Antonio Carlos Gomes (1836-1896): Hino Progresso (Hino de Campinas) [link atualizado 2017]

MUITO BOM !

Instituído pela Lei 7.945, de 27 de junho de 1.994, o Hino Oficial de Campinas é uma composição musical do maestro campineiro Antonio Carlos Gomes, com letra adaptada, provavelmente pelo próprio maestro, de um poema do jornalista Carlos Ferreira, retirado do livro Alcyones. A composição foi resultado de um convite feito pelo Comendador Tórlogo Dauntré, através de uma carta enviada em 14 de fevereiro de 1885, ao músico, que se encontrava em Lecco, na Itália, para compor um hino a ser executado na inauguração da 1ª Exposição Regional de Campinas. Com esta exposição, o município desejava exibir seus progressos no setor agrícola e industrial. Carlos Gomes, então, compôs uma peça para grande orquestra, coro, banda e fanfarra, concluída em 22 de março do mesmo ano.

A peça ficou conhecida como “Progresso”, primeira palavra entoada pelo coro, muito embora o próprio maestro a tenha intitulado como “Coro Triunfal ao Povo Campineiro”. O hino foi executado pela primeira vez em 25 de dezembro de 1885, no palacete onde foi instalada a exposição, no centro de Campinas, com o envolvimento de cerca de 150 músicos, amadores e profissionais, além da banda de música.

O poema do qual foi feita a adaptação também foi publicado em 25 de dezembro de 1885, na Gazeta de Campinas, jornal que era de propriedade de Carlos Ferreira. Como o poema era bastante extenso, o compositor, em sua adaptação, utilizou apenas partes, para que houvesse o perfeito encaixamento entre letra e música.

No encarte contido no CD da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, sob realização da Câmara Municipal de Campinas e da Prefeitura Municipal de Campinas, do qual extraímos as quatro versões do hino, a letra contém partes que, aparentemente, não são cantadas pelo coro, na primeira faixa. Contudo, há uma sobreposição de textos: enquanto os sopranos cantam a melodia com o texto “Honra ao povo que sabe (…)”, os tenores e baixos fazem um contraponto, cantando “Vamos todos com a fronte incendiada, Honra e fama conquistar”. Na 3ª faixa, onde só há voz e piano, não há a sobreposição de textos. A solista canta apenas a melodia, com seu respectivo texto, sendo o contraponto cantado pela parte masculina suprimido.

“Para alguns estudiosos, o fato de a composição musical de Carlos Gomes ser de alta complexidade, exigindo orquestra e coro de elevado preparo técnico, o que dificulta que ele seja memorizado e cantado pelo povo em geral; o fato de abordar um tema universal – O Progresso – que poderia ser executado em qualquer cidade do mundo, sem nenhuma alusão a feitos ou eventos históricos de peculiaridade local; a circunstância de ser destinada especificamente – 1ª Exposição Regional de Campinas” – somada ao fato de ser ela composta num exíguo espaço de tempo, já que naquela ocasião a carta fora conduzida por mar até a Itália em 14 de fevereiro e a carta-resposta fora datada de 25 de março, indicam que a música de Carlos Gomes não fora feita para ser o Hino de Campinas.

Entretanto, certo é que todas as tentativas empreendidas pela Câmara dos Vereadores no sentido de promover um concurso para a seleção de um novo hino para Campinas que viesse a substituir o “Progresso”, sofreram duras críticas por parte dos defensores do maestro conterrâneo e restaram infrutíferas.

Assim, permanece em plena vigência a Lei Municipal nº 7.945, de 27 de junho de 1.994 que instituiu a composição “Ao Povo Campineiro Progresso” como hino oficial de Campinas.

(Texto extraído do site da Câmara Municipal de Campinas)

Quem me dera que minha cidade tivesse um hino composto por Carlos Gomes!

Ah, ouça! Ouça! Deleite-se!

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
Hino Progresso: Coro Triunfal ao Povo de Campinas

01. Hino Progresso (versão orquestral)
02. Hino Progresso (orquestra e coro)
03. Hino Progresso (piano e soprano)
04. Hino Progresso (piano solo)

Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas

(regente, pianista e soprano não especificados)

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Bigodão e cabelo ao vento… Carlos Gomes lançou moda!
(nas fotos: Carlos Gomes, Grieg e Einstein)

Bisnaga

Wilson Fonseca (1912-2002), Altino Pimenta (1921-2003), Ernst Mahle (1929), Luiz Pardal (1960), Dimitri Cervo (1968), Marcos Cohen (1977): Música brasileira para clarineta, violino e piano [link atualizado 2017]

MUITO BOM !

Fonogramas entusiasticamente cedidos por Raphael Soares.

Ah, música brasileira, gerada, quase toda ela, em Belém do Pará, na metrópole em meio à selva!

Acredito que deva ainda hoje ser uma imagem recorrente aos habitantes de outros países, especialmente os mais distantes do Brasil: a visão de cidades pequenas, com ruas de terra, em meio à densa e pluviosa floresta tropical. Creio que não são poucos os que se espantam ainda nos dias de hoje com as metrópoles tupiniquins quando sobrevoam nossas imensas cidades.

Belém é uma dessas que assombrariam todos os clichês que se tem das urbes amazônicas: cidade grande, com mais de dois milhões de habitantes, viva, vibrante, cheia de gente, com um porto importante voltado para o Caribe… Ainda não a conheço pessoalmente, não percorri suas ruas, mas me parece encantadora. Está nos meus roteiros futuros.

Me parece que a intenção deste trio, do Arcotrio, é justamente mostrar a Belém moderna, ligada, como toda grande cidade dos dias atuais, aos movimentos mais recentes das artes. Eles resgatam peças de dois compositores da terra: Altino Pimenta e Wilson Fonseca, e interpretam outras mais de autores contemporâneos belenenses ou radicados na terra do Ver-o-Peso: Luiz Pardal e Marcos Cohen (que está na clarineta). E puxam outros dois de terras distantes: o gaúcho Dimitri Cervo e o alemão naturalizado brasileiro Ernst Mahle (que vive na folclórica Piracicaba). Fazem, com isso, um álbum rico, diverso e muito interessante.

Música moderna, inteligente, de vanguarda, da melhor qualidade, e brasileira!
Ouça! Ouça! Deleite-se!

Música Brasileira
para Clarineta, Violino e Piano

Luiz Pardal (Luiz Pereira de Moraes Filho – Belém, PA, 1960)
Suíte Arcortrio
01. I. Toccata para Ceison
02. II. Modinha para Cintia
03. II. Choro às pressas pro Cohen
Marcos Cohen (Belém, PA, 1977)
04. Lundu
Dimitri Cervo (Santa Maria, RS, 1968)
Abertura e Toccata
05. I. Abertura
06. II. Toccata
Altino Pimenta (Belém, PA, 1921-2003)
Suíte Funcional
07. I. Quase Sonatina
08. II. Toada
09. III. Swing Valsa
10. IV. Olympia
Ernst Mahle (Stuttgard, Alemanha, 1929)
Trio (1998)
11. I. Presto vivace
12. II. Andantino
13. III. Un poco vivace
Wilson Fonseca (Belém, PA, 1912-2002)
14. Lundu
Luiz Pardal (Luiz Pereira de Moraes Filho – Belém, PA, 1960)
Suíte Waldemar
15. I. Uirapuru
17. II. Valsa e Primavera
18. III. Rolinha

Marcos Cohen, clarineta
Celso Gomes, violino
Cíntia Vidigal, piano
Jarad Brown (Sons Eletrônicos)
Manaus, 2011

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Bisnaga

Selo Digital Osesp

Música de primeiríssima qualidade, brasileira, executada e gravada por uma das melhores orquestras do munto.
E DE GRAÇA!

 

 

 

A notícia é muito boa e eu, meio apressado, copiei descaradamente o texto do faceboook da Osesp:

A Fundação Osesp lançou no ano passado mais um projeto que leva música clássica de maneira gratuita a um público cada vez maior. O Selo Digital disponibiliza gratuitamente, para ouvir ou baixar, um catálogo com gravações de obras do acervo da Fundação.

As gravações dos compositores contemporâneos Gilberto Mendes e Aylton Escobar inauguraram o Selo. “Alegres Trópicos” de Gilberto trouxe a já clássica “Beba Coca-Cola”, e “Obras Para Coro” de Aylton Escobar inclui uma encomenda da Osesp para o compositor, a obra “Tombeau”.
O Selo Digital lançou ainda “Melhores Momentos” com Gilberto Siqueira em comemoração aos 40 anos como primeiro trompete da Osesp, que inclui obras de Guarnieri, Villa-Lobos e Tchaikovsky; “Concertino Para Oboé e Cordas” de Brenno Blauth, que integrou o CD comemorativo dos 30 anos de Osesp do oboísta Arcádio Minczuk; e também “Sinfonia dos Orixás e Outras Obras Sinfônicas” de Almeida Prado, sob a batuta do regente associado Celso Antunes e com participação do violinista Cláudio Cruz.

Em 2014 o Selo prevê lançamentos com obras de Henrique Oswald, Armando Albuquerque, Ronaldo Miranda, Sérgio Assad, Celso Loureiro Chaves e Alexandre Lunsqui.

Acompanhe os lançamentos pela página da Discografia no site da Osesp!

Quer ver? Estão aqui: VEJA AQUI – SEE HERE

Bisnaga

PQPBach, 7 anos!

Eita!

Esse 2013 foi bastante atribulado para a equipe pequepiana e uma data muito especial passou batida: o dia 15 de Novembro. Para além de ser o dia da Proclamação da República (1889), é o dia do nascimento deste sítio (2006), data em que o chefão-sumo-sacerdote postou o Quinteto para Piano, Flauta, Clarinete, Trompa e Fagote de Rimsky-Korsakov, inaugurando uma sequência crescente de postagens que até a véspera desta aqui somavam 3.438! Os compositores avançaram para muito além do papai Johann Sebastian Bach (este blog que o homenageia nem começou com obra dele…) e as categorias que os marcam são hoje nada menos 1.233!

E durante essa viagem de 7 anos o PQPBach foi cooptando seguidores tais como FDP, CDF, CVL, Bluedog, Strava, Ranulfus, Carlinus, Avicenna, Gabrieldelaclarinet, Itadakimasu, Bisnaga e, este ano, o caçulinha: Das Chucruten. E o mais interessante disso tudo é que, apesar de nossa atividade ser de polinizar beleza pela blogosfera e suas margens, quem mais se diverte somos nós (vocês não fazem ideia do que é o nosso grupo interno de e-mails)! Cada comentário gera uma euforia! Abrimos nossas caudas de pavão a cada elogio! E quando o número de downloads é expressivo, passamos a mostrar o feito aos outros colegas.

Infelizmente não podemos nos dedicar ao blog tanto quanto gostaríamos, fazendo duas ou três postagens por dia, como alguns outros Blogs fazem. Temos nossas vidas, famílias, compromissos, trabalho. Nos dedicamos ao PQPBach de corpo e alma, mas dentro das nossas condições e possibilidades. Não estamos ganhando nada por isso, é o nosso hobby. Enquanto alguns jogam tênis ou praticam algum outro esporte nós do PQPBach passamos a maior parte de nosso tempo escolhendo cds para passar para vocês, lhes dando a oportunidade de ter acesso a este imenso e inesgotável mundo da boa música. É essa nossa paixão pela música nos impulsiona, que nos dá a força necessária para seguirmos em frente, apesar dos problemas de ordem técnica que por vezes enfrentamos, das broncas que temos de dar em alguns comentaristas devido a comentários por vezes impertinentes e até mesmo insultantes. Mas também entendemos que a grande maioria silenciosa, aquela que dificilmente se manifesta, às vezes por timidez, às vezes por não saber como nos apoiar, continua e continuará nos dando o alento necessário para continuarmos nessa nossa missão.

Claro, além disso tivemos ao longo desse tempo várias dores de cabeça com os provedores e HDs virtuais onde hospedamos os arquivos. Muita coisa aqui postada foi apagada, colegas perderam contas inteiras (e muito tempo de dedicação). Mas, se a gente esmorece um pouco com esses incidentes, em pouco tempo nos reorganizamos e tocamos em frente! Muitos blogs conhecidos, amigos e preciosíssimos fecharam, para nossa tristeza. Mas nós teimamos e continuamos, apesar de todos os tropeços, pois compartilhar boa música nos dá um prazer inominável. Talvez por esse motivo o PQPBach continue prezando por fazer suas postagens descontraidamente, com uma dose de humor, tirando um sarro da cara de louco do intérprete, da gostosura da musicista ou da feiúra do autor. Essa irreverência se tornou uma característica e um diferencial do site: não tem porque ser sisudo e chato pra falar de música clássica, uma coisa tão legal!

Com o tempo, com o aumento da quantidade e da variedade das peças e compositores aqui disponibilizados, o blog cresceu de forma tal que provavelmente o pai da criança, Peter Qualvoll Publizieren Bach, não imaginaria: o total de acessos está chegando aos 4,0 milhões e 30% deles é feito por usuários de outros países, que devem penar para entender o idioma português (língua lindíssima, mas difíííícil…). O PQPBach já foi citado em sites, revistas e jornais de vários países, e vira-e-mexe encontramos o blog sendo recomendado em cursos de música, graças ao repertório aqui depositado. Dá gosto!

Dessa forma, então, nós, da equipe do PQPBach ainda ativa, e claro, os que por aqui passaram (e que desejamos que voltem), desejamos a todos os nossos leitores um Feliz 2014 regado a muita música boa.

Um brinde! Que venham mais anos, mais músicas e mais descobertas! PQPBach: SETE Anos !!!

Bisnaga, Avicenna, PQPBach e FDPBach.

Um tríptico para o bandolim (3) (.:Interlúdio:.): Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741), Pixinguinha (1897-1973) e mais uma turma [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Terceiro álbum do tríptico: agora é Choro!

E não é que, nessa correria, eu passei batido pelo dia 1º de dezembro, data em que completei dois anos de PQPBach…

Bom, então vamos comemorar, ainda que atrasados, essa data tão cara à minha pessoa.

Sim! O Bandolim português, chegou ao Brasil e, claro, mudou de tamanho, de forma, e foi cooptado pela música popular. Surgiu o Choro, o internacionalmente conhecido Brazilian Jazz. E que criações saíram de mentes brilhantes como os chorões! Nesse álbum temos peças organizadas e várias delas arranjadas por Radamés Gnattali, estrela da postagem abaixo. Radamés ainda faz a ponte entre a música popular e a erudita, colocando um grupo de chorões para executar um concerto vivaldiano, um dos compositores mais importantes do instrumento avô do bandolim.

Teremos, após uma elegante introdução com Vivaldi, um álbum dominado por outro gênio: Pixinguinha, acompanhado de uma constelação de outros nomes de peso: Benedicto Lacerda, Anacleto de Medeiros e Henrique Alves de Mesquita. E esta junção de compositores separados por tanto tempo (quase 300 anos) e um oceano todo de distância não é mera casualidade ou gosto do maestro Gnattali que ordenou essas obras: há a ponte entre as linhas melódicas, os contrapontos e os contracantos do Padre Ruivo com as obras dos autores brasileiros: semelhanças estruturas são percebidas e ainda mais evidenciadas pela utilização do mesmo grupo de instrumentos. Genial!

Na execução, o próprio Radamés no piano e  o cravo, o bandolinista Joel Nascimento (a grande estrela da noite, solista do álbum abaixo também), acompanhados pela preciosa Camerata Carioca. Bom, é um álbum editado pela Funarte. É daqueles em que é muito difícil de errar: é cultura brasileira da mais alta qualidade!

Ouça! Derreta-se! Vibre! Deleite-se!

Vivaldi e Pixinguinha
por Radamés Gnattali, Joel Nascimento e Camerata Carioca.

01. Concerto Grosso, op.3, nº11 (I. Allegro, II. Largo, III. Allegro) – Antonio Lucio Vivaldi
02. Carinhoso – Pixinguinha / João de Barro
03. Ingênuo – Pixinguinha / Benedicto Lacerda
04. Vou vivendo – Pixinguinha / Benedicto Lacerda
05. Jubileu – Anacleto de Medeiros
06. Batuque – Henrique Alves de Mesquita
07. Marreco quer água – Pixinguinha
08. Devagar e sempre – Pixinguinha / Benedicto Lacerda
09. Tapa Buraco – Pixinguinha
10. Um a Zero – Pixinguinha / Benedicto Lacerda

Radamés, Gnattali, piano e cravo
Joel Nascimento, bandolim
Camerata Carioca
Curitiba, Teatro Guaíra, 1980

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Momento cuti-cuti: criança toca o mandolino tradicional americano.
Há que se treinar desde cedo.

Bisnaga

Um tríptico para o bandolim (2): Radamés Gnatalli (1906-1988): Concerto para Bandolim, Suíte Antiga – Waldemar Henrique (1905-1995): Canções e Lendas Amazônicas [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

BAITA DISCÃO !!!

Postado originalmente em 20 de dezembro de 2012.

Bom, hoje é quinta, 20 de dezembro de 2012, véspera do tão propalado Fim do Mundo do Calendário Maia (aliás, eu ainda não entendi: o mundo acaba na madrugada do dia 20 para o 21 ou na madrugada do 21 para o 22?).

De qualquer forma, como já se tornou rotina aqui no P.Q.P.Bach, quinta é dia de música brasileira: postaremos alguma coisa que faça com que vossas almas sublimem, a despeito de qualquer cataclismo que se anuncie!

Aliás, posto em especial este disco hoje porque é um que eu gostaria de estar ouvindo quando tudo estivesse se acabando e eu, alheio a tudo, absorto em sua música, nem percebesse a gravidade do problema que se anunciara na janela…

Por que justo esse? Porque temos dois compositores geniais com músicas igualmente geniais!

Primeiro, é-nos apresentado Radamés Gnatalli, o gaúcho amigo de Tom Jobim (também um dos maiores compositores do século XX) que se tornou essencialmente carioca e que unia como poucos a música erudita ao choro (muitos no exterior chamam-no de Brazilian jazz) de forma tão fluida e fácil  e transitava entre eles como se pulasse entre pedrinhas de um riacho. Simples assim… Em seu inspiradíssimo Concerto para Bandolim e Cordas, parece que erudito e choro sempre estiveram juntos! Já a Suíte Antiga é um pouco mais tradicional, mas mostra um compositor muito versátil.

O Lado B do disco brinda-nos com Waldemar Henrique. O paraense é daqueles raros casos que conseguem fazer de coisas extremamente simples obras de grande força. Suas Canções e Lendas Amazônicas trazem elementos do cancioneiro do Norte do Brasil para dentro do canto lírico e recuperam muito do folclore, das crenças e das tradições das terras da Grande Floresta.

Ambos têm em comum a enorme capacidade de resumir elementos do popular e regional na música erudita, mas de tal forma que a simbiose seja tão grande que fique extremamente difícil de classificar suas composições como “eruditas” ou “MPB”.

Quer um conselho? Ouça esse álbum todo e esqueça que o mundo se acaba amanhã. Ouça! Deleite-se!

Ah, Esse concerto foi transmitido, na época, pela TV Cultura. Um joia!

Radamés Gnatalli e Waldemar Henrique
80 Anos de Música Brasileira

Radamés Gnattali (Porto Alegre, RS, 1906 – Rio de Janeiro, RJ, 1988)
01. Concerto para Bandolim e Cordas, I. Alegro Moderato
02. Concerto para Bandolim e Cordas, II. Lento Expressivo
03. Concerto para Bandolim e Cordas, III. Com Espírito
04. Suíte Antiga para Cordas, I. Abertura
05. Suíte Antiga para Cordas, II. Gavota
06. Suíte Antiga para Cordas, III. Ária
07. Suíte Antiga para Cordas, IV. Minueto
08. Suíte Antiga para Cordas, V. Giga
Waldemar Henrique (Belém, PA, 1905-1995)
09. Trem de Alagoas
10. Canções Amazônicas – Senhora Dona Sancha
11. Lendas Amazônicas, IV. Matinta Perêra (olha o Tom Jobim bebendo um verso das “Águas de Março” aqui…)
12. Coco Peneruê
13. Lendas Amazônicas, III. Tamba-Tajá
14. Lendas Amazônicas, V. Uirapuru
15. Lendas Amazônicas, II. Cobra Grande
16. Lendas Amazônicas, I. Foi o Boto, Sinhá

Joel Nascimento, bandolim (faixas 01 a 08)
Ruth Staerke, soprano (faixas 09 a 16)
Orquestra de Câmara de Blumenau
Norton Morozowicz, regente
Concerto gravado no Teatro São Pedro, Porto Alegre , 1986

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Bisnaga

Um tríptico para o bandolim (1): Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741): Concerti per Mandolino [link atualizado 2017]

SHOW DE BOLA !!!

Começamos com o avô do bandolim

Ah, finalmente!

Depois de um hiato de quase três meses, este Bisnaga que vos fala conseguiu retornar às tão queridas postagens neste repositório imenso e espaço sagrado da música clássica chamado PQPBach!

E hoje resolvi dar uma de workaholic e fazer logo uma postagem tríptica dedicada ao bandolim, para já voltar com categoria.

Começamos a série com os Concertos para Mandolino de Antonio Vivaldi, cara que era um doido varrido e que, por isso mesmo, compunha deliciosamente! Vivaldi escrevia músicas compulsivamente: tem coisa de quase duas mil composições. Quando tinha um estalo de um tema, ele parava o que estava fazendo para escrever antes que perdesse aquela melodia que pipocara em sua cabeça de longas madeixas ruivas.

Dizem que o Padre Antonio Lucio Vivaldi chegou a parar no meio do sermão de uma missa que celebrava para escrever umas linhas musicais ali na sacristia (eu acho que nem deve ter voltado mais…). Por não conseguir realizar a contento o rito católico, foi retirado das celebrações e lhe deram cargo de professor de violino na escola católica, onde, com certeza, saiu-se melhor.

Ou seja, era um doidivano! Desses loucos extremamente necessários à humanidade.

E Vivaldi é só o começo das três postagem de hoje (essa é a primeira), cuja grande estrela é o Bandolim. Começamos com o ancestral dele, o Mandolino, para entendermos um pouco da evolução desse instrumento.

O bandolim, tão cara de Brasil que é, tem sua origem na Europa. É um instrumento da família do alaúde. O patriarca (al-oud), por sua vez, veio lá do Oriente Médio e apareceu na Europa na Idade Média. Dele surgiram variações, como o Mandolino (foto acima), já no Renascimento (séculos XVI e XVII), que da Itália se espalhou por outros países: Portugal e Alemanha tem também produções importantes do instrumento, enquanto a Espanha ficou mais com o alaúde próximo de sua forma original. Os portugueses acabaram chamando a Mandola e o Mandolino de Bandola e Bandolim. Em terras lusas ele adquiriu um formato mais semelhante a uma gota e a caixa acústica ficou mais curta.

De Portugal para o Brasil, o Bandolim sofreu outras alterações: o bandolim brasileiro é mais achatado e mais bojudo que o português. Sua forma e seu som acabaram se distanciando ainda mais do avô italiano. Ma che!

Aqui, hoje, vamos mostrar um pouco do vovô Mandolino. E Vivaldi soube muito bem extrair grandes melodias desse instrumento. Os solistas, Ugo Orlandi e Dorina Frati, são de alta categoria e fazem ainda maior a música do Padre Ruivo.

Eu, se fosse você, não deixava de conferir isso: Ouça! Deleite-se!

Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741)
Concerti per Mandolino

01. Concerto en Sol Maggiore RV532 per 2 mandolini, I. Allegro
02. Concerto en Sol Maggiore RV532 per 2 mandolini, II. Andante
03. Concerto en Sol Maggiore RV532 per 2 mandolini, III. Allegro
04. Concerto en Do Maggiore RV435 per mandolino, I. Allegro
05. Concerto en Do Maggiore RV435 per mandolino, II. Largo
06. Concerto en Do Maggiore RV435 per mandolino, III. Allegro
07. Concerto en Do Maggiore RV558, I. Allegro molto
08. Concerto en Do Maggiore RV558, II. Andante molto
09. Concerto en Do Maggiore RV558, III. Allegro
10. Concerto en Re Maggiore RV93, per mandolino, I. Allegro giusto
11. Concerto en Re Maggiore RV93, per mandolino, II. Largo
12. Concerto en Re Maggiore RV93, per mandolino, III. Allegro

Ugo Orlandi, mandolino
Dorina Frati, mandolino
I Solisti Veneti
Claudio Scimone
1984

Download (94Mb):
AQUI

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Baita instrumento, não?

Bisnaga

Brazilian Dances and Inventions – Jovino Santos Neto (1954), César Guerra Peixe (1914-1993), Pixinguinha (1897-1973), Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948), Jacob do Bandolim (1918-1969), Milton Nascimento (1942), José Siqueira (1907-1985), Luiz Otávio Braga (1953) e Luiz Gonzaga (1912-1989) [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Hmmm. Americanos se aventurando a tocar música brasileira, será que dá certo?

Nossa! Dá muito certo!
A prova disso é este Cd de hoje, que o colega Strava (ô, senhor Marcelo Stravinsky, estamos com saudades dos seus posts, filhote) nos enviou ao grupo.
Pessoal pra lá de competente. Aquele gingado que achamos que só nós temos e que os gringos não conseguem ter, Janet Grice, Sarah Koval e Kevin Willois conseguem, e muito bem!

Além de tudo, a seleção de compositores dessas Brazilian Dances and Inventions é especialíssima, passando por caras da MPB (Pixinguinha, Milton Nascimento, Jacob do Bandolim e Luiz Gonzaga), por um jazzista (Jovino Santos Neto), e contemplando também os eruditos (José Siqueira, Guerra Peixe, Lorenzo Fernandez e Luís Otávio Braga) que, claro, vão fazer aquela mistura dos ritmos populares com a elaboração técnica de quem tanto estuda as notas musicais. Repito: deu muito certo!

Nem vou falar mais, melhor ouvir. Ouça, ouça! Deleite-se!

Vento Trio
Brazilian Dances and Inventions

Jovino Santos Neto (Rio de Janeiro, RJ, 1954)
01. Mar Fim
César Guerra Peixe (Petrópolis, RJ, 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 1993)
02. Trio No. 2 Para Sopros, I. Polca
03. Trio No. 2 Para Sopros, II. Dança dos Caboclinhos
04. Trio No. 2 Para Sopros, III. Canção
05. Trio No. 2 Para Sopros, IV. Frevo
Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Jr. – Rio de Janeiro, RJ, 1897 – 1973)
06. Carinhoso
Oscar Lorenzo Fernandez (Rio de Janeiro, RJ, 1897 – 1948)
07. Duas Invenções Seresteiras, I. Allegro
08. Duas Invenções Seresteiras, II. Ben Allegro
Jacob do Bandolim (Jacob Pick Bittencourt – Rio de Janeiro, RJ, 1918 – 1969)
09. Doce De Coco
César Guerra Peixe (Petrópolis, RJ, 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 1993)
10. Trio Nº 1, I. Andante
11. Trio Nº 1, II. Allegro Moderato
12. Trio Nº 1, III. Lento
Milton Nascimento (Rio de Janeiro, RJ, 1942)
13. Ponta De Areia
José Siqueira (Conceição, PB, 1907 – Rio de Janeiro, RJ, 1985)
14. Três Invenções Para Flauta, Clarinete E Fagote, I. Allegro
15. Três Invenções Para Flauta, Clarinete E Fagote , II. Andante
16. Três Invenções Para Flauta, Clarinete E Fagote , III. Moderato
Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Jr. – Rio de Janeiro, RJ, 1897 – 1973)
17. Naquele Tempo
Luiz Otávio Braga (Belém, PA, 1953)
18. Micro Suíte, I. Pequena Polka
19. Micro Suíte, II. Valsa Pequena
20. Micro Suíte, III. Pequeno Choro
Luiz Gonzaga (Exu, PE, 1912 – Recife, PE, 1989)
21. Asa Branca – Assum Preto

Vento Trio:
Janet Grice, fagote
Sarah Koval, clarinete
Kevin Willois, flauta
Estados Unidos, 2006

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Entendeu, né? Então, comente. É legal. Me deixa contente!

Strava (arquivo)
Bisnaga (texto e blablablá)

500 anos de Brasil – Quarteto Egan interpreta 10 compositores brasileiros [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Lá nos idos anos 2000, houve uma batelada de comemorações pelos 500 anos do “descobrimento” do Brasil. Aliás, nosso descobrimento é bem interessante: ocorreu em 1500, quatro anos depois do Tratado de Tordesilhas, que dividiu a América entre Portugal e Espanha. Os portugueses dividiram o que nem tinham descoberto ainda, claro… Sei… História bem contada essa…

Bom, apesar da estranheza dos dados históricos e do questionamento da data e das comemorações, os festejos foram responsáveis pela produção de muito material cultural de alta qualidade até em anos posteriores. Uma dessas produções foi este álbum de hoje: 500 anos do Brasil. Assim, ele acaba sendo um apanhado bem legal da música brasileira, desde o período do Reino Unido a Portugal até os dias atuais, interpretada ou reinterpretada (algumas peças foram arranjadas para esta gravação) para quarteto de cordas, com o pernambucano Quarteto Egan.
O passeio musical que os músicos propõem começa no Brasil Colônia e chega até dias recentes, com um percurso cronológico das músicas que contempla três Estados brasileiros, conforme o local onde as peças foram compostas: começam pelo século XIX no Rio de Janeiro (Padre José Maurício) e São Paulo (Carlos Gomes), voltam para o Rio no início do século XX (Chiquinha Gonzaga, Alberto Nepomuceno e Sérgio Bittencourt) e chegam à sua terra, Pernambuco, na segunda metade do século (Clóvis Pereira, Luiz Gonzaga, Capiba, Guerra Peixe e Mestre Duda). A organização das faixas do CD acaba tornando-se até didática, pois mostra a música brasileira se soltando, ganhando cada vez mais síncopas, cadências e malemolência conforme o tempo passa e ela se permite ser seduzida pela riqueza popular.

Putz! Muito bom! Ouça! Ouça! Deleite-se!

500 anos de Brasil
Quarteto Egan

Padre José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, RJ, 1767 – 1830)
01. Abertura em Ré
Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
02. Quem sabe?
03. Sonata em Ré, IV. Vivace: “O burrico de pau”
Chiquinha Gonzaga (Francisca Edwiges N. Gonzaga – Rio de Janeiro, RJ, 1847 – 1935)
04. Lua Branca
Alberto Nepomuceno (Fortaleza, CE, 1864 – Rio de Janeiro, RJ, 1920)
05. Serenata
Sérgio Bittencourt (Rio de Janeiro, RJ, 1941 – 1979)
06. Modinha
Clóvis Pereira (Caruaru, PE, 1932)
07. Aboio
08. Galope
Luiz Gonzaga (Exu, PE, 1912 – Recife, PE, 1989)
09. Assum Preto
Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa – Surubim, PE, 1904 — Recife, PE, 1997)
10. Valsa Verde
César Guerra Peixe (Petrópolis, RJ, 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 1993)
11. Mourão
Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa – Surubim, PE, 1904 — Recife, PE, 1997)
12. Recife, cidade lendária
Mestre Duda (José Ursicino da Silva – Goaiana, PE, 1935);
13. Rafael Bis

Marie-Savine Egan, violino
Raphaëlle Egan, violino
Elyr Alves, viola
Fabiano Menezes, violoncelo
gravado em São Paulo, lançado no Recife, 2001

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Bisnaga

Ernesto Nazareth (1863-1934), 150 anos! – por Dilermando Reis, violão [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Há 150 anos nascia Ernesto Nazareth, e o PQPBach não poderia deixar essa data passar em branco!

Capas da primeira e segunda edições deste álbum

Ernesto Nazareth! Como esse cara era bom! A meu ver, é um dos compositores em que é mais difícil de dissociar-se o ponto exato onde termina o erudito e começa o popular, tal a fusão que ele fez da música das ruas com a técnica pianística extremamente refinada que possuía. Nazareth, por exemplo, estudou e dedicou-se a executar Chopin por toda a sua vida, mas a cultura popular estava fortemente introjetada em seu dia-a-dia, o que fez com que suas composições não conseguissem escapar disso. E daí saíram obras brilhantes!

Tá, mas se eu tanto falei, fiz tanto blá-blá-blá do Ernesto Nazareth como pianista, porque estou postando logo um álbum em que sua música é executada ao violão?

Bom, meus caros, primeiramente porque ainda estou preparando uma postagem pianística das obras dele (realmente, não deu tempo de digitalizar o disco duplo…), e, principalmente, porque estas versões de sua obra para violão trazem outro intérprete/compositor com características muito semelhantes a Nazareth: Dilermando Reis foi mais um desses que ficou no limbo entre o popular e o erudito. Assim como o nosso sesquicentenário homenageado, Dilermando (os dilermandos que me desculpem, mas, ô, nome feio…) é considerado um intérprete erudito pelos chorões e um chorão pelos eruditos, pois não se encaixava corretamente em nenhum desses rótulos, estava no meio disso, com um pé em cada lado. Além de tudo, é um dos grandes violonistas de nosso rol de artistas desse instrumento, incansável divulgador do violão e de todas as suas possibilidades técnicas e melódicas.

Tocando Ernesto Nazareth, só podia sair um disco IM-PER-DÍ-VEL !!!

Show de bola! Ouça! Ouça! Deleite-se!

Homenagem a Ernesto Nazareth

Dilermando Reis

01. Odeon
02. Favorito
03. Tenebroso
04. Brejeiro
05. Floreaux
06. Escorregando
07. Apanhei-te, Cavaquinho
08. Escovado
09. Ouro sobre prata
10. Bambino
11. Espalhafatoso
12. Biciclete Club

Dilermando Reis, violão
Dino 7 Cordas, violão de sete cordas
1973

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Veja o site com as partituras do Ernesto Nazareth Clique aqui

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Oha só de quem o Herbert von Karajan copiou o topetinho!

Bisnaga

Raphael Rabello toca o Estudo nº1!

IM-PER-DÍ-VEL !!! (mesmo sendo só o vídeo)

Raphael Rabello aparece nesse vídeo abaixo tocando o Estudo nº1 de Villa-Lobos e pirando em cima, no programa Ensaio, da TV Cultura, em 1993.
Atingi o êxtase e resolvi compartilhar!

PS: tem os dois vídeos com a mesma interpretação: o primeiro que mostra o rapaz tocando, só que com o som ruim (pra que vocês o vejam em ação), e outro com o som arrumado.

http://youtu.be/Aq4bYH1eluc

http://youtu.be/8vmdetspPZ8

Claudio Monteverdi (1567-1643) – Vespro della Beata Vergine (Savall) [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Quanto mais eu ouço, mais acho Claudio Monteverdi genial!

Os especialistas consideram que foi ele o responsável pela formação da orquestra moderna, que une os quatro grupos de instrumentos – cordas, madeiras metais e percussão – quando organizou os músicos para a execução de sua ópera L’Orefo, de 1607, postada aqui abaixo.

Monteverdi praticamente criou o que levou o nome de orquestra, criou o que hoje chamamos de ópera e (ô, homem abençoadamente sem sossego!) organizou o que é considerado o primeiro grande oratório: estas Véspera da Beata Virgem , ou no original, Vespro della Beata Vergine.

Creio que eu postaria mais cedo ou mais tarde esta obra aqui, por mais que ela já figure entre as mais de 3 mil postagens que temos no PQPBach no esplendoroso post (e de riquíssimo texto) do Monge Ranulfus (aqui), por dois motivos:

– por ser obra pioneira e essencial para compreendermos a história da música,

– porque este oratório é lindíssimo (e este motivo suplanta o anterior)!

Monteverdi usa tudo que conhece ao seu redor. Não se limita a reunir a orquestra, muito maior do que as formações instrumentais de seu tempo, com coro e solistas: ele também une as formas e tipos de música de seu tempo, mescla-as, cria fusões. Você perceberá solos que se aproximam dos cantos de trovadorismo, coros que são pura polifonia renascentista, momentos de canto gregoriano e, como é de seu feitio, acompanhamento instrumental cheio dos volteios já barrocos. E essa aparente salada ficou muito boa! Coisa que só gênio, mesmo, pra fazer.

Desta vez, a obra de Monteverdi vai interpretada por… Savall de novo!

Não teve jeito, pessoal: ouvi de novo as versões (todas muito bem acabadas e criteriosas) de gente de peso como Harnoncourt, Garrido, Gardiner e Christina Pluhar, mas a batuta de Jordi Savall torna a música de Monteverdi vibrante de forma tal que não há concorrência… Além de tudo, dos pesos muito bem calculados em todos os trechos das músicas, a orquestra, coro e os solistas são excelentes. Mais uma montagem que se pretende ser definitiva!

Palhinha: as Vésperas à Beata Virgem, na versão desta postagem com imagens da Basílica de São Marcos de Veneza! (depois tem a lista de reprodução da obra completa):

Show de bola, não? Então não titubeie: ouça, ouça! Deleite-se!

Claudio Monteverdi (1567-1643)

Vespro della Beata Vergine (1610)
01. Intonatio: Deus in adiutorium – Francisco.
Responsorium: Domine ad adiuvandum
02. Antiphona: Angelicam vitam – Psalmus 109: Dixit Dominus
03. Concerto: Nigra sum
04. Antiphona: In Dei orto sata – Psalmus 112: Laudate pueri
05. Concerto: Pulchra es
06. Antiphona: Paterni oblita amoris – Psalmus 121: Laetatus sum
07. Concerto: Duo Seraphim
08. Antiphona: In Sancte Trinitatis – Psalmus 126: Nisi Dominus decem vocibus
09. Concerto: Audi Coelum
10. Antiphona: Trinitate venerata – Psalmus 147: Lauda Jerusalem
11. Sonata sopra Sancta Maria
12. Hymnus: Ave maris stella
13. Antiphona_ Hodie beata Barbara – Magnificat, parte 1
14. Magnificat, parte 2

Montserrat Figueras, Soprano
Guy Mey, Tenor
Livio Picotti, Contratenor
Daniele Carnovich, Baixo
Elisabetta Tiso, Soprano
Gian Fagotto, Tenor
Roberto Abbondanza, Barítono
Paolo Costa, Contratenor
Maria Kiehr, Soprano
Pietro Spagnoli, Baixo
Gerd Türk, Tenor
Ulrike Wurdak, Soprano
Patrizia Vaccari, Soprano

La Capella Reial de Catalunya
Padua Centre for Ancient Music Chorus
Jordi Savall, regente

Mântua, 1988

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Jordi Savall: chatão! Que toque de Midas esse cara tem, meu!
Montserrat Figueras: voz e técnica tão perfeitas que me indago se ela é humana!

Bisnaga

Claudio Monteverdi (1567-1643) L’Orfeo (Savall) [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Como se diz aqui no interior (ops, esqueci que agora moro na capital…): esse DVD é um desbunde!

L’Orfeo é considerada a primeira grande ópera da história. Já havia alguma coisa composta com textos somente cantados, mas nesse porte, não. Na verdade, Claudio Monteverdi foi um revolucionário: reuniu um grupo de instrumentos maior que o habitual (praticamente criou o que hoje chamamos de orquestra), coro, solistas e musicou um texto inteiro, criando uma obra de quase duas horas de música, encenada, com cenários e tudo. Um deslumbre que os olhinhos humanos ainda não tinham visto neste planeta! Orfeo estreou em 1607 no adro frontal do Palácio de Mântua, ao ar livre, e, a julgar pela difusão do gênero ópera nos anos seguintes, foi certamente um estrondoso sucesso.

Alguns afirmam que Monteverdi é renascentista, outros, que é barroco. eu arrisco dizer (sujeito a levar pedradas) que seria mais adequado dizer que ele é maneirista, pois faz a transição de um período para o outro: é rebuscado demais para ser renascentista, mas ainda um tanto claro demais para se dizer que é barroco. Sua ópera mescla árias que ainda se assemelham demasiadamente com o cancioneiro do trovadorismo, ao passo que a orquestração vibrante e floreada já soa mais barroca. Uma mescla bela e instigante!

E nesta montagem de hoje, temos o cuidado e o preciosismo de Jordi Savall. Bom, sabemos de antemão que quando aparece o nome de Savall a coisa não é brincadeira: o maestro catalão não brinca em serviço e as montagens de época que dirige são verdadeiros primores. Sim, ele comete nepotismo: Montserrat Figueras (que nos deixou há poucos anos) é sua esposa e Arianna Savall, sua filha, mas pô, que família competente! A orquestra é ótima, os solistas fenomenais. Uma baita montagem! Provavelmente a fizeram pensando: “esta é a versão definitiva: quero ver fazer melhor!”

Duvida que é bom? olha isso (tem o vídeo na íntegra no youtube):

É ou não é Fenomenal?
Então, ouça, ouça! Deleite-se!

Claudio Monteverdi (1567-1643)
L’Orfeo, favola in musica
Libretto: Alessandro Striggio

01 – Gran Teatre del Liceu
02 – Toccata
03 – Prologo
04 – Atto Primo – Pastore- In questo lieto e fortunato giorno
05 – Atto Primo – Orfeo- Rosa del ciel, vita del mondo, e degna
06 – Atto Primo – Coro di Ninfe e Pastori- Lasciate e monti
07 – Atto Secondo – Orfeo- Ecco pur ch’a voi ritorno
08 – Atto Secondo – Orfeo- Vi ricorda, o bosch’ombrosi
09 – Atto Secondo – Messaggiera- Ahi caso acerbo, ahi fat’empio e crudele
10 – Atto Secondo – Ninfe- Chi ne consola, ahi lassi
11 – Atto Terzo – Orfeo- Scorto da te, mio Nume
12 – Atto Terzo – Caronte- O tu ch’innanzi morte a queste rive
13 – Atto Terzo – Orfeo- Possente spirto, e formidabil nume
14 – Atto Terzo – Orfeo- Sol tu, nobile Dio, puoi darmi aita
15 – Atto Terzo – Orfeo- Ei dorme, e la mia cetra
16 – Atto Terzo – Coro di Spiriti- Nulla impresa per uom si tenta invano
17 – Atto Quarto – Proserpina- Signor, quell’infelice
18 – Atto Quarto – Orfeo- Qual onor di te fia degno
19 – Atto Quarto – Sinfonia, Coro di Spiriti- È la virtute un raggio
20 – Atto Quinto – Orfeo- Questi i campi di Tracia, e quest’è il loco
21 – Atto Quinto – Apollo- Perché a lo sdegno e al dolor in preda
22 – Atto Quinto – Ritornello, Coro di Ninfe e Pastori- Vanne Orfeo, felice a pieno
23 – Moresca
24 – Gran Teatre del Liceu

Alessandro Striggio, libretto
Elenco:
Montserrat Figueras, Soprano, La Musica
Furio Zanasi, Barítono, Orfeo
Arianna Savall, Soprano, Euridice
Sara Mingardo, Contralto, Messaggiera
Cécile van de Sant, Mezzo soprano, Speranza
Antonio Abete, Baixo, Caronte
Adriana Fernández, Soprano, Prosperpina
Daniele Carnovich, Baixo, Plutone
Fulvio Bettini, Barítono, Apollo
Mercedez Hernández, Soprano, Ninfa
Marília Vargas (brasileira !!!), Soprano, Eco
Gerd Türk, Tenor, Pastores
Francesc Garrigosa, Tenor, Pastores / Espíritus
Carlos Mena, Contratenor, Pastores / Espíritus
Iván García, Tenor, Pastores / Espíritus

William Orlandi, figurino
Anna Casas, coreografia
Gilbert Deflo, direção de palco

La Capella Reial de Catalunya, coro
Le Concert des Nations
Jordi Savall, regente
Grand Teatre del Liceu de Catalunya, Barcelona, 2002

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A ópera é mesmo comovente, não? Essa arte é de Marcelo Ventura Freire.

Bisnaga

Antonio Carlos Gomes (1836-1896): Missa de Nossa Senhora da Conceição [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Queridos, para mim essa missa é especial! é que, além da qualidade composítiva do autor e de execução de orquestra, coro e solistas, tem um motivo a mais que a faz tão querida por mim. Explico:
Em 3 de novembro de 2011, ou seja, há quase dois anos, era postada pelo colegão Avicenna outra bela versão desta Missa de Nossa Senhora da Conceição, de Antonio Carlos Gomes, executada pela orquestra e coro do Festival do Centenário de morte do compositor (aqui), com arquivo que eu lhe enviei e que acabaria sendo mote para o convite que recebi pouco tempo depois para participar da equipe do PQPBach. Passei de admirador a membro do clube! (risos). Isso, para mim, é uma honra imensa!

Bom, vamos parar de babação-de-ovo e vamos logo ao que mais interessa: a obra.

A Missa de Nossa Senhora da Conceição é obra emblemática na carreira de Carlos Gomes. Mostra um compositor jovem que já mostrava grande qualidade melódica e apuro compositivo: O rapaz tinha 23 anos quando a compôs.
Além disso, mostra um compositor em transição, que ainda não apresentava todas as características musicais do romantismo, mas que saía do padrão das obras classicistas ainda dominantes no cenário local nesse tempo. Por isso é possível perceber alguma coisa de compositores como André da Silva Gomes, Padre José Maurício Nunes Garcia, Francisco Manoel da Silva e Manoel Dias de Oliveira, autores já consagrados nacionalmente e com cujas obras o Jovem Tonico já tinha travado contato por conta de seu pai ser um importante copista de partituras (e maestro, e compositor, etc.)
Já estava surgindo ali um senhor compositor, acima da média.

A versão que apresentamos neste ensolarado sábado é a executada em Gent, na Bélgica: coisa rara de ver, uma obra de brasileiro executada e gravada no exterior. Se você conheceu a anterior (se não conheceu, vá la e baixe, também), esta é mais corpulenta, mais volumosa e mais pesada, um pouco. A afinação da orquestra é melhor, também, mas a execução é mais plana, um tanto mais neutra que a brasileira (ainda que mais pesada, pelo fato da orquestra ser maior, há menor variação entre fortes e pianos). O coro é fenomenal e os solistas idem. Repete-se, da outra gravação, a doçura da voz da conterrânea Leila Guimarães, que executa os solos mais bonitos.

Obra grande, de artista grande! Brilhante! Ouça! Ouça! Inebrie-se de música!

Palhina: Leila Guimarães canta o Laudamus te (faixa 3)

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
Missa de Nossa Senhora da Conceição (1859)

Missa de Nossa Senhora da Conceição
1. Kyrie
2. Gloria
3. Gloria – Laudamus te
4. Gloria – Domine Deus
5. Gloria – Qui tollis peccata mundi
6. Gloria – Suscipe
7. Gloria – Qui sedes ad dexteram Patris
8. Gloria – Cum sancto Spiritu
9. Gloria

Leila Guimarães, soprano
Lola di Vito, mezzo soprano
Tiemin Wang, tenor
Paul Claus, barítono
Coro Magnificat di Ursel
Coro Sint Martinus di Drongen-Baarle
Orchestra Jeugd en Muziek in Oost-Vlaanderen
Geert Soenen, regente
Gent, Bélgica, 2003

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Bisnaga

Antonio Carlos Gomes (1836-1896): Minhas Pobres Canções [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Com orgulho anunciamos a QUADRAGÉSIMA postagem de Carlos Gomes aqui no PQPBach! Hoje ele passa a ser o segundo brasileiro mais presente aqui, perdendo só para o genial Padre José Maurício Nunes Garcia (bom, o Villa-Lobos era o primeiro, mas essa é uma longa e triste história…).

Temos hoje os dois CDs que acompanham o livro da figura ao lado. Essa é daquelas obras que se propuseram a ser definitivas: Minhas Pobres Canções é praticamente um tratado sobre a obra de canções de Antonio Carlos Gomes. O livro foi escrito por Niza de Castro Tank que, além de uma das maiores sopranos nascidas neste solo, foi por muito tempo professora do curso de música da Unicamp (até a compulsória…), o que lhe permitiu ser muito mais que intérprete da música de Nhô Tonico: a limeirense Niza é uma importante pesquisadora e divulgadora da obra do compositor campineiro.
Por se tratar de um livro sobre música, ele vem acompanhado por dois CDs com 41 canções gomianas. É uma obra, literária e auditiva, de suma importância para conhecermos melhor a Carlos Gomes.

“Tão longe, de mim distante/ Onde irá, onde irá teu pensamento?” Os versos são de “Quem Sabe?”, já gravada por intérpretes tão distintos como Ney Matogrosso, Agnaldo Timóteo, Nelson Ayres e Cristina Maristany, e item mais célebre entre a porção menos conhecida da produção do compositor campineiro Antônio Carlos Gomes (1836-1896): as canções.
Se, no teatro Municipal do Rio, há uma estátua dele na entrada, no de São Paulo sua efígie mira fixamente o público, acima do palco -e não por acaso. Com uma carreira de sucesso na Itália, Carlos Gomes foi essencialmente um compositor de óperas, e os acordes da abertura de sua criação lírica mais renomada, “Il Guarany”, estreada no Scala de Milão, em 1870, ecoam até hoje no prefixo do noticioso “Voz do Brasil”.
Na Sala São Paulo, o sinal da chamada para o público vem da “Alvorada” de outra ópera de Carlos Gomes, “Lo Schiavo”.
Participante, no papel de Ceci, da primeira gravação do “Guarany”, em 1959, a soprano Niza de Castro Tank, 75, natural de Limeira (cidade próxima a Campinas), e uma das principais intérpretes do compositor, resolveu resgatar sua produção para canto e piano. “Minhas Pobres Canções” traz as partituras das 41 modinhas e canções que compreendem a produção do autor no gênero.

Dialetos
Caprichada, com revisão musical do pianista e compositor Achile Picchi, a edição traz comentários estilísticos, técnicos e musicais de Niza sobre cada uma das obras. Professores de italiano foram consultados para a versão final dos poemas, já que Carlos Gomes chegou a empregar textos em dialeto vêneto e milanês. O livro é acompanhado por um CD duplo, no qual as obras são interpretadas por Tank e mais seis cantores, acompanhados por Picchi, nas tonalidades originais para as quais foram escritas.
“Eu não podia cantar tudo”, diz Niza. “Sou soprano, até posso tentar a linha de mezzo-soprano, mas não dava para encarar as obras para baixo”, brinca. Picchi e ela participaram, em 1986, de iniciativa análoga, que contemplou uma edição “quase completa” do cancioneiro do compositor, pela Funarte.
Para além dos três álbuns publicados pela editora Ricordi, de Milão, nos anos 80 do século 19, as obras encontravam-se dispersas; além de Campinas, cidade natal do compositor, e Belém do Pará, onde ele morreu, elas foram reunidas em pesquisas no Rio de Janeiro e Curitiba.

Barcarola inédita
Com relação à edição da Funarte, a maior novidade é “Eternamente”, barcarola de 1867, em mi bemol maior, sobre texto em italiano de Marco Marcelliano Marcello (1820-1886), que se encontrava inédita. Se Niza ainda é prudente com relação a chamar sua edição atual de completa, prefere dizer que ela, agora, inclui todas as canções de Carlos Gomes “de que se tem notícia”. Estilisticamente, o compositor classificou algumas das obras do livro de modinhas (como “Quem Sabe?”, sobre versos de Bittencourt Sampaio), escritas em português e inseridas na tradição do gênero. As remanescentes são as canções propriamente ditas, divididas em românticas, dramáticas e satíricas.
“Carlos Gomes nasceu para fazer ópera e, nas canções, a gente sente o lírico que existe nele. Muitas delas são trechos de ópera”, explica Niza. “Contudo, nas canções satíricas, a gente vê o espírito brasileiro e irônico que o acompanhou durante a vida toda.” 
(Irineu Franco Perpétuo, para a Folha de São Paulo, quando do lançamento do livro – 11 de setembro de 2006)

Duas notas importantes:
– Todos os intérpretes são de alto nível. Dá muito gosto de ouví-los!
– Não encontrei o selinho do Amazon com imagem, mas você encontra esse livro-CD lá ou no Estante Virtual por preços de 40 a 120 reais.

Por hora, ouça, ouça! Deleite-se!

Antonio Carlos Gomes (1836-1896), in:
TANK, Niza de Castro. Minhas Pobres Canções. São Paulo: Algol Editora, 2006.

01. Bela ninfa de minh’alma;
02. Suspiro d’alma
03. Anália ingrata
04. Quem sabe?
05. Io ti vidi
06. Notturno
07. Eternamente
08. La madamina
09. Lisa, me vos tu bem?
10. Lo sigaretto
11. Beato Lui
12. Giulietta Mia
13. Célia d’Amore
14. Qui pro quo
15. La preghiera dell’orfano
16. Aurora e Tramonto
17. Sul Lago di Como – La regata
18. Mamma dice
19. Realtà
20. Sempre Teço
21. Mon bonheur
22. Spirto gentil
23. Divorzio
24. Rondinella
25. Oblio
26. Il brigante
27. Bella Tosa
28. Cos’è l’amore
29. La piccola mendicante
30. Civettuola
31. Conselhos
32. L’Arcolaio
33. Lontana
34. Povera Bambola
35. Dolce rimprovero
36. Tu m’ami
37. Per me solo
38. Canta ancor
39. Addio
40. Noces d’argent
41. Fra cari genitor

Niza de Castro Tank, soprano (faixas 02, 04, 18, 21, 24, 30, 33, 38, 41)
Márcia Guimarães, soprano (faixas 08, 09, 17, 32, 35, 40)
Vânia Pajares, soprano (faixas 27, 29, 31, 34)
Lenine Santos, tenor (faixas 01, 03, 05, 10, 14, 15, 19, 22, 33, 36)
Amadeu Góis, barítono (faixas 07, 37, 39)
Francisco Frias, barítono (faixas, 11, 12, 13, 16, 20, 23, 25, 28)
Toroh de Souza, baixo (faixas 06, 26)
Achille Picchi, piano
São Paulo, 2006

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Niza de castro Tank e Achille Picchi: dois entusiastas da obra de Carlos Gomes!

Bisnaga

Figurões cantam Carlos Gomes… E outros achados [link atualizado 2017]

Achados ! E que achados !!!

Resgatei do fundo do baú peças de Antonio Carlos Gomes de cujas gravações, algumas delas, eu nem me recordo quem são os intérpretes…

A sensação foi realmente a de encontrar algo muito querido no fundo do baú: depois de acumular tanta música, estava eu faxinando meu HD, pois a gente acumula coisas até no computador… Acabei encontrando ali, jogadinha no canto, uma pastinha que há tempos não ouvia. “Vamos ver se presta, se não prestar, deleto logo esses arquivos” – pensei. “Noooossa! Tem Bidú Sayão, Caruso, Montserrat Caballé e José Carreras aqui!” – exultei, contente como quem encontra fotos antigas de pessoas queridas dentro a um livro esquecido.

Sim, tinha umas porcarias na mesma pasta que eu fiz questão de descartar. Hoje tenho coisa muito melhor, mas dessas daqui foi impossível me despedir. Ouvi tudo, ouvi de novo e fechei este conjunto que estou postando hoje.

Começa com a dulcíssima Ave Maria em duas versões: uma apenas orquestral e uma segunda cantada pela Ruth Staerke, que imprime os mais elevados sentimentos na partitura de Carlos Gomes. Depois tem Nelson Ayres, elegantíssimo, tocando a tão batida Quem Sabe (tão batida porque é belíssima, provavelmente a música mais gravada do Nhô Tonico) em seu piano, acompanhado pelo Sax de Roberto Sion e pela Camerata da OSESP. A essa versão pus na sequência mais duas, dei lugar até para uma audição menos erudita de Francisco Petrônio, acompanhado pelo refinado violão de Dilermando Reis (provavelmente a versão que sua mãe ou sua avó conheceram), e segui com a levíssima voz de Nadja Silva, que canta com harpa: um anjo!

Daí para a frente, foi necessário dar lugar às árias das óperas de Carlos Gomes, cantadas por intérpretes formidáveis: temos Enrico Caruso, por muitos considerado o maior tenor de todos os tempos, cantando Mia Piccirella e Quando Nascesti Tu. Me senti na necessidade de inserir uma intérprete brasileira no meio das árias, e eis que surge Bidú Sayão, cantando a cândida Come Serenamente. Para finalizar de maneira pomposa, Montserrat Caballé e José Carreras cantam, com uma sintonia formidável, Sento una Forza Indomita.

Que delícia! Termino de escrever estas linhas cantarolando a última faixa na frente do computador.

Carlos Gomes, Nhô Tonico, música de primeiríssima categoria para nosso deleite.
Ouça, ouça! E, claro, deleite-se!

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
Figurões cantam Carlos Gomes… E outros achados.

01. Ave Maria
02. Ave Maria
03. Mazurka
04. Tu m’ami
05. Quem Sabe?
06. Quem Sabe?
07. Quem Sabe?
08. Mia piccirella, da ópera Salvator Rosa
09. Quando nascesti tu, da ópera Lo Schiavo (1911)
10. Come serenamente, da ópera Lo Schiavo (1916)
11. Sento una forza indomita, da ópera Il Guarany

Créditos
01. Orquestra não identificada
02. Ruth Staerke (soprano)
03. piano e violino
04. tenor e piano
05. Nelson Ayres (piano), Roberto Sion (sax soprano), Naipe de Cordas da OSESP, Cláudio Cruz (regente)
06. Francisco Petrônio (voz), Dilermando Reis (violão)
07. Nadja Silva (soprano) e harpa
08. Enrico Caruso (tenor), orquestra não identificada
09. Enrico Caruso (tenor), orquestra não identificada
10. Bidú Sayão (soprano), orquestra não identificada
11. Montserrat Caballé (soprano), José Carreras (tenor)

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Belo bigode, heim, Caruso!

Bisnaga

Modinhas sem Palavras – Antonio Carlos Gomes (1836-1896) e José Pedro de Sant’Anna Gomes (1834-1908) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Sim, a capa é feia pra dedéu (esse Carlos Gomes desproporcional, mãozudo… tsc, tsc…), mas não se deixe levar pela embalagem: o LP aí em questão é um prazer só! Aqui, quando se retira a letra das músicas e troca-se a voz humana pela flauta, é possível ao ouvinte observar com mais clareza a melodia. E aí então, com certeza, se concluirá após a audição que Antônio Carlos Gomes era um grande melodista: suas árias e suas modinhas são obras de alta beleza.

Modinha, momento musical de emoção. Participar dessa linguagem onde a linha melódica flutua sobre as palavras não poderia ser privilégio exclusivo dos cantores. A voz do instrumento desligada do texto pode nos reconduzir ao sentido oculto da poesia, emoção pura. A alma brasileira lírica tem na modinha uma das suas fontes mais significativas de expressão. A modinha sempre foi uma presença constante nas serenas e nos palcos, anônima ou assinada pelos nomes dos maiores compositores nacionais. Carlos Gomes, ao longo da sua vida, no Brasil e na Itália, confiou à modinha seus sentimentos mais íntimos: amizades, paixões e saudades, numa linguagem melódica original e refinada que apresentamos aqui em versão instrumental.
(Odette Ernest Dias, texto extraído do encarte)

Pra completar o álbum, os músicos ainda executam a cândida “Sonho”, do irmão de Carlos Gomes, José Pedro de Sant’Anna Gomes, compositor de grande qualidade e que hoje conhecemos muito pouco: se a obra do mano Tonico foi bastante olvidada, a música de Juca foi ainda mais negligenciada. É um cara pra se conferir e, ambos, para se apreciar.

Ouça! Ouça! Deleite-se!

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
José Pedro de Sant’Anna Gomes (1834-1908)
Modinhas sem Palavras

Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
01. Quem sabe
02. Foi meu amor um sonho (da ópera Joanna de Flandres)
03. Noturno
José Pedro de Sant’Ana Gomes (Campinas, SP, 1834 – 1908)
04. Sonho
Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)05. Canta ancor
06. Anália ingrata
07. Suspiros d’alma
08. Lontana
09. Rondinella
10. Conselhos
11. Al chiaro di luna
12. C’era una volta un príncipe (da ópera Il Guarany)

Odette Ernest Dias, flauta
Elza Kazuko Gushiken, piano
Jaime Ernest Dias, violão
1987

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FLAC encartes em 3.0Mpixel (137Mb)
MP3 encartes em 3.0Mpixel (69Mb)

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…Mas comente… Não me deixe apenas com o silêncio…

Bisnaga

Les Grands Duos d’Amour: Antonio Carlos Gomes (1836-1896), Jules Massenet (1842-1912), Georges Bizet (1838-1875), Gaetano Donizetti (1797-1848) e Riccardo Zandonai (1883-1944) [link atualizado 2017]

Baita CD !!!

Escarafunchei lá em meio aos meus arquivos e me indignei: como pude me esquecer de postar esse álbum? Sei lá o que me deu de falha de memória… É, tô ficando velho…

Esse é daqueles álbuns que exprimem pontos extremos do período romântico da música, daqueles exagerados, de rasgar a camisa… E é belíssimo!

Bom, o que esperar de nomes tão tarimbados e poderosos como Montserrat Caballé e Giuseppe di Stefano interpretando duetos de amor de óperas? Um álbum simplesmente poderoso (assim como os solistas), intenso, sensual, orgasmoplástico! Só ouvindo pra entender! Ah, pra alegrar ainda mais o coração dos nacionalistas, eles cantam Sento una Forza Indómita, de Carlos Gomes.

Então, ouça, ouça! E deleite-se mesmo, sem pudor!

Les Grands Duos d’Amour

Jules Massenet (Montaud, França, 1842 – Paris, França, 1912)
1. Et Je Sais Votre Nom (Manon)
Georges Bizet (Paris, França, 183i8 – Bougival, França, 1875)
2. Ton Coeur N’a Pas Compris (Les Pecheurs De Perles)
Riccardo Zandonai (Rovereto, Itália, 1883 – Pesaro, Itália, 1944)
3. E Cosi Vada (Francesca Da Rimini)
Jules Massenet (Montaud, França, 1842 – Paris, França, 1912)
4.  Il Faut Nous Séparer (Werther)
Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
5. Sento Una Forza Indomita (Il Guarany)
Gaetano Donizetti (Bérgamo, Itália, 1797 – 1848)
6. Una Parola, O Adina (L’elisir D’amore)

Montserrat Caballé, soprano
Giuseppe di Stefano, tenor
Orquestra Sinfônica de Barcelona
Gianfranco Masini, regente

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O amor é lindo!

Bisnaga

Música Brasileira: Henrique Oswald (1852-1931), Leopoldo Miguez (1850-1902) e Alberto Nepomuceno (1864-1920) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Esplendoroso !!!

Fonogramas esplendorosamente cedidos pelo maestro e compositor Harry Crowl. Não têm preço!

Estamos diante de um senhor álbum, por isso o guardei para um domingo, dia mais nobre, como nobre este o é.

Queridos, temos aqui três grandes compositores brasileiros que buscaram, com suas obras, produzir uma música de concerto mais séria, mais embasada, com mais corpo no Brasil de então, cuja música erudita estava quase que limitada a obras de salão. Os três foram brilhantes em seus estudos aqui e na Itália, Alemanha e França, conhecendo e convivendo com nomes poderosos como Brahms, Wagner, Mahler, Schoenberg, Grieg, Debussy, Massenet, Saint Saëns e Faurè. Leiam o texto do encarte, abaixo, e entenderão:

Leopoldo Miguez (1850-1902), Henrique Oswald (1852-1931) e Alberto Nepomuceno (1864-1920), cujas obras figuram neste CD, foram três dos cha­mados “grandes” da música brasileira, que em fins do século passado outorga­ram um cunho de “maior seriedade” à nossa música. A eles, se pode juntar também os nomes de Alexandre Levy (1864-1892) e Francisco Braga (1868-1945). Miguez, Oswald e Nepomuceno, foram dos mais prestigiosos diretores do então Instituto Nacional de Música remanescente do antigo Conservatório Imperial de Música e que é hoje, nossa veneranda e benemérita Escola de Músi­ca da UFRJ. Os três, aliás, também lecionaram matérias teóricas nesse, que foi e é ainda em nossos dias, o mais tradicional estabelecimento de ensino musical do país. Necessário registrar-se, que cada qual a seu modo, tentou combater o academicismo asfixiante que sempre imperou nos educandários oficiais. Até o surgimento desses três mestres, a música brasileira, a bem dizer, só pro­duzira dois expoentes — Pe. José Mauricio Nunes Garcia (1767-1830), nosso maior compositor sacro, e Carlos Gomes (1836-1896) o mais genial operista das Américas e o único a ter auferido fama e prestígio no exterior.
Miguez, Oswald e Nepomuceno, surgiram justamente num momento importan­te de transformações sociais e políticas no Brasil, quais sejam, a abolição da es­cravatura e o advento da república (Lo Shiavo, 1888, de C. Gomes, Dança de Negros, 1881, de Nepomuceno e Ave Libertas, 1890, de Miguez, são obras alusivas aos dois movimentos).
O legado desses músicos, indubitavelmente, mais artístico, representou um pas­so avante e trouxe, sem dúvida alguma, um arejamento à nossa cultura musi­cal, que andava por demais submissa ao “italianismo” reinante. O que fazia sucesso na época eram, sobretudo, as fantasias, polcas, paráfrases e galopes do estilo “salão” a la Gottschalk, que encontrava fácil respaldo nas páginas ligeiras de Henrique Alves de Mesquita, Delgado de Carvalho, Abdon Milanez, Carlos de Mesquita e tantos outros.
Frize-se a bem da verdade, que Miguez, Oswald, Nepomuceno, Braga e mesmo Levy, falecido aos 28 anos, eram homens de outra erudição. Falavam fluente­mente o francês, o italiano e o alemão e havia estudado nos melhores conserva­tórios europeus. Incontestavelmente possuíam uma cultura humanística, aliada a um metier artesanal, superior aos músicos em moda.

Alberto Nepomuceno — Sinfonia em Sol Menor
Não há como deixar de reconhecer-se que Alberto Nepomuceno foi a mais im­portante figura musical de seu tempo. Seu imenso prestígio pessoal, alicerçado peia vitoriosa e árdua campanha que encetou em prol do canto em vernáculo, sua condição de líder do movimento nativista e sua notória clarividência admi­nistrativa, já que por duas vezes (1902/1903) e (1906/1916) esteve à frente do Instituto Nacional de Música, além de sua grande atividade como regente, de­ram-lhe uma projeção que só Villa-Lobos depois dele, alcançaria. Porém, ape­sar de haver pugnado para criar um patrimônio musical próprio da nação, Ne­pomuceno nunca deixou de escrever música de cunho universalista e sua mag­nífica Sinfonia em Sol Menor, a única de autor nacional que se mantém no repertório, é um exemplo disso. Iniciada em Berlim, em 1893, foi concluí­da um ano após, em Paris. Sua estréia verificar-se-ia num dos Concertos Popu­lares a 19 de agosto de 1897, sob sua direção, tendo no mesmo programa, a Suíte Antiga, a Série Brasileira e As Uyaras. Todavia, enquanto as duas últimas apresentam características nacionais acentuadas, como salientou muito bem Edino Krieger, a Suíte Antiga e a Sinfonia em Sol Menor se fazem valer por seus méritos puramente musicais expressos numa linguagem específica do classicismo e do romantismo centro-europeus. Na Sinfonia, é como se a prepo­tência da forma e seus problemas inerentes afastassem a possibilidade de uma preocupação temática nacionalista, mais fácil de abordar nas formas livres, de caráter rapsódico, que por sinal, predominam sempre na primeira fase de todas as escolas nacionalistas surgidas dentro do romantismo. De qualquer modo, es­sa experiência de Nepomuceno, reflete uma preocupação de conceder à música sinfônica brasileira um caráter de seriedade e profundidade, adotando uma for­ma sólida como meio de expressão, o que é significativo, sobretudo num mo­mento em que predominava universalmente, a tendência à rapsódia, à fantasia, ao poema sinfônico descritivo e às peças de caráter pitoresco…

O Primeiro Movimento “com entusiasmo” literalmente em português na parti­tura, tem muito elan e uma altivez quase ufanista, com o ataque franco do te­ma principal em sol menor. Outros motivos se sucedem e se entrelaçam com rara habilidade. A harmonia é compacta revelando a mão do organista. A coda final é de grande beleza. O Andante quasi Adágio vem a ser, indubitavelmen­te, o ponto alto da obra. Uma frase larga, generosa, profunda, emerge das cor­das e nos envolve como um hino de louvor à própria música. Uma obra-prima sem mácula que poderia ter sido assinada por qualquer grande músico alemão. Já o Scherzo-Presto tem finuras de filigrana. Tudo aqui é álacre e saltitante. Na parte central insere-se um inspirado intermédio cuja melodia entoada pelos violoncelos tem algo de modinheiro. Já no Finale — Con Fuocco — os episó­dios se sucedem ora em evoluções cromáticas, ora diatônicas, sublinhando o caráter marcial do movimento. A Sinfonia termina brilhantemente.

Henrique Oswald — Elegia
Henrique Oswald descendente de pais suíços, transferiu-se muito cedo ainda para a Itália, matriculando-se no Instituto Musical de Florença, onde com ape­nas 19 anos e apesar de ser estrangeiro, chegou a ocupar o cargo de adjunto de piano. Travou contato direto com Liszt e Brahms e após longos anos de per­manência na Europa, retornou ao Brasil a fim de assumir a direção do Instituto Nacional de Música. Em 1902, sua peça para piano II Niege ganhou por unani­midade o Concurso de Composição promovido pelo Jornal “Le Figaro” de Pa­ris, vencendo nada menos que 600 candidatos! Enfrentou um júri que conti­nha entre outros, nome do porte de Saint Saëns, Faurè e Diemer o que não é dizer pouco. Apesar de haver escrito três óperas – Le Fate, II Neo e La Croce D’Oro – , duas sinfonias, uma suíte orquestral, Oswald identificou-se mais com a música de câmara e o piano, que era o seu instrumento. Nesse aspecto, pode-se afirmar ter sido ele o mais refinado de nossos grandes mestres do passado. Sua música, quase toda ela envolta em meias tintas, caracteriza-se por um acaba­mento minucioso e um lirismo muito “fin de siécle”, lembrando em certos mo­mentos Faurè e, em outros Massenet, na sua transparência orquestral. Sua be­la e sentida Elegia foi escrita em 1896 e se fez notar pela fluência da frase me­lódica principal, envolta numa harmonização sutilíssima que era um dos apa­nágios da arte requintada de Oswald. Sublinhe-se, os belos efeitos que o com­positor extrai das duas harpas na parte central, a primeira desenhando arpejos ondulantes ascendentes e a segunda reforçando em acordes verticais a densida­de harmônica dos sopros e das cordas.

Leopoldo Miguez — Prometheus
Leopoldo Miguez, foi o apóstolo mór entre nós, dos princípios estéticos preco­nizados por Liszt e Wagner. Adepto ardoroso da “música do futuro”, fundou em 1884, no Rio de Janeiro, o Centro Artístico que se tornaria uma filial dos postulados de Bayreuth no Brasil. Em toda sua obra, predominantemente or­questral, bem como seus dramas líricos — Pelo Amor e Os Saldunes — a in­fluência do autor de Tristão é tão evidente quanto a que Verdi exercera sobre Carlos Gomes. Mas, Miguez sabia e orgulhava-se disso, por achar convictamen­te que tais influxos eram benéficos à música de nosso país. Excelente regente e ótimo orquestrador, Miguêz foi o primeiro a introduzir aqui a forma do poema sinfônico. Parisina, Ave Libertas e Prometheus são três esplendidos exemplos da arte maior deste músico sério, que sempre escreveu visando o aprimoramento de uma estética, razão pela qual, ao contrário de seu íntimo amigo Alberto Nepomuceno, nunca se sentiu atraído pelo nacionalismo. Em 1889, Miguez obtivera o primeiro lugar no concurso aberto à composição do Hino à Proclamação da República e foi nomeado primeiro diretor do recém criado Instituto Nacional de Música. Prometheus foi composto nessa épo­ca, ou seja, 1890, e baseia-se num dos titãs da mitologia grega, segundo a qual, este teria roubado o fogo do Olympo e o dera aos homens, ensinando-os a uti­lizá-lo, motivo por que Zeus o castigou acorrentando-o a um rochedo no cimo do Cáucaso. A partitura muito bem disposta para orquestra alterna momen­tos de intenso lirismo e outros de pujante dramaticidade.

(texto do encarte, de autoria de Sérgio Alvim Corrêa)

Harry Crowl ainda nos enviou uma faixa-bônus, a vibrante Ave, Libertas!, de Miguez, que possui as mesmas preocupações composísticas de Prometeu.
As peças estão muito bem executadas pela ORSEM, com Roberto Duarte no comando.

Um Baita CD! IM-PER-DÍ-VEL !!!
Ouça! Ouça! Deleite-se!

Música Brasileira
ORSEM e Roberto Duarte

Alberto Nepomuceno (Fortaleza, CE, 1864 – Rio de Janeiro, RJ, 1920)
Sinfonia em Sol Menor
01. I. Allegro. Com enthusiasmo.
02. II. Andante quasi adagio
03. III. Presto
04. IV. Con fuoco
Henrique Oswald (Rio de Janeiro, RJ, 1852 – 1931)
05. Elegia
Leopoldo Miguez (Niterói, RJ, 1850 – Rio de Janeiro, RJ, 1902)
06. Prometeu
07. (Bônus) Ave, Libertas!

Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ
Roberto Duarte, Regente
Rio de Janeiro, 1991.

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MP3 encartes em 3.0Mpixel (182Mb)

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…Mas comente… Não me deixe apenas com o silêncio…

Bisnaga

Eventos comemorativos dos 40 anos (e vários séculos) do Museu da Música de Mariana, MG

Convido-os para os eventos comemorativos dos 40 anos do Museu da Música de Mariana (MG), que serão realizados nessa cidade nos dias 6 e 7 de julho próximos, em alusão à fundação oficial do Museu da Música no dia 7 de julho de 1973. A seguir, o folder dos eventos e, abaixo, o link para baixar o texto publicado na revista portuguesa de música Glosas, sobre a história e as atividades atuais do Museu da Música (3 Mb):

http://rapidshare.com/files/2883510424/2013-MuseuDaMsica.pdf

Divulguem à vontade!

Abraço,

Paulo Castagna
[email protected]
http://paulocastagna.com/





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.Museu da Música de Mariana
Projeto Acervo da Música Brasileira – Restauração e Difusão de Partituras

O Projeto Acervo da Música Brasileira – Restauração e Difusão de Partituras é uma das mais completas e arrojadas iniciativas de recuperação, preservação e divulgação do patrimônio musical do país, idealizado pela Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana e patrocinado pela Petrobras, sob a coordenação do Santa Rosa Bureau Cultural.

Obras preciosas da música religiosa brasileira dos séculos XVII a XX, antes restritas ao espaço do Museu da Música de Mariana (MG), são reorganizadas, catalogadas, editadas e oferecidas ao grande público na forma de concertos, CDs e livros de partituras, também acessíveis pela Internet.

Pela profundidade, abrangência, volume de ações e recursos envolvidos, o projeto alcança proporções inéditas no país. O Museu de Mariana é um dos mais importantes acervos latino-americanos de música religiosa manuscrita, com mais de 2 mil partituras. Muitas delas foram salvas pelo trabalho de restauração, já que estavam em estado precário de preservação. Foi recuperada a estrutura original das partituras tal como concebidas por seus autores.

Compositores respeitados como Emerico Lobo de Mesquita, José Maurício Nunes da Silva e João de Deus de Castro Lobo têm novas peças reveladas. Outros, como Miguel Teodoro Ferreira, Frutuoso de Matos Couto e Manuel Dias de Oliveira começam a ter sua memória resgatada, com a identificação de criações importantes, anteriormente desconhecidas. O trabalho inclui também várias peças de autoria desconhecida.

Iniciado em janeiro de 2001 e com término previsto para 2003, o projeto envolve 150 profissionais, com destaque para a equipe de musicologia, coordenada pelo professor e pesquisador Paulo Castagna, da Unesp, e constituída por Aluízio José Viegas (São João del Rei), André Guerra Cotta (Belo Horizonte), Carlos Alberto Figueiredo (Rio de Janeiro), Clóvis de André (São Paulo), Francisco de Assis Gonzaga da Silva (Ouro Preto), Marcelo Campos Hazan (Rio de Janeiro), Maria José Ferro de Sousa (Ouro Preto), Maria Teresa Gonçalves Pereira (Mariana), Vitor Gabriel de Araújo (São Paulo) e Vladmir Agostini Cerqueira (Belo Horizonte).

A reorganização e catalogação está sendo realizada com uma metodologia desenvolvida no final da década de 90 e pela primeira vez aplicada, em sua total potencialidade, em um acervo brasileiro do gênero. O modelo de inventário adotado já se qualifica como referência latino-americana na área de acervos de manuscritos musicais.

(texto extraído de: http://www.mmmariana.com.br/)

Todos os 9 CDs apresentam músicas inéditas. Foram produzidos e distribuidos somente 1.000 exemplares de cada. Hoje é considerada uma coleção rara e está esgotada!. Os 9 CDs já foram postados pelo PQPBach, em arquivos FLAC e MP3 320 kbps, exclusividade essa que somente os ouvintes do PQPBach desfrutam !!!

Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 1/9 – Pentecostes (Acervo PQPBach)
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 2/9 – Missa (Acervo PQPBach)
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 3/9 – Sábado Santo (Acervo PQPBach)
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 4/9 – Conceição e Assunção de Nossa Senhora (Acervo PQPBach)
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 5/9 – Natal (Acervo PQPBach)
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 6/9 – Quinta-Feira Santa (Acervo PQPBach)
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 7/9 – Devocionário Popular aos Santos (Acervo PQPBach)
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 8/9 – Ladainha de Nossa Senhora (Acervo PQPBach)
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 9/9 – Música Fúnebre (Acervo PQPBach)
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As partituras e o aparato crítico das obras acima estão disponíveis aqui, em arquivos Adobe Acrobat (.pdf). As partituras estão divididas em partes para facilitar sua transferência pela internet.

Aproveitem este tesouro!!


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Avicenna

Waldemar Henrique (1905-1995) – Waldemar Inédito e Raro Henrique [link atualizado 2017]

Discão !!

Voltamos a postar mais um disco de Waldemar Henrique, um dos grandes nomes do (se é que podemos dizer assim) lied brasileiro, que muito bem unia o folclórico com o erudito.

Já bem disse sobre a sua obra a reportagem do Diário do Pará, quando do lançamento deste CD em 2005, comemorativo ao centenário de Waldemar Henrique:

Há 100 anos nascia em Belém Waldemar Henrique, o compositor que mais contribuiu com a música paraense, com temas regionais que enriqueceram ainda mais nossa cultura. Não há paraense que não conheça, por exemplo, Foi Boto Sinhá, cantada por sete em 10 músicos populares paraenses.

Sua obra percorreu as lendas amazônicas (Foi Botó Sinhá, Tambá-Tajá, Uirapuru, Curupira, Manha-Nungara etc.), canções amazônicas (A Lenda da Vitória Régia, Cabocla Malvada, Noite de São João) e canções regionais (Boi-Bumbá, Meu Boi Vai-Se Embora, Pastorinhas de Belém). Sua música se estendeu por outros temas, indo de canções infantis ao folclore de Portugal, trazendo a lembrança de quando mudou para lá aos cinco anos de idade.

(…) O CD tem 57 músicas resgatadas do acervo pessoal do maestro, nunca ou poucas vezes executadas antes. As composições foram descobertas entre os objetos que integram a Coleção Waldemar Henrique, que passa por um tratamento técnico no Museu do Estado do Pará (MEP). “De todos os trabalhos discográficos referentes de Waldemar, promovidos pela Secult (ou não), este nos parece o mais ambicioso, como também o mais necessário”, define o diretor do Theatro da Paz, Gilberto Chaves, um dos responsáveis pela pesquisa que resultou no CD. Para o resgate da obra, Chaves teve a ajuda dos professores Maria Sylvia Nunes, Felipe Andrade e Guilhermina Nasser, além do músico Luiz Pardal.

O espetáculo de lançamento reunirá a soprano Dione Colares, a cantora Lucinnha Bastos, os tenores Augusto Ó de Almeida e Wilson Azevedo e o músico Luiz Pardal. Também participarão do concerto – no qual serão apresentadas 30 das 57 músicas do CD, em cerca de 75 minutos – os músicos Emílio Meninéia e Babu. Ana Maria Adade fará o acompanhamento ao piano. Os bailarinos da Companhia de Danças Ana Unger completam o elenco do espetáculo, reunindo as duas facetas musicais de Waldemar Henrique: o erudito e o popular.

(Extraído do Jornal Diário do Pará)

Fonogramas espetaculosamente cedidos pelo inveterado paraense Raphael Soares! Não tem preço!

Um disco precioso! Ouça, ouça! Deleite-se!

Waldemar Henrique (1905-1995)
Waldemar Inédito e Raro Henrique

Disco 1
01. Confissão
02. Caprichosa
03. Num barracão à tardinha
04. Jongo-jongo-longo
05. Lundu da negrinha
06. Festa primitiva
07. Louco de amor
08. Suave spleen
09. Canto de Obá
10. Cantiga
11. Boi Tungão
12. Vamos embora pro engenho
13. Joana da Barca
14. Romance
15. Folia
16. Felicidade
17. Se fores ao Rio-Roxo
18. Oração ao Negrinho Do Pastoreio
19. Rede
20. Nayá
21. Por que partiste
22. Anuncia
23. Romance
24. Hindo dos 350 anos de Belém
25. Meu irmão que vai passando
26. Remadores seringueiros
27. Tirana
28. Hino do SAR
29. Casa da viúva Costa

Disco 2
01. Um diamante e cinco balas – Tema da flor
02. Um diamante e cinco balas – Tema da nega
03. Um diamante e cinco balas – Capangueiro
04. Um diamante e cinco balas – Tema do João
05. Um diamante e cinco balas – Tema da morte da mulher e fuga de João
06. Um diamante e cinco balas – João e Tinhoso perseguem corcunda
07. Um diamante e cinco balas – Noturno
08. Yo le dije a Buenos Aires
09. A negra da Tapioca
10. Carimbó
11. Há de acabar um dia nosso amor
12. Por tua causa
13. Ai compadre, não faça barulho
14. Banho de cheiro
15. Coronel de Macambira – Guriatã, curió
16. Coronel de Macambira – Canto da Transição
17. Coronel de Macambira – Vem o doutor
18. Coronel de Macambira – Minha flor, minha ternura
19. Coronel de Macambira – O meu boi morreu
20. Coronel de Macambira – Cuidado com o engenheiro
21. Coronel de Macambira – Fui, fui, fui
22. Coronel de Macambira – Canto, canto, canto
23. Coronel de Macambira – Campeiros vizinhos
24. Coronel de Macambira – O avião caiu
25. Relax over my shoulder
26. Japiym
27. Tema da Peça ‘Morte e vida Severina’
28. Quiriru

Patrícia Oliveira, soprano (cd1, 1-6 e 29)
João Augusto Ó de Almeida – 7-15 e 29)
Dione Colares, soprano (cd1, 16-21 e 29)
Antônio Wilson Azevedo, tenor (cd1, 22-29)
Lucinha Bastos, mezzo-soprano (cd2, 11-14)
João Augusto Ó de Almeida, tenor (cd2, 15-24)
Ana Maria Adade, piano
Emílio Meninéa, Percursão
Augusto Castro, Violão de 6 e 7 cordas
Luiz Pardal, arranjos (cd2, 1-14 e 24)
Belém, 2004

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (166Mb)

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Waldemar Henrique deu um velhinho bonachão, né?

Bisnaga

Coral Cidade dos Profetas no Teatro Bradesco (BH) em 31/05/13 – Única apresentação!

O Coral Cidade dos Profetas, atendendo a pedidos, está de volta. Fará uma apresentação especial, dia 31/05, às 20h, no Teatro Bradesco. Trata-se de um dos mais modernos teatros do Brasil, que acaba de ser inaugurado em Belo Horizonte, na sede do Minas Tênis Clube. O Coral foi convidado a se apresentar no local devido ao grande sucesso dos recitais de lançamento do CD em homenagem a Lobo de Mesquita. O repertório será executado novamente pelo coro, além de solistas e orquestra. A oportunidade é única de conferir este belo e elogiado trabalho. Atenção: os ingressos estão sendo vendidos a preços populares no local e as vagas são limitadas.

Contamos com a colaboração de todos na divulgação.

O Teatro Bradesco fica na Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, Belo Horizonte.

Horário: às 20h.
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada).
Duração: 60 minutos.
Classificação: livre.
Informações: (31) 3516-1027 e 3516-1360

Avicenna recebeu ontem o email acima!

Antonio Carlos Gomes (1836-1896): O Piano Brazileiro de Carlos Gomes [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Um Disco Antológico !

Presente de dia das Mães!

Fonogramas fornecidos pelo musicólogo Prof. Dr. Paulo Castagna (CD) e por Alisson Roberto Ferreira de Freitas (LP).

Em 1980, Fernando Lopes gravou a obra integral para piano de Carlos Gomes. É disco de cabeceira! É obra que devemos conhecer. Aqui temos o Carlos Gomes que foi além das óperas, que mostrou-se influenciado por outros compositores contemporâneos e que introduziu inovações em seu tempo. Aqui o vemos mais por completo: Carlos Gomes é muito, mas muito mais do que o compositor d’O Guarani!

O título já é bastante significativo: o Piano Brazileiro de Carlos Gomes, e brasileiro com “Z”, quer deixar bem claro que trata-se de música do século XIX, quando a grafia mais utilizada do nome deste país era assim: Brazil, e que as obras aí contidas, por maiores que fossem as preocupações nacionalistas de Carlos Gomes, não conseguem perder a influência europeia (e italiana) que o compositor sofreu.

E Carlos Gomes mostra que era um compositor acima da média, sim! Suas obras para piano são de grande qualidade e de rara beleza melódica. É inegável: o compositor campineiro era um melodista de primeira. No entanto, como eu já afirmei em postagem anterior, tais obras nunca tiveram uma preocupação didática e muito menos de exploração e desenvolvimento da técnica pianística: não vamos encontrar um Chopin nem um Rachmaninov aqui. Essas músicas eram danças de salão, peças para recitais. Nessa visão, encontramos um belo panorama da música do século XIX nas obras gomianas. Há modinhas, tão caras ao gosto brasileiro, valsas, e, como não poderia faltar à verve nacionalista de Nhô Tonico, mulato, quadrilhas e danças de negros, com destaque para A Cayumba, uma dança de negros composta no longínquo ano de 1857, 32 anos antes da Abolição! Carlos Gomes procurava, ainda que com dificuldade de se desvencilhar dos padrões preestabelecidos da música europeia, fazer uma leitura dos ritmos brasileiros.

No encarte do LP/CD, Brunio Kiefer, fala mais sobre essa e outras obras:
Num primeiro contato com a quadrilha Quilombo, o ouvinte pode ficar intrigado por duas razões: uma delas decorre da presença da dança A Cayumba. O artigo definido sugere que Carlos Gomes tenha composto uma só dança com esse nome, o que estaria de acordo com os registros que temos. Mas, e a dança de mesmo nome na face oposta [do disco, aqui faixa 12]? A nosso ver, A Cayumba, que integra a referida quadrilha, deriva da que inicia esta gravação. O autor simplificou, encurtou e modificou aí aspectos rítmicos.  Razões de pressa, de extensão? Não temos base para responder. Além disso, a dança original está um pouco mais próxima de uma possível dança de negros. Infelizmente não conhecemos a data da composição da quadrilha. A Cayumba (Dança de Negros) original foi composta em 1857 e ocupa um lugar histórico em nossa música. A outra razão decorre da presença do titulo Bamboula, que corresponde a uma dança negra das Antilhas. Somos levados a pensar, imediatamente, em Gottschalk, famoso pianista-compositor americano que esteve entre nós em 1869 e exerceu notável influência tanto como pianista como pelas composições. Entre estas figurava uma Bamboula (gravada na série Música na Corte Brasileira nº 4 [na faixa 07, o álbum foi postado aqui no PQP], por iniciativa da Rádio MEC). Se ouvirmos ambas, tornar-se-á patente que Carlos Gomes tirou seu material temático da peça de Gottschalk, sem a menor preocupação de disfarçar a origem! A peça do compositor brasileiro, no entanto, é mas curta. Na décima faixa encontramos, baseado em material impresso, cinco peças designadas por Quadriglia: Caxoeira (sic), Santa Maria, Morro Alto, Saltinho e Mogy-Guassú. Segundo registro de Juvenal Fernandes (Carlos Gomes – do Sonho à Realidade), as mencionadas peças integram o Ramalhete de Quadrilhas (sic. no plural). Na faixa n 11, está registrado Mormorio (Improviso), de belo efeito. De um modo geral, as peças desta gravação não apresentam uma fisionomia definida. São, no entanto, bem-construídas, fluentes e agradáveis. Música de salão de século passado! E européia, antes de mais nada! Nem tudo se encontra em impresso. A execução de Anemia, por exemplo, foi baseada em manuscrito. E por falar em execução: a desta gravação merece destaque. (Bruno Kiefer – extraído do encarte)

É lindo! Ouça, ouça! Deleite-se!

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
O Piano Brazileiro de Carlos Gomes

01. A Cayumba (Dança dos negros)
02. Niny (Polca Salon)
03. Anemia (Preludietto)
04. Grande valsa de bravura
05. Uma paixão amorosa
06. Caxoeira (Quadriglia)
07. Santa Maria (Ouadriglia)
08. Morro alto (Quadriglia)
09. Saltinho (Quadriglia)
10. Mogy-Guassu (Ouadriglia)
11. Murmúrio (Improviso)
     Quilombo
(quadrilha brasileira, sobre os motivos dos negros de Ramalhete de Quadriglias nº 22)
12. I. A Cayumba
13. II. Bananeira
14. III. Quimgombô
15. IV. Bamboula
16. V. Final

Fernando Lopes, piano
Gravado na Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro, 1980
Coordenação: Edino Krieger
Remasterizado em 1997

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Carlos Gomes = Brasil!

Bisnaga

Antonio Carlos Gomes (1836-1896): Cortina Lírica [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

UM BAITA CD !!!

CD lindamente cedido para a extração do áudio pelo musicólogo Prof. Dr. Paulo Castagna. De valor inestimável!

Ah, que saudade de postar alguma coisa de Antonio Carlos Gomes, o compositor brasuca que mereceria um lugar muito mais destacado no cenário mundial, como disse em comentário um de nossos amigos que aqui acessam: “the most neglected composer of opera”. O cara era muito bom!

Aqui teremos uma seleção de alta categoria de árias de Carlos Gomes, executadas por uma grande orquestra, a Sinfônica da Escola de Música da UFRJ, cantadas por grandes solistas e regida por um competentíssimo maestro: Ernani Aguiar: assim como Alberto Nepomuceno executou Nunes Garcia, José Siqueira se debruçou sobre Lobo de Mesquita, o compositor Ernani Aguiar (um dos eruditos brasileiros mais executados no mundo atualmente) dedica-se a gravar Carlos Gomes: um compositor enaltece outro e vai-se criando uma linha que liga todos eles.

Nosso colega CVL já havia postado este CD, mas o link estava expirado há tempos e acabamos sobrepondo as postagens. REuní ambas aqui e, por isso, reproduzo as palavras do CVL, muito mais entendido de música que eu:

Um equívoco de maestros e musicólogos que já se tornou lugar-comum é que Carlos Gomes foi um compositor brasileiro de música italiana, e daí eles cobrarem que o compositor campineiro deveria ter sido uma coisa que ele não foi nem pensou ser: um Nepomuceno, um Mignone, um Nazareth ou um Villa, i. é, comprometido ou preocupado com a formação da identidade da música brasileira. Talvez isso viesse com o tempo (e sabe-se lá de que forma) – por sorte, outros musicólogos (que honestamente não sei citar) tomaram a defesa do nosso maior operista.
O que Carlos Gomes foi, foi o compositor com o segundo maior número de récitas na Itália no período em Verdi era imbatível (cerca de 15 anos depois da morte de Donizetti, até o sucesso de Puccini) e Ponchielli nem sequer lhe fazia rastro; foi o compositor que fez sucesso involuntário com O Guarani por conta do exotismo que atraía os olhos europeus, mas que insistia aos demais ter escrito partituras melhores, como Fosca; foi o compositor das Américas mais representativo em seu tempo; e foi o compositor que emplacou a única ópera composta por um americano encenada com alguma regularidade no Velho Mundo. Pra mim, me basta isso para que a música do autor de Quem sabe? seja eternamente respeitada.
Aqui vai uma seleção de árias e duetos desconhecidos, a título de prelúdio para mais dois posts futuros. Destaque para Era un tramonto d’oro, da ópera-oratório Colombo – pucciniana, decerto, mas muito bela.

Sobre as obras deste álbum, preferi transcrever o encarte:

O fracasso da “Fosca” representou para Carlos Gomes a maior decepção de sua carreira. Após o êxito em sua terra natal, com suas óperas com texto em português, e o triunfo no Scala de Milão com “II Guarany”, não imaginava que um trabalho que apresentava maiores virtudes musicais e no qual apostava no sucesso, fosse tão friamente recebido. A ópera Salvator Rosa foi sua tentativa, coroada de êxito, de novamente cair nas graças da crítica e do público, mesmo que para tal fossem necessárias algumas concessões e escrever aquilo que o público esperava ouvir. Tal atitude, entretanto, não é um demérito da obra e, antes, serviu para torná-la sua ópera mais popular e a que mais vezes foi representada durante o século XIX.
O enredo escolhido facilitou o sucesso. Baseia-se no romance “Masaniello” do escritor francês Eugène Mirécourt (1812-1880) que trata da revolta dos napolitanos contra o domínio espanhol em 1647, fato verídico da história italiana e que, com certeza, despertou os brios patrióticos do público.
Talvez o melhor exemplo dessa preocupação do compositor com o sucesso esteja na canzoneta Mia Picirella, cantada pelo personagem Generaielo logo no início do primeiro ato. Nela encontramos o melodismo esparramado e de efeito seguro, que fazia o público sair cantando ao término do espetáculo. Foi aqui gravada na sua versão de concerto e, como no original, com o soprano fazendo o papel masculino do pajem de Salvator Rosa.
No segundo ato encontra-se um dos momentos de maior dramaticidade da ópera, a ária de baixo Di sposo di padre, cantada pelo Duque D’Arcos, o vilão da história. O musicólogo italiano Marcello Conati diz que “este trecho é justamente famoso pela qualidade do declamado (tão descobertamente verdiano), pela nobreza da melodia, pela articulada diferenciação dos sentimentos expressa através da música, em que o discurso orquestral procede de maneira autônoma no tocante ao canto”.

Maria Tudor foi escrita após o estrondoso sucesso de Salvator Rosa e é uma ópera que não goza de grande prestígio, apesar de alguns trechos realmente inspirados. Foi termi-nada às pressas, pouco tempo antes da estréia, em função da morte de um dos libretistas, Emilio Praga. O outro libretista foi o compositor Artigo Boito, cuja participação, apesar de não vir creditada na partitura, é comprovada através da correspondência de Carlos Gomes com a Casa Ricordi. Para terminar o libreto foram chamados Angelo Zanardini e Ferdinando Fontana. O insucesso da ópera em sua estréia deveu-se ao momento político delicado, quando os jornais italianos começavam uma campanha de defesa dos compositores italianos contra os diversos “estrangeiros”, entre os quais estava Carlos Gomes [insucesso que, diga-se de passagem, foi alimentado pela imprensa: nas récitas seguintes, a aceitação da ópera foi crescente], e também devido a falta de tato do compositor ao escolher um enredo no qual o mocinho da historia é um aventureiro italiano assassinado por uma rainha inglesa, por não ser correspondida em seu amor.
A Romanza de Fabiani (Sol ch’io ti stiori), localizada no início do terceiro ato, é urna das mais belas árias de tenor escritas por Carlos Gomes, com as acentuações apaixonadas do recitativo inicial e as frases largas que conduzem à região aguda da voz, valorizada por uma bem equilibrada orquestração.

Com Lo Schiavo Carlos Gomes volta a abordar um enredo brasileiro, desta vez elaborado por seu amigo Visconde de Taunay. O libreto, produzido por Rodolfo Paravicini, foi outro que grandes transtornos causou ao compositor, a ponto de inviabilizar a estreia da ópera em Bolonha, para onde era destinada. Apesar da temática nacional, em nenhum momento encontramos elementos característicos de música brasileira, nem mesmo durante a “Dança dos Tamoios”, apesar de alguns comentaristas mais otimistas vislum-brarem “certas estranhezas rítmicas” ou mesmo “temas de sabor agreste”. É, antes, música da melhor escola italiana. A musica de “Lo Schiavo” é, sem dúvida, um passo à frente daquela de Maria Tudor. As linhas melódicas são mais elegantes e envolventes, os personagens mais bem caracteri-zados, sendo associados a motivos melódicos próprios, retornando o compositor proce-dimentos já utilizados na Fosca. Ao mesmo tempo a orquestra alinhava o discurso dramático, sendo importante elemento descritivo.
A famosa ária Sogni d’amore é cantada, no quarto ato, por Iberê, o índio escravo que é obrigado a casar-se com Ilara a mando do Conde Rodrigo, que pretende afastá-la de seu filho Américo, que por ela é apaixonado. Iberê lamenta o seu amor não correspondido e mostra-se disposto a sacrificar-se para que Ilara e Américo possam, finalmente, ficar juntos.

A ópera Condor foi encomendada pelo Scala de Milão para a temporada de 1891. De todas é a que menos é representada, amargando um imerecido ostracismo. Nela já se percebem “novos comportamentos da linha melódica”. O belíssimo Noturno que abre o terceiro ato merece figurar ao lado de outros tantos recursos sinfônicos de óperas italianas que alçaram voo isoladamente. Como os Intermezzos da “Manon Lesecaut ” de Puccini e da “Cavaleria Rusticana” de Mascagni. Nele destaca-se, a bem dosada orquestração, onde sobressai o Solo de oboé e a apaixonada melodia a cargo das cordas.

O Poema Vocal-Sinfônico Colombo foi escrito em 1892 para as comemorações ao quarto centenário da descoberta da América. Apesar de ter recebido este título do próprio compositor tem, na verdade, a estrutura de uma ópera. A ária Era um tramonto d’oro é apresentada no primeiro ato quando Colombo narra suas desventuras amorosas dizendo ser este o motivo pelo qual deseja descobrir novas terras. O dueto Non fosti mai si bel é cantado por Isabel e Fernando, Reis de Espanha, a quem Colombo pede ajuda para realizar seu sonho de descobrir um mundo novo. Diante da dúvida de Fernando, Isabel pede para que confie em Colombo, a quem finalmente o Rei decide fornecer marujos e navios para a viagem. No último ato, Isabel canta sua ária Vittoria!Vittorita! momento no qual saúda Colombo após a vitoriosa jornada.
(texto extraído do encarte)

Ouça, ouça! Deleite-se!

Palhinha: o belíssimo Noturno da ópera Condor, que figura entre as melhores obras orquestrais de Carlos Gomes:

http://youtu.be/ZEsq1P9XWj0

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
Cortina Lírica

01. Salvator Rosa – Mia Piccirella
02. Salvator Rosa – Di Sposo Di Padre
03. Maria Tudor – Romanza di Fabiani
04. Lo Schiavo – Sogni d’Amore
05. Condor/Odaléa – Noturno
06. Colombo – Era un Tramonto d’Oro
07. Colombo – Non Fosti mai si Bel
08. Colombo – Vittoria, Vittoria

Carol McDavit, Soprano (faixas 01, 02, 07 e 08)
Fernando Portari, Tenor (faixas 03 e 07)
Inácio de Nonno, Barítono (faixas 04 e 06)
Maurício Luz, Baixo (faixa 02)
José Francisco Gonçalves, Oboé (Faixa 05)
Orquestra Sinfônica da Escola De Música da UFRJ
Ernani Aguiar, regente

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“Sempre soube que esse mocinho tinha potencial!”

Bisnaga

Clóvis Pereira (1932): Grande Missa Nordestina [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Clóvis Pereira, [hoje um respeitável e ilustre octogenário] iniciou seus estudos de música (teoria e solfejo) com seu pai, clarinetista da Banda Musical Nova Euterpe na sua cidade natal, Caruaru, PE. Em 1950 transferiu-se para o Recife onde estudou piano com o Prof. Manoel Augusto dos Santos no Conservatório Pernambucano de Música, ao mesmo tempo estudando harmonia, composição e orquestração com o maestro Guerra-Peixe. Com o Padre Jayme Diniz também realizou estudos de contraponto e harmonia pura, o que proporcionou a oportunidade de lecionar harmonia no III Curso Nacional de Música Sacra, promovido pela Universidade Federal de Pernambuco. Em 1967, a convite do Prof. Ariano Suassura, compôs sob encomenda as primeiras obras representativas do Movimento Armonial. O seu poema sinfônico “Lamento Brasileiro” tem lido executado por importantes orquestras sinfônicas do País, como Orquestra Sinfônica da Rádio MEC, Sinfônica de Porto Alegre e Orquestra Sinfônica do Recife.
Pesquisador de música brasileira popular e folclórica, por várias vezes citado em programas radiofônicos da Rádio MEC, sua pesquisa musical sobre a Banda de Pífanos foi publicada na Revista Brasileira de Folclore. Na música popular atuou como Diretor do Rádio e Televisão pernambucanos durante aproximadamente duas décadas. Suas obras da fase Armorial estão gravadas em discos comerciais e distribuídas em todo o País.
Clóvis Pereira é membro da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea (SBMC) com sede no Distrito Federal, onde participou, do I Encontro Nacional de Compositores de Música Erudita, tendo ainda o seu nome registrado na oitava edição da Enciclopédia Britânica “Who’s who in Music”.

A OBRA
A composição de uma Missa Nordestina surgiu da necessidade de valorizar elementos próprios da nossa música regional. A pesquisa incessante, aliada a uma vivência real e objetiva com a cultura do Nordeste, permitiram que esta obra retratasse o mais fielmente possível aquelas “Constâncias Brasileiras” a que se referia o grande Mario de Andrade.

KYRIE
O Kyrie tem uma estrutura melódica baseada nas escalas nordestinas usadas pelos violeiros e sua rítmica apoiada na “Dança dos Caboclinhos”.

GLÓRIA
O Glória explora a influência musical da península ibérica, importada nos tempos coloniais e que ainda hoje permanece na zona da mata sem sofrer influências da música urbana litorânea. Aqui em certos trechos os violinos são tratados na orquestração a maneira de tocar dos nossos rabequeiros.

CREDO
O Credo, logo na sua exposição, retrata a ambientação própria de uma “Cantiga de Cego”. São explorações nesta parte da obra vários elementos musicais comuns ao “Baião de Viola” e às “Bandas de Pífanos”.

SANCTUS
O Sanctus toma emprestado ao Kyrie a sua essência melódica e a transfigura harmônica e ritmicamente para manter a ambientação própria do momento litúrgico.

AGNUS DEI
O aboio dos vaqueiros nordestinos serviu de motivação para estruturar o Agnus Dei, onde o compositor emprega uma harmonia típica do Nordeste, tentando afastar propositadamente os modelos harmônicos estranhos à nossa cultura.

Sob os enfoques especificados acima, podemos dizer que a Missa Nordestina, possuindo todos os seus temas originais, é uma afirmação dos nossos propósitos para encontrar os caminhos de uma verdadeira música brasileira.
(texto extraído do encarte)

Ouça, ouça! Deleite-se!

Clóvis Pereira (1932)
Grande Missa Nordestina

1. Kyrie
2. Gloria
3. Credo
4. Sanctus/Benedictus
5. Agnus Dei

Carmela Mattoso, soprano
Alírio Melo, tenor
Orquestra e Coro da Universidade Federal da Paraíba
Clóvis Pereira, regente
Recife, 1979

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Maestro Clóvis Pereira, nossas reverências!

Bisnaga