Giuseppe Verdi (1813-1901): Ernani (Bonynge, Nucci, Sutherland, Pavarotti)

Giuseppe Verdi (1813-1901): Ernani (Bonynge, Nucci, Sutherland, Pavarotti)

Sette – ERNANI ! . . . ERNANI, Involami

Com “Nabucco” e “I Lombardi alla prima crocíata” – isto é, com os seus primeiros grandes sucessos – Verdi começou – diria quase instintivamente – a exercer a ação política com a sua música. A quinta ópera de Verdi foi encomendada pelo Teatro La Fenice, Veneza, e foi a primeira que escreveu para um teatro diferente do La Scala. As autoridades venezianas, impressionadas com a recente recepção de “Nabucco” em La Fenice e de “I Lombardi” em La Scala, permitiram que o jovem compositor negociasse uma taxa considerável e fizesse várias condições incomuns, notadamente que ele teria o direito de escolher os cantores de sua nova ópera. Montagens pela Itália de “I Lombardi” em 1843 ocuparam muito tempo do mestre e numa delas ele conheceu um personagem que será importante colaborador o bolonhês Giulio Cesare Ferrarini, já conhecido violinista e maestro, ele dirigiu os “I Lombardi” no carnaval de 1843-44 em Mântua, onde se tornou o protagonista de um episódio que acho legal compartilhar com os amigos do blog relatado pelo historiador Alcari com palavras que fazem jus à prática da regência no século XIX na Itália, mesmo naquele setor bastante desacreditado que eram os conjuntos instrumentais de ópera. “É importante notar que no século XVIII os maestros estavam perfeitamente familiarizados com toda a mecânica dos instrumentos de arco e até por volta de 1870 eles regiam segurando o violino e batendo o tempo com o arco, e os principais maestros, como Ferrarini, eram todos virtuosos de seu instrumento. Aconteceu no carnaval de 1843-44, no Teatro Sociale de Mântua, que desde a primeira execução do “I Lombardi” de Verdi, o “violino di spalla” passou mal pouco antes do início do famoso solo do terceiro ato. Ferranni, sem se atrapalhar, atacou aquela admirável peça encenando-a toda, sentado no seu banco, de forma perfeita e sendo aclamado pelo público e depois festejado pelas autoridades cívicas. E o sucesso foi tal que a Superintendência do teatro lhe pediu que executasse também a peça para todas as representações subsequentes.” Portanto, deixando “I Lombardi” em boas mãos, voltemos a nova ópera. Os dias passam, o compositor está a caminho para iniciar a ópera que será mundialmente conhecida como “Ernani”.

L ingresso ao Teatro Fenice di Venezia dalla laguna – 1820

Em abril de 1843, voltando de Viena, Verdi estava conversando com o presidente do teatro veneziano “La Fenice”, conde Nani Mocenigo. Ele tentou ganhar tempo, afirmando que não poderia entregar a orquestração da ópera porque normalmente a espalhava durante os ensaios do cravo e terminava a partitura apenas para o ensaio geral. Um procedimento inconcebível para nós hoje e que ilustra plenamente como era artesanal a concepção orquestral das óperas, bem como o costume da casa de ópera italiana, onde a orquestra não era tão importante quanto a companhia cantante; por outro lado, os ensaios para a preparação de uma estreia duravam muito mais do que hoje. Enquanto o noivado amadurecia, o maestro e o conde escolhiam o tema, Mocenigo sugere o libreto de Cromvello, retirado da peça de Victor Hugo “Cromwell”; depois o olhar recaiu sobre outro drama do mesmo,

Hernani (1830) – Victor Hugo

“Hernani” , que treze anos antes causara sensação em Paris. “Liberdade na arte, liberdade na sociedade: tal é o duplo objetivo pelo qual todos os espíritos coerentes e lógicos devem lutar com igual entusiasmo; tal é a dupla bandeira que vê todos os jovens fortes reunidos, exceto algumas inteligências que não se deixarão iluminar… Tal é o início do século: e prevalecerá. Os “ultras” de toda espécie” (escreveu Hugo no prefácio da obra, chamando os reacionários de “ultras”). “ Clássicos ou monárquicos, vão se divertir ajudando uns aos outros para colocar o velho regime de pé novamente, pedaço por pedaço … cada progresso do país, cada desenvolvimento da inteligência, cada passo de liberdade vai derrubar tudo o que eles acumularam.”

 

Victor Hugo (1802-1885) par Amand Vaché (1876)

Era claro que tal tema, que então abalou almas e cérebros, pôs febre nos censores, mas Verdi se apaixonou. Precisava sair da concha das incertezas, dos dramas em que a moldura denteada ou o traje sufocavam o quadro das ambiguidades em que se enredara desde o Oberto: um libreto já corajoso e ardente. Agora algo mais forte estava batendo dentro dele. “Gostaria de um libreto grandioso e ao mesmo tempo apaixonado, e que se desviasse do “Nabucco ”e dos “Cruzados” com muito fogo, muita ação e brevidade ”. Por diversas razões, Verdi, não se dirigiu a Solera, que não aceitaria. Muito cioso do seu trabalho, da disposição das estrofes e dos versos, adaptava-se mal às exigências do “tirano Verdi”. Cedia contra a vontade porque o maestro não desistia, nem a bem , nem a mal. Deparou-se-lhe um jovem libretista, hábil versejador, que se ofereceu, renunciano a todas as ambições, para que o maestro tivesse nele um auxiliar pronto e obediente aos seus intentos a ás suas imposições. Foi recebido com prazer porque, para seguir, sem obstáculos e interrupções, carecia de um homem inteligente, perito, mas sem pretensões, um ajudante com quem pudesse aconselhar-se, escolher, investigar o que melhor conviria para harmonizar com sua música. O libretista serviu maravilhosamente a Veri, escrevendo durante anos para o maestro os libretos de óperas que, junto aos de Solera (Nabucco, Lombardi, GiovannaD’Arco, Attila), o tornaram polular. Este libretista chamava-se Francisco Maria Piave (1810-1876). Em pouco tempo concluiu o libreto de Ernani, o maestro não necessitava “encerrar o libretista num quarto” para trabalhar, como fez com Solera. Piave se ajustava perfeitamente os projetos de Verdi, suprimindo, revendo, modelando os versos para que o maestro pudesse dar asas a sua inspiração sabendo acomodar bem os dramas e os episódios, explanar clara e sucintamente a trama da narração, dizia que os libretos de ópera são, sem música, esqueletos imóveis, e que só os sons podem faze-los brilhar e dar vida. Certificara-se de que as observações de Verdi para cortar ou ampliar não provinham de simples caprichos, mas de intuição para alcançar o melhor. Piave não era um poeta verdadeiro, mas possuía extraordinária habilidade de libretista entre os diversos trabalhos que escreveu para Verdi, além de “Ernani”, destacam-se: “Rigoletto”, “Macbeth”, “Corsaro”, “Traviata”, “Forza del Destino” (como veremos nas postagens no decorrer da série Verdi).

Francesco Maria Piave – “Va bene maestro, cambiamo di nuovo la poesia”

Com Piave, Verdi falou claramente desde o início: queria que ele abrisse mão de toda a preciosidade literária, foi uma verdadeira relação de colaboração, a cada pedido, o libretista seguia os conselhos, que iam do esboço de uma cena à finalização do verso e à escolha das palavras. “Por mais que eu tenha pouca experiência, vou ao teatro o ano todo, sou muito cuidadoso: certamente muitas composições não teriam caído se houvesse melhor distribuição das peças, efeitos mais bem calculados, formas musicais mais claras … Muitas vezes um recitativo muito longo, uma frase que ficaria bonita no livro ou em um drama encenado, quando é transportada para um drama cantado não fica bom e as vezes a plateia chega a rir.”

Durante o outono de 1843, a correspondência entre Verdi, Piave e a direção do teatro deixa claro que o compositor teve um interesse incomumente ativo na modelagem do libreto e interveio em vários pontos importantes, insistindo, por exemplo, que o papel de Ernani fosse cantado por um tenor. Pelo menos em parte, essa nova preocupação com o texto poético era necessária por seu trabalho com Piave, que era inexperiente em assuntos teatrais e ocasionalmente cometia o que Verdi considerava erros no amplo planejamento dramático. Alterações de última hora no elenco levaram Verdi a fazer várias alterações tardias em sua pontuação, notadamente ao adicionar um cantabile de Silva ao final do primeiro ato. Cobnsagrando-se inteiramente à nova ópera, porque o libretoo enfeitiçara, terminou a composição em fevereiro de 1844, exatamente um ano depois de “Il Lombardi”. A estreia que ocorreu em Veneza no Teatro “La Fenice” em 9 de março de 1844, cujo elenco incluía Carlo Guasco (Ernani), Antonio Superchi (Don Carlo), Antonio Selva (Silva) e Sophie Loewe (Elvira), o esplendor das cenas e a ótima execução da orquestra e cantores, não deu outra, foi um enorme sucesso.

Verdi in una foto del 1844

Apesar de habituado já aos triunfos, o maestro ficou como que aturdido, absorto em intensa satisfação moral. Todos os jornais, no dia seguinte, reconheceram o valor de quem soubera acentuar a sua personalidade no difícil ambiente teatral. “… causou tão viva impressão no público a música de Ernani que as pessoas, saindo do teatro, cantarolavam os motivos do tenor e do barítono, o que só se pratica com boa música…..”; “…. como soam harmoniosos e retumbantes os versos de Victor Hugo! Há nessa música qualquer coisa de trepidante, de colérico, de suave e de convulsivo. As paixões, antes que despertadas e gradativamente incendidas, anunciam-se veementes sem transições notáveis. Ninguém é sereno, nem razoável. Três homens amam a mesma mulher e loucamente a disputam. Não declaram seu afeto, gritam-no; não abrigam somente ciúmes uns dos outros, insultam-se. Todos correm as armas e, de espada na mão, clamam vingança: todos se alimentam de ódio e rancores, só concordes no insensato apetite de se exterminarem….”. disparou a “Gazzetta Privilegiata di Veneza”.

Ernani não sobressaía apenas pelas suas características românticas. A época abrigava um secreto, mas fervente, patriotismo, e não eram poucas as alusões ao latente amor da pária que acordava o povo. O coro dos bandidos, a sua devoção a Ernani, generoso salteador, erguia os corações num impulso de ideal aspiração. O coro “Si ridesti il leon di Castiglia” (faixa 30) ainda determinava mais coletivo entusiasmo, pelas suas palavras guerreiras e sua música imponente. Os populares repetiam-no com mal disfarçada intenção, acentuando com a voz as palavras que pareciam, e tinha de fato, uma significação bem aceita pelos italianos: “Sejamos todos uma só família / Combatamos com alma e com os braços”. Os espectadores, no Fenice, acompanhavam os artistas na execução dos coros, esquecidos da situação cênica, para recordarem apenas as próprias condições sociais e políticas. A veemência chegava ao auge no fim do terceiro ato, o perdão de Carlos V, a que Verdi imprimiu toda a potencialidade e doçura da sua paleta sinfônica ! Vincavam-se as palavras que na peça definem a ação “ .. para Carlos Magno toda a gloria e honra!” (faixa 33), substituindo “Carlos Magno” por “Carlos Alberto” ou “Pio IX”. Subtendia-se a intenção, aliás algumas vezes desmascarada, porque no teatro do povo, quando aplaudiam, agitavam bandeirinhas tricolores, ato este que não era permitido exibir impunemente. O calor patriótico se exaltava sob o manto do entusiasmo artístico. A população estava preparada para a luta que devia originar notáveis páginas da história italiana.

Teatro La Fenice di Venezia per la prima di Ernani

Verdi teve a fortuna de nascer, ou melhor, revelar-se num período de ardente fé, de formidável arrebatamento, criando para o artista um meio mais acolhedor e benéfico. Neste tempo, segunda guerra da independência, seu nome transformou-se numa espécie de estandarte patriótico. Isto bastou para que fosse o mais querido do povo, mais conhecido pela multidão, melhor aceito pelas plateias. Além do próprio mérito, deveu sua fama ao momento histórico que soube interpretar e executar em suas obras. A sua arte foi como a boa semente lançada em terreno adequado. Pôde germinar, crescer, desenvolver-se e frutificar pela perícia do cultivador, é verdade, mas também pelo clima e pela posição. Poucos artistas tiveram esta sorte do destino. Quantos e quantos ótimos artistas não semearam em terrenos áridos e sob céus inclementes da incompreensão vendo suas obras primas sendo rejeitadas (ex. Bizet-Carmen).

Ernani rapidamente se tornou imensamente popular e foi revivido inúmeras vezes durante seus primeiros anos. Em geral, Verdi foi inflexível para que nenhuma mudança fosse feita na pontuação; mas ele permitiu pelo menos uma exceção. A pedido de Rossini, que atuava em nome do tenor Ivanoff, ele forneceu uma ária com refrão para Ernani como um final alternativo ao final do segundo ato (faixa 25, o Big-Pava canta belissimamente, diga-se de passagem), a peça foi executada em Parma em 26 de dezembro de 1844.

O Enredo

Drama lírico em quatro partes, libreto de Francesco Maria Piave baseado no romance de Victor Hugo “Hernani”; Primeira apresentação em Veneza, Teatro La Fenice, 9 de março de 1844.

O prelúdio apresenta as ideias musicais ligadas aos dois principais temas dramáticos da ópera: primeiro, entoado em trompete e trombone solo, o tema associado ao juramento fatal de Ernani a Silva; e então um tema lírico que evoca o amor entre Ernani e Elvira em seu estado mais puro.

A ação se passa no ano de 1519 em Aragão , Aachen e Saragoça .

Ato 1: “Il bandito”

Ernani – prima edizione per canto e piano

I – Os Pirenéus.

O castelo de Silva é visto à distância, a ópera começa com o belo coro (‘Evviva! Beviam!’, faixa 02). Esta cena mostra ao espectador o mundo turbulento e despreocupado dos ‘montanhistas e bandidos’. O líder deles Ernani entra para contar seu amor por Elvira; todos concordam em ajudá-lo a roubá-la de Don Ruy Gomez de Silva, seu tutor e noivo. A cavatina de Ernani está no formato convencional de ária dupla, mas o primeiro movimento, “Merce, Diletti Amici.. Come Rugiada Al Cespite” na faixa 03, mostra uma expansão do período lírico usual enquanto Ernani se concentra em seu ódio por Silva. A cabaleta, “O tu, che l’alma adora (faixa 04), faz uso proeminente da sincopação para sugerir a impaciência de Ernani para a ação.

II – Apartamento ricamente mobiliado de Elvira no castelo de Silva.

Elvira canta sua cavatina, durante o qual ela medita sobre seu amado Ernani, repete o esboço formal de ária dupla de Ernani, embora a cena inteira seja desenvolvida musicalmente de forma mais expansiva. O famoso Andantino, “Ernani! … Ernani involami” na faixa 05, tem a forma expandida, mas ainda altamente esquemática, que estava se tornando comum nos primeiros trabalhos de Verdi e, caracteristicamente, mostra um controle rigoroso dos gestos ornamentais da soprano. Um alegre tempo “di mezzo” com sonoridade espanhola, durante o qual a comitiva de Elvira a elogia por seu futuro casamento com Silva, leva a uma linda cabaleta, “Tutto sprezzo che d’Ernani” (faixa 06 em que é difícil ouvir apenas uma vez a divina Dame Joan Sutherland), em que a extensão vocal e expressiva da frase inicial dá alguma indicação das novas demandas que Verdi estava colocando em seus principais intérpretes. Elvira e suas mulheres varrem e o palco é ocupado por um disfarçado Don Carlo, rei da Espanha. Carlo, apaixonado por Elvira e indignado por ter sido preterido, manda Giovanna, a serva de Elvira, buscar sua amada. Elvira entra para expressar indignação com a audácia do rei e eles cantam uma das formas de maior sucesso de Verdi, o chamado dueto “diferente” entre barítono e soprano. O primeiro movimento, como de costume, é um diálogo rápido com a continuidade preservada pela orquestra, mas isso logo dá lugar a uma primeira declaração: Carlo inicia com uma efusão lírica, “Da quel di che t’ho veduta” faixa 08. Após a ópera nos oferece uma cena totalmente romântica: Carlo tenta impacientemente arrastar Elvira para longe, ela agarra sua faca para defender sua honra e, no auge da ação, o próprio Ernani aparece por uma porta secreta. Há um declamato do chocado Carlo antes de Elvira e Ernani se lançarem no furioso dueto que vira um belíssimo e dramático trio cheio de síncopes para enfatizar a energia desafiadora dos jovens amantes. As cadências prolongadas da stretta são imediatamente seguidas pelo aparecimento do terceiro pretendente de Elvira, o idoso Silva, é o início do Finale do primeiro ato. Silva fica obviamente consternado com a cena que observa, depois de convocar com raiva seus seguidores, se envolve em um andante dolorido e cromático: “Infelice! e tu credevi” faixa 10. Mas há mais surpresas por vir e, logo após Silva terminar, emissários revelam a verdadeira identidade do rei. A revelação precipita um adagio, que começa na confusão total, mas gradualmente encontra voz lírica, notadamente por meio da repetição e desenvolvimento de um pequeno motivo cadencial. Quando o adagio termina, Silva se ajoelha para pedir perdão ao rei, que este concede, explicando que está ali para angariar apoio para a próxima eleição do imperador. Em um aparte, o rei se oferece para ajudar Ernani e, anunciando abertamente que o bandido está sob proteção real, ordena que ele saia. A raiva de Ernani à parte, na qual ele ameaça seguir Carlo meramente para se vingar, começa em tom menor, mas agudo, e progride para o modo maior com um crescendo simples, mas altamente eficaz.

Ato 2: “L’ospite”

Prima edizione dello spartito per pianoforte di Ernani

Um salão magnífico no castelo de Silva.

Depois de um belo coro inicial elogiando Silva e Elvira, ocorre um exemplo do tipo de cena articulada e complexa que Verdi costumava preferir no meio de uma ópera. O número se intitula ‘Recitativo e Terzetto’, mas envolve em seu trio um dueto prolongado. Enquanto a multidão se dispersa, Silva concede entrada para um ‘peregrino’ que pediu abrigo. Elvira aparece e Silva a apresenta como sua futura noiva, no que o ‘peregrino’ (que é Ernani) tira o disfarce e oferece a própria cabeça como presente de casamento. O Andante que se segue, “Oro, quant’oro ogn’avido” faixa 16 traz Ernani zangado, Elvira triste e Silva (que não reconheceu Ernani) confuso, é dominado por Ernani e faz uso dinâmico do trio. Assim que os amantes ficam sozinhos, cantam a magnífica “Tu, Perfida!” faixa 17, em que Elvira garante a Ernani que pretendia suicidar-se na noite de núpcias, e a reconciliação é selada por um breve Andantino com harpa e sopros “Ah, Morir Potessi Adesso” faixa 18. Quando Silva retorna, fica horrorizado ao encontrá-los nos braços um do outro. Ele descobre que Don Carlo está esperando por Ernani fora do castelo; mas ele não desistirá do bandido, desejando uma vingança pessoal, Elvira conduz Ernani a um esconderijo secreto enquanto os dois amantes expressam seu desespero.

A entrada de Carlo anuncia uma longa passagem de recitativo acompanhado. O rei pede a Silva que revele o paradeiro de Ernani e, ao ser negado, desarma o velho e ordena uma busca no castelo. Durante a busca, Carlo canta “Lo vedremo, o veglio audace” faixa 21, primeiro movimento do que formalmente se intitula ‘ária’, mas no qual Silva se junta livremente. A raiva do rei se manifesta em uma linha ampla e altamente declamatória, enquanto Silva o nega com ritmos e tons obsessivamente restritos. O movimento do meio, embora muitas vezes lírico, é repleto de ação no palco: os seguidores de Carlo voltam, sem encontrar nada no castelo; o rei ameaça Silva; Elvira entra precipitadamente e implora por misericórdia; Carlo a leva como refém. A cabaleta final, “Vieni meco, sol di rose” da faixa 23 é uma peça dramática magnífica: depois de toda a ação e conflito, Verdi termina com uma passagem de puro lirismo do barítono, cheio de ornamentos gentis quando o rei convida Elvira a se juntar a ele. O palco está livre para deixar Silva sozinho. Ele liberta Ernani do esconderijo e imediatamente o desafia para um duelo. Ernani se recusa e revela que o próprio rei está perseguindo Elvira. Para unir forças com Silva para se vingar de Carlo, Ernani oferece ao velho uma trompa de caça e propõe um pacto mortal, devidamente enfatizado com solenes acordes de metais. Se ouvir Silva tocar o clarim Ernani deverá se matar. O negócio foi fechado; Ernani se junta a Silva e seus seguidores em um explosivo prestíssimo para encerrar o ato (a belíssima faixa 25).

Ato 3: “La clemenza”

Una Stampa d’epoca raffigurante l’esecuzione di Ernani alla Fenice di Venezia

Abóbadas subterrâneas confinando a tumba de Carlos Magno em Aax-la-Chapelle.

Cores instrumentais escuras adequadas ao cenário dão início ao ato. Carla entra com Riccardo, seu escudeiro. É o dia da eleição do Sacro Imperador Romano, e Carlo soube que uma conspiração está acontecendo. Ele instrui Riccardo a disparar três tiros de canhão se a eleição for a seu favor. Deixado sozinho “para conversar com os mortos”, o rei analisa amargamente sua juventude desperdiçada e decide subir de status se for eleito. A ária que ilustra este ponto de inflexão mais importante no drama, “O de’verd’anni miei” faixa 28, é notável por sua extrema mudança na atmosfera no meio do caminho: de lembranças musicais sombrias do barítono florido que caracterizou os atos anteriores a uma recém descoberta força e amplitude de expressão nas palavras “e vincitor de, secoli”. Carlo se esconde na tumba de Carlos Magno quando os conspiradores entram: sombrias cores orquestrais reafirmam-se enquanto os conspiradores trocam a senha e sorteiam a tarefa de assassinar o rei. Ernani vence o sorteio e todos se unem em um grande coro, “Si ridesti il ? Leon di Castiglia” faixa 30. Em cunho rítmico, esta peça guarda uma certa relação com “Va pensiero” (Nabucco) e “O Signore, dal tetto natio” (I Lombardi), mas aqui a vitalidade rítmica e o consequente estímulo à ação são muito mais imediatos. Os três tiros de canhão soam e Carlo emerge triunfante da tumba enquanto o palco se enche de seus seguidores. Em um final magnífico para o ato, Carlo perdoa os conspiradores e até consente no casamento de Ernani e Elvira; sua peroração final a Carlos Magno, “Oh sommo Carlo” faixa 33, eventualmente atrai todos para sua órbita musical.

Ato 4: “La maschera”

Una caricatura dei quattro personaggi principali dell Ernani, che suggerisce l’stampio del copricapo portato dai rivoltosi milanesi del ’48

Um terraço no palácio de Don Giovanni de Aragão (Ernani) em Saragoça.

Como é comum com Verdi e seus contemporâneos, o ato final é de longe o mais curto. Um coro e um grupo de dançarinos nos contam que os preparativos para o casamento de Ernani e Elvira estão em andamento. Os dois amantes emergem para uma breve mas intensa afirmação de sua felicidade, mas são interrompidos pelo som de uma trompa de caça distante. Ernani tenta esconder a verdade, do pacto com Silva, de Elvira reclamando de um antigo ferimento e mandando-a sair e pedir ajuda. Deixado sozinho, ele momentaneamente se convence de que o o som do clarim era uma ilusão. Mas Silva aparece e exige a vida que lhe é devida. Elvira retorna enquanto Ernani pega a adaga oferecida; e assim começa o trio final, “Ferma, crudel, estinguere” faixa 37, justamente uma das peças mais célebres da partitura, notável acima de tudo por sua profusão de ideias melódicas. O encerramento do trio é seguido imediatamente pela repetição de Silva da música do pacto. Apesar dos protestos de Elvira, Ernani pega a adaga e se esfaqueia. Os amantes têm tempo apenas para uma última e desesperada afirmação de amor antes que o herói morra, deixando sua noiva desmaiar.

Cai o pano

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Personagens e intrérpretes

Como o próprio Verdi afirmou mais de uma vez, Ernani representa uma importante mudança de direção em seu início de carreira. Seus dois sucessos anteriores, “Nabucco” e “I Lombardi”, haviam sido escritos para o La Scala, um dos maiores palcos da Itália e bem adequado aos grandiosos efeitos corais dessas obras. Para a atmosfera mais íntima do La Fenice, ele criou uma ópera que se concentrava no conflito pessoal, controlando cuidadosamente a sequência complexa de ações necessárias para trazer os personagens a um confronto intenso. Este novo formato trouxe uma nova consideração sobre as formas fixas da ópera italiana, em particular uma expansão e enriquecimento da ária solo e dueto, juntamente com uma abordagem mais flexível para as sequências musicais que unem peças líricas. Mais importante, no entanto, foi o senso crescente de Verdi da retórica mais ampla de um drama musical, seu controle crescente sobre a dinâmica de atos inteiros, em vez de apenas números inteiros. Nesse sentido, o terceiro ato de Ernani estabelece um padrão imponente de coerência, raramente igualado até as óperas do início da década de 1850. Para nos deleitar com esta excelente ópera vamos compartilhar com os amigos do blog a gravação que este insignificante admirador mais gosta. A última colaboração em estúdio entre Sutherland (1926-2010) e Pavarotti (1935-2007), que no mínimo, tem uma qualidade inegavelmente histórica.

Big-Pava e Shuterland brindando no PQPBach Caffé

Curiosamente a presente gravação foi realizada em 1987 e mantida na gaveta da gravadora por uma década antes do lançamento, todos os cantores estão com performances impressionantes, Burchuladze (Silva) é bastante imponente é o que se poderia desejar como Silva, Nucci no auge de sua belíssima voz é sólido como sempre e para este que vos escreve a verdadeira estrela desta gravação, Nucci é meu Don Carlo favorito. O coro e a orquestra do WNO atuam de maneira excitante sob a competente direção Richard Bonynge.  Pavarotti com seu timbre de voz inconfundível é lírico e heroico, e a Elvira de Dame Joan é mais que extraordinária. Não se ouve Elvira com tanta musicalidade, ela oferece elementos interpretativos fascinantes para sua única gravação deste papel. Por já ser veterana, sua voz já não é tão brilhante quanto foi nas décadas anteriores, o vibrato diminuiu, mas a dinâmica é fluida e eficaz. Ela ainda adiciona ornamentação linda na conhecida “Surta E La Notte.. Ernani! Ernani, Involami” faixa 05, uma cabaleta que deixaria qualquer outro cantor deste papel no chão ofegante, na mesma proporção que a força da sua voz diminuiu na década de 80 seus elementos interpretativos e musicalidade foram se tornando mais pronunciados. Aqui ela se transforma em uma performance fascinante, cheia de personalidade e bela cantoria.

Chega de falatório e curtam esta grande obra do mestre Verdi. Subam as cortinas e que o espetáculo começe ! Bom divertimento !

Giuseppe Verdi: Ernani

Ernani—Luciano Pavarotti
Elvira – Joan Sutherland
Carlo – Leo Nucci
Silva – Paata Burchuladze
Giovanna – Linda McLeod
Riccardo – Richard Morton
Jago – Alastair Miles

Orchestra and Chorus of Welsh National Opera
Richard Bonynge
Recorded: Walthamstow Assembly Hall, 10–21 May 1987

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Big-Pava fazendo caras e bocas depois de ler que o obscuro Ammiratore acha o Nucci “o cara” desta gravação

Ammiratore

Chopin (1810-1849): Baladas e Impromptus – Anna Vinnitskaya ֎

Chopin (1810-1849): Baladas e Impromptus – Anna Vinnitskaya ֎

Chopin

Baladas e Impromptus

Anna Vinnitskaya

 

 

Frederico amava Maria, mas a mãe dela se opôs ao casamento devido à má saúde dele. Desolado, mas apesar disto, Frederico amou então Aurora, mesmo dizendo inicialmente que ela era antipática! O amor deles era por demais singular, pois Aurora não era uma mulher típica de seu tempo. Se bem que Frederico estava longe de ser um simples mortal. Com idas e vindas, o amor de Frederico e Aurora perdurou por uns dez anos e teve, digamos assim, seus momentos. No período em que estiveram juntos, eles frequentavam os salões da aristocracia parisiense. Ele ganhou a admiração e o apoio de um banqueiro, que o apresentou aos aristocratas, que se tornaram seus alunos de piano, resolvendo seus problemas financeiros. Conta-se que após as aulas, eles deixavam discretamente l’argent sobre um certo móvel, enquanto Frederico virava-se para outro lado, para não avistar o ato…

Os amigos do casal eram compositores, escritores e outros artistas. Eles passaram um período em um paraíso idílico, mas a má saúde dele e as peculiaridades do casal despertaram a desconfiança dos tacanhos habitantes do local. Refugiaram-se em um convento, mas a saúde dele piorou ao ponto de fazê-los retornar ao continente. Apesar de tudo este período foi produtivo, ele compôs e ela escreveu. Depois, cada um seguiu seu caminho, mas a relação deles é lembrada até hoje, de tão singular que foi.

Os personagens desta novela são Frederic Chopin e Amandine-Aurore-Lucile Dupin, Aurore Dudevant de um certo casamento, mas literariamente conhecida por George Sand. Maria era Maria Wodzinska, da família Wodzinski, que eram amigos da família Chopin, da Polônia. O banqueiro era James Rothschild e os amigos artistas incluíam Schumann, Mendelssohn, Cherubini, Rossini, Liszt, Berlioz, Delacroix, Heine, Alfred de Vigny. Eu lembrei disto tudo depois de ouvir este maravilhoso disco da postagem.

Ser blogueiro estagiário aqui no PQP Bach Coorporation tem muitas vantagens. Uma delas é ter acesso a eventuais pré-lançamentos!! Este disco será oficialmente lançado em 19 de fevereiro. Anna Vinnitskaya é uma pianista espetacular, com excelente formação e muitos talentos. O disco é formado de duas partes. A primeira tem as quatro Baladas de Chopin. Se você quer mostrar a alguém o que é romantismo, em estado bruto, faça com que ouça a Balada No. 1. Todas as Baladas são exemplos de consumado romantismo e a linda Anna nos brinda com interpretações arrebatadoras, mas a primeira delas é especial. Portanto, se você tem algum tipo de intolerância a essa coisa, fique longe. Mas, espero que como é o meu caso, goste de, vez por outra, ser arrebatado nestas ondas de emoção. Bom, calma, aqui o bom gosto prevalece e a técnica da moça é impecável.

A outra metade do programa muda para os salões aristocráticos, num ambiente mais íntimo, onde Chopin, cercado de connoisseurs e nobres exibia todo seu talento. Os Impromptus são peças deliciosas e servem de ótimo exemplo para música de salão, mas no melhor sentido das palavras.

Frederic Chopin (1810 – 1849)

Baladas

  1. em sol menor, op. 23
  2. em fá maior, op. 38
  3. em lá bemol maior, op. 47
  4. fá menor, op. 52

Impromptus

  1. em lá bemol maior, op. 29
  2. em fá sustenido maior, op. 36
  3. em sol bemol maior, op. 51
  4. em dó sustenido menor, op. 66 – ‘Fantasie-Impromptu’

Anna Vinnitskaya, piano

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FLAC | 137 MB

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MP3 | 320 KBPS | 133 MB

Como gostei muito, não resisti e preparei logo a postagem!

Aproveite!

René Denon

Uma crítica sobre outro disco da Anna, mas que pode se aplicar também a este da postagem: BBC Music Magazine

Russian-born pianist Anna Vinnitskaya is clearly a name to reckon with. […]

There’s little doubt that she has the measure of each work, demonstrating not only formidable technical control but also a truly remarkable range of tonal colouring. […] Yet there’s no denying the sheer beauty and richness of her sound, the central movement presented in a particularly haunting manner.

.: interlúdio :. Mike Longo and the New York State of the Art Jazz Ensemble: Oasis

.: interlúdio :. Mike Longo and the New York State of the Art Jazz Ensemble: Oasis

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Mike Longo morreu em 22 de março de 2020 de complicações associadas à gripezinha. Nossa, quanto talento se perdeu! Oasis é um álbum de big band, mas completamente diferente dos sons tradicionalmente associados ao termo. Oasis é o que Longo chama de ‘música contrapontística com uma força melódica impulsionadora usando um conceito de grupo be-bop pequeno e moderno com uma seção de metais de 13 instrumentos’. A cada nova gravação, o pianista Mike Longo praticamente dá uma Master Class, mostrando como preencher a lacuna entre o be-bop e a era contemporânea, trazendo as melhores tradições à frente e adicionando inovações de ritmo e estrutura. Em Oasis, do selo CAP (Consolidated Artists Productions), ele exemplifica essa mistura de antigo com o novo.

Longo traz credenciais impecáveis ​​ao projeto — ele começou sua carreira com Cannonball Adderly, estudou com Oscar Peterson, tornou-se o pianista e diretor musical da banda de Dizzy Gillespie (tocou regularmente com Dizzy por 22 anos), escreveu nove livros sobre música e tocou no palco com incontáveis ​​músicos de jazz ao longo dos anos — Miles Davis, Milt Jackson, Coleman Hawkins, Gene Krupa, Jimmy Witherspoon, Lee Konitz, Roy Eldridge, James Moody, Buddy Rich e muitos outros. Oasis, o 18º álbum de Longo com seu próprio nome na capa, contém seus arranjos de 13 músicas — sete são composições originais — para uma big band de 17 integrantes — mais uma vocalista em três canções — que sempre incluem piano, guitarra, baixo, bateria, quatro trompetes , quatro trombones e cinco saxofones (dois contraltos, dois tenores e um barítono) embora os saxofonistas ocasionalmente toquem flauta ou clarinete e um trompetista faça um solo de flugelhorn.

.: interlúdio :. Mike Longo and the New York State of the Art Jazz Ensemble: Oasis

1. Bag of Bones (5:43)
2. Chanson (6:25)
3. Mike’s Lament (4:57)
4. Love Walked In (1:50)
5. Alone Together (6:18)
6. Infusion (5:29)
7. The Godfather (6:21)
8. Lazy Afternoon (7:17)
9. Covenant City (4:20)
10. Nocturnal Sea Voyage (7:33)
11. The Night We Called It a Day (6:21)
12. No More Blues (5:10)
13. Song of My Dream (for Duke) (5:54)

Mike Longo &
The New York State of the Art Jazz Ensemble:
Mike Longo–piano,
Adam Rafferty–guitar,
Santi Debriano–bass,
Darryll Pellegrini–drums,
Bob Magnuson–alto sax,
Lee Greene–alto sax,
Frank Perowsky–tenor sax,
Gerry Neiwood–tenor sax,
Matt Snyder–baritone sax,
Clarire Daly–baritone sax,
Gary Guzio–trumpet,
Joe Magnarelli–trumpet,
Nubate Isles–trumpet,
Freddie Hendrix–trumpet,
Waldron Ricks–trumpet,
Seneca Black–trumpet,
Bob Suttman–trombone,
Sam Burtis–trombone,
Eric Goletz–trombone,
Jonathan Greenberg–trombone,
Curtis Fowlkes–trombone,
Don Mikkelsen–trombone,
Special Guest: Hilary Gardner–vocals.

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Mike Longo observando do além os negacionistas.

PQP

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 9 (Abbado / VPO)

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 9 (Abbado / VPO)

Como o próprio Abbado demonstrou anos depois, interpretando esta mesma Nona com a Orquestra do Festival de Lucerna, ele é capaz de um Bruckner muito mais dramático e sublime do que esta performance ao vivo de 1996. Ficou sem graça, os clímax vêm e vão sem causar um efeito cumulativo. A Wiener Philharmoniker toca lindamente, embora os músicos sejam mantidos dentro dos limites. Suponho que, na época, Abbado ouvisse esta peça em sua cabeça como uma sucessão de pequenos eventos ao invés de um concepção unitária. Abbado, que às vezes faz um trabalho tão bonito com Bruckner, é dolorosamente metronômico aqui, fazendo esta bela e emocionante sinfonia soar como se fosse uma máquina. A orquestra toca lindamente, mas jamais alcança a transcendência de um Wand, Haitink, Nelsons, Celibidache, Nézet-Séguin, etc.

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 9 (Abbado)

Symphonie Nr. 9 D-moll
1 Feierlich, Misterioso 25:05
2 Scherzo: Bewegt, Lebhaft – Trio. Schnell 10:06
3 Adagio: Langsam, Feierlich 25:13

Conductor – Claudio Abbado
Orchestra – Wiener Philharmoniker

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Bruckner perplexo ao ouvir o discurso ateu de PQP Bach.

PQP

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Cantatas e Peças Avulsas (Mields, Perl, La Folia, Santana)

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Cantatas e Peças Avulsas (Mields, Perl, La Folia, Santana)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um disco maravilhoso, daqueles impossíveis de se ouvir menos do que 3 vezes — no mesmo dia. Como sempre acontece quando Perl está envolvida, o calor e o afeto abundam, condizentes não apenas com os temas delicadamente amorosos das Cantatas, mas também com o ar ameno que a música do período italiano de Händel respira com tanta facilidade. Mas também há muita espontaneidade, uma sensação tangível de que os músicos estão gostando da companhia um do outro e das combinações um pouco incomuns que encontram. Ouvir Mields é sempre um prazer. Sua voz — clara, precisa e controlada — ilumina a música. Pena que esteja um tantinho submersa pelo conjunto relativamente grande da bela Tra le fiamme. Temos sonatas, outras peças avulsas, temos Tra le fiamme, mas também a esplêndida, deliciosa e sinuosa Cantata Spagnuola, cujas árias soam quase como baladas pop — resultado, talvez, da tendência de Handel de ignorar o lado lírico da gamba e de fazer uso do violão e do alaúde. Um lançamento incomum, cheio de musicalidade contagiante, um verdadeiro prazer de ouvir.

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Cantatas e Peças Avulsas (Mields, Perl, La Folia, Santana)

Tra Le Flamme, HWV 170
1 I. Tra Le Flamme (Aria)
2 II. Dedalo Gia Le Fortunate Penne (Recitativo)
3 III. Pien Di Nuovo E Bel Diletto (Aria)
4 IV. Si, Si Purtroppo E Vero (Recitativo)
5 V. Voli Per L’aria (Aria)
6 VI. L’umo Che Nacque Per Salire Al Cielo (Recitativo)
7 VII. Tra Le Fiamme (Aria)

8 Chaconne In G Major, HWV 435

9 Nascermi Sento Al Core (From HWV 160b)

Sonata In G Minor, HWV 364b
10 I. Andante Larghetto
11 II. Allegro
12 III. Adagio
13 IV. Allegro

Cantata Spagnuola, HWV 461
14 I. No Se Emendara Jamas (Aria)
15 II. Si Del Quereros Es Causa (Recitativo)
16 III. Dimete Mix Oxos (Aria)

17 Hornpipe, HWV 461

La Blanca Rosa, HWV 160c
18 I. Sei Pur Bella, Pur Vezzosa (Aria)
19 II. Se Vien L’ape Ingeniosa (Recitativo)
20 III. E Certo Allor Sei La Regina D’ogni Altro Fior (Aria)

21 Col Partir La Bella Ciori (From HWV 77)
22 Chaconne In G Major, G228

Classical Guitar, Lute – Lee Santana
Orchestra – La Folia Barockorchester
Soprano Vocals – Dorothee Mields
Viola da Gamba – Hille Perl

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Flagrante de Händel após ouvir o disco acima.

PQP

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Réquiem / Maurerische Trauermusik (Savall)

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Réquiem / Maurerische Trauermusik (Savall)

Não faltam gravações de primeira linha do Réquiem de Mozart. Esta é uma delas. É uma abordagem bastante íntima e relaxada e, para meus ouvidos, de atmosfera não muito devocional, o que é ótimo. O canto é tranquilo e os ritmos às vezes parecem um pouco alegres demais para um Réquiem. A gravação é 1991 e, no início dos anos 90, ainda havia um sentimento persistente de seriedade acadêmica sobre a maior parte do desempenho de instrumentos de época, mas Jordi Savall demonstra o valor de um toque leve, que desde então se tornou mais ou menos a convenção. No contexto do Réquiem de Mozart, isso não se coaduna com a gravidade do tema, embora sirva para destacar a elegância clássica que nunca está longe da superfície de Mozart. Não há andamentos super-rápidos aqui, pelo menos para os padrões de desempenho da época. No geral, a orquestra é mais impressionante do que o coro, e colocar a música fúnebre maçônica no início do disco dá a eles uma excelente chance de mostrar suas qualidades. Savall dá grande importância ao fato de que corni di bassetto de época são usadas. Eles são proeminentes na abertura e adicionam um maravilhoso colorido ao registro do meio dos instrumentos de sopro. Os metais são tocados de maneira rouca e agradável e os tímpanos soam adequadamente arcaicos. Este disco vai agradar mais aos fãs de Jordi Savall do que aos fãs de Mozart, penso eu.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Réquiem / Maurerische Trauermusik (Savall)

1 Maurerische Trauermusik, K 477 5:21

Requiem, K 626
2 Requiem 6:48
3 Dies Irae 1:41
4 Tuba Mirum 2:53
5 Rex Tremendae 1:37
6 Recordare 5:11
7 Confutatis 2:10
8 Lacrimosa 3:00
9 Domine Jesu 3:21
10 Hostias 3:32
11 Sanctus 1:14
12 Benedictus 4:55
13 Agnus Dei 8:33

Bass Vocals – Stephan Schreckenberger
Chorus – La Capella Reial De Catalunya
Conductor – Jordi Savall
Mezzo-soprano Vocals – Claudia Schubert
Orchestra – Le Concert Des nations
Soprano Vocals – Montserrat Figueras
Tenor Vocals – Gerd Türk

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Jordi Savall completará 80 anos em 1º de agosto e tem mais cabelo do que PQP Bach.

PQP

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos K. 515 e 516 (Griller)

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos K. 515 e 516 (Griller)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este foi um LP que ouvi quase até furar quando adolescente. Era apaixonado por estas obras e pelo Griller. Voltando a ele após décadas, digo que a paixão não foi a mesma, mas que gostei bastante. Claro, a gravação de 1964 sentiu o peso dos anos e do estilo pouco usual atualmente, quando se toca Mozart de uma forma muito mais leve. Mas deu pra se divertir bastante, principalmente pela ausência dos espocares dos vinis. Meu LP — tenho-o até hoje, assim como todos o que comprei — é exatamente ao da capa ao lado, da série Historical Anthology Of Music, do selo The Bach Guild. Porém, sem dúvida, esta é uma das maiores gravações de música de câmara já feitas. Os ingleses do Griller String Quartet continua a ser uma lenda entre os entusiastas e é fácil entender os motivos. Junto com o violista convidado William Primrose, eles tocam com uma combinação de vitalidade rítmica, equilíbrio perfeito do conjunto e pura beleza tonal que incomoda. O líder Sidney Griller, com sua atenção escrupulosa ao fraseado e à dinâmica, arranca cada gota de humanidade de seus solos. Uma joia fora de moda, mas uma joia!

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos K. 515 e 516 (Griller)

String Quintet In G Minor, K. 516 (31:34)
A1 Allegro
A2 Menuetto (Allegretto)
A3 Adagio Ma Non Troppo
A4 Adagio-Allegro

Quintet For Strings In C Major, K.515 (30:54)
B1 Allegro
B2 Menuetto (Allegretto)
B3 Andante
B4 Allegro

The Griller String Quartet with William Primrose:
Cello – Colin Hampton
Viola – Philip Burton, William Primrose
Violin – Sidney Griller, Jack O’Brien

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A cara dos ingleses do Griller quando a garçonete da PQP Bach Corp., sempre em trajes sumários, lhes ofereceu chá de carqueja para combater os gases.

PQP

Gustav Mahler (1860-1911) – Sinfonia nº 5 – Zubin Mehta, Los Angeles Philharmonic Orchestra

Fiquei por dois dias sem acesso à Internet nem a TV, deu algum problema com minha operadora. Neste meio tempo aproveitei para fuçar meu acervo, e reencontrei esta preciosidade no meio da bagunça generalizada que é meu acervo. Foi um disco que me marcou profundamente, pois com ele conheci Mahler. Aliás, esta série ‘Ovation’ da DECCA era presença garantida nas lojas de discos lá em meados da década de 80. Comprei vários, mas eles desapareceram nas areias do passado, só restou este.

Demorei para conhecer Mahler, mas quando conheci, nunca mais o deixei. E foi exatamente com este disco, com esta capa, onde o jovem Zubin Mehta rege a magnífica Quinta Sinfonia, frente à Filarmônica de Los Angeles. Quando os sopros abrem a “Trauermarsch” (Marcha Fúnebre) comecei a entender que o assunto ali era sério. E durante os próximos sessenta e cinco minutos seguintes fiquei em estado de espera, para ver aonde aquilo tudo iria me levar. Trouxe anteriormente outro excelente registro de Mehta regendo Mahler, a Segunda Sinfonia, com a Filarmônica de Viena, também lá no começo de sua carreira. Performance histórica, que a gravadora DECCA lançou em sua coleção DECCA LEGENDARY PERFORMANCES. Mas confesso que essa aqui é a minha favorita.

Esta Sinfonia já apareceu por aqui em outras excelentes gravações, trago Mehta sem nenhum motivo maior que não o de evocar boas lembranças de minha juventude. A  melancolia que permeia esta obra me comove até hoje, mesmo depois de trinta e poucos anos que a conheço. Seu ‘Adagietto’ serviu de trilha sonora para um dos mais belos filmes que já vi, ‘Morte em Veneza’, de Luchino Visconti, assunto já abordado aqui mesmo no PQPBach por algumas vezes.

Mas vamos ao que viemos, apreciar a boa música.

  1. Trauermarsch
  2. Sturmisch bewegt Mit grosster Vehemenz
  3. Scherzo Kraftig nicht zu schnell
  4. Adagietto Sehr langsam
  5. Rondo-Finale Allegro

Los Angeles Philharmonic Orchestra

Zubin Mehta – Conductor

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.: interlúdio :. John Scofield: A Moment’s Peace

.: interlúdio :. John Scofield: A Moment’s Peace

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Neste álbum, todas as canções são muito melódicas. (Acabei de ouvir a penúltima música, mas não consigo imaginar que a última não se encaixe no padrão). A Moment’s Peace traz o brilho da guitarra de Scofield em seu melhor. Algumas das músicas têm alguns bons riffs de jazz e a maioria delas têm belos solos. O órgão e o piano de Larry Goldings dão excelente contribuição para o belo resultado. É um trabalho introspectivo e uma alegria de se ouvir, independentemente do humor. É um disco para dias nublados, é um trabalho para se ouvir enquanto viajamos ou quando queremos seduzir aquela pessoa, é um brilhante encontro de músicos, é rico, sensual e atemporal. A faixa de abertura, Simply Put, é impressionante. Assim como a versão sobre o clássico de 1968 dos Beatles, I Will. Scofield tem um I Want To Talk About You parece destilar tudo pelo qual Scofield é conhecido – belo tom, fraseado adequado, corridas emocionantes, melodia perfeita. E o que dizer da sensacional Gee, Baby, Ain’t I Good to You e de I Loves You Porgy?

Não há um fracasso neste álbum. Eu amo isso! Altamente recomendado!

John Scofield: A Moment’s Peace

1 “Simply Put” – 5:30
2 “I Will” (Lennon–McCartney) – 3:16
3 “Lawns” (Carla Bley) – 6:32
4 “Throw It Away” (Abbey Lincoln) – 6:05
5 “I Want to Talk About You” (Billy Eckstein) – 7:56
6 “Gee, Baby, Ain’t I Good to You” (Andy Razaf, Don Redman) – 5:01
7 “Johan” – 5:11
8 “Mood Returns” – 4:27
9 “Already September” – 5:33
10 “You Don’t Know What Love Is” (Gene De Paul, Don Raye) – 6:00
11 “Plain Song” – 5:01
12 “I Loves You Porgy” (George & Ira Gershwin) – 3:59

John Scofield – guitar
Larry Goldings – piano and organ
Scott Colley – bass
Brian Blade – drums

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Scofield agradecendo-nos por sua estreia do PQP Bach

PQP

Serguei Prokofiev (1891-1953): Todas as peças para Violoncelo e Piano (Ivaskin, Lazareva)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Todas as peças para Violoncelo e Piano (Ivaskin, Lazareva)

Não me apaixonei por este disco, mas é surpreendente encontrar num lugar só representados tantos aspectos do estilo do compositor. Desde o romantismo da balada, passando pelas dissonâncias pontiagudas de Chout até a elegíaca e inacabada Sonata Solo. Porém, mesmo que auxiliado por uma boa pianista, Tatyana Lazareva, o recital de Ivashkin não me seduziu muito. Começa com a familiar Sonata para violoncelo e piano, tocada de forma altamente sentida, com Lazareva fornecendo um acompanhamento pesado e autenticamente russo. A Ballade é certamente uma das melhores versões para esta obra cada vez mais popular. O tratamento lúdico de Ivashkin para a seção central semelhante a uma gavota nos lembra que Prokofiev sabe fazer humor. Ou seja, duas boas peças logo de cara e depois o repertório cai de qualidade, não obstante a categoria de Ivashkin e Lazareva.

Serguei Prokofiev (1891-1953): Todas as peças para Violoncelo e Piano (Ivaskin, Lazareva)

Sonata For Cello And Piano, Op. 119 (23:58)
1 I Andante Grave 11:24
2 II Moderato 4:37
3 III Allegro Ma Non Troppo 7:57

4 Ballade, Op. 15 13:12

5 Adagio From The Ballet Cinderella, Op 97 Bis 4:31

6 Andante – Second Movement From The Unfinished Cello Concertino, Op. 132 5:57

Fragments From The Ballet ‘Chout’, Op. 21
Arranged By – Roman Sapozhnikov
(7:23)
7 Chout And Choutika (The Buffoon And Buffooness) 1:40
8 The Merchant Is Dreaming 1:44
9 Choutika 0:50
10 The Merchant In Despair 2:04
11 Dance Of The Buffoons’ Daughters 1:02

12 Sonata For Solo Cello, Op. 134 (Unfinished)
Score Editor [Completed By] – Vladimir Blok*
12:23

Cello – Alexander Ivashkin
Piano – Tatyana Lazareva

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Prokofiev nos advertiu que não aceitaria brincadeiras na legenda da foto.

PQP

Francisco Mignone (1897-1986): Obras para Flauta – CD 3 de 3

IM-PER-DÍ-VEL!

Em 1916, aos 19 anos de idade, Mignone concluiu os cursos de composição, piano e flauta no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, tendo como colega de turma uma personalidade que o influenciou bastante em relação à busca de uma estética brasileira: Mário de Andrade. Em 1933, o compositor se muda para o Rio de Janeiro, onde residirá até sua morte cinco décadas mais tarde. A partir de 1938, começa a escrever suas valsas de esquina para piano.

Mignone declara que decisão de escrever a série de doze valsas de esquina resultou da constatação, em conversa com Mário de Andrade, de que a valsa brasileira tinha recebido a menor carga de influência da música americana, permanecendo, apesar da origem européia comum, genuinamente brasileira. Algumas dessas valsas de esquina foram adaptadas para formações de câmara e mesmo para orquestra. Manuel Bandeira descreveu Mignone como o “rei da valsa”.

Segundo o pianista e musicólogo José Eduardo Martins essas composições são o reflexo da elaborada técnica de composição pianística de Mignone: “As valsas de esquina representam, possivelmente, o que de mais sonoro-natural-improvisado – mas finamente elaborado – se fez na produção pianística brasiliera. (…) melodismo debordante, acompanhamento tantas vezes pontuado lembrando o violão, toda essa música que se ouve como a mais agradável das improvisações, é fruto de técnica segura.”

Filho de um flautista, Francisco Mignone teve uma vasta produção para esse instrumento tão característico das rodas de choro. A música de Mignone tem uma fase fortemente nacionalista, uma outra fase em que o compositor tenta soar mais cosmopolita e se aproximar da linguagem das vanguardas, e uma fase final em que, idoso, ele faz como uma síntese desses dois lados da moeda. As obras para flauta incluem isso tudo: valsas de esquina, modinhas e serestas deliciosamente brasileiras, algumas de forte apelo popular, outras parecendo usar melodias indígenas à maneira de Villa-Lobos; atonalismo como o de um Schoenberg (1874-1951) e obra neoclássicas em que o compositor se aventura em gavotas como as de um Rameau (1683-1764) e minuetos como os de um Mozart (1756-1791) mas sem perder, lá no fundo, uma certa linguagem brasileira.

Na década de 1960 ou um pouco antes, Mignone adotou um estilo mais atonal, com o nacionalismo aparecendo de forma bem mais suave. Mas na década de 1970 a maré virou novamente e em entrevista ao Jornal do Brasil em 1977, Mignone afirmava: “Em geral, condeno toda a minha música atonalista. Quanto a mim, continuo dentro do nacionalismo, tão forte quanto antes, pois nele há uma mensagem de riqueza, de variedade, de ambiente e de cor local. É nosso.”

Nos dois trios para flauta, violoncelo e piano, de 1981, Mignone mergulha com força nos temas e formas populares como as danças e modinhas, mas com esse material tipicamente brasileiro sendo usado de modo menos óbvio e mais complexo que antes. O retorno do velho compositor à flauta e ao piano, instrumentos com os quais tinha uma longa relação afetiva e profissional, pode ser comparados aos concertos da maturidade de Villa-Lobos, o Concerto para violão (1951) e o 2º Concerto para violoncelo (1953), todos mostrando uma grande familiaridade do compositor com o instrumento. São coisa fina.

Mignone descreve as circunstâncias da composição dos trios como “uma suposta paródia verdiana: ‘voltemos ao passado, talvez seja um progresso.’ Uma volta ao que já fui depois de ter vencido barreiras dentro e fora do pentagrama.”

Francisco Mignone (1897-1986): Obras para Flauta – CD 3
1-3. Trio nº 1 para flauta, violoncelo e piano (1980) I. Andante, II. Modinha: devagar e romântico, III. Festança sem boi: Molto vivo
4-6. Trio nº 2 para flauta, violoncelo e piano (1981) I. Lento ma non troppo, II. Outra modinha, III. Roda – Intermédio e Fugato: Allegro non troppo
7. Valsa Choro flauta e piano (1956) 2:56
8. Valsa de Esquina nº 2 (1938) (arranjo 1947)
9. Valsa de Esquina nº 7 (1940) (arranjo 1951)
10. Valsa de Esquina nº 10 (1943) (arranjo 1949)

Músicos participantes: Sérgio Barrenechea, flauta (flute), flauta em sol e piccolo – Lúcia Barrenechea, piano – Hugo Pilger, violoncelo (cello)

 

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O Trio Barrenechea / Barrenechea / Pilger em ação

Pleyel

W. A. Mozart (1756-1791): Todos os Concertos para Sopros (The Complete Wind Concertos) (Orpheus)

W. A. Mozart (1756-1791): Todos os Concertos para Sopros (The Complete Wind Concertos) (Orpheus)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Indiscutivelmente, uma das melhores gravações destas extraordinárias obras. A Orpheus Chamber Orchestra realiza aqui um trabalho de rara sensibilidade. São 212 minutos de grande Mozart. Que música, meus amigos!

A Orpheus é um conjunto que trabalha sem maestro. Os solistas para este conjunto de discos são todos membros da Orpheus e, presumivelmente, bem conhecidos de seus colegas. O resultado é esplêndido. Destaque para o Concerto para Clarinete, o para Flauta e Harpa e os para Flauta solo, além da Sinfonia Concertante. Divirtam-se.

Mozart: Concertos para Sopros (Completo)

CD1
01 Sinfonia Concertante in E flat, (297b) -1) Allegro
02 Sinfonia Concertante in E flat, (297b) -2) Adagio
03 Sinfonia Concertante in E flat, (297b) -3) Andantino con variazio
04 Clarinet Concerto in A, K 622 -1) Allegro
05 Clarinet Concerto in A, K 622 -2) Adagio
06 Clarinet Concerto in A, K 622 -3) Rondo. Allegro
07 Andante for Flute and Orchestra in C, K 315 (285e)

# Sinfonia concertante for oboe, clarinet, horn, bassoon & orchestra in E flat major, K(3) 297b (K. Anh. C 14.01) (spurious)
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with David Singer, Stephen Taylor, William Purvis, Steven Dibner

# Clarinet Concerto in A major, K. 622
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with Charles Neidich

# Andante for flute & orchestra in C major, K. 315 (K. 285e)
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with Susan Palma

-=-=-=-=-=-

CD2
01 Bassoon Concerto in B-flat K 191 (186e) -1) Allegro
02 Bassoon Concerto in B-flat K 191 (186e) -2) Andante ma adagio
03 Bassoon Concerto in B-flat K 191 (186e) -3) Rondo. Tempo di Menuetto
04 Horn Concerto No 2 in E-flat, K 417 -1) Allegro
05 Horn Concerto No 2 in E-flat, K 417 -2) Andante
06 Horn Concerto No 2 in E-flat, K 417 -3) Rondo. Allegro
07 Horn Concerto No 1 in D, K 412 (386b) -1) Allegro
08 Horn Concerto No 1 in D, K 412 (386b) -2) Rondo. Allegro
09 Horn Concerto No 3 in E-flat, K 447 -1) Allegro
10 Horn Concerto No 3 in E-flat, K 447 -2) Romance. Larghetto
11 Horn Concerto No 3 in E-flat, K 447 -3) Allegro
12 Horn Concerto No 4 in E-flat, K 495 -1) Allegro maestoso
13 Horn Concerto No 4 in E-flat, K 495 -2) Romance. Andante cantabile
14 Horn Concerto No 4 in E-flat, K 495 -3) Rondo. Allegro vivace

# Bassoon Concerto in B flat major, K. 191 (K. 186e)
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with Frank Morelli

# Horn Concerto No. 2 in E flat major, K. 417
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with William Purvis

# Horn Concerto No. 1 in D major, K. 412/514 (K. 386b)
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with David Jolley

# Horn Concerto No. 3 in E flat major, K. 447
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with William Purvis

# Horn Concerto No. 4 in E flat major, K. 495
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with David Jolley

-=-=-=-=-=-

CD3
01 Oboe Concerto in C, K 314 (285d; 271k ) -1) Allegro Aperto
02 Oboe Concerto in C, K 314 (285d; 271k ) -2) Adagio non Troppo
03 Oboe Concerto in C, K 314 (285d; 271k ) -3) Rondo. Allegretto
04 Flute Concerto No 1 in G, K 313 (285c) -1) Allegro Maestoso
05 Flute Concerto No 1 in G, K 313 (285c) -2) Adagio ma non Troppo
06 Flute Concerto No 1 in G, K 313 (285c) -3) Rondo. Tempo di Menuetto
07 Flute, Harp Concerto in C, K 299 (297c) -1) Allegro
08 Flute, Harp Concerto in C, K 299 (297c) -2) Andantino
09 Flute, Harp Concerto in C, K 299 (297c) -3) Rondeau. Allegro

# Oboe Concerto in C major, K. 314 (K. 285d)
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with Randall Wolfgang

# Flute Concerto No. 1 in G major, K. 313 (K. 285c)
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with Susan Palma

# Concerto for flute, harp & orchestra in C major, K. 299 (K. 297c)
Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Orpheus Chamber Orchestra
with Susan Palma, Nancy Allen

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Um papo animado do pessoal da Orpheus
Um papo animado do pessoal da Orpheus

PQP

Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado – Uma Seleção do Livro 2 – Piotr Anderszewski, piano ֎

Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado – Uma Seleção do Livro 2 – Piotr Anderszewski, piano ֎

Bach

12 Prelúdios e Fugas do

Cravo Bem Temperado, Livro 2

Piotr Anderszewski

 

IN-CON-TOUR-NA-BLE

O calvo senhor seguia a mesma rotina matinal: uma caminhada pelos arredores para admirar a natureza e, ao voltar para a casa, sentava-se ao piano e tocava dois prelúdios e fugas de Bach. Depois, café da manhã, algumas escalas agora no violoncelo e então uma das suítes.

O senhor da historinha era Pablo Casals, uma lenda da música. Quem contava esta rotina era sua esposa Marta, que acrescentava: segunda-feira ele tocava a Suíte No. 1, terça-feira a No. 2 e assim por diante. Sábado e domingo ele tocava a Suíte No. 6, que é a mais difícil…

Eu adoro a ideia de alguém sentar-se ao piano e escolher dois ou três dos prelúdios e fugas do Cravo Bem Temperado e tocar, só para começar o dia. Temos notícias de alguns músicos famosos que faziam isto e muitos hoje devem continuar a fazer. Stravinsky, Angela Hewitt e o ator-pianista Duddley Moore são exemplos disso, começar o dia com Bach. Bach e café, uma combinação para lá de estimulante, que vão bem, juntos.

Lembrei-me destas coisas ao dar-me com o disco desta postagem, lançamento recente, com uma coleção de Prelúdios e Fugas escolhidos do Livro 2 do Cravo Bem Temperado do temperamental João Sebastião.

Há muitas gravações do Cravo Bem Temperado e várias são excelentes, mas em sua grande maioria, trazem os livros completos, 24 pares de prelúdios e fugas no primeiro, mais 24 pares no segundo, perfazendo o famoso ‘48’! É como se os intérpretes não ousassem perturbar a arquitetura de um monumento – apresentando sempre o conjunto completo.

A primeira exceção a essa regra não escrita que me lembre é uma gravação do vetusto Wilhelm Kempff, que gravou (ou a gravadora lançou) um LP com alguns prelúdios e fugas de cada um dos livros. Outro exemplo mais recente, de um disco que muito me agradou, foi o da pianista Edna Stern, que você poderá verificar clicando aqui.

Bach (1685-1750): Prelúdios, Fugas e Corais – Edna Stern, piano

Piotr Anderszewski já mostrou em sua discografia ser um grande intérprete de Bach, mas em suas gravações também optou por escolher algumas obras dos conjuntos sem gravar ‘ciclos completos’. Em seu disco de estreia, pela harmonia mundi, na série Les Nouveaux Interpretes, reuniu a Suíte Francesa No. 5 com a Suíte (Abertura) Francesa. Depois gravou dois discos de recitais com uma peça de Bach em cada um. Aí vieram dois discos com repertório dedicado a Bach, um com três Partitas e um com três Suítes Inglesas. Agora, esta maravilha… IRREMPLAÇABLE!

Em uma entrevista para Jedd Distler, da Gramophone, ele contou que na adolescência interessou-se por Bach via Glenn Gould, mas que a abordagem seca da interpretação adotada por ele não lhe satisfez nas suas abordagens. Encontrou uma maior afinidade com a interpretação do veterano Edwin Fischer, de qual disse: ‘I found it free, so poetic and really touching’. Segundo ele, outra inspiração vem das interpretações das grandes obras corais feitas por John Eliot Gardiner: ‘I love Jonh Eliot Gardiner’s interpretations for clarity of their textures’.

Piotr ainda observou que, enquanto o livro 1 foi todo composto em um menor período de tempo, dois ou três anos, seus prelúdios e fugas seguem uns aos outros de maneira mais justa. Já o livro 2 teria sido formado por peças antigas e novas e assim, mais próprio à sua abordagem de escolha. Mencionou também sua opinião de que as fugas deste livro guardam uma maior proximidade com as danças. ‘It’s probably because I’ve played so many of the Partitas and Suites that I notice this. For me, the last one, the B minor Fugue is a passepied. The F major Fugue is absolutely a gigue, and the F minor one is a bourrée’.

Ele ainda disse que essas escolhas foram amadurecendo ao longo de três anos e que havia diferentes possibilidades de alinhavar o programa, que só se definiu assim quase no final. Ele manteve o emparelhamento de Prelúdios e Fugas e começou e arrematou o programa exatamente com o primeiro e com o último par da coleção.

Eu gostei do disco como um lindo recital de música de Bach, e espero que você também o aprove!

 

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 1 em dó maior, BWV 870
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 12 em fá menor, BWV 881
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 17 em lá bemol maior, BWV 886
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 8 ré bemol menor, BWV 877
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 11 em fá maior, BWV 880
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 22 em si bemol menor, BWV 891
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 7 em mi bemol maior, BWV 876
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 16 em sol menor, BWV 885
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 9 em mi maior, BWV 878
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 18 em sol sustenido menor, BWV 887
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 23 em si maior, BWV 892
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Cravo Bem Temperado, Livro 2, Prelúdio e Fuga No. 24 em si menor, BWV 893
  1. Prelúdio
  2. Fuga

Piotr Anderszewski, piano

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FLAC | 217 MB

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MP3 | 320 KBPS | 185 MB

Piotr Anderszewski takes a characteristically creative approach to Bach’s Das Wohltemperierte Klavier (The Well-tempered Clavier). Rather than recording all 48 of its prelude-and-fugue pairings, he has focused on 12 pairings from Book Two. “I decided to put the pieces together in a sequence of my own subjective choosing, based sometimes on key relationships, at other times on contrasts. The idea behind this specific order is to create a sense of drama that suggests a cycle: 12 characters conversing with one another, mirroring each other.” Anderszewski’s last Erato album of Bach prompted BBC Music MaIgazine to write: “For anyone who loves Bach (or the piano) … this life-enhancing disc is required listening.

Dizem que João Sebastião adorava terminar o dia de trabalho com uma reconfortante fatia de torta de maçã acompanhada de uma revigorante xícara de café. Aí, antes de dormir, uma boa dedilhada no cravo, experimentando uns prelúdios e fugas… Depois, cama! Bom, quanto ao número de filhos, bem…

Aproveite!

René Denon

Francisco Mignone (1897-1986): Obras para Flauta – CD 2 de 3

As cinco peças para duas flautas doces, que aparecem aqui em um arranjo para flauta transversa e oboé, fazem parte da produção de cunho pedagógico do compositor. As peças têm títulos que remetem ao universo infantil. A flauta como instumento de iniciação musicali infantil é coisa muito antiga em terras brasileiras. Em carta do Padre Antônio Blasquez de 1565, ele relata como a flauta era usada pelos jesuítas na instrução das crianças indígenas de São Vicente, atual estado de SP:

Na grande festa de Jesus, celebrada no último dia do ano, foi sentida e ouvida muita devoção e música religiosa. Houve nestas vesperas tres coros diversos: um de canto de orgão, outro de um cravo e outro de flautas de modo que, acabando um, começava o outro, e todos, certo, com muita ordem quando vinha a sua vez. E dado que o canto do órgão deleitava ouvindo-se e a suavidade do cravo detivesse os animos com a doçura da sua harmonia, todavia quando se tocavam as flautas se alegravam e se regozijavam muito mais os circunstantes, porque, além de o fazer mediocremente, os que as tangiam eram os meninos Brasis, a quem já de tempo o padre Antonio Rodrigues tem ensinado.

Além das obras mais didáticas, temos também neste volume o atonalismo da Sonata para flauta e oboé e o nacionalismo das duas obras que abrem o álbum, originalmente para outras formações e transcritas pelo compositor. Como diria FDP, vamos ao que viemos.

Francisco Mignone (1897-1986): Obras para Flauta – CD 2
1. 3ª Seresta para flauta, oboé, clarineta e fagote (1951)
2. Baianinha para flauta, oboé, clarineta e fagote (1951)
3-5. Sonata para flauta e oboé (1970)
6-10. Cinco Peças para duas flautas (1976) I. Brejeiro, II. Uirapuru, III. Dona aranha, a fiandeira, IV. Cantiga de ninar, V. Pica-pau, o baterista da floresta
11. Ária para quatro flautas (1984)
12-16. Cinco Peças para quatro flautas (1984) I. 5/8 tem vez, II. Pausa, III. Minueto irriquieto, IV. Gavotta, V. Divertimento
17. Gavotta all´antica (1931)
18. Passarinho está cantando (1952)
19. Modinha (1939)
20. Cantiga de ninar (1925)

Músicos participantes: Sérgio Barrenechea, flauta, flauta em sol e piccolo – Lúcia Barrenechea, piano – Luís Carlos Justi, oboé – Carlos Prazeres, oboé – Fernando Silveira, clarineta – Elione Medeiros, fagote –  José Benedito Viana Gomes, flauta – Nilton Antonio Moreira Jr., flauta – Felipe Braz da Silva, flauta

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Francisco Mignone nos tempos da brilhantina

Pleyel

Les sons et les parfums: Música Francesa para Piano – Janina Fialkowska ֎

Les sons et les parfums: Música Francesa para Piano – Janina Fialkowska ֎

Tailleferre | Fauré | Poulenc

Chabrier | Debussy | Ravel

Peças para Piano

Janina Fialkowska

 

Depois de 13 dias caminhando todas as tardes por mais do que uma hora, meu joelho direito definitivamente zangou-se. Amanheceu com cara de poucos amigos e rangeu alto – botou-me de molho. Eu conheço a peça, reconheci o abuso e o tratei da melhor forma que pude – gelo e diclofenaco dietilamônio em gel. E pernas para o ar, que essa é a melhor das medicinas nestes casos. Dois dias de inatividade melhoraram o humor de meu parceiro joelho e assim consegui uns tantos minutos de pedaladas, espero que isso não me incorra em algum pedido de impedimento. Ao voltar para casa, depois do ritual de assepsia com álcool gel, água sanitária, que meu saudoso pai chamava quiboa, nos sapatos e tudo o mais. Atirei-me ao sofá e pus-me a escolher algum disquinho para embalar o fim da tarde, que a brisa vinda pela porta da varanda fica brincando com as cortinas e tudo fica muito propício. A patroa andava entretida em uma aula no zoom e eu não quis abusar da sorte – tratei de pegar qualquer coisa que já estava no pendrive espetado no sistema e dei com este disco de sugestivo nome ‘Les sons et les parfums’.

As primeiras notas do Noturno chegaram com uma lufadinha de brisa que veio da varanda para o sofá e tudo conjurou para que eu gostasse muito do disco, que foi ficando cada vez melhor.

Uma mistura de peças mais conhecidas, entremeadas por outras menos famosas, mas não menos charmosas.

Um crítico mencionou que já ouviu interpretações mais sutis dessas peças e eu acredito. A Janina tem uma certa objetividade, uma clareza na interpretação, que me soa mais como virtude do que falta. Assim, decidi compartilhar tudo com vocês.

Fialkowska nasceu no Canadá, onde começou seus estudos, mas foi a Paris, onde estudou com Yvonne Lefébure e passou também por Nova York, onde estudou com Sacha Gorodnitzki, na Juilliard School. Em 1974 ganhou um importante prêmio e com isso ganhou a atenção de Arthur Rubisnstein, que se tornou assim uma espécie de mentor e ela passou a ser identificada como intérprete de Chopin.

Neste disco os compositores mais conhecidos são Debussy e Ravel, cujas peças dominam a segunda parte. Isso é bom, mas as quatro primeiras delas, de Germaine Tailleferre, Gabriel Fauré, Francis Poulenc e Emmanuel Chabrier, são belíssimas. A Habanera, de Chabirer, que evoca a música espanhola, apesar do nome, está tocando agora… Portanto, não demore nem mais um pouco e vá logo baixando o arquivo.

Germaine Tailleferre (1892 – 1983)

  1. Impromptu

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

  1. Noturno No. 4 em mi bemol maior, Op. 36

Francis Poulenc (1899 – 1963)

  1. Intermezzo em lá bemol maior, FP118

Emmanuel Chabrier (1841 – 1894)

  1. Habanera

Claude Debussy (1862 – 1918)

  1. Poissons d’or (de Images pour piano, livre 2, No. 3)
  2. Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir (de Préludes, livre 1)
  3. Reflets dans l’eau (de Images pour piano, livre 1, No. 1)
  4. Clair de Lune (da Suite Bergamasque)

Maurice Ravel (1875 – 1937)

  1. Jeux d’eau

Sonatine

  1. Modéré
  2. Mouvement de menuet
  3. Animé

Janina Fialkowska, piano

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FLAC | 156 MB

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MP3 | 320 KBPS | 128 MB

Cet affectueux parcours dans sa mémoire musicale évoque un portrait vibrant de Paris pendant la jeunesse de Mme Fialkowska, alors que « Poulenc et Tailleferre étaient encore très vivants et que les âmes de Ravel, Debussy et Fauré étaient toujours omniprésentes ».

Esta viagem afetuosa na memória musical evoca um retrato vibrante de Paris durante a juventude de Mme Fialkowska, quando “Poulenc e Tailleferre ainda estavam muito vivos e as almas de Ravel, Debussy e Fauré ainda eram onipresentes”.

Gramophone – Awards Issue 2019

This programme, selected with such care and affection, is imbued with the character, style and intelligence which are the hallmarks of Fialkowska’s playing… Fialkowska brings to bear an extraordinary variety of touch, producing sounds that seem tailored to their respective pieces…There’s simply no one quite like her.

Tailleferre was the only woman in the group of French composers, Les Six. Encouraged and inspired by her friends – including Poulenc and Ravel – she wrote many of her most important works during the 1920s, including her first Piano Concerto, the Harp Concertino, the ballets ‘Le marchand d’oiseaux’ and ‘La nouvelle Cythère’. She was composing and playing piano right up until her death at the age of 91.

Aproveite!

René Denon

PS: Se você gostou desta postagem, não deixe de visitar

Coleção de Peças Francesas para Piano – Arthur Rubinstein

.: interlúdio :. Wayne Shorter: Schizophrenia (1967)

.: interlúdio :. Wayne Shorter: Schizophrenia (1967)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Wayne Shorter estava no auge de seus poderes criativos quando gravou Schizophrenia na primavera de 1967. Montou um sexteto que apresentava dois de seus companheiros de Miles Davis (o pianista Herbie Hancock e o baixista Ron Carter), mais o trombonista Curtis Fuller, o saxofonista alto / flautista James Spaulding e o baterista Joe Chambers, formando uma banda que era capaz de transmitir sua “esquizofrenia” musical, o que significa que esta é uma banda que pode tocar direitinho tão bem quanto pode estender os limites do jazz.

E aqui eles fazem isso simultaneamente, como em Tom Thumb. A batida e o tema da música são diretos, mas a interação musical e os solos se arriscam e resultam em resultados imprevisíveis. E “imprevisível” é a palavra mágica para esse conjunto de pós-bop nervoso. As composições de Shorter (assim como a única contribuição de Spaulding, Kryptonita) têm temas fortes, mas levam a um território desconhecido, desafiando constantemente os músicos e o ouvinte. Essa música existe na fronteira entre o pós-bop e o free jazz — ou seja, é baseada no pós-bop, mas sabe o que está acontecendo além da fronteira. Dentro de alguns anos, esta linha seria cruzada, mas a Schizophrenia estala com a empolgação de Shorter e seus colegas tentando equilibrar os dois extremos.

Wayne Shorter: Schizophrenia

01. Tom Thumb
02. Go
03. Schizophrenia
04. Kryptonite
05. Miyako
06. Playground

Wayne Shorter (tenor saxophone)
James Spaulding (alto saxophone, flute)
Curtis Fuller (trombone)
Herbie Hancock (piano)
Ron Carter (bass)
Joe Chambers (drums).

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Wayne em 1969, preparando seu show no recém-inaugurado Salão Dourado do Jazz PQP Bach de Las Vegas.

PQP

Francisco Mignone (1897-1986): Obras para Flauta – CD 1 de 3

As flautas e outros instrumentos de sopro dos mais diversos tipos têm uma longa história na música brasileira. Comecemos pelo começo.

O padre Cardim, no fim do século XVI, relata seu encontro com os índios em aldeia jesuíta no Espírito Santo:

Chegamos à aldeia à tarde; antes dela um bom quarto de légua, começaram as festas que os índios tinham aparelhadas […]
Os cunumis meninos, com muitos molhos de flechas levantadas para cima, faziam seu motim de guerra e davam sua grita, e pintados de várias cores, nuzinhos, vinham com as mãos levantadas receber a benção do padre, dizendo em português, “louvado seja Jesus Cristo”. Outros saíram com uma dança d’escudos à portuguesa, fazendo muitos trocados e dançando ao som da.viola, pandeiro e tamboril e flauta [1]

A flauta também era utilizada pelos índios chamados (pelos portugueses) Botocudos, etnia diferente dos Tupis e praticamente sem qualquer contato com os portugueses ainda no começo do século 19, como descreve Hippolyte Taunay em livro de 1822. Entre os “diferentes utensílios que sua indústria selvagem lhes garantiu”, Taunay descreve potes grosseiros, linhas de pesca e “flautas de bambu e uma corneta usada para se chamarem na floresta, fabricada com o couro de um tatu”.

Taunay relata também que após as refeições os homens botocudos cantavam expressando sentimentos guerreiros e as mulheres tocavam nessas flautas de bambu “sons que não têm nada de muito melodioso”, ao menos para os ouvidos daquele francês. Obviamente eu, em 2021, não subscrevo as opiniões de Taunay, e muito menos acho que essa divergência seja motivo para jogar no lixo suas obras e privar-nos de ler esses relatos.

[1] Darcy Ribeiro. O Povo Brasileiro. 1995. p.182
[2] Hippolyte Taunay. LE BRESIL, HISTOIRE, MOEURS, USAGES ET COUTUMES DES HABITANS DE CE ROYAUME. Paris, 1822. Tomo IV. p.222; p.234. Disponível no link.

Francisco Mignone, compositor brasileiro conhecido por fazer música nacionalista, ao compor para flauta, estava dialogando com a rica e multicultural tradição deste instrumento em nosso país. A predileção pelo instrumento, para o qual ele compôs mais de trinta obras de música de câmara, se deve também ao seu pai: Alfério Mignone, flautista italiano radicado em São Paulo, foi membro fundador da Orquestra do Teatro Municipal de SP, atuando na cena paulista de 1896 até os anos 1950.

A música de Mignone, porém, não se resume ao nacionalismo influenciado por Ernesto Nazareth e Villa-Lobos. Há também, como o encarte deste CD explica com mais detalhes, uma fase de atonalismo radical, representada neste álbum pela Sonata para flauta e piano, escrita em 1962, que usa procedimentos seriais aliados a um grande conhecimento idiomático desses dois instrumentos, que de fato foram muito próximos de Mignone ao longo de toda sua vida.

O álbum se encerra com obras de juventude, publicadas sob o pseudônimo Chico Bororó e gravadas por seu pai em 1930. Nessas valsas e valsas-choros, já aparecem traços das obras mais célebres de Mignone, as valsas de esquina, algumas das quais foram transcritas para flauta pelo compositor e aparecerão no CD3.

Francisco Mignone (1897-1986): Obras para Flauta – CD 1
1-3. Três Peças (arranjo: 1977)
1. No fundo de meu quintal (1945)
2. Lenda Sertaneja nº 8 (1938)
3. Cucumbizinho (1931)
4-8. Suíte para flauta e piano (1949-50)
9- 11. Sonata para flauta e piano (1962)
12. Céo do Rio Claro (gravada em 1930)
13. Assim Dança Nhá Cotinha (gravada em 1930)
14. Saudades de Araraquara (gravada em 1930)
15. Celeste (1923)

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Pleyel

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Early String Quartets (Melos)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Early String Quartets (Melos)

Estes quartetos de cordas do mestre Ludwig van Beethoven estavam separados há muito tempo para serem postados. Não sei o porquê de não ter postado há mais tempo. O fato é que fui abandonando o empreendimento e uma certa omissão me tomou por completo. Mas como estou de bom humor no dia de hoje, resolvi-me por postar esta extraordinária caixa com os imortais quartetos do mestre de Bonn, tendo o Melos Quartett como porta-voz. Sobre os quartetos de cordas de Beethoven é importante dizer que estão entre as produções mais brilhantes e geniais do alemão. Sendo assim, comecemos a audição agora mesmo. Uma boa apreciação!

Os Middle, com o Melos, estão AQUI.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Early String Quartets

DISCO 01

String Quartet in F, op.18 No.1
01. I. Allegro con brio
02. II. Adagio affettuoso es appassionato
03. III. Scherzo. Allegro molto
04. IV. Allegro

String Quartet in G, op.18 No.2
05. I. Allegro
06. II. Adagio cantabile – Allegro – Tempo I
07. III. Scherzo. Allegro
08. IV. Allegro molto quasi Presto

DISCO 02

String Quartet in D, op.18 no.3
01. I. Allegro
02. II. Andante con moto
03. III. Allegro
04. IV. Presto

String Quartet in c, op.18 no.4
05. I. Allegro ma non tanto
06. II. Scherzo. Andante scherzoso quasi Allegretto
07. III. Menuetto. Allegretto
08. IV. Allegro – Prestissimo

DISCO 03

String Quartet in A, op.18 no.5
01. I Allegro
02. II Menuetto
03. III Andante canabile. Thema – Variationen I…
04. IV Allegro

String Quartet in B flat, op.18 no.6
05. I. Allegro con brio
06. II. Adagio ma non troppo
07. III. Scherzo. Allegro
08. IV. La Malinconia. Adagio – Allegretto …

Melos Quartett
Wilhelm Melcher, 1. violino
Gerhard Voss, 2. violino
Hermann Voss, viola (alto)
Peter Buck, Violoncello

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O Melos em 1965, época do início da construção do império PQP Bach. Neste ano, compramos nosso primeiro iate.

Carlinus

Franz Schubert (1797-1828) – Sinfonia nº 8 D. 944′, ‘A Grande’ – Nikolaus Harnoncourt, Berliner Philharmoniker

Concluindo esta série, hoje trago a Sinfonia D. 944, intitulada ‘A Grande’. E realmente, é uma das maiores obras primas de Schubert. Se ele não tivesse composto outras obras primas como os 4 Impromptus, o Qarteto A Morte e a Donzela, a Sonata ‘Arpeggione’, entre outras, poderia dizer que é sua maior obra.

Como comentei anteriormente, Harnoncourt ignorou a existência de uma Sétima Sinfonia, e as renumerou, por isso, aqui nesta sua integral, ela é numerada como sendo a Oitava, enquanto que para muitos, a ‘Oitava Sinfonia de Schubert’ seria sua Sinfonia Inacabada, que já trouxe para os senhores. Para encerrar esta discussão, só quero deixar claro que esta é uma discussão que está longe de acabar entre os musicólogos. Assim a Wikipedia coloca a questão:

Continua a haver uma controvérsia de longa data a respeito da numeração desta sinfonia, com alguns estudiosos (geralmente de língua alemã) numerando-a como Sinfonia nº 7. A versão mais recente do catálogo Deutsch (o catálogo padrão das obras de Schubert, compilado por Otto Erich Deutsch) a lista como No. 8, enquanto a maioria dos estudiosos de língua inglesa a lista como No. 9.

Detalhes à parte, a grandiosidade desta sinfonia é explorada nos mínimos detalhes pela poderosa Filarmônica de Berlim com um afiadíssimo Harnoncourt. Nunca canso de repetir que Schubert viveu apenas 31 anos, mas que conhecimento profundo da alma humana que ele tinha!! Que belezas mais teria produzido se tivesse vivido mais? Teria concluído sua ‘Inacabada’ e sua Sétima Sinfonia, da qual existem apenas fragmentos autografados? Não gosto muito de ficar explorando este terreno das suposições, mas creio que este seja um desafio interessante. Segundo conta a história, ele esteve presente no enterro de Beethoven, e não por acaso, quando veio a falecer um ano depois, foi enterrado ao lado de seu ídolo.

1. Symphony No. 8 in C Major, D. 944 Great I. Andante – Allegro ma non troppo
2. Symphony No. 8 in C Major, D. 944 Great II. Andante con moto
3. Symphony No. 8 in C Major, D. 944 Great III. Scherzo. Allegro vivace – Trio
4. Symphony No. 8 in C Major, D. 944 Great IV. Finale. Allegro vivace

Berliner Philharmoniker
Nikolaus Harnoncourt – Conductor

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Franz Schubert, por Hadi Karimi (https://hadikarimi.com/portfolio/franz-schubert)

J. S. Bach (1685-1750): Clavierfantasien (Staier)

J. S. Bach (1685-1750): Clavierfantasien (Staier)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sem muito medo de errar, posso dizer que um dos principais campos de experimentação de meu pai eram suas composições para órgão e as Fantasias. Se vocês querem ouvir um Bach diferente, é aí que ele está. Aliás, o nome “fantasia” diz tudo, não? O termo foi aplicado pela primeira vez em música durante o século XVI, para se referir a uma ideia musical imaginativa e não a um gênero de composição específico. Desde o início, a fantasia teve o sentido de “invenção”, particularmente em composições para alaúde. Algumas composições do barroco trazem esse nome e reafirmam a ideia do gênero como uma obra livre, sem laços estreitos com as formas estabelecidas, como Fantasia Cromática e Fuga BWV 903 para cravo, aqui presente (faixa 8), Fantasia e Fuga em Sol menor BWV 542 e a Fantasia e Fuga em Dó menor BWV 537 para órgão. Este disco é uma joia. Staier está tão à vontade quando na foto abaixo. Um disco sensacional.

J. S. Bach (1685-1750): Clavierfantasien (Staier)

1 Fantasia In A Minor BWV 922 6:38
2 Fantasia And Fugue In A Minor BWV 904 8:56
3 Fantasia In C Minor BWV 921 3:10
4 Fantasia In C Minor BWV 919 1:28
5 Prelude And Fugue In A Minor BWV 894 9:37
6 Prelude And Fughetta In G BWV 902 9:20
7 Prelude Anf Fugue In F BWV 901 2:20
8 Chromatic Fantasia And Fugue In D Minor BWV 903 11:58
9 Fantasia “Duobus Subiectis” in G Minor BWV 917 2:12
10 Fantasia And Unfinished Fugue In C Minor BWV 906 7:02

Andreas Staier, cravo

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O sorriso de Staier ao adentrar o Museu Histórico Instrumental J.S. Bach da PQP Bach Corp.

PQP

J. S. Bach: As Seis Suítes para Violoncelo Solo + As Três Sonatas para Viola da Gamba e Cravo (W. Kuijken/ P. Kuijken)

J. S. Bach: As Seis Suítes para Violoncelo Solo + As Três Sonatas para Viola da Gamba e Cravo (W. Kuijken/ P. Kuijken)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Difícil imaginar uma versão das Suítes para Violoncelo melhor do que esta. O Olimpo é completado por Bruno Cocset e Paolo Pandolfo. Dia desses, liguei a TV e lá estava Yo-Yo Ma tocando as Suítes de Bach. Meu deus, que coisa mais sem graça! Não dá para comparar a interpretação de grandes celistas românticos e modernos — mas que são meros diletantes em Bach, como também era Rostropovich –, com a de caras que vivem e comem diariamente o barroco. Estes têm uma abordagem muito mais profunda, compreendem muito melhor o que pretendia Bach. Kuijken, nesta reedição da gravação feita em 2001-02, faz uma interpretação muito pessoal, relaxada e reflexiva dessas obras. Allemandes e sarabandes são especialmente calmas, embora os courantes e outros movimentos subsequentes mantenham seu espírito de dança.  Uma joia que merece ser ouvida.

J. S. Bach: As Seis Suítes para Violoncelo Solo + As Três Sonatas para Viola da Gamba e Cravo (W. Kuijken/ P. Kuijken)

CD1:
Suite No. 1 in G major, BWV 1007
1. 1. Prelude
2. 2. Allemande
3. 3. Courante
4. 4. Sarabande
5. 5. Menuet 1re – Menuet 2re
6. 6. Gigue

Suite No. 2 in D minor, BWV 1008
7. 1. Prelude
8. 2. Allemande
9. 3. Courante
10. 4. Sarabande
11. 5. Menuet 1re – Menuet 2re
12. 6. Gigue

Suite No. 3 in C major, BWV 1009
13. 1. Prelude
14. 2. Allemande
15. 3. Courante
16. 4. Sarabande
17. 5. Bouree 1re – Bouree 2de
18. 6. Gigue

CD2:
Suite No. 4 in E flat major, BWV 1010
1. 1. Preludium
2. 2. Allemande
3. 3. Courante
4. 4. Sarabande
5. 5. Bouree 1re – Bouree 2de
6. 6. Gigue

Suite No. 6 in D major, BWV 1012
7. 1. Prelude
8. 2. Allemande
9. 3. Courante
10. 4. Sarabande
11. 5. Gavotte 1re – Gavotte 2re
12. 6. Gigue

CD3:
Suite No. 5 in C minor “Discordable accord”, BWV 1011
1. 1. Prelude
2. 2. Allemande
3. 3. Courante
4. 4. Sarabande
5. 5. Gavotte 1re – Gavotte 2re
6. 6. Gigue

Sonata No. 1 in G major, BWV 1027
7. 1. Adagio
8. 2. Allegro ma non tanto
9. 3. Andante
10. 4. Allegro moderato

Sonata No. 2 in D major, BWV 1028
11. 1. Adagio
12. 2. Allegro
13. 3. Andante
14. 4. Allegro

Sonata No. 3 in G minor, BWV 1029
15. 1. Vivace
16. 2. Adagio
17. 3. Allegro

Wieland Kuijken, violoncelo, viola da gamba
Piet Kuijken, cravo

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Wieland Kuijken após bebedeira com PQP Bach, ou Bar.

PQP

Franz Schubert (1797-1828) – Sinfonias 5, 6 & 7 – Berliner Philharmoniker, Nikolaus Harnoncourt

Ouvir estas três sinfonias em sequência é uma experiência muito interessante. Mostra a evolução de um compositor, que aos poucos vai quebrando as amarras do Classicismo e mostrando que não era apenas mais um compositor jovem e talentoso. Sua capacidade de criar melodias magníficas, seu profundo conhecimento da dinâmica de uma orquestra, seu conhecimento de contraponto, enfim, acompanhamos aqui a consagração de um gênio, sendo o momento culminante sua ‘Sinfonia Inacabada’, para alguns, sua Oitava Sinfonia, para outros, sua Sétima.

Ouvi a Quinta Sinfonia pela primeira vez na Rádio Cultura, andando pelas ruas de São Paulo, voltando para casa em um final de tarde, começo da noite, vendo aquele imenso fluxo de pessoas e de carros circulando, e por incrível que possa parecer, me pareceu a trilha sonora perfeita.  Eram tempos duros, estava recém chegando na cidade grande, conhecendo seu ritmo, e tentando me adaptar a ele. Ainda não fizera muitos amigos, e era naquela fase de transição de nossas vidas, quando precisamos tomar as decisões que iriam nortear o futuro. Como trabalhava em um Bairro Central, o famoso Bixiga, e morava ali na região dos Campos Elíseos, a algumas quadras da famosa esquina da Ipiranga com a São João, preferia muitas vezes ir a pé para casa, ao invés de encarar aqueles ônibus e metrôs lotados. Eram tempos loucos, porém não tão violentos. Não tive coragem de fazer este trajeto novamente na última vez em que estive por lá.

Mas chega de conversa e vamos apreciar esta inédita parceria entre Nikolaus Harnoncourt, que por incrível que pareça nasceu ali mesmo em Berlim, e a orquestra mais famosa da cidade.

1. Symphony No. 5 in B-Flat Major, D. 485 I. Allegro
2. Symphony No. 5 in B-Flat Major, D. 485 II. Andante con moto
3. Symphony No. 5 in B-Flat Major, D. 485 III. Menuetto. Allegro molto – Trio
4. Symphony No. 5 in B-Flat Major, D. 485 IV. Allegro vivace
5. Symphony No. 6 in C Major, D. 589 I. Adagio – Allegro
6. Symphony No. 6 in C Major, D. 589 II. Andante
7. Symphony No. 6 in C Major, D. 589 III. Scherzo. Presto – Trio. Più lento
8. Symphony No. 6 in C Major, D. 589 IV. Allegro moderato
9. Symphony No. 7 in B Minor, D. 759 Unfinished I. Allegro moderato
10. Symphony No. 7 in B Minor, D. 759 Unfinished II. Andante con moto

Berliner Philharmoniker
Nikolaus Harnoncourt – Conductor

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Arvo Pärt (1935) / Philip Glass (1937) / Vladimir Martynov (1946): Silencio (Kremer)

Arvo Pärt (1935) / Philip Glass (1937) / Vladimir Martynov (1946): Silencio (Kremer)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um disco muito bom. Se já conhecíamos as outras obras — as duas de Pärt (ambas excelentes!) e a de Glass –, desconhecíamos a que nos causou a maior das surpresas. Com minuciosa insistência, Martynov acaba por nos atingir mortalmente o coração. Come in! é uma obra para violino e cordas de 1988, que é maravilhosamente solada pela esposa do compositor, Tatiana Grindenko.

Vários dos meus amigos pensam que eu tenho algo contra Glass. Mas, pô, ouçam este disco. Há um abismo qualitativo entre as peças de Pärt e Martynov e a de Glass. OK, eu permito que ele engraxe os sapatos do estoniano e do russo. Mas que deixe tudo brilhando. E limpo! Vai ter lobby poderoso assim no PQP!

Arvo Pärt (1935) / Philip Glass (1937) / Vladimir Martynov (1946): Silencio (Kremer)

Arvo Pärt (1935) – Tabula Rasa
1. Tabula Rasa: I. Ludus – Con Moto
2. Tabula Rasa: II. Silentium – Senza Moto

Philip Glass (1937) – Company for String Orchestra
3. Company: Movt I – Kremerata Baltica
4. Company: Movt II – Kremerata Baltica
5. Company: Movt III – Kremerata Baltica
6. Company: Movt IV – Kremerata Baltica

Vladimir Martynov (1946) – “Come in!”
7. Come In!: Movt I
8. Come In!: Movt II
9. Come In!: Movt III
10. Come In!: Movt IV
11. Come In!: Movt V
12. Come In!: Movt VI

Arvo Pärt (1935) – Darf Ich…
13. Darf Ich…

Tatiana Grindenko, violino
Kremerata Baltica
Gidon Kremer

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Martynov, quando soube que ia aparecer no PQP Bach

PQP

.: interlúdio :. National Youth Jazz Orchestra (NYJO): Cookin’ With Gas

.: interlúdio :. National Youth Jazz Orchestra (NYJO): Cookin’ With Gas

Um bom disco, tecnicamente perfeito, impecável mesmo, mas ninguém vai roubar ou matar por ele. É uma big band jovem muito competente e só.

A National Youth Jazz Orchestra (NYJO) é uma orquestra de jazz britânica fundada em 1965 por Bill Ashton. Em 2010, Mark Armstrong assumiu o cargo de Diretor Musical da principal banda de atuação e Diretor Artístico da organização. Assim sendo, o fundador Bill Ashton tornou-se presidente vitalício.

Com sede em Westminster, Londres, a NYJO começou como London Schools’ Jazz Orchestra e evoluiu para se tornar uma orquestra nacional. Seu objetivo é o de oferecer uma oportunidade para jovens músicos talentosos do Reino Unido. Eles se apresentam nas principais salas de concerto, teatros, rádio e televisão, fazem gravações, encomendam novas obras a compositores e arranjadores britânicos e apresentam seu o amor pelo jazz para um considerável público. Enfim, coisa de primeiro mundo.

A NYJO é selecionada por audição e convite e tem idade máxima de 25 anos. Ela realiza cerca de 40 shows por ano, a grande maioria envolvendo oficinas educacionais para crianças em idade escolar. Ela ensaia todos os sábados no London Centre of Contemporary Music, perto da London Bridge, em Londres.

.: interlúdio :. National Youth Jazz Orchestra (NYJO) – Cookin’ With Gas

1.Beyond the Hatfield Tunnel 6:37
2.Hot Gospel 6:57
3.Step on the Gas 2:54
4.Mr. B. G. 4:07
5.Be Gentle 4:44
6.Behind the Gasworks 6:06
7.Cookin’ with Gas 5:57
8.S’wonderfuel 7:18
9.We Care for You 5:28
10.Big Girl Now 3:54
11.Gasanova 4:05
12.Afterburner 3:36
13.The Water Babies 9:02
14.The Heat of the Moment 3:29

Total time 70:40

Trumpets: Ian Wood, Mark Cumberland, Olly Preece, Gerard Presencer, Fred Maxwell, Neil Yates, Paul Cooper, Martin Shaw, Graham Russell, Mark White.
Trombones: Dennis Rollins, Pat Hartley, Winston Rollins, Tracy Holloway, Richard Henry, Mark Nightingale, Brian Archer.
Saxophones: Michael Smith, Howard, McGill, Scott Garland, Adrian Revell, Pete Long, Melanie Bush, Richard Williams, Nigel Crane.
Horn: Clare Lintott
Flute: Julie Davis
Piano: Steve Hill, Clive Dunstall.
Guitar: Paul Hudson, James Longworth.
Bass: Mark Ong
Drums: Chris Dagley
Percussion: Steve smith and John Robinson.
Vocals: Jacqui Hick.

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Às vezes fica difícil de ilustrar

PQP

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Placido Domingo sings and conducts Tchaikovsky

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Placido Domingo sings and conducts Tchaikovsky

Dei algumas risadas lendo as avaliações deste velho disco de 1993 de Domingo regendo Tchaikovsky. Como eram textos escritos no século passado e no início do XXI, não creio que já houvesse problemas em relação às acusações de assédio que o cantor-regente colecionou, mas puro preconceito contra alguém que rege e canta. Parecia ser proibido, sei lá… As pessoas escreviam só procurando defeitos, é cômico. Eu ouvi atentamente o CD e achei bem acima da média. É bem produzido, bem dirigido por Domingo, a orquestra é ótima e o repertório é bom. Está tudo a little bit mais lento? Sim, mas tal postura revela outras belezas das obras que não a pura energia. Os russos sempre reclamam dos ocidentais que tratam Tchai como naïve, como alguém pouco sofisticado… Bem, tudo o que o Domingo faz é respeitar profundamente o gajo russo.

Mesmo sem saber quem está empunhando a batuta, você não pode deixar de se surpreender com a forma operística da primeira melodia do Capricho Italiano (logo após as fanfarras de abertura). A peça se desenvolve com inúmeros toques afetuosos que garantem nosso sorriso e não tapas na mesa ou saltos da sacada, como acontece ao ouvirmos Karajan. A Abertura 1812 vem ousadamente ampla. A gente percebe os motivos pelos quais o hino de abertura retorna quase em câmera lenta, acrescido de sinos de igreja, cordas, metais e órgão para uma cena de clamor épico e cerimonial sem precedentes, na minha opinião.

Mas é em Romeu e Julieta que Domingo dá um show. Sejam quais forem as reservas que o povo manifestou, o calor, o caráter e a força de Domingo prevalecem. A nota do libreto declara a intenção de Domingo de reger em tempo integral quando seus dias de canto acabarem, mas as duas árias que ele canta no disco são a prova de que ele, em 1993, estava longe de ter que virar as costas para o seu público. A não ser que este lhe tenha virado pelos motivos conhecidos. Eu é que não vou me meter nesse assunto, deusolivre. Eu respeito as mina e a música.

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Placido Domingo Sings And Conducts Tchaikovsky

1 Fantasy Overture: Romeo And Juliet 22:06
2 None But The Lonely Heart 3:18
3 Capriccio Italien, Op. 45 16:35
4 Lensky’s Aria 6:17
5 Cerimonial Overture: 1812, Op. 49 17:47

Placido Domingo, tenor e regência
Ofra Harnoy, violoncelo
The Philharmonia
Randall Behr, regência nas canções (faixas 2 e 4)

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Apesar da falta do sotaque russo, acho que o véio Tchai aprovaria as ousadias do Domingão.

PQP