.: interlúdio :. Gilberto Gil ao vivo na USP 1973 (bootleg)

As postagens deste blog são agendadas com alguns dias de antecedência. Após o épico dia 30 de outubro de 2022, não teremos palavras nossas. Deixo vocês com as palavras de Gilberto Gil há quase 50 anos. Naquela época muito distante, a polícia torturava e matava gente. Dois meses após a morte de um estudante da USP, o clima não era leve. Gilberto Gil foi procurado pelos estudantes para tocar de improviso, de graça, antes do show que faria à noite em um teatro paulista. Só com voz e violão, a maneira de João Gilberto e Jorge Ben, Gilberto Gil se soltava mais do que com banda, incorporava várias vozes, inclusive aquelas que estavam lá pra calá-lo. Essa edição não oficial (bootleg) inclui, além da música, as longas conversas com o público. Adicionamos algumas cores abaixo para diferenciar as diferentes vozes/personagens.

São Paulo, 26 de maio de 1973

[Gilberto Gil no bis, quando canta Cálice pela 2ª vez após muitos pedidos da plateia:]

– Pai, afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Deixa eu lançar um grito desumano

[Outra voz:] – Cale-se!

Que é uma maneira de ser escutado

–\\–

[Em ‘Oriente’, outra voz: canto sem palavras, cheio de intervalos microtonais como os de povos orientais que Gil certamente conheceu no exílio em Londres, do qual voltou em 72.]

[Voz de Gilberto Gil:] – Esse canto é o mesmo na Arábia Saudita. Nas terra maldita do Nordeste é o mesmo na Arábia Saudita.

[Terceira voz, séria:] – Cala a boca, rapaz.
Ah, esse cara já tá…
Acaba com isso, rapaz
Ah… você aí com esse negócio desse nhanhanha…
[…]
Que cara, que babaca, olha que palhaço… fica com esse nhénhénhé, tem nada do que ver, rapaz, isso aqui é o Brasil, rapaz, Ocidente. Civilização Ocidental, rapaz, industrial, tem nada que ver com isso não! Olha aí, rapaz, o som da gente é outro!
[….] Esse cara é doido mermo…
Vai pra Índia, entendeu… Isso aqui não é… Isso aqui é lugar de produtividade.

[Voz de Gilberto Gil:] – Mas na verdade é o mermo, o mermo lamento, o mermo canto de sofrimento.
Lá nas terra maldita do Norte
Nas terra maldita na Arábia Saudita

[Outra voz: canto sem palavras]

[Voz de Gilberto Gil:] – Se oriente, rapaz…

–\\–

[Após cantar Objeto sim, objeto não]

– Lendas e profecias, é a mesma coisa. As lendas têm caráter profético, elas muitas vezes podem já estar esgotadas no seu sentido profético, ou seja, são relativas a coisas já ocorridas, mas… outras vezes não, outras vezes as lendas são elas, em si mesmo, uma forma de ocultação, ou seja, uma forma [que] Nostradamus usava, pra não ser degolado como Giordano Bruno, pela fogueira da Inquisição, ele pegou e as coisas que ele achava que ele sabia, […] botou tudo em versos ocultos ali, e agora as pessoas pegam…

–\\–

– Pera aí que tem um rapaz aqui que quer fazer uma pergunta?

[Alguém da plateia, voz quase inaudível: … qual o papel do compositor?]

– É um problema muito pessoal, rapaz, depende muito… você quer dizer o seguinte, que existe um sistema, no qual as pessoas vivem, no qual existe a lei, no qual existem as barreiras todas, não é isso? E que o artista se vê na sua criação diante desses problemas todos, no Brasil se chama Censura, e que vai determinar o que é que é, no final é o que vai fazer a seleção, vai dizer qual é a música, qual é a arte que convém ao povo, e etc. etc. Quer dizer, mas isso é um critério pessoal, é um critério deles, quer dizer, não abrange de forma nenhuma a totalidade das coisas, haja vista no Brasil as manifestações que a gente tem frequentemente contrárias a esse tipo de atitude castrativa diante da música. Agora, isso o quê que é, isso é um problema da nossa sociedade, quer dizer, é uma das insinuações do sistema da forma que ele está hoje, no mundo, e a gente tem que enfrentar. […] procuro me comportar, sem me trair, cê tá entendendo? Quer dizer, eu procuro fazer o que eu acho que posso fazer, o que devo fazer, e tudo mais, e eu acho que o comportamento de cada um, que foi o que você perguntou no fim, “O quê que o compositor devia fazer, como ele devia se comportar”, eu não acho que deva haver padrão, cê tá entendendo? Um método, uma cartilha, uma regra para o comportamento do compositor, porque aí seria a merma coisa, seria fazer também uma censura né, do lado de cá, dizer: não, só o comportamento desse tipo é que é válido contra uma barreira qualquer, e acho que não… tem a corrida de obstáculos, o cara vem e pula por cima, o outro passa por baixo… [risos]

Gilberto Gil ao vivo na Escola Politécnica da USP, 1973:
Oriente (Gilberto Gil)
Apresentação (Gilberto Gil)
Chiclete Com Banana (Gordurinha/Almira Castilho)
Minha Nega na Janela (Germano Mathias/Doca)
Senhor Delegado (Antoninho Lopes/Jaú)
Eu Quero um Samba (Haroldo Barbosa/Janet de Almeida)
Meio de Campo (Gilberto Gil)
Cálice (Chico Buarque/Gilberto Gil)
O Sonho Acabou (Gilberto Gil)
Ladeira da Preguiça (Gilberto Gil)
Expresso 2222 (Gilberto Gil)
Procissão (Gilberto Gil)
Domingo No Parque (Gilberto Gil)
Umeboshi (Gilberto Gil)
Objeto Sim, Objeto Não (Gilberto Gil)
Ele e Eu (Gilberto Gil)
Duplo Sentido (Gilberto Gil)
Cidade do Salvador (Gilberto Gil)
Iansã (Gilberto Gil/Caetano Veloso)
Eu Só Quero um Xodó (Dominguinhos/Anastácia)
Edith Cooper (Gilberto Gil)
Back In Bahia (Gilberto Gil)
Filhos de Gandhi (Gilberto Gil) [inclui: Afoxé (Dorival Caymmi) e Oração de Mãe Menininha (Dorival Caymmi)]
Preciso Aprender a Só Ser (Gilberto Gil)
Cálice (Chico Buarque/Gilberto Gil)

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Em Buenos Aires. Qualquer semelhança é mera coincidência…

Pleyel

.: interlúdio :. Amina Alaoui: Arco Iris

.: interlúdio :. Amina Alaoui: Arco Iris

Arco Iris é o primeiro trabalho de Alaoui para a ECM. É focado no canto, mas apresenta belíssimo e inesquecível  acompanhamento de cordas e percussão. O disco é muito lindo, sutil e poético. Dificilmente você poderá ouvi-lo apenas uma vez. Eu amei Fado Menor e várias das outras faixas. Foi gravado em abril de 2010 em Lugano e lançado em 2011. Trata-se de uma esplêndida fusão de diferentes tradições para formar uma Península Ibérica toda própria. Há referências às tradições musicais do fado português, do flamenco espanhol, da música clássica persa e árabe-andaluza.

Amina Alaoui é uma marroquina que canta em árabe, persa clássico , haketia , espanhol e português. Ela nasceu em 1964 em uma família aristocrática em Fez, Marrocos. Aos seis anos começou a aprender música clássica andaluza em ambiente familiar. Aprendeu a tocar piano e foi iniciada na música clássica europeia. Amina também estudou no conservatório de Rabat de 1979 a 1981 e estudou dança moderna e clássica. Também é formada em filologia (Lycée Descartes) e linguística espanhola e árabe na Universidade de Madrid e na Universidade de Granada.

.: interlúdio :. Amina Alaoui: Arco Iris

1 “Hado” – 1:50
2 “Búscate En Mí” – 6:31
3 “Fado Al-Mu’tamid” – 5:30
4 “Flor De Nieve” – 4:07
5 “Oh Andaluces” – 6:55
6 “Ya Laylo Layl” – 9:18
7 “Fado Menor” – 5:26
8 “Búscate En Mí, Var.” – 5:32
9 “Moradía” – 3:59
10 “Las Morillas De Jaén” – 7:05
11 “Que Faré” – 4:26
12 “Arco Iris” – 6:34

Amina Alaoui – vocals, daf
Saïf Alah Ben Abderrazak – violin
Eduardo Miranda – mandolin
José Luis Montón – flamenco guitar
Sofiane Negra – oud
Idriss Agnel – percussion

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Amina Alaoui, em visita à sede árabe da PQP Bach Corp. de Granada.

PQP

.: interlúdio :. ConSertão – Elomar / Arthur Moreira Lima / Paulo Moura / Heraldo do Monte

.: interlúdio :. ConSertão – Elomar / Arthur Moreira Lima / Paulo Moura / Heraldo do Monte

elomar_consertaoVou contar uma coisa para vocês… Eu gostava muito deste disco nos anos 80. Porém, ao ouvi-lo novamente agora, fiquei muito decepcionado com a atuação de Arthur Moreira Lima e seu sotaque clássico em meio aos autênticos — e maravilhosos — Heraldo, Paulo Moura e Elomar. Acho que a grife de Arthur foi importante durante certa época para dar credibilidade a projetos de músicos que saíam fora dos padrões das gravadoras, mas hoje realmente não gosto da presença do moço. Há coisas maravilhosas neste LP duplo da Kuarup. Abaixo, copio descaradamente o texto de Mahatma Bode, do falecido blog Aristofonia (RIP):

Escrevo esse texto com o intuito de valorizar a música nordestina, a música do sertão, sim, SERTÃO, não essa virulenta (também no sentido da capacidade de reprodução) música supostamente chamada de sertaneja, que só para constar, nem do sertão é. Tenho certeza que uma das principais identidades da sonoridade brasileira é a nordestina, a qual recebeu muitas influências, das mais variadas origens, sem perder, certamente, suas raízes. A parte dessa cultura que vou lhes introduzir é muito amalgâmica, muito diferente em melodias e harmonias. Música essa que bebeu da cultura ibérica e árabe, vindas com a colonização portuguesa, extraindo elementos específicos de cada civilização, destacando principalmente o ritmo desenvolvido pelo povo oriental juntamente com suas escalas.

O grande expoente desse estilo musical é Elomar Figueira Mello, compositor, violeiro, violonista e cantor, nascido em Vitória da Conquista, Bahia no sangue, no ano de 1937. Esse baiano – que cresceu nas intimidades do sertão, habituado com a seca e com dificuldade da vida sertaneja – conseguiu transpassar, com suas canções de cordel, todo o sofrimento desse infausto povo, salientando a necessidade da religiosidade e da fé e, unindo ao seu violão, criou um diálogo entre o folclore musical medieval e nordestino. Expôs sua musicalidade em diversos discos, começando em 68, porém, há um que devemos não só escutar, como também parar, sentar, sentir-se confortável, para então, prestar atenção e ouvir.

Eis o “um”: ConSertão, de 1982. Neste álbum Elomar chega a seu ápice musical e, juntamente com Arthur Moreira Lima, Paulo Moura e Heraldo do Monte, cria uma obra tão única em suas características, que é muito difícil não simpatizar com ela. Deveras é um álbum muito peculiar, resultado da soma das composições do Elomar e das virtudes dos outros instrumentistas, entretanto, o grande feito do álbum é a liberdade optada pelos músicos na hora das gravações, visto que, segundo o próprio Arthur Moreira Lima, as músicas mostram a capacidade deles de arranjar, improvisar, bordar, enfeitar, tecer tramas e enredos musicais sobre temas pouco conhecidos, mas de valor musical incontestável. Ou seja, de maneira mais simples, uma jam session nordestina. Algo mais original? E não é uma simples jam session, nela estão presentes solos de piano e cravo, de Artur Moreira Lima; sax e flauta, Paulo Moura; violão e viola, Heraldo do Monte; não esquecendo da voz entristecida e surrada de Elomar.

Um álbum de música basicamente nordestina, com solos jazzísticos de sax e melodias barrocas no cravo, tem que ter seu verdadeiro valor reconhecido.

ConSertão – Elomar / Arthur Moreira Lima / Paulo Moura / Heraldo do Monte

1. Estrela maga dos ciganos/Noite de Santo Reis (Elomar)
2. Na estrada das areias de ouro (Elomar)
3. Campo branco (Elomar)
4. Incelença pra terra que o sol matou (Elomar)
5. Trabalhadores na destoca (Elomar)
6. Pau-de-arara (Luiz Gonzaga)
7. Festa no sertão (Villa-Lobos)
8. Valsa da dor (Villa-Lobos)
9. Leninia (Codó)
10. Valsa de esquina nº 12, em fá menor (Francisco Mignone)
11. Espinha de bacalhau (Severino Araújo)
12. Pedacinhos do céu (Waldir Azevedo)
13. Corban (Elomar)

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The Big Four
The Big Four

PQP

.: intermezzo :. Marcondes Falcão Maia (1957): A besteira é a base da sabedoria (1995)

.: intermezzo :. Marcondes Falcão Maia (1957): A besteira é a base da sabedoria (1995)

Bem, caros visitantes. O CD ora postado possui uma importância tão capital no contexto da música clássica brasileira contemporânea que nem sei.

A besteira é a base da sabedoria (1995) – terceiro álbum do cantor e compositor cearense Falcão, preconceituosamente intitulado de “brega” – talvez seja um dos mais ricos em elementos de paráfrase e paródia na década de 90, não só partindo da música popular, mas (inconscientemente ou não) também da música erudita.

Uma análise das referências musicais do disco pode, sem titubeios, auxiliar a compreender a síntese de várias correntes estéticas que emergiram ao longo do século XX, e ali presentes. Em Esculhambação, sim. Frescura, não, por exemplo, evidencia-se a mensagem de cunho político, influenciada por obras como a Sinfonia das Diretas de Jorge Antunes ou Mamãe, eu quero votar de Gilberto Mendes, porém dentro da verve satírica peculiar a Falcão (“Será o caralho?!”)

Sem precedentes pode considerada a concepção de um moteto responsorial para um réquiem em A terra há de comer (já que eu não comi), enquanto Homem é homem teve de mudar seu subtítulo original, Hommage (ou Femmage) pour Britten, por conta da previsível falta de conhecimento do público sobre o compositor britânico.

Porém nada supera a genial transformação de My world dos Guns N’Roses num minicompêndio da música de concerto do século XX, o Concerto em qualquer tom para triângulo e roi-roi. Em nenhuma outra composição brasileira dos últimos tempos é possível achar um entrecruzamento de matizes estéticos tão díspares quanto o deboche à la Satie; o percussionismo de Edgard Varèse e Amadeo Roldan; a sobreposição da própria voz gravada em diferentes canais, como Ute Lemper ao gravar canções de cabaré de Spoliansky; a utilização estilizada do rap e da polifonia semifalada, tal qual – respectivamente – em O anjo esquerdo da história e Beba Coca-Cola de Gilberto Mendes; a predominância do minimalismo e a marca stravinskiana nos poucos acordes bitonais sampleados.

***

A Besteira é a base da sabedoria

1.”Esculhambação sim. Frescura, não!”  3:39
2.”A terra há de comer (já que eu não comi)”  3:07
3.”Lends picantis in anus autrem q’sucus est”  4:41
4.”A besteira é a base da sabedoria”  3:22
5.”Caubói do Ceará”  3:13
6.”Mais antes mamãe não tivesse me(n)tido”  3:42
7.”Confesso que fresquei”  3:13
8.”Se eu morrer sem gozar do seu amor, minha alma lhe persegue de pau duro”  3:12
9.”Todo castigo pra corno é pouco”  3:25
10.”Não tem jeito que dê jeito”  3:59
11.”Holliday foi muito”  3:26
12.”Concerto em qualquer tom para triângulo e roe-roe”  2:24

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PS 1: Este post é dedicado aos ouvintes puristas e carracudos deste blog.
PS 2: Licença, que tá na hora de tomar meu comprimido de Zyprexa.

Elegância
Elegância

CVL

.: interlúdio :. Mawaca pra todo canto (LINK REVALIDADO)

Postagem realizada pelo CVL em 25 de março de 2011.

Link revalidado após solicitações frementes do PQP. Toma aí, filho de Bach!

Post originalmente publicado em 05 de março de 2009. Por que o atualizei (só o link)? As memoráveis ênclises de Jânio Quadros vos respondem.

O Mawaca é um grupo de sete cantoras e sete instrumentistas que se vestem num estilo bem doideca (meio hindu, meio hippie) e cujo repertório, à exceção de uma ou duas músicas, é formado por canções folclóricas do mundo inteiro.

Com a excepcional virtude de dar uma cara diferente a cada música e ao mesmo ter sua linguagem própria reconhecida de imediato em todas elas (méritos especificamente para Magda Pucci, musicóloga e maestrina que fundou o conjunto e o lidera), o Mawaca mistura instrumentos de vários povos aos que nos são familiares, tem desenvoltura em qualquer gênero que encare e canta no idioma natal da canção.

Este CD é o melhor de toda a discografia do Mawaca até aqui (sete CDs), só perde para o DVD também chamado “Pra todo canto”, que incorpora algumas músicas de álbuns anteriores. Bartók e Kodály ficariam admirados com esse mini-compêndio de releituras etnomusicológicas.

Pra mim, o Mawaca é uma das melhores e mais originais formações reveladas no Brasil nos últimos anos e uma das melhores do mundo na World Music (no sentido mais essencial desse rótulo da indústria fonográfica). As músicas em negrito são minhas favoritas, contudo cada pessoa que escuta este disco forma sua própria beloved playlist.

***

Mawaca pra todo canto

1 As Sete Mulheres do Minho
2 Êh Boi!
3 Dendê Com Curry
4 Kali
5 Lamidbar
6 Acometado
7 Ahkoy Té / Hotaru Koi
8 Soran Bushi
9 Mawaca pra Qualquer Santo
10 Cangoma Me Chamou
11 Tango Dos Chavicos
12 Et Dodim
13 Boro Horo (Hirigo / Bre Petrunko / Suuret Ja Soriat)
14 Salam!
15 Asadoya Yunta
16 Gayatri Mantra

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CVL (Revalidado pelo Carlinus)

.: interlúdio :. Pan-African Orchestra — Opus 1

A esmagadora maioria de vocês nunca ouviu algo parecido com isso. Quem me trouxe o CD e me obrigou a ouvir foi meu filho — e estou agradecido a ele. A Pan-African Orchestra combina música tradicional africana com música moderna. Trata-se de um projeto incomum, ambicioso e altamente profano, como tudo o que é realmente bom e saudável. A ausência de deus é Maravilhosa. O objetivo é o de fazer a integração musical de várias tradições musicais africanas em uma (tentativa de) síntese, ou seja, de criar um sistema verdadeiramente africano de música sinfônica. Reunido em Danso Abiam (Gana), o grupo foi altamente combatido no continente, porque não apenas agrupa sonoridades que tradicionalmente não se misturam na música africana (como combinações entre flautas e xilofones, por exemplo), mas também por utilizar instrumentos usados ​​apenas para fins ritualísticos. Não obstante toda a controvérsia e discussão gerada pelo grupo, Opus I é um disco espetacular que capta o parte do espírito musical e humano do continente Africano. Vale a pena. É uma música nova. Embriague-se.

IM-PER-DÍ-VEL PARA QUEM GOSTA DE SABORES FORTES.

Pan-African Orchestra — Opus 1

1 Wia Concerto No.1 (First Movement – in Four Parts)
2 Yaa Yaa Kol
3 Mmenson
4 Explorations – Hi-Life Structures
5 Akan Drumming
6 Sisala Sebrew
7 Explorations – Ewe 6,8 Rhythms
8 Box Dream
9 Adawura Kasa

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PQP

Culpa de P.Q.P. Bach, de Britten e de C.D.F. Bach

Eu, PQP Bach, ouço TODOS os CDs deste blog. Os meus (que posto após as audições) e os dos outros (já postados). Como a gente publica muito, estou ainda no dia 8 de abril de 2009. Pois agora me aconteceu de ouvir este CD há uma semana. Sem parar. E só posto o que ouço. Como estou perdidamente apaixonado, parei de postar.

Paciência, esperem sem pressões que eu me desapaixone.

.: interlúdio :. The Dowland Project: Romaria

Não é um CD de música erudita. Ou é. É música antiga, mas não há Dowland aqui, apesar de que nos dois CDs anteriores do The Dowland Project havia. Vou tentar explicar: são arranjos para tenor, saxes (muitos), violino e algo como o alaúde. Trata-se de uma coleção de canções muito bonitas, interpretadas com extrema sensibilidade, delicadeza e respeito. Não são arranjos comuns, daqueles que trazem um compositor antigo para uma linguagem atual ou para a linguagem dos músicos, até porque aqui não há de modo algum uma linguagem comum — ou seja, não é aquele horror habilidosinho francês ao estilo de Jacques Loussier –, são antes recriações de músicos muito diferentes entre si sobre compositoções antigas, buscando uma terceira expressão, através de um outro grupo de instrumentos e culturas. Talvez o The Dowland Project faça alguns puristas mais xiítas se morderem de ódio. Porém, ficarei autenticamente desconfiado de sua qualificação como ouvintes… Sério.

Este é mais um grupo que tem como participante o genial saxofonista e claronista inglês John Surman.

Encontrei um texto anônimo circulando na rede. Muito bom.

This is a disc of whispered conversations: among musicians, cultures and periods – past, present and future. Anonymous composers from the Franus Codex and the Carmina Burana manuscript break bread with Josquin and Lassus, while ancient instruments freely consort with modern.

With a revised line-up, John Potter’s Dowland Project expands its repertoire on its third album, freely exploring love songs, chants and motets from the 12th century to the present by Oswald von Wolkenstein, Orlando di Lasso, Josquin Desprez and others including the anonymous composers of the Carmina Burana manuscript. New to the Project is Miloš Valent, the vibrant violinist and violist from Slovakia who is equally at home in early music and in the gypsy and folk musics of eastern Europe. Like English reedman John Surman and American lutenist Stephen Stubbs he is also able to improvise beyond the traditions: these richly atmospheric pieces are reborn in the interaction of the players.

Imperdível!

The Dowland Project: Romaria ECM 1970 [CD]

1. Got schepfer aller dingen (‘Der Kanzler’) 4:34
2. Veris dulcis (Carmina Burana manuscript) 5:14
3. Pulcherrima rosa (Franus Codex) 5:31
4. Ora pro nobis (anonymous) 4:13
5. La lume (traditional Iberian) 4:22
6. Dulce solum (Carmina Burana manuscript) 6:53
7. Der oben swebt (Oswald von Wolkenstein) 4:59
8. O beata infantia (Gregorian) 3:35
9. O Rosa (traditional Iberian) 4:48
10. Saudade (Valent/Surman/Stubbs) 6:18
11. In flagellis (Josquin Desprez) 3:52
12. Kyrie Jesus autem transiens (Firminus Caron) 3:30
13. O beata infantia (Gregorian) 3:53
14. Credo Laudate dominum (Orlando di Lasso) 3:57
15. Ein gut Preambel (Hans Neusidler) 0:57
16. Sanctus Tu solus qui facis (Josquin Desprez) 4:30
17. Ein iberisch Postambel (Valent/Surman/Stubbs) 5:48

recorded January 2006, Propstei St. Gerold

John Potter, tenor voice;
John Surman, soprano saxophone, bass clarinet, tenor and bass recorders;
Milos Valent, violin, viola;
Stephen Stubbs, baroque guitar, vihuela

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PQP

Interlúdio – Edson Cordeiro

Baixou o espírito de Bluedog em mim: “Edson Cordeiro?! Qual foi, Ciço?!”. Acho que peguei raiva musical.

***

Os comentários sobre o CD deixo por conta de vocês. Se forem em boa quantidade, vou postando mais discos fortuitamente.

Levantei vôo de Buenos Aires e estou indo para o Recife.

***

As Edson Cordeiro is a familiar name in Brazil, I speak some lines about him to foreign habitués of this blog as we have many music lovers worldwide who join us.

Edson is perhaps the most popular countertenor we have because he is an ecletical pop singer that sings success from many music genres, like classical music, jazz, Brazilian Popular Music from early 20th Century and Spanish music.

The CD posted here, released in 1991, is Edson’s first one – and is the best of all. It revealed all his versatility: from Janis Joplin to Bizet, including a so genial mix of Mozart’s Queen of the night aria with Rolling Stones’ Satisfaction, sung with the Brazilian died rock singer Cássia Eller. In that moment, he was a sopranist; only some years later he trained the countertenor register and recorded another CD specifically to show his “new” voice.

The lyrics of some musics in this CD are here, beside some others.

***

Edson Cordeiro

1. Creole Love Call
2. La seguidille
3. Baioque – Baião
4. Naturträne
5. Sometimes I Feel Like a Motherless Child
6. A Rainha da Noite – (I Can´t Get No) Satisfaction
7. Kiss
8. A Lua é um Balão – Moon is Made of Gold
9. Mercedes Benz
10. Down em Mim
11. Voz de Mulher – Fascinação

Participação especial: Cássia Eller

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CVL