Um disco perfeito! Imenso pianista e intérprete da obra de Robert Schumann, o alemão Severin von Eckardstein oferece aqui uma versão intensa de um dos ciclos mais complexos do século XIX, as Davidsbündlertänze Op. 6. Este CD, um deslumbrante caleidoscópio de humores, também envolve obras de Chopin e Tchaikovsky, mantendo a atmosfera particularmente apaixonada. Trata-se de outra das maiores joias do ano de 2021. Fazia anos que eu não ouvia um pianista tão convincente em sua visão desta obra de Schumann. E olha que a última vez que ouvi as Davidsbündlertänze foi na Kammermusiksaal da Filarmônica de Berlim e o interprete foi András Schiff. Uma pena que as pessoas insistam em ouvir pianistas do jurássico em vez de Severin von Eckardstein, por exemplo. Ele é melhor do que quase todos. Confiram.
Schumann / Chopin / Tchaikovsky / Dupont: Davidsbündlertänze / Polonaise-fantaisie, Op. 61 / 18 Pieces, Op. 72 / La maison dans les dunes (von Eckardstein)
Polonaise-fantaisie in A-Flat Major, Op. 61 (Allegro maestoso) (Frédéric Chopin)
01. Polonaise-fantaisie in A-Flat Major, Op. 61 (Allegro maestoso)
Davidsbündlertänze (Robert Schumann)
02. I. Lebhaft
03. II. Innig
04. III. Mit Humor (Etwas hahnbüchen)
05. IV. Ungeduldig
06. V. Einfach
07. VI. Sehr rasch und in sich hinein
08. VII. Nicht schnell, und mit äusserst starker Empfindung
09. VIII. Frisch
10. IX. Lebhaft (Hierauf schloss Florestan und es zuckte ihm schmerzlich um die Lippen)
11. X. Balladenmässig – Sehr rasch
12. XI. Einfach
13. XII. Mit Humor
14. XIII. Wild und lustig
15. XIV. Zart und singend
16. XV. Frisch
17. XVI. Mit gutem Humor
18. XVII. Wie aus der Ferne
19. XVIII. Nicht schnell (Ganz zum Überfluss meinte Eusebius noch Folgendes, dabei sprach aber viel Seligkeit aus seinen Augen)
18 Pieces, Op. 72, TH 151 (Pyotr Illitch Tchaïkovski)
20. 18 Pieces, Op. 72, TH 151: XIV. Chant élégiaque (Adagio – Più mosso moderato assai – Più tosto allegro)
La maison dans les dunes (Gabriel Dupont)
21. La maison dans les dunes: I. Dans les dunes, par un clair matin (Alternative Version to the 2018 Recording)
22. La maison dans les dunes: II. Voiles sur l’eau (Alternative Version to the 2018 Recording)
23. La maison dans les dunes: VII. Le soir dans les pins (Alternative Version to the 2018 Recording)
24. La maison dans les dunes: IX. Clair d’étoiles (Alternative Version to the 2018 Recording)
Cá estou novamente fuçando e esmiuçando a obra de Brahms, este compositor que me é tão caro, que me suscita tantas emoções. Fiz uma brincadeira há alguns anos, postei dois cds com as Sonatas para Violino e deixei a responsabilidade para nossos leitores – ouvintes para tentarem chegar a uma decisão de qual era a melhor gravação. Era um embate peso pesado, Viktoria Mullova x Anne-Sophie Mutter, e nem lembro qual foi o placar, mas o que importa?
Hoje, passados mais de dez anos, retorno a estas sonatas com outros olhos, ou melhor, outros ouvidos. Ainda sou um caçador de discos, e ainda procuro o Santo Graal dentre tantas opções que existem no mercado. Hoje também me sinto mais maduro e sensível, mas trata-se de uma maturidade e sensibilidade diferentes, o peso da idade se faz sentir, se é que consigo me expressar. Nem consigo definir qual destas três sonatas é a minha preferida, mas nem quero definir. Cada uma delas tem seu momento único que me comove. Curioso, a obra de Brahms tem esse efeito sobre mim. Seja em suas sinfonias, ou em seus concertos, sempre estou no aguardo deste momento.
E é exatamente a maturidade de Oscar Shumsky que me atraiu para este CD duplo. Como é a famosa frase? “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”, como já dizia Heráclito há dois mil anos .. é assim que entendo quando um intérprete encara novamente uma determinada obra depois de muito anos. Sua sensibilidade está mais aguçada e isso vai ser fundamental já a partir dos primeiros acordes. Claro que sei que é tudo fruto da experiência, da repetição, da análise, do estudo. A prática leva à perfeição, com o perdão do clichê.
Eu não conhecia Oscar Shumsky até ter acesso ao belo CD em que interpreta as Danças Húngaras de Brahms, que trouxe dia destes. E logo em seguida, tive acesso a este CD em que toca as Sonatas para Violino e para Viola. O violinista norte americano, nascido de pais russos – judeus, já estava com setenta e quatro anos quando gravou este CD, acompanhado pelo pianista Leonid Hambro. E já desde os primeiros momentos podemos sentir que o que estamos ouvindo são os anos de prática e de estudo, aliados a maturidade técnica e artística. Uma curiosidade sobre esse violinista: era também fotógrafo amador, também muito reconhecido por seu trabalho, vindo a se especializar em fotos do mundo microscópico, autodidata, por sinal. Uma personalidade única, com certeza.
Espero que apreciem, como diria nosso querido Carlinus.
Johannes Brahms (1833-1897) – Violin & Viola Sonatas – Oscar Shumsky & Leonid Hambro
CD 1
Violin Sonata No. 1 In G Major, Op. 78
1-1 I Vivace Ma Non Troppo
1-2 II Adagio
1-3 III Allegro Molto Moderato
Violin Sonata No. 2 In A Major, Op. 100
1-4 I Allegro Amabile
1-5 II Andante Tranquillo – Vivace – Andante – Vivace di Più – Andante Vivace
1-6 III Allegretto Grazioso (Quasi Andante)
Violin Sonata No. 3 In D Minor, Op. 108
1-7 I Allegro
1-8 II Adagio
1-9 III Un Poco Presto E Con Sentimento
1-10 IV Presto Agitato
CD 2
Viola Sonata No 1 In F Minor, Op. 120, Op. 120, No 1
2-1 Allegro Appassionato
2-2 Andante Un Poco Adagio
2-3 Allegretto Grazioso
2-4 Vivace
Viola Sonata No 2 In E-Flat Major, Op. 120, No 2
2-5 Allegro Amabile
2-6 Appassionato, Ma Non Troppo-Allegro
2-7 Andante Con Moto
Na única oportunidade em que escutei ao vivo a música para piano de Messiaen (Peter Donohoe interpretando lindamente os ‘Vingt regards sur l’enfant Jésus’ na Sala Cecília Meireles, Rio), dois homens conversavam na fileira à minha frente:
– Ele usa clusters, dissonâncias, uma loucura, pra terminar com um acorde em dó maior! Absurdo, né? (Peço que o leitor leia as palavras em itálico com o mesmo tom blasé que merece uma pintura de Romero Brito)
Estou frontalmente em discordância. Para mim, um dos méritos de Messiaen é seu ecletismo: sem pestanejar, ele alterna entre música tonal e atonal, cita melodias medievais e cantos de pássaros – estes últimos, obviamente, não costumam cantar em 4/4.
Nas “Nove meditações sobre o mistério da Santa Trindade”, compostas em 1969, ele utiliza trechos de canto gregoriano (sobretudo no 2º movimento), cantos de pássaros (4º movimento e un peu partout), serialismos pós-Schoenberg, cromatismos pós-Debussy, acordes potentes que foram pensados por alguém que sabe bem o que funciona no órgão…
E isso tudo, ele faz não com o objetivo de seguir aqui as leis da harmonia europeia ocidental, seguir ali as leis do dodecafonismo… Muito pelo contrário, ele não se importa com essas leis. Ele utiliza todos esses procedimentos sonoros com objetivos próprios, alheios a preocupações do tipo “será que vão me achar antiquado por usar um acorde maior? As regras do campeonato permitem? Vão me cancelar?”
Do meu ponto de vista, é desprezível o homem que jura cumprir a Constituição do seu país e não cumpre. E é pouco relevante o artista que segue estritamente algum cânone de leis estéticas. Porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. A História faz julgamentos diferentes para quem rasga as leis do país e para quem bagunça o coreto das leis estéticas. Sic transit gloria mundi.
Olivier Messiaen (1908-1992): Méditations sur le Mystère de la Sainte Trinité
Méditation I: “Le Père des étoiles” (“The Father of the Stars”)
Méditation II: “Dieu est Saint” (“God is Holy”)
Méditation III: “La relation réelle en Dieu est réellement identique à l’essence” (“The relation really existing in God is really the same as His essence”)
Méditation IV: “Je suis, Je suis !” (“I am, I am!”)
Méditation V: “Dieu est immense”, “Dieu est éternel”, “Dieu est immuable”, “le Souffle de l’Esprit”, “Dieu le Père tout-puissant”, “Notre Père”, “Dieu est amour” (“God is immense”, “God is eternal”, “God is immutable”, “The breath of the Spirit”, “God is Father all powerful”, “Our Father”, “God is love”)
Méditation VI: “Dans le Verbe était la Vie et la Vie était la Lumière…” (“In the Word was Life, and that Life was the Light…”) (Evangelho Segundo João, I.4)
Méditation VII: “Le Père et le Fils aiment, par le Saint-Esprit, eux-mêmes et nous” (“The Father and the Son love, through the Holy Spirit, each other and us”)
Méditation VIII: “Dieu est simple”, “Les Trois sont Un” (“God is simple”, “The Three are One”).
Méditation IX: “Je suis Celui qui suis” (“I am Who I am”)
Colin Andrews – órgão construído por C.B. Fisk
St. Paul’s Episcopal Church, Greenville, North Carolina, USA
Este CD duplo fecha o ciclo de Sinfonias de Shostakovich com Andris Nelsons e é certamente um dos melhores lançamentos de 2021. O repertório é de primeira, os solistas espetaculares — meu deus, que solistas! –, a orquestra é fantástica e a direção perfeita. Não tem erro e é a cereja do bolo: o final da premiada série. Este álbum apresenta as de Nº 1, 14 e 15 e a Sinfonia de Câmara — ou seja, o Quarteto de Cordas Nº 8 arranjado para orquestra. A gravação da Sinfonia nº 10 ganhou vários prêmios em 2016 e o álbum das Sinfonias Nº 5, 8 e 9 conseguiram o mesmo no ano seguinte. Quase meio século se passa entre a estreia triunfante de Shostakovich com a ‘Primeira’, executada antes de seu 20º aniversário, e a ‘Décima Quinta’, um inventário de influências escrito sob a sombra de sua própria mortalidade. Escrita apenas dois anos antes, a ‘Décima quarta’ é um ciclo de canções sinfônicas, e a Sinfonia de Câmara é uma adaptação habilidosa daquela obra-prima trágica, o Oitavo Quarteto de Cordas.
Sinfonia Nº 1, Op. 10 (1924-1925)
Shostakovich começou a escrever esta sinfonia quando tinha dezessete anos. Antes disso, tinha composto apenas alguns scherzi. Sua estreia foi mesmo com esta Nº 1, terminada antes do autor completar vinte anos. Ela tornou aquele estudante de música, mais conhecido por ser o pianista-improvisador de três cinemas mudos de Petrogrado, internacionalmente célebre. Tal fama pode ser atribuída por Shostakovich ser o primeiro rebento musical do comunismo, mas ouvindo a sinfonia hoje, não nos decepcionamos de modo algum. É música de um futuro mestre.
Ela começa com um toque de trompete ao qual, se acrescentarmos um crescendo, tornar-se-á um tema de Petrouchka, de Igor Stravinsky. Alguns regentes russos fazem esta introdução exatamente igual à Petroushka. Há mesmo algo de “boneca triste” no primeiro movimento desta sinfonia. O segundo movimento possui um curioso tema árabe, que é a primeira grande paródia encontrada em sua obra. Um achado. O movimento lento, muito triste, é daqueles que os anticomunistas mais truculentos considerariam uma comprovação do sofrimento do compositor sob o comunismo e de uma postura fatalista do tipo isto-não-vai-dar-nada-certo, porém acreditamos que a morte de seu pai, ocorrida alguns meses antes e a internação de Dmitri num sanatório da Criméia (ele contraíra tuberculose) tenha mais a ver. Há um belíssimo solo funéreo de oboé nele.
Sinfonia Nº 15, Op. 141 (1971)
Sem dúvida, a Sinfonia Nº 15 é uma de minhas preferidas no gênero. É difícil estabelecer um conteúdo programático para ela. Trata-se de uma música muito viva, com colorido orquestral atraente, temas facilmente assimiláveis e nada triviais, clímax e pausas meditativas que empolgam e mantém o ouvinte permanentemente atento. E com os contrastes característicos de Shostakovich. Parece um roteiro de Shakespeare passado à música, trazendo o trágico ao festivo, empurrando a reflexão para junto da zombaria. Bom, já viram que sou um apaixonado desta sinfonia. O primeiro movimento (Allegretto) é uma curiosidade por manter sempre ativo o motivo da cavalgada da abertura Guilherme Tell, de Rossini, e pela participação incessante da percussão. O segundo movimento (Adagio) é circunspecto. Os metais trazem uma melodia sombria, para depois o violoncelo completá-la com um solo dilacerante, a cujas cores será acrescida, mais adiante, a ressonância do contrabaixo. Um novo Alegretto surge repentinamente do Adagio, retomando o clima do primeiro movimento, mas desta vez somos levados pelos solos do fagote, violino, clarinete e flautim. O movimento final, outro adagio, é enigmático. A simbologia está presente com a apresentação de imediato do Prenúncio da Morte, composto por Wagner para a Tetralogia do Anel. O ouvinte wagneriano fica desconcertado ao escutar de imediato esta música conhecida, parece tratar-se de um equívoco, de um erro de partitura. Ao pesado motivo de Wagner são contrapostos temas executados por setores “mais leves” da orquestra, porém, a todo instante, o sinistro aviso retorna e, mais adiante, os metais refletirão angustiada exasperação… A sinfonia esvai-se em delicados sons de percussão, deixando um ponto de interrogação no ar. É desconcertante. O significado do Prenúncio da Morte é óbvio, porém, o que significam a percussão, a orquestração e as melodias jocosas que o cercam? Uma simples experiência sinfônica? Impossível. O desejo de felicidade de alguém cuja vida se encerra? Ou, voltando a Shakespeare, que a vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, que nada significa (*)? Porém, a significação, a intenção exata de uma obra instrumental é tão importante? Ou seria mais inteligente fazer como fez Shostakovich, levando-nos bem próximo ao irrespondível para nos abandonar por lá?
(*) Macbeth, William Shakespeare.
Sinfonia Nº 14, Op. 135 (1969)
A Sinfonia Nº 14 — espécie de ciclo de canções — foi dedicada a Britten, que a estreou em 1970 na Inglaterra. É a menos casual das dedicatórias. Seu formato e sonoridade é semelhante à Serenata para Tenor, Trompa e Cordas, Op. 31, e à Les Illuminations para tenor e orquestra de cordas, Op. 18, ambas do compositor inglês. Os dois eram amigos pessoais; conheceram-se em Londres em 1960, e Britten, depois disto, fez várias visitas à URSS. Se o formato musical vem de Britten, o espírito da música é inteiramente de Shostakovich, que se utiliza de poemas de Lorca, Brentano, Apollinaire, Küchelbecker e Rilke, sempre sobre o mesmo assunto: a morte. O ciclo, escrito para soprano, baixo, percussão e cordas, não deixa a margem à consolação, é música de tristeza sem esperança. Cada canção tem personalidade própria, indo do sombrio e elegíaco em A la Santé, An Delvig e A Morte do Poeta, ao macabro na sensacional Malagueña, ao amargo em Les Attentives, ao grotesco em Réponse des Cosaques Zaporogues e à evocação dramática de Loreley. É uma música que trabalha para a poesia, chegando, por vezes, a casar-se com ela sílaba por sílaba para torná-la mais expressiva. Há uma versão da sinfonia no idioma original de cada poema. Posso dizer que a sinfonia torna-se apenas triste se estiver desacompanhada da compreensão dos poemas – pecado que cometi por anos! Ela perde sentido se não temos consciência de seu conteúdo autenticamente fúnebre. Além do mais, os poemas são notáveis. São indiscutíveis seus méritos musicais e sua sinceridade. Me entusiasmam especialmente a Malagueña, feita sobre poema de Lorca e a estranha Conclusão (Schluss-Stück) de Rilke, que é brevíssima, sardônica e — puxa vida — muito, mas muito final.
Quarteto de Cordas Nº 8, Op. 110 e Sinfonia de Câmara, Op. 110a – Arranjo de Rudolf Barshai (1960)
Na minha opinião, o melhor quarteto de cordas de Shostakovich. Não surpreende que tenha recebido versões orquestrais. Trata-se de uma obra bastante longa para os padrões shostakovichianos de quarteto; tem cinco movimentos, com a duração total ficando entre os 20 minutos (na versão para quarteto de cordas) e 26 (na versão orquestral). O quarteto abre com um comovente Largo de intenso lirismo, o qual é seguido por um agitado Allegro molto, de inspiração folclórica e que fica muito mais seco na versão para quarteto. O terceiro movimento (Allegretto) é uma surpreendente valsinha sinistra a qual é respondida por outra valsa, muito mais lenta e com um acompanhamento curiosamente desmaiado. O quarteto é finalizado por dois belos temas — o primeiro sendo pontuado por agressivamente por um motivo curto de três notas e o segundo formado por mais uma fuga a quatro vozes utilizando temas dos movimentos anteriores.
1. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: I. Allegretto – Allegro non troppo (09:27)
2. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: II. Allegro (04:51)
3. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: III. Lento (09:45)
4. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: IV. Lento – Allegro molto (11:06)
5. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: I. Allegretto (08:18)
6. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: II. Adagio – Largo – Adagio – Largo (17:27)
7. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: III. Allegretto (04:11)
8. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: IV. Adagio – Allegretto – Adagio – Allegretto (18:07)
9. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: I. De Profundis (04:52)
10. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: II. Malagueña (03:03)
11. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: III. Loreley (08:43)
12. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: IV. Le suicidé (06:26)
13. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: V. Les attentives I (03:07)
14. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: VI. Les attentives II (01:43)
15. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: VII. A la santé (09:15)
16. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: VIII. Réponse des Cosaques Zaporogues au Sultan de Constantinople (01:48)
17. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: IX. O, Delvig, Delvig! (04:06)
18. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: X. Der Tod des Dichters (04:49)
19. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: XI. Schlussstück (01:19)
20. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: I. Largo – attacca (05:37)
21. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: II. Allegro molto – attacca (02:58)
22. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: III. Allegretto – attacca (04:34)
23. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: IV. Largo – attacca (06:40)
24. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: V. Largo (05:02)
Kristine Opolais
Alexander Tsymbalyuk
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons
Não, este disco não tem qualquer relação com a rede social criada em 2006, com valor de mercado estimado em uns 10 a 25 US$ bi, faixa similar ao valor da PQP Bach Corp., também criada em 2006.
O título faz referência ao som dos pássaros. Em um trabalho musicológico de primeira, juntaram oito árias barrocas para soprano com referência aos cantores que vivem em cima das árvores, algumas de compositores famosos como A. Scarlatti, Vivaldi, Albinoni. Outros um pouco menos conhecidos, como J.A. Hasse, que viveu mais de 80 anos entre Dresden, Veneza e Viena, onde chegou a conhecer o jovem Mozart (ao que parece, ambos tinham grande respeito pelo talento do outro), e Leonardo Vinci, um dos criadores do estilo galante, célebre por suas óperas de melodias mais simples, com menos contraponto, e que morreu aos 40 anos ao comer um chocolate envenenado – dizem as más línguas – por um parente de uma de suas várias amantes. E alguns são hoje praticamente desconhecidos, como os italianos Andrea Stefano Fiorè e Pietro Torri.
Na maioria dessas árias, a cantora divide o papel de solista com a flauta doce ou flautino, que imita os pássaros. Como vocês sabem, a imitação dos pássaros é uma constante na história da música. No século XX beberam dessa tradição Mahler, Stravinsky, Villa-Lobos e Messiaen.
O canto dos pássaros pode servir de metáfora para os mais diversos sentimentos, como a alegria pastoral da ária de Gasparini:
Bell’augelletto
che vai scherzando
sui verdi rami,
t’intendo: tu mi chiami,
e parla in te l’amor.
Belo passarinho
que vai brincando
sobre verdes ramos,
te entendo: tu me chamas,
e em ti, fala o amor
Os pássaros, soltos ou na gaiola, também podem representar a liberdade ou a falta desta, como na ária de Hasse:
L’augelletto in lacci stretto perché mai cantar s’ascolta? Perché spera un’altra volta di tornare in libertà.
O passarinho na gaiola,
porque escutamos seu canto?
Porque ele espera em breve
voltar à liberdade.
E na ária de Alessandro Scarlatti – que faz parte da serenata Il giardino d’amore, espécie de cantata para um público mais reservado e mais aristocrático do que o das óperas – o canto do rouxinol aparece bem mais estilizado e rebuscado do que o estilo galante que surgiria algumas décadas depois. Assim como Hasse, Scarlatti trata de temas mais sombrios:
Più non m’alletta e piace
il vago usignoletto
Já não me agrada e diverte
o charmoso rouxinol
Alguns desses compositores estão fazendo sua estreia no PQP hoje, por exemplo Francesco Gasparini, que foi Diretor do Pio Ospedale della Pietà em Veneza no começo do século 18, ou seja, foi patrão de Antonio Vivaldi. J.S. Bach copiou à mão a Missa Canonica de Gasparini em 1740, fez algumas mudanças na orquestração adicionando oboés, trombone e órgão, e regeu essa Missa provavelmente muitas vezes em Leipzig.
Três obras instrumentais para flauta doce e cordas completam o CD, incluindo um concerto de Vivaldi. É impressionante como sempre há novidades a se conhecer na música barroca!
ANDREA STEFANO FIORÈ (1686–1732)
1 “Usignolo che col volo”
Aria di Engelberta from the opera Engelberta (Milano 1708)
for soprano, flautino, strings & b.c.
LEONARDO VINCI (c.1690–1730)
2 “Rondinella che dal nido”
Aria di Ifigenia from the opera Ifigenia in Tauride (Venezia 1725)
for soprano, strings & b.c.
FRANCESCO GASPARINI (1661–1727)
3 “Bell’augelletto che vai scherzando”
Aria di Aurora from the serenata L’oracolo del fato (Venezia c. 1709)
for soprano, flautino & strings
FRANCESCO MANCINI (1672–1737)
Sonata 14 in G minor
Concerto for Recorder, two violins, viola & b.c.
from the Conservatory “San Pietro a Majella”, 24 concerti per flauto, Napoli 1725
4 Comodo
5 Fuga
6 Larghetto
7 Allegro
PIETRO TORRI (c.1650–1737)
8 “Amorosa rondinella”
Aria di Nicomede from the opera Nicomede (Munich 1728)
for soprano, strings & b.c.
TOMASO ALBINONI (1671–1751)
9 “Zeffiretti che spirate”
Aria di Epicide from the opera Eraclea (Genova 1705)
for soprano & b.c.
JOHANN ADOLF HASSE (1699–1783)
10 “L’augelletto in lacci stretto”
Aria di Araspe from the opera Didone abbandonata (Dresden 1742)
for soprano, flautino, strings & b.c.
CHARLES DIEUPART (1667–1740)
Concerto in A minor, for ‘small flute’, strings & b.c.
11 Vivace
12 Grave staccato
13 Allegro
ANTONIO VIVALDI (1678–1741)
14 “Quell’usignolo ch’al caro nido”
Aria di Barzane from the opera Arsilda regina di Ponto (Venezia 1716)
for soprano, strings & b.c.
ALESSANDRO SCARLATTI (1660–1725)
15 “Più non m’alletta e piace”
Aria di Adone from the serenata Il giardino d’amore (c. 1700–1705)
for soprano, flautino, strings & b.c.
ANTONIO VIVALDI
Concerto in F major, RV 442, for recorder, strings & b.c. Tutti gl’ Istromenti Sordini
16 Allegro mà non molto
17 Largo e Cantabile
18 Allegro
Nuria Rial, soprano
Maurice Steger, flautino & recorder
Kammerorchester Basel
Stefano Barneschi, violin & direction
Que disco bom! A interpretação de Jansen + Chailly + Gewandhausorchester para os concertos de Bruch e Mendelssohn é esplêndida. Fiquei realmente feliz com a audição dos dois concertos. Acho que o Mendelssohn de Jansen é efetivamente dos melhores registros que pode se encontrar por aí. A pureza de seu som de seu violino acompanha com precisão uma refinada dinâmica. A regência de Chailly e a herança mendelssohniana da Gewandhausorchester ajuda a solista a desenvolver nessas apresentações ao vivo as tensões essenciais e o impulso emocional. Pela primeira vez, no primeiro movimento do Bruch, denominado Vorspiel (Introdução), a marcação do andamento do Allegro moderato não parece deslocada, enquanto o movimento lento é comovente e suave, levado a um Andante fluente. Da mesma forma, no Concerto de Mendelssohn a performance de Jansen no Andante é contida, com resultado doce e terno, desta vez em um ritmo relativamente moderado, enquanto Chailly traz um sabor húngaro ao Finale, bastante comparável ao do Concerto para Violino de Brahms. Um disco sensacional!
Bruch / Mendelssohn / Vieuxtemps: Concertos para Violino (Jansen / Chailly)
Max Bruch (1838-1920)
Violin Concerto In E Minor, Op. 64
1 Allegro Molto Appassionato 13:00
2 Andante 8:01
3 Allegro Molto Vivace 5:53
4 Romance In F Major For Viola And Orchestra, Op. 85 8:27
Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847)
Violin Concerto No. 1 In G Minor, Op. 26
5 Vorspiel: Allegro Moderato 8:00
6 Adagio 8:22
7 Finale: Allegro Energico 7:16
Chove já há alguns dias aqui em minha cidade. É uma chuva intermitente, teimosa. Dizem que tem um sistema de alta pressão agindo sobre o estado, aliado a um ciclone extra tropical que está sobre o oceano, por isso o tempo está nublado e chuvoso em todo o sul do país.
O teclado de meu notebook está com problemas, na verdade é um problema de fábrica. O saudoso Ammiratore, um mestre na administração de dezenas de computadores em seu serviço, comentou que o problema não estaria no teclado, que por sinal já foi trocado, e sim na placa mãe. Ou seja, a solução seria comprar um novo. E isso, meus caros, está totalmente fora de cogitação.
Quem também é um mestre em seu instrumento é o violoncelista Valentin Radutiu, que nos traz uma das mais belas versões que já ouvi da maravilhosa Sonata de Cesar Franck, em sua versão para o irmão maior do violino. O rapaz é um grande expoente do seu instrumento neste começo de século XXI, e este belíssimo Cd é uma prova disso, levando em conta que é sua estréia no mercado fonográfico, o rapaz tinha 25 anos na época em que o gravou. Mas ele não se deixa intimidar, e encara com muita energia e coragem a Sonata de Franck e outras duas outras obras igualmente técnicas e muito difíceis, o “Recitativo para Violoncelo e Piano” de Peter Ruzicka e ‘Introduction and Rondo capriccioso in A Minor, op. 28” de Saint-Säens.
Estes dias chuvosos são um tanto quanto melancólicos, talvez por este motivo escolhi Franck e Schumann para iniciar os trabalhos do dia. E foi uma escolha apropriada. Espero que apreciem.
01. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 1. Mit Humor
02. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 2. Langsam
03. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 3. Nicht schnell, mit viel Ton zu spielen
04. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 4. Nicht zu rasch
05. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 5. Stark und markiert
06. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) I. Allegro ben moderato
07. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) II. Allegro
08. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) III. Recitativo – Fantasia Ben moderato – Largamento con fantasia
09. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) IV. Allegro Moderato
11. Introduction et rondo capriccioso in A minor, Op. 28 (arr. V. Radutiu for cello and piano)
Não sei se Pinnock e seu The English Concert gravaram o Messias antes deste disco de 1986, apenas sei que, há 30 anos atrás, eles já estavam preparados para fazerem aquele que é, na minha opinião, o melhor registro do famoso oratório de Händel. Pois esta turma tem (ou tinha) Händel no DNA. Essas aberturas, ouvidas juntas, guardam algo de pomposo, talvez de repetitivo, mas a sonoridade da orquestra de Pinnock estava finamente preparada para mais. Como amo a música barroca, me lambuzei e me satisfiz mesmo aqui. Um belo disco.
Georg Friedrich Händel (1685-1759): Aberturas
Alceste; HWV 45 Act 1: Grand Entrée
1 Maestoso 2:46 Agrippina;
HWV 6 Sinfonia:
2 Without Tempo Indication – Allegro – Adagio 4:04 Il Pastor Fido; HWV 8a
3 Without Tempo Indication – Lentement 4:12
4 Largo 3:53
5 Allegro 2:12
6 (Menuet) 2:00
7 Adagio 8:20
8 (Allegro) 3:24 Saul; HWV 53
Act 1: Sinfonia
9 Allegro 4:05
10 Larghetto – Adagio 2:42
11 Allegro 2:38
12 Andante Larghetto 2:40 Act 2: Sinfonia “Wedding Symphony”
13 Largo _ Allegro 4:44 Teseo; HWV 9
Ouverture
14 Largo – Without Tempo Indication 5:19 Samson; HWV 57
15 Andante – Adagio 3:53
16 Allegro 1:42
17 Menuetto 2:17
Havia um tempo, não muito tempo atrás, em que a Terra era dominada por excepcionais violinistas, mestres supremos e soberanos de seus instrumentos: David Oistrakh, Jascha Heifetz, Henryk Szering, Nathan Milstein, Isaac Stern, entre outros. E todos eles eram contemporâneos, habitavam o planeta ao mesmo tempo, e dominavam os palcos do mundo todo.
Dentre estes acima citados, Isaac Stern era o mais novo. Morreu em 2001, aos 81 anos. Apesar de ter nascido na Ucrânia, ainda bebê seus pais imigraram para os Estados Unidos, se estabelecendo em San Francisco.
Estas gravações dos concertos de Mozart valem cada minuto de sua audição. Nomes como George Szell, Pinchas Zukerman, Jean Pierre Rampal e Daniel Barenboim estão entre os maestros que o acompanham, então a qualidade está garantida.
Espero que apreciem.
CD 1
01-Concerto No 1 in B-flat Major for Violin – I. Allegro moderato
02-Concerto No 1 in B-flat_Major_for_Violin – II. Adagio
03-Concerto No 1 in B-flat Major_for_Violin – III. Presto
Columbia Symphony Orchestra
George Szell – Conductor
Isaac Stern – Violin
04-Concerto No 2 in D Major for Violin – I. Allegro moderato
05-Concerto No 2 in D Major for Violin – II. Andante
06-Concerto No 2 in D Major for Violin – III. Rondo. Allegro
English Chamber Orchestra]
Alexander Schneider – Conductor
07-Concerto No 3 in G Major for Violin – I. Allegro
08-Concerto No 3 in G Major for Violin – II. Adagio
09-Concerto No 3 in G Major for Violin – III. Rondo. Allegro
Members of Cleveland Orchestra
CD 2
1. Concerto Nº 4 in D Major for Violin I. Allegro
2. II. Andante cantabile
3. III. Rondeau. Andante grazioso
English Chamber Orchestra
Alexander Schneider – Conductor
4. Concerto No 5 in A Major for Violin I. Allegro aperto
5. II. Adagio
6. III. Rondeau – Tempo di Menuetto
Columbia Symphony Orchestra
George Szell – Conductor
7. Adagio for Violin and Orchestra in E Major, K. 261
8. Rondo for Violin and Orchestra in C Major, K. 373
English Chamber Orchestra
Alexander Schneider – Conductor
Disc: 3
1. Concertone in C Major for Two Violins I. Allegro spiritoso
2. II. Andantino grazioso
3. III. Tempo di Menuetto – Vivace
4. Sinfonia Concertante for_Violin Viola I. Allegro maestoso
5. II. Andante
6. III. Presto
Pinchas Zukerman – Violin, Viola
English Chamber Orchestra
Daniel Baremboim – Conductor
7. Serenade No6 in D Major K239 I. Marcia. Maestoso
8. II. Menuetto
9. III. Rondeau. Allegretto
Franz Liszt Chamber Orchestra
CD 4
01-March in D Major K.249
02. Serenade in D Major K.250 248b Haffner I. Allegro maestoso – Allegro molto – Jean-Pierre Rampal
03. II. Andante
04. III. Menuetto
05. IV. Rondeau. Allegro
06. V. Menuetto galante – Trio
07. VI. Andante
08. VII. Menuetto
09. VIII. Adagio – Allegro assai
Franz Liszt Chamber Orchestra
Jean Pierre Rampal – Conductor
10. Adagio for Violin and Orchestra in E Major, K. 261
11. Rondo for Violin and Orchestra, K. 373
A história da composição destas ‘Danças Húngaras’ é meio nebulosa, desde acusações de plágio até desconfianças sobre como Brahms as compôs se nunca foi até aquele país, nem teve contato direto com sua cultura. Isso remete ao excepcional trabalho de resgate que o colega Vassily Genrikhovich vem fazendo da obra de Bártok, quando trouxe alguns cds da obra etnográfica do genial compositor húngaro, coletada após anos de pesquisa, material que poderíamos chamar de ‘raiz’, afinal, o compositor gravou diretamente dos camponeses húngaros. Mas afinal, como Brahms se inspirou para compor estas danças? Malcolm McDonald assim nos explica:
“(…) essas datam de muito tempo, desde seu encantamento inicial com as melodias ciganas que ficou conhecendo por meio de Reményi. A atração exercida por estas melodias exóticas, com a sua conexão supostamente direta com uma tradição folclórica viva, foi aumentada pela amizade com Joachim – que era húngaro e compositor de pelo menos uma obra extremamente ambiciosa “à maneira húngara”.
(…) Brahms considerava as ‘Danças’ arranjos e, embora algumas das melodias possam de fato ser originais, a maior parte se origina de músicas ciganas populares do tipo czarda, muitas das quais podem ser encontradas em edições húngaras. (…) Brahms, na realidade, foi acusado de certo plágio dessas fontes, embora seja provável que ele tenha anotado a maioria das melodias de ouvido a partir do repertório de Reményi (…).
Ainda baseado em McDonald:
“Tudo isso de lado, as formas e intensificações que Brahms impôs ao seu material preferido são indiscutivelmente suas. As Danças são composições legítimas, mesmo que ele não tenha composto o material básico. (…). Brahms tira o máximo partido da liberdade rítmica, das oportunidades para ritmo cruzado e rubato, do estilo melódico popular e das cadências exoticamente moduladas que o meio de expressão oferecia”.
Ao contrário de outras ocasiões em que trouxe essas obras, hoje às ofereço em três versões : para dois pianos, com as divinas irmãs Labèque, a versão orquestral imortalizada por Claudio Abbado em sua passagem pela Filarmônica de Viena, e uma versão muito especial, nas mãos do excepcional violinista Oscar Shumsky acompanhado por piano. Estas transcrições foram realizadas pelo próprio Joseph Joachim, violinista húngaro muito amigo de Brahms. Até ter acesso a este CD, só conhecia algumas destas danças tocadas neste formato em discos solos de violinistas, nunca em sua íntegra.
A pergunta é: qual a minha versão favorita? Poderia citar a versão para dois pianos imediatamente, pois foi meu primeiro contato com estas obras, e foi o CD que me apresentou as Irmãs Labèque, mas o colorido orquestral da Filarmônica de Viena e a riqueza melódica e rítmica extraída do violino de Shumsky tornam minha decisão mais difícil, por isso prefiro dizer que são as três, cada uma delas traz sua magia. Por isso recomendo as três.
P.S. Citações extraídas de McDonald, Malcolm. Brahms. Tradução Mario e Claudia Martinelli Gama. Jorge Zahar Editor, 1993.
01. Hungarian Dances: No.1 in G minor (Allegro molto)
02. Hungarian Dances: No.2 in D minor (Allegro non assai – Vivace)
03. Hungarian Dances: No.3 in F major (Allegetto)
04. Hungarian Dances: No.4 in F sharp minor (Poco sostenuto – Vivace)
05. Hungarian Dances: No.5 in G minor (Allegro – Vivace)
06. Hungarian Dances: No.6 in D major (Vivace)
07. Hungarian Dances: No.7 in F major (Allegretto – Vivo)
08. Hungarian Dances: No.8 in A minor (Presto)
09. Hungarian Dances: No.9 in E minor (Allegro ma non troppo)
10. Hungarian Dances: No.10 in F major (Presto)
11. Hungarian Dances: No.11 in D minor (Poco Andante)
12. Hungarian Dances: No.12 in D minor (Presto)
13. Hungarian Dances: No.13 in D major (Andantino grazioso – Vivace)
14. Hungarian Dances: No.14 in D minor (Un poco Andante)
15. Hungarian Dances: No.15 in B flat major (Allegretto grazioso)
16. Hungarian Dances: No.16 in F major (Con moto)
17. Hungarian Dances: No.17 in F sharp minor (Andantino – Vivace)
18. Hungarian Dances: No.18 in D major (Molto vivace)
19. Hungarian Dances: No.19 in B minor (Allegretto)
20. Hungarian Dances: No.20 in E minor (Poco Allegretto – Vivace)
21. Hungarian Dances: No.21 in E minor (Vivace)
Katia & Marielle Labèque – Pianos
Orquestra Filarmônica de Viena
Claudio Abbado – Condutor
Oscar Shumsky – Violino
Frank Maus – Piano
Béla Bartók (1881-1945): Quartetos Nº 2 a 4 (Tátrai) #BRTK140 Vol. 8 de 29
1 String quartet No. 2 in A minor, Sz. 67, BB 75 (Op. 17): I. Moderato
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 2, op. 17, Sz. 67, BB 75: I. Moderato
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1915 until 1917)
part of:
String Quartet no. 2, op. 17, Sz. 67, BB 75
10:04
2 String quartet No. 2 in A minor, Sz. 67, BB 75 (Op. 17): II. Allegro molto capriccioso
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 2, op. 17, Sz. 67, BB 75: II. Allegro molto capriccioso
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1915 until 1917)
part of:
String Quartet no. 2, op. 17, Sz. 67, BB 75
7:33
3 String quartet No. 2 in A minor, Sz. 67, BB 75 (Op. 17): III. Lento
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 2, op. 17, Sz. 67, BB 75: III. Lento
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1915 until 1917)
part of:
String Quartet no. 2, op. 17, Sz. 67, BB 75
8:44
4 String quartet No. 3 in C-sharp major, Sz. 85, BB 93: Prima parte. Moderato
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 3, Sz. 85, BB 93: I. Prima parte. Moderato
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1927)
part of:
String Quartet no. 3, Sz. 85, BB 93
4:36
5 String quartet No. 3 in C-sharp major, Sz. 85, BB 93: Seconda parte. Allegro
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 3, Sz. 85, BB 93: II. Seconda parte. Allegro
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1927)
part of:
String Quartet no. 3, Sz. 85, BB 93
5:37
6 String quartet No. 3 in C-sharp major, Sz. 85, BB 93: Ricapitulazione della prima parte. Moderato
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 3, Sz. 85, BB 93: III. Ricapitulazione della prima parte. Moderato
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1927)
part of:
String Quartet no. 3, Sz. 85, BB 93
2:53
7 String quartet No. 3 in C-sharp major, Sz. 85, BB 93: Coda. Allegro molto
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 3, Sz. 85, BB 93: IV. Coda. Allegro molto
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1927)
part of:
String Quartet no. 3, Sz. 85, BB 93
1:57
8 String quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: I. Allegro
string quartet:
Takács Quartet
recording of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95: I. Allegro
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1928)
part of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95
6:05
9 String quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: II. Prestissimo, con sordino
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95: II. Prestissimo, con sordino
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1928)
part of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95
2:57
10 String quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: III. Non troppo lento
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95: III. Non troppo lento
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1928)
part of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95
5:16
11 String quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: IV. Allegretto pizzicato
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95: IV. Allegretto pizzicato
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1928)
part of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95
2:44
12 String quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: V. Allegro molto
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95: V. Allegro molto
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1928)
part of:
String Quartet no. 4, Sz. 91, BB 95
5:20
Esta é a postagem de número 300 que preparo para o PQP Bach! Para esta festiva oportunidade, pelo menos para mim, escolhi um disco delicioso, com música de Vivaldi. O programa do disco reflete a sua capa, um maravilhoso buque de diversidade. Além disso, optei por escolher um disco que não enfatiza a individualidade, mas celebra a coletividade. É um disco com lindos concertos diversos com seus solos distribuídos pelos membros da orquestra, na medida em que são demandados.
O programa começa mui propriamente com uma abertura de ópera – Ottone – uma sinfonia, passando para um tradicionalíssimo concerto para violino – Amato Bene –, seguindo para concertos com instrumentos de sopros – fagote e oboés. E como o tema do disco é amor, temos o Concerto L’Amoroso, seguido por um concerto de câmara, com destaque para um alaúde. Para fechar a programação, dois concertos com muitos instrumentos, para fazer brilhar de vez a orquestra e os seus membros, numa festa pródiga em amor e alegria, coisas que andam aí um bocado em falta.
Este é o primeiro disco gravado pela Tafelmusik Baroque Orchestra sob a nova direção de Elisa Citterio que também é solista em alguns dos concertos.
Eu ouvi o disco numa preguiçosa manhã de domingo, sentado na varanda, tomando um solzinho nas pernas e lendo os jornais atrasados da semana (aqui recebemos os jornais em papel nas sextas-feiras, sábados e domingos) e fazendo as palavras cruzadas acolhendo as dicas dadas pela minha querida!
Antonio Vivaldi (1678 – 1741)
Ottone in Villa – Abertura
Allegro
Larghetto
Concerto para Violino em dó menor, RV 761 – ‘Amato Bene’
Allegro
Largo
Allegro
Concerto para fagote em ré menor, RV 481
Allegro
Larghetto
Allegro non molto
Concerto para 2 Oboés em dó maior, RV 534
Allegro
Largo
Allegro
Concerto para violino em mi maior, RV271 – ‘L’Amoroso’
Allegro
Cantabile
Allegro
Concerto para alaúde em ré maior, RV 93
Allegro
Largo
Allegro
Concerto para 4 violinos, viola e baixo contínuo, RV553
Allegro
Largo
Allegro
Concerto for 2 violinos, 2 oboés e fagote em ré maior, RV 564a
Allegro
Adagio non molto
Allegro
Elisa Citterio, violino e direção
Cristina Zacharias, violino
Patricia Ahern, violino
Geneviève Gilardeau, violin
Julia Wedman, violino
John Abberger, oboé
Marco Cera, oboé
Dominic Teresi, fagote
Lucas Harris, alaúde
Tafelmusik Baroque Orchestra
Gravado entre 30 de outubro até 2 de novembro de 2018, em Humbercrest United Church, Toronto, Canada
Gravado por TRITONUS Musikproduktion, Stuttgart, Alemanha
“In the collective imagination Vivaldi truly represents ‘l’italianità,’ or the Italian character.
Vivaldi’s music speaks unambiguously to people’s hearts.” —Elisa Citterio
The tempos all feel right, faster movements sounding upbeat but never breakneck, and slower movements given space to breathe but not enough to drag. Metrically, meanwhile, it’s precise but also far from rigid-sounding, thanks to sensitively shaped and coloured phrases and inventive ornamentation…where some bands will make a feature of their period instruments’ slightly less couth tonal tendencies, this lot definitely prefer polish.
Gramophone – January 2020
Depois você me escreva contando como foi que desfrutou desta belezura de disco!
Gostei de tudo neste disco, começando pela capa, colorida e jovial. E como a cada vez que acabo de ouvi-lo quero ouvir de novo, achei que deveria postá-lo.
É uma mistura de inovação e tradição que abrilhanta ainda mais o resultado. Temos dois excelentes concertos para piano de Mozart, mas não ainda aqueles maiorzões que viriam do vinte em diante. Os concertos são interpretados por uma jovem fortepianista russa que merece toda a nossa atenção (há outros surpreendentes discos da moça por aí…), acompanhada pela orquestra Il Gardellino, que foi formada há já mais de trinta anos pelo oboísta Marcel Ponseele e pelo flautista Jan De Winne. O selo Alpha garantia de bom acabamento.
Dito isso, sei que você já vai colocar o mouse em outros ícones, pois que eu também receava os instrumentos de época, mas calma, experimente este aqui. Os fortepianos (um para cada concerto) soam muito bem e audíveis aqui e a interpretação vale ser apreciada. Assim, se você quiser ouvir esta linda música com ouvidos renovados, vá em frente, caso contrário e insista em ser cringe, siga para outras gravações como a combinação Serkin, LSO e Abbado nos mesmos concertos. Nada contra, mas…
Estes dois concertos têm em comum o fato de terem sido compostos por Mozart para duas pianistas que cruzaram seu caminho em diferentes situações. O Concerto No. 9 foi composto para Victorie Jenamy, pianista francesa que passava por Salzburgo e era filha de um famoso coreógrafo. Ela o deve ter tocado pela primeira vez em 4 de outubro de 1777. Eu adoro o movimento lento deste concerto que é um dos mais significativos dos que foram compostos em Salzburgo.
O Concerto No. 17 foi escrito para uma aluna de Mozart, Maria Anna Barbara Ployer, que o estreou em 13 de junho de 1784 em um concerto no qual esteve presente Giovanni Paisello. Mozart devia confiar muito nos talentos da aluna com quem tocou também a Sonata para dois pianos, K. 448. Deve ter sido uma noite e tanto. A instrumentação do concerto é bem rica para os padrões, com flauta, oboés, fagotes e trompas, além das cordas. Ouça com atenção o início do movimento lento, quando esperamos ouvir a entrada do piano e ouvimos um pequeno trecho de flauta, oboé e fagote…
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Concerto para Piano No. 9 em mi bemol maior, K271 “Jeunehomme”
I am happy to say that Pashchenko and colleagues catch both [concertos] beautifully. Pashchenko is full of play and exuberance but never at the expense of the darker undercurrents of the music.
[…]
You can tell by my comparisons, that I feel Pashchenko’s conception of these works is essentially operatic rather than symphonic, which I think is as it should be. Without a sense of the dramatic narrative of these works, something of their magic gets lost and I, for one, believe that, in almost everything he wrote, Mozart was composing operas.
Trechos de uma crítica que você poderá ler na íntegra aqui.
É de alto nível, tem até obras com todos os movimentos, mas é um disco de gatinhos. É inevitável. Afinal, Oberlinger é uma estrela e estrelas raramente escapam de cometer esses discos para se popularizarem ainda mais. Mas… Seus méritos começam por ter permanecido exclusivamente em Bach, sem fazer salada de compositores. Então, quando digo que é de alto nível, quero deixar claro que as interpretações são esplêndidas, a audição do disco não provoca quebras de estilo ou de sonoridade e o disco é muito agradável, tanto que foi complicado deixar de ouvi-lo, pois é autêntico Bach, mesmo que sejam transcrições em sua maioria. O disco demonstra também que Bach não é apenas o Rei das Estruturas Polifônicas, mas também o Rei dos Melodistas. A alemã Oberlinger é uma craque em seu instrumento e Edin Karamazov (será que este sobrenome é real?) não lhe fica atrás. Recomendo fortemente a audição.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Peças arranjadas para flauta e alaúde (Oberlinger & Karamazov)
1 Bach: Nun komm, der Heiden Heiland, BWV 659 (Arr. for Recorder & Lute) 03:44
Concerto in D Minor, BWV 974, after Oboe Concerto, S.Z799 by Alessandro Marcello (Arr. for Recorder & Lute):
2 Bach: Concerto in D Minor, BWV 974, after Oboe Concerto, S.Z799 by Alessandro Marcello (Arr. for Recorder & Lute): I. Andante 03:12
3 Bach: Concerto in D Minor, BWV 974, after Oboe Concerto, S.Z799 by Alessandro Marcello (Arr. for Recorder & Lute): II. Adagio 03:17
4 Bach: Concerto in D Minor, BWV 974, after Oboe Concerto, S.Z799 by Alessandro Marcello (Arr. for Recorder & Lute): III. Presto0 3:48
Recorder Sonata in E Minor, BWV 1034:
5 Bach: Recorder Sonata in E Minor, BWV 1034: I. Adagio ma non tanto 03:09
6 Bach: Recorder Sonata in E Minor, BWV 1034: II. Allegro 02:46
7 Bach: Recorder Sonata in E Minor, BWV 1034: III. Andante 03:13
8 Bach: Recorder Sonata in E Minor, BWV 1034: IV. Allegro 05:03
Cello Suite No. 1 in G Major, BWV 1007:
9 Bach: Cello Suite No. 1 in G Major, BWV 1007: I. Prelude (Arr. for Lute solo) 03:16
Recorder Sonata in E Major, BWV 1035:
10 Bach: Recorder Sonata in E Major, BWV 1035: I. Adagio ma non tanto 02:16
11 Bach: Recorder Sonata in E Major, BWV 1035: II. Allegro 03:14
12 Bach: Recorder Sonata in E Major, BWV 1035: III. Siciliano 03:47
13 Bach: Recorder Sonata in E Major, BWV 1035: IV. Allegro assai 03:12
Partita in A Minor, BWV 1013:
14 Bach: Partita in A Minor, BWV 1013: I. Allemande 04:44
Suite in C Minor, BWV 997 (Arr. for Lute & Recorder):
15 Bach: Suite in C Minor, BWV 997 (Arr. for Lute & Recorder): I. Preludio 03:31
16 Bach: Suite in C Minor, BWV 997 (Arr. for Lute & Recorder): II. Fuga 05:25
17 Bach: Suite in C Minor, BWV 997 (Arr. for Lute & Recorder): III. Sarabande 04:00
18 Bach: Suite in C Minor, BWV 997 (Arr. for Lute & Recorder): IV. Gigue & Double 06:35
Erik Satie foi um importante precursor dos movimentos musicais do século passado. Foi um vanguardista. Influenciou Ravel e Debussy com sua música de paisagens estáticas. A música para Satie era uma mobília, um móvel que se adequa ao ambiente. A vida continua em seu fluxo e a música fica lá, parada, sem que a percebamos. Os efeitos psicológicos são notáveis. Por exemplo, enquanto estou aqui em casa lendo, esperando o tempo passar, o compositor é minha companhia. Mas é como eu não estivesse ouvindo nada. As pessoas passam no corredor, próximo ao meu apartamento, os carros buzinam, grades tilintam, chaves penduricalham; crianças gritam. Mas parece que não ouço nada. As miniaturas musicais de Satie são como rios marulhentos. Não percebemos a sua “viagem”. Todavia, às vezes, o seu ronco suave se expressa e aí lhe damos atenção. Satie destinava essa intenção à sua música. Queria que os ouvintes encarassem dessa forma aquilo que escrevia. Enquanto as sinfonias e concertos constituem universos, “teses”, “discursos eloquentes”, as peças de Satie são pequenos quadros, crônicas doces, suaves, “vagabundas”, miniaturas semimortiças. Mas, como é boa essa música!
Erik Satie (1866-1925) – Les Fils des Etoiles
01. Prélude du 1er Acte – La Vocation – Thème décoratif_ La nuit de Kaldée
02 – 1er Acte – La vocation
03 – Prélude du 2e Acte – L’Initiation – Thème decoratif_ La salle basse du Grand
04 – 2e Acte – L’Initiation
05 – Prélude du 3e Acte – L’Incantation – Thème decoratif_ La terasse du palais
06 – 3e Acte – L’Incantation
Lindo disco! Durante um tempo, este CD custava mais de R$ 1000 nos vendedores de discos usados da internet. Depois foi relançado com outra capa — a capa ao lado é a antiga — e seu preço voltou ao normal. Olha, vale muito a pena ouvir. Os discos de música antiga podem ser extraordinários, dependendo da escolha ou da pesquisa envolvida. Os compositores são venezianos e napolitanos em boa parte desconhecidos e estreantes no PQP Bach, à exceção de três. A lista geral é esta: Alessandro Piccinini (1566 – 1638), Giovanni Legrenzi (1626 – 1690), Bartolomeo Montalbano (1600 – 1651), Antonio Valente (c. 1540 – c. 1601), Giovanni Maria Trabaci (1575 – 1647), Cherubino Waesich (cerca de 1600 – 1650), Bernardo Storace (cerca de 1630 – após 1665), Carlo Gesualdo (1560-1613), Gioan-Pietro Del Buono (fl. 1641-), Salomone Rossi (1570 – cerca de 1630) e Giovanni de Macque (1550 – 1614). As peças vão desde a adorável introdução de “Lo Ballo dell’Intorcia” de Valente, à “Pastorale” de Storace, feitas de maneira maravilhosa e inventiva. Estas duas peças são especialmente belas. Ficamos com um pouco do cromatismo da Renascença italiana tardia (o sempre estranho Gesualdo e a Seconde Stravaganze de Macque). Vamos decididamente ao barroco com a sonata de Legrenze, tudo isso interpretado de forma inventiva, com bom gosto e, quando necessário, virtuosismo. Percussão e contínuo, tanto de teclado quanto dedilhados, adicionam cor. Aliás, o trabalho de Guido Balestracci e de seu grupo de violas, cordas e percussão é muito sensível e de notável senso de estilo. Coisa mais linda.
del Buono / Gesualdo / Legrenzi / Macque / Montalbano / Piccinini / Rossi / Storace / Trabaci / Valente / Waesich: Seconde Stravaganze — Música Antiga Veneziana e Napolitana (L’Amoroso)
1 Lo Ballo Dell’Intorcia (Tenore Del Paso E Mezzo)
Composed By – Antonio Valente
4:45
2 Moro, Lasso
Composed By – Carlo Gesualdo
3:32
3 La Moniche
Composed By – Alessandro Piccinini
5:59
4 Gagliarda 1, La Galante
Composed By – Giovanni Maria Trabaci
3:31
5 Sonata No. 7, Stravagante Sull’ Ave Maris Stella
Composed By – Gioanpietro del Buono
4:03
6 Sonata No. 6
Composed By – Giovanni Legrenzi
6:25
7 Canzone No. 2
Composed By – Cherubino Waesich
4:28
8 Sonata Sopra L’ Aria di Ruggiero
Composed By – Salomone Rossi
7:34
9 Gagliarda V Cromatica, La Trabacina
Composed By – Giovanni Maria Trabaci
2:50
10 Canzon No. 7, Cromatica
Composed By – Giovanni Maria Trabaci
3:03
“L’arte del violino é uma composição musical notável e influente do violinista e compositor barroco italiano Pietro Locatelli. Os doze concertos foram escritos para violino solo, cordas e baixo contínuo e foram publicados em 1733 como a terceira obra do compositor. O estilo virtuoso e a arte presentes no trabalho influenciaram fortemente o violino no século XVIII e cimentaram a reputação de Locatelli como pioneira na técnica moderna de violino.”
Assim esta obra nos é apresentada na Wikipedia: Uma coleção de concertos para violino onde se exploram todos os recursos do instrumento. Pouco conhecidas, se comparadas com seu contemporâneo Antonio Vivaldi, estas obras não são muito interpretadas quanto as do veneziano ilustre, mas nos mostram o que acontecia na Europa naquelas primeiras décadas do século XVIII. Locatelli foi um cidadão do mundo, morou em diversas cidades na Europa, até se estabalecer em Amsterdam, onde veio a falecer, e foi ali que lançou esta coleção. Não as colocaria no mesmo nível das obras de Vivaldi, mas há de se destacar o virtuosismo e a evolução da técnica violinística que eles nos apresentam.
“Cada um dos doze concertos em L’arte del violino contém os três movimentos tradicionais, com a progressão típica de dois movimentos mais rápidos em torno de um movimento médio mais lento e mais contemplativo. Em cada concerto, os dois movimentos externos contêm o que é conhecido como capriccio. Esses capricci, geralmente com duração de vários minutos, podem ser descritos como uma espécie de cadência de violino tocada extemporaneamente, durante a qual o solista tem ampla oportunidade de mostrar sua habilidade com o instrumento. Os intervalos capricci contradizem o formato esperado do concerto solo, ocorrendo antes do ritornello final dos tutti. São esses 24 extraordinários intervalos capricci pelos quais L’arte del violino alcançou sua fama, pois são descritos como “as passagens de violino mais difíceis de toda a literatura barroca”.(Wikipedia)”
Para nos apresentar alguns destes concertos, temos aqui um dos maiores especialistas em violino barroco da atualidade, Giuliano Carmignola, que creio dispensar apresentações. O trio Carmignola / Venice Baroque Orchestra / Andrea Marcon já nos proporcionou ótimos momentos com seus já históricos registros das obras de Vivaldi.
Espero que apreciem, e aguardem, pois vem mais Locatelli por aí.
Pietro Locatelli (1695-1764): L´Art del Violin, op. 3 – Carmignola, Venice Baroque Orchestra, Andrea Marcon
01. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – I. Allegro
02. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – Capriccio
03. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – II. Largo Andante
04. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – III. Andante
05. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – Capriccio
06. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – I. Allegro
07. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – Capriccio
08. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – II. Largo
09. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – III. Andante
10. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – Capriccio
11. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – I. Andante
12. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – Capriccio
13. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – II. Largo
14. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – III. Andante
15. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – Capriccio
16. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – I. Allegro
17. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – II. Largo
18. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – Capriccio
19. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – III. Allegro
20. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – Capriccio
Na série BRTK140, já falamos individualmente sobre cada quarteto, então vamos focar no raro Quinteto para Piano. Béla Bartók começou a escrever seu Quinteto para Piano em Berlim, aos 22 anos (outubro de 1903), não muito depois de se formar na Academia Liszt de Budapeste. Esta foi uma época em que sua música estava sob a influência de Richard Strauss e Debussy. Em 1902, Bartók tinha ouvido Also sprach Zarathustra e a impressão recebida por ele era aparente no poema sinfônico recém-concluído, Kossuth. Simultaneamente, Bartók também estava começando a explorar uma linguagem musical nacional como forma de expressar a identidade húngara, e essa tensão entre a tradição clássica europeia e o desejo de forjar algo novo caracteriza grande parte do quinteto. A obra foi concluída no verão de 1904 na Hungria, e apresentada pela primeira vez em Viena, no Ehrbar Saal, em 21 de novembro pelo Prill Quartet, com o próprio compositor assumindo o piano. Como ele comentou em uma carta alguns dias depois a seu professor de piano da Academia, István Thomán: ‘A dificuldade de meu quinteto prejudicou gravemente a primeira apresentação — mas, afinal de contas, de alguma forma ele foi aprovado. O público gostou ao ponto de voltarmos e vezes ao palco.’ As críticas foram amplamente positivas. O crítico do Welt Blatt , no entanto, foi menos gentil, observando que “um talento inconfundível luta com um vício questionável de efeitos distintos, que não raramente são totalmente repulsivos”… O quinteto foi posteriormente revisado e a nova versão foi interpretada pela primeira vez em 7 de janeiro de 1921. Com o passar dos anos, Bartók passou a detestar a peça. Zoltán Kodály pensou que Bartók tinha destruído totalmente a obra. Ela sumiu. Só que foi redescoberta pelo estudioso de Bartók Denijs Dille. Isso em janeiro de 1963. Ela nunca se tornou popular, mas Janine Jansen a ama e é a atual “dona” da peça. Digo que é “dona” porque ela a divulga onde e quando pode com seu enorme talento e 1,85m. É realmente uma obra que não parece ser de Bartók. Talvez o último movimento possua algo de sua voz, mas é só. Eu gosto muito do Quinteto pelo extravasamento de sinceridade juvenil, o que paradoxalmente o torna mais claro para os aficionados e mais obscuro para o público. Estou com Janine nessa. Mas…
A gravação do Tátrai com a pianista Csilla Szabó é ainda melhor. Os húngaros, sabe?
Béla Bartók (1881-1945): Quinteto para Piano / Quarteto Nº 1 (Tátrai / Szabó) #BRTK140 Vol. 7 de 29
1 Piano quintet, BB 33, DD 77 (revised): I. Andante – allegro
piano:
Csilla Szabó
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
Piano Quintet, Sz. 23: I. Andante
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1903 until 1904)
part of:
Piano Quintet, Sz. 23
11:58
2 Piano quintet, BB 33, DD 77 (revised): II. Vivace (Scherzando)
piano:
Csilla Szabó
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
Piano Quintet, Sz. 23: II. Vivace (Scherzando)
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1903 until 1904)
part of:
Piano Quintet, Sz. 23
7:58
3 Piano quintet, BB 33, DD 77 (revised): III. Adagio
piano:
Csilla Szabó
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
Piano Quintet, Sz. 23: III. Adagio
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1903 until 1904)
part of:
Piano Quintet, Sz. 23
10:43
4 Piano quintet, BB 33, DD 77 (revised): IV. Poco a poco più vivace
piano:
Csilla Szabó
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
Piano Quintet, Sz. 23: IV. Poco a poco più vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1903 until 1904)
part of:
Piano Quintet, Sz. 23
7:45
5 String quartet No. 1 in A minor, Sz. 40, BB 52 (Op. 7): I. Lento (attacca)
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 1, Sz. 40, BB 52: I. Lento
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1908 until 1909)
part of:
String Quartet no. 1, Sz. 40, BB 52
9:33
6 String quartet No. 1 in A minor, Sz. 40, BB 52 (Op. 7): II. Allegretto
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 1, Sz. 40, BB 52: II. Allegretto
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1908 until 1909)
part of:
String Quartet no. 1, Sz. 40, BB 52
8:49
7 String quartet No. 1 in A minor, Sz. 40, BB 52 (Op. 7): III. [Introduzione] – allegro (attacca)
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 1, Sz. 40, BB 52: Introduzione [Allegro] – III. Allegro vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1908 until 1909)
part of:
String Quartet no. 1, Sz. 40, BB 52
1:30
8 String quartet No. 1 in A minor, Sz. 40, BB 52 (Op. 7): IV. Allegro vivace
string quartet:
Tátrai Quartet
partial recording of:
String Quartet no. 1, Sz. 40, BB 52: Introduzione [Allegro] – III. Allegro vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (from 1908 until 1909)
part of:
String Quartet no. 1, Sz. 40, BB 52
10:04
Demorei muito para desgrudar desta obra sensacional que é Caribbean Rhapsody. Trata-se de um brilhante álbum do saxofonista James Carter composto e orquestrado por Roberto Sierra e que foi lançado em 2011, um disco excelente que busca uma fusão entre o jazz e o clássico, fazendo-o de forma muito convincente e estimulante. É uma música que desafia aqueles que estão entediados com o comum e o repetitivo. O Concerto para Saxofones e Orquestra (3 movimentos) é um verdadeiro híbrido jazz-clássico e seria puro clássico se não houvesse seções para dar a JC a chance de mostrar suas habilidades de improvisação. O movimento de abertura às vezes soa como se fosse uma peça perdida de Stravinsky. É um belo trabalho que nos coloca em um modo mágico — como no cinema — para apreciar o quadro que está sendo pintado pela mistura de Carter. A combinação de clássico, jazz e de timbres e ritmos latinos ficou esplêndida, tanto no concerto quanto nas 3 outras peças. E a Caribbean Rhapsody é inacreditavelmente linda e MARAVILHOSA!
James Carter: Caribbean Rhapsody
1 Concerto para Saxofones e Orquestra: Rítmico
Composed By – Roberto Sierra
Conductor – Giancarlo Guerrero
Instruments – Sinfonia Varsovia Orchestra*
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – James Carter (3)
4:52
2 Concerto para Saxofones e Orquestra: Tender
Composed By – Roberto Sierra
Conductor – Giancarlo Guerrero
Instruments – Sinfonia Varsovia Orchestra*
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – James Carter (3)
7:04
3 Concerto para Saxofones e Orquestra: Playful – Fast (With Swing)
Composed By – Roberto Sierra
Conductor – Giancarlo Guerrero
Instruments – Sinfonia Varsovia Orchestra*
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – James Carter (3)
7:39
4 Tenor Interlude
Composed By – James Carter (3)
Tenor Saxophone – James Carter (3)
5:34
5 Caribbean Rhapsody
Bass – Kenny Davis
Cello, Leader – Akua Dixon
Composed By – Roberto Sierra
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – James Carter (3)
Viola – Ron Lawrence
Violin [1] – Patrisa Tomasini
Violin [2] – Chala Yancy
Violin [Solo] – Regina Carter
13:37
6 Soprano Interlude
Composed By – James Carter (3)
Soprano Saxophone – James Carter (3)
6:14
Concerto for Saxophones and Orchestra was recorded on 21 December 2009 at the Witold Lutoslawski Concert Studio of Polish Radio in Warsaw, Poland.
Caribbean Rhapsody was recorded on 18 March 2010 at Avatar Studios in New York City.
Tenor Interlude & Soprano Interlude were recorded on 19 March 2010 at Avatar Studios in New York City.
Track 5 features “The Akua Dixon String Quintet” consisting of: Patrisa Tomasini, Chala Yancy, Ron
Lawrence, Akua Dixon, and Kenny Dixon.
dizem que ainda tem até luar no sertão, até capivara e suçuarana — não, eu não sou contra o progresso (“o progresso é natural”) mas uma garrafinha de refrigerante americano não é capaz de ser como um refresco de maracujá feito de fruta mesmo (Rubem Braga, 1953).
Rubem Braga e Alberto Ginastera têm alguns elementos em comum: em primeiro lugar, o gosto pelas tradições e folclore de seus países em um século de acelerada modernização, urbanização e introdução do american way of life (american do norte, claro). Em segundo lugar, a oposição a governos que promoveram a mão de ferro essa modernização acelerada, oposição que lhes custou muitas oportunidades, não tenham dúvidas. Rubem Braga foi um crítico feroz de Getúlio Vargas e do regime de 1964, procurem a crônica “Os filhos dos torturadores”, onde ele lamenta a sorte das crianças que vão carregar “aquele rabo sujo de sangue”. Ginastera foi expulso do Conservatório de La Plata ao se opor quando o governo quis batizar o conservatório com o nome de Evita Perón. Depois, na década de 1960, a ópera Bomarzo foi censurada pelo regime militar argentino por motivos de depravação sexual. Ginastera, em resposta, proibiu todas as suas obras de serem tocadas em Buenos Aires naquele período.
É importante notar que Ginastera não se opunha a Perón ou aos generais torturadores porque era de outro partido político. Assim como Rubem Braga (e muito ao contrário de Villa-Lobos, mas isso é outra história), ele sempre se manteve longe da política, o que é bem diferente de ser um isentão em cima do muro. Não hesitava quando se tratava de condenar a censura ou o autoritarismo. Mas o que lhe interessava realmente não era o progresso (cinquenta anos em cinco… a que custo?), era a cultura popular sul-americana, que ele homenageou em obras como Danzas argentinas(1937), Obertura para el Fausto criollo (1943) e Popol Vuh, La creación del mundo maya (1975).
O primeiro concerto para violoncelo e orquestra de Ginastera, composto em 1968 e revisado em 1977, tem três movimentos mas, ao invés de seguir o formato usual de allegro/adagio/allegro, faz uma espécie de arco bartókiano, começando e terminando suave, com um Presto sfumato no meio, que por sua vez tem no centro um Trio notturnale com harpa, que evoca uma serenata, como na sétima sinfonia de Mahler. Como escreveu Ginastera, sua linguagem se caracterizava por “uso de ritmos frenéticos, melodias contemplativas e polifonias veementes, choques repentinos, complexos cromáticos e micro-cromáticos, elementos visionários e alucinatórios e um certo clima misterioso que poderia evocar um espírito associado com a América do Sul.”
O segundo concerto para violoncelo, de 1981 – dois anos antes da morte de Ginastera – é dedicado à violoncelista Aurora Nátola, esposa do compositor, para comemorar seus dez anos de casamento. É um concerto de um homem apaixonado, a partitura tem epígrafes de grandes poetas no início de cada movimento. O coração do concerto é o terceiro movimento, um noturno com citação do poeta Apollinaire, inventor do termo “surrealismo” e morto de gripe espanhola em 1918. Com uma abundância de descrições de luares, sapos, brejos e florestas, esse terceiro movimento termina calmo, dando lugar a uma longa cadência para o violoncelo, com um lirismo que lembra Villa-Lobos, para depois arrematar tudo com um finale rustico.
Aurora Nátola-Ginastera recebeu este último sobrenome em 1971. Antes disso a violoncelista já havia feito seu nome no meio musical. Nascida em Buenos Aires e aluna de Pablo Casals, ela e a orquestra espanhola que a acompanha combinam com esse repertório como o luar combina com o sertão.
Alberto Ginastera (1916-1983) Cello Concerto No.1,Op.36
1. Adagio molto appassionato
2. Presto sfumato
3. Assai mosso ed esaltato – Largo amoroso
Cello Concerto No.2,Op.50
4. Metamorfosi di un tema
5. Scherzo sfuggevole
6. Nottilucente
7. Cadenza e Finale rustico
Cello – Aurora Natola-Ginastera
Conductor – Max Bragado Darman
Orquesta Sinfónica de Castilla y Leon
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Bem, meus caros. Eu não sou a pessoa mais indicada para comentar este disco. Sei de sua alta qualidade artística, mas não consegui ouvir até o final. É muito romantismo para meu coração duro e burro. É tudo muito bonito, mas penso que faltam sangue e música, sobrando ornamentos e virtuosismo. Aliás, esta é uma tola opinião (e agressão beócia) pessoal de quem não aprecia o gênero. É claro que o disco é incensado e todos o elogiam, é claro que trata-se de um real consenso, é claro que há poesia e conteúdo sob a técnica vistosa, mas o que posso fazer se não me dou conta deles? Sim, sei: Nelson Freire é um autêntico gênio. É também uma pessoa modesta e inteligente, cujo virtuosismo e sensibilidade são lendários, mas sabe quando é não pra gente? Pois é. Só que jamais deixaria de postar um disco do qual tantos de vocês fruirão sem dar a mínima para PQP Bach. E ele (o disco) está aí.
Franz Liszt (1811-1886): Harmonies Du Soir (Nelson Freire)
2 Etudes De Concert, S.145
1 No.1 Waldesrauschen 04:00
Années De Pèlerinage: 2ème Année: Italie, S.161
2 Sonetto 104 Del Petrarca 05:57
Valse Oubliée No.1 In F Sharp, S.215
3 Valse Oubliée No.1 In F Sharp, S.215 02:45
Ballade No.2 In B Minor, S.171
4 Ballade No.2 In B Minor, S.171 13:43
Années De Pèlerinage: 1e Année: Suisse, S.160
5 Au Lac De Wallenstadt 02:45
Hungarian Rhapsody No.3 In B Flat, S.244
6 Hungarian Rhapsody No.3 In B Flat, S.244 04:25
6 Consolations, S. 172
7 No. 1 In E Major (Andante Con Moto) 01:42
8 No. 2 In E Major (Un Poco Più Mosso) 02:31
9 No. 3 In D Flat Major (Lento, Placido) 04:22
10 No. 4 In D Flat Major (Quasi Adagio) 02:59
11 No. 5 In E Major (Andantino) 02:21
12 No. 6 In E Major (Allegretto, Sempre Cantabile) 02:11
Este álbum duplo é uma joia. É claro que Esfahani tem lá suas idiossincrasias, mas a luz que ele muitas vezes joga sobre a partitura compensa qualquer nariz torcido aqui e ali. Abaixo, coloco uma reportagem do Guardian com ele. Pretendia apenas colocar os primeiros parágrafos biográficos, mas me entusiasmei com o conteúdo humano e traduzi metade do texto. O link está logo a seguir.
Mahan Esfahani tinha nove anos quando ouviu um cravo pela primeira vez. Ele e seus pais estavam visitando o Irã, país onde ele nasceu e do qual sua família havia partido para os Estados Unidos cinco anos antes. “Um tio me deu um monte de fitas cassete”, diz ele. “Uma era de Karl Richter [o maestro e cravista alemão] tocando Bach. Bem, eu escutei e pensei: ‘Isso é o que eu tenho que fazer.’ Não quero dizer em termos de carreira. Só pensei que minha vida seria boa na companhia deste instrumento. Achei que conseguiria uma profissão, que é o que todo pai iraniano deseja para seu filho, e que — uma vez que fosse médico ou advogado — poderia comprar um cravo e tocar em casa ”.
Foi como se apaixonar? “Sim, absolutamente foi.” Ele pode descrever como o som disso o fez se sentir? Ele pensa por um momento: é difícil colocar em palavras. “Quando tocava flauta ou violino, o que tocava a sério, era como se tivesse uma mão tapando a minha boca. No segundo em que toquei um cravo, foi como se a mão tivesse sido removida. Este era o som que eu procurava para me expressar. ”
Conduzir esse novo caso de amor não foi fácil nos subúrbios da América (a família morava em Rockville, Maryland). Tudo o que ele podia fazer era pegar emprestado o maior número possível de gravações da biblioteca e praticar piano na esperança de que um dia seus dedos corressem pelo teclado de um cravo. “Mas um fim de semana, quando eu tinha 16 anos, duas grandes coisas aconteceram: fui convidado para minha primeira festa e meu pai comprou um cravo e nós o montamos. Lembro que minha mãe ficou chateada, porque tivemos que mudar um arranjo de flores. ”
Pelos próximos dois anos, ele mexeu neste instrumento, conhecendo-o, aprendendo a afiná-lo, e então ele foi para a Universidade de Stanford, onde deveria estudar medicina, depois direito e história (ele foi mudando de ideia). Na verdade, o que ele fez principalmente foi ficar perto do corpo docente de música. “Comecei a ter aulas de cravo imediatamente. Tocar era tudo que eu queria fazer, o tempo todo. ” Ele persuadiu seus pais a deixá-lo estudar musicologia; prometeu fazer um doutorado e se tornar um acadêmico. Mas quando ele estava pronto para se formar, ele teve outras ideias: “Eu queria tentar essa coisa de cravo”.
Esfahani e eu estamos conversando em uma sala de ensaios no Wigmore Hall, em Londres, onde ele vai tocar, entre outras peças, a Suíte de Bach em Sol Menor. Agora um cravista aclamado com reputação internacional, Esfahani, que nasceu em 1984 , faz parte de uma nova geração de intérpretes que estão ajudando a dar, como disse Alex Ross no New Yorker no ano passado, “um perfil quase hipster para um instrumento que muitas vezes foi estereotipado como arcaico”. Você poderia dizer, então, que “a coisa do cravo” deu certo no final.
E ainda assim, ele está inquieto. A luta, para ele, ainda não acabou. “Cada carreira é apenas uma série eterna de pequenos intervalos”, diz ele. “Tive minhas férias e estou feliz. Mas, em termos de levar o cravo onde ele precisa estar… Isso ainda não aconteceu. Quando as pessoas ouvem a palavra ‘cravo’, sobem a guarda. Você tem que empurrar o lado musical e o lado do envolvimento, é claro. Mas você também tem que atacar dizendo: ‘Vamos, pessoal, desistam desses preconceitos’ também. O cravo é como o menino bonito e elegante da prisão. Ele vai levar uma surra ”.
Ele definitivamente não está errado sobre isso. Dada sua reputação refinada — imagine filhas obedientes em vestidos de musselina com raminhos, ou talvez os tipos sérios que Kingsley Amis descreve na cena madrigal em Lucky Jim — o cravo é um instrumento estranhamente polêmico, um instrumento que divide opiniões. Para alguns, ele sempre trará à mente a melodia temática da Família Addams, uma associação que alguns podem considerar inteiramente apropriada. O maestro Thomas Beecham comparou com o barulho feito por “dois esqueletos copulando em um telhado de zinco”; o compositor John Cage comparou-o a uma máquina de costura.
Mas mesmo aqueles que amam o instrumento estão frequentemente em guerra — mesmo que apenas com eles mesmos. A Terra do Cravo, como Esfahani gosta de chamá-la, é um reino peculiar e às vezes um tanto perverso que há muito é habitado por duas facções: os defensores da música antiga, cuja obsessão é com a autenticidade; e os modernistas, que anseiam por expandir o cânone, na esperança de que o cravo possa encher novamente as maiores salas de concerto. Tudo isso cria um território complicado — a ponto dos cravistas se sentirem levado a se descrever como sofrendo de um “complexo de perseguição”.
Seus problemas são duplos. Primeiro, como ele tem que seduzir aqueles que insistem que preferem ouvir piano, o instrumento que substituiu o cravo ao longo do século XVIII. Em segundo lugar, como ele pode convencer os puristas de que é possível ser tradicionalista e modernista? Esfahani ama Bach, como sabe qualquer pessoa que ouviu sua recente série na Radio 3 sobre o compositor; Bach é o fio de ouro que percorre sua vida. Mas ele também é conhecido, hoje em dia, por tocar música mais moderna: Poulenc, Ligeti, até John Cage (a vingança assume várias formas). “Não posso ser apenas eu mesmo?” Ele pergunta, sua voz aumentando o volume.
Depois de Stanford, ele foi para Boston, onde teve aulas diárias com Peter Watchorn, um especialista em Bach. Watchorn o protegeu, mas não foi um momento feliz. Esfahani e seus pais não estavam se falando. ; ele estava sem dinheiro e recém aceitando sua sexualidade. “Eu não queria sentar no fundo de um conjunto e tocar o contínuo”, diz ele. “Queria ser solista. Mas para fazer isso, eu sabia que tinha que ir para a Europa, e não tinha apoio financeiro nem visto. Acho que a amargura daqueles anos me levou a falar muito mais tarde para a mídia sobre como há desvantagens para as pessoas [na música clássica] se elas não são europeias ou têm a etnia certa. Ainda acredito nisso, mas talvez haja maneiras mais agradáveis de dizer isso.” Ainda assim, ele continuou pressionando. “Você ouve isso o tempo todo: ele é ambicioso. Mas eu tinha que ser.”
O que aconteceu a seguir, entretanto, foi mais o resultado da sorte do que de determinação. Tendo finalmente chegado a Milão — ele respondeu a um anúncio que oferecia a chance de estudar órgão lá — ele então viajou para Londres para tocar em um evento privado. Esteve presente alguém da BBC e, graças a isso, em 2008 tornou-se o primeiro cravista a ser nomeado artista da nova geração da Rádio 3 da BBC . “Foi bizarro”, diz ele. “Porque eu não tinha carreira nenhuma naquela época.” Tudo o que ele fez foi um punhado de recitais.
Ele se mudou para Oxford — outro fato improvável, e tornou-se artista residente no New College — e depois para Londres, onde gravou o máximo possível. “Mas as orquestras da BBC… Eles não queriam fazer concertos de Bach.” Para a BBC Scottish Symphony Orchestra, ele concordou em tocar o concerto para cravo de Poulenc — ele o aprendeu linha por linha — e isso acabou sendo o começo de algo. “Depois de cinco anos, eu tinha tocado a maior parte do repertório contemporâneo e era conhecido como o cara que tocava música nova – algo que só comecei a fazer por necessidade.”
Em 2010, alguém lhe contou sobre um concerto do compositor tcheco Viktor Kalabis, uma “obra-prima” que ele tocou então com a BBC Concert Orchestra. “Kalabis era marido da [cravista] Zuzana Růžičková. Ela ouviu no rádio e me escreveu para me dar os parabéns. ‘Oh, cara’, pensei. ‘Ela ainda está viva.’ Ela era um ídolo para mim.” Růžičková, uma sobrevivente do Holocausto, tocou com o maestro Herbert von Karajan, e entre seus alunos estava Christopher Hogwood, o fundador da Academia de Música Antiga. Esfahani persuadiu-a a ser sua professora. Ela recusou repetidamente (ela tinha câncer) — até que, um dia, depois de ouvi-lo tocar Haydn no piano, ela finalmente cedeu.
Růžičková mudou tudo para ele. “Tive muita insegurança quando a conheci. Eu não era francês. Eu não era holandês. Eu não era considerado kosher pela comunidade da música antiga. Ela disse: ‘Seja você mesmo.’ ”Ela morreu em 2017, mas Esfahani continua a viver em Praga, uma cidade onde, diz ele, existem cinco grandes orquestras — e onde todos sabem o que é um cravista.
(segue no link acima)
J. S. Bach (1685-1750): Partitas para Cravo (Esfahani)
Partita No 1 in B flat major BWV825[19’07]
CD1
1 Praeludium[1’53]
2 Allemande[3’20]
3 Corrente[3’01]
4 Sarabande[5’44]
5 Menuet I – Menuet II – Menuet I da capo[2’51]
6 Giga[2’18]
Partita No 2 in C minor BWV826[22’15]
7 Sinfonia[5’12]
8 Allemande[5’27]
9 Courante[2’19]
10 Sarabande[3’58]
11 Rondeaux[1’34]
12 Capriccio[3’45]
Partita No 6 in E minor BWV830[32’32]
13 Toccata[8’36]
14 Allemande[4’18]
15 Corrente[4’49]
16 Air[1’07]
17 Sarabande[4’56]
18 Tempo di Gavotta[2’46]
19 Gigue[6’00]
Partita No 3 in A minor BWV827[20’52]
CD2
20 Fantasia[2’33]
21 Allemande[3’46]
22 Corrente[3’02]
23 Sarabande[4’28]
24 Burlesca[2’15]
25 Scherzo[1’26]
26 Gigue[3’22]
Partita No 4 in D major BWV828[31’53]
27 Ouverture[6’24]
28 Allemande[10’18]
29 Courante[3’31]
30 Aria[2’18]
31 Sarabande[4’04]
32 Menuet[1’18]
33 Gigue[4’00]
Partita No 5 in G major BWV829[21’47]
34 Praeambulum[2’24]
35 Allemande[4’20]
36 Corrente[2’07]
37 Sarabande[4’52]
38 Tempo di Minuetta[1’53]
39 Passepied[1’53]
40 Gigue[4’18]
Eu amo os 44 duos de Bartók. Ouço-os há anos com sempre renovado prazer. Os 44 duos para dois violinos, Sz. 98, BB 104 são uma série de duetos compostos em 1931 por Béla Bartók. O compositor não pretendia que esta obra fosse tornar-se peça de concerto como se tornou eventualmente, mas sim uma obra útil para jovens estudantes. A obra foi encomendada por Erich Doflein, violinista e professor alemão, que perguntou a Bartók se ele arranjaria algumas das peças da série Para Crianças. Ele compôs outras obras neste período que pretendiam ser pedagógicas, como Mikrokosmos. Todas as canções e danças incluídas nesta série são baseadas na música folclórica de muitos países da Europa Oriental , mas a liberdade harmônica e rítmica é evidente em toda a peça. Em 1936, Bartók arranjou 6 dessas duos para piano, sob o título Petite Suite. Este trabalho está dividido em quatro livros, e a série avança em dificuldade. O primeiro e o segundo livro devem ser adequados para um aluno de nível básico, enquanto o terceiro livro é para um nível intermediário e o quarto livro para um nível avançado.
Só que amo ainda mais a extraordinária Sonata para 2 Pianos e Percussão, uma das obras-primas e fundamentais de Bartók. A Sonata para Dois Pianos e Percussão , Sz. 110, BB 115, foi escrita por Béla Bartók em 1937. Ela foi estreada pelo compositor e sua segunda esposa, Ditta Pásztory-Bartók, aos pianos, com os percussionistas Fritz Schiesser e Philipp Rühlig, A data de estreia foi 16 de janeiro de 1938, em Basel, Suíça, onde recebeu críticas entusiasmadas. Bartók e sua esposa também tocaram as partes de pianos na estreia norte-americana, que teve lugar em Nova York, com os percussionistas Saul Goodman e Henry Deneke. Desde então, tornou-se uma das obras mais executadas de Bartók. A partitura requer quatro intérpretes: dois pianistas e dois percussionistas, que tocam sete instrumentos entre eles: tímpanos, bumbo, pratos , triângulo, caixa, tam-tam e xilofone. Na partitura publicada, o compositor fornece instruções altamente detalhadas para os percussionistas, estipulando, por exemplo, qual parte de um prato suspenso deve ser batido com que tipo de baqueta. Ele também fornece instruções precisas para o posicionamento dos quatro intérpretes e seus instrumentos.
É uma verdadeira obra-prima que, em 1940, por sugestão de seu editor e agente, Bartók orquestrou, criando o Concerto para Dois Pianos, Percussão e Orquestra. Mas ouvir a Sonata é melhor, garanto-lhes. As partes dos quatro solistas permanecem basicamente inalteradas. A estreia mundial foi no Royal Albert Hall, em Londres, em um concerto da Royal Philharmonic Society em 14 de novembro de 1942, com os percussionistas Ernest Gillegin e Frederick Bradshaw, os pianistas Louis Kentner e Ilona Kabos, e a Orquestra Filarmônica de Londres, dirigida por Sir Adrian Boult. O compositor e Ditta Pásztory-Bartók foram solistas de piano em uma apresentação desta versão em Nova York em janeiro de 1943, com a Filarmônica de Nova York sob Fritz Reiner. Esta foi a última aparição pública de Bartók como pianista. Ele morreu de leucemia em 1945.
Béla Bartók (1881-1945): 44 duos para 2 violinos / Sonata para 2 Pianos e Percussão (Szűcs, Wiłkomirska, Kocsis, Dezső) #BRTK140 Vol. 6 de 29
1 Fourty-four duos for 2 violins, Sz. 98, BB 104: Volume 1: I. Párosító / II. Kalamajkó / III. Menuetto / IV. Szentivánéji
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist) and Wanda Wiłkomirska (violinist)
partial recording of:
44 Duos for Two Violins, Sz. 98, BB 104
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1931)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 104) and Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 98)
3:33
2 Fourty-four duos for 2 violins, Sz. 98, BB 104: Volume 1: V. Tót nóta 1. / VI. Magyar nóta 1. / VII. Oláh nóta / VIII. Tót nóta 2. / IX. Játék
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist) and Wanda Wiłkomirska (violinist)
partial recording of:
44 Duos for Two Violins, Sz. 98, BB 104
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1931)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 104) and Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 98)
4:42
3 Fourty-four duos for 2 violins, Sz. 98, BB 104: Volume 1: X. Rutén nóta / XI. Gyermekrengetéskor / XII. Szénagyûjtéskor / XIII. Lakodalmas / XIV. Párnás tánc
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist) and Wanda Wiłkomirska (violinist)
partial recording of:
44 Duos for Two Violins, Sz. 98, BB 104
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1931)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 104) and Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 98)
5:54
4 Fourty-four duos for 2 violins, Sz. 98, BB 104: Volume 2: XV. Katonanóta / XVI. Burleszk / XVII. Menetelõ nóta 1. / XVIII. Menetelõ nóta 2.
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist) and Wanda Wiłkomirska (violinist)
partial recording of:
44 Duos for Two Violins, Sz. 98, BB 104
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1931)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 104) and Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 98)
3:40
5 Fourty-four duos for 2 violins, Sz. 98, BB 104: Volume 2: XIX. Mese / XX. Dal / XXI. Újévköszöntõ 1. / XXII. Szúnyogtánc / XXIII. Menyasszony-búcsúztató / XXIV. Tréfás nóta / XXV. Magyar nóta 2.
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist) and Wanda Wiłkomirska (violinist)
partial recording of:
44 Duos for Two Violins, Sz. 98, BB 104
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1931)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 104) and Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 98)
8:45
6 Fourty-four duos for 2 violins, Sz. 98, BB 104: Volume 3: XXVI. “ugyan édes komámasszony…” / XXVII. Sánta tánc / XXVIII. Bánkódás / XXIX. Újévköszöntõ 2. / XXX. Újévköszöntõ 3. / XXXI. Újévköszöntõ 4.
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist) and Wanda Wiłkomirska (violinist)
partial recording of:
44 Duos for Two Violins, Sz. 98, BB 104
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1931)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 104) and Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 98)
5:59
7 Fourty-four duos for 2 violins, Sz. 98, BB 104: Volume 3: XXXII. Máramarosi tánc / XXXIII. Aratáskor / XXXIV. Számláló nóta / XXXV. Rutén kolomejka / XXXVI. Szól a duda 2.
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist) and Wanda Wiłkomirska (violinist)
partial recording of:
44 Duos for Two Violins, Sz. 98, BB 104
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1931)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 104) and Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 98)
6:31
8 Fourty-four duos for 2 violins, Sz. 98, BB 104: Volume 4: XXXVII. Prelúdium és kánon / XXXVIII. Forgatós / XXXIX. Szerb tánc / XL. Oláh tánc
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist) and Wanda Wiłkomirska (violinist)
partial recording of:
44 Duos for Two Violins, Sz. 98, BB 104
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1931)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 104) and Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 98)
5:07
9 Fourty-four duos for 2 violins, Sz. 98, BB 104: Volume 4: XLI. Scherzo / XLII. Arab dal / XLIII. Pizzicato / XLIV. Erdélyi tánc
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist) and Wanda Wiłkomirska (violinist)
partial recording of:
44 Duos for Two Violins, Sz. 98, BB 104
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1931)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 104) and Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 98)
5:20
10 Sonata for 2 pianos & 2 percussion, Sz. 110, BB 15: I. Assai lento – allegro molto
piano:
Zoltán Kocsis (pianist) and Ránki Dezső
recording of:
Sonata for 2 Pianos and Percussion, Sz. 110, BB 115: I. Assai lento
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1937)
part of:
Sonata for 2 Pianos and Percussion, Sz. 110, BB 115
12:30
11 Sonata for 2 pianos & 2 percussion, Sz. 110, BB 15: II. Lento ma non troppo
piano:
Zoltán Kocsis (pianist) and Ránki Dezső
recording of:
Sonata for 2 Pianos and Percussion, Sz. 110, BB 115: II. Lento, ma non troppo
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1937)
part of:
Sonata for 2 Pianos and Percussion, Sz. 110, BB 115
6:12
12 Sonata for 2 pianos & 2 percussion, Sz. 110, BB 15: III. Allegro non troppo
piano:
Zoltán Kocsis (pianist) and Ránki Dezső
recording of:
Sonata for 2 Pianos and Percussion, Sz. 110, BB 115: III. Allegro non troppo
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1937)
part of:
Sonata for 2 Pianos and Percussion, Sz. 110, BB 115
Um bom disco. Bem barulhento também… A música (ou a religiosidade) de Lili Boulanger é austera e hierática. A de Stravinsky é muito mais ágil, rítmica e profana. Ele é bem melhor do que ela, ao menos nestas obras. John Eliot Gardiner é um dos maestros corais supremos, e tem sido interessante ouvi-lo em obras mais recentes do repertório coral. O equilíbrio de clareza e fervor que ele traz para a Sinfonia dos Salmos de Stravinsky enfatiza suas misturas de cores instrumentais e corais. Tudo muito original. Esta é a melhor gravação da peça desde Maazel, penso eu, e uma das melhores de sempre. A música de Lili Boulanger é um complemento adequado em todos os níveis, e Gardiner oferece total impacto emocional com leituras expansivas que demonstram a qualidade e a importância dessas obras.
Lili Boulanger (1893-1918): Psalms 24, 129 & 130 · Vieille Prière bouddhique | Igor Stravinsky (1882-1971): Symphony of Psalms (Gardiner)
Lili Boulanger (1893-1918)
1 Psaume 24 For Chorus, Organ And Orchestra 3:54
2 Psaume 129 For Chorus And Orchestra 7:31
3 Vieille Prière Bouddhique For Tenor, Chorus And Orchestra 8:27
4 “Du Fond De L’abime” (Psaume 130) For Contralto, Tenor, Chorus, Organ And Orchestra 27:26
Igor Stravinsky (1882-1971)
5-7 Symphony Of Psalms For Chorus And Orchestra On Texts From Psalms 38, 39 And 150 20:18
Choir – The Monteverdi Choir
Composed By – Igor Stravinsky, Lili Boulanger
Conductor – John Eliot Gardiner
Mezzo-soprano Vocals – Sally Bruce-Payne
Orchestra – The London Symphony Orchestra
Tenor Vocals – Julian Podger
Concluo essa série com uma dor no coração mas feliz, era um projeto antigo, que finalmente vingou, nestas idas e vindas que a vida dá.
O responsável aqui é o ótimo violoncelista Jean-Guillén Queyras, um dos nossos favoritos. É a juventude trazendo novos ares a estas obras tão batidas e gravadas, um sopro de novidade e vitalidade. Amo esse Concerto, já o conheço a incontáveis eras, já o trouxe com medalhões como Pierre Fournier, János Stárker, Rostropovich, e sei lá quantos mais. Mas volto a lembrar-lhes que muito tempo se passou desde que aqueles velhos mestres nos deixaram e ao mesmo tempo deixaram a responsabilidade sobre os ombros dessa nova geração (bem, nem tão nova assim, Queyras nasceu em 1967). Mas sua versatilidade, talento e virtuosismo se destacam e nos trazem um Schumann revitalizado. Vale a pena conferir.
A Freiburger Barockorchester traz uma nova dinâmica aos concertos que eu trouxe nessa série, nos fazendo mudar de perspectiva, acostumados que estamos aos grandes conjuntos orquestrais. Meu comentário na postagem anterior do Concerto para Piano, sobre a falta de sangue, suor e lágrimas mais do que nunca também se aplica aqui, afinal trata-se de uma obra que é do ápice do Romantismo. Mas ao mesmo tempo, tento esquecer os grandes conjuntos orquestrais por um momento, e me concentro mais na narrativa linear, segura e correta que o espanhol Heras – Casado (nome cuja sonoridade pode remeter a algumas interpretações irônicas em nosso idioma) imprime à orquestra. Não por acaso é um dos grande nomes da regência na atualidade.
Minha opinião sobre o conjunto da obra? Podem baixar, mas se preparem para alguns sustos, principalmente os de minha geração, já que, exatamente por sermos de outra geração, nossos ouvidos se acostumaram a outras sonoridade e técnicas de interpretação. Mas a essência continua ali.
01. Cello Concerto in A minor, Op. 129- I. Nicht zu schnell
02. Cello Concerto in A minor, Op. 129- II. Langsam
03. Cello Concerto in A minor, Op. 129- III. Sehr lebhaft
Jean-Guilhen Queyras – Cello
Freiburger Baroqueorchester
Pablo Héras-Casado – Condutor
04. Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63- I. Mit Energie und Leidenschaft
05. Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63- II. Lebhaft, Doch nicht zu rasch
06. Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63- III. Langsam, mit inniger Empfindung
07. Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63- IV. Mit Feuer
Isabelle Faust – Violin
Alexander Melnikov – Piano
Jean-Guilhen Queyras – Cello