Janáček é um dos meus compositores favoritos. Hlawatsch é ótimo. Se você não conhece a música para piano de Janáček, talvez conheça suas composições orquestrais: Taras Bulba e a Sinfonietta são talvez excelentes introduções ao seu mundo sonoro. Esta música soa “rústica” (seja lá o que isso signifique, embora eu a reconheça quando a ouço) e pode lembrá-lo de Dvořák. Ainda assim, definitivamente NÃO é Dvořák. Sua música para piano quase faz você querer dançar… Hlawatsch está um pouco acima de András Schiff neste belo repertório. Se você quer outra boa introdução à música de Janáček, não vai errar com este CD da Naxos. E o Concertinho é uma esplêndida e inesquecível joia! Vi-o uma vez tocado por membros da Osesp e aquilo grudou definitivamente nos meus olhos e ouvidos.
Leos Janáček (1854-1928): Música para Piano + Concertino para Piano, 2 Violinos, Viola, Clarinete, Trompa e Fagote (Thomas Hlawatsch)
2. Three Moravian Dances (I. Ej, danaj!: Allegro II. Celadensky: Con moto III. Pilky: Andante) 04:39
3 A Recollection 01:13
4 Music for Exercise Gymnastique I – V 04:01
5 In the Mist, JW VIII/22: IV. Presto (original version) 01:51
In the Mist, JW VIII/22
6 I. Andante 03:57
7 II. Molto adagio 04:14
8 III. Andante 02:42
9 IV. Presto 04:43
Concertino for Piano, Two Violins, Viola, Clarinet and Horn, JW VII/11
10 I. Moderato 05:42
11 II. Più mosso 03:19
12 III. Con moto 03:55
13 IV. Allegro 04:34
Total Playing Time: 55:11
Thomas Hlawatsch, piano
Karoly Ambrus, horn
Csaba Babacsi, viola
Geza Banhegyi, clarinet
Istvan Hartenstein, bassoon
Bela Nagy, violin
Vilmos Olah, violin
Jascha Heifetz é a estrela do CD, mas os fãs de Arthur Rubinstein vão certamente se interessar pelo Trio de Ravel, muito bem gravado, com perfeito equilíbrio entre os três instrumentos. E, claro, com Rubinstein no piano e Piatigorsky no violoncelo a interpretação é cheia de nuances e de brilho.
Todos eles compostos na década de 1910, o Trio de Ravel e as Sonatas para violino de Debussy e Respighi eram obras contemporâneas para esses músicos aqui gravados. O Duo de Bohuslav Martinů, de 1927, mais ainda.
O Trio de Ravel e as peças de Debussy trazem todas as sutilezas da música francesa daquele período – aliás, aqui Ravel e Debussy se parecem, mais do que na música orquestral de ambos… E a Sonata do italiano Ottorino Respighi, obra relativamente pouco tocada, também merece o seu lugar ao sol. O encarte do álbum fala assim dela: a sonata robusta e expressiva, que equilibra com sucesso força emocional e substância musical, foi uma das várias boas obras que Heifetz retirou do anonimato: por anos ele foi o único violinista famoso a colocá-la no repertório dos seus recitais.
1-3. Debussy: Sonata para Violino e Piano em sol menor
4. Debussy: La fille au cheveux de lin (dos Prelúdios para Piano, transcrição A. Hartmann)
5-7. Respighi: Sonata para Violino e Piano em si menor
8. Ravel: Menuet (da Sonatina para Piano, transcrição L. Roques)
9-12. Ravel: Trio para Piano, Violino e Violincelo
13-14. Martinů: Duo nº 1 (Preludium – Rondo) para Violino e Violincelo, H 157
Recorded: 1950 (except track 8: 1947; tracks 13-14: 1964)
Jascha Heifetz – violin
Emmanuel Bay – piano (tracks 1-8)
Arthur Rubinstein – piano (tracks 9-12)
Gregor Piatigorsky – cello (tracks 9-14)
Este disco é recente, foi produzido o ano passado, e é repleto de concertos duplos compostos pelo Padre Vermelho.
Esses concertos eram compostos para ocasiões especiais – festas religiosas – e são cheios de grandeur, esperavam impressionar suas audiências mais do que os concertos para um instrumento solista. E certamente o faziam, caso fossem interpretados assim como o são aqui, com flair e maestria, pela excelente La Serenissima e seu fundador, Adrian Chandler.
A maioria dos concertos são para pares de instrumentos solistas: dois violoncelos, duas flautas, dois violinos ou dois oboés. No entanto, o primeiro concerto do disco é ainda mais suntuoso, empregando seis solistas: dois violinos, dois oboés e duas flautas doce. Fechando o cortejo com chave de ouro temos o famoso Concerto Il Proteo ò il Mondo al Roverscio para violino, violoncelo, duas flautas, dois oboés e cravo, além das cordas e contínuo.
Antonio Vivaldi (1678 – 1741)
Concerto for 2 violins, 2 oboes, 2 recorders, strings & continuo in C Major, RV 557
Allegro non molto
Largo
Allegro non molto
Concerto for 2 cellos, strings & continuo in G Minor, RV 531
Allegro
Largo
Allegro
Concerto for 2 flutes, strings & continuo in C Major, RV 533
Allegro molto
Largo
Allegro
Concerto for 2 violins, strings & continuo in G Major, RV 516
Allegro molto
Andante
Allegro
Concerto for 2 oboes, strings & continuo in C Major, RV 534
Allegro
Largo
Allegro
Concerto for 2 violins, strings & continuo in B-Flat Major, RV 524
Allegro
Andante
Allegro
Concerto Il Proteo ò il Mondo al Roverscio for violin, cello, 2 flutes, 2 oboes, harpsichord, strings & continuo in F Major, RV 572
A follow up to their album Vivaldi X2, this new offering from baroque specialists Las Serenissima combines further double concerti by Antonio Vivaldi with works for violin, cello, oboe, recorder and continuo. The previous album received rave reviews including Recording of the Month from BBC Music Magazine. These are some of Vivaldi’s most colourful and joyful works, and with director Adrian Chandler at the helm listeners can look forward to further baroque excellence from this dynamic ensemble. [Signum]
… after being obsessed by the composer and his musical world for more than 30 years, Chandler by now is almost Vivaldi incarnate…The playing style is forthright without being strident, and the notes are dispatched without the quirky additions (folksy improvisations, stamped feet) beloved of free spirits such as Nigel Kennedy. [The Times – August 2024]
A postagem de hoje é um convite para uma voltinha pelo lado mais selvagem da música. Assim como investidores, os amantes da música se dividem em conservadores, moderados, arrojados e aqueles que vivem em outro planeta.
Os conservadores se destacam por insistir sempre no mesmo repertório ou na segurança daqueles eternos mesmos intérpretes, mesmo quando esses tais intérpretes começam a definhar. No outro lado do espectro encontramos uma tribo que se interessa por novos intérpretes ou intérpretes menos badalados, ou compositores que ainda não conseguiram o ticket para o panteão da imortalidade. Aqui estou pensando nos ouvintes arrojados, pois que os que estão em outro planeta podem ser bem fora das caixinhas, com programas de música experimental, construção de novos instrumentos ou tudo junto e misturado.
Eu gostaria de crer que me encontro entre moderado e arrojado (moderojado?). Nos meus dias de arrojo, instigado pela curiosidade, deixo a segurança dos selos mais conhecidos e tradicionais, de repertório conhecido por algum cheiro de novidade. Foi o caso desse disco da postagem. Simpatizei com o Quarteto Minetti, que pelo repertório de seus discos é bastante conservador: Haydn, Beethoven, Schubert e Mendelssohn. Mas tem também esse álbum, que começa com uma maravilha – o Quarteto Op. 3 de Alban Berg, um desses compositores mais esquisitões, mas que compôs peças dolorosamente bonitas. Ouça os dois movimentos que formam este quarteto e entenderão o que eu quero dizer.
Shostakovich é um grande enigma para mim. Sei que é compositor respeitadíssimo, que o boss aqui da repartição o tem em altíssima conta, que adora suas peças e que ele compôs uma enfiada de quartetos de cordas e de sinfonias, além de muitas outras coisas, como ópera, inclusive. Ouvir um quarteto de Shosta (é assim que a ele se refere o patrão…) é uma das minhas ousadias. E não foi que gostei! Acho que vou insistir um pouco mais nessas coisas. Tem um outro quarteto dele que já ouvi mais de uma vez, creio que seja o Oitavo.
O resto do disco tem o Primeiro Quarteto de Ligeti, cuja obra foi bastante divulgada aqui em nossas páginas por ocasião da celebração de seu centenário de nascimento.
Então é isso, fica a dica, é muito bom ouvir umas novidades de vez em quando… a menos que você seja do time dos arrojados e já conheça todas essas músicas. Se bem que o ainda jovem quarteto seja bastante bom e você que já é perito nesse tipo de música poderá desfrutar bastante do disco.
O nome “Quarteto Minetti” faz referência a uma peça do escritor Thomas Bernhard, que viveu em Ohlsdorf, no Salzkammergut, onde os dois violinistas do quarteto cresceram.
O Quarteto Minetti é vencedor de vários concursos internacionais de música de câmara (Concurso Schubert, Concurso Haydn) e recebeu o prêmio austríaco “Grande Gradus ad Parnassum”, a bolsa de estudos inicial do Ministério Federal Austríaco e a bolsa Karajan.
Entre os mentores do Quarteto Minetti temos Johannes Meissl e os membros do Quarteto Alban Berg na Universidade de Música de Viena, onde o quarteto se reuniu em 2003. Como participantes da Academia Europeia de Música de Câmara (ECMA), eles também foram muito incentivados e receberam apoio artístico de Ferenc Rados, Alfred Brendel e dos membros dos Quarteto Artemis, Quarteto Amadeus e Quarteto Hagen. A Hänssler Classic lançou quatro gravações de CD com quartetos de cordas de Haydn, Mendelssohn, Beethoven e Schubert, e a Avi music lançou quintetos de clarinete com Matthias Schorn, todos com ótimas críticas.
Alban Berg (1885 – 1935)
Quarteto de Cordas, Op. 3
Langsam
Mäßige Viertel
Dmitri Shostakovich (1906 – 1975)
Quarteto de Cordas No. 7 em fá sustenido menor, Op. 108
Allegretto
Lento
Allegro – Allegretto
György Ligeti (1923–2006)
Quarteto de Cordas No. 1 ‘Métamorphoses nocturnes’
Allegro grazioso
Vivace
Adagio, mesto
Presto
Prestissimo
Andante tranquillo
Tempo di valse, moderato con eleganza, un poco capriccioso
The Minettis show a marked aff inity for the soundworld of 20th-century string quartet repertoire, rising to the Berg’s tortured passion and performing with characterful range and versatility in Ligeti’s ‘Métamorphoses nocturnes’. For my money, though, Shostakovich No. 7 is the album’s gem, its sparser textures allowing more room for rhythmic elegance and elasticity. [BBC Music Magazine]
Rendezvous in New York é um álbum onde o pianista estadunidense Chick Corea reuniu embros das nove bandas com as quais tocou no passado. Os músicos incluíam Terence Blanchard, Gary Burton, Eddie Gomez, Roy Haynes, Bobby McFerrin, Joshua Redman, Gonzalo Rubalcaba, Michael Brecker e Miroslav Vitous, dentre outros. Um timaço para celebrar sei 60º aniversário. Corea é, sem dúvida, um dos pianistas de jazz mais fluentes em improvisação de todos os tempos, além de ser um compositor talentoso e grande líder de banda. Pode ser um muito exibido, pode ser intrusivo, quebrando momentos mágicos que ele se esforçou muito para construir: às vezes tem uma incapacidade completa de esquecer ou ignorar o público, algo que está amplamente ausente em Jarrett, por exemplo. No entanto, os discípulos de Corea estarão interessados neste notável e educado álbum duplo ao vivo, gravado ao longo de três semanas de apresentações no Blue Note de Nova York. Corea recebeu uma oportunidade que só um artista de sua estatura e poder de atração tem: a chance de tocar em nove conjuntos separados com uma variedade de amigos musicais. Cada banda tocou no Blue Note por duas noites, e o melhor de tudo isso foi capturado aqui. As três peças de dueto de abertura com o vocalista McFerrin são mais brincalhonas do que musicais, e dão ao show um começo esquisito. Mas depois disso, o pianista irrompe de uma forma assustadora em um trio com Roy Haynes e Miroslav Vitous, e continua em sua melhor imprevisibilidade malódica em uma banda expandida celebrando o pianista Bud Powell em Glass Enclosure e Tempus Fugit. Em Crystal Silence, a insensibilidade de Corea à necessidade de abrir espaço está sob sublime controle em um dueto sussurrante com o vibrafonista Gary Burton, e depois o grupo maior Origin exibe as cores ousadas do líder. Mas o dueto de dois pianos com Gonzalo Rubalcaba em um medley de Concierto D’Aranjuez e a própria Espanha de Corea é o destaque deslumbrante – um turbilhão de corridas entrelaçadas brilhantes, acordes latinos percussivos, intensidade e swing jubiloso.
Chick Corea: Rendezvous in New York
1-1 Chick Corea & Bobby McFerrin Duet– Armando’ Rhumba
Piano – Chick Corea
Vocals – Bobby McFerrin
4:56
1-2 Chick Corea & Bobby McFerrin Duet– Blue Monk
Piano – Chick Corea
Vocals – Bobby McFerrin
5:31
1-3 Chick Corea & Bobby McFerrin Duet– Concierto De Aranjuez / Spain
Piano – Chick Corea
Vocals – Bobby McFerrin
8:12
1-4 Now He Sings, Now He Sobs Trio– Matrix
Bass – Miroslav Vitous
Drums – Roy Haynes
Piano – Chick Corea
10:45
1-5 Remembering Bud Powell Band– Glass Enclosure / Temps Fugit
Bass – Christian McBride
Drums – Roy Haynes
Piano – Chick Corea
Tenor Saxophone – Joshua Redman
Trumpet – Terence Blanchard
16:08
1-6 Chick Corea & Gary Burton Duet*– Crystal Silence
Piano – Chick Corea
Vibraphone – Gary Burton
10:02
1-7 Chick Corea Akoustic Band– Bessie’s Blues
Bass – John Patitucci
Drums – Dave Weckl
Piano – Chick Corea
8:38
2-1 Chick Corea Akoustic Band– Autumn Leaves
Bass – John Patitucci
Drums – Dave Weckl
Piano – Chick Corea
11:32
2-2 Origin (12)– Armando’s Tango
Alto Saxophone – Steve Wilson (2)
Bass – Avishai Cohen
Drums – Jeff Ballard
Piano – Chick Corea
Tenor Saxophone – Tim Garland
Trombone – Steve Davis (7)
12:08
2-3 Ckick Corea & Gonzalo Rubalcaba Duet– Concierto De Aranjuez / Spain
Piano – Chick Corea, Gonzalo Rubalcaba
13:23
2-4 Chick Corea New Trio*– Lifeline
Bass – Avishai Cohen
Drums – Jeff Ballard
Piano – Chick Corea
11:59
2-5 Three Quartets Band– Quartet N° 2 Part I
Bass – Eddie Gomez
Drums – Steve Gadd
Piano – Chick Corea
Tenor Saxophone – Michael Brecker
11:42
Um bom CD de música antiga. As 16 peças neste CD têm todas cinco minutos ou menos de duração, e a seleção varia de obras compostas entre 1597 até 1615. As peças são maravilhosamente tocadas e brilhantemente apresentadas, mantendo a marca registrada de Gabrieli na amplitude e beleza melódica. Antecedendo Bach e o Barroco mais conhecido por mais de 100 anos, a música de Gabrieli permanece como um testamento de um gênio artístico. Em termos de história da música, Gabrieli será lembrado pela influência pan-europeia que teve em seu tempo, pelo número de jovens compositores que estudaram com ele, lançando até as bases do barroco alemão, e por muitas obras corais importantes. Porém, se a música para metais tivesse sido tudo o que sobreviveu de sua grande obra, ele seria aclamado somente por isso.
Giovanni Gabrieli (1553/6-1612): Música para Metais (Vol. 1) (Crees /London Symph Orch Brass)
1 Canzoni et sonate: Canzon No. 17 (arr. E. Crees for brass) 02:40
2 Sacrae symphoniae: Canzon septimi et octavi toni a 12 (arr. E. Crees for brass) 02:40
3 Canzon IX (arr. E. Crees for brass) 03:02
4 Sacrae symphoniae: Canzon duodecimi toni I a 10 (arr. E. Crees for brass) 03:04
5 Canzon in echo a 12 (arr. E. Crees for brass) 03:26
6 Canzon XIV 03:10
7 Canzon VII 03:59
8 Canzon septimi toni II a 8 03:02
9 Sonata pian e forte a 8 05:09
10 Canzon XXVIII a 8, “Sol sol la fa mi” (arr. E. Crees for brass) 01:50
11 Canzoni et sonate: Canzon No. 11 (arr. E. Crees for brass) 03:38
12 Sacrae symphoniae: Canzon noni toni a 8 (arr. E. Crees for brass) 03:12
13 Canzoni et sonate: Sonata No. 13 (arr. E. Crees for brass) 02:27
14 Sacrae symphoniae: Canzon duodecimi toni III a 10 (arr. E. Crees for brass) 03:12
15 Canzoni et sonate: Canzon No. 8 (arr. E. Crees for brass) 04:24
16 Sacrae symphoniae: Canzon noni toni a 12 (arr. E. Crees for brass) 03:29
Total Playing Time: 52:24
Composer(s): Gabrieli, Giovanni
Arranger(s): Crees, Eric
Conductor(s): Crees, Eric
Ensemble(s): London Symphony Brass
Este disco é um “must have”, obrigatório para todos os que apreciam a música espanhola, mais especialmente a obra do grande Manuel de Falla.
Temos aqui as principais obras de Falla, “La Vida Breve”, “El Amor Brujo” e “Lo Sombrero de Tres Picos”, além de outras obras menos conhecidas, porém não menos belas, na interpretação que consagrou a grande mezzo´soprano Victoria de Los Angeles.
O então jovem Carlo Maria Giulini a acompanha regendo a Filarmônica de Londres, em “El Amor Brujo”, enquanto que o regente espanhol Rafael Fruhbeck de Burgos a dirige em “La Vida Breve”, e em “El Sombrero de tres picos”.
“La Vida Breve” é uma pequeno Drama Lírico dividido em dois atos e quatro quadros. A música de Falla é uma homenagem à música flamenca, e são diversos os momentos em que se pode destacar na obra.
“El Amor Brujo” é uma obra para balé encomendada a Falla por Pastora Imperio, a mais famosa bailarina flamenca de sua época. De acordo com a sinopse tirada da Wikipedia, El Amor brujo cuenta la historia de Candela, una muchacha gitana, cuyo amor por Carmelo se ve atormentado por su descreído antiguo amante. La obra es de carácter marcadamente andaluz, tanto en lo musical como en lo literario. El libreto fue escrito por Gregorio Martínez Sierra en dialecto andaluz, si bien se ha llegado a poner en duda su autoría, en favor de su mujer, María de la O Lejárraga García, feminista apasionada que publicó obras bajo el nombre de su marido. La música contiene momentos de gran belleza y originalidad, e incluye las famosas Danza del fuego fatuo y Danza del terror.
“El Sombrero de Tres Picos” é outro balé, “baseado en la novela homónima del escritor decimonónico Pedro Antonio de Alarcón. Se estrenó el 22 de julio de 1919 en el Alhambra Theatre de Londres bajo la batuta de Ernest Ansermet.
* En la historia de la danza teatral del siglo XX, ‘El sombrero de tres picos’ de Manuel de Falla puede reclamar un lugar tan significativo como el de la Petrushka de Ígor Stravinski. Ambas obras fueron producidas por el gran empresario Sergei Diaghilev y representadas por sus Ballets Rusos. Las dos rompen con las primitivas tradiciones temáticas que poblaban el género de princesas, apariciones y cisnes. Pero todavía más importante, quizás, es su visión de la burguesía con una cierta simpatía. En este sentido, en El sombrero… se reflejan las actitudes y aspiraciones de la Andalucía rural.
* Tras su estreno en Londres, la obra tuvo un rotundo éxito, elogiándose la acertada síntesis de música, baile, drama y decorado.
* Una primera versión de la obra, llamada El corregidor y la mujer del molinero fue representada en 1917 en el Teatro Eslava de Madrid como un fragmento de una pantomima de dos partes. Más tarde, Diaghilev conoció a de Falla y le convenció de la necesidad de retocar la obra con la intención de dotarla de mayor estructura teatral; el autor modificó su obra dándole más profundidad y sustancia.
* El ballet está basado en un cuento folclórico que comparte el espíritu de Beaumarchais, su brío y su profundo respeto por los recursos y el espíritu del segundo estrato de la sociedad.
Três obras primas de Manuel de Falla que encerram minha humilde e modesta homenagem à musica espanhola, tão rica e emotiva em detalhes. Volto a repetir que esta gravação é um primor, altamente recomendável.
Manuel de Falla: La vida breve; El amor brujo; El sombrero de tres picos
La Vida Breve
Acto Primero / Erster Akt / Act One / Premier Acte
¡Ah! ¡Ah! ¡Ande La Tarea! 2:51
Mi Querer Es Como El Hierro 3:05
¡Ramicos De Claveles! 2:38
Abuela, ¡No Viene! 2:13
Solo Tengo Dos Cariños 2:16
¡Ande La Tarea! 1:50
¡Vivan Los Que Ríen! 3:14
¡Malhaya El Hombre, Malhaya! 1:55
Salud…¿Qué? ¿Qué Pasa? 1:00
¡Paco! ¡Paco!…¡Mi Salud! 1:36
Dime, Paco 1:36
¡Paco!…¡Mi Chavala! 0:50
¿Ande Vas? 1:01
¡Mahlaya La Jembra Pobre! 2:20
Intermedio / Intermezzo 6:52
Acto Segundo / Zweiterr Akt / Act Two / Deuxième Acte
¡Olé!… ¡Ay! Yo Canto Por Soleares 3:08
Danza / Dance 3:19
¡Allí Está! Riyendo 3:32
¡Ay Qué Mundo Y Ay Qué Cosas! 0:41
¿No Te Dije? ¿La Ves? 2:35
¡Malhaya La Jembra Pobre! 1:39
Intermedio / Intermezzo 3:26
Danza / Dance 3:50
¡Carmela Mía! 1:48
¡Qué Gracia! 1:00
¡Yo No Vengo A Cantar! 3:35
Siete Canciones Populares Españolas
El Paño Moruno 1:19
Seguidilla Murciana 1:12
Asturiana 2:52
Jota 2:51
Nana 1:34
Canción 1:00
Polo 1:29
El Sombrero De Tres Picos
Introducción / Introduction 1:27
El Mirlo 1:47
El Petimetre Y El Cortejo 1:56
La Chica 1:09
El Corregidor 0:47
Danza De La Molinera 2:35
Minueto 1:05
Las Uvas 2:14
Fandango 1:53
Danza De Los Vecinos (Seguidilla) 3:16
Danza Del Molinero 3:04
La Detenciòn 1:33
Nocturno 2:43
Danza Del Corregidor 2:43
La Confrontación 2:08
Retorno Del Molinero 2:29
Danza Final 6:20
El Amor Brujo
Introducción Y Escena 0:34
En La Cueva 2:20
Canción Del Amor Dolido 1:38
El Aparecido 0:14
Danza Del Terror 2:01
El Circulo Mágico 2:44
A Medianoche 0:30
Danza Ritual Del Fuego 4:12
Escena 1:09
Canción Del Fuego Fatuo 1:34
Pantomimia 4:40
Danda Del Juego De Amor 3:00
Final = Finale: Las Campanas Del Amanecer 1:21
Soneto A Córdoba 2:26
Psyché 5:00
Baritone Vocals [El Cantaor] – Gabriel Moreno (tracks: 1-1 to 1-26)
Baritone Vocals [Manuel] – Luis Villarejo* (tracks: 1-1 to 1-26)
Bass Vocals [El Tío Sarvaor] – Víctor De Narke (tracks: 1-1 to 1-26)
Bass Vocals [La Voz De Un Vendedor] – Juan De Andia (tracks: 1-1 to 1-26)
Chorus – Orfeón Donostiarra (tracks: 1-1 to 1-26)
Chorus Master – Juan Gorostidi (tracks: 1-1 to 1-26)
Conductor – Carlo Maria Giulini (tracks: 2-18 to 2-30), Rafael Frühbeck De Burgos (tracks: 1-1 to 1-26, 2-1 to 2-17,)
Libretto By – Carlos Fernández Shaw (tracks: 1-1 to 1-26)
Mezzo-soprano Vocals [La Abuela, 2a. Vendedora] – Inés Rivadeneira (tracks: 1-1 to 1-26)
Orchestra – Orquesta Nacional De España (tracks: 1-1 to 1-26), Philharmonia Orchestra (tracks: 2-1 to 2-30)
Piano – Gonzalo Soriano (tracks: 1-27 to 1-33)
Soprano Vocals – Victoria De Los Angeles (tracks: 1-27 to 2-32)
Soprano Vocals [Carmela, 3a. Vendedora] – Ana María Higueras* (tracks: 1-1 to 1-26)
Soprano Vocals [Salud] – Victoria De Los Angeles (tracks: 1-1 to 1-26)
Tenor Vocals [Paco] – Carlo Cossutta (tracks: 1-1 to 1-26)
Tenor Vocals [Una Voz En La Fragua, Una Voz Lejana] – José María Higuero (tracks: 1-1 to 1-26)
Myung-Whun Chung e sua trupe fazem um monumental trabalho nesta versão da segunda e última ópera de Shostakovich.
Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk é uma ópera em quatro atos de Dmitri Shostakovitch. O libreto é inspirado na novela de mesmo nome publicada em 1865 por Nikolai Leskov. Ambientada na Rússia do século XIX, conta a história de uma mulher casada e solitária, Katerina Lvovna Ismailova, que se apaixona por outro homem e termina cometendo assassinatos. O argumento é sombrio, com bastante violência e sexo. O título faz referência a Lady Macbeth, a anti-heroina da tragédia shakespeareana Macbeth (1606).
A estreia ocorreu em 1934 em Leningrado (São Petersburgo) com enorme sucesso de público e crítica. Nos anos seguintes foi encenada nos palcos de todo o mundo. A ópera, porém, tornou-se mais famosa ainda pela intervenção das autoridades soviéticas: em 1936, funcionários do governo comunista – incluindo Josef Stálin – assistiram a uma apresentação no Teatro Bolshoi. Na edição de 28 de janeiro do jornal Pravda foi publicada uma severa crítica que descrevia a ópera como “ruído ao invés de música”, entre outras coisas (Stálin teria chamado a ópera de uma pornofonia). Frente a essa denúncia, Shostakovitch passou a temer por sua liberdade artística e até por sua vida, e em 1937 escreveu sua Quinta Sinfonia em um tom muito mais convencional, descrita pelo próprio artista como “a resposta de um artista soviético a uma crítica justa”.
Esta foi a última ópera de Shostakovich. Nos anos 60, ele a revisou, suprimindo as partes mais quentes. Atualmente, porém, a composição original é a mais executada, claro.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Lady Macbeth de Mzensk (Chung)
01. Akh, Ne Spitsya Bol’se, Poprobuyu
02. Gribli Segodnya Budut?
03. Govori/ Zacem Ze Ti Uyezzayes’, Khozyain/ Vot, Papa, Posmotri/ Proscay, Katerina…
04. Interlude
05. Ay! Ay! Ay! Ay, Besstiziy, Oy, Ne Scipli/ Otpustite Babu
06. Mnogo Vi, Muziki, O Sebe Vozmectali/ Cto Eto?
07. Interlude
08. Spat’ Pora. Den’ Prosol
09. Zerebyonok K Kobilke Toropitsya
10. Kto Eto, Kto, Kto Stucit?/ Proscay/ Uydi Ti, Radi Boga, Ya Muznyaya Zena
11. Cto Znacit Starost’: Ne Spitsya
12. Proscay, Katya, Proscay!/ Stoy! Gde Bil?/ Smotri, Katerina, Zanyatnoye Zrelisce
13. Ustal – Prikazete Mne Postegat?/ Progolodalsya Ya
14. Vidno, Skoro Uz Zarya. Ekh!/ Gde Tut Umirayut?/ Batya, Ispovedat’sya/ …
15. Interlude
01. Sergey, Seryoza! Vsyo Spit
02. Opyat’ Usnul/ Katerina L’vovna, Ubiyca!/ Nu? Cego Tebe?/ Andante(Orchestra)
03. Slusay, Sergey, Sergey!/ Katerina! – Kto Tam?/ Teper’ Sabas
04. Cto Ti Tut Stois?/ U Menya Bila Kuma/ Interlude
05. Sozdan Policeyskiy Bil Vo Vremya Ono/ U Izmaylovoy Seycas Pir Goroy/ Vase Blagorodiye!/ …
06. Interlude
07. Slava Suprugam, Katerine L’vovne I Sergeyu Filippicu, Slava!/ Nikogo Net Krase Solnca V Nebe?/ …
08. Vyorsti Odna Za Drugoy Dlinnoy Polzut Verenicey
09. Stepanic! Propusti Menya
10. Ne Legko Posle pocota Da Poklonov Pered Sudom Stoyat
11. Moyo Pocten’ Ye!/ Dostanu! Katya!/ Is, Zver’!/ Adagio
12. V Lesu, V Samoy Casce, Yest’ Ozero/ Znayes Li, Sonetka, Na Kogo S Toboy Mi Pokhozi?
13. Vstavay! Po Mestam! Zivo!
Maria Ewing
Elena Zaremba
Aage Haugland
Sergei Larin
Philip Landridge
Carlos Alvarez
Philippe Duminy
Anatoly Kotcherga
Johann Tilli
Bastille Opera Orchestra
Myung-Whun Chung, regente
Ah, essa Sonata “Arpergionne” de Schubert é uma delícia. Não há como não nos emocionarmos com ela. A beleza das melodias é única, como diria nosso colega PQPBach, provavelmente Schubert foi um dos maiores dos melodistas da história da música.
A dupla Wispelwey / Giacometti faz aqui neste cd uma leitura mais contida, não tão romantizada da “Arpeggione”, como as que estamos acostumados a ouvir. Talvez seja a sonoridade do pianoforte de Giacometti que contenha o excelente violoncelista holandês, o fato é que a dupla funciona muito bem, e explora com maestria os meandros dessa obra prima do repertório do violoncelo.
No cd eles também tocam as Sonatinas, op. 137, que originalmente foram escritas para violino, e que já trouxemos aqui mesmo no blog. A transcrição foi feita pelo próprio Wispelwey.
Franz Schubert (1797-1828): Arpeggione Sonata, 3 Sonatines, op. 137 (P. Wispelwey, P. Giacometti)
01 Sonata in a minor D 821 Arpeggione – I. Allegro moderato
02 Sonata in a minor D 821 Arpeggione – II. Adagio
03 Sonata in a minor D 821 Arpeggione – III. Allegretto
04 Sonatina in D major D 384 Opuis 137 No 1 – I. Allegro molto
05 Sonatina in D major D 384 Opuis 137 No 1 – II. Andante
06 Sonatina in D major D 384 Opuis 137 No 1 – III. Allegro vivace
07 Sonatina in a minor D 385 Opus 137 No 2 – I. Allegro moderato
08 Sonatina in a minor D 385 Opus 137 No 2 – II. Andante
09 Sonatina in a minor D 385 Opus 137 No 2 – III. Menuetto and Trio
10 Sonatina in a minor D 385 Opus 137 No 2 – IV. Allegro
11 Sonatina in g minor D 408 Opus 137 No 3 – I. Allegro giusto
12 Sonatina in g minor D 408 Opus 137 No 3 – II. Andante
13 Sonatina in g minor D 408 Opus 137 No 3 – III. Menuetto and Trio
14 Sonatina in g minor D 408 Opus 137 No 3 – IV. Allegro moderato
Entre os melômanos mais dedicados existe um quase consenso de que a música de câmara permite aos compositores uma atenção aos detalhes – e aos ouvintes a audição transparente desses detalhes na voz de cada um dos instrumentos que se combinam – que fica impossibilitada nas obras para grande orquestra. Cada instrumento, em um trio ou quarteto, tem sua voz autônoma e elas ao mesmo tempo dialogam entre si, isso fica muito evidente desde as Trio Sonatas que surgem por volta do ano 1700, primeiro na Itália e logo depois na Alemanha de Händel e J.S. Bach. No classicismo vienense, o quarteto de cordas se torna o veículo principal para esse tipo de música, não sem relação com um certo ideal de equilíbrio entre as sonoridades dos instrumentos, equilíbrio que é justamente um dos fundamentos para a música da corrente iniciada por Haydn ser chamada classicismo – pois, para além do uso banal do tipo “são clássicos imortais”, o clássico na cultura ocidental envolve certas ideias de simetria, harmonia, ordem etc. que os românticos (e depois os modernistas) vão denunciar como uma ordem autoritária que atrapalha as fantasias e sonhos.
Eu gosto enormemente desse quinteto de Schubert, mais do que dos seus quartetos: não é um gosto racional, é uma daquelas obras que simplesmente tocam mais fundo em alguns de nós, mas, tentando interpretar esse gosto em termos racionais, diria que o quinteto mantém em certos momentos o diálogo transparente da música de câmara e em outros momentos dá uns passos em outra direção. Nessa obra, uma das últimas de Schubert, a transparência já não é completa: cinco instrumentos já estão bem no limite das nossas capacidades de acompanhar as melodias individuais, mas além disso os dois violinos e os dois violoncelos às vezes se fundem no agudo e no grave. Também gosto bastante, claro, do quinteto com piano e contrabaixo “A Truta”, mas aqui neste quinteto mais tardio em dó maior parece que essa mistura das vozes dá um toque diferente que também faz parte da transição entre o classicsmo vienense e a sensibilidade romântica. Sem falar em tantas melodias belíssimas, mas isso é chover no molhado em se tratando de Schubert.
Orpheus Quartet e P. Wispelwey fazem aqui uma interpretação mais contida do que outras que se ouve por aí. Esse quarteto teve uma carreira meteórica, encerrada após a morte precoce do seu primeiro violinista.
Franz Schubert (1797-1828): Quinteto para Cordas D. 956
I. Allegro ma non troppo
II. Adagio
III. Scherzo: Presto – Trio – Andante sostenuto
IV. Allegretto
Orpheus Quartet e Pieter Wispelwey
Recorded: Dutch Reformed Church, Kortenhoef, NL, june 1994
Houve um período no qual enormes maestrossáuros andavam pelos territórios musicais e regiam tudo à sua volta! Uma dessas típicas criaturas era Herr Karajan, que dominava as melhores orquestras, os melhores festivais e casas de ópera. Com a Berliner Philharmoniker ele gravava (over and over) seu vasto repertório sinfônico para o selo amarelo, iniciando tudo de novo a cada novo avanço tecnológico. Em geral, suas melhores contribuições ocorreram na década de 1960. A postagem de hoje, no entanto, explora outra parte de suas gravações, feitas com a Wiener Philharmoniker para a gravadora DECCA. O produtor aqui era John Culshaw, uma verdadeira lenda das gravações. O repertório aqui incluía óperas e música sinfônica, mas nada de ciclos completos.
Reuni para essa postagem quatro sinfonias: Sétima de Beethoven, Primeira e Terceira de Brahms e Oitava de Dvořák. Uma festa para quem gosta dessas sinfonias interpretadas com grande orquestra.
Regendo a Filarmônica de Viena: Em Salzburgo, em 1934, von Karajan liderou a Filarmônica de Viena pela primeira vez e, de 1934 a 1941, foi contratado para conduzir concertos de ópera e orquestra sinfônica no Teatro Aachen.
Sobre a criatura: Como diretor e administrador, ele tolerava pouca interferência, mas como maestro, ele era camaleônico em sua abordagem às orquestras: um professor nato e um ensaiador habilidoso que, nas palavras de Walter Legge, “conhecia a psicologia de uma orquestra provavelmente melhor do que qualquer pessoa viva”. Os críticos notaram isso pela primeira vez no Festival de Salzburgo de 1957 quando, após um cancelamento de Otto Klemperer, Karajan foi obrigado a reger a Filarmônica de Viena e sua própria Filarmônica de Berlim em noites sucessivas. Ambas as orquestras são carros dos melhores fabricantes, observou o Die Presse de Viena, e Karajan dirige ambos com igual habilidade. “No caso da Filarmônica de Viena, sua direção é calma e sem ostentação. Ele não pressiona a orquestra; ele sabe que ela prefere um ritmo fácil e uma maneira relaxada. Os berlinenses, por outro lado, tocam da ponta de seus assentos.” Dito isso, a Filarmônica de Viena também podia tocar da ponta de seus assentos, particularmente em grandes peças orquestrais, como mostram essas gravações.
Esse texto aí de baixo é da postagem original, lá de 2013. Muita água rolou por baixo da ponte, muita coisa aconteceu, e depois de ler o texto de apresentação pensei que talvez fosse a hora de trazer novamente essa espetacular série, desta vez completa, com seus cinco cds, um melhor que o outro, lhes garanto. Mehldau não é mais um menino, ao contrário, é hoje um sóbrio senhor, que ainda vem encantando seu público com seu virtuosismo, sensibilidade e técnica apuradíssima.
Vou botar os cinco cds de uma só vez, para serem apreciados devidamente, se possível, na sua sequência, não que isso seja obrigatório, ouçam da forma que quiserem.
Volto a reforçar que o texto abaixo é de 2013, claro que o Milton Ribeiro nesta altura do campeonato já conhece muito bem este pianista.
Nosso amigo Milton Ribeiro confidenciou-me dia destes que desconhecia Brad Mehldau. Eu fiquei espantando, ainda mais sabendo que o Milton é uma verdadeira enciclopédia da música, e conhece muita coisa e muita gente. Surpreendeu-me realmente, afinal de contas, o jovem pianista (nasceu em 1970) já está há um bom tempo na área, e já gravou com um monte de gente conhecida, como Pat Metheny, Anne Sophie von Otter, entre diversos outros.
Meu caro Milton, imagine um Keith Jarrett sem ter passado por todas as fases que passou até chegar à sua versão de trio acústico. Sei que estou exagerando, mas vejo Brad Mehldau como a evolução daquilo que Keith Jarrett acrescentou e ainda acrescenta à técnica do piano. O rapaz é um fenômeno e não teme se arriscar. Claro que não podemos esquecer de Bill Evans, Herbie Hancock, Thelonius Monk, Chick Corea, para citar apenas algumas das influências visíveis do rapaz; Então, una estas técnicas apuradíssimas, conseguidas através de anos sentados atrás do instrumento, aliadas a um virtuosismo espantoso, desconte a idade e a quantidade de heroína que Bill Evans consumiu… então podes ter uma idéia de quem é Brad Mehldau. Aí comece a ouvir este cd pela sua terceira faixa, uma homenagem a Thelonius Monk… e depois me diga o que achas. Se o conheço mais ou menos bem, sei que sua expressão será: onde diabos eu estava que não conheci esse cara antes?
Num primeiro momento, o espanto… depois a certeza de que estamos diante de um novo fenômeno do piano, e o que é mais importante, ainda jovem, e ainda podendo evoluir, e muito. Quando comecei a ouvir este rapaz, há pelo menos uns dez anos atrás, achei muita presunção da parte dele lançar uma série de cinco cds com o título de “Art of Trio”. Pensei comigo mesmo, quem esse cara está pensando que é? Ainda mais com toda a lista de excepcionais músicos que vieram antes dele e deram forma à este estilo tão característico do jazz, o Piano Trio. Depois entendi que na verdade se tratava de uma homenagem à todos aqueles gigantes que vieram antes dele, me apropriando de uma frase meio clichê, ele se apoiava sobre os ombros dos gigantes para mostrar a evolução da técnica, e do próprio jazz.
Em todos os CDs os músicos que acompanham serão sempre os mesmos: o baixista Larry Grenadier e o baterista Jorge Rossi.
As gravações foram realizadas entre 1997 e 2001.
Volume One
1 Blame It On My Youth
2 I Didn’t Know What Time It Was
3 Ron’s Place
4 Blackbird
5 Lament For Linus
6 Mignon’s Song
7 I Fall In Love Too Easily
8 Lucid
9 Nobody Else But Me
Live At The Village Vanguard – The Art Of The Trio Volume Two
1 It’s Alright With Me
2 Young And Foolish
3 Monk’s Dream
4 The Way You Look Tonight
5 Moon River
6 Countdown
Volume Three – Songs
1 Song-Song
2 Unrequited
3 Bewitched, Bothered And Bewildered
4 Exit Music (For A Film)
5 At A Loss
6 Convalescent
7 For All We Know
8 River Man
9 Young At Heart
10 Sehnsucht
Volume 4 Back At The Vanguard
1 All The Things You Are
2 Sehnsucht
3 Nice Pass
4 Solar
5 London Blues
6 I’ll Be Seeing You
7 Exit Music (For A Film)
Volume 5 Evolution Art Of The Trio
CD 1
1 The More I See You – Live
2 Dream’s Monk – Live
3 The Folks Who Live On The Hill
4 Alone Together – Live
5 It Might As Well Be Spring
6 Cry Me A River – Live
7 River Man – Live
CD 2
1 Quit – Live
2 Secret Love – Live
3 Sublation – Live
4 Resignation – Live
5 Long Ago And Far Away – Live
6 How Long Has This Been Going On? – Live
Um joia perfeita. O repertório é incrível e a interpretação nem se fala. As Sonatas para Clarinete, Op. 120, Nos. 1 e 2, foram escritas em 1894 e são dedicadas ao clarinetista Richard Mühlfeld. As sonatas são de um período tardio na vida de Brahms, onde ele descobriu a beleza do som e da cor tonal do clarinete. A forma da sonata para clarinete era nada desenvolvida até a conclusão dessas sonatas, após o que a combinação de clarinete e piano foi mais usada em novas obras de compositores (vide Poulenc). Essas foram as últimas peças de câmara que Brahms escreveu antes de sua morte e são consideradas duas das grandes obras-primas do repertório de clarinete. Leister foi um gênio do instrumento, além de ter uma especial predileção por Brahms.
Johannes Brahms (1833-1897): As Sonatas para Clarinete (Karl Leister, Gerhard Oppitz)
Sonata No. 1 In F Minor
1 Karl Leister, Gerhard Oppitz– Allegro Appassionato 8:00
2 Karl Leister, Gerhard Oppitz– Andante un poco Adagio 5:24
3 Karl Leister, Gerhard Oppitz– Allegretto grazioso 4:36
4 Karl Leister, Gerhard Oppitz– Vivace 5:19
Sonata No. 2 In E Flat Major
5 Karl Leister, Gerhard Oppitz– Allegro Amabile 8:21
6 Karl Leister, Gerhard Oppitz– Allegro appassionato – Sostenuto 5:26
7 Karl Leister, Gerhard Oppitz– Andante con moto – Allegro 7:29
Como já avisou inúmeras vezes meu irmão PQPBach, nosso SAC é uma porcaria como os demais. Acontece que a diretoria do blog não está nem aí com as solicitações de seus leitores. Mas não somos tão cruéis. Quando podemos, atendemos. Se temos em nosso acervo, o que custa? Por exemplo, o leitor Carlos Eduardo Amaral solicitou valsas e outras obras de Strauss. PQP disse que não tinha, mas felizmente possuo uma gravação que irá satisfazer ao nosso leitor, e que deverá estar sendo postada nos próximos dias.
Mas por enquanto, irei atender ao nosso leitor do outro lado do mundo, diretamente da Nova Zelândia, que pediu Chopin, espeficicamente as Mazurkas. Aqui estão elas. Um aviso: antes que comecem as intermináveis discussões dos que irão defender Arrau, Horowitz, Ashkenazy, Pires, Polllini, sempre estarei postando Chopin com meu intérprete favorito, Arthur Rubinstein. E sei que terei a Laís Vogel para me defender, pois ela também é fã do bom velhinho. Talvez seja culpa de minha mãe, que já colocava os discos de Chopin sempre interpretados por ele, ou então, do programa “Concertos para a Juventude”, que a Globo transmitia nos idos dos anos 70, aos domingos de manhã. Quem é de minha geração ou mais velho, há de se lembrar deste programa. Rubinsten, Karajan, Böhm, Amadeus Quartet eram frequentadores assíduos do programa. Não me lembro se tinha um apresentador, acho que o Karabitchevisky apresentou durante um período. Enfim, foi o programa que apresentou a tal da música clássica para minha geração. Enfim, falei deste programa porque foi ali que ouvi as Polonaises e as Baladas de Chopin, e ali me fascinei por aquele velhinho empertigado sobre um Steinway, tocando divinamente. Sempre me chamou a atenção sua postura, coluna ereta, olhos fechados, total concentração, e no final um sorriso discreto, de saber que tinha cumprido seu dever.
A Mazurka é originária do folclore polonês, e Chopin compôs 57. É um monte, mesmo. Mas são peças relativamente curtas, 3 minutos em média de duração. É isso aí.
4 Mazurkas, Op. 6
1-1 No. 1 In F-Sharp Minor 2:38
1-2 No. 2 In C-Sharp Minor 2:42
1-3 No. 3 In E Major (Vivace) 2:05
1-4 No. 4 In E-Flat Minor (Presto Ma Non Troppo) 0:41
5 Mazurkas, Op. 7
1-5 No. 1 In B-Flat Major (Vivace) 2:35
1-6 No. 2 In A Minor (Vivo Ma Non Troppo) 3:30
1-7 No. 3 In F Minor 2:52
1-8 No. 4 In A-Flat Major (Presto Ma Non Troppo) 1:06
1-9 No. 5 In C Major (Vivo) 0:36
4 Mazurkas, Op. 17
1-10 No. 1 In B-Flat Major (Vivo E Resoluto) 2:29
1-11 No. 2 In E Minor (Lento Ma Non Troppo) 1:59
1-12 No. 3 In A-Flat Major (Legato Assai) 4:21
1-13 No. 4 In A Minor (Lento Ma Non Troppo) 4:33
4 Mazurkas, Op. 24
1-14 No. 1 In G Minor (Lento) 2:49
1-15 No. 2 In C Major (Allegro Non Troppo) 2:15
1-16 No. 3 In A-Flat Major (Moderato) 2:08
1-17 No. 4 In B-Flat Minor (Moderato) 5:06
4 Mazurkas, Op. 30
1-18 No. 1 In C Minor (Allegretto Non Tanto) 1:38
1-19 No. 2 In B Minor (Vivace) 1:28
1-20 No. 3 In D-Flat Major (Allegro Non Troppo) 2:53
1-21 No. 4 In C-Sharp Minor (Allegretto) 3:43
4 Mazurkas, Op. 33
1-22 No. 1 In G-Sharp Minor (Mesto) 1:37
1-23 No. 2 In D Major (Vivace) 2:46
1-24 No. 3 In C Major (Semplice) 1:36
1-25 No. 4 In B Minor 5:33
4 Mazurkas, Op. 41
1-26 No. 1 In C-Sharp Minor (Maestoso) 3:30
2-1 No. 2 In E Minor (Andantino) 2:12
2-1 No. 3 In B Major (Animato) 1:11
2-3 No. 4 In A-Flat Major (Allegretto) 2:11
3 Mazurkas, Op. 50
2-4 No. 1 In G Major (Vivace) 2:31
2-5 No. 2 In A-Flat Major (Allegretto) 3:08
2-6 No. 3 In C-Sharp Minor (Moderato) 5:21
3 Mazurkas, Op. 56
2-7 No. 1 In B Major (Allegro Non Tanto) 4:22
2-8 No. 2 In C Major (Vivace) 1:44
2-9 No. 3 In C Minor (Moderato) 5:47
3 Mazurkas, Op. 59
2-10 No. 1 In A Minor (Moderato) 3:51
2-11 No. 2 In A-Flat Major (Allegretto) 2:36
2-12 No. 3 In F-Sharp Minor (Vivace) 3:40
3 Mazurkas, Op. 63
2-13 No. 1 In B Major (Vivace) 2:17
2-14 No. 2 In F Minor (Lento) 1:45
2-15 No. 3 In C-Sharp Minor (Allegretto) 2:18
2-16 Mazurka In A Minor, Op. Post. “A Emile Gaillard” 2:33
2-17 Mazurka In A Minor, Op. Post. “Notre Temps” 3:17
4 Mazurkas, Op. Posth. 67
2-18 No. 1 In G Major (Vivace) 1:10
2-18 No. 2 In G Minor (Cantabile) 1:59
2-20 No. 3 In C Major (Allegretto) 1:37
2-21 No. 4 In A Minor (Allegretto) 3:05
4 Mazurkas, Op. Posth. 68
2-22 No. 1 In C Major (Vivace) 1:41
2-23 No. 2 In A Minor (Lento) 2:47
2-24 No. 3 In F Major (Allegro Ma Non Troppo) 1:27
2-25 No. 4 In F Minor (Andantino) 3:14
George Li é um pianista americano de 28 anos. Li fez sua primeira apresentação pública no Steinway Hall de Boston aos dez anos de idade e, em 2011, se apresentou para o presidente Obama na Casa Branca em uma noite em homenagem à chanceler Angela Merkel. Entre os muitos prêmios de Li, ele recebeu o Avery Fisher Career Grant de 2016, o Gilmore Young Artist Award de 2012 e o primeiro prêmio das audições internacionais de jovens artistas de concerto de 2010. George começou seus estudos de piano aos 4 anos com Dorothy Shi, antes de continuar com Wha Kyung Byun no New England Conservatory aos 12 anos. Em 2019, ele concluiu o programa de dupla graduação Harvard/New England Conservatory, com um bacharelado em literatura inglesa e um mestrado em música. Posteriormente, ele se formou com um diploma de artista no New England Conservatory em 2022. Quando não está tocando piano, George é um leitor e fotógrafo ávido, além de um fanático por esportes.
Li é um artista exclusivo da Warner Classics, com seu álbum de recital de estreia lançado em outubro de 2017, que foi gravado ao vivo no Mariinsky. Sua segunda gravação para o selo apresenta obras solo de Liszt e o Concerto para Piano No. 1 de Tchaikovsky, que foi gravado ao vivo com Vasily Petrenko e a Filarmônica de Londres e lançado em outubro de 2019. Este maravilhoso disco é seu terceiro álbum com o selo, que inclui peças solo de Schumann, Ravel e Stravinsky.
A primeira peça do disco é o Arabesco, que faz jus ao nome, e a coleção de peças Davidsbündlertänze que faz parte de um ótimo disco que postei há pouco tempo.
Tudo muito lindo, as últimas notas de Schumann fazem parecer que ele foi embora à francesa. Em seguida, uma interpretação espetacular das Valsas Nobres e Sentimentais, do ótimo Maurice Ravel. Impossível não querer retornar a elas vez e outra ainda.
Para completar, os três movimentos de Petrushka, só para mostrar que Stravinsky que era bamba de orquestração, também sabia muito de piano. Por que será o nome do disco, Movements? Ouça tudo e me conte depois…
A bracing, fearless account…Mr. Li’s playing combined youthful abandon with utter command.
New York Times
I can’t think of another pianist who portrays Ravel’s aesthetic with greater relish or sympathy. The subtlest rhythmic impulses are given their due, even as the colour and dynamic spectra seem almost incalculably wide. … da sisuda Gramophone…
Eu prometo não fazer nenhuma piada de quinta série com o nome do regente até o final, tá? Neste disco maravilhoso, o cellista Miklós Perényi evita qualquer coisa que possa ser considerada virtuosística ou teatral, ele escolhe corretamente se concentrar no lirismo terno de Haydn, acoplado à forma silenciosa de paixão que é a marca registrada do compositor. Também o papel que János Rolla e a Franz Liszt Chamber Orchestra cumpre são fundamentais, fornecendo apoio ao solista. Novamente, não há nada chamativo ou individualista – apenas um suporte sólido para as linhas e motivos de Haydn. Eles são todos capturados em bom som. Eles decidiram que fariam um Haydn perfeito e o fizeram. Aliás, esse Perényi é um monstro! Trata-se de um CD para ser ouvido, reouvido, triouvido, tetraouvido… Prossigam vocês.
F. J. Haydn (1732-1809): Concertos para Violoncelo (Perényi, Rolla)
Cello Concerto No. 1 In C Major
1 Moderato 9:26
2 Adagio 8:48
3 Allegro Molto 6:20
Cello Concerto No. 2 In D Major
4 Allegro Moderato 14:43
5 Adagio 6:04
6 Allegro 5:04
Cello – Miklós Perényi
Conductor – János Rolla
Orchestra – Franz Liszt Chamber Orchestra
MoonDial (2024) é o terceiro álbum solo que Pat Metheny grava no violão barítono construído para ele pela famosa luthier canadense Linda Manzer. (Ela também construiu muitos de seus outros instrumentos, incluindo sua famosa guitarra Pikasso de três braços e 42 cordas.) Os dois álbuns anteriores foram One Quiet Night (2003), que mistura originais de Metheny e covers, What’s It All About (2011), o primeiro álbum de Metheny a apresentar apenas covers. Ambos ganharam Grammys, por (surpreendentemente) melhor álbum New Age (?).
A escolha de covers de Metheny para MoonDial abrange o cancioneiro padrão e a música popular mais recente, sempre escolhendo boas melodias: You’re Everything‘ (Chick Corea), Here, There and Everywhere (Lennon/McCartney), a tradicional Londonderry Air (também conhecida como Danny Boy), Everything Happens to Me / Somewhere (a última desta dupla sendo uma música de Bernstein para West Side Story ), e duas músicas de filmes dos anos 50 que se tornaram standards do jazz, My Love and I (também conhecida como Love Theme, do filme Apache e Angel Eyes (do filme Jennifer ).
Como esperado de um músico do calibre de Metheny, todos os covers são reinterpretados, auxiliados pelas possibilidades liberadas por um instrumento que é naturalmente afinado uma quarta ou quinta abaixo de um violão convencional, com a diferença de que Metheny eleva as duas cordas do meio em uma oitava. Em um vídeo promovendo o álbum, ele explica que essa afinação incomum permitiu que ele tirasse vantagem de cordas soltas e encontrasse tonalidades e vozes estranhas que seriam impossíveis de tocar em um violão normal. Não entendo nada dessas coisas e só copiei…
Pat Metheny: MoonDial
1 Moondial 6:24
2 La Crosse 4:48
3 You’re Everything 2:38
4 Here, There And Everywhere 4:24
5 We Can’t See It, But It’s There 2:59
6 Falcon Love 7:14
7 Everything Happens To Me /
8 Somewhere 7:12
9 Londonderry Air 5:03
10 This Belongs To You 5:28
11 Shõga 3:15
12 My Love And I 3:50
13 Angel Eyes 6:56
14 Moondial (Epilogue) 1:13
Capa ilustrativa, pois não sei de onde saiu este bom CD.
FDP Bach continua sua saga rampaliana, trazendo para seus ouvintes/leitores mais deste gigante francês, Jena Pierre Rampal. Neste cd, ele toca Vivaldi, Bach e TelemanN. Prestem muita atenção na facilidade com que ele aparentemente toca. Há momentos em que pensamos, poxa, mas quando é que este cara respira… feeling único, com uma técnica fantástica. Enjoy.
Antonio Vivaldi (1678-1741), Johann Sebastian Bach (1685-1750), George Phillip Telemann (1681-1767): Concertos e Suíte (Rampal)
Antonio Vivaldi (1678-1741) –
1. Concerto For Flute & Orchestra in D Major, Op. 10, No. 3, RV 428 ‘Ill gardellino’ : I. Allegro
2. Concerto For Flute & Orchestra in D Major, Op. 10, No. 3, RV 428 ‘Ill gardellino’ : II. Largo
3. Concerto For Flute & Orchestra in D Major, Op. 10, No. 3, RV 428 ‘Ill gardellino’ : III. Alegro
4. Concerto for Flute & Orchestra in F Major, Op. 10, No. 1, RV 433 ‘La tempesta di mar’: I. Allegro
5. Concerto for Flute & Orchestra in F Major, Op. 10, No. 1, RV 433 ‘La tempesta di mar’ : II. Largo
6. Concerto for Flute & Orchestra in F Major, Op. 10, No. 1, RV 433 ‘La tempesta di mar’ : III. Presto
Performed by I Solisti Veneti
with Jean-Pierre Rampal, Dorothy Linell, Isaac Stern, Daniele Roi
Conducted by Claudio Scimone
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
7. Concerto for Flute, Strings and Basso continuo in G minor , BWV 1056: I. …
8. Concerto for Flute, Strings and Basso continuo in G minor , BWV 1056: II. Largo
9. Concerto for Flute, Strings and Basso continuo in G minor , BWV 1056: III. Presto
10. Concerto for Flute, Strings and Bass continuo in C Major, BWV 1055: I. Allegro
11. Concerto for Flute, Strings and Bass continuo in C Major, BWV 1055: II. Larghetto
12. Concerto for Flute, Strings and Bass continuo in C Major, BWV 1055: III. Allegro ma non
tanto
Performed by Prague Ars Rediviva Orchestra
with Frantisek Slama, Jean-Pierre Rampal, Isaac Stern, Frantisek Posta, Josef Hala
Conducted by Milan Munclinger
George Phillip Telleman (1681-1767)
13. Suite for Flute & Orchestra in A minor: Ouverture
14. Suite for Flute & Orchestra in A minor: Les Plaisirs
15. Suite for Flute & Orchestra in A minor: Air a l’italien
16. Suite for Flute & Orchestra in A minor: Menuets I & II
17. Suite for Flute & Orchestra in A minor: Rejouissance
18. Suite for Flute & Orchestra in A minor: Passepieds I & II
19. Suite for Flute & Orchestra in A minor: Polonaise
with Isaac Stern, Jerusalem Music Centre Chamber Orchestra
Conducted by Jean-Pierre Rampal
Domingo chuvoso de inverno, e nada melhor que Mozart para nos acompanhar como trilha sonora. É incrível como a música desse gênio é capaz de tornar as coisas mais fáceis, deve atingir certas áreas de nosso cérebro que causam essa sensação de bem estar, de estar bem consigo mesmo. Vocês não sentem isso também?
Lembro que essas sinfonias me foram apresentadas por esse mesmo maestro, em um CD do antigo selo CBS, com essa mesma orquestra, e quando vi aquela capa com aquele homem com cabelo esquisito pensei, será que isso aqui é bom? Mas aí entrou em ação o velho clichê que diz que não devemos julgar um livro pela capa, e nada mais correto em se afirmar com relação àquele CD, que não tenho mais, perdeu-se nas areias do tempo. Mas reencontrei estes três mesmos atores, Orquestra, Maestro e Mozart, em uma bela caixa que traz gravações ao vivo, com o mesmo repertório, a saber, as Sinfonias de nº 40 e 41. Que bela sensação a de sentir as mesmas emoções depois de tanto tempo. Até parece que Rafael Kubelik e a Orquestra da Rádio Bávara nasceram um para o outro, e Mozart serviu de elemento de ligação.
Tudo aqui flui tão facilmente, tão leve, que nem parece que é ao vivo. Só no final das obras ouvimos as palmas, acaloradas como não poderia deixar de ser. Essas últimas sinfonias nunca soaram tão perfeitas, elegantes, quanto nas mãos de Kubelik, mesmo gostando muito de outros maestros regendo. Talvez Karl Böhm seja o que soe mais próximo em termos de coesão e coerências sonoras.
O monumental último movimento da Sinfonia nº 41, provavelmente a mais perfeita tradução da genialidade de Mozart em suas sinfonias, traduz um pouco o que quero dizer. Enxergamos nessa música tão forte, tão envolvente, aquele elemento transformador, aquele “IT”, aquela coisa que torna tudo tão perfeito, e nos faz acreditar que sim, a vida vale a pena, apesar de todo o mal que nos cerca. Kubelik, neste registro, já idoso, maduro, ciente de toda a grandeza daquela partitura, em seus últimos anos de vida, traduz e deixa transparecer essa sensação de bem-estar.
E viva a música !!!
Symphony No. 40 In G Minor, K. 550
1 Molto Allegro
2 Andante
3 Menuetto: Allegretto
4 Allegro Assai
Symphony No. 41 In C Major, K. 551 (“Jupiter”)
5 Allegro Vivace
6 Andante Cantabile
7 Menuetto: Allegretto
8 Molto Allegro
Symphonie-Orchester Des Bayerischen Rundfunks
Rafael Kubelik – Conductor
Um disco com a conhecida qualidade Kuijken-Leonhardt jamais poderá ser ruim. E este é muito bom. Se tivéssemos apenas a composição de Marin Marais já seria digno de nossa mais alta consideração. Esta música, a Música de Versalhes (Musique à Versailles), consiste em peças dos compositores Marin Marais, Jean Henri d’Anglebert e Antoine Forqueray, compositores do final do século XVII/início do século XVIII. É é uma música de câmara que foi composta e executada no Palácio de Versalhes para a Família Real Francesa e a aristocracia. Há grande expressividade e ornamentação na música, como seria de se esperar nos arredores altamente decorados e na vida cortesã da França do período.
Jean Henri d’Anglebert ocupou o cargo de cravista do Rei Luís XIV (antes disso, ele serviu como organista do Duque de Orléans e dos Jacobinos na rue St. Honoré), e foi um compositor da corte também, fazendo uma grande contribuição para a evolução da ornamentação musical francesa com relação aos instrumentos de teclado. Uma das realizações notáveis de d’Anglebert foi transcrever óperas para a corte.
Marin Marais foi uma figura importante na França entre os compositores na mesma época. Toda a sua vida foi passada em Paris, a maior parte dela a serviço da realeza. Primeiro, ele foi nomeado Musicien Ordinaire de la Chambre du Roi em 1685, mantendo esse posto durante o reinado de Luís XIV e por dez anos serviu sob a Regência e o reinado de Luís XV. Ele foi reconhecido por seus colegas músicos como um intérprete excepcional e compositor de destaque, cujas composições se tornaram bem conhecidas em toda a França e além.
Antoine Forqueray era 16 anos mais novo que Marais e considerado uma criança prodígio. Ele cresceu para ter a reputação de ser rabugento e estranho. Foi nomeado Musicien Ordinaire de la Chambre du Roi em 1689, com sua esposa frequentemente o acompanhando no cravo. Em 1730, Antoine Forqueray se aposentou em Nantes e foi sucedido por seu filho Jean-Baptiste na corte em 1742.
A música tocada aqui representa algumas das melhores composições do período. É altamente estilizada e extravagante, exigindo intérpretes sensíveis e habilidosos para o tipo de música. Gustav Leonhardt, um cravista holandês, passou sua carreira buscando ser fiel a esse período da música. Os irmãos Sigiswald e Wieland Kuijken nas cordas (violino e viola da gamba) complementam seu estilo muito bem. Esta gravação foi feita em 1970.
Marais, d`Anglebert, Forqueray: Música de Versalhes (Irmãos Kuijken, Leonhardt)
1 La Sonnerie De Sainte Geneviève Du Mont Á Paris For Viola Da Gamba And Basso Continuo
Composed By – Marin Marais
8:10
2 Prélude D Minor For Harpsichord
Composed By – Jean-Henry d’Anglebert
5:28
3 Tombeau De Monsieur Sainte-Colombe For Viola Da Gamba And Bc
Composed By – Marin Marais
7:38
Suite V C Minor For Viola Da Gamba And Bc
Composed By – Antoine Forqueray
4 La Rameau 4:21
5 La Guignon 3:17
6 La Leon 3:26
7 La Boisson 3:05
8 La Montigni 2:57
9 La Sylva 4:02
10 Jupiter 3:52
Harpsichord – Gustav Leonhardt
Viola da Gamba – Sigiswald Kuijken (tracks: 3, 4-10), Wieland Kuijken
Violin – Sigiswald Kuijken
Acho verdadeiramente estranho que ninguém tenha reclamado de meu recente barroquismo. Já disse que vou postando o que vou ouvindo e costumo por passar fases em que parece que apenas um tipo de sonoridade me satisfaz. O que fazer? A Tafelmusik é uma orquestra atlética e alongada. Todos tem abdômen de tanquinho. Tem ritmo, imposição e força; mas não chega a um grau de sensibilidade e sutileza que agrade a este experiente ouvinte. Seu som é redondo, talvez demais. O que quero dizer é que a Tafel é ótima para Vivaldi. Os movimentos rápidos são arrebatadores, nos lentos falta aquela delicadeza que só os verdadeiramente grandes conseguem. A presença de Anner Bylsma é — sempre e sempre — muito bem-vinda. O cara é um monstro. Que violoncelista!
Antonio Vivaldi (1678-1741): Eleven Concertos (Bylsma, Tafelmusik, Lamon)
Concerto For Strings In G Minor, RV 157 (5:49)
Allegro
Largo
Allegro
Concerto For Violoncello And Strings In D Major, RV 403 (6:48)
Allegro
Andantino E Spiritoso
Allegro
Concerto For Strings In G Minor, RV 152 (5:16)
Allegro Molto
Andante Molto
Allegro Molto
Concerto For Violoncello And Strings In B Minor, RV 424 (9:16)
Allegro Non Molto
Largo
Allegro
Concerto For Strings In D Minor, RV 127 (3:53)
Allegro
Largo
Allegro
Concerto For 2 Violins, 2 Violoncellos And Strings In D Major, RV 564 (9:43)
Allegro
Largo
Allegro
Concerto For 2 Oboes And Strings In D Minor, RV 535 (8:49)
Largo / Allegro
Largo
Allegro Molto
Concerto For Violoncello And Strings In A Minor, RV 419 (7:52)
Allegro
Andante
Allegro
Concerto For Violoncello, Bassoon And Strings In E Minor, RV 409 (5:51)
Adagio / Allegro Molto
Allegro / Adagio
Allegro
Concerto For 2 Oboes, 2 Violins, Bassoon And Strings In C Major, RV 557 (8:37)
Allegro Non Molto
Largo
Allegro Non Molto
Concerto For Strings In G Major “Alla Rustica”, RV 151 (3:51)
Presto
Adagio
Allegro
Tafelmusik
Jeanne Lamon, musical director
Anner Bylsma, cello
Os pedidos para obras para piccolo foram tão insistentes, que resolvi colaborar. Mas que não se pense que o atendimento às solicitações serão tão frequentes e imediatas. Casualmente, FDP Bach recém havia conseguido este velho e bom CD com obras para piccolo e orquestra. Por isso resolveu atender a solicitação.
Dentre as inúmeras e infrutíferas tentativas de se tornar músico, ou pelo menos de aprender a tocar um instrumento, FDP Bach se aventurou pelo mundo da flauta. Não a transversal, com a qual nunca conseguiu sequer pegar a embocadura, e sim aquele singelo e equivocadamente considerado simplório instrumento chamado de flauta doce. Se não me engano sua afinação era em Mi. Enfim, aprender até que aprendeu um pouco, graças à insistência de uma freira, professora de música onde FDP estudou em uma época do século passado… Enfim, até chegamos a ensaiar uma apresentação em um evento qualquer, mas FDP não teve coragem, e desistiu… nosso pai deve ter se revirado na tumba, tanto de raiva quanto de vergonha. E por falar em Albinoni, até hoje arrisco assoprar na velha Yamaha (sim, ainda a tenho) aquele tradicional adágio, assim como uma despudorada e desavergonhada versão do Jesus, Alegria dos Homens, a tradicional Cantata BWV 140 de nosso pai… Até que toco direitinho… Mas sem público, por favor…
Gravação curiosa essa que estou liberando… Confesso que fui enganado, mas depois considerei esse equívoco até que bom. Afinal, o nome que mais chama atenção na capa é o de Jean Pierre Rampal, ao qual já dediquei algumas postagens, mestre soberano deste instrumento maravilhoso. Mas o que chamo de equívoco é o fato de que Rampal nessa gravação apenas é o regente da Orchestre National de France. O solista se chama Jean-Louis Beaumadier, do qual nunca tinha ouvido falar até então. E o dito cujo toca muito bem… Também, imagina a pressão de tocar flauta ao lado do maior flautista do século XX, um dos maiores instrumentistas do século… E o que é pior, ou melhor, dependendo do ponto de vista, tendo-o como orientador… Sua interpretação, tanto dos concertos para piccolo de Vivaldi, quanto as fantasias para flauta de Telemann, é segura, correta, sem equívocos. Um belo resultado, um CD agadabilíssimo de se ouvir.. FDP espera que seus ouvintes/leitores sintam-se tão recompensados quanto ele ao ouvirem essas obras.
Inicio com esta postagem algo que eu e Clara Schumann nomeamos como Festival Barroco… Vivaldis, Telemanns, Handels, nosso pai Bach, claro, nossos irmãos CPE e Wilhelm, com certeza estarão presentes… mas chega de blá, blá, blá…
Recadinho de PQP, que acaba de reativar este link: Gostei mais das Fantasias de Telemann no final do CD do que dos concertos do Padre Vermelho…
Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti per Piccolo, P.78, P.83, P.79 e P.77 / Georg Phillip Telemann: Sept Fantasies (Beaumadier, Rampal)
01 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.78- 1. Allegro
02 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.78- 2. Largo
03 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.78- 3. Allegro molto
04 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en la mineur P.83- 1. Allegro
05 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en la mineur P.83- 2. Larghetto
06 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en la mineur P.83- 3. Allegro
07 Antonio Vivaldi- Concerto pour piccolo en do majeur P.79- 1. Allegro non molto
08 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.79- 2. Largo
09 Antonio Vivaldi – Concerto pour piccolo en do majeur P.79- 3. Allegro molto
10 Antonio Vivaldi – Concerto pour flute en la mineur P.77- 1. Allegro molto
11 Antonio Vivaldi – Concerto pour flute en la mineur P.77- 2. Largo
12 Antonio Vivaldi – Concerto pour flute en la mineur P.77- 3. Allegro molto
13 Georg P. Telemann – Fantaisie No.1 en la majeur (Vivace-Adagio-Allegro)
14 Georg P. Telemann – Fantaisie No.2 en la majeur (Grace-Vivace-Adagio-Allegro)
15 Georg P. Telemann – Fantaisie No.4 en si bémol majeur (Andante-Allegro-Presto)
16 Georg P. Telemann – Fantaisie No.5 en do majeur (Presto-Largo-Presto-Largo-Allegro-Allegro)
17 Georg P. Telemann – Fantaisie No.8 en mi mineur (Largo-Spirituoso-Allegro)
18 Georg P. Telemann – Fantaisie No.9 en mi majeur (Affettuoso-Allegro-Grave-Vivace)
19 Georg P. Telemann – Fantaisie No.12 en sol mineur (Grave-Allegro-Grave-Allegro-Dolce-Allegro-Rondeau (presto)
Orchestre National de France
Jean-Pierre Rampal – Conductor
Jean-Louis Beaumadier – Flute, picollo Haynes
Vocês já sabem: Alfred Scholz foi um produtor muito prolífico (!) de gravações de baixo orçamento, que muitas vezes vendia fraudulentamente gravações creditadas a artistas e orquestras inexistentes. Também nomes de pessoas reais — normalmente já falecidas — eram creditados a performances que não eram delas. Trabalhando como maestro, ele gravou algumas coisas. Sabe-se lá se ele mesmo quem rege neste CD. Mas, gente, esta gravação é muito boa, e o repertório é sensacional!
A Sinfonia Nº 104 é a sinfonia final de Haydn . É a última das doze sinfonias de Londres e é conhecida (de forma um tanto arbitrária, dada a existência de outras onze) como a Sinfonia de Londres. Na Alemanha, é comumente conhecida como a Sinfonia de Salomon, em homenagem a Johann Peter Salomon , que organizou as duas turnês de Haydn por Londres. A obra foi composta em 1795, enquanto Haydn vivia em Londres, e estreou lá no King’s Theatre em 4 de maio de 1795, em um concerto com composições exclusivamente do próprio Haydn e dirigido pelo compositor. A estreia foi um sucesso; Haydn escreveu em seu diário “Toda a companhia ficou completamente satisfeita e eu também. Ganhei 4.000 florins nesta noite: tal coisa só é possível na Inglaterra.”
Haydn escreveu a sinfonia em 1791 em Londres durante a primeira de suas visitas à Inglaterra (1791–1792). A estreia ocorreu no Hanover Square Rooms em Londres em 23 de março de 1792, com Haydn liderando a orquestra sentado em um pianoforte. a velhice de Haydn, seu biógrafo Georg August Griesinger perguntou-lhe se ele escreveu essa “Surpresa” para deixar a plateia ligada. Bem, Haydn respondeu:
Não, mas eu estava interessado em surpreender o público com algo novo, e em fazer uma estreia brilhante, para que meu aluno Pleyel, que na época estava contratado por uma orquestra em Londres (em 1792) e cujos concertos tinham estreado uma semana antes do meu, não me superasse. O primeiro Allegro da minha sinfonia já havia encontrado inúmeros Bravos, mas o entusiasmo atingiu seu pico mais alto no Andante com o Drum Stroke. Bis! Bis! soou em cada garganta, e o próprio Pleyel (*) me elogiou pela minha ideia.
(*) Após os fatos narrados acima, Pleyel entrou para o PQP Bach.
F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonia Nº 104 / Sinfonia Nº 94 / Divertimento para Sopros (Coral de Santo Antônio) (Vienna Chamber Orch / Alfred Scholz)
Symphony No. 104 In D Major (London)
1 Adagio – Allegro
2 Andante
3 Menuetto – Allegro
4 Allegro Spiritoso
Symphony No. 94 In G Major (Surprise)
5 Adagio Cantabile – Vivace Assai
6 Andante
7 Menuetto: Allegro Molto
8 Allegro Di Molto
9 Wind Quintet Divertimento No. 1 In B Major (Choral St. Antony)
Este CD não é nenhuma obra-prima, mas passou na minha frente e vou postá-lo. Considerando-se que são jovens, a orquestra é muito boa e não faz feio na sua excursão por terras chilenas. Aliás, essas orquestras jovens bem que podiam viajar mais, não? A peça principal aqui é a Sinfonia de Tchai, que vem completa. Tchaikovsky é conhecido pelo grande público principalmente por suas obras para balé, que lhe valeram divergências de opinião: de um lado o desprezo por uma espécie de sentimentalismo aliciador, ainda que cativante, e, de outro lado, excessiva admiração. Os diferentes aspectos de sua obra, porém, deixam-na sólida diante das intempéries. Na Quinta Sinfonia, se isso for possível em Tchaikovsky, a presença do elemento russo é evidente. Não se trata, porém, de citações ou releituras de material melódico da música tradicional russa, mas de uma filtragem e apropriação desse material, estilizado ao máximo no seio de uma linguagem romântica genuína.
Glinka: Abertura de Ruslan e Ludmila / Tchaikovsky: Sinfonia Nº 5 / Elgar: Movimento das Variações Enigma (Zander / Orq. Jovem do Conservatório de New England)
Glinka:
1 Ruslan And Ludmila: Overture
Tchaikovsky:
2 Sym No.5 in e, Op.64: Andante-Allegro Con Anima
3 Sym No.5 in e, Op.64: Andante Cantabile, Con Alcuna Licenza
4 Sym No.5 in e, Op.64: Valse: Allegro Moderato
5 Sym No.5 in e, Op.64: Finale: Andante Maestoso-Allegro Vivace
Elgar:
6 Enigma Vars, Op.36: Nimrod
New England Conservatory Youth Orchestra
Benjamin Zander
Hoje, 4 de setembro, é o dia dos 200 anos de nascimento de um dos compositores que mais amo: Anton Bruckner.
Ele nasceu em Linz, na Áustria, e foi uma figura estranhíssima. Este ano, li a biografia que Lauro Machado Coelho escreveu sobre ele. Muitas coisas começaram a fazer sentido.
Dizia a lenda que Bruckner era quase um idiota. Nada disso. Mas havia o ambiente rural e quase tacanho em que o compositor nasceu, a desgraça de ser um jeca, a sua insegurança neurótica, seu alto conhecimento e seus incríveis — de modo positivo — resultados como aluno. Porém, mesmo sendo um espetacular improvisador ao órgão, professor e compositor, Bruckner era um ingênuo que propunha casamento às moças mais inatingíveis, era hiper religioso, anotava tudo o que fazia, gastava e recebia, sabia quantas árvores existiam em todos os seus caminhos diários, pois as contava, além de outras esquisitices absolutamente originais. Quando transferiu-se de Linz para Viena, quis ter certeza de que seria aceito de volta caso fosse um insucesso em Viena. Insegurança total, sempre.
Também ficava agradecido a quem regia sua música, a ponto de se submeter a humilhações. Halb Genie, halb Trottel (metade gênio, metade pateta) era o que se dizia dele. Podem imaginar esse homem saído da pequena Linz (Sankt Florian) para a sofisticada Viena? Pois ele adquiriu o respeito de gente como, por exemplo, Gustav Mahler. Sua música foi adotada por Hitler como símbolo da força e da pureza arianas, mas logo os historiadores descobriram que, Bruckner, devoto de Richard Wagner, não era nem um pouco antissemita e o nazismo desgrudou dele assim que a guerra acabou. Quando os maestros judeus começaram a ser preteridos, Bruckner passou a convidá-los para estrear suas sinfonias, deixando de lado os “alemães”.
Compondo sinfonias imensas, realizou grandes esforços para ver sua obra aceita – inclusive revisando-a incessantemente… Não podia ouvir uma opinião contrária que já saía reescrevendo tudo. E criou imensa obra, cheia de diferentes versões. Um prato delicioso para os musicólogos.
Sou muito Bruckner e minhas sinfonias preferidas são a 3, 4, 5, 7 e 9. Ele tem 11, mas parou na nona. Ele tem uma Sinfonia de Estudo, que não era para ser publicada. Insegurança. Era tão boa que tornou-se a Sinfonia N° 0 (Nullte). Teve outra a qual ele também não deu número. Bruckner declarou que ela “gilt nicht” (não contava)… Hoje, é tocada, claro.
Sua música trazia a estranheza de parecer por vezes imitar o órgão, seu instrumento, sempre com muitas pausas significativas e entradas em fortíssimo para alegria dos metais da orquestra.
Bem, esta é minha pequena homenagem a este gênio. Abaixo, uma boa piada sobre suas incontáveis revisões.