Richard Wagner (1813-1883) – Lohengrin – Heger (1942) / Solti (1985) / Thielemann (2019)

O Santo Graal, o vaso de esmeralda em que José de Arimatéria teria guardado o sangue de Cristo, quando ferido pelo centurião romano no Calvário, foi levado, por anjos, a Titurel, santo cavaleiro que o guarda no cimo imaculado da montanha de Montserrat localizado ao norte da Espanha Gótica, no mosteiro de Montsalvat. Outros cavaleiros, puros como o chefe, da relíquia também tiram seu vigor divino. Uma pomba celeste, uma vez por ano vem renovar a força do Santo Graal. Elevam-se da orquestra sons agudíssimos, murmúrios de violinos que flutuam e logo se agregam em frases precisas; sutilmente ouvimos o tema do Graal. Passando pausadamente pela orquestra, esta página de deslumbrante esplendor, nos prepara para a lenda de Lohengrin que é a quinta ópera e a última da segunda fase do trabalho de Richard Wagner (1813-1883). Pela primeira vez, o compositor não chama mais a introdução de “abertura”, mas de “prelúdio”. Isso documenta a mudança no papel da introdução. Não é mais uma peça que expõe os temas (como era em Tannhäuser), mas se torna parte da história, onde o ouvinte está sintonizado com o que está por vir.

Hoje a dupla FDPBach e Ammiratore irá contar a história desta brilhante ópera, com ótimas cenas e fortes contrastes. Assim como em Tannhäuser, esta ópera apresenta dois mundos diferentes: a pureza dos Cavaleiros do Graal e o mundo sombrio e mágicos dos pagãos. Wagner conseguiu extrair muitos dos temas da ópera de lendas medievais. Mas é mérito do compositor que Lohengrin se torne uma narrativa coerente e emocionante, unindo as várias sagas e fragmentos históricos com sua incrível capacidade criativa. Como já dissemos no post anterior, Wagner descobriu as lendas de Tannhäuser e de Lohengrin na mesma época, em 1841. As fontes de Lohengrin foram o poema épico de Wolfram von Eschenbach “Parzival”, do início do século XIII, e um épico anônimo de “Lohengrin”, do século XV. Ambos contam a história de um cavaleiro que chega em um barco puxado por um cisne para resgatar uma dama em perigo e que ele deverá partir quando esta dama lhe fizer perguntas que foram proibidas. O libreto terminou em 1845, a composição estava em andamento no ano seguinte e a partitura completa no final de abril de 1848.

Revolution 1848-1849 Dresden

No entanto, circunstâncias não-musicais atrasaram a estreia. Wagner não pôde comparecer à apresentação porque estava escondido em seu asilo suíço. Por sinal a década de 1840 foi extraordinariamente movimentada para Wagner (e para a Europa). Musicalmente, ele completou quatro óperas – “Rienzi”, “Der fliegende Hollender”, “Tannhäuser” e “Lohengrin” – estava ocupado como maestro e arranjador e ativo como jornalista e ensaísta musical. Mas os eventos mais perigosos para ele foram os políticos. Wagner era um ativista radical de esquerda com tendências revolucionárias em uma era de muita agitação política na Europa. E ele não escondeu seus sentimentos. Os admiradores que o conheceram socialmente naquela época ficaram surpresos com o fato de a música geralmente não ser um tópico em suas conversas. Em vez disso, ele era obcecado por política. Ele fez pelo menos um discurso político público e se associou a vários personagens radicais contra os poderes autocráticos da realeza da Alemanha e Áustria, o resultado foi que ele conseguiu a atenção da polícia, colocou sua carreira e posição como “Royal Kapellmeister” em risco ao escrever um artigo em que previa a queda da aristocracia. Quando a insurreição eclodiu em Dresden, em 1849, Wagner estava envolvido, embora toda a extensão de suas atividades permanecesse incerta. Foi obrigado a abandonar o seu país e não teve permissão para andar em solo alemão por 12 anos.

Pode deixar a ópera comigo Wagner, tamo junto !

Franz Liszt, em Weimar, preparou e conduziu a estreia de Lohengrin, que finalmente ocorreu em agosto de 1850. Wagner teve que supervisionar pelo correio a uma distância bem segura, não se atreveu a comparecer pessoalmente porque corria o risco de ser preso. De fato, foi somente em maio de 1861, 13 anos após sua conclusão, que Wagner pôde assistir a uma performance de Lohengrin.

Por um longo tempo, Lohengrin foi o trabalho mais apresentado de Richard. A grosso modo Lohengrin constitui, primeiramente, um conflito histórico entre a cristandade e o paganismo. Ortrud, que é um produto da imaginação wagneriana e de seu apelo aos deuses da mitologia alemã, revelava que, para ela, o cristianismo seria uma heresia e que a força dos deuses e da natureza terminariam por triunfar. Assim, a metamorfose do cisne em um menino, no final da ópera, aparece como o apogeu de uma luta entre os deuses da mitologia, que haviam transformado o menino em um cisne, e Cristo, o novo deus, que triunfa quando dá de volta ao menino a forma humana.

A ópera provou ser um grande sucesso, e o nome de Wagner começou a ser mencionado na mesma intensidade que os compositores de ópera já estabelecidos da época (Rossini e Meyerbeer). O sucesso de Lohengrin também garantiu o avanço definitivo de Wagner como compositor de ópera. Em pouco tempo tornou-se o compositor mais famoso da Europa. Como resultado de seu grande sucesso, ele recebeu anistia parcial em 1860.

No entanto, havia agora outra corte real que começou a interessá-lo muito mais do que a de Dresden: a corte do rei Ludwig II de Munique. Reza a lenda que o jovem rei Ludwig II assistiu uma apresentação de Lohengrin em 1857 e deixou o teatro de Munique em lágrimas. Essa experiência não só mudou a vida do monarca, mas também a vida de Wagner…. Uma curiosa cadeia de eventos positivos em sua carreira, que o compositor não poderia ter previsto quando começou a trabalhar na história do cavaleiro dos cisnes, ocorreu. O rei ficou obcecado pelo compositor e por suas obras e desempenhou um papel poderoso no apoio à sua carreira: ele forneceu dinheiro e usou sua influência para avançar em projetos importantes, incluindo a construção do Festspielhaus em Bayreuth. Literalmente o legítimo “fã de carteirinha” do século XIX.

A atração do rei por Lohengrin (talvez se explique porque um cisne era o símbolo da família real), foi a inspiração para construir um dos castelos mais famosos do mundo. Enquanto planejava o Castelo Neuschwanstein, Ludwig escreveu a Wagner o que equivalia a uma dedicação do castelo ao compositor e suas óperas, mencionando Lohengrin especificamente. Quando esta pandemia passar e se você estiver passeando pela Baviera, junte-se às hordas de turistas em Neuschwanstein: você sentirá os fantasmas de Richard Wagner e seu misterioso cavaleiro dos cisnes em praticamente todas as alas. Este castelo também inspirou Walt Disney, um século depois, a construir o seu “Magic Kingdom”.

O Enredo
(baseado no livro “As mais belas óperas” de Milton Cross)

Local: Antuérpia da primeira metade do século X.
Como dito no início do texto desta postagem, o prelúdio começa com o motivo do Santo Graal, levando ao refrão do Sonho de Elsa do primeiro ato, a música cresce até um tremendo clímax, concluindo em uma bela volta ao tema do Santo Graal, nesta volta as cortinas lentamente começam a subir.

Ato 1
Um campo nas margens do rio Scheldt, além das muralhas de Antuérpia.

O Rei Henrique está sentado em seu trono sob o “Carvalho do Julgamento”, cercado pelos seus nobres saxões. Diante deles, a alguma distância, está sentado Frederico Telramund, com Ortrud junto dele. Tem a seu lado os nobres de Brabante. O arauto avança, e faz um sinal para os trompetes tocarem uma fanfarra.

Ele anuncia que o Rei Henrique está convocando os homens de Brabante para a defesa do reino germânico. Vigorosamente, os brabanções prometem seus leais esforços em benefício de seu país. Em seguida, o rei se ergue e saúda seus vassalos (“Deus esteja convosco, queridos homens de Brabant”). Em tons solenes, ele lhe diz que as hordas húngaras estão ameaçando a Alemanha nas fronteiras do leste. Uma trégua de nove anos expirou, e agora os húngaros estão se preparando para a luta. O Rei Henrique diz que veio pedir aos “brabanções” que marchem com ele imediatamente para Mainz, e enfrentem o inimigo. Voltando-se para Telramund, ele indaga por que Brabante, com que contava para apoiá-lo naquela hora crucial, está dividida pela guerra civil e desavenças.

Telramund agradece ao rei por ter vindo agir como árbitro (“Muito obrigado, meu rei, por teres vindo aqui também para fazeres justiça!”), e depois dá sua explicação. Relata que o Duque de Brabante, no seu leito de morte, entregou a seus cuidados a educação dos dois filhos do duque, Elsa e Gottfried. Um dia, Elsa deixou o palácio com seu irmão e, mais tarde, voltou sozinha. Gottfried nunca mais foi encontrado. Convencido pela conduta culposa, e pelas evasivas de Elsa, de que ela era responsável pelo desaparecimento do irmão, prossegue Telramund, ele renunciou ao direito de tomá-la sua noiva – um direito assegurado a ele pelo duque – e desposou Ortrud. Telramund acusa, então, Elsa pelo assassinato do irmão, e reclama o trono de Brabante. Há um murmúrio de surpresa e desapontamento por parte das pessoas da Corte a respeito dessa alarmante situação. Quando Telramund prossegue, acusando incisivamente Elsa de ter conspirado depois para governar Brabante com um amante secreto a seu lado, o Rei Henrique o silencia. Os saxões e os “brabanções” erguem suas espadas, e cantam que suas armas permanecerão fora de suas bainhas até que seja proclamado o julgamento da acusada pelo rei. O arauto convoca Elsa.

Com o acompanhamento de um exaltado tema, Elsa se aproxima para tomar lugar diante do rei. Os homens comentam suavemente que aquele que ousa acusar um ser tão puro deve estar mesmo certo de sua culpa. O Rei Henrique pergunta se ela é Elsa de Brabante (“És tu, Elsa de Brabant? Reconheces-me como teu juiz!”). Ela faz uma reverência sem responder. Quando ele pergunta se ela conhece a natureza das acusações contra si, Elsa calmamente inclina a cabeça. O rei pergunta se ela confessa sua culpa (“Dize, Elsa! Que tens para me confidenciar?”). Como se estivesse em transe, Elsa murmura sobre seu irmão. Depois, começa o dramático solilóquio conhecido como “O Sonho de Elsa” (“Sozinha em agitados e tristes dias, eu implorei a Deus para aliviar a minha dor.”). Perdida e sozinha, canta Elsa, ela rezou pedindo ajuda, e um grito de angústia irrompeu de seus lábios. Quando o eco lhe trouxe a morte de volta, ela caiu adormecida no chão. Aí, então, em uma visão apareceu diante dela um cavalheiro em uma reluzente e nobre armadura. Ele seria seu defensor naquela hora de profunda tristeza. (“No brilho da luz de suas armas, um cavaleiro aproximou-se de mim, tão puro e de virtudes como eu nunca havia imaginado: da garupa pendia uma dourada trompa, apoiada sobre sua espada. É como se ele tivesse vindo do céu para mim, um autêntico herói; com um gesto honesto e puro ele me consolou. É esse cavaleiro que eu espero que seja meu defensor!”).

Profundamente comovido pela sua atitude muito dignificante, o Rei Henrique aconselha Telramund a pensar cuidadosamente antes de persistir em suas acusações. Em resposta, Telramund furiosamente desafia para o combate qualquer um que questione a verdade de suas afirmativas. Voltando-se para Elsa, o rei pergunta quem ela escolherá como seu defensor. Em um estático refrão, ela repete que o guerreiro de sua visão lutará por ela. Sua mão será a sua recompensa.

Agitadamente, os homens dizem que um prêmio real espera o guerreiro que aceitar o desafio. Após uma fanfarra, o arauto ordena que o defensor se apresente. Quando não há resposta, Telramund grita que suas acusações estão justificadas, e que ele está certo. Elsa implora ao rei que toque a fanfarra mais uma vez. Mais uma vez, há o silêncio. Caindo de joelhos, Elsa canta a eloquente e comovedora oração, na qual ela pede que seu cavalheiro apareça (“Ele me apareceu sob tua ordem: Ó Senhor, dizei agora ao meu cavaleiro para me ajudar em minha aflição. Deixa-me vê-lo, como eu já o vi!”). As damas de seu séquito se unem a ela em coro em seu pedido. De repente, os homens que se encontram próximos da margem do rio exclamam que está se aproximando um bote puxado por um cisne. Outros unem suas vozes para afirmar que um guerreiro de resplandecente armadura está de pé no bote, guiando o cisne com rédeas de ouro. O coro sobe a um tremendo crescendo quando o bote de Lohengrin se aproxima da margem. Elsa, de pé, como enfeitiçada, não se volta para olhar. O Rei Henrique observa a cena enlevado. Telramund olha em um misto de medo e raiva, enquanto Ortrud mira o cisne aterrada.

Lohengrin, metido na sua magnífica armadura, apoia-se em sua espada assim que o bote toca na margem. Um grito de boas-vindas ecoa da multidão (“Nós te saudamos, homem enviado de Deus!”). Há grande expectativa quando Lohengrin desce do bote, e se despede do cisne (“Agora, cabe-me agradecer-te, meu querido cisne! Retorna, pelas vastas ondas, lá para baixo, de onde me conduziste em tua barca; retorna somente para trazer-nos a felicidade! O teu dever tu fielmente o cumpriste! Adeus! Adeus, meu caro cisne!”). Ele agradece ao cisne, e lhe diz que retome à terra mágica de onde vieram, e tristemente lhe dá adeus à medida que o cisne se afasta. O coro comenta em tons de pasmo.

Lohengrin apresenta suas homenagens ao rei e, enquanto o tema do Graal soa suavemente na orquestra, diz-lhe que veio para proteger a jovem que foi tão cruelmente acusada. Voltando-se para Elsa, ele pede o privilégio de ser seu cavalheiro defensor. Apaixonadamente, ela o saúda como seu herói e salvador (“Meu herói, meu salvador! Aceita-me; eu dou para ti tudo o que eu sou!”). Segue-se um dramático colóquio, no qual ela se promete a Lohengrin se ele vencer o combate. Por outro lado, ele arranca dela a promessa de que ela nunca perguntará seu nome nem procurará saber de que lugar de veio (“Elsa, se eu devo chegar a ser teu esposo, se eu devo proteger teu país e teu povo, se nada me deverá separar de ti, existe uma coisa que tens de saber e me prometer: jamais deverás perguntar, nem mesmo ter curiosidade de saber, de onde eu procedo e qual é o meu nome, ofício e origem.”). Elsa fervorosamente declara que manterá a promessa (“Jamais, Senhor, eu vos colocarei essas perguntas.”), Lohengrin toma-a nos braços, gritando que a ama (“Elsa! Eu te amo!”).

Enquanto o coro canta suavemente o estranho encanto dessa cena, Lohengrin escolta Elsa até o Rei Henrique, entregando-a a seus cuidados. Rapidamente se defrontando com Telramund, ele declara que ela é inocente, e que suas acusações são falsas. Quando Telramund é aconselhado pelos seus próprios homens a não lutar com aquele adversário enviado dos céus, ele responde que seria melhor morrer do que provar ser um covarde (“Melhor morrer do que me acovardar!”).

Nesse ínterim, os nobres marcam a área do combate. Após o arauto anunciar as regras do desafio, e os dois adversários invocarem a ajuda de Deus, o Rei Henrique oferece uma dignificante e solene oração, na qual pede que o direito triunfe (“Meu Senhor e Deus, eu te faço uma invocação para que estejas presente neste combate! Proclama a tua sentença com a vitória da espada, mostrando claramente onde está a mentira e onde está a verdade! Fazei com que aquele que for inocente bata-se com a arma do herói, e possa o que agir com falsidade ser castigado! Ajuda-nos, então, meu Deus, neste instante, porque nossa sabedoria é falível!”), conhecida como a “Invocação do rei”. Todos entoam a prece em um majestoso coro. Quando as trombetas soam, o rei bate a espada três vezes em seu escudo, que é o sinal para o início do combate.

Os dois cavalheiros se atiram um contra o outro, e há um breve, mas furioso retinir de espadas. Com um poderoso golpe, Lohengrin põe Telramund no chão, e depois se coloca sobre seu inimigo vencido com a ponta da espada na garganta dele. Em uma dramática frase, o cavalheiro afirma que poupará a vida de Telramund. Enquanto o coro saúda o vencedor com um possante grito, Elsa se entrega a Lohengrin com frases apaixonadas (“Oh! Eu reencontrei a alegria, igualmente a tua glória, que eu seja digna de ti, no mais abundante louvor. Em ti eu devo deixar de ser eu; diante de ti eu me faço esquecer, porque eu sou afortunada, torna então tudo que eu sou!”). Segue-se um magnífico coro de louvor e regozijo. Ele é cantado por todos, exceto por Telramund e Ortrud, que lamentam sua derrota e vergonha. Vencido pela ira e humilhação, Telramund cai aos pés de Ortrud, enquanto Elsa e Lohengrin gozam do triunfo no brilhante clímax do coro.

Ato 2
A fortaleza de Antuérpia. Ao fundo Pallas, a morada dos cavalheiros. Na direção do fundo, à direita, o Kemenate (residência das damas na idade média). É noite. Há luzes nas janelas, e sons alegres vêm de dentro. Nas sombras dos degraus da catedral, no lado oposto aos dos aposentos reais, estão sentados Telramund e Ortrud. Foram destituídos de suas prerrogativas reais, e estão trajando roupas de mendigos. Telramund está absorto em pensamentos, enquanto Ortrud dirige um olhar malévolo às janelas iluminadas.

De repente, Telramund se volta para sua mulher com amargas observações, dizendo que foi sua diabólica feitiçaria que o levou a perder sua honra no combate. Ortrud responde-lhe com escarnecedor desdém, dizendo que a raiva dele é muito tardia, e deve ser dirigida contra seus inimigos, aqueles que provocaram aquela desgraça. Ainda resta uma esperança para eles, diz Ortrud, pois ela conhece o feitiço que permitirá dominar Lohengrin. Assim que o cavalheiro revelar seu nome e sua estirpe, seu poder mágico será quebrado. Somente Elsa poderá obter esse segredo dele, e ela precisa ser persuadida, ou forçada, a interrogar o cavalheiro. Deliberadamente, ela consegue levar Telramund a uma fúria selvagem ao lhe dizer que se ele conseguir tirar uma gota de sangue de Lohengrin, isso o deixaria indefeso. Em um dramático e poderoso refrão, cantado em uníssono, Ortrud e Telramund juram que obterão uma terrível vingança (“Eu a chamo a obra da vingança da noite tempestuosa de meu coração! Vós que estais perdidos em um doce sono, sabei que a desventura vos espera!”).

A medida que suas vozes morrem num ameaçador sussurro, Elsa aparece no balcão do Kemenate, e ali fica parada um instante em feliz reflexão. As ardentes frases de sua canção marcam o início do que é conhecido como a “Cena do Balcão” (“A vós, brisas, que tão frequentemente vos inteirastes de meus tristes lamentos, eu vos devo agora agradecer, dizendo como se revela a minha felicidade!”). Ortrud manda Telramund sair e, com uma voz dolorosa, chama por Elsa. Maliciosamente afirmando estar com remorso e arrependimento, ela lamenta o mal que possa ter causado, e que Telramund tenha agido com ira irracional e impensada. Elsa, comovida pela sua aparente tristeza, tenta confortá-la. Pede a Ortrud para que aguarde, e apressadamente entra no quarto. Sozinha, Ortrud apela, em uma selvagem exultação, para Odin e Freia, os deuses pagãos, para ajudá-la na realização de sua vingança. Quando Elsa reaparece com duas damas de companhia, Ortrud se ajoelha diante dela em uma atitude servil. Elsa, em transportes de alegria pelo seu próximo casamento, assegura a Ortrud seu perdão, e diz que também conseguirá uma palavra de perdão de seu defensor.

Habilmente, Ortrud aconselha a Elsa a não amar tão cegamente, expressa a esperança de que ela nunca se decepcione por causa de seus sentimentos. Embora momentaneamente atemorizada pelo ominoso som das palavras de Ortrud, Elsa, com fervor, tenta fazer com que ela acredite que somente a fé pode trazer a felicidade ao amor (“Deixa-me ensinar-te quão doce é a felicidade decorrente da pura confiança! Deixa-te livremente convencer-te dela: é uma felicidade que não conhece o remorso!”). Em voz baixa, Ortrud, sarcasticamente, observa que o verdadeiro triunfo de Elsa provará ser sua ruína (“Ah! Esse orgulho deve me ajudar em como combater sua fé! Contra essa soberba dirigirei minha arma, através de sua arrogância virá seu remorso.”). As vozes das duas mulheres se unem em um breve, mas expressivo dueto que leva o colóquio a um fim. Elsa permite a Ortrud que a acompanhe ao Kemenate. Assim que as mulheres entram, surge Telramund. Olhando para elas, murmura satisfeito que a diabólica feitiçaria de Ortrud destruirá aqueles que lhe tiraram a honra (“Assim penetra a desventura nessa Casa! Executa, mulher, o que a tua astúcia idealizou; eu não me sinto capaz de impedir a tua obra! A desgraça começou com a minha caída e ruína, agora, ela fará cair quem me ocasionou esta situação! Somente uma coisa agora conta para mim: aquele que arrebatou a minha honra deve perecer!”).

Ouvem-se trompetes em várias torres da cidadela saudando o romper do dia. Rapidamente, Telramund se esconde atrás de uma coluna da catedral para evitar ser visto pelos criados, que entram para realizar suas tarefas matinais. Logo, o espaço diante do Pallas fica cheio de cortesãos e homens da fortaleza. Em um vibrante coro eles cantam os gloriosos eventos que marcarão aquele dia (“À fanfarra do amanhecer nos congrega de novo, e o dia nos promete muito! Aquele que aqui fez a respeito de si nobres prodígios executará talvez novas ações!”). Depois, todos se voltam na direção do arauto, que sai do Pallas. Ele proclama o edito real banindo Telramund como um traidor, e dizendo que qualquer um que o ajude seja passível de pena de morte. Os homens amaldiçoam-no com veemência. O arauto depois anuncia que o defensor de Elsa declinou do título de duque, e pediu para ser chamado de Protetor de Brabante. O coro aclama seu herói.

Após um trompete pedir selênio à multidão, o arauto informa que o defensor de Elsa convida a todos para se unirem a ele, naquele dia, nas festividades de seu casamento. No dia seguinte, porém, eles devem estar prontos para seus deveres militares e para marcharem para a guerra. Os homens juram sua lealdade em um exultante coro (“Não hesitai em ir à guerra, pois o nobre herói vos guiará! Aquele que corajosamente combater ao lado dele, a glória lhe sorrirá! Avante!”). Enquanto povo e guerreiros se misturam em grande excitação, quatro nobres “brabanções”, antigos seguidores de Telramund, reúnem-se à parte, e sombriamente discutem entre si o problema de marcharem contra um inimigo que nunca os desafiou. Neste momento, aproxima-se Telramund furtivamente. Ele declara que está resolvido a desmascarar o pretenso líder como um feiticeiro e um renegado. Espantados com o aparecimento de Telramund, eles o advertem para que se mantenha escondido, e tentam escondê-lo dos olhos da multidão.

Quatro pajens anunciam agora Elsa e seu cortejo nupcial. Com o acompanhamento de um marcante refrão, o cortejo sai do Kemenate, enquanto os nobres e o povo alinham-se do outro lado da grande praça. Há um tremendo coro de aclamação quando Elsa e as damas se movem na direção da catedral (“Como um anjo ela se aproxima, inflamada de um casto fervor!”). No cortejo, está Ortrud, agora com trajes reais.

Quando Elsa está começando a subir os degraus da catedral, Ortrud avança, e para diante dela. Em incontida fúria, ela declara que jamais a seguirá como uma reles subalterna, e que forçará Elsa a ficar no lugar dela. Quando Elsa iradamente a repele, Ortrud altivamente a desafia a dizer o nome do cavalheiro de quem ela é a noiva. Exclama que talvez haja um bom motivo porque ele evita perguntas sobre sua origem. Em uma dramática e impetuosa frase (“Tu, difamadora! Mulher covarde!”), Elsa repele as terríveis acusações de Ortrud. Chama a todos como testemunhas de que seu cavalheiro é um homem imaculado que poupou a vida de seu terrível inimigo. Furiosa, Ortrud retruca que seu defensor desconhecido é um diabólico impostor.

Nesse ponto, trompetes assinalam a aproximação do Rei Henrique, Lohengrin e seus seguidores, que avançam majestosamente, deixando o Pallas. Espantados com aquele rebuliço, o rei e Lohengrin se detêm. Elsa corre para os braços do cavalheiro, implorando-lhe que a proteja. Imperiosamente, Lohengrin ordena a Ortrud que saia, e depois ternamente pede a Elsa que o acompanhe até a catedral.

O cortejo se movimenta de novo. Subitamente, Telramund irrompe pela multidão, defronta-se com o rei, e com raiva pede para ser ouvido. Os guerreiros gritam ameaçando-o, enquanto o rei ordena que ele seja detido. Quando a multidão recua de medo diante de sua fúria, Telramund lança-se numa violenta acusação (“Aquele que eu vejo no esplendor diante de mim eu o acuso de magia negra!”). Acusa Lohengrin de ser um feiticeiro, e pede que ele revele seu nome e estirpe. Com violência, acrescenta que ele ali chegou em circunstâncias muito misteriosas que merecem uma explicação. O povo começa a murmurar, tomado de suspeitas.

Com veemência, Lohengrin replica que nenhuma acusação falsa pode manchar sua honra. Diz que nem mesmo o rei pode forçá-lo a falar. Apenas a uma pessoa ele responderá: Elsa. Ao dizer o nome dela em uma bela frase, Lohengrin se volta para Elsa, observando uma expressão de terror no rosto da jovem. O grande coro de conclusão do ato começa agora quando os espectadores expressam seu espanto e confusão (“Que segredo é esse que o herói deve ter bem guardado?”). Ortrud e Telramund exultam porque o veneno da suspeita está provocando seu efeito fatal no coração de Elsa. (“Eu a vejo exposta a uma violenta emoção. O germe da dúvida foi colocado no fundo do seu coração!”). A própria jovem, abalada, expressa suas dúvidas e temores, enquanto Lohengrin diz que seus acusadores terão de apresentar provas.

Encabeçados pelo rei, os nobres se reúnem à volta de Lohengrin, e asseguram-lhe seu apoio. Telramund se aproxima de Elsa, e miseravelmente sugere-lhe que entregue Lohengrin nas mãos dele. Uma gota do sangue do cavalheiro, diz-lhe, roubará dele sua proteção mágica, e também o tornará indefeso. Elsa tenta mandar Telramund embora. Vendo os dois em conversa, Lohengrin se coloca entre eles, e, com voz terrível, ordena que Telramund se retire.

Elsa, abatida pela vergonha e pela dúvida, cai ao chão, aos pés de Lohengrin. Este, gentilmente, a ergue, perguntando-lhe se deseja fazer a pergunta fatal. Em um comovedor refrão, ela responde que o amor vence qualquer dúvida (“Meu salvador, que me trouxe a felicidade! Meu herói, ao qual eu devo me unir! Meu amor deve ser maior do que a força da dúvida”). Em seguida, Lohengrin a conduz até o rei. Enquanto todos saúdam o casal de noivos, no brilhante clímax do coro. O rei os conduz até o alto da escadaria da catedral. Elsa e Lohengrin se abraçam. Neste momento, Elsa vê Ortrud de pé, abaixo dela, com o braço erguido em um gesto de triunfo. Controlando-se com um esforço supremo, Elsa se vira rapidamente, e entra na igreja com Lohengrin e com o rei.

Ato 3
Câmara nupcial ricamente adornada. De um lado, uma janela aberta. O brilhante prelúdio, peça de concerto muito conhecida, descreve a atmosfera das festividades nupciais que encerraram o ato. Na conclusão do prelúdio, as portas do fundo se abrem, e entra o cortejo nupcial, encabeçado elos pajens carregando velas.

As mulheres escoltam Elsa, enquanto os homens acompanham o Rei Henrique e Lohengrin. Todos cantam o mundialmente famoso “Coro Nupcial” ou popularmente conhecido como “Lá vem a noiva” (“Fielmente guiados, entrai lá, onde encontrareis a bênção do amor! Na coragem triunfante, o prêmio do amor fará de vós o mais feliz dos casados. Campeão da juventude, avança! Glória da juventude, avança! Que o sussurro da festa fique agora para trás, que a felicidade do coração vos seja total!”).

Enfim a sós !

Elsa e Lohengrin se abraçam. Os pajens retiram seus mantos, e então o rei se aproxima e abençoa o casal. Os homens e as mulheres, juntamente com o rei, se retiram acompanhados pelos acordes do “Coro Nupcial”. Suas vozes morrem a distância à medida que os pajens fecham as portas. Deixando o casal “enfim a sós”.

Lohengrin conduz Elsa a um sofá, e ternamente inicia o magnífico dueto de amor, (“O doce canto se perde ao longe; sozinhos estamos; sós pela primeira vez, desde que nos encontramos. Nós estamos presentemente retirados do mundo, nenhum curioso pode ouvir as saudações dos nossos corações. Elsa, minha mulher! Tu, doce criatura, pura esposa! Dize-me, agora, se és feliz!”). Em frases apaixonadas, com um sensual acompanhamento orquestral, os enamorados dão vazão à sua paixão. Mas, quando Lohengrin, em êxtase, diz o nome de Elsa, e ela responde, há uma sutil mudança na atmosfera. Elsa murmura que seu nome soa doce nos lábios dele (“Com que doçura tua boca pronuncia o meu nome! Não podes tu outorgar-me o nobre som de teu nome? Somente quando formos conduzidos à bonança do amor, tu permitirás que minha boca o pronuncie? “), mas há acordes sombrios quando ela tenta fazer com que Lohengrin lhe diga seu nome.

Lohengrin desvia a resposta com fervorosos protestos de amor, dizendo que ele deseja, em troca da incomensurável devoção por ela, a confiança da jovem. Mas o comportamento de Elsa se torna mais agitado quando ela insiste para que ele revele seu segredo. Quando ele lhe diz que veio dos reinos da luz para salvá-la e ganhar seu amor, ela grita desesperada que, por aquelas palavras, ela sabe que seu amor está perdido. Agora, lamenta-se ela, cada dia trará o medo atormentador de que ele a deixará para voltar para o país encantado de onde veio. Alarmada, ela imagina ver o cisne voltando para levar seu amado. Lohengrin pede-lhe que deixe de fazer a pergunta, neste momento em que ouvimos de novo o tema da advertência associado com as palavras (“Cessa de assim te atormentar! “). Louca de dúvida e de medo, Elsa quer saber seu nome, de onde veio, qual sua estirpe (“Nada poderá me dar a paz, nada poderá arrancar a minha loucura, a menos que – mesmo ao preço de minha vida – tu me reveles quem tu és! De onde vieste? Qual é a tua origem?”).

Neste momento, Telramund e seus quatro vassalos irrompem no quarto de espadas na mão. Gritando de terror, Elsa apanha a bainha da espada de Lohengrin, que estava junto ao sofá. Ela lhe entrega a arma, Lohengrin a brande, e mata Telramund com um terrível golpe. Nesse ínterim, os quatro nobres jogam suas espadas no chão, e ajoelham-se aos pés de Lohengrin. Elsa desmaia nos braços do cavalheiro.

Há uma longa e tensa pausa. Depois, Lohengrin tristemente murmura que toda a felicidade se foi (“Desgraça, agora se foi toda a nossa felicidade!”). Carrega Elsa para o sofá. Ela volta a si, e murmura uma prece. Lohengrin, então, ordena aos nobres que levem o corpo de Telramund até o rei. Chamando duas damas de companhia, pede-lhes que vistam Elsa com os trajes nupciais, e a escoltem até o trono. Lentamente, Lohengrin deixa a câmara, enquanto Elsa é levada pelas damas de companhia. O dia rompe, e os pajens apagam as velas.

Aqui, a cortina é fechada por alguns momentos. Ouve-se uma fanfarra à distância. A cena muda para um prado às margens do Escalda, como no início da ópera. Com agitada música marcial, o Rei Henrique e os nobres chegam com seus séquitos. Eles se dispõem em formatura quando o rei, mais uma vez, toma seu lugar no trono sob o grande carvalho. Em um heroico refrão (“Eu agradeço a vós, gentis homens de Brabant! Como meu coração se inflamaria de orgulho se encontrasse em cada país da Alemanha um exército tão rico e tão forte! Agora, avizinha-se a hora de enfrentar o inimigo do rei; nós o receberemos com valentia: de suas tristes regiões do leste, ele jamais deverá de novo atacar! Pela terra alemã, a espada alemã! Assim será provada a força do Império!”), ele pede a seus seguidores que se preparem para marchar contra o inimigo, e depois pergunta sobre o herói que os chefia.

Nesse ponto, entram os quatro nobres, carregando o corpo de Telramund numa padiola, colocando-o diante do trono. O rei e os presentes lançam uma exclamação de horror e surpresa. Elsa, curvada sob o peso da dor, surge com seu séquito, seguida de perto por Lohengrin. Envergando sua armadura de combate, ele caminha com solene dignidade quando o Rei Henrique e os guerreiros o aclamam como o herói de Brabante.

Em seguida, os homens ouvem, incrédulos, o cavalheiro declarar que não pode conduzi-los na batalha. Não veio como guerreiro, mas para se justificar, e, com essas palavras, descobre o cadáver de Telramund. Explicando as circunstâncias do ataque, Lohengrin pede um julgamento pela morte de Telramund. Em um vigoroso coro, o rei e os guerreiro proclamam a justiça de seu ato.

Mas, há ainda outra acusação prossegue Lohengrin. Dramaticamente, conta para a tensa audiência que Elsa, através de pérfida traição, quebrou a promessa feita, perguntando-lhe seu nome e sua estirpe. Agora, ele anuncia, chegou o momento predestinado de revelar seu segredo. E assim o faz na sua famosa ária. A medida que o exaltado tema do Graal percorre a orquestra, ele canta o templo na montanha de Monsalvat, onde repousa o cálice sagrado, o Santo Graal. Seu poder divino é renovado a cada ano pela visita de uma pomba celestial. O Graal é guardado por uma legião de consagrados cavalheiros. É dever desses guerreiros imaculados acorrer em defesa daqueles que são ameaçados pelo mal na Terra. Mas, assim que o nome do cavalheiro é conhecido, ele deixará para sempre a companhia daqueles que redimiu. Foi como um cavalheiro do Graal que ele próprio veio até ali, prossegue Lohengrin. No brilhante clímax de sua canção, ele proclama que é filho de Parzifal, um dos cavalheiros do Graal e que seu nome é Lohengrin. (“Em um país bem longe daqui, inacessível a vossos passos, há um castelo com o nome de Montesalvat; um templo luminoso e esplêndido encontra-se dentro dele, não se conhece no mundo nada de mais precioso; dentro dele, um cálice de poder divino e milagroso, está guardado como a mais sagrada relíquia: uma corte de anjos o trouxe lá para que por desvelo o guardem os homens mais puros. Cada ano uma pomba branca desce do céu para reforçar o seu maravilhoso poder: ele se chama Graal, e a fé a mais pura por ele é difundida sobre todos os cavaleiros. Aquele que é eleito para servir ao Graal, este ele o arma de um poder sobrenatural; nenhum maligno embuste ou fraude pode atingi-lo. Logo que ele o divisar, a noite da morte se esvanece sobre o infrator. Mesmo aquele que é enviado a um país distante para defender o direito e a virtude, da sua força divina não ficará despido, pois ele permanece incógnito. O Graal é de uma natureza tão sublime que, quando é descoberto, deve evitar o profano; é por isso que não se deve nutrir dúvida sobre seu cavaleiro, que, uma vez descoberto, deve deixar a companhia daqueles onde se encontra. Ouvi, agora, como recompensa, a resposta à pergunta proibida! Foi o Graal que me enviou até vós: meu pai, Parzival, carrega sua coroa, e eu, seu cavaleiro, me chamo Lohengrin!”).

O povo, abalado e maravilhado, comenta aquela maravilhosa história. Elsa dá um grito de remorso, e se aproxima de Lohengrin, vacilante. Ele a toma nos braços, e canta uma pungente frase de tristeza e reprovação e lamenta o trágico destino que destruiu a felicidade de ambos, e depois dá adeus (“Ó Elsa! O que me fizeste? Quando meus olhos te viram pela primeira vez eu me senti ardente de amor por ti e rapidamente conheci uma nova felicidade: o poder sublime, o prodígio de minha origem, a força que dissipou meu segredo, antes de tudo eu quis me por ao serviço do coração mais puro. Por quê me forçaste a revelar-te meu segredo? Agora devo, ah, ser separado de ti!”).

Elsa implora que ele não a deixe. O povo soma suas vozes à dela em um dramático acompanhamento de frases vibrantes. Mas Lohengrin replica que sua ausência já provocou a indignação do Graal, e que somente partindo o pecado da quebra da promessa de Elsa poderá ser expiado. Em resposta ao pedido dos guerreiros, que lhe pedem que fique para chefiá-los contra seu inimigo, Lohengrin se volta para o Rei Henrique, e assegura-lhe uma gloriosa vitória.

Uma grande comoção percorre a multidão quando o cisne subitamente aparece à distância. Quando ele atinge a margem, Lohengrin o saúda em tons tristes (“Meu caro cisne! Ah, esta última, triste viagem, como bem queria dela te poupar!”). Quando o cavalheiro canta sua saudação, a orquestra toca o motivo do cisne. Lohengrin explica que será esta a última viagem que farão juntos, pois, dentro em breve, o cisne terá cumprido o seu ano de serviço e, então, liberto pelo poder do Graal, será transformado, readquirindo a forma humana. Em agonia e desespero, volta-se para Elsa. Diz que se ela tivesse confiado nele durante aquele ano de prova, de modo que ele tivesse permanecido com ela, o poder do Graal devolver-lhe-ia seu irmão ao seu lugar de direito, ao lado dela.

Em seguida, entrega a Elsa sua espada, assim como sua trompa e seu anel, pedindo-lhe que os entregue ao irmão assim que retornar. A espada o protegerá, a trompa emitirá um pedido de socorro quando houver perigo, e o anel o lembrará do defensor que acorreu para socorrer sua irmã (parêntesis dos blogueiros: igual as relíquias do “Ciclo do Anel” – Siegfrid). Apaixonadamente, Lohengrin beija Elsa em despedida, enquanto ela permanece como transfigurada. Em tons sombrios, todos lamentam sua partida.

De repente, irrompe Ortrud. Sarcasticamente, ela diz a Lohengrin que volte para sua casa. Agora, ela pode contar à sua infeliz noiva a verdade. O cisne que puxa o bote nada mais é do que o herdeiro de Brabante transformado em animal. O colar em volta do seu pescoço é o instrumento de feitiçaria, com o qual ela tirou a forma humana do rapaz. (“Vai para casa! Vai para tua casa, soberbo herói, para que eu possa revelar com júbilo a esta tola moça quem estava te levando na barca! Pela corrente de ouro que eu o envolvi, vi claramente que ele é aquele cisne: ele é o herdeiro de Brabant!”).

Em orgulhosa exultação, ela se volta para Elsa, dizendo que se não fosse sua traição em revelar seu nome, Lohengrin poderia libertar seu irmão do encantamento no fim de um ano. Agora, o terrível encanto mantém sua força (“Aprendei como se vingam os deuses que vocês que não mais os adoram!”). O rapaz permanecerá como cisne, e é este cisne que levará o defensor de Elsa para sempre. Ao ouvir isso, o povo grita violentamente contra Ortrud.

Lohengrin, que está junto à margem do rio, entendeu perfeitamente as palavras de Ortrud, e cai de joelhos solenemente para uma muda prece. Todos os olhares se voltam para ele, numa expectativa plena de tensão. A branca pomba do Graal desce sobre o barco. Lohengrin a avista, com um olhar de reconhecimento, levanta-se e liberta o cisne de sua cadeia; a seguir, devolve à terra um belo rapaz, vestido numa roupa prateada e cintilante: é Gottfried.

À visão de Gottfried, Ortrud cai ao chão. Lohengrin salta rápido para dentro da barca. Elsa olha Gottfried, transfigurada no último momento de alegria, o qual avança e se inclina diante do rei. Todos o contemplam com admiração e alegria, e os “brabanções” se ajoelham diante dele em sinal de respeito e de homenagem. Gottfried precipita-se, em seguida, para os braços de Elsa .

Após um curto momento de alegre júbilo, Elsa torna vivamente seu olhar para o rio, onde ela não avista mais Lohengrin. Ao longe, pode-se ainda avistar Lohengrin; ele está sentado na barca, a cabeça inclinada, apoiada tristemente sobre seu escudo.

Elsa, que Gottfried segura nos braços, cai lentamente sobre a terra, sem vida. Lohengrin é visto sempre cada vez mais distante.

Cai o pano !

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Personagens e Intérpretes

Nesta postagem que ora vamos compartilhar, com imensa alegria, para os amigos do blog, traremos três gravações de períodos distintos. Uma gravação ao vivo em 1942 da Staatskapelle Berlin sob a regência do maestro Robert Heger. Uma versão absolutamente clássica que é a do Solti de 1985. A terceira versão, ao vivo, gravada no Bayreuth Festspielhaus 2019 em 26 de julho transmitida nas ondas da net sob o comando do maestro Christian Thielemann. Pessoal, divirtam-se com mais esta ópera (nos divertimos bastante escrevendo o texto….ufa!)

Lohengrin – Robert Heger (1942)
Esta é a lendária apresentação nazista de Lohengrin feita em 1942 conduzida por Robert Heger com a Berliner Staatsoper. Sim, relatos desta gravação dizem que Hitler estava na plateia enquanto suas tropas se organizavam para tentar invadir o sul da Rússia. A primeira impressão que notamos sobre essa apresentação ao vivo de 1942 é o som extraordinariamente vívido, que provavelmente deriva de uma matriz original em ótimas condições. Os cantores apreciam o drama como se fossem realmente os personagens que retratam: desde o imponente Heinrich de Ludwig Hoffmann e a madura Elsa de Maria Müller, até a ameaçadora Ortrud de Margarite Klose e, o melhor desta gravação, é o Franz Völker com o papel-título. A execução da orquestra varia de surpreendentemente segura para uma espécie de tensão dispersiva, talvez pelo momento bélico em que viviam a época. Ouvindo esta performance com atenção ela começa um pouco penosa, tensa, quase vazia do misticismo wagneriano, conforme os atos vão acontecendo a concentração vai melhorando. Só no último ato este registro pega fogo, ai sim a dramaticidade fica evidente. Vale pelo registro histórico.

Lohengrin – Franz Völker
Elsa – Maria Müller
Ortrud – Margarete Klose
Friedrich von Telramund – Jaro Prohaska
König Heinrich – Ludwig Hofmann

Der Heerrufer des Königs – Walter Großmann
Chor der Staatsoper Berlin
Staatskapelle Berlin – Robert Heger

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Lohengrin – Georg Solti (1985/1986)

Esta leitura do iluminado Sir Georg Solti é, penso eu, uma de suas grandes pérolas, ele deixa que a música respire, ganhe vida. Por exemplo, nesta gravação ele permite que as belezas “ocultas” do prelúdio brilhem como se ele estivesse desmembrando as seções com amor e o resultado é o que deveria ser: um prelúdio interpretado de forma genial, lindo mesmo. O trabalho da Filarmônica de Viena é quase perfeito, um trabalho lindamente modulado que deixa evidente o extraordinário entendimento que o maestro tinha da música de Wagner. Os cantores são ótimos. Plácido Domingo, é claro, tem uma voz bonita, sua interpretação é cheia de paixão, alguns críticos gostam de chamar a atenção para a pronúncia com sotaque, acho que ele vai bem pois no final das contas o Lohengrin vem do mosteiro de Monsalvat, montanha de Montserrat, que fica na Catalunha, logo deveria mesmo ter sotaque espanhol……. Jessye Norman também tem uma voz magnífica, acho um pouco forte demais para a virginal Elsa. Hans Sotin é um excelente rei. A Ortrud de Randová excelente, sua voz crepita como faíscas e demonstra bem o seu ódio por todos. Siegmund Nimsgern também interpreta o complexo Telramund com voz que mostra indignação e é cheia de lamentações, quando necessário. Se eu fosse aconselhar alguém que seja estreante nesta ópera esta é a versão que eu recomendaria. O impacto é emocional, muitas vozes bonitas e cheias de paixão al´me da batuta do mestre Solti. . Esta gravação é, artística e tecnicamente, magnífica.

Lohengrin – Plácido Domingo
Elsa – Jessye Norman
Ortrud – Eva Randová
Friedrich von Telramund – Siegmund Nimsgern
König Heinrich – Hans Sotin
Der Heerrufer des Königs – Dietrich Fischer-Dieskau

Chor der Wiener Staatsoper
Wiener Philharmoniker – Sir Georg Solti

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Lohengrin – Christian Thielemann (2019)
Gostei desta recente versão do maestro Thielemann realizada no dia 26 de julho de 2019 no Bayreuth Festspielhaus. Foi muito bem nos primeiro e terceiro atos, a Orquestra fazendo bonito mais uma vez e respeitando o andamento um pouco mais rápido do Thielemann em comparação ao andamento da gravação do Solti. O elenco desta geração é admirável. O Lohengrin de Klaus Florian Vogt é muito bonito de ouvir, majestoso. A Elsa de Camilla Nylund meiga e dramática fez uma performance inteligente, comprometida e lindamente cantada, gostei bastante. Tomasz Konieczny e Elena Pankratova ofereceram seus personagens Telramund e Ortrud igualmente inteligentes e altamente musicais. Georg Zeppenfeld, na minha modestíssima opinião, nunca desaponta, é um rei Henrique muito bem cantado. Egils Silins também atraiu minha atenção e admiração, bonito de ouvir. E por último, mas não menos importante, as performances marcantes do Bayreuth Festival Chorus, o peso vocal, musicalidade são memoráveis. O registro digital ao vivo faz toda a diferença…. lindão!

Lohengrin – Klaus Florian Vogt
Elsa – Camilla Nylund
Ortrud – Elena Pankratova
Friedrich von Telramund – Tomasz Konieczny
König Heinrich – Georg Zeppenfeld
Der Heerrufer des Königs – Egils Silinš

Bayreuth Festival Chorus
Bayreuth Festival Orchestra – Christian Thielemann

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Avalio a morte da pobre Elsa (desculpe a sinceridade, mas com todo o respeito pela sua bela música Richard) causada 40% pelo luto do irmão desaparecido, 10% de vergonha pelo contexto que resultou na partida do bonitão de volta para o Mosteiro, mas os outros 50% são sem nenhum motivo aparente….. sei lá….

FDPBach e Ammiratore

Richard Strauss (1864-1949): Salomé, Op. 54

Richard Strauss (1864-1949): Salomé, Op. 54

Uma das grandes óperas – definitivamente aqui no pqpbach. Salomé é uma escuta obrigatória, uma mistura irresistível de religião, sexo, decadência, exotismo e crueldade que até Cecil B. DeMille poderia ter invejado. Na minha opinião, essa é a maior obra-prima de Strauss. Salomé mudou a paisagem musical para sempre quando apareceu nos primeiros anos do século XX. Deixando atrás de si um considerável número de poemas sinfônicos, Richard Strauss (1864 – 1949) voltou-se, uma vez mais, para o campo operístico, em 1903, a fim de escrever um dos seus espetáculos líricos mais escandalosos – Salomé -, partitura que concluiu em 1905. Baseando-se em texto de Oscar Wide – conhecido por suas obras carregadas de simbolismo -, Strauss concebeu um espetáculo revolucionário, que soa moderno ainda hoje. O avanço máximo do compositor em direção à música do século XX: violência da orquestra, ousadias harmônicas, exploração de toda a extensão das vozes, tema sombrio e trágico. A Obra de Strauss que mais influenciou os contemporâneos Bartók, Prokofiev e Berg.

Baseada na genial criação de Wilde. Nesta ópera Strauss conseguiu despejar uma ansiedade poderosa, mais dramática, que tira a respiração; em 90 minutos, desenrola-se um único ato, uma tragédia de sombria paixão. Salomé provocava em 9 de dezembro de 1905 dia da estreia em Dresden, Alemanha, uma tempestade de opiniões; apesar do frio de inverno que fazia nas ruas de Dresden em dezembro de 1905, o público que compareceu à ópera da cidade deve ter sentido até calor, com tudo o que viu e ouviu tão logo as cortinas se abriram para a encenação da nova peça de Richard Strauss.

Gustave Moreau

O cenário mostrava um palácio real oriental dos tempos de Jesus Cristo. João Batista, um dos personagens, era prisioneiro do rei Herodes em um lúgubre cárcere subterrâneo. Salomé, filha adotiva de Herodes, apaixona-se por João, jogando-se intempestivamente em seus braços, mas sendo por ele bruscamente repelida. Vendo que seus encantos não surtem resultado, exige a morte do profeta; Salomé dança então a “dança dos sete véus” e, ao deixar cair o último dos véus, provoca em Herodes um entusiasmo sem precedentes. O poderoso rei pergunta então a ela qual das suas vontades deve ser satisfeita: “O que você quer, Salomé?” – “Quero a cabeça de João Batista”, responde ela. No final, o rei acabou cedendo e o público de Dresden presenciou uma das cenas mais horrendas já representadas em uma ópera até então: Salomé travando com a cabeça decepada de seu amado um longo, louco e desesperado “diálogo”. Ela debocha de João Batista morto. Um vento sinistro se ergue sôbre o quente deserto noturno, e a lua se esconde por trás de nuvens tormentosas, enquanto Salomé mantém um diálogo com os olhos mortos do profeta … “O segrêdo do amor é maior que o segrêdo da morte …” , implora por seu olhar, sua atenção e termina fazendo amor e beijando os lábios ensanguentados daquele que veio preparar a vinda de Cristo. Repugnado, Herodes ordena que matassem também Salomé.

O público, entusiasmado, aplaudiu freneticamente o espetáculo, fazendo com que os cantores e atores voltassem 36 vezes ao palco. Escândalo, decadência e perversão eram exatamente os temas cultuados naquele “fin de siècle”, capaz de agradar uma plateia que dá valor a encenações de vanguarda. Strauss excede aqui a sensualidade da música de “Tristão”, a paixão de “Carmen”, e acrescenta um elemento demoníaco jamais ouvido, que gela o sangue nas veias. Iluminam-se com a linguagem musical abismos de alma que, aproximadamente na mesma época, são investigados pela jovem escola psicanalítica.

A primeira Salomé Maud Allan

Sua representação de uma adolescente cujo despertar sexual leva à obsessão e à necrofilia fez o nome de Strauss como compositor de ópera. O interesse de Strauss pela peça foi despertado em 1902, quando Anton Lindner, um poeta austríaco, enviou-lhe uma cópia, juntamente com um libreto parcialmente redigido. Strauss, preferindo a tradução alemã padrão do original de Wilde, rejeitou o pedido do poeta para uma colaboração, mas imediatamente começou a elaborar um libreto próprio. O elenco inicialmente protestou que a música não era indetectável. Então a Salomé original – a esposa do burgomestre de Dresden – recusou-se a cooperar por razões morais, apenas recuando quando Strauss ameaçou levar a estreia para outro lugar. A ópera se deparou com problemas de censura em Viena, Londres e Nova York.

O poder da ópera deriva da capacidade de Strauss de entrar no mundo emocional de sua heroína, ao mesmo tempo em que capta a monstruosidade inerente de suas ações. O crescente lirismo de grande parte da música, combinado com a própria linha vocal extática de Salomé, identifica sua experiência inequivocamente como “amor”. No entanto, as dissonâncias desgastantes que sustentam o arrebatamento melódico a cada momento são um lembrete da narrativa muitas vezes repulsiva, da qual Strauss nunca nos permite escapar. Salomé continua a ser a história de amor mais alarmante já escrita, e uma das experiências mais extremas que a música clássica tem a oferecer.

Resumo – Salomé (Cross, Milton – As Famosas Óperas)
Libreto de Hedwig Lachmann
Baseado no poema dramático de Oscar Wilde – “Salomé”

Fortemente influenciado por Wagner, Strauss usa a técnica do motivo condutor, identificando os principais motivos do drama com uma característica frase musical, e também o método da superposição da linha vocal num fluxo ininterrupto de acompanhamento orquestral. Toda a ação de “Salomé” transcorre em uma única cena. A um lado, a entrada do salão de banquetes do palácio de Herodes. Do outro lado, um maciço portão. No centro do terraço, a boca de um poço grande, a masmorra onde está confinado Jokanaan. É noite, e o terraço está banhado por um pálido luar. De inicio, ouvimos o motivo de Salomé, e depois a voz de Narraboth, que está conversando com um pajem. O capitão dirige um olhar cobiçoso para o salão de banquete, onde Salomé está festejando com Herodes e sua corte, e fica deslumbrado com a beleza dela. O pajem o adverte que não olhe assim tão ardentemente, pois seguramente poderão advir terríveis consequências. Mas o ardente Narraboth não pode deixar de olhar para a Princesa. De repente, das profundezas do poço vem a voz de Jokanaan, repetindo os versos da profecia das Escrituras, “Nach mir wird Einer kommen der ist starker als ich” (“Depois de mim virá outro mais poderoso do que eu”). Alguns soldados se aproximam e conversam sobre o prisioneiro, dizendo que ele é um santo homem e um profeta. Ninguém, entretanto, observa um soldado, consegue entender o significado de suas estranhas palavras.

Logo depois, surge Salomé. Cansada e confusa, diz que não consegue mais suportar o olhar de Herodes ou a brutal orgia dos convidados. O ar frio da noite gradualmente a acalma e, mirando a Lua, descreve suavemente sua casta beleza. A voz de Jokanaan interrompe seu sonho. Irritada, Salomé pergunta aos soldados quem está gritando aquelas palavras tão estranhas, e eles respondem que é o profeta. Narraboth se aproxima, e tenta distrair sua atenção, sugerindo que ela descanse no jardim. Enquanto isso, um escravo informa-a de que Herodes deseja a sua volta à mesa do banquete, mas ela, com imitação, declara que não voltará.
Ignorando o pedido de Narraboth para que ela volte, Salomé continua a interrogar os soldados sobre o prisioneiro. Ela Ihes pergunta se ele é velho, e eles respondem que é um jovem. A Princesa ouve em tenso silêncio quando o implacável Jokanaan faz ouvir outra vez sua voz, e então ela diz que deseja falar ao profeta. Um dos soldados lhe diz que Herodes declarou que ninguém, nem mesmo o Alto Sacerdote, pode falar com o prisioneiro. Não dando qualquer importância a esta advertência, Salomé ordena aos soldados que tragam o profeta à sua presença. Vai até o poço e olha para as suas profundezas escuras. Altiva ela repete a ordem, mas os trêmulos soldados respondem que não podem obedecer.

Sedutoramente aproximando-se de Narraboth, ela tenta fasciná-lo para leva-lo a apoiar seu pedido. Se ele atender aos desejos dela, diz a Princesa com voz ardente, talvez ela lhe atire uma flor, ou lhe dirija um sorriso no dia seguinte quando passar pelo seu posto. Cedendo ao encanto dos pedidos sedutores, Narraboth ordena que o profeta seja trazido ali. Há um interlúdio musical, durante qual a música elabora o expressivo tema da profecia associado com Jokanaan. A cobertura gradeada do poço é removida e surge o profeta, uma majestosa figura num traje rústico de peregrino.

Em tons vibrantes, Jokanaan profere estranhas palavras de imprecação. Salomé, recuando de espanto, pergunta a Narraboth qual o significado das palavras do profeta, mas ele não sabe lhe responder. Depois, o profeta irrompe numa terrível denúncia a Herodiade, acusando-a de ser a encarnação do mal e da depravação, uma mulher cujos pecados mancham o próprio mundo. De início, Salomé fica horrorizada, mas depois fica fascinada, e não consegue desviar os olhos da face dele. Desesperado, Narraboth pede que ela o deixe, mas Salomé apenas responde que precisa olhar mais de perto para o profeta.

Olhando-a com altivo desdém, Jokanaan pergunta aos soldados quem é aquela mulher. Salomé lhe responde que é a filha de Herodiade. O profeta lhe ordena asperamente que saia, mas Salomé, com os olhos fixos no rosto dele, diz que a voz dele é música para seus ouvidos. Quando ele a exorta a ir para o deserto e buscar a redenção, ela responde louvando a beleza de seu corpo. Ela gaba seu cabelo e sua boca, e, então, voluptuosamente, pede-lhe um beijo. Narrabotb, louco de ciúme, se coloca entre Salomé e Jokanaan, e se apunhala. A Princesa nem mesmo olha quando ele cai. Jokanaan pede-lhe que vá buscar o Redentor nas praias da Galiléia, e ajoelhe-se a seus pés para pedir-lhe perdão pelos seus pecados. A única resposta da jovem é uma frenética súplica por um beijo. Apostrofando que ela é amaldiçoada, o profeta se vira, e desce para a masmorra. Quando a grade é recolocada sobre o poço, Salomé olha para as profundezas com uma expressão de feroz triunfo.

Surgem Herodes e Herodiade, seguidos pelos seus embriagados e glutões cortesãos. O Rei se dirige a Salomé, e suas maneiras ardentes traem sua paixão por ela. De maneira decisiva, Herodiade o recrimina por olhar de modo tão ardente a sua enteada. Herodes, não se preocupando com as palavras dela, exclama a Lua é como uma mulher louca desejo. Subitamente, ele escorrega numa poça de sangue e recua ao ver o corpo Narraboth. Um soldado o informa e o capitão se suicidou. Lembrando-se de que o sírio olhava tão ardentemente para Salomé, ordena que o corpo seja levado para fora.

Com o acompanhamento orquestral pintando vivamente o som de um vento cortante, Herodes, cheio de medo, murmura que asas poderosas estão batendo no ar à sua volta. Herodiade, olhando para ele com gélido desprezo, observa que ele parece doente. Recobrando-se, Herodes retruca que é Salomé que tem uma aparência doentia. Lisonjeador, ele convida a Princesa a comer e beber em sua companhia, mas ela delicadamente recusa. Herodiade exulta por causa da decepção do Rei por ter sido desprezado.

Das profundezas da masmorra vem a voz de Jokanaan advertindo que a hora está próxima, enquanto Herodiade, com fúria, ordena aos soldados que o calem. Quando Herodes protesta, ela zomba dele, dizendo que o rei tem medo do profeta, que ele deveria ser entregue aos judeus. Os cinco judeus, então, se aproximam, e pedem que Jokanaan Ihes seja entregue. Bruscamente, Herodes recusa, dizendo que o prisioneiro é um santo homem que viu a Deus. Enquanto isso, os judeus denunciam veemente Jokanaan como um blasfemo, protestando que ninguém, desde Elias, viu a Deus. Herodes os contradiz, seguindo-se uma longa e envolvente discussão teológica. Ela é construída por um coro marcantemente dramático.

No seu clímax, irrompe a voz de Jokanaan profetizando a vinda do Salvador. Dois nazarenos começam a discutir alguns dos milagres que foram realizados pelo seu misterioso líder, um dos mais notáveis foi a ressurreição de um morto. Nesse ponto, Herodes fica alarmado, e então, agitado, declara que aquele terrível milagre será proibido por decreto real. Jokanaan prediz agora o fim trágico de Herodiade, e o dia terrível do ajuste de contas que dentro em breve raiará para os reis da Terra. Louco de raiva, Herodiade ordena que seu acusador seja silenciado.

Maud Allan Danca dos sete véus

Herodes, que está olhando ardentemente para Salomé, pede-lhe que dance para ele. A Rainba a proíbe de dançar, e Salomé hesita. O Rei, entretanto, pede-lhe, e procura tentá-la, oferecendo- lhe dar qualquer coisa que ela peça. A despeito dos furiosos protestos de Herodiade, Salomé concorda, mas primeiro força Herodes a jurar que ele fará o que ela desejar. Com o sinistro tema do vento cortante soando outra vez na orquestra, Herodes, com voz trêmula, diz que ouviu o som de asas. Seus temores crescentes o levam a um paroxismo, e ele arranca a coroa de rosas de sua cabeça, gritando que elas estão queimando como uma coroa de fogo. Cai para trás exausto. A voz de Jokanaan, repetindo sua sombria profecia da perdição, continua como uma torrente incansável. Nesse ínterim, escravos preparam Salomé para sua dança, e então ela leva a cabo a “Dança dos Sete Véus”. (Em algumas produções, ela é realizada por uma dançarina em lugar da cantora).

Após seu selvagem clímax, ela para, por um momento, como encantada, na boca do poço, e depois se arremessa aos pés de Herodes. Em ardente êxtase, ele lhe pede que expresse seu desejo. Uma simples nota muito aguda é tocada pelas cordas quando Salomé começa a falar. Com venenosa doçura, ela pede a cabeça de Jokanaan numa bandeja de prata.

Herodes grita com incrível terror, enquanto Herdiade aplaude sua filha como sua digna representante. Aterrado, Herodes lhe oferece suas joias preciosas, seus pavões, o manto do Alto Sacerdote, o véu do santuário, suplicando-lhe que não peça a cabeça do santo homem de Deus. Salomé está irredutível, e com selvagem intensidade repete seu pedido. Abatido pelo medo e desespero, Herodes cai para trás na cadeira, como se tivesse desmaiado. Rapidamente, Herodiade tira do dedo dele o anel da execução, e o dá a um soldado, que o entrega a um carrasco. Herodes volta a si, verifica que o anel foi retirado de seu deda e diz que sua retirada provocará terrível desgraça.

Debruçada sobre o poço, Salomé observa o carrasco descer, e depois ouve atentamente. Quando ela não escuta nada, furiosamente ordena ao carrasco que cumpra sua tarefa, amaldiçoando-o pelo atraso. Através da escuridão, surge subitamente o braço do carrasco emergindo do poço, segurando a bandeja com a cabeça decapitada. Segurando-a, Salomé inicia sua terrível canção de paixão sensual frustrada, “Ah! Duwolltest mich nicht deinem Mund kussen lassen!” Em vida, ele não deixou que ela lhe beijasse na boca, ela grita, mas agora vai beijá-la. 0s olhos que a miravam com ódio estão fechados para sempre, e a língua que tão altivamente a denunciava está silenciosa. Mas ela ainda vive, exulta Salomé, e depois, acariciando a cabeça, outra vez louva o corpo de Jokanaan.

Herodes, louco de terror diante daquela monstruosa visão, volta-se para sair. Salomé murmura que agora, afinal ela beijou a boca do profeta. O tem um gosto amargo, confessa. Em louca exaltação, grita outra vez que beijou a boca de Jokanaan, e neste momento um raio de luar atravessa as nuvens, e a ilumina. Herodes se volta, olha-a com terrível horror, e então ordena que seus soldados a matem. Eles esmagam Salomé sob seus escudos. Cai o pano.

Pessoal, abrem-se as cortinas e preparem-se para se deliciar com as interpretações de Salomé. São gravações incríveis !!!!!

Jessye Norman é uma Salomé impressionante, uma artista fantástica. Ela tem um grande poder em sua voz quando a partitura exige. Sua voz enorme e exuberante voa sobre a orquestra, pois Strauss sonhava apenas em ouvir o papel cantado – para mim uma de suas maiores gravações de muitas grandes gravações. Norman e Ozawa trazem para essa leitura sons que nunca ouvi em outras apresentações. Richard Leech como Narraboth é brilhante para esta performance, jovem, ardente e suave, transmitindo completamente sua obsessão desesperada com a princesa venenosa. A grande Herodias, de voz áspera, de Kerstin Witt, é poderosamente vocalizado e adequadamente desdenhoso. E James Morris sensacional quando é ouvido na cisterna, canta um Jokanaan bastante viril e erótico, que dá vida a todo o drama. Altamente recomendado!

Jessye Norman – Salomé
James Morris – Jokanaan
Walter Raffeiner – Herodes
Kerstin Witt – Herodias
Richard Leech – Narraboth

Staatskapelle Dresden
Seiji Ozawa

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Quando cheguei a esta gravação de Salome, já na época do mp3, não pude tirá-la da lista de reprodução por semanas a fio. Esta capa do velho Lp com a foto escandalosamente chocante da Nilsson, parecendo um pôster de parede dos cinemas decadentes do centrão (foi eleita uma das 10 piores capas de todos os tempos), não esconde o cast maravilhoso da melhor gravação já feita da ópera de Strauss (na minha modesta opinião). Nilsson era um Salome incrível. A enorme voz sobrevoava facilmente a Filarmônica de Viena, sob o rugido da direção do mestre Solti. Não consigo imaginar nenhuma outra interpretação de Salomé liderando esse desempenho milagroso. Ouça os sons heróicos de Eberhard Wächter, como Jokanaan, depois passe para a grande cena de Salomé quando a cabeça de Jokanaan lhe é apresentada em uma bandeja de prata. A imagem do palco ganha vida e a imaginação aumenta à medida que Nilsson se move por esse território psicologicamente acidentado e emerge triunfante em sua loucura no final. Solti prova mais uma vez que ele era capaz de passar de um rugido a um sussurro mágico entendendo todas as sutilezas e os detalhes da partitura. O elenco é insuperável. Herodes, de Gerhard Stolze, e Herodias, de Grace Hoffman, são pessoas palidamente vis e decadentes. O belo teor de Waldemar Kmentt transmite perfeitamente o jovem soldado doente de amor, Narraboth. Sob a forte direção de Solti, a poderosa Filarmônica de Viena apresenta uma performance cintilante da ambiciosa partitura de Strauss, que é basicamente um poema sinfônico com vozes. Todos os cantores fazem o possível para acompanhar: não há lugar para sutileza nesta ópera. Ninguém jamais confundirá a matriarca Birgit Nilsson por uma gatinha sexual, mas ela toca todas as notas certas como uma pirralha mimada petulante, uma virgem adolescente cujo despertar sexual toma a forma de uma atração literalmente fatal por um homem santo. Eberhard Wachter é um Jokanaan adequadamente santo e Waldemar Kmentt canta lindamente como Narraboth, mas Gerhard Stolze rouba o show como um Herodes deliciosamente desequilibrado. Stolze não era Caruso, mas como ator cantor ele tinha poucos ou nenhum par. Solti deixa a vulgaridade da partitura falar por si, sem nenhuma tentativa de bom gosto. Se você quiser ouvir Salome como deveria ser ouvido, rude, arrepiante, esta é a gravação.

1- Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 1 – “Wie schön ist die Prinzessin Salome heute Nacht!”
2 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 1 – “Nach mir wird Einer kommen”
3 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 2 – “Ich will nicht bleiben”
4 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 2 – “Siehe, der Herr ist gekommen”
5 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 2 – “Jauchze nicht, du Land Palästina”
6 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 2 – “Du wirst das für mich tun”
7 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 3 – “Wo ist er, dessen Sündenbecher jetzt voll ist?”
8 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 3 – “Jochanaan! Ich bin verliebt in deinen Leib”
9 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 3 – “Wird dir nicht bange, Tochter der Herodias?”
10 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Wo ist Salome?”
11 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Es ist kalt hier”
12 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Salome, komm, trink Wein mit mir”
13 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Siehe, die Zeit ist gekommen”
14 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Wahrhaftig, Herr, es wäre besser, ihn in unsre Hände zu geben!”
15 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Siehe, der Tag ist nahe”
16 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Eine Menge Menschen wird sich gegen sie sammeln”
17 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Tanz für Mich, Salome”
18 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – Salome’s Dance of the Seven Veils
19 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Ah! Herrlich! Wundervoll, wundervoll!”
20 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Still, sprich nicht zu mir!”
21 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Salome, bedenk, was du tun willst”
22 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Man soll ihr geben, was sie verlangt!”
23 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Es ist kein Laut zu vernehmen”
24 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Ah! Du wolltest mich nicht deinen Mund”
25 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Sie ist ein Ungeheuer, deine Tochter”
26 -Salome, Op.54, TrV 215 / Scene 4 – “Ah! Ich habe deinen Mund geküsst, Jochanaan”

Birgit Nilsson – Salomé
Eberhard Wächter – Jokanaan
Gerhard Stolze – Herodes
Grace Hoffmann – Herodias
Waldemar Kmentt – Narraboth

Wiener Philharmoniker
Sir Georg Solti

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Esta gravação de Sinopoli chamou minha atenção, com Studer cantando Salomé. Primeiro tenho que comentar que o som gravado é fantástico. A música é tratada como um todo (uma leitura totalmente diferente da de Solti). A interpretação é impecável, com todas as nuances sendo ouvidas, algo que você não consegue ouvir com facilidade em outras versões. O Maestro Giuseppe Sinopoli, nesta Salomé de 1990 é soberbo, a condução magistral e o som digital combinam-se para torná-lo uma das primeiras escolha para o recém-chegado ao psicodrama de Strauss. A Cheryl Studer também está impecável. Ela consegue soar como a adolescente demente que o papel exige. Uma Salome incomum e feminina. Especialmente quando comparado com Birgit Nilsson ou Jessye Norman, Studer não tem poder no registro superior (não tem aquele vozeirão que sobra nas duas colegas), mas eu acho que seu som é certamente mais sedutor do que dos outros dois sopranos. Além disso, sua voz brilhante é sutilmente sombreada em todas as nuances do texto. Bryn Terfel é o Jokanaan mais convincente em disco. Acho que Hiesterman poderia ser mais firme como Herodes que é um papel crucial. Leonie Rysanek dá conta do recado como Herodiades. Clemens Bieber está bem como Narraboth. Uma coisa que tenho certeza, porém, é a qualidade dessa gravação, assim como o som puro. É absolutamente lindo, e as vozes e a orquestra têm presença e estão conectadas. Baixe agora …. você não ficará desapontado !!

Disc1
1 – Salome, Op.54 / Scene 1 – “Wie schön ist die Prinzessin Salome heute Nacht!”
2 – Salome, Op.54 / Scene 1 – “Nach mir wird Einer kommen”
3 – Salome, Op.54 / Scene 2 – “Ich will nicht bleiben”
4 – Salome, Op.54 / Scene 2 – “Siehe, der Herr ist gekommen”
5 – Salome, Op.54 / Scene 2 – “Jauchze nicht, du Land Palästina”
6 – Salome, Op.54 / Scene 2 – Laßt den Propheten herauskommen
7 – Salome, Op.54 / Scene 3 – “Wo ist er, dessen Sündenbecher jetzt voll ist?”
8 – Salome, Op.54 / Scene 3 – “Er ist schrecklich”
9 – Salome, Op.54 / Scene 3 – “Wer ist dies Weib, das mich ansieht?”
10 -Salome, Op.54 / Scene 3 – “Zurück, Tochter Sodoms!”
11 -Salome, Op.54 / Scene 3 – Dein Leib ist grauenvoll
12 -Salome, Op.54 / Scene 3 – “Zurück, Tochter Sodoms!”
13 -Salome, Op.54 / Scene 3 – “Niemals, Tochter Babylons,Tochter Sodoms,…Niemals “N
14 -Salome, Op.54 / Scene 3 – “Wird dir nicht bange, Tochter der Herodias?”
15 -Salome, Op.54 / Scene 3 – “Lass mich deinen Mund küssen, Jochanaan!”
16 -Salome, Op.54 / Scene 3 – “Du bist verflucht”
17 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Wo ist Salome?”
18 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Salome, komm, trink Wein mit mir”
19 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Siehe, die Zeit ist gekommen”
20 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Wahrhaftig, Herr, es wäre besser, ihn in unsre Hände zu geben!”
21 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Siehe, der Tah ist nahe”
22 -Salome, Op.54 / Scene 4 – O über dieses geile Weib, die Tochter Babylons

Disc2
01 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Tanz für Mich, Salome”
02 -Salome, Op.54 / Scene 4 – Salome’s Dance Of The Seven Veils
03 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Ah! Herrlich! Wundervoll, wundervoll!”
04 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Salome, ich beschwöre dich”
05 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Salome, bedenk, was du tun willst”
06 -Salome, Op.54 / Scene 4 – Gib mir den Kopf des Jochanaan!
07 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Es ist kein Laut zu vernehmen”
08 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Ah! Du wolltest mich nicht deinen Mund”
09 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Sie ist ein Ungeheuer, deine Tochter”
10 -Salome, Op.54 / Scene 4 – “Ah! Ich habe deinen Mund geküsst, Jochanaan”

Cheryl Studer – Salomé
Bryn Terfel – Jokanaan
Clemens Bieber – Narraboth
Horst Hiestermann – Herodes
Leonie Rysanek – Herodiades

Orchester der Deutschen Oper Berlin
Giuseppe Sinopoli

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Strauss feliz em 1945

AMMIRATORE

Richard Wagner (1813-1883): Orchestral Masterpieces – Leopold Stokowski

Vamos continuar neste post, para o deleite dos amigos do blog, com a terceira parte da saga do grande maestro Leopold Stokowski (1882-1977) voltemos ao ano de 1896, tudo começou quando o garoto de treze anos entra para o coro da Igreja St. Marylebone e foi admitido no Royal College of Music. Já em 1898, aos dezesseis anos, foi admitido como membro do Royal College of Organists. Tornou-se organista assistente de Sir Henry Walford Davies (1869-1941) em The Temple Church, Londres. Em 1900, Stokowski formou o coro da Igreja Anglicana Santa Maria, Charing Cross Road, e lá também tocou o órgão. Então, de 1902 a 1905, Stokowski foi organista e mestre de coro na Igreja Anglicana de St. James, em Piccadilly, Londres. A partir desta posição como organista e mestre de coro na Igreja Anglicana, em 1905, Stokowski foi recrutado para se tornar organista na Igreja Episcopal de São Bartolomeu em Nova York, na Madison Avenue e 44th Street. O jovem desenvolveu uma respeitável reputação musical em Nova York e conheceu uma série de personalidades importantes, incluindo sua futura esposa, Olga Samaroff (1882-1948). Stokowski também realizou uma série de transcrições de obras orquestrais das sinfonias de Tchaikovsky, de antigos compositores como Byrd e Palestrina, e de óperas de vários compositores, incluindo Wagner em 1907. Mas Stokowski estava determinado a dirigir uma orquestra sua ou um grupo orquestral. Em 1908, ele renunciou à posição de organista e na primavera daquele ano, ele e sua esposa Olga partiram para a Europa, com Stokowski determinado a encontrar um novo começo.

Stokowski em 1910

O jovem Leopold, apesar da falta de experiência em nunca ter conduzido uma orquestra sinfônica profissional, um ano depois de deixar o posto de organista na Igreja Episcopal de São Bartolomeu em Nova York, nomeado maestro da Orquestra Sinfônica de Cincinnati, foi o começo de sua carreira estelar. Como poderia uma transformação tão notável acontecer? Na biografia do maestro o escritor Chasins afirma que a esposa Olga Samaroff havia se encontrado “por acaso” com Bettie Holmes, presidente da diretoria da Associação da Orquestra Sinfônica de Cincinnati. A orquestra estava procurando um maestro para liderar a sinfônica que eles tinham acabado de restabelecer. Olga Samaroff sugeriu Leopold Stokowski. Isso o levou a ser entrevistado pelo Conselho de Cincinnati em 22 de abril de 1909. Aprovado, Stokowski conduziu seu primeiro concerto com a Cincinnati Symphony Orchestra em 26 de novembro de 1909 no Music Hall. Ele estreou com a abertura de “A Flauta Mágica”, de Mozart, a “Quinta Sinfonia” de Beethoven e “Ride of the Valkyries”, de Wagner. Foi um sucesso imediato, particularmente pelo impacto do seu carisma. Durante o período em Cincinnati de 1909 a 1912, Stokowski trabalhou assiduamente na melhoria de suas habilidades de condução e na construção de um repertório de obras que ele dominava. Embora ele tenha chegado a Cincinnati praticamente sem experiência na condução de uma orquestra sinfônica, seu profundo talento artístico e habilidades de liderança natural levaram a um sucesso rápido.

Primiere Ciccinati

Stokowski também mostrou desde o início uma busca pelo novo e inovador. Mesmo desde os primeiros concertos de Cincinnati, ele programava obras de compositores vivos, e seu mix de programação era estimulante. Ele também procurou expandir continuamente a temporada da orquestra viajando para outras cidades.

Olga foi um ingrediente chave no sucesso inicial da carreira de Stokowski. Durante esse período pré-guerra, Stokowski e Olga Samaroff também passariam os verões na Baviera em sua vila em Munique, imersos nos festivais culturais ativos de verão e na vida social. Munique nos verões naquela época era uma “Meca” musical na Europa. Este foi provavelmente o tempo mais feliz de Olga e Leopold juntos. Enquanto isso, em Cincinnati, Stokowski teve uma mistura de sucessos e rejeições da diretoria da orquestra, procurando expandir as turnês, inclusive para Nova York, e acrescentando músicos. Em março de 1912, depois de aumentar progressivamente os confrontos com a diretoria, Stokowski pediu para ser liberado dos dois anos restantes de seu contrato em Cincinnati. As más línguas da época suspeitaram que ele já estava de olho em outro estado, a Filadélfia. De fato a 13 de junho de 1912 Stokowski assina com a Orquestra da Filadélfia e em 8 de outubro de 1912, Stokowski realizou seu primeiro ensaio com a Orquestra da Filadélfia, seguido rapidamente pelo primeiro concerto em 12 de outubro. Durante o restante da década, Stokowski procurou substituir os músicos antigos da orquestra por jovens de mente aberta. Um aspecto de desempenho que ele parece ter perseguido desde o começo foi um estilo de performance flexível e menos rígido, do qual sua preferência pelos instrumentos de cordas é um diferencial. Estas renovações nos músicos ele aplicou em toda sua carreira e com qualquer orquestra com a qual ele entrou em contato.

Esta gravação de Stokowski conduzindo as obras de Wagner que ora compartilho com os amigos é um bom exemplo de como o maestro reescrevia obras originais, esta prática entre alguns grandes regentes era muito comum e se encaixava no gosto da época, hoje se busca pelo original, com instrumentos originais de época preferencialmente. Esta seleção da Fase 4 reúne cerca de uma hora de trechos orquestrais e populares das óperas de Wagner gravados em estúdio em 1966, quando o regente tinha 84 anos, além de uma faixa de 1972 “Meistersinger Prelude” que é ao vivo. Os resultados são amplos, românticos e emocionantes. O estilo predominante aqui é extrovertido e não sutil. A faixa do “Meistersinger” de 1972, feito quando ele tinha 90 anos, nos traz de volta ao som orquestral original, sem trechos reescritos. Devo dizer que Stokowski está magnifico. A abertura das Valkyries é emocionante e divertida, pelo destaque ao flautim (não sei se propositalmente feito pelo maestro, ou uma falha do engenheiro de som… sei lá, mas que ficou diferente ficou). Mas, à medida que avançamos as faixas, o Wagner de Stokowski se torna cada vez mais extravagante. O arranjo, o som acústico e o ritmo do maestro são perfeitos ao que ele nos propõe, em vez de apenas soar como mais uma “performance”. Muito interessante, assim como no post anterior da sinfonia de Beethoven, o som estéreo da Fase 4 que está em todo o lugar. Stokowski usa e abusa dos efeitos e nos oferece seus deliciosos truques. Acho um erro comparar estas gravações, por exemplo, com Furtwangler, Karajan ou Solti. É uma proposta diferente, original. Stokowski tem o foco em salões cheios e dar espetáculo àqueles que não tem o costume de cultuar a chamada Música Clássica. Os fãs puritanos de Wagner podem dar uma boa risada e levar numa boa, só isso. A qualidade do gênio Stokowski eu admiro muito.

É uma releitura genial e magistral de Wagner, apenas ouça ignorando o puritanismo.

Wagner: Orchestral Masterpieces

1. The Ride of the Valkyries – Die Walkure
2. Dawn and Siegfried’s Rhine Journey – Barry Tuckwell/Gotterdammerung
3. Siegfried’s Death and Funeral Music – Gotterdammerung
4. Entrance of the gods into Valhalla – Das Rheingoldi
5. Forest Murmurs – Siegfried
6. Prelude – Die Meistersinger

London Symphony Orchestra
Leopold Stokowski
Faixas 1-5: Recorded in Kingsway Hall, London, 26 august 1966
Faixa 6: Recorded in the Royal Festival Hall, London, june 1972

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Leopold, dando uma geral no Órgão do Salão de Concertos do PQP.

Ammiratore

Richard Wagner (1813-1883): O Navio Fantasma

Richard Wagner (1813-1883): O Navio Fantasma

Encarte parte 1_Página_1Em julho de 1839, um pequeno navio mercante alemão viajava da capital da Prússia para Londres. Após cruzar as calmas águas do Báltico, no estreito que separa a Dinamarca da Suécia a pequena embarcação se deparou com uma violenta tempestade que se estendeu até a costa Sul da Noruega. Enquanto o comandante e a tripulação de seis marinheiros davam todos os seus esforços para manter o navio a salvo os dois passageiros, um jovem alemão de 26 anos e sua bonita esposa, se refugiavam na estreita cabina do comandante com todas as impressões de quem não está acostumado a viagens agitadas no mar; enjôos e aquele sentimento de que vão morrer a qualquer momento. Os passageiros eram Richard Wagner (1813-1883) e sua esposa Minna. Estavam “de carona” no navio e desembarcariam na França, pois sua ambição era completar e ver representada a ópera Rienzi na Ópera de Paris. Quando a embarcação foi obrigada a desviar para a costa da Noruega os ventos diminuíram e a tempestade ficava para trás, Wagner sobe ao convés e contempla a tripulação trabalhando e cantando enquanto passavam pelos labirintos dos fiordes noruegueses. Wagner descreveu o episódio da seguinte maneira: “Quando me senti quase aliviado, quando vi a extensa costa rochosa, era para lá que o vento nos impelia violentamente. Um piloto norueguês veio ao nosso encontro em uma pequena embarcação e com mão segura tomou o comando do nosso navio, graças ao que pouco depois tive uma das maiores impressões maravilhosas de minha vida. Aquilo que eu pensara ser uma linha contínua de montanhas, ao nos acercar, resultou em rochas separadas que se projetavam para o mar. Quando passamos delas, notamos que estávamos rodeados de arrecifes, não só pela frente como por trás, de maneira tal que parecíamos estar no meio de uma verdadeira cadeia de pedras. Essas rochas quebraram paulatinamente a ferocidade do furacão, que ia ficando cada vez mais para trás, pois as águas iam-se acalmando à medida que navegávamos por esse sempre cambiante labirinto rochoso. Finalmente, pareceu-nos estar sobre um lago tranquilo, quando fomos introduzidos em um fiorde, que a mim se assemelhou com a entrada do mar no fundo de uma profunda garganta pétrea. Uma indescritível sensação de satisfação me embargou a voz, quando os imponentes alcantilados de granito fizeram eco aos gritos da tripulação, enquanto soltava a âncora e baixava as velas. Senti os ritmos desse chamado como um bom augúrio, os quais se converteram no tema da canção dos marinheiros de “O Navio Fantasma” (ou, O Holandês Errante). A ideia da ópera fixou-se latente em minha imaginação e, devido às impressões experimentadas, lentamente começou a tomar forma poética e musical em minha memória.” Esta canção dos marinheiros é cantada no início da ópera (CD1 faixa 2) pelos marinheiros noruegueses quando eles escapam da tempestade. A lenda do Navio Fantasma ele a encontrou nas “Memórias do Senhor von Schnabelewopski”, de Heine. A história se refere a um capitão que jurou, apesar do mar tempestuoso, que o impedia, que dobraria o Cabo da Boa Esperança, mesmo que devesse navegar até o dia do juízo final. O diabo lhe tomou as palavras, e o dedicado holandês e sua tripulação se viram obrigados a navegar eternamente; mas era-lhe permitido ir a terra uma vez a cada sete anos, para ver se conseguiria encontrar uma mulher que o amasse fielmente até a morte, redimindo-o assim de sua maldição.

A redenção através do amor – uma idéia muito cara a Wagner.

Wagner, em plena juventude, em sua não tão agradável temporada em Paris (1839-1841), compôs a música do Navio Fantasma em apenas sete semanas. Deixou interessantíssimas e minuciosas notas sobre a concepção dos personagens e como deveriam ser interpretados. Originalmente, a estória se passava na Escócia, mas Wagner, tendo passado por aquela tormenta na costa norueguesa, situou a ação nesse país. Vamos ao argumento da ópera dividida em três atos:

Primeiro ato: Daland, um navegardor norueguês, vê-se forçado por uma severa tempestade a ancorar numa baía protegida, não muito distante de sua cidade. Ele e sua tripulação descem para repousar, enquanto esperam por melhor tempo, deixando o piloto sozinho montando guarda. Ele entoa uma canção (CD1 faixa 3) para manter-se desperto, mas acaba vencido pelo sono. Um sinistro navio de mastros negros pode ser agora visto. DVD 6Ele vem flutuando e ancora na baía. Enquanto a fantasmagórica tripulação recolhe as velas vermelho-sangue, seu comandante vem à terra. Trata-se do lendário Holandês Voador, condenado com sua tripulação a singrar os mares por toda a eternidade. A cada sete anos é-lhe concedido desembarcar em busca de uma mulher fiel, que possa redimi-lo. Mas até então nenhuma mulher fora-lhe fiel, fazendo com que ele anseie apenas pela morte e pelo esquecimento (CD1 faixa 4). Ao despertar , Daland depara-se com o estranho navio e saúda o comandante. O holandês conta-lhe como por anos a fio tem desejado um lar. Ordena que lhe tragam de bordo um baú cheio de riquezas, e promete a Daland toda sua fortuna se este oferecer-lhe hospitalidade. Ao tomar conhecimento de que Daland tem uma filha, pergunta-lhe se ela poderia vir a ser sua esposa. O norueguês fica encantado com a perspectiva de um genro tão abastado (CD1 faixa 6) e o holandês vê mais uma vez renovar-se dentro de si a esperança. Nesse meio tempo, a tempestade amainou e sopra um vento sul que lhes permite retomar a viagem de volta à casa. Ao canto da tripulação, o navio de Daland faz-se ao mar, o holandês promete segui-lo assim que seus homens tenham descansado.

Segundo ato: Na casa de Daland moças estão cantando e fiando sob a supervisão da velha ama, Mary (CD1 faixa 11). Somente Senta, filha e Daland, não toma parte. Ela está absorta contemplando um quadro na parede, que retrata o Holandês Voador. As outras moças riem de seu interesse pelo retrato, e brincam dizendo-lhe que o caçador Erik, que a ama, ficará enciumado. Senta pede a Mary que cante para ela a velha balada do Holandês Voador, cuja sorte a emociona tão profundamente. A ama nega-se a fazê-lo e a própria Senta canta a lenda do comandante cujo juramento blasfematório condenou-o a errar pelos mares, até que possa encontrar uma mulher que lhe seja fiel até a morte (CD1 faixa 13). Sena canta com crescente emoção, e as companheiras a ouvem cada vez com maior interesse, acabando por juntar-se a ela no refrão. No final, presa de selvagem excitação, Senta declara que deseja ser a redentora do holandês. Mary e as moças ficam horrorizadas, assim como Erik, que acabara de entrar trazendo a notícia da volta de Daland. Mary conduz as fiadeiras para fora, para prepararem as boas vindas aos marinheiros, mas Erik retém Senta e tenta fazê-la voltar a si de sua obsessão pela lenda do holandês. Sabedor de que o pai de Senta não aceitaria um genro pobre, Erik tenta conseguir pelo menos alguma retribuição pelo amor que volta de declarar-lhe (CD2 faixa 3). Senta responde de maneira evasiva. Erik narra-lhe um sonho que tivera, onde vira Senta e o misterioso navegante do quadro desaparecerem juntos no mar (CD2 faixa 4) Senta interpreta o sonho como profecia, declarando em êxtase que se sacrificaria pelo holandês. Erik sai desesperado, e Senta volta a contemplar o retrato. Nesse momento Daland entra com o holandês. Ele explica à sua filha que o estrangeiro desejaria casar-se DVD 9com ela, e fala de sua riqueza, ao mesmo tempo em que louva a beleza da filha para o holandês (CD2 faixa 6). Querendo deixá-los a sós, ele sai. O holandês contempla Senta sonhadoramente, reconhecendo nela a mulher fiel com que sempre sonhou (CD2 faixa7). Senta, por sua vez, promete que cumprirá os desígnios de seu pai, e quando o holandês fala de seus sofrimentos ela demonstra sua simpatia e compaixão. O holandês acredita que seus sofrimentos estão para acabar. Quando Daland volta para saber o que a filha havia decidido, ela jura que irá casar-se com o estrangeiro, sendo-lhe fiel até a morte.

Terceiro ato: A bordo de seu navio, os marinheiros de Daland estão celebrando a volta ao lar (CD2 faixa 12). O navio do holandês está ancorado bem perto, sinistramente sombrio e silencioso. Chegam as moças trazendo comida e bebida. Chamando os marinheiros holandeses para virem juntar-se a eles. Mas não há resposta, nem mesmo quando os marinheiros de Daland renovam o convite. Os marujos noruegueses divertem-se dizendo que aquele deve ser o navio fantasma do Holandês Voador, e retomam seu canto, enquanto as moças se afastam. Nesse momento inicia-se um movimento crescente no navio do holandês, que começa a jogar e a sacudir, como se estivesse sendo acossado por uma tempestade, apesar do mar no porto permanecer perfeitamente calmo. Irrompe então um coro selvagem, fantasmagórico, fazendo calar o canto dos noruegueses, que fogem apavorados, perseguidos pelas risadas zombeteiras e enregelantes da tripulação espectral do holandês. Senta sai da casa de seu pai, seguida por Erik, que a censura amargamente por sua decisão de casar-se com o estrangeiro, que ele havia reconhecido pelo fatídico quadro. Erik insiste em que Senta havia jurado anteriormente ser fiel apenas DVD 1a ele (CD2 faixa16). Surpreendendo a conversa o holandês julga ter sido mais uma vez traído. Apesar de todas as que quebram o juramento feito a ele serem eternamente condenadas, Senta ainda não lhe jurara fidelidade diante de Deus. Assim sendo, o holandês resolve abandoná-la imediatamente, para evitar sua ruína. Erik chama Daland, Mary e os outros, para ajudarem a impedir Senta de seguir o estrangeiro que agora revela, abertamente, sua identidade como o Holandês Voador, antes de mais uma vez fazer-se ao mar. Senta consegue livrar-se, volta a jurar que será fiel ao holandês até a morte, e tira-se no mar. O navio maldito lança-se sobre as ondas e vê-s, à distância, as formas transfiguradas de Senta e do holandês, alçando-se juntos rumo ao céu.

(Trechos retirados do encarte do vinil da versão do Sir Georg Solti, 1976, texto Gerd Uekermann ).

O Navio Fantasma, uma obra de prodigiosa genialidade. Wagner se identificava intensamente com o Holandês Voador como se pode sentir já bem no início da Abertura, onde quatro trompas lançam o tema audaz do comandante do navio, guiado pelo destino contra o vento uivante colocado em movimento pelas madeiras agudas, trompetes e cordas em tremolo. Mais do que qualquer outro trabalho de Wagner, esta ópera dá aos estudiosos e ouvintes uma visão fascinante sobre o início da direção de sua autêntica criatividade, ai o gênio ainda jovem descobre seu verdadeiro eu. Ainda inconscientemente ele semeia um processo original que o separaria da ópera tradicional. A qualidade da música é de inextinguível vitalidade. Esta performance do Festival de Bayreuth de 1985 que compartilho com vocês é soberba! Simon Estes esta sensacional sua voz é esmagadora e dá ao holandês a credibilidade e presença que justificam a obsessão de Senta, interpretado pela magnífica Lisbeth Balslev, ela canta lindamente e ao mesmo tempo assustadoramente incorporando de forma impressionante a personagem perturbada que é Senta. Matti Salminen é simplesmente incrível – moçada, essa voz realmente vem de uma garganta humana ? Schunk canta Erik de maneira maravilhosa e poderosa; o melhor que eu já ouvi ! A orquestra do Festival de Bayreuth sob a regência do grande Woldemar Nelsson está arrebatadora. A música surge de uma forma como se os artistas adorassem essa ópera, é o que eu consigo perceber pela forma significativa que eles transmitiam durante a apresentação. Realmente é emocionante de ouvir ! Recomendo sem restrições àqueles que desejam conhecer a música de Wagner.

Pessoal, o libreto em português está junto com as faixas e as imagens do encarte. Bom divertimento !

Richard Wagner (1813-1883): O Navio Fantasma

CD1
01 – Overture
02 – Hojoje! Hojoje !
03 – Mit Gewitter und Sturm aus fernem Meer.
04 – Die Frist ist um
05 – Wie oft in Meeres tiefsten Schlund.
06 – He! Holla! Steuermann.
07 – Durch Sturm und bösen Wind
08 – Wie? Hör ich recht ?
09 – Südwind!
10 – Mit Gewitter und Sturm aus fernem Meer
11 – Summ und brumm
12 – Du Böses Kind.
13 – Johohoe! Traft ihr das Schiff im Meere an.

CD2
01 – Ach, wo weilt sie
02 – Senta! Willst du mich verderben?
03 – Bleib, Senta!
04 – Auf hohem Felsen lag ich träumend.
05 – Mein Kind
06 – Mögst du, mein Kind.
07 – Wie aus der Ferne.
08 – Wirst du des Vaters Wahl nicht schelten?
09 – Ein heil ger Balsam.
10 – Verzeiht! Mein Volk.
11 – Entr’acte
12 – Steuermann, lab die Wacht!
13 – Tan der norwegischen Matrosen.
14 – Johohoe! Johohoe! Hoe! Hoe!
15 – Was mubt ich hören.
16 – Willst jenes Tags du nicht.
17 – Verloren! Ach, verloren !
18 – Erfahre das Geschick

Daland – Matti salminen
Senta – Lisbeth Balslev
Erik – Robert Schunk
Mary – Anny Schlemm
Der Steuermann – Graham Clark
Der Holländer – Simon Estes
Coro do Festival de Bayreuth, Orquestra do Festival de Bayreuth
Woldemar Nelsson – Regente
Gravação original do Festival de Bayreuth – 1985

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Wagner fazendo pose na época da composição do Navio Fantasma.
Wagner fazendo pose na época da composição do Navio Fantasma.

Ammiratore

Richard Strauss (1864-1949): Assim Falou Zaratustra (Also Sprach Zarathustra), Jean Sibelius (1865-1957) – Valsa Triste e Sinfonia No. 2 in D major, Op. 43

Richard Strauss (1864-1949): Assim Falou Zaratustra (Also Sprach Zarathustra), Jean Sibelius (1865-1957) – Valsa Triste e  Sinfonia No. 2 in D major, Op. 43

Mariss JansonsHá músicas e compositores que possuem um poder inebriador, enfeitiçador, sobre cada um de nós. Há, por sua vez, outros que não chamam a atenção. Com relação a isso, posso afirmar que já tentei ouvir dezenas de vezes a música de Rossini, Johann Strauss e um pouco de Wagner. E olhe que cheguei até a comprar CDs dos três compositores, para que ninguém diga que é uma implicação boba. Acho-os chatões de galocha. O mais suportável deles é o Rossini. Johann Strauss é enfadonho; e Wagner é um “mastodonte megalomaníaco”, que entedia nos primeiros acordes. Claro, peço perdão àqueles que gostam desses compositores. Esboço aqui um ponto de vista pessoal. Para se ter uma ideia, possuía um outro compositor em minha lista de sacrílegos — Rachmaminov –, mas após ouvi-lo com mais atenção, o russo saiu do purgatório. Ainda não entrou no paraíso, mas já começa a ser cortejado pelos anjos que guardam os portões da eternidade. Mais uma vez: uma opinião pessoal. Com relação às peças que nos marcam, posso afirmar que há nesta postagem duas delas. O poema sinfônica Assim falou Zaratustra de um outro Strauss, o Richard, e a Sinfonia no. 2 de Jean Sibelius. Com relação à peça de Richard Strauss, acredito que seja uma das mais conhecidas e celebradas no século XX. É só assistir à película 2001, uma odisséia no espaço, de Kubrick. Strauss compôs a peça no ano de 1896. É um dos primeiros trabalhos feitos para homenagear Nietzsche — embora este estivesse com uma paralisia geral à essa época. Mas, ele deve ter ouvido as notícias referentes a essa homenagem feito pelo compositor. A filosofia do futuro avivava-se. Com relação à outra peça da postagem — a Sinfonia no. 2 de Sibelius — tenho uma relação de carinho para com ela. Começou a ser composta em 1900. É um trabalho belíssimo que exalta o seu país, a Finlândia. O trabalho enfoca a luta do povo finlândes contra a opressão russa. Ficou conhecida, alternativamente, como Sinfonia da Independência. É uma sinfonia de espiríto grandioso, de exaltação. A condução desses dois registros é executada por Maris Jansons, um maestro letão, de ótimo nível. A gravação é ao vivo. Uma boa apreciação!

Richard Strauss (1864-1949) – Assim Falou Zaratustra (Also Sprach Zarathustra)

01. Einleitung (Introdução), ou nascer do sol
02. Von den Hinterweltlern (Dos Antigos Homens)
03. Von der großen Sehnsucht (Da Grande Saudade)
04. Von den Freuden und Leidenschaften (Das Alegrias e Paixões)
05. Das Grablied (O Túmulo-Canção)
06. Von der Wissenschaft (Da Ciência)
07. Der Genesende (A Convalescença)
08. Das Tanzlied (A Dança-Canção)
09. Nachtwandlerlied (Canção do Sonâmbulo)

Jean Sibelius (1865-1957) – Valsa Triste
10. Valsa Triste

Sinfonia No. 2 in D major, Op. 43
11. Allegretto – Poco allegro – Tranquillo, ma poco a poco revvivando il tempo al allegro
12. Tempo andante, ma rubato – Andante sostenuto
13. Vivacissimo – Lento e suave – Largamente
14. Finale: (Allegro moderato)

Bavarian Radio Symphony Orchestra
Mariss Jansons, regente

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Sieblius ri: "Hahahaha Até Strauss sabe que eu sou mais compositor do que ele!"
Sibelius ri: “Hahahaha, Até Strauss sabia que eu era mais compositor do que ele!”

Carlinus

Richard Wagner (1813-1883) – Tannhäuser e o torneio de trovadores de Wartburg (Tannhäuser und der Sängerkrieg aus Wartburg)

Tannhäuser und der Sängerkrieg aus Wartburg (Tannhäuser e o torneio de trovadores de Wartburg, em alemão) é uma ópera em três atos com a música de Richard Wagner, e com o libreto do próprio compositor. Estreou no ano de 1845 na cidade Dresden, na Alemanha. Baseada numa lenda medieval, conta a história de Tannhäuser, um menestrel que se deixa seduzir por uma mulher mundana, de nome Vênus, contrariando assim a defesa do torneio dos trovadores a que ele pertence de que o amor deve ser sublime e elevado. Quando Tannhäuser defende deliberadamente o amor carnal de Vênus, é reprimido pelos trovadores e consolado apenas por Isabel, uma virgem que o ama muito. É-lhe dito que sua única chance de perdão é dirigir-se ao Vaticano e rogar o perdão do Papa.Tannhäuser segue, então, com o torneio até Roma, mas de maneira auto-punitiva: dormindo sobre a neve, enquanto os demais estão no alojamento; caminhando descalço sobre o chão quente, passando fome, e ainda com os olhos vendados, para não ver as belas paisagens da Itália. Ao chegar diante do papa, em vez de obter o perdão, ouve o papa dizer que é mais fácil o cajado que ele segura florescer do que ele obter o perdão dos pecados, tanto no céu quanto na terra. Odiando a igreja, Tannhäuser volta à Alemanha e Isabel sobe aos céus, rogando a Deus que interceda por ele. Os trovadores voltam com a notícia de que o cajado do papa floresceu, simbolizando que um pecador obteve no céu o perdão que não obteve na terra.

DAQUI

Richard Wagner (1813-1883) – Tannhäuser e o torneio de trovadores de Wartburg (Tannhäuser und der Sängerkrieg aus Wartburg)

DISCO 01

01. Overture

Act 1

02. “Naht euch dem Strande” (Venusberg Music)
03. “Geliebter, sag, wo weilt dein Sinn?”
04. “Dir töne Lob! Die Wunder sei’n gepriesen”
05. “Geliebter, komm! Sieh dort die Grotte!”
06. “Stets soll nur dir mein Lied ertönen!”
07. “Zieh hin, Wahnsinniger, zieh hin!”
08. “Frau Holda kam aus dem Berg hervor”
09. “Zu dir wall ich, mein Jesus Christ”
10. “Wer ist der dort in brünstigem Gebete?”
11. “Als du in kühnem Sange uns bestrittest”

DISCO 02

Act 2

01. “Dich, teure Halle, grüß ich wieder”
02. “Dort ist sie; nahe dich ihr ungestört!” – “Der Sänger klugen Weisen lauscht’ ich sonst”
03. “Den Gott der Liebe sollst du preisen”
04. “Dich treff ich hier, in dieser Halle”
05. “Freudig begrüßen wir die edle Halle”
06. “Gar viel und schön”
07. “Blick ich umher in diesem edlen Kreise”
08. “Auch ich darf mich so glücklich nennen” – “Den Bronnen, den uns Wolfram nannte”
09. “O Walther, der du also sangest” – “Heraus zum Kampfe mit uns allen!” – “O Himmel, laß dich jetzt erflehen”
10. “Dir, Göttin der Liebe, soll mein Lied ertönen!”
11. “Was hör ich?”
12. “Der Unglücksel’ge, den gefangen”
13. “Weh! Weh, mir Unglücksel’gem!”
14. “Ein furchtbares Verbrechen ward begangen”
15. “Versammelt sind aus meinen Landen”

DISCO 03

Act 3

01. Introduction
02. “Wohl wußt’ ich hier sie im Gebet zu finden”
03. “Beglückt darf nun dich, o Heimat, ich schauen” – “Dies ist ihr Sang”
04. “Allmächt’ge Jungfrau, hör mein Flehen!”
05. “Wie Todesahnung Dämmrung deckt die Lande”
06. “O du, mein holder Abendstern”
07. “Ich hörte Harfenschlag”
08. “Inbrunst im Herzen”
09. “Nach Rom gelangt’ ich so”
10. “Da sank ich in Vernichtung dumpf darnieder” – “Halt ein! Unsel’ger”
11. “Willkommen, ungetreuer Mann” – “Der Seele Heil, die nun entflohn”
12. “Heil ! Heil! Der Gnade Wunder Heil!”

Orchester der Deutschen Oper Berlin
Chor der Deutschen Oper Berlin
Otto Gerdes, regente
Birgit Nilsson
Horst Laubenthal
Friedrich Lenz
Dietrich Fischer-Dieskau
Klaus Hirte
Hans Sotin
Theo Adam
Walter Hagen-Groll

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Carlinus

Richard Wagner (1813-1883) – Os Mestres Cantores de Nuremberg (Die Meistersinger von Nürnberg)

Continuemos em nossa empreitada das óperas wagnerianas. A seguir, informações históricas sobre Os Mestres cantores de Nuremberg, extraídas DAQUI: “A ópera Die Meistersinger, de Wagner está baseada em fatos históricos. A figura dos Mestres cantores remonta seu patrimônio estilístico ao Minnesinger alemão. Equivalente ao trovador ou menestrel, os Minnesinger percorriam a Alemanha dos séculos XII, XIII e XIV, compondo canções e poemas em louvor ao amor galante. A partir dessas criações foram estabelecidos conjuntos de regras que deveriam ser rigorosamente obedecidos na composição musical. Aqueles que estabeleceram esse estilo de composição musical eram chamados Meistersinger e estiveram em voga do século XIV até o século XVI. Em geral, os Meintersinger eram artesões de classe media que se organizavam e sociedades ou Singschulen (“escolas de canto”) para poetas e músicos. Dentro das sociedades eram observados diferentes níveis hierárquicos: os que se encontravam no primeiro nível eram os Schüler e os Schulfreunde (aprendizes), seguidos pelos Sänger (cantores), Dichter (“poetas”) e no topo, o cobiçado título de Meister (aqueles dotados de talento para produzir novas melodias). As sociedades de Meistersinger freqüentemente promoviam concursos com regras estritas, semelhante ao apresentado na ópera de Wagner. As regras ou Tablatur, determinavam a melodia, o metro, o esquema de rimas e até o tema. Uma vez que essas competições eram realizadas nas igrejas, somente assuntos religiosos eram permitidos (no mínimo até o século XV), após a Reforma os temas eram originados quase que exclusivamente da Bíblia de Lutero. O apego a linguagem utilizada por Lutero é também um exemplo de como os Meistersinger estavam comprometidos com o emprego de uma linguagem pura. Para suas canções eles preferiam o padrão do hochdeutsch (alemão superior) utilizado nas classes sociais mais altas, no governo e na Bíblia de Lutero. Um dialeto regional poderia ser usado mas moderadamente, palavras coloquiais não poderiam ser empregadas para rimar com palavras do alemão superior. Outras regras estabeleciam que o significado da poesia deveria ser claro e que a claridade e a gramática não poderiam comprometer a rima ou o número de sílabas. As Singschulen (escolas de canto) se encontravam em todas as cidades ao sul da Alemanha mas foi Nüremberg que se destacou como centro principal. Nüremberg foi a cidade natal de Hans Sachs, também ficou conhecida pelos esforços de um Hans Folz, que tentou persuadir sua sociedade a atenuar as restrições musicais. Apesar dos esforços inovadores de Hans Folz e de outros, as várias Singschulen foram paulatinamente eliminadas pela rigidez e complexidade de seus Tablatur (conjuntos de regras). Gradualmente as sociedades se dissolveram e apenas um grupo sobreviveu até 1875 em Memmingen“.

Mais informações AQUI

Richard Wagner (1813-1883) – Os Mestres Cantores de Nuremberg (Die Meistersinger von Nürnberg)

DISCO 01

01. Prelude
02. Act-1 Scene 1 – Da zu dir der Heiland kam, willig seine Taufe nahm
03. Act-1 Scene 1 – Verweilt! – Ein Wort! Ein einzig Wort!
04. Act-1 Scene 1 – Da bin ich; wer ruft_
05. Act-1 Scene 2 – David, was stehst_
06. Act-1 Scene 2 – Mein Herr, der Singer Meisterschlag gewinnt sich nicht an einem Tag
07. Act-1 Scene 2 – Das sind nur die Namen; nun lernt sie singen
08. Act-1 Scene 2 – Habt ihr zum ‘Singer’ euch aufgeschwungen und der Meister T_ne richtig gesungen
09. Act-1 Scene 3 – Seid meiner Treue wohl versehen, was ich bestimmt, ist euch zu Nutz_
10. Act-1 Scene 3 – Zu einer Freiung und Zunftberatung ging an die Meister ein’ Einladung_
11. Act-1 Scene 3 – Das schone Fest, Johannistag, ihr wisst, begeh’n wir morgen;
12. Act-1 Scene 3 – Das heisst ein Wort, ein Wort ein Mann!
13. Act-1 Scene 3 – Verzeiht! Vielleicht schon ginget ihr zu weit
14. Act-1 Scene 3 – Mir gen¨¹gt der Jungfer Ausschlagstimm’
15. Act-1 Scene 3 – Dacht’ ich mir’s doch! Geht’s da hinaus, Veit_
16. Act-1 Scene 3 – Am stillen Herd in Winterszeit, wann Burg und Hof mir eingeschneit
17. Act-1 Scene 3 – Nun, Meister, wenn’s gefallt, werd’ das Gemerk bestellt
18. Act-1 Scene 3 – Was euch zum Liede Richt’ und Schnur, vernehmt nun aus der Tabulatur!

DISCO 02

01. Act-1 Scene 3 – ‘Fanget an!’ – So rief der Lenz in den Wald
02. Act-1 Scene 3 – Seid ihr nun fertig_
03. Act-1 Scene 3 – Halt, Meister! Nicht so geeilt!
04. Act-1 Scene 3 – Aus finst’rer Dornenhecken die Eule rauscht hervor
05. Act-2 Scene 1 – Johannistag! Johannistag!
06. Act-2 Scene 2 – Lass sehn, ob Nachbar Sachs zu Haus_
07. Act-2 Scene 3 – Zeig her! – ‘s ist gut. Dort an der Tur’
08. Act-2 Scene 3 – Wie duftet doch der Flieder so mild, so stark und voll!
09. Act-2 Scene 4 – Gut’n Abend, Meister! Noch so fleissig_
10. Act-2 Scene 4 – Hilf Gott! Wo bliebst du nur so spat_ – Scene 5 – Da ist er!
11. Act-2 Scene 5 – Ja, ihr seid es! nein, du bist es!
12. Act-2 Scene 5 – Uble Dinge, die ich da merk’_ – Scene 6 – Wie_ Sachs_ Auch er_
13. Act-2 Scene 6 – Jerum! Jerum! Hallo allohe!
14. Act-2 Scene 6 – Mich schmerzt das Lied, ich weiss nicht wie!
15. Act-2 Scene 6 – War das eu’r Lied_
16. Act-2 Scene 6 – Den Tag seh’ ich erscheinen, der m¨ªr wohl gefall’n tut_
17. Act-2 Scene 6 – Seid ihr nun fertig_
18. Act-2 Scene 7 – Ach, Himmel! David! Gott, welche Not!

DISCO 03

01. Act-3 – Prelude
02. Act-3 Scene 1 – Gleich, Meister! Hier!
03. Act-3 Scene 1 – Blumen und Bander seh’ ich dort_ schaut hold und jugendlich aus
04. Act-3 Scene 1 – ‘Am Jordan Sankt Johannes stand’
05. Act-3 Scene 1 – Wahn! Wahn! ¨¹berall Wahn!
06. Act-3 Scene 2 – Gruss’ Gott, mein Junker! Ruhtet ihr noch_
07. Act-3 Scene 2 – Mein Freund, in holder Jugendzeit
08. Act-3 Scene 2 – Morgenlich leuchtend in rosigem Schein
09. Act-3 Scene 2 – Abendlich gluhend in himmlischer Pracht verschied der Tag
10. Act-3 Scene 3 – Ein Werbelied! Von Sachs! Ist’s wahr_
11. Act-3 Scene 3 – Oh Schuster, voll von Ranken
12. Act-3 Scene 3 – Mag sein; doch hab’ ich noch nie entwandt
13. Act-3 Scene 4 – Gruss Gott, mein Evchen!
14. Act-3 Scene 4 – Weilten die Sterne im lieblichen Tanz_
15. Act-3 Scene 4 – O Sachs, mein Freund! Du teurer Mann!

DISCO 03

01. Act-3 Scene 4 – Ein Kind ward hier geboren_
02. Act-3 Scene 4 – Selig, wie die Sonne meines Gluckes lacht
03. Act-3 Scene 4 – Nun, Junker, kommt! Habt frohen Mut!
04. Act-3 Scene 5 – Sankt Krispin, lobet ihn!
05. Act-3 Scene 5 – Ihr tanzt_ Was werden die Meister sagen_
06. Act-3 Scene 5 – Wacht auf, es nahet gen den Tag;
07. Act-3 Scene 5 – Euch macht ihr’s leicht, mir macht ihr’s schwer
08. Act-3 Scene 5 – O Sachs, mein Freund! Wie dankenswert!
09. Act-3 Scene 5 – Morgen ich leuchte in rosigem Schein
10. Act-3 Scene 5 – Das Lied, furwahr, ist nicht von mir
11. Act-3 Scene 5 – Morgenlich leuchtend im rosigen Schein, von Blut’ und Duft geschwellt die Luft
12. Act-3 Scene 5 – Verachtet mir die Meister nicht, und ehrt mir ihre Kunst!
13. Freischutz – Nein, langer trag’ich nicht die Qualen
14. Freischutz – Durch die Walder durch die Auen
15. Freischutz – Wolfsschlucht

Saxon State Orchestra
Rudolf Kempe, regente
Ferdinand Frantz, Hans Sachs
Tiana Leimnitz, Eva
Gerhard Unger, David
Kurt Bohme, Veit Pogner

Dresden, 1951

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Carlinus

Richard Wagner (1813-1883) – Rienzi , o último dos tribunos, WWV 49 (ópera em 5 atos)

Rienzi, der letzte der Tribunen (em port.: Rienzi, o último dos tribunos) é a terceira ópera, de cinco actos, composta em 1840, por Richard Wagner. O seu libreto foi escrito pelo próprio compositor, embora baseado no romance do novelista inglês Edward George Earl Bulwer-Lytton intitulado Rienzi, o último Tribuno Romano, e também numa peça de teatro da novelista e dramaturga também inglesa Mary Russell Mitford. Em Junho de 1837, Wagner foi contratado como diretor musical em Riga. Enquanto esperava pela tomada de posse desse cargo, leu com muito interesse, em Blasewitz, perto de Dresden, a supracitada novela de Bulwer-Lytton. Imediatamente se sentiu atraído pela idéia de criar algo grande e fantástico a fim de se alhear da infortunada realidade da sua vida. O pensamento de fazer uma “grande ópera heróica 1836, juntamente com o seu amigo Theodor Apel. Em 1840, a ópera estava terminada. Wagner tinha então 27 anos. Já tinha composto a sua primeira ópera, As Fadas, em 1833, aos 23 anos, e a sua segunda ópera, O Amor Proibido, em 1834 aos 24 anos. A estréia de Rienzi, dirigida pelo maestro Karl Gottlieb Reißiger, ocorreu no Teatro da Corte de Dresden, no dia 20 de Outubro de 1842. Apesar da ópera ter durado cerca de seis longas horas (contando com os intervalos), o sucesso foi retumbante e marcou, para sempre, a vida de Wagner. O manuscrito original perdeu-se e foi encontrado, anos mais tarde, na biblioteca particular de Adolf Hitler. Isso não seria de se estranhar, pois Hitler, assíduo frequentador das óperas wagnerianas, apreciava esta ópera acima de todas as outras. De acordo com o documentário Mulheres de Hitler, Hitler chegou a assistir Rienzi mais de quarenta vezes. A razão é porque o enredo anda todo à volta da vida de Cola di Rienzi, uma personagem popular da Itália medieval que tenta derrotar os nobres, incutir a revolta no povo, conduzindo-o a um futuro melhor. Os estandartes do Partido Nazi foram concebidos pelo Führer com base nos modelos desta ópera.

DAQUI

P.S. Quem quiser saber mais da relação de Hitler com a ópera Rienzi de Wagner, assista ao documentário A Arquitetura da Destruição, do sueco Peter Cohen.

Richard Wagner (1813-1883) – Rienzi , o último dos tribunos, WWV 49 (ópera)

DISCO 01

01 – Ouvertüre
02 – Hier ist’s, hier ist’s! Frisch auf
03 – Dies ist eu’r handwerk, daran erkenn’ ich euch!
04 – O Schwester, sprich, was dir geschah
05 – Die Stunde naht, mich ruft mein hohes Amt
06 – Er geht und lässt dich meinem Schutz
07 – Gegrüßt, gegrüßt sei, hoher tag
08 – Rienzi! Ha Rienzi hoch! – Erstehe, hohe Roma, neu!
09 – Jauchzet, ihr Täler!

DISCO 02

01 – Rienzi, nimm des Friedens Gruß!
02 – Colonna, hörtest du das freche Wort _
03 – Erschallet Feierklänge!
04 – Ihr Römer, es beginnt das Fest
05 – Pantomime
06 – Rienzi! Auf! Schützt den Tribun!
07 – Mein armer Bruder, nicht durch mich

DISCO 03

01 – Euch Edlen dieses Volk verzeiht, seid frei
02 – Vernahmt ihr all’ die Kunde schon_
03 – Gerechter Gott! So ist’s entschieden schon!
04 – Wo war ich_ Ha, wo bin ich jetzt_
05 – Marsch
06 – Der Tag ist da, die Stunde naht
07 – Nun denn, nimm, Schicksal, deinen Lauf!
08 – Heil, Roma, dir!

DISCO 04

01 – Wer war’s, der euch hieher beschied_
02 – Ihr nicht beim Feste_
03 – Vae, vae tibi maledicto!
04 – Allmächt’ger Vater, blick herab!
05 – Verlässt die Kirche mich
06 – Ich liebte glühend meine hohe Braut
07 – Rienzi, o mein großer Bruder
08 – Du hier, Irene_
09 – Herbei! Herbei! Auf, eilt uns zu!

*BBC North, June 27, 1976

BBC Northem Symphony Orchestra
Edward Downes, regente

*Informações sobre os intérpretes encontram-se nos scans que seguem no quarto disco

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Richard Wagner (1813-1883) – Parsifal, ópera em 3 atos

Parsifal é uma ópera de três atos do com a música e libreto do compositor alemão Richard Wagner. Estreou no Bayreuth Festspielhaus em Bayreuth no mês de julho de 1882. A ópera se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha, onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O mago negro Klingsor teria construído um jardim mágico povoado com mulheres que, com seus perfumes e trejeitos, seduziriam os cavaleiros e faria com que eles quebrassem seus votos de castidade, e teria ferido Amfortas, rei do Graal, com a lança que perfurou o flanco de Cristo, e todas as vezes em que Amfortas olha em direção ao Graal sente a ferida arder. Tal redenção só poderia ser realizada por um “inocente casto” (significado da palavra “Parsifal”). Este, em sua primeira aparição na ópera, surge ferindo um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas, e a todas as perguntas que os cavaleiros lhe fazem responde dizendo que não sabe de nada, nem ao mesmo seu nome. Parsifal atravessa o jardim mágico de Klingsor e é seduzido pela amazona Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor. Ao beijá-la, sente os estigmas das feridas que afligiam Amfortas e, quando Klingsor atira a lança contra ele, a lança dá a volta em seu corpo, e todo o castelo mágico é destruído. Tempos depois, tendo os cavaleiros se convencido de que ele é o “inocente casto” que faria a salvação, Parsifal cura as feridas de Amfortas e o destrona, assumindo a nova condição de rei do Graal.

DAQUI

Tradução do libreto

Richard Wagner (1813-1883) – Parsifal

DISCO 01

01 – Act 1. Vorspiel – Prelude
02 – Act 1. ‘He! Ho! Waldhüter ihr’ – Gurnemanz
03 – Act 1. ‘Sehr dort, die wilde Reiterin!’
04 – Act 1. ‘Recht so! – Habt Dank!’ – Amfortas
05 – Act 1. ‘He, du da! Was liegst du dort wie ein wildes Tier_’
06 – Act 1. ‘Das ist ein andres’ – Gurnemanz
07 – Act 1. ‘Titurel, der fromme Held, der kannt’ ihn wohl’
08 – Act 1. Vor allem nun_ der Speer kehr uns zurück!
09 – Act 1. ‘Weh! Weh’
10 – Act 1. ‘Du konntest morden, hier im heil’gen Walde’ – Gurnemanz
11 – Act 1. ‘Wo bist Du her _’ – Gurnemanz
12 – Act 1. ‘Den Vaterlosen gebar die Mutter’ – Kundry
13 – Act 1. ‘So recht! So nach des Grales Gnade’ – Gurnemanz

DISCO 02

01 – Act 1. ‘Vom Bade kehrt der König heim’ – Gurnemanz
02 – Act 1. ‘Nun achte wohl, und lass mich seh’n’ – Gurnemanz
03 – Act 1. ‘Mein Sohn Amfortas, bist du am amt’ – Titurel
04 – Act 1. ‘Nein! Lasst ihn unenthüllt!’ – Amfortas
05 – Act 1. ‘Nehmet hin meinen Leib’ – Stimmen
06 – Act 1. ‘Was stehst Du noch da_’ – Gurnemanz

DISCO 03

01 – Act 2. Vorspiel – Prelude
02 – Act 2. ‘Die Zeit ist da’ – Klingsor
03 – Act 2. ‘Erwachest du_ Ha!’ – Klingsor
04 – Act 2. ‘Jetzt schon erklimmt er die Burg’ – Klingsor
05 – Act 2. ‘Hier war das Tosen’
06 – Act 2. ‘Iht schönen Kinder’ – Parsifal
07 – Act 2. ‘Komm, komm! Holder Knabe!’
08 – Act 2. ‘Parsifal! – Weile’ – Kundry
09 – Act 2. ‘Ich sah das Kind an seiner Mutter Brust’ – Kundry
10 – Act 2. ‘Wehe! Wehe! was tat ich_’ – Parsifal
11 – Act 2. ‘Amfortas! – Die Wunde’ – Parsifal
12 – Act 2. ‘Grausamer! Fühlst du im Herzen’ – Kundry
13 – Act 2. ‘Auf Ewigkeit wärst Du verdammt’ – Parsifal
14 – Act 2. ‘Vergeh, unseliges Weib!’ – Parsifal
15 – Act 2. ‘Halt da! Dich bann ich mit der rechten Wehr!’ – Klingsor

DISCO 04

01 – Act 3. Vorspiel – Prelude
02 – Act 3. ‘Von dorther kam das Stöhnen’ – Gurnemanz
03 – Act 3. ‘Du tolles WEib! Hast Du kein Wort für mich_’ – Gurnemanz
04 – Act 3. ‘In düstrem Waffenschmucke’ – Gurnemanz
05 – Act 3. ‘Heil mir, dass ich dich wiederfinde!’ – Parsifal
06 – Act 3. ‘O Gnade! Höchstes Heil!’ – Gurnemanz
07 – Act 3. ‘Nicht so! . Die heil’ge Quelle selbst’ – Gurnemanz
08 – Act 3. ‘Du wuschest mir die Füsse’ – Parsifal
09 – Act 3. ‘Wei dünkt mich doch die Aue heut so schön’ – Parsifal
10 – Act 3. ‘Mittag. – Die Stund ist da’ – Gurnemanz
11 – Act 3. ‘Geleiten wir im bergenden Schrein’ – Ritter
12 – Act 3. ‘Ja, Wehe! Wehe! Weh über mich’ – Amfortas
13 – Act 3. ‘Nur eine Waffe taugt’ – Parsifal

Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Rafael Kubelik, regente
Bernd Weikl, Amfortas
Kurt Moll, Gurnemanz
Matti Salminen, Titurel
James King, Parsifal
Franz Mazura, Klingsor
Yvonne Minton, Kundry

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Carlinus

Richard Wagner – Götterdämerung – Karajan

Enfim, chegamos ao final de mais uma postagem do ciclo do Anel dos Nibelungos, a obra prima de Richard Wagner, tão amado por alguns, e tão odiado por outros. E trouxe uma de suas melhores gravações, com o grande Herbert von Karajan e a Filarmônica de Berlim, e com um timaço de cantores. Na verdade, herr Karajan contou com que existia de melhor naquele momento, tanto em material humano quanto em tecnologia de gravação. Curiosamente, outras gravações suas de outras óperas de Wagner não são tão bem aceitas quanto esta do Anel, principalmente se realizadas a partir dos anos 70.
Sempre recomendo o excelente site de luiz de lucca, que traz o libreto das óperas devidamente traduzidos para o português, e o conhecimento do enredo é fundamental em obra de tal envergadura.
Boa audição.

CD 1
01. – Einleitung zum Vorspiel
02. “Welch Licht leuchtet dort”
03. Orchesterzwischenspiel (Tagesanbruch)
04. “Zu neuen Taten, teurer Helde”
05. Mehr gabst du
06. Orchesterzwischenspiel (Siegfrieds Rheinfahrt)
07. Szene 1 “Nun hör, Hagen, sage mir, Held”
08. Was weckst du Zweifel und Zwist! (Gunther, Hagen, Gutrune)
09. “Vom Rhein her tönt das Horn”
10. Szene 2 “Heil Siegfried, teurer Held”
11. Begrüße froh, o Held, die Halle
12. “Willkommen, Gast, in Gibichs Haus”

CD 2
01. Hast du, Gunther, ein Weib (Siegfried, Gunther)
02. Blut-Brüderschaft schwöre ein Eid! (Siegfried, Gunther, Hagen, Gutrune)
03. “Hier sitz’ ich zur Wacht”
04. Orchesterzwischenspiel
05. Szene 3 “Altgewohntes Geräusch raunt meinem Ohr in die Ferne”
06. “Seit er von dir geschieden, zur Schlacht nicht mehr”
07. “Da sann ich nach Von seiner Seite durch stumme”
08. Blitzend Gewölk, vom Wind getragen, stürme dahin (Brünnhilde, Siegfried)
09. Jetzt bist du mein, Brünnhilde, Gunthers Braut (Siegfried, Brünnhilde)

CD 3
01. Orchestervorspiel
02. Szene 1 “Schläfst du, Hagen, mein Sohn”
03. Orchesterzwischenspiel – Szene 2 “Hoiho Hagen! Müder Mann!” (Siegfried, Hagen)
04. “Hoiho! Hoihohoho! Ihr Gibichsmannen”
05. Szene 4 “Heil dir, Gunther!”
06. “Brünnhild’, die hehrste Frau”
07. Was ist ihr Ist sie entrückt (Mannen, Siegfried, Brünnhilde, Hagen, Gunther, G
08. Achtest du so der eigenen Ehre (Siegfried, Brünnhilde, Mannen, Frauen, Gunther
09. “Helle Wehr! Heilige Waffe!”
10. Szene 5 “Welches Unholds List liegt hier verhohlen”
11. “Dir hilft kein Hirn, dir hilft keine Hand”
12. Muss sein Tod sie betrüben, verhehlt sei ihr die Tat (Hagen, Gunther, Brünnhil
13. Orchestervorspiel
14. Szene 1 “Frau Sonne sendet lichte Strahlen”
15. Ich höre sein Horn (Woglinde, Wellgunde, Floßhilde, Siegfried)

CD 4

01. Was leid’ ich doch das karge Lob
02. Szene 2 “Hoiho!”
03. “Mime hieß ein mürrischer Zwerg”
04. Was hör’ ich! (Gunther, Hagen, Mannen)
05. Brünnhilde, heilige Braut (Siegfrieds Tod)
06. Trauermarsch
07. Szene 3 “War das sein Horn”
08. “Schweigt eures Jammers jauchzenden Schwall”
09. “Starke Scheite schichtet mir dort”
10. “Mein Erbe nun nehm’ ich zu eigen”
11. Fliegt heim, ihr Raben! (Immolation Scene)
12. “Zurück vom Ring!”

Siegfried – Helge Brilioth
Gunther – Thomas Stewart
Alberich – Zoltan Kelemen
Hagen – Karl Ridderbusch
Brünhilde – Helga Dernesch
Gutrune – Gundula Janowitz
Waltraute – Christa Ludwig

Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan – Conductor

CDS 1 E 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
CDS 3 E 4 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDPBach

Richard Wagner – Siegfried – Karajan

Para variar, o tempo anda curto para nós do blog.  As postagens estão demorando para sair, e muitas vezes não saem como desejávamos. É uma pena. O ritmo de nossas vidas está uma loucura.
Já declarei em postagem anterior ser esta a minha ópera favorita do ciclo. Sua dinâmica é única, não há tempo nem para respirar, parece um filme de ação com um excelente roteiro e excelente música, no qual a ação é a principal personagem. Claro que não é bem este o caso, já que temos personagens únicos aqui, como o próprio Siegfried, Brunhilde, Wotan, Alberich e Mime.
O elenco que Karajan conseguiu reunir aqui também é excelente, com Jess Thomas e o excelente Gerhard Stolze dominando todo o resto do elenco e a história. Uma gravação de primeira, com Herr Karajan em seu apogeu. Podem falar o que quiser dele, mas que ele deixou sua marca na história da música do século XX deixou. E esta gravação do ciclo do Anel dos Nibelungos é um de seus melhores registros.
Baita gravação. Espero que apreciem.

CD 1
01. Vorspiel
02. Szene 1 “Zwangvolle Plage!”
03. Hoiho! Hoiho! Hau ein! Hau ein!
04. Als zullendes Kind zog ich dich auf
05. Es sangen die Vöglein so selig im Lenz
06. “Einst lag wimmernd ein Weib”
07. Szene 2 “Heil dir, weiser Schmied!”
08. Wie werd’ ich den Lauernden los
09. Nun rede, weiser Zwerg
10. Nun ehrlicher Zwerg, sag mir zum ersten
11. Dreimal solltest du fragen (Wanderer)
12. Szene 3 “Verfluchtes Licht”

CD 2

01. Bist du es, Kind
02. “Fühltest du nie im finstren Wald”
03. Hättest du fleißig die Kunst gepflegt (Mime, Siegfried)
04. “Notung! Notung! Neidliches Schwert!”
05. Hoho! Hoho! Hohei! Schmiede, mein Hammer (…)
06. “Den der Bruder schuf”07. Vorspiel
08. Szene 1 “In Wald und Nacht”
09. Wer naht dort schimmernd im Schatten (Alberich, Wanderer)
10. Mit Mime räng’ ich allein um den Ring
11. Szene 2 “Wir sind zur Stelle!”
12. “Daß der mein Vater nicht ist”

CD 3

01. Siegfrieds Hornruf – “Haha! Da hätte mein Lied mir was Liebes erblasen” (Siegfried, Fafner
02. Wer bist du, kühner Knabe
03. Ist mir doch fast, als sprächen die Vöglein zu mir! (Siegfried, Stimme des Waldvogels)
04. Szene 3 “Wohin schleichst du”
05. “Willkommen, Siegfried”
06. “Neides Zoll zahlt Notung”
07. “Heiß ward mir von der harten Last!”
08. Nun sing, ich lausche dem Gesang
09. Vorspiel
10. Szene 1 “Wache, Wala!”
11. “Stark ruft das Lied”
12. Mein Schlaf ist Träumen (Erda, Wanderer)
13. Wirr wird mir, seit ich erwacht (Erda, Wanderer)
14. Weißt du, was Wotan will (Wanderer)
15. Szene 2 “Dort seh’ ich Siegfried nahn”
16. Was lachst du mich aus (Siegfried, Wanderer)

CD4

01. Bleibst du mir stumm, störrischer Wicht
02. Orchesterzwischenspiel
03. “Seliger Öde auf wonniger Höh’”
04. “Das ist kein Mann!”
05. – Brünnhildes Erwachen Einleitung
06. Heil dir, Sonne! Heil dir, Licht!
07. Siegfried! Siegfried! Seliger Held! (Brünnhilde, Siegfried)
08. “Dort seh’ ich Grane”
09. “Sangst du mir nicht, dein Wissen sei das Leuchten der”
10. “Ewig war ich”
11. Dich lieb’ ich Oh liebtest mich du! (Siegfried, Brünnhilde)
12. Lachend muß ich dich lieben (Brünnhilde, Siegfried)

Siegfried – Jess Thomas
Mime – Gherard Scholze
Der Wanderer – Thomas Stewart
Alberich – Zoltan Keleman
Fafner – Karl Ridderbuch
Erda – Oralia Dominguez
Brünhilde – Helga Dernesch
Stimme des Waldvogels – Catherine Gayer
Beriner Philharmoniker
Herbert von Karajan – Conductor

CDS 1 E 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CDS 3 E 4 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Richard Wagner – Das Rheingold – Berline Philharmoniker – Karajan

A primeira postagem que fiz dessa coleção foi um sucesso tremendo, mais de 3000 downloads em três anos. Mas os links do rapidshare foram se apagando, e tem muita gente solicitando, principalmente a série do “Göttendämmerung”, ou “O Crepúsculo dos Deuses”, como preferirem. Mas preferi criar novos links no Megaupload para toda a coleção. É um trabalho árduo, pois são 14 cds, portanto haja tempo… mas tentarei fazer na medida do possível, sem pressa.
Não por acaso estou fazendo estas postagens. No próximo dia 25, ou seja, segunda feira próxima, começa mais um Festival de Bayreuth, o palco wagneriano por excelência, onde são encenadas as suas óperas. Algumas rádios online transmitem as apresentações ao vivo, como a Rádio Bávara, com excelente qualidade, diga-se de passagem.
Não vejo necessidade de tecer maiores comentários. Sugiro para o melhor acompanhamento das óperas o excelente site http://www.luiz.delucca.nom.br/wep/wagneremportugues.html, que além do resumo de cada uma delas, traz o libreto traduzido. Querem mais?
Divirtam-se.
P.S. A lista dos solistas está no arquivo .jpg anexado aos arquivos de áudio.

CD 1

01 Vorspiel
02 “Weia! Waga! Woge du Welle!”
03 He! He! Ihr Nicker! (Alberich, Woglinde, Flosshilde, Wellgunde)
04 “Garstig glatter glitschriger Glimmer!”
05 “Lugt, Schwestern! Die Weckerin lacht in den Grund”
06 Nur wer der Minne Macht entsagt
07 “Der Welt Erbe Gewänn’ ich zu eigen durch dich”
08 Haltet den Räuber! (Flosshilde, Wellgunde, Woglinde)
09 Einleitung 2. Szene
10 “Wotan! Gemahl! Erwache!”
11 So schirme sie jetzt (Fricka, Freia, Wotan)
12 “Sanft schloß Schlaf dein Aug’”
13 Was sagst du Ha, sinnst du Verrat (Fasolt, Fafner, Wotan)
14 Du da, folge uns!
15 “Endlich, Loge!”
16 “Immer ist Undank Loges Lohn!”
17 Ein Runenzauber zwingt das Gold zum Reif
18 “Hör’, Wotan, der Harrenden Wort!”
19 Schwester! Brüder! Rettet! Helft!
20 Wotan, Gemahl, unsel’ger Mann!
21 Verwandlungsmusik
22 “Hehe! hehe! hieher! hieher! Tückischer Zwerg!”
23 Nibelheim hier (Loge, Mime, Mime, Wotan)
24 Nehmt euch in acht! Alberich naht! (Mime, Wotan, Alberich, Loge)

CD 2
01. Zittre und zage, gezähmtes Heer
02. Die in linder Lüfte Wehn da oben ihr lebt
03. Ohe! Ohe! Schreckliche Schlange… (Loge, Wotan, Alberich)
04. Dort die Kröte! Greife sie rasch! (Loge, Alberich)
05. “Da, Vetter, sitze du fest!”
06. “Wohlan, die Nibelungen rief ich mir nah”
07. “Gezahlt hab’ ich”
08. Ist er gelöst (Loge, Wotan, Alberich)
09. “Lauschtest du seinem Liebesgruß”
10. Lieblichste Schwester, süßeste Lust! (Fricka, Fasolt, Wotan)
11. Gepflanzt sind die Pfähle nach Pfandes Maß
12. “Weiche, Wotan, weiche!”
13. Soll ich sorgen und fürchten
14. Halt, du Gieriger! Gönne mir auch was! (Fasolt, Fafner, Loge)
15. Nun blinzle nach Freias Blick
16. He da! He da! He do! Zu mir, du Gedüft! (Donner)
17. “Zur Burg führt die Brücke”
18. Abendlich strahlt der Sonne Auge (Wotan)
19. So grüß’ ich die Burg (Wotan, Fricka, Loge)
20. “Rheingold! Rheingold! Reines Gold!”

Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan – Conductor
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDPBach

Richard Wagner (1813-1883) – Lohengrin (ópera em três atos)

Mais uma ópera de Wagner. Não estamos numa empreitada wagneriana. Verdade. Apenas, talvez, suprindo uma lacuna aqui do PQP Bach. Sei que existem inúmeros fãs da música do alemão e tantos outros que desejam conhecê-la. Eu, particularmente, não me entusiasmo com Wagner. Postarei em alguns dias Parsifal com Kubelik. Não pretendo postar todas as óperas de Wagner. FDP objetiva, futuramente, postar o ciclo do Anel. Aguardem. Não quero atrapalhá-lo nesse sentido. Por enquanto, fiquemos com Lohengrin. A próxima será Parsifal. Até lá!

Abaixo dados extraídos da Wikipédia:

Lohengrin é uma ópera romântica em três atos de Richard Wagner, que também foi responsável pelo libreto. Sua estréia aconteceu em Weimar, Alemanha em 28 de agostode 1850 sob direção de Franz Liszt, amigo próximo de Wagner. A história do protagonista foi retirada de uma novela germânica medieval, a história de Perceval e seu filho Lohengrin.
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A trama é ambientada durante a primeira metade do século X no Ducado de Brabante (na atual região de Antuérpia, Bélgica, no rio Escalda). Concepção artística da chegada do cavaleiro desconhecido à Brabante.

Ato I

O ato começa com a chegada do rei Henrique I da Germânia à região após anúncio de seu arauto para convocar as tribos alemãs para expulsar os húngaros de suas terras. O conde Friederich de Telramund age como regente do duque Gottfried de Brabante, herdeiro do trono de Brabante mas que ainda era menor de idade, e cuja irmã era Elsa de Brabante, a virgem. Gottfried havia desaparecido misteriosamente e, coagido por sua esposa Ortrud, Telramund acusa Elsa de assassinato ao irmão e exige o título do ducado para si.
Rodeada de suas damas de honra surge Elsa, que, sabendo ser inocente, declara estar disposta a se submeter ao julgamento de Deus através do combate. Ela então invoca o protetor com o qual sonhou uma noite, e eis que surge no julgamento um cavaleiro num barco puxado por um cisne. A chegada havia acontecido somente após a segunda requisição do arauto. Ele aceita lutar por ela desde que ela nunca pergunte seu nome ou sua origem, proposta essa prontamente aceita. Telramund também aceita o desafio do julgamento pelo combate para provar a palavra de sua acusação.
O cavaleiro derrota Telramund num duelo, provando assim sua proteção divina e a inocência da princesa. Entretanto, poupa a vida do perdedor, declara Elsa inocente e a pede em casamento.

Ato II

O ato inicia na parte externa da catedral durante a noite. Juntos, Telramund e Ortrud lamentam sua atual situação, banidos moralmente da comunidade. Ortrud é pagã e lida com a magia, e esquema um plano de vingança para que Elsa pergunte ao cavaleiro as perguntas proibidas, fazendo com que ele vá embora. Com as primeiras luzes da manhã, Elsa aparece na sacada, vê Ortrud no pátio, lamenta sua situação e a convida para participar da cerimônia de casamento. Sem ter sido observado, Telramund retira-se do local. Ortrud começa a conspiração, argumentando que deve haver algo na vida do cavaleiro que o envergonha, algo que o faça querer negar seu passado.
Em outra cena, a população se amontoa e o arauto anuncia que o rei ofereceu ao cavaleiro o ducado de Brabante. Ele entretanto recusa a oferta, desejando ser conhecido somente como “Protetor de Brabante”. Enquanto o rei, o cavaleiro desconhecido, Elsa e suas damas de honra estavam prestes a entrar na igreja, Ortrud aparece e acusa o cavaleiro de ser um mágico, razão pela qual ele venceu a disputa, e cujo nome Elsa não sabe. Telramund também aparece e alega ter sido vítima de uma fraude pois nem o nome de seu oponente sabe. O cavaleiro se recusa a revelar a identidade, dizendo que somente Elsa possui o direito de conhecer a resposta, nem mesmo o rei é digno. Elsa, apesar de abalada pelas alegações de Ortrud e Telramund, assegura ao cavaleiro sua lealdade e eles entram na igreja.

Ato III

A cerimônia de casamento ocorre, e os dois expressam seu amor com o outro. Mas Elsa, persuadida por Ortrud, rompe o pacto com o cavaleiro e agora seu marido, fazendo-lhe as perguntas proibidas. Na mesma cena, Telramund aparece para atacar o cavaleiro, mas é morto por ele, que então se volta para Elsa e pede que ela o acompanhe para a presença do rei, para a revelação do mistério.
Muda-se a cena, e volta-se ao local do primeiro ato. As tropas chegam para a guerra. O corpo de Telramund e trazido, e o cavaleiro explica-se perante o rei o assassinato. O cavaleiro então anuncia diante de todos sua verdadeira identidade: Lohengrin, um cavaleiro do Santo Graal, filho do rei Parsifal. Revela também que foi enviado pelo cálice, mas que era hora de retornar, tendo aparecido somente para provar a inocência de Elsa.
Para tristeza de Elsa, o cisne reaparece, indicando a ida de Lohengrin. Ele ora pela volta do irmão de Elsa, desaparecido. O cisne desaparece nas águas e reaparece na forma do jovem Gottfried, que havia sido transformado em animal pelo feitiço de Ortrud. Um pombo então aparece do céu, e assumindo o lugar do cisne guia Lohengrin de volta para o castelo do Santo Graal.

Extraído DAQUI
Mais informações sobre o personagem da ópera AQUI

Richard Wagner (1813-1883) – Lohengrin (ópera em três atos)

DISCO 1

01. Act 1: Vorspiel
02. Act I, Scene 1: Hört! Grafen, Edle, Freie von Brabant!
03. Act I, Scene 1: Dank, König, dir, daß du zu richten kamst!
04. Act I, Scene 1: Welch fürchterliche Klage sprichst du aus!
05. Act I, Scene 2: Seht hin! Sie naht, die hart Beklagte!
06. Act I, Scene 2: Einsam in trüben Tagen
07. Act I, Scene 2: Bewahre uns des Himmels Huld
08. Act I, Scene 2: Des Ritters will ich wahren
09. Act I, Scene 2: Wer hier im Gotteskampf zu streiten kam
10. Act I, Scene 2: Du trugest zu ihm meine Klage
11. Act I, Scene 3: Nun sei bedankt, mein lieber Schwan!
12. Act I, Scene 3: Heil König Heinrich!
13. Act I, Scene 3: Wenn ich im Kampfe für dich siege
14. Act I, Scene 3: Welch holde Wunder muß ich sehn?
15. Act 1, Scene 3: Nun hört! Euch Volk und Edlen
16. Act I, Scene 3: Nun höret mich, und achtet wohl
17. Act I, Scene 3: Mein Herr und Gott, nun ruf’ ich Dich
18. Act I, Scene 3: Durch Gottes Sieg ist jetzt dein Leben mein
19. Act II: Vorspiel
20. Act II, Scene 1: Erhebe dich, Genossin meiner Schmach!

DISCO 2

01. Act II, Scene 1: Was macht dich in so wilder Klage doch vergehn?
02. Act II, Scene 1: Du wilde Seherin!
03. Act II, Scene 1: Der Rache Werk sei nun beschworen
04. Act II, Scene 2: Euch Lüften, die meine Klagen
05. Act II, Scene 2: Elsa!…Wer ruft?
06. Act II, Scene 2: Entweihte Götter!
07. Act II, Scene 2: Ortrud, wo bist du?
08. Act II, Scene 2: Du Ärmste kannst wohl nie ermessen
09. Act II, Scene 2: So zieht das Unheil in dies Haus!
10. Act II, Scene 3: In Frühn versammelt uns der Ruf
11. Act II, Scene 3: Des Königs Wort und Wlll’ tu ich euch kund
12. Act II, Scene 3: Nun hört, dem Lande will er uns entführen!
13. Act II, Scene 4: Gesegnet soll sie schrieten
14. Act II, Scene 4: Zurüch, Elsa!
15. Act II, Scene 4: Du Lästerin! Ruchlose Frau!
16. Act II, Scene 5: Heil! Heil dem König!
17. Act II, Scene 5: O König! Trugbertörte Fürsten!
18. Act II, Scene 5: Den dort im Glanz ich vor mir sehe
19. Act II, Scene 5: Welch ein Geheimnis muß der Held bewahren?

DISCO 3

01. Act II, Scene 5: Mein Held! Entgegne kühn dem Ungetreuen!
02. Act II, Scene 5: In deiner Hand, in deiner Treu’
03. Act III: Vorspiel
04. Act III, Scene 1: Treulich gefürht ziehet dahin
05. Act III, Scene 2: Das süße Lied verhallt
06. Act III, Scene 2: Wie hehr erkenn’ ich unsrer Liebe Wesen!
07. Act III, Scene 2: Atmest du nicht mit mir die süßen Düfte?
08. Act III, Scene 2: Höchstes Vertraun hast du mir schon zu danken
09. Act III, Scene 2: Hilf Gott, was muß ich hören!
10. Act III, Scene 2: Ach nein!
11. Act III, Scene 2: Weh! Nun ist all unser Glück dahin!
12. Act III, Scene 3: Heil König Heinrich!
13. Act III, Scene 3: Was bringen die?
14. Act III, Scene 3: Mein Herr und König, laß dir melden
15. Act III, Act 3: In fernem Land
16. Act III, Scene 3: Mir schwank der Boden!
17. Act III, Scene 3: O bleib, und zieh uns nicht von dannen!
18. Act III, Scene 3, Mein lieber Schwan!
19. Act III, Scene 3: Weh! Du edler, holder Mann!

Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan, regente
Anna Tomowa-Sintow,
Dunja Vejzovic,
Josef Becker,
Karl Ridderbusch,
Martin Vantin

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Carlinus

Richard Wagner (1813-1883) – Die Walküre (A Valquíria)

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A edição número 51 da Revista Filosofia Ciência e Vida, da qual sou assinante, trouxe um artigo interessante sobre as óperas de Wagner. O título do artigo é “Óperas com um toque de Filosofia”. A seguir segue um fragmento do texto:

As óperas de Richard Wagner (1813-1883) fazem parte do repertório de todo o circuito mundial da música. Se em vida o compositor encontrou, durante longa parte de sua atribulada existência, grande resistência dos círculos musicais mais conservadores, incapazes de conceder o valor devido a seu gênio criativo, a passagem dos anos permitiu que se fizesse justiça histórica a seu talento singular. Como compositor, Wagner subverteu a música ao propor inovações técnicas e estéticas que até então não haviam sido devidamente realizadas por seus predecessores. Tais modificações na estrutura dramática das óperas e da própria concepção sobre a natureza da música foram motivadas por questões de cunho filosófico, o que pode ser percebido ao se analisar o cerne de sua criação teórica, especialmente os escritos A Arte e a Revolução e A Obra de Arte do Futuro. Sua vasta produção intelectual não se encerra nesses dois ensaios, mas o estudo deles permite entender a gênese de suas propostas estéticas. A obra teórica de Wagner é marcada pela assimilação de diversas correntes filosóficas que também se refletem imediatamente nos enredos dramáticos de suas óperas. Dessa maneira, encontramos ecos das ideias de Feuerbach em Tannhäuser, a partir da noção de “sensualidade sadia”; de Proudhon, no caráter libertário do personagem Siegfried, da tetralogia O Anel de Nibelungos, lutando contra toda autoridade sustentada pela opressão e pela maldição da riqueza material como fonte de toda corrupção humana; de Schopenhauer, no libreto de Tristão e Isolda, ópera na qual encontramos uma autêntica aplicação dramática das teses apresentadas em O Mundo como Vontade e como Representação, assim como na obra que é a culminação artística de Wagner, Parsifal. De todos os grandes compositores da tradição musical ocidental, talvez seja Richard Wagner justamente aquele que tenha elaborado uma compreensão filosófica sobre a criação artística, a sociedade moderna e as suas relações políticas de forma mais consistente e enriquecedora para o debate intelectual da cultura oitocentista e mesmo para as pesquisas estéticas posteriores. Wagner se destaca dos compositores de até então por vislumbrar em sua carreira a conciliação entre seu ofício musical e sua produção teórica. Se houve antes dele compositores dotados de sólida formação intelectual, certamente o gênio de Leipzig foi quem soube externar publicamente de forma mais apurada tais qualidades. A obra teórica de Wagner é marcada pela assimilação de diversas correntes filosóficas que também se refletem nos enredos de suas ópera. As contribuições mais importantes de Wagner para a Filosofia se dão em sua estética engajada, marcada pela politização de suas ideias. Nos ensaios A Arte e a Revolução e A Obra de Arte do Futuro encontram-se o projeto de transformação radical das bases valorativas da sociedade europeia oitocentista, mediante a sua reeducação estética e a criação de um gênero artístico que envolvesse efetivamente a participação do povo em seu processo de elaboração. Se até então as condições técnicas que possibilitavam a criação artística se encontravam nas mãos das classes abastadas (primeiramente o mecenato aristocrático e, posteriormente, o financiamento burguês), tornava-se necessário o pertencimento dos recursos artísticos aos maiores interessados nesses bens culturais: a classe dos artistas e aqueles que verdadeiramente dignificam as suas criações.

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Wagner se engajou efetivamente nas revoluções populares ocorridas a partir de 1848 e, refletindo esse anseio de transformação social radical, considerava que o genuíno artista deveria desenvolver a capacidade de utilizar os recursos artísticos em prol da criação de uma instância estética renovadora do ímpeto criativo recalcado pelo conservadorismo musical então vigente, capitaneando- se, assim, meios que permitissem o surgimento da “ópera revolucionária”. Servindo como instrumento de insurreição contra os normativos padrões morais estabelecidos por uma classe social desprovida de refinamento cultural, essa “ópera revolucionária” desenvolveria nos espectadores um conjunto de sentimentos impetuosos em prol da transformação social. Tais disposições seriam propícias para a modificação da decadente estrutura cultural vigente, marcada pela incompreensão do verdadeiro sentido artístico, pois utilizava a criação artística para fins comerciais e impedia o florescimento da genialidade de talentos relegados ao esquecimento. Para que essa situação se modificasse, a sociedade moderna, esteticamente renovada, deveria somar esforços para a formação do homem de gênio, capaz de aliar a nobreza de espírito à disposição criativa necessária para o empreendimento de grandes obras transformadoras da realidade sociocultural existente (WAGNER, A Arte e a Revolução, p. 56).

Leia mais AQUI

Richard Wagner (1813-1883) – Die Walküre (A Valquíria)

DISCO 1

Ato 1

01. Vorspiel – I Act
02. Wes herd dies auch sei
03. Kühlende labung gab mir
04. Müd am herd fand ich den mann
05. Friedmund darf ich nicht heiBen
06. Aus dem wald trieb es mich fort
07. Ich weiB ein wildes geschlecht
08. Ein schwert verhieB mir der vater
09. Schläfts du, gast
10. Winterstürme wichen dem wonnemond
11. Du bist der lenz
12. Wehwalt heiBt du fürwahr

Ato 2

13. Vorspiel – II Act
14. Nun zäume dein roB

DISCO 2

01. Der alte sturm
02. So ist denn aus mit den ewigen göttern
03. Nichts lerntest du
04. Was verlangst du
05. Schlimm, fürcht’ ich, schloB der streit
06. Was keinen in worten ich künde
07. Ein andres ist’s
08. O sag’, künde!
09. Raste nun hier
10. Hinweg! hinweg!
11. Siegmund! sieh auf mich!
12. Hehe bist du, und heilig gewahr’ ich
13. So wenig achtest du ewige wonne

DISCO 3

01. Zauberfest bezämt ein schlaf
02. Kehrte der vater nur heim!

Ato 3

03. Vorspiel – III Act
04. Schüzt mich und helft
05. Nicht sehre dich sorge um mich
06. Steh’! Brünnhild’!
07. Wo ist Brünhild’
08. Hier bin ich, vater
09. Wehe! wehe’! schwester
10. War es so schmählich
11. Nicht weise bin ich
12. So tatest du
13. Du zeugtest ein edles geschlecht
14. Leb’ wohl, du kühnes, herrliches kind!
15. Denn einer nur freie die braut
16. Loge, hör’! lausche hieher!

Ano da gravação: 1954

Wiener Philharmoniker
Wilhelm Furtwängler, regente
Brünnhild…………………………………Martha Möld
Sieglinde…………………………………Leonie Rysanek
Wotan…………………………………….Ferdinad Frantz
Siegmund………………………………….Ludwig Suthaus
Fricka……………………………………Margarete Klose
Hunding…………………………………..Gottlob Frick
Gerhilde………………………………….Gerda Schreyer
Ortlinde………………………………….Judith Hellwig
Waltraute…………………………………Dagmar Schmedes
Schwertleite………………………………Ruth Siewert
Helmwige………………………………….Erika Köth
Siegrune………………………………….Herta Töpper
Grimgerde…………………………………Johanna Blatter
Rossweisse………………………………..Dagmar Hermann

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Carlinus

Richard Strauss (1864-1949) – Metamorphosen, study for 23 solo strings, Op. 142, Piano Quartet in C minor, Op. 13 (TrV 137) e Prelude to Capriccio, Op. 85

No verão de 1944, Strauss começou a planejar uma longa peça para um conjunto de cordas na linha de uma oração fúnebre ou lamento. Havia décadas que ele não compunha uma grande trabalho monumental; seu último esforço realmente significativo nessa linha fora Uma Sinfonia Alpina, composta pouco depois da morte de Mahler. A nova peça se chamaria Metamorphosen – uma outra homenagem a Ovídeo. Strauss tinha em mente o processo pelo qual as almas revertiam de um estado a outro -, porém, como sugeriu o acadêmico Timothy Jackson, a transformação poderia soar negativa, as coisas poderiam retornar a seu estado primordial. O compositor se inspirou também em um pequeno poema de Goethe, cuja obra completa havia lido do começo ao fim nos últimos anos:

Ninguém pode se conhecer
Separado do seu eu

Mesmo assim todo o dia ele tenta se tornar
Aquilo que visto de fora esta claro afinal.

Aquilo que ele é e o que ele foi

Aquilo de que ele é capaz e o que é possível

Strauss esboçou um arranjo de coral baseado no texto de Goethe e, como Jackson descobriu, parte desse material foi usado por Metamorphosen. O compositor estava imerso numa reflexão profunda sobre a trajetória de sua vida, talvez questionando a filosofia individualista que havia muito o orientava.

(…)

(Extraído do livro O Resto é Ruído – Escutando o Século XX, de Alex Ross)

Richard Strauss (1864-1949) – Metamorphosen, study for 23 solo strings, Op. 142, Piano Quartet in C minor, Op. 13 (TrV 137) e Prelude to Capriccio, Op. 85

Metamorphosen, study for 23 solo strings, Op. 142
01. Metamorphosen, study for 23 solo strings, Op. 142

Piano Quartet in C minor, Op. 13 (TrV 137)
02. Allegro
03. Scherzo: Presto –
04. Andante
05. Finale: Vivace

Prelude to Capriccio, Op. 85
06. Prelude To Capriccio, Op. 85

The Nash Ensemble
Marianne Thorsen, Malin Broman. violino
Lawrence Power, Philip Dukes, viola
Paul Watkins, Pierre Doumenge, cello
Duncan McTier, bass
Ian Brown, piano

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Carlinus

Richard Strauss (1864-1949) – 5 Great Tone Poems – 2 CDs

Richard Strauss, em pleno século XX, na era do carro, da televisão, do cinema, da fotografia, manteve a estética romântica na sua arte de compor. Embora o poema sinfônico não seja uma invenção sua, Strauss exprimiu-se por intermédio dessa estrutura musical e o fez de modo eloquente. Por meio das várias amizades que estabeleceu, Strauss aprendeu a admirar a obra de Nietzsche e Schopenhauer e à música de Wagner e Liszt. Essas influências são patentes em sua obra. O compositor buscou como ninguém explorar possibilidades coloridas com a orquestra a fim de dar um aspecto dramático às suas obras. Pesa a favor de Straus o fato de com a sua ópera Salomé, ter inclinado a música do século XX para uma outra direção. Compositores como Mahler, Schoenberg, Alban Berg, entre outros, estavam no dia da estreia da obra que causou grande impacto sobre os presentes. Aqui temos 5 dos seus principais poemas sinfônicos. Um belo registro com Bernard Haintink. Uma boa apreciação!

Richard Strauss (1864-1949) – 5 Great Tone Poems

DISCO 1

Don Juan, Op.20
01. Don Juan, Op. 20

Ein Heldenleben, Op.40 – “Vida de Herói”
02. Der Held
03. Des Helden Widersacher
04. Des Helden Gefährtin
05. Des Helden Walstatt
06. Des Helden Friedenswerke
07. Des Helden Weltflucht und Vollendung

Till Eulenspiegel’s Merry Pranks (Till Eulenspiegels lustige Streiche), Op. 28
08. Till Eulenspiegel’s Merry Pranks (Till Eulenspiegels lustige Streiche), Op. 28

DISCO 2

Also sprach Zarathustra, Op.30 – “Assim falou Zaratustra”
01. Prelude (Sonnenaufgang)
02. Von den Hinterweltlern
03. Von der großen Sehnsucht
04. Von den Freuden und Leidenschaften
05. Das Grablied
06. Von der Wissenschaft
07. Der Genesende
08. Das Tanzlied – Das Nachtlied
09. Das Nachtwandlerlied

Tod und Verklärung, Op.24 – “Morte e Transfiguração”
10. Tod und Verklärung, Op.24

Der Rosenkavalier, Op.59
11. First Suite of Waltzes
12. Second Suite of Waltzes

Royal Concertgebouw Orchestra
Herman Krebbers, violino (Op. 20, 40, 30,)
Bernard Haitink, regente (Op. 20, 40, 28, 30, 24)
Eugen Jochum, regente (Op. 59)

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Carlinus

Richard Strauss (1864-1949) – Vida de Herói (Ein Heldenleben) e Gustav Mahler (1860-1911) – Sinfonia No. 6 em Lá menor – "Trágica"

Achei por bem postar o ensaio abaixo sobre Mahler e Richard Strauss – DAQUI. É bastante elucidativo. O CD abaixo, com regência de Barbirolli, é para ouvir e cair de joelhos em preces apaixonadas. É algo que aturde. Vida de Herói de Strauss é uma beleza de profundidade e rigor orquestral a nos provocar os sentidos. FDP havia postado no início do ano passado uma versão da obra de Strauss que parece aqui com Jarvi. Julgo que essa versão com o Barbirolli seja fatal. Tenho uma outra versão com o Carlos Kleiber, gravada ao vivo que qualquer dia surgirá aqui no PQP Bach. Boa apreciação!

PROFETAS DA MODERNIDADE

GUSTAV MAHLER e RICHARD STRAUSS precederam as vanguardas do início do século pontuando os limites da música tonal. Este ensaio exclusivo revela a extrema coerência de suas opções estéticas e revela as faces de heróis psíquicos.

FILIPE W. SALLES


Richard Strauss e Gustav Mahler foram duas personalidades muito próximas. Ambos eram excelentes orquestradores, regentes e produtores de concertos. Foram amigos, eram conterrâneos e pareciam buscar, através de suas músicas, a mesma coisa: o auto-conhecimento. Diferenças, apenas quanto ao estilo e à forma: Strauss optou pelo poema sinfônico e pela ópera; Mahler pela sinfonia e pela canção. Talvez não exista música mais pessoal e intimista que a de Mahler, com a possível exceção de Richard Strauss. O contrário também serve. Os traços que constituem ambos os estilos, épico em Strauss e melodramático em Mahler, são marcados pela presença de um protagonista, explícito em Strauss e implícito em Mahler. Este protagonista, a quem nos dois casos serve a denominação de “herói”, é claramente apresentado na obra de Strauss, sendo ele motivo dos temas e títulos de seus principais poemas sinfônicos, “Don Juan”, “Macbeth”, “Morte e Transfiguração”, “Till Eulenspiegel”, “Don Quixote”, e até mesmo no “Assim Falou Zarathustra”. No caso de Mahler, as referências são menos diretas.

O herói é uma personificação arquetípica (e no caso de Strauss, muitas vezes literária), podendo figurar como “extensão” do ego. Extremamente explícito em Strauss, é levado às últimas conseqüências na “Vida de Herói” e na “Sinfonia Doméstica”. Nos dois casos temos um Strauss experiente e maduro pondo toda a energia de seus anseies num forno – e servindo-os no prato da grande orquestra.

Mahler, talvez até inconscientemente, envereda por caminhos semelhantes no que diz respeito ao uso da grande orquestra romântica, mas de uma forma incontestavelmente mais problemática. Não se contenta em apresentar o problema com uma solução já prevista (como é o caso da música de programa): ele fornece o problema e procura resolvê-lo no próprio processo criador. Por esse motivo, suas sinfonias são colossos modernos, titãs adormecidos que escondem tesouros do inconsciente. Sua mais curta sinfonia tem entre 50 e 54 minutos. Sua mais longa chega a 100 minutos. Se Strauss foi objetivo o suficiente para ir direto ao poema sinfônico descrever suas emoções, Mahler seguiu o caminho oposto, subjetivando a forma – até então “absoluta”- da sinfonia. Mahler nunca explicitou “sinfonia descritiva” ou “absoluta”. “A sinfonia”, segundo Mahler, “deve abranger tudo”.

Sua Primeira Sinfonia, a “Titã”, tem, inegavelmente, um Programa mais ou menos definido, assim como a Segunda e a Terceira, Mas podemos ouvir a “Titã” sem nenhum conhecimento de seu programa. O efeito será o mesmo. Talvez isso não funcione na imensa Terceira, mas trata-se de um caso à parte. Da mesma forma, a “absoluta” Quinta Sinfonia, que dispensa qualquer argumento extra-musical, tem a mais típica estrutura descritiva de Mahler: “Tragédia-Consolação-Triunfo”, presentes de forma clara também na Primeira, Segunda, Terceira, e Sétimas sinfonias. Richard Strauss estabelece parâmetros diametralmente opostos. Em quase todos os seus poemas sinfônicos, o herói começa em plena atividade, a desenvolve de acordo com o argumento, e finalmente morre, numa metáfora da antecipação do inevitável. “Don Juan”, seu primeiro poema sinfônico, já inicia seus acordes num frenético “Triunfo”, onde o desenrolar orquestral gira em torno deste ideal, indo cair na tragédia de forma brusca e incontestável. A estrutura para Strauss seria “Triunfo-Degustação-Tragédia”. Tragédia que, vinda de Strauss, não é idêntica à de Mahler. A tragédia de Mahler está ligada à angústia, ao sofrimento, e aos aspectos Psicológicos que determinam estes estados – fruto de conflitos pessoais e, por este motivo, distantes de uma realidade cotidiana. A tragédia de Strauss tem mais um espírito de realidade, de fatos concretos e consumados. “Till Eulenspiegel” ilustra com maestria esta metáfora, onde a morte de Till nada mais é do que uma conseqüência lógica do contexto na história. Não chega a ser uma “tragédia” propriamente, mas uma conformação com a realidade. “Morte e Transfiguração” vai pelos mesmos caminhos, sendo a morte do protagonista justamente o triunfo da obra, o objetivo final da própria vida.

Mahler está longe de encarar a morte de forma tão otimista, embora procure sempre estabelecer aspectos místicos, como uma, espécie de compensação pelo seu inconformismo – caso, por exemplo, da Segunda Sinfonia, a da Ressurreição. O principal fator que determina esta diferença de enfoque na obra de Mahler e Richard Strauss talvez seja a escolha do herói. É fato que ambos se projetam em suas peças, algo como autobiografias musicais. Mas enquanto Strauss procura resolver-se externamente, enfrentando cara-a-cara a realidade, Mahler trava uma luta constante consigo próprio, subvertendo a realidade através da reação emocional que lhe espelha o mundo. São visões bastante antagônicas: é como se Strauss observasse o mundo e respondesse a ele exatamente como o vê e interpreta, ao passo que Mahler observa, sente, relaciona, interpreta e reage, dando a suas sinfonias uma duração que freqüentemente ultrapassa os 70 minutos de execução. Talvez por isso Strauss tenha dado preferência no poema sinfônico, forma muito mais livre que a sinfonia e de caráter mais sucinto. O mais curto poema sinfônico de Strauss, “Till Eulenspiegel”, tem algo em torno de 15 minutos, e o mais longo, “Vida de Herói”, 45.

Há extrema coerência, em ambos, na escolha de suas formas de expressão. Um poema sinfônico como os de Strauss certamente não comporta tanta informação como as sinfonias de Mahler – e estas nunca conseguiriam ser claras e objetivas como os poemas de Strauss sem cair numa extrema redundância. Ambos contornam facilmente estas possíveis aberrações estéticas numa simples escolha inteligente do meio correto de utilizar a música.
A estrutura de narração de Mahler (tragédia, consolação, triunfo), é visivelmente modificada, sutil ou abruptamente, na Quarta, Sexta, Oitava e Nona sinfonias. Destas, apenas a Sexta e a Oitava são abruptas, a Sexta é inteiramente trágica e angustiante, ao passo que a Oitava é triunfal e otimista do começo ao fim. A Quarta é um meio termo, uma sinfonia que parece não tomar muito partido desta relação, pois está montada sobre um afresco extremamente original de melodias brilhantemente orquestradas, cuja intenção é justamente espelhar uma espécie de ingenuidade infantil. A Nona é indefinível. Pertence a um universo abstrato, místico, transcendente. Um universo de um compositor que esgotou as possibilidades estruturais padronizadas pelo próprio estilo e busca, através dele, vislumbrar outras dimensões. Processo semelhante ao que ocorre no “Das Lied von der Erde”, ciclo de canções sobre poemas chineses onde a estrutura também é subvertida, sendo a última parte um canto de despedida que Mahler interpretou como o de sua própria vida.

Tudo aquilo que é problemático para Mahler parece ser bastante natural para Richard Strauss. Strauss sempre tratou a psicologia do inconsciente através do argumento de suas obras, e não propriamente do material musical. Fez uma música puramente objetiva, de clareza incomparável, que hesita em se estender nos devaneios contrastantes típicos de Mahler. “Also Sprach Zarathustra” talvez seja o melhor exemplo da relação Strauss/Mahler, porque ambos esboçaram gigantescos afrescos sinfônicos sobre o texto de Nietzsche em épocas muito próximas. A intenção de Strauss era clara: não queria transformar filosofia em música, mas tentar exprimir a idéia do conflito homem-natureza e sua evolução até o nascimento do super-homem nietzschiano (“Übermensch”). Mahler já transcende a descrição sonora de um ideal para um problema puramente existencial, não descrevendo-o musicalmente, mas sim traduzindo suas sensações interpretadas e relacionadas em todo o seu esdrúxulo inconsciente. Assim, a Terceira Sinfonia de Mahler, que se utiliza em seu 4o movimento de um trecho para contralto do Zarathustra, possui todo um contexto maior, relacionado também às lembranças da infância (As marchas, as canções do Wunderhorn), à associação com a morte e o amor, sugerindo uma interpretação muito mais pessoal do texto de Nietzsche do que a de Strauss. Strauss pensava de uma forma mais sintética, pois o próprio argumento de seus poemas já traduzia determinada opinião.

Talvez por toda esta série de diferenças, a obra de Strauss é freqüentemente considerada mais superficial. Erro beócio: a obra de Strauss simplesmente narra uma situação psicológica ou uma ação através de uma projeção do ego num herói, ao passo que em Mahler o herói é a própria música. A narração de Strauss é em terceira pessoa, e a de Mahler é em primeira. Uma simples diferença de perspectiva. A música de Mahler é intimista, a de Strauss é pictórica, e dá mais amplitude a diferentes interpretações relacionadas ao mundo das imagens e das palavras. Mahler é mais hermético. Incontestavelmente, Richard Strauss foi um mestre da orquestração que sabia colocar números extraordinariamente grandes de instrumentos e tratá-los com uma naturalidade camerística, ao passo que Mahler custou um pouco a desprender-se da grandiloqüência wagneriana dos efeitos de massa (típicos da Segunda e Terceira sinfonias) até atingir um refinamento que já era nítido no “Don Juan” de Strauss. O caso Mahler/Strauss é particularmente interessante porque ambos tiveram a oportunidade de acompanhar o crescimento um do outro, bebendo em fontes muito próximas (Beethoven, Wagner, Bruckner), mas sem perder suas particularidades.

Mahler morreu em 1911 e Strauss em 1949, mas seu último “poema sinfônico”, (ainda que chamado de sinfonia), a “Sinfonia Alpina”, é de 1914, sendo portanto a produção de poemas tonais (e não de óperas) que vai de encontro à comparação com a obra de Mahler. Estes dois mestres absolutos da forma e da orquestração foram os últimos patamares da música puramente tonal, que logo em seguida seria totalmente desestruturada por Schoenberg e Stravinsky. Talvez seja chegada a hora de reavaliar a importância de Mahler e Strauss, pois foram eles os últimos mestres antes da escola dodecafônica, onde a música erudita perdeu grande parte de seu público, que voltou às origens de Bach e Mozart. Afinal, além da questão tecnológica e social (e claro, considerando o mundo hoje consumido pela comunicação), poucas diferenças existem entre o fim-de-século deles e o nosso. Seria superestimar a arte de ambos considerá-los profetas da modernidade?

Disco 1

Richard Strauss (1864-1949) – Vida de Herói (Ein Heldenleben)

01. Ein Heldenleben – Das Held
02. Ein Heldenleben – Des Helden Widersacher
03. Ein Heldenleben – Des Helden Gefährtin
04. Ein Heldenleben – Thema der Siegesgewissheit
05. Ein Heldenleben – Des Helden Walstatt
06. Ein Heldenleben – Des Helden Walstatt_ Kriegsfanfaren
07. Ein Heldenleben – Des Helden Friedenswerke
08. Ein Heldenleben – Des Helden Weltflucht und Vollendung
09. Ein Heldenleben – Entsagung

London Symphony Orchestra
Sir John Barbirolli

Gustav Mahler (1860-1911) – Sinfonia No. 6 em Lá menor – “Trágica”

10. I. Allegro Energico, Ma Non Troppo; H

Disco 2

01. II. Andante moderato
02. III. Scherzo. Wuchtig
03. IV. Finale. Allegro moderato – Allegro energico

New Philharmonic Orchestra
Sir John Barbirolli

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Richard Strauss (1864-1949) – Sinfonia Alpina, Op. 64 e Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para violino em D major, op. 61

FDP enquanto estava por aqui andou a fazer algumas postagens com um material ao vivo. São gravações realizadas na sala de concerto e liberadas na net em forma de compilação. Excelente. Tenho centenas dessas gravações. Acompanhei de perto esse trabalho iniciado pelo FDP. Mas, pelo que me consta, ele fez apenas duas postagens. Uma vez ou outra vou tentar postar estes trabalhos fantásticos. Assim, vamos a um deles. Tenho uma paixão toda especial pelo Opus 61 de Beethoven. Apresento dessa vez uma gravação ao vivo executada no ano de 2005, realizada sob a batuta do regente Christian Thielemann; o violinista é Leonidas Kavakos. A Munich Philharmonic Orchestra realiza um bom trabalho. Entusiasma. Este concerto é de grande beleza e sensibilidade. É um dos concertos para violino que mais admiro, juntamente com o opus 64 de Mendelssohn, o opus 35 de Tchaikovsky e o opus 77 de Brahms. Depois vem o de Schoenberg e Sibelius. Devo afirmar que falta o de Shostakovich (opus 77). O outro registro fantástico do CD é a Sinfonia dos Alpes ou Sinfonia Alpina de Richard Strauss. Não deveríamos chamá-la de sinfonia, pois trata-se de um poema sinfônica de proporções impressionáveis. Strauss o compôs entre os anos de 1911 e 1915. O programa ilustra uma excursão de um dia subindo os Alpes Bávaros, recordando na magistral orquestração a experiência duma escalada realizada pelo próprio compositor quando ele tinha catorze anos. A música cumpre um programa (expressa em partes) narrado pelo compositor: neste caso, a subida a um pico do Alpes Bávaros e o retorno ao vale. O compositor considerava esta peça musical como o seu mais perfeito trabalho de orquestração, que inclui até máquinas que produzem sons de trovões. Os primeiros esboços datam de 1911. Em 1914, Richard Strauss dedicou-se com mais intensidade a essa obra e, após 100 dias de muito trabalho, a partitura foi concluída em 8 de fevereiro de 1915. A primeira execução da obra foi no dia 28 de outubro de 1915, com a Orquestra de Dresden, em Berlim, sob a regência do próprio compositor. A Sinfonia Alpina está dividida em 23 partes, a saber:

1. Noite;
2. O nascer do sol
3. A ascensão
4. Entrada na floresta;
5. Caminhando às margens do regato;
6. A queda d’água;
7. Aparição;
8. Nos prados floridos;
9. Nos pastos;
10. Perdido na espessura;
11. Na geleira;
12. Momentos perigosos;
13. O cume;
14. Visão;
15. Aparecem nuvens;
16. O sol se escurece pouco a pouco;
17. Elegia;
18. Calma antes da tormenta;
19. Temporal e tempestade;
20. A descida;
21. O pôr-do-sol;
22. Ressonâncias;
23. Noite.

É ouvir e se deleitar com esse trabalho fantástico. Faz-me lembrar de minha infância nos rincões pernambucanos. Acredito que Strauss quis resgatar justamente o sentido da infância que se mescla à natureza neste trabalho. Somente quem experienciou algo assim pode entender.

P.S. Algumas informações foram extraídas da wikipédia. As gravações estão em blocos.

Mais informações AQUI

Richard Strauss (1864-1949) – Sinfonia Alpina, Op. 64 (An Alpine Symphony)
1. Noite;
2. O nascer do sol
3. A ascensão
4. Entrada na floresta;
5. Caminhando às margens do regato;
6. A queda d’água;
7. Aparição;
8. Nos prados floridos;
9. Nos pastos;
10. Perdido na espessura;
11. Na geleira;
12. Momentos perigosos;
13. O cume;
14. Visão;
15. Aparecem nuvens;
16. O sol se escurece pouco a pouco;
17. Elegia;
18. Calma antes da tormenta;
19. Temporal e tempestade;
20. A descida;
21. O pôr-do-sol;
22. Ressonâncias;
23. Noite.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para violino em D major, op. 61
23. Allegro ma non troppo
24. Larghetto
25. Rondo

Munich Philharmonic Orchestra
Christian Thielemann, regente
Leonidas Kavakos, violino

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