Esse é um daqueles CDs a respeito do qual eu não esperava nada e que me surpreendeu positivamente, muito positivamente. Graun é uma espécie de Carl Phillip Emanuel sem zumbido na cabeça (o que torna CPE genial, bem entendido). Então, de forma um pouco mais convencional, Graun nos entusiasma com sua grande inventividade. Agora, vai entender porque está tão fora do repertório… Atenção, orquestras de câmara, confiram!
Johann Gottlieb Graun (1703–1771): Concertos
1. Sinfonia Grosso in D major: I. Allegro maestoso 3:31
2. Sinfonia Grosso in D major: II. Arietta: Grazioso 2:59
3. Sinfonia Grosso in D major: III. Allegro scherzando 3:37
4. Violin Concerto in D minor: I. Allegro 5:37
5. Violin Concerto in D minor: II. Adagio 5:30
6. Violin Concerto in D minor: III. Allegro assai 6:00
7. Violin Concerto in A major: I. Allegretto 6:28
8. Violin Concerto in A major: II. Largo 6:17
9. Violin Concerto in A major: III. Allegro assai 5:50
10. Viola da Gamba Concerto in A major: I. Allegretto 9:13
11. Viola da Gamba Concerto in A major: II. Adagio 8:02
12. Viola da Gamba Concerto in A major: III. Allegro 5:32
Antes de qualquer coisa, vou esclarecendo que admiro muitíssimo a obra do finlandês Jean (Johan Julius Christian) Sibelius. Suas sinfonias, poemas sinfônicos, suítes, aquele fantástico concerto para violino, assim como suas obras de câmara — sonatas (tão bem interpretadas por Glenn Gould) e quartetos — sempre estiveram próximos de meu CD Player. Já foi um autor popularíssimo, hoje não é mais. A obra que me parece ser seu ponto mais alto, o poema sinfônico Tapiola, recebe poucas gravações. Não entendo.
Aqui o temos com Karajan e a Filarmônica de Berlim, o que não é garantia de nada. Karajan gravava tanto que era impossível acertar sempre. Se ele acerta no ângulo ao dar à Sinfonia Nº 4 todas as soturnas trevas que ela merece — com seu belo solo inicial de violoncelo, aqui maravilhosamente tocado — , erra na Nº 7 e volta a fazer um golaço na Valsa Triste. Depois que Mravinski, em fevereiro de 1965, gravou a sétima, tudo deveria ter mudado. Mravinski (e também Sibelius!) fez com o trombone levasse à frente toda a música, dando-lhe enorme destaque. Karajan permaneceu numa concepção antiquada da obra, mesmo tendo-a registrado três anos depois do russo. O trombone está no mesmo nível dos outros instrumentos e, quando ouvimos a Filarmônica de Berlim, parece que alguma coisa no aparelho de som não está funcionando. Cadê o solo? O Alex Ross deve ter detestado essa gravação da sétima.
Na Valsa Triste não há como errar. Belíssima peça de concerto, foi, ao lado do Bolero de Ravel e do Pássaro de Fogo de Stravinski, o carro-chefe do filme de Bruno Bozzetto Música e Fantasia (Allegro Non Troppo, 1976).
http://youtu.be/P8Oc_J1Lu-o
Jean Sibelius: Sinfonien 4 & 7 / Valse Triste
Sinfonie Nr. 4 Op. 63
1. Tempo molto moderato, quasi adagio
2. Allegro molto vivace
3. Il tempo largo
4. Allegro
Sinfonie Nr. 7 Op. 105
5. Adagio
6. Meno adagio
7. Poco rallentando al Adagio
8. Presto – Poco a poco rallentando al Adagio
PQP,
é uma obra prima se não conhece.
abs
dr cravinhos.
O e-mail que o Dr. Cravinhos enviou não passava disso. E nem precisava. Como sempre faço, levei meses para ouvir o CD. Vou contar pra vocês, ele tem toda a razão. Silvestrov é um compositor erudito ucraniano. A maioria de seus trabalhos podem ser considerados neoclássicos. São tonais, delicados e melodiosos. São mais, são de alta densidade emocional, qualidade que Silvestrov considera sacrificada em grande parte da música contemporânea. “Eu não escrevo nova música. Minha música é uma resposta a um eco que existe em mim”. Em Silent Songs, Silvestrov pediu que “os intérpretes demonstrassem uma expressão de quem se rende a alguém ou a uma situação, uma expressão vencida, subjugada, mas sem psicologia”. A simplicidade de Martinov é fiel à intenção do compositor. É uma interpretação privada, ultracamarística, espantosamente bela e triste. Pena não termos os poemas cantados em russo. A nominata dos poetas revela bom gosto literário.
Estamos frente a uma das maiores coleções de lieder compostas no século XX. Ah, você duvida? Então baixe e ouça, tolinho.
IMPERDÍVEL!!!
Valentin Silvestrov (1937): Silent Songs (twenty-four songs), a vocal cycle in four sections on poems by classical poets for soprano or baritone and piano (1974-1977)
I. Five Songs on texts by: Evgeni Boratynski, John Keats, Alexander Pushkin and Taras Shevtschenko
1. Poetry heals the ailing spirit (Boratynski)
2. There where storms and bad weather (Boratynski)
3. La Belle Dame sans merci (Keats, russian by B. Levik)
4. Melancholy time! Enchantment for the eyes!) (Pushkin)
5. Farewell, o world! Farewell, o Earth) (Shevtschenko)
II. Eleven Songs on texts after Pushkin, Mikhail Lermontov, Fiodor Tjutshev, Percy Bysshe Shelley and Sergei Jessenin
1. What is my name to you? (Pushkin)
2. I will tell you with complete directness (Mandelstam)
3. I drink to the health of Mary’s health (Pushkin)
4. Through waving mists (Pushkin)
5. A solitary sail shines white (Lermontov)
6. I met you … (Tiutshev)
7. The isle (Shelley)
8. Indescribable blue, tender (Jessenin)
9. Autumn song (Jessenin)
10. Swamps and marshes (Jessenin)
11. Winter evening (Pushkin)
III. Three Songs after Lermontov
1. When the yellowing cornfield stirs
2. I go out alone on to the road
3. The mountain summits
IV. Five Songs on texts after Pushkin, Tiutshev, Ossip Mandelstam and Vassili Shukovski
1. Elegy (Verses composed at night, during insomnia) (Pushkin)
2. Chorale (God has taken all away from me in punishment) (Tiutshev)
3. Meditation (It is time, my friend) (Pushkin)
4. Ode (And Schubert on water) (Mandelstam)
5. Postludium (Don’t talk with sorrow about the dear companions) (Shukovski)
Duas obras esplêndidas de Prokofiev, gravadas por dois extraordinários grupos de pianistas, regentes e orquestras. Ambos os CDs são notáveis e devem ser baixados, mas o time capitaneado por Gutiérrez e Järvi venceu com um gol de pênalti duvidoso nos descontos. A atuação de Järvi foi decisiva para resultado da partida. Um CD tem sete faixas, o outro, seis. Foram opções diferentes de divisão, mas as obras são rigorosamente as mesmas. Esses concertos sempre me deixam muito feliz, espero que aconteça o mesmo com vocês. PQP opina que o ideal é ouvi-los um após o outro, assim de enfiada. O efeito é garantido.
Estas obras, de 1913 e 1917, exigem extremo virtuosismo por parte do pianista. Mas nada têm a ver com o virtuosismo kitsch dos congêneres de Rachmaninov. Prokofiev não é vazio ou meramente ornamental, tudo o que faz vê-se refletido na própria música, tem sentido. Grandes obras, grandes discos, meus amigos.
Serguei Prokofiev (1891-1953): Dois CDs gêmeos — Piano Concertos Nos. 2 & 3
1. Prokofiev: Piano Concerto No.2 in G Minor, Op.16 – Andantino
2. Prokofiev: Piano Concerto No.2 in G Minor, Op.16 – Scherzo
3. Prokofiev: Piano Concerto No.2 in G Minor, Op.16 – Intermezzo
4. Prokofiev: Piano Concerto No.2 in G Minor, Op.16 – Finale
5. Piano Concerto No.3 in C Major, Op.26 – Allegro, ma non troppo
6. Piano Concerto No.3 in C Major, Op.26 – Tema & Variation
Evgeny Kissin, piano
Philharmonia Orchestra
Vladimir Ashkenazy, regência
1. Piano Concerto No. 2 in G minor, Op. 16: I. Andantino – Allegretto 10:59
2. Piano Concerto No. 2 in G minor, Op. 16: II. Scherzo: Vivace 2:29
3. Piano Concerto No. 2 in G minor, Op. 16: III. Intermezzo: Allegro moderato 6:42
4. Piano Concerto No. 2 in G minor, Op. 16: IV. Finale: Allegro tempestoso 10:59
5. Piano Concerto No. 3 in C major, Op. 26: I. Andante – Allegro 9:01
6. Piano Concerto No. 3 in C major, Op. 26: II. Tema con variazioni 8:57
7. Piano Concerto No. 3 in C major, Op. 26: III. Allegro ma non troppo 9:20
Horacio Gutiérrez, piano
Royal Concertgebouw Orchestra
Neeme Järvi, regente
Gabriel Polycarpo é um jovem violista de Porto Alegre. Apesar de idade, já é spalla das violas da Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro. Vi o Gabriel atuar como um dos vencedores do Concurso Jovens Solistas da Ospa. O rapaz é extremamente talentoso. Precisa somar R$ 50 mil a fim de fazer o Mestrado para o qual foi ouvido e aprovado com distinção. A Indiana University Jacobs School of Music deu-lhe duas premiações, a de ‘Artistic Excellence Award’ e de ‘Barbara and David Jacobs Fellowship Award’. Isto é raro na instituição.
Conto com quem se interessar para disseminar e colaborar com o crowdfunding (ou vaquinha virtual).
Pode puxar o Cartão de Crédito tranquilo. O guri vale o investimento.
Queridíssimo e extraordinário disco que comprei em vinil em 1986. Foi o disco onde conheci o grande John Adams. Anos atrás, fiquei refeliz ao ver que a Deutsche Grammophon o tinha relançado em CD, dentro da coleção de The Originals, espécie de repositório do melhor que a gravadora produziu ao longo de sua prolífica vida. A extraordinária composição “modular” Shaker Loops aparece aqui para me deixar rerefeliz. E… Steve Reich dispensa apresentações, certo?
O CD vai mais ou menos chatinho nas seis primeiras faixas, mas torna-se luminoso partir da sétima, quando abandonamos definitivamente Rachmaninov e abraçamos um porto mais seguro: Cesar Franck. Quis a Hyperion marcar bem a passagem com a belíssima canção Le sylphe. Depois temos a Sonata para Cello e Piano de Frank esmagando Rach com qualidade. A humilhação é finalizada com outra canção que fecha o caixão, demonstrando bem o tamanho de cada um dos envolvidos.
Um CD absolutamente desigual e IM-PER-DÍ-VEL pela segunda metade.
P.S.: Isserlis é um MONSTRO.
Sergei Rachmaninoff (1873-1943) / César Franck (1822-1890):
Sonatas para Violoncelo
3. Sonata for cello & piano in G minor, Op. 19: Lento. Allegro moderato
4. Sonata for cello & piano in G minor, Op. 19: Allegro scherzando
5. Sonata for cello & piano in G minor, Op. 19: Andante
6. Sonata for cello & piano in G minor, Op. 19: Allegro mosso
Franck:
7. Le sylphe, song for voice & piano, M. 73
8. Sonata for violin & piano in A major, M. 8: Allegretto ben moderato
9. Sonata for violin & piano in A major, M. 8: Allegro
10. Sonata for violin & piano in A major, M. 8: Recitativo. Fantasia. Ben moderato. Molto lento
11. Sonata for violin & piano in A major, M. 8: Allegretto poco mosso
12. Panis angelicus for tenor, organ, harp, cello & bass
Steven Isserlis, cello
Stephen Hough, piano
Rebecca Evans, soprano
Um CD estranho, ao menos para mim. Não gosto desta obra de Rachmaninov, a coisa melhora muito no Shostakovich, mas volta a cair no Lutoslawski, espécie de resposta ou complemento a Rach. Mas, ouvindo o CD por inteiro, é indiscutível reconhecer a boa sacada do repertório ultra coerente, tendo Paganini como eminência parda que faz de Rach e Lutos pequenas marionetes prontas para serem depostas.
Se eu fosse você ouviria com atenção. Afinal, não pretendo ser o dono da verdade.
Rachmaninov / Shostakovich / Lutoslawski:
Rapsódia sobre um tema de Paganini / Concerto para Piano N° 1 / Paganini Variations
1. Rhapsody On A Theme Of Paganini, Op.43 23:07
2. Piano Concerto No.1 For Piano, Trumpet & Strings, Op.35 – 1. Allegretto 5:58
3. Piano Concerto No.1 For Piano, Trumpet & Strings, Op.35 – 2. Lento 8:27
4. Piano Concerto No.1 For Piano, Trumpet & Strings, Op.35 – 3. & 4. – Moderato – Allegro Con Brio 8:18
5. Paganini Variations, For Piano & Orchestra 8:42
Peter Jablonski, piano
Royal Philharmonic Orchestra
Vladimir Ashkenazy
<– Mesma transcrição, mas com outros instrumentistas. Em comum, apenas a presença de Mischa Maisky.
Ah, você torceu o nariz achando que isso não é bom? Pois digo que o Organista Doido surpreendeu e matou a pau em sua primeira colaboração para o PQP Bach. Quando ele me escreveu que o violinista Dmitry Sitkovetsky havia dedicado sua transcrição a Glenn Gould pensei:
– Ou esse Mítia fez algo brilhante ou é um baita pretensioso.
Logo aos primeiros compassos das Goldberg, nota-se que Sitkovetsky — o qual chamarei de Mítia de agora em diante — fez algo brilhante, tão brilhante que me obrigou a pedir para Maurizio Pollini adiar por algumas horas sua entrada com a “Appassionata”, fato que pode me criar sérios problemas com a co-gestora e co-fundadora da Fundação Maurizio Pollini, Sra. Lais Vogel.
As Goldberg já receberam todo o tipo de abordagens aqui neste blog — inclusive uma versão para metais a cargo do Canadian Brass — e não vou descrevê-las, mas vou confidenciar-lhes uma coisa: ela e a Oferenda Musical são as músicas que mais amo neste mundo e, se quiserem me ver feliz, é só botá-las para tocar. Até em filme de Hannibal Lecter fica linda e me mesmerizado, embasbacado, estupefato e, paradoxalmente, feliz.
J.S. Bach – Variações Goldberg em versão para Trio de Cordas
1. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Aria
2. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var. 1- 2- 3
3. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var. 4- 5- 6
4. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var 7- 8- 9
5. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var. 10-11-12
6. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var. 13-14-15
7. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var. 16-17-18
8. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var. 19-20-21
9. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var. 22-23-24
10. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var. 25-26-27
11. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Var.28-29-30
12. Goldberg – Variationen: Version For String Trio, BWV 988: Aria da capo
Tenho ouvido muitos discos bons, então, pra variar, resolvi pegar um ruim e coloquei pra rodar. Não deu certo. Tchê, esse CD do japinha Nobuya Sugawa é espetacular! O nanico Sugawa é um gigante do saxofone. Há músicas conhecidas e inéditas — estas escritas especialmente para ele. O repertório nunca me impressionou, mas tudo muda quando se ouve um cara como esse sujeito genial.
Yoshimatsu (1953) / Honda (1957) / Ibert (1890-1962) / Larsson (1908-1986):
Concertos para saxofone e orquestra
Takashi Yoshimatsu (b. 1953)
Saxophone Concerto ‘Albireo Mode’, Op. 93 (2004-05)
for Soprano Saxophone and Orchestra
1. I. Topaz. Andante tranquillo – Più mosso – Tempo I – Moderato
2. II. Sapphire. Andante misterioso – Moderato – Sena tempo
Toshiyuki Honda (b. 1957)
Concerto du vent (2005)
3. I. Un vent propice
4. II. La marque du vent
5. III. Un nouveau vent
Jacques Ibert (1890-1962)
Concertino da Camera (1935)
for Alto Saxophone and Eleven Instruments
6. I. Allegro con moto
7. II. Larghetto –
8. Animato molto
Lars-Erik Larsson (1908-1986)
Concerto for Saxophone and String Orchestra, Op. 14 (1934)
9. I. Allegro molto moderato
10. II. Adagio
11. III. Allegro scherzando
Nobuya Sugawa: saxophone
BBC Philharmonic
Yutaka Sado
Grande Guiomar Novaes! Aqui vai ela num antigo CD de meu pai. O som não é tudo aquilo, mas a pianista é. Ela toca o concerto de Beethoven sob a regência de Otto Klemperer. Quem foi Guiomar? Abaixo uma pequena nota biográfica encontrada na internet.
Guiomar Novaes (Pianista brasileira)
28-2-1894, São João da Boa Vista (SP)
7-3-1979, São Paulo (SP)
Como explicar o talento musical de uma pianista que começou a tocar aos 8 anos já com absoluto domínio da técnica, com poesia e precisão? Guiomar Novaes, a maior pianista brasileira e uma das maiores celebridades nos meios musicais da Europa e dos Estados Unidos no início do século XX, transfigurava-se de tal modo ao piano, tocando de forma arrebatadora, como se estivesse improvisando, que diziam parecer estar em transe ou ser a encarnação de um grande artista. Para alguns, sua genialidade era um mistério psicológico, um milagre musical. “Toca como se algum espírito estivesse soprando em seu ouvido os segredos mais profundos de toda a harmonia”, escreveu um crítico do Times, dos Estados Unidos. Nascida no interior de São Paulo, Guiomar cresceu em meio a uma família de 19 crianças e num ambiente religioso. Menina, impulsionada pelo som do piano tocado pelas irmãs mais velhas, esperava que elas deixassem o teclado para sentar-se ao banquinho e tocar até “os dedos doerem”. Antes de aprender a ler e a escrever, dominou as notas. Seu primeiro professor foi o paulista Eugênio Nogueira e, mais tarde, o italiano Luigi Chiaffarelli, com quem realizou suas primeiras apresentações, os saraus musicais, em São Paulo e, depois, no Rio de Janeiro. Em 1909, aos 15 anos, partiu para a Europa para tentar uma vaga no Conservatório de Música de Paris. Avaliada por um júri formado por célebres músicos, como Claude Debussy, Moszckowski, Widor e Lazare-Lévy, foi apontada como a candidata com os melhores dotes artísticos e obteve a vaga. No conservatório, estudou com o húngaro Isidore Phillip e conquistou o primeiro prêmio ao concluir as provas finais, em 1911, com a execução da Balada, de Chopin. Poucos meses depois de graduar-se, projetou-se no mundo musical europeu. De Paris, realizou concertos em Londres, Itália, Suíça e Alemanha. Com o advento da Primeira Guerra Mundial, mudou-se para os Estados Unidos, onde, a partir de 1915, ascendeu profissionalmente numa trajetória rara. Desde o começo uma revelação, permaneceu 62 anos brilhando nos palcos. Foi especialmente genial ao interpretar Schumann e Chopin. Além de ter sido grande divulgadora da obra de Heitor Villa-Lobos no exterior.
Beethoven / Bach / Gluck / Saint-Saëns / Brahms: Concerto Nº 4 para piano e orq, de Beethoven e outras peças (por Guiomar Novaes)
Lv Beethoven
1. Piano Conc No.4 in G, Op.58: I. Allegro moderato
2. Piano Conc No.4 in G, Op.58: II. Andante con moto
3. Piano Conc No.4 in G, Op.58: III. Rondo: Vivace
JS Bach
4. Prld in g
CW Gluck
5. Dance of the Blessed Spirits (from ‘Orpheus and Eurydice’)
C Saint-Saëns
6. Caprice sur des airs de Ballet d’Alceste
J Brahms
7. Intermezzo in b-flat, Op.117, No.2
8. Capriccio in d, Op.76
9. Waltz in A-flat, Op.39, No.15
Lv Beethoven
10. Turkish March
Guiomar Novaes, piano
No concerto de Beethoven:
Orquestra Sinfônica de Viena
Otto Klemperer
Não sou exatamente um tarado por este QUADRANTE da história da música. É muita Idade Média, santidade, religião e pouca música para um ateu. É muita tentativa de céu e espiritualidade junto com muito desprezo pela terra e pelo humano. Mas isso não é motivo para que eu vos SONEGUE Dufay. Vá lá, vá lá. O que acho legal é o belo trabalho dos cantores, mas confesso que me agrada apenas quando estou lendo ou fazendo alguma coisa que me exija concentração. Bem, mas está aí. Rezem à vontade. Eu fora!
Guillaume Dufay (1397-1474): Music for St. James, The Greater
1. Missa S Jacobi, for 3 and 4 voices: Introit
2. Missa S Jacobi, for 3 and 4 voices: Kyrie
3. Missa S Jacobi, for 3 and 4 voices: Gloria
4. Missa S Jacobi, for 3 and 4 voices: Alleluia
5. Missa S Jacobi, for 3 and 4 voices: Credo
6. Missa S Jacobi, for 3 and 4 voices: Offertory
7. Missa S Jacobi, for 3 and 4 voices: Sanctus
8. Missa S Jacobi, for 3 and 4 voices: Agnus Dei
9. Missa S Jacobi, for 3 and 4 voices: Communio
10. Work(s): Rite majorem Jacobum canamus / Arcibus summis miseri reclusi
11. Balsamus et munda cera, isorhythmic motet for 4 voices
12. Gloria ad modum tubae, for 4 voices
13. Credo, for 3 voices
14. Apostolo glorioso, isorhythmic motet for 5 voices
Não lembro quem me passou esta gravação ao vivo, mas foi em janeiro de 2010. Ela é de boa qualidade, mas não pode ser mais PIRATA. É um concerto de Gergiev com a Orquestra de Rotterdam. Excelente interpretação e uma plateia — como todas parecem ser — gripada. Muita gente tossindo, até dá para ouvir vozes num momento… Mas vale muito a audição. Como eu AMO gravações ao vivo, quase gostei do Rach e do esforço do Feltsman para chegar vivo ao final do teste. Só que o ponto alto é o Shosta, claro.
Onde tovarich PQP conseguiu esta gravação?
Rachmaninov: Concerto Nº 3 para Piano e Orquestra / Shostakovich: Sinfonia Nº 5
Piano Concerto No.3 in D minor, Op.30
1. Allegro ma non tanto
2. Intermezzo (Adagio)
3. Finale (Alla breve)
Sinfonia Nº 5 em Ré menor, Op. 47
01. Moderato
02. Allegretto
03. Largo
04. Allegro non troppo
Vladimir Feltsman
Rotterdam Philharmonic Orchestra
Valery Gergiev
Maravilhoso disco, principalmente o concerto de Fasch, cujo Andante é belíssimo. Fasch (1688-1758) foi um contemporâneo de papai Bach e Telemann, mas já exibe sinais do estilo próximo clássico. A interação dos instrumentos no disco inteiro é fascinante e a textura do som criado por este grupo é muito envolvente. Impossível ouvi-lo uma vez só. Chiara Banchini é uma violinista inacreditável, e Hopkinson Smith (frequente parceiro de Savall) exibe excelente técnica e grande sensibilidade como solista.
Fasch / Haydn / Kohaut / Hagen: Concertos para alaúde
Johann Friedrich Fasch*: Concerto in d-minor for lute, 2 violin, alto & b.c.
1. Con in d: Allegro Moderato
2. Con in d: Andante
3. Con in d: Un Poco Allegro
Joseph Haydn: Cassation in C-major for lute oblige, violon & cello
4. Cassation in C: Presto
5. Cassation in C: Minuetto – Trio
6. Cassation in C: Adagio
7. Cassation in C: Finale. Presto
Carl Kohaut: Concerto in F-major for lute, 2 violins & cello
8. Con in F: Allegro
9. Con in F: Adagio
10. Con in F: Tempo Di Minuetto
Bernhard Joachim Hagen: Concerto in A-major for lute, 2 violins & cello
11. Con in A: Allegro Moderato
12. Con in A: Largo
13. Con in A: Allegro
Hopkinson Smith, lute
Chiara Banchini, violin
David Plantier, violin
David Courvoisier, viol
Roel Dieltiens, cello piccolo
Baixem logo porque os 50 GB diários do Rapidshare se esgotam rapidamente… Os 50 Gb de tráfego diário são zerados às 21h, horário do Brasil. Depois do meio dia fica difícil. Ou compre uma conta Rapid Pro, seu avarento. É quase de graça e você poderá baixar os 935 CDs que já subi e mais os do Avicenna, tolinho, a qualquer hora e vários ao mesmo tempo. Se você não pode gastar alguns poucos reais, bem, chegue cedo para não ver a mensagem File owner’s public traffic exhausted.
É óbvio que eu amo Anne-Sophie Mutter, que a acho linda e que adoraria tê-la comigo em todas as noites após seus concertos e não-concertos. É óbvio que ela é uma extraordinária violinista, mas nada vai me impedir de dizer que este CD é uma porcaria, apesar do excelente repertório. O primeiro problema é o andamento marcial dado à obra de Vivaldi. Há pássaros e borboletas marchando em fila indiana sobre o arvoredo. Parece desenho animado. Em segundo lugar, há um fato pessoal. Eu não consigo mais ouvir música barroca tocada em instrumentos de hoje. Ao vivo, ainda dá para engolir, mas em disco não dá mais, me desculpem. Neste disco, parece que estão serrando Vivaldi em dois. Uma pena. Qualquer um pode discordar sem problemas, mas só depois de ouvir, tá?
Vivaldi (1678-1741): As Quatro Estações / Tartini (1692-1770): O Trilo do Diabo
1. Concerto for Violin and Strings in E, Op.8, No.1, R.269 “La Primavera” – 1. Allegro 3:36
2. Concerto for Violin and Strings in E, Op.8, No.1, R.269 “La Primavera” – 2. Largo 3:14
3. Concerto for Violin and Strings in E, Op.8, No.1, R.269 “La Primavera” – 3. Allegro (Danza pastorale) 4:21
4. Concerto for Violin and Strings in G minor, Op.8, No.2, R.315 “L’estate” – 1. Allegro non molto – Allegro 6:17
5. Concerto for Violin and Strings in G minor, Op.8, No.2, R.315 “L’estate” – 2. Adagio – Presto – Adagio 2:20
6. Concerto for Violin and Strings in G minor, Op.8, No.2, R.315 “L’estate” – 3. Presto (Tempo impetuoso d’estate) 2:33
7. Concerto for Violin and Strings in F, Op.8, No.3, R.293 “L’autunno” – 1. Allegro (Ballo, e canto de’ villanelli) 6:19
8. Concerto for Violin and Strings in F, Op.8, No.3, R.293 “L’autunno” – 2. Adagio molto (Ubriachi dormienti) 2:59
9. Concerto for Violin and Strings in F, Op.8, No.3, R.293 “L’autunno” – 3. Allegro (La caccia) 3:52
10. Concerto for Violin and Strings in F minor, Op.8, No.4, R.297 “L’inverno” – 1. Allegro non molto 3:39
11. Concerto for Violin and Strings in F minor, Op.8, No.4, R.297 “L’inverno” – 2. Largo 2:49
12. Concerto for Violin and Strings in F minor, Op.8, No.4, R.297 “L’inverno” – 3. Allegro 3:50
13. Sonata for Violin and Continuo in G minor, B. g5 – “Il trillo del diavolo” – 1. Larghetto affettuoso 3:56
14. Sonata for Violin and Continuo in G minor, B. g5 – “Il trillo del diavolo” – 2. Allegro 3:25
15. Sonata for Violin and Continuo in G minor, B. g5 – “Il trillo del diavolo” – 3. Andante – Allegro 1:12
16. Sonata for Violin and Continuo in G minor, B. g5 – “Il trillo del diavolo” – 4. Allegro assai 8:26
Anne-Sophie Mutter (violin & conductor)
Trondheim Soloists
Não sei se é a música mais adequada para um fim de mundo, até porque nem sempre acontece, mas foi a que me ocorreu postar para os maias. A regência é de Mravinsky, o que garante extrema qualidade e — por que não dizer? — um toque lendário a uma postagem que alude a nosso último dia na Terra. Não sei, mas a cada dia acho Tchaikovsky mais shostakovichiano. Bem, é o contrário, claro. Os dois CDs estão em duas faixas, um para cada uma, certo?
Se recebermos caixas de bombons e o mundo não acabar, pretendemos postar Ma Vlast com Kubelik e uma daquelas orquestras. Sem bombons, nada feito. Ah, importante: da Koppenhagen, sempre.
P. I. Tchaikovsky (1840-1893): Sinfonias Nos. 4, 5 e 6, “Patética”
Disco 1 [68:17]
Sinfonia No. 4 em F menor, Op. 36
01. I. Andante sostenuto – Moderato con anima – Moderato assai, quasi Andante – Allegro vivo
02. II. Andantino in modo di canzone
03. III. Scherzo. Pizzicato ostinato. Allegro
04. IV. Finale. Allegro con fuoco
Sinfonia no. 5 em E menor, Op. 64
05. I. Andante – Allegro con anima
06. II. Andante cantabile, con alcuna licenza – Moderato con anima – Andante nosso – Allegro non troppo – Tempo I
Disco 2 [60:34]
07. III. Valse. Allegro moderato
08. IV. Finale. Andante maestoso – Allegro vivace – Molto vivace – Moderato assai e molto maestoso – Presto
Sinfonia no. 6 em B menor, 74 – “Patética”
09. I. Adagio – Allegro non troppo
10. II. Allegro con grazia
11. III. Allegro molto vivace
12. IV. Finale. Adagio lamentoso
Esse CD me foi passado pelo FDP e, olha, é muito bom. O repertório, bem entendido, é genial, mas nossa Sharon Isbin ainda o valoriza com boa e compreensiva interpretação. Quando digo compreensiva, quero dizer nossa bela violonista entendeu e trouxe para perto de sua si as obras de Bach, tornando-as outra coisa. Isbin parece ser uma personalidade poética, lírica mesmo, e seu Bach é assim. Fiquei muito feliz de ouvir este CD e o repasso ao de pequepianos sequiosos por Bach.
Avicenna, penso também que este CD — tranquilizador e nada traumático — consista na música ideal para se ouvir após a derrota corintiana.
E vou-me embora correndo antes que o Avicenna me mate. Não sem antes afirmar que o Chelsea é o Brasil no Mundial. Vai, Oscar!
J. S. Bach (1685-1750): A Suítes para Alaúde (interpretadas ao violão)
1. Ste BWV 1006a in E: Prelude
2. Ste BWV 1006a in E: Loure
3. Ste BWV 1006a in E: Gavotte en rondeau
4. Ste BWV 1006a in E: Menuet I and II
5. Ste BWV 1006a in E: Bourree
6. Ste BWV 1006a in E: Gigue
7. Ste BWV 995 in g performed in a: Prelude/tres vite
8. Ste BWV 995 in g performed in a: Allemande
9. Ste BWV 995 in g performed in a: Courante
10. Ste BWV 995 in g performed in a: Sarabande
11. Ste BWV 995 in g performed in a: Gavotte I & II (en rondeau
12. Ste BWV 995 in g performed in a: Gigue
13. Ste BWV 996 in e: Praeludio: Passaggio/Presto
14. Ste BWV 996 in e: Praeludio: Allemande
15. Ste BWV 996 in e: Praeludio: Courante
16. Ste BWV 996 in e: Praeludio: Sarabande
17. Ste BWV 996 in e: Praeludio: Bourree
18. Ste BWV 996 in e: Praeludio: Gigue
19. Ste BWV 997 in c Performed in a: Prelude
20. Ste BWV 997 in c Performed in a: Fugue
21. Ste BWV 997 in c Performed in a: Sarabande
22. Ste BWV 997 in c Performed in a: Gigue
23. Ste BWV 997 in c Performed in a: Double
Por favor, sem “viajadas”, OK? Falemos sobre coisas possíveis e consistentes. Odeio revalidar links. O caso é que o Rapidshare estabeleceu uma cota diária de tráfego que meus arquivos completam em poucos minutos a cada virada de dia. Para onde ir? Passo-lhes a palavra. Abaixo, a página do FAQ do Rapidshare que descreve a nova política.
Em compensação ao inesperado erro de Gergiev, Lenny dá um banho na interpretação da Sinfonia Nº 1, composta por Shosta aos 19 anos (!), e na altamente dramática Sinfonia Nº 7, Leningrado. Não sou doido pela Leningrado — apenas porque acho que há outras sinfonias melhores na obra do russo — , mas reconheço sua notável história e importância. Shostakovich sempre será lembrado por ela. E Leonard Bernstein? Eu, hein? Que sujeito talentoso, né? Porra, o cara arrasa em Mahler, em Ravel, em Brahms, em Beethoven, em Shosta… Te fudê.
Shostakovich: Sinfonias Nos. 1 & 7
Sinfonia Nº 1, Op. 10
1. Allegretto – Allegro non troppo – 1. Allegretto – Allegro non troppo 8:54
2. Allegro – Meno mosso – Allegro – Meno mosso – 2. Allegro – Meno mosso – Allegro – Meno mosso 4:47
3. Lento – Largo – [Lento] (attacca:) – 3. Lento – Largo – [Lento] (attacca:) 10:20
4. Allegro molto – Lento – Allegro molto – Meno mosso – Allegro molto – Molto meno mosso – Adagio – Largo – Più mosso – Presto – 4. Allegro molto – Lento – Allegro molto – Meno mosso – Allegro molto – 10:37
Uma cagadinha do grande Gergiev. Estava ouvindo o disco e achando estranha a solenidade envolvida em duas sinfonias que merecem também muito de sarcasmo. Pois o homem pegou sua espetacular orquestra de São Petersburgo e tratou de deixar tudo sério demais. Errou. Porém, Gergiev é um mestre e tal erro é absolutamente inesperado e anormal. Fui ler as críticas a fim de descobrir se não era uma esquisitice minha e lá estava: solenidade e seriedade demasiadas. Qual é, ô meu?
Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nos. 1 & 15
Symphony no 1 in F minor, Op. 10
Written: 1924-1925; USSR
1. Allegretto 8:52
2. Allegro 4:40
3. Lento – Largo 8:45
4. Allegro molto – Lento – Adagio – Presto 9:35
Symphony no 15 in A major, Op. 141
Written: 1971; USSR
5. Allegretto 8:18
6. Adagio 14:59
7. Allegretto 4:04
8. Adagio – Allegretto 16:36
Certa vez, o cidadão André Carrara, pianista da Ospa, perguntou sobre bons programas para orquestras. Fiz uma reles listinha, mas peço a ele que venha aqui. Por exemplo, o programa do disco abaixo, Tchaikovsky & Shakespeare, é maravilhoso e o deste disco também. Sim, sei, só cordas, mas e daí? É um belo programa com três peças populares e muito bonitas. Todos os elogios a Yuri Bashmet e seus Moscow Soloists. Aqui há música pra mais de metro. Das três peças, garanto-vos que Grieg e Tchai são fantasticamente bem interpretados. Não ouvi o Mozart pela simples razão de que já enchi o saco da Eine kleine Nachtmusik.
Grieg: Holberg Suite / Mozart: Eine kleine Nachtmusik / Tchaikovsky: Serenade for Strings
“Holberg Suite” (From Holberg’s Time), for string orchestra, Op. 40, de Edvard Grieg
1. Praeludium: Allegro vivace 2:38
2. Sarabande: Andante 3:28
3. Gavotte: Allegretto – Musette: Un poco mosso – Gavotte 3:30
4. Air: Andante religioso 5:22
5. Rigaudon: Allegro con brio 4:17
Serenade No. 13 for strings in G major (“Eine kleine Nachtmusik”), K. 525, de Wolfgang Amadeus Mozart
6 . Allegro 7:43
7. Romance: Andante 5:25
8. Menuetto: Allegretto 1:53
9. Rondo: Allegro 5:06
Serenade for strings (or piano, 4 hands) in C major, Op. 48
10. Pezzo in forma di sonatina: Andante non troppo – Allegro moderato 9:35
11. Walzer: Moderato, tempo di valse 3:29
12. Elegie: Larghetto elegiaco 8:35
13. Finale (Tema russo): Andante – Allegro con spirito 7:21