Este CD realmente EXCELENTE tem uma curiosa origem. Ele é o resultado de uma exposição de pinturas de Caravaggio, em Barcelona, no Museu de Arte da Catalunha. A maioria da música é composta ou improvisada por Jordi Savall e o XXI Hesperion sobre peças de Gesualdo, Monteverdi e Trabaci. Há também peças incluem a voz sem palavras de Ferran Savall que são cheias de sensibilidade. Enquanto ouvia a música, ficou claro que esta é perfeita para acompanhar as pinturas de Caravaggio.
Explicando melhor: o disco é uma notável coleção de improvisações sobre obras de Monteverdi, Gesualdo, Trabaci e outros músicos barrocos. O disco NÃO É uma compilação de peças específicas do barroco, apesar de seguir-lhes o estilo. Aqui e ali há toques de modernidade. Este ponto é importante para recriar, em música, o jogo de luzes e sombras presentes no trabalho e na vida de Caravaggio, tópico lembrado e explorado no ensaio de Fernandez incluído no álbum. É um trabalho belíssimo de Savall e turma.
Os seis Concerti Grossi Op. 3 de Handel nunca sofreram uma superexposição no catálogo de CDs e, de fato, a atenção consideravelmente maior dada ao Op. 6 é justificada. Com exceção do Concerto nº 4, estes são exemplos bastante comuns da habilidade de Handel como melodista. Não me interpretem mal, esta não é música de segunda categoria, mas é menor do que as do habitual Handel, o de primeira categoria. Ao contrário das obras posteriores do gênero, a maioria delas dá um papel solo dominante ao oboé (ou oboés) e, o que não é incomum para Handel, ele às vezes recicla material usado em outros lugares. O Concerto nº 4 é a única obra deste grupo que realmente se destaca das demais, desde a abertura francesa. Aqui temos não somente um gostinho do trabalho de um mestre talentoso, mas de um compositor superior. Em tudo isso, a Northern Sinfonia vai muito bem. É certamente agradável de ouvir, mas dá vontade de ouvir aquele outro Handel.
G. F. Handel (1685-1759): Concerti Grossi, Op. 3, Nos. 1-6 (Northern Sinfonia, Creswick)
Concerto Grosso in B-Flat Major, Op. 3, No. 1
1 I. Allegro 02:48
2 II. Largo 04:42
3 III. Allegro 01:20
Concerto Grosso in B-Flat Major, Op. 3, No. 2, HWV 313
4 I. Vivace 01:48
5 II. Largo 02:43
6 III. Allegro 01:55
7 IV. Moderato 01:57
8 V. Allegro 03:23
Concerto Grosso in G Major, Op. 3, No. 3
9 I. Largo, e staccato 00:23
10 II. Allegro 02:27
11 III. Adagio 00:59
12 IV. Allegro 02:59
Concerto Grosso in F Major, Op. 3, No. 4
13 I. Andante – Allegro 03:51
14 II. Andante 02:08
15 III. Allegro 01:25
16 IV. Minuetto alternativo: Allegro 02:44
Concerto Grosso in D Minor, Op. 3, No. 5
17 I. Largo 01:38
18 II. Fuga: Allegro 02:08
19 III. Adagio 01:36
20 IV. Allegro, ma non troppo 01:57
21 V. Allegro 02:43
Concerto Grosso in D Major, Op. 3, No. 6, HWV 317
22 I. Vivace 02:38
23 II. Allegro 03:53
Estava caminhando na rua quando este CD começou a tocar. Logo pensei, ih, fusion, vou detestar. Mas depois algo de enorme categoria entrou pelos meus ouvidos. Parecia o time do Inter treinado por Coudet, nada da grossura gremista.
Bem, finalmente, em 2012, a nave-mãe retornou! O RTF estava de volta com seu quinto disco ao vivo, e que disco! A banda podia estar envelhecendo, mas de forma alguma seu talento diminuiu. Esta formação, que foi apelidada de Return to Forever IV para a turnê, tem algumas mudanças em relação à formação clássica: Frank Gambale assume as funções de guitarra de Al Di Meola, e Jean-Luc Ponty acrescenta sua experiência de violino ao conjunto. The usual suspects – Chick Corea, Stanley Clarke e Lenny White – estão presentes. A primeira coisa que notei ao ouvir esse álbum foi a qualidade do som, que é incrivelmente rica e completa para uma gravação ao vivo. Embora o som aqui seja praticamente com a qualidade de estúdio, a crueza da performance ao vivo ainda é capturada. No que diz respeito ao material, este álbum duplo contém uma mistura contundente de elementos elétricos e acústicos. A música aqui consiste predominantemente das obras clássicas do grupo. É justo dizer que o material resistiu ao teste do tempo, com as composições de Chick Corea, principalmente, permanecem interessantes com suas estruturas complexas e bem pensadas que ainda deixam muito espaço para improvisação. Falando em improvisação, praticamente todas as músicas apresentam um extenso solo de cada um dos músicos. Não é incomum que uma música tenha mais de dez minutos de solos. No entanto, estes são alguns dos melhores instrumentistas fusion e eles sabem como manter um solo envolvente. Algumas das performances aqui são realmente alucinantes! Os músicos são excepcionais. Cada faixa é especial tanto na composição quanto na performance) e não sei mais o que dizer para te convencer.
.: interlúdio :. Return to Forever: The Mothership Returns
1 Medieval Overture – Written-By – Chick Corea 6:03
2 Señor Mouse – Written-By – Chick Corea 12:10
3 The Shadow Of Lo / Sorceress – Written-By – Lenny White 16:05
4 Renaissance – Written-By – Jean-Luc Ponty 19:40
7 After The Cosmic Rain – Written-By – Stanley Clarke 16:52
6 The Romantic Warrior – Written-By – Chick Corea 18:20
7 Concierto De Aranjuez / Spain – Written-By – Chick Corea, Joaquín Rodrigo 8:12
8 School Days – Written-By – Stanley Clarke 11:21
9 Beyond The Seventh Galaxy – Written-By – Chick Corea 3:44
Drums – Lenny White
Electric Bass, Acoustic Bass – Stanley Clarke
Guitar – Frank Gambale
Piano, Keyboards – Chick Corea
Violin – Jean-Luc Ponty
Gravação muito interessante, combinando a Sonata “Arpeggione” de Schubert tocada no instrumento que lhe deu o nome, e uma poderosa interpretação do Quinteto para cordas D. 956, aquele com dois violoncelos.
O arpeggione, para quem não sabe, é um instrumento de cordas com o feitio e as seis cordas de cordas de um violão, mas tocado com o arco à maneira de um violoncelo. Ele teve uma breve voga no começo do século XIX, e a única peça que sobreviveu de seu repertório é a Sonata em Lá maior de Schubert, publicada quase cinquenta anos depois de sua morte, quando o arpeggione já era quase só encontrado em museus, e a Sonata, propriedade de violistas e violoncelistas do mundo.
O violoncelista Nicolas Deletaille, que é acompanhado na Sonata pelo incansável Paul Badura-Skoda, dedica-se a reviver o arpeggione e ampliar seu repertório, tanto através de transcrições quanto por obras originais comissionadas de compositores contemporâneos. No encarte, ele expõe detalhadamente a história do instrumento e suas peculiaridades, entre as quais a notórias dificuldades de articulação, ilustradas pelas várias “escorregadas” que Deletaille dá nesta gravação que, apesar delas, é muito boa.
Quando ele, entretanto, deixa o arpeggione e une seu violoncelo ao Quarteto Rosamunde, o resultado é uma interpretação inesquecível do Quinteto D. 956 de Schubert, sua última obra de câmara.
Vassily Genrikhovich
Grande disco, grande disco! Talvez a dupla Deletaille e Badura-Skoda façam uma Arpeggione apenas boa, mas o Rosamonde garante uma linda interpretação do esplêndido Quinteto 956 de Schubert. Este poderoso quinteto — que tem o mais delicado dos Adágios (o qual também possui um trecho vigoroso) — é uma das peças preferidas deste humilde escriba que vos serve. Preparem-se porque é chumbo grosso e do bom (ui!).
Neste disco temos um dos melhores resumos de Schubert. Na Arpeggione, o estupendo melodista; no Quinteto, o criador de estruturas. Enquanto a primeira é ouvida no sentido horizontal, a outra é ouvida verticalmente.
Franz Schubert (1797-1828): Sonata para Arpeggione e Piano D. 821 / Quinteto de Cordas D. 956 (Deletaille, Badura-Skoda, Quatuor Rosamonde)
1. Sonata for Arpeggione and Pianoforte In A Minor, D. 821: I. Allegro moderato 11:33
2. Sonata for Arpeggione and Pianoforte In A Minor, D. 821: II. Adagio 3:27
3. Sonata for Arpeggione and Pianoforte In A Minor, D. 821: III. Allegretto 9:05
Nicolas Deletaille, arpeggione
Paul Badura-Skoda, pianoforte
4. String Quintet In C Major, D. 956: I. Allegro ma non troppo 20:02
5. String Quintet In C Major, D. 956: II. Adagio 13:35
6. String Quintet In C Major, D. 956: III. Scherzo: presto – Trio: andante sostenuto – Scherzo: presto 10:04
7. String Quintet In C Major, D. 956: IV. Allegretto 9:17
Quatuor Rosamonde + Nicolas Deletaille, violoncelo
Günter Wand (1912-2002) foi, junto com Jochum e Celibidache, um dos maiores especialistas em Bruckner. Gravou toda a obra. Já bem velhinho, regravou tudo e nada de morrer. Ao contrário, parecia cada vez mais vivo, ativo e competente. Gostava de andamentos rápidos — um anti-Celibidache — e acelerava Bruckner, para desespero de alguns. Posso dizer que adoro o jeitinho dele (Wand). Ao final de sua produtiva existência, era um velhinho curvado que demonstrava uma energia de Madonna quando ouvia os primeiros acordes de uma orquestra. Suas integrais de Schubert e Brahms também são referência. Há em DVD e você deveria ver tudo isso.
Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 9 (Wand / Berliner)
Symphony No. 9 em Ré Menor de Anton Bruckner (Ed. Nowak)
1. Symphonie Nr. 9 d-moll: 1. Feuerlich, misterioso
2. Symphonie Nr. 9 d-moll: 2. Scherzo. Bewegr, lebhaft – Trio, Schnell
3. Symphonie Nr. 9 d-moll: 3. Adagio. Langsam, feierlich
É um excelente CD, tão bom quanto aquele que postei dia desses com Andrew Manze e Richard Egarr. Acho que a dupla nipo-americana tem mais humor que Manze-Egarr. Há falhas em duas faixas (arquivos) da primeira sonata do CD — elas terminam abruptamente –, mas não tenho como fazer a correção, pois encontrei-as na rede. Christie é o regente, criador e dono do excelente conjunto Les Arts Florissants e Kurosaki seu primeiro violinista. Hiro Kurosaki traz uma técnica poderosa e bom senso musical às sonatas para violino de Handel. Na primeira Sonata deste CD, a HWV372, ele toca o Adagio de abertura de maneira suave e doce, e traz uma articulação esplendidamente nítida ao Allegro que se segue, com suas múltiplas paradas, e é igualmente enérgico no final. Admirei, também, a cantilena expressiva no movimento de abertura da HWV 364 e, ainda que um pouco ofegante, a execução rápida e vistosa do segundo movimento e também a execução suave e sutil da giga final. Um belo trabalho.
Devo mencionar que o CD começa e termina com sonatas que a maioria das autoridades considera não serem de Handel, os HWV372 e 370. São peças menores, mas a autoria de Handel não pode ser totalmente descartada.
Georg Friedrich Handel (1685-1759): Sonatas para Violino e Cravo (Kurosaki, Christie)
Violin Sonata In A Major Hwv 372 Op 1/10
1. Adagio
2. Allegro
3. Largo
4. Allegro
Violin Sonata In G Minor Hwv 364 Op 1/6
5. Larghetto
6. Allegro
7. Adagio
8. Allegro
Violin Sonata In D Major Hwv 371 Op 1/13
9. Affettuoso
10. Allegro
11. Larghetto
12. Allegro
Violin Sonata In A Major Hwv 361 Op 1/3
13. Andante
14. Allegro
15. Adagio
16. Allegro
Violin Sonata In D Minor Hwv 359a
17. Grave
18. Allegro
19. Adagio
20. Allegro
Violin Sonata In G Major Hwv 358
21. (Allegro)
22. (Adagio)
23. (Allegro)
Violin Sonata No 12 In F Major Hwv 370
24. Adagio
25. Allegro
26. Largo
27. Allegro
Hiro Kurosaki, violino.
William Christie, cravo, órgão.
Os Trios de Cordas Op. 9 são frequentemente descartados como trabalhos de treino – o Mestre se preparando para seu primeiro ataque sério ao Quarteto. Pfff… Como qualquer compositor lhe dirá, esta é uma maneira bastante estranha de preparação: o Trio de Cordas é um meio particularmente difícil de dominar. No Op. 9, Beethoven dominou-o totalmente, e a inclusão neste conjunto do Op. 3 Trio nos mostra como ele remodela outro grande trio, o Divertimento de Mozart, K563. Então, um conjunto “educacional”? Não! Os três Op. 9 Trios são obras esplêndidas: vivas, engenhosas e cheias de poesia. Anne-Sophie Mutter pode ser um pouco feroz às vezes, especialmente na abertura do Op. 3, mas ela pode. Os humores e os tempos são bem avaliados. Apesar da seriedade predominante, Mutter, Giuranna e Rostropovich também são sensíveis ao senso de humor travesso do jovem Beethoven – mesmo no Op. 9 No. 3 (Dó menor nem sempre significa tragédia para Beethoven). Mutter está beethoveniana, sensacional e ousada, Rostropovich é sozinho uma orquestra e o violista é tri afinado. Não dá pra pedir mais.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Trios para Cordas (Mutter, Giuranna, Rostropovich)
CD 1
1. String Trio in E flat, Op.3 – 1. Allegro con brio
2. String Trio in E flat, Op.3 – 2. Andante
3. String Trio in E flat, Op.3 – 3. Menuetto (Allegretto)
4. String Trio in E flat, Op.3 – 4. Adagio
5. String Trio in E flat, Op.3 – 5. Menuetto (Moderato)
6. String Trio in E flat, Op.3 – 6. Finale (Allegro)
7. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 1. Marcia (Allegro – Adagio)
8. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 2. Menuetto (Allegretto)
9. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 3. Adagio – Scherzo (Allegro molto) – Adagio (Tempo I) – Allegro molto
10. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 4. Allegretto alla Polacca
11. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 5. Thema con Variazioni: Andante quasi Allegretto – Variations I -IV – Marcia. Allegro
CD 2
1. String Trio in G major, Op.9, no.1 – 1. Adagio – Allegro con brio
2. String Trio in G major, Op.9, no.1 – 2. Adagio, ma non tanto, e cantabile
3. String Trio in G major, Op.9, no.1 – 3. Scherzo (Allegro)
4. String Trio in G major, Op.9, no.1 – 4. Presto
5. String Trio in D major, Op.9, no.2 – 1. Allegretto
6. String Trio in D major, Op.9, no.2 – 2. Andante quasi allegretto
7. String Trio in D major, Op.9, no.2 – 3. Menuetto (Allegro)
8. String Trio in D major, Op.9, no.2 – 4. Rondo (Allegro)
9. String Trio in C minor, Op.9, no.3 – 1. Allegro con spirito
10. String Trio in C minor, Op.9, no.3 – 2. Adagio con espressione
11. String Trio in C minor, Op.9, no.3 – 3. Scherzo (Allegro molto e vivace)
12. String Trio in C minor, Op.9, no.3 – 4. Finale (Presto)
Anne-Sophie Mutter – Violin
Bruno Giuranna – Viola
Mstislav Rostropovich – Cello
Uma deliciosa coleção de canções inglesas do século XVII, construída em torno da influência das quatro estações e mostrando o grande entusiasmo pela música, especialmente pela produção musical amadora, que ocorreu durante esta época.
Bem, durante a Commonwealth of England (c.1649-1660), a música desapareceu quase inteiramente das ocasiões religiosas e da corte. A utilização de instrumentos e música nas igrejas foi proibida e os órgãos foram destruídos por ordem do regime – por isso o público recorreu aos músicos das aldeias e das tabernas, às danças do campo e novos locais para fazer música foram criados. Coincidindo com o declínio do madrigal elisabetano, a música folclórica e os cenários dos poetas famosos da época eram populares; da mesma forma, variações de teclado em melodias dançantes e canções românticas para voz e alaúde estavam na moda, e isso continuou nos anos da Restauração sob Charles II. A influência do monarca pode ser detectada no estilo francês de algumas das obras posteriores, apresentando oboé e grandes grupos de cordas.
Esta efusão de música inspirada é capturada perfeitamente nesta nova, interpretada esplendidamente e com rara e sensibilidade pelo Ensemble Le Tendre Amour — grupo de Barcelona liderado por Katy Elkin e Esteban Mazer. Os compositores apresentados incluem Purcell, Playford, Morley, Croft, Lawes, Byrd, Eccles, Ravenscroft e, claro, muitas obras anônimas. Da música camponesa bucólica a peças sofisticadas para um público urbano gentrificado, a música fornece uma trilha sonora vívida para a vida no mundo turbulento da Inglaterra do século XVII. Tudo aqui é ótimo, mas destaco especialmente as obras de Purcell e mais as belíssimas faixas 10, 17 e 25 (que é de Purcell).
E quem souber quem é a maravilhosa soprano do CD, favor informar nos comentários!
All in a Garden Green: As Quatro Estações na Música Inglesa (Le Tendre Amour)
1 pub. John Playford: Chirping of the Nightingale / Chirping of the Lark
2 William Byrd: John come kiss me now
3 Nicola Matteis: Va poco di manera Italiana / Aria Amorosa
4 Nicholas Lanier: No more shall meads be deckt with flowers
5 Godfrey Finger: Ciaccona
6 pub. John Playford: Glory of the West / The Goddesses
7 William Lawes: Can beauty’s spring
8 Henry François de Gallot: Chaconne
9 Anonymous: Now ye spring is come
10 Nicola Matteis: Ground after the Scotch Humour
11 attrib. William Croft: Ground in C minor
12 Henry Purcell: Sweeter than Roses
13 pub. John Walsh: Greensleeves
14 pub. John Playford: All in a Garden Green / Onder een linde groen
15 pub. John Playford: Stanes Morris / The Glory of the Sun
16 Thomas Morley: O Mistress Mine
17 William Byrd: The Woods so Wild
18 Anonymous: The Chestnut / Autumn
19 Nicola Matteis: Aria
20 pub. John Playford: Cold and Raw
21 Henry Purcell: When a cruel long winter
22 Thomas Ravenscroft: Remember O Thou Man
23 pub. John Playford: Virgin Queen / An Italian Rant
24 John Eccles: A Division on a Ground
25 Henry Purcell: Here the Deities approve
Esse CD me foi enviado por FDP Bach. A ideia é sensacional. São quatro ex-colaboradores de Miles Davis que se reúnem para tocar… Miles Davis. Há grandes momentos, outros nem tanto. FDP toca guitarra e imagino que ele tenha babado com Mike Stern. O cara é sensacional. Mas fico comovido ao saber que Jimmy Cobb participou desde show ao vivo com oitenta anos, vinte e quatro a mais do que o guri do grupo, o citado Stern. Os outros são George Coleman e Ron Carter. Preciso apresentar? Claro que não, vão ler sobre suas muito produtivas vidas enquanto ouvem o disco!
4 Generations of Miles: Live Tribute
1. There is No Greater Love 9:02
2. All Blues 7:03
3. On Green Dolphin Street 7:20
4. Blue in Green 7:28
5. 81 6:30
6. Freddie Freeloader 6:34
7. My Funny Valentine 10:01
8. If I Were A Bell 8:02
9. Oleo 5:02
George Coleman, sax tenor
Mike Stern, guitar
Ron Carter, bass
Jimmy Cobb, drums
Não é nenhuma obra-prima, mas é um bom LP (CD). Somewhere Before foi gravado ao vivo em 30 e 31 de agosto de 1968, no Shelly’s Manne-Hole em Hollywood, Califórnia. Era o primeiro trio de Jarrett, composto ele ao piano, mais Charlie Haden (baixo) e Paul Motian (bateria). O AllMusic afirmou: “Como um exemplo do Jarrett inicial e sem foco, este é um material fascinante.” O Penguin Guide to Jazz Recordings comentou: “Fortemente influenciado pelo rock e reminiscente da metodologia do Charles Lloyd Quartet e do grupo Miles Davis, do qual Jarrett ainda era membro… tem um frescor de abordagem que Jarrett perdeu rapidamente e demorou a recuperar.” Eu achei bem mais ou menos. Acho que prefiro Jarrett sem o tal frescor…
.: interlúdio :. Keith Jarrett Trio: Somewhere Before
1 “My Back Pages” (Bob Dylan) – 5:24
2 “Pretty Ballad” – 3:30
3 “Moving Soon” – 4:24
4 “Somewhere Before” – 6:50
5 “New Rag” – 5:40
6 “A Moment for Tears” – 3:07
7 “Pouts’ Over” (And the Day’s Not Through) – 4:35
8 “Dedicated to You” (Sammy Cahn, Saul Chaplin, Hy Zaret) – 5:00
9 “Old Rag” – 2:37
All compositions by Keith Jarrett except as indicated
Keith Jarrett – piano
Charlie Haden – double-bass
Paul Motian – drums
Os CDs do quarteto de cordas Kronos sempre fizeram minha alegria. O grupo existe há 34 anos e sempre faz trabalhos muito originais ligados à música moderna. Não surpreende o fato de terem estreado mais de 400 obras dedicadas a eles, algumas escritas por conhecidos nossos, como Piazzolla, Górecki, Reich, Boulez, etc. Ultimamente – pasmem! -, têm se apresentado com Tom Waits…
Mas fiquemos na música erudita. Há um CD de música erudita africana para quarteto de cordas que vou lhes contar… ou postar algum dia… quem sabe?
Este fantástico Black Angels (1990) é um CD sobre a guerra e a morte.
Inicia com a obra que dá nome ao CD, uma ode ao Vietman do norte-americano George Crumb (1929- ). Se o primeiro movimento é bastante assustador, o segundo começa por uma citação de A Morte e a Donzela de Schubert e finaliza com outra citação facilmente reconhecível mas que não consigo pescar na memória.
Thomas Tallis (1510-1585) parece estar como um peixe fora d`água neste trabalho do Kronos, porém o texto em que se baseia o moteto para 40 vozes Spem in Alium conta uma batalha bíblica.
Doom, a Sigh de Istvan Marta (1952- ) incorpora uma gravação autêntica de duas mulheres romenas lamentando a morte de parentes e amigos. É difícil ouvir até o fim o idioma universal da dor.
Depois, o completo contraste. Temos algo pra lá de espalhafatoso e engraçado. O compositor erudito americano Charles Ives (1874-1954) canta sua “Marcha Militar” They are there! (1917) de forma inacreditável. Exatamente, Ives canta! Trata-se de uma canção que escreveu “dedicada” à Primeira Guerra Mundial. A gravação de Ives é acompanhada discretamente pelo Kronos. Espantoso. Vale a pena conhecer a letra de They are there! (Fighting For The People’s New Free World):
There’s a time in many a life, when it’s do though facing death and our soldier boys will do their part that people can live in a world where all will have a say. They’re conscious always of their country’s aim, which is Liberty for all. Hip hip hooray you’ll hear them say as they go to the fighting front.
Brave boys are now in action They are there, they will help to free the world They are fighting for the right But when it comes to might, They are there, they are there, they are there, As the Allies beat up all the warhogs, The boys’ll be there fighting hard a-a-and then the world will shout the battle cry of Freedom. Tenting on a new camp ground.
When we’re through this cursed war, All started by a sneaking gouger, making slaves of men (God damn them), Then let all the people rise, and stand together in brave, kind Humanity. Most wars are made by small stupid selfish bossing groups while the people have no say. But there’ll come a day Hip hip Hooray when they’ll smash all dictators to the wall.
Then it’s build a people’s world nation Hooray Ev’ry honest country free to live its own native life. They will stand for the right, but if it comes to might, They are there, they are there, they are there. Then the people, not just politicians will rule their own lands and lives. Then you’ll hear the whole universe shouting the battle cry of Freedom. Tenting on a new camp ground. Tenting on a new camp ground
O Quarteto de Cordas Nº 8 de Dmitri Shostakovich (1906-1975), de 1960, é dedicado às vitimas do fascismo e da guerra. É uma obra-prima que já postamos aqui algumas vezes, mas que teima em reaparecer.
Crumb, Tallis, Marta, Ives & Shostakovich: Black Angels (Kronos Quartet)
– George Crumb “Black Angels: Thirteen Images from the Dark Land”, for ampliflied/electric String Quartet (1970)
– Thomas Tallis “Spem in Alium” 40-part motet (circa 16th century) arranged by Kronos
– Istvan Marta “Doom: A Sigh,” (1989)
– Charles Ives “They Are There!” (1917/1942) arranged by John Geist
– Dmitri Shostakovich String Quartet No. 8 (1960)
Faixas:
1. Black Angels: I. Departure (5:37)
2. Black Angels: II. Absence (5:25)
3. Black Angels: III. Return (7:13)
4. Spem In Alium (Sing And Glorify) (8:52)
5. Doom. A Sigh (10:54)
6. They Are There! (2:47)
7. Quartet No. 8: I. Largo (4:57)
8. Quartet No. 8: II. Allegro Molto (2:36)
9. Quartet No. 8: III. Allegretto (4:19)
10. Quartet No. 8: IV. Largo (4:12)
11. Quartet No. 8: V. Largo (3:56)
Este CD tem lugar garantido na pequena mochila que levarei para a ilha deserta — talvez motivado pela perseguição de wagnerianos enlouquecidos; logo eu, um ariano filho de Johann Sebastian Bach com Brunilda Dämmerung, minha saudosa mãe, a bela loira crepuscular nascida em Estugarda (nome em português de Stuttgart, prezado leitor) que seduziu meu pai com outras intrincadas polifonias.
Mas chega! Dizia que este CD vai para a ilha deserta em minha pequena mochila. E vai mesmo.
Com a Filarmônica de Berlim sob a regência de Claudio Abbado, temos aqui o mais polifônico e barroco dos compositores modernos. Apesar dos protestos de Wilhelm Furtwängler, sua música foi carimbada como “degenerada” pelos nazistas e Hindemith emigrou para os EUA em 1940, para lecionar em Yale. É curioso que Glenn Gould tenha se dedicado tanto a Hindemith, mas não pretendo fazer nenhuma tese a respeito, apesar de ter uma pronta.
Ele também era violista, regente e escrevia sobre música. Certamente o fato de ser regente explica suas espetaculares obras para sopros e metais. Dentre os modernos, talvez só Nielsen tenha escrito tão bem para estes instrumentos melódicos. Sua música é altamente polifônica e não é casual que tenhamos neste CD uma “Música” para 12 instrumentos solistas. Publicou pequenas obras clássicas como Curso Condensado de Harmonia Tradicional, Ludus Tonalis e Treinamento Elementar para Músicos.
Só lhes peço uma coisa. Ouçam o primeiro movimento da Música de Câmara Nº 5 com o volume bem alto. Minha filha chama este movimento de “Erudito Pauleira”; eu apenas garanto que ele faz mais sentido quando penetra forte no último pavilhão auricular… Mas o que eu entendo de ouvidos? Nada!
Paul Hindemith (1895-1963): Música de Câmara Nros. 4, 1 e 5 (Abbado)
6. Kammermusik Nr.1 mit Finale 1921, Op.24 Nr.1 for 12 solo instrs : l. Sehr schnell und wild – Berliner Phil/Claudio Abbado
7. Kammermusik Nr.1 mit Finale 1921, Op.24 Nr.1 for 12 solo instrs : ll. Massig schnelle Halbe. Sehr s – Berliner Phil/Claudio Abbado
8. Kammermusik Nr.1 mit Finale 1921, Op.24 Nr.1 for 12 solo instrs : lll. Quartett. Sehr langsam und mi – Berliner Phil/Claudio Abbado
9. Kammermusik Nr.1 mit Finale 1921, Op.24 Nr.1 for 12 solo instrs : lV. Finale: 1921. Lebhaft – Berliner Phil/Claudio Abbado
10. Kammermusik Nr.5, Op.36 Nr.4 (Viola Concerto) for solo viola and large chm orch: l. Schnelle Halbe – Wolfram Christ
11. Kammermusik Nr.5, Op.36 Nr.4 (Viola Concerto) for solo viola and large chm orch: ll. Langsam – Wolfram Christ
12. Kammermusik Nr.5, Op.36 Nr.4 (Viola Concerto) for solo viola and large chm orch: lll. Maßig schnell – Wolfram Christ
13. Kammermusik Nr.5, Op.36 Nr.4 (Viola Concerto) for solo viola and large chm orch: lV. Variante eines Mili – Wolfram Christ
Kolja Blacher, solo de violino nas faixas de 1 a 5.
Wolfram Christ, solo de viola nas faixas de 10 a 13.
Orquestra Filarmônica de Berlim
Claudio Abbado
Não dá para negar que mano Friede – apelido dado por meu pai – era um cara complicado. Perdeu 100 Cantatas que herdou de papai e, quando vocês ouvirem este CD, notarão que até seus Vivaci são meio tristes. Mas foi uma tremendo compositor e estas sonatas muitas vezes me levaram quase às lágrimas durante minha problemática adolescência, pois as conheço há mais de trinta, digo, trezentos anos.
Segundo este site, foi sempre o mais próximo e o preferido do pai. Para além da Música, estudou Direito, Filosofia e Matemática e parecia ter um futuro promissor. A Música, naturalmente, aprendeu-a do pai e revela, em algumas passagens do que deixou escrito, uma aderência quase absoluta a trechos da escrita do progenitor. Wilhelm, apesar de talentoso, parece ter-se tornado sombrio e pouco regrado na sua vida social. Rapidamente caiu em desgraça na Berlim do século XVIII. Chamou a si situações difíceis que lhe trouxeram uma velhice decadente e uma morte miserável.
E é verdade. Ele era alcoolista pesado e só a longevidade de minha família explica o fato de ter vivido até os 74 anos. Mais ainda do que nosso pai!!!
Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784) – Sonatas e Trios (Camerata Köln)
Sonata for Flute and Basso Continuo in E minor, F 52 (12:49)
1. Allegro Ma Non Tanto
2. Siciliano
3. Vivace
Trio Sonata for 2 Flutes and Basso Continuo in B flat major, F 50 (11:21)
4. Largo
5. Allegro Ma Non Troppo
6. Vivace
Trio Sonata for 2 Violines and Basso Continuo in D major, F 48 (15:08) <— GRANDE OBRA
7. Allegro Ma Non Tanto
8. Larghetto
9. Vivace
Sonata for Flute and Basso Continuo in F major, F 51 (12:56)
10. Allegro Non Troppo
11. Andantino
12. Vivace
Trio Sonata for 2 Flutes and Basso Continuo in A minor, F 49 (4:08)
13. Trio Sonata In A Minor
Trio Sonata for 2 Flutes and Basso Continuo in D major, F 47 (8:28)
14. Andante
15. Allegro
16. Vivace
Eu nunca entendi quem gosta de Chopin. Eu acho um saco. Aí, vi este disco de Murray Perahia… Amo Perahia e tive a certeza de que ele me convenceria de meu erro! Olha, não prendeu minha atenção nem por um minuto. Ouvi (?) tudo, inteirinho. Um fracasso. Logo, eu já estava revisando mentalmente minha agenda, pensando em como pedir a Eva Green em namoro, na forte possibilidade de uma 3ª Guerra Mundial, em futebol e na familícia. Mas sei de gente que reside no topo da cadeia auditiva que ama Chopin. O errado sou eu, claro. Mas ao menos eu posso ficar com ele nos ouvidos por um tempo. Já Rachmaninov… Bah, que russo insuportável!
Chopin (1810-1849): Sonatas Nº 2 e 3 (Perahia)
Sonata No. 2 In B-flat Minor, Op. 35
A1 I – Grave; II – Scherzo 13:40
A2 III – Marche Funèbre; IV – Finale: Presto 9:34
Sonata No. 3 In B Minor, Op. 58
B1 I – Allegro Maestoso 9:06
B2 II – Scherzo: Molto Vivace; III – Largo 12:24
B3 IV – Finale: Presto, Ma Non Tanto 5:17
Certa vez, em um churrasco, já devidamente alcoolizado e conversando com um especialista em Música Brasileira, o PP, começamos a fazer uma lista dos dez melhores discos brasileiros de todos os tempos. Ao lado dos óbvios Chega de Saudade, Construção, Slaves Mass, Transa, Dança das Cabeças, etc. o PP disse que Previsão do Tempo tinha lugar certo na lista e estava a fim de brigar pelo trabalho de Marcos Valle. OK, os bêbados inteligentes não brigam e reservamos uma vaguinha pra Marcos Valle e eu, que tenho o vinil original, voltei a ouvi-lo e fiquei de queixo caído. É ma-ra-vi-lho-so! Hoje vi que meu vinil vale quatro dígitos. É uma raridade.
Marcos Valle (1943) é um gênio da Bossa Nova e da MPB. Escreveu mais de 500 canções, lançou 29 álbuns, teve músicas regravadas em todos os cantos do planeta e mais de 100 sampleadas por artistas atuais como Marcelo D2 a Jay-Z e Kanye West, entre outros.
Previsão do Tempo é tido como o seu melhor álbum. Tem de tudo, samba, MPB, canções lentas, derramados flertes com o jazz e o soul. Alerta: estávamos em 1973, o governo era o do Gen. Médici de tão má memória. Alguém desavisado de nossos dias pode ver em Marcos um simpático à ditadura militar ao ouvir a faixa de abertura Flamengo até morrer. Na época estava clara a sátira, só que hoje muita gente esquece que havia músicas que necessitavam ser descriptografadas. Marcos e Paulo Sérgio estão falando de pão e circo, estão dizendo que a panaceia para o país seria escalar Dario e Doval juntos no ataque do Flamengo e tudo ficaria OK. “Até o Presidente é Flamengo até morrer!” Mais claras são Tira a mão e Mentira. A primeira é extremamente raivosa:
Mas tira a sua presença Se manda de vez Vou falar francamente Não vou com você Tira-se, retira-se, tira daqui Não entendo essa língua Não entendo não
É um trocadilho com a palavra Tira, que tanto pode significar o verbo tirar ou o substantivo tira, ou seja, os puliça. Outras faixas icônicas também trazem cunho político e fizeram muito sucesso. Mentira é puro deboche e foi sampleada recentemente por Marcelo D2:
Quero é ter…
Você na mira… tchup tchu, é mentira
Mira… tchup tchu, sem mentira
Já a letra de Samba Fatal foi escrita por Paulo Sérgio sob o impacto da notícia do suicídio de Torquato Neto, em 10 de novembro de 1972.
Uma obra-prima!
.: interlúdio :. Marcos Valle: Previsão do Tempo (1973)
Lado A
1. Flamengo Até Morrer
2. Nem Paletó, Nem Gravata
3. Tira A Mão
4. Mentira (Chega De Mentira)
5. Previsão Do Tempo
6. Mais Do Que Valsa
Lado B
1. Os Ossos Do Barão
2. Não Tem Nada Não
3. Não Tem Nada Não Pt. 2
4. Samba Fatal
5. Tiu-Ba-La-Quieba
6. De Repente, Moça Flor
Todas as músicas são de Marcos Valle (música) e Paulo Sergio Valle (letra), exceto Previsão do Tempo que é apenas de Marcos Valle e as duas Não tem nada não, de que é de Eumir Deodato, João Donato e Marcos Valle.
Arranged By, Orchestrated By, Conductor – Maestro Zé Roberto* (tracks: A2 to A6, B2, B3, B5, B6) / Maestro Marcos Valle* (tracks: A1, B4) / Maestro Waltel Branco* (tracks: B1)
Music Director – Maestro Gaya*
Trio Azymuth:
José Roberto Bertrami (teclado e arranjos)
Alex Malheiros (baixo)
Ivan Conti “Mamão” (bateria)
O Terço em:
“Flamengo Até Morrer” e “Samba Fatal”.
Há muito a ser dito sobre a abordagem de Thomas Dausgaard para a Quarta Sinfonia de Bruckner. Ao adotar um tempo relativamente rápido para o primeiro movimento e, particularmente, para o Finale, ele nos deixa uma sensação de continuidade e coesão que a maioria das outras interpretações não têm. Além disso, a execução da Filarmônica de Bergen, capturada aqui em um som incrivelmente vívido, é absolutamente excelente. Do lado do débito, há algumas passagens que soam um pouco mal caracterizadas. Por exemplo, o maravilhoso coral de metais que aparece no meio do primeiro movimento poderia irradiar mais majestade. Da mesma forma, a abertura do Finale está um tanto carente de mistério, e o crescendo cataclísmico que o segue não abre os céus. Por outro lado, os dois movimentos centrais são excelentes. O andamento de Dausgaard para o Andante quasi allegretto parece ideal por soar nem muito apressado nem muito prolongado. Nele, pulsam a saudade e a melancolia desejadas por Bruckner. Lindo, lindo! E o Scherzo nos chega com grande força e emoção, com Dausgaard trazendo um sedutor ritmo vienense para a suave seção do Trio.
Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 4 (Dausgaard)
Symphony No. 4 In E-Flat Major, WAB (Second Version, 1878-80, Ed. Nowak)
1 I. Bewegt, Nicht Zu Schnell 16:54
2 II. Andante Quasi Allegretto 14:41
3 III. Scherzo 9:58
4 IV. Finale 19:37
Fazendo sua estreia na grande Harmonia Mundi, o Signal Ensemble, grupo nova-iorquino, executa a célebre Music for 18 Musicians (1976), um trabalho básico de um compositor fundamental que mudou a rota da música do século XX. Steve Reich deu seu OK a esta gravação e completou: “o Signal fez uma gravação extraordinária da Music for 18 Musicians. Foram exatos e emocionais. Deem uma ouvida”.
Várias gravações ocorrerão em 2016 em comemoração ao 40º aniversário do trabalho, que foi um clássico instantâneo da ECM e da música em geral. Porém, provavelmente, poucos serão mais sensacionais do que este registro. A alegria, a precisão rítmica e a transparência de som talvez sejam difíceis de serem realcançadas. Uma música dificílima e que aqui soa com naturalidade. E de efeito tão fascinante como sempre.
Os 18 músicos são assim divididos:
1 Violin
2 Cello
3 Female voice
4 Female voice
5 Female voice
6 Piano
7 Piano
8 Piano and maracas
9 Marimba and maracas
10 Marimba and xylophone
11 Marimba and xylophone
12 Marimba and xylophone
13 Metallophone and piano
14 Piano and marimba
15 Marimba, xylophone, and piano
16 Clarinet and bass clarinet
17 Clarinet and bass clarinet
18 Female voice and piano
Steve Reich (1936): Music for 18 Musicians (Signal Ensemble)
Esse disco é bem novinho, do final de 2023, e foi lançado em vinil e em CD. Quem conseguiu-o para mim foi CdeBL. Lembro ele que foi muito gentil e que falou comigo por e-mail ou messenger. Depois, eu dei muitas risadas ouvindo o disco, Lembro que foi para isso mesmo que me mandaram os arquivos, para rir. Agradeço ao mensageiro. Pobre Gustav Mahler, deve estar como um zumbi no túmulo com este arranjo que distorce completamente sua 5ª Sinfonia… A cena tecnojazz alemã é ampla e provavelmente encontrará algum louco para levar isto à serio. Eu levei a sério apenas como comédia. A Jazzrausch Bigband está repleta de músicos que tocam muito bem, mas nem tudo pode ser feito com qualquer coisa. O resultado é uma constrangedora paródia. Quando a coisa vira jazz, se torna até palatável, mas quando é Mahler me causa frouxos de riso. Muitos outros artistas abordaram a música clássica para criar obras de jazz com verdadeiro talento. Mas aqui, com esses ritmos disco para cinquentões… Eu tenho 66 e meu mundo é puro rock n`roll, pô! OK, estou brincando. Mas o problema mesmo é a falta de criatividade nos arranjos. Quantas vezes aquela bateria precisa nos metralhar num crescendo, meu deus?
Da Quinta de Mahler:
1. I. Trauermarsch. In Gemessenem Schritt. Streng. Wie Ein Kondukt 08:41
2. II. Stürmisch Bewegt. Mit Größter Vehemenz 07:58
3. III. Scherzo. Kräftig, Nicht Zu Schnell 08:47
4. IV. Adagietto. Sehr Langsam 03:30
5. V. Rondo-Finale. Allegro – Allegro Giocoso 08:54
Da Terceira de Mahler:
6. I. Kräftig. Entschieden 04:44
O Primeiro Concerto para Piano de Prokofiev (1911) é uma obra da juventude, o Segundo (1912) é o mais original e memorável — na verdade, uma de suas obras-primas. Este concerto, apesar da sua grandeza, parece atrair principalmente pianistas de nicho — como Vladimir Feltsman, emigrado russo nos EUA desde o final da década de 1980, cujo legado gravado consiste em grande parte em alguns grandes concertos russos mais Bach e algum Schubert. Nesta versão, Prokofiev não soa tão revolucionário e audaz quanto talvez devesse, as obras soam enérgicas e charmosas. Está bem, mas estas versões perdem de longe para Ashkenazy, Argerich, Bavouzet e Beroff (Também temos Ash e a Rainha no PQP, só que o Bavouzet e o Beroff têm a integral dos Concertos).
Serguei Prokofiev (1891-1953): Concertos para Piano Nº 1 e 2 + Romeu dá adeus à Julieta (Feltsman / Tilson Thomas)
Concerto No. 1 For Piano & Orchestra, Op. 10 (D-Flat Major / Des-Dur / Ré Bémol Majeur)
Allegro Brioso 3:38
Meno Mosso 3:27
Andante Assai 3:59
Allegro Scherzando 4:30
Concerto No. 2 For Piano & Orchestra, Op. 16 (G Minor / G-Moll / Sol Mineur)
I–Andantino 11:45
II–Scherzo: Vivace 2:42
III–Intermezzo: Allegro Moderato 7:01
IV–Finale: Allegro Tempestoso 11:16
“Romeo Bids Juliet Farewell” (Lento) (No. 10 From 10 Pieces For Piano From Romeo & Juliet, Op. 75) 6:56
“O carnaval é a festa religiosa da raça”. Oswald de Andrade, um dos precursores da antropofagia modernista, preconizava no início do século uma das grandes características da cultura brasileira, a carnavalização, termo complexo, mas que traz em seu bojo forte tendência ao humor, à sátira, à paródia. Aliados a essa tendência, podemos constatar o surgimento de criativos autores e das obras cujo poder de invenção e síntese crítica desmistificam qualquer grau de alteridade de outras culturas. Desde o Barroco podemos verificar essa tendência, principalmente em Gregório de Mattos, recuperada mais fortemente no Modernismo. Às vezes, porém, torna-se necessário resgatar alguns nomes que por circunstâncias diversas escapar de um trabalho de pesquisa mais apurado. Nesse contexto encontra-se a obra de Lamartine Babo, ou simplesmente “Lalá” para muitos, compositor, cantor e escritor e um dos mais lembrados nomes da época áurea do carnaval de marchinhas carioca, cuja obra possui uma linguagem ousada, franca, satírica e, por que não dizer, destronadora, e plenamente identificada com o discurso modernista. Lamartine, apesar da importância de sua obra, foi Lamartine, apesar da importância de sua obra, foi pouco retratado ou comentado por trabalhos que abordam o tema musical brasileiro: Júlio Bressane narrou em seu filme Tabu, o encontro fictício entre Lamartine e Oswald, aproximação bastante pertinente, convenhamos. José Ramos Tinhorão, nos seus estudos da MPB, (mais de cunho histórico-jornalístico) cita-o algumas vezes em relação à produção de marchinhas e marchas-rancho no Brasil e do surgimento do rádio e TV brasileiros, bem como alguns outros autores que se limitam a listar suas músicas carnavalescas. A própria indústria fonográfica não fez ainda um levantamento mais preciso de sua obra, se comparada a de outros autores de igual período.
Trecho retirado da Introdução do trabalho “A CARNAVALIZAÇÃO NA OBRA DE LAMARTINE BABO“, de Carlos Henrique Almeida Neves (Integrante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica -PUC/SP)
Carnaval :. Lamartiníadas: A Música de Lamartine Babo (Pedro Miranda, Alfredo Del-Penho, Pedro Paulo Malta)
1 Hino do Carnaval Brasileiro (Lamartine Babo)
História do Brasil (Lamartine Babo)
2 Minha Cabrocha (Lamartine Babo)
3 Janette (Lamartine Babo/Assis Valente)
Canção Para Inglês Ver (Lamartine Babo)
4 Isto É Lá Com Santo Antônio (Lamartine Babo)
Chegou A Hora da Fogueira (Lamartine Babo)
5 Parei Contigo (Lamartine Babo)
6 Infelizmente (Lamartine Babo/Ari Pavão)
Ganga (Lamartine Babo)
7 No Rancho Fundo (Ary Barroso/Lamartine Babo)
8 Já Tirei O Meu Chapéu (Lamartine Babo)
9 Nega (Noel Rosa/Lamartine Babo)
10 Eu Queria Ser Ioiô (Lamartine Babo/João de Barro)
Seu Voronoff (Lamartine Babo/João Rossi)
11 Diga (Lamartine Babo/Gonçalves de Oliveira)
Antônio, Por Favor (Lamartine Babo/José Maria de Abreu)
12 Eu Queria Um Retratinho De Você (Noel Rosa/Lamartine Babo)
13 As Cinco Estações do Ano (Lamartine Babo)
14 Cantores do Rádio (Lamartine Babo/João de Barro/Alberto Ribeiro
Cantores:
Pedro Miranda
Alfredo Del-Penho
Pedro Paulo Malta
Músicos:
Beto Cazes (Percussão, solos de lápis no dente)
Dirceu Leite (Flauta, Flautim, Violão, Banjo, Violão tenor)
Henrique Cazes (Cavaquinho, Violão, Banjo, Violão-Tenor e voz em “infelizmente”
Luis Filipe de Lima (Violão 7 cordas)
Marcos Nimrichter (Acordeom)
Oscar Bolão (Percussão)
Rameau, o orquestrador, nunca decepciona, então qualquer disco que traga sua música instrumental é avidamente apreciado nesta casa. Aqui, o programa consiste de árias e danças de duas peças dramáticas contrastantes, compostas já na velhice do compositor. La naissance d’Osiris é um balé em um ato cujo enredo torna-o quase uma ópera em um ato. Rameau o escreveu em 1754 para o nascimento do duque de Berry, que mais tarde se tornaria Luís XVI… Les Boréades, por outro lado, é uma verdadeira tragedie-en-musique, a última de Rameau, concluída por volta de 1760, mas que, embora ensaiada, nunca foi apresentada nos quatro anos restantes de sua vida. Cada uma das duas suítes de dança é prefaciada por uma abertura. A de La naissance d’Osiris é particularmente atraente. É evidente que Rameau também gostou, já que na sua primeira seção ela reaparece, assim como em outra peça da qual esqueci o nome. Os amantes experientes de Rameau também encontrarão outras oportunidades de referências cruzadas, mas não tantas. Ah, Rameau é um de nossos leitores, jamais esquecemos deste fato.
Jean-Phillipe Rameau (1683 – 1764): La Naissance D’Osiris (Suite For Orchestra) / Abaris Ou Les Boréades (Suite And Dances) (Capella Savaria / Térey-Smith)
La Naissance D’Osiris (Suite For Orchestra)
1 Overture 6:08
2 Musette 1:19
3 Première Et Deuxième Gavotte 2:31
4 Rondeau Gracieux 1:23
5 Air De Musette 1:36
6 Premier Et Deuxième Tambourin 2:35
7 Air Graxieux 2:17
8 Musette Tendre 1:45
9 Marche Gaye 1:00
10 Première Et Deuxième Gavotte 2:37
11 Air Majesteux Et Gracieux 2:31
12 Air Vif 2:08
13 Contredanse 1:56
Abaris Ou Les Boréades (Suite And Dances)
14 Overture 3:02
15 Menuet 1:22
16 Allegro 2:03
17 Entrée 3:18
18 Rondeau Vif 1:42
19 Contredanse En Rondau 2:07
20 Premier Et Deuxième Rigaudon 2:33
21 Gavotte Pour Les Fleures Et Les Zéphirs 3:39
22 Première Et Deuxième Contredanse 1:56
Dia desses, alguns membros do PQP estavam, com seus nomes civis, conversando animadamente entre outras pessoas no Facebook. E descobrimos algo curioso: a gente não gosta muito de Philip Glass. Pior: eu e Ranulfus somos decididamente hostis ao brilho sem graça do americano dentuço. Só para ficar na cena norte-americana, citei três caras realmente geniais: Adams, Reich e Riley. Estes não tem nada a ver com o Paulo Coelho do minimalismo. E eu disse que lançaria um torpedo no PQP Bach. Está aqui.
Vocês estão frente a um quarteto de cordas de 120 minutos — é um álbum duplo — , com 23 movimentos divididos em 5 seções da melhor música do século XX. Ah, não acredita? Vá ouvir!
Após quase 20 anos de vida, Salome Dances for Peace parece ser a obra-prima de Riley. In C recebe muito mais performances, mas Salomé é um trabalho mais profundo e mostra um compositor incrivelmente criativo e inspirado.
Salomé foi encomendada pelo Kronos Quartet, intérpretes desta gravação. Como muitas peças de Riley, é uma obra programática que envolve elementos da mitologia. O uso da mitologia é tipico de Riley. Mas se o programa é interessante, o trabalho para tranquilamente em pé sem ele.
As peças, mesmo as de mais intrincada composição, incluem improvisação. Riley conseguiu integrar os momentos de improviso e os compostos de forma perfeita, mal se nota o que são uns e outros. (Mérito também do Kronoa, claro). E é surpreendente que, mesmo que os temas e ritmos sejam diferentes, o efeito global seja o mesmo. bartokiano, eu diria.
O estranho (e legal) é que mesmo que soe a Bartók, nunca é austero. Salomé é uma dança de alegria de um dos compositores mais alegres do século 20.
Terry Riley (1935): Salome Dances for Peace (Kronos Quartet)
I. Anthem of the Great Spirit
1) The Summons
2) Peace Dance
3) Fanfare in the Minimal Kingdom
4) Ceremonial Night Race
5) At the Ancient Aztec Corn Races Salome Meets Wild Talker
6) More Ceremonial Races
7) Oldtimer at the Races
8. Half Wolf Dances Mad in Moonlight
II. Conquest of the War Demons
9) Way of the Warrior
10) Salome and Half Wolf Descend Through the Gates to the Undeworld
11) Breakthrough to the Realm of the War Demons
12) Combat Dance
13) Salome Re-enacts for Half Wolf Her Deeds of Valor
14) Discovery of Peace
15) The Underworld Arising
III. The Gift
1) Echoes of Primordial Time
2) Mongolian Winds
IV. The Ecstasy
3) Processional
4) Seduction of the Bear Father
5) The Gathering
6) At the Summit
7) Recessional
V. Good Medicine
8. Good Medicine Dance
KRONOS QUARTET:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello
Gostei muito. As gravações são todas ao vivo, tomadas na Tonhalle de Zurique, com aplausos. Trata-se de uma coleção dos ‘bis depois de Beethoven’ que András Schiff deu durante seu ciclo das 32 sonatas do mestre entre 2004 e 2006. Com 52 minutos, equivalem a um banquete dos finais clássicos dos recitais do pianista – de Bach, Haydn e Mozart, passando por Beethoven até Schubert. Se você pensa nos bis como coisas leves, bem, eles podem ser ou não ser. Esses compositores escreveram muitas peças características que são menos ambiciosas do que as grandes sonatas, mas que não devem ser descartadas como miniaturas. Composições mais curtas, sim, mas com longas reflexões por trás delas.
O que tocar depois de uma noite de, digamos, cinco sonatas de Beethoven? Nada, afirmariam muitos pianistas. E Schiff está de acordo com aqueles que, depois da última Sonata de todas (a famosa Op. 111), considerariam a adição de qualquer coisa que não fosse o silêncio como um terrível erro. No entanto, ele nos chega com uma atitude do tipo “por que não?, não há razão para negar a um público entusiasmado um pouco mais de música, desde que estejam relacionadas com as sonatas ouvidas anteriormente”. Os bis variam em extensão e escopo, desde a pequena Giga em Sol maior de Mozart, K. 574 (1’42” e bem traiçoeira), até a Sonata em Sol menor de dois movimentos de Haydn (nº 44 em Hob.) que chamou a atenção de vários grandes pianistas, como Sviatoslav Richter. E ainda temos Bach! Uma joia de CD!
J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)
Three Piano Pieces D 946 (Franz Schubert)
1 No. 1 e- Flat minor. Allegro assai 07:26
2 Allegretto c minor D 915 (Franz Schubert) 04:59
3 Eine kleine Gigue in G Major KV 574 (Wolfgang Amadeus Mozart) 01:42
Sonata g minor Hob XVI :44 (Joseph Haydn)
4 Moderato 09:33
5 Allegretto 04:04
6 Hungarian Melody in b minor D 817 (Franz Schubert) 03:59
7 Andante favori F major WoO 57. Andante grazioso con moto (Ludwig van Beethoven) 08:41
Partita No. 1 B-flat Major BWV 825 (Johann Sebastian Bach)
8 Menuet I & II 02:32
9 Gigue 02:33
Prelude and Fugue b-flat minor BWV 867 (Johann Sebastian Bach)
10 Prelude 02:30
11 Fugue 03:27
Uma joia! Esta coleção de Cantatas Seculares foi lançada mil vezes em quinhentos formatos diferentes. Comprei-a lá por 2005 em dois volumes de 4 CDs cada um. Aqui está o primeiro. São gravações realizadas antes de 1985, creio, pela Hänssler Classic. Helmuth Rilling foi o primeiro a gravar as Cantatas Completas de Bach e ainda assim, quase 40 anos após terem sido lançadas pela primeira vez, em celebração do tricentenário de Bach em 1985, a coleção continua a ser uma das principais, uma pela qual as outras interpretações são julgadas. Rilling, nascido em 1933 em Stuttgart, é aclamado como maestro, pedagogo e estudioso de Bach. Em 1954 fundou o Gächinger Kantorei, que onze anos depois uniu forças com o Bach Collegium Stuttgart como seu parceiro orquestral regular. Foi nesta altura que Rilling iniciou o seu trabalho intensivo com a música de Johann Sebastian Bach. Ele também defendeu fervorosamente a música coral negligenciada do período romântico e promoveu a música contemporânea encomendando e executando regularmente peças de compositores de nosso tempo. Esta série de CDs traz as famosas Cantatas do Café (BWV 211), a dos Camponeses (BWV 212) e as lindíssimas BWV 208 e 209. A BWV 213 também é uma loucura de bonita.
J. S. Bach (1685-1750): 8 Cantatas Seculares (Profanas), BWV 208 a 215 (Rilling) 4 CDs
CD1
BWV 208 “Was Mir Behagt Ist Nur Die Muntre Jagd”
1 Sinfonia (BWV 1046a)
2 1. Recitativo: Was Mir Behagt Ist Nur Die Muntre Jagd
3 2. Aria: Jagen Ist Die Lust
4 3. Recitativo: Wie? Schönste Göttin! Wie?
5 4. Aria: Willst Du Dich Nicht Mehr Ergötzen
6 5. Recitativo: Ich Liebe Dich Zwar Noch!
7 6. Recitativo: Ich, Der Ich Sonst Ein Gott In Diesen Feldern Bin
8 7. Aria: Ein Fürst Ist Seines Landes Pan!
9 8. Recitativo: Soll Dan Der Pales Opfer Hier Das Letzte Sein?
10 9. Aria: Schafe Können Sicher Weiden
11 10. Recitativo: So Stimmt Mit Ein
12 11. Coro: Lebe, Sonne Dieser Erden
13 12: Duetto: Entzücket Uns Beide
14 13. Aria: Weil Die Wollenreichen Herden
15 14. Aria: Ihr Felder Und Auen
16 15. Coro: Ihr Lieblichste Blicke! Ihr Freudige Stunden
BWV 209 “Non Sa Che Sia Dolore”
17 1. Sinfonia
18 2. Recitativo: Non Sa Che Sia Dolore
19 3. Aria: Parti Pur E Con Dolore
20 4. Recitativo: Tuo Saver Al Tempo
21 5. Aria: Ricetti Gramezza E Pavento
CD2
BWV 210 “O Holder Tag, Erwünschter Zeit”
1 1. Recitativo: O Holder Tag, Erwünschte Zeit
2 2. Aria: Spielet, Ihr Beseelten Lieder
3 3. Recitativo: Doch, Haltet Ein, Ihr Muntern Saiten
4 4. Aria: Ruhen Hie, Matte Töne
5 5. Recitativo: So Glaubt Man Denn
6 6. Aria: Schweigt, Ihr Flöten
7 7. Recitativo: Was Luft? Was Grab?
8 8. Aria: Großer Gönner, Dein Vergnügen
9 9. Recitativo: Hochteurer Mann
10 10. Aria: Seid Beglückt, Edle Beide
BWV 211 “Schweigt Stille, Plaudert Nicht” (Kaffeekantate)
11 1. Recitativo: Schweigt Stille, Plaudert Nicht
12 2. Aria: Han Man Nicht Mit Seinen Kindern
13 3. Recitativo: Du Böses Kind, Du Loses Mädchen
14 4. Aria: Ei! Wie Scheckt Der Coffee Süße
15 5. Recitativo: Wenn Du Mir Nicht Den Coffee Läßt
16 6. Aria: Mädchen, Die Von Harten Sinnen
17 7. Recitativo: Nun Folge, Was Dein Vater Spricht
18 8. Aria: Heute Noch, Liebe Vater, Tut Es Doch
19 9. Recitativo: Nun Geht Und Sucht Der Alte Schlendrian
20 10. Coro: Die Katze Läßt Das Mausen Nicht
CD3
BWV 212 “Mer Hahn En Neue Oberkeet” (Bauernkantate)
1 1. Ouverture
2 2. Aria (Duetto): Mer Hahn En Neue Oberkeet
3 3. Recitativo: Nu, Mieke, Gib Dein Guschel Immer Her
4 4. Aria: Ach, Es Schmeckt Doch Gar Zu Gut
5 5. Recitativo: Der Herr Ist Gut
6 6. Aria: Ach, Herr Schösser, Geht Nicht Gar Zu Schlimm
7 7. Aria: Es Bleibt Dabei
8 8. Aria: Unser Trefflicher, Lieber Kammerherr
9 9. Recitativo: Er Hilft Uns Allen, Alt Und Jung
10 10. Aria: Das Ist Galant
11 11. Recitativo: Und Unsre Gnädge Frau
12 12. Aria: Fünfzig Taler Bares Geld
13 13. Recitativo: Im Ernst Ein Wort!
14 14. Aria: Klein Zschocher Müsse So Zart Und Süße
15 15. Recitativo: Das Ist Zu Klug Vor Dich
16 16. Aria: Es Nehme Zehntausend Dukaten
17 17. Recitativo: Das Klinkt Zu Liederlich
18 18. Aria: Gib, Schöne, Viel Söhne
19 19. Recitativo: Du Hast Wohl Recht
20 20. Aria: Dein Wachstum Sei Feste
21 21. Recitativo: Und Damit Sei Es Auch Genug
22 22. Aria: Und Daß Ihr’s Alle Wißt
23 23. Recitativo: Mein Schatz! Erraten
24 24. Chor: Wer Gehn Nun
BWV 213 “Laßt Uns Sorgen, Laßt Uns Wachen”
25 1. Coro: Laßt Uns Sorgen, Laßt Uns Wachen
26 2. Recitativo: Und Wo? Wo Ist Die Rechte Bahn
27 3. Aria: Schlafe, Mein Liebster
28 4. Recitativo: Auf! Folge Meiner Bahn
29 5. Aria: Treues Echo, Treues Echo
30 6. Recitativo: Mein Hoffnungsvoller Held!
31 7. Aria: Auf Meinen Flügeln Sollst Du Schweben
32 8. Recitativo: Die Weiche Wollust Locket Zwar
33 9. Aria: Ich Will Dich Nicht Hören, Ich Will Dich Nicht Wissen
34 10. Recitativo: Geliebte Tugend
35 11. Aria, Duetto: Ich Bin Deine
36 12. Recitativo: Schaut, Götter, Dieses Ist Ein Bild
37 13. Coro: Lust Der Völker, Lust Der Deinen
CD4
BWV 214 “Tönet, Ihr Pauken! Erschallet, Trompeten!”
1 1. Coro: Tönet, Ihr Pauken! Erschallet, Trompeten!
2 2. Recitativo: Heut Ist Der Tag
3 3. Aria: Blast Die Wohlgegriffnen Flöten
4 4. Recitativo: Mein Knallendes Metall
5 5. Aria: Fromme Musen! Meine Glieder!
6 6. Recitativo: Unsre Königin Im Lande
7 7. Aria: Kron Und Preis Gekrönter Damen
8 8. Recitativo: So Dringe In Das Weite Erdenrund
9 9. Coro: Blühet Ihr Linden In Sachsen
BWV 215 ” Preise Dein Glücke, Gesegnetes Sachsen”
10 1. Coro: Preise Dein Glücke, Gesegnetes Sachsen
11 2. Recitativo: Wie Können Wir, Großmachtigster August
12 3. Aria: Freilich Trotzt Augustus’ Name
13 4. Recitativo: Was Hat Dich Sonst, Sarmatien, Bewogen
14 5. Aria: Rase Nur, Verwegner Schwarm
15 6. Recitativo: Ja, Ja! Gott Ist Uns Noch Mit Seiner Hülfe Nah
16 7. Aria: Durch Die Von Eifer Entflammeten Waffen
17 8. Recitativo: Laß Doch, O Teurer Landesvater, Zu
18 9. Coro: Stifter Der Reiche, Beherrscher Der Kronen
Apesar do domínio técnico do repertório barroco, gostaríamos que os cantores e instrumentistas liderados por Philippe Herreweghe demonstrassem mais emoção, mesmo que isso significasse enfatizar os “affetti” em estilo italiano. Um aumento no fervor, no calor e na convicção teria conquistado plenamente meu apoio. O “Miserere Mei Deus” H.219 (H inicial de H. Hitchcock, classificador das obras do compositor) constitui a quarta ilustração do Salmo 50 realizada por Charpentier. Os motetos H.346 e H.372 provavelmente destinavam-se a acompanhar as procissões de Corpus Christi na Igreja Jesuíta, adornada com repositórios ricamente decorados para a ocasião.
Miserere H.219
Ouverture 1:42
Miserere Mei, Deus 3:08
Quoniam Iniquitatem Meam 3:30
Asperges Me Hysopo 4:14
Ne Projicias Me 4:04
Sacrificium Deo 1:46
Benigne Fac, Domine 2:18
Pour La Seconde Fois Que Le Saint Sacrement Vient Au Mesme Reposoir H.372 9:34
Pour Le Saint Sacrement Au Reposoir H.346 5:11
Motet Pour Une Longue Offrande H.434
Paravit Dominus 2:39
Pluet Super Peccatores 5:19
Deus Justus Et Patiens 5:58
Justus Es Domine 9:53