Gergiev está no seu elemento nas sinfonias de Prokofiev. Aqui temos uma grande versão das sinfonias do homem que morreu no mesmo dia em que Stalin deixou este mundo. Não sobraram flores para Prokofiev e nem se deram conta de que algo muito mais humano tinha falecido naquela dia de 1953. Bem, o russo Gergiev sempre teve um talento especial para a emoção visceral da música de seu país, cheia de momentos extremos, líricos, leves e sofisticados, grotescos, sarcásticos e violentos. Gergiev pegou um pouco pesado na Sinfonia Nº 1, “Clássica”, homenagem de Prokofiev a Haydn e Mozart. Mas o que ele faz nas quatro sinfonias de aço de idade adulta é esplêndido. A 5ª está maravilhosa, inesquecível. As negligenciadas 4ª e 6ª aparecem como a grandíssima música que são. Porém, o mais surpreendente é a 7ª de Gergiev. Um peça melodiosíssima — por vezes zombeteira — a qual é dada uma interpretação natural e fluida, a melhor interpretção que já ouvi dela. A Orquestra Sinfônica de Londres é grande parte do sucesso do conjunto. É uma das grandes orquestras do mundo. Ah, as gravações foram registradas ao vivo. É mole?
CD1
01. Sergei Prokofiev – Symphony No. 1 in D major, op. 25 ‘Classical’ – I. Allegro
02. Sergei Prokofiev – Symphony No. 1 in D major, op. 25 ‘Classical’ – II. Larghetto
03. Sergei Prokofiev – Symphony No. 1 in D major, op. 25 ‘Classical’ – III. Gavotta, Non troppo allegro
04. Sergei Prokofiev – Symphony No. 1 in D major, op. 25 ‘Classical’ – IV. Finale, Molto vivace
05. Sergei Prokofiev – Symphony No.4 in C major, op. 112, 1947 revised – I. Andante, Allegro eroico
06. Sergei Prokofiev – Symphony No.4 in C major, op. 112, 1947 revised – II. Andante tranquillo
07. Sergei Prokofiev – Symphony No.4 in C major, op. 112, 1947 revised – III. Moderato, quasi allegretto
08. Sergei Prokofiev – Symphony No.4 in C major, op. 112, 1947 revised – IV. Allegro risoluto
CD2
09. Sergei Prokofiev – Symphony No. 2 in D minor, op. 40 – I. Allegro ben articolato
10. Sergei Prokofiev – Symphony No. 2 in D minor, op. 40 – II. Theme and variations
11. Sergei Prokofiev – Symphony No. 3 in C minor, op. 44 – I. Moderato
12. Sergei Prokofiev – Symphony No. 3 in C minor, op. 44 – II. Andante
13. Sergei Prokofiev – Symphony No. 3 in C minor, op. 44 – III. Allegro agitato
14. Sergei Prokofiev – Symphony No. 3 in C minor, op. 44 – IV. Andante mosso, Allegro agitato
CD3
15. Sergei Prokofiev – Symphony No. 4 in C major, op. 47, 1930 original – I. Andante assai, Allegro eroico
16. Sergei Prokofiev – Symphony No. 4 in C major, op. 47, 1930 original – II. Andante tranquillo
17. Sergei Prokofiev – Symphony No. 4 in C major, op. 47, 1930 original – III. Modertato, quasi allegretto
18. Sergei Prokofiev – Symphony No. 4 in C major, op. 47, 1930 original – IV. Allegro risoluto
19. Sergei Prokofiev – Symphony No. 5 in B flat major, op. 100 – I. Andante
20. Sergei Prokofiev – Symphony No. 5 in B flat major, op. 100 – II. Allegro marcato
21. Sergei Prokofiev – Symphony No. 5 in B flat major, op. 100 – III. Adagio
22. Sergei Prokofiev – Symphony No. 5 in B flat major, op. 100 – IV. Allegro giocoso
CD4
23. Sergei Prokofiev – Symphony No. 6 in E flat minor, Op. 111: 1. Allegro moderato
24. Sergei Prokofiev – Symphony No. 6 in E flat minor, Op. 111: 2. Largo
25. Sergei Prokofiev – Symphony No. 6 in E flat minor, Op. 111: 3. Vivace
26. Sergei Prokofiev – Symphony No. 7 in C sharp minor, Op. 131: 1. Moderato
27. Sergei Prokofiev – Symphony No. 7 in C sharp minor, Op. 131: 2. Allegretto
28. Sergei Prokofiev – Symphony No. 7 in C sharp minor, Op. 131: 3. Andante espressivo
29. Sergei Prokofiev – Symphony No. 7 in C sharp minor, Op. 131: 4. Vivace
Eu sei que Trevor Pinnock tem grandes trabalhos como regente — seu Messiah é difícil de bater — , mas foi aqui, com as Partitas para teclado de Bach, que ele foi imbatível. A música é extraordinária, da lavra do melhor e mais inspirado Bach, e a resposta de Pinnock foi na mesma altura. E não ignoro que há adversários imensos, como Staier e Perahia. Este é um CD que todos deveriam ter. Ah, o álbum duplo original tem as Partitas em outra ordem. Aqui, eu as coloquei na ordem de 1 a 6. Fica melhor, né?
Ninguém vai se arrepender de ouvir.
J. S. Bach (1685-1750): 6 Partitas, BWV 825-830
1. Partita No. 1 in B flat major, BWV 825 : I. Prelude 2:08
2. Partita No. 1 in B flat major, BWV 825 : II. Allemande 4:06
3. Partita No. 1 in B flat major, BWV 825 : III. Corrente 2:59
4. Partita No. 1 in B flat major, BWV 825 : IV. Sarabande 5:28
5. Partita No. 1 in B flat major, BWV 825 : V. Menuet 1 and 2 2:40
6. Partita No. 1 in B flat major, BWV 825 : VI. Gigue 2:26
7. Partita No. 2 in C minor, BWV 826 : I. Sinfonia 4:49
8. Partita No. 2 in C minor, BWV 826 : II. Allemande 5:06
9. Partita No. 2 in C minor, BWV 826 : III. Courante 2:09
10. Partita No. 2 in C minor, BWV 826 : IV. Sarabande 3:37
11. Partita No. 2 in C minor, BWV 826 : V. Rondo 1:32
12. Partita No. 2 in C minor, BWV 826 : VI. Capriccio 3:48
1. Partita No. 3 in A minor, BWV 827 : I. Fantasia 2:14
2. Partita No. 3 in A minor, BWV 827 : II. Allemande 3:24
3. Partita No. 3 in A minor, BWV 827 : III. Corrente 2:53
4. Partita No. 3 in A minor, BWV 827 : IV. Sarabande 4:28
5. Partita No. 3 in A minor, BWV 827 : V. Burlesca 2:05
6. Partita No. 3 in A minor, BWV 827 : VI. Scherzo 1:15
7. Partita No. 3 in A minor, BWV 827 : VII. Gigue 3:43
8. Partita No. 4 in D major, BWV 828 : I. Overture 6:36
9. Partita No. 4 in D major, BWV 828 : II. Allemande 10:14
10. Partita No. 4 in D major, BWV 828 : III. Courante 3:28
11. Partita No. 4 in D major, BWV 828 : IV. Aria 2:18
12. Partita No. 4 in D major, BWV 828 : V. Sarabande 5:57
13. Partita No. 4 in D major, BWV 828 : VI. Menuet 1:25
14. Partita No. 4 in D major, BWV 828 : VII. Gigue 4:05
15. Partita No. 5 in G major, BWV 829 : I. Prelude 2:50
16. Partita No. 5 in G major, BWV 829 : II. Allemande 5:26
17. Partita No. 5 in G major, BWV 829 : III. Corrente 1:57
18. Partita No. 5 in G major, BWV 829 : IV. Sarabande 5:24
19. Partita No. 5 in G major, BWV 829 : V. Tempo di Minuetta 1:51
20. Partita No. 5 in G major, BWV 829 : VI. Passepied 1:34
21. Partita No. 5 in G major, BWV 829 : VII. Gigue 4:13
13. Partita No. 6 in E minor, BWV 830 : I. Toccata 7:20
14. Partita No. 6 in E minor, BWV 830 : II. Allemande 3:44
15. Partita No. 6 in E minor, BWV 830 : III. Corrente 4:28
16. Partita No. 6 in E minor, BWV 830 : IV. Air 1:40
17. Partita No. 6 in E minor, BWV 830 : V. Sarabande 5:48
18. Partita No. 6 in E minor, BWV 830 : VI. Tempo di Gavotta 2:08
19. Partita No. 6 in E minor, BWV 830 : VII. Gigue 6:23
Belo e ensolarado domingo, e nada como um belo e bem interpretado Concerto para Violoncelo de Dvorák para tornar o dia ainda mais agradável. Não entendo como o mano PQP pode não gostar deste compositor mas tudo bem, cada um tem seu gosto e isso aprendi a respeitar nas pessoas.
Já trouxe outras duas versões para esta mesma obra, primeiramente a mais consagrada de todas, com um dos maiores violoncelistas do século XX, quem sabe talvez o maior deles, Rostropovich. Para muitos, trata-se da gravação definitiva. Pode ser. Particularmente, a minha favorita é com o Pierre Fournier, mas não vem ao caso discutir isso aqui agora.
Posteriormente trouxe outra gravação, desta vez com a Jacqueline Du Pré, que viveu pouco entre nós, mas que deixou sua marca.
Hoje trago mais uma gravação deste concerto, e desta vez é com o jovem Jean-Guihen Queyras. Resolvi dar voz aos novos intérpretes, e quando se trata de uma gravação da Harmonia Mundi precisamos prestar atenção ao que vem pela frente, pois geralmente se trata de material de primeira qualidade.
“Beauty. Slow Beauty”!, “This is a great one”, “ How Do You Spell ‘magnificent’ in Czech?”, são alguns dos comentários dos clientes da amazon, que deram 5 estrelas para este CD, e tenho de concordar com eles.
A Orquestra que acompanha o jovem Jean-Guihen é a The Prague Philharmonia regida por Jíri Belohlavek, que faz um belo trabalho, diga-se de passagem.
A outra obra que vem junto deste cd é o trio mais conhecido de Dvorák, o “Dumky” Trio. Sugiro uma leitura do texto do libretto que acompanha o cd. Nesta obra, Queyras é acompanhado pela violinista Isabelle Faust, e pelo pianista Alexander Melnikov.
01 – Concerto pour violoncelle – I. Allegro
02 – Concerto pour violoncelle – II. Adagio ma non troppo
03 – Concerto pour violoncelle – III. Allegro moderato
04 – Trio n 4 ‘Dumky’ – I. Lento maestoso – Allegro quasi doppio movimento
05 – Trio n 4 ‘Dumky’ – II. Poco adagio – Vivace non troppo
06 – Trio n 4 ‘Dumky’ – III. Andante – Vivace non troppo
07 – Trio n 4 ‘Dumky’ – IV. Andante moderato – Allegretto scherzando
08 – Trio n 4 ‘Dumky’ – V. Allegro
09 – Trio n°4 ‘Dumky’ – VI. Lento maestoso – Vivace
Jean-Guihen Queyras – Cello
Isabelle Faust – Violin
Alexander Melnikov – Piano
The Prague Philharmonia
Jiri Behlolávek – Conductor
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João 1:1-14
Não só os cristãos que ficam encantados com essas palavras, Stephen King em A Coisa, e agora eu, escrevendo sobre esse ótimo álbum com essa obra que se inspira nestas palavras sagradas, faço referência à esse evangelho e não teria outra forma de começar a não ser por esse belíssimo texto. Não sei exatamente o que me inspira nele, há algo de poético, de épico e de fantástico que me faz ter uma enorme reverência por estes versos, entre outros da Bíblia Sagrada, mesmo não sendo mais cristão.
Arvo Pärt aqui está um pouco diferente daquele compositor calmo que transparece em Für Alina. Vemos aqui um pouco daquela força arrasadora do primeiro movimento de Tabula Rasa, embora em outra forma dessa vez, na forma de um poderoso coro e uma orquestra, no caso da obra In Principio. Também sentimos essa força na belíssima e hipnotizante Mein Weg, obra que transparece em sua tonalidade um pouco de influência da música oriental… mas isso é uma outra história, e como bem sabem, deve ser contada em outro momento…
Arvo Pärt (1935): In Principio
01 In principio – I. In principio erat Verbum
02 In principio – II. Fuit homo missus a Deo
03 In principio – III. Erat lux vera
04 In principio – IV. Quotquot autem acceperunt sum
05 In principio – V. Et Verbum caro factum est
06 La Sindone
07 Cecilia, vergine romana
Estonian Philharmonic Chamber Choir
Estonian National Symphony Orchestra
Tõnu Kaljuste, regente
08 Da pacem Domine
Estonian Philharmonic Chamber Choir
Tallinn Chamber Choir
Tõnu Kaljuste, regente
Sensacional álbum que contém as obras mais populares de Hindemith para orquestra, incluindo as Metamorfoses Sinfônicas coreografadas por Balanchine e a Sinfonia “Matias, o Pintor”, interpretadas com precisão lapidar e grande empatia pela Orquestra Escocesa da BBC sob a batuta de Martyn Brabbins, intérpretes consumados deste compositor que só faz crescer na discografia erudita. Cresce porque é bom demais. Hindemith escreve para sopros como ninguém. Não confirmando sua velha reputação de um compositor por demais complexo, este Hindemith genuinamente agradável, ao mesmo tempo inteligível e intelectual, tão divertido quanto finamente trabalhado.
Konzertmusik for brass and strings Op 50 [17’45]
1 Mässig schnell, mit Kraft – Sehr breit, aber stets fliessend [8’59]
2 Lebhaft – Langsam – In ersten Zeitmass [8’46]
Symphony ‘Mathis der Maler’ [26’55]
3 Engelkonzert [9’06]
4 Grablegung [4’11]
5 Versuchung des heiligen Antonius [13’38]
Symphonic Metamorphosis after themes by Carl Maria von Weber [21’18]
6 Allegro [4’17]
7 Scherzo: Turandot [7’53]
8 Andantino [4’19]
9 Marsch [4’49]
Nota inicial de Ranulfus: Há um mês o mesmo repertório deste CD (Brandenburgos e Aberturas) voltou à baila executado pelos canadenses da Taffelmusik, em postagem do colega FDP Bach. Ouvi, gostei e recomendo – mas para meu gosto pessoal esta realização de Masaaki Suzuki continua campeã absoluta. Baste dizer que eu sempre havia considerado o 1º Brandenburgo um tanto massudo em comparação com os demais, até chato… mas ao arrancá-lo do salão para o galpão, recuperando a energia e rusticidade das trompas não sem razão chamadas “de caça”, Mr Suzuki conseguiu transformá-lo para mim, de golpe, em uma das peças mais excitantes e queridas do velho Bach!
Daí o meu choque ao descobrir que os links desta postagem estavam vencidos há anos. Inconformado, tomei a postagem de assalto e renovei os links, com ligeira reformulação da apresentação, sem nem pedir licença ao autor da postagem, nosso Grão-Mestre PQP Bach – esperando que ele abrevie em pelo menos dois anos minha condenação às galés pelo fato de preservar a seguir o seu texto original:
É óbvio que as pessoas que mantêm o PQP Bach têm vários parafusos soltos. Em primeiro lugar pela constância e absoluto saco de fazer os ups, em segundo lugar (há vários outros “lugares”) por inventar efemérides onde não há. E a moda do momento é fazer o 200º post de Bach. Nós simplesmente adotamos o desafio do “Raphael – Cello” de chegar JÁ ao post 200 e entramos num alucinado tour de force. Pois agora eu respondo ao Carlinus com o mesmo repertório de seu post de ontem, só que na interpretação de Masaaki Suzuki e do Bach Collegium Japan. Acho que ninguém vai reclamar de novos Concertos de Brandenburgo e Suítes Orquestrais, né? As duas versões que apresentamos hoje são esplêndidas, o que destrói qualquer tentativa de encontrar um registro mais correto, pois ambas são NOTÁVEIS e MUITO DIFERENTES.
Comprovem dando uma ouvida com que fez Suzuki no 2º movimento do 3º Brandenburguês. Sim, cinco minutos onde não há nada (na minha gravação da Orq. de Freiburg este movimento tem 13 segundos !!!).
Ah, e UM FELIZ DIA DOS PAIS A JOHANN SEBASTIAN !!! ESTEJA ONDE ESTIVER, ELE É VERDADEIRO PAI DE TODOS OS QUE AMAM A MÚSICA !!!
J. S. Bach (1685-1750): Concertos de Brandenburgo e Suítes Orquestrais – Masaaki Suzuki / Bach Collegium Japan
Brandenburg Concerto No. 1 in F major, BWV 1046
1.1. (No tempo indication)
1.2. Adagio
1.3. Allegro
1.4. Menuet – Trio – Menuet – Polonaise – Menuet – Trio – Menuet
Brandenburg Concerto No. 2 in F major, BWV 1047
2.1. (No tempo indication)
2.2. Andante
2.3. Allegro
Brandenburg Concerto No. 3 in G major, BWV 1048 3.1. (No tempo indication)
3.2. Adagio
3.3. Allegro
Brandenburg Concerto No. 4 in G major, BWV 1049 4.1. Allegro
4.2. Andante
4.3. Presto
Brandenburg Concerto No. 5 in D major, BWV 1050 5.1. Allegro
5.2. Affettuoso
5.3. Allegro
Brandenburg Concerto No. 6 in B flat major, BWV 1051 6.1. (No tempo indication)
6.2. Adagio ma non tanto
6.3. Allegro
Orchestral Suite No. 1 in C major, BWV 1066 1.1. Ouverture
1.2. Courante
1.3. Gavotte 1/2
1.4. Forlane
1.5. Menuet 1/2
1.6. Bourrée 1/2
1.7. Passepied 1/2
Orchestral Suite No. 3 in D major, BWV 1068 3.1. Ouverture
3.2. Air
3.3. Gavott 1/2
3.4. Bourrée
3.5. Gigue
Orchestral Suite No. 4 in D major, BWV 1069 4.1. Ouverture
4.2. Bourrée 1/2
4.3. Gavotte
4.4. Menuet 1/2
4.5. Réjouissance
Orchestral Suite No. 2 in B minor, BWV 1067 2.1. Ouverture
2.2. Rondeau
2.3. Sarabande
2.4. Bourrée 1/2
2.5. Polonaise – Double
2.6. Menuet
2.7. Badinerie
Um grande CD apenas encontrável atualmente na Amazon da Inglaterra – a preço proibitivo – e na alemã, cujo link colocamos na figura ao lado. Música de primeira linha, extremamente bem gravada e com bons solistas. Imperdível!
A seguir, um artigo publicado pelo diario ÚLTIMA HORA (El Correo Semanal), 1-2 de enero de 2000 (Asunción,Paraguay).
Por muchas razones la figura de Doménico Zípoli (1688-1726) está ligada al patrimonio musical que legaron las Reducciones Jesuíticas. Nacido en Prato (Italia) y dueño de una sólida formación musical con maestros de la talla de Alessandro Scarlati y reconocido por su talento como compositor, su vida cambió de manera radical cuando, motivado por la vocación sacerdotal, viajó a Sevilla (España), donde ingresó a la Compañia de Jesús. En 1717 partió una expedición, organizada por los jesuitas, rumbo al Río de la Plata. Tenían como misión trabajar en las ya célebres Reducciones Jesuíticas del Paraguay. La enorme provincia virreynal abarcaba incluso el Convento de los Jesuitas en Córdoba, lugar donde se estableció.
En los ocho años y cinco meses de actividad en las Reducciones, Zípoli compuso una gran cantidad de música que luego se enviaba, por medio de emisarios, a los treinta pueblos que formaban parte de las Reducciones. Cuando España ordenó la expulsión de los jesuitas, en 1767, la mayor parte de sus composiciones fueron destruidas.
Fue recién en 1959 que el musicólogo estadounidense Robert Stevenson halló en Sucre (Bolivia) copias de su Misa en Fa, copiada en Potosí a pedido del Virrey de Lima. En 1972; en la Reducción de Chiquitos (Bolivia), se encuentran más de diez mil manuscritos, un hallazgo considerado como trascendental para el conocimiento de la musicología hispanoamericana. Entre esos manuscritos se pudieron rescatar obras de Zípoli, como Misas, Motetes, Himnos y piezas de órganos.
Pero todo ese material esta sin clasificar. Fue el maestro Luiz Szarán, en Paraguay, quien inició la recopilación, construcción, publicación e interpretación de las composiciones de Zípoli a través de un centenar de conciertos llevados a cabo en el país y en el exterior, como Argentina, Uruguay y Brasil; en la Exposición Universal de Sevilla, de 1992; en el Auditorio Nacional de España, en 1995, se verificó el estreno mundial del conjunto de Vísperas Solemnes.
En nuestro país podemos apreciar la labor de Luis Szarán en un compacto titulado ”Música de las Reducciones Jesuíticas”. Así pudimos acercarnos a un patrimonio invalorable, que habla del legado musical de un hombre que, de no ser por los estudiosos, podría haber quedado en el olvido.
Zípoli murió en Santa Catalina (a 50 kilómetros de Córdoba) a los 38 años de edad, de teberculosis. A quienes deseen ahondar en la vida de este músico recomendamos consultar el Diccionario de la Música en el Paraguay, de autoría de Luis Szarán.
Composer: Domenico Zipoli (1688 – 1726)
Performers: Mario Videla (Organo y clave), Haydee Francia (Violin solista), Claudio Baraviera (Cello), Margarita Zimermann (Contralto) et al.
Orchestra/Ensemble: Cantoría de la Basilica Nuestra Señora del Socorro
Conductor: Monseñor Jesús Gabriel Segade
Domenico Zipoli (1688 – 1726) 01. Misa en Fa Mayor para coro, solistas, cuerdas y bajo continuo – I. Kyrie 02. Misa en Fa Mayor para coro, solistas, cuerdas y bajo continuo – II. Gloria 03. Misa en Fa Mayor para coro, solistas, cuerdas y bajo continuo – III. Credo 04. Misa en Fa Mayor para coro, solistas, cuerdas y bajo continuo – IV. Sanctus 05. Sonata en La Mayor para violín y bajo continuo 06. Cantata para solistas y bajo continuo – Dell’ofesse a vendicarmi
Temos que celebrar os 80 anos do grande Steve Reich, ocorridos em 3 de outubro. Logo publicarei uma coleção de 5 CDs com seus maiores trabalhos gravados pela Nonesuch Records. A monumental gravação de hoje é da nova-iorquina Cantaloupe Music.
Tehillim e The Desert Music estão entre as peças mais grandiosas de Reich. Os dois grupos, Ossia e Alarm Will Sound, beneficiaram-se das ligações muito estreitas que têm com o compositor. Além disso, Alan Pierson, o regente, preparou tudo fazendo constantes consultas a Reich. São peças ágeis, típicas da fase dos anos 80 de Reich. São brilhantes, cheias de luz e precisão. Vozes e cordas sempre foram um problema dentro das texturas percussivas de Reich, mas aqui os cantores e cordas mantém uma vitalidade rítmica impressionante. Pura energia e clareza, fazendo com que o gênio de Reich surja a cada momento.
Tehillim (1981)
01. I. Psalm 19: 2-5 [11:13]
02. II. Psalm 34: 13-15 [5:52]
03. III. Psalm 18: 26-27 [7:47]
04. IV. Psalm 150: 4-6 [5:59]
The Desert Music (1984, revised chamber version 2001)
Text by William Carlos Williams
05. I. (Fast) [7:09]
06. II. (Moderate) [5:51]
07. III. Part I (Slow) [6:55]
08. III. Part II (Moderate) [5:12]
09. III. Part III (Slow) [5:59]
10. IV. (Moderate) [3:03]
11. V. (Fast) [9:38]
‘Tehillim’ Performers: Ossia
Conductor: Alan Pierson
High soprano: Elizabeth Phillips
Lyric sopranos: Akiko Fujimoto, Carolyn Dorey
Alto: Kirsten Sollek-Avella
Percussion: Clay Greenberg, Payton Macdonald, Karen Minzer, Ian Quinn, Jason Treuting, Lawson White
Flute: Jessica Johnson
Piccolo: Ann Choomack
Oboe: Michael Miller
English horn: Jeffrey L. Paul Ii
Clarinets: Elisabeth Stimpert, Andrea Levine
Organs: John Orfe, Rob Haskins
Violins: Susanna Cortesio (Principal), Terra Peach, Caleb Burhans, David Wish
Violas: Kara Poorbaugh, John Pickford Richards
Cellos: Stefan Freund, Luke Pomorski
Bass: Sara Lukjanovs
Assistant conductor: Clay Greenberg
‘The Desert Music’ Performers: Alarm Will Sound and Ossia
Conductor: Alan Pierson
Female voices: Martha Cluver, Akiko Fujimoto, Heather Gardner,
Pam Igelsrud, Beth Meyers, Kirsten Sollek-Avella
Male voices: Caleb Burhans, Clay Greenberg, Will Jennings, Daniel Toven
Flutes/Piccolos: Jessica Johnson, Justin Berrie, Meg Sippey, Rachel Roberts
Horns: Matt Marks, Kate Sheeran
Trumpets: Lisa Edelman, Leah Schumann
Trombones: James Hirschfeld, David Beauchesne, Mike Dowden
Keyboards: Clay Greenberg, Solungga Fang-Tzu Liu, Tom Rosenkranz, Ian Quinn, Jen Snyder
Percussion: Dennis Desantis, Clay Greenberg, Beth Meyers, Payton Macdonald, Alex Postelnek,
Mike Tetreault, Jason Treuting, Lawson White, Pete Zlotnick
Violins: Courtney Orlando (Principal), Andrew Fouts, David Wish,
Yuki Numata, Autumn Inglin Shepherd, Michael Jorgensen
Violas: John Pickford Richards, Justin Caulley, Kara Poorbaugh
Cellos: Susie Kelly, Stefan Freund, Norbert Lewandowski
Basses: Ike Sturm, Brent Bulmann
Assistant conductor: Ian Quinn
Esse é o primeiro post que faço aqui no blog com um compositor que já morreu [há algum tempo]: Astor Piazzolla. Nem por isso sua música deixa de ser contemporânea. Sua música traz as raízes argentinas e latino-americanas para os tempos modernos, fazendo isso quase sempre de forma empolgante, já que usa bastante os ritmos do tango.
Os membros do Kronos Quartet não são latino-americanos, talvez por isso as Five Tango Sensations não tenham conseguido me convencer a sentir as sensações que descrevem. É apreciável, mas não sinto nenhuma empolgação que eu acho que deveria ter sentido ao ouvir uma música de um latino-americano, como eu geralmente sinto, por exemplo, aqui, ou aqui. Achei que isso não aconteceria, já que é Piazzolla quem está tocando o bandoneon. Como nunca tinha ouvido essa obra anteriormente, posso estar errado e essas músicas serem assim mesmo, mais comedidas do que extravagantes. Talvez a culpa seja das minhas expectativas.
Four, for tango é bom, o quarteto trabalha muito bem com as cordas e mostra sua técnica já tão louvada, mas, como disse anteriormente, tem pouco de um espírito latino-americano. Mas tudo bem.
São duas estreias aqui, a primeira é minha, postando algo de um compositor que já viajou para o reino de Hades, e a segunda é a de Ken Benshoof aqui no blog. Compositor estadunidense, ele não tem nem uma página na Wikipedia, então pode-se dizer que é um compositor bem underground. Suas músicas são sombrias e introspectivas, bem diferente do John Adams que postei semana passada, por exemplo.
Semana que vem trarei o terceiro e o quarto álbum da coleção, Morton Feldman e Philip Glass, respectivamente. Dois minimalistas estadunidenses.
25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET 2/10]
Kenneth Benshoof (1933):
Traveling Music
01 Gentle, easy
02 Moderate
03 Driving
04 Song of Twenty Shadows
Astor Piazzolla (1921-1992):
Five Tango Sensations*
05 Asleep
06 Loving
07 Anxiety
08 Despertar
09 Fear
10 Four, for Tango
Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello
Astor Piazzolla, bandoneón*
Após o equívoco da Sinfonia Nº 12 – lembrem que até Beethoven escreveu uma medonha Vitória de Wellington, curiosamente estreada na mesma noite da sublime 7ª Sinfonia, mas este é outro assunto… -, Shostakovich inauguraria sua última fase como compositor começando pela Sinfonia Nº 13, Babi Yar. Iniciava-se aqui a produção de uma seqüência de obras-primas que só terminaria com sua morte, em 1975. Esta sinfonia tem seus pés firmemente apoiados na história da União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. É uma sinfonia cantada, quase uma cantata em seu formato, que conta com a nada desprezível colaboração do grande poeta russo Evgeny Evtuchenko (conforme alguns, como a Ed. Brasilinense, porém pode-se encontrar a grafia Ievtuchenko, Yevtuchenko ou Yevtushenko, enfim!)
O que é, afinal, Babi Yar? Babi Yar é o nome de uma pequena localidade situada perto de Kiev, na atual Ucrânia, cuja tradução poderia ser Barranco das Vovós. Ali, em 29 e 30 de setembro de 1941, teve lugar o assassinato de 34 mil judeus pelos nazistas. Eles foram mortos com tiros na cabeça e a participação comprovada de colaboradores ucranianos no massacre permanece até hoje tema de doloroso debate público naquele país. Nos dois anos seguintes, o número de mortos em Babi Yar subiu para 200 mil, em sua maioria judeus. Perto do fim da guerra, os nazistas ordenaram que os corpos fossem desenterrados e queimados, mas não conseguiram destruir todos os indícios. Ievtuchenko criticou a maneira que o governo soviético tratara o local. O monumento em homenagem aos mortos referia-se às vítimas como ucranianas e russas, o que também eram, apesar de saber-se que o fato determinante de suas mortes era o de serem judeus. O motivo? Ora, Babi Yar deveria parecer mais uma prova do heroísmo e sofrimento do povo soviético e não de uma fatia dele, logo dele, que seria uma sociedade sem classes nem religiões… O jovem poeta Ievtuhenko considerou isso uma hipocrisia e escreveu o poema em homenagem aos judeus mortos. O que parece ser uma crítica de importância relativa para nós, era digna de censura, na época. O poema fui publicado na revista Literatournaia Gazetta e causou problemas a seu autor e depois, também a Shostakovich, ao qual foram pedidas alterações que nunca foram feitas na sinfonia. No Ocidente, Babi Yar foi considerado prova da violência anti-semita na União Soviética, mas o próprio Ievtuchenko declara candidamente em sua Autobiografia Precoce (Ed. Brasiliense, 1987) que a tentativa de censura ao poema não teve nada a ver com este gênero de discussão e que, das trinta mil cartas que recebeu falando em Babi Yar, menos de trinta provinham de anti-semitas…
O massacre de Babi Yar é tão lembrado que não serviu apenas a Ievtuchenko e a Shostakovich, tornando-se também tema de filmes e documentários recentes, assim como do romance Babi Yar de Anatoly Kuznetsov. Não é assunto morto, ainda.
O tratamento que Shostakovich dá ao poema é perfeito. Como se fosse uma cantata em cinco movimentos, os versos de Ievtuchenko são levados por um baixo solista, acompanhado de coral masculino e orquestra. É música de impressionante gravidade e luto; a belíssima linha melódica ora assemelha-se a um serviço religioso, ora ao grande modelo de Shostakovich, Mussorgski; mesmo assim, fiel a seu estilo, Shostakovich encontra espaço para seu habitual sarcasmo.
A seguir, aproveitarei a excelente descrição que Clovis Marques fez para o concerto que incuía a Sinfonia Nº 13, Babi Yar, realizado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 27 de julho de 2006:
O contato em condições ideais com uma obra-prima do século XX é raro na vida musical de um mortal carioca. Na última quinta-feira, a Sinfonia nº 13 de Chostakovich passou pelo Teatro Municipal com uma carga tão densa de significado e beleza que quase não surpreendeu que a interpretação e o acabamento, a cargo da Petrobrás Sinfônica, estivessem também em esferas muito altas.
“Babi Yar” é como ficou conhecida esta sinfonia-cantata para coro masculino, baixo e orquestra composta e estreada em 1962 em Moscou. O título vem do poema de Ievgueni Evtuchenko que causara rebuliço ao ser publicado no ano anterior na “Literaturnaia Gazeta”, tocando na chaga do anti-semitismo a propósito do massacre cometido pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, no local conhecido como “ravina das mulheres”, perto de Kiev.
A partir desse texto de dura indignação, e apesar dos problemas que uma tal inspiração de “protesto” ainda geraria na União Soviética pós-stalinista, Chostakovich construiu um painel de extraordinária força em torno de duas ou três mazelas trágicas do seu tempo: o medo e a opressão, o conformismo e o carreirismo, o massacre quotidiano num Estado policial e a possibilidade de superação pelo humor e a intransigência.
Em linguagem quase descritiva, contrastando a severidade da orquestra com a impostação épica das vozes, “Babi Yar” tem um poder de evocação propriamente cinematográfico: raramente se ouviu música tão plástica e de poder de invenção tão sustentado, com um grau de concentração expressiva que sublima a revolta, o negrume e a angústia como poucas vezes na música pós-romântica.
O realismo e a concisão imagética dos poemas são admiravelmente esposados pelo estilo alternadamente sombrio e irruptivo da música de Chostakovich, que apesar da forma atípica, para uma sinfonia, dota a obra de continuidade estrutural e organicidade musical mesmerizantes – para não falar da invenção melódica tão sua, que associamos indelevelmente à Rússia soviética. Não obstante o grande efetivo orquestral e a tensão dos clímaxes, as texturas são parcimoniosas e o coro, declamando ou murmurando, canta quase sempre em uníssono ou em oitavas – mais um elemento dessa pungência feita de desolação e sobreexcitação nervosa.
O primeiro movimento alterna estrofes que exploram o horror e a culpa de Babi Yar com relatos de dois outros episódios, sobre Anne Frank e um menino massacrado em Bielostok. No segundo movimento, os tambores em ritmo marcado, a maior animação da música e o tom enfático das vozes falam da resistência que o “Humor” jamais deixará de oferecer à tirania. “Na loja”, o Adagio que se segue, descreve pictoricamente as filas de humilhadas donas-de-casa em uma linha sinuosa nas cordas graves, entrelaçada a outra que, no registro médio, evoca a maneira como elas se insinuam cautelosas até o balcão. “Elas nos honram e nos julgam”, diz o poema, enquanto blocos e castanholas fazem as vezes de panelas e garrafas se entrechocando. A reserva da estupefação moral explode na última estrofe: “Nada está fora do alcance da força delas”.
A subjugada linha sinuosa torna-se reta, com permanente vibração surda na percussão, ao prosseguir sem interrupção no episódio seguinte, em ameaçador ‘sostenuto’ das cordas graves sob solo da tuba: é o “Medo”, componente constante da vida soviética. Frente ao negrume até aqui prevalecente, a sinfonia conclui em uma satírica meditação sobre o que é seguir “Carreira”. Em orquestração e harmonização reminiscentes da música do tcheco Martinu (1890-1959), no emprego de flautas e oboés oscilantes em ritmo de valsa lenta, ficamos sabendo que a verdadeira carreira não é a dos que se submetem, mas a de Galileu, Shakespeare ou Pasteur, Newton ou Tolstoi: “Seguirei minha carreira de tal forma que não a esteja seguindo”, conclui o baixo, com o eco do sino que abrira pesadamente a sinfonia, agora aliviado pela sonoridade onírica da celesta.
A Orquestra Petrobrás Sinfônica esteve esplêndida, tocando como gente grande em cada naipe e coletivamente, sob a batuta do jovem maestro chileno Rodolfo Fisher. O barítono americano David Pittman-Jennings, embora não tenha aquele baixo profundo que impressiona nas interpretações russas, ostentou o metal nobre, a projeção plena e a capacidade de nuançar que permitiram total imersão nessa escorchante fantasia pânica. O Coro Sinfônico do Rio de Janeiro, dirigido por Julio Moretzsohn, esteve mais coeso e homogêneo que nunca, em sua formação exclusivamente masculina.
Faltou apenas a reprodução/tradução dos poemas.
MAS AO P.Q.P. BACH NÃO FALTA:
Babi Yar
Tenho medo.
Tenho hoje tantos anos
quanto o próprio povo judeu.
Parece que agora sou um judeu.
Perambulo no Egito antigo.
E eis-me na cruz, morrendo.
E ainda trago em mim a marca dos pregos.
Parece que Dreyfus sou eu.
Os filisteus são os que me denunciam e são o meu juiz.
Estou atrás das grades.
Estou cercado,
perseguido, cuspido, caluniado.
E as mocinhas, com suas rendas de Bruxelas,
rindo, me enfiam a sombrinha na cara.
(…)
Eu, chutado por uma bota, sem forças,
em vão peço piedade aos pogromistas.
(…)
Que a Internacional ressoe
quando enterrarem para sempre
o último anti-semita da terra.
Não há sangue judeu no meu sangue,
mas sou odiado com todas as forças
por todos os anti-semitas, como se judeu fosse.
E é por isso que sou um verdadeiro russo.
Humor
Czares, reis, imperadores
soberanos do mundo inteiro,
comandaram as paradas
mas ao humor não puderam controlar.
Ó euzinho aqui!
De repente me desembaraço de meu casaco,
faço um gesto com a mão e “Tchau!”.
Na loja
Dar-lhes o troco errado é uma vergonha,
enganá-las no troco é um pecado.
(…)
E, enquanto enfio no bolso as minhas massas,
olho, solene e pensativo,
cansadas de carregar seus sacos de compras,
as suas nobres mãos.
Elas nos honram e nos julgam,
nada está fora do alcance de suas forças.
Medos
Lembro do tempo em que ele era todo-poderoso,
na corte da mentira triunfante.
O medo se esgueirava por toda parte, como uma sombra,
infriltava-se em cada andar.
Agora é estranho lembrarmo-nos disso,
o medo secreto que alguém nos delate,
o medo secreto de que venham bater à nossa porta.
E depois, o medo de falar com um estrangeiro…
com um estrangeiro? até mesmo com sua mulher!
E o medo inexplicável de, depois de uma marcha,
ficar sozinho com o silêncio.
Não tínhamos medo de construir em meio à tormenta,
nem de marchar para o combate sob o bombardeio,
mas tínhamos às vezes um medo mortal,
de falar, nem que fosse com nós mesmos.
Uma Carreira
Os padres diziam que Galileu era mau e doido.
Que Galileu era doido.
Mas, como o tempo o demonstrou,
o doido era o mais sábio.
Um cientista da época de Galileu,
não era menos sábio que Galileu.
Ele sabia que a Terra girava,
mas tinha uma família
e, ao subir com sua mulher na carruagem,
achava que tinha feito sua carreira,
quando, na realidade, a tinha destruído.
Para compreender nosso planeta,
Galileu correu riscos.
É isso — eu penso — que é uma carreira.
Por isso, viva sua carreira,
quando é uma carreira como
a de Shakespeare e Pasteur,
Newton e Tolstói.
Liev?
Liev!
Por que eles foram caluniados?
Talento é talento,
digam o que disserem.
Os que insultaram estão esquecidos,
mas nós lembramos dos que foram insultados.
SYMPHONY No.13 in B flat minor, Op.113
For Bass Solo, Bass Choir and Orchestra in B Flat Minor, Op.113, “Babi Yar”
1. Babi Yar (Adagio)
2. Yumor – Humour (Allegretto)
3. V Magazine – In the Store (Adagio)
4. Strachi – Fears (Largo)
5. Kariera – A Career (Allegretto)
Sergei Aleksashkin, Bass
The Choral Academy Moscow
WDR Sinfonieorchester,
Rudolf Barshai
Esta sinfonia talvez seja a maior obra programática já composta. Há grandes exemplos de músicas descritivas tais como As Quatro Estações de Vivaldi, a Sinfonia Pastoral de Beethoven , a Abertura 1812 de Tchaikovski, Quadros de uma Exposição de Mussorgski e tantas outras, mas nenhuma delas liga-se tão completa e perfeitamente ao fato descrito do que a décima primeira sinfonia de Shostakovich.
Alguns compositores que assumiram o papel de criadores de “coisas belas”, vêem sua tarefa como a produção de obras tão agradáveis quanto o possível. Camille Saint-Saëns dizia que o artista “que não se sente feliz com a elegância, com um perfeito equilíbrio de cores ou com uma bela sucessão de harmonias não entende a arte”. Outra atitude é tomada por Shostakovich, que encara vida e arte como se fosse uma coisa só, que vê a criação artística como um ato muito mais amplo e que inclui a possibilidade do artista expressar – ou procurar expressar – a verdade tal como ele a vê. Esta abordagem foi adotada por muitos escritores, pintores e músicos russos do século XIX e, para Shostakovich, a postura realista de seu ídolo Mussorgsky foi decisiva. A décima primeira sinfonia de Shostakovich tem feições inteiramente mussorgkianas e foi estreada em 1957, ano do quadragésimo aniversário da Revolução de Outubro. Contudo, ela se refere a eventos ocorridos antes, no dia 9 de janeiro de 1905, um domingo, quando tropas czaristas massacraram um grupo de trabalhadores que viera fazer um protesto pacífico e desarmado em frente ao Palácio de Inverno do Czar, em São Petersburgo. O protesto, feito após a missa e com a presença de muitas crianças, tinha a intenção de entregar uma petição – sim um papel – ao czar, solicitando coisas como redução do horário de trabalho para oito horas diárias, assistência médica, melhor tratamento, liberdade de religião, etc. A resposta foi dada pela artilharia, que matou mais de cem trabalhadores e feriu outros trezentos.
O primeiro movimento descreve a caminhada dos trabalhadores até o Palácio de Inverno e a atmosfera soturna da praça em frente, coberta de neve. O tema dos trabalhadores aparecerá nos movimentos seguintes, porém, aqui, a música sugere uma calma opressiva.
O segundo movimento mostra a multidão abordar o Palácio para entregar a petição ao czar, mas este encontra-se ausente e as tropas começam a atirar. Shostakovich tira o que pode da orquestra num dos mais barulhentos movimentos sinfônicos que conheço.
O terceiro movimento, de caráter fúnebre, é baseado na belíssima marcha de origem polonesa Vocês caíram como mártires (Vy zhertvoyu pali) que foi cantada por Lênin e seus companheiros no exílio, quando souberam do acontecido em 9 de janeiro.
O final – utilizando um bordão da época – é a promessa da vitória final do socialismo e um aviso de que aquilo não ficaria sem punição.
Symphony No. 11 in G minor Op. 103 “The Year 1905” 1. The Palace Square (Adagio)
2. January 9th (Allegro)
3. In Memoriam (Adagio)
4. Tocsin (Allegro non troppo)
Uma sinfonia decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios rarefeitos: Mahler. A duração, o tamanho da orquestra, o estilo da orquestração e o uso da melodia banal, justaposta, todas vieram de Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.
A Sinfonia n.º 4 em Dó menor de Dmitri Shostakovich (opus 43) foi composta entre setembro de 1935 e maio de 1936, após o abandono de alguns esboços. Em janeiro de 1936, na metade de sua composição, Pravda – um jornal sob as ordens de Joseph Stalin1 – publicou um edital chamado “Bagunça invés de Música”, que denunciava o compositor e especificamente sua ópera Lady Macbeth de Mtsensk. Depois dos ataques e da grande opressão política, Shostakoivch não apenas concluiu sua sinfonia, como também planejou sua estreia, programada para dezembro de 1936 em Leningrado. Em algum momento dos ensaios, ele mudou de ideia. O trabalho foi finalmente apresentado dia 30 de dezembro de 1961 pela Orquestra Filarmônica de Moscou, conduzida por Kirill Kondrashin.
A gravação de Rozhdestvensky é 100% russa. Isto é, temos aqui um Shostakovich com seu sotaque original. Recuse imitações!
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 – AO VIVO
1. Sym No.4 in c, Op.43: Alleretto Poco Moderato
2. Sym No.4 in c, Op.43: Moderatto Con Moto
3. Sym No.4 in c, Op.43: Largo. Allegretto
Uma escolha perfeita para quem deseja entrar na área dos eruditos. Grandes artistas, em seus respectivos auges, interpretando o mais melodioso dos compositores. Porque meu jesus cristinho, que CD bom! Creio que Schubert deva ter sido o maior inventor de melodias de todos os tempos. A junção de três obras schubertianas de primeira linha — onde as melodias vão brotando em superfetação — e um conjunto de técnica superior e enorme tesão, comandados pela notável dupla Ax-Ma, fazem deste trabalho um CD obrigatório. É difícil de acontecer, mas não faço reparo algum à interpretação do extraordinário grupo de músicos. Eles fazem o melhor Schubert. E ponto final.
Franz Schubert (1797-1828): Trout Quintet / Arpeggione Sonata / Die Forelle
1. Quintet in A Major for Piano and Strings, Op. post. 114, D. 667 “The Trout”: I. Allegro vivace 13:14
2. Quintet in A Major for Piano and Strings, Op. post. 114, D. 667 “The Trout”: II. Andante 6:37
3. Quintet in A Major for Piano and Strings, Op. post. 114, D. 667 “The Trout”: III. Scherzo. Presto – Trio 3:51
4. Quintet in A Major for Piano and Strings, Op. post. 114, D. 667 “The Trout”: IV. Theme & Variations. Andantino 7:46
5. Quintet in A Major for Piano and Strings, Op. post. 114, D. 667 “The Trout”: V. Finale. Allegro giusto 6:20
6. Sonata in A minor for Piano and Arpeggione (Cello). D. 821: I. Allegro moderato 11:11
7. Sonata in A minor for Piano and Arpeggione (Cello). D. 821: II. Adagio 4:21
8. Sonata in A minor for Piano and Arpeggione (Cello). D. 821: III. Allegretto 8:55
9. Die Forelle, D. 550 2:16
Emanuel Ax, piano
Pamela Frank, violino
Rebecca Young, viola
Yo-Yo Ma, violoncelo
Edgar Meyer, contrabaixo
Barbara Bonney, soprano
Eu não sei se eu já deixei isso explícito, ou se vocês já perceberam, mas de todas as fases da música erudita, a música contemporânea é a que mais me fascina. E é aquela a qual vou me dedicar a polinizar neste blog, principalmente.
Claro – vocês como ouvintes devem saber – a música contemporânea pode ser dita como a mais difícil de ser ouvida. Mas, mesmo sendo difícil de ser ouvida, quando conseguimos ela é deliciosamente apaixonante, mais até do que o romantismo é capaz. Apaixonante não em um sentido romântico, mas num sentido envolvente e libertador. Por exemplo, quando eu só ouvia música popular, mesmo variando estilos (rock, reggae, pop, MPB, etc.) eu sentia uma limitação que não conseguia resolver. Quando descobri que música clássica não era tão difícil de apreciar mesmo com a duração enorme de algumas de suas obras ou pela complexidade a que eu não estava acostumado, fiquei tremendamente apaixonado. E ainda estou. Mas claro, assim como nem só do popular vive um homem, nem só de barroco, clássico e romântico se pode viver também. Assim fui conhecendo alguns compositores contemporâneos que num primeiro contato eu “vomitei”. Mas ao conhecer as obras certas e dando mais algumas chances eu aprendi a gostar daquele prato tão diferente ao meu paladar. Claro que ainda estou preso nas estruturas tradicionais; os compositores contemporâneos que mais gosto ainda usam melodia, harmonia e outras características de forma não tão radical como por exemplo, os serialistas integrais, que eu odeio. Mudanças radicais não costumam funcionar bem. Como bem disse Tancredi em Il Gattopardo: “as coisas devem mudar para que continuem as mesmas”.
É difícil definir o que é contemporâneo. Alguns dão o início lá em Stravinsky como primeiro compositor a se libertar inteiramente da sombra de Beethoven, colocando Arnold Schönberg e Claude Debussy como compositores de transição dessa sombra que cobre todo o século XIX. Enquanto outros só pensam em música contemporânea na música minimalista que surge nos anos 80 e outros movimentos que vêm depois do serialismo integral e das experiências pós-modernas dos anos 70 e 80. É difícil fazer essa definição, e não vou me arriscar aqui.
O Kronos Quartet, grupo formado há mais de vinte e cinco quarenta anos, são especialistas em música contemporânea. Claro que eles se embrenharam no repertório clássico também, mas o foco deles desde o início foi tocar a música produzida nos dias de hoje. E considero esse trabalho, que eles fazem tão bem, muito importante para a perpetuação e desenvolvimento da música como arte no mundo atual. Eu, como bom amante da música contemporânea que sou, não poderia deixar de postar essa coleção e honrar a esse grupo.
Neste álbum, o primeiro dessa coleção do aniversário de 25 anos completado em 1998 – (iihhh, já tem um tempinho ein tio?) – temos a melhor interpretação da Missa Syllabica de Arvo Pärt que já ouvi, juntamente com a pior de Psalom. E temos deliciosas obras recheadas de jams e ritmos dançantes do compositor estadunidense John Adams em John’s Book of Alleged Dances.
Semana que vem teremos Ken Benshoof (quem é esse cara?) e Astor Piazzolla no segundo volume da coleção.
Como hoje é véspera de ano novo, sugiro uma resolução para vocês: ouvir mais música erudita contemporânea em 2016.
25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET 1/10]
John Adams (1947):
John’s Book of Alleged Dances:
01 Judah to Ocean
02 Toot Nipple
03 Dogjam
04 Pavane: She’s So Fine
05 Rag the Bone
06 Habanera
07 Stubble Crotchet
08 Hammer & Chisel
09 Alligator Escalator
10 Standchen: The Little Serenade
11 Judah to Ocean (Reprise)
Arvo Pärt (1935):
12 Fratres
13 Psalom
14 Summa
Missa Syllabica*:
15 Kyrie
16 Gloria
17 Credo
18 Sanctus
19 Agnus Dei
20 Ite, Missa Est
Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello
Ellen Hargis, soprano*
Suzanne Elder, alto*
Neal Rogers, tenor*
Paul Hillier, baritone*
Clica antes aqui, malandro! Depois clica ali embaixo no melhor disco de 2014 na categoria Concerto da revista Gramophone. Ah, pois é, né?
Este é daqueles discos que você tem por dois motivos: pela qualidade dos concertos e por amor a sua coleção ou discoteca. Bavouzet não é Argerich, mas é quase — é excelente e faz jus aos concertos de Prokofiev. Estes concertos pedem um alongamento espiritual que nem todo pianista alcança. Vão do rapidíssimo ao lerdo, do selvagem ao sublime muito subitamente. Parece que existe uma gravação da mesma parceria para os Concertos de Bartók. Gostaria de ouvir, imagina se não.
Serguei Prokofiev (1891-1953): Os 5 Concertos para Piano
Piano Concerto No. 1 in D-Flat Major, Op. 10
1 Allegro brioso – 3:27
2 Meno mosso – 3:16
3 Andante assai – 4:20
4 Allegro scherzando – 4:28
Piano Concerto No. 2 in G Minor, Op. 16
5 I. Andantino – Allegretto – 11:09
6 II. Scherzo. Vivace – 2:31
7 III. Intermezzo. Allegro moderato – 6:19
8 IV. Finale. Allegro tempestoso – 11:22
Piano Concerto No. 3 in C Major, Op. 26
9 I. Andante – Allegro – 9:18
10 II. Tema con variazioni – 8:57
11 III. Allegro ma non troppo – 9:35
Piano Concerto No. 4 in B-Flat Major, Op. 53
1 I. Vivace – 4:25
2 II. Andante – 9:33
3 III. Moderato – 8:09
4 IV. Vivace – 1:35
Piano Concerto No. 5 in G Major, Op. 55
5 I. Allegro con brio – 4:54
6 II. Moderato ben accentuato – 3:41
7 III. Toccata. Allegro con fuoco – 1:54
8 IV. Larghetto – 7:07
9 V. Vivo – 5:32
Jean-Efflam Bavouzet, piano
BBC Philharmonic
Gianandrea Noseda
Depois do excelente impacto da postagem de 13 de outubro, com dois dos sete álbuns póstumos do Nick Drake, aqui vão os três álbuns que o moço lançou em vida – dos 21 aos 24 anos, antes de sua precoce partida em 1974, aos 26.
Sugestão: se você, como eu, achar as capas um tanto de mau gosto, não se deixe enganar: o conteúdo musical e poético está, de modo geral, muito acima delas. (Digo “de modo geral” apenas porque o segundo álbum não me parece estar no mesmo nível de tudo mais que que já ouvi dele; chega a parecer um esforço de ser o que ele menos era: pop).
Se, além da música, quiser conhecer um pouco da pessoa e sua história, o leitor DiMenez compartilhou com a gente o link de um documentário de 48 min., legendado em português. Valeuzaço, DiMenez… e agora deixo vocês com o vídeo… e sobretudo com a música!
Nick Drake: FIVE LEAVES LEFT (1969)
01 Time Has Told Me
02 River Man
03 Three Hours
04 Way To Blue
05 Day Is Done
06 Cello Song
07 The Thoughts Of Mary Jane
08 Man In A Shed
09 Fruit Tree
10 Saturday Sun
Nick Drake: BRYTER LAYTER (1971)
01 Introduction
02 Hazy Jane II
03 At The Chime Of A City Clock
04 One Of These Things First
05 Hazey Jane I
06 Bryter Layter
07 Fly
08 Poor Boy
09 Northern Sky
10 Sunday
Nick Drake: PINK MOON (1972)
01 Pink Moon
02 Place To Be
03 Road
04 Which Will
05 Horn
06 Things Behind The Sun
07 Know
08 Parasite
09 Free Ride
10 Harvest Breed
11 From The Morning
Ah, o CD ao lado é a nova edição — de 2007 — em álbum duplo destas canções Schubert gravadas por Hendricks e Lupu. Ela junta dois CDs lançados separadamente. Aqui temos um deles. O melhor.
Uma boa cantora, um bom pianista que saiba ser discreto e Schubert. Gol certo. Este CD não existe mais, tendo sido relançado em mp3 juntamente com outro que Hendricks e Lupu gravaram depois. É de 1986. A seleção de Lieder é excelente e temos vários grandes momentos, mas creio que se compara à leveza que a dupla alcançou na delicada Im Frühling, cuja simplicidade e ritmo me fazem desejar (calma, gente, só desejar) sair dançando pela sala.
Grande CD!
Schubert: Lieder
01. Der Wanderer An Den Mond D.870
02. Der Blinde Knabe D.833
03. Der Einsame D.800
04. Nacht Und Traüme D.827
05. Suleika I, D.720
06. Ganymed D.544
07. Rastlose Liebe D.138
08. Wanderers Nachtlied D.768
09. Die Forelle D.550 (La Truite)
10. Suleika II, D.717
11. Der Musensohn D.764
12. Lied Der Mignon D.877
13. Der König In Thule D.367
14. Gretchen Am Spinnrade D.118
15. Du Bist Die Ruh D.776
16. Im Frühling D.882
Só a versão de Christine Walevska para o “Schlemo” de Bloch já vale a audição deste CD. Como diria meu caro PQPBach, eis uma leitura visceral, arrancada do fundo da alma. Emocionante, para não dizer mais nada. O CD se completa com outra obra fundamental para o violoncelo, de Max Bruch, o ‘Kol Nidrei’ e ainda tem apenas o Concerto para Violoncelo de Schumann, e as Variações sobre um Tema Rococó, de Tchaikovsky. Em outra ocasião eu já havia trazido outro CD desta excepcional violoncelista, e foi muito bem recebido. Espero que o mesmo aconteça com esse aqui.
01. Bloch Hebraic Rhapsody ‘Schelomo’
02. Bruch Kol Nidrei, op.47
03. Schumann Cello conserto in A minor, op.129
04. Schumann Cello conserto in A minor, op.129
05. Schumann Cello conserto in A minor, op.129
Christina Walevska – Cello
Orchestre Philharmonique de Monte-Carlo
Eliahu Inbal – Conductor
06. Tchaikovsky Variations on a Rococo theme
Christina Walevska – Cello
London Philharmonic Orchestra
Sir Alexander Gibson – Conductor
Vamos por partes. Já ouvimos aqui algumas das melhores obras para vozes de Arvo Pärt, e já ouvimos algumas de suas melhores obras orquestrais. Agora venho com mais esse álbum que possui talvez não as melhores, mas duas obras muito conhecidas e importantes para piano: Für Alina (para piano solo) e Spiegel im Spiegel (para cordas e piano).
Para que vocês apreciem melhor essas obras é necessário entender o porquê delas serem como são e o porquê de elas serem importantes.
Já havia dito no meu debut que Pärt possuía três fases na sua carreira de compositor. Essas fases são, primeiro, a de vanguarda (avant-garde); segundo: a fase experimental com collage, e a última, a minimalista. Na primeira fase o compositor era na maior parte um neoclássico, mas chegou a compor obras com estilo dodecafônico e serialista. Uma obra serialista dessa fase é Nekrolog. É uma fase que o compositor tem uma forte obsessão por fazer inovações. Acho que dessa fase pouca coisa é aproveitável, por isso vou focar nas obras das fases seguintes.
Na fase de transição, Pärt realiza uma série de experimentações e colagens em suas obras. Collage ou colagem é uma técnica de composição onde os compositores fazem uma mistura de obras de vários compositores dentro de uma obra sua, misturando desde Bach até Mahler. As vezes sai algo interessante, outras, nem tanto. Essa fase da carreira de Pärt é interessante, pois ele não apenas faz essas colagens em suas obras para seguir uma tendência, ele faz uso dessa técnica numa tentativa desesperada de encontrar a si mesmo enquanto compositor [crise de identidade]. Pärt nessa época de transição, desiste da sua obsessão de inovação e rejeita o serialismo e as regras impostas pelos movimentos avant-garde de sua época, e nisso tenta realizar obras que desafiem isso. O collage, por citar o passado, talvez tenha sido uma forma de fazer essa afronta.
É possível entender a transição de Pärt como um processo de liminaridade, um processo que constitui um rito de passagem que o antropólogo Victor Turner caracterizava por três fases: a separação de uma estrutura anterior, o limbo ou limiar entre duas estruturas, e a agregação a uma nova estrutura. Julgando que a época em que ele vivia essa crise era o auge da guerra fria, pode-se pensar em termos sociológicos como que os movimentos sociais na Estonia sob o regime comunista influenciavam diretamente os pensamentos do “indivíduo Arvo Pärt” na época. É justamente nessa época, final dos anos 60 e começo dos anos 70, que o compositor abandona o luteranismo para se juntar ao cristianismo ortodoxo. Ou seja, Pärt se separa de uma estrutura social anterior para se juntar à outra. Isso se reflete em sua música também, embora em um tempo diferente. A música que mais evidencia seu rito de passagem é Credo, uma obra onde ele cita Bach, usa de atonalidade e de textos sacros.
Talvez tenha sido pura coincidência, ou talvez tenha sido por sentimento mesmo, mas durante uma época em minha vida em que estava passando justamente por um processo de liminaridade no meu pensamento intelectual pessoal, eu senti que deveria ouvir essa música. Já tinha escutado antes, mas foi dessa vez que senti aquilo que Pärt sentia quando a compôs, ou melhor, me identifiquei com seus sentimentos, pois passava justamente pelo mesmo processo. Credo é um ótimo exemplo para entender esse limiar, pois a música começa estável, desmorona em uma atonalidade caótica desesperadora (eu realmente senti desespero ouvindo essa parte), e depois se solidifica novamente em esperança e beleza. O único “porém” dela é voltar ao “mesmo” digamos assim, e isso não configura um rito de passagem completo (nem mesmo uma superação das contradições anteriores), mas podemos entender isso como uma previsão de Pärt do que viria: ele voltaria à beleza, às regras de uma estrutura. [Neste sentido a visão de Turner, de que um processo de liminaridade põe em cheque a ideia de estrutura é equivocada, pois tal processo pode ser entendido como um processo comum da própria estrutura. Ou seja, Pärt abandona um grupinho, fica meio perdido, mas encontra uma outra turminha com quem possa andar no recreio.]
E foi isso que ele fez. Depois de mais ou menos oito anos de silêncio criativo quase absoluto (com exceção apenas da Terceira Sinfonia, que já mostrara alguns sinais do estilo que viria), Pärt finalmente renasce com um estilo de música totalmente novo, mas por mais irônico que talvez seja (talvez não tão irônico, se pensarmos que de alguma forma – nos termos de Victor Turner – para completar o ritual de passagem, era necessário aderir a uma nova estrutura), um estilo que possui regras tão complexas quanto aquelas presentes no serialismo, como explica Tom Service pelo The Guardian:
“Pärt criou regras estritas para controlar como as vozes harmônicas se movem com as linhas melódicas em sua música, regras tão estritas quanto o serialismo; ironicamente, dada a sua rejeição às suas obsessões de inovação anteriores, o sucesso de sua linguagem musical depende exatamente daquela objetividade de pensamento que a composição serial demanda. Essa austeridade do processo faz com que o tintinnabuli de Pärt apresente um novo uso da atonalidade, até mesmo um novo tipo de tonalidade, e explica porquê sua musica soa ao mesmo tempo tão antiga e moderna, e porque ela encorpa uma expressividade genuína ao invés de uma repetição de convenções de segunda mão.”
Eu diria que a música de Arvo Pärt não soa antiga e moderna ao mesmo tempo por acaso. Como eu disse acima, Pärt se converteu ao cristianismo ortodoxo e é no leste europeu onde o antigo estilo de canto conhecido como canto gregoriano (ou cantochão), é ainda bastante preservado, justamente devido a presença do cristianismo ortodoxo. As obras para vozes de Pärt do período minimalista possuem clara influência do cantochão tanto no sentido estético quanto no estrutural da música. Não seria errado dizer que o cantochão é um estilo de canto minimalista se pensarmos apenas nas características e não na época; é com a Ars Nova, o renascimento e finalmente o barroco que as obras para vozes tomam proporções maiores do que vigorou pela maior parte da idade média. Mas claro que Pärt vai muito além, ele cria uma harmonia e um timbre únicos, e além disso, ele está se inspirando numa música antiga em um contexto moderno (ou pós-moderno), por isso a música soaria antiga e moderna ao mesmo tempo. [Seu novo estilo, o tintinnabuli (que é uma forma de minimalismo), é como uma superação da contradição entre suas duas fases anteriores: as regras exigentes da vanguarda, mais as experimentações com o passado.]
Für Alina, embora não seja para vozes, é a primeira obra que surge com essa inovação na sua técnica de composição após o hiato de vários anos do compositor. Quero que vocês tenham isso em mente quando ouvirem pela primeira vez Für Alina, que aquela nota grave que você ouve, seguida de notas mais agudas, foi a primeira nota que nasce depois de um silêncio de muitos anos, e elas nascem como uma ressurreição do compositor, então é necessária delicadeza e lentidão ao lidar com elas, como se o pianista e o ouvinte estivessem brincando com um vidro muito frágil e valioso. Se o pianista for delicado e o ouvinte não for, a magia se quebra e a obra se perde no vazio, se o ouvinte for delicado mas o pianista não for, o ouvinte vai sentir a magia da obra rachando e quebrando diante de seus ouvidos que esperavam delicadamente apreciar uma delicadeza que não ocorre. Do nascimento dessas pequenas e delicadas notas nasceriam outras raízes mais fortes dessa semente: Spiegel im Spiegel, Tabula Rasa, Frates, Cantus In Memory of Benjamin Britten, Summa e outras. Essas obras são as bases desse novo estilo de Pärt: minimalista, profundo e hipnotizante.
E tudo isso são só os primeiros galhos, o estilo minimalista de Pärt mesmo sendo “pouco” rende muito. Já podemos dizer que existe uma árvore razoavelmente grande de obras só da terceira fase. Torço para que esse velhinho de 80 anos viva pelo menos até os 100, e continue nos honrando com sua maravilhosa música profundamente tocante por muito tempo.
Arvo Pärt (1935): Alina
01 Spiegel im Spiegel
02 Für Alina
03 Spiegel im Spiegel
04 Für Alina
05 Spiegel im Spiegel
Vladimir Spivakov, violino
Sergej Bezrodny, piano
Dietmar Schwalke, violoncelo
Alexander Malter, piano
Quando eu ouço um CD ou um concerto de música barroca tocado no cravo, passo a achar o piano pesado demais. Foi o caso deste. Ele só começou a entrar na minha cabeça, quando ouvi os fantásticos pássaros do movimento Le rappel des oiseaux, esplêndida quinta faixa deste CD. E então, minha cabeça foi até os pássaros de outro francês, Messiaen, cuja certa música só pode ser apreciada após uma visita a um parque arborizado e cheio de pássaros. E retornei à primeira faixa, já achando tudo normal e Angela Hewitt uma gênia. Olha, um baita CD.
Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Suítes para teclado
1. Allemande (Suite in E minor – Pieces de clavecin)
2. Courante
3. Gigue en rondeau I
4. Gigue en rondeau II
5. Le rappel des oiseaux
6. Rigaudons I and II
7. Museete edn rondeau
8. Tambourin
9. La villageoise
10. Les tricotets (Suite in G minor-nouvelles suites de pieces de clavecin)
11. L’indifferente
12. Menuets I and II
13. La poule
14. Les triolets
15. Les sauvages
16. L’enharmonique
17. L’egiptienne
18. Allemande (Suite in A minor – Nouvelles suites de pieces de clavecin)
19. Courante
20. Sarabande
21. Les trios mains
22. Fanfarinette
23. La triomphante
24. Gavote
25. Double 1
26. Double 2
27. Double 3
28. Double 4
29. Double 5
30. Double 6
Um Mozart moderno, poderiamos dizer deste CD, com um pianista um tanto desconhecido, porém de enorme talento e versatilidade. A curiosidade é que ele se juntou a Rinaldo Alessandrini, que um amigo chama de xiita das interpretações ditas históricamente corretas. Mas aqui Rinaldi encara Mozart, não Vivaldi ou qualquer outro compositor barroco. E nos oferece um resultado muito interessante, com uma orquestra pequena, porém muito competente, o conjunto “Divertissement”.
O solista é Olivier Cavé, até então um ilustre desconhecido para este que escreve, mas como comentei acima, dono de um talento muito grande e muito criativo e versátil. O comentário no site do solista fala do encontro entre o moderno e o antigo, e é aí que reside o interesse neste CD: a sonoridade do piano Stenway & Sons moderno frente a uma orquestra que procura trazer a sonoridade das orquestras nos tempos de Mozart, “nem dogmática nem estúpidamente clássica”, nas palavras do comentarista do site. Ouçam e depois me deem sua opinião. Detalhe: este CD só será lançado dentro de alguns dias, portanto, aproveitem.
01. Piano Concerto No. 13 in C Major, K. 415387B I. Allegro
02. Piano Concerto No. 13 in C Major, K. 415387B II. Andante
03. Piano Concerto No. 13 in C Major, K. 415387B III. Rondeau. Allegro
04. Piano Concerto No. 5 in D Major, K. 175 I. Allegro
05. Piano Concerto No. 5 in D Major, K. 175 II. Andante ma un poco adagio
06. Piano Concerto No. 5 in D Major, K. 175 III. Allegro
07. Piano Concerto No. 25 in C Major, K. 503 I. Allegro maestoso
08. Piano Concerto No. 25 in C Major, K. 503 II. Andante
09. Piano Concerto No. 25 in C Major, K. 503 III. Allegretto
Olivier Cavé – Piano
Divertissement
Rinaldo Alessandrini – Conductor
Do que Mozart era capaz, hein? Nas suas mãos, até um instrumento como a harpa faz música! Desculpem, não gosto do som da harpa. É inacreditável o ponto de delicadeza que este gênio encontrou, fazendo com que a harpa não pisasse de modo algum na vulgaridade na qual outros compositores a deixam sempre. Só Mozart conseguiu! Este CD de 1987 é uma joia de absoluta gentileza e musicalidade. Todos os concertos são bons, Hogwood e seus solistas estiveram no mesmo estado de graça de Karl Böhm, Nicanor Zabaleta e Wolf Schultz em sua famosa gravação do Concerto para Flauta e Harpa de 1977 para a DG. Só que aqui os concertos que acompanham o K. 299 são melhores, fazendo um disco bem mais equilibrado do que aquele. Um grande CD!
Mozart – Concerto para flauta e harpa (K.299), Andante para flauta (K.315), Concerto para fagote (K.191) e para flauta (K.313)
1. Fl And Hp Con in C, K299: I. Allegro – Lisa Beznosiuk / Frances Kelly
2. Fl And Hp Con in C, K299: II. Andantino – Lisa Beznosiuk / Frances Kelly
3. Fl And Hp Con in C, K299: III. Rondeau: Allegro – Lisa Beznosiuk / Frances Kelly
4. Andante in C, K315 – Lisa Beznosiuk
5. Bn Con in B flat, K191: I. Allegro – Danny Bond
6. Bn Con in B flat, K191: II. Andante Ma Adagio – Danny Bond
7. Bn Con in B flat, K191: III. Rondo: Tempo Di Menuetto – Danny Bond
8. Fl Con NO.1 in G, K313: I. Allegro Maestoso – Lisa Beznosiuk
9. Fl Con NO.1 in G, K313: II. Adagio Ma Non Troppo – Lisa Beznosiuk
10. Fl Con NO.1 in G, K313: III. Rondo: Tempo Di Menuetto – Lisa Beznosiuk
Lisa Beznosiuk (Flauta),
Danny Bond (Fagote)
Frances Kelly (Harpa)
Os clarinetistas nasceram com o rabo virado para a lua, conforme diria minha mãe. Tanto Mozart quanto Brahms ficaram amigos de clarinetistas ao final de suas vidas, sendo convencidos por este seres soprantes a comporem para o instrumento justo em seus respectivos auges. E houve ainda outros clarinetistas e compositores no mesmo caso, mas Mozart e Brahms foram os mais notórios. Tal fato deu ao instrumento um tremendo repertório. Imaginem que Brahms ainda escreveu duas excepcionais Sonatas para Clarinete e Piano e Mozart seu Concerto K. 622! Bem, este CD é uma joia. Ah, sabem porque os livros de memórias de Erico Verissimo chamam-se Solo de Clarineta I e II? Sim, em função do belíssimo Quinteto de Brahms que comparece neste CD. A coisa é de arrepiar. Vai lá e ouve logo, bagual! Tá esperando o quê?
W. A. Mozart (1756-1791) / J. Brahms (1833-1897): Clarinet Quintets
1 Mozart: Clarinet Quintet in A, K.581 – 1. Allegro 9:20
2 Mozart: Clarinet Quintet in A, K.581 – 2. Larghetto 6:41
3 Mozart: Clarinet Quintet in A, K.581 – 3. Menuetto 6:45
4 Mozart: Clarinet Quintet in A, K.581 – 4. Allegretto con variazioni 9:00
5 Brahms: Clarinet Quintet in B minor, Op.115 – 1. Allegro 13:09
6 Brahms: Clarinet Quintet in B minor, Op.115 – 2. Adagio 11:07
7 Brahms: Clarinet Quintet in B minor, Op.115 – 3. Andantino – Presto non assai, ma con sentimento 4:49
8 Brahms: Clarinet Quintet in B minor, Op.115 – 4. Con moto 8:50
Tenho especial predileção por Hindemith, um cara que fazia uma música moderna, muito contrapontística e bela. Suas obras foram consideradas degeneradas pelos nazistas, o que não deixa de ser um elogio. Neste concerto e nas sonatas que o seguem, está boa parte das características do compositor. Ele buscava uma “música utilizável”, e uma “música para brincar”. Vocês facilmente reconhecerão estas duas vertentes neste CD. Suas maiores obras são as peças intituladas “Música de Câmara” para várias formações, lembrando um pouco os Concertos de Brandenburgo de J. S. Bach.
Paul Hindemith (1895-1963): Violin Concerto, Violin Sonatas
1 Violin Concerto: I. Massig bewegte Halbe 00:09:05
2 Violin Concerto: II. Langsam 00:08:41
3 Violin Concerto: III. Lebhaft 00:09:45
Violin Sonata, Op. 31, No. 2, ‘Es ist so schones Wetter draussen’
4 Violin Sonata, Op. 31, No. 2, “Es ist so schones Wetter draussen”: I. Leicht bewegte Viertel 00:01:57
5 Violin Sonata, Op. 31, No. 2, “Es ist so schones Wetter draussen”: II. Ruhig bewegte Achtel 00:02:21
6 Violin Sonata, Op. 31, No. 2, “Es ist so schones Wetter draussen”: III. Gemachliche Viertel 00:01:10
7 Violin Sonata, Op. 31, No. 2, “Es ist so schones Wetter draussen”: IV. 5 Variationen uber deas lied “Komm, lieber Mai” 00:03:49
Violin Sonata in E flat major, Op. 11, No. 1
8 Violin Sonata in E flat major, Op. 11, No. 1: I. Frisch 00:04:20
9 Violin Sonata in E flat major, Op. 11, No. 1: II. Im Zeitmass eines langsamen, feierlichen Tanzes 00:04:31
Violin Sonata in E major
10 Violin Sonata in E major: I. Ruhig bewegt 00:03:39
11 Violin Sonata in E major: II. Langsam – Sehr Lebhaft 00:05:41
Violin Sonata in C major
12 Violin Sonata in C major: I. Lebhaft 00:02:11
13 Violin Sonata in C major: II. Langsam 00:03:59
14 Violin Sonata in C major: III. Fuge: Ruhig bewegt 00:07:02
Frank Peter Zimmermann, Violino
Enrico Pace, piano
Olá pqpequianos, me perdoem pela minha ausência das últimas semanas, estava finalizando uma épica batalha com a academia. Agora já estou de férias, então vocês me verão novamente com frequência regular.
O álbum que trago hoje contêm duas obras de Takashi Yoshimatsu, o concerto para saxofone e a terceira sinfonia. O destaque fica para o concerto.
No primeiro movimento deste concerto ouvimos uma espécie de introdução ao tema, com algumas atonalidades na orquestra alternando com um ritmo bem jazziaco no piano e percussão acompanhando o saxofone, mas a marcante característica romântica do compositor no piano quando tocado solo entre as idas e vindas do tema. No segundo movimento não existe espaço para dúvidas, é o romantismo de Yoshimatsu fundido com um cool jazz suave… e olhem, é arrebatador, nenhuma alma romântica vai se segurar diante disso, preparem vossos corações caso alguém seja cardíaco. O terceiro movimento segue a tradição, allegro, retornamos ao tema do primeiro movimento.
Não acho que as sinfonias sejam o forte dele, mas essa terceira sinfonia consegue convencer; os sopros no início que lembram um pouco algo de indígena (ou estou louco?), a percussão que toma tons de jazz no segundo movimento, o trabalho com as cordas no terceiro movimento, são algumas das características que agradam.
O concerto para saxofone com certeza vale a pena, já a sinfonia fica a julgamento de vocês.
01 Saxophone concerto – I. Bird in collors; allegro
02 Saxophone concerto – II. Bird in grief; andante
03 Saxophone concerto – III. Bird in the wind; presto
Nobuya Sugawa, saxophone
BBC Philharmonic
Sachio Fujioka, regente
04 Symphony No 3 – I. Allegro; adagio grave – allegro molto
05 Symphony No 3 – II. Scherzo; allegro scherzando
06 Symphony No 3 – III. Adagio; adagio
07 Symphony No 3 – IV. Finale; andante sustenuto – allegro molto