Magnífico esse cd do acordeonista francês Richard Galliano, que mostra toda a versatilidade e sensibilidade desse excepcional músico, um dos maiores nomes de seu instrumento da atualidade. Sua dedicação à obra de Astor Piazzolla é mais que conhecida, já postamos outros cds dele aqui interpretando o compositor argentino.
Neste CD que ora vos trago, Galliano mostra seu lado compositor. E que grande compositor ele é. Começa com o piazzollaniano “Oppale Concerto”, composto para Acordeon e Orquestra de Cordas. E não por acaso, conclui com o magnífico “Concerto pour Bandoneon”, do próprio Piazzolla. Entre essas duas obras, que eu chamaria de obras de fôlego, temos uma das mais inspiradoras e sensíveis versões do clássico “Oblivion”, do mestre argentino, e outras obras de Galliano, tão belas quanto o seu concerto. Destaque para “La Valse à Margaux”, com aquela típica sonoridade francesa.
Classificaria facilmente esse belíssimo CD como IM-PER-DÍ-VEL !!, mas não é necessário. Os senhores irão chegar a essa mesma conclusão sozinhos, ao sentarem-se em suas melhores poltronas, degustando um bom vinho.
01. Galliano – Opale Concerto – I. Allegro furioso
02. Galliano – Opale Concerto – II. Moderato malinconico – nobile e espressivo
03. Galliano – Opale Concerto – III. Allegro energico
04. Piazzolla – Oblivion
05. Galliano – San Peyre
06. Galliano – La Valse a Margaux
07. Galliano – Melodicelli
08. Galliano – Habanerando
09. Piazzolla – Concerto pour Bandoneon – I. Allegro marcato
10. Piazzolla – Concerto pour Bandoneon – II. Moderato
11. Piazzolla – Concerto pour Bandoneon – III. Presto
Richard Galliano – Acordeon, Conductor
I Sollisti Dell’Orchestra della Toscana
Faz algum tempo que o Concerto de Grieg não dá o ar de sua graça por aqui, por isso resolvi trazê-lo novamente. Sei que muitos o amam de paixão, e entendo o porquê. Talvez este seja o concerto mais escancaradamente romântico já escrito, daqueles que aceleram os corações apaixonados. As melodias são de tirar o fôlego, e Grieg foi um maiores melodistas da história da música. Desde a abertura do concerto já entendemos que o que vem por aí é música de primeira.
A outra obra presente é uma pedreira daquelas, o solista tem de estar muito bem preparado, com um bom preparo físico, e com os dedos afiadíssimos, pois vai encarar a “Rapsódia sobre um tema de Paganini”, de Rachmaninov.
O pianista que escolhi é Phillippe Entremont, acompanhado pela Orquestra da Filadélfia nos seus gloriosos anos de Eugene Ormandy. Uma belíssima gravação.
01 Grieg Piano Concerto, Op. 16 I. Allegro molto moderato
02 Grieg Piano Concerto, Op. 16 II. Adagio
03 Grieg Piano Concerto, Op. 16 III. Allegro moderato molto e marcato
04 Rachmaninoff Rhapsody on a Theme of Paganini, Op. 43
Phillipe Entremont – Piano
The Philadelphia Orchestra
Eugene Ormandy – Conductor
Este CD é uma espetacular anormalidade que meu amigo A.M. — sim, professor universitário, toca em sinfônica e como solista, chupem preconceituosos! — plantou no meu micro. (Quando vem aqui em casa, ele sempre se levanta de repente, pega um pen drive e diz: “Vou botar umas coisinhas pra tu ouvir…”. Como é sempre bom, não o reprimo). É uma obra-prima. Por favor, ouçam com o som bem alto num bom equipamento, nada de caixinhas de micro desta vez, tá? Muito respeito a Eric Dolphy e a esses surpreendentes vienenses.
Eric Dolphy (1928–1964) tocava saxofone alto, flauta, clarinete e clarone (clarinete baixo). Foi também o primeiro claronista importante como solista no jazz. Em todos esses instrumentos era um notável improvisador, muitas vezes selvagem, surpreendente e incontrolável. Nas primeiras gravações, ele tocava ocasionalmente um clarinete soprano tradicional. Seu estilo de improvisação, quase sempre uma tsunami de idéias, utilizando amplos saltos intervalares e abusando das doze notas da escala foi às vezes classificado como free jazz, mas você não precisa ser trouxa, nem sair dizendo por aí uma bobagem dessas, tá? Agora chega de papo.
Nine Immortal Non-Evergreens for Eric Dolphy – 1995
1 Out there
2 Hat and Beard
3 245
4 Miss Ann
5 Gazzelloni
6 Something Sweet – Something Tender
7 Straight Up & Down
8 Jitterbug Waltz
All titles composed by Eric Dolphy & arr. by m.ruegg,
except for the Jitterburg Walz,
composed by Fats Waller & arr. by m.ruegg.
Matthieu Michel, Bumi Fian, Herbert Joos trumpet
Klaus Dickbauer, Florian Brambock, Andy Scherrer sax
Claudio Pontiggia flugelhorn
Christian Muthspiel trombone
Frank Tortiller vibes
Heiri Kanzig bass
Uli Scherer piano
Thomas Alkier drums
mathias rüegg leader
Anna Lauvergnac, Monika Trotz vocals on 8
Vienna Art Orchestra
Recorded live during the VAO European Tour, 28 October 1995, at Migros Hochaus, Zurich, by Jurg Peterhans (Studer 48-track digital).
O compositor Maurice Ravel (1875-1937), cujo nascimento completa 140 anos neste sábado (7), foi um sujeito fino e bem-humorado. Depois da estreia de sua obra mais conhecida, o Bolero, uma pessoa da plateia afirmou que o compositor só poderia ser louco, ao que Ravel respondeu sorridente: “Ela compreendeu perfeitamente”. O compositor efetivamente desprezava sua peça mais famosa, achando-a trivial. Ele escreveu um texto nada entusiasmado para a estreia da obra:
Como eu possuo este disco em vinil, é óbvio que o Ranulfus e o FPD Bach também possuem. E aposto que eles não se arrependem de tê-lo comprado. São concertos atléticos com duas séries frenéticas de exercicios entremeadas por um descanso reparador. Como me disse certa vez meu mestre Herbert Caro, a Academy of Saint-Martin-in-the-fields de Neville Marriner e Iona Brown procurava-se colocar entre o gigantismo de Karl Richter e seus congêneres e o sectarismo dos defensores dos instrumentos originais. Colocava-se muito bem e até hoje seu som não me causa choque ou estranheza.
Baita CD!
J.S. Bach (1685-1750): Concertos para oboé
1. Concerto for Oboe, Strings, and Continuo in F, BWV 1053 – reconstruction after Concerto for Harpsichord, Strings, and Continuo No.2 in E, BWV 1053 – 1. (Allegro) 8:15
2. Concerto for Oboe, Strings, and Continuo in F, BWV 1053 – reconstruction after Concerto for Harpsichord, Strings, and Continuo No.2 in E, BWV 1053 – 2. Siciliano 4:20
3. Concerto for Oboe, Strings, and Continuo in F, BWV 1053 – reconstruction after Concerto for Harpsichord, Strings, and Continuo No.2 in E, BWV 1053 – 3. Allegro 6:37
4. Concerto for Oboe, Strings, and Continuo in D minor, BWV 1059 – reconstruction after Concerto for Harpsichord, Oboe, Strings, and Continuo in D minor, BWV 1059 – 1. Allegro 6:10
5. Concerto for Oboe, Strings, and Continuo in D minor, BWV 1059 – reconstruction after Concerto for Harpsichord, Oboe, Strings, and Continuo in D minor, BWV 1059 – 2. Siciliano 3:11
6. Concerto for Oboe, Strings, and Continuo in D minor, BWV 1059 – reconstruction after Concerto for Harpsichord, Oboe, Strings, and Continuo in D minor, BWV 1059 – 3. Presto 3:43
7. Concerto for Oboe d’amore, Strings, and Continuo in A, BWV 1055 – reconstruction after Concerto for Harpsichord, Strings, and Continuo in A, BWV 1055 – 1. (Allegro moderato) 4:39
8. Concerto for Oboe d’amore, Strings, and Continuo in A, BWV 1055 – reconstruction after Concerto for Harpsichord, Strings, and Continuo in A, BWV 1055 – 2. Larghetto 5:08
9. Concerto for Oboe d’amore, Strings, and Continuo in A, BWV 1055 – reconstruction after Concerto for Harpsichord, Strings, and Continuo in A, BWV 1055 – 3. Allegro ma non tanto
Heinz Holliger
Academy of St. Martin in the Fields
Iona Brown
Essa pintura de disco, uma obra prima de Chick Corea, me caiu em mãos há muito tempo atrás, nem lembro quando. Me chamou a atenção por constar o nome de dois músicos brasileiros reverenciadíssimos no mundo inteiro, e pouco conhecidos por aqui, principalmente pela nova geração: Flora Purim e Airto Moreira. Ela cantora, ele percussionista, um dos melhores que já entraram em um estúdio de gravação ou que já pisaram em um palco. Junte-se a eles Stanley Clarke, um dos melhores baixistas de todos os tempos, e Joe Farrell, um gênio da flauta e do saxofone: aí está a receita de uma pintura de disco, de uma legítima obra prima. E sem esquecer que foi essa a primeira formação do “Return to Forever”, grupo que teve diversas formações, sempre brilhantemente conduzido por Corea em boa parte da década de 70 e que foi talvez o que de melhor aconteceu no jazz nos anos 70, a constatação definitiva que o jazz não precisava ser exclusivamente acústico. Claro que Miles Davis já tinha provado isso e continuava provando, mas isso é outra história.
Só pelo fato de ter sido através deste disco que Chick Corea nos apresentou sua monumental obra “Spain” valeria cada centavo gasto em sua aquisição. Mas ele tem mais que “Spain”. Muito mais. Tem um Chick Corea como sempre irrequieto, se utilizando de um piano elétrico, e nos brindando com solos memoráveis, aliás, todos os músicos envolvidos tem o seu momento de brilhantismo. É um disco democrático, com certeza. Todos tiveram sua oportunidade de brilhar.
IM-PER-DÍ-VEL !!! OBRIGATÓRIO !!!
P.S. Dedico essa postagem a Augusto Maurer, um amigo de nosso mentor, PQPBach, que tive o prazer de conhecer dias atrás, e que pacientemente aguarda esta postagem.
01. You’re Everything
02. Light As A Feather
03. Captain Marvel
04. 500 Miles High
05. Children’s Song
06. Spain
Chick Corea – Electric Piano
Joe Farrell – Tenor Saxophone, Flute
Stanley Clarke – Bass
Airto Moreira – Drums, Percussion
Flora Purim – Vocal, percussion
Satie foi um compositor sem igual, que podia fazer a graça que fosse e não parecer ridículo ou afetado, embora durante boa parte de sua carreira – antes de ser descoberto por Ravel, Debussy, Le Six e outros – a opinião dominante fosse a contrária. A própria vida excêntrica de Satie é tão fascinante que qualquer biografia que se lance sempre traz fatos e especulações completamente novas. Esse texto da Wikipédia serve como ponto de partida.
Aqui vai o melhor das obras orquestrais do místico francês, com destaque para o sui generis balé Parade, que por si só rende um livro.
***
Satie: Orchestral Works
En habit de cheval (In riding habit), 4 pieces for piano duet (or orchestra)
1. I: Choral
2. II: Fugue Litanique
3. III: Autre Choral
4. IV: Fugue De Papier
5. Gymnopedie No.1 (Orch. Debussy)
6. Gymnopedie No.3 (Orch. Debussy)
Parade, ballet in 1 scene for orchestra
7. Choral – Prelude Du Rideau Rouge – I: Prestidigitateur Chinois / II: Petite Fille Americaine / III: Acrobates
8. Finale – Suite Au ‘Prelude Du Rideau Rogue’
Relâche (No Performance Today), ballet for orchestra (also piano version)
9. I: Ouverture / II: Projectionette – Rideau
10. III: Entree De La Femme / IV: Musique…
11. V: Entree De Borlin / VI: Danse De La Porte Tournante
12. VII: Entree Des Hommes / VIII: Danse Des Hommes / IX: Danse De La Femme / X: Final / Deuxieme Partie
13. XI: Musique De Rentree / XII: Rentree Des Hommes / XIII: Rentree De La Femme / XIV: Les Hommes Se Devetissent / XV: Danse De Borlin Et De La Femme / XVI: Les Hommes Regagnent Leur Place
14. XVII: Danse De La Brouette / XVIII: Danse De La Couronne / XIX: Le Danseur Repose La Couronne / XX: La Femme Rejoint Son Fauteuil / XXI: La Queue Du Chien
15. Gnossienne No.3 (Orch. Poulenc)
La belle excentrique, “serious fantasy” for orchestra (or piano, 4 hands)
16. Grande Ritournelle
17. Marche Franco-Lunaire
18. Valse Du Mysterieux Baiser Dans L’oeil
19. Cancan Grand Mondain
Grimaces (5) for “A Midsummer Night’s Dream,” incidental music
20. Modere
21. Peu Vite
22. Modere
23. Temps De Marche
24. Modere
25. Le Picadilly
Jean-Pierre Armengaud, piano
Orchestre National du Capitole de Toulouse
Michel Plasson, regência
O compositor da “Viúva Alegre” apareceu poucas vezes por aqui. O que é de se lamentar, pois sua música além de bela, também é alto astral, sempre nos deixar de bem com a vida.
Nos próximos dias irei postar alguns cds que a excelente Rundfunk-Sinfonieorchester Berlin gravou com algumas obras suas, entre aberturas, valsas e até mesmo uma Opereta. A regência de Michail Jurowski é outro destaque destes cds. Tenho certeza que os senhores irão gostar.
Começo com aberturas e valsas. Uma delícia de cd, que nos deixa com vontade de sair bailando pela sala …
Hélène Grimaud é uma mulher inteligente, claro. Bem, na verdade o que quero dizer é que este disco de Hélène Grimaud é inteligente. Não sei o que acontece com a maioria das pessoas que fazem os programas de discos e de concertos. Há pouca criatividade quando bastaria conhecer o repertório e pensar um pouquinho. Mas Hélène Grimaud, que além de inteligente é linda, não padece deste mal. Vejam bem.
No repertório deste CD, há vários tipos de correspondências, musicais ou não, que conferem unidade a esta aparentemente mistura eclética de obras. A Fantasia de John Corigliano, que abre o disco — e que nos chega através de um desempenho sensacional, cheio de poesia e mistério, de Grimaud –, baseia-se no Allegretto da Sétima de Beethoven. De forma análoga, o Credo de Pärt cita Bach. Além disso, a Fantasia Coral de Beethoven e o Credo são escritos para uma combinação incomum de piano, coro e orquestra, e em suas absolutamente diferentes formas procuram trazer a ordem a partir do caos. Credo é, enfim, um álbum conceitual muito atraente. Quase como a pianista.
Corigliano (1938), Beethoven (1770-1827), Pärt (1935): Credo (com Hélène Grimaud)
Fantasia on an Ostinato by John Corigliano
1. Fantasia on an Ostinato, for piano
Sonata for Piano no 17 in D minor, Op. 31 no 2 “Tempest” by Ludwig van Beethoven
2. Piano Sonata No. 17 in D minor (‘Tempest’), Op. 31/2: 1. Largo – Allegro
3. Piano Sonata No. 17 in D minor (‘Tempest’), Op. 31/2: 2. Adagio
4. Piano Sonata No. 17 in D minor (‘Tempest’), Op. 31/2: 3. Allegretto
Fantasia in C minor, Op. 80 “Choral Fantasy” by Ludwig van Beethoven
5. Fantasia for piano, chorus, and orchestra (‘Choral Fantasy’), Op. 80: Adagio
6. Fantasia for piano, chorus, and orchestra (‘Choral Fantasy’), Op. 80: Finale
Credo by Arvo Pärt
7. Credo, for piano, chorus & orchestra
Hélène Grimaud, piano
Swedish Radio Symphony Orchestra, Swedish Radio Chorus
Esa-Pekka Salonen
Em seu 90º ano, Elliott Carter fez algo que poucos nonagenários fizeram: estreou um novo e esplêndido quarteto de cordas, seu quinto. Esta é uma gravação monumental que documenta de um compositor lamentavelmente subvalorizado. Não apenas o quarteto é excepcional, mas também as outras peças do CD. O quarteto é uma obra de 20 minutos dividida em doze momentos. É originalíssima. A Sonata para Violoncelo e Piano é soberba, assim como a pequena peça para violoncelo solo! Uma coisa: as datas de nascimento e morte de Carter estão corretas. Ele viveu 103 anos.
Elliott Carter (1908-2012): Chamber Music
1-12. 5th String Quartet (1994-95) 20:00
1 Introduction 1:24
2 Giocoso 2:29
3 Interlude I 1:11
4 Lento espressivo 1:45
5 Interlude II 1:18
6 Presto scorrevole 1:07
7 Interlude III 1:31
8 Allegro energico 2:00
9 Interlude IV 1:58
10 Adagio sereno 2:29
11 Interlude V 1:25
12 Capriccioso 1:23
Arditti String Quartet
13. 90+ pour piano (1994) 5:35
Ursula Oppens (piano)
14-17. Sonata pour violoncelle et piano (1948) 21:06
No dia de hoje FDPBach completa 50 anos de idade, e quem recebe o presente são os fiéis leitores-ouvintes do PQPBach, que pacientemente tem nos acompanhado nestes oito anos no ar, com dedicação, carinho e alguma tensão de vez em quando, necessária, na verdade, pois nem tudo são flores.
E para comemorar a data estou trazendo para os senhores uma gravação histórica, daquelas que são obrigatórias em qualquer cdteca de respeito. Além de histórica, por se tratar da estréia da ópera de Orff, faço questão também de destacar que foi a única gravação que Herbert von Karajan realizou de alguma obra de Carl Orff.
Para não me alongar muito, indicarei dois links para os senhores poderem tirar maiores informações sobre a obra, gravada em 1973, com Herbert von Karajan regendo a Kölner Rundfunk-Sinfonie Orchester e grande coral, com uma imensa orquestração:
Que mais eu poderia acrescentar sobre essa obra prima do jazz? Que os quatro músicos envolvidos são geniais ? Isso é desnecessário. São quatro músicos únicos, cada qual dentro de suas peculiaridades, digamos assim, e liderados por Chick Corea, um dos maiores pianistas da história, um cara que fez parte de uma das muitas revoluções que aconteceram na história do jazz, ou seja, a eletrificação desse estilo musical tão único e ao mesmo tempo tão diversificado.
E talento disponível para alternar entre o piano acústico tradicional e os teclados cheios de recursos eletrônicos. E para de repente, sentar-se a frente de uma orquestra e gravar algum concerto para piano de Mozart. Esse é uma daquelas figuras que eu chamaria facilmente de inquieta.
Enfim, não quero me alongar. Dia destes, o nosso mentor PQPBach me perguntou se eu tinha o “Three Quartets” do Chico Correa, como carinhosamente o apelidou nosso albino genial, Hermeto Pascoal. Pensei com meus botões, tenho sim esse cd. Mas onde ele estaria no meio da minha bagunça? Durante dois dias encarei o desafio de procurar no meio de cases, porta-cds, armários, enfim, até que o achei. E agora o estou ouvindo, depois de muito tempo, não duvido que tenham passado uns dez anos desde a última vez, e como comentou um cliente da amazon, ele continua muito atual, fresquinho e ah, que saudades que me deu do Michael Brecker, e que falta que ele faz no cenário atual do jazz… como foi precoce sua morte …Eddie Gomez, com o seu indefectível bigode, mostra toda a sua versatilidade, a mesma que demonstrou tocando durante muito tempo tocando com Bill Evans, e Steve Gadd é outro cara que admiro muito.
01. Quartet No. 1
02. Quartet No. 3
03. Quartet No. 2 – Part 1 (Dedicated to Duke Ellington)
04. Quartet No. 2 – Part 2 (Dedicated to John Coltrane)
05. Folk Song
06. Hairy Canary
07. Slippery when Wet
08. Confirmation
Chick Corea – Piano
Michael Brecker – Saxophones
Eddie Gomez – Bass
Steve Gadd – Drums
Ravel com um de seus principais intérpretes, Charles Munch. Sou suspeito para falar da relação desse excepcional regente com a obra de seus conterrâneos franceses. Parecia ter um toque de midas. A delicadeza com que Munch explora as sutilezas da obra é o grande diferencial.
Munch não joga leve não, mas por incrível que possa parecer, em momento algum sua mão é pesada. A suavidade das passagens que precisam ser suaves, as nuances das cordas, o empenho dos sopros, não há como não se transportar no tempo e se imaginar nos campos gregos, vendo os faunos e as ninfas descansando ao sol, na beira de rios, o soprar de uma leve brisa… insuperável, em minha opinião.
Maurice Ravel (1875-1937) – Bolero, Rapsodie Espagnole, La Valse, Ma Mère l’Oye Suite, Pavane (Munch, Boston)
01 – Bolero
02 – Rapsodie Espagnole I. Prelude à la nuit
03 – Rapsodie Espagnole II. Malaguena
04 – Rapsodie Espagnole III. Habanera
05 – Rapsodie Espagnole IV. Feria
06 – Pavan for a Dead Princess
07 – La Valse
08 – Mother Goose I. Pavan of the Sleeping Beauty
09 – Mother Goose II. Hop-o-My-Thumb
10 – Mother Goose III. Laideronette, Epress of the Pagodas
11 – Mother Goose IV. Beauty and the Beast Converse
12 – Mother Goose V. The Fairy Garden
Boston Symphony Orchestra
Charles Munch – Conductor
Aproveitando esta verdadeira overdose de Bach que nosso querido mentor PQPBach está nos trazendo com a integral da obra de nosso Pai musical, trago uma jóia de CD de Ophélie Gaillard. É daqueles cds para serem apreciados aos poucos, pois ele traz tantas belas passagens, que fica até difícil conseguir absorver tudo de uma vez.
A violoncelista francesa é acompanhada pelo conjunto “Pulcinella” e por um trio excepcional de cantores. São árias de cantatas de Bach, interpretadas em um instrumento chamado violoncello piccolo, que tem 3/4 do tamanho do violoncelo barroco tradicional. Consegui informações adicionais sobre esse instrumento no site de Josephine van Lier .
01 Mein glaubiges Herze, BWV 68
02 Choral Schubler, BWV 645 No. 1
03 Woferne du den edlen Frieden, BWV 41
04 Ich, dein betrubtes Kind, BWV 199
05 Jesus ist ein guter Hirt, BWV 85
06 Ach bleib bei uns, Herr Jesu Christ, BWV 649
07 Ich bin herrlich, ich bin schon, BWV 49
08 Es dunket mich, ich seh dich kommen, BWV 175
09 Choral Schubler, BWV 650 No. 6
10 Bete aber auch dabei, BWV 115
11 Ich furchte nicht des Todes Schrecken, BWV 183
12 Es ist vollbracht, BWV 159
13 Ich ruf’ zu dir, Herr Jesu Christ, BWV 639
14 Schalge doch, gewunschte Stunde, BWV 53
Sandrine Piau – Soprano
Christophe Dumaux – Alto
Emiliano Gonzales Toro – Tenor
Pulcinella
Ophélie Gaillard – Violoncelle piccolo e Direction Musicale
A música de Sibelius, principalmente suas sinfonias, nunca foram minha praia, por assim dizer. E sou obrigado a reconhecer que faltava alguém para me mostrar as qualidades efetivas destas obras. E o maestro inglês Sir John Barbirolli, já adiantado em idade, e um pouco antes de sua morte, realizou essas incríveis leituras destas obras e mostrou efetivamente a beleza de suas melodias e a riqueza de suas orquestrações.
A partir deste segundo CD temos as sinfonias, e começamos muito bem, com Sir John Barbirolli arrebatador com a Hallé Orchestra. Música de gente grande tocada por quem sabe o que está fazendo. Vale cada minuto de sua audição.
01. Symphony No. 1 in E Minor, Op. 39 I. Andante
02. Symphony No. 1 in E Minor, Op. 39 II. Andante
03. Symphony No. 1 in E Minor, Op. 39 III. Scherzo
04. Symphony No. 1 in E Minor, Op. 39 IV. Finale
05. Symphony No. 4 in A Minor, Op. 63 I. Tempo molto moderato
06. Symphony No. 4 in A Minor, Op. 63 II. Allegro
07. Symphony No. 4 in A Minor, Op. 63 III. Tempo largo
08. Symphony No. 4 in A Minor, Op. 63 IV. Allegro
É um assombro o que essa japonesinha faz quando senta na frente de um piano. Vira uma gigante, o piano fica pequeno para ela.
Essas faixas que vos trago foram extraidas de um DVD gravado ao vivo em um templo sagrado do jazz em New York, a Blue Note. São quase cem minutos de puro virtuosismo, técnica, emoção, feeling, enfim, o que mais os senhores conseguirem captar desta performance. Suas influências estão bem claras, a menina ouviu muito Keith Jarrett, Chick Corea, entre outros tantos gigantes do piano no jazz. Impossível ficar indiferente.
Novamente gostaria de agradecer ao PQPBach por me ter apresentado essa moça.
01 – BQE
02 – Sicilian Blue
03 – Choux A La Cremea
04 – Green Tea Farm
05 – Capecod Chips
06 – Old Castle, By the River, In the Middle of a Forest
07 – Pachelbel’s Canon
08 – Show City, Show Girl
09 – Daytime in Las Vegas
10 – The Gambler
11 – Place to Be
Dia destes recebi um email de nosso mentor, PQPBach, comentando que neste ano de 2015 comemora-se o aniversário de 150 anos de Jean Sibelius e de Carl Nielsen. Nos pediu então para postarmos obras do dito cujo, pouco presente aqui no blog, diga-se de passagem. Não tenho muita intimidade com sua obra, mas sou apaixonado por seu Concerto para Violino, uma verdadeira obra prima e talvez sua obra mais conhecida. Fui então fuçar meu acervo e encontrei essa integral das sinfonias, além de algumas outras obras orquestrais. O regente é Sir John Barbirolli, um dos maiores regentes ingleses do século XX, à frente da excelente Hallé Orchestra. Como a data de aniversário de Sibelius é dia 8 de dezembro, aos poucos vou trazendo um volume desta bela integral, além de outros cds que possuo com obras do finlandês. Neste primeiro cd temos o famoso poema sinfônico “Finlandia” e a também bem conhecida “Karelia Suite”. Belíssimas obras, que mostram um compositor centrado em sua terra natal, evocando com sua música as paisagens finlandesas e temas folclóricos locais.
1 Finlandia – Symphonic Poema, op. 26
2 Karelia Suite – op. 11 1. Intermezzo
3 2. Ballade
4 3. Alla Marcia
5 Pohjola´s Daughter – Symphonic Fantasia op. 49
6 Valse Triste (from Kuolema – Incidental Music op. 44
7 Lemminkainnen´s Suite – 2. The Swan of Tuonela
8 4 Lemminkainnen´s Return
Gosto muito da música popular dos Bálcãs. Conheço pouco, como vocês logo saberão. Tudo começou enquanto via os filmes do grande Emir Kusturica — Tempo de Ciganos, Underground, Quando papai saiu em viagem de negócios, Black cat white cat, A vida é um milagre e outros. Ali, conheci o excelente Goran Bregovic, músico, band leader e compositor responsável pelas trilhas. Depois, Bregovic e Kusturica brigaram e o próprio Kusturica fundou a No Smoking Orchestra, parceira habitual da Garbage Serbian Philharmonia.
Na verdade, conheço apenas esses dois, mas já gostei de quase todos os outros. Ah, pois é, apaixono-me facilmente. A música dos Bálcãs é informada — pois é muito bem escrita e tocada — e é UMA FESTA SÓ. Este Time of the Gypsies é das coisas mais tranquilas que tenho ouvido, mas há os bons músicos e cantores, além da alegria, mesmo que mezzo contida. Já a ironia e o deboche são o subtexto desta música.
Ah, importante: nunca percam um show desses caras. Vi a No Smoking na Inglaterra e Bregovic com sua Wedding and Funeral Band em Porto Alegre. Suas músicas e festas são um arraso.
Ouça porque vale a pena! Um pouco de álcool no sangue não fará nada mal para acompanhar as canções.
The No Smoking Orchestra / Time of the Gypsies 2007 (Punk Opera)
1. Efta Purane Ikone (Seven Old Icons)
2. Djilaben Promalen (Sing People Sing)
3. San Francisco (San Francisco)
4. O Chaveja (Oh, My Children)
5. Hederlezi (St. George Day)
6. Cik Cik Pogodi (Guess Guess Who Is Coming)
7. Crazy About Money (Crazy About Money)
8. Del Dija (Lord Gave Us)
9. Kana O del Baravel (When Lord Gives)
10. Evropa (Europe)
11. Pharimasa Va Inzares (The Beggars)
12. Perhan Sovel (Perhan Is Dreaming)
13. Lorenzzo (Lorenzzo)
14. Sas Jekh Len (There Was a River Once)
Music by Emir Kusturica, Dejan Sparavalo, Nenad Jankovic and Stribor.
With the participation of the No Smoking Orchestra and of the Garbage Serbian Philharmonia.
Recém postei o mesmo Concerto “Imperador” de Beethoven com outro Arthur, só que o Rubinstein. E agora o italiano Arturo Benedetti Michelangeli mostra a que veio ao mundo, e nos traz uma versão quase que imbatível do mesmo concerto, completando o ciclo das gravações dos concertos de Beethoven que realizou com o Giulini:
“Here three Titian’s- Arturo Benedetti Michelangeli, Carlo Maria Giulini, and the Vienna Symphony Orchestra unite in one of the greatest performances of Beethoven’s Emperor Concerto available. Michelangeli’s unparalleled precision aided by Giulini and the Vienna forces lush support particularly in the outer movements is particularly astounding. Deutsche Grammophon’s sound slightly favors the soloist though otherwise fully captures this extraordinary event famously.”
“Ludwig would be proud”
“An “Emperor” that ennobles the listener” “Aristocratic pianism!”
O primeiro comentário acima é dos editorialistas da amazon, que colocam esta gravação como uma das maiores gravações de todos os tempos deste concerto. Os outros três comentários são de clientes da mesma amazon. E lhes garanto que neste caso aqui a unanimidade não é burra, como apregoava Nelson Rodrigues. Ah, esta gravação foi realizada ao vivo, com direito a palmas e tudo. Preparem seus corações, seu cálice e seu vinho favoritos e sentem-se em suas poltronas favoritas para melhor poderem apreciar, e claro, para serem transportados ao Éden, ao Valhala, ou sei lá qual paraíso que escolherem.
01. Konzert für Klavier und Orchester Nr. 5 Es-Dur, op. 73 I. Allegro
02. Konzert für Klavier und Orchester Nr. 5 Es-Dur, op. 73 II. Adagio un poco mosso –
03. Konzert für Klavier und Orchester Nr. 5 Es-Dur, op. 73 III. Rondo. Allegro
Arturo Benedetti Michelangeli – Piano
Wiener Symphoniker
Carlo Maria Giulini – Conductor
Certa vez tive a raríssima oportunidade de assistir a um show de Larry Coryell. Raríssima oportunidade pelo simples fato de ele ter ido tocar em Florianópolis, isso ainda no meio dos anos 90. Foi uma experiência única ter tido a oportunidade de ver ao vivo um de meus guitarristas de jazz favoritos. Desfilou um repertório eclético, indo do fusion ao clássico sem maiores preocupações ou dificuldades. Na época tocava direto em uma determinada rádio FM da cidade sua leitura para o “Bolero” de Ravel. E claro que alguém na platéia solicitou e ele, educadíssimo, acatou a sugestão, nos proporcionando a possibilidade de ouvir uma versão única em violão acústico, sem acompanhamento. E claro que a sua leitura naquele momento era totalmente diferente da versão da rádio, pois era tudo improviso. Foi aplaudido exaustivamente, e lembro de estar em uma das primeiras filas, e ver seu olhar fascinado e intrigado e muito satisfeito, como quem diz, de onde diabos esses caras me conhecem e sabem que gravei o “Bolero” ? Era acompanhado por um trio de jazz baiano, sim, sim, baiano, músicos altamente tarimbados e competentes, mas cientes de que estavam acompanhando uma lenda viva do jazz. Outro momento emocionante foi sua versão, também sem acompanhamento, do clássico “Round´ Midnight” de Thelonius Monk, em sua indefectível guitarra Ibanez semi-acústica.
Esse cd que ora vos trago é bem interessante e curioso pela formação. Paul Wertico e Marc Egan tocaram muito tempo com Pat Metheny, ou seja, são músicos muito experientes. Ele desfile releituras de obras próprias, como “Dragon Gate” e “Space Revisited”, de sua época eletrificada, e novamente nos brinda com uma leitura absolutamente estonteante e surpreendente de “Round´Midnight”, desta vez contando com a cumplicidade de Egan e Wertico. Ah, e concluem o cd com Beatles. Versátil o rapaz, não acham?
Em outras palavras, um CD “IM-PER-DÍ-VEL !!!” para os fãs do guitarrista e da boa música. Papa finíssima, diria um amigo meu.
01 – Immer Geradeaus
02 – Dragon Gate
03 – Good Citizen Swallow
04 – Tricycles
05 – Stable Fantasy
06 – Spaces Revisited
07 – Round Midnight
08 – Three Way Split
09 – Well You Needn’t
10 – She’s Leaving Home
Larry Coryell – Guitar
Marc Egan – Bass
Paul Wertico – Drums
Na minha opinião, Paul Hindemith é uma espécie de rei de um gênero raro — o música de câmara moderna contrapontística. Guardadas as proporções, é um barroco no século XX. Adoro suas composições, cada vez mais gravadas e presentes no repertório da música erudita do hemisfério norte. Ele escreveu sete Quartetos de Cordas, os quais refletem a experiência e a segurança prática de um grande violinista e, mais tarde, violista. Coisa ainda mais rara, ele encarou a viola não como um castigo. O Quarteto No 2 foi escrito em 1918, enquanto ele era um soldado na ativa. Sim, participou da 1ª Guerra Mundial. É uma música dinâmica e enérgica, com uma engenhosa série de variações que parodiam os excessos românticos. Claro, tem um final virtuosístico. O Quarteto No 3 é de 1920 e foi muito bem sucedido quando de seu lançamento. É um exemplo emocionante da imaginação concisa de Hindemith. Este quarteto apaixonado, com seu riquíssimo material, é uma das suas obras-primas de sua música de câmara.
Paul Hindemith (1895-1963): Quartetos de Cordas Nros 2 e 3
String Quartet No. 2 in F Minor, Op. 10
1. I. Sehr lebhaft, straff im Rhythmus 00:06:15
2. II. Thema mit Variationen: Gemachlich 00:10:32
3. III. Finale: Sehr lebhaft 00:16:26
String Quartet No. 3 in C Major, Op. 16
4. I. Lebhaft und sehr energisch 00:10:28
5. II. Sehr langsam – Ausserst ruhige Viertel 00:13:09
6. III. Finale: Ausserst lebhaft 00:07:49
Essa belíssima sinfonia apareceu muito pouco aqui no PQPBach. Na verdade, nem lembro se já a postei, ou se algum outro colega o tenha feito. Estive ouvindo essa sinfonia nesta tarde chuvosa em uma gravação antiga de Pierre Monteux, realizada ainda nos anos 40, mas a qualidade da gravação era muito ruim, por isso então resolvi trazer outra leitura mais moderna, novamente com o italiano Carlo Maria Giulini regendo a Filarmônica de Viena.
Nesta obra Cesar Franck não nega sua influência wagneriana. A abertura da obra, um movimento lento belíssimo, poderia perfeitamente abrir alguma ópera de Wagner. Mas a obra logo adquire personalidade própria dando voz a Franck. Lindas passagens, românticas, densas, outras mais leves. E como não poderia deixar de ser, novamente Giulini deixa a sua marca, realizando umas das melhores gravações desta sinfonia nos últimos anos. Lembram dos Bruckner que eu trouxe há algum tempo atrás com esse mesmo maestro? Pois então, estas gravações foram realizadas neste mesmo período final da vida do maestro.
Paul Crossley fecha o cd com chave de ouro sentado ao piano, tocando as Variações Sinfônicas para Piano e Orquestra, sempre acompanhado por essa fenomenal orquestra dirigida por um dos grandes nomes da regência do século XX.
01. Symphony in D – I. Lento – Allegro non troppo
02. Symphony in D – II. Allegretto – attacca
03. Symphony in D – III. Allegro non troppo
04. Symphonic Variations
Paul Crossley – Piano
Wiener Philharmoniker
Carlo Maria Giulini – Conductor
Este é um grande CD que cobre um repertório meio raro. Quando se fala em música húngara para quarteto de cordas, logo se pensa nos geniais quartetos de Bartók, mas há seu colega de trabalho e amigo Zoltán Kodály! E não pensem em Kodály como um ser humano muito menor do que Bartók. O talento de Kodály — grande na música — expandiu-se também para outras áreas: ele era etnomusicólogo, educador, pedagogo, linguista e filósofo. Sua música e estes quartetos merecem ser conhecidos por todo pequepiano culto. Há canções folclóricas, profundidade de sentimento, diversão, alegria, tristeza, festa e ironia. A interpretação do Dante é notável.
Zoltán Kodály (1882-1967): Quartets No 1 & 2 + Intermezzo & Gavotte
1. String Quartet No 1 Op 2 | Andante poco rubato Allegro [11’54]
2. String Quartet No 1 Op 2 | Lento assai, tranquillo [12’52]
3. String Quartet No 1 Op 2 | Presto [4’05]
4. String Quartet No 1 Op 2 | Allegro [12’27]
5. Intermezzo [5’10]
6. Gavotte [2’35]
7. String Quartet No 2 Op 10 | Allegro [6’00]
8. String Quartet No 2 Op 10 | Andante, quasi recit. [4’52]
9. String Quartet No 2 Op 10 | Allegro giocoso [6’39]
Queridos ouvintes, quero muito e posso afirmar de boca cheia: que DELÍCIA de obra é essa!
Primeiro: para o bairrista aqui, é brasileiríssima: obra do paraibano Ariano Suassuna (1927-2014) musicada pelo também paraibano José Siqueira (1907-1985). Segundo: é obra leve, divertida, cômica. Ao ouvir, vocês verão que ao público é dada a liberdade de aplaudir no meio, de gargalhar nas falas mais engraçadas: ora, e não é para ser assim numa ópera cômica? Ou pelo menos não deveria ser assim, sem aqueles sorrisos fracos e amarelecidos por um humor contido e sem-graça? Então, aqui não é assim. A Compadecida é obra realmente descontraída e os diálogos inteligentes de João Grilo, Chicó, Padre João e outros bons personagens tão bem escritos por Suassuna ficam ótimos tematizados na música de Siqueira.
E se tem uma coisa que é extremamente agradável e apaixonante nas grandes peças de José Siqueira, é a sua versatilidade em misturar, como pouquíssimos, formas musicais diversas e conformar um todo coeso e coerente. N’A Compadecida, que segundo ele, não é uma ópera, mas uma comédia musicada, o compositor faz-se valer de personagens que apenas declamam o texto (o Palhaço e o cangaceiro Severino), outros que tem seus temas mais recitativos (caso do Padeiro, do Bispo e do Diabo) e outros que têm belas melodias (Jesus Cristo e Maria, a Compadecida). Ao ouvir, repare que José Siqueira teve o trabalho de fazer com que, quanto mais bom e justo o personagem, mais melodioso é seu tema.
O legal é que temos uma dissertação de mestrado, de 2013, de Luiz Kleber Lira de Queiroz (da UFPB) (aqui) que faz uma completa análise d’A Compadecida, com uma biografia de José Siqueira e ainda um catálogo atualizado de onde estão as partituras vocais dele (veja a tabela nas páginas 213 a 217).
Quanto mais eu leio e me intero da vida e da obra de José Siqueira, mais o admiro. Para além de seu papel importantíssimo de criar orquestras e associações de músicos, ele foi um grande divulgador da música de sua terra. Enquanto vemos trabalhos de maior vulto de Villa-Lobos dedicados à música indígena, Siqueira, não deixando de compor algumas peças com influência dos padrões nativos, dedicou-se primordialmente em duas linhas: a da música negra/escrava e a da música nordestina. Por isso fez obras como Candomblé (aqui) e Xangô (aqui) subirem ao palco, sem deixar por menos para o folclore de sua região natal, com obras como a Toada (aqui), a Suíte Sertaneja (aqui), as Festas Natalinas no Nordeste (aqui) e esta A Compadecida, imensa de tamanho, beleza e significados, com mais de três horas de música, que hoje vos apresentamos!
Consegui também encontrar o resumo da peça, para que vocês possam acompanhá-la quando a ouvirem (vai num arquivo formato doc junto com os áudios). Coloquei após cada descrição do ato, uma faixa de cada. Atentem-se que esta é uma gravação de 1961, ao vivo, da estreia da ópera e tem os inconvenientes de ser ao vivo, de ser antiga (captação ruim) e de ser possível ouvir o rapaz que faz o ponto (!!!) para os personagens… Mas ainda assim, a obra é fantástica e merece o download!
1º ato – Cena: Pátio de uma igreja de vila do interior.
Depois da saída do Palhaço, que anuncia o julgamento de “alguns canalhas, entre os quais um sacristão, um Padre, um sacristão e um Bispo para exercício da moralidade”, Chicó explica a João Grilo a situação, da Mulher do padeiro, que ameaça largar o marido, se o seu cachorro de estimação, que está doente, vier a morrer. O médico já foi chamado e não sabe o que o bicho tem. Agora só resta apelar para o Padre. O Padre se recusa a benzer o animal. Depois doa argumentos de João Grilo que relembra a bênção do motor novo do Major Antônio Morais, o que, certamente, causará briga entre o casal de padeiros e o vigário, caso os primeiros venham a saber desse pormenor, uma vez que “cachorro é muito melhor que motor”… O Padre se decide a benzer o bichinho. O Major entra em cena à procura, igualmente, do reverendo para abençoar… o filho que esta doente. João Grilo tece uma intriga entre o Padre e Antônio Morais dizendo a este que o vigário estava doido, com mania de benzer tudo, e que havia falado mal do Major e do reverendo, que Antônio Movais também tinha um cachorro doente para ser abençoado. Arma um quiproquó enorme, e Antônio Morais se retira prometendo se queixar ao Bispo. Depois da saída do Major, Grilo finge-se amigo do Padre e promete ir aos Angicos, fazenda de Antônio Morais, para resolver tudo.
A esta altura irrompem no pátio da igreja, o Padeiro sua Mulher, com o cachorro doente. O Padre se apavora, pois pensa que Antônio Morais também viera pedir para benzer o cachorro, o que, então, perfazia dois. Recusa-se. A esta altura das discussões, o cachorro da Mulher do Padeiro morre em cena, o que é descoberto pelo sacristão. A Mulher do Padeiro quer, então, já que o cachorro está morto, um enterro em latim. João Grilo, conhecendo a avareza do Padre e do Sacristão, inventa que o cachorro deixou em testamento, dez contos para o Padre e três para o Sacristão. Com tais argumentos, depois de diversas tentativas de resolver o problema agradando a ambas as partes, resolve o Sacristão, fazer ele mesmo, com o consentimento do Padre, o enterro do bicho em latim, no que a Mulher e o Padeiro concordaram. Realiza-se o enterro do cachorro Xaréu… em latim.
A discussão de João Grilo e o Padre sobre o testamento de Xeréu:
Entra em cena o Palhaço para contar o que está acontecendo na vila, enquanto Xaréu se enterra em latim. Antônio Morais foi se queixar ao Bispo. O Bispo, atendendo à queixa do dono de todas as minas da região, “homem poderoso, que enriqueceu fortemente o patrimônio que herdou, durante a guerra em que o comércio de minérios esteve no auge”, vai procurar o Padre João. Do encontro dos dois, Bispo e Padre, fica sabendo o último, que fora enredado numa confusão dos diabos pelo “amarelinho” João Grilo, que chegou a dizer no seu engano que a Mulher de Antônio Morais era um animal. João Grilo, sem se aperceber que seu enredo já havia sido descoberto, entra em cena contente. Ao deparar-se com o Padre João é por este advertido severamente do mal feito. João Grilo ameaça contar… e conta ao Bispo que um cachorro se enterrara em latim. O Bispo se revolta contra o Padre e ameaça suspendê-lo, bem como demitir o Sacristão, não sem antes prometer um bom castigo para João Grilo. O “amarelinho” tem então a feliz ideia de modificar ali, na hora, o testamento do cachorro. E a doação e pagamento que a dona fará pelo enterro em latim, na importância de 13 contos ficará assim distribuída: três para o Sacristão, quatro para a paróquia e seis para a diocese. O Bispo, simoníaco, hesita ante a possibilidade do ganho Inesperado. Resolve reunir-se secretamente com o Padre e o Frade que o acompanham. Entram na Igreja. A esta altura, João Grilo explica a Chicó que retirara do cachorro morto a bexiga e manda que Chicó a encha de sangue e coloque no peito, por baixo da camisa. Depois conta-lhe que “vai entrar no testamento do cachorro”, pois como fraco da Mulher do Padeiro “é dinheiro e bicho”, ele arranjara para tomar o “lugar do Xeréu” um gato que “descome dinheiro”. Ante a incredulidade de Chicó, ele explica o processo, que, certamente, iludirá a futura dona do gato. O gato é trazido à cena, com a entrada da Mulher do Padeiro que vem, mesmo a contragosto, mas como pessoa honesta, pagar os funerais do cachorro em latim. A transação é feita, pela importância de quinhentos mil réis. Vai-se a Mulher satisfeita com a compra, pois segundo ela, o gatinho é lindo e vai tirar com o “novo filho” o prejuízo do gasto no enterro de Xeréu. Saem do Concílio o Bispo, o Padre, o Frade, o Sacristão. João Grilo efetua o pagamento a todos, conforme dissera, segundo “a vontade do morto”. Enquanto o dinheiro é contado e repartido, o Padeiro e a Mulher descobrem que o nato não descome dinheiro coisa nenhuma. “Descome o que todo gato descome”. Entra o Padeiro furioso. Atraca-se com Grilo. É contido pelo Padre, pelo Sacristão e pelo Bispo. Todos temem que o negócio seja desfeito. E, nesta altura, entra debaixo de tiros a Mulher do Padeiro, apavorada, para anunciar que Severino do Aracaju invadiu a cidade e vem se dirigindo para a igreja. Todos aguardam a chegada do famoso “Capitão”. Severino entra em cena. Toma de todos o dinheiro distribuído pelo Grilo, e, com exceção do Frade, mata um por um dos presentes. Chicó também consegue salvar-se, pois a abala “pegou de raspão”. O cabra de Severino executa a chacina. Ao chegar a vez de João morrer, ele pede a Severino para aceitar de presente “uma gaitinha que Padre Cícero tinha lhe dado antes de morrer” para ser entregue a Severino, que era seu afilhado. A gaita, segundo João, tinha o poder de devolver a vida a quem morresse de tiro ou tacada. Para provar a “verdade” João dá uma facada na barriga de Chicó, no local onde antes havia sido colocada a bexiga do cachorro cheia de sangue. Severino vê o sangue, Chicó finge-se de morto. O “Capitão” acredita, mas quer ver é o Grilo ressuscitar o homem. João toca na gaita. Chicó levanta-se fingindo ressuscitar e inventa a história de ter visto no céu Podre Cícero rodeado de anjinhos. Severino se entusiasma. Manda o cabra atirar, não sem antes ter tido o cuidado de tomar a gaita de João e dá-la ao cabra para ser tocada depois de sua morte. Resultado: o cabra mata Severino. Logo depois. João mata o cabra, que, mesmo agonizando, .atira em João Grilo quando vai caindo. Resta apenas Chicó, que encerra o segundo ato com a lamentação pela morte do amigo, “o Grilo mais inteligente do mundo”.
O Coro “Mulher Rendeira” que os cangaceiros cantam quando chegam à cidade. José Siqueira introduz música de domínio popular em sua obra:
3.° ato – O tribunal para Julgamento dos mortos (Lugar entre o Céu e o Inferno).
O palhaço explica à plateia todo o processo de julgamento, bem como o fato de irem ver dois demônios vestidos de vaqueiros, pois “isso decorre de uma crença comum no sertão do Nordeste”. Todos os mortos acordam e tomam conhecimento do seu estado de mortos. Com a chegada do demônio e do Encourado são todos ameaçados de serem levados diretamente para o interno. Mais uma vez João Grilo inteligentemente argumenta que ninguém pode ser condenado sem ser ouvido e apela para Nosso Senhor Jesus Cristo, no que é acompanhado por todos. Aparece então Jesus… negro. Isso causa um certo espanto em João Grilo. Jesus Cristo explica a João Grilo que veio assim de propósito porque sabia que ia despertar comentários. Ele, Jesus, nascera branco e quisera nascer judeu como poderia ter nascido preto… Inicia-se o Julgamento, mas a certa altura João percebe que só há um Juiz, mesmo infinitamente justo, e o promotor que no caso é o Encourado (o Diabo) e apela para a sua advogada, a mãe da misericórdia, que se compadece dos pecados dos homens. E a invoca com duas estrofes do cancioneiro do cancioneiro nordestino, criadas pelo cantador Canário Pardo. Nossa Senhora atende ao chamado de João Grilo e vem em seu socorro. A advogada, depois de todas as marchas e contra-marchas do julgamento, consegue mandar não para o inferno e sim para o purgatório o Bispo, o Padre, o Sacristão, o Padeiro e a Mulher. Severino e o Cabra são inocentados pelo próprio Coleta e vão para o céu sob a alegação de que o Diabo não entende nada dos planos de Deus. Severino e o Cangaceiro dele foram meros instrumentos de sua cólera. Enlouqueceram ambos depois que a polícia matou a família deles e não eram responsáveis pelos seus atos. E chegamos, finalmente, ao julgamento de João Grilo. Cristo quer manda-lo para o Purgatório. João pede a Nossa Senhora que advogue a sua causa de forma a não deixar que ele vá para o Purgatório. Maria acha uma solução: João voltará à Terra. Ele fica satisfeito porque “de cá para lá tomará cuidado para na hora de morrer não passar pelo Purgatório para não dar gosto ao Cão”. Mas esta solução só será aceita pelo Cristo se João fizer uma pergunta que Jesus não possa responder. Ardilosamente João Grilo pergunta a Jesus: “em que dia vai acontecer sua segunda ida ao mundo?” Jesus Cristo lhe responde que isso é um grande mistério, e não lhe poderá responder, pois João vai voltar, e o conhecimento dessas coisas faz parte da vida íntima do Pai Eterno. A brincadeira de Jesus com João Grilo antecede, imediatamente, o fim da representação musicada da COMPADECIDA, que termina com a descida de João Grilo à terra, com as despedidas de Jesus e Maria, e suas recomendações para ser bom e tomar cuidado com o resto de vida que ainda lhe foi concedida.
A Ave Maria, cantada quando os presentes invocam à Compadecida como advogada de defesa:
José Siqueira (fodão) regendo a Orquestra de Câmara do Brasil, uma das tantas orquestras que plantou por este país
O cara tem um cabedal enorme de música de ótima qualidade. Mereceria gozar de maior reconhecimento e estar no panteão, entre nossos melhores compositores, ao lado de Camargo Guarnieri, Radamés Gnattali, Francisco Mignone e Guerra-Peixe (Villa-Lobos acima, claro!).
Ah, é IM-PER-DÍ-VEL !!!
Uma joalheria inteira! Ouça! Ouça! Ouça!
José Siqueira (1907-1985) A Compadecida, comédia musical em 3 atos (1959)
baseada na obra “o Auto da Compadecida“, de Ariano Suassuna
01 – 1º ato – Introdução – Declamação do Palhaço
02 – 1º ato – João Grilo e Chicó vão falar com o padre
03 – 1º ato – Pedido ao padre para benzer o cachorro
04 – 1º ato – Saída da igreja – Diálogo de João Grilo e Chicó
05 – 1º ato – O padre está doido – Encontro com Antônio Morais
06 – 1º ato – O Padre enfurece o Major
07 – 1º ato – Padre, Benze ou não benze o cachorro
08 – 1º ato – Discussão do Padre com os Padeiros
09 – 1º ato – A morte do cachorro
10 – 1º ato – O testamento do bichinho
11 – 1º ato – E o cachorro é enterrado… em latim
12 – 1º ato – Marcha Fúnebre
13 – 2º ato – Prelúdio do ato
14 – 2º ato – Declamação do Palhaço e entrada do Bispo
15 – 2º ato – O bispo pede explicações ao padre
16 – 2º ato – O bispo entra no testamento do cachorro
17 – 2º ato – O gato que descome dinheiro
18 – 2º ato – Os clérigos referendam o testamento
19 – 2º ato – O padeiro descobre o golpe do gato
20 – 2º ato – O bando de Severino invade a vila
21 – 2º ato – Coro – Mulher Rendeira
22 – 2º ato – Dança – Pagode
23 – 2º ato – Execução dos Clérigos e dos Padeiros
24 – 2º ato – A gaita que ressuscita – Morte de Severino
25 – 2º ato – Morte de João Grilo
26 – 2º ato – Lamento de Chicó
27 – 3º ato – Introdução ao 3º ato – Declamação do Palhaço
28 – 3º ato – Julgamento – O diabo quer levar a todos
29 – 3º ato – Os mortos apelam a Jesus Cristo
30 – 3º ato – Coro – Aleluia
31 – 3º ato – Cristo surge… negro
32 – 3º ato – Acusação dos clérigos e dos padeiros
33 – 3º ato – A promotoria acusa os cangaceiros
34 – 3º ato – Acusação de João Grilo
35 – 3º ato – João Grilo solicita defesa
36 – 3º ato – Invocação a Nossa Senhora, poema de Canário Pardo
37 – 3º ato – Vinda da Compadecida
38 – 3º ato – Ave Maria
39 – 3º ato – Defesa dos clérigos e dos padeiros
40 – 3º ato – Defesa dos cangaceiros
41 – 3º ato – Sentença
42 – 3º ato – Defesa de João Grilo
43 – 3º ato – Sentença de João Grilo
44 – 3º ato – Final – Declamação do Palhaço
45 – Extra: Ave Maria (sem fala de João Grilo)
PALHAÇO – Ivan Senna, ator
JOÃO GRILO – Assis Pacheco, tenor
CHICÓ – Edson Castilho, barítono
PADRE JOÃO – Alfredo Colózimo, tenor
ANTÔNIO MORAIS – Alfredo Mello, baixo
SACRISTÃO – Enzo Feldes, barítono
PADEIRO – Raul Gonçalves, tenor
MULHER DO PADEIRO – Aracy Bellas Campos, soprano
BISPO – Newton Paiva, baixo
FRADE – Alcebíades Pereira
SEVERINO DO ARACAJU – Mahely Vieira, ator
CANGACEIRO – João Carlos Dittert, baixo-barítono
DEMÔNIO – Alfredo Mello, baixo
O ENCOURADO (DIABO) – Carlos Walter
MANOEL (JESUS CRISTO) – Roberto Miranda, tenor
A COMPADECIDA (NOSSA SENHORA) – Lia Salgado, soprano
Orquestra, Coro e Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
José Siqueira, regente
Silva Ferreira, regisseur
Santiago Guerra, regente do coro
Denis Gray, coreografia
André Reverssé , cenografia
Theatro Municipal, Rio de Janeiro, 1961
Partituras e outros que tais?Clique aqui
Quer saber um pouco mais sobre José Siqueira? Veja este blog. Há ainda uma dissertação de mestrado sobre esta obra de hoje! Fala muito sobre a vida e a obra do compositor! Baixe!
Ouça! Deleite-se! … Mas, antes ou depois disso, deixe um comentário…
O blog holandês 33 toeren klassiek faz conversões de antigos LPs de vinil para mp3. A qualidade é sempre excelente não somente do ponto de vista técnico, é que as escolhas musicais são especiais. Elas nunca passam pelo óbvio, mas por cantinhos desconhecidos ou esquecidos do repertório e da história das gravações. É um tremendo, criterioso e qualitativo resgate histórico. Peguei de lá esta raríssima gravação do Collegium Aureum para a Harmonia Mundi em 1963.
A Cassation é um gênero ainda menor do que a Serenata ou o Divertimento. Trata-se de uma série de movimentos curtos e alegres para orquestra de câmara. Muita gente boa escreveu Cassassões lá pela metade do século XVIII. A música de Haydn serve bem ao gênero. Haydn era leve, ousado e feliz. Até suas Missas revelam uma relação secular com a divindade. O cara era feliz e não abria mão disso, ora. Ouçam o disco e comprovem: é música para abrir um bom dia.
Joseph Haydn (1732-1809): Cassations Nº 9 e 20
1 Cassatie in G (HV .II, 9, 1764) 15:26
allegro molto – menuet – adagio cantabile – menuet – finale: presto
2 Cassatie in F (HV II, 20, 1763)
allegro – menuet – adagio – menuet – finale: presto
Membros do Collegium Aureum
Direção de Franzjosef Maier
Harmonia Mundi HM 30 643
Gravado em junho de 1963
Tempo total: 33:08
Os caras em holandês:
Alfred Sous, hobo
Helmuth Hucke, hobo
Gerd Seifert, hoorn
Erich Penzel, hoorn
Ulrich Grehling, viool
Franz-Josef Maier, viool
Ulrich Koch, altviool
Günther Lemmen, altviool
Reinhold Johannes Buhl, cello
Johannes Koch, violone