.: interlúdio :. Keith Jarrett e seu Quarteto Escandinavo: Sleeper

.: interlúdio :. Keith Jarrett e seu Quarteto Escandinavo: Sleeper

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um tremendo disco. Houve época em que Keith Jarrett tinha dois quartetos, um estadunidense e um escandinavo. Os dois eram fantásticos, mas sempre preferi o escandinavo. Talvez fosse o repertório, talvez fosse a presença do esplêndido saxofonista norueguês Jan Garbarek. Este concerto, gravado em Tóquio no dia de 16 de abril de 1979, traz algumas das melhores coisas do grupo escandinavo: a espetacular Personal Mountains — impossível de ouvir apenas uma vez — , a canção de Innocence, o quase pop de Chant Of The Soil e também New Dance. Um concerto absolutamente anormal.

Keith Jarrett e seu Quarteto Escandinavo: Sleeper

CD1:
1. Personal Mountains
2. Innocence
3. So Tender

CD2:
1. Oasis
2. Chant Of The Soil
3. Prism
4. New Dance

Personnel:

Keith Jarrett: piano, percussion
Jan Garbarek: tenor and soprano saxophones, flute, percussion
Palle Danielsson: double-bass
Jon Christensen: drums, percussion

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A moda em 1979 era bem diferente e pioraria muito nos horrendos anos 80.
A moda em 1979 era bem diferente da de nossos dias. Ela só pioraria nos anos 80…

PQP

Gabriel Fauré (1833 – 1897): Suíte Dolly, Sonata para Violino No. 1 e Quinteto com Piano No. 2 – Susan Tomès (piano) & The Nash Ensemble ֎

Gabriel Fauré (1833 – 1897): Suíte Dolly, Sonata para Violino No. 1 e Quinteto com Piano No. 2 – Susan Tomès (piano) & The Nash Ensemble ֎

The Nash Ensemble is still the best champion that any composer could hope to have

The Times

Membros do Nash Ensemble (mais atual)

Vocês sabem que quando dois ou mais ensejos se unem, o destino está conspirando para algo acontecer. No caso aqui, nada de muito importante, apenas mais uma postagem para o blog. Primeiro, música de câmara francesa – Gabriel Fauré o compositor. Eu já sou fã de carteirinha. Depois, os intérpretes são membros do Nash Ensemble, grupo musical inglês formado em 1964 por Amelia Freedman por alunos da Royal Academy of Music. Estabelecendo-se como uma ótima referência para música de câmara, com um enorme repertório que inclui música contemporânea, também devido à flexibilidade de suas possíveis formações, logo começou a fazer registros fonográficos. Inicialmente para o selo CRD, como o caso do disco da postagem, depois para Virgin Classics e Hyperion, como no recente lançamento que você poderá encontrar aqui.

O programa do disco é bem atraente, todas as peças são de composição de Fauré, mas cada uma leva uma combinação diferente de instrumentos, rendendo uma audição estimulante do disco. A Sonata para Violino No. 1 é um primor e abre os trabalhos com Marcia Crayford ao violino, acompanhada pelo pianista do grupo Ian Brown. Depois a pianista Susan Tomès (do Domus Quartet) interpreta a Suíte Dolly, para piano, que termina com o ótimo ‘Le Pas Espagnol’, um lindo ‘paso doble’. Completando o disco, o Segundo Quinteto com Piano, obra menos divulgada que os famosos Quartetos com Piano, com vários membros do grupo. Um disco despretensioso, mas excelente.

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Sonata In A For Violin And Piano, Op. 13

  1. Allegro Molto
  2. Andante
  3. Allegro Vivo
  4. Allegro Quasi Presto

“Dolly” Suite For Piano Duet Op. 56

  1. Berceuse
  2. Mi-a-ou
  3. Le Jardin De Dolly
  4. Kitty Valse
  5. Tendresse
  6. Le Pas Espagnol

Piano Quintet No. 2 In C Minor, Op. 115

  1. Allegro Moderato
  2. Allegro Vivo
  3. Andante Moderato
  4. Allegro Molto

Susan Tomès, piano (Dolly Suite)

The Nash Ensemble

Elizabeth Layton, Marcia Crayford, violinos

Roger Chase, viola

Christopher Van Kampen, violoncelo

Ian Brown, piano (Sonata e Quinteto)

Andrew Keener, Produtor – Diretor Artístico

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MP3 | 320 KBPS | 177 MB

Membros do Nash Ensemble (perto da época da gravação do disco)

Composer Harrison Birtwistle comments: ‘Michael Tippett used to say that the world was divided between those on the side of the angels and those not. In the case of Amelia Freedman and her Nash Ensemble there is no question they stand well over the line of good and blessed with wings of gold’.

Asas de ouro!! Aproveite!

René Denon

Dolly!!

PQP Bach Quizz: Por que o grupo escolheu esse nome?

a) Por que as primeira gravações foram feitas em Nashville;

b) Eles são terrivelmente nashionalistas;

c) Cresceram num bairro com esse nome.

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violoncelo e Piano, Op. 38, 78 e 99 (Kliegel, Merscher)

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violoncelo e Piano, Op. 38, 78 e 99 (Kliegel, Merscher)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Maria Kliegel (1952) é uma estrela na Naxos, o que significa ser muito conhecida dos melômanos e estar fora dos holofotes do grande mundo. Gravou muito e sempre bem, é uma tremenda instrumentista, tanto que foi aclamada por Mstislav Rostropovich como “a melhor violoncelista que já ouvi desde Jacqueline du Pré”. Sua abordagem desta lindas peças de Brahms não pode ser mais perfeita e sensível. ´è um CD para se ouvir de joelhos, sem esquecer da excelente pianista Kristin Merscher. A Sonata Op. 78, aqui presente, é um arranjo da Sonata Nº 1 para Violino e Piano. As outras duas são originalmente para o violoncelo. As duas Sonatas para Violoncelo e Piano de Brahms são obras de uma beleza austera e íntima, verdadeiros diálogos entre dois instrumentos que deixam de ter hierarquia: não há acompanhamento, há conversa — e, por vezes, conflito. A primeira é uma das peças mais densas do romantismo de câmara. Brahms a compôs jovem, mas já com sua assinatura inconfundível de profundidade e rigor estrutural. O primeiro movimento é amplo e meditativo — quase uma confissão. O segundo, um Allegretto quasi menuetto, traz uma elegância contida, com ecos de dança barroca. E o último movimento, inspirado em temas de fugas de Bach, mostra o quanto Brahms enxergava o passado como motor de criação. É uma Sonata que parece nascer da madeira do próprio violoncelo. Mais de vinte anos depois, surge a Segunda Sonata, escrita nos Alpes suíços, em uma das fases mais luminosas de Brahms. Aqui o tom é outro: expansivo, de uma energia quase sinfônica. O violoncelo ganha voz heroica, o piano é orquestral, e juntos constroem uma arquitetura de contrastes — ternura e bravura, serenidade e tempestade. O Adagio affettuoso é um dos momentos mais líricos de toda a música de câmara do século XIX, com um diálogo de rara pureza emocional. Não façam a tolice de não ouvir este CD.

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violoncelo e Piano, Op. 38, 78 e 99 (Kliegel, Merscher)

Cello Sonata No. 1 in E Minor, Op. 38
1 I. Allegro non troppo 10:14
2 II. Allegretto quasi menuetto 05:27
3 III. Allegro 06:56

Violin Sonata No. 1 in G Major, Op. 78 (arr. P. Klengel for cello and piano)
4 I. Vivace ma non troppo 10:51
5 II. Adagio 07:51
6 III. Allegro molto moderato 08:56

Cello Sonata No. 2 in F Major, Op. 99
7 I. Allegro vivace 08:28
8 II. Adagio affettuoso 06:41
9 III. Allegro passionato 07:06
10 IV. Allegro molto 04:36

Cello – Maria Kliegel
Piano – Kristin Merscher

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Maria Kliegel

PQP

Ludwig van Beethoven: Concertos para Piano nº 3, 4 e 5 (Arrau/Klemperer), Trio Arquiduque (Gilels, Rostropovich, Kogan) e algumas sonatas, direto dos anos 1950

Hoje é (talvez) o aniversário de Beethoven e temos uma daquelas promoções: três CDs pelo preço de um. São gravações grandiosas, cheias de energia, acordes monumentais, desenvolvimentos e resoluções tonais enfáticas. Os pianistas Claudio Arrau e Emil Gilels eram grandes autoridades no assunto Beethoven mais ou menos entre as décadas de 1940 e 1980, assim como o maestro Otto Klemperer, um pouco mais velho que eles.

Arrau e Klemperer tiveram em comum a longevidade: ambos passaram muitas décadas viajando pelo mundo com esse repertório do compositor de Bonn. Com Klemperer, descobri recentemente, houve um fato curioso: por volta de 1940 ele foi diagnosticado com um tumor cerebral, passou por cirurgias arriscadas e muitos achavam que ele estava à beira da morte. Acontece que, após alguns anos afastado, na década de 1950 ele voltou triunfalmente aos palcos e às gravações, principalmente com a Philharmonia em Londres, e essas gravações ao vivo com Arrau são da época desse retorno com pompa e circunstância do antigo assistente de Mahler. Klemperer, que alguns já descartavam como um velhinho com um pé na cova, ainda gravaria, anos depois e com a mesma orquestra, a integral das sinfonias de Beethoven (tá tudo disponível no blog aqui).

Gilels morreu não tão velho assim, quando estava quase completando sua integral de gravações das sonatas pela Deutsche Grammophon. Mas essas gravações que trago aqui são mais antigas, mostram o jovem Gilels e, salvo engano, são todas ao vivo. No Trio Arquiduque ele está muito bem acompanhado de seus compatriotas M. Rostropovich e L. Kagan. Uma curiosidade que li recentemente: esse trio, com difíceis partes para o piano, foi a última obra tocada em público por Beethoven, em 1814, quando a sua surdez já progredia bastante. As obras posteriores para piano, como a Sonata op. 110 (de 1821) gravada aqui por Arrau, ou foram tocadas pelo compositor apenas para amigos muito próximos ou nem isso.


Ludwig van Beethoven (1770-1827):
CD1
1-3. Concerto para Piano No. 3 em Dó Menor, op. 37
4-6. Concerto para Piano No. 4 em Sol maior, op. 58

CD2
1-3. Concerto para Piano No. 5 em Mi b maior, op. 73
4-5. Sonata para Piano No. 24, op. 78 ‘A Thérèse’
6-9. Sonata para Piano No. 31, Op. 110

Claudio Arrau, piano
Philharmonia Orchestra, Otto Klemperer
Recorded: Royal Festival Hall, London, 1957 (Concertos) / Abbey Road Studio, 1957-58 (Sonatas)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Arrau/Klemperer

Ludwig van Beethoven (1770-1827):
1-3. Sonata para Piano No. 23, op. 57 “Appassionata”
4. 04. 32 Variações em Dó Menor, WoO 80
5-8. Trio op. 97 “Archduke”

Emil Gilels, piano
Leonid Kogan, violino / Mstislav Rostropovich, violoncelo
Gravado em: Florença, 1951 (Sonata) / Moscou, 1946 (Variações) / Moscou, 1956 (Trio)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Gilels

P.S. aproveitei a ocasião para reativar os links de outras gravações antológicas de obras de Beethoven:

A integral das sonatas para piano que Claudio Arrau gravou para a Philips na década de 1960 (aqui).
E a famosíssima gravação das cinco sonatas para piano e violoncelo por Richter e Rostropovich, também pela Philips (aqui)

Pleyel

Gustav Mahler (1860-1911): Symphony No. 2 “Resurrection” (Kaplan, Wiener Philharmoniker)

Gustav Mahler (1860-1911): Symphony No. 2 “Resurrection” (Kaplan, Wiener Philharmoniker)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Minha vida com Mahler foi inaugurada por esta sinfonia, a qual cheguei da forma mais estranha. Fui atrás da música que havia sob o segundo movimento da Sinfonia de Luciano Berio e este era o belíssimo terceiro movimento da Ressurreição. De resto, foi amor à primeira ouvida. É obra grandiosa: 10 trompas, 8 contrabaixos, 8 trompetes, 6 trombones, 4 percussionistas, cantores solistas, coral, etc. Um primeiro movimento enorme, seguido pela comovente cantilena do segundo e o eufórico terceiro. Depois, os últimos movimentos propõem-se a fazer uma representação exterior (se bem que, como Mahler dizia, tudo era representação interior…) do Dia do Juízo Final e da Ressurreição dos mortos. O compositor manda alguns instrumentistas (trompetes, trompas, percussão) para fora do palco. É de lá, dos bastidores, que eles iniciarão um conflito fantasmagórico com a orquestra que está no palco. Quando a orquestra do palco executar o suave tema da redenção, dos bastidores virá o som das trompas e da percussão executando o que Mahler disse representar “as vozes daqueles que clamam inutilmente no deserto”. Obra-prima!

O registro de Kaplan com a Filarmônica de Viena faz inteira justiça a esta grande música. Vale muito a pena ouvir.

P.S. — O disco da DG dividiu os movimentos em infinitas pecinhas, como para mostrar que Mahler amava os contrastes ou mudava de humor com muita facilidade… São 42 faixas…

Gustav Mahler (1860-1911): Symphony No. 2 “Resurrection”

1. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Allegro Maestoso 2:31
2. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Im Tempo Nachgeben 1:03
3. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Wie Zu Anfang 2:42
4. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Sehr Mässig Und Zurückhaltend 0:48
5. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – (English Horn) 1:19
6. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Ausdrucksvoll (English Horn & Bass Clarinet) 2:18
7. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Etwas Drängend 1:15
8. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Schnell 0:34
9. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Sehr Langsam Beginnend 0:28
10. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Sehr Getragen (Trumpet & Trombone) 2:32
11. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Molto Pesante 0:23
12. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Tempo I 1:40
13. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Zurückhalten 2:20
14. 1st Movement – Allegro Maestoso (Totenfeier) – Tempo Sostenuto 3:23

1. 2nd Movement – Andante Moderato – Andante Moderato 1:24
2. 2nd Movement – Andante Moderato – Nicht Eilen. Sehr Gemächlich 1:36
3. 2nd Movement – Andante Moderato – In Tempo I Zurückkehren 1:47
4. 2nd Movement – Andante Moderato – Tempo I. Energisch Bewegt 2:42
5. 2nd Movement – Andante Moderato – 3 Bars Before Wieder Ins Tempo Zurückgehen. Tempo I 3:39

6. 3rd Movement – (Scherzo) – In Ruhig Fliessender Bewegung 1:47
7. 3rd Movement – (Scherzo) – (Bassoon & Violas) 0:49
8. 3rd Movement – (Scherzo) – (Piccolo) 0:40
9. 3rd Movement – (Scherzo) – (Cellos & Basses) 0:24
10. 3rd Movement – (Scherzo) – Vorwärts 1:01
11. 3rd Movement – (Scherzo) – Sehr Getragen Und Gesangvoll 1:13
12. 3rd Movement – (Scherzo) – Zum Tempo I. Zurückkehren 2:08
13. 3rd Movement – (Scherzo) – (Trumpets & Trombones) 1:26
14. 3rd Movement – (Scherzo) – (Violas, Cellos & Basses) 1:20

15. 4th Movement – ”Urlicht” – Sehr Feierlich, Aber Schlicht (Choralmässig) Nadja Michael 5:29

16. 5th Movement – Im Tempo Des Scherzos. Wild Herausfahrend 1:38
17. 5th Movement – Langsam 1:20
18. 5th Movement – Langsam 0:24
19. 5th Movement – (Trombone) 1:41
20. 5th Movement – Im Anfang Sehr Zurückgehalten 1:10
21. 5th Movement – Wieder Sehr Breit 3:04
22. 5th Movement – Ritenuto 4:36
23. 5th Movement – Wieder Zurückhaltend 3:43
24. 5th Movement – Sehr Langsam Und Gedehnt (”Der Grosse Appell”) 2:27
25. 5th Movement – Langsam. Misterioso (Chorus: ”Aufersteh’n”) 6:42
26. 5th Movement – Etwas Bewegter (Solo: ”O Glaube”) 3:24
27. 5th Movement – Mit Aufschwung, Aber Nicht Eilen (Duet: ”O Schmerz”) 2:25
28. 5th Movement – Pesante 2:23

Nadja Michael
Latonia Moore
Vienna Philharmonic Orchestra
Gilbert Kaplan30

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Kaplan: excelente trabalho com Mahler
Kaplan: excelente trabalho com Mahler

PQP

Johannes Brahms (1833-1897): Quartetos para Piano Op. 25 e 60 (Rubinstein e Membros do Guarneri)

Johannes Brahms (1833-1897): Quartetos para Piano Op. 25 e 60 (Rubinstein e Membros do Guarneri)

F.D.P. Bach voltou impossível das férias e nos mandou uma gravação obrigatória. A célebre gravação do pianista romântico Artur Rubinstein com o Guarneri Quartet dos quartetos para piano de Brahms. É notável o quanto o estilo dos executantes adapta-se à música de Brahms. Estes quartetos prescindem de maiores comentários: são música profunda, de primeiríssima qualidade e merecidamente conhecidos e louvados.

Em tempo: nas próximas semanas, F.D.P. Bach nos levará a um tour completo pela música de câmara de Brahms. Teremos as sonatas para piano, as para violino e piano, violoncelo e piano, clarinete e piano, os trios, os quartetos, quintetos, septetos, etc. Preparem-se; fugindo dos trocadilhos, será um verdadeiro porre brahmsiano. Afinal, sabemos que o que todo mundo quer é um carnaval com Brahms, o número 1 (ai, não resisti).

Johannes Brahms (1833-1897): Quartetos para Piano Op. 25 e 60 (Rubinstein e Membros do Guarneri)

1. Piano Quartet No. 1 (Op. 25): Allegro
2. Piano Quartet No. 1 (Op. 25): Intermezzo: Allegro ma non troppo; Trio Animato
3. Piano Quartet No. 1 (Op. 25): Andante con moto: Animato
4. Piano Quartet No. 1 (Op. 25): Rondo alla zingarese: Presto; Meno presto; Molto presto

5. Piano Quartet No. 3 (Op. 60): Allegro ma non troppo
6. Piano Quartet No. 3 (Op. 60): Scherzo: Allegro
7. Piano Quartet No. 3 (Op. 60): Andante
8. Piano Quartet No. 3 (Op. 60): Allegro

Artur Rubinstein, piano
Membros do Quarteto Guarneri

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Rubinstein, a elegância ao piano

FDP

Ludwig van Beethoven – Abertura Leonore, Piotr Ilich Tchaikovsky – Sinfonia no. 5 – Stanislaw Skrowaczewski, NHK Symphony Orchestra

O solo de Trompa que abre o Segundo Movimento da Quinta Sinfonia de Tchaikovsky é uma das mais belas páginas da história da música, sem dúvida alguma. Seu tema principal é um lamento, transmite uma angústia latente, daquelas que ficam presas na nossa garganta. A cada vez que a ouço parece que entra um cisco no meu olho, e a lágrima é inevitável. A repetição do tema principal pelas cordas amplia essa angústia.

A vida de Stanislaw Skrowaczewski não foi nem um pouco fácil. Foi um jovem prodígio ao piano já aos oito anos de idade (incrível como existem excepcionais pianistas poloneses) sendo solista e regente do Terceiro Concerto de Beethoven já nesta tenra idade. Porém foi obrigado a desistir do instrumento quando machucou as duas mãos em um bombardeio da Segunda Guerra Mundial. A partir de então, começou seus estudos de regência e composição ainda em sua Polônia natal. Em 1960 se exilou nos Estados Unidos, onde ele e sua esposa se naturalizaram norte-americanos.

Trarei uma série de CDs deste grande maestro do século XX, registros ao vivo com a NHK Symphony Orchestra, de Tõquio, entre 1996 e 1999. Stanislaw Skrowaczewski faleceu em 2017, com a idade de 94 anos de idade. Mesmo já idoso, podemos sentir um grande vigor em sua regência, mesmo em obras tão densas e complexas quanto a  Sinfonia ‘Patética‘, já citada acima. E não podemos deixar de citar sua incursão na obra de Bruckner, cujas sinfonias gravou na integra, junto com a Saarbrucken Radio Symphony Orchestra, gravação que foi premiada.

Este primeiro CD inicia com a Abertura Leonore, de Beethoven, e se conclui com uma belíssima interpretação da Quinta Sinfonia de Tchaikovsky. A NHK Symphony Orchestra é uma orquestra muito versátil, e encara as duas peças com muita competência.

1 “Leonore Nr.2” Ouvertüre
Symphony No.5
2 I. Andante
3 II. Andante Cantabile
4 III. Allegro Moderato
5 IV. Finale

NHK Symphony Orchestra

Stanislaw Skrowaczewski – Conductor

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Antonio Vivaldi (1678-1741): 3 Concertos e o Stabat Mater (Stutzmann, Spivakov)

Antonio Vivaldi (1678-1741): 3 Concertos e o Stabat Mater (Stutzmann, Spivakov)

Uma gravação bem velhinha (1990), mas ainda em bom estado. Não é uma interpretação historicamente informada, sendo antes boa por seu espírito correto e pela maravilhosa Stutzmann. Stutzmann é um contralto francês com um timbre escuro, quase andrógino. Suas interpretações de árias de Vivaldi são dramáticas e introspectivas. Não espere aquele “Vivaldi alegrão” –, o papo entre Spivakov e Stutzmann e um diálogo meditativo e refinado. Spivakov evita os excessos, enquanto Stutzmann mergulha no lirismo das árias. Puristas do barroco podem estranhar o uso de orquestra moderna, mas a interpretação é respeitosa e sincera. Stutzmann já foi acusada de ser “too dark for Vivaldi”, mas, vão se foder, né? Essa escuridão vocal dá um peso existencial raro às árias sacras. É um disco para noites de inverno com vinho tinto. Foda-se se estamos na primavera!

Antonio Vivaldi (1678-1741): 3 Concertos e o Stabat Mater (Stutzmann, Spivakov)

Concerto In A/A-dur/La Majeur/La Maggiore, RV158
1 Allegro Molto 2:22
2 Andante Molto 2:26
3 Allegro 2:51

Stabat Mater, RV 621
Contralto Vocals – Nathalie Stutzmann
4 Stabat Mater: Largo 3:07
5 Cuius Animam: Adagissimo 1:43
6 O Quam Tristis: Andante 1:46
7 Quis Est Homo: Largo 3:10
8 Quis Non Posset: Adagissimo 1:40
9 Pro Peccatis: Andante 1:39
10 Eia Mater: Largo 3:34
11 Fac Ut Ardeat: Lento 2:05
12 Amen: Allegro 1:18

Concerto Grosso In D Minor/D-moll/Ré Mineur/Re Minore, RV 565
Cello – Mikhail Milman
Violin – Arkady Futer, Vladimir Spivakov
13 Allegro 4:13
14 Largo E Spiccato 3:18
15 Allegro 2:24

Concerto Grosso In D Minor/D-moll/Ré Mineur/Re Minore, RV 535
Oboe – Alexei Utkin, Mikhail Evstigneev
16 Largo; Allegro 3:41
17 Largo 2:39
18 Allegro Molto

Conductor – Vladimir Spivakov
Orchestra – Moscow Virtuosi

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É sempre um prazer ouvi-la, Nathalie Stutzmann.

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Anton Bruckner (1824-1896): Integral das Sinfonias (Parte 1 de 3) (Wand)

Anton Bruckner (1824-1896): Integral das Sinfonias (Parte 1 de 3) (Wand)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Hoje, amanhã e depois estarei postando a integral das sinfonias de Bruckner com um dos regentes que mais amo, o queridíssimo Günter Wand (1912-2002). Este primeiro trio de CDs — postados em um arquivo — tem como destaque a Sinfonia Nº 3, onde já se nota claros indícios de genialidade em Bruckner, principalmente no primeiro e no delicioso último movimento. O compositor era considerado uma espécie de maluquete, um menino em tamanho grande, por seus contemporâneos. Duvido que você mantenha esta ideia após ouvir o que ele escrevia. O homem era profundo como o oceano. Em silêncio, Bruckner compunha sinfonia atrás de sinfonia e não parecia se importar muito com a opinião das pessoas a respeito, mas gostava de beijar as mãos dos maestros que aceitavam suas enormidades — que sem dúvida são notáveis. (Houve uma vez que tentou beijar os pés de um maestro, mas enfim, deixa pra lá). Penso que Wand dispense apresentações. Uma vez, li uma entrevista dele na Gramophone onde, já velho, dizia que fora convidado para fazer uma integral das sinfonias de Beethoven com a toda a pompa e circunstância possíveis. Na reunião na gravadora, ele, já bem idoso, disse: “Olha, só tem um problema. Estou muito velho para fazer o que todos já fizeram, isto é, quem sabe a gente deixa de lado essa bobagem de Beethoven e faz uma integral perfeita das nove sinfonias de Bruckner?”. É isso que vocês estão baixando.

Anton Bruckner (1824-1896): Integral das Sinfonias (Parte 1 de 3) (Wand)

CD 1
1. Symphony No. 1 in C minor (Vienna Version 1890/91): Allegro 12min13
2. Symphony No. 1 in C minor (Vienna Version 1890/91): Adagio 11min09
3. Symphony No. 1 in C minor (Vienna Version 1890/91): Scherzo: Lebhaft 9min09
4. Symphony No. 1 in C minor (Vienna Version 1890/91): Finale: Bewegt, feurig 15min14

CD 2
1. Symphony No. 2 in C minor (2. Version 1877, publ. by Robert Haas): Ziemlich schnell 19min07
2. Symphony No. 2 in C minor (2. Version 1877, publ. by Robert Haas): Adagio: Feierlich, etwas bewegt 15min42
3. Symphony No. 2 in C minor (2. Version 1877, publ. by Robert Haas): Scherzo: Schnell 7min33
4. Symphony No. 2 in C minor (2. Version 1877, publ. by Robert Haas): Finale: Mehr schnell 16min05

CD 3
1. Symphony No. 3 in D minor (3. Version 1889): Mehr langsam, misterioso 21min25
2. Symphony No. 3 in D minor (3. Version 1889): Adagio: Bewegt, quasi andante 13min42
3. Symphony No. 3 in D minor (3. Version 1889): Ziemlich schnell 6min41
4. Symphony No. 3 in D minor (3. Version 1889): Allegro 12min37

Günter Wand
Cologne Radio Symphony Orchestra

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Este carinha foi um gênio.
Este carinha foi um gênio.

PQP

.: interlúdio :. Dino Saluzzi ‎– El Encuentro

.: interlúdio :. Dino Saluzzi ‎– El Encuentro

Dino Saluzzi é um veterano compositor e músico argentino. Nasceu em 1935 e tem atualmente 80 anos. Dino toca bandoneón desde sua infância. É um tangueiro muito lírico, talvez em excesso. Bom compositor, quase erudito, ele infelizmente não tem a dureza de Piazzolla. Durante grande parte da sua juventude, Saluzzi viveu em Buenos Aires, tocando com a orquestra Rádio El Mundo. Vivia daquilo, mas às vezes fugia para tocar com pequenos conjuntos mais voltados para o jazz. Foi desenvolvendo um estilo cada vez mais pessoal que acabou por deixá-lo como um vanguardista em seu país. É hoje uma das estrelas da ECM. Tudo começou com Charlie Haden, Palle Mikkelborg and Pierre Favre em Once Upon A Time … Far Away In The South, e depois com Enrico Rava em Volver. Compreende-se, Rava trabalhou muito na Argentina e Haden sempre adorou a América Latina. O resgate para a turma de Eicher foi natural. Atualmente tem um duo com Anja Lechner, que está presentíssima neste El Encuentro. É um bom disco.

Dino Saluzzi ‎– El Encuentro

1 Vals de los dias for bandoneon, violoncello and string orchestra 15:29
2 Plegaria Andina for bandoneon, violoncello, saxophone and string orchestra 17:14
3 El Encuentro for bandoneon, violoncello and string orchestra 21:44
4 Miserere for bandoneon and string orchestra 14:31

Bandoneon – Dino Saluzzi
Cello – Anja Lechner, Emile Visser, Jascha Albracht, Wim Grin
Double Bass – Arend Liefkes, Erik Winkelmann
Orchestra – The Metropole Orchestra
Jules Buckley

Live recording February 13, 2009
Muziekgebouw aan’t IJ, Amsterdam

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Anja Lechner & Dino Saluzzi
Anja Lechner & Dino Saluzzi

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Henryk Górecki (1933-2010): Os Três Quartetos de Cordas (Royal String Quartet)

Henryk Górecki (1933-2010): Os Três Quartetos de Cordas (Royal String Quartet)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Grande CD duplo com os três quartetos do polonês Górecki. Eu prefiro os dois primeiros, mas jamais jogaria fora o terceiro. O Kronos Quartet encomendou as obras e as estreou. O que talvez jamais imaginasse é que, poucos anos depois, viria um Royal String Quartet, da Polônia — bem, o fato de serem poloneses não chega a ser surpreendente — e faria gravações bem melhores das obras. Bem, acontece, a gente bota as coisas no mundo e perde o controle sobre elas. A música de Górecki é algo extraordinário neste CD que recebi com o maior entusiasmo. Parabéns à Hyperion inglesa por nos trazer tais obras-primas. O Arioso do Quarteto Nº 2 é de chorar de tão lindo!

Henryk Górecki (1933-2010): Os Três Quartetos de Cordas (Royal String Quartet)

Disc: 1
1-1 Already It Is Dusk (String Quartet No 1) Op 62 (15:43)

Quasi Una Fantasia (String Quartet No 2) Op 64 (33:02)
1-2 Largo Sostenuto – Mesto 7:49
1-3 Deciso – Energico Marcatissimo Sempre 6:57
1-4 Arioso: Adagio Cantabile Ma Molto Espressivo E Molto Appassionato 8:00
1-5 Allegro Sempre Con Grande Passione E Molto Marcato 10:16

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Disc: 2
… Songs Are Sung (String Quartet No 3) Op 67 (55:54)

2-1 Adagio – Molto Andante – Cantabile 11:11
2-2 Largo Cantabile 12:55
2-3 Allegro Sempre Ben Marcato 4:51
2-4 Deciso – Espressivo Ma Ben Tenuto 12:24
2-5 Largo – Tranquillo 14:31

Royal String Quartet

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Górecki feliz, pelo visto
Górecki feliz, pelo visto

PQP

F. J. Haydn (1732-1809): Sonatas para Piano (Timofeyeva)

F. J. Haydn (1732-1809): Sonatas para Piano (Timofeyeva)

timofEste arquivo é uma imagem de um LP soviético da grande Lubov Timofeyeva. Isto é, é uma longa faixa mp3 com o disco completo. Vale a pena baixar, sim. É uma excelente e muito elegante pianista que valoriza as belas e nada complexas sonatas do mestre Haydn. Eu? Gosto muito. As sonatas para piano de Haydn são um universo de invenção e humor. São a “oficina do gênio” onde Haydn, com irreverência e inteligência, explorou com liberdade as formas que definiriam o classicismo. Mais do que exercícios de forma, são diálogos musicais cheios de surpresa, onde a solenidade convive com o gracejo e uma profunda humanidade. Brendel rende ainda mais neste repertório, é muito mais manhoso, marrento e sutil. À Timofeyeva talvez falte algum bordel, mas mesmo assim ela desempenha maravilhosamente. Experimente!

J. Haydn (1732-1809): Sonatas para Piano (Timofeyeva)

Piano Sonata in G major Hob.XVI No.8 (No.1)
1. Allegro 2. Menuet 3. Andante 4. Allegro

Piano Sonata in C major Hob.XVI No.7 (No.2)
1. Allegro moderato 2. Menuet 3. Finale (Allegro)

Piano Sonata in F major Hob.XVI No.9 (No.3)
1. Allegro 2. Menuet 3. Scherzo (Allegro)

Piano Sonata in G major Hob.XVI G 1 (No.4)
1. Allegro 2. Menuetto 3. Finale (Presto)

Piano Sonata in G major Hob.XVI No.11 (No.5)
1. Presto 2. Andante 3. Menuet

Piano Sonata in C major Hob.XVI No.10 (No.6)
1. Moderato 2. Menuet 3. Finale (Presto)

Piano Sonata in D major Hob.XVII D 1 (No.7)
1. Moderato 2. Menuet 3. Finale (Allegro)

Lubov Timofeyeva, piano

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Haydn em pose bem idiota.

 

PQP

Aaron Copland (1900-1990): Orchestral Works (Eduardo Mata, Leonard Slatkin, Enrique Batiz, Dallas Symph Orch, Saint Louis Symph Orch, Philharmonic Orch Of The City Of Mexico)

Aaron Copland (1900-1990): Orchestral Works (Eduardo Mata, Leonard Slatkin, Enrique Batiz, Dallas Symph Orch, Saint Louis Symph Orch, Philharmonic Orch Of The City Of Mexico)

Não vou fazer um post longo a respeito do Copland, meu compositor estadunidense predileto, porque estou me programando pra ir pra Brasília, ver como estão as coisas na filial do Café do Rato Preto. Costumo dizer a meus amigos que Copland é o Villa-Lobos dos States, referindo-me à representatividade nacional de ambos em nível mundial, mas no contexto da história da música estadunidense Copland está mais para um Guerra-Peixe, enquanto o Villa de lá seria Charles Ives.

Ives foi autodidata, conhecia a música de diversos rincões do país em que viveu, internalizou-a de forma difusa e a amalgamou com os estilos em voga na Europa – pra não citar outros pontos semelhantes com o Villa. Copland tinha uma linguagem mais árida no início, atonal, mas se voltou às raízes da música popular e folclórica dos States e do Caribe e clareou as cores instrumentais que usava, do mesmo jeito que Guerra-Peixe abandonou o dodecafonismo e abraçou o nacionalismo no final dos anos 40.

Copland estudou com a magnética e sapiente madame Nadia Boulanger de 1918 a 1921 e virou amigo dela pro resto da vida. Os registros que ele deixou da amizade epistolar entre ambos estão guardados na Biblioteca do Congresso Americano e disponíveis na Internet. Tive a oportunidade de vê-la passando pela rua diversas vezes indo pro famoso La Coupole, antes de eu comprar o Little Black Mouse Café, em 1945. Então ela virou minha habitué, pois eu providenciava café brasileiro autêntico e uma iguaria bem doce, mas dura que só vendo, chamada rapadura.

Boulanger, ao experimentar pela primeira vez a rapadura iguatuense que ofereci, encantou-se não só pelo sabor mas “pela personalidade do alimento”, segundo ela: “É igual à minha: doce, mas de uma doçura que demora a se extinguir, diferente de um chocolate, porque antes de tudo é firme”. Nadia tava quase com 58 anos quando virou minha cliente, mas eu, como muitos dos alunos dela, era apaixonado por aquela figura magra, intelectual e vibrante. A misoginia de Nadia (cogita-se que ela tenha morrido celibatária) foi empecilho para a aproximação afetiva que tantos sonharam.

Vamos aos CDs. Segue pra vocês um álbum duplo com tudo o de melhor da música sinfônica de Copland. Essa é a mais essencial coletânea que vocês podem encontrar dele. Três orquestras, três maestros, nenhuma ressalva. Tenho interpretações mais brilhantes da Primavera apalache, da Fanfarra para o homem comum e de O Salão México, mas estas são igualmente muito boas.

Constam ainda os balés Billy the Kid e Rodeo, os Três quadros sinfônicos (única obra pouco inspirada nessa lista), a suíte da trilha sonora de The red pony (filme adaptado do romance de Steinbeck) e o contagiante Danzón cubano, de muito mais appeal que O Salão México e pelo qual vocês devem começar a ouvir os CDS. Por sinal, lá pelos anos 50 adquiri o Salão México – onde Carlos Chávez insistentemente me oferecia tequila, ainda que eu dissesse que nem de cachaça gosto – e o transformei em mais uma franquia do Café do Rato Preto.

Não há o que explicar sobre as obras. Escutem-nas sem medo de gostar demais delas. Depois vocês procuram saber dos detalhes.

CD 1
1. Danzón Cubano – Eduardo Mata/Dallas Symphony Orchestra
2. Copland: Billy The Kid: The Open Prairie – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
3. Copland: Billy The Kid: Street In A Frontier Town – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
4. Copland: Billy The Kid: Mexican Dance And Finale – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
5. Copland: Billy The Kid: Prairie Night (Card Game At Night) – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
6. Copland: Billy The Kid: Gun Battle – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
7. Copland: Billy The Kid: Celebration (After Billy’s Capture) – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
8. Copland: Billy The Kid: Billy In Prison (His Escape) – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
9. Copland: Billy The Kid: Billy In The Desert – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
10. Copland: Billy The Kid: Billy’s Death – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
11. Copland: Billy The Kid: The Open Prairie Again – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
12. Copland: Appalachian Spring: Very Slowly – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
13. Copland: Appalachian Spring: Allegro – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
14. Copland: Appalachian Spring: Moderato – The Bride And Her Intended – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
15. Copland: Appalachian Spring: Fast – The Revivalist And His Flock – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
16. Copland: Appalachian Spring: Allegro – Solo Dance Of The Bride – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
17. Copland: Appalachian Spring: Meno Mosso – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
18. Copland: Appalachian Spring: Doppio Movimento – Variations On A Shaker Hymn – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
19. Copland: Appalachian Spring: Moderato – Coda – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra

CD 2

1. Copland: Fanfare For The Common Man – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
2. Copland: Rodeo: Buckaroo Holid – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
3. Copland: Rodeo: Corral Nocturne – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
4. Copland: Rodeo: Piano Interlude And Saturday Night Waltz – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
5. Copland: Rodeo: Hoe-Down – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
6. Copland: El Salon Mexico – Eduardo Mata/Dallas Symphony Orchestra
7. Copland: The Red Pony Suite: I. Morning On The Ranch – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
8. Copland: The Red Pony Suite: II. The Gift – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
9. Copland: The Red Pony Suite: III. A) Dream March – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
10. Copland: The Red Pony Suite: III. B) Circus March – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
11. Copland: The Red Pony Suite: IV. Walk To The Bunkhouse – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
12. Copland: The Red Pony Suite: V. Grandfather’s Story – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
13. Copland: The Red Pony Suite: VI. Happy Ending – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
14. Copland: Dance Symphony: I. Introduction – Lento – Molto Allegro – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
15. Copland: Dance Symphony: II. Andante Moderato – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
16. Copland: Dance Symphony: III. Allegro Vivo – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México

Eduardo Mata / Dallas Symphony Orchestra
Leonard Slatkin / Saint Louis Symphony Orchestra
Orquesta Filarmónica de la Ciudad de México / Enrique Bátiz

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Copland, o queridinho de Ciço Villa-Lobos
Copland, o queridinho de Ciço Villa-Lobos

CVL

.: interlúdio :. Nina Simone: Great Woman of Songs & I Put A Spell On You ֎

.: interlúdio :. Nina Simone: Great Woman of Songs & I Put A Spell On You ֎

I’ll tell you what freedom is to me: no fear!

Eu te direi o que é liberdade para mim: não ter medo!

A pessoa que viria ser Nina Simone nasceu Eunice Kathleen Waymon, na Carolina do Norte, em 1933. Filha de uma ministra metodista e um faz-tudo, mostrou seus talentos musicais muito cedo (surpresa?) e desde os três anos tocava ao piano toda música que ouvia. Logo estava estudando piano clássico. Estava inclinada a tornar-se uma pianista, mas as indicações para escolas de música falharam e o destino seguiu seu curso. Para conseguir fechar as contas no fim do mês, buscou trabalho como pianista no Midtown Bar & Grill, em Atlantic City. Para garantir o trabalho, teve que cantar além de tocar o piano. Seu repertório de canções de Gershwin, Cole Porter, Richard Rogers, atraiu um fã clube de ouvintes. Seus voz rica e profunda, combinada com seu domínio do teclado, logo atraíram frequentadores de casas noturnas por toda a Costa Leste. Não demorou para surgirem propostas de gravações e assim nasceu Nina Simone (Nina de pequenina e Simone de Simone Signoret). Em 1959 foi lançado ‘Little Girl Blue’, álbum postado aqui pelo Ranulfus (link revitalizado, aqui) e o resto é história.

Nina Simone impaciente com a demora do fotógrafo enviado pelo PQP Bach em capturar uma boa imagem dela…

Eu escolhi postar um álbum com uma coletânea de sucessos, que eu amei, desde a escolha das músicas quanto ao cuidado com a qualidade sonora, necessária para fazer jus a uma cantora e musicista do nível dela. Sem contar também com a variedade de inspirações, pois que Nina Simone foi tão enorme, tão diversa que é impossível coloca-la em um ou mesmo alguns rótulos. Escolhi também uma álbum como foi lançado nos dias em que ela era artista do selo Philips, com o espetacular título ‘I Put A Spell On You’. Há algumas músicas repetidas nos dois álbuns, mas eu não ligo para isso. Para arrematar, escolhi mais quatro músicas que gostei muito, que considero bem significativas. São PQP Bach-bônus…

A maioria das canções foram gravadas em estúdio, mas algumas poucas foram gravadas em eventos e revelam como era significativa a química que ela tinha com o público. Uma delas é ‘I loves you Porgy’, de Gershwin, gravada no Carnegie Hall, assim como ‘Mississipi Goddam’. Temos aqui uma pequena amostra de como ela foi significativa na cultura estadunidense. A primeira canção é um clássico, ária da ópera Porgy and Bess, enquanto a outra canção revela o engajamento da artista com o movimento dos direitos civis.

É claro que o mais importante é que você mergulhe nos arquivos e descubra por si mesmo a riqueza e a variedade da arte de Nina Simone, mesmo numa pequena amostra como esta, mas não resisto à tentação de mencionar algumas das canções. ‘Feeling Good’ é uma dessas que todo o mundo conhece, inclusive meu embasbacado filho, ao chegar aqui em casa e ouvir o Denonsão mandando ver de Nina Simone. ‘Ne me quitte pas’ mostra que ela era realmente grande intérprete e ‘Lilac Wine’ uma que eu não conhecia e que me deixou de queixo caído.

As quatro extra canções eu escolhi um pouco por serem conhecidas mais na interpretação de seus autores originais, como as canções de Bob Dylan, uma delas associada ao movimento dos Direitos Civis (não é o ‘Blowing in the Wind’), assim como uma dos ‘bitos’, de George Harrison. Não podia ficar de fora a deliciosa ‘I want a little sugar in my bowl’, da própria Nina Simone, com toda a sensualidade que uma cantora pode colocar em uma linda canção, para arrematar a fatura. Essas faixas vieram do álbum Miss Simone – The Hits.

Great Women of Song: Nina Simone

  1. Feeling Good
  2. I Put A Spell On You
  3. Don’t Let Me Be Misunderstood
  4. Ne Me Quitte Pas
  5. Tell Me More And More And Then Some
  6. Lilac Wine
  7. Take Care Of Business
  8. See-Line Woman
  9. Four Women
  10. Wild Is The Wind
  11. I Loves You, Porgy
  12. Mississippi Goddam

Extra PQP-Bach Bônus:

  1. The times they are a-changin’
  2. Here comes the Sun
  3. Just like a woman
  4. I want a little sugar in my bowl

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MP3 | 320 KBPS | 150 MB

Para ouvir no  TIDAL 1 / TIDAL 2

___\o0O0o/___

I Put A Spell On You

  1. I Put A Spell On You
  2. Tomorrow Is My Turn
  3. Ne Me Quitte Pas
  4. Marriage Is For Old Folks
  5. July Tree
  6. Gimme Some
  7. Feeling Good
  8. One September Day
  9. Blues On Purpose
  10. Beautiful Land
  11. You’ve Got To Learn
  12. Take Care Of Business

Nina Simone

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MP3 | 320 KBPS | 81 MB

Para ouvir no  TIDAL

Como disse o Chat PQP Bach, Nina Simone tinha a reputação de ser volúvel, imprevisível, impaciente, muito introspectiva e às vezes mal-humorada. Era também muito ciumenta e ansiosa. Mas era, ao mesmo tempo, incrivelmente talentosa, inteligente, sincera e criativa. Era assim uma versão de saias estadunidense do Tim Maia. Nas décadas de 70 e 80 morou em muitos lugares, como Libéria, Barbados, Inglaterra, Bélgica, França, Suíça e Holanda. Em 1993 instalou-se em Carry-le-Rout, próximo a Aix-en-Provence, França, onde viveu até sua morte em abril de 2003. Segundo ela, sua função como artista é “…fazer as pessoas sentirem profundamente. […] E quando você capta a mensagem, quando conquista o público, você sempre sabe, porque é como eletricidade pairando no ar.” Espero que você goste da postagem e aprecie um pouco essa grandiosidade artística.

Aproveite!

René Denon

Agora que a postagem está pronta, podemos relaxar um pouquinho…

Para quem viu o filme do Wim Wenders…

Hirayama feeling good…

Alessandro Scarlatti / Górecki / C.P.E. Bach / Geminiani / Reich / J.S. Bach: Time Present And Time Past

Alessandro Scarlatti / Górecki / C.P.E. Bach / Geminiani / Reich / J.S. Bach: Time Present And Time Past

IM-PER-DÍ-VEL !!!

CD belíssimo, absolutamente notável e anormal — às vezes parece até uma tese — deste brilhante facefriend que sofre de insônia e que, para relaxar, costuma postar gravações suas feitas a partir de seu iPhone, dando belas explicações sobre cada obra que está estudando… É uma insônia muito produtiva! O multipremiado Mahan Esfahani recebeu todos os prêmios de melhor CD de música barroca de 2014 por suas interpretações das Württemberg Sonatas, de C.P.E. Bach e pelo visto vai de novo com este Time Present and Time Past. Um outro amigo resumiu bem no Facebook o que é este CD:

Muito foda. A seleção do repertório é tão brilhante quanto a interpretação. Fazer-nos escutar o concerto de Bach sobre Vivaldi com uma cadenza de Brahms depois de Reich e Górecki foi um achado. Longa vida ao garoto!!!

Sim, o disco alterna obras barrocas e modernas e… a gente acha natural e que têm tudo a ver. Longa vida a Mahan Esfahani e que possamos ver até onde ele vai chegar. É um cara talentosíssimo, comunicativo e que quebra inteiramente a distância entre si e seu público. Acho que está identificado o Gustav Leonhardt de nosso tempo. Abaixo, ele improvisa com extraordinário talento sobre a Fantasia (sem a fuga) Cromática de Bach.

https://youtu.be/N4Ngo47jy2Y

Alessandro Scarlatti / Górecki / C.P.E. Bach / Geminiani / Reich / J.S. Bach:
Time Present And Time Past

Alessandro Scarlatti
01 06:27 VARIATIONS ON “LA FOLLIA”

Henryk Górecki — HARPSICHORD CONCERTO, OP. 40
02 04:25 1. ALLEGRO MOLTO
03 04:07 2. VIVACE

Carl Philipp Emanuel Bach
04 07:14 12 VARIATIONS ON “LA FOLIA D’ESPAGNE” IN D MINOR, WQ. 118, NO. 9 –

Francesco Geminiani
05 11:45 CONCERTO GROSSO IN D MINOR

Steve Reich
06 16:37 PIANO PHASE FOR TWO PIANOS

Johann Sebastian Bach — HARPSICHORD CONCERTO IN D MINOR, BWV 1052
07 07:49 1. ALLEGRO
08 06:38 2. ADAGIO
09 08:25 3. ALLEGRO (CADENZA: JOHANNES BRAHMS)

G. F. Handel
10. 05:15 Handel Chaconne In G Major For Harpsichord. HWV 435

Mahan Esfahani, cravo

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Mahan Esfahani após dizer que sua 'big mouth' tinha dito bobagens numa entrevista à BBC
Mahan Esfahani após dizer que sua ‘big mouth’ tinha dito bobagens numa entrevista à BBC.

PQP

Vivaldi (1678-1741): Concerti per molti istromenti RV 538, 562, 566, 569 & 576 (Sardelli)

Vivaldi (1678-1741): Concerti per molti istromenti RV 538, 562, 566, 569 & 576 (Sardelli)

Não é um CD daqueles para enlouquecer, mas é Vivaldi. É bom de ouvir, sem traumas, sem tensão, sem turbulências desagradáveis. Você bota pra tocar, presta atenção e gosta. Se não prestar atenção, não incomoda. Não é uma música nada perigosa ou hostil, mais parece o time do Grêmio.

Vivaldi (1678-1741): Concerti per molti istromenti RV 538, 562, 566, 569 & 576 (Sardelli)

1. Concerto grosso à 10 stromenti in Re Maggiore RV 562a: Allegro 5:24
2. Concerto grosso à 10 stromenti in Re Maggiore RV 562a: Grave 3:10
3. Concerto grosso à 10 stromenti in Re Maggiore RV 562a: Allegro 3:59

4. Concerto per Sua Altezza Reala di Sassonia in Sol minore RV 576: Allegro 4:20
5. Concerto per Sua Altezza Reala di Sassonia in Sol minore RV 576: Larghetto 2:11
6. Concerto per Sua Altezza Reala di Sassonia in Sol minore RV 576: Allegro 4:04

7. Concerto in Re minore RV 566: Allegro assai 2:43
8. Concerto in Re minore RV 566: Largo 1:50
9. Concerto in Re minore RV 566: Allegro 2:42

10. Concerto in Fa Maggiore RV 538: Allegro 3:23
11. Concerto in Fa Maggiore RV 538: Largo 4:33
12. Concerto in Fa Maggiore RV 538: Allegro 2:45

13. Concerto in Fa Maggiore RV 569: Allegro 4:53
14. Concerto in Fa Maggiore RV 569: Grave 2:27
15. Concerto in Fa Maggiore RV 569: Allegro 4:54

Modo Antiquo
Federico Maria Sardelli, regência

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Vivaldi em versão pastoral

PQP

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias Nros. 22, “O Filósofo”, 82, “O Urso”, e 83, “A Galinha” (Duvier, Pitamic)

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias Nros. 22, “O Filósofo”, 82, “O Urso”, e 83, “A Galinha” (Duvier, Pitamic)

Com um sorriso de compreensão ao nada descortês Revoltado dos comentários do último post de Sonatas de Mozart, passo a fazer algumas postagens de Haydn. Este CD é uma curiosidade: trata-se de uma gravação antiga, era de meu pai e teoricamente deveria ser ruim, por ser da brasileira Movie Play… Vocês sabem que os maestros Duvier e Pitamic talvez nem tenham existido! Só que amo as sinfonias deste CD, a qualidade de som é muito boa (no Filósofo, depois piora), acho as interpretações excelentes e é esta a versão que prefiro (do Filósofo). Tentei várias outras: a de Bernstein, a do Orpheus Chamber Orchestra e as de outras orquestras e regentes. Nada feito. O cedezinho da Movie Play é imbatível em meu coração avesso à grifes. Segundo o opúsculo de Peter Gammond – com o qual concordo – Haydn teria sido tão grande quanto Mozart se tivesse sido mais infeliz. Só quando teve um contrato a cumprir é que ganhou aquela pitada de drama que o fez criar suas monumentais últimas sinfonias. O estresse fez-lhe um bem imenso. Só um homem com um coração duro como pedra é capaz de compor coisas tão incondicionalmente sorridentes e luminosas quanto algumas de suas obras. Adoro Haydn. Ouço demais suas Missas. O apelido “O Filósofo” para a Sinfonia No. 22 é um dos mais intrigantes e discutidos da história da música. A resposta não é simples, pois Haydn não deu esse título à obra. Ele surgiu posteriormente e é amplamente aceito que se deve a uma combinação de fatores estruturais e atmosféricos. A sinfonia começa com um movimento lento (Adagio), o que era extremamente incomum para uma abertura de sinfonia no período clássico inicial. As sinfonias normalmente abriam com um movimento rápido e energético. Este Adagio solene e contemplativo imediatamente estabelece um caráter sério, pensativo e “filosófico”. É uma sinfonia tão boa que até o minueto é legal! Já “A Galinha” e “O Urso” têm seus apelidos justificados pela própria música e não precisamos explicar nada.

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias Nros. 22, “O Filósofo”, 82, “O Urso”, e 83, “A Galinha” (Duvier, Pitamic)

Symphony No.22 In E Flat ‘The Philosopher’
1 Adagio 6:41
2 Presto 3:11
3 Menuetto 3:10
4 Finale: Presto 3:24

Symphony No.82 In C Major ‘L’Ours’
5 Vivace Assai 8:09
6 Allegretto 7:13
7 Menuetto 4:47
8 Finale: Vivace Assai 4:08

Camerata Romana
Eugen Duvier

Symphony No.83 In G Minor ‘La Poule’
9 Allegro 7:22
10 Andante 8:50
11 Menuetto 4:17
12 Finale: Vivace 3:47

Süddeutsche Philharmonie
Alexander von Pitamic

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PQP

Tchaikovsky: Piano Concerto No. 2 Khachaturian: Piano Concerto – Xiayin Wang, Royal Scottish National Orchestra, Peter Oundjian

Trago hoje para os senhores uma obra que pouco apareceu cá pelas bandas do PQPBach, e que na verdade, também é meio ‘esquecida’ nos palcos e nos estúdios de gravação. Tudo bem, é uma obra longa, que exige muito do solista, mas ao mesmo tempo, é considerada por alguns colegas daqui do PQPBach como o melhor Concerto para Piano que Tchaikovsky escreveu. Polêmicas e gostos a parte, resolvi encará-lo para as devidas e inevitáveis comparações com o Primeiro Concerto, que ouço desde praticamente desde minha adolescência.

A pianista chinesa Xiayin Wang encarou o desafio de gravar esse Segundo Concerto, com o aval do poderoso selo inglês Chandos e o resultado é muito bom, e curiosamente, já o ouvi por duas vezes seguidas nesta manhã de domingo, e não, não o considero por demais longo. Tchaikovsky ousou muito aqui, lembrando que esta versão que ora vos trago é a versão original, sem cortes.  Talvez a curiosidade fique por conta do seu Segundo Movimento, dividido em várias partes, e objeto de crítica de solistas na época de sua estréia, o que ocasionou uma outra versão mutilada. Cadenzas extremamente complexas, belíssimas melodias e uma orquestração sem muitos excessos, trata-se de uma belíssima obra, se os senhores tiverem a paciência de dedicar 42 minutos de seu tempo para ouvi-lo sem atropelos.

Xiayin Wang nos traz tambérm nesse CD o magnífico Concerto de Kachaturian, cujo Segundo Movimento sempre me faz sentir extremamente emocionado, e um cisco sempre insiste em me cair nos olhos. Quando ouço sempre desejo que esse movimento nunca acabe.

A Royal Scottish National Orchestra, dirigida por Peter Oundjian, fez um grande trabalho, nos trazendo duas obras épicas. E Xiayin Wang é uma excepcional pianista, muito técnica, e encar os dois petardos com confiança e muita energia.

Pyotr Il’yich Tchaikovsky (1840-1893)
Concerto No. 2, Op. 44 (1879-80) in G major• in G-Dur en sol majeur for Piano and Orchestra
(original version)
À mon ami Nicolas Rubinstein

1 Allegro brillante e molto vivacе – L’istesso tempo – Tempo giusto – [Cadenza] –

2 Tempo I – [Cadenza.] Un poco capriccioso e a tempo rubato – Tempo giusto –
3 [Cadenza.] Meno mosso moderato assai – Vivacissimo – Tempo del Comincio – Andante – Prestissimo – Tempo di Comincio
4 Tempo I – L’istesso tempo – Tempo giusto
5 II Andante non troppo – Più mosso – Cadenza [Violin solo] –
Tempo I – Cadenza [Piano solo] – [Tempо I]
Maya Iwabuchi violin
Aleksei KiselioV cello

6 III Allegro con fuoco – L’istesso tempo – Poco più mosso

Aram Khachaturian (1903-1978)
Concerto, Оp. 38 (1936) in D flat major in Des-Dur en ré bémol majeur for Piano with Orchestra
To Lev Oborin

7 I Allegro maestoso – [Cadenza.] Poco meno – Lento – Allegro – Poco più mosso e stretto in tempo – Tempo I – Tempo moderato –
[Cadenza.] Vivo – Meno mosso – Moderato con sentimento – Tempo I – Allargando – Più maestoso
8 II Andante con anima – Poco più mosso – Poco meno mosso Tempo I- [ ] – Tempo I – Lento – Tempo I – Lento

9 III Allegro brillante – L’istesso tempo – Più mosso – [Cadenza] – Tempo I – Più mosso – Moderato – Maestoso – Poco accelerando

Xiayin Wang piano
Royal Scottish National Orchestra
Maya Iwabuchi leader
Peter Oundjian

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Brahms (1833 – 1897): Lieder – Thomas Allen (barítono) – Geoffrey Parsons (piano) ֎

Brahms (1833 – 1897): Lieder – Thomas Allen (barítono) – Geoffrey Parsons (piano) ֎
Sir Thomas Allen ganhou o Prêmio Gramophone 2025 na categoria Lifetime Achivement
Congratulations! Parabéns! Herzlichen Glückwunsch!
Johannes Brahms aquecendo o ambiente com suas notas musicais e seu charuto….

Schubert e Schumann compuseram mais (relativamente) Lieder do que Brahms, mas este disco nos dá uma excelente mostra do que ele produziu de melhor nesse gênero. Aproveito também para celebrar a carreira do barítono inglês Thomas Allen, que esteve muito ativo como cantor de ópera, música sacra e como recitalista desde os anos 80 até recentemente. Allen é particularmente identificado com papéis de óperas de Mozart, como o Don Giovanni.

Este disco foi gravado em outubro de 1989, um excelente momento em sua carreira. Além do acompanhamento ao piano pelo experiente Geoffrey Parsons, o disco de selo Virgin Classics conta com a direção artística do então já famoso Andrew Keener. Falando nisso, Andrew foi entrevistado na edição de abril deste ano de 2025 da BBC Music Magazine. Ele deixou uma frase bem marcante: Reading reviews for the first time was life changing. I fell madly in love with records. (Ler resenhas pela primeira vez mudou minha vida. Me apaixonei perdidamente por discos). Um disco como este da postagem revela esse cuidado e essa dedicação.

Johannes Brahms (1833 – 1897)

  1. Wir Wandelten, Op. 96 No. 2 (Hungarian Poem) – Traditional
  2. Der Gang Zum Liebchen, Op. 48 No. 1 (Bohemian Poem) – Traditional
  3. Komm Bald, Op. 97 No. 5 – Klaus Groth
  4. Salamander, Op. 107 No. 2 – Karl von Lemcke
  5. Nachtigall, Op. 97 No. 1 – Christian Reinhold
  6. Serenase, Op. 70 No. 3 – Johann Wolfgang von Goethe
  7. Geheimnis, Op. 71 No. 3 – Carl Candidus
  8. Von Waldbekränzter Höhe, Op. 57 No. 1 – Georg Friedrich Daumer
  9. Dein Blaues Auge Hält So Still, Op. 59 No. 8 – Klaus Groh
  10. Wie Bist Du, Meine Königin, Op. 32 No. 9 (Persian Poem, Hafiz) – Traditional
  11. Meine Liebe Ist Grün Wie Der Fliederbusch (From Junge Lieder), Op. 63 No. 5 – Felix Schumann
  12. Die Kränze, Op. 46 No. 1 (Greek Poem) – Traditional
  13. Sah Dem Edlen Bildnis, Op. 46 No. 2 (Magyar Poem) – Traditional
  14. An Die Nachtigall, Op. 46 No. 4 – Ludwig Heinrich Christoph Hölty
  15. Die Schale Der Vergessenheit, Op. 46 No. 3 – Ludwig Heinrich Christoph Hölty
  16. In Waldeseinsamkeit, Op.85 No. 85 No. 6 – Karl von Lemcke
  17. Wiegenlied, Op. 49 No. 4 (Des Zknaben Wunderhorn) – Georg Scherer
  18. Sonntag, Op. 47 No. 3 – Traditional
  19. O Wüßt Ich Doch Den Weg Zurück, Op. 63 No. 8 – Klaus Groth
  20. Minnelied, Op. 71 No. 5 – Ludwig Heinrich Christoph Hölty
  21. Feldeinsamkeit, Op. 86 No. 2 – Hermann Allmers
  22. Ständchen, Op. 106 No. 1 – Franz Kugler
  23. Von Ewiger Liebe, Op. 43 No. 1 (Wendish Poem) – Traditional
  24. Die Mainnacht, Op. 43 No. 2 – Ludwig Heinrich Christoph Hölty
  25. Botschaft, Op. 47 No. 1 (Person Poem, Hafiz) – Traditional

Baritone Vocals – Thomas Allen

Piano – Geoffrey Parsons

Producer [Directeur Artistique] – Andrew Keener

Recording: Abbey Road Studio N°. 1, October 1989

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MP3 | 320 KBPS | 110 MB

Você pode ouvir este disco em alguma plataforma de streaming, como a TIDAL.

Andrew Keener testando a sala de som do PQP Bach Classical Records…
Sir Thomas Allen cantando uma seleção de Lieder de Schubert, Schumann, Brahms, Mahler e Hugo Wolf para o pessoal do PQP Bach

Se você não é um habituée do mundo da canção clássica, Lieder, um disco inteiro pode ser um pouco demais. Minha sugestão é começar aos poucos – ouça algumas canções, deixe que as suas melodias se imprimam na parte boa de sua memória. E, se você não fizer caso de minha intromissão, sugiro que não deixe de ouvir as seguintes canções: Wir Wandelten; Der Gang zum Liebchen; Der Salamander; Wie bist du, meine Königin; Meine Liebe ist Grün (esta, especialmente para os palmeirenses); Wiegenlied (que todo mundo já ouviu alguma vez…); Von ewiger Liebe; Botschaft. Depois, retorne e amplie sua experiência com outras canções. Espero que assim você possa adaptar para si a frase do produtor do disco, o ótimo Andrew Keener, dizendo: Me apaixonei perdidamente por Lieder!

Aproveite!

René Denon

Na famosa cena ‘Quem peidou?’…

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concertos para Flauta (Laurin, Drottningholm Baroque Ensemble)

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concertos para Flauta (Laurin, Drottningholm Baroque Ensemble)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um excelente CD! É dos repertórios barrocos mais conhecidos, só que, aqui, o solista e o conjunto responsável pela interpretação são esplêndidos. Interpretado pelo flautista sueco Dan Laurin e pelo Drottningholm Baroque Ensemble esta é uma gravação deliciosa, que realmente se destaca no vasto catálogo de gravações de Vivaldi. Existe um diálogo sempre feliz e equilibrado entre o solista e o grupo. A flauta não domina de forma opressiva; em vez disso, integra-se na textura orquestral, permitindo que os detalhes das cordas brilhem. Os andamentos rápidos são eletrizantes. Vivaldi muitas vezes escreve árias para o instrumento solista nos andamentos lentos, e Laurin canta-as com sensibilidade. A gravação em si é de excelente qualidade, capturando a calorosa acústica do ambiente e a riqueza dos timbres dos instrumentos históricos. Uma joia.

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concertos para Flauta (Laurin, Drottningholm Baroque Ensemble)

1. Concerto in C minor RV441, 1. Allegro non molto
2. Concerto in C minor RV441, 2. Largo
3. Concerto in C minor RV441, 3. Allegro

4. Concerto in C major RV444, 1. Allegro non molto
5. Concerto in C major RV444, 2. Largo
6. Concerto in C major RV444, 3. Allegro molto

7. Concerto in F major RV433, La tempesta di mare, 1. Allegro
8. Concerto in F major RV433, La tempesta di mare, 2. Largo
9. Concerto in F major RV433, La tempesta di mare, 3. Presto

10. Concerto in C major RV443, 1. Allegro
11. Concerto in C major RV443, 2. Largo
12. Concerto in C major RV443, 3. Allegro molto

13. Concerto in F major RV434, 1. Allegro ma non tanto
14. Concerto in F major RV434, 2. Largo e cantabile
15. Concerto in F major RV434, 3. Allegro

16. Concerto in G minor RV439, La notte, 1. Largo
17. Concerto in G minor RV439, La notte, 2. Presto, Fantasmi
18. Concerto in G minor RV439, La notte, 3. Largo
19. Concerto in G minor RV439, La notte, 4. Presto
20. Concerto in G minor RV439, La notte, 5. Largo, Il Sonno
21. Concerto in G minor RV439, La notte, 6. Allegro

Drottningholm Baroque Ensemble
Dan Laurin: recorder

Gravação:
1991-06-21/13, Västerled Church, Stockholm, Sweden

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Dan Laurin ficou muito deprimido ao comparar o tamanho de suas flautas com a teorba (ver postagem anterior)

PQP

Antonio Vivaldi (1678-1741): Obra completa para alaúde italiano / Giovanni Zamboni (?-?): Sonata / J. S. Bach (1685-1750): Prelúdio, Fuga e Allegro (Lindberg, Drottningholm Baroque Ensemble)

Antonio Vivaldi (1678-1741): Obra completa para alaúde italiano / Giovanni Zamboni (?-?): Sonata / J. S. Bach (1685-1750): Prelúdio, Fuga e Allegro (Lindberg, Drottningholm Baroque Ensemble)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Não é o melhor dos negócios misturar Bach com outros compositores. Há opções mais inteligentes. Não obstante, este CD é excelente. O concerto que abre o CD — música conhecidíssima — é muito bonito, depois vêm algumas composições mais ou menos obscuras, fechando com a obra-prima que é o Prelúdio, Fuga e Allegro, de papai. Lindberg é um dos alaudistas mais respeitados da atualidade. Seu som é claro e expressivo. Para esta gravação, ele toca um teorba (é assim em português?) — um alaúde de braço longo com cordas graves adicionais –, que seria mais apropriado para o repertório italiano. A teorba produz um som mais rico, profundo e ressonante do que o alaúde comum, preenchendo magnificamente o espaço sonoro no papel de líder e solista. É importante notar que Vivaldi  escreveu originalmente estes concertos não para o alaúde, mas para a mandola (um outro instrumento da família do alaúde). As adaptações de Lindberg para o teorba são lindas, soando perfeitamente naturais. A gravadora sueca Bis, quando produz música barroca, acerta sempre. Sei lá por quê. Grande disco.

Antonio Vivaldi (1678-1741): Obra completa para alaúde italiano + Giovanni Zamboni (?-?): Sonata + J. S. Bach (1685-1750): Prelúdio, Fuga e Allegro (Lindberg, Drottningholm Baroque Ensemble)

Antonio Vivaldi – Concerto In D Major
01 – Concerto In D Major: I. (Allegro Guisto)
02 – Concerto In D Major: II. Largo
03 – Concerto In D Major: III. Allegro

Nils-Erik Sparf, violin
Tullo Galli, violin
Kari Ottesen, cello
Alf Petersen, violone
Maria Wieslander, organ

Antonio Vivaldi – Trio Sonata In G Minor
04 – Trio Sonata In G Minor: I. Andante Molto
05 – Trio Sonata In G Minor: II. Larghetto
06 – Trio Sonata In G Minor: III. Allegro

Jacob Lindberg , lute
Nils-Erik Sparf, violin
Kari Ottesen, cello
Maria Wieslander, organ

Antonio Vivaldi – Trio Sonata In C Major
07 – Trio Sonata In C Major For Violin, Lute And Basso Continuo, RV 82: I. Allegro…
08 – Trio Sonata In C Major For Violin, Lute And Basso Continuo, RV 82: II. Larghe…
09 – Trio Sonata In C Major For Violin, Lute And Basso Continuo, RV 82: III. Allegro

Jacob Lindberg , lute
Nils-Erik Sparf, violin
Kari Ottesen, cello
Maria Wieslander, organ

Antonio Vivaldi – Concerto In D Minor
10 – Concerto In D Minor For Viola D’Amore, Lute And Orchestra: I. Allegro (Moderato)
11 – Concerto In D Minor For Viola D’Amore, Lute And Orchestra: II. Largo
12 – Concerto In D Minor For Viola D’Amore, Lute And Orchestra: III. Allegro

Jacob Lindberg , lute
Monica Huggett, viola d’amore
Drottningholm Baroque Ensemble

Giovanni Zamboni – Sonata In C Minor
13 – Sonata In C Minor For Archlute: I. Preludio
14 – Sonata In C Minor For Archlute: II. Alemanda
15 – Sonata In C Minor For Archlute: III. Giga
16 – Sonata In C Minor For Archlute: IV. Sarabanda
17 – Sonata In C Minor For Archlute: V. Gavotta

Jacob Lindberg, teorba

J.S.Bach – Prelude, Fugue & Allegro In E Flat Major
18 – Prelude, Fugue And Allegro In E Flat Major For Lute, BVM 998: I. Prelude
19 – Prelude, Fugue And Allegro In E Flat Major For Lute, BVM 998: II. Fugue
20 – Prelude, Fugue And Allegro In E Flat Major For Lute, BVM 998: III. AllegroJacob Lindberg , lute

Jakob Lindberg, teorba

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Que fálico, Jacob!

PQP

Vários compositores barrocos: An Excess Of Pleasure / The Winged Lion (Palladian Ensemble)

Vários compositores barrocos: An Excess Of Pleasure / The Winged Lion (Palladian Ensemble)

IM-PER-DÍVEL !!!

Este é realmente um EXCELENTE CD duplo. Trata-se da reedição de dois discos do Palladian, de 1993 e 1994. Imaginem que o Palladian contava com Rachel Podger em suas fileiras e quem Podger pode! (Vamos lá tradutor automático, dê um jeito nisso!). Essas gravações receberam vários prêmios (incluindo dois Diapason d’Or, um para cada CD) e soam hoje tão sensacionais quanto de seu lançamento.

É música do século XVII. O primeiro CD recebe o curioso nome de An Excess Of Pleasure (com direito a um job do compositor Blow) e apresenta obras de compositores ingleses e italianos que viveram e trabalharam na Inglaterra ou que venderam obras para ingleses. A música é excelente — alguns dos compositores são muito famosos, como Vivaldi ou Purcell. O segundo é uma coleção veneziana de nome ainda mais estranho — The Winged Lion — mas afirmo-lhes que tudo é bom demais. A técnica de cada músico é absolutamente magistral, especialmente os solos de Rachel Podger e Pamela Thorby, que são tocados com uma clareza e agilidade impressionantes. O grande trunfo do Palladian Ensemble não é apenas a habilidade individual, mas a forma como eles tocam juntos. Há um constante e delicado diálogo entre a flauta e o violino, com o alaúde e o violoncelo fornecendo um acompanhamento rico e inventivo. A gravação transborda vida, alegria e ritmo. É impossível não ser cativado pelo evidente prazer que os músicos tiveram ao gravar. A seleção de peças é variada, permitindo contrastes entre o estilo inglês, a elegância corelliana e o fogo veneziano, mantendo o ouvinte engajado do início ao fim. An Excess Of Pleasure / The Winged Lion é considerada uma gravação de referência para este repertório. O primeiro CD, An Excess of Pleasure dá foco à música instrumental inglesa e italiana do final do século XVII e início do XVIII. Ele captura o espírito hedonista e virtuosístico da época. As peças são cheias de energia, dança e invenção melódica. No segundo CD, o “Leão Alado” é o símbolo de São Marcos, o padroeiro de Veneza. Este CD é uma homenagem à efervescência musical da Serenissima República. A música veneziana era conhecida por sua grandiosidade, cor e o estilo “concertato” (contraste entre grupos sonoros). Mesmo em formações de câmara, essa dramaticidade está presente.

Vários compositores barrocos: An Excess Of Pleasure / The Winged Lion (Palladian Ensemble)

Marco Uccellini (1603 – 1680)
1-1 Aria Sopra ‘la Bergamasca’ 3:33

Nicola Matteis (fl. 1670)
Ayres for the Violin
1-2 ‘Aria spagnuola a due corde’ 2:45
1-3 ‘Diverse bizzarie Sopra la Vecchia Sarabanda o pur Ciaconna’ 4:41

Matthew Locke (1621/2 – 1677)
Broken Consort in D
1-4 Pavan 4:47
1-5 Ayre 1:37
1-6 Galliard 1:34
1-7 Ayre 1:39
1-8 Saraband 1:19
Christopher Simpson (c. 1605 – 1669)
1-9 Divisions on ‘John come kiss me now’ 4:45

John Blow (1649 – 1708)
Sonata in A
1-10 ‘Slow’ 3:08
1-11 (Untitled) 1:11
1-12 ‘Brisk’ 2:16

Biagio Marini (c. 1587 – 1663)
1-13 Sonata 5:20

Anon (c. 1660)
1-14 Ciaconna 3:53

Francesco Geminiani (1687 – 1762)
Scots Airs
1-15 ‘Auld Bob Morrice’ 3:01
1-16 ‘Lady Ann Bothwell’s Lament’ 2:42
1-17 ‘Sleepy Body’ 2:18

Nicola Matteis (fl. 1670)
Ayres for the Violin
1-18 ‘Andamento con divisione’ 2:14
1-19 ‘Aria’ 1:01
1-20 ‘Grave’ 2:10
1-21 ‘Ground in D, la sol re per fa la mano’ 3:03

Henry Purcell (1659 – 1695)
1-22 Two in One Upon a Ground 2:49

Nicola Matteis (fl. 1670)
1-23 Bizzarie all’imor Scozzese (Ground after the Scotch Humour) 4:17

Dario Castello (fl. 1620)
2-1 Sonata Duodecima (Book II 1629) 6:58

Giovanni Battista Vitali (1632 – 1692)
2-2 Ciaconna (Op.7/3 1682) 2:59

Marco Uccellini (1603 – 1680)
2-3 Sonata Quarto (Op. 5 1649) 5:01

Antonio Vivaldi (1676 – 1741)
Concerto in F major RV 100
2-4 Allegro 2:23
2-5 (Untitled) 2:47
2-6 Allegro 2:42

Giovanni Battista Buonamente (d. 1642)
Suite ( Book III 1626)
2-7 ‘Gagliarda seconda’ 1:42
2-8 ‘Corrente terza e quarta’ 1:29
2-9 ‘Brando terza’ 2:58
2-10 ‘Avanti il Brando’ 1:02
2-11 ‘Brando Quarto’ 1:23

Francesco Cavalli (1607 – 1676)
2-12 Canzon (Musiche Sacrae 1656) 6:53

Santiago De Murcia (fl. 1700)
2-13 El Amor (Poema Harminico 1691) 2:28
2-14 La Jota (Saldivar Codex c. 1700) 2:52

Francesco Turini (1589 – 1656)
2-15 Sonata a tre 6:21

Antonio Vivaldi (1676 – 1741)
Concerto in D major RV 84
2-16 (Untitled) 2:51
2-17 Largo 2:48
2-18 Allegro 2:20

Marco Uccellini (1603 – 1680)
2-19 Aria undecima detta il ‘Caporal Simon’ 2:05
2-20 Aria decimaquarta sopra ‘la mia pedrina’ 4:16
2-21 Aria decimaquinta sopra ‘le scatola da gli agghi’ 1:59

Cello, Viola da Gamba – Joanna Levine
Classical Guitar, Lute, Theorbo – William Carter
Recorder, Flute – Pamela Thorby
Violin – Rachel Podger

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Palladian Ensemble
Palladian Ensemble

PQP

Aaron Copland (1900-1990): Concerto for Clarinet, String, Harp and Piano / Igor Stravinsky (1882-1971): Ebony Concerto / Leonard Bernstein (1918-1990): Prelude, Fugue and Riffs / John Corigliano (1938): Concerto for Clarinet and Orchestra (Stoltzman)

Aaron Copland (1900-1990): Concerto for Clarinet, String, Harp and Piano / Igor Stravinsky (1882-1971): Ebony Concerto / Leonard Bernstein (1918-1990): Prelude, Fugue and Riffs / John Corigliano (1938): Concerto for Clarinet and Orchestra (Stoltzman)

Chamar este CD de The Essential Clarinet é um certo exagero. Deixar de fora as Sonatas para clarinete e piano de Brahms, o Quinteto Op. 115 e o também Quinteto K. 581 e o Concerto K. 622 de Mozart é falta grave. O que une estas peças é a onipresente figura de Benny Goodman, o cara que encomendou todas elas. Aliás, encomendou uma para Bartók (Contrastes) que é esplêndida. Mas aqui temos, certamente, a melhor peça escrita por Aaron Copland, a célebre incursão jazzística de Stravinsky (Ebony Concerto), uma excelente composição de Bernstein e um bom Concerto de Corigliano (prazer em conhecer). Richard Stoltzman não me pareceu um clarinetista tão essencial, mas seu repertório é de primeira linha, sem dúvida. Bom disco!

Aaron Copland (1900-1990): Concerto for Clarinet, String, Harp and Piano / Igor Stravinsky (1882-1971): Ebony Concerto / Leonard Bernstein (1918-1990): Prelude, Fugue and Riffs / John Corigliano (1938): Concerto for Clarinet and Orchestra (Stoltzman)

Richard Stoltzman · The Essential Clarinet

Aaron Copland (1900-1990): Concerto for Clarinet, String, Harp and Piano
1. Concerto for Clarinet, Strings, Harp and Piano 17:53

Igor Stravinsky (1882-1971): Ebony Concerto
2. Ebony Concerto: Allegro moderato 3:11
3. Ebony Concerto: Andante 2:34
4. Ebony Concerto: Moderato; Con moto 3:41

Leonard Bernstein (1918-1990): Prelude, Fugue and Riffs
5. Prelude, Fugue and Riffs 7:24

John Corigliano (1938): Concerto for Clarinet and Orchestra
6. Concerto for Clarinet and Orchestra: Cadenzas 9:18
7. Concerto for Clarinet and Orchestra: Elegy 11:15
8. Concerto for Clarinet and Orchestra: Antiphonal Toccata 9:33

Richard Stoltzman, clarinete
London Symphony Orchestra
Lawrence Leighton-Smith

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Stoltzman fazendo pilates.

PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sonatas para piano nº 6, 7 e 8

CoverPostagem original de 2018
Quando se trata de música clássica, a forma mais fácil de agradar os ingleses é com grandes sonoridades. Eles gostam de juntar centenas de vozes pra cantar o Messias de Haendel todos os anos. Gostam de encher de gente a Abadia de Westminster para ouvir o órgão e cantar em homenagem à rainha [hoje: rei].

O pianista inglês Peter Donohoe é desses. Ano passado, ele tocou no Rio de Janeiro os Vinte olhares sobre o menino Jesus, de Messiaen, foi uma experiência indescritível, uma das grandes obras para piano do último século, extremamente virtuosa e com essa sonoridade grandiosa, sem medo de fazer barulho, que é a marca de Donohoe.

No encarte deste disco, Donohoe argumenta que Prokofiev, assim como Bartók e Stravinsky, não desprezavam o som cantabile do piano, como pensam alguns; mas esses compositores também não desprezavam o uso de outros timbres, notavelmente os percussivos. Donohoe respeita estritamente as indicações de Prokofiev, das quais a mais característica é o non legato, em que as notas soam separadas, e ao mesmo tempo o pianista parece se empolgar nos acordes cheios, nas oportunidades de criar essas grandes sonoridades tão tipicamente russas e inglesas.

As sonatas de guerra de Prokofiev foram compostas a partir de 1939, após um jejum de 16 anos sem compor sonatas para piano, e formam um grupo à parte na sua carreira.

Sobre a 6ª sonata, Sviatoslav Richter disse: “A clareza estilística e a perfeição estrutural dessa música me impressionaram. Eu nunca tinha ouvido algo assim. Com audácia o compositor rompeu com os ideais do Romantismo e introduziu em sua música o pulso terrível da música do Século XX.”

A sonata nº 7 é a mais famosa das três. Alguns lhe dão o apelido “Stalingrado”, por ter sido composta e estreada na época da famosa batalha da 2ª Guerra, e por sua atmosfera apressada e tensa, especialmente no último movimento, ‘Precipitato’, com seu ritmo frenético.

A sonara nº 8 é mais lenta, lírica, com indicações de tempo como ‘Andante dolce’, ‘Allegro moderato’ e ‘Andante sognando’. Para Richter, é a mais complexa das sonatas de Prokofiev, cheia de contrastes.

As sonatas de guerra de Prokofiev são da mesma década que os 20 olhares de Messiaen. À primeira vista são dois compositores completamente diferentes, com visões de mundo diferentes, mas não é que, pianisticamente, se aproximam? Os dois fazem uso de recursos técnicos parecidas, de um virtuosismo extremo e de uma linguagem que não se preocupa em saber se é tonal ou atonal.

A grande diferença entre Prokofiev e Messiaen talvez seja o fato de que o primeiro abraçou, com uma linguagem moderna, as formas tradicionais, enquanto o segundo as considerava relíquias de museu:

O.Messiaen: Pessoalmente, não acredito na “forma concerto”, (…) as obras-primas que conheço no gênero são os concertos para piano de Mozart. Todos os outros me parecem falhos, apesar de duas ou três passagens muito belas no concerto de Schumann ou nos de Prokofiev.

C.S.: Esse ataque ao concerto para piano não se direciona a todas as formas clássicas? Você não tem muita afeição pela sonata tradicional ou pela sinfonia…

O.M.: Como todos meus contemporâneos.

C.S.: Digamos alguns dos seus contemporâneos. Por que motivo?

O.M.: Sinto que essas formas estão “terminadas”. Assim como não se pode escrever uma ópera Mozarteana hoje em dia, é impossível escrever, como Beethoven, um primeiro movimento de sinfonia com um tema que diz “Eu sou o tema”, e retorna após o desenvolvimento afirmando “Olha eu aqui de novo, você me reconhece?”
(Olivier Messiaen Music and Color – Conversations with Claude Samuel)

Messiaen falava de um ponto de vista das vanguardas de Paris ou de Viena. De fato, Schoenberg, Stravinsky (russo emigrado), Villa-Lobos, Boulez não se destacaram nas formas Sinfonia, Concerto e Sonata, ainda que tenham escrito algumas.

Faltou combinar com os russos, como diria Garrincha. Bem longe dessas vanguardas europeias, como dito por Proust que citei no post anterior, havia compositores criando “música russa e simples”, em que as formas clássicas ainda eram relevantes. Não por acaso, as sinfonias, concertos e sonatas para piano contam entre as obras mais importantes e mais tocadas até hoje de Rachmaninoff (3 sinfonias, 4 concertos, 2 sonatas), Prokofiev (7 sinfonias, 5 concertos, 9 sonatas) e Shostakovich (15 sinfonias, 2 concertos, 2 sonatas).

Nas sonatas de Prokofiev observamos temas principais com cara de tema principal, segundos temas com cara de segundo tema, desenvolvimentos e reexposições, codas com cara de coda… Mas nem sempre. Tem vezes em que ele inova. E mesmo quando segue a cartilha, é com uma linguagem própria, um humor e um lirismo que consistem na sua originalidade. Nas palavras de Stravinsky, outro russo: “quanto mais limitações nos impomos, mais nos libertamos”.

Sergei Prokofiev (1891-1953)
Sonata nº 6 em lá maior, Op. 82
1. I Allegro moderato
2. II Allegretto
3. III Tempo di valzer lentissimo
4. IV Vivace

Sonata nº 7 em si bemol maior, Op. 83
5. I Allegro inquieto-Andantino
6. II Andante caloroso
7. III Precipitato

Sonata nº 8 em si bemol maior, Op. 84
8. I. Andante dolce – Poco più animato – Allegro moderato – Tempo I – Andante – Andante dolce, come prima – L’istesso tempo – Allegro
9. II. Andante sognando
10. III. Vivace – Allegro ben marcato – Vivace come prima

Peter Donohoe, piano

BAIXE AQUI – Download here (mp3)

Prokofiev faz cara de pianista pensativo
Prokofiev faz cara de pianista pensativo

Pleyel e o piano russo, parte 4

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Abertura Romeu e Julieta & Suíte Quebra-Nozes (Karajan)

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Abertura Romeu e Julieta & Suíte Quebra-Nozes (Karajan)

Olha, eu não gostava de Tchaikovski, eu chegava a desprezá-lo. Talvez fosse por influência de Otto Maria Carpeaux, lido há milênios, ou por desconhecer a obra do russo. Porém, sempre fui tarado pela música de Shostakovich. Quando FDP Bach postou todas as sinfonias do Tchai, ouvi-as por uma simples razão:

Eu confio no gosto de FDP Bach,
FDP Bach gosta de Tchaikovsky,
Será que esse negócio de não gostar de Tchai não é uma pose adquirida por aí?

E o fenômeno aconteceu, deu-me o estalo. Ouvindo atentamente as sinfonias de Tchai, eu reconheci nelas várias sementes, várias ideias que seriam desenvolvidas nas sinfonias de Shosta nelas. Ou seja,

Eu amo Shosta
Shosta ama Tchai
Deveria eu amar Tchai?

Hum… A resposta hoje é: sim! Ouçam a Abertura de Romeu e Julieta. Há ali todo um Shostakovich a ser amadurecido, ali está a alma russa e as melodias russas segundo Shostakovich. Resultado: não falo mais mal de Tchaikovski. Confiram! Ouçam a Abertura Romeu e Julieta e digam-me se não há nela um Shosta mais meloso, mais delicado. Hein? Hein? Ah, e Shostakovich adorava Tchaikovski, há comprovações por todo lado. Porém, tal amor nunca foi tão tangível para mim antes de ouvir a citada Abertura.

Tchaikovsky: Abertura Romeu e Julieta & Suíte Quebra-Nozes (Karajan)

01 Romeo and Juliet – Fantasy Overture after Shakespeare

The Nutcracker

02 Suite from the ballet Op.71
03 Marche – Tempo di marcia viva
04 Danse de la Fee Dragee – Andanate non troppo
05 Dance de Trepak – Tempo di Trepak, molto vivace
06 Dance arabe – Allegretto
07 Dance chinoise – Allegro moderato
08 Dance des mitlitons – Moderato assai
09 Valse des fleurs – Tempo de valse

Berlin Philharmonic Orchestra
Herbert von Karajan

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

PQP