.: interlúdio :. Miles Davis: In a Silent Way

Às vezes quero postar algo mais contemporâneo ou diferente, e me pego pensando – mas e aquele disco? Tão importante, que não postei ainda?

Por isso, deixo Nicholas Payton para depois e lhes trago a majestosidade de In a Silent Way.

A data da gravação é 18 de fevereiro de 1969. Os mais próximos da discografia de Miles Davis sabem o que isso significa: nada de bop. O final dos anos 60 marca a tomada de direção em rumo ao fusion – mais um estilo com sua assinatura na certidão de nascimento. Ao agregar instrumentos elétricos ao jazz, aceitou a provocação do rock; e antes de quebrar as estruturas do jazz tradicional no (estupefaciente) “Bitches Brew” (1970), Miles cimentou a base do fusion (toda fama de Dave Brubeck) neste álbum. Não somente na música, também na produção: ativo na edição, realizou um segundo trabalho de composição e arranjo para o resultado final. As frases desconexas, muitas vezes, tiveram sua atonalidade amplificada estruturalmente pelo artista.

São duas faixas; uma por lado, batendo nos vinte minutos. Na verdade, cada música é dividida em três partes – veja logo abaixo para as divisões (apenas didáticas) exatas. Notarão que o último segmento tem o mesmo nome do primeiro; propositadamente, a última parte é uma repetição da primeira. Miles compôs as peças num esquema exposição, desenvolvimento e recapitulação, com o intuito de que fossem melhor assimiladas. Exagero. Duas magníficas viagens de jazz ora harmônico e tranquilo, noutras livre e swingado como nos anos 20, em grooves que lembram o berço da raça de Davis, e em solos de virtuosismo poucas vezes reunido. Não vou precisar falar sobre os integrantes da gravação; a ficha técnica logo abaixo da capa diz tudo. (Estão perdoados por interrogações ao baterista, mas somente.) Apenas destaco que dos três pianos operados, o Fender Rhodes de Corea não é apenas uma delícia para os ouvidos, mas também um aceno do que ocorria em 1969, do lado de fora do estúdio B da Columbia, em Nova Iorque.

Miles Davis – In a Silent Way (256)

01 Shhh/Peaceful (Davis) – 18’16
Shhh – 6’14
Peaceful – 5’42
Shhh – 6’20

02 In a Silent Way/It’s About That Time – 19’52
In a Silent Way (Zawinul) – 4’11
It’s About That Time (Davis) – 11’27
In a Silent Way – 4’14

Miles Davis: trumpet
Wayne Shorter: soprano saxophone
John McLaughlin: electric guitar
Herbie Hancock: electric piano
Chick Corea: electric piano
Joe Zawinul: organ
Dave Holland: bass guitar
Tony Williams: drums(muito bem) Produzido por Teo Macero para a Columbia

download AQUI

Boa audição!

Blue Dog

12 comments / Add your comment below

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  2. Esse álbum é um marco na discografia do Jazz. E essa formação é a formação base dos meus sonhos. E não esquecer que esse pessoal, mais um monte de gente, se reuniu mais tarde para realizar o seminal “Bitches Brew”. E, caro Blue Dog, Tony Williams foi um gênio absoluto em seu instrumento. Creio que não haja necessidade de se colocar interrogações ao lado de seu nome. Eita sujeitinho fodido para juntar tanta gente boa num só CD… Detalhe: McLaughlin dava os primeiros passos com sua Mahavishnu Orchestra, Zawinul e Shorter apenas algum tempo depois iriam lançar o Weather Report, Herbie Hancock já era um nome famoso na época, mas depois desse disco iria se destacar ainda mais, Chick Corea também já tinha lançado alguma coisa, assim como Dave Holland, e Williams já tinha participado de um quinteto do próprio Miles jntamente com Hancock (por favor, me corrijam se estiver esquecendo de alguma coisa).Ou seja, galera da pesada…Grande postagem, Blue Dog.. Abraços, FDP Bach.

  3. primeira vez que baixo arquivo nesse gde blog! socorro, baixei o concerto do brahms, mas veio num formato que nem consigo identificar!!! assistência técnica, por favor1!!!

  4. Sou leitor assiduidíssimo do blog, que descobri há meros 2 meses. Grande indicação “In A Silent Way”, foi minha porta de entrada para o jazz. Magnifíco.Gostaria apenas de fazer um pedido especial: espero ansiosamente por Verdi, que ainda não apareceu por aqui — a menos que me engane muito. Arrisco até uma sugestão como primo piato: A Força do Destino. Aguardo.Parabéns pelo blog.

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