Mais uma parceria da dupla FDPBach / Ammiratore.
Sevilha, Espanha início do séc XIX. Carmen é uma cigana que trabalha numa fábrica de cigarros. Sua beleza quente seduz os homens chegando a causar obsessão amorosa no soldado Don José e que, por esse amor, perde a farda e torna-se o amante. Por este amor obsessivo o ex-soldado chega a fazer parte de um bando de contrabandistas, amigos da sedutora cigana. Pela liberdade da vida, Carmen acaba deixando o pobre amante, incapaz de compreender a personalidade livre da cigana, para ficar com um famoso toureador. Don José obcecado e enfeitiçado então é tomado por um acesso de ira e ciúme levando a relação às vias de fato.
Hoje, dia 8 de março, compartilhamos com os amigos do blog a gigantesca ópera “Carmen” de Georges Bizet (1838-1875), considerada como a primeira ópera feminista da história e que foi recontada um sem-número de vezes em filmes e livros.
Esta ópera assinala um marco na história da música lírica, pois se tornou uma das obras mais executadas, encenadas e faladas no mundo, além da personagem central transformar-se em mito de alcance universal. Baseada na novela homônima de Prosper Mérimée (1803-1870), ela foi composta entre 1873 e 1874, representa uma série de situações envolvendo raça, classe e gênero que eram os assuntos palpitantes da França do século XIX, simplificada em ópera o tema principal é o amor que desperta a ação criminosa em Don José, homem ciumento que, sendo rejeitado pela mulher que ama, confere-lhe a morte como destino inexorável.
Carmen é um personagem absolutamente inédito no universo operístico, e vai influenciar muito todo o teatro lírico. Nada tem em comum com a heroína tradicional, pura, sofredora, um joguete nas mãos dos homens e do destino. É amoral, complexa, combina em si traços tanto de heroína quanto de vilã, mas de uma forma que a coloca acima dos julgamentos da moral corrente. Carmen faz parte daquela galeria de personagens que não se sentem culpadas por terem um comportamento que os padrões morais vigentes consideram “irregular”. Sim e isso era demais para o público de 1875… A cigana é uma fascinante mistura de sensualidade, alegria de viver, destemor, fatalismo, mas também de uma grande capacidade de ternura. Alguns autores consideram “Carmen” como a primeira ópera feminista da história por seu caráter transgressor em um mundo governado por homens. Não é à toa, assim, que a obra foi alvo de severas críticas em sua estreia.
Ao morrer em 2 de junho de 1875, no auge dos seus 36 anos, poucos meses após a estreia, o compositor francês Bizet não teria sobrevivido o bastante para saber que sua ópera “Carmen” tornar-se-ia uma das mais queridas obras musicais jamais escritas e a mais amada de todo o repertório francês. Bizet tinha a certeza de estar fazendo algo inteiramente novo: “Os críticos afirmam que sou obscuro, complicado e tedioso, mais preocupado com a habilidade técnica do que iluminado pela inspiração. Pois bem, desta vez escrevi uma obra que é toda feita de clareza e vivacidade, que está cheia de cor e melodia”, afirmou ele. Essa confiança em sua criação, porém, não impediu “Carmen” de ser um fracasso ao estrear, em 3 de março de 1875, no Théâtre de l’Opéra Comique, em Paris. Boa parte da crítica da época definiu a composição como sendo uma “música francesa querendo se passar por espanhola”. Bizet ficou fortemente abatido e abalado com as negativas (especula-se que talvez foi até a razão para seu enfarte meses depois). Houve, porém, apoio: “Bizet quer pintar homens e mulheres de verdade, alucinados, atormentados pelas paixões, pela loucura. Assim, a orquestra conta suas angústias, seus ciúmes, suas cóleras e a insensatez geral”, foi a avaliação publicada no Le National, de Paris à época da estreia.
Grande parte do público se sentiu desconfortável, para não dizer escandalizado, com a modernidade de Carmen: uma mulher segura de si, confiante e que ama a liberdade acima de tudo, a ponto preferir a morte a ceder aos desejos de um homem. Umas das primeiras interpretações simplórias da crítica especializada da época era que essa personagem deveria ser apenas uma mulher sedutora, devoradora de homens, fatal, ou uma prostituta de baixo valor moral. No final do século XIX, críticos expressaram indignação com a sexualidade de Carmen, e somente a partir da década de 1970 (!), que a figura desta personagem é apresentada sob um ponto de vista menos estereotipado, justamente e dignamente feminista.
Vou fazer um pequeno “aparte” e tentar mostrar as diferenças entre a Carmen da ópera e a Carmen do conto, Paris iria estremecer ao pensar que a ópera apresentasse a história do conto inalterada. As críticas e indignações pudicas a respeito da ópera de Bizet parecem um pouco exageradas, visto que a primeira encarnação de Carmen, como um conto de Prosper Mérimée, recebeu cordialmente as críticas literárias. A Carmen de Mérimée definitivamente não é uma garota legal. Ela tem uma sucessão desconcertante de amantes, a quem ela assume e descarta com total imparcialidade (um “Don Juan” do sexo feminino), no conto ela também é uma ladra que tem um marido, um canalha chamado Garcia, cujo retorno das galés, o levaria aos braços de Carmen e Don José para impedir o marido a voltar para sua mulher o mata em uma briga. O sedutor toureador da ópera, Escamillo, é um simples picador no conto, um jovem chamado Lucas, de quem Don José tem ciúmes. José agora é seu marido e convida Carmen para juntos fugirem para a América. Carmen recusa e já está cansada da ciumeira de Don José. Ela novamente se apaixona e a bola da vez é o jovem Lucas. Porém José insiste que poderiam mudar de vida na América levando uma vida honrada. A cigana mostra-se irredutível, sugere a José que este siga seu caminho sem ela. Indignado, já nada mais tendo a perder, José a convida para passear e a apunhala num lugar no meio das montanhas onde se escondiam, e lá mesmo a enterra, indo depois se entregar a polícia. Quando a história termina, ele está em sua cela, esperando para ser enforcado.
Os Libretistas Henri Meilhac(1831-1897) e Ludovic Halévy (1834-1908) fizeram um trabalho maravilhosamente hábil de suavizar a fogosa e não tão legal Carmencita, ela é um pouco selvagem, mas não muito selvagem, ela é uma mulher extremamente humana e verdadeira. Além disso, ela não é uma ladra. O insignificante Lucas se torna o matador, Escamillo. Os libretistas ainda criaram a personagem Micaela (inexistente na narrativa de Mérimée), por meio da qual tentam substanciar o ambiente simples e sem complicações de José, antes de ele ser envolvido por Carmen. É a moça tímida do interior, recatada e fiel, através de quem se torna palpável o mundo incorruptível de José. Em uma leitura apressada, Micaela e Carmen organizavam a feminilidade em torno de dois polos opostos: um normal, ordenado e tranquilizador, o outro desviante e perturbador da ordem moral e dos costumes patriarcais. Todas as figuras criadas e adaptadas pelos libretistas são figuras necessárias neste alucinante mostruário de tipos ibéricos, cuja atmosfera sonora foi criada por um francês que nenhum espanhol poderia superar. A propósito, afirma-se que Bizet recorreu a numerosos álbuns de música espanhola, enquanto concebia a ópera. É bem possível que tenha aproveitado trechos de canções anônimas originárias da Espanha para não fugir à ambientação melódica do seu trabalho.
O grande talento de Bizet foi imaginar a música para cada elemento do enredo com igual seriedade: os personagens triviais, ornamentais, o trágico soldado proletário, os contrabandistas a cantar em estrita harmonia, o exibicionista fanfarrão, os papeis de apoio genéricos; ele dá minuciosa atenção a todos e a cada um deles. Como era usual por volta da década de 1870, toda ópera que tinha temas musicais recorrentes – em “Carmen” há alguns – era por esta razão foi rotulada como wagneriana. Mas em termos de formato não há nada de radical. É uma obra criada a partir de um tecido convencional, com árias bem-comportadas, duetos e conjuntos devidamente separados por trechos de diálogo falados (o que a classifica formalmente como “opéra comique”). A ópera está cheia de canções, danças, fanfarras militares, coros ao ar livre e desfiles. Bizet permitiu fazer experimentos com sons exóticos, e como a história se passa na Espanha, entre ciganos, muitos desses sons se referem a ritmos e modos espanhóis e mouros. Do ponto de vista da evolução musical, cada situação em “Carmen” é expressa com uma invenção melódica estupenda, que torna cada um de seus temas inesquecível; e com uma absoluta concisão e senso de timing. Carmen insere-se na moda do espanholismo, introduzida na França pela imperatriz Eugênia de Montijo, mulher de Napoleão III. De seu país ela trouxe ritmos de dança, tipos de roupa e costumes culinários que a corte se apressou em adotar.
O filósofo filosofando
Friedrich Nietzsche, um apaixonado discípulo de Wagner que se voltou contra seu ídolo depois da década de 1870, terminou sua vida louvando “Carmen”: “Ontem ouvi a obra-prima de Bizet, pela vigésima vez […]. Essa música me parece ser perfeita. A música é funesta, sutilmente fatalista: ao mesmo tempo ela continua popular – sua sutileza pertence à raça, não ao indivíduo. É rica. É precisa. Alguma vez ouviram num palco acentos mais dolorosos, mais trágicos?” Seu primeiro contato com esta ópera foi em Nice, em 1887. Escrevendo a um amigo, o filosofo conta que havia tomado o segundo conhaque do ano quando começou a música de Carmen: a partir desse momento ele submergiu durante meia hora em lágrimas e palpitações. “ “Carmen” é a melhor ópera que existe, a ópera das óperas, em três meses alcançou vinte representações com público máximo, a parte se apodera do todo, a frase da melodia, o momento de percorrer do tempo (também do tempo), o pathos se apropria do ethos (do caráter, do estilo, ou como se queira chamar –), em conclusão também a habilidade (espírito) se apodera do sentido…. Finalmente o amor, o amor retraduzido em natureza! Não o amor de uma “virgem sublime”! Nenhum sentimentalismo de Senta! Mas o amor como fado, como fatalidade, cínico, inocente, cruel – e precisamente nisso, natureza! O amor que em seus meios é a guerra, e no fundo o ódio mortal do desprezo! – Não sei de caso em que a ironia trágica que constitui a essência do amor seja expressa de maneira tão rigorosa, numa fórmula tão terrível, como no último grito de Don José, que conclui a obra. Sem dúvida “Carmen” é possessiva até a crueldade, nenhum homem soube responder a esse desafio que é simplesmente o desafio do amor, e por isso nenhum durou “mais de seis meses”. Mas no fundo de sua crueldade pulsa a justiça, ou melhor, desse fundo bélico brotará a justiça, como amor, somente no caso de ser correspondida da mesma maneira. Como não poderia ser diferente…”
Alexandre César Léopold Bizet (para os íntimos Georges Bizet): Carmen
Ilustrações de Sheilah Beckett
Ato 1
A ação se passa na luminosa e colorida Sevilha e arredores por volta de 1830. Ruas e praças fervilham de gente de todos os tipos, criando um ambiente de mercado oriental. É numa dessas praças que o cabo José e a cigana Carmen se conhecem. O cenário nos mostra uma praça, de um lado o quartel dos dragões do regimento de Almanza e do outro uma fábrica de cigarros, que emprega numerosas operárias.
A porta do quartel está o cabo Morales, e é dele que se aproxima uma linda camponesa, Micaela, que pergunta pelo cabo José. Ele pertence a outro pelotão, é a resposta; deverá chegar em breve para a rendição da guarda. Micaela pede para avisá-lo que voltará mais tarde, recusando timidamente o convite para esperar no quartel. Logo depois, ao som de fanfarras, realiza-se a cerimônia da rendição, e José é avisado da visita de Micaela.
Refrão dos garotos de rua– “Ao lado da guarda, nós chegamos, e aqui estamos! Vá embora, trompete ensurdecedor! Taratata, taratata! Nós marchamos com a cabeça erguida como pequenos soldados!”
Os novos guardas são comandados pelo tenente Zuniga, que, novo no regimento, pede a José informações sobre as mulheres que trabalham na fábrica de cigarros: o cabo, mais interessado em Micaela, pouco sabe sobre elas. Mas o tenente é logo satisfeito em sua curiosidade: a praça é invadida pelas operárias, de volta da interrupção do meio-dia; com seu ar malicioso, as moças atraem sobre si a atenção de todos os homens, que abrem alas para fazê-las passar. Entre elas destaca-se Carmen, cigana bela e provocadora, que traz uma flor no canto da boca. Estimulada pelos presentes, canta uma “habanera”, na qual resume seu conceito de vida: o amor é uma ave rebelde que ninguém pode prender; é inútil chamá-lo, se ele não deseja vir; tal como um cigano, não conhece lei.
Carmen– “Amor é um pássaro rebelde que ninguém pode aprisionar e é inútil chamá-lo se lhe convém recusar. Nada o move, nem ameaça nem fundamento, um homem fala livremente, o outro permanece mudo e é o outro que eu prefiro: Ele não diz nada, mas gosto dele. Amor! ….. O pássaro que você pensou ter pego desprevenido bate suas asas, voou – o amor está distante, e você pode esperar por ele: você não espera mais- e é isto. Em sua volta, rapidamente, rapidamente, ele vem, ele vai e ele retorna- Você pensa que pode segurá-lo, ele te ilude, você pensa que ele te ilude, ele segura você rápido. Amor!”
Apenas José não se mostra empolgado com os encantos da cigana. Ao notá-lo. Carmen dirige-se a ele e, com ar de desafio, joga-lhe a flor no rosto. Depois, reúne-se as colegas e vai para a fábrica.
A praça esvazia-se e José vê chegar Micaela. Rapidamente, esconde a flor sob a túnica e recebe a moça. A jovem é portadora de uma soma em dinheiro e de uma carta, enviadas pela mãe de José juntamente com um beijo, que lhe é dado, com ternura, por Micaela. O militar relembra, então, sua aldeia e sua gente com profunda saudade, ao mesmo tempo que percebe o efeito salvador da carta: por um pouco afastou de sua mente a imagem de Carmen que, com seu gesto, o perturbou profundamente. Micaela deixa-o, pretextando outro compromisso, e José lê a carta da mãe: pede-lhe que volte para casa, ao mesmo tempo que sugere seu casamento com Micaela. No íntimo, José promete obedecer à mãe.
Micaela– Sim, eu lhe direi: o que foi dado à mim eu darei a você. Sua mãe e eu estávamos saindo da capela quando ela me deu um beijo e me disse: ” Você irá a cidade. Não é longe, uma vez em Seville você irá procurar o meu filho e irá contar a ele que sua mãe pensa dia e noite sobre sua ausência, que ela chora e tem esperanças, que ela perdoa e espera. Tudo isto, pequena, você irá contar para mim, você não vai; e este beijo que estou te dando, você irá dá-lo para mim.”
José– Nunca tema, mãe o seu filho irá lhe obedecer e fazer como você mandou; eu amo Micaela e ela irá se tornar minha esposa. Para suas flores, bruxa imunda!
José está imerso nesses pensamentos, quando se ouve uma gritaria procedente da fábrica. Zuniga ordena a José que, com dois soldados, vá investigar o ocorrido. O cabo volta logo depois com Carmen, acusada de ter esfaqueado uma colega. Enquanto o oficial se senta para escrever a ordem de prisão contra a cigana, esta procura fascinar José. Sugere-lhe as delícias de uma tarde na taberna de Lillas Pastia (fora de Sevilha), onde promete encontrá-lo. Quando percebe ter dominado totalmente o cabo, pede-lhe para facilitar sua fuga.
Carmen– No muro de Sevilha, no meu amigo Lilas Pastia, eu estou indo dançar Seguidilla e beber manzanilla. Eu estou indo para meu amigo Lilas Pastia! Sim, mas sozinha fico entediada, e os prazeres reais são com dois. Então, para me manter com companhia, eu irei levar o meu amado! Meu amado……. Meu pobre coração, tão consolável- meu coração é tão livre quanto o ar. Eu tenho muitos noivos. Mas eles não são do meu gosto. Aqui estamos para o final de semana; quem quer me amar? Eu irei amá-lo. Quem quer o meu coração? Está aqui para quem quiser pegá-lo! Você veio no melhor momento! Dificilmente eu tenho tempo para esperar, para junto de meu novo amor… Pelos muros de Sevilha.
José– Pare! Eu falei para você não falar comigo!
Carmen– Eu não estou falando com você, eu estou cantando para mim mesma; e estou pensando…Não é proibido pensar! Eu estou pensando sobre um certo oficial que me ama e em meu retorno eu irei amá-lo de verdade!
José– Carmen!
Carmen– Meu oficial não é um capitão, nem mesmo um tenente, ele é somente um guarda; mas é o suficiente para uma garota cigana e eu irei me contentar com ele!
É o que acontece: de posse da ordem de prisão, José afasta-se do quartel com Carmen e a escolta de dois soldados; de repente, a cigana o empurra e ele simula um escorregão, permitindo-lhe a fuga.
Ato 2
Cêrca de um mês depois, Carmen e outras duas ciganas – Frasquita e Mercedes – estão na taberna de Lillas Pastia, acompanhando alguns oficiais, entre os quais Zuniga. Na hora de fechar, o tenente tenta convencer as ciganas a saírem com ele.
As mesmas recusam-se e a cena é interrompida pela chegada de Escamillo, o glorioso toureador que empolga a cidade. Todos se unem num brinde ao herói do momento. Agora, é a vez de Escamillo: ele tenta conquistar Carmen e, perante a recusa, afirma que esperará por uma oportunidade.
Escamilo– Eu posso voltar para sua tourada, senhor, para os soldados – Sim- os toureiros entendem um ao outro; lutar é o seu jogo! A arena está lotada, é feriado, a arena está cheia. Os espectadores, perdendo seus juízos, grite um com o outro com bastante força! Exclamações, choros e alvoroço levado pelo tom da fúria! Esta é a festa da coragem, esta é a festa do valente! Vamos lá! Em guarda! Ah! Toureiro, em guarda! E lembre, sim, lembre enquanto você luta, dois olhos negros estarão te olhando, que o amor espera por você!…….. De repente todos caem em silêncio; Ah- O que está acontecendo? Não tem mais grito, este é o momento! O touro vem batendo no touril! Ele prepara, aproxima e acerta! O cavalo cai, derrubando o picador! “Ah! bravo touro” grita a multidão; o touro dá a volta e retorna e acerta de novo! Balançado suas bandeirolas, louco de raiva, ele corre! A arena está coberta sangue! Homem salta claramente, pelando as barreiras. É sua vez agora! Vamos lá! Em guarda! Ah! Toureiro, em guarda!…… Uma palavra, bela mulher: Do que te chamam? Em meu pior perigo eu quero pronunciar seu nome.
Carmen– Carmen! Carmencita! Dá na mesma coisa.
Escamillo– Se alguém contasse a você que ele te ama?…
Carmen– Eu responderia que não preciso de amor.
Escamillo– Esta não é uma resposta amigável; eu irei me contentar com a espera e a esperança.
Carmen– Esperar é permitido, ter esperanças é doce.
Com a saída dos soldados e do toureador, chegam à taberna Dancaire e Remendado, chefes de um bando de contrabandistas. Eles planejam novo golpe, no qual as mulheres terão papel importante, distraindo os guardas da fronteira. Mas Carmen a todos surpreende, recusando- se a participar: é que soube da soltura de José – rebaixado a soldado e preso por tê-la deixado fugir – e tem certeza de que ele virá à ,taberna: está apaixonada.
Carmen- Meus amigos, eu ficaria muito feliz em ir com vocês esta noite; mas neste momento – não fiquem incomodados – o amor deve vir antes do dever.
De fato, José aparece e a cigana o recebe com alegria, dançando e cantando para ele. Após um desentendimento pelo fato de José interromper a dança de Carmen dizendo que deveria voltar ao quartel pois ouvira o toque de recolher, ele confessa seu amor e mostra-lhe a flor que ela lhe jogara no rosto no dia em que se conheceram.
Carmen– Delicadamente, senhor, delicadamente. Eu irei dançar pela sua honra, e você verá, meu senhor, como eu sou capaz de acompanhar minha dança! Sente ali, Don José. Eu estarei lhe vendo ! …….
José– Sim, você irá me ouvir! Eu insisto, Carmen! Você irá me escutar! A flor que você me jogou ficou comigo em minha cela cuidei e guardei, a flor sempre manteve um perfume doce e por horas eu com os meus olhos fechados, eu me embebedei com o seu cheiro e à noite eu usei-a para te ver! Eu te amaldiçoei, te detestando, perguntando para mim mesmo porque o destino teve que te jogar em meu caminho? Então me acusei de blasfêmia e senti comigo mesmo, eu senti somente um desejo, um desejo, uma esperança, ver você de novo, Carmen, de ver você de novo! Você tinha que aparecer, somente para jogar um olhar no meu caminho, para me possuir de todo o meu ser, O minha Carmen, e eu fui objeto! Carmen, eu amo você!
Mas ouve-se o toque de recolher novamente e José resiste ao apelo de Carmen para ignorá-lo: vai voltar ao quartel.
Carmen– Indo até as montanhas e me seguido você iria se me amasse! Lá você não seria dependente de ninguém; você não teria um oficial que teria que obedecer, e não toque de recolher ressoando para contar ao um amor que é hora de ir! O céu aberto, a vida pensando, o mundo todo que você domina, para a lei sua liberdade será, acima de tudo, uma coisa intoxicante; Liberdade! Liberdade!
Deixando Carmen e ao sair, defronta-se com Zuniga, que voltou a taberna disposto a conquistar Carmen pela força. Furioso, José agride o oficial, mas é impedido de matá-lo pela intervenção dos dois contrabandistas: Zuniga é aprisionado por estes e forçado a seguir o bando para evitar que os persiga. José, diante da situação, é forçado a unir-se a eles, para alegria de Carmen, que lhe elogia as belezas da nova vida de liberdade e independência. Num belíssimo conjunto que encerra o segundo ato!
Carmen– Ah! Isto não foi colocado galantemente, mas não importa, vá, irá levar isto até lá quando você ver o quão é bom é a vida errante; você domina o mundo todo, sua própria liberdade será sua lei, e sobre todas as coisas intoxicantes: Liberdade! Liberdade!
Todos– Viaje pelo país conosco, venha conosco até as montanhas, venha conosco e você vai levar para lá quando você vê, até lá, o quanto é bom a vida errante; todo o mundo é seu domínio, sua própria liberdade será sua lei! E sobre todas estas coisas intoxicantes: Liberdade! Liberdade!
Ato 3
O tempo passa e a volúvel Carmen já deseja trocar José por um novo amor. Cansou do entediante e ciumento José. É noite nas montanhas, onde se escondem os contrabandistas. Frasquita e Mercedes, zombeteiramente, procuram o futuro nas cartas. Carmen, supersticiosa, também tenta.
Carmen– “Ouros! Espadas! A mor- te! Eu vi. . . eu primeiro. . . ele depois. . . para ambos a morte!”
José está de guarda, magoado e cheio de ciúmes. Não percebe a aproximação de Micaela, ainda disposta a conquistar seu amor.
Micaela– Eu digo que nada me amedronta, eu digo, ai de mim, que eu tenho somente a mim para depender; mas eu tenho tentado em vão ser corajosa, em meu coração estou morrendo de medo! Sozinha neste lugar selvagem, totalmente sozinha, eu estou com medo, mas eu me engano em ter medo; você me dará coragem, você irá de proteger, Senhor. Eu irei dar uma olhada mais de perto nesta mulher que é uma cilada do mal terminou por fazer um criminoso do homem que eu amei uma vez: ela é perigosa, ele é bonita, mas eu não irei ter medo. Eu falarei na frente dela. Ah! Senhor, você irá me proteger! Ah! Eu digo que nada vai me amedrontar. …me proteja, ó Senhor! Proteja-me, Senhor!
Don José não percebe Micaela mas vislumbra uma sombra e atira contra ela: é Escamillo, o toureador, que se identifica e diz ter vindo a procura de Carmen, agora que sabe ter ela deixado o amante. José, furioso, desafia Escamillo a um duelo de faca: o encontro é interrompido pelos demais contrabandistas e por Carmen, que ameaça matar José se este não se afastar do toureador. Enquanto isso, Dancaire descobre Micaela e a conduz ao reduto: a moça implora a José que volte para ela e para a velha mãe, que está morrendo. Sua exortação é apoiada por todos os contrabandistas: eles também acham que o ex-soldado deve mudar de vida. José, aturdido pela iminência da morte da mãe, resolve partir; mas avisa Carmen, ameaçador, que voltará a vê-la.
Micaela- Eu vim procurando por você. Lá é a casa do campo, onde, rezando incessantemente, uma mãe, sua mãe, chora, ai, por seu filho. Ela chora e chama por você, ela chora e mantêm os braços abertos para você; você terá a cova dela, José. Ah José, você virá comigo!
Carmen– Vá! vá! Você faz bem em ir embora; nossos negócios não significam nada para você!
José– Você está dizendo para eu ir com ela?
Carmen– Sim, você deve ir!
José– Você está me dizendo para eu ir com ela para você correr em direção ao seu novo amor! Não! Não é provável! Pensei que isto custaria minha vida, não, Carmen, eu não irei embora, e o vínculo que nos une irá nos unir até a morte! Pensar que isto custará a minha vida!
Micaela– Me escute, eu lhe imploro, sua mãe está com os braços abertos para você, o vínculo que os une, José, você irá quebrá-lo!
Frasquita, Mercedes, Le Remendado, Le Dancaire e o Coro– Isto irá custar a sua vida, José, se você não for, o vínculo que une você irá ser quebrado pela sua morte.
José– Me deixe!
Micaela– Ai de mim, José!
José- Porque eu estou amaldiçoado!
Frasquita, Mercedes, Le Remendado, Le Dancaire e o Coro- José tome cuidado!
José– Ah! Eu tenho você, garota amaldiçoada, eu tenho você e eu irei obrigar você curvar-se ao destino que liga o seu destino com o meu! Pensar que isto custará a minha vida, não, não, não, eu não irei embora!
Coro– Ah! Tome cuidado, tome cuidado, Don José!
Micaela– Mais uma palavra, esta será a última. Ai de mim! José, sua mãe está morrendo e ela não quer morrer sem antes te perdoar.
José– Minha mãe! Ela está morrendo?
Micaela– Sim, Don José.
José– Vamos, ah, vamos! Fique satisfeita! Eu estou indo, mas nós nos encontraremos de novo!
Ato 4
É novamente Sevilha e, na praça dos touros, Escamillo prepara-se para uma nova vitória.
Coro– Aqui estão eles! Aqui está a quadrilha! A quadrilha dos toureiros! O sol reflete em suas lanças! No ar com suas capas e chapéus! Aqui estão eles! Aqui está a quadrilha, a quadrilha dos toureiros! Aqui, vindo até a praça, primeiro de tudo, marchando, são os policiais com suas faces feias! Sai fora! Sai fora! E agora que eles vão passando vamos torcer pelo herói, bravo! Hurrah! Glória a coragem! Agora vem o touro ! Olhe para os bandeireiros! Veja que fanfarrões! Olhe eles! Olhes eles! Que visão e quanto são brilhantes os ornamentos brilhantes em suas vestimentas de luta! Aqui estão os bandeireiros! Outra quadrilha está vindo! Olhe para os picadores! O quanto são bonitos! Quanto eles atormentam os touros com os flancos na ponta de suas lanças! O Matador! Escamillo! É o Matador, o habilidoso espadachim, ele que vem para terminar tudo e atinge o último golpe! Vida longa à Escamillo! Ah bravo! Aqui estão! Aqui está a quadrilha!
Carmen, embora avisada da presença de José, não se furta ao encontro com o ex-amante e procura convencê-lo da inutilidade de sua insistência: já não o ama e, mesmo que ele a queira matar, não deixará seu novo amor, Escamillo.
Carmen– É você!
José– Sim, sou eu!
Carmen– Eu fui avisada que você estava aqui, que você viria aqui; eu fui avisada para temer por minha vida, mas eu não sou covarde e eu tinha intenção de sair correndo.
José– Não estou ameaçando, estou implorando, suplicando; nosso passado, Carmen – Que esqueça isto! Sim, juntos nós vamos começar outra vida, longe daqui, embaixo de novos céus!
Carmen- Você pede o impossível, Carmen nunca mentiu: sua mente está feita. Entre ela e você está tudo acabado. Eu nunca menti; está tudo acabado entre nós.
José- Carmen, ainda está em tempo, sim, ainda há tempo. O minha Carmen, me deixe salvá-la, eu te adoro, e salvar a mim mesmo com você!
Carmen– Não, eu estou ciente de que a hora chegou, eu sei que você vai me matar; mas seja para morrer ou viver, não, não, eu não irei me entregar a você!
José– Carmen, ainda há tempo, o minha Carmen, deixe-me salvá-la, eu, quem te adora; Ah! Deixe-me salvá-la e salvar a mim mesmo com você! O minha Carmen, ainda há tempo.
Carmen- Por que ainda está preocupado com um coração que não é mais seu? Não, este coração não pertence mais a você! Em vão você diz “eu adoro você” você não terá nada, não, nada, de mim, Ah! Isto é inútil, você não terá nada, nada, de mim!
José– Então você não me ama mais? Então você não me ama mais?
Carmen– Não, eu não o amo mais.
Ao ouvir o clamor do público, anunciando o fim da tourada, Carmen faz menção de se afastar em direção a arena, para celebrar com o toureador a vitória. José impede-lhe a passagem, e Carmen, num desafio extremo, pede que a deixe passar, ou a mate. É o clímax: José, desesperado, afunda o punhal no peito de Carmen, que cai morta, enquanto se ouvem cantos ao longe exaltando Escamillo. Perante a multidão que sai da arena, José joga-se sobre o corpo da bela cigana, soluçando: “Carmen! Minha adorada Carmen!”
José– Mas eu, Carmen, eu amo você ainda; Carmen, ai de mim! Eu te adoro!
Carmen– O que há de bom nisto? Que desperdício de palavras!
José– Carmen, eu amo você, eu te adoro! Tudo bem, se eu devo, para agradar você, eu serei um bandido, qualquer coisa que você quiser- tudo, você me escutou? Tudo! Mas não me abandone, o minha Carmen, Ah! Lembre-se do passado! Nós nos amamos um dia! Ah! Não me deixe, Carmen, Ah não me deixe!
Carmen– Carmen eu nunca irei gritar! Livre ela nasceu, livre ela irá morrer!
Coro– Hurrah! hurrah! Uma grande luta! Hurrah! Através da areia ensangüentada, o touro prepara! Olhe! Olhe! Olhe! O touro atormentado vem delimitando o ataque, olhe! Golpeado verdadeiramente, diretamente no coração, olhe! Olhe! Olhe! Vitória!
José– Aonde você está indo?
Carmen– Me deixe sozinha!
José– Este homem que estão torcendo é o seu novo amor!
Carmen– Me deixe em paz! Me deixe em paz!
José– Pela minha alma, você não irá passar, Carmen, você virá comigo!
Carmen- Meu deixe ir embora, Don José, eu não vou com você!
José– Você está indo até ele. Me conte…você o ama?
Carmen- Eu o amo! Eu o amo e na própria face da morte eu continuarei dizendo que o amo!
Coro– Hurrah! Uma grande luta!
José– Então eu estou perdendo a salvação do meu coração para você sair correndo para ele criatura infame, para rir de mim em seus braços! Não, pelo meu sangue, você não irá! Carmen, você virá comigo!
Carmen– Não, não, nunca!
José– Eu estou cansando de te ameaçar você!
Carmen– Tudo bem, então me apunhale, ou me deixe passar!
Coro– Vitória!
José– Pela última vez, seu demônio, você virá comigo?
Carmen– Não! Não! O anel que você me deu um dia- aqui, tome!
José- Tudo bem, maldição!
Coro– Toureiro, em guarda! E lembre-se, sim, lembre-se que enquanto você luta dois olhos negros estarão te assistindo, e que o amor espera por você!
José– Você pode me prender. Eu a matei! Ah! Carmen! Minha adorada Carmen!
Cai o pano.
Bizet não testemunhou a extraordinária repercussão que sua ópera conquistaria. Elogios vieram de ilustres como Camille Saint-Saëns-Saëns, Piotr Tchaikovsky, e Claude Debussy, que reconheceram sem dúvida alguma a grandeza daquele músico revolucionário e foram proféticos ao acreditarem que a ópera se tornaria a mais popular de todo mundo.
Nos dez anos seguintes, Carmen seria apresentada cerca de mil vezes, em diferentes montagens, por toda a Europa. Depois de arrebatar as plateias em sua versão lírica, também seria celebrada no século XX com várias versões cinematográficas.
Quase um século antes da liberação feminina, Carmen já era uma fonte de inspiração. A cigana de Bizet já se antecipava à mudança de comportamento feminino, com frases e atos contundentes como:
“O amor é um pássaro rebelde que ninguém pode aprisionar…”
“[o amor] não adianta chamá-lo, pois ele só vem quando quer.”
“… e quando pensa tê-lo aprisionado ele se vai.”
“Tu crês prendê-lo; ele te evita. Crês evitá-lo; ele te prende.”
“Se não me amares, eu te amarei. Mas… se eu te amar, cuidado!”
“O meu coração é livre como um pássaro!”
“Quem quer a minha alma? Ela está livre!”
“Não tenho medo de nada. Carmen nunca cederá! Nasceu livre e livre morrerá!”
E os conselhos que Carmen dá a Don José:
“Você viverá a nossa vida errante, por pais terá o Universo, por lei a tua vontade e, sobretudo, a coisa inebriante, a liberdade.”
O fato desta mulher expressar uma exuberância vital através de seu próprio corpo, utilizando de sua “sensualidade ibérica”, uma explosão de afetos e de atitudes impetuosas, desafiando então, todos os limites, códigos ou valores morais que venham a se opor aos caminhos que a paixão e a vontade lhe apontam. A conduta de Carmen expressa uma espécie de afetividade que enaltece a alegria e a embriaguez, expressão de um tipo de mundo repleto de andarilhos, ciganos e contrabandistas, desprovidos de remorsos, ressentimentos ou crises morais de consciência diante das transgressões das rígidas normais sociais. Carmen afirma a liberdade de acolher e cumprir o seu próprio destino, de acordo com o fluxo de seus desejos, o que a faz viver conforme o livre jogo interativo dos seus afetos. É uma das poucas óperas que não nos pedem para fechar os olhos e os ouvidos para a realidade. É por isso que Carmen sempre será uma ópera moderna.
Esta versão que ora compartilhamos com os amigos do blog é a minha gravação favorita de Carmen e traz de volta memórias bonitas dos anos 80. Gravada em 17 de novembro de 1983, esta performance tem um ótimo equilíbrio entre a ópera e as partes do diálogo, não são os cantores mas atores franceses que fazem a parte dos diálogos. No geral os atores estão bem – eles estão inseridos no drama, mas estão em um espaço auditivo diferente dos cantores e as vozes não parecem muito com os cantores. O canto e a música são nítidos, dinâmicos e fascinantes. O diálogo é jovial, sincero e cruel às vezes. Muito comovente.
Agnes Baltsa esta magnífica em sua performance. Sua perfeição vocal e brio são notáveis. Depois de ouvir seu sedutor “Pres de ramparts de Seville”, não é de admirar que Don José seja irresistivelmente atraído por ela. Até eu tenho a mesma reação a ela cantando como Don José. Por alguma razão desconhecida, enquanto estou ouvindo a frase “Mon officier n’est pas un capitaine”, não consigo parar de respirar fundo de “contentamento” (você sabe, da maneira que faria se alguém declarasse seu amor eterno por você …) e isso é algo que nunca deixa de acontecer sempre que ouço essa ária. O estranho é que você ouvirá Don José fazendo exatamente a mesma coisa, exatamente ao mesmo tempo. A primeira vez que ouvi este CD foi quase inacreditável. Ouça essa ária e você provavelmente entenderá do que estou falando. Michaela, da Ricciarelli, é a mais doce que eu já ouvi. Se eu fosse Don José, teria muita dificuldade em decidir qual das mulheres escolher. Os duetos entre Michaela e Don José são tão doces e carinhosos o oposto dos duetos entre Carmen e Don José, cheios de sensualidade e tensão. O Don José na voz de Carreras, do meu humilde ponto de vista, beira a perfeição. Ele pode parecer o jovem soldado ingênuo e tímido que se apaixona loucamente pela primeira vez e também como o ciumento e descontrolado Don José no ato final. E falando do ato final desta ópera vale o download … incrível a dinâmica. É de arrepiar quando Don José está chorando
“Ma Carmen, adorée”. Seu canto é notável. Adoro os duetos com Ricciarelli e Baltsa, além da famosa e maravilhosa versão de “La fleur que tu m’avais jetée”. Essa ária acaba como a canção de amor mais gentil e suave… A condução de Herbert von Karajan é simplesmente excelente! A música nesta gravação flui tão naturalmente que atrai imediatamente! O som e a produção da gravação são absolutamente perfeitos. O restante do elenco também é muito bom; Van Dam está excelente como Escamillo percebe-se uma fluência em francês que realmente faz a diferença. Frasquita e Mercédès são interpretados pelas belas vozes de Christine Barbaux e Jane Berbié.
Pessoal, sobem as cortinas e deliciem-se com a sedutora Carmen e apenas mais uma observação: obrigado, Agnes, Carreras e Karajan por esse momento!
Personagens e intérpretes
Carmen – Agnes Baltsa
Don José – José Carreras
Escamillo – José van Dam
Micaela – Katia Ricciarelli
Frasquita – Christine Barbaux
Mercedes – Jane Barbié
Zuniga – Alexander Malta
Morales – Mikael Melbye
Le Dancaire – Gino Quilico
Le Remendado – Heiz Zednik
Choeur de l’Ópera de Paris
Berliner Philharmoniker
Regente – Herbert von Karajan
1983