Vivaldi, Telemann, Heinichen, Fasch, Graun, Pisendel, Quantz, Zelenka, Hasse, Ariosti, A. Scarlatti, Fux: Música na Corte de Dresden (8 CDs!) (Virtuosi Saxoniae, Thüringen Academy Choir, Ludwig Güttler)

Vivaldi, Telemann, Heinichen, Fasch, Graun, Pisendel, Quantz, Zelenka, Hasse, Ariosti, A. Scarlatti, Fux: Música na Corte de Dresden (8 CDs!) (Virtuosi Saxoniae, Thüringen Academy Choir, Ludwig Güttler)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Copiei esses 8 CDs — pois estamos falando de um ÁLBUM ÓCTUPLO — , num pen drive e saí por aí de carro ouvindo a coisa. Nossa, é muito SEDUTOR, ATRAENTE, DO CARALHO e apenas me vinha à memória o ÍNCLITO blog Prato Feito, que é absolutamente tarado pela Corte de Dresden (grande Dresden!, diria o pessoal de lá). Parei o carro quatro vezes e cada uma delas foi sem relação alguma com meus compromissos ou EMENTÁRIO; parava apenas pela absurda COERÇÃO vinda da grande Dresden de tantos compositores geniais. A questão sempre era a mesma. O que era mesmo a maravilha que eu estava ouvindo naquele momento em meus ouvidos cheios de sons de um passado que URGE ser REEDIFICADO? Da primeira vez, o culpado foi o INSIDIOSO Telemann, da segunda, o VERMELHO Vivaldi e seu per eco in lontano, da terceira, o DELINQUENTE foi Zelenka e, da quarta, foi o FASCHinante. Todos esses seres andavam por Dresden, como disse o Prato Feito aqui

Sinto muito, mas tenho que voltar a falar de Dresden. Nessa cidade, nas primeiras décadas do século XVIII, havia muitos grandes compositores. Se você saísse na rua, era capaz de trombar com Pisendel enquanto olhava Hasse do outro lado da rua, cruzava com Zelenka saindo da igreja e, se não olhasse pra cima, ainda era acertado por Veracini caindo de uma janela (e isso é uma outra história). Mas ainda não é de nenhum deles que vamos falar, e sim de um outro sujeito: Johann David Heinichen.

… assim como antes (ou depois, sei lá) falara aqui

Uma das mais graves perdas históricas da II Guerra Mundial foi o bombardeio e arrasamento da cidade alemã de Dresden, pelas forças dos Estados Unidos. Nessa tragédia se perderam muitas vidas, monumentos e documentos. Após a reunificação alemã, em 1990, Dresden passou por um rápido e bem feito processo de reconstrução, que acabou trazendo de volta grande parte do brilho daquela que foi uma das mais importantes cortes da Alemanha barroca. Musicalmente a cidade foi privilegiada com grandes compositores, dentre os quais dois estão representados neste (no dele) CD.

Oh, esses ianques ignorantes e filhas-da-puta! Deviam ter feito RETROPERISTALTISMO com suas bombas! Ah, e aqui, falando sobre o imenso Schütz…

No entanto nunca compôs música puramente instrumental, e toda a sua obra profana foi perdida. Viveu em Dresden (grande Dresden!), e morreu em 1672.

Grande Dresden, repito! Tchê, Dresden é o canal e eu desafio o pessoal do Prato Feito a gostar mais de Dresden do que nós.

Que esta postagem épica sirva de PRESENTE do PQP para a massa sedenta que segue nosso blog nos três hemisférios, doze continentes e na Via Láctea, onde se DERRAMAM — como os milhões de espermatozóides que EJACULAREI logo mais à noite dentro de minha amada — as sementes de POLINIZAÇÃO de beleza que fazem sorrir a blogosfera e suas margens.

E vou ali na mesa beber mais um pouco, OK?

Ah, intérpretes excelentes, impecáveis.

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sobre Dresden, Harry Crowl comentou:
dezembro 24th, 2010 às 11:21

Essa antologia é muito impressionante. Já conhecia 4 desses Cds que acompanham o belíssimo livro “Dresden”, com as pinturas do sec.XVIII realizadas por Canaletto. Ganhei esse livro quando estive lá em 2007, de uma grande amiga soprano que mora lá.

Queria fazer um esclarecimento em relação ao bombardeio de Dresden. O mesmo foi perpetrado pela Força Aérea Britânica (RAF), com um certo apoio logístico americano. Mas, a ordem veio do alto comando inglês, com aquiescência de Churchill. Os alemães dizem que foi uma vingança pelo bombardeio de Coventry, mas, na verdade, os ingleses já sentindo que não iam mais mandar no mundo, queriam assustar os russos que já estavam chegando perto e não estavam muito inclinados a respeitar os tratados. Durante o período da DDR, a cidade não teve seu monumentos reconstruídos. Depois da reunificação, tudo foi restaurado e reconstruído como era. A cidade voltou a ser exuberante. A reconstrução foi financiada inclusive com dinheiro inglês. A Inglaterra reconheceu o crime que cometera e pediu perdão oficialmente ao povo alemão. Quando a Frauenmarienkirche foi reinaugurada, os dirigentes máximos dos dois países estavam presentes e foi estabelecido o dia do perdão, que me parece que é celebrado em Dresden anualmente. O bombardeio matou tanta gente quanto uma das bombas atômicas. Um dos livros mais interessantes sobre o bombardeio é “Slaughterhouse 5″, de Kurt Vonnegut, que era um prisioneiro americano dos alemães e estava detido em Dresden durante o bombardeio.

Vivaldi, Telemann, Heinichen, Fasch, Graun, Pisendel, Quantz, Zelenka, Hasse, Ariosti, A. Scarlatti, Fux: Música na Corte de Dresden

Disc 1:

Antonio Vivaldi – Concerto for Violin, 2 Oboes, 2 Recorders and Bassoon in G minor, RV 577
1. Concerto for Violin, 2 Oboes, 2 Recorders and Bassoon in G minor, RV 577: 1st movement
2. Concerto for Violin, 2 Oboes, 2 Recorders and Bassoon in G minor, RV 577: 2nd movement, Largo non molto
3. Concerto for Violin, 2 Oboes, 2 Recorders and Bassoon in G minor, RV 577: 3rd movement, Allegro

Georg Philipp Telemann – Concerto for Violin, Hunting Horn & BC in D major
4. Concerto for Violin, Hunting Horn and Basso continuo in D major: 1st movement, Vivace
5. Concerto for Violin, Hunting Horn and Basso continuo in D major: 2nd movement, Adagio
6. Concerto for Violin, Hunting Horn and Basso continuo in D major: 3rd movement, Allegro

Johann David Heinichen – Concerto for 2 Oboe, 2 Flutes, Violin, 2 Horns & BC in F major
7.Concerto for 2 Oboe, 2 Flutes, Violin, 2 Horns and Basso continuo in F major: 1st movement, Allegro
8. Concerto for 2 Oboe, 2 Flutes, Violin, 2 Horns and Basso continuo in F major: 2nd movement, Andante
9. Concerto for 2 Oboe, 2 Flutes, Violin, 2 Horns and Basso continuo in F major: 3rd movement

Johann Friedrich Fasch – Concerto for 2 Trumpets, 2 Horns, 2 Oboes, Bassoon, Strings & BC
10. Concerto for 2 Trumpets, 2 Horns, 2 Oboes, Bassoon, Strings and Basso Continuo: 1st movement, Allegro
11. Concerto for 2 Trumpets, 2 Horns, 2 Oboes, Bassoon, Strings and Basso Continuo: 2nd movement, Andante
12. Concerto for 2 Trumpets, 2 Horns, 2 Oboes, Bassoon, Strings and Basso Continuo: 3rd movement, Allegro

Johann Gottlieb Graun – Concerto for 2 Violins, 2 Horns, Strings & BC in G major
13. Concerto for 2 Violins, 2 Horns, Strings and Basso Continuo in G major: 1st movement
14. Concerto for 2 Violins, 2 Horns, Strings and Basso Continuo in G major: 2nd movement, Adagio
15. Concerto for 2 Violins, 2 Horns, Strings and Basso Continuo in G major: 3rd movement, Allegro molto con spirito

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Disc 2:

Johann Georg Pisendel – Sinfonia in B major
1. Sinfonia in B major: Allegro di molto
2. Sinfonia in B major: Andantino
3. Sinfonia in B major: Tempo di menuet

Johann Georg Pisendel – Concerto for Violin, 2 Oboes, Strings & BC in D major
4. Concerto for Violin, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major: Vivace
5. Concerto for Violin, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major: Andante
6. Concerto for Violin, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major: Allegro

Johann Georg Pisendel – Concerto for 2 Oboes, Bassoon, Strings & BC in E flat major
7. Concerto for 2 Oboes, Bassoon, Strings and Basso Continuo in E flat major

Georg Philipp Telemann – Concerto for Violin in F major
8. Concerto for Violin in F major: Presto
9. Concerto for Violin in F major: Corsicana-Un poco grave
10. Concerto for Violin in F major: Allegrezza
11. Concerto for Violin in F major: Scherzo
12. Concerto for Violin in F major: Chasse
13. Concerto for Violin in F major: Polacca
14. Concerto for Violin in F major: Minuetto

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Disc 3:

Antonio Vivaldi – Concerto in C major, RV 558
1. Concerto in C major, RV 558
2. Concerto in C major, RV 558
3. Concerto in C major, RV 558

Antonio Vivaldi – Concerto for Oboe in F major, RV 455
4. Concerto for Oboe in F major, RV 455
5. Concerto for Oboe in F major, RV 455
6. Concerto for Oboe in F major, RV 455

Antonio Vivaldi – Concerto for Viola d’Amore and Lute in D minor, RV 540
7. Concerto for Viola d’Amore and Lute in D minor, RV 540
8. Concerto for Viola d’Amore and Lute in D minor, RV 540
9. Concerto for Viola d’Amore and Lute in D minor, RV 540

Antonio Vivaldi – Concerto for 4 Violins in A major, RV 552 “Per eco in lontano”
10. Concerto for 4 Violins in A major, RV 552 ‘Per eco in lontano’
11. Concerto for 4 Violins in A major, RV 552 ‘Per eco in lontano’
12. Concerto for 4 Violins in A major, RV 552 ‘Per eco in lontano’

Antonio Vivaldi – Sinfonia for Strings in G major, RV 149
13. Sinfonia for Strings in G major, RV 149
14. Sinfonia for Strings in G major, RV 149
15. Sinfonia for Strings in G major, RV 149

Antonio Vivaldi – Concerto for Violin and Oboe in G minor, RV 576
16. Concerto for Violin and Oboe in G minor, RV 576
17. Concerto for Violin and Oboe in G minor, RV 576
18. Concerto for Violin and Oboe in G minor, RV 576

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Disc 4:

Georg Philipp Telemann – Concerto for Violin 3 Horns 2 oboes in D major
1. Concerto for Violin, 3 Hunting Horns, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major
2. Concerto for Violin, 3 Hunting Horns, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major
3. Concerto for Violin, 3 Hunting Horns, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major

Johann Joachim Quantz – Concerto for 2 flutes
4. Concerto for 2 Flute, Strings and Basso Continuo in G minor
5. Concerto for 2 Flute, Strings and Basso Continuo in G minor
6. Concerto for 2 Flute, Strings and Basso Continuo in G minor

Antonio Vivaldi – Concerto for 2 Violins, 2 Oboes and Bassoon in D major, RV 564a
7. Concerto for 2 Violins, 2 Oboes and Bassoon in D major, RV 564a
8. Concerto for 2 Violins, 2 Oboes and Bassoon in D major, RV 564a
9. Concerto for 2 Violins, 2 Oboes and Bassoon in D major, RV 564a

Jan Dismas Zelenka – Capriccio in A major for 2 oboes, fagott, 2 horns ZWV 185 (*)
10. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
11. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
12. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
13. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
14. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
15. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
16. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185

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Disc 5:

Jan Dismas Zelenka – Capriccio in C major for 2 oboes, fagott, 2 horns ZWV 183
1. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Allegro
2. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Canarie
3. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Gavotte
4. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Rondeau
5. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Menuetto

Jan Dismas Zelenka – Laudate pueri in D major, ZWV 81 (**)
6. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Laudate pueri
7. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Qui sicut Dominus
8. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Amen

Jan Dismas Zelenka – Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190
9. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Allegro
10. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Menuetto 1 & 2
11. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Trio ‘Il contento’
12. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Presto assai ‘Il furibondo’
13. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Villanella 1 & 2

Jan Dismas Zelenka – Confitebor tibi Domine in C minor, ZWV 71
14. Confitebor tibi Domine in C minor, ZWV 71: Confitebor tibi Domine
15. Confitebor tibi Domine in C minor, ZWV 71: Memoriam fecit

Jan Dismas Zelenka – Capriccio in A major for 2 oboes, fagott, 2 horns ZWV 185 (*)
16. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Allegro assai
17. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Adagio
18. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Aria
19. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: En tempo de canarie
20. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Menuet 1 & 2
21. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Andante
22. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Paysan 1 & 2

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Disc 6:

Jan Dismas Zelenka – Missa Dei Patris in C major, ZWV 19
1. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Kyrie eleison 1
2. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Christe eleison
3. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Kyrie eleison 2
4. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Gloria in excelsis Deo
5. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Domine Deus
6. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Domine Fili
7. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Qui sedes ad dexteram
8. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Quoniam tu solus Sanctus
9. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Cum Sancto Spiritu
10. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Credo in unum
11. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Et incarnatus est
12. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Cruxifixus
13. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Et resurrexit
14. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Et vitam venturi saeculi
15. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Sanctus
16. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Benedictus
17. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Osanna
18. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Agnus Dei
19. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Agnus Dei
20. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Dona nobis pacem

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Disc 7:

Johann Adolf Hasse- Mass in G minor
1. Mass in G minor: Kyrie eleison 1
2. Mass in G minor: Christe eleison
3. Mass in G minor: Kyrie eleison 2
4. Mass in G minor: Gloria in excelsis Deo
5. Mass in G minor: Gratias agimus tibi
6. Mass in G minor: Domine Deus, Rex caelestis
7. Mass in G minor: Domine Fili unigenite
8. Mass in G minor: Domine Deus
9. Mass in G minor: Qui tollis peccata mundi
10. Mass in G minor: Quoniam tu solus sanctus
11. Mass in G minor: Cum Sancto Spiritu
12. Mass in G minor: Credo in unum Deum
13. Mass in G minor: Et incarnatus est
14. Mass in G minor: Crucifixus etiam pro nobis
15. Mass in G minor: Et resurrexit tertia die
16. Mass in G minor: Ad te levavi animam meam
17. Mass in G minor: Sanctus
18. Mass in G minor: Benedictus
19. Mass in G minor: Hosanna in excelsis
20. Mass in G minor: Agnus Dei

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Disc 8:

Jan Dismas Zelenka – Laudate pueri in D major, ZWV 81 (**)
1. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Laudate pueri
2. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Quis sicut Dominus
3. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Amen

Attilio Ariosti – O quam suavis est
4. O quam suavis est: O quam suavis est
5. O quam suavis est: Panem quem coelum dat

Alessandro Scarlatti – Su le sponde del Tebro
6. Su le sponde del Tebro: Sinfonia
7. Su le sponde del Tebro: Su le sponde del Tebro
8. Su le sponde del Tebro: Sinfonia
9. Su le sponde del Tebro: Contentatevi
10. Su le sponde del Tebro: Mesto, stanco e spirtante
11. Su le sponde del Tebro: Infelici miei lumi
12. Su le sponde del Tebro: Dite almeno
13. Su le sponde del Tebro: Ritornell
14. Su le sponde del Tebro: All’ aura
15. Su le sponde del Tebro: Tralascia pur di piangere

Johann David Heinichen – Lamentatio
16. Lamentatio: Incipit lamentation
17. Lamentatio: Beth
18. Lamentatio: Ghimel
19. Lamentatio: Daleth
20. Lamentatio: He

Johann Joseph Fux – Plaudite sonat tuba
21. Plaudite: Plaudite, sonat tuba
22. Plaudite: Dum exultat de morte Salvator
23. Plaudite: Mortales, vicit Leo de ttribu Juda
24. Plaudite: O! peccator gaude
25. Plaudite: Alleluja!

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(*) e (**) — Não é um engano de PQP Bach. A edição original colocou estas duas peças repetidas na coletânea.

Peter Schreier (Tenor)
René Jacobs (Countertenor)
Ludwig Güttler (Trumpet)
Ralph Eschrig (Tenor)
Dagmar Schellenberger (Soprano)
Axel Köhler (Countertenor)
Egbert Junghanns (Bass)
Olaf Bär (Bass, Baritone)
Reinhart Ginzel (Tenor)

Virtuosi Saxoniae
Thüringen Academy Choir

Ludwig Güttler

Dresden é bonitinha, não?

PQP

Benjamin Britten (1913-1976), Eric Wolfgang Korngold (1897-1957) – Violin Concertos – Vilde Frang, FRSO, Gaffigan

front

Atualizando link de postagem lá de 2016. O disco continua atual, e Frang já mais que se estabeleceu como uma das grandes violinistas da atualidade. O Concerto de Korngold é impecavelmente interpretado, assim como o de Britten. Vale a audição. 

Estamos elegendo uma nova musa no PQPBach: Vilde Frang. Não vamos afirmar que esteja ocupando o lugar de Mullova, ou de Mutter, mas está aos poucos galgando os degraus parar chegar lá, ainda mais depois de lançar este discaço com os concertos de Britten e de Korngold.

Frang está totalmente a vontade tocando estas obras. Expõe uma emotividade latente, que permeia todo o concerto, principalmente o de Korngold, diga-se de passagem, e muitas vezes parece que estamos assistindo a um filme hollywoodiano dos anos 40 ou 50, quando o compositor era um exilado nas terras americanas, e compunha para os filmes produzidos nos estúdios de Hollywood.

Este CD é bem recente, foi lançado no final de fevereiro, e já conquistou cinco estrelas entre os clientes da amazon, e creio que aqui não será diferente.

Benjamin Britten (1913-1976), Eric Wolfgang Korngold (1897-1957) – Violin Concerto

01. Korngold -Violin Concerto in D Major Op. 35 I Moderato nobile
02. Violin Concerto in D Major Op. 35 II Romanze
03. Violin Concerto in D Major Op. 35 III Allegro assai vivace

04. Britten – Violin Concerto in D Minor, Op. 15 I Moderato con moto – Agitato – Tempo primo
05. Violin Concerto in D Minor, Op. 15 II Vivace – Animando – Largamente – Cadenza
06. Violin Concerto in D Minor, Op. 15 III Passacaglia – Andante lento (Un poco meno mosso)

Vilde Frang – Violin
Frankfurt Radio Symphony
James Gaffigan – Conductor

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FDP

Domenico Scarlatti (1685-1757): Sonatas – Ivo Pogorelich (piano) ꝏ

Domenico Scarlatti (1685-1757): Sonatas – Ivo Pogorelich (piano) ꝏ

Esta é uma reedição de uma postagem original de nosso editor chefe, Herr PQP Bach! Eu gosto tanto deste disco que tenho umas duas cópias do CD e os arquivos digitais em vários formatos. Como estamos festejando os 340 anos desde o nascimento do Domenico, achei próprio reapresentar a postagem para a boa lembrança dos antigos PQP Bachianos, assim como para a devida apresentação aos novos frequentadores… Aqui está o texto original da postagem, com a picardia e concisão que são próprias do nosso CEO:

Domenico Scarlatti é um compositor barroco — quase clássico — italiano que anda meio fora de moda. Filho de um compositor maior, Alessandro Scarlatti, suas maiores contribuições para a música foram suas pequenas e numerosas sonatas para teclado em um único movimento, em que empreendeu abordagens harmônicas bastante inovadoras, apesar de ter composto também obras para orquestra e voz. Gente, ele compôs mais de 500 Sonatas! Embora tenha vivido no período que corresponde ao auge da música barroca européia, suas composições, mais leves e homofônicas, têm estilo mais próximo daquele do início do período clássico. Ivo Pogorelich interpreta espetacularmente bem esta 15 Sonatas. Não há exageros nem economia. Pogo trabalhou para a música. A interpretação da Sonata K. 380, faixa 15 do CD, por exemplo, é uma pérola de perfeição.

Domenico Scarlatti (1685-1757)

Sonatas

1 K. 20 In E Major 3:31
2 K. 135 In E Major 4:16
3 K. 9 In D Minor 4:14
4 K. 119 In D Major 5:14
5 K. 1 In D Minor 2:30
6 K. 87 In B Minor 6:21
7 K. 98 In E Minor 3:18
8 K. 13 In G Major 4:24
9 K. 8 In G Minor 5:55
10 K. 11 In C Minor 2:53
11 K. 450 In G Minor 3:32
12 K. 159 In C Major 2:31
13 K. 487 In C Major 3:52
14 K. 529 In B Flat Major 2:30
15 K. 380 In E Major 4:59

Ivo Pogorelich, piano

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Scarlatti em pose perfeitamente natural.

PQP

Abertura da resenha desse disco na famosa Gramophone: Although this anthology is weighted towards more familiar sonatas, the programming is sufficiently intelligent and varied for one to sample a fairly comprehensive range of the composer’s keyboard style. Five of the sonatas, at least, featured in Horowitz’s repertoire, and consequently one is rather tempted to compare the two pianists. Pogorelich really does not come off too badly.

Não sair tão mal ao ser comparado à Horowitz é muita coisa…

Aproveite!

Restaurado por RD em agosto de 2025

Uma opção para ouvir a música:

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 & 3 Pianos / Fantasia, K. 608 / Andante e Variações para 4 mãos, K. 501 (English Chamber Orchestra, Perahia, Lupu)

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 & 3 Pianos / Fantasia, K. 608 / Andante e Variações para 4 mãos, K. 501 (English Chamber Orchestra, Perahia, Lupu)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sem dúvida, um tremendo CD. Bem, com Perahia e Lupu seria difícil ser diferente. O Concerto para Dois Pianos, K. 365, foi composto por volta de 1779 e é uma das obras mais brilhantes e expressivas do repertório concertístico de Mozart. Mozart escreveu este concerto para tocar junto com sua irmã, Nannerl, que também era uma excelente pianista. Este concerto reside há décadas em meu combalido cérebro. É uma joia que mostra um incrível domínio tanto da forma concertante quanto da expressividade musical. Música bonita e grudenta pacas. O Concerto para Três Piano, K. 242, já é bem mais fraco. Depois melhora: a Fantasia em Fá Menor para Órgão Mecânico, K. 608, composta em 1791, é uma das obras mais enigmáticas e tecnicamente desafiadoras do compositor. Originalmente escrita para um órgão mecânico (um instrumento automático similar a uma caixa de música, mas enorme), ela é frequentemente executada em versões para piano a quatro mãos ou órgão tradicional. Foi encomendada pelo Conde Joseph Deym, que possuía um museu de curiosidades em Viena, incluindo um órgão mecânico acoplado a um mausoléu! A peça lembra o estilo barroco, mas com um drama tipicamente mozartiano. As Variações K. 501 foram escritas para tocar a 4 mãos com sua aluna e amiga Franziska von Jacquin, em saraus privados em Viena. Devia ser uma boa aluna porque a coisa não é simplesinha não. É uma das poucas obras para piano a quatro mãos de Mozart.

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 & 3 Pianos / Fantasia, K. 608 / Andante e Variações para 4 mãos, K. 501 (English Chamber Orchestra, Perahia, Lupu)

Concerto For 2 Pianos & Orchestra In E-flat Major, K. 365 (K. 316a)
1 I. Allegro 9:36
2 II. Andante 7:09
3 III. Rondeaux: Allegro 6:35

Concerto For 3 Pianos & Orchestra In F Major, K. 242 “Lodron” Concerto
Arranged By [For 2 Pianos] – W. A . Mozart*
4 I. Allegro 8:07
5 II. Adagio 7:11
6 III. Rondo: Tempo Di Menuetto 5:16

Fantasia In F Minor, K. 608 (For Organ)
Arranged By [For 2 Pianos] – Ferruccio Busoni
7 I. Allegro Ritenutto 3:10
8 II. Andante 4:23
9 III. Allegro Ritenuto 2:33

Andante And Variations For Four Hands In G Major, K. 501
10 Andante 1:13
11 Variation I 1:06
12 Variation II 1:04
13 Variation III 1:01
14 Variation IV 1:24
15 Variation V 2:03

Orchestra – English Chamber Orchestra (tracks: 1 to 6)
Piano – Murray Perahia, Radu Lupu

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Lupu, Perahia e um dos filhos do segundo.

PQP

Felix Mendelssohn (1809-1847): Música para Violoncelo e Piano (Antonio Meneses e Gérard Wyss)

Felix Mendelssohn (1809-1847): Música para Violoncelo e Piano (Antonio Meneses e Gérard Wyss)

Eu poderia tentar escrever vários adjetivos para a música de Mendelssohn. Mas eu sei que jamais faria isto tão bem quanto outro integrante do PQP Bach: o Carlinus. Ele tem uma sensibilidade enorme para a música e principalmente para a música de Mendelssohn. Ele sabe traduzir os pensamentos e sentimentos em palavras. Pega aquelas impressões fantásticas em que nós pensamos e sentimos enquanto ouvimos música e traduz essas emoções em palavras… E eu considero isso algo muito bonito e difícil de conseguir fazer. Sim, eu tenho sentimentos, e ao ouvir música também me deixo “levar”, mas guardo o que sinto para mim. As sonatas para violoncelo e piano de Mendelssohn são muito legais. Adoro ouvir essas belezas. Meu primeiro contato com elas foi aqui no blog, justamente através do Carlinus. Fiz o pedido, ele demorou um tiquinho, depois respondeu e postou. Fiquei semanas ouvindo e feliz da vida porque fui atendido por ele. Hoje estou aqui para tentar retribuir a atenção que me foi dada presenteando vocês e o nosso amigo Carlinus com estas mesmas sonatas outrora postadas pelo mesmo (esse texto ta parecendo B.O. policial…). Esta versão é sublime, e é muito bem interpretada por Antonio Meneses, na companhia de Gérard Wyss. Espero que vocês gostem.

OBS.: Carlinus, brigado por me ajudar a conhecer a música de Mendelssohn!

Felix Mendelssohn (1809-1847): Música para Violoncelo e Piano (Antonio Meneses e Gérard Wyss)
01. Sonata # 1, Op. 45 – I. Allegreo vivace
02. II. Andante
03. III. Allegro assai
04. Sonata # 2 Op. 58 – I. Allegro assai vivace
05. II. Allegretto scherzando
06. III. Adagio
07. IV. Molto allegro e vivace
08. Variations Concertantes Op. 17
09. Lied ohne Worte, Op.19 #1
10. Lied ohne worte, Op.19 #3 Jägerlied
11. Assai tranquillo
12. Lied ohne Worte, Op.109
13. Lied ohne Worte, Op.19 #6 Venetianisches Gondellied

Antonio Meneses, cello
Gérard Wyss, piano

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Neste triste país, às vezes nasce um gênio indiscutível.

Raphael Cello

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Quinta Sinfonia, in C Minor, op. 67, Música Incidental para Egmont, de Goethe, op. 84 – Szell, Concertgebow, Amsterdam, Wiener Philharmoniker

Postagem originalmente realizada em 2016, algumas semanas antes do falecimento do meu sogro, então a situação estava bem complicada em casa. Minha esposa tinha de se desdobrar entre cuidar do pai e ir trabalhar. Estou atualizando os links por se tratar de Georges Szell regendo Beethoven, creio que este seja um bom motivo, não acham? 

 

Hoje eu acordei ansiando por Beethoven. E meio que me veio às mãos este CD de George Szell, mas nada é por acaso. Ainda mais quando se trata da Quinta Sinfonia. Claro que corri para colocar o CD para tocar, e nos primeiros acordes da própria Quinta Sinfonia pensei comigo mesmo: era isso mesmo que eu queria ouvir nesta manhã de feriado cristão, o Corpus Christi.
Enquanto esteve frente a Sinfônica de Cleveland, George Szell era constatemente convidado para reger as mais diversas orquestras. E neste Cd temos o grande maestro húngaro à frente de duas das principais destas orquestras européias: a do Concertgebow de Amsterdam e a Filarmônica de Viena.
Aliás, temos neste CD uma obra que poucas vezes apareceu por aqui na sua íntegra, na verdade creio que nunca  a trouxemos: a música que Beethoven fez para a peça de Goethe, Egmont.
Como não poderia deixar de ser, temos dois grandes registros fonográficos, realizados nos últimos anos de vida do maestro, nos anos 60.
Para se ouvir à exaustão., afinal de contas é Beethoven, ora bolas !!!

1- Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – I. Allegro con brio
2 – Symphony No.5 in C minor, Op.67 – II. Andante con moto
3 – Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – III. Allegro
4 – Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – IV. Allegro

Concertgebouw Orchestra, Amsterdam
George Szell – Conductor

5 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – I. Overture
6 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – II. Lied. Vivace ‘Die Trommel geruhret’
7 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – III. Zwischenakt I. Andante
8 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – IV. Zwischenakt II. Larghetto
9 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – V. Lied. Andante con moto ‘Freudvoll und leidvoll’
10 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VI. Zwischenakt III. Allegro – Marcia
11 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VII. Zwischenakt IV. Poco sostenuto e risoluto
12 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VIII. Clarchens Tod. Larghetto
13 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – IX. Melodrama. Poco sostenuto
14 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – X. Siegessymphonie. Allegro con brio

Pilar Lorengar – Soprano
Klaus-Jürgen Wussow – Narrator
Wiener Philharmoniker

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Szell com flores
George Szell carregando flores

Guia de Gravações Comparadas – Honegger (1892-1955): Sinfonias nº 2 e 3 (Ansermet, Munch, Fournet, Jansons)

Nascido na França e filho de pais suíços, Arthur Honegger estudou no Conservatório de Zurich (1910-11), imerso na tradição alemã do contraponto e na música mais moderna de Wagner, R. Strauss e Reger. Após se mudar para Paris (onde foi aluno de Widor e seguiu estudando contraponto), ele escreveria em 1915 em uma carta para seus pais: minhas simpatias pela nova música francesa crescem a cada dia. Conheci e apreciei Reger e Strauss na Suíça, e continuo a gostar deles, mas percebi que compositores como Debussy, Dukas, d’Indy, Florent Schmitt e outros são mais novos e mais originais, e sobretudo têm mais sentimentos do que os alemães modernos.

A influência de Debussy e de Fauré é evidente na linguagem harmônica de Honegger, mas sua música costuma ter muito mais passagens em contraponto e imitação do que a da maioria dos franceses, provavelente por influência de Beethoven e Bach. Em 1925, Honegger escreveu: Pode-se facilmente encontrar Bach na origem de todas as minhas obras.

Entre essas obras, se destacam os três Movimentos Sinfônicos da década de 1920, incluindo Pacific 231, que imita o movimento de um trem (obra que estreou no Rio de Janeiro ainda em 1929 e que Villa-Lobos certamente ouviu, no Rio ou em Paris, antes de compor o seu Trenzinho do Caipira das Bachanias nº 2, de 1930-34). Nos anos 1930, não conseguindo emplacar muitos sucessos nas salas de concerto, Honegger compôs música incidental para rádio, música de cabaré, música de partido de esquerda e 24 trilhas sonoras de filmes. Finalmente em 1938 ele voltou a fazer sucesso como compositor sério, com a estreia do oratório Joana d’Arc na fogueira, a partir do libreto do poeta Paul Claudel. No fim da década de 30 e sobretudo na de 40, Honegger compôs suas Sinfonias nº 2, 3, consideradas por muitos como suas obras-primas. Na 3ª e na 4ª, para orquestra sinfônica, passagens em contraponto alternam com uma orquestração que às vezes soa como música de filme, e lembra nesse sentido Shostakovich, por usar alguns efeitos orquestrais simples, às vezes apelando para clichês, mas com efeitos que sempre chamam a atenção e fazem as passagens atonais soarem palatáveis. Honegger, como Shostakovich, mistura a tradição com a inovação (aliás, além de ambos terem composto música de filme, ambos se destacam como compositores de sinfonias, forma musical que revolucionários como Debussy, Schoenberg e Boulez julgavam antiquada). Mais uma citação de Honegger: “Minha inclinação e meu esforço sempre foram no sentido de escrever música que fosse compreensível para o grande público e ao mesmo tempo suficientemente livre de banalidade para interessar aos genuínos amantes da música… Quis impressionar a esses dois públicos: os especialistas e a multidão.” (Citado por Keith Waters)

Na 2ª Sinfonia, para cordas com uma pequena participação de um trompete, a orquestração com menos instrumentos faz com que o desenvolvimento temático apareça de forma mais explícita, como também é o caso da Música para cordas, percussão e celesta de Bartók. Ambas as obras, assim como a 4ª de Honegger, foram encomendadas e estreadas pelo bilionário Paul Sacher e sua orquestra de câmara da Basileia (Basler Kammerorchester). Vamos nos concentrar aqui em algumas grandes gravações das sinfonias nº 2 e 3.

Para a 2ª Sinfonia, composta durante a 2ª Guerra, veremos logo abaixo que as interpretações se dividem em dois grupos: as que enfatizam a tensão e nervosismo e as que soam menos nervosas e mais pendendo para o luto e a reflexão. Em todo caso, embora seja famosa como uma das “sinfonias de guerra” do repertório do século XX, não é uma obra programática: o autor afirmou que, se a sinfonia gera certas emoções, é simplesmente porque essas emoções estavam presentes naquele momento histórico. O fim da sinfonia é mais alegre e um tanto wagneriano, mas não daremos spoilers para quem ainda não conhece…

Na 3ª, composta poucos meses após o fim da 2ª Guerra e estreada por Charles Munch em 1946, já há um programa mais explícito: o autor deu a cada movimento um subtítulo em latim proveniente da liturgia cristã, daí o nome “Sinfonia Litúrgica”, embora não haja outra conotação especialmente religiosa ou melodias cristãs emprestadas. O 1º movimento é um allegro (Dies iræ), o 2º um adagio (De profundis) e o 3º um andante (Dona nobis pacem), que se abre com uma espécie de Marcha Fúnebre, especialidade dos franceses desde a Symphonie fantastique de Berlioz e a 2ª Sonata de Chopin. Sobre essa marcha, Honneger escreveu que queria retratar “justamente a ascensão da estupidez coletiva… A vingança da besta contra o espírito…” Lembrando que se tratava de um pós-guerra no qual a estupidez tinha realmente atingido níveis supremos. Mas, assim como na 2ª sinfonia, também aqui o final é alegre, só que em vez do clímax wagneriano da sinfonia anterior, aqui temos um clima bucólico que lembra Debussy: as nuvens pesadas vão embora e os pássaros cantam de forma nada mecânica. Vamos às comparações:

Ansermet e o Honegger intelectual

Espero que vocês tenham gostado das homenagens aos 160 anos de Debussy. Para mim, foi a oportunidade de ouvir novamente alguns grandes intérpretes de Debussy, como Toscanini, Martinon, e alguns nomes menos óbvios como Svetlanov, Baudo e Hewitt. Hoje seguimos com outro grande mensageiro da música de Debussy, Ernest Alexandre Ansermet (1883-1969), que esteve aqui no blog há algumas semanas na (re)postagem de FDP Bach.

Ansermet também foi um grande intérprete de Stravinsky e Honegger, estreando obras dos dois e tendo em comum com este último o fato de ter passado a vida entre a França e a Suíça. Nesse disco com as duas “sinfonias de guerra” além da 4ª sinfonia, Ansermet e seus músicos suíços parecem enfatizar menos as emoções das “sinfonias de guerra” e mais a genialidade de Honneger em seus desenvolvimentos de temas, contrapontos e orquestração cuidadosa. Com uma gravação de alta qualidade, podemos ouvir com clareza alguns detalhes sutis, por exemplo os baixos no início do 2º mov. da 2ª sinfonia ou o solo de cello no momento mais calmo do 3º mov. da 3ª sinfonia (p.ex. aos 8m20s). São interpretações calmas, intelectuais, podemos até lembrar que os mais velhos entre aqueles músicos suíços devem ter passado a 2ª Guerra em segurança naquele país neutro, sem o nervosismo que vivia, por exemplo, o francês Charles Munch como veremos logo abaixo.

Arthur Honegger (1892-1955):
1-3. Symphony no.2 For Trumpet And Strings: I. Molto moderato – allegro; II. Adagio mesto; III. Vivace, non troppo
4-6. Symphony no.3, “Liturgique”: I. “Dies Irae” Allegro marcato; II. “De Profundis Clamavi” Adagio; III. “Dona Nobis Pacem” Andante
7-9. Symphony no.4, “Deliciæ Basilienses”: I. Lento e misterioso – Allegro; II. Larghetto; III. Allegro
Orchestre de la Suisse Romande
Ernest Ansermet
Recorded at Victoria Hall, Geneva: 1961 (Symphony No. 2), 1968 (Symphonies No. 3-4)

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Munch e o Honegger nervoso

Provavelmente esse é o disco com mais notas levemente desafinadas ou pizicatti desencontrados postado neste blog nos últimos meses. Mas nesses tempos em que cantores da moda exageram no autotune e tudo tem que soar perfeitinho, é importante conhecermos algumas gravações ao vivo como essas feitas por Charles Munch (1891-1968) em turnê pela Europa (França, Suíça, Espanha e Finlândia) em 1962 e 64. Os eventuais desencontros entre as cordas são compensados pela tensão fortíssima da orquestra tocando em andamentos bem mais rápidos do que os de Ansermet. Mais rápidos também do que a Orchestre de Paris na gravação posterior da 2ª Sinfonia que Munch faria no seu último ano de vida. Aqui nessa apresentação ao vivo em 1964, a Orchestre National de France corre em todos os movimentos e sobretudo no último, com um Presto final loucamente acelerado que dura apenas 4m51s (a faixa é mais longa por causa dos aplausos). É um tipo de tensão que também combina com uma sinfonia conhecida como “de guerra”, e lembremos ainda que Charles Munch regeu a segunda apresentação dessa sinfonia em 1942 em Paris ainda sob ocupação nazista. E nessas gravações ao vivo temos uma amostra daquele tipo de nervosismo: a sensação de que o campo é minado, com um passo em falso, tudo pode dar errado, a orquestra corre muitos riscos e viver é desenhar sem borracha (frase do Millôr Fernandes).

Em 1969, Karajan/Berlin P.O. fariam um último movimento igualmente acelerado, mas algumas gravações seguintes – Plasson/O.C. Toulouse (1979), Rozhdestvensky/USSR M.C.S.O. (1986) e Leducq-Barôme/Baltic C.O. (2018) – seriam um pouco mais lentas e bem comportadas, menos incisivas.

Arthur Honegger (1892-1955):
1. Le Chant de Nigamon
2. Pastorale d’été
3-5. Symphony no.2 For Trumpet And Strings: I. Molto moderato – allegro; II. Adagio mesto; III. Vivace, non troppo
6-8. Symphony no.5: I. Grave; II. Allegretto; III. Allegro marcato
Orchestre National de France
Charles Munch
Recorded live: Paris, 1962 (Chant), Basel, 1962 (Pastorale d’été), San Sebastian, 1964 (Symphony no. 2), Helsinki, 1964 (Symphony no. 5)

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Jean Fournet e a lenta marcha da estupidez coletiva

Jean Fournet (1913-2008) foi um regente francês mais associado a ópera, mas que também regeu muita música instrumental de seus contemporâneos como Messiaen, de Falla e Ibert. Sua única gravação de Honegger foi esta, aos 80 anos – ao contrário de Ansermet e Munch, íntimos do compositor e dessas obras desde a estreia – mas ele mostra uma boa familiaridade com Honegger e o disco é talvez a melhor introdução para quem não conhece o compositor, por trazer obras de diferentes períodos, como a Pastorale d’été (1920), obra com climas debussystas, feita por um jovem em busca de sua voz, e Pacific 231 (1923), primeiro grande sucesso de Honegger e já com suas características típicas. Como descreveu o compositor: “A obra inicia com uma contemplação subjetiva, o respirar quieto de uma máquina em descanso, [a seguir] seu esforço para começar, a velocidade que aumenta gradativamente […] Musicalmente, eu compus uma espécie de um grande e diversificado coral, repleto de contraponto à maneira de J. S. Bach”

E na 3ª Sinfonia, Jean Fournet e seus músicos holandeses fazem a marcha do 3º movimento de forma muito lenta, grandiosa, uma marcha da estupidez coletiva com toda a pompa e sem perder nenhum detalhe. E o primeiro flautista brilha no final, com um som fluido, irregular, em tudo o oposto da marcha que tinha a precisão de uma máquina.

Arthur Honegger (1892-1955):
1. Rugby, mouvement symphonique
2. Pacific 231, mouvement symphonique
3. Concerto da Camera
4. Pastorale d’eté
5. Symphonie no. 3, “Liturgique” (I. “Dies Irae” 0:00-7:02; II. “De Profundis” 7:03-21:19; III. “Dona Nobis Pacem” 21:20-35:15)
Netherlands Radio Philharmonic Orchestra
Jean Fournet
Recorded: 1993

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Jansons na encruzilhada entre as tradições

Mariss Jansons (1943-2019), quando jovem, foi assistente grande maestro soviético Y. Mravinsky, e parece ter herdado dele as chaves interpretativas de uma 3ª sinfonia de Honegger extremamente emotiva, também soando como uma sinfonia “de guerra”, mas sob o ponto de vista do front oriental. A marcha do 3º movimento é rápida como a de Mravinsky (em Moscou, 1965, infelizmente com qualidade de som não tão boa), e com um clima de grande tensão, colocando os ouvintes em uma atmosfera de quem perdeu amigos e parentes por causa da estupidez coletiva que Honegger mencionou no programa da sinfonia. Ao mesmo tempo, as cordas do Concertgebouw brilham no 2º movimento, como era de se esperar. O disco tem como complemento o Gloria composto por Poulenc em 1959-1961, já bem depois da guerra. Poulenc, como Honegger, fez parte do chamado “grupo dos seis” na Paris do entreguerras, embora Honegger tivesse como principal amigo no mesmo grupo o compositor Darius Milhaud.

Nesta gravação ao vivo temos uma mistura eclética de tradições: um regente de origem judaica, formado na escola soviética, com uma orquestra holandesa fazendo a sinfonia “litúrgica” de Honegger (de família protestante) junto com a liturgia católica repensada por Poulenc. O clima geral mistura por um lado o nervosismo “in tempore belli” (para lembrarmos a grandiosa missa de Haydn) e por outro lado a busca perfeccionista pelos timbres raros e detalhes como os momentos em que o piano se sobressai na orquestração: os músicos nos envolvem na encruzilhada entre a tensão interior e o brilho exterior. A encruzilhada, símbolo da ambivalência e da imprevisibilidade, traz possibilidades de vida brotando nas frestas da estupidez coletiva.

Francis Poulenc (1899-1963):
1-6. Gloria: I. Gloria in excelsis Deo – II. Laudamus te – III. Domine Deus, Rex coelestis – IV. Domine Fili, Domine Deus – V. Domine Deus, Agnus Dei – VI. Qui sedes ad dexteram Patris
Arthur Honegger (1892-1955):
7-9. Symphonie no. 3, “Liturgique”: I. “Dies Irae” Allegro marcato – II. “De Profundis” Adagio – III. “Dona Nobis Pacem” Andante)
Royal Concertgebouw Orchestra, Amsterdam
Mariss Jansons
Luba Orgonasova, soprano; Netherlands Radio Choir
Recorded live: Amsterdam, 2004 (Honegger), 2005 (Poulenc)

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Arthur Honegger, Ernest Ansermet e Roland Manuel (foto de 1925, colorizada por inteligência artificial)

Pleyel (postagem original de 2022)

Rimsky-Korsakov / Borodin: Sherazade / Danças Polovetsianas (Orq. da Rádio de Liubliana *, Siegel *)

* Certamente, o maestro Laurence Siegel é fictício, assim como a Orquestra da Rádio da bela cidade de Liubliana só existe em gravações. Mas onde quer que o produtor e ladrão Alfred Scholz tenha comprado esta gravação, ela é boa.

Rimsky-Korsakov é um genial orquestrador que influenciou compositores como Ravel e Stravinsky. Sobre Sherazade, ele evitou descrições literais: “São meras sugestões para despertar a imaginação do ouvinte”. Já Borodin teve uma carreira dupla bastante incomum: foi químico e compositor de destaque, mas também tinha ligações com o ambiente militar devido à sua formação. Ele era filho ilegítimo de um príncipe georgiano e foi registrado como “filho de um servo” para evitar escândalos. Isso o impediu de ter acesso a educação tradicional, mas ingressou na Academia Médico-Cirúrgica, que tinha vínculos com o Ministério da Guerra russo. Formou-se em medicina e química, e sua tese foi sobre compostos de arsênio.

Rimsky-Korsakov / Borodin: Sherazade / Danças Polovetsianas (Orq. da Rádio de Liubliana *, Siegel *)

Rimsky-Korsakov: Shéhérazade, Suite Symphonique , Op. 35
La Mer Et Le Bâteau De Sinbad Le Marin (Largo E Maestoso) 10:03
L’Histoire Du Prince Kalender (Lento – Adagio) 12:11
Le Jeune Prince Et La Jeune Princesse (Andotino Quasi Allegretto) 10:10
La Fête A Bagdad – la Mer – Le Bâteau… Finale (Allegro Molto) 13:13

Borodin: Danse Polovtsienne N°1 (Extrait Du ‘Prince Igor’) 2:17
Danse Polovtsienne N°2 (Extrait Du ‘Prince Igor’) 11:29

Orquestra da Rádio de Liubliana
Laurence Siegel

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PQP

Camille Saint-Saëns (1835-1921): Sinfonia Nº 3, Op. 78, “do Órgão”, Bacchanale, Danse Macabre, etc. (Barenboim)

A Sinfonia do Órgão (ou Sinfonia Nº 3, Op. 78) é uma famosa obra do compositor francês Camille Saint-Saëns, escrita em 1886. Ela é conhecida por sua grandiosidade e pelo uso inovador do órgão em uma sinfonia orquestral. Apesar de ser chamada de “Sinfonia Nº 3”, ela é na verdade a quinta e última sinfonia de Saint-Saëns, mas foi numerada como a terceira porque ele considerou apenas três de suas sinfonias dignas de publicação. Ela foi estreada em Londres também em 1886. Saint-Saëns dedicou a obra à memória de Franz Liszt, seu amigo e grande influência. Claro, o uso do órgão não era comum em sinfonias, e essa inovação ajudou a consolidar a reputação da obra, que é grandiosa. Por falar em órgão e em grandeza, a Bacchanale é uma peça explosiva, sensual e exótica, que aparece como um interlúdio orquestral no ato final da ópera Samson et Dalila (1877). É o trecho mais popular da ópera — e com razão: ela incendeia a orquestra, mistura timbres orientais com ritmos dançantes e cria um clima de êxtase coletivo que faz jus ao título: uma celebração dionisíaca descontrolada. A Dança Macabra (Danse Macabre, Op. 40) é outra das obras mais famosas de Saint-Saëns. Composta em 1874, é um poema sinfônico que retrata uma cena sobrenatural em que esqueletos dançam numa noite. A coisa toda é baseada em um poema de Henri Cazalis, que descreve a Morte (representada por um violino solo) tocando à meia-noite, chamando os mortos para dançar até o amanhecer. Quando o galo canta, os esqueletos retornam aos seus túmulos. Normal.

Camille Saint-Saëns (1835-1921): Sinfonia Nº 3 “Organ”, Bacchanale, Danse Macabre, etc. (Barenboim)

Symphony No.3 In C-Minor “Organ” Op.78
1 Adagio-Allegro Moderate-Poco Adagio 19:26
2 Allegro Moderato-Presto 7:27
3 Maestoso-Allegro 7:23

Samson & Dalila Op.47
4 Bacchanale 7:11

Le Deluge Op.45
5 Prelude 7:32

Danse Macabre Op.40
6 Danse Macabre Op.40 6:47

Conductor – Daniel Barenboim
Orchestra – Chicago Symphony Orchestra (tracks: 1 to 3), Orchestre De Paris (tracks: 4 to 6)
Organ – Gaston Litaize (tracks: 1 to 3)
Violin – Alain Moglia (tracks: 5), Luben Yordanoff (tracks: 6)

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PQP

Glazunov / Dvořák: Concertos para Violino (Kaler, Polish National Radio Symph Orch, Kolchinsky)

Glazunov / Dvořák: Concertos para Violino (Kaler, Polish National Radio Symph Orch, Kolchinsky)

Ouvi 5 vezes este CD. Em todas as vezes, gostei do Concerto de Glazunov. E o de Dvořák passou em branco. Apenas não o percebi. Notava apenas que a música (ou o CD) acabava. Sim, tenho problemas com alguns compositores românticos. O Concerto do russo Glazunov traz a orquestra polonesa tocando com frescor e precisão. A grande melodia da segunda seção é rica e calorosa, sem nenhum toque de sentimentalismo, e os ritmos galopantes do final são contagiantes ao serem interpretados em uma velocidade bem calculada, repleta de diversão. Alexander Glazunov (1865–1936) foi professor de Dmitri Shostakovich (1906–1975) no Conservatório de Leningrado (atual Conservatório de São Petersburgo). Essa relação teve um impacto significativo na formação de Shostakovich, embora fosse marcada por contrastes geracionais e estéticos. Glazunov apoiou a entrada de Shostakovich — mesmo estando ele abaixo da idade mínima requerida para o ingresso — no conservatório e reconheceu sua genialidade, mas tinha reservas em relação à linguagem modernista que o jovem começava a explorar.

Glazunov / Dvořák: Concertos para Violino (Kaler, Polish National Radio Symph Orch, Kolchinsky)

1 Glazunov: Violin Concerto In A Minor, Op. 82: Moderato – Andante Sostenuto – Allegro 20:11

Dvořák: Violin Concerto In A Minor, Op. 53
2 Allegro Ma Non Troppo 10:32
3 Adagio Ma Non Troppo 10:10
4 Allegro Giocoso, Ma Non Troppo 9:07

5 Dvořák: Romance For Violin And Orchestra In F Minor, Op. 11 12:46

Conductor(s): Kolchinsky, Camilla
Orchestra(s): Polish National Radio Symphony Orchestra
Artist(s): Kaler, Ilya

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Vai ter cara de eslavo no PQP!

PQP

Béla Bartók (1881-1945): Sonata for two pianos and percussion & other piano music (Tiberghien)

Béla Bartók (1881-1945): Sonata for two pianos and percussion & other piano music (Tiberghien)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sim, esse disco tem que ir para o pódio. A Sonata para Piano, a Sonatina e principalmente a Sonata para Dois Pianos e Percussão são peças que não podem ser deixadas de lado. E a interpretação a cargo ou chefiada por Tiberghien, se tornará certamente referência. A Sonata para Dois Pianos e Percussão recebeu, desde a estreia, em 1938, críticas entusiasmadas. Bartók e sua esposa também tocaram as partes do piano para a estreia americana que aconteceu em Nova York em 1940. Desde então, tornou-se uma das obras mais reverenciadas de Bartók. A partitura requer quatro artistas: dois pianistas e dois percussionistas, os quais que tocam sete instrumentos. Bartók deu instruções altamente detalhadas para os percussionistas, estipulando, por exemplo, qual parte de um prato suspenso deve ser atingido por que determinado tipo de baqueta. Deve ter dado certo pois… Que música, meus senhores!

PS: Links reativados para toda essa coleção de Bartók por Tiberghien. Os outros discos estão aqui e aqui.

Piano Sonata Sz80[14’12]
1 Allegro moderato[4’53]
2 Sostenuto e pesante[5’30]
3 Allegro molto[3’49]

Three Hungarian Folksongs from the Csík District Sz35a[3’47]
4 Rubato[1’42]
5 L’istesso tempo[1’14]
6 Poco vivo[0’51]

Sonatina Sz55[4’24]
7 Movement 1, Bagpipers: Molto moderato[1’37]
8 Movement 2, Bear Dance: Moderato[0’42]
9 Movement 3, Finale: Allegro vivace[2’05]

Three Rondos on Slovak folk tunes Sz84[9’09]
10 Andante – Allegro molto[3’03]
11 Vivacissimo[2’55]
12 Allegro molto[3’11]

Études Sz72 Op 18[8’40]
13 Allegro molto[2’29]
14 Andante sostenuto[3’41]
15 Rubato[2’30]

Sonata for two pianos and percussion Sz110[25’24]
with François-Frédéric Guy (piano), Colin Currie (percussion), Sam Walton (percussion)
16 Assai lento – Allegro molto[12’32]
17 Lento, ma non troppo[6’23]
18 Allegro non troppo[6’29]

Cédric Tiberghien, piano

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Bartók: nem sempre a vida foi sofrida
Bartók: nem sempre a vida foi sofrida

PQP (2017)

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Variações Goldberg (Beatrice Rana)

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Variações Goldberg (Beatrice Rana)

Beatrice Rana completou 24 anos neste ano da graça de 2017. Em seu segundo lançamento em CD, a jovem pianista italiana resolveu enfrentar um pináculo do repertório de teclado solo e o compositor que descreveu como seu “primeiro amor”, Johann Sebastian Bach. Sua interpretação é muito boa, sem chegar ao nível de gente como Gould, Hewitt, Hantaï e Leonhardt, é claro. O Le Monde adorou: “Beatrice Rana certamente não tem mais nada a provar quando se trata de técnica, mas o que impressiona é a sua maturidade e senso de arquitetura”, e a grande e querida Gramophone inglesa tascou que ela é “Uma artista totalmente desenvolvida, de uma estatura que desmente sua idade”. Bach foi o compositor que mais obcecou Beatrice Rana quando criança e, em uma entrevista recente, ela confessou que a obra de Bach seria a que escolheria se tivesse que dedicar sua vida a um único compositor. E citou especialmente as Variações Goldberg, como sua obra preferida.

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Variações Goldberg

01. Goldberg Variations, BWV 988: Aria
02. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 1 à 1 clav
03. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 2 à 1 clav
04. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 3 Canone all Unisuono à 1 clav.
05. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 4 à 1 clav.
06. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 5 à 1 o vero 2 clav
07. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 6 Canone alla seconda à 1 clav.
08. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 7 à 1 o vero 2 clav.
09. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 8 à 2 clav.
10. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 9 Canone alla terza à 2 clav.
11. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 10 Fughetta à 1 clav.
12. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 11 à 2 clav.
13. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 12 Canone alla quarta
14. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 13 à 2 clav.
15. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 14 à 2 clav.
16. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 15 Canone alla Quinta à 1 clav.
17. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 16 à 1 clav. Ouvertura
18. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 17 à 2 clav.
19. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 18 Canone alla sexta à 1 clav.
20. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 19 à 1 clav.
21. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 20 à 2 clav.
22. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 21 canone alla settima à 1 clav.
23. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 22 à 1 clav. alla breve
24. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 23 à 2 clav.
25. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 24 Canone alla Ottava à 1 clav.
26. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 25 à 2 clav.
27. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 26 à 2 clav.
28. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 27 Canone alla Nona à 2 clav.
29. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 28 à 1 clav.
30. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 29 à 1 o vero 2 clav.
31. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 30 à 1 clav. Quodlibet
32. Goldberg Variations, BWV 988: Aria da capo e fine

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Beatrice Rana pensando no seu primeiro amor.
Beatrice Rana pensando no primeiro amor.

PQP

Antonio Vivaldi (1678-1741): 12 Concerti, Op. 4 “La Stravaganza” (Ayo, I Musici)

Antonio Vivaldi (1678-1741): 12 Concerti, Op. 4 “La Stravaganza” (Ayo, I Musici)

O conjunto de câmara italiano “I Musici” tornou-se mundialmente famoso por suas interpretações do repertório barroco italiano. Suas versões de “As Quatro Estações” de Vivaldi são famosíssimas e muito vendidas. Um de seus principais solistas foi o espanhol Felix Ayo, mas diversos outros passaram por lá. Só que o tempo bateu forte nestas gravações. A verdade é que as interpretações historicamente informadas enterraram o passado recente. Independente disso, as interpretações do grupo são referência fonográfica, com certeza.

FDP Bach estará postando algumas gravações deles da obra de Vivaldi. Começamos por “La Stravaganza”, Trata-se de uma série de 12 concertos para violino e cordas, e catalogados sob o op. 4. Belíssima música, de fácil assimilação, que com certeza encantará a todos àqueles que ainda não a conhecem.. O solista, claro, é Felix Ayo.

Uma pequena observação: quando baixei esta coleção estranhei a forma em que foi “empacotada”: cada concerto é um arquivo. Mas isso não atrapalha em nada a beleza da música e a clareza da interpretação. Além disso, quem fez a conversão optou por seguir outra catalogação das obras de Vivaldi. Para quem se interessar, posso passar um site canadense que relaciona as devidas obras com as respectivas catalogações existentes. São 5 ou 6, não estou bem certo.

Mas vamos ao que interessa:

Antonio Vivaldi (1678-1741): 12 Concerti, Op. 4 “La Stravaganza” (Ayo, I Musici)

CD 1 (426 936-2)
Concerto No. 1 In B Flat, RV 383a
1-1 Allegro 3:07
1-2 Largo, e cantabile 3:10
1-3 Allegro 2:36
Concerto No. 2 In E Minor, RV 279
1-4 Allegro 4:16
1-5 Largo 3:02
1-6 Allegro 3:20
Concerto No. 3 In G, RV 301
1-7 Allegro 3:20
1-8 Largo 3:51
1-9 Allegro assai 2:00
Concerto No. 4 In A Minor, RV 357
1-10 Allegro 3:02
1-11 Grave 3:27
1-12 Allegro 2:52
Concerto No. 5 In A, RV 347
1-13 Allegro 3:42
1-14 Largo 3:14
1-15 Allegro 3:22
Concerto No. 6 In G, RV 316a
1-16 Allegro 2:33
1-17 Largo 3:24
1-18 Allegro 4:01

CD 2 (426 937-2)
Concerto No. 7 In C For 2 Violins and Cello Obbligato, RV 185
2-1 Largo 2:31
2-2 Allegro 2:13
2-3 Largo 2:06
2-4 Allegro 2:12
Concerto No. 8 In D Minor, RV 249
2-5 Allegro – Adagio – Presto 2:47
2-6 Adagio 1:32
2-7 Allegro 3:11
Concerto No. 9 In F, RV 284
2-8 Allegro 2:51
2-9 Largo 2:52
2-10 Allegro 2:39
Concerto No. 10 In C Minor, RV 196
2-11 Spiritoso 2:57
2-12 Adagio 3:06
2-13 Allegro 2:47
Concerto No. 11 In D, RV 204
2-14 Allegro 3:05
2-15 Largo 2:16
2-16 Allegro assai 1:53
Concerto No. 12 In G, RV 298
2-17 Spiritoso, e non presto 2:49
2-18 Largo 4:51
2-19 Allegro 3:42

I Musici
Felix Ayo – violino

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FDP / PQP

Felix Mendelssohn-Bartholdy – Piano Trios, op, 49 & 66, Robert Schumann – Piano Trios – Beaux Arts Trio

Há tanta coisa que eu gostaria de compartilhar com os senhores mas infelizmente o tempo hábil para fazer postagens está cada vez mais reduzido, e para piorar a situação, nosso armazenador de arquivos está nos deixando nas mãos, mesmo que paguemos uma boa grana para mantê-los guardados. E para complicar um pouco mais, alguns HDs externos onde guardo meus arquivos também estão querendo me deixar na mão, e é muita coisa. Por exemplo, o HD de onde estou tirando essa belíssima série do Beaux Arts Trio está começando a me preocupar, só nele tenho quase 2 TB de música armazenada, nem sei dizer quantos mil cds tenho armazenados ali. Mas enfim, esse não é um problema dos senhores, apenas meu, e lamentarei muito se perder esse material, como bem podem imaginar.

Muito já falamos deste excepcional trio aqui no PQPBach, talvez o melhor conjunto de câmera nesta formação que já foi formado. Atravessou décadas e deixou uma discografia impecável. Nosso querido e precocemente falecido Antonio Menezes tocou com eles por algum tempo, e seu líder, o pianista já quase centenário Menahen Pressler continuava na ativa até pouco tempo atrás.

Esta série que estou trazendo foi lançada pelo selo Philips em 2003, e traz a produção do grupo gravada entre 1967 – 1974. Temos aqui obras de Schumann e Mendelssohn, até Shostakovich, passando também por Chopin e Smetana e Charles Ives. Romântico inveterado que sou, destaco os registros dos trios de Mendelssohn, obras primas da inventividade e sensibilidade humana. Ouçam o comovente Andante Con Moto Tranquillo do Trio nº1 op. 49 para entenderem o que falo.

Talvez o que mais me chame a atenção deste grupo de músicos tão especiais é sua coerência e coesão musicais. Eles sempre tocam como se fossem um só instrumento, tamanha a cumplicidade que sentimos em sua interpretação. Em nenhum momento podemos destacar este ou aquele instrumento, pois quase que soam como se fossem um só.

Trata-se de uma série de quatro cds, vou trazê-los em duas postagens para melhor poderem ser apreciados, ou melhor, degustados. Nestes dois primeiros, o foco é o romantismo, principalmente Mendelssohn e Schumann e encerrando com Chopin.

Com diria nosso querido Carlinus, uma boa apreciação.

Piano Trio No.1 In D Minor, Op.49
Composed By – Felix Mendelssohn-Bartholdy
1-1 1. Molto Allegro Ed Agitato
1-2 2. Andante Con Moto Tranquillo
1-3 3. Scherzo (Leggiero E Vivace)
1-4 4. Finale (Allegro Assai Appassionato)

Piano Trio No.2 In C Minor, Op.66
Composed By – Felix Mendelssohn-Bartholdy
1-5 1. Allegro Energico E Con Fuoco
1-6 2. Andante Espressivo
1-7 3. Scherzo (Molto Allegro Quasi Presto)
1-8 4. Finale (Allegro Appassionato)

Piano Trio No.3 In G Minor, Op.110
Composed By – Robert Schumann
1-9 1. Bewegt, Doch Nicht Zu Rasch
1-10 2. Ziemlich Langsam
1-11 3. Rasch
1-12 4. Kräftig, Mit Humor

Piano Trio No.1 In D Minor, Op.63
Composed By – Robert Schumann
2-1 1. Mit Energie Und Leidenschaft
2-2 2. Lebhaft, Doch Nicht Zu Rasch
2-3 3. Langsam, Mit Inniger Empfindung
2-4 4. Mit Feuer

Piano Trio No.2 In F, Op.80
Composed By – Robert Schumann
2-5 1. Sehr Lebhaft
2-6 2. Mit Innigem Ausdruck
2-7 3. In Mäßiger Bewegung
2-8 4. Nicht Zu Rasch

Piano Trio In G Minor, Op.17
Composed By – Clara Schumann
2-9 1. Allegro Moderato
2-10 2. Scherzo (Tempo Di Menuetto)
2-11 3. Andante
2-12 4. Allegretto

Beaux Arts Trio:

Menahem Pressler – Piano
Daniel Guillet – Violino (Faixas 1 a 8 do Cd 1)
Isidore Cohen – Violino
Bernard Greenhouse – Violoncelo

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Edvard Grieg (1843–1907): Lieder (Davidsen, Andsnes)

Nessas obras para voz e piano, Grieg pode ser colocado na companhia de Schubert, Schumann, Fauré e Debussy entre os autores de melodias íntimas. Leif Ove Andsnes executa com competência no piano os diferentes fraseados que são bem mais do que simplesmente acompanhamento.

Uma curiosidade sobre Grieg é sua relação com o brasileiro Alberto Nepomuceno (1864-1920), compositor que viveu alguns anos na Europa antes de voltar para o Brasil. Pois Nepomuceno se casou com a pianista norueguesa Walborg Bang, aluna de Edvard Grieg, o que levou o compositor brasileiro a frequentar por certo tempo a casa do norueguês, que o incentivou a dedicar-se às melodias e ritmos típicos do seu país, no caso, o Brasil.

Edvard Grieg (1843–1907): Lieder
Haugtussa (The Mountain Maid) Op.67
6 Digte (6 Poems) Op.25, no. 2 & 4
Elegiske Digte (Elegiac Poems) Op.59, no. 3 & 4
Hjertets Melodier (Melodies of the Heart) Op.5, no. 3
Digte (Poems) Op.60, no. 5
12 Melodier (12 Melodies) Op.33, no. 9
5 Digte (5 Poems) Op.69
Romancer og Sange (Romances and Songs) Op.18, no. 5
6 Lieder Op.48
12 Melodier Op.33, no. 2

Lise Davidsen – soprano
Leif Ove Andsnes – piano

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Impressão minha ou o Grieg tinha um jeitão de comediante da turma do Chaves ou da Praça é Nossa?

Para uma outra bela gravação desse pianista em repertório romântico, confira aqui:
https://pqpbach.ars.blog.br/2015/09/18/robert-schumann-1810-1856-piano-quintet-in-e-flat-major-op-44-johannes-brahms-1833-1897-piano-quintet-in-f-minor-op-34/

Pleyel

Serenata Espanhola – Raphaël Feuillâtre (violão) ֎

Meu objetivo sempre é permitir que o violão cante. Muitas coisas na música começam com uma canção. O violão é um intermediário entre o público e eu, permitindo-me cantar e transmitir emoção.

O selo amarelo sempre teve um guitarrista ‘da casa’, um artista capaz de tocar o Concerto de Aranjuez e peças solo, como Recuerdos de Allambra, com galhardia e competência – e extremo bom gosto – há que se reconhecer. Isso sem contar a música barroca para cordas pinicadas, como a obra de Bach, Weiss e os concertos de Vivaldi.

Passaram pela casa nomes de peso como Andrés Segóvia e Narciso Yepes. Este último, talvez, tenha deixado o legado gravado mais extenso. Lembro-me de um LP no qual ele interpreta apenas músicas de Tarrega, com uma capa linda, uma paisagem com um castelo em ruínas com o sol lhe batendo direto gerando cores de tons ocres e alaranjados. Isso se você desse sorte com a impressão da capa. Outros nomes menos ibéricos também aparecem na galeria dourada, como Siegfried Behrend, que eu não conhecia e foi uma grata surpresa, e o mais recente, Göran Söllscher, bem conhecido.

Mas hoje a coluna aqui é da renovação e das novidades. Trazemos uma das novas contratações do selo amarelo nessa seara – o violinista Raphaël Feuillâtre, nascido em Djibouti, que fica no nordeste da Costa Africana. Ele cresceu em Cholet, na França. Apesar de que seus pais não  fossem músicos, cedo reconheceram seu talento e ele começou com guitarras de brinquedo. Iniciou a estudar música em Cholet, depois Nantes e finalmente Paris, onde estudou no Conservatório entre 2015 e 2020. Ganhou diversos prêmios e já tem seu lugar garantido no circuito de grandes eventos.

O álbum da postagem é abrangente, tem figurinhas carimbadas como Recuerdos de Allambra e Concerto de Aranjuez (com a Verbier Festival Chamber Orchestra regida por Gábor Tackács-Nagy) e algumas outras peças menos conhecidas. Por exemplo, algumas canções folclóricas catalãs, de Miguel Llobet, que foi aluno de Tarrega e professor de Segóvia.  Adorei uma das Danzas Españolas de Granadas, com violino e guitarra – adaptação de Feuillâtre, da primeira adaptação de Fritz Kreisler, para violino e piano… Enfim, um delicioso pacote de belezuras que ainda traz o Capricho Árabe, de Tarrega, e a Torre Bermeja, de Albeniz.

Esse é o segundo disco de Raphaël Feuillâtre para a Deutsche Grammophon, com música de Espanha, que eu adoro. O seu primeiro tem como repertório música barroca e é excelente. Em breve no seu distribuidor PQP Bach mais próximo, não perdes por esperar.

Isaac Albéniz (1860 – 1909)

Suite española No. 1, Op. 47
  1. Asturias. Leyenda (Transc. Feuillâtre for Guitar)

Francisco Tárrega (1852 – 1909)

  1. Recuerdos de la Alhambra

Miguel Llobet (1878 – 1938)

Catalan Folk Songs
  1. 7, El testament d’Amelia
  2. 6, Lo fill del rei
  3. 13, Cançó del lladre
  4. 15, El noi de la mare

Isaac Albéniz

Espagne
  1. Capricho Catalan (Transc. Feuillâtre for Guitar)

Enrique Granados (1867 – 1916)

Danzas españolas, Op. 37
  1. 10, Danza triste. Melancólica (Transc. Llobet for Guitar)

Joaquin Rodrigo (1901 – 1999)

Concierto de Aranjuez
  1. Allegro con spirito
  2. Adagio
  3. Allegro gentile

Enrique Granados – Fritz Kreisler

12 Danzas españolas, Op. 37
  1. 5, Andaluza. Playera (Transc. Feuillâtre for Guitar & Violin)

Francisco Tárrega

  1. Capricho árabe
  2. Prelude No. 1 in D Minor
  3. Prelude No. 18 in D
  4. Prelude No. 34 in D Minor “Endecha”
  5. Prelude No. 35 in D Minor “Oremus”
  6. Prelude No. 10 in D Major “Inedito”
  7. Prelude No. 6 in B minor
  8. Preludio In E Major
  9. Prelude No. 15 in E Major

Isaac Albéniz

Suite española No. 1, Op. 47
  1. Granada. Serenata (Transc. Tárrega for Guitar)
12 Piezas Características, Op. 92
  1. 12, Torre Bermeja (Transc. Feuillâtre for Guitar)

Enrique Granados

Escenas romanticas
  1. Epílogo (Transc. Feuillâtre for Guitar)

Raphaël Feuillâtre (guitar)

María Dueñas (violin)

Verbier Festival Orchestra

Gábor Takács-Nagy

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MP3 | 320 KBPS | 173 MB

Guitarist Raphaël Feuillâtre releases his album Spanish Serenades, on which he presents Spanish masterworks performed on the original 19th-century guitars of Albéniz, Solés, and Tárrega.

The guitarist has established himself as one of the world’s leading guitar virtuosos. Yet given his young age he approaches these famous pieces from a fresh and passionate perspective. Also a prolific scorer, Feuillâtre created his own new arrangements of many of the tracks, synthesizing them into a uniquely personal and passionate artistic style. As the artist notes, recording iconic Spanish works is a rite of passage for any leading guitarist.

Aproveite!

René Denon

Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908): Sherazade e Capricho Espanhol (Royal Philharmonic Orchestra, Wordsworth)

Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908): Sherazade e Capricho Espanhol (Royal Philharmonic Orchestra, Wordsworth)

Grande compositor e notável orquestrador, Rimsky-Korsakov foi o principal membro do Grupo dos Cinco (os outros eram Balakirev, Borodin, Cui e Mussorgsky), que buscava a produção de música autenticamente russa. Ele possuía uma certa queda por utilizar temas de contos de fada e isto, aliada a sua habilidade orquestral, nos deu obras de peculiar colorido sonoro. Gosto demais das obras deste CD. Fico devendo A Grande Páscoa Russa.

Sherazade é uma suíte escrita em 1888 e baseada no livro das Mil e Uma Noites. Este belo trabalho orquestral combina duas características comuns seja à música russa, seja à de Rimsky-Korsakov: o colorido da orquestração e um imenso interesse pelo Oriente, sempre muito presente na história da Rússia imperial. É considerada a obra mais popular de Rimsky-Korsakov. Capriccio espagnol, Op. 34, é o título ocidental para outra fantástica suíte orquestral de Korsakov. Em cinco movimentos, baseada em melodias folclóricas espanholas, ela foi composta em 1887. O compositor originalmente pretendia escrever a obra para violino solo com orquestra, mas depois decidiu que uma obra puramente orquestral faria mais justiça às melodias animadas. O título russo é, literalmente, Capricho sobre Temas Espanhóis.

Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908): Sherazade e Capricho Espanhol (Royal Philharmonic Orchestra, Wordsworth)

Scheherazade, symphonic suite for orchestra, Op. 35
Composed by Nikolay Andreyevich Rimsky-Korsakov

1. Scheherezade – Symphonic Suite, Op.35: The Sea and Sinbad’s Ship
2. Scheherezade – Symphonic Suite, Op.35: The Story of the Kalandar Prince
3. Scheherezade – Symphonic Suite, Op.35: The Young Prince and Princess
4. Scheherezade – Symphonic Suite, Op.35: The Festival of Bagdad – The Sea – The Ship goes to pieces on a rock summounted by a bronze warrior

Capriccio espagñol (Kaprichchio na ispankskiye temï), for orchestra, Op. 34
Composed by Nikolay Andreyevich Rimsky-Korsakov

5. Capriccio espagnol, Op. 34: Alborada
6. Capriccio espagnol, Op. 34: Variazioni
7. Capriccio espagnol, Op. 34: Alborada
8. Capriccio Espagnol, Op. 34: Scena e canto gitano
9. Capriccio Espagnol, Op. 34: Fandango asturiano

Performed by Royal Philharmonic Orchestra
Conducted by Barry Wordsworth

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Rimsky-Korsakov: cara de Tolstói, mas menos selvagem

PQP

Johann Rosenmüller (1619-1684): Sonatas de Câmara e Sinfonias (Hesperion XX, Savall)

Johann Rosenmüller (1619-1684): Sonatas de Câmara e Sinfonias (Hesperion XX, Savall)

Não sei se eu ouvi este CD de forma desatenta… Será? O fato é que a única coisa que eu posso dizer dele é que Savall é ótimo, mas Rosenmüller é rotineiro, comum. Acusado de homossexualidade, crime grave na época, Rosenmüller fugiu para Veneza para evitar prisão e possível execução. Na Itália, trabalhou como trombonista na Basílica de São Marcos e absorveu influências de compositores como Monteverdi e Cavalli. Ao final da vida, foi perdoado e voltou à Alemanha, onde suas obras instrumentais “italianas” passaram a ser referência para outros compositores, talvez maiores… Vou ouvir novamente hoje à noite. Vamos ver se o perdoo.

Johann Rosenmuller (1619-1684): Sonatas de Câmara e Sinfonias (Hesperion XX, Savall)

1 Sinfonia Seconda, Venezia 1667 8:04
2 Sonata VII, Nürnberg 1682 8:19
3 Sinfonia Quarta, Venezia 1667 8:28
4 Suite I, Leipzig 1654 14:13
5 Sonata XI, Nürnberg 1682 6:07
6 Sinfonia Prima, Venezia 1667 10:29
7 Sonata IX, Nürnberg 1682 6:15

Conductor – Jordi Savall
Cornett – Bruce Dickey, Jean-Pierre Canihac
Ensemble – Hespèrion XX
Organ, Harpsichord – Willem Jansen*
Theorbo – Robert Clancy
Trombone – Charles Toet, Harry Ries, Richard Lister
Viol – Carol Lewis (2), Jordi Savall, Paolo Pandolfo, Roberto Gini, Sergi Casademunt
Violin – Chiara Banchini, Monica Huggett
Violone – Bela Zedlak

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É o Rosenmüller, dizem.

PQP

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Piano Concertos nº 24 & 25 (Brautigam, Willens)

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Piano Concertos nº 24 & 25 (Brautigam, Willens)

Postagem original de 2014

Ronald Brautigam com certeza é um dos maiores pianistas da atualidade, seja tocando Beethoven em um pianoforte, vide suas gravações das sonatas que postei há algum tempo atrás, ou então atrás de um piano de cauda, em suas gravações dos Concertos do gênio de Bonn, ou então agora, novamente com um pianoforte, tocando os concertos para piano de Mozart. Esqueci de comentar que ele também gravou as sonatas de Haydn e do próprio Mozart também em um pianoforte… Ah, essas sonatas de Mozart já estão a caminho.

Eu diria que coerência e regularidade fazem parte de sua personalidade musical. Difícil dizer qual seu CD é mais ou menos bom. Tudo o que ouvi até hoje é ótimo. E estes Concertos para Piano de Mozart não fogem a regra. Coisa de gente grande. Obras da maturidade mozartiana, são tão perfeitos e completos que nem precisamos falar muito sobre eles. Basta ouvirmos. Os mais tradicionais vão sentir falta da sonoridade de um bom piano de cauda, mas o instrumento que Brautigam usa aqui está bem equilibrado, e nele o pianista pode demonstrar todas as suas possibilidades.

P.S. de Pleyel ao respostar em 2025: Ronald Brautigam parece um domador de grandes felinos ou de serpentes ao gravar Mozart e Beethoven nesses pianofortes – réplicas meticulosas daqueles da época dos compositores. Esses instrumentos às vezes são difíceis de lidar, mas as mãos experientes de Brautigam fazem tudo soar mais fácil do que realmente é.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Piano Concertos nº 24 & 25

01 – Piano Concerto No.24 in C minor, K491 – I. Allegro
02 – Piano Concerto No.24 in C minor, K491 – II. Larghetto
03 – Piano Concerto No.24 in C minor, K491 – III. Allegretto

04 – Piano Concerto No.25 in C major, K503 – I. Allegro maestoso
05 – Piano Concerto No.25 in C major, K503 – II. Andante
06 – Piano Concerto No.25 in C major, K503 – III. Allegretto

Ronald Brautigam – Pianoforte
Die Kölner Akademie
Michael Alexander Willens – Conductor
Recording: 2010 at the Immanuelskirche, Wuppertal, Germany

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Ronald Brautigam – excelente pianista holandês que para esta foto até aparou um pouco seus longos cachos…

FDP

.: interlúdio :. Ray Charles: Live in Concert (1965) / McCoy Tyner: Song of the New World (1973)

O que aproxima esses dois discos tão diferentes é a presença de naipes de sopros liderados por um pianista. Ou big bands, em inglês: conjuntos com sonoridade orquestral, diferentes do jazz feito por um trio ou quarteto.

O álbum ao vivo de Ray Charles eu conheço por um LP bem antigo lá em casa e, do meu ponto de vista, é mais interessante do que as suas gravações de estúdio por aquela dinâmica dos shows ao vivo com público. Alguns dos seus grandes hits estão presentes em arranjos com banda de metais e com uma ou duas cantoras que acompanham a voz de Ray Charles.

Já o álbum de McCoy Tyner, gravado em estúdio, apresenta arranjos mais suaves com destaque para as flautas… Há outros discos gravados por McCoy nos anos 1970 com grupos maiores e nos quais os arranjos não me agradaram tanto assim, mas neste aqui o balanço parece perfeito entre uma certa orquestração leve influenciada pela bossa nova e os momentos solo do piano, do baixo (Jooney Booth) e da bateria (Alphonse Mouzon). As notas do disco dizem que os arranjos são de McCoy, representando a sua primeira experiência escrevendo partituras para um grupo desse tamanho.

Ray Charles: Live in Concert (1965)
Opening 0:35
Band: Swing A Little Taste 3:35
I Gotta Woman 6:10
Margie 2:29
You Don’t Know Me 3:14
Hide Nor Hair 2:57
Baby, Don’t You Cry 2:35
Makin’ Whoopee 6:17
Hallelujah I Love Her So 2:55
Don’t Set Me Fee 3:58
What’d I Say 4:30
Finale 1:55

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McCoy Tyner: Song of the New World (1973)
Afro Blue 9:58
Little Brother 10:13
The Divine Love 7:28
Some Day 6:49
Song of the New World 6:50

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McCoy Tyner (1938-2020)

Pleyel

Johannes Brahms (1833-1897): Complete Chamber Music (CD 11 de 11): String Sextet no.1, Op.18, String Sextet no.2, Op. 36 (Amadeus, Pleeth, Aronowitz)

Johannes Brahms (1833-1897): Complete Chamber Music (CD 11 de 11): String Sextet no.1, Op.18, String Sextet no.2, Op. 36 (Amadeus, Pleeth, Aronowitz)

Então vamos encerrar mais uma coleção. E claro que em grande estilo, com o imortal Amadeus Quartet com dois convidados, o violoncelista William Pleeth e o violista Cecil Aronowitz em duas históricas gravações realizadas lá na década de 1960, 1966 e 1968, respectivamente. Creio que estas gravações, juntamente com as dos trios com Tamás Vasary, são as únicas que fazem parte daquela famosa caixa que comentei lá na primeira postagem.

Então, relembrando o simpático porquinho mencionado em outra postagem, posso dizer ‘É, é, isso aí, pe-pe-ssoal …!!!

CD 11

01. String Sextet no.1 in B flat major,op.18 Allegro ma non troppo
02. Andante ma moderato
03. Scherzo,Allegro molto
04. Rondo,Poco Allegretto e grazioso

05. String Sextet no.2 in G major,op.36 Allegro non troppo
06. Scherzo,Allegro non troppo – Presto gocoso – Tempo I
07. Adagio
08. Poco Allegro

Amadeus String Quartet
William Pleeth – Cello
Cecil Aronowitz – Viola

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FDP

Enrique Granados (1867 – 1916): Danzas Españolas – Angela Hewitt (piano) ֎

Compostas quando o compositor tinha ainda apenas 23 anos, a coleção de 12 danças divididas em quatro volumes de três danças cada, oferece uma mistura da tradição musical espanhola incluindo as danças regionais, como Galante, Fandango, Aragonesa, Arabesca e outras mais.

Angela Hewitt é um fenômeno, todos nós sabemos. Ela gravou um disco com peças de Bach interpretadas ao piano para a Deutsche Grammophon que volta e meia está na agulha da minha vitrola. Não sei qual foi a história, talvez o selo amarelo goste que seus pianistas gravem apenas um disco com música de Bach – Argerich, Maria João, Pogorelich são exemplos – e  moça queria muito mais… O fato é que ela mudou de gravadora, para a Hyperion, e todas as peças de Bach foram parar nesses maravilhosos CDs que tanto ouvimos – algumas delas gravadas duas vezes – depois que ela começou a usar os pianos da Fazioli. alem de gravar as peças de Bach, a incansável Angela gravou Beethoven, Debussy, Ravel e mais alguns outros compositores franceses, sempre com muita beleza, muita maestria.

Pois foi com esse panorama em mente que avistei este disco aqui na repartição – PQP Bach Corp – quase não a reconheci fantasiada de espanhola, assim com um ar de cigana. Eu que tenho predileção por esse repertório, agarrei-me logo ao disco, que desde então tem me dado muito prazer. As gravações são do tempo em que ela era canadense, nos remotos idos de 1994, feitas pela CBC Records, gravadora ligada à Radio Canada.

E, como os nossos assíduos leitores do blog sabem, o que eu gosto, eu posto. Eis aqui uma gravação das Danzas Españolas para fazer companhia àquela outra maravilhosa feita pela excelente Alicia de Larrocha.

Enrique Granados (1867 – 1916)

12 Danzas Espanolas , Op. 37
  1. Minuetto
  2. Oriental
  3. Zarabanda
  4. Villanesca
  5. Andalusa
  6. Rondalla Aragonesa
  7. Valenciana
  8. Asturiana
  9. Mazurca
  10. Danza Triste
  11. Zambra
  12. Arabesca
Quejas O La Maja Y El Ruisenor, Op. 11 No. 4
  1. Queixas ou A Donzela e o Rouxinol
El Pelele, Op. 11 No. 7
  1. O Manequim de Palha

Angela Hewitt, piano

Selo: CBC Records – MVCD 1074, Les Disques SRC – MVCD 1074

País: Canada

Lançamento: 1994

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MP3 | 320 KBPS | 120 MB

Angela ficou feliz da vida ao ver a postagem…

Texto da Página Gulbenkian Música: Angela Hewitt gravou as “Danças Espanholas” de Enrique Granados, com uma interpretação elogiada pela sua sensibilidade ao tom, contraste dinâmico, ritmo vibrante e feeling para a atmosfera. A crítica da Gramophone destacou sua técnica e expressividade, especialmente na execução de obras como “Goyescas”. O álbum, disponível em plataformas como Apple Music, foi descrito como belíssimo e tocado com um toque, clareza e expressividade de tirar o fôlego.

Eu concordo…

Aproveite!

René Denon

Enrique Granados

O disco também está na plataforma de streaming Tidal:

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 (Scherbakov)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 (Scherbakov)

PUBLICADO ORIGINALMENTE POR PQP BACH EM 28/5/2007,  RESTAURADO POR RANULFUS EM 4/7/2015 E POR VASSILY EM 12/12/2019 (E NOVAMENTE POR PQP BACH EM 19/08/2025). Uma loucura.

Publicação original: 28.05.2007

Nota de Ranulfus: Esta postagem do nosso grão-mestre PQP foi a primeira de seis postagens dos Prelúdios e Fugas do Shosta que apareceram aqui — e precisamente a que me conquistou. Depois o próprio PQP publicou a de Nikolayeva, tida como a referência nesta obra, em áudio (2009) e em vídeo (2010), a de Keith Jarrett (de que ele gostou e eu não gostei) em 2012, a de Melnikov em 2013. Além disso, o Carlinus publicou a de Ashkenazy em 2010. Pois mal: devido aos acidentes a que o compartilhamento tem estado sujeito, nenhuma delas chegou a 2015 no ar — o que foi trágico, pois avalio esta obra como um clássico maior, ainda insuficientemente conhecido, mas digno de ficar para sempre – e desde já!

Então está aqui de novo a versão de Scherbakov — e quem sabe os colegas se animem a revalidar também alguma(s) das outras!

Um Shostakovich atrás do gato.

Texto de Anderson Paiva (fragmento). Em 1950, comemorava-se o bicentenário da morte de Johann Sebastian Bach, em Leipzig. O festival foi o palco da Competição Internacional Bach de Piano, que requeria a execução de qualquer um dos 48 Prelúdios e Fugas do Cravo Bem-Temperado. Entre os jurados, estava Dmitri Shostakovich.

A vencedora do concurso foi Tatiana Nikolayeva, que tocou não apenas um dos prelúdios e fugas do Cravo Bem-Temperado, conforme requeria a competição, mas executou todos os 48 Prelúdios e Fugas. Ela ganhou a medalha de ouro.

Dmitri Shostakovich, que entregou o prêmio à vencedora de 26 anos (na condição de presidente do júri), ficou impressionado com a interpretação da jovem pianista.

A última atração do evento foi o Concerto em Ré Menor para Três (cravos) Pianos, de J. S. Bach, tendo Maria Youdina, Pavel Serebriakov e Tatiana Nikolayeva como solistas. Incrivelmente, após Youdina machucar o dedo, Shostakovich, sem nenhuma preparação, e de última hora, tomou o seu lugar ao piano.

O mestre russo havia sido convidado para participar do festival de Leipzig em uma época que sua música silenciara na União Soviética, após o Decreto de Zhdanov (1948). Mas em meio ao silêncio, ele prosseguia compondo. E após retornar de Leipzig, contagiado pelo espírito de Bach – num primeiro momento, pretendia escrever apenas exercícios de técnica polifônica –, resolveu compor os seus próprios Prelúdios e Fugas. A partir daí, nasceria uma das maiores obras para piano do século XX: os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87.

O trabalho é um verdadeiro monumento à arte de J. S. Bach. Shostakovich admirava-o grandemente, e a música do mestre de Leipzig é um dos pilares de sua obra. Aos 44 anos, e a exemplo de compositores como Mozart, Beethoven e Brahms, que em sua fase outonal voltaram-se para o passado em uma justa reverência ao mestre barroco, aqui Shostakovich aprofunda-se no estudo do contraponto e faz música polifônica da mais alta qualidade.

Por que vinte e quatro? São 24 os Prelúdios e Fugas do CBT I, e são 24 os Prelúdios e Fugas do CBT II, de J. S. Bach – que integram os 48 prelúdios e fugas do Cravo Bem-Temperado. Vinte e quatro são os Prelúdios de Chopin, e são vinte e quatro os Caprichos de Paganini. O número 24 não é por acaso – ele corresponde aos vinte e quatro tons da música ocidental: doze maiores e doze menores.

Na Idade Média e em todo o Renascentismo, não havia música tonal. A música era modal. Predominavam os modos antigos (modos gregos), que eram sete. A partir do sistema tonal, que se consolidou no barroco, passaram a existir somente dois modos: o modo maior e o modo menor. Antes, haviam os complicados sistemas de afinação (temperamento), a fim de fazer os “ajustes das comas”. A coma é a nona parte de um tom inteiro, e é considerado o menor intervalo perceptível ao ouvido humano. Os físicos e músicos divergiam sobre o semitom diatônico e o semitom cromático. Para os músicos, o semitom cromático (de dó para dó sustenido) possuía 5 comas, e o diatônico (de dó sustenido para ré) possuía 4. Os físicos afirmavam o contrário. Durante muito tempo persistiu esse dilema, e os diferentes sistemas de afinação. O cravo precisava ser afinado (temperado) constantemente, de acordo com o modo da música que se estava a tocar. Até que surgiu a idéia de afinar o cravo em doze semitons iguais, com um sistema de afinação fixa, de modo que o intervalo entre cada semitom ficasse ajustado em 4 comas e meia (diferença imperceptível ao ouvido humano), quando o teórico Andreas Werckmeister publicou um documento com essa teoria, em 1691. Desse modo, qualquer peça poderia ser transposta para qualquer tonalidade sem precisar fazer constantes “reajustes” de afinação.

Essa idéia foi recebida com polêmica, mas Johann Sebastian Bach foi um dos primeiros a reconhecer a importância da inovação. Em 1722, publicou sua coleção de 24 Prelúdios e Fugas, para cada uma das doze tonalidades maiores e menores, e a chamou “Cravo Bem-Temperado, ou Prelúdios e Fugas em todos os Tons e Semitons”, provando que era possível tocar e transpor uma música para qualquer tonalidade, com o sistema temperado, sem precisar alterar a afinação. Em 1744, vinte e dois anos depois, publicaria o segundo volume (agora chamado Cravo Bem-Temperado, Livro II). Portanto, cada um dos volumes do CBT foram escritos em épocas distintas de sua vida, e é notável o fato de que a primeira parte foi escrita no mesmo ano em que Jean-Philippe Rameau publicou o seu Tratado de Harmonia (1722), com o mesmo objetivo. Ambos trabalhos foram decisivos para a consolidação do sistema tonal, que revolucionou a Harmonia e as técnicas de composição. O Cravo Bem-Temperado é considerado a “bíblia do pianista”, e permaneceu reconhecido mesmo após a morte de Bach, quando todas as suas outras obras foram esquecidas, de modo que o sistema tonal que prevaleceu até a época de Schöenberg, e que ainda é uma vital referência em nossos dias, é o legado de Johann Sebastian Bach.

A combinação entre o Prelúdio e a Fuga (considerada, mais do que uma forma musical, uma técnica de composição) é um casamento perfeito entre duas “formas” distintas, duas forças, dois opostos. A fuga é provavelmente a técnica de composição mais complexa da música ocidental. Ápice da música polifônica, e com regras que submetem o tratamento dos elementos musicais a padrões extremamente rígidos, reúne arte e ciência.

O Prelúdio é uma “forma” musical de caráter extremamente livre, como a Fantasia e o Noturno, e também de caráter improvisatório, como a Toccata e o Impromptu. Remonta à era da Renascença, desde as composições para alaúde, passando a ser utilizado como introdução das suítes francesas no século XVII. O “prato de entrada”, com a função de Abertura, como as antigas Sinfonias barrocas, e de curta duração, com passagens de difícil execução, sempre fazendo improvisar o virtuose (como a Toccata), com o objetivo de chamar a atenção da platéia, antes da execução da “peça principal”. Johann Pachelbel foi um dos primeiros a combinar Prelúdios e Fugas, e a partir de J. S. Bach, o Prelúdio adquiriu grande importância, sendo utilizado depois mesmo individualmente, por compositores como Beethoven, Chopin, Debussy, Rachmaninoff, Hindemith, Ginastera, etc.

A Fuga é utilizada desde o período medieval, e é uma técnica de composição polifônica que segue o princípio de imitação, como o Canon, porém muito mais complexa do que esse. Toda fuga começa com uma voz sem acompanhamento expondo o tema, que é o sujeito. A seguir, entra a segunda voz repetindo o sujeito na dominante (uma quinta acima ou uma quarta abaixo da tônica), enquanto a primeira voz prossegue, agora dando início a um segundo tema contrastante, que é o contra-sujeito. Os temas devem ser independentes, (como melodias distintas que se combinam), e a distinção entre as vozes, clara. Mas devem “afinar” entre si – e esse é o ponto de desafio que alia a estética da arte à engenharia da ciência. Os temas se contrapõem na direção da música polifônica, que é considerada “horizontal”, ao contrário da música homofônica, em que as partes são dependentes e simultâneas, considerada “vertical”. O contraponto é muito complexo, restrito a muitas regras de consonância e direcionamento de vozes, e, da sua complexidade, a fuga é a expressão máxima. Após todas as vozes exporem o sujeito (a fuga pode ser a duas, três, quatro ou a cinco vozes, etc.) e o contra-sujeito, segue-se um complexo desenvolvimento de temas e
motivos que culminam no ponto alto e de tensão da fuga: o stretto. É onde as vozes se aproximam, cada vez mais – e as vezes ocorrem entradas paralelas –, produzindo a impressão de que uma voz está perseguindo a outra, daí o nome fuga.

Palestrina e outros compositores utilizaram a fuga no Renascentismo. Teve o seu ápice no Barroco, sendo usada por compositores como Sweelinck, Froberger, Corelli, Pachelbel, Buxtehude e Händel. Mas foi através de Bach, com o Cravo Bem-Temperado e A Arte da Fuga, que essa magistral arte e ciência do contraponto atingiu o seu ponto culminante. Depois ela cairia em parcial esquecimento, mas sendo aproveitada por compositores como Haydn, Mozart e Beethoven, no Classicismo; Mendelssohn, Brahms, Schumman, Rmski-Korsakov, Saint-Saëns, Berlioz, Richard Strauss, Rachmaninoff e Glazunov, no Romantismo; e, no século XX, por Max Reger, Kaikhosru Sorabji, Bártok, Weinberger, Barber, Stravinsky, Hindemith, Charles Ives e Dmitri Shostakovich.

Ah! Quão belos e magistrais são os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 de Shostakovich! Elaborados, profundos, sinceros, é arte que desabrocha, ora sutil, ora retumbante, do mais íntimo e abissal silêncio. É música que, uma vez expandida, repreendida e calada, retorna a si, ao íntimo do compositor, e tácita e reflexiva, espera a sua hora, para irromper como um monumento, colosso perpétuo para as gerações futuras que ouvirão, ao seu tempo, os pensamentos calados e as palavras não ditas. Shostakovich, de mão dadas a Bach, como um furacão transcende o momento, atravessa o tempo, e chega como brisa aos nossos ouvidos. Quando ela foi executada pelo pianista soviético Svyatoslav Richter, um crítico que estava presente disse: “Pedras preciosas derramaram-se dos dedos de Richter, refletindo todas as cores do arco-íris”. Essa obra, Shostakovich iniciou após retornar do festival de Leipzig, trabalhando rapidamente, levando apenas três dias em média para escrever cada peça. O trabalho completo foi escrito entre 10 de outubro de 1950 e 25 de fevereiro de 1951. Após concluir a obra, Shostakovich dedicou-a a Tatiana Nikolayeva, a pianista que o inspirou, e que brilhou vencendo a competição do festival do bicentenário de Bach em Leipzig, executando os prelúdios e fugas do Cravo Bem-Temperado. Assim que ele completou o ciclo, ele a chamou ao seu apartamento em Moscou para lhe mostrar o seu trabalho. Shostakovich tocou a obra na União dos Compositores Soviéticos, em maio de 1951, e Nikolayeva estreou-a em Leningrado, à 23 de dezembro de 1952.

Mas os 24 Prelúdios e Fugas não foram bem recebidos pelos críticos soviéticos, a princípio, especialmente na União dos Compositores. Desagradaram-lhes a dissonância de algumas fugas, e eles também a reprovaram por a considerarem “ocidental” e “arcaica”. E essa obra, hoje acessível, permanece ainda, por muitos, desconhecida.

Tatiana Petrovna Nikolayeva, pianista russa, como Shostakovich, e também compositora, foi uma das maiores pianistas soviéticas do século XX. Nasceu em 1924 e começou a aprender piano aos três anos de idade. Depois entrou para o Conservatório de Moscou e estudou com Alexander Goldenweiser e Yevgeny Golubev. Após vencer a Competição Internacional Bach de Piano de Leipzig, acumulou um imenso repertório, abrangendo Beethoven, Bártok e diversos compositores. Foi uma das grandes intérpretes de Bach. Enquanto muitos pianistas escolhiam tocar em instrumentos de época, Nikolayeva preferia tocar Bach no moderno piano Steinway, sempre com grande sucesso. Suas composições incluem um concerto para piano em si maior, executado e gravado em 1951 e publicado em 1958, um trio para piano, flauta e viola, gravado pela BIS Records, prelúdios para piano e um quarteto de cordas. A partir de 1950, ela passaria a ser uma das grandes amizades de Dmitri Shostakovich.

Após Nikolayeva gravar os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87, surgiram outras grandes gravações. Vladimir Ashkenazy, pela Decca, Keith Jarret, pela ECM, Konstantin Scherbakov, pela Naxos, e Boris Petrushansky, pela Dynamic, estão entre os poucos discos que disputam no mercado. Keith Jarret, mais conhecido como músico de jazz, afirmou o seu nome na música clássica pela ECM, com o seu toque de impecável técnica. Vladimir, Scherbakov e Petrushansky fizeram gravações notáveis, cada um com a sua interpretação única. E o próprio Shostakovich também gravou os seus 24 Prelúdios e Fugas, pela EMI. Dessas gravações, a que possuo, até o momento, é somente a de Sherbakov, a qual considero uma pérola musical.

Mas é Tatiana Nikolayeva a maior intérprete dessa obra cheia de nuanças, e quem desvenda com toque de perfeição o universo musical de Shostakovich. Ela gravou a obra por três vezes: duas pela BGM-Melodya, em 1962 e 1987, e a terceira pela Hyperion, em 1990. Todas as gravações supracitadas (exceto a primeira de Nikolayeva pela Melodya) encontram-se na internet.

Essa obra completa dura mais de duas horas. Os pianistas costumam executá-la em duas apresentações, tocando metade do ciclo em cada uma.

A ordem dos prelúdios e fugas não é aleatória, nem escolhida por um critério extra-musical qualquer. Partindo de dó maior, percorre um ciclo de progressões harmônicas. Os prelúdios e fugas de Bach, no paralelo maior/menor, seguem a ordem da escala cromática ascendente (dó maior, dó menor, dó sustenido maior, dó sustenido menor, etc.). Mas Shostakovich, a exemplo dos 24 Prelúdios de Chopin, com a relação do par maior/menor, segue o ciclo das quintas (dó maior, lá menor, sol maior, mi menor, ré maior, si menor, etc.). E se a obra é construída em torno das 24 tonalidades, quer dizer que a música é tonal. Sim, Shostakovich faz música tonal em plena era do atonalismo, mas com incursões atonais, abuso de dissonâncias e domínio da técnica com diferentes assimilações que sustentam o seu estilo singular e “poliestilista”. Nos Prelúdios e Fugas de Shostakovich há citações de Bach. Mas a substância dessa obra é a expressão musical única e interior do próprio compositor, Shostakovich, que com grande capacidade eclética e assimilativa, e sendo, ao mesmo tempo, profundamente original, percorre os mais diversos climas e variações de humor, com modulações ora bruscas e desconcertantes, ora tênues e elegantes. Serena, como na fuga n.º. 1 ou na fuga n.º. 13, brincalhona, como na fuga n.º. 3 ou no prelúdio n.º 21, a música de Shostakovich permeia os mais distintos aspectos da expressão musical. Estranhas são as fugas n.º 8 e n.º 19, misteriosas; cômica é a fuga n.º 11, ousada é a fuga n.º 6, luminosa é a fuga n.º 7. Os prelúdios de Shostakovich às vezes combinam-se perfeitamente com as fugas, e eles se atraem; e às vezes se contrastam. As fugas magnificamente elaboradas são emolduradas pelos belos prelúdios que, no entanto, não devem ser considerados obras menores. Cada peça, além de ser parte essencial de um todo, é também uma pequena obra-prima à parte, de modo que o conjunto de 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 formam, na verdade, uma coleção de 48 obras agrupadas em torno de um trabalho monumental e único.

Dmitri Shostakovich
24 Preludes and Fugues, Op. 87
Konstantin Scherbakov, piano

CD 1

  1. Prelude No. 1 in C major: Moderato 02:50
  2. Fugue No. 1 in C major: Moderato 04:02
  3. Prelude No. 2 in A minor: Allegro 00:52
  4. Fugue No. 2 in A minor: Allegretto 01:33
  5. Prelude No. 3 in G major: Moderato non troppo 01:51
  6. Fugue No. 3 in G major: Allegro molto 01:56
  7. Prelude No. 4 in E minor: Andante 01:57
  8. Fugue No. 4 in E minor: Adagio 05:35
  9. Prelude No. 5 in D major: Allegretto 01:44
  10. Fugue No. 5 in D major: Allegretto 02:01
  11. Prelude No. 6 in B minor: Allegretto 01:42
  12. Fugue No. 6 in B minor: Allegro poco moderato 04:00
  13. Prelude No. 7 in A major: Allegro poco moderato 01:24
  14. Fugue No. 7 in A major: Allegretto 02:47
  15. Prelude No. 8 in F sharp minor: Allegretto 01:18
  16. Fugue No. 8 in F sharp minor: Andante 07:10
  17. Prelude No. 9 in E major: Moderato non troppo 02:36
  18. Fugue No. 9 in E major: Allegro 01:36
  19. Prelude No. 10 in C sharp minor: Allegro 01:52
  20. Fugue No. 10 in C sharp minor: Moderato 05:43
  21. Prelude No. 11 in B major: Allegro 01:22
  22. Fugue No. 11 in B major: Allegro 02:10
  23. Prelude No. 12 in G sharp minor: Andante 03:13
  24. Fugue No. 12 in G sharp minor: Allegro 03:28

CD 2

  1. Prelude No. 13 in F sharp major: Moderato con moto 01:56
  2. Fugue No. 13 in F sharp major: Adagio 04:55
  3. Prelude No. 14 in E flat minor: Adagio 03:33
  4. Fugue No. 14 in E flat minor: Allegro non troppo 02:17
  5. Prelude No. 15 in D flat major: Moderato non troppo 03:03
  6. Fugue No. 15 in D flat major: Allegretto 01:54
  7. Prelude No. 16 in B flat minor: Allegro molto 02:37
  8. Fugue No. 16 in B flat major: Andante 06:46
  9. Prelude No. 17 in A flat major: Allegretto 01:57
  10. Fugue No. 17 in A flat major: Allegretto 03:51
  11. Prelude No. 18 in F minor: Moderato 02:21
  12. Fugue No. 18 in F minor: Moderato con moto 02:54
  13. Prelude No. 19 in E flat major: Allegretto 02:13
  14. Fugue No. 19 in E flat major: Moderato con moto 02:34
  15. Prelude No. 20 in C minor: Adagio 03:47
  16. Fugue No. 20 in C minor: Moderato 05:08
  17. Prelude No. 21 in B flat major: Allegro 01:16
  18. Fugue No. 21 in B flat major: Allegro non troppo 02:59
  19. Prelude No. 22 in G minor: Moderato non troppo 02:08
  20. Fugue No. 22 in G minor: Moderato 03:15
  21. Prelude No. 23 in F major: Adagio 02:52
  22. Fugue No. 23 in F major: Moderato con moto 03:14
  23. Prelude No. 24 in D minor: Andante 03:44
  24. Fugue No. 24 in D minor: Moderato 07:23

Total Playing Time: 02:23:19

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PQP, 28.05.2007. Revalidado por Ranulfus, 2015, por Vassily, 2019, por PQP, 2025.

Hector Berlioz (1803-1869) – Symphonie Fantastique (Norrington)

Falecido em 18 de julho de 2025, o maestro inglês Roger Norrington foi um dos principais nomes ligados às interpretações historicamente informadas nas últimas décadas. Ele chamava o vibrato uma “droga moderna” e insistia que no século XIX os naipes de cordas das orquestras não utilizavam essa técnica, tese da qual alguns discordam, mas não entremos tão a fundo nessa polêmica hoje. O que importa é que Norrington fundou em 1978 a orquestra London Classical Players, que se especializou em obras do século XIX e fim do XVIII, em uma época em que o repertório de Monteverdi até Vivaldi e Bach já era usualmente tocado por orquestras menores e andamentos e trejeitos menos românticos, mas ainda era bastante polêmico fazer o mesmo com Beethoven.

E Norrington foi além: gravou bastante coisa de românticos como Schumann, Bruckner e Brahms, estes últimos principalmente com a Radio-Sinfonieorchester Stuttgart, orquestra da qual ele foi regente titular após a dissolução dos London Classical Players em 1997, quando estes se fundiram com a Orchestra of the Age of Enlightenment, orquestra sem maestro titular, mas que também convidava Norrington com frequência.

Então Norrington – que era também um acadêmico com passagens nas Universidades de Cambridge e Oxford e ligado ao Oxford Bach Choir – especializou-se sobretudo nessas obras românticas de Beethoven, Schubert, Schumann, alemães que ele conhecia como a palma de sua mão e buscava extrair de suas partituras o suco e jogar fora o bagaço representado em resumo pelo vibrato. E há também Berlioz, francês que, como sabemos, foi um dos principais continuadores do estilo orquestral de Beethoven. Como eu recordei aqui, em 1828, um ano após a morte de Beethoven, a célebre 5ª Sinfonia estreou em Paris, com Berlioz presente naquele evento que iniciava, no país do croissant, um culto a Beethoven. Dois anos depois, em 1830, Berlioz compôs a Symphonie Fantastique que, como a Pastoral de Beethoven, tem um programa poético e cinco movimentos ao invés de quatro.

Essa sinfonia foi gravada por Norrington tanto em Londres como em Stuttgart. Fazendo uma certa combinação em que sai o vibrato mas ficam as emoções românticas, Norrington alcança belos resultados, como provavelmente alcança também no Requiem de Berlioz, gravação lançada em 2006 com a orquestra de Stuttgart e o coro Rundfunkchor Leipzig, mas que ainda não ouvi.

Note-se ainda que Norrington parece ter sido um sujeito mais ou menos discreto, fiel às mesmas orquestras com que se apresentava (além dessas citadas, a London Philharmonic – LPO, com quem gravou Vaughan Williams, a Royal Scottish National Orchestra, a Camerata Salzburg e a Tonhalle Zürich) e distante de grandes polêmicas, de solistas laureados e golpes de marketing.

Hector Berlioz (1803-1869): Symphonie Fantastique
The London Classical Players, Roger Norrington
Recorded: Abbey Road Studios, 1988

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Sir Roger Norrington

Pleyel

 

Johannes Brahms (1833-1897): Complete Chamber Music (CD 9 de 11) Clarinet Sonata No.2, Op.120 No.2, String Quartet No.1, Op.51 no.1 (Pieterson, H. Menuhin, Quartetto Italiano)

Johannes Brahms (1833-1897): Complete Chamber Music (CD 9 de 11) Clarinet Sonata No.2, Op.120 No.2, String Quartet No.1, Op.51 no.1 (Pieterson, H. Menuhin, Quartetto Italiano)

Enquanto meu irmão PQP encara a série da obra para órgão de nosso pai, dou continuidade à integral da Obra de Câmera de Brahms, desta vez o vol. 9. Fiquei feliz com o sucesso da postagem anterior, 97 downloads em dois dias, e me propus terminar essa série. É um projeto antigo, que iniciei logo que iniciamos o blog, e que agora, por estar se arrastando tanto, decidir concluir.

A dupla Pieterson / Menuhin continua junta, desta vez tocando a bela e melancólica Sonata para clarinete  op. 120, enquanto que o Quarteto Italiano inicia o ciclo dos quartetos de corda.

Johannes Brahms (1833-1897): Complete Chamber Music (CD 9 de 11) Clarinet Sonata No.2, Op.120 No.2, String Quartet No.1, Op.51 no.1 (Pieterson, H. Menuhin, Quartetto Italiano)

01 Clarinet Sonata No.2 in E flat, op.120 No.2 – I. Allegro amabile
02 Clarinet Sonata No.2 in E flat, op.120 No.2 – II. Appassionata, ma non troppo allegro
o3 Clarinet Sonata No.2 in E flat, op.120 No.2 – III. Andante con moto
04 Clarinet Sonata No.2 in E flat, op.120 No.2 – IV. Allegro non troppo

George Pieterson – Clarinet
Hephzibah Menuhin – Piano

05 String Quartet No.1 in C minor, op.51 no.1 – I. Allegro
06 String Quartet No.1 in C minor, op.51 no.1 – II. Romanze. Poco adagio
07 String Quartet No.1 in C minor, op.51 no.1 – III. Allegretto molto moderato e comodo
08 String Quartet No.1 in C minor, op.51 no.1 – IV. Allegro

Quartetto Italiano

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FDP