O Villalobiano aproveitou o espaço aberto para mandar três CDs legais, que irão ao ar dia 01 de maio. Quando ele disse depois que gostaria de postar Martinu, deixei de lado a exigência de repertório brasileiro, pedi que se mexesse, porque o tcheco era mais que aguardado aqui no PQP Bach, e decidi apresentar o Villalobiano logo hoje a vocês.
Próximo fim de semana, o Marcelo Stravinsky estará de volta.
CVL
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O tcheco Bohuslav Martinu é um dos mais criativos e encantadores compositores do século 20 – e um dos menos reconhecidos como tal. De fato, a reputação de Martinu não se beneficiou com seu eterno exílio: de início, Paris; depois, EUA; no final, Suíça e Itália. Tal andança tornou a música de Martinu mais cosmopolita e bem-comportada que a de Janácek, por exemplo, suavizando em grande parte o “aroma tcheco” tão fácil de perceber em seus compatriotas. Isso, somado a um relativo conservadorismo de linguagem, tornou Martinu um “meio-termo” de difícil digestão para boa parte do público.
Que bom que a situação está mudando. O difícil crítico Norman Lebrecht recentemente defendeu Martinu, e as gravações, antes só tchecas, estão se tornando mais comuns. E que música bonita Martinu compôs! É um dos estilos mais pessoais do século 20, posso assegurar: alguns segundos já são suficientes para que a identidade do compositor se imponha totalmente ao ouvinte.
Quando o Ciço Villa-Lobos me convidou para postar sobre Martinu – “escolha um disco legal”, ele disse – senti um misto de alegria com terror. Eu não sou fã do formato de álbum, uma herança da limitação física dos antigos meios de distribuição de música. Pensei um bocado para achar um disco que se adequasse a uma boa visão introdutória de Martinu. Sonhei com o álbum ideal, com as Sinfonias nos. 3 e 6, mais a Toccata e Due Canzoni. Mas esse álbum não existe…
Então encontrei este álbum que comento agora. Charles Mackerras é um regente australiano muito famoso por sua defesa apaixonada de Janácek e da música tcheca em geral. Pois sua interpretação de Martinu é magnífica e a escolha de repertório também. O disco inclui três obras-primas das duas principais fases de Martinu: a fase da guerra, com a Missa de campo e o Concerto para duas orquestras de cordas, piano e tímpano; e a fase impressionista, do final da vida, com Afrescos de Piero della Francesca.
A fase da guerra é impressionante. Quem gosta da Música para cordas, percussão e celesta de Bartók vai se identificar prontamente com o Concerto duplo. A obra foi inclusive escrita para Paul Sacher, o mesmo encomendante da obra-prima de Bartók. A Missa de campo é composta para barítono, coro masculino e uma orquestra pequena só com sopros, percussão, piano e harmônio (um contingente possível no contexto de campo de batalha, certo?). Mistura o óbvio terror da guerra que estava iniciando com uma mistura muito complexa de sentimentos – há trechos pastorais, nostálgicos, dramáticos…
A fase impressionista, devo confessar, é a minha predileta. Ela suaviza bastante o mecanicismo neoclássico em que às vezes Martinu cai, adicionando uma refinada paleta de cores instrumentais à sua inspiração melódica toda pessoal. A forma também se esfumaça – antes rigorosa, agora etérea, vaga, em que os temas quase não se repetem. É música de sonho. Afrescos de Piero della Francesca expressa as impressões gerais de Martinu à obra do grande pintor italiano.
É isso. Fiquem com Martinu. E convençam o Ciço a ampliarmos o espaço dedicado a ele cá neste blog. Estou com uma coceira danada de postar as sinfonias – ciclo para mim superior ao de Prokofiev, por exemplo. Agora joguem as pedras.
Bohuslav Martinu (1890-1959): Missa de Campo / Concerto Duplo / Afrescos de Piero della Francesca (Mackerras)
1. Missa de campo, cantata para barítono, coro masculino e orquestra (1939)
Vaclav Zitek, barítono
Orquestra Filarmônica Tcheca
Charles Mackerras, regente
Concerto para duas orquestras de cordas, piano e tímpano (1939)
2. Poco allegro
3. Largo
4. Allegro
Jan Bouse, tímpano
Josek Ruzick, piano
Orquestra Sinfônica da Rádio de Praga
Charles Mackerras, regente
Afrescos de Piero della Francesca (1955)
5. Andante poco moderato
6. Adagio
7. Poco allegro
Orquestra Sinfônica da Rádio de Praga
Charles Mackerras, regente
. . . . . BAIXE AQUI – download here

Villalobiano

Não é nenhuma obra-prima, mas é um bom LP (CD). Somewhere Before foi gravado ao vivo em 30 e 31 de agosto de 1968, no Shelly’s Manne-Hole em Hollywood, Califórnia. Era o primeiro trio de Jarrett, composto ele ao piano, mais Charlie Haden (baixo) e Paul Motian (bateria). O AllMusic afirmou: “Como um exemplo do Jarrett inicial e sem foco, este é um material fascinante.” O Penguin Guide to Jazz Recordings comentou: “Fortemente influenciado pelo rock e reminiscente da metodologia do Charles Lloyd Quartet e do grupo Miles Davis, do qual Jarrett ainda era membro… tem um frescor de abordagem que Jarrett perdeu rapidamente e demorou a recuperar.” Eu achei bem mais ou menos. Acho que prefiro Jarrett sem o tal frescor…
Os CDs do quarteto de cordas Kronos sempre fizeram minha alegria. O grupo existe há 34 anos e sempre faz trabalhos muito originais ligados à música moderna. Não surpreende o fato de terem estreado mais de 400 obras dedicadas a eles, algumas escritas por conhecidos nossos, como Piazzolla, Górecki, Reich, Boulez, etc. Ultimamente – pasmem! -, têm se apresentado com Tom Waits…






Este CD tem lugar garantido na pequena mochila que levarei para a ilha deserta — talvez motivado pela perseguição de wagnerianos enlouquecidos; logo eu, um ariano filho de Johann Sebastian Bach com Brunilda Dämmerung, minha saudosa mãe, a bela loira crepuscular nascida em Estugarda (nome em português de Stuttgart, prezado leitor) que seduziu meu pai com outras intrincadas polifonias.
Não dá para negar que mano Friede – apelido dado por meu pai – era um cara complicado. Perdeu 100 Cantatas que herdou de papai e, quando vocês ouvirem este CD, notarão que até seus Vivaci são meio tristes. Mas foi uma tremendo compositor e estas sonatas muitas vezes me levaram quase às lágrimas durante minha problemática adolescência, pois as conheço há mais de trinta, digo, trezentos anos.
Apresento-lhes um cd que aprecio bastante, com obras orquestrais de dois compositores franceses da primeira metade do século XX, Erik Satie e Darius Milhaud. E sobretudo, a interpretação do grande maestro e compositor, Bernard Herrmann.
Não me lembro quem me indicou o blog Música Mexicana de Concerto – através de um comentário em um de meus posts – mas quero agradecer desde já, pois, no caso do Danzón n° 2 de
01.- 

A primeira vez que ouvi falar em Erik Satie foi num livro sobre a história da música, no qual o autor criticava duramente o grande figurão da música francesa da primeira metade do século XX, afirmando que não se podia levá-lo a sério como compositor. Até então, eu só o conhecia como um compositor excêntrico das obras mais monótonas e com títulos mais esquisitos, mas jamais tinha ouvido alguma obra sua. Algum tempo depois pude apreciar as Gnosianas e outras pequenas peças para piano e pude ter um gostinho do estilo de Satie.
Eu nunca entendi quem gosta de Chopin. Eu acho um saco. Aí, vi este disco de Murray Perahia… Amo Perahia e tive a certeza de que ele me convenceria de meu erro! Olha, não prendeu minha atenção nem por um minuto. Ouvi (?) tudo, inteirinho. Um fracasso. Logo, eu já estava revisando mentalmente minha agenda, pensando em como pedir a Eva Green em namoro, na forte possibilidade de uma 3ª Guerra Mundial, em futebol e na familícia. Mas sei de gente que reside no topo da cadeia auditiva que ama Chopin. O errado sou eu, claro. Mas ao menos eu posso ficar com ele nos ouvidos por um tempo. Já Rachmaninov… Bah, que russo insuportável!

IM-PER-DÍ-VEL !!!








IM-PER-DÍ-VEL !!!
Esse disco é bem novinho, do final de 2023, e foi lançado em vinil e em CD. Quem conseguiu-o para mim foi CdeBL. Lembro ele que foi muito gentil e que falou comigo por e-mail ou messenger. Depois, eu dei muitas risadas ouvindo o disco, Lembro que foi para isso mesmo que me mandaram os arquivos, para rir. Agradeço ao mensageiro. Pobre Gustav Mahler, deve estar como um zumbi no túmulo com este arranjo que distorce completamente sua 5ª Sinfonia… A cena tecnojazz alemã é ampla e provavelmente encontrará algum louco para levar isto à serio. Eu levei a sério apenas como comédia. A Jazzrausch Bigband está repleta de músicos que tocam muito bem, mas nem tudo pode ser feito com qualquer coisa. O resultado é uma constrangedora paródia. Quando a coisa vira jazz, se torna até palatável, mas quando é Mahler me causa frouxos de riso. Muitos outros artistas abordaram a música clássica para criar obras de jazz com verdadeiro talento. Mas aqui, com esses ritmos disco para cinquentões… Eu tenho 66 e meu mundo é puro rock n`roll, pô! OK, estou brincando. Mas o problema mesmo é a falta de criatividade nos arranjos. Quantas vezes aquela bateria precisa nos metralhar num crescendo, meu deus?

O Primeiro Concerto para Piano de Prokofiev (1911) é uma obra da juventude, o Segundo (1912) é o mais original e memorável — na verdade, uma de suas obras-primas. Este concerto, apesar da sua grandeza, parece atrair principalmente pianistas de nicho — como Vladimir Feltsman, emigrado russo nos EUA desde o final da década de 1980, cujo legado gravado consiste em grande parte em alguns grandes concertos russos mais Bach e algum Schubert. Nesta versão, Prokofiev não soa tão revolucionário e audaz quanto talvez devesse, as obras soam enérgicas e charmosas. Está bem, mas estas versões perdem de longe para Ashkenazy, Argerich, 



















IM-PER-DÍ-VEL !!!

IM-PER-DÍ-VEL !!!

IM-PER-DÍ-VEL !!!