Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) – Le Quattro Stagioni, com Il Giardino Armonico [link atualizado 2017]

ES-TU-PEN-DO !!!

Prezado ouvinte, como esses caras d’Il Giardino Armonico são bons! PQP!

Ah, para muitos essa é a a versão preferida d’As Quatro Estações de Vivaldi! Creio que também o seja para mim. E, para melhorar, há ainda mais o Concerto para Oboé RV 454 e o Concerto para Violino RV 332 de lambuja, para alegrar ainda mais o dia!

A primeira grande sacada, para começar, foi lembrar que, num concerto para orquestra e baixo contínuo o tal baixo contínuo não é especificado, ou seja: pra que fazer a base da música sempre apenas com um cravo? No barroco, pouco importava para o compositor que instrumento fazia o fundo, pois a função do baixo contínuo é, principalmente, ajudar a manter a cadência e a tonalidade da música. Então por que não usar como contínuo a teorba, “aquela alaúde enorme” e instrumento bastante utilizado na Itália no período vivaldiano? Por ser um instrumento de cordas dedilhadas, a base se torna muito mais dinâmica, pois as notas longas tornam-se repetições de uma mesma nota curta.

A segunda grande sacada foi lembrar que no barroco ainda se dava uma liberdade muito maior do que hoje aos músicos de interpretarem a música de decidirem entre si a intensidade dos fortes e pianos a variação do andamento. Depois, no classicismo e, principalmente, no romantismo, com o crescimento das orquestras, cresceu a importância do regente e o compositor chegou a sandices tais de marcar um pianíssimo com 5 pês (ppppp), para que os músicos interpretassem exatamente como ele tinha concebido. Não, não! Pra que isso? O conjunto milanês retoma a liberdade interpretativa barroca com muita vontade! Assim, sua execução é a mais vivaldiana possível: é quente, é sensual, é poética, é viva, é vibrante!

Enquanto encontramos tantas execuções de concertos por aí em que a partitura, como texto, é apenas lida, os rapazes d’Il Giardino Armonico a declamam! Há, de forma muito pungente, paixão e lirismo na sua calorosa interpretação, quase um grande manifesto contra as convencionais leituras em tons pastéis da partitura, em favor das vivas cores desses sons de Antonio Vivaldi! Eles não querem ser comportados, querem é a ebriedade dessa música, e nos brindam com ela!

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas.

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
(…)

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.

– Não quero saber do lirismo que não é libertação.

(“Poética”, Manuel Bandeira)

Ouça, ouça! Depois repita o CD todo! Depois ouça uma terceira vez! Deleite-se sem a menor moderação!

Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741)
Le Quattro Stagioni, Concerto para Oboé e Concerto para Violino

Concerto para Violino em Mi maior RV 269, “Primavera”
01. Allegro
02. Largo
03. Allegro Pastorale
Concerto para Violino em Sol menor RV 315, “L’estate”
04. Allegro non molto
05. Largo – presto
06. Presto (tempo impetuoso d’estate)
Concerto para Violino em Fá maior RV 293, “L’autunno”
07. Allegro
08. Adagio molto
09. Allegro
Concerto para Violino em Fá menor RV 297, “L’inverno”
10. Allegro non molto
11. Largo
12. Allegro
Concerto para Oboé em Ré menor RV 454
13. Allegro
14. Largo
15 Allegro
Concerto para Violino em Sol menor RV 332
16. Allegro
17. Largo
18. Allegro

Enrico Onofri, violino
Paolo Grazzi, oboé
Il Giardino Armonico: Enrico Onofri, Stefano Barneschi, Marco Bianchi, violinos; Francesco Lattuada, viola; Paolo Beschi, violoncelo; Luca Pianca, teorba; Francesco Cera, cravo
Giovanni Antonini, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (136Mb)

Os doidões d’Il Giardino Armonico papeando:
“C’era qualcosa di heavy metal in Vivaldi, non è vero?”

Bisnaga

William Primrose – obras para Viola de Henri Casadesus (1879–1947), William Walton (1902–1983), Hector Berlioz (1803–1869) e Niccolò Paganini (1782-1840) [link atualizado 2017]

UM BAITA VIOLISTA !!!

Postado originalmente em 10 de março de 2012.

Damos prosseguimento à nossa sequência de peças para viola, este instrumento tão belo e injustiçado (agora falou alto o meu lado amargo de violista com remorso) e finalmente pousam aqui no P.Q.P.Bach algumas das exímias execuções de William Primrose (1904-1982). O escocês foi um dos maiores violistas que se tem registro, dono de técnica e precisão que deixariam qualquer dos melhores violinistas que já passaram por aí com, no mínimo, uma pontinha de inveja. Seu virtuosismo o levou a ser protagonista de uma quantidade bastante expressiva de gravações, num período em que ainda só existiam os LPs.

Neste LP transformado em CD o violista mostra sua versatilidade em três peças dedicadas ao instrumento.

pseudo-barroco Concerto par Viola que Henri Casadesus compôs e atribuiu a Händel (hoje editado com o nome de “no estilo de Händel) está com o andamento coisa de uns 40% mais rápido que o original, o que faz com que se exacerbe o virtuosismo de Primrose, mas que dificulta a percepção da linha melódica de extrema beleza da música de Casadesus (futuramente encontrarei um CD no qual esse concerto esteja em seu andamento original, mais lento, e o postarei aqui). São escolhas: o virtuosismo em detrimento da melodia… Ainda assim, a peça é extremamente bela, no mesmo nível do Concerto que Casadesus atribuiu a J.C.Bach, não menos apaixonante, que postamos anteriormente aqui. Em seguida nos é apresentado o belo, melodioso e delicado Concerto para Viola de William Walton, com todas as características das composições do século XX (e que você pode comparar com a versão gravada pelo poderoso violista Lawrence Power aqui). Nesta versão, a de Primrose, a regência está sob a batuta de nada menos que o próprio Walton, seu contemporâneo, e talvez por isso esteja mais próxima da concepção de seu autor. Não menos interessante é a terceira peça, do período romântico: a vibrante Haroldo na Itália, do francês Hector Berlioz. É a mais animada para fechar o CD, embora o papel do solo da viola seja o menos destacado das peças do álbum, ainda que os solos sejam muito bonitos. Há ainda uma quarta peça, o assustadoramente eloquente Capricho nº 5 de Niccolò Paganini, em transcrição feita para viola, que coloquei pra vocês como uma faixa-bônus, brindado-os com uma saideira do virtuosismo de William Primrose.

Ouça-o: tudo o que você achava sobre os violistas pode mudar depois desse álbum. Não perca!

Palhinha 1: Primrose executando o Capricho nº5 de Paganini

Palhinha 2: Primrose executando o Capricho nº24 de Paganini

Henri Casadesus (1879–1947)
Concerto para Viola em Si Menor no Estilo de Händel (A)
01. I. Allegro moderato
02. II. Andante ma non troppo
03. III. Allegro molto energico

William Walton (1902–1983)
Concerto para Viola (B)
04. I. Andante comodo
05. II. Vivo, con molto preciso
06. III. Allegro moderato

Hector Berlioz (1803–1869)
Harold in Italy (C)
07. I. Harold nas montanhas
08. II. Marcha dos peregrinos
09. III. Serenata
10. IV. Festa dos bandidos

Niccolò Paganini (1782-1840)
11. (faixa-bônus) Capricho nº 5

William Primrose, viola
A. RCA Victor Orchestra
Frieder Weissmann, regente
B. Philharmonia Orchestra
William Walton, regente
C. Boston Symphony Orchestra
Serge Koussevitsky, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (112Mb)
Ouça! Deleite-se! … 

Bisnaga

Ariel Ramírez (1921-2010): Misa Criolla (com José Carreras); Guido Haazen (1921-2004): Missa Luba; Anônimo: Misa Flamenca + Guido Haazen (1921-2004): Missa Luba e Canções Congolesas [link atualizado 2017]

SEN-SA-CIO-NAIS!!!
As missas que ora apresentamos são obras emblemáticas e históricas! As três, belíssimas, marcam a abertura da Igreja Católica após o Concílio Vaticano 2º (1962-1965), quando, entre outras tantas mudanças, o rito romano deixou de ser em latim e passou a se celebrar nas línguas locais.
Cronologicamente, a primeira das três peças é a Missa Luba, composta pelo missionário belga Guido Haazen (nome de batismo Mauritz Jan Lodewyjk Haazen) em 1958, quando ele estava em missão no Congo. Haazen adaptou os cânticos tradicionais da missa católica, ainda em latim, aos ritmos e instrumentos locais, o que em si, em época ainda anterior ao Concílio, era bastante arrojado e provavelmente não seria aceito pela Igreja se já não se estivessem indicando sinais de mudanças. A sua missa alterna entre comoventes momentos de placidez e de lamento, com uma formação extremamente singela: um coro e 4 instrumentos de percussão (para que mais que isso, se ele consegue efeito tão belo?).
Seguindo a linha do tempo, a talvez primeira missa completa composta na língua do país tenha sido a Misa Criolla, de Ariel Ramírez, um dos grandes compositores da Argentina. foi terminada ainda em 1964, antes do fim do Concílio. Ramírez mescla à formação e impostação clássica de coro os instrumentos andinos de sua terra, de forte ligação com os povos indígenas de lá, tomando ainda o cuidado para que cada cântico tivesse as características de um ritmo tradicional platino diferente. Disso resulta uma obra riquíssima, ainda mais valorizada com a presença da potente e precisa voz de José Carreras, na gravação que ora lhes oferecemos, e na qual o compositor está presente no piano e na harpa! Detalhe: a Misa Criolla é a peça argentina mais gravada e conhecida mundialmente. Há uma outra versão aqui no PQPBach, ainda mais arrebatadora que a de Carreras, com Mercedes Sosa, mas eu recomendo que vocês conheçam as duas gravações.
Por fim, a mais recente de todas, mas organizada apenas dois anos depois do dito concílio, a Misa Flamenca, é um arranjo de Ricardo Fernandez de Latorre, José Torregrosa e José María Moreno de músicas da missa para o ritmo tão característico da Andaluzia, resultando em sonoridades extremamente ricas e inusitadas, dado que o flamenco é geralmente cantado em solo e, em geral, não admite coros, que nesta peça harmonizaram-se perfeitamente com a forma tradicional. É interessante perceber o tanto que os volteios e meirismos característicos do ritmo guardam das canções árabes: a influência musical dos mouros muçulmanos, que por séculos dominaram a Península Ibérica, transparece até mesmo na música católica! É uma dessas belas misturas que o mundo nos proporciona!
Há uma outra versão, de sonoridade bastante distinta, da Missa Luba, regida pelo próprio padre Guido Haazen. Quando o missionário chegou ao Congo, formou, unindo 45 crianças de 9 a 14 anos e 15 professores da escola de Kamina, um coro que recebeu o nome de Les Troubadours du Roi Baudouin (Os Trovadores do Rei Baudouin). Esse grupo acabou por apresentar-se por seis meses na Europa, levando a música da África para terras distantes e não acostumadas àquela sonoridade. Nessa gravação, diferentemente do som encorpado e redondo que predomina nas técnicas tradicionais da música de concerto, aparecem as vozes rasgadas, típicas dos cantos africanos, distanciando a percepção da música do padrão erudito e acercando-a da forma tradicional dos povos negros. Há ainda, uma reunião de sete músicas cerimoniais congolesas, que mantém, após a audição da missa, a ligação com o divino.
Confira as sonoridades que esses autores proporcionaram à humanidade! Ouça!

Misa Criolla (1964)
Ariel Ramirez (Santa Fé, 1921 – Buenos Aires, 2010)
01. Misa Criolla – Kyrie (vidala-baguala)
02. Misa Criolla – Gloria (carnavalito-yaraví)
03. Misa Criolla – Credo (chacareira trunca)
04. Misa Criolla – Sanctus (carnaval cochabambino)
05. Misa Criolla – Agnus Dei (estilo pampeano)

Missa Luba (sobre temas tradicionais do Congo) (1958)
Padre Guido Haazen (Antuérpia, 1921 – Bonheiden, 2004)
06. Missa Luba – Kyrie
07. Missa Luba – Gloria
08. Missa Luba – Credo
09. Missa Luba – Sanctus
10. Missa Luba – Agnus Dei

Missa Flamenca (1967)
Anônimo
Arr. Ricardo Fernandez de Latorre, José Torregrosa, José María Moreno
11. Misa Flamenca – Kyrie (La Caña)
12. Misa Flamenca – Gloria (Cantes de Málaga)
13. Misa Flamenca – Credo (Cantes Gitanos)
14. Misa Flamenca – Sanctus (Cantes del Campo)
15. Misa Flamenca – Agnus Dei (Cantes de Cádiz)

Misa Criolla
José Carreras, tenor
Grupo Huancara, instrumentos latinos (Ariel Ramírez, piano e harpa; Domingo Gura, Jorge Padín, percussão; Arsenio Zambrano, charango; Lalo Gutierrez, violão; Raúl Barboza, acordeom)
Coral Salvé Laredo
José Luís Ocejo, regente
Sociedade Coral Bilbao
Gorka Sierre, regente
José Luís Ocejo, regente

Missa Luba
Muungano Nacional Choir (Quênia)
(acompanhado de percussão com djembe, conga, ngoma e guiro)
Boniface Mganga, regente

Misa Flamenca
Andalusian Instrumental Ensemble (Rafael Romero, Pericón de Cádiz, Chocolate, Pepe “El Culata”, Los Serranos, vocais; Victor Monje “Serranito”, Ramón Algeciras, violões)
Coro Maitea
Coro Easo
José Torregrosa, regente

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Mas deixe um comentariozinho…

Missa Luba e Canções Tradicionais do Congo
Padre Guido Haazen (Antuérpia, 1921 – Bonheiden, 2004)
01. Missa Luba – Kyrie
02. Missa Luba – Gloria
03. Missa Luba – Credo
04. Missa Luba – Sanctus
05. Missa Luba – Benedictus
06. Missa Luba – Agnus Dei
07. Dibwe Diambula Kabanda (canção de matrimônio)
08. Lutuku Y a Bene Kanyoka (canto de tristeza/luto)
09. Ebu Bwale Kemai (dança de casamento)
10. Katumbo (Dança)
11. Seya Wa Mama Ndalumba (celebração conjugal)
12. Banana (canção de guerreiros)
13. Twai Tshinaminai (canto de trabalho)

Les Troubadours du Roi Baudouin
Guido Haazen, regente

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Ouça! Deleite-se!

Bisnaga

Philippe Jaroussky canta Antonio Caldara (1670-1736) – Caldara in Vienna [link atualizado 2017]

ES-TU-PEN-DO !!!

Não é muito comum aparecer por aqui um CD somente de árias para contratenor. Para muitos pode parecer um tanto estranho um cara cantando fininho (a não ser para os fãs de rock melódico, cujos vocalistas fazem questão de dar longos e tremendos agudos) e confesso que não me agrada ver qualquer marmanjo empinando notas agudas.
Acontece que Philippe Jaroussky não é, de forma nenhuma, qualquer um. É preciso muita técnica para cantar as árias do período barroco. Os vibratos, trinados, trêmolos e, especialmente o seguimento da partitura sempre duro, com marcatos muito expressivos, faz com que poucos consigam uma execução fiel das músicas vocais do seiscentos/setecentos. E sua técnica é surpreendente, a ponto de convencer até os céticos (como eu)!
O cantor francês tem se dedicado a recuperar as melodias para contratenores e castrati dos compositores barrocos, período áureo para esse tipo de voz incomum. Já gravou divinamente, entre outros, Bach e Vivaldi e aqui, neste álbum, canta as obras de Antonio Caldara com uma perfeição nos agudos de deixar muitas mezzo-sopranos morrendo de inveja (claro que não é o caso de Cecilia Bartoli, que reina absoluta). Jaroussky alterna momentos vibrantes e plácidos com uma facilidade incrível, sem escorregar um fio na fidelidade da execução e no peso da interpretação. Uma joia!

Muitos dizem que ele tem a voz de um anjo. Estou inclinado a concordar…
Ouça-o! O rapaz é foda!

Philippe Jaroussky
Antonio Caldara (1670-1736)
Caldara in Vienna – Forgotten Castrato Arias

01. L’Olimpiade – Aria- Lo seguitai felice
02. Demofoonte – Aria- Misero pargoletto
03. La clemenza di Tito – Recitativo- Numi assistenza
04. La clemenza di Tito – Aria- Opprimete i contumaci
05. L’Olimpiade – Aria- Mentre dormi amor fomenti (Licida)
06. Temistocle – Aria- Non tremar vassallo indegno
07. La clemenza di Tito – Aria- Se mai senti spirarti sul volto
08. Scipione nelle Spagne – Aria- Se mai senti spirarti sul volto
09. Ifigenia in Aulide – Aria- Tutto fa nocchiero
10. Adriano in Siria – Aria- Tutti nemici e rei
11. Lucio Papirio dittatore – Recitativo- Son io Fabio
12. Lucio Papirio dittatore – Aria- Troppo è insoffribile fiero martir
13. Temistocle – Aria- Contrasto assai più degno
14. Enone – Aria- Vado, o sposa
15. Achille in Sciro – Se un core annodi

Philippe Jaroussky, contratenor
Concerto Köln
Emmanuelle Haïm, cravo e regência

Palhinha: Jaroussky canta a faixa 06 aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=y_HPPakFCeM

Palhinha: Aqui ele está mais descontraído, até canta descalço na gravação da faixa 01

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (140Mb)
Ouça! Deleite-se! … Mas, antes ou depois disso, deixe um comentário…

Bisnaga

Andrew Lloyd Webber (1948) – Requiem [link atualizado 2017]


SURPREENDENTE!!!

Você deve estar se perguntando: mas é o Andrew Lloyd Webber mesmo? Aquele compositor de musicais, autor de Cats, Jesus Cristo Superstar e O Fantasma da Ópera?

Siiiim, é ele mesmo!

Há trinta anos atrás falecia o pai de Webber. O resultado dessa perda foi a obra mais intimista, mais dolorosa e, por que não dizer, mais visceral do compositor inglês radicado nos Estados Unidos: ele desceu do salto do populismo dos musicais e empenhou-se em uma peça mais elaborada, sem a preocupação de agradar ou não ao grande público. Era a derradeira homenagem que poderia prestar ao seu genitor, também compositor.
Aliás, Andrew Lloyd Webber vem de uma família de musicistas e compositores e conhece muito bem o repertório erudito. Assim, ele lança mão em seu Requiem das melhores formas contemporâneas de composição e de ótimas e instigantes sonoridades, alternando trechos pesadíssimos (Offertorium e Dies Irae) a cantos elevados e angelicais (como o famoso e belissimo Pie Jesu) e alguns lampejos nada discretos de ânimo (Hosanna).
Este Requiem mostra um compositor muito diferente do Lloyd Webber dos musicais, como dito logo de início, surpreendente: surpreendentemente elaborado e interessante. Não é de hoje que Requiens são repositórios de algumas partes das mais belas escritas pelo homem: podemos citar alguns estupendos, todos representados neste blog, como as peças fúnebres de Mozart, Nunes Garcia, FaurèNeukommVerdi Eli-Eri Moura.
Os Requiens são grandes monumentos à dor, à perda, à angústia, por um lado, mas também a um sentimento muito mais elevado: a saudade, palavra tão bela e tão nobre e que nem existe no idioma de nosso compositor anglo-americano: a melhor forma que ele encontrou para exprimi-la foi em música, e grande música! Nessa gravação, com os pesos-pesados Plácido Domingo e Sarah Brightman (antes de ser pop, embora eu ache seu timbre um tanto estridente) e o pouco conhecido, mas corretíssimo, Paul Miles-Kingston, um anjo cantando…
Ah, Ouça!

Andrew Lloyd Webber (1948)
Requiem

01. Requiem – Kyrie
02. Dies irae – Rex tremendae
03. Recordare
04. Ingemisco – Lacrymosa
05. Offertorium
06. Hosanna
07. Pie Jesu
08. Lux aeterna – Libera me

Placido Domingo, tenor
Sarah Brightman, soprano
Paul Miles-Kingston, soprano infantil
Winchestrer Cathedral Choir
Martin Nery, regente do coro
English Chamber Orchestra
James Lancelot, órgão
Lorin Maazel, regente

Palhinha: Pie Jesu (a música é maravilhosa, ouça-a de olhos fechados, pois o visual do vídeo é meio brega: anos 80, sabe…)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (82Mb)
Ouça! Deleite-se! … Mas antes, deixe um comentário para este postante.

Bisnaga

Oficinas de Música e Movimento

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Neste ciclo de Oficinas de Música e Movimento, as pessoas terão a oportunidade de se expressar através da linguagem musical, sonora e corporal. A partir de aquecimentos corporais e vocais, jogos musicais e teatrais e outras dinâmicas de grupo, criaremos com nossos sons e movimentos. A ideia é que esse seja um espaço de criação e expressão artística de um grupo formado por pessoas diferentes, ou seja, não há pré-requisito nenhum para a inscrição! Todos e todas podem se inscrever! Para isso, é só enviar um e-mail com nome e idade para [email protected] até o dia 10 de abril. Este ciclo de oficinas faz parte da pesquisa de Iniciação Científica de Cecilia Bortoli, no Instituto de Artes da Unesp e no NOMADH – Núcleo de Musicologia e Desenvolvimento Humano, orientada por Paulo Castagna, com bolsa da Reitoria da UNESP.

Não percam!!!

Avicenna

Arvo Pärt (1935) – Kanon Pokajanen; De Profundis; Passio [links mai.2017]

Álbuns originalmente postados em 24 de dezembro de 2011

A música de Arvo Pärt, para mim, não é coisa que se goste na primeira audição. É preciso um pouco mais de tempo (e de tentativas) para deglutí-la.
O compositor estoniano optou por fazer uma música muito mais timbrística que melódica, daí, por muitas vezes, me parecer que ela é estática demais e falta um tanto de movimento. Mas é inegável que os acordes são de uma beleza extrema, há inícios impactantes, meios transcendentes e finais geniais, embora o disco todo talvez se torne um pouco monótono (sei que os fãs incondicionais de Pärt, que são muitos, irão me crucificar…).
Apesar de qualquer coisa, de qualquer senão que eu tenha colocado, não posso deixar de dizer que suas composições são, inegavelmente, de extrema profundidade e, na sua lentidão característica, pedem e necessitam de silêncio, mais que isso, indicam o silêncio ao ouvinte. Talvez o problema resida em nós, que vivemos num mundo tão agitado que não conseguimos mais compreender obras silentes como a dele.

Ali também poder-se-á perceber a fé que o compositor professa: suas músicas são muito ligadas aos ritos da Igreja Ortodoxa, pela forma, andamento e combinação dos acordes, e pelo uso extremado de baixos profundos.
Novamente, como na postagem anterior deste que vos fala, não são músicas natalinas, mas peço que, ao ouví-las, tente se pôr no silêncio, dê-se um tempo longe da agitação do dia-a-dia e permita-se sentir dentro de uma daquelas maravilhosas catedrais ortodoxas, amplas, com uma leve névoa filtrando os raios solares que adentram pelos vitrais. Os cânticos de Pärt, então, te levarão a uma outra dimensão, sublime, mais próxima do céu.


Arvo Pärt (Estônia, 1935)
Kanon

01. Ode I
02. Ode III
03. Ode IV
04. Ode V
05. Ode VI
06. Kondakion
07. Ikos
08. Ode VII
09. Ode VIII
10. Ode IX
11. Prayer after the canon

Tõnu Kaljuste, regente
Estonian Philharmonic Chamber Choir, 1998

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (127Mb)
… Mas o Luke de Chevalier, esse minino-bão, já postou esta obra com uma qualidade melhor. Ela está AQUI Clique aqui.


Arvo Pärt (Estônia, 1935)
De Profundis
01. De Profundis (Salmo 129)
02. Missa Sillabica: 1. Kyrie
03. Missa Sillabica: 1. Gloria
04. Missa Sillabica: 1. Credo
05. Missa Sillabica: 1. Sanctus
06. Missa Sillabica: 1. Agnus Dei
07. Missa Sillabica: 1. Ite missa est
08. Solfeggio
09. And one of the Pharisees
10. Cantate Domino (Salmo 95)
11. Summa (Credo)
12. Seven Magnificent Antiphons: 1. O Weisheit
13. Seven Magnificent Antiphons: 2. O Adonai
14. Seven Magnificent Antiphons: 3. O Spross
15. Seven Magnificent Antiphons: 4. O Schlüssel
16. Seven Magnificent Antiphons: 5. O Morgenstern
17. Seven Magnificent Antiphons: 6. O König
18. Seven Magnificent Antiphons: 7. O Immanuel
19. The Beatitudes
20. Magnificat

Paul Hiller, regente
Theatre of Voices Ensamble, 1996

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (103Mb)


Arvo Pärt (Estônia, 1935)
Passio Domini Nostri Jesu Christi Sedundum Joannen,

01. Passio Domini Nostri Jesu Christi Sedundum Joannen

Paul Hiller, regente
The Hilliard Ensemble, 1994

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (64Mb)

Boa audição.
Bisnaga.

Les Petits Chanteurs de Saint Marc – Les Choristes, o filme; Les Choristes, En Concert [links mai.2017]

Álbuns originalmente postados em 23 de dezembro de 2011

Está chegando o Natal e nessa época sempre me vem à cabeça aquelas cenas de crianças cantando nas janelas de edifícios iluminados. Imagem de beleza e pureza unidas no canto, embora eu particularmente ache as canções natalinas, em sua grande maioria, de uma forçosa alegria e simplórias demais (coisas de quem fica reparando na estrutura das canções)…

Nesses coros infantis, fica muito difícil sair do simples, do óbvio, porém, é nisso que está o diferencial de Les Petits Chanteurs de Saint-Marc (Os Pequenos Cantores de São Marcos): não é um coral de crianças comum. Esse coro ganhou destaque e repercussão depois de estrelarem o belo filme Les Choristes (cujo título no Brasil ficou com o nome piegas de A Voz do Coração), daí os nomes dos dois álbuns que estamos disponibilizando. Boa parte das músicas da trilha sonora também é executada no álbum En Concert, com o acréscimo de composições quase exclusivamente francesas, mas aí vai de quem prefere a precisão das gravações em estúdio ou o sentimento dos registros ao vivo.
Tudo bem, as canções não são estruturalmente complexas, mas são de uma beleza tocante, e executadas sem nenhuma grande pretensão, mas sinto o clima de celebração, talvez nisso resida essa beleza. Os solistas, Jean-Baptiste Maurnier, Emmanuel Lizé, Elsa Journet e Jacinthe Vannier sustentam os mais difíceis agudos sem recorrer a vibratos, sem força, puríssimos, como imaginamos orações de anjos. Um espetáculo puro e leve, como queremos nessa época do ano.
Ah, em tempo: não, não são canções natalinas, mas dá muito bem para entrar no espírito do Natal.
Entre, ouça e se deleite.
São belas canções, são IM-PER-DÍ-VEIS !!!

Compositores
Bruno Coulais (Paris, 13/01/ 1954 – )
Christophe Barratier (França, 17/06/ 1963 – ),
Gabriel Urbain Fauré (Pamier, 12 /05/1845 – Paris, 04/11/1924)
John Rutter Milford (Londres, 24/09/1945 – )
Andrew Lloyd Webber (Londres, 22/03/1948)
Jean-Philippe Rameau (25/09/1683, Dijon – 12/09/ 1764)
Johann Ritter von Herbeck (Viena, 25/12/1831 (Natal) – 28/10/1877)

Les Petits Chanteurs de Saint Marc
Les Choristes (A Voz do Coração) , o filme

01. Les Choristes (Christoper Barriatier, Bruno Coulais)
02. In Memoriam (Bruno Coulais)
03. L’arrivée à l’école (Bruno Coulais)
04. Pépinot (Bruno Coulais)
05. Vois sur ton chemain (Christoper Barriatier, Bruno Coulais)
06. Le partition (Bruno Coulais)
07. Caresse Sur L’océan (Christoper Barriatier, Bruno Coulais)
08. Lueur D’eté (Christoper Barriatier, Bruno Coulais)
09. Cerf-Volant (Christoper Barriatier, Bruno Coulais)
10. Sous la Pluie (Bruno Coulais)
11. Complere Guilleri (arr. Bruno Coulais)
12. La Désillusion (Bruno Coulais)
13. La Nuit (Jean-Philippe Rameau)
14. L’incendie (Bruno Coulais)
15. L’evocation (Bruno Coulais)
16. Les Avions en papier (Christoper Barriatier, Bruno Coulais)
17. Action reáction (Bruno Coulais)
18. Seuls (Bruno Coulais)
19. Morhange (Bruno Coulais)
20. In Memoriam a capella (Bruno Coulais)
21. Nous sommes de fund de l’etag (Bruno Coulais, Ph. LopesCurval, Christoper Barriatier)

Jean-Baptiste Maurnier, soprano infantil
Nicolas Porte, regente
Les Petits Chanteurs de Saint-Marc
Deyan Pavlov, regente
Bulgarian Symphony Orchestra

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (51Mb)

Les Petits Chanteurs de Saint Marc
Les Choristes, En Concert

01. La Fin Du Rêve (Bruno Coulais)
02. Vois Sur Ton Chemin (Christoper Barriatier, Bruno Coulais)
03. Maria, Mater Gratiae (Gabriel Fauré)
04. Open Thou Mine Eyes (John Milford Rutter)
05. The Lord Bless You And Keep You (John Milford Rutter)
06. Vies Monotones (Gérard Manset)
07. Pie Jesu (Andrew Lloyd Webber)
08. Pueri Concinite (Johann Ritter Von Herbeck)
09. La Complainte Du Vent (Bruno Coulais)
10. Le Trou Dans La Neige (Bruno Coulais)
11. Karma (Bruno Coulais)
12. L’enfant Qui Voulait Etre Un Ours (Bruno Coulais)
13. Le Choix (Bruno Coulais)
14. Ave Maria (Giulio Caccini)
15. Cerf-Volant (Christoper Barratier, Bruno Coulais)
16. L’evocation (Bruno Coulais)
17. La Nuit (Jean-Philippe Rameau)
18. Compère Guilleri (Bruno Coulais)
19. Lueur D’eté (Christoper Barratier, Bruno Coulais)
20. Vois Sur Ton Chemin (Christoper Barratier, Bruno Coulais)
21. Caresse Sur L’océan c22. In Memoriam (Bruno Coulais)
23. Vois Sur Ton Chemin (Christoper Barriatier, Bruno Coulais)
24. Cerf-Volant (Christoper Barratier, Bruno Coulais)

Jean-Baptiste Maurnier, soprano infantil
Emmanuel Lizé, soprano infantil
Elsa Journet, soprano infantil
Jacinthe Vannier, soprano infantil
Nicolas Porte, regente
Orchestre Lamoureux
Les Petits Chanteurs de Saint-Marc
Palais des Congrès, Paris, janeiro de 2005

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (83Mb)

Boa audição.

Bisnaga

Curso de iniciação à música clássica retorna às atividades em Recife, após quatro anos

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Na intimidade do PQP, às vezes conjeturamos a respeito de coisas como discoteca básica, obras imprescindíveis, vivência como ouvinte, escolha de gêneros e caminhos, formação de gosto musical, etc. Sim, de vez em quando até conseguimos ser sérios.

Pois acreditamos que a música erudita não seja algo impenetrável, que ela seja como o vinho: quanto mais se conhece, mais se aprecia. E o ouvinte não precisa mergulhar necessariamente em partituras, nem no estudo do contraponto bachiano ou do serialismo. Tudo pode ser — e é — muito simples e prazeroso.

As peças do vasto quebra-cabeça estão aqui no PQP. Agora imagine que uma mão amiga poderá levá-lo a reconhecer gêneros, evolução e formas, indicando as próximas peças que foram colocadas no mosaico da música. A partir deste conhecimento, você poderá identificar do que gosta e ter vida autônoma no universo musical. Então, se você quer se iniciar ou se aprofundar neste universo, indicamos o Curso de Iniciação à Música Clássica, ministrado por Carlos Eduardo Amaral, crítico musical, jornalista e mestre em Comunicação pela UFPE.

Após um intervalo de quatro anos, o curso volta às atividades no começo de abril. De acordo com o release, “é dirigido tanto a apreciadores leigos quanto a estudantes de música iniciantes ou estudantes e profissionais de comunicação, artes e crítica cultural que desejam ter um melhor conhecimento desse universo artístico.”

O curso ensina, por exemplo, o que é uma sinfonia, um concerto, uma missa, ópera etc. Em duas aulas de duas horas cada, Carlos Eduardo Amaral fala sobre os instrumentos que compõem uma orquestra sinfônica, as vozes líricas, os principais gêneros de composição e a linha evolutiva da história da música, da Idade Média à música de vanguarda, citando obras e compositores indispensáveis. Pelo que eu li do programa, acho que vale muito a pena.

Deste modo, você saberá o que ouvir, o que evitar de acordo com seu gosto e poderá responder a perguntas como…

—  Qual o nome daquele instrumento dourado redondo todo enrolado?
— Por que chamamos aquilo de fuga se todos estão parados?
— Mulher também pode ser tenor?
— As missas são regidas por padres?
— Por que metade da orquestra saiu?
— Que ritual besta é esse? Por que não é pra aplaudir agora? Não acabou a música?
— Brahms gostava de cerveja?
— Beethoven morreu faz uns 600 anos?
— Onde nasceu Wagner? E Wagner Love?
— O maestro sabe tocar alguma coisa ou só mexe os braços?

Que boa ideia, né? Pois é, agora é só você ter a sorte de morar nas imediações de Recife e fazer o curso.

O que: Curso de Iniciação à Música Clássica
Onde: Curso Probus Lumen. R. Amaro Bezerra, 445, Derby (em frente à Aliança Francesa), Recife
Duração: dois encontros de duas horas cada
Horário: sextas, 05 e 12 de abril, das 19 às 21h
Turma: 20 alunos (poderão ser abertas novas turmas em outras datas conforme a demanda)
Valor: R$ 75 (setenta e cinco reais), que inclui apostila, DVD com material didático e eventuais brindes.
Inscrições: [email protected]

Mais informações no site: http://musicaclassica2013.wordpress.com/

 

 

 

 

 

PQP & Avicenna

Acervo P.Q.P.Bach de Música Clássica Brasileira

É com imenso prazer que anuncio a criação do segundo acervo deste blog!

Hoje temos a 1ª postagem do Acervo P.Q.P.Bach de Música Clássica Brasileira (está logo ali abaixo). Ao lado do Acervo P.Q.P.Bach de Música Colonial e Imperial Brasileira, este agrupamento pretende ser um importante repositório da música erudita nacional, neste caso, focada nos compositores do Romantismo, do Nacionalismo e do Modernismo brasileiros (por isso nosso selo apresenta, respectivamente, Carlos Gomes, Alberto Nepomuceno e Camargo Guarnieri).

Ainda que não sejam tão difíceis de serem encontradas como as de nossa música colonial, as obras da segunda parte do século XIX e primeira metade do XX ainda foram muito pouco gravadas, há pouco registro. Esse acervo se apresenta como uma intenção de que a música nacional seja mais difundida, que os músicos tenham acesso a um repertório mais amplo, que possam encontrar com mais facilidade as partituras e que, por fim, o público veja com mais frequência a música produzida neste fertilíssimo chão sendo apresentada em nossos palcos.

O acervo deste que vos fala não é imenso (entre CDs e LPs de música nacional, não chego a 300), mas é considerável e creio que deva ser conhecido e acessado por tantos quantos se interessarem. Os álbuns serão postados sempre em alta qualidade: em formatos MP3-320kbps e FLAC, com encartes e informações em 5Mpixel. Estou me obrigando a postar com maior frequência, para dar vazão a esse acervo, ainda que a internet aqui de casa, em São Carlos (SP), não seja lá essas coisas, pois o número de downloads de música nacional, desde que apareci por aqui há um ano e meio, vem crescendo substancialmente… Ah, sempre que possível, serão acrescentados novos links para que se encontre com mais facilidade as partituras de música brasileira, afinal, queremos ver essas obras executadas.

Agradeço antecipadamente a professores, maestros e compositores, como Harry Crowl e Paulo Castagna, que enviaram preciosidades que enriqueceram este conjunto, a entusiastas da música nacional, como os incansáveis Alisson Roberto Ferreira de Freitas e Avicenna (este me passou quase 200 LPs de música brasileira do primeiro), CVL, Ranulfus, Strava, Robson Leitão, Raphael Soares, Vladimir Benincasa, entre outros que eu possa estar esquecendo no momento.

O P.Q.P.Bach tem sido reconhecido cada vez mais como um importante repositório música clássica brasileira (para além de todo o imenso acervo de música internacional que possui, com mais de 3 mil postagens), vindo a somar seus esforços ao de outros amigos da blogosfera. Esperamos, com o Acervo P.Q.P.Bach de Música Clássica Brasileira, vir a acrescentar ainda mais ao repertório de todos que acessam esta página.

E VIVA A MÚSICA BRASILEIRA !!!

Ouça! Deleite-se! (não podia faltar essa frase, né?)

Fizemos também uma postagem gigante para quem procura partituras de autores brasileiros, essa aqui

Bisnaga

PS: se possuir algum CD ou LP que queira partilhar conosco, entre em contato com o [email protected]

Vanessa Mae: The Classical Colection – Dimitry Kabalevsky (1904-1987), Piotr Il’yich Tchaikovsky (1840-1893), Ludwig van Beethoven (1770-1827), Fritz Kreisler (1875-1962) e Marius Casadesus (1887-1945) e mais uma porrada de caras [link atualizado 2017]

Hoje os puristas vão estrilar…

(Este post é a reunião de três postagens dessa coleção de fevereiro de 2013)

Vanessa Mae? Aquela, toda pop? Com certeza, muito pop (já foi mais). É uma grande violinista que soube como nenhuma ser comercial (alguém tem que ganhar dinheiro nessa vida, né?).

Mas esqueçam aquela Vanessa que se tornou clichê! Aqui está a menina sem aquelas traquitanas eletrônicas, sem parafernália plugada, sem batidas sintéticas, sem arranjos de gosto duvidoso. Só ela, seu violino e orquestras tradicionais. É aqui que vemos realmente a Mae violinista! Uma senhora violinista!

É uma Janine Jansen? Não, com certeza. Mas ainda assim manda muito bem no simplesmente MARAVILHOSO, conhecido e  batido Concerto para Violino de Tchaikovsky. O fato de ser conhecidíssimo não tira o mérito, muito menos a beleza deste concerto, um dos mais belos já escritos na face deste geóide azul, senão o mais…

Há ainda, do mesmo Tchaikovsky, a Dança Russa do Lago dos Cisnes, mais uma inspirada peça do autor e, para melhorar, o cativante e vibrante Concerto em Dó de Kabalevsky, que debuta aqui no P.Q.P.Bach já com muita propriedade: que música fez esse russo!

***

No segundo álbum da trilogia The Classical Colection, a singapurense Vanessa-Mae traz um repertório tão interessante ou mais que o anterior.

Começa com três peças: Schön Rosmarin,  Liebeslied e Liebesfreud, do até então inédito aqui no P.Q.P.Bach, Fritz Kreisler, um dos maiores violinistas do século XX e também expressivo compositor de peças para o instrumento.

Depois ela ataca com o Concerto para violino em Ré ‘Adelaide’, de Marius Casadesus, outro que coloca hoje, pela primeira vez, seu nome no nosso rol com mais de 1200 autores. Ah, e que concerto belo! Vocês se lembram do grande engodo das descobertas forjadas dos irmãos Casadesus (aqui)? Pois é: esse concerto foi composto pelo francês, mas ele e seu grupo afirmavam tê-lo encontrado e ser o mesmo uma peça de autoria de Mozart. Muitos anos depois, apenas após a morte do irmão Henry Casadesus (que também criou composições e as atribuiu falsamente a C.P.E Bach, J.C. Bach e Händel) e do próprio Marius é que se descobriu a farsa. Convencionou-se chamar o concerto de “no estilo de Mozart” e dar-lhe a verdadeira autoria, de Marius Casadesus.

Por fim, um membro da Santíssima Trindade e totalmente assíduo aqui no blog: Ludwig van Beethoven (trindade completa por Bach e Mozart), em mais um Concerto para violino em Ré, talvez a peça mais conhecida deste álbum, e como não poderia deixar de ser, vindo de quem veio, tensa e vibrante.

Vanessa-Mae mostra que não é só um rostinho bonito e um pedaço de mau caminho: toca muito bem. Às vezes um pouco quadradinha e certinha demais, faltando um tanto de sangue na interpretação, mas muito boa, ainda que com esse senão.

Meu interesse maior, para além da interpretação falha ou estupenda, incorreta ou precisa de Mae, é colocar neste espaço composições que por aqui não deram o ar da graça ainda: e hoje temos seis faixas novinhas em folha  (e belíssimas) para vosso deleite auricular.

***

Há ainda o terceiro CD, que encerra a trilogia The Classical Collection. Sim, aqui ela já está com saudades do pop e põe as asinhas de fora com o miolo do álbum…

Mas não é esse lampejo de popismo que vai inutilizar o CD. Há muita coisa boa mesmo! Bom, primeiro ela começa muito bem: ataca de Elgar, Bach e Brahms. Depois não resiste e vai para músicas de filmes, musicas, trilhas sonoras até o hino das Olimpíadas de Seul. Depois ela se lembra que a trilogia se chama The CLASSICAL Collection e volta para compositores eruditos, executando coisas belíssimas e deliciosas como a Fantasia de Carmen de Sarasate, e La Campanella  (também super batida, apesar de genial), de Paganini. Dificílimas, para mostrar que, além de tudo (ou apesar de tudo), no violino, ela sabe e ela pode!

Eu não diria que é um CD para se ouvir de cabo a rabo, como são quase todos que postamos aqui, mas tem uma parte considerável de suas músicas que é brilhante e que merece uma audição atenciosa, cuidadosa e, principalmente, prazerosa.

***

Dispa-se do ranço e dos preconceitos contra a mocinha singapurense! O repertório é de primeira linha! Ela toca muito! Ouça! Ouça! Deleite-se!

Vanessa Mae
The Classical Colection
CD1: The Russian Album
Dimitry Kabalevsky (1904-1987)
01. Concerto para violino em Dó, I. Allegro
02. Concerto para violino em Dó, II. Andante
03. Concerto para violino em Dó, III. Allegro giocoso
Piotr Il’yich Tchaikovsky (1840-1893)
04. Dança Russa, d’O Lago dos Cisnes’
05. Concerto para violino em Ré, I. Allegro moderato
06. Concerto para violino em Ré, II. Canzonetta (Andante)
07. Concerto para violino em Ré, III. Finale (Allegro vivacissimo)

CD2: The Viennense Album
Fritz Kreisler (1875-1962)
01. Schön Rosmarin
02. Liebeslied
03. Liebesfreud
Marius Casadesus (1887-1945)
04. Concerto para Violino em Ré ‘Adelaide’, no estilo de Mozart, I. Allegro
05. Concerto para Violino em Ré ‘Adelaide’, no estilo de Mozart, II. Adagio
06. Concerto para Violino em Ré ‘Adelaide’, no estilo de Mozart, III. Allegro
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
07. Concerto para Violino em Ré, I. Allegro ma non troppo
08. Concerto para Violino em Ré, II. Laghettto
09. Concerto para Violino em Ré, III. Rondo (allegro)

CD3: The Virtuoso Album
Edward Elgar (Broadheath, Inglaterra, 1857 – Worcester, Inglaterra, 1934)
01. Salut D’Armour
Johannes Brahms (Hamburgo, Alemanha, 1833 – Viena, Áustria, 1897)
02. Lullaby
Johann Sebastian Bach (Eisenach, Alemanha, 1685 – Leipzig, alemanha, 1750); 03. Ária da Corda Sol (Suíte Orquestral nº 3 em Ré, II. Adagio)
Richard Charles Rodgers (Nova York, EUA, 1902 – 1979)
04. My Favorit Things (de ‘A Noviça Rebelde’ – The Sound of Music)
Henry Mancini (Cleveland, EUA, 1924 – Beverly Hills, EUA, 1994)
05. The Pink Panter
Michel Legrand (Paris, França, 1932)
06. Les Parapluies de Cherbourg (Os Guarda-chuvas do Amor)
Albert Hammond e John Bettis
07. One moment in time (Hino do Jogos Olímpicos de Seul)
John Lennon (Liverpool, Reino Unido, 1940 – Nova York, EUA, 1980) e Paul McCartney (Liverpool, 1942)
08. Yellow Submarine
Tradicional
09. Frere Jacques
Niccolò Paganini (Gênova, Itália, 1782 – Nice, França, 1840)
10. La Campanella
Sze-Du
11. Chinese Folk Tune
Fritz Kreisler (Viena, Áustria, 1875 – New York, EUA, 1962);
12. Tambourin Chinois
Mario Castelnuovo-Tedesco (Florença, Itália, 1895 – Berverly Hills, EUA, 1968)
13. Fígaro
George Gershwin (Nova York, EUA, 1898 – Hollywood, EUA, 1937)
14. Summertime (da ópera Porgy and Bess)
Pablo Martín de Sarasate (Pamplona, Espanha, 1844 – Biarritz, França, 1908);
15. Concerto-fantasia sobre um tema de ‘Carmen’
Henryk Wieniawski (Lublin, Polônia, 1835 – Moscou, Rússia, 1880)
16. Fantasia Brilhante sobre temas de ‘Fausto’, de Gounod

Vanessa Mae, violino
CD1:
London Mozart Players (faixas 01 a 03 e 06 a 07)
Anthony Inglis, regente (faixas 01 a 03 e 06 a 07)
New Belgian Chamber Orchestra (faixa 04)
Nicholas Cleobury, regente (faixa 04)
CD2:
New Belgian Chamber Orchestra (faixas 01 a 03)
Nicholas Cleobury, regente (faixas 01 a 03)
London Mozart Players (faixas 04 a 06)
Anthony Inglis, regente (faixas 04 a 06)
London Symphony Orchestra (faixas 07 a 09)
Kees Bakels (faixas 07 a 09)
CD3:
New Belgian Chamber Orchestra (faixas 01 a 14)
Nicholas Cleobury, regente (faixas 01 a 14)
London Mozart Players (faixas 15, 16)
Anthony Inglis, regente (faixas 15, 16)
1991

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – 3CD (449Mb)

…Mas comente… Não me deixe apenas com o silêncio…

Kabalevsky era a cara do…
… Woody Allen!

Bisnaga

Canções Brasileiras: músicas para piano e canto de 11 compositores nacionais [link atualizado 2017]

Lindo!!!

Meu Deus (sim, não sou ateu)!
Faz quase dois meses que não posto nenhum álbum. Tive que viajar muito, mudei de cidade, deixei São Carlos para trás… Mas agora as coisas estão se organizando de novo e volto a colocar alguma coisa aqui neste espaço. Espero que este retorno seja bem recebido: mais música brasileira compartilhada na blogosfera.

O CD escolhido para este retorno é esta belezinha aqui: o Canções Brasileiras, canções estas muito bem interpretadas pelo piano elegante de Scheilla Glaser e a voz límpida de Sandra Félix. O repertório foi muito bem lapidado, escolhido e trabalhado: é um álbum que tem conjunto, ainda que sejam obras de vários compositores.

Eu destacaria a beleza melódica, em especial, da Canção de Ninar de Francisco Mignone, do Coração Triste de Alberto Nepomuceno (letra de Machado de Assis), da Valsinha Marajó de Waldemar Henrique e da Valsinha de Roda de Edmundo Villani-Côrtes. São as obras com maior candura do conjunto, amáveis. Mas talvez você leitor/ouvinte, goste mais de outras obras deste CD. Por via das dúvidas, escute-o todo, de cabo a rabo: tenho a plena certeza que vais gostar muito!

Ah, creditando: os fonogramas foram esplendorosamente cedidos pelo Raphael Soares, defensor perpétuo de Waldemar Henrique. Valeuzaço, Raphael.

Ouça, ouça! É uma joia! Deleite-se!

Canções Brasileiras

Oscar Lorenzo Fernandez (Rio de Janeiro, RJ, 1897 – 1948)
1. Toada pra você
2. Meu Coração
Francisco Mignone (São Paulo, SP, 1897 – Rio de Janeiro, RJ, 1986)
3. Quando uma flor desabrocha
4. Cantiga de Ninar
Osvaldo Lacerda (São Paulo, SP, 1927 – 2011)
5. Minha Maria (letra de Castro Alves)
6. Cantiga I
7. Canção do Exílio (letra de Gonçalves Dias)
Ronaldo Miranda (Rio de Janeiro, RJ, 1948)
8. noite e dia
9. Cantares
Mozart Camargo Guarnieri (Tietê, SP, 1907 – São Paulo, SP, 1993)
10. Vai, Azulão (letra de Manuel Bandeira)
11. Canção Ingênua
Antônio Ribeiro (Cataguases, MG, 1971)
12. Trovas
13. Retrato (letra de Cecília Meirelles)
Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
14. Conselhos
15. Suspiro d’alma
Alberto Nepomuceno (Fortaleza, CE, 1864 – Rio de Janeiro, RJ, 1920)
16. Soneto
17. Coração Triste (letra de Machado de Assis)
Edmundo Villani-Côrtes (Juiz de Fora, MG, 1930)
18. Valsinha de Roda
19. Modinha da Moça de Antes
20. Baile Imaginário
Waldemar Henrique (Belém, PA, 1905-1995)
21. Valsinha do Marajó
Leopoldo Hakel Tavares (Satuba, AL, 1896 – Rio de Janeiro, RJ, 1969)
22. Azulão  (letra de Manuel Bandeira)

Sandra Félix, soprano
Scheilla Glaser, piano
2000

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE  (89Mb)

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A equipe do P.Q.P.Bach recomenda: Cante! Espante os males!

Bisnaga

Waldemar Henrique (1905-1995) – Canções (Alexandre Trik, baixo) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Postado originalmente em janeiro de 2013. Só oficializando que este Disco é parte do Acervo P.Q.P.Bach de Música Clássica Brasileira…

Voltamos a postar Waldemar Henrique aqui no P.Q.P.Bach, o compositor que levava muito ao pé da letra aquela frase do arquiteto Mies van der Rohe: “Menos é mais“: sem grandes efeitos, sem grandes firulas orquestrais, Waldemar conseguia dar um caráter muito leve às suas músicas e, como lançava mão de letras com temas locais/regionais, muito se aproximou do popular, tanto que várias de suas melodias foram adaptadas por cantores de MPB.

Hoje, no caso, temos a interpretação de Alexandre Trik, baixo de voz muito escura e potente, que dá uma dramaticidade extra às composições de Waldemar Henrique, acompanhado por Helena Maia ao piano: vozeirão de responsa, parece um trovão! Voz essa que arrepia em alguns trechos. Vale a pena!

Ouça! Ouça! Deleite-se!

Waldemar Henrique
O Canto da Amazônia

Lendas Amazônicas
01. Tamba-Tajá
02. Curupira
03. Foi o Boto, sinhá
04. Uirapuru
05. Matintaperêra
06. Manha-Nungara
07. Cobra Grande
Pontos Rituais
08. Sem seu
09. No jardim de Oeira
10. Abá Logun
11. Abaluaiê
Peças Avulsas
12. Adeus
13. Hei de morrer cantando
14. Senhora Dona Sancha
15. Trem de Alagoas

Alexandre Trik, baixo
Helena Maia, piano
Belém, outubro de 1982

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC encartes em 3.0Mpixel (181Mb)
MP3 encartes em 3.0Mpixel (165Mb)

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…Mas comente… Não me deixe apenas com o silêncio…

Bisnaga

Diretamente da África do Sul

Um dos privilégios em postar no PQPBach é receber mensagens que nos faz encher o peito de orgulho do trabalho realizado.
Thank you, Jan, for your kind message. I want to share this gift with all members of our blog.

THANK YOU!

Avicenna

Avicenna

Greetings from South Africa….Remember, I am the happiest Carlos Gomes Fan, since you introduced me. Now you pushed me into heaven with Nunes Garcia. What an elegant composer, so much Romantic before the actual Romantic area began!! After the first notes of the Te Deum I am already totally ‘hooked”. It seems your country (and South America) is so very rich in musical treasures the world does not know about. You efforts to bring these treasure to a wider audience deserves a Musical Nobel Prize. You make a lot of people very happy (even if some won’t bother to say “Thanks”, they still enjoy it I guess…lol) and I am one of these lucky guys!! I understand the demand for Callas, Mozart and other mainstreamers, so I think it’s even more important to never forget the lesser known composers… THANK YOU!!

Jan

Jan, you can get more info on Nunes Garcia, in English, at: http://www.josemauricio.com.br/

Antonio Carlos Gomes (1836-1896) – Sonata em Ré (movimentos I e IV – transcrições para camerata de violões) [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

 

MEUS QUERIDOS, ISSO É APENAS PARA ATIÇAR VOSSAS VONTADES: SEMANA QUE VEM, QUANDO O P.Q.P.BACH COMPLENTARÁ 6 ANINHOS DE EXISTÊNCIA, POSTAREI ESTA MESMA SONATA, NO ORIGINAL, COM O ESTUPENDO QUARTETO BESSLER-REIS

No momento, fiquem com essa genial transcrição da peça para violões:

Vi as transcrições para piano de obras do Vivaldi postadas recentemente pelo PQP e não me contive (será que estou com inveja? Preciso consultar meu analista…): achei que seria muito importante disponibilizar essas duas modestas transcrições para violão (modestas pela quantidade, de forma alguma pela qualidade), com o 1º e o 4º movimentos da Sonata em Ré, na qual encontramos o conhecido Burrico de Pau.
A Sonata em Ré foi composta por Carlos Gomes em 1894, dois anos antes de sua morte. Já era ele um compositor maduro e, em seus últimos trabalhos, percebe-se uma elaboração maior com as cordas e um destaque maior para elas (pela formação de banda de Gomes, os sopros sempre tiveram um papel mais destacado do que em outros compositores de mesmo gênero e período). É uma peça dificílima, com arpejos, pizzicatos, espicatos, saltos muito destacados da primeira para a quarta corda, enfim, de técnica apuradíssima, que só intérpretes muito bons conseguem dar conta de executá-la fielmente.
E imaginar que o Burrico de Pau foi composto quando Carlos Gomes viu a sobrinha brincando com um daqueles cavalinhos com cabo de vassoura…
Nessas duas transcrições, muito bem executadas, a Camerata Octopus faz parecer que a peça foi feita para violão, e não para orquestra de cordas, tal são a beleza e agilidade das músicas e a precisão dos intérpretes.
Ouça, que estas levam o selo de IM-PER-DÍ-VEIS !

Antonio Carlos Gomes (Campinas, 1836 – Belém, 1896)
Sonata em Ré: Transcrições para Violão

01. Sonata em Ré – I. Allegro moderato
02. Sonata em Ré – IV. Vivace: O Burrico de Pau

Camerata de Violões Octopus (Conservatório de Tatuí, SP), 2004.
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (8Mb)

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Bisnaga

Compositores Paraenses dos Séculos XIX e XX: Henrique Eulálio Gurjão (1834-1885), Wilson Fonseca (1912-2002), Clemente Ferreira Júnior (1864-1917), Octavio Meneleu Campos (1872-1927), Altino Pimenta (1921-2003) Waldemar Henrique (1905-1995), Araújo Pinheiro (1917-1998) [link atualizado 2017]

Compositores Paraenses dos Séculos XIX e XX é daqueles CDs despretensiosos. O intuito do álbum, pelo que se pode notar facilmente, é o resgate e o registro de músicas dos compositores daquelas quentes e pluviosas terras… Nem muito além disso.

Mas é aí que talvez resida a grande graça deste CD: não se propor ser grande. Com isso, as músicas todas soam com o mesmo espírito do álbum, despretensiosas e, por tal motivo, leves, cândidas, sem quererem impressionar, mas com uma graça agreste e sencilha.

As duas Ave-Marias que abrem o setlist, compostas para coro, do  General Henrique Gurjão e de Wilson Fonseca são plácidas e muito belas. Já as quatro faixas seguintes, gravadas pela primeira vez neste volume, de Clemente Júnior, não são tão cativantes, chegando a ser mesmo até simplórias (sim, o nível cai um pouco…).

O álbum recupera o fôlego com o belo Trendment de Meneleu Campos e cresce com as quatro peças para canto lírico dos compositores mais famosos, Altino Pimenta e Waldemar Henrique, encerrando-se nas duas composições mais inspiradas, para piano, violoncelo e violino, de Araújo Pinheiro e, novamente, Wilson Fonseca. A última peça, a Valsinha em Si Menor, realmente, é a mais cativante de todo o CD, e daquelas que se guarda entre as preferidas. Coisa linda!

CD simples, sem apoteoses escalafobéticas, sem pirotecnias musicais, e… muito bom! Assim, só! Ouça, ouça!

Fonogramas gentilmente cedidos por Raphael Soares, entusiasta da música erudita paraense.

Compositores Paraenses dos Séculos XIX e XX 
.

General Henrique Eulálio Gurjão (Belém, PA, 1834-1885)
01. Ave Maria.
Wilson Fonseca (Santarém, PA, 1912 – Belém, PA, 2002)
02. Ave Maria.
Clemente Ferreira Júnior (Belém, PA, 1864-1917)
03. Cunha-poranga
04. Gavotte Republicaine
05. Sons que passam
06. Remembranza
Octavio Meneleu Campos (Belém, PA, 1872 – Rio de Janeiro, RJ, 1927)
07. Trendment
Altino Pimenta (Belém, PA, 1921-2003)
08. Apresentação
09. Chora Coração
Waldemar Henrique (Belém, PA, 1905-1995)
10. Uma Canção de Amor
11. Primavera
Raymundo de Araújo Pinheiro (Igarapé-Miri, PA, 1917 – Belém, PA,1998)
12. Lamento Negro
Wilson Fonseca (Santarém, PA, 1912 – Belém, PA, 2002)
13. Valsinha em Si Menor

Madrigal da UEPA
Alexandre Contente, órgão
Milton Monte, regente
Leonardo Coelho de Souza, Piano (faixas 03, 08, 09, 10 e 11)
Dione Colares, soprano (faixas 08, 09, 10 e 11)
Lia Braga, piano (faixa 04)
Valdecíria Lamêgo Paulino, piano (faixa 05)
Lúcia Azevedo Lisboa, piano (faixa 06)
Eliana Cutrim, Piano (faixas 07, 12 e 13)
Paulo Keuffer, violino (faixa 13)
Arthur Alves, violoncelo (faixa 11, 12 e 13)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (49Mb)
…Mas comente… Não me responda apenas com o vazio do silêncio…

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Bisnaga

Leopoldo Hekel Tavares (1896-1969) – Concerto para Piano e Orquestra em Formas Brasileiras nº 2, André de Leão e o Demônio de Cabelo Encarnado (1º disco da OSESP) [link atualizado 2017]

ES-TU-PEN-DO !!!

(postagem especial para o colega pequepiano Itadakimatsu, que desejou ardentemente este disco e não lhe dei… Agora o terá digitalizado)

Este disco é simplesmente fantástico: álbum antológico, histórico e com músicas arrebatadoras! De cair o queixo!

Pra começar, temos Eleazar de Carvalho (1912-1996), um dos grandes nomes da regência brasileira no século XX, comandando a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP – em sua fase heróica, pré-Neshling, no afã de se tentar, com todas as dificuldades que o mundo e o sistema político e de finaciamento impunham, formar uma orquestra de nível internacional.

Temos, para melhorar, duas peças primorosas de Leopoldo Hekel Tavares, mais um daqueles compositores negligenciados que a gente escuta e fica se indagando “como esse cara não ficou famoso?”.

Pois é… Hekel Tavares era mais um da geração de compositores brasileiros que buscava nas formas populares de estruturação musical fazer uma música erudita genuinamente brasileira, ao lado de caras como José Siqueira, Francisco Mignone, Guerra Peixe e, claro, um pouco antes, Villa-Lobos. Há, inclusive, muitas de suas canções que foram gravadas por cantores da MPB (até Fagner já gravou coisas dele…).

Aqui temos, então, o portentoso Concerto para Piano e Orquestra em Formas Brasileiras nº 2, com esse nome comprido que parece a bíblia, mas que tenta exprimir, já no título, toda a intenção nacionalista do compositor alagoano. é, acredito, também a peça de concerto mais executada e gravada dele e, antes de mais nada: é MARAVILHOSO !!! (com três exclamações!). A primeira vez que eu o ouvi, não consegui parar. Acho que escutei o concerto seguido, todo, umas cinco vezes. Não espere uma peça muito de vanguarda: a forma e a melodia se parecem mais com composições do alto romantismo, e não do modernismo, mas é de um vigor e de uma beleza arrebatadores! Digo aqui sem pestanejar: é o meu concerto para piano predileto. Há até um livro de 1996 de Fernando de Bortoli, intitulado Hekel Tavares – O mais lindo concerto para piano e orquestra, Daí dá para se ter uma ideia da inspiração do compositor. Há uma versão ainda melhor com o Arnaldo Cohen ao piano no Música Brasileira de Concerto (aqui).

André de Leão e o Demônio de Cabelo Encarnado é um poema sinfônico em seis quadros de grande inspiração. Hekel Tavares se baseou no texto de Cassiano Ricardo (1895-1974) que narra a saga do encontro do personagem André de Leão com o Curupira. Tavares fez um movimento para cada estrofe da história de Cassiano Ricardo, procurando passar todas as sensações das situações que ocorrem (o encarte que está no arquivo tem o poema na íntegra). Uma espécie de Pedro e o Lobo, mas só que de brasileiríssimo texto e brasileira música, ainda que, como a anterior, mais calcada em moldes do romantismo. Do mesmo modo, muito bela, coisa de primeiríssima categoria.

Por fim, um puta disco! Estupendo! Não deixe de ouvir: seria um pecado mortal!

Leopoldo Hekel Tavares (Satuba, AL, 1896 – Rio de Janeiro, 1969)
Concerto para Piano e Orquestra em Formas Brasileiras nº 2
André de Leão e o Demônio de Cabelo Encarnado

Concerto pra Piano e Orquestra em Formas Brasileira nº2
01. I. Modinha
02. II. Ponteio
03. III. Maracatu
André de Leão e o Demônio de Cabelo Encarnado
04. 1º quadro (Andante con motto)
05. 2º quadro (tempo di marcia)
06. 3º quadro (Scherzo)
07. 4º quadro (andante ma non troppo)
08. 5º quadro (andante sostenuto)
09. 6º quadro (finale in modo di romanza)

Pietro Maranca, piano
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Eleazar de Carvalho, regente
São Paulo, 1982

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (147Mb)
…Mas comente… O álbum é do @#%%@, merece umas palavrinhas…

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Bisnaga

Acervo PQPBach: Memória da Música Colonial e Imperial Brasileira (MCIB)

Ao longo dos últimos 3 anos fizemos aproximadamente 150 postagens sobre Música Colonial e Imperial Brasileira (MCIB). Inúmeros LPs foram digitalizados, porém grande parte dessas postagens vieram de CDs, nacionais ou não.

Ao longo dos últimos 3 anos montamos um acervo incrível de MCIB: ouvintes que atenderam o nosso apelo e cederam seus LPs, verdadeiros tesouros, (Wottan, Alisson Roberto Ferreira de Freitas, Antonio Alves da Silva, Sergio Luiz Gaio, Fernando Berçot, Kivia Kelen Ramos, Mateus Rosada); maestros e musicólogos que me receberam de braços abertos e emprestaram seus acervos (Marcelo Antunes Martins, Harry Crowl, Rafael Arantes, Paulo Castagna), além de muitos companheiros do PQPBach que enviaram suas colaborações.

Tudo isso, mais o meu acervo, acabou se transformando quiçá no maior acervo existente sobre Música Colonial e Imperial Brasileira (MCIB).

O número de downloads triplicou durante este ano e tenho sido instado a postar em qualidade superior.

Assim sendo, levando-se em consideração os fatos acima, estamos constituindo o Acervo PQPBach que pretende ser a Memória da Música Colonial e Imperial Brasileira (MCIB).

Iremos repostar tudo de novo, adicionando um link para arquivo FLAC com os respectivos encartes e capas em alta resolução. Essas postagens estarão também na nova categoria “Acervo PQPBach de MCIB” além de trazerem estampadas o selo de qualidade acima.

Contamos com todos vocês para difundir o Acervo PQPBach de MCIB !!!

Bom proveito. É para vocês que fazemos isto!!!

Avicenna

Os Cameristas (1980) – Brenno Blauth (1931-1993), José Siqueira (1907-1985) e Nelson de Macêdo (1931) [link atualizado 2017]

UM BAITA DISCÃO !!!

Ah, como é bom garimpar e encontrar raridades e compositores pouco conhecidos nesses velhos LPs. Dá-me um prazer fora do normal!

Além do José Siqueira, compositor que tanto já elogiei (e tanto já elogiaram nos comentários), com seu belo e inteligentíssimo Concertino para Oboé e Cordas (e de quem esta é a última e 16ª postagem que fazemos aqui, até um dia possuirmos mais material dele), temos hoje o debut pequepiano de dois compositores surpreendentes. Temos estreando aqui Brenno Blauth*, compositor gaúcho de grande habilidade com a partitura, um baita melodista, e responsável por este extasiante Divertimento, cujo segundo movimento, a Cantiga, é, a meu ver, a faixa mais bela deste álbum (corra para escutá-la antes: seu dia já terá valido a pena), e o sagaz Nelson de Macêdo, pernambucano, que traz para o seu Otum Obá toda a carga de influências nordestinas, com um jogo de variações rítmicas e melódicas de fazer bonito pra qualquer um que entenda do riscado.

Só gente foda, só cara bom! Veja um pouquinho mais no comentário do encarte do discão:

Divertimento – Nos primórdios da música nacionalista brasileira, um dos seus mais ilustres fundadores, o paulista Alexandre Levy, escreveu para piano uma serie de 13 Variantes sobre um tema popular brasileiro, que outro não é senão o Vem cá, Bitu, ou Cai, cai, balão. Dizia Levy que “para escrever música brasileira era preciso estudar a música popular de todo o Pais, sobretudo do Norte do Brasil”. Neste disco, um outro talentoso compositor brasileiro, Brenno Blauth, gaúcho, da atual geração, escreve, sobre o mesmo tema, uma atraente partitura para orquestra de cordas, cujos movimentos são: I. Animado, 2. Cantiga, 3. Toada, 4. Dança Gaúcha. É que o tema em questão pertence ao universo musical popular brasileiro, sem os lindes do regionalismo. Essa obra, com motivos curtos e singelos que, com o contraste de fortíssimo e pianíssimo lhe dão início, é muito habilmente escrita, na sua polifonia clara. Aquele tema popular surge, depois do que se pode chamar de introdução, em terças, nos violinos. No tempo lento cantam uníssonos os violinos uma linha languidamente seresteira. A Toada é também muito interessante, com seu ritmo de acordes sincopados, e sua insinuante linha melódica. Já no Final se afirma o gauchismo do autor, em uma Dança característica, onde se reafirma o tema fundamental da obra, que surge transfigurado, ate que na coda se precipita, rápido, brilhante e piano, um desenho descendente imitativo.

O Concertino para Oboé e Orquestra de José Siqueira se divide em três partes: 1. Andante – Allegro ma non troppo, 2. Lento. 3. Allegretto. Composto há dez anos, o Concertino vem mais uma vez confirmar a invariável significação nacionalista da música do autor que, precedendo o Andante inicial, confia ao oboé a linha melódica do Pregão, de origem folclórica. Inicia-se o Andante pelas cordas, com surdina, em contraponto a quatro vozes, escrito com a mestria habitual do compositor, até que se dá a exposição do primeiro tema pelo oboé, suportado pelas cordas. Mas então se deflagra o Allegro ma non troppo, com um novo tema do instrumento solista, que é retomado em cânone nos violinos. Há desenvolvimento e, por fim, uma contra-exposição em que o primeiro tema surge por último, depois do segundo tema. O Lento vem formado por três variações, feitas sobre o tema folclórico do Pregão, exposto pelo oboé. As duas primeiras variações são ornamentais e ampliadoras, e a terceira é ornamental e contraída. O terceiro movimento, Allegretto, é uma Fuga a seis vozes, cujo sujeito vem exposto pelos primeiros violinos.

Otum Obá, de Nelson de Macêdo, é um Divertimento para flauta, oboé e cordas, cujo afro-brasileirismo estilizado se evidencia no cunho incisivo da invenção rítmica, da partitura cujos três movimentos se sucedem sem solução de continuidade: I. Allegro moderato. II. Interlúdio. III Allegro. Prevalência rítmica de forte impulso coreográfico, temperado pela dolência, a languidez, a expansão lírica, em largos saltos intervalares, do Interlúdio lento, que também tem força rítmica na sua lentidão, mas onde prepondera, sob forma de recitativo, o surto melódico da flauta e do oboé, sendo que a flauta procede também por cristalinos trilos, sabre os desenhos ondulantes do oboé, com o qual logo se entrelaça. Esses recitativos se originam da introdução ao primeiro tempo, quando o violoncelo declama, com larga variedade dinâmica. E o próprio violoncelo solista inicia o primeiro movimento, para estabelecer com os demais instrumentos uma correnteza contrapontística, de súbito interrompida por uma fermata, para uma rápida rememoração do recitativo inicial. A tempo I, nutrido trabalho polifônico, de sentido veemente, se restabelece, mas cede lugar a certa altura a um tema tratado por imitação, que do oboé passa a flauta, e depois ao violino, e que soa como um apelo. Toda a trama, agilmente, recomeça no celo, ate que entra o Interlúdio. Por fim, o Allegro culmina a composição com brilhantismo virtuosístico em que se empenha toda a orquestra e ao qual não falta sutileza de acentos.
(Eurico Nogueira França, extraído do encarte).

* Atenção gremistas: o Brenno Blauth foi o compositor do segundo hino do Grêmio, substituído depois pelo atual, de Lamartine Babo.

Repetindo: um baita discão! Ouça! É coisa de primeira categoria!

Os Cameristas
Os Cameristas (1980)

Brenno Blauth (Porto Alegre, RS, 1931 – São Paulo, SP, 1993)
01. Divertimento – 1. Animado
02. Divertimento – 2. Cantiga
03. Divertimento – 3. Toada
04. Divertimento – 4. Dança Gaúcha
José Siqueira (Conceição, PB, 1907 – Rio de Janeiro, RJ, 1985)
05. Concertino para Oboé e Orquestra de Câmara – 1. Andante – Allegro ma non troppo
06. Concertino para Oboé e Orquestra de Câmara – 2. Lento
07. Concertino para Oboé e Orquestra de Câmara – 3.Allegretto
Nelson de Macêdo (Orobó, PE, 1931)
08. Otum Obá, Divertimento para flauta, oboé e cordas – 1. Recitativo – Allegro
09. Otum Obá, Divertimento para flauta, oboé e cordas – 2. Moderato – Lento
10. Otum Obá, Divertimento para flauta, oboé e cordas – 3. Allegro

Orquestra “Os Cameristas”
Kleber Veiga, oboé
Carlos Rato, flauta
Nelson de Macêdo, regente
1980

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…Mas comente… O álbum é tão bom, merece umas palavrinhas…

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Bisnaga

Os Cameristas (1976) – José Siqueira (1907-1985) e Radamés Gnattali (1906-1988) [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Hoje estou orgulhoso! José Siqueira, compositor brasuca simplesmente estupendo e esquecido da história, apagado deliberadamente pela perseguição que sofreu no regime militar, atinge hoje, aqui no P.Q.P.Bach, a marca de QUINZE postagens. Não é um número absurdo (os entes da Santíssima Trindade – Bach, Beethoven e Mozart – tem todos mais de cem posts), não deve ser nem o vigésimo mais postado aqui, mas já é o sexto brasileiro mais presente no blog. Ultrapassou André da Silva Gomes, Castro Lobo e Sigismund Neukomm e igualou-se, ante os estrangeiros, a Shoenberg. Eu, sinceramente, conhecia pouco dele até o começo deste ano e, tomando contato com mais obras, pude ver como o cara é bom. Tomei suas dores, publicando tudo o que dele dispusesse e dele encontrasse. Com o material que temos e com as contribuições preciosíssimas de Harry Crow, o P.Q.P.Bach cumpre o papel ao qual se propõe desde o início: o de divulgar a música, de polinizar a beleza pela blogosfera. Acredito que ajudamos a tirar um pouco da sombra que teima em obscurecer o nome desse grande brasileiro, José Siqueira, hoje, com um complexo, difícil e fodástico Divertimento para Oboé e Cordas.

Temos outro compositor não menos genial na postagem de hoje, Radamés Gnattali, que soube como poucos não só unir o erudito ao popular, mas alternar entre esses dois campos. Gnattali passeava de um lado a outro, de um gênero a outro da música, como se fosse necessário só apertar a tecla SAP. Coisa incrível! Além de sua música de concerto (seu concerto para harpa e cordas, por exemplo, é uma das coisas com mais enlevo que já ouvi), é vasta a sua produção de choros, sempre de altíssima qualidade. Não à toa, sua produção, sempre influenciada pelos ritmos do Brasil, também recebeu as cores dos sons do Nordeste, como é o caso do belo (e agudíssimo) Concerto para Violino.

Aproveitei para transcrever parte do encarte que fala com muita propriedade da qualidade desses dois compositores de hoje e do conjunto executante:

(…) Além de compositor de larga projeção não só no Brasil como no exterior, José Siqueira (1907) é sem dúvida um dos espíritos mais empreendedores de nosso cenário musical, quiçá o mais arrojado de todos. Homem de visão, amando acima de tudo o manancial sonoro de seu país, bem merece um preito de gratidão pelo muito que fez em prol do desenvolvimento cultural de nosso povo. Aos 33 anos, em 1940, criou a Orquestra Sinfônica Brasileira, hoje um conjunto de renome internacional. Em 1948 fundava a Sinfônica do Rio de Janeiro e, anos mais tarde, a Orquestra de Câmara do Brasil. Em 1960 consegue ver realizado o seu mais ambicionado sonho: a criação da Ordem dos Músicos do Brasil. Mestre de sua arte, dono de um “metier” invejável, sua obra é vastíssima, abrangendo todos os gêneros — da ópera à música de câmara, da canção à sinfonia. A produção do músico paraibano pode ser dividida em três períodos distintos: o pri­meiro universalista e que vai até 1943; o segundo, nacionalista no sentido genérico, indo de 1943 a 1950 e o terceiro, que poderíamos definir como “nordestino” pelo emprego regular do sistema por ele denominado de tri-modal. Essa teoria consiste no aproveitamento sistemático das três escalas encontradas no rico folclore nordestino. Siqueira é dentro da corrente nativista talvez o mais “intimamente nordestino” de nossos músicos.
Seu Divertimento Nº5 para cordas data de 1974 e contém três movimentos: Allegro, Larghetto e Allegro
Pianista nato de rara intuição, regente, orquestrador habilíssimo e compositor dos mais versáteis, Radamés Gnattali (1906) que este ano comemora seu 70º aniversário de nascimento continua em perene criatividade. O lugar de excepcional destaque que ele conseguiu no panorama da música brasileira de nossos dias, deve-se a vários fatores, entre esses, o de ter militado longos anos nas lides radiofônicas, onde alcançou notoriedade, quer como arranjador popular, quer como músico erudito. Após haver estudado plano em seu estado natal o Rio Grande do Sul, veio para o Rio em 1931, onde frequentou o Instituto Nacional de Música até 1938. Todavia, no domínio da composição, pode-se de sã consciência afirmar-se que foi um autodidata. A princípio deixou-se influenciar pelo “jazz”, mas pouco a pouco foi assumindo um nacionalismo consciente calcado menos nas constantes rítmico-melódicas populares do sul do país a exemplo de seu conterrâneo Luiz Cosme e mais voltado para a temática nordestina, fonte de sua inspiração, como também soou acontecer com Camargo Guarnieri e tantos outros. Como Guerra Peixe, o compositor gaúcho faz questão de estabelecer um paralelo entre os dois setores da sua produção — o popular e o erudito.
O Concerto para violino e cordas inserido no presente disco é o segundo que concebeu para o instrumento, e foi dedicado a Giancarlo Pareschi, que é o autor das cadenzas. Divide-se em três seções: Alegro — Canção e Chôro.
O conjunto “Os Cameristas” foi fundado em 1964 pelo M. Nelson de Macêdo, formado por uma seleção dos melhores instrumentistas de cordas do Rio de Janeiro. Fez sua estréia sob o patrocínio de O Globo no auditório daquele vespertino. Noel Devos (Fagote), Giancarlo Pareschi (Violino) e Nelson de Macêdo (Regente) são nomes que dispensam maiores apresentações, por serem de nossos mais conhecidos e apreciados intérpretes com uma larga folha de relevantes serviços prestados à música brasileira. Nelson de Macêdo, além de violista e regente, vem se firmando como um compositor de inegáveis merecimentos
Sérgio Nepomuceno (Extraído do encarte)

Semana que vem teremos mais um álbum d’Os Cameristas com obra de José Siqueira. Será a 16ª e última postagem dele. Mas acredito que no futuro consigamos mais material do paraibano arretado para postar aqui. É esperar pra ver…

Por fim, UM BAITA DISCÃO! Ouça e torne seu dia mais feliz!

Os Cameristas
Os Cameristas (1976)

José Siqueira (Conceição, PB, 1907 – Rio de Janeiro, RJ, 1985)
01. Divertimento nº5 – 1. Allegro
02. Divertimento nº5 – 2. Larghetto
03. Divertimento nº5 – 3. allegro ma non troppo
Radamés Gnattali (Porto Alegre, RS, 1906 – Rio de Janeiro, RJ, 1988)
04. Concerto para violino nº2 – 1. Allegro moderato – marcato
05. Concerto para violino nº2 – 2. Canção
06. Concerto para violino nº2 – 3. Choro

Orquestra “Os Cameristas”
Noel Devos, oboé
Giancarlo Pareschi, violino
Nelson de Macêdo, regente
1976

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (128Mb)

…Ah, por favor, comente, escreva umas palavrinhas e me tire da solidão…

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Não, não são Os Cameristas, mas a foto é tão legal…

Bisnaga

Sopros do Brasil: o Sexteto do Rio – obras de José Siqueira (1907-1985), Radamés Gnattali (1903-1988), Francisco Mignone (1897-1986), Ludwig van Beethoven (1770-1827), Darius Milhaud (1892-1974), Francis Poulenc (1899-1963) e Gordon Jacob (1895-1984) [link atualizado 2017]

Nas minhas navegações – e derivas – em meio ao oceano da internet, em busca de mais algum halo, uma luzinha no horizonte que me apontasse para mais uma obra de José Siqueira, me deparei com este belo conjunto de peças executado pelo Sexteto do Rio. José Siqueira tem lá uma faixinha em meio a outras vinte e duas, mas não custa ver tudo…

E o álbum é bem legal, além da siqueirana Brincadeira a Cinco, uma das que mais me agradou, há obras muito boas para sexteto de sopros (aqui por vezes acompanhado pelo piano de Heitor Alimonda): La cheminée du Roi René, de Milhaud, e a Sonatina a Seis, de Gnattali, são especialmente jocosas, divertidas, muito agradáveis. O conjunto todo é bem descontraído e tem um aspecto de diversão, de brincadeira, de descontração. Os músicos do Sexteto do Rio estão, mais do que executando música, divertindo-se, compartilhando bons momentos. e essa descontração é transmitida ao ouvinte e é cativante! Conjunto leve, gostoso de ouvir.

Booooom, muito bom! Ouça, ouça!

Sexteto do Rio
.

Ludwig van Beethoven (1770-1827)
01. Trio para Flauta, fagote e piano – I. Allegro
02. Trio para Flauta, fagote e piano – II. Adagio
Darius Milhaud (1892-1974)
03. La cheminée du Roi René – I. Cortège
04. La cheminée du Roi René – II. Aubade
05. La cheminée du Roi René – III. Jongleurs
06. La cheminée du Roi René – IV. Maosinglade
07. La cheminée du Roi René – V. Chasse au Valabre
08. La cheminée du Roi René – VI. Madrigal Nocturne
09. Sonata para flauta, oboé, clarineta e piano – I. Tranquille
10. Sonata para flauta, oboé, clarineta e piano – II. Joyeux
11. Sonata para flauta, oboé, clarineta e piano – III. Emporté
12. Sonata para flauta, oboé, clarineta e piano – IV. Douloureux
Francis Poulenc (1899-1963)
13. Sextuor – I. Allegro Vivace
14. Sextuor – II. Allegro Vivace
15. Sextuor – III. Finale
Francisco Mignone (1897-1986)
16. Sexteto 1970
Gordon Jacob (1895-1984)
17. Elegiac e Scherzo – I. Elegiac
18. Elegiac e Scherzo – II. Scherzo
José Siqueira (1907-1985)
19. Brincadeira a Cinco
Radamés Gnattali (1903-1988)
21. Sonatina a seis – I. Allegro
22. Sonatina a seis – II. Saudoso
23. Sonatina a seis – III. Ritmado

Sexteto do Rio
Celso Woltzenlogel,flauta
Paolo Nardi, oboé
Kleber Veiga, oboé
José Cardoso Botelho, clarineta
Noel Devos, fagote
Zdenek Svab, trompa
Heitor Alimonda, piano

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Bisnaga