compartilhou com a gente o link de um documentário de 48 min., legendado em português. Valeuzaço, DiMenez… e agora deixo vocês com o vídeo… e sobretudo com a música!

Nick Drake: FIVE LEAVES LEFT (1969)
01 Time Has Told Me
02 River Man
03 Three Hours
04 Way To Blue
05 Day Is Done
06 Cello Song
07 The Thoughts Of Mary Jane
08 Man In A Shed
09 Fruit Tree
10 Saturday Sun

Nick Drake: BRYTER LAYTER (1971)
01 Introduction
02 Hazy Jane II
03 At The Chime Of A City Clock
04 One Of These Things First
05 Hazey Jane I
06 Bryter Layter
07 Fly
08 Poor Boy
09 Northern Sky
10 Sunday

Nick Drake: PINK MOON (1972)
01 Pink Moon
02 Place To Be
03 Road
04 Which Will
05 Horn
06 Things Behind The Sun
07 Know
08 Parasite
09 Free Ride
10 Harvest Breed
11 From The Morning

.  .  .  .  .  .  .  BAIXE AQUI – download here

Ranulfus

Arvo Pärt (1935): Alina

Arvo Pärt (1935): Alina

– Repost de 3 de Novembro de 2015 –

Vamos por partes. Já ouvimos aqui algumas das melhores obras para vozes de Arvo Pärt, e já ouvimos algumas de suas melhores obras orquestrais. Agora venho com mais esse álbum que possui talvez não as melhores, mas duas obras muito conhecidas e importantes para piano: Für Alina (para piano solo) e Spiegel im Spiegel (para cordas e piano).

Para que vocês apreciem melhor essas obras é necessário entender o porquê delas serem como são e o porquê de elas serem importantes.

Já havia dito no meu debut que Pärt possuía três fases na sua carreira de compositor. Essas fases são, primeiro, a de vanguarda (avant-garde); segundo: a fase experimental com collage, e a última, a minimalista. Na primeira fase o compositor era na maior parte um neoclássico, mas chegou a compor obras com estilo dodecafônico e serialista. Uma obra serialista dessa fase é Nekrolog. É uma fase que o compositor tem uma forte obsessão por fazer inovações. Acho que dessa fase pouca coisa é aproveitável, por isso vou focar nas obras das fases seguintes.

Na fase de transição, Pärt realiza uma série de experimentações e colagens em suas obras. Collage ou colagem é uma técnica de composição onde os compositores fazem uma mistura de obras de vários compositores dentro de uma obra sua, misturando desde Bach até Mahler. As vezes sai algo interessante, outras, nem tanto. Essa fase da carreira de Pärt é interessante, pois ele não apenas faz essas colagens em suas obras para seguir uma tendência, ele faz uso dessa técnica numa tentativa desesperada de encontrar a si mesmo enquanto compositor [crise de identidade]. Pärt nessa época de transição, desiste da sua obsessão de inovação e rejeita o serialismo e as regras impostas pelos movimentos avant-garde de sua época, e nisso tenta realizar obras que desafiem isso. O collage, por citar o passado, talvez tenha sido uma forma de fazer essa afronta.

É possível entender a transição de Pärt como um processo de liminaridade, um processo que constitui um rito de passagem que o antropólogo Victor Turner caracterizava por três fases: a separação de uma estrutura anterior, o limbo ou limiar entre duas estruturas, e a agregação a uma nova estrutura. Julgando que a época em que ele vivia essa crise era o auge da guerra fria, pode-se pensar em termos sociológicos como que os movimentos sociais na Estonia sob o regime comunista influenciavam diretamente os pensamentos do “indivíduo Arvo Pärt” na época. É justamente nessa época, final dos anos 60 e começo dos anos 70, que o compositor abandona o luteranismo para se juntar ao cristianismo ortodoxo. Ou seja, Pärt se separa de uma estrutura social anterior para se juntar à outra. Isso se reflete em sua música também, embora em um tempo diferente. A música que mais evidencia seu rito de passagem é Credo, uma obra onde ele cita Bach, usa de atonalidade e de textos sacros.

Talvez tenha sido pura coincidência, ou talvez tenha sido por sentimento mesmo, mas durante uma época em minha vida em que estava passando justamente por um processo de liminaridade no meu pensamento intelectual pessoal, eu senti que deveria ouvir essa música. Já tinha escutado antes, mas foi dessa vez que senti aquilo que Pärt sentia quando a compôs, ou melhor, me identifiquei com seus sentimentos, pois passava justamente pelo mesmo processo. Credo é um ótimo exemplo para entender esse limiar, pois a música começa estável, desmorona em uma atonalidade caótica desesperadora (eu realmente senti desespero ouvindo essa parte), e depois se solidifica novamente em esperança e beleza. O único “porém” dela é voltar ao “mesmo” digamos assim, e isso não configura um rito de passagem completo (nem mesmo uma superação das contradições anteriores), mas podemos entender isso como uma previsão de Pärt do que viria: ele voltaria à beleza, às regras de uma estrutura. [Neste sentido a visão de Turner, de que um processo de liminaridade põe em cheque a ideia de estrutura é equivocada, pois tal processo pode ser entendido como um processo comum da própria estrutura. Ou seja, Pärt abandona um grupinho, fica meio perdido, mas encontra uma outra turminha com quem possa andar no recreio.]

E foi isso que ele fez. Depois de mais ou menos oito anos de silêncio criativo quase absoluto (com exceção apenas da Terceira Sinfonia, que já mostrara alguns sinais do estilo que viria), Pärt finalmente renasce com um estilo de música totalmente novo, mas por mais irônico que talvez seja (talvez não tão irônico, se pensarmos que de alguma forma – nos termos de Victor Turner – para completar o ritual de passagem, era necessário aderir a uma nova estrutura), um estilo que possui regras tão complexas quanto aquelas presentes no serialismo, como explica Tom Service pelo The Guardian:

“Pärt criou regras estritas para controlar como as vozes harmônicas se movem com as linhas melódicas em sua música, regras tão estritas quanto o serialismo; ironicamente, dada a sua rejeição às suas obsessões de inovação anteriores, o sucesso de sua linguagem musical depende exatamente daquela objetividade de pensamento que a composição serial demanda. Essa austeridade do processo faz com que o tintinnabuli de Pärt apresente um novo uso da atonalidade, até mesmo um novo tipo de tonalidade, e explica porquê sua musica soa ao mesmo tempo tão antiga e moderna, e porque ela encorpa uma expressividade genuína ao invés de uma repetição de convenções de segunda mão.”

Eu diria que a música de Arvo Pärt não soa antiga e moderna ao mesmo tempo por acaso. Como eu disse acima, Pärt se converteu ao cristianismo ortodoxo e é no leste europeu onde o antigo estilo de canto conhecido como canto gregoriano (ou cantochão), é ainda bastante preservado, justamente devido a presença do cristianismo ortodoxo. As obras para vozes de Pärt do período minimalista possuem clara influência do cantochão tanto no sentido estético quanto no estrutural da música. Não seria errado dizer que o cantochão é um estilo de canto minimalista se pensarmos apenas nas características e não na época; é com a Ars Nova, o renascimento e finalmente o barroco que as obras para vozes tomam proporções maiores do que vigorou pela maior parte da idade média. Mas claro que Pärt vai muito além, ele cria uma harmonia e um timbre únicos, e além disso, ele está se inspirando numa música antiga em um contexto moderno (ou pós-moderno), por isso a música soaria antiga e moderna ao mesmo tempo. [Seu novo estilo, o tintinnabuli (que é uma forma de minimalismo), é como uma superação da contradição entre suas duas fases anteriores: as regras exigentes da vanguarda, mais as experimentações com o passado.]

Für Alina, embora não seja para vozes, é a primeira obra que surge com essa inovação na sua técnica de composição após o hiato de vários anos do compositor. Quero que vocês tenham isso em mente quando ouvirem pela primeira vez Für Alina, que aquela nota grave que você ouve, seguida de notas mais agudas, foi a primeira nota que nasce depois de um silêncio de muitos anos, e elas nascem como uma ressurreição do compositor, então é necessária delicadeza e lentidão ao lidar com elas, como se o pianista e o ouvinte estivessem brincando com um vidro muito frágil e valioso. Se o pianista for delicado e o ouvinte não for, a magia se quebra e a obra se perde no vazio, se o ouvinte for delicado mas o pianista não for, o ouvinte vai sentir a magia da obra rachando e quebrando diante de seus ouvidos que esperavam delicadamente apreciar uma delicadeza que não ocorre. Do nascimento dessas pequenas e delicadas notas nasceriam outras raízes mais fortes dessa semente: Spiegel im Spiegel, Tabula Rasa, Frates, Cantus In Memory of Benjamin Britten, Summa e outras. Essas obras são as bases desse novo estilo de Pärt: minimalista, profundo e hipnotizante.

E tudo isso são só os primeiros galhos, o estilo minimalista de Pärt mesmo sendo “pouco” rende muito. Já podemos dizer que existe uma árvore razoavelmente grande de obras só da terceira fase. Torço para que esse velhinho de 80 anos viva pelo menos até os 100, e continue nos honrando com sua maravilhosa música profundamente tocante por muito tempo.

Arvo Pärt (1935): Alina

01 Spiegel im Spiegel

02 Für Alina

03 Spiegel im Spiegel

04 Für Alina

05 Spiegel im Spiegel

Vladimir Spivakov, violino
Sergej Bezrodny, piano
Dietmar Schwalke, violoncelo
Alexander Malter, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Nora Pärt: Quero saber direitinho quem é essa tal de Alina quando chegarmos em casa viu...
Nora Pärt: Quero saber direitinho quem é essa tal de Alina quando chegarmos em casa viu…

Luke D. Chevalier

Takashi Yoshimatsu (1953): Concerto para saxofone e orquestra “Cyberbird”, Sinfonia Nº 3 – Nobuya Sugawa

Takashi Yoshimatsu (1953): Concerto para saxofone e orquestra “Cyberbird”, Sinfonia Nº 3 – Nobuya Sugawa

  • – Repost de 11 de Dezembro de 2015 –

Olá pqpequianos, me perdoem pela minha ausência das últimas semanas, estava finalizando uma épica batalha com a academia. Agora já estou de férias, então vocês me verão novamente com frequência regular.

O álbum que trago hoje contêm duas obras de Takashi Yoshimatsu, o concerto para saxofone e a terceira sinfonia. O destaque fica para o concerto.

No primeiro movimento deste concerto ouvimos uma espécie de introdução ao tema, com algumas atonalidades na orquestra alternando com um ritmo bem jazziaco no piano e percussão acompanhando o saxofone, mas a marcante característica romântica do compositor no piano quando tocado solo entre as idas e vindas do tema. No segundo movimento não existe espaço para dúvidas, é o romantismo de Yoshimatsu fundido com um cool jazz suave… e olhem, é arrebatador, nenhuma alma romântica vai se segurar diante disso, preparem vossos corações caso alguém seja cardíaco. O terceiro movimento segue a tradição, allegro, retornamos ao tema do primeiro movimento.

Não acho que as sinfonias sejam o forte dele, mas essa terceira sinfonia consegue convencer; os sopros no início que lembram um pouco algo de indígena (ou estou louco?), a percussão que toma tons de jazz no segundo movimento, o trabalho com as cordas no terceiro movimento, são algumas das características que agradam.

O concerto para saxofone com certeza vale a pena, já a sinfonia fica a julgamento de vocês.

Takashi Yoshimatsu (1953): Saxophone concerto, Symphony No. 3

01 Saxophone concerto – I. Bird in collors; allegro
02 Saxophone concerto – II. Bird in grief; andante
03 Saxophone concerto – III. Bird in the wind; presto

Nobuya Sugawa, saxophone
BBC Philharmonic
Sachio Fujioka, regente

04 Symphony No 3 – I. Allegro; adagio grave – allegro molto
05 Symphony No 3 – II. Scherzo; allegro scherzando
06 Symphony No 3 – III. Adagio; adagio
07 Symphony No 3 – IV. Finale; andante sustenuto – allegro molto

BBC Philharmonic
Sachio Fujioka, regente

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Esse cara já recebeu várias homenagens e concertos em sua homenagem. O "cyberbird" é um desses.
Esse cara já recebeu várias honras e concertos em sua homenagem. O “cyberbird” é um desses.

Luke

Arvo Pärt (1935): Creator Spiritus

Arvo Pärt (1935): Creator Spiritus

  • Repost de 18 de Outubro de 2015 – Um ano desde que comecei a postar no PQP Bach!

Olá caros leitores do PQP Bach, faço minha estreia aqui nesse blog com o compositor contemporâneo de música erudita que mais gosto: Arvo Pärt. Possuo muitos cds com obras deste compositor que, como dito pelo nosso mestre P.Q.P, não recebeu ainda a devida atenção neste blog. Venho para preencher esta lacuna e para preencher outras que acredito que os senhores considerarão muito oportunas. Junto com o download está o livrete do CD, para que os senhores possam saber mais detalhadamente de outras informações que lhes forem de interesse.

Vou falar um pouco das minhas impressões pessoais sobre esse álbum. O que me levou a comprá-lo foi a obra My Heart in the Highlands, e não, não foi em A Grande Beleza onde eu a ouvi pela primeira vez, mas sim em um documentário sobre o estilo de composição atual de Arvo Pärt. Digo atual pois o compositor já teve três fases onde as obras são notavelmente distintas em seus respectivos estilos. A discussão sobre essas fases é uma outra história que deve ser contada em um outro momento. Neste álbum, com exceção de Solfeggio (que é da primeira fase, a de vanguarda), todas as outras obras são da terceira fase, a minimalista, chamada pelo compositor de tintinnabuli (que é a fase atual).

Voltando a “My Heart in the Highlands”, bem, a primeira vez que eu ouvi essa obra não foi apenas a melodia profundamente melancólica que me tocou, mas também os belos versos que por alguns minutos me arrebataram de tal forma que eu me senti “como um lobo solitário que vive nas montanhas geladas, mas que quando vai à cidade se torna um mero humano de coração apertado, coração apertado de saudades das montanhas geladas e dos cervos, que correm desesperados diante da calma taciturna do lobo que os caça”. Foi uma história mais ou menos assim que por breves momentos inundou minha mente, senti saudades de coisas que jamais vivi (coisa que sinto toda vez que experimento uma boa obra “impressionista”, seja música, cinema ou artes plásticas) e um dia irei passa-la de minha mente para o papel, mas até lá ainda me regojizarei com ela em minha mente.

Mas a grande surpresa do álbum com certeza foi o Stabat Mater de Pärt. A única vez que esse texto havia me tocado tão profundamente em forma de música havia sido com a versão de Antonio Vivaldi. Eu já ouvi a de Pergolesi, a de Dvorák, e de outros, mas só as de Vivaldi e de Pärt tocam meu coração tão profundamente, talvez seja a grande ausência de sinais de alegria ou euforia, mas puramente a presença de dor e melancólica melodia.

Outro destaque do álbum é The Deer’s Cry, por algum motivo essa obra me faz me sentir profundamente cristão (coisa que já fui). Adoro ouvi-la aos domingos. O coro e os solistas cantam sublimemente, como se estivessem inundados de fé, e a história por trás da composição do texto da obra torna tudo mais saboroso; segundo o livrete, o texto cujo nome original é Lorica foi composto por São Patrício em 433. Sabendo de uma emboscada para matar ele e seus seguidores, São Patrício guiou seus homens pela floresta enquanto cantavam essa música. Eles então foram transformados em cervos que foram guiados por 20 gamos. Graças a esse milagre São Patrício e seus homens foram salvos. Apesar do fato de que cantar numa floresta enquanto foge é uma péssima ideia para despistar perseguidores, a história é bonita.

Certa vez ao entrevistar Arvo Pärt, a cantora Björk (que se diz uma fã da música de Pärt) descreveu a música do compositor como uma música que dá espaço ao ouvinte, e eu concordo plenamente, só acrescento que esse espaço é para que você sinta profundamente os sentimentos que lhe inundam ao ouvir essas obras. Seja “My Heart in the Highlands”, seja o “Stabat Mater” ou “The Deer’s Cry”. Não é a toa que o ideal por trás desse estilo de composição de Pärt seja “o amor por cada nota“, é justamente um estilo que busca fazer o ouvinte “meditar” profundamente sobre aquilo que ele ouve e sente em sua mente. Podemos amar tudo aquilo que compreendemos, mas aquilo que não compreendemos nós tememos, e por não compreendermos e temermos podemos chegar a odiar. Por isso a música do compositor é simples eu suponho, para que você possa compreendê-la e então amá-la.

Arvo Pärt (1935): Creator Spiritus

1. Veni creator (3:19)
2. The Deer’s Cry (4:38)
3. Psalom (5:05)
4. Most Holy Mother of God (4:34)
5. Solfeggio (4:46)
6. My heart’s in the highlands (8:40)
7. Peace upon you, Jerusalem (5:23)
8. Ein Wallfahrtslied (9:10)
9. Morning Star (3:17)
10. Stabat Mater (26:03)

Ars Nova Copenhagen
Paul Hillier
Theatre of Voices
Christopher Bowers-Broadbent, orgão
NYYD Quartet

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Estreia de Luke D. Chevalier no PQP
Estreia de Luke D. Chevalier no PQP

Luke D. Chevalier

Anna Clyne (1980): Blue Moth

Anna Clyne (1980): Blue Moth

– Repost de 13 de Novembro de 2015 –

Hoje, amados leitores, trago uma abordagem erudita da música eletroacústica. O legal é que ao contrário da abordagem popular, você não vai simplesmente ouvir aqueles puts puts que minha mãe, respeitosamente falando, gosta tanto de desdenhar, e que é tão clichê na música eletroacústica popular de hoje. Em alguns casos, ouviremos as boas e velhas cordas, sopros e a percussão junto das mágicas modernas que a tecnologia nos proporciona. Embora mais “modernices” do que os sons de costume, mas não tenham medo.

Pelo menos esse é o caso da abordagem de Anna Clyne, compositora britânica muito jovem (apenas 35 anos), mas que graças ao fato de ser uma compositora residente da Baltimore Symphony Orchestra, e pelo fato de a diretora musical dessa orquestra (Marin Alsop) ser também a diretora musical e regente titular da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), tive a oportunidade de ver um ótimo concerto para violino (chamado The Seamstress, A Costureira) com elementos de eletroacústica (ma non troppo), e procurei saber mais da compositora.

Esse álbum foi uma das coisas que encontrei nessa empreitada, e fiquei bastante surpreso. Primeiro pelo fato de uma compositora do meio erudito com tal abordagem estar tendo o mínimo de atenção no cenário atual. Outros compositores jovens de nosso tempo só fazem sucesso recorrendo ao velho sistema tonal e as coisinhas bonitinhas de sempre. Isso quando não estão obcecados com a tentativa de inovar a custo de qualquer coisa. Segundo pelo fato de ela conseguir harmonizar tão bem algumas técnicas (como aquela que John Cage adorava fazer de criar “música” a partir da sintonia aleatória de vários rádios diferentes) com uma harmonia e melodias notáveis. Em uma das músicas ela faz isso, mas com apenas uma rádio trocando a sintonização algumas vezes, e fica incrivelmente bom, não sei se foi algo aleatório mesmo ou se foi algo planejado, mas achei adequado. Não tem nada de extremamente “modernoso” (ou pós-moderno) aqui, então é perfeitamente possível apreciar sem dificuldades.

A música eletroacústica não é o centro da música de Clyne, mas é uma ferramenta que ela parece usar periodicamente. Este álbum é, de certa forma, uma exceção, já que a música eletroacústica é o elemento mais utilizado. A primeira faixa, Fits + starts, apesar do estranhamento inicial que pode ocorrer, gruda na cabeça. O destaque do álbum, em minha humilde opinião, está em Roulette: cordas, atonalidade e vísceras com uma melodia perfeita que sabe a hora de descer, subir e dançar com os outros elementos da música.

Pessoalmente gostaria de ouvir mais abordagens na música erudita que trouxessem elementos da eletroacústica pra valer (como esse álbum), ou nem que fossem abordagens tímidas como a do concerto para violino de Anna Clyne que eu citei acima. No mundo contemporâneo temos acesso a uma gama incrível de dados, informações e claro, a uma variedade, inimaginável em outros tempos, a outros tipos de música, então porque nos restringirmos? É gostoso ouvir o bom e velho Mozart, mas um Messiaen de vez em quando não mata ninguém. Talvez não seja fácil abandonar os velhos gostos, mas relaxem, não abandonem nada, só tentem dar uma chance para novas experiências…

Anna Clyne (1980): Blue Moth

01 Fits + Starts

Anna Clyne & Benjamin Capps

02 Rapture

Anna Clyne & Eileen Mack

03 1987

Anna Clyne, Paul Taub, Laura Deluca, Mikhail Shmidt & David Sabee

04 Choke

Anna Clyne & Argeo Ascani

05 Roulette

Anna Clyne, Cornelius Dufallo, Mary Rowell, Ralph Farris, Dorothy Lawson, Caleb Burhans & Martha Cluver

06 Steelworks

Anna Clyne, Jennifer Gunn, John Bruce Yeh & Cynthia Yeh

07 Beauty

Anna Clyne & Colleen Clyne

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Miga, adorei o look.
Miga, adorei o look.

Luke

.: interlúdio :. Nick Drake (1948-1974): álbuns póstumos Time of No Reply (1987) • Family Tree (2007)

Entre as revelações que o jovem Daniel the Prophet fez a este velho monge destaca-se a música do inglês Nick Drake, usualmente catalogada como folk. Até há um mês eu nunca tinha ouvido falar, mas agora posso ouvir seu canto introvertido por horas e horas como se fosse uma única música, mais ou menos como faço com Purcell – o que poderia suscitar a hipótese de se dever à anglicidade dos dois… se o efeito não se estendesse a, entre outros exemplos, as lamentações vocais do inequivocamente franco Couperin.

Nicholas Rodney Drake nasceu na então Birmânia, que, muito britanicamente, era o local de trabalho do pai. Quando tinha quatro anos a família voltou pra Inglaterra, para uma vila de 3 mil habitantes não longe de Stratford-upon-Avon, terra daquele dramaturgo insignificante que vocês sabem o nome. Nick aprendeu piano com a mãe, Molly, que também tocava cello, compunha e cantava (do que há alguns testemunhos – gravações informais feitas em casa – no álbum Family Tree) – e talvez tenha legado ao filho também a sensibilidade exacerbada.

To make a long story short, Nick aprendeu escolarmente também clarinete e sax, e informalmente o violão, com colegas – justo o instrumento em que mais se destacou. Aos 19 anos foi estudar literatura em Cambridge – o que não faz pouco sentido, quando se constata o refinamento poético das letras. Aos 21, 23 e 24 anos lançou três discos que pouquíssima gente ouviu. E aos 26 morreu de overdose do que os médicos atochavam como antidepressivo na época.

Fim? Muito pelo contrário: nos 33 anos seguintes foram lançados sete outros discos com material que Nick havia deixado gravado (entre músicas inéditas e versões alternativas), e se é verdade que seus admiradores ainda constituem uma seita (sentido original, aliás, da palavra cult), essa seita não parou de crescer.

De início pensei em compartilhar aqui os três álbuns lançados em vida, mas ouvindo um pouco mais optei pelo terceiro e o sétimo dos póstumos. A razão é que Nick me parece ser daqueles artistas cujo talento brilha ao máximo no despojamento, na quase ausência de produção.

Pra terminar, declaro solenemente que estou morrendo de curiosidade quanto ao que vocês vão achar – e portanto adorarei que vocês não deixem de comentar!

TIME OF NO REPLY (1987)
01. Time Of No Reply
02. I Was Made To Love Magic
03. Joey
04. Clothes Of Sand [letra abaixo / lyrics bellow]
05. Man In A Shed
06. Mayfair
07. Fly
08. The Thoughts Of Mary Jane
09. Been Smoking Too Long
10. Strange Meeting II
11. Rider On The Wheel
12. Black Eyed Dog
13. Hanging On A Star
14. Voice From The Mountain

FAMILY TREE (2007)
01 Come Into The Garden (Introduction)
02 They’re Leaving Me Behind
03 Time Piece
04 Poor Mum (by Molly Drake)
05 Winter Is Gone
06 All My Trials (by Gabrielle Drake and Nick Drake)
07 Kegelstatt Trio For Clarinet, Viola And Piano by The Family Trio
08 Strolling Down The Highway
09 Paddling In Rushmere
10 Cocaine Blues
11 Blossom
12 Been Smoking Too Long
13 Black Mountain Blues
14 Tomorrow Is A Long Time
15 If You Leave Me
16 Here Come The Blues
17 Sketch 1
18 Blues Run The Game
19 My Baby’s So Sweet
20 Milk And Honey
21 Kimbie
22 Bird Flew By
23 Rain
24 Strange Meeting II
25 Day Is Done (Family Tree)
26 Come Into The Garden
27 Way To Blue (Family Tree)
28 Do You Ever Remember? (by Molly Drake)

BÔNUS
Clothes of Sand (ToNR 04) por Renato Russo (1994) [letra abaixo / lyrics bellow]

.  .  .  .  .  .  .  BAIXE AQUI – download here

Who has dressed you in strange clothes of sand?
Who has taken you, far from my land?
Who has said that my sayings were wrong?
And who will say that I stayed much too long?

Clothes of sand have covered your face
Given you meaning but taken my place
So make your way on, down to the sea
Something has taken you so far from me.

Does it now seem worth all the colour of skies?
To see the earth, through painted eyes?
To look through panes of shaded glass?
See the stains of winter’s grass?

Can you now return to from where you came?
Try to burn your changing name?
Or with silver spoons and coloured light
Will you worship moons in winter’s night?

Clothes of sand have covered your face
Given you meaning but taken my place
So make your way on, down to the sea
Something has taken you, so far from me.

Ranulfus

.: Interlúdio :. Daft Punk & Outros – Tron Legacy Reconfigured

.: Interlúdio :. Daft Punk & Outros – Tron Legacy Reconfigured

– Repost de 10 de Novembro de 2015 –

Vamos lá, a bastante conhecida “música eletrônica” de hoje teve origem lá nos idos dos anos 60, com Karlheinz Stockhausen e seus “amigos” que na época tinham como principal obsessão a vanguarda, ou seja, a inovação e encabeçamento de uma revolução na música. Na época, a coisa não vigorou muito na música erudita, mas na música popular ela encontrou um espaço mais receptivo e além de nos dar a guitarra e o baixo elétricos, ainda nos trouxe outros brinquedinhos que reunidos criariam obras que, em minha opinião, são marcos na historia da música, como Whole Lotta Love do Led Zeppelin.

Além dos instrumentos elétricos acústicos houve também uma apropriação das técnicas de produção de música puramente eletrônica, ou seja, música feita inteiramente no computador. Pelo fato de os computadores não serem tão acessíveis nos anos 70 e 80, que foi a época dessa apropriação por parte da música popular da eletroacústica, ela só seria devidamente explorada a partir dos anos 90, e só floresceria na primeira década do século XXI.

Hoje, 10 de novembro de 2015, a bastante conhecida “música eletrônica”, possui diversos gêneros e ramificações na música popular: House, Techno, Acid, Disco, Dub, Trance, etc. Gêneros e ramificações que se fragmentam e se entrelaçam mas que não passam de herdeiros da música eletroacústica dos anos 60. Não digo isso tentando diminuir nenhum gênero, apenas estou traçando uma árvore para facilitar a compreensão.

Esse álbum que posto hoje é um remix (estilo de improvisação e edição por parte de um DJ sobre uma ou mais músicas) daquele álbum que postei com a trilha sonora de Tron: Legacy. Foram diversos artistas que remixaram as músicas, e o gênero, acredito eu já denunciado pela cor da tipografia da capa, se aproxima mais do Acid. Não sei se os senhores apreciarão (eu aprecio bastante), mas já serve para abrir a discussão sobre a música eletroacústica, discussão essa que pretendo continuar com uma abordagem erudita, sendo essa que posto hoje uma abordagem popular.

Aproveitem. (ou não)

Daft Punk & vários artistas: Tron Legacy Reconfigured

01 Derezzed (The Glitch Mob remix) (4:22)
02 Fall (M83 vs. Big Black Delta remix) (3:55)
03 The Grid (The Crystal Method remix) (4:28)
04 Adagio for TRON (Teddybears remix) (5:34)
05 The Son of Flynn (Ki:Theory remix) (4:51)
06 C.L.U. (Paul Oakenfold remix) (4:35)
07 The Son of Flynn (Moby remix) (6:32)
08 End of Line (Boys Noize remix) (5:40)
09 Rinzler (Kaskade remix) (6:52)
10 Encom, Part II (Com Truise remix) (4:52)
11 End of Line (Photek remix) (5:19)
12 Arena (The Japanese Popstars remix) (6:08)
13 Derezzed (Avicii remix) (5:04)
14 Solar Sailer (Pretty Lights remix) (4:33)
15 TRON Legacy (End Titles)(Sander Kleinenberg Remix) (3:18)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Devemos agradecer à ele (e ao contexto social de sua época) pelos "puts puts" de hoje que minha mãe não gosta.
Devemos agradecer à ele (e ao contexto social de sua época) pelos “puts puts” de hoje que minha mãe tanto reclama.

Luke

Takashi Yoshimatsu (1953): Piano Concerto Op. 67 “Memo Flora” etc.

Takashi Yoshimatsu (1953): Piano Concerto Op. 67 “Memo Flora” etc.

– Repost de 28 de Outubro de 2015 –

Acredito ter encontrado uma nova distribuidora campeã de capas horríveis, a Chandos, pelo menos posso dizer isso sobre os cds que eles publicaram desse compositor japonês muito pouco conhecido: Takashi Yoshimatsu.

Conheci esse compositor aqui no blog mesmo, com um concerto de saxofone que achei ótimo. Fui atrás e consegui outras obras do cara, e uma das que mais me marcou está justamente nesse CD, é esse concerto para piano e orquestra com o título de Memo Flora. Não se encontra muito sobre esse compositor por ai; a maioria das coisas que se pode saber dele está nos livretos que vêm com os CD’s, mas já percebi algumas coisas: ele é neorromântico, ele adora pássaros, possui claras influências de um ethos japonês em sua música e ainda faz referências ao jazz e ao rock em algumas obras.

A coisa dos pássaros me lembrou é claro Olivier Messiaen, que também tinha obsessão por esses descendentes dos dinossauros. Claro que a semelhança fica só no símbolo mesmo, como eu disse, a música de Yoshimatsu possui uma característica neorromântica que a torna deliciosamente apreciável para aqueles que adoram belas melodias e aquela evocação de sentimentos que é característica tão presente no romantismo, bem diferente da música de Messiaen que é profundamente religiosa e atonal. A música de Yoshimatsu também beira o atonalismo vez ou outra (até porque o compositor, em seus primeiros anos, era um serialista), mas com uma abordagem totalmente diferente, eu diria que é virtuosística.

Mas o que definitivamente me cativou em sua música, e que me fez ir atrás dela, foi sua essência japonesa, principalmente nesse CD. Amo a cultura japonesa, sua arte consegue ir do profundo, melancólico e leve para o agitado, festeiro e brutal. Prefiro o os primeiros aspectos, embora saiba apreciar ambos os tipos nos devidos momentos. Yoshimatsu traz esses primeiros aspectos em algumas de suas obras e somando isso ao seu romantismo acaba criando obras cativantes. Em White Landscapes, por exemplo, consigo me imaginar vislumbrando uma montanha enorme coberta de neve, talvez como o Monte Fuji, enquanto estou sentado num Engawa (espécie de varanda) numa casa tipicamente japonesa; ao meu lado fumega um chá quente, que resiste contra o frio. No terceiro movimento da obra, começa a nevar. Pelo menos é assim que imagino, apesar da indicação do terceiro movimento: “Disappearance of Snow” (desaparecimento da neve).

Ouçam e deixem a imaginação os levar, quanto mais de si vocês derem à música, mais ela lhes dará em retorno. A música de Takashi Yoshimatsu não é difícil de se acompanhar, mas é o tipo de música que é muito mais agradável quanto se está imerso nela.

Takashi Yoshimatsu (1953): Piano Concerto, “Memo Flora” / And Birds Are Still … / While An Angel Falls Into A Doze

01 Piano Concerto, Op. 67, “Memo Flora”: I. Flower: Andante tranquillo – Allegro
02 Piano Concerto, Op. 67, “Memo Flora”: II. Petals: Andante
03 Piano Concerto, Op. 67, “Memo Flora”: III. Bloom: Allegro*

04 And Birds Are Still , Op. 72

05 While an Angel Falls into a Doze , Op. 73*

06 Dream Colored Mobile II, Op. 58a**

07 White Landscapes, Op. 47a: No. 1. Divination by Snow: Adagio
08 White Landscapes, Op. 47a: No. 2. Stillness in Snow: Moderato
09 White Landscapes, Op. 47a: No. 3. Disappearance of Snow: Largo***

*Kyoko Tabe, piano

**Joe Houghton, oboé
Kate Wilson, harpa

***John Barrow, flauta
Kate Wilson, harpa
Jonathan Price, violoncelo

Manchester Camerata
Richard Howarth, spalla
Sachio Fujioka, regente

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Takashi Yoshimatsu por volta dos 30 anos.
Takashi Yoshimatsu por volta dos 40 anos (eu acho).

Luke D. Chevalier

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphonies No. 0 “Nagasaki” & 9 — The Ten Symphonies

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphonies No. 0 “Nagasaki” & 9 — The Ten Symphonies

coverO fim, meus caros, nada mais é do que um retorno ao início.

Não sejam tão afoitos, com isso não quis sugerir que a nona sinfonia de Schnittke é semelhante ou igual à de número zero, na verdade elas são completamente diferentes.

A sinfonia “Nagasaki”, numerada vulgarmente como No. 0, nos surpreende por nada ter do Schnittke com quem estamos habitualmente acostumados. Parece ser uma espécie de neoclássico que bebe um pouco de Shostakovich. Não é possível dizer ao certo as intenções do jovem Schnittke ao compor essa obra. Tendo ela sido completada nos anos 50, a referência histórica de seu nome é clara. Apesar disso, as forças históricas e sociais que iriam dilacerar os paradigmas acadêmicos de composição do jovem compositor e leva-lo a compor obras como a sua Primeira Sinfonia ainda estavam longe.

Sua Nona Sinfonia aparentemente começou a ser escrita dois anos antes da morte de Schnittke, e não se sabe ao certo se foi completada ou não, já que Schnittke não a publicou. Dela sobraram esboços que foram reunidos e “decifrados” a pedido de Irina Schnittke, mulher do compositor. Quem teve a árdua tarefa de decifrar os manuscritos dos garranchos de Schnittke foi o jovem compositor Alexander Raskatov, que também de embalo fez uma obra em homenagem ao compositor.

A Nona Sinfonia é divida em três movimentos, sendo um lento, um moderado e um rápido. Ela têm um sentimento muito tênue e belo, que nos passa uma sensação de algo etéreo. Como diz William C. White:

Dennis Russell Davies comments that this is “a testament by someone who knows he’s dying,” I have a different view: I think this is music of someone who is already dead — as Schnittke had been, having been pronounced clinically dead on several occasions during his strokes.  Much of the music sounds like the exploratory wanderings of a ghost during his first encounter with a new, otherworldly universe.”

Ou seja, Schnittke se perde, acaba por atingir um estado como o de uma assombração ambulante numa velha mansão.

É assim que termina a saga sinfônica desse grande compositor, mas não sejamos tristes. Schnittke deu exemplo fantástico de sua criatividade em outras obras, principalmente naquelas de cunho “sacro”, pois parecia tentar ali se encontrar como qualquer indivíduo socialmente anômico precisa se ancorar em algum “paradigma cultural”. Mais pra frente eu trarei esses belos exemplos de sua maestria.

Schnittke: The Ten Symphonies

CD 6

Alfred Schnittke (1934-1998):

Symphony No. 0 “Nagasaki”
01 I. Allegro ma non tropo
02 II. Allegro vivace
03 III. Andante
04 IV. Allegro

Cape Philharmonic Orchestra
Owain Arwel Hughes, conductor

Symphony No. 9 (Copyist, Researcher) [Reconstruction of the Original Manuscript] – Alexander Raskatov
05 I. [Andante]
06 II. Moderato
07 III. Presto

Cape Philharmonic Orchestra
Owain Arwel Hughes, conductor

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Os Sofrimentos do jovem Schnittke. [Gray, Reginald; Alfred Schnittke (1934-1998); Royal College of Music; http://www.artuk.org/artworks/alfred-schnittke-19341998-215843]
Os Sofrimentos do jovem Schnittke.
[Gray, Reginald; Alfred Schnittke (1934-1998); Royal College of Music;]
Luke