William Byrd foi um compositor inglês da Renascença. Considerado um dos maiores compositores britânicos, teve grande influência, tanto da sua Inglaterra natal como do continente. Ele escreveu em muitas das formas correntes na Inglaterra na época, incluindo vários tipos de polifonia sagrada e secular, teclado (a chamada escola virginalista) e música para grupos. Embora tenha produzido música sacra para serviços religiosos anglicanos, em algum momento durante a década de 1570 ele se tornou católico e passou a escrever música sacra católica. Byrd foi o compositor mais importante da época de William Shakespeare. Seus salmos e motetos, bem como seus madrigais, estão entre as composições mais aclamadas do século XVI. Ele também escreveu obras para órgão e piano.
William Byrd (1543-1623): Consort and Keyboard Music / Songs and Anthems (Rose Consort of Viols / Red Byrd)
1 Pavan 03:04
2 Galliard 01:59
Byrd, William
Gueroult, Guillaume – Lyricist
3 Susanna fair 03:29
Byrd, William
4 Rejoice unto the Lord 03:24
5 John come kiss me now (from The Fitzwilliam Virginal Book) 05:18
6 Fantasia No. 2 05:21
7 Have mercy upon me, O God 03:15
8 In Nomine No. 2 03:15
9 In angel’s weed 02:56
10 Fair Britain isle 05:57
11 Fantasia 02:46
12 Triumph with pleasant melody 03:39
13 Pavan in A Minor 04:01
14 Qui passe (for my Lady Nevell) 03:07
15 Fantasia No. 3 04:11
16 In Nomine No. 5 02:33
17 Christ rising again 05:14
Total Playing Time: 01:03:29
Ensemble(s): Rose Consort of Viols, The
Choir(s): Red Byrd
Artist(s): Bonner, Tessa; Roberts, Timothy
Uma deliciosa coleção de canções inglesas do século XVII, construída em torno da influência das quatro estações e mostrando o grande entusiasmo pela música, especialmente pela produção musical amadora, que ocorreu durante esta época.
Bem, durante a Commonwealth of England (c.1649-1660), a música desapareceu quase inteiramente das ocasiões religiosas e da corte. A utilização de instrumentos e música nas igrejas foi proibida e os órgãos foram destruídos por ordem do regime – por isso o público recorreu aos músicos das aldeias e das tabernas, às danças do campo e novos locais para fazer música foram criados. Coincidindo com o declínio do madrigal elisabetano, a música folclórica e os cenários dos poetas famosos da época eram populares; da mesma forma, variações de teclado em melodias dançantes e canções românticas para voz e alaúde estavam na moda, e isso continuou nos anos da Restauração sob Charles II. A influência do monarca pode ser detectada no estilo francês de algumas das obras posteriores, apresentando oboé e grandes grupos de cordas.
Esta efusão de música inspirada é capturada perfeitamente nesta nova, interpretada esplendidamente e com rara e sensibilidade pelo Ensemble Le Tendre Amour — grupo de Barcelona liderado por Katy Elkin e Esteban Mazer. Os compositores apresentados incluem Purcell, Playford, Morley, Croft, Lawes, Byrd, Eccles, Ravenscroft e, claro, muitas obras anônimas. Da música camponesa bucólica a peças sofisticadas para um público urbano gentrificado, a música fornece uma trilha sonora vívida para a vida no mundo turbulento da Inglaterra do século XVII. Tudo aqui é ótimo, mas destaco especialmente as obras de Purcell e mais as belíssimas faixas 10, 17 e 25 (que é de Purcell).
E quem souber quem é a maravilhosa soprano do CD, favor informar nos comentários!
All in a Garden Green: As Quatro Estações na Música Inglesa (Le Tendre Amour)
1 pub. John Playford: Chirping of the Nightingale / Chirping of the Lark
2 William Byrd: John come kiss me now
3 Nicola Matteis: Va poco di manera Italiana / Aria Amorosa
4 Nicholas Lanier: No more shall meads be deckt with flowers
5 Godfrey Finger: Ciaccona
6 pub. John Playford: Glory of the West / The Goddesses
7 William Lawes: Can beauty’s spring
8 Henry François de Gallot: Chaconne
9 Anonymous: Now ye spring is come
10 Nicola Matteis: Ground after the Scotch Humour
11 attrib. William Croft: Ground in C minor
12 Henry Purcell: Sweeter than Roses
13 pub. John Walsh: Greensleeves
14 pub. John Playford: All in a Garden Green / Onder een linde groen
15 pub. John Playford: Stanes Morris / The Glory of the Sun
16 Thomas Morley: O Mistress Mine
17 William Byrd: The Woods so Wild
18 Anonymous: The Chestnut / Autumn
19 Nicola Matteis: Aria
20 pub. John Playford: Cold and Raw
21 Henry Purcell: When a cruel long winter
22 Thomas Ravenscroft: Remember O Thou Man
23 pub. John Playford: Virgin Queen / An Italian Rant
24 John Eccles: A Division on a Ground
25 Henry Purcell: Here the Deities approve
Esta postagem é uma reverência aos 400 anos da morte de William Byrd
William Byrd morreu há quatrocentos anos, em 1623, depois de ter vivido 83 anos. Nos nossos dias isso é considerado um feito, imagine há tantos séculos. E olhe que William era católico vivendo na Inglaterra, durante o período do surgimento da Igreja Anglicana – um ambiente no qual se misturavam religião e assuntos de estado, com conspirações ocorrendo em cada esquina.
Byrd foi organista da Lincoln Cathedral a partir de 1563 e tornou-se músico da Chapel Royal, assumindo o lugar de Robert Parsons, em 1572, servindo assim, ao lado de Thomas Tallis e outros, a Igreja Anglicana. Ao mesmo tempo era membro ativo da comunidade católica e recebia a patronagem de importantes aristocratas católicos. Em termos de música sacra, enquanto na Igreja Católica os ofícios eram em latim e a música elaborada, na Igreja Anglicana usava-se o inglês e a música que se esperava devia ser simples, uma nota para cada vogal. É claro que em certas circunstâncias esperava-se alguma coisa mais elaborada e até uns certos latins…
Mas para Byrd, essa vida dupla tornou-se mais perigosa durante a década de 1580, ao longo da qual houve tentativas de destronar a rainha Elizabeth I, para coroar em seu lugar sua prima Maria Stuart. Além disso, em 1585 morreu Thomas Tallis, que era figura importante na vida de Byrd. Eles dividiam direito de publicação de música entre outras coisas. Byrd e sua família passaram diversos perrengues, chegando a ser investigado, pagando multas por não atender aos ofícios da igreja, passando por prisão domiciliar. Safava-se por ter costas-quentes e numa ocasião até por intervenção da rainha, que gostava de música e queria exibir, pelo menos nas devidas ocasiões, pompa e esplendor. E nisso, esses músicos eram realmente espetaculares, dominavam a arte como poucos. Há um moteto de Thomas Tallis, Spem in alium, para 40 vozes. É pouco ou quer mais? Os músicos da Chapel Royal, como Robert Parsons, John Sheppard e William Mundy, produziram música mais elaborada, os serviços, que faziam as vezes das missas no caso católico. Mas Tallis e Byrd só produziram serviços bastante simples, seguindo à risca as determinações do Arcebispo…
É por isso que a obra dessa publicação, The Great Service, coloca um certo mistério na história. Apesar de deter poder de publicação, essa obra não foi publicada durante a vida do compositor. Por volta de 1594 Byrd diminuiu suas atividades na Chapel Royal e mudou-se com a família para uma pequena vila em Essex, ficando próximo de um rico dono de terras na região, Petre, que era católico. Isso tudo não impediu que Byrd continuasse a produzir música que servisse a Igreja Anglicana e The Great Service pode ter sido um projeto que seguiu à publicação das Missas para Três, Quatro e Cinco Vozes, dando continuidade à tradição de obras desse escopo escritas por outros compositores, como William Mundy e Robert Parsons. A obra é composta para um coro de cinco partes, dividido em Decani e Cantoris (nomes dados às duas tendas de coro em que as duas divisões do coro ficavam de frente uma para a outra do outro lado do corredor). Algumas seções são marcadas para grupos de solistas, rotuladas como “verso” e contrastando com as seções “completas”. O coro era normalmente dobrado pelo órgão (como as partes sobreviventes do órgão deixam claro) e provavelmente às vezes por instrumentos de sopro altos (cornetts e sackbuts), uma prática que causou muito indignação entre os puritanos da época. Sua sobrevivência deve-se principalmente a conjuntos incompletos de livros parciais do coro da igreja, bem como três partes contemporâneas do órgão. Ao reunir vários manuscritos, os estudiosos se deram com um texto praticamente completo, embora a primeira parte do Contratenor Decani do Venite ainda esteja faltando. Devido ao seu escopo, a obra deve ter ficado limitada à Chapel Royal.
As partes do Grande Serviço são sete: três formam as Matinas (Morning Prayers), duas formam a Comunhão (Communion), e mais duas formam as Vésperas (Evensong):
Venite
Te Deum
Benedictus
Kyrie
Creed
Magnificat
Nunc dimitts
Eu escolhi quatro gravações, duas das quais eu ouço já há muitos anos. A primeira é a mais antiga, com o coro do King’s College, sob a direção de Stephen Cleobury é de 1987 e foi publicada na saudosa série Reflexe, da EMI. Essa é uma gravação muito interessante que apresenta as partes da obra com alguns pequenos números entre elas, colocando-as como em uma liturgia. Para completar, dois anthems, o primeiro deles falando da Rainha Elizabeth.
Depois consegui um disco com a gravação de The Tallis Scholars, com direção de Peter Phillips. Essa interpretação também é de 1987 (meu Deus, o tempo voa…) e parece mais alinhada com as práticas de época. Originalmente foi lançada pelo selo Gimell Records e hoje deve estar sob controle de algum selo universal… Ela apresenta os movimentos seguidos sem qualquer outro número. O Kyrie, que dura perto de dois minutos, não aparece nesse disco, que termina com três Anthems, dois deles também fazem parte do disco anterior. A capa traz um retrato da Rainha Elizabeth I.
As outras duas gravações são mais recentes, de 2011 e 2018, e trazem a obra num contexto mais litúrgico. Os libretos com muita informação e o texto cantado constam nos arquivos nesses casos e podem fazer a experiência de ouvir essas gravações ainda mais enriquecedora. No caso da gravação mais recente, feita pelo selo Linn Records, há trechos de texto falado, recitados por um famoso personagem inglês. Se precisar decifrar quem é o dono da voz, sugiro contratar um bom detetive…
William Byrd (1540 – 1623)
The Great Service
The Morning Service
I Venite
II Te Deum
III Benedictus
Communion
IV Kyrie
Creed
The Evening Service
Vocals [Cantor] – Robert Graham-Campbell
I Introit “Lift Up Your Hands” (Psalm 24)
II First Preces
Psalm 47 “O Clap Your Hands”
III Magnificat
IV Nunc Dimittis
V Responses
Prayers
Collects
Anthems
VI Anthem “O Lord Make Thy Servant Elizabeth”
VII Anthem “Sing Joyfully Unto God Our Strength” (Psalm 81,1-4)
Recorded At – Chapel Of King’s College, Cambridge
Alto Vocals – Anthony Musson, Benjamin Phillips (2), Stephen Hilton (2)
Bass Vocals – Gavin Carr, Lawrence Whitehead (2)
Choir – The Choir Of King’s College, Cambridge*
Directed By – Stephen Cleobury
Tenor Vocals – Christopher Cullen (2), Christopher Walker (2), Robert Graham-Campbell
Treble Vocals – Graham Green (5), Thomas Elias
Recorded: 13.-14 XII. 1985, King’s College Chapel, Cambridge.
The music in the Great Service is of unparalleled proportions and inexhaustible variety; Byrd vividly represents the text at every opportunity stimulating the listener’s imagination. The Great Service encapsulates the canticles that were sung during the services of Matins and Evensong, which made up an important part of the Book of Common Prayer.
Admiradores do canto coral, o post de hoje é para vocês. Nada mais, nada menos que uma caixa com 6 cds trazendo o crème de la crème do trabalho que o regente Eric Ericson desenvolveu ao longo de décadas à frente de dois coros na capital sueca: o Coro da Rádio de Estocolmo (hoje Coro da Rádio Sueca) e o Coro de Câmara de Estocolmo, fundado por ele.
Correndo o risco de soar exagerado, essa caixinha é o tipo de coisa que eu botaria na sonda Voyager para que os habitantes extraterrestres do cosmos soubessem que, apesar de ter dado um tanto errado como espécie, a humanidade teve seus momentos de extrema beleza, de uma verdade essencial. Um troço assim como aquele gol do Maradona contra os ingleses em 86, a Annunziata de Antonello da Messina ou o filé à francesa do Degrau.
Não sei bem explicar o porquê, tem alguma coisa na música coral que me pega fundo na alma. Talvez seja algo verdadeiramente animal, instintivo – nos sentimos tocados quando ouvimos nossos semelhantes emitindo sons em conjunto. As Paixões de Bach, a Nona de Beethoven, o Réquiem de Mozart, para ficar só em algumas das mais consagradas páginas do repertório de concerto, todas têm aquele(s) momento(s) em que o coro descortina sua avalanche sonora e a gente se agarra na cadeira, como que soterrado por tamanha beleza, tamanho feito humano. A voz humana tem esse poder, mexe com a gente, sei lá, em nível celular…
Pois esta caixinha de seis discos faz um voo panorâmico amplo, percorrendo mais de cinco séculos de música coral europeia: de Thomas Tallis (1505?-1585) a Krzystof Penderecki (1933-2020). Os seis discos são divididos em dois trios: os três primeiros levam o nome de Cinco Séculos de Música Coral Europeia e trazem obras de: Badings, Bartók, Brahms, Britten, Byrd, Castiglioni, Debussy, Dowland, Edlund, Gastoldi, Gesualdo, Ligeti, Martin, Monteverdi, Morley, Petrassi, Pizzetti, Poulenc, Ravel, Reger, Rossini, Schönberg, R. Strauss e Tallis. Os três restantes, por sua vez, são agrupados como Música Coral Virtuosa e o repertório consiste em Jolivet, Martin, Messiaen, Monteverdi, Dallapiccola, Penderecki, Pizzeti, Poulenc, Reger, R. Strauss e Werle.
O texto de Michael Struck-Schloen sobre o repertório que integra o encarte é bem bom e vale a extensa transcrição, em livre tradução deste blogueiro:
“Cinco séculos de música coral europeia (cds 1 – 3) A seleção estritamente pessoal de Ericson do vasto repertório de música coral europeia dos séculos XVI a XX para a lendária produção de 1978 da Electrola pode surpreender, a princípio, pelas muitas lacunas que contém. Não há nada da audaciosamente complexa música coral do Barroco Protestante, de Schütz a Bach, nem obras do início do período Romântico, quando grandes mestres como Schubert e Mendelssohn contribuíram para a era dourada da tradição coral burguesa. As obras desses discos não foram selecionadas tendo em mente uma completude enciclopédica, mas por sua flexibilidade e brilhantismo, por sua mistura de cores e suas características tonais gerais.
A riqueza e o desenvolvimento da tradição coral europeia são melhor iluminadas quando agrupamos as obras de acordo com sua procedência ao invés de seu período de composição. A música coral europeia foi profundamente influenciada desde o início pelo som e expressão específicos do idioma utilizado; e, no século XIX, as harmonias e ritmos típicos da música tradicional folclórica também começaram a desempenhar um papel importante. As Quatro Canções Folclóricas Eslovacas (1917) e as Canções Folclóricas Húngaras (1930), de Béla Bartók, demonstram bem essa tendência rumo a uma identificação nacional, bem como os primeiros coros Manhã e Noite, de György Ligeti, escritos em 1955, um ano antes de ele escapar do regime comunista de sua Hungria natal.
Os quatro exemplos de música sacra a capella alemã incluídos aqui merecem o título dado por Brahms de Quatro Canções Séries já somente pela escolha do texto. Em uma de inflação tanto da intensidade expressiva como dos recursos musicais utilizados – como demonstrado por Paz na Terra (1907) de Schönberg e o Moteto Alemão (1913) de Richard Strauss para quatro solistas e coral de 16 vozes –, havia também um claro renascimento no interesse por antigos ideais composicionais e estilísticos. Assim, a esparsa ttécnica coral praticada por Schütz e seus contemporâneos foi a principal fonte de inspiração para os Motetos, op. 110 de Max Reger, trabalhando com textos biblicos (1909), ou para Fest- e Gedenksprüche com que um Brahms de 56 anos de idade reconheceu a liberdade que a sua Hamburgo natal o concedeu.
A mais importante revolução na história da música vocal entre a Renascença e Schönberg foi a introdução na Itália, por volta de 1600, do canto solo dramático. Esse novo estilo, que atendia pelo despretensioso nome de “monodia”, pavimentou o caminho para o gênero inteiramente novo da ópera, e também diminuiu gradativamente a importância do coral de múltiplas vozes ao norte dos Alpes. Dessa forma, os madrigais de Gesualdo e Monteverdi, com suas harmonias distintas, são na verdade música solo em conjunto, fazendo deles terreno fértil para grupos vocais ágeis e esguios como o Coro de Câmara de Estocolmo. Enquanto as extravagantes Péchés de ma vieillesse de Rossini foram escritas para quarteto e octeto vocais, o quarteto desacompanhado teve que esperar até o século XX para ser redescoberto como um meio expressivo em si mesmo. Ildebrando Pizzeti faz uma referência deliberada ao contraponto renascentista em suas duas canções Sappho, de 1964, enquanto seu conterrâneo Goffredo Petrassi explora uma ampla gama de técnicas corais modernas, de glissandi ilustrativos ao caos dissonante, em seus corais Nonsense (publicados em 1952) baseados em versos de Edward Lear.
Em uma época em que uma carga expansiva e sobrecarregada de som era a ordem do dia no trabalho coral alemão, compositores franceses ofereceram narrativas caprichosas e a poesia colorida da natureza. As Trois Chansons (1915) de Maurice Ravel, com textos dele mesmo, são uma mistura cativante de atrevida sabedoria popular e engenhosa simplicidade, enquanto Debussy incorpora antigos textos franceses em uma linearidade arcaica em suas Trois Chansons de Charles d´Orléans (1904). As Chansons bretonnes do compositor holandês Henk Badings são brilhantes estudos vocais no idioma francês, enquanto os coros Ariel do grande compositor suíço Frank Martin são importantes estudos preliminares para sua ópera A Tempestade. Não bastassem esses belos trabalhos, é a cantata para 12 vozes A Figura Humana (1943), de Francis Poulenc, a obra-prima do grupo francês: oito complexos movimentos corais a partir de textos do poeta comunista francês Paul Eluards que são o grito pessoal de protesto do compositor contra a ocupação nazista na França.
A Itália não foi o único reduto da música vocal no limiar do Barroco: a Inglaterra também manteve um alto nível em seus diversos esplendorosos corais de catedrais e na exclusiva Capela Real em Londres. O grande Thomas Tallis e seu pupilo William Byrd foram ambos membros da Capela Real, e Tallis serviu sob nada menos que quatro monarcas: Henrique VIII, Eduardo VI, Maria I e Elizabeth I. Enquanto a fama de Tallis reside em sua música coral de ingenuidade contrapuntística e grande destreza técnica, Byrd e seu pupilo Thomas Morley possuíam um alcance mais amplo, escrevendo refinadas séries de madrigais em estilo italiano. Esses, ao lado das canções usualmente melancólicas de John Dowland (“Semper Dowland, semper dolens“), representam o florescer supremo da música vocal elizabetana. Após a música vocal inglesa atingir seu pico barroco com as obras de Henry Purcell, o “sceptrd` Isle” teve que esperar até o século XX com o compositor Benjamin Britten para renovar a bela tradição coral do país com peças como seu Hino para Santa Cecília (1942).
As obras do pós-guerra incluídas nessa seleção não se prestam a serem rotuladas em nenhum escaninho nacional. Elegi, do compositor e professor sueco Lars Edlund, a intrincada Lux aeterna (1966) para 16 vozes de György Ligeti e Gyro de Niccolò Castiglione representam a vanguarda internacional no período posterior à Segunda Guerra Mundial, em que estilos individuais contavam mais que escolas locais.
Música coral virtuosa (cds 4 – 6) Música coral virtuosa: o título da lendária produção da Electrola lançada em 1978 não foi escolhido apenas para ressaltar a perfeição técnica de tirar o fôlego do Coro da Rádio de Estocolmo e de seu irmão, o Coro de Câmara de Estocolmo. O termo “virtuoso” também se aplica ao repertório gravado: as peças corais italianas do cd 4 são ampla evidência dos tesouros aguardando descoberta por alguém com ouvidos tão sensíveis como Eric Ericson.
A abertura aqui fica por conta de Claudio Monteverdi, cuja Sestina, de 1614, sobre a morte de uma soprano da corte de Mantua ergue o sarrafo no que se refere ao estilo vocal italiano e à riqueza harmônica. Como muitos compositores italianos do século XX, de Gian Francesco Malipiero a Luca Lombardi, Luigi Dallapiccola sentiu-se em dívida para com o novo e expressivo estilo vocal introduzido por Monteverdi. Os dois primeiros corais de seus Sei cori di Michelangelo il Giovane (1933-36) apresentam, em sagaz antítese, os coros das esposas infelizes (malmaritate) e o dos maridos infelizes (malammogliati). Mais heterogêneos em estilo são os três coros que Ildebrando Pizzetti dedicaram ao Papa Pio DII em 1943, para marcar seu 25º jubileu como sumo pontífice. O noturno no poema Cade la sera de D´Annunzio se desdobra em largos arcos que preenchem o espaço tonal, enquanto os textos bíblicos inspiram Pizzetti a um estilo mais arcaico e austero.
Lars Johan Werle, que chefiou por muitos anos o departamento de música de câmara da Rádio Sueca, apresentou um cartão de visitas em nome da música coral sueca contemporânea – que somente desenvolveu uma tradição autônoma sob a influência de Ericson e seus corais – com seus Prelúdios Náuticos de 1970. O compositor adorna a combinação do tratamento experimental das vozes com idéias precisas sobre articulação e a transformação do texto em música com expressões marítimas. Em contraste com este virtuoso estudo, Krzystof Penderecki escreveu seu Stabat Mater em 1962, no antigo estilo de música sacra funeral. O gênio altamente individual com que Penderecki procede da abertura com sinos em uníssono, atravessando uma intrincada polifonia tecida por três corais de 16 vozes, até o casto, luminoso acorde em puro ré maior do Gloria lhe renderam o status de um dos principais compositores jovens da Polônia na estreia de sua Paixão de São Lucas, em 1966, da qual o Stabat Mater faz parte.
Um dos focos das atividades dos dois corais, ao lado da música italiana de Gabrieli a Dallapiccola, sempre foi o repertório alemão a capella do Romantismo tardio, cujos antípodas característicos foram Max Reger e Richard Srauss. Enquanto Reger trabalhou para promover uma renovação da música litúrgica protestante no espírito de Bach, como fica evidente em seus Acht Gesänge (“Oito hinos”) de 1914, Strauss enxergava no coral de múltiplas vozes um equivalente vocal do grandioso entrelaçamento de seu estilo instrumental. Essa tendência da música coral de Strauss está documentada nessas duas peças, separadas por quase quatro décadas: sua adaptação para o poema Der Abend (“A noite”, de 1897), de Friedrich Schiller, e a caprichosamente ocasional Die Göttin im Putzzimmer (“A deusa no quarto de limpeza”), de 1935, com seus ecos da bucólica ópera Daphne, de Strauss.
Nessa jornada de descoberta ao longo da música coral europeia do século XX, é sobre as obras-primas francesas de Poulanc e Jolivet, e particularmente de Messiaen e Martin, que os dois corais de Estocolmo lançaram uma nova luz. O espectro expressivo dos ciclos apresentados aqui é inegavelmente impressionante. Enquanto em 1936 – muito após o Grupo dos Seis ter rompido – Poulenc voltou mais uma vez à poesia de Apollinaire e Eluard em suas Sept chansons, André Jolivet combinou textos sacros egípcios, indianos, chineses, hebreus e gregos em seu Epithalame, escrito em 1953 para celebrar seu vigésimo aniversário de casamento de uma forma mística. Naquele mesmo 1936, Olivier Messiaen, então com 28 anos, juntou-se a Jolivet e Daniel Lesur para criar o grupo Jeune France (“França jovem”), mas logo partiria novamente em seu idiossincrático caminho, alternando entre catolicismo, técnicas avant-garde e uma filosofia totalizante da natureza. Em termos de conteúdo, os Cinq Rechants de Messiaen, ligados entre si por refrões (rechants), representam um homólogo vocal de sua Sinfonia Turangalîla, que parte da história de Tristão e Isolda para criar uma mitologia de amor, natureza e morte. Frank Martin, nascido em Genebra, por sua vez, considerou sua Missa (1922-6) como algo “que diz respeito apenas a mim e Deus”. É música de pureza espiritual e arcaica, cuja estreia Martin autorizou apenas quarenta anos depois de sua composição.”
Obs.: para não deixar esse post ainda mais comprido, a lista completa de movimentos, intérpretes e afins está fotografada, dentro do arquivo de download.
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Five centuries of European choral music
Disco 1 Johannes Brahms (1833-1897) Fest. und Gedenksprüche, op. 109
Max Reger (1873-1916) O Tod, wie bitter bist du, op 110/3
Arnold Schönberg (1874-1951) Friede auf Erden, op. 13
Richard Strauss (1864-1949) Deutsche Motette, op. 62
Lars Edlund (1922-2013) Elegi
Béla Bartók (1881-1945) Vier slowakische Volkslieder
Disco 2 Béla Bartók (1881-1945) Ungarische Volkslieder
György Ligeti (1923-2006) Morgen Nacht Lux aeterna
The Choir of New College, Oxford Maestro Edward Higginbottom
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Cantiones Sacrae (1589) 1983
William Byrd (Inglaterra, 1540 – 1623)
The Choir of New College, Oxford Maestro Edward Higginbottom
William Byrd (1539 ou 1540 a 1623) nasceu Protestante, mas depois se tornou Católico. O Cantiones Sacrae 1575 foi uma associação com seu professor Thomas Tallis. A Rainha Elizabeth deu a Tallis e a Byrd uma patente exclusiva que lhes permitiu dominar a impressão de canções por 21 anos. Este conjunto também inclui algumas das músicas de teclado de Byrd tocadas no órgão. Esses motetos foram dedicados a Elizabeth I.
Os Cantiones Sacrae de 1589 e 1591 vêm após a morte de Tallis. Grande parte do texto narra as provações e atribulações de Jerusalém e pode representar a situação pobre dos católicos romanos ingleses da época.
Os textos são todos em latim com uma tradução em inglês incluída no livreto. O som é excelente no Choir of New College Oxford. (internet)
Cantiones Sacrae 1575 – 01 – Tribue Domine Cantiones Sacrae 1575 – 02 – Siderum Rector Cantiones Sacrae 1575 – 03 – Domine Secundum Actum Meum Cantiones Sacrae 1575 – 04 – Fantasia in D minor Cantiones Sacrae 1575 – 05 – Attolite Portas Cantiones Sacrae 1575 – 06 – Miserere mihi Domine Cantiones Sacrae 1575 – 07 – Fantasia in C Cantiones Sacrae 1575 – 08 – Aspice Domine quia Facta Est Cantiones Sacrae 1575 – 09 – Peccantem me Quotidie Cantiones Sacrae 1575 – 10 – Salvator Mundi II Cantiones Sacrae 1575 – 11 – O Lux Beata Trinitas
Cantiones Sacrae 1589 – 01 – In Resurrectione tua Cantiones Sacrae 1589 – 02 – Aspice Domine de sede Cantiones Sacrae 1589 – 03 – Vide Domine afflictionem Cantiones Sacrae 1589 – 04 – Domine tu jurasti Cantiones Sacrae 1589 – 05 – Vigilate Cantiones Sacrae 1589 – 06 – Domine secundum multitudinem Cantiones Sacrae 1589 – 07 – Tristitia et anxietas Cantiones Sacrae 1589 – 08 – Ne irascaris Domine Cantiones Sacrae 1589 – 09 – O quam gloriosum
Harmonia Mundi: História da Música Sacra vol 05/06: A missa polifônica, da Idade Média à Renascença (c.1300-c.1600)
Repostagem para incluir a versão em FLAC do CD # 5, gentilmente cedida pelo nosso estimado ouvinte Wagner Matos Ribeiro. Não tem preço !!!
A Missa era a forma musical mais importante para os compositores da Ars Nova e Renascença.
Durante a Idade Média, a música tinha evoluído da monodia gregoriana para a polifonia vocal e instrumental. Em termos modernos, diríamos que a missa era o contexto onde os compositores aplicavam mais significativamente os seus esforços criativos. Algumas missas caracterizavam-se por usarem um tema base – o cantus firmus – geralmente tomado de empréstimo, e que funcionava como uma espécie de viga melódica sobre a qual se construía o edifício polifônico.
A fonte podia ser sagrada ou profana; depois era isorritmicamente tornada irreconhecível e colocada, com o texto litúrgico, nas vozes interiores (tenor e alto) ao longo da missa, unificando assim as várias partes: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus & Agnus Dei.
Guillaume Dufay, um dos primeiros grandes mestres franco-flamengos, foi pioneiro no uso decanções populares em missas de cantus firmus, como a missa L’Homme Armé, obra que sobreviveu através de livros iluminados. Mas cinqüenta anos de pois, já na era da música impressa, Josquin Desprez – “o príncipe dos compositores” – inovou a tradição, alargando o cantus firmus às outras vozes, em missas como L’Homme Armé, publicada em 1502 pelo editor Petrucci de Veneza.
O Renascimento trouxe uma expressiva evolução tanto para a música sacra quanto para a secular. Na música sacra os compositores concentravam seus esforços em missas e motetos. As melodias do Canto Gregoriano tinham-se constituído no material básico das primeiras composições polifônicas das missas, porém Guillaume Dufay (c. 1400-1474) e outros usaram canções seculares com a mesma finalidade.
Músicos dos Países Baixos dominaram o cenário musical europeu durante a segunda metade do séc. XV. O estilo polifônico estabelecido por Johannes Ockeghem (1425-1495) e Josquin des Près (1440-1521) ampliou a dimensão sonora e persistiu até o início do séc. XVI; gradualmente, porém, diversos estilos e formas nacionais começaram a surgir. Na Alemanha, o coral luterano estabeleceu suas raízes, enquanto na Inglaterra o hino (o equivalente protestante do moteto latino) assumiu seu lugar na liturgia da Igreja Anglicana.
A missa polifônica alcançou seu apogeu através da obra de três grandes compositores: o italiano Giovanni Palestrina (1525-1584), o espanhol Luis de Victoria (1548-1611) e o flamengo Orlando de Lassus (1532-1594). Em Veneza, um estilo multicoral mais rebuscado foi desenvolvido por Andrea Gabrieli (1510-1586) e seu sobrinho e aluno Giovanni Gabrieli (1557-1612).
Giovani Pierluigi da Palestrinha indica os rumos da música na Igreja Católica, organizando e simplificando o contraponto. No ambiente da Contra Reforma, Palestrina foi incumbido de escrever uma música que buscasse uma maior compreensão do texto litúrgico (http://www.dellisola.com.br/musica/MISSA.pdf)
Palhinha: ouça a integral de Messe “La Bataille”
History of the Sacred Music vol. 05: The Polyphonic Mass from the Middle Ages to the Renaissance (c.1300-c.1600)-1
Guillaume de Machaut (sometimes spelled Machault) (France, c.1300-April 1377)
Estonian Philharmonic Chamber Choir, Maestro Paul Hillier 01. Messe de Notre Dame – 1. Kyrie 02. Messe de Notre Dame – 2. Gloria 03. Messe de Notre Dame – 3. Credo 04. Messe de Notre Dame – 4. Sanctus 05. Messe de Notre Dame – 5. Agnus Dei 06. Messe de Notre Dame – 6. Ite, missa est
Josquin Desprez (Franco-Flemish, c.1450 to 1455 – 1521)
Ensemble Clément Janequin & Dominique Visse (countertenor) 07. Missa Pange lingua – 1. Kyrie 08. Missa Pange lingua – 2. Gloria 09. Missa Pange lingua – 3. Credo 10. Missa Pange lingua – 4. O Salutaris 11. Missa Pange lingua – 5. Agnus
Clément Janequin (France, c.1485 – 1558)
Ensemble Clément Janequin & Dominique Visse (countertenor) 12. Messe “La Bataille” – 1. Kyrie 13. Messe “La Bataille” – 2. Gloria 14. Messe “La Bataille” – 3. Credo 15. Messe “La Bataille” – 4. Sanctus 16. Messe “La Bataille” – 5. Agnus Dei
History of the Sacred Music vol. 05: The Polyphonic Mass from the Middle Ages to the Renaissance-1 – 2009
History of the Sacred Music vol. 06: The Polyphonic Mass from the Middle Ages to the Renaissance (c.1300-c.1600) – 2
Orlande de Lassus (also Orlandus Lassus, Orlando di Lasso, Roland de Lassus, or Roland Delattre) (Franco-Flemish, 1532/1530-1594)
Huelgas-Ensemble. Maestro Paul Van Nevel 01. Missa ‘Tous les regretz’ – 1. Kyrie 02. Missa ‘Tous les regretz’ – 2. Gloria 03. Missa ‘Tous les regretz’ – 3. Credo 04. Missa ‘Tous les regretz’ – 4. Sanctus
Giovanni Pierluigi da Palestrina (Italy,1525-1594)
La Chapelle Royale & Ensemble Organum. Maestro Philippe Herreweghe 06. Missa ‘Viri Galilaei’ – 1. Kyrie 07. Missa ‘Viri Galilaei’ – 2. Gloria 08. Missa ‘Viri Galilaei’ – 3. Credo 09. Missa ‘Viri Galilaei’ – 4. Sanctus 10. Missa ‘Viri Galilaei’ – 5. Benedictus 11. Missa ‘Viri Galilaei’ – 6. Agnus Dei – I 12. Missa ‘Viri Galilaei’ – 7. Agnus Dei – II
William Byrd (England, 1540 – 1623)
Pro Arte Singers. Maestro Paul Hillier 13. Mass for 4 Voices – 1. Kyrie 14. Mass for 4 Voices – 2. Gloria 15. Mass for 4 Voices – 3. Credo 16. Mass for 4 Voices – 4. Sanctus 17. Mass for 4 Voices – 5. Benedictus 18. Mass for 4 Voices – 6. Agnus Dei
History of the Sacred Music vol. 06: The Polyphonic Mass from the Middle Ages to the Renaissance (c.1300-c.1600) – 2
The Phoenix Rising: The Carnegie UK Trust & the revival of Tudor church music
• Diapason d’Or, September 2013 • IRR Outstanding, September 2013 • CHOC du Classica, September 2013
Na comemoração do centenário do Carnegie UK Trust (http://www.carnegieuktrust.org.uk), o qual tornou possível o lançamento pioneiro do Tudor Church Music Edition, o Stile Antico interpreta a gloriosa música dessa publicação, inclusive a Mass de Byrd de 5 partes e obras de Tallis, Taverner, White, Morley e Gibbons.
Stile Antico’s shaping of the music is sublime, its knitting of the counterpoint mellifluous… Poised and polished though the performances are, there is always the sense that this is living music with a powerfully expressive sacred message. (GN, The Telegraph, 22.8.13
An ideal single-volume compendium of Tudor music… whether the music is early or late Stile Antico presents it with a glorious and compelling freshness… a powerful reappraisal of repertoire which has become so popular we now almost take it for granted. (Marc Rochester, International Record Review, September 2013)
The Phoenix Rising is a programme of works collated in the 1920s publication of Tudor Church Music by the Carnegie UK Society… Exquisitely rendered by the Stile Antico consort. (Andy Gill, The Independent, 26.7.13)
There’s a forthright quality to the voices of Stile Antico, and especially its sopranos, that suits this English repertoire, balancing beauty with an intensity that reminds us that this is the music of protest and oppression as well as faith. (Alexandra Coghlan, Gramophone, September 2013)
The Phoenix Rising
Stile Antico
William Byrd (England, 1540 – 1623) 01. Ave verum corpus
Thomas Tallis (England,c.1505-1585) 02. Salvator mundi (14th-century Eucharistic Hymn, attributed to Pope Innocent VI)
William Byrd (England, 1540 – 1623) 03. Mass for 5 voices: 1. Kyrie eleison 04. Mass for 5 voices: 2. Gloria in excelsis Deo
John Redford (1540), perhaps after Medieval original & Thomas Morley (England, 1557-1602) 05. Nolo mortem peccatoris
Orlando Gibbons (England, 1583-1625) 06. O clap your hands together (Psalm 47, Book of Common Prayer+Gloria)
William Byrd (England, 1540 – 1623) 07. Mass for 5 voices: 3. Credo
Robert White (England, c. 1538-1574) 08. Portio mea (Psalm 119, 57-64) 09. Hymn: Christe, qui lux es et dies, (Complete hymn, 4th setting)
Orlando Gibbons (England, 1583-1625) 10. Almighty and everlastig God (Book of Common Prayer, Collect, 3d Sunday after Epiphany)
William Byrd (England, 1540 – 1623) 11. Mass for 5 voices: 4. Sanctus & Benedictus
Thomas Tallis (England,c.1505-1585) 12. In ieiunio et fletu (Matin Responsory, first Sunday in Lent (after Joel 2,17)
William Byrd (England, 1540 – 1623) 13. Mass for 5 voices: 5. Agnus Dei
John Taverner (England, c.1490-1545) 14. O splendor gloriae (Anonym (afger Geb 1,3; 2,8, Ps. 145,5, 1 Pet. 2,24 etc.)
Harmonia Mundi: História da Música Sacra vol 04: O moteto polifônico, da Ars Antiqua à Renascença
A partir do sec. XIII, a crescente reorganização social em plena Idade Média, acabaria lentamente por desembocar no Renascimento, período não só de esplendor artístico e cultural, mas de ressurgimento e poder das cidades, que entrariam para a história com uma fama até então desconhecida. É neste contexto de transição, que na música os compositores vão se exercitar numa técnica, que viria a ser, talvez, a mais genial contribuição da música ocidental: a polifonia.
Pretender esgotar este tema em poucas palavras seria o mesmo que explorar os meandros da história desde a Idade Média até o séc.XX numa conversa rápida. Podemos dizer que após um período de quase mil anos de hegemonia monofônica do canto gregoriano, apresentou-se para os compositores da Ars Antiqua o problema de como estruturar suas obras vocais com objetivo de alçar vôo a formas de composições mais complexas, que garantissem meios de expressão musical, uma nova estética, onde unidade e contraste se opusessem de maneira harmônica.
O Moteto, assim, é este verdadeiro laboratório, que oriundo do cerimonial sacro, de funcionalidade ritual e mística, vai dar vazão à presença simultânea do elemento profano, como meio de excitar a arte da criação. Assim não será de se estranhar a presença nos motetos medievais e renascentistas de duas línguas como o latim e o francês, cantadas simultaneamente, por vozes diferentes. Aliás, é importante lembrar que uma das funções do moteto é justamente explorar a possibilidade musical da palavra. Notar a etmologia de moteto, que vem de mot (palavra), francês.
Outra característica importante seria a crescente independência das vozes, pois enquanto o cantus firmus, que trazia uma melodia gregoriana conhecida, se mantinha estável, outra voz ornamentava esta melodia, à maneira de um melisma, ou seja um tipo de vocalise. Posteriormente as melodias sacras foram substituídas por temas profanos, aonde se adaptavam os textos sacros. A isorritimia foi o início de um processo de composição que abriu as fronteiras para as complexas técnicas de composição que haveriam de se seguir, criando na música mistérios ocultos, revelados pelos apaixonados e estudiosos. Arte è cosa mentale (Leonardo da Vinci).
O período de ouro do moteto realmente é grande, desde a Ars Antiqua, com os mestres Léonin e Pérotin da École de Nôtre Dame, tendo a seguir na Ars Nova o brilho de Philippe de Vitry, Guillaume de Machaut e Guillaume Dufay. O ciclo continua com a Escola Flamenga, onde o contaponto é exercitado de maneira quase matemática, trazendo ao moteto todas as possibilidades de cânon. É claro, que já no séc. XVI, no auge da polifonia, com Palestrina, o moteto não encerra sua trajetória na arte da composição. Muitos séculos ainda testemunhariam as possibilidades inesgotáveis desta arte de explorar da palavra os seus recursos musicais, e colocar a música ao serviço do ritmo da palavra. Ainda teremos, Bach, Mozart, Brahms, Bruckner…para citar apenas alguns.
Palhinha: ouça 12. Renaissence: 3. Cantiones sacrae: Peccantem me quotidie
History of the Sacred Music vol. 04: The Polyphonic Motet from Ars Antiqua to the Renaissance
Anonymous
Theatre of Voices – Director: Paulo Hillier 01. Ars Antiqua – École de Notre Dame 1. Virgo flagellatur
Pérotin (France, fl. c. 1200), also called Pérotin the Great
Theatre of Voices – Director: Paulo Hillier 02. Ars Antiqua – École de Notre Dame 2. Mors
Anonymous
The Hilliard Ensemble – Director: Paulo Hillier 03. 14th-Century England 1. Campanis cum cymbalis. Honorem Dominan 04. 14th-Century England 2. Worldes blisse have good day (Benedicamus Domino) 05. 14th-Century England 3. Valde mane diluculo 06. 14th-Century England 4. Ovet mundus letabundus
Guillaume Dufay (Du Fay, Du Fayt) (Franco-Flemish, 1397? – 1474)
The Orlando Consort 07. Ars Nova & Pre-renaissance: 1. Ave Regina coelorum
John Dunstaple (or Dunstable) (England, c.1390 – 1453)
The Orlando Consort 08. Ars Nova & Pre-renaissance: 2. Salve scema sanctitatis/Salve salus servulorum/ Cantant celi agmina
John Plummer (also Plomer, Plourmel, Plumere, Polmier, Polumier (c.1410 – c.1483)
The Hilliard Ensemble – Director: Paulo Hillier 09. Ars Nova & Pre-renaissance: 3. Anna Mater Matris Christi
Josquin Desprez (Franco-Flemish, c.1450 to 1455 – 1521)
La Chapelle Royale – Director: Philippe Herreweghe 10. Renaissance: 1. Salve Regina
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623)
Ensemble Vocal Européen – Director: Philippe Herreweghe 12. Renaissence: 3. Cantiones sacrae: Peccantem me quotidie
Carlo Gesualdo, aka Gesualdo da Venosa (Italy, 1566 – 1613)
Ensemble Vocal Européen – Director: Philippe Herreweghe 13. Renaissence: 4. Tribulationem et dolorem 14. Renaissence: 5. Ecce quomodo moritur justus (Sabbato Sancto)
Hans Leo Hassler (Germany, 1564 – 1612)
Ensemble Vocal Européen – Director: Philippe Herreweghe 15. Renaissence: 6. Ad Dominum
History of the Sacred Music vol. 04: The Polyphonic Motet from Ars Antiqua to the Renaissance – 2009 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
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Gradualia, the Marian Masses – 1607 William Byrd Choir
‘Just for fun I listened to all nine Alleluia settings one after the other and was astonished at the variety and interest of the music … Byrd at his most impressive and sublime here in the glorious ‘Nunc Dimittis’ and in the delicate intricacy of ‘Optimam partem’. The recording and performances are superb’ (BBC Music Magazine Top 1000 CDs Guide)
Gradualia, the Marian Masses
William Byrd (1540-1623) 01. Suscepimus Deus – 1: Suscepimus Deus 02. Suscepimus Deus – 2: Iustitia 03. Suscepimus Deus – 3: Magnus Dominus 04. Sicut audivimus – 1: Sicut audivimus 05. Sicut audivimus – 2: Alleluia 06. Senex puerum portabat 07. Nunc dimittis 08. Responsum accepit Simeon 09. Salve sancta parens – 1: Salve sancta parens 10. Salve sancta parens – 2: Alleluia 11. Salve sancta parens – 3: Eructavit cor meum 12. Benedicta et venerabilis – Virgo Dei genetrix – 1: Benedicta et venerabilis – Virgo Dei genetrix 13. Benedicta et venerabilis – Virgo Dei genetrix – 2: Alleluia 14. Felix es, sacra Virgo 15. Beata es, Virgo Maria – 1: Beata es, Virgo Maria 16. Beata es, Virgo Maria – 2: Alleluia 17. Beata viscera – 1: Beata viscera 18. Beata viscera – 2: Alleluia 19. Rorate caeli – 1: Rorate caeli 20. Rorate caeli – 2: Benedixisti Domine 21. Tollite portas 22. Ave Maria – 1: Ave Maria 23. Ave Maria – 2: Alleluia 24. Ecce virgo concipiet – 1: Ecce virgo concipiet 25. Ecce virgo concipiet – 2: Alleluia 26. Vultum tuum – 1: Vultum tuum 27. Vultum tuum – 2: Alleluia 28. Speciosus forma – Eructavit – Lingua mea – 1: Speciosos forma – Erucavit – Lingua mea 29. Speciosus forma – Eructavit – Lingua mea – 2: Alleluia 30. Post partum 31. Felix namque es 32. Alleluia – Ave Maria – 1: Alleluia – Ave Maria 33. Alleluia – Ave Maria – 2: Virga Jesse 34. Gaude Maria 35. Diffusa est gratia – 1: Diffusa est gratia 36. Diffusa est gratia – 2: Propter veritatem 37. Diffusa est gratia – 3: Alleluia 38. Diffusa est gratia – 4: Vultum tuum 39. Gaudeamus omnes – 1: Gaudeamus omnes 40. Gaudeamus omnes – 2: Assumpta est Maria 41. Assumpta est Maria 42. Optimam partem elegit
Gradualia, the Marian Masses – (gravado em 1990 e comercializado em 2002)
William Byrd Choir. Gavin Turner (conductor)
For their fifth album, young British choral stars Stile Antico turn to Thomas Tallis magnificent seven-part Christmas Mass, based on the plainchant Puer natus est (A boy is born). The mass is interspersed with seasonal Tudor music, including William Byrd’s exquisite Propers for the fourth Sunday of Advent (from the Gradualia of 1605), responsories by Taverner and Sheppard, Robert White’s exuberant setting of the Magnificat, and Tallis own sublime Videte miraculum. All of Stile Antico’s previous recordings for Harmonia Mundi have charted on Billboard and the group has twice earned the Diapason d’Or de l annèe, the Preis der deutschen Schallplattenkritik and twice received GRAMMY nominations. (Amazon.com)
Palhinha: ouça 07. Ave Maria (Gradualia I)
Thomas Tallis (England,c.1505-1585) 01. Videte miraculum
John Taverner (England, c.1490-1545) 02. Audivi vocem de caelo
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623) 03. Rorate caeli desuper (Gradualia I, 1605)
Thomas Tallis (England,c.1505-1585) 04. Gloria (Missa Puer natus est)
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623) 05. Tollite portas (Gradualia I)
Thomas Tallis (England,c.1505-1585) 06. Sanctus & Benedictus (Missa Puer natus est)
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623) 07. Ave Maria (Gradualia I)
Thomas Tallis (England,c.1505-1585) 08. Agnus Dei (Missa Puer natus est)
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623) 09. Ecce virgo concipiet (Gradualia I)
Robert White (England, c. 1538-1574) 10. Magnificat
Plainchant 11. Puer natus est
John Sheppard (England, c. 1515-1558) 12. Verbum caro
Tudor Music for Advent and Christmas – 2010
Stile Antico
Eu tenho um blog sobre literatura e otras cositas. Lá, invisto um pouco mais de angústia. Aqui, é pura diversão. Mas, uma vez, fiquei muito decepcionado com o PQP. Lembrei disto hoje, ao ver que quase toda a lista de compositores acima já tinha sua categoria no blog, apesar de não possuir posts correspondentes. Acontece que tivemos um participante do blog que postava muita música elisabetana e música do barroco francês, além de Debussy, Schubert e tudo aquilo que se referisse a Alfred Brendel. Este participante avisou que não teria mais tempo para postar e que se retiraria. OK, sem problemas. Só que, sem avisar, ele deletou todos os seus posts e ficamos destituídos de um verdadeiro tesouro. Até hoje tento entender o que o levou a fazer aquilo. Falei com ele, perguntando-lhe o motivo do tresloucado ato. A resposta foi: “Ora, estava saindo, achei natural deletar”… Bem, deixemo-lo de lado. Cada um tem de cuidar da própria loucura.
Estes são os discos mais sem graça da coleção. Os Purcell, como sempre, são ótimos, mas o resto… É só legalzinho, divertidozinho, maisoumenoszinho… Putz, fiquei de mau humor ao lembrar das deleções. Tenho quase todos os arquivos comigo, mas que coisa irritante!
The Gustav Leonhardt Edition (CDs 13, 14 e 15 de 21)
CD 13:
Henry Purcell
01. Overture In D Minor, Z771
02. Pavan In B Flat Major, Z750
03. Ground In D Minor, Z222
04. Overture (With Suite) In G Major, Z770
05. Pavan In A Minor, Z749
06. Fantasia (Chaconne): Three Parts On A Ground In D Major, Z731
07. Overture In G Minor, Z772
08. Suite In D Major, Z667
09. Pavan Of Four Parts In G Minor, Z752
10. Sefauchi’s Farewell In D Minor, Z656
11. A New Ground In E Minor, Z682
12. Sonata In A Minor, Z804
13. Fantasia A 4 No. 7
14. Fly Swift, Ye Hours
15. The Father Brave
16. Return, Revolting Rebels
Max Van Egmond, bass (14-16)
Bruegen-Consort (13)
Leonhardt-Consort / Gustav Leonhardt, harpsichord / organ
William Lawes
02-04. Suite: No. 1 In C Minor
05-06. Suite No. 2 In F Major
07-09. Sonata No.7 In D Minor
10. In Nomine (From Suite No. 3 In B flat Major)
Apoie os bons artistas, compre suas músicas.
Apesar de raramente respondidos, os comentários dos leitores e ouvintes são apreciadíssimos. São nosso combustível.
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The Image of Melancholy Barokksolistene Bjarte Eike
Barokksolistene, fundado e liderado pelo violinista e diretor artístico norueguês Bjarte Eike, é um conjunto barroco que “traz os ritmos puros da música folclórica escandinava para … o mais puro barroco” [Financial Times].
“The Image of Melancholy” é um dos primeiros grandes discos do grupo, foi lançado pelo selo BIS e explora o uso da melancolia na música ao longo dos séculos.No mesmo mês, em que foi lançado, ganhou o “International Recording of the Year” do Danish P2 Prisen Award.
Bjarte Eike e Barokksolistene estão localizados na Noruega e se estabeleceram em 2005. Eles são muito gratos por receber apoio do governo via Kulturraind e a comunidade da Noruega como orgulhosos embaixadores da cultura norueguesa.
Bjarte Eike (Noruega, 1972 -) 01. Savn – a tune for Signe
Anthony Holborne (Inglaterra, c1545 – 1602) 02. Image of melancholy
John Dowland (Inglaterra, 1563 – 1626) 03. Book of Songs, Book 2: Sorrow, stay, lend true repentant tears
Jørgen Nyrønning (Noruega, atual) 04. Bjørnsons bruremarsj
Anthony Holborne (Inglaterra, c1545 – 1602) 05. Wanton
Tradicional, Noruega 06. Gjendines bådnlåt
Ebba Rydqvist Ryan (Suécia, atual) 07. Mystery (Rosary) Sonata No. 9, “Jesus Carries the Cross”: I. Sonata
Dietrich Buxtehude (Suécia, 1637 – Free City of Lübeck, 1707) 08. Fried- und Freudenreiche Hinfahrt, BuxWV 76: II. Klag-Lied
Anthony Holborne (Inglaterra, c1545 – 1602) 09. Muy linda
Tradicional croata. Voz por Milos Valent 10. Joj Mati (Oh, mother, dear mother)
Traditional Swedish wedding march 11. Evertsbergs gamla brudmarscharr, arr. Bjarte Eike
Berit Norbakken Solset (Noruega, 1977 – ) 12. Bånsull
Anthony Holborne (Inglaterra, c1545 – 1602) 13. Last will and testament
Ruaidri Dáll Ó Catháin (Irlanda, c1570-c1650) 14. Tabhair dom do lamh (Give me your hand)
John Dowland (Inglaterra, 1563 – 1626) 15. Flow, my tears / Lachrimae antiquae
Jon Balke (Noruega, 1955 – ) 16. Introducing Susanne
Johann Sommer (Alemanha, 1542 – Roménia, 1574) 17. Devising Susanne
John Dowland (Inglaterra, 1563 – 1626) 18. Gaillard ‘Susanna’
William Byrd (England, 1540 – 1623) 19. Ye sacred muses
Niel Gow (Escócia, 1727 – 1807) 20. Niel Gow’s lament for the death of his second wife, arr. Bjarte Eike
The Image of Melancholy – 2014 – Bjarte Eike – violin/director
Milos Valent – viola/vocal
Kanerva Juutilainen – violin
Judith-Maria Blomsterberg – cello
Thomas Pitt – cello
Fredrik Bock – guitar/lute
Hans Knut Sveen – organ
Mattias Frostenson – bass
Collegium Musicum de São Paulo 40 anos: 1962 – 2002
REPOSTAGEM
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Collegium Musicum de São Paulo – 40 anos
Jacob Obrecht (Franco-Flemish, 1457/8-1505) 01. Parce Domine
Loyset Compère (French, c.1445-1518) 02. O Vos Omnes
Thomas Tallis (England,c.1505-1585) 03. O Sacrum Convivium
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623) 04. Ave Verum Corpus
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ) 05. Immutemur Habitu 06. Inter Vestibulum
Anton Bruckner (Austria, 1824-1896) 07. Locus Iste 08. Ave Maria
Ernst Widmer (Aarau, Suiça 1927-1990, viveu na Bahia) 09. Salmo 150
Ernst Mahle (Stuttgart, Germany 1929-hoje em Piracicaba, SP) 10. Arca de Noé
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ) 11. Laudate Pueri – Salmo 112 (Les Chant des Oyseaux)
Collegium Musicum de São Paulo – 40 anos – 2001
Diretor: Abel Rocha
Outro CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!
Conjunto Musikantiga de São Paulo, fundado por Ricardo Kanji em 1966.
REPOSTAGEM
Ricardo Kanji nasceu em São Paulo em 1948. Iniciou os seus estudos musicais com Tatiana Braunwieser, prosseguindo-os com Lavínia Viotti que lhe proporcionou o primeiro contacto com a flauta doce. Aos quinze anos de idade começou a estudar flauta transversal com João Dias Carrasqueira e, dois anos mais tarde, ingressou nas orquestras Filarmônica e Sinfônica Municipal de São Paulo. Em 1966, depois de um período de estudos nos Estados Unidos da América, fundou o conjunto Musikantiga, com o qual manteve uma significativa e inovadora atividade musical no país.
Em 1969, Ricardo Kanji regressou aos EUA para estudar flauta transversal no Peabody Institute of Music, em Baltimore. Tendo decidido dedicar-se ao estudo da Música Antiga, no fim do mesmo ano viajou para a Holanda, onde estudou no Conservatório Real de Haia com Frans Brüggen e Frans Vester, entre 1970 e 1972, obtendo então seu «Solist Diploma». Em 1970 foi premiado no I Concurso Internacional de Flauta Doce, em Bruges, na Bélgica.
Em 1973 foi nomeado professor sucessor de Frans Brüggen no Conservatório Real de Haia, cargo que ocupou até 1995, dedicando-se à formação de músicos provenientes de todo o mundo. Como diretor da Orquestra Barroca do Conservatório, por ele criada, realizou vários projetos com inúmeras séries de concertos, com repertórios barroco e clássico.
O Conjunto Musikantiga de São Paulo foi fundado em 1966 por Ricardo Kanji e seu irmão Milton Kanji (flautas doces), Paulo Herculano (cravo) e Dalton de Luca (viola de gamba). Esse primeiro volume, de 1967, foi um verdadeiro sucesso, muito apreciado pela juventude da época.
Acho que comprei esse LP com o primeiro salário que ganhei como universitário recém formado, em março de 1968 mas, ao almoçar hoje na casa do meu irmão caçula, êle me disse que esse LP era dele e que eu o ‘afanei’! Então não sei mais nada e, isso sim, dedico esta postagem ao meu irmão caçula Luis Carlos!
Palhinha: ouça 03. Sonata a tres, nº 5 (1736)
Conjunto Musikantiga de São Paulo
Anônimo do séc. XVIII 01. Greensleeves to a ground
Anônimo do séc. XIV 02. Il lamento di Tristano
Pierre Prowo (1697-1757) 03. Sonata a tres, nº 5 (1736)
Orlando Gibbons (England, 1583-1625) 04. Galharda
John Dowland (England, 1563-1626) 05. Lacrimae antiquae
Diego Ortiz (Spain, ca.1510–ca.1570) 06. Recercada Quinta
Jean-Baptiste Loeillet of London (Flemish, 1680-1730) 07. Sonata para flauta e baixo contínuo
Anônimo do séc. XIII 08. Il trotto
J. Adson (séc. XVI) 09. Aria
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623) 10. Pavana e galharda
A. Valderravano (séc. XVI) 11. Fantasia
Anônimo do séc. XIII 12. Moteto: alle psalite cum luya
Trevor Pinnock tem cada gravação… O Messias dele… O que é aquilo? E as 6 Partitas de Bach? Aqui, ele resolveu fazer um disco-ostentação explorando 200 anos da história do cravo, entre 1550 e 1750, mais ou menos. O resultado é esplêndido de cabo a rabo, dando um pouquinho mais de espaço para meu pai, além de Handel e Scarlatti, o filho. Eu quase não consegui chegar ao Frescobaldi, tão boa achei sua interpretação da Suíte Francesa Nº 6. Longa vida para Pinnock que, de Pinóquio, só tem o narigão!
Cabezón / Byrd / Tallis / Bull / Sweelinck / Bach / Frescobaldi / Handel: Journey – 200 anos de música para cravo
1. Cabezón Diferencias sobre ‘El canto del caballero’
2. Byrd The Carman’s Whistle
3. Tallis O ye tender babes
4. Bull The King’s Hunt
5. Sweelinck Variations on ‘Mein junges Leben hat ein End’, SwWV 324
J.S. Bach French Suite No. 6 in E major, BWV 817
6. Prélude
7. Allemande
8. Courante
9. Sarabande
10. Gavotte
11. Polonaise
12. Bourée
13. Menuet
14. Gigue
15. Frescobaldi Toccata Nona
16. Frescobaldi Balletto primo e secondo
17. Handel Chaconne in G major, HWV 435
Scarlatti Three Sonatas in D major, K. 490-492
18. Sonata, K. 490: Cantabile
19. Sonata, K. 491: Allegro
20. Sonata, K. 492: Presto
Sempre tive receio de discos com Dowland, Byrd e seus contemporâneos. Mas sou obrigado a retirar quaisquer restrições a este CD de Andreas Scholl e Concerto di Viole. Em primeiro lugar porque Scholl é espetacular, inigualável; seu cantar de contratenor realmente pertence a outro mundo. Em segundo lugar pelo extraordinário repertório escolhido. Disco perfeito para iniciar o domingo em beleza e paz.
Obs.: o CD original possui 21 faixas de canções escolhidas. Mas só obtive as 11 primeiras. Se alguém encontrar o CD completo em mp3, favor deixar o link nos comentários. Mesmo assim, vale a pena ouvir as 11 primeiras faixas deste tremendo trabalho.
John Dowland and his contemporaries: Crystal Tears
1. John Dowland: Go crystal tears 6:29
2. John Ward: Fantasia No. 4 3:30
3. John Dowland: Now, O now, I needs must part 4:32
4. John Dowland: Go nightly cares 4:02
5. John Ward: Fantasia No. 3 2:55
6. John Dowland: Sorrow, come! 3:59
7. John Dowland: Semper Dowland, semper dolens 3:31
8. John Dowland: The Lady Rich her galliard 2:04
9. Robert Johnson: Have you seen the bright lily grow? 2:51
10. William Byrd: Though Amaryllis dance in green 3:43
11. John Bennet: Venus’ birds whose mournful tunes 3:35
Eu não sou doido pelas missas antigas. É uma música extática demais para o meu gosto. Sua intrincada polifonia me agrada por 15-20 min e depois cansa. Vocês podem me rebater que Byrd não escreveu suas três missas para serem ouvidas de enfiada como fazemos numa audição de um CD e serei obrigado a lhes dar razão. O Tallis Scholars é um conjunto simplesmente espetacular e só por ele já valeria ouvir o disco, nem que seja em drágeas.
William Byrd (1540-1623): The Three Masses
1. Byrd: Mass for five voices: Kyrie (Mass for 5 voices) 1:28
2. Byrd: Mass for five voices: Gloria (Mass for 5 voices) 4:55
3. Byrd: Mass for five voices: Credo (Mass for 5 voices) 8:41
4. Byrd: Mass for five voices: Sanctus & Benedictus (Mass for 5 voices) 3:47
5. Byrd: Mass for five voices: Agnus Dei (Mass for 5 voices) 3:49
6. Byrd: Mass for four voices: Kyrie (Mass for 4 voices) 2:03
7. Byrd: Mass for four voices: Gloria (Mass for 4 voices) 5:29
8. Byrd: Mass for four voices: Credo (Mass for 4 voices) 7:31
9. Byrd: Mass for four voices: Sanctus & Benedictus (Mass for 4 voices) 3:39
10. Byrd: Mass for four voices: Agnus Dei (Mass for 4 voices) 3:29
11. Byrd: Mass for three voices: Kyrie & Gloria (Mass for 3 voices) 5:12
12. Byrd: Mass for three voices: Credo (Mass for 3 voices) 6:36
13. Byrd: Mass for three voices: Sanctus & Benedictus (Mass for 3 voices) 2:46
14. Byrd: Mass for three voices: Agnus Dei (Mass for 3 voices) 3:24
15. Byrd: Ave verum corpus 4:16
Continuamos a saga pelos fantásticos instrumentos antigos!
Uns que deixaram de existir, outros foram mudando tanto ao longo dos anos que hoje possuem timbres já bastante distintos de seus originais.
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Também continuo sacana e estou esperando a última postagem, no domingo, para disponibilizar o livro completinho. Aqui vou deixando algumas imagens e trechos a cada dia, para que vocês tenham cada vez mais vontade de possuí-lo (ui!).
Hoje começam a aparecer alguns nomes de compositores mais famosos, como William Byrd e Orlando de Lasso (Roland de Lassus) e há também música vocal, mas o CD é uma verdadeira aula da família da viola! Tem composições com vários membros diferentes da família, além das aparições de bombardas, flautas de vários tipos e harpa cromática, entre outros. Muita informação num Cd só.
AGUARDEM! Já estamos no terceiro dos oito CDs, um por dia, de domingo passado até o domingo que vem, coroando com o livro de 200 páginas escaneado integralmente ao final.
Ouça! Leia! Estude! Divulgue e… Deleite-se!
Guide des Instruments Anciens – CD3
Fantasias & Ricercare / Chansons & Madrigais / Música eclesiástica / Variações
Dentre as esquisitices do grande Glenn Gould, gosto muitíssimo deste CD. Interpretando obras que gritam e suplicam por um cravo, ele realiza belo trabalho de adestramento. Adestramento de ouvintes, bem entendido. No final, já achamos tudo natural como se Sweelinck, Gibbons e Byrd tivessem ficado 400 anos apenas esperando a irrupção deste gênio do teclado. Sabemos que Gould à vezes fazia disco-tese ou discos-conceito. Não sei da história deste que posto hoje, mas não duvido de nada quando há Gould envolvido. De nada. Ouvi várias vezes sua interpretação destes elisabetanos e acho que identifico algumas magias de estúdio. Ele, além de cantar junto com o piano, adorava brincar com tecnologia… Enjoy!
Consort of Musicke by William Byrd & Orlando Gibbons; Sweelinck: Fantasia in D (The Glenn Gould Edition)
1. William Byrd – First Pavan and Galliard 7:13
2. Orlando Gibbons – Fantasy in C Major 3:38
3. Orlando Gibbons – Allemande (Italian Ground) 1:56
4. William Byrd – Hughe Ashton’s Ground 9:56
5. William Byrd – Sixth Pavan and Galliard 5:20
6. Orlando Gibbons – Lord of Salisbury Pavan and Galliard 5:50
7. William Byrd – A Voluntary 3:33
8. William Byrd – Sellinger’s Round 5:45
9. Jan Pieterszoon Sweenlinck – Fantasia in D 7:22
FDP Bach volta agora seus olhos para a Renascença, para o conturbado período da História da Inglaterra em que se cortavam pescoços com a maior facilidade, bastando pra tanto ser contra os preceitos religiosos então em vigor. William Byrd viveu neste período, e intensamente, diga-se de passagem. Atravessou um século riquíssimo em novas descobertas científicas, que se aplicaram a todas as áreas do conhecimento humano. Músico da corte, favorito da própria Elisabeth I, William Byrd foi o músico e compositor mais famoso de sua época. Neste cd que hoje está sendo postado, novamente temos Emma Kirkby com sua voz angelical, interpretando diversas canções daquele compositor. É acompanhada pelo excelente grupo de câmera Fretworks.
William Byrd (1540-1623) – Consort Songs
1 – My mind to me a kingdom is 2 – Fantasia a 6 3 – O Lord, how vain 4 – Content is rich 5 – Constant Penelope 6 – Pavan a 6 7 – Galliard a 6 8 – My mistress had a little dog 9 – O that most rare breast 10 – The noble famous Queen 11 – Fantasia a 4 12 – Out of the orient crystal skyes 13 – O Lord, bow down thine heavenly eyes 14 – Fantasia a 6 15 – Truth at the first 16 – O you that hear this voice 17 – He that all earthly pleasure scorns
Emma Kirkby – Soprano Fretwork Richard Boothby, Richard Campbell, Wendy Gillespie, Julia Hodgson, William Hunt , Suzanna Pell.