Publicado por Bluedog em 2008, restaurado por PQP Bach em 15/9/2025, em homenagem à viagem de volta do Campeão para seu planeta, iniciada em 13/9/2025 (Vassily)
IM-PER-DÍ-VEL !!!
Quem quiser piratear os meus discos, pode ficar à vontade. Desde que seja para ouvir uma boa música. (…) Mesmo o meu trabalho em gravadoras, o povo tem mais é que piratear tudo. Isso não é revolução. O que queremos é mostrar essa música universal. Porque isso não toca em rádio nem aparece na capa do jornal. Sabe o que Deus falou? Muita gente pensa que é só para transar. Mas, não. “Crescei e multiplicai-vos”. Isso é em todos os sentidos. Vamos crescer na maneira de ser e multiplicar o que tem de bom. Sem barreiras. A música é universal. Eu toco no mundo inteiro e é sempre lotado. Eu só cheguei a isso porque os meus discos são pirateados, estão à vontade na Internet.
O único motivo para Hermeto Pascoal não estar no Olimpo da humanidade – como Davis, Corea, Coleman ou Monk – é o fato de ter nascido na América do Sul. Fosse europeu ou norte-americano, seria um pilar da história da música e do jazz. Já é, mas a falta de reconhecimento, popularidade e admiração lhe tomam o lugar que deveria ocupar. Não que essas coisas preocupem, ou pareçam ter algum dia preocupado o velho bruxo. Hermeto é um artista que cabe naquela acepção tão cara a Adorno: um ungido pelos deuses e destinado a produzir sua arte sem que nada além importe, sem que nada se interponha. De muito criança já improvisava pífanos em galhos de mamona. Aprendeu a tocar o acordeão do pai aos 7. Isso em Lagoa da Canoa, um (hoje) município de 20 mil habitantes no estado de Alagoas.
Estas três últimas frases, de certa forma, podem definir muito bem a trajetória de Hermeto. Gênio inquieto, construtor de instrumentos, improvisador, extravagante. Seu estilo vocal de fazer jazz e misturá-lo a sonoridades típicas brasileiras – seja no estilo, como o choro, samba e baião, seja nos instrumentos, como o acordeão e a chaleira – pode tanto mostrar um maestro formidável quanto um ser humano que só pode haver dando vazão à tudo que sai de si como música. Quase como uma respiração ao contrário. Este Slaves Mass, de 1976, seu segundo álbum, foi quem sedimentou o nome de Hermeto no cenário do jazz mundial, onde se consagraria três anos depois, no festival de Montreaux. Além do talento imaginativo de Hermeto, notam-se influências de Wayne Shorter, Cannonball Adderley (a quem foi dedicada a faixa 4), Joe Zawinul (aqui, pode ser um exagero deste cão; mas não consigo escutar as notas brilhantes do Fender Rhodes sem pensar nele) e Miles Davis, principalmente no fusion de Star Trap. Sobre Miles e Hermeto, aliás, mais em breve.
A edição trazida aqui é a de 2004, que conta com três faixas bônus. Pela duração, é quase um outro disco-gêmeo, mais solto nas jams, generoso em harmonias cromáticas. Os arquivos estão compactados independentemente (a parte 2 contém apenas a última música).
Para quem conhece pouco do bruxo, um aviso: fique de ouvidos abertos. Que aos 72, segue lotando os lugares onde pisa, em qualquer uma das cinco formações utilizadas para se apresentar – Hermeto Pascoal e Grupo, Hermeto Pascoal e Aline Morena (sua esposa), Hermeto Pascoal Solo, Hermeto Pascoal e Big Band e Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica. Quando não está viajando, mora em Curitiba. É o músico mais carismático, e grato, que já vi de verdade.
Muita gente confunde inovar com idade, com números. Muita gente pensa que, quando um menino pega um violão e sai cantando, o povo acha que aquilo é coisa nova. Tem muita gente de 18 anos tocando coisas velhas e quadradas. (…) Não é que o velho seja ruim, é que o novo tem nascido velho.
Hermeto Pascoal – Slaves Mass (vbr)
Hermeto Pascoal: voz, piano, piano Rhodes, clavinet, flauta, sax soprano
David Amaro: guitarra, violão, violão 12
Alphonso Johnson: baixo, efeitos especiais
Raul de Souza: trombone
Chester Thompson: bateria
Airto Moreira: bateria, percussão, porcos
Ron Carter: contrabaixo acústico
Flora Purim: voz
Produzido por Kerry McNabb para a Warner
01 Mixing Pot 9’18
02 Slaves Mass 4’19
03 Little Cry for Him 2’11
04 Cannon 5’20
05 Just Listen 7’08
06 That Waltz 2’46
07 Cherry Jam 11’45
08 Open Field 4’25
09 Pica Pau [take 1] 14’20
10 Star Trap [part 2] 15’45

Boa audição!

Já estamos quase na sexta-feira e o final de semana se aproxima benfazejo; este cão inicia os trabalhos – no clima e no temperamento, ao menos – jogando alto com a intensidade e a vivacidade do jazz de Wes Montgomery.


John Coltrane – Live at Birdland /1963 (320)
Charles Mingus – Tonight at Noon /1961 (320)


Talvez em cima da hora – talvez algum leitor presenteado com um iPhone testando a conexão com seu blog favorito -, mas também lembrando de quem festeja com um almoço no dia 25, corro pra deixar aqui um dos mais populares discos de jazz de todos os tempos, The Charlie Brown Christmas. Falava em discos comerciais no post anterior? E o que dizer desse, que foi gravado sob encomenda para o especial da CBS, em 1965? Tanto que é uma das trilhas de tevê, e um dos álbuns temáticos de natal, mais vendidos de todos os tempos. Função à parte, o revezamento de trios que Vince Guaraldi propõe é excelente e funciona com perfeição, podendo inclusive ser servido à mesa.

Conheci Rachel Grimes porque sou fã de sua banda, chamada Rachel’s. (A
Rachel Grimes – Book of Leaves (2009)





No pacote lincado logo abaixo, estão três gravações das peças da furniture music, encontradas 
Não sei bem de onde catei essa raridade, que ganhou remasterização em nova edição deste ano. Também não posso parar agora pra procurar, ou falar sobre Milt Jackson. Ainda bem que não precisa. Saibam que o disco é lindo e majestoso. E agradeçam ao internauta misterioso pelo rip em 320kbps.




O que temos aqui hoje é fruto de um atraso. Deveria tê-lo postado dias atrás, mas não pude. Porque este não é bem um álbum de fim de semana. Não como vocês possam ter notado em outras oportunidades – quando procuro trazer gravações mais leves, simples e prazerosas do que desafiadoras ou introspectivas. Por outro lado, às vezes tanta reverência mais engana e confunde do que ajuda a ouvir uma obra. Só não incomoda mais do que introduções longuíssimas como essa. Adiante.






















:format(jpeg):mode_rgb():quality(90)/discogs-images/A-2460138-1332315737.jpeg.jpg)
![.: interlúdio [em caixinhas de música] :. Yuko Ikoma & Cécile “Colleen” Schott](https://pqpbach.ars.blog.br/wp-content/uploads/2011/07/Yuko-Ikoma.jpg)



