In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 9 de 11: Volumes 24, 28, 38 e 40 (Clássicos Favoritos V, VI, IX & X)

Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro de 2025, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a nona das onze partes de nossa eulogia ao gigante.


Partes:   I   |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII  |   IX   |   X   |   XI

Arthurzinho das massas estava em todas nos anos 80.

O embrião de tal onipresença foi sua participação no Circuito Universitário, iniciativa que desde o começo da década anterior levava grandes nomes da MPB para campi, teatros, ginásios e quaisquer outros espaços em que eles coubessem. Sempre destemido, Arthur foi o primeiro músico de concerto a embarcar  numa turnê do Circuito – e, convenhamos, o único capaz de aceitar um convite desses. Partiu de São Paulo, onde então morava, e prosseguiu de Kombi para Campinas e outras dez cidades do interior do estado. A experiência foi-lhe como um Caminho de Damasco: habitué de tantas paragens mundo afora, conhecedor de cada parada ao longo da Trans-Siberiana, Arthur enfim começava a descobrir seu país e a acolhida que as massas nos ginásios davam àquele pianista de raríssima figura, com cabeleira roqueira, calças de brim e a inseparável jaqueta de couro de alce.

Ó lá ela, a guerreira.

Não que tenha deixado a casaca de lado, como atesta, entre outros, o projeto Bach-Chopin que realizou com  João Carlos Martins. Tampouco deixou de ter preocupações fonográficas: farto da miríade de percalços para que seus discos fossem distribuídos pelas gravadoras e decidido decerto a cultivar mais uma úlcera, fundou o selo L’Art, tendo como sócio Lauro Henrique Alves Pinto, um dos “Filhos da Pauta”. Inda assim, preferia os mocassins e os pés na estrada. Xodó das multidões, para as quais era quase sinônimo de piano brasileiro, desfrutava uma liberdade incomum de escolher onde, como e com quem aparecer: mais que arroz de festa, o rei do rolê aleatório.

Até no gibi.

Se não, vejamos: depois de quase tocar com Elomar no formigueiro humano de Serra Pelada – com direito a transporte em avião da FAB, piano incluso -, acabou na não menor muvuca do Festival de Águas Claras, o “Woodstock” brasileiro, onde dividiu palco com Luiz Gonzaga (“esse cabra é tão bom que toca até Luiz Gonzaga”, foi o veredito do próprio) numa noite encerrada por João Gilberto. Às línguas de trapo que o acusavam de buscar as massas por estar em decadência técnica, respondia dando um tempo às turbas para, numa visita à Polônia, tocar (e gravar) Rachmaninoff desse jeito:

Sossegou? Claro que não: deixou São Paulo e mudou-se para o Rio, o qual voltou a chamar de morada depois de vinte anos. Foi fagocitado quase que de imediato pela boemia e requisitado em cada cantina, restaurante ou boteco onde, entre biritas, se cultivasse a boa prosa. Na confraria conhecida como “Clube do Rio”, aproximou-se de Millôr Fernandes, que prontamente reconheceu o potencial da avis rara e lhe escreveu um show, que também dirigiu – e assim, não mais que de repente, nascia “De Repente”.

Alternando textos de Millôr com bitacos de Arthur e grande música dos dois lados do muro da infâmia entre o dito “erudito” do assim chamado “popular”, o show foi um triunfo. Não demoraria para que o showman chegasse às telinhas, a convite de Adolpho Bloch, fundador da Rede Manchete. Conhecera-o em Moscou, nos seus tempos de Conservatório, mas estreitaram o convívio no Rio, frequentando o mesmo barbeiro, praticando o idioma russo e divertindo-se a falar, sem que ninguém mais compreendesse, bandalheiras impublicáveis.  Conquistado por aquele tipo maravilhoso que parecia pronto para TV, Bloch ofereceu-lhe carta branca para criar um programa semanal. Arthur pediu alto e levou: recebeu duas orquestras, dirigidas por Paulo Moura, que também lhe fazia os arranjos, e a crème de la crème  da música brasileira no rol de convidados. Nascia Um Toque de Classe, carregado daqueles momentos que, ao imaginá-los na TV aberta, fazem-me questionar em que sentido, enfim, roda a fita da civilização:

Arthur, que nunca foi muito afeito ao canto, ficou especialmente impressionado com a voz de Ney Matogrosso, que buscava novos rumos para sua carreira depois do frisson que causou com suas performances no extinto conjunto Secos & Molhados:

Ney, inacreditavelmente, ainda não se convencera de que era cantor. Arthur sugeriu que deixasse de lado a maquiagem e figurinos estrambólicos que até então tinham marcado sua carreira e que, de cara lavada, apostasse em sua rara voz. Não demorou até que o belíssimo contralto de Ney, tratado como afinado instrumento, estivesse a dividir o palco com outros quatro virtuoses.

Assim, na luxuosa companhia de Arthur, Paulo Moura (saxofone), Chacal (percussão) e Raphael Rabello (violão de sete cordas), Ney inaugurou uma nova fase em sua carreira com o show O Pescador de Pérolas. De lambujem, aproximou-se de Rabello, há já muitos anos um dos maiores violonistas do mundo, com quem mais adiante gravaria À Flor da Pele, que, em minha desimportante opinião, é um dos álbuns mais sensacionais que Pindorama deu ao mundo. O Pescador de Pérolas também virou disco, ainda que se lamente que o som do piano de Arthur, aparentemente, tenha sido captado do fundo duma lata de azeite:

Lambuzado de mel pelas massas e com saudades, talvez, de ferroadas, Arthur resolveu atirar-se no vespeiro: instigado por seu guru Darcy Ribeiro, aceitou a nomeação para alguns cargos públicos no Governo do Rio. Sob sua direção, o Theatro Municipal e a Sala Cecília Meireles receberam em seus palcos muita gente que seus habitués não deixariam nem entrar pela porta dos fundos, como a Velha Guarda da Portela. Divertindo-se com o previsível reproche de quem via violados seus espaços exclusivos e sacrossantos. Arthur ligou aquele famoso botão e prosseguiu: tocou em favelas (uma imagem de “Rocinha in Concert”está no cabeçalho dessa postagem) e chamou a Orquestra de Câmara de Moscou para tocar com ele em teatros, ao ar livre e em presídios. Quem o chamava de decadente – nem sempre por méritos artísticos – acabava por ter que deglutir cenas como as do Projeto Aquarius, em que o suposto ex-pianista e a Sinfônica Brasileira tocavam para Fla-Flus de gente:

Sim, 200 mil

Para refrescar-se das saraivadas de tomates, o Rei do Rolê Aleatório foi harmonizar seu piano com uma das vozes mais distintas do Brasil, o barítono de Nelson Gonçalves. Com alguns milhares de canções no repertório, escolher o que iria para o álbum foi por si só uma empreitada. O mais difícil, com sobras, era a incompatibilidade de relógios biológicos: Nelson acordava na hora em que Arthur ia dormir. Ainda assim, com cantor no fuso horário de Bagdá e pianista no de Honolulu, a parceria deu liga e rendeu um dos melhores álbuns de suas imensas discografias, O Boêmio e o Pianista:


Miacabo com Arthur e sua cara de “acordei agora”

Durante a extensa turnê com Nelson por mais de trinta cidades brasileiras, Arthur encantou-se com a tranquilidade e o clima ameno de Florianópolis e resolveu, enfim, lançar nela sua âncora. Trouxe seus pianos para perto do mar e até deve ter contemplado a ideia de sossegar. O sucesso da coleção “Meu Piano”, que vendeu um milhão de CDs a preços módicos em bancas de revistas, mostrou-lhe que o público não queria seu sossego. Pelo contrário: ainda havia muito mais gente a conquistar, nos vastos horizontes brasileiros, a ser buscada em seus últimos recantos, mesmo nas grotas que nunca tinham visto um piano. Assim, o rei das harmonizações improváveis juntou um Steinway com uma caçamba de Scania e partiu, como orgulhoso Camelô da Música (o termo é dele), para a mais épica jornada jamais empreendida por um artista brasileiro.


ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima


Volume 24: CLÁSSICOS FAVORITOS V

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Do Pequeno Caderno para Anna Magdalena Bach:

Christian PETZOLD (1677–1733)
1 – No. 2: Minueto em Sol maior, BWV Anh. 114

Johann Sebastian BACH
2 – No. 20: Minueto em Ré menor, BWV Anh. 132

Anton DIABELLI (1781-1858)

Das Sonatinas para piano, Op. 168:
3 – Moderato cantabile
4 – Andantino

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Das Duas Sonatinas para piano, WoO Anh. 5
5 – Sonatina em Sol maior

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

Do Álbum para Jovens, Op. 68
6 – O Camponês Alegre
7 – O Cavaleiro Selvagem
8 – Siciliana
9 – Um Pequeno Romance
10 – São Nicolau

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)

Seis Danças Populares Romenas, Sz. 56
11 – Do Bastão
12 -Do Lenço
13 – Sem Sair Do Lugar
14 – Da Trompa
15 – Polka Romena
16 – Finale: Presto

Heitor VILLA-LOBOS (1887-1959)

Do Guia Prático para Piano, Primeiro Álbum:
,17 – Acordei de Madrugada
18 -A Maré Encheu
19 – A Roseira
20 -Manquinha
21 – Na Corda Da Viola

[as obras de Villa-Lobos não estão disponíveis pelos motivos aqui listados]

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)

Das Doze Peças para piano, Op. 40:
22 – No. 2: Chanson triste

Enrique GRANADOS Campiña (1867-1916)

Das Doze Danças Espanholas:
23 – No. 5, “Andaluza”

Edvard Hagerup GRIEG (1843-1907)

Das Peças Líricas, Op. 43:
24 – No. 6: “À Primavera”

Achille Claude DEBUSSY (1862-1918)

Dos Prelúdios, Primeiro Livro:
25 – No. 8: La fille aux cheveux de lin

Dmitry Dmitryievich SHOSTAKOVICH (1906-1975)

Das Danças das Bonecas, Op. 91:
26 – No. 1: Valsa Lírica
27 – No. 4: Polka
28 – No. 5: Valsa-Scherzo

Scott JOPLIN (1868-1917)
29 – The Entertainer

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1998-99
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1999.

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Volume 28: CLÁSSICOS FAVORITOS VI

Antônio CARLOS GOMES (1836-1896)
Transcrição de Nicolò Celega (1846-1906)

Da ópera Il Guarany:
1 – Protofonia

Carl Maria Friedrich Ernst von WEBER (1786-1826)

2 – Convite à Dança, Op. 65

Franz Peter SCHUBERT (1979-1828)

Dos Quatro Improvisos para piano, D. 899:
3 – No. 4 em Lá bemol maior

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN Bartholdy (1809-1847)
4 – Rondo Capriccioso, Op. 14

Johannes BRAHMS (1833-1897)

Das Valsas para piano, Op. 39:
5 – No. 1 em Si maior
6 – No. 2 em Mi maior
7 – No. 3 em Sol sustenido menor
8 – No. 6 em Dó sustenido maior
9 – No. 15 em Lá bemol maior

George GERSHWIN (1898-1937)

10 – Rhapsody in Blue

Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1999
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1999.

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Volume 38: CLÁSSICOS FAVORITOS IX – TRANSCRIÇÕES CÉLEBRES

Ferenc LISZT (1811-1886)

Dos Doze Lieder de Franz Schubert, S. 558:
1 – No. 9: Ständchen

2 – Miserere du Trovatore de Giuseppe Verdi, S. 433

Do Wagner-Liszt Album:
3 – Isoldes Liebestod

4 – Liebeslied, S. 566 (baseada em Widmung, Op. 25 no. 1 de Robert Schumann)

De Années de Pèlerinage – Deuxième Année: Italie, S. 161:
5 – No. 5: Sonetto 104 del Petrarca

Johannes BRAHMS
Transcrição de Percy Grainger (1882-1961)

Das Cinco Canções, Op. 49:
6 – No. 4: Wiegenlied

Aleksandr Porfirevich BORODIN (1833-1887)
Transcrição de Felix Blumenfeld (1863-1931)

De Príncipe Igor, ópera em quatro atos:
7 – Dança Polovetsiana no. 17

George GERSHWIN
Transcrição de Percy Grainger
8 – The Man I Love

Oscar Lorenzo FERNÁNDEZ (1897-1948)
Transcrição de João de Souza Lima (1898-1982)

Da Suíte Reisado do Pastoreio:
9 – No. 3: Batuque

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: All Saints Church, Tooting, Londres, Reino Unido, 1999
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1999

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Volume 40: CLÁSSICOS FAVORITOS X

Charles-François GOUNOD (1818-1893)

1 – Ave Maria (Meditação sobre o Primeiro Prelúdio para piano de Johann Sebastian Bach)

Johann Sebastian BACH

Da Fantasia e Fuga em Dó menor, BVW 906:
2 – Fantasia

Franz SCHUBERT

Três Valsas:
3 – Op. 9 nº 1
4 – Op. 9 nº 2
5 –  Op. 77 nº 10

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)

Dos Doze Estudos para piano, Op. 10:
6 – No. 3 em Mi maior

Ferenc LISZT

Dos Três Estudos de Concerto, S. 144:
7 – No. 3: Un Sospiro

Johannes BRAHMS

Dos Três Intermezzi para piano, Op. 117:
8 – No. 2 em Si bemol menor

Leopold Mordkhelovich GODOWSKY (1870-1938)

9 – Alt-Wien

Isaac Manuel Francisco ALBÉNIZ y Pascual (1860-1909)

De Chants d’Espagne, Op. 232:
10 – No. 1: Prélude (Asturias)

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)

11 – Pavane pour une infante défunte

Manuel de FALLA y Matheu (1876-1946)
Transcrição do compositor

Do balé El Sombrero de Tres Picos:
12 – Danza del Molinero

Gabriel Urbain FAURÉ (1845-1924)
Transcrição de Percy Grainger

Das Três Melodias, Op. 7:
13 – No. 1: Après un Rêve

Ludomir RÓŻYCKI (1883-1953)
Transcrição de Grigory Ginzburg (1904-1961)

14 – Valsa da Opereta Casanova

Antônio CARLOS GOMES

15 – Quem Sabe?

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: All Saints Church, Tooting, e Rosslyn Hill Chapel, Londres, Reino Unido, 1999
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1999

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9ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele abordou os seguintes tópicos, sobre sua carreira na década de 1990: concertos que tocou no morro da Mangueira e na Rocinha; período em que foi diretor da Sala Cecília Meireles; período em que foi subsecretário de cultura do estado do RJ, encarregado do interior; sua colaboração com o cantor Nelson Gonçalves; o recital que realizou juntamente com Ana Botafogo; seu disco dedicado ao compositor Brasílio Itiberê; a grande coleção de 41 CDs “Meu piano”, lançada pela Caras em 1998; a caixa de 6 CDs “MPB – Piano collection”, dedicada a Dorival Caymmi, Chico Buarque, Tom Jobim, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Roberto Carlos; disco dedicado a Astor Piazzolla, com arranjos de Laércio de Freitas

Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, seguimos com o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952. Eis o ponta-esquerda Joaquim Albino, o Quincas (1931-2000).

Vassily

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 10 (RLPO, Vasily Petrenko)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 10 (RLPO, Vasily Petrenko)

IM-PER-DÍ-VEL !!! Uma estupenda gravação da décima de Shosta.

Consultem este link que avalia as melhores gravações da décima e que chega à conclusão de que…

Este monumento da arte contemporânea mistura música absoluta, intensidade trágica, humor, ódio mortal, tranquilidade bucólica e paródia. Tem, ademais, uma história bastante particular.

Em março de 1953, quando da morte de Stalin, Shostakovich estava proibido de estrear novas obras e a execução das já publicadas estava sob censura, necessitando autorizações especiais para serem apresentadas. Tais autorizações eram, normalmente, negadas. Foi o período em que Shostakovich dedicou-se à música de câmara e a maior prova disto é a distância de oito anos que separa a nona sinfonia desta décima. Esta sinfonia, provavelmente escrita durante o período de censura, além de seus méritos musicais indiscutíveis, é considerada uma vingança contra Stálin. Primeiramente, ela parece inteiramente desligada de quaisquer dogmas estabelecidos pelo realismo socialista da época. Para afastar-se ainda mais, seu segundo movimento – um estranho no ninho, em completo contraste com o restante da obra – contém exatamente as ousadias sinfônicas que deixaram Shostakovich mal com o regime stalinista. Não são poucos os comentaristas consideram ser este movimento uma descrição musical de Stálin: breve, absolutamente violento e brutal, enfurecido mesmo. Sua oposição ao restante da obra faz-nos pensar em alguma segunda intenção do compositor. Para completar o estranhamento, o movimento seguinte é pastoral e tranquilo, contendo o maior enigma musical do mestre: a orquestra para, dando espaço para a trompa executar o famoso tema baseado nas notas DSCH (ré, mi bemol, dó e si, em notação alemã) que é assinatura musical de Dmitri SCHostakovich, em grafia alemã. Para identificá-la, ouça o tema executado a capela pela trompa. Ele é repetido quatro vezes. Ouvindo a sinfonia, chega-nos sempre a certeza de que Shostakovich está dizendo insistentemente: Stalin está morto, Shostakovich, não. O mais notável da décima é o tratamento magistral em torno de temas que se transfiguram constantemente.

PQP Bach adverte: não ouça o segundo movimento previamente irritado. Você e sua companhia poderão se machucar.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 10

1. Symphony No. 10 in E minor, Op. 93 : I. Moderato 22:45
2. Symphony No. 10 in E minor, Op. 93 : II. Allegro 4:05
3. Symphony No. 10 in E minor, Op. 93 : III. Allegretto 12:11
4. Symphony No. 10 in E minor, Op. 93 : IV. Andante – Allegro 12:56

Royal Liverpool Philharmonic Orchestra
Vasily Petrenko

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Shosta lendo as novidades
Shosta lendo as novidades

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 (Scherbakov)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 (Scherbakov)

PUBLICADO ORIGINALMENTE POR PQP BACH EM 28/5/2007,  RESTAURADO POR RANULFUS EM 4/7/2015 E POR VASSILY EM 12/12/2019 (E NOVAMENTE POR PQP BACH EM 19/08/2025). Uma loucura.

Publicação original: 28.05.2007

Nota de Ranulfus: Esta postagem do nosso grão-mestre PQP foi a primeira de seis postagens dos Prelúdios e Fugas do Shosta que apareceram aqui — e precisamente a que me conquistou. Depois o próprio PQP publicou a de Nikolayeva, tida como a referência nesta obra, em áudio (2009) e em vídeo (2010), a de Keith Jarrett (de que ele gostou e eu não gostei) em 2012, a de Melnikov em 2013. Além disso, o Carlinus publicou a de Ashkenazy em 2010. Pois mal: devido aos acidentes a que o compartilhamento tem estado sujeito, nenhuma delas chegou a 2015 no ar — o que foi trágico, pois avalio esta obra como um clássico maior, ainda insuficientemente conhecido, mas digno de ficar para sempre – e desde já!

Então está aqui de novo a versão de Scherbakov — e quem sabe os colegas se animem a revalidar também alguma(s) das outras!

Um Shostakovich atrás do gato.

Texto de Anderson Paiva (fragmento). Em 1950, comemorava-se o bicentenário da morte de Johann Sebastian Bach, em Leipzig. O festival foi o palco da Competição Internacional Bach de Piano, que requeria a execução de qualquer um dos 48 Prelúdios e Fugas do Cravo Bem-Temperado. Entre os jurados, estava Dmitri Shostakovich.

A vencedora do concurso foi Tatiana Nikolayeva, que tocou não apenas um dos prelúdios e fugas do Cravo Bem-Temperado, conforme requeria a competição, mas executou todos os 48 Prelúdios e Fugas. Ela ganhou a medalha de ouro.

Dmitri Shostakovich, que entregou o prêmio à vencedora de 26 anos (na condição de presidente do júri), ficou impressionado com a interpretação da jovem pianista.

A última atração do evento foi o Concerto em Ré Menor para Três (cravos) Pianos, de J. S. Bach, tendo Maria Youdina, Pavel Serebriakov e Tatiana Nikolayeva como solistas. Incrivelmente, após Youdina machucar o dedo, Shostakovich, sem nenhuma preparação, e de última hora, tomou o seu lugar ao piano.

O mestre russo havia sido convidado para participar do festival de Leipzig em uma época que sua música silenciara na União Soviética, após o Decreto de Zhdanov (1948). Mas em meio ao silêncio, ele prosseguia compondo. E após retornar de Leipzig, contagiado pelo espírito de Bach – num primeiro momento, pretendia escrever apenas exercícios de técnica polifônica –, resolveu compor os seus próprios Prelúdios e Fugas. A partir daí, nasceria uma das maiores obras para piano do século XX: os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87.

O trabalho é um verdadeiro monumento à arte de J. S. Bach. Shostakovich admirava-o grandemente, e a música do mestre de Leipzig é um dos pilares de sua obra. Aos 44 anos, e a exemplo de compositores como Mozart, Beethoven e Brahms, que em sua fase outonal voltaram-se para o passado em uma justa reverência ao mestre barroco, aqui Shostakovich aprofunda-se no estudo do contraponto e faz música polifônica da mais alta qualidade.

Por que vinte e quatro? São 24 os Prelúdios e Fugas do CBT I, e são 24 os Prelúdios e Fugas do CBT II, de J. S. Bach – que integram os 48 prelúdios e fugas do Cravo Bem-Temperado. Vinte e quatro são os Prelúdios de Chopin, e são vinte e quatro os Caprichos de Paganini. O número 24 não é por acaso – ele corresponde aos vinte e quatro tons da música ocidental: doze maiores e doze menores.

Na Idade Média e em todo o Renascentismo, não havia música tonal. A música era modal. Predominavam os modos antigos (modos gregos), que eram sete. A partir do sistema tonal, que se consolidou no barroco, passaram a existir somente dois modos: o modo maior e o modo menor. Antes, haviam os complicados sistemas de afinação (temperamento), a fim de fazer os “ajustes das comas”. A coma é a nona parte de um tom inteiro, e é considerado o menor intervalo perceptível ao ouvido humano. Os físicos e músicos divergiam sobre o semitom diatônico e o semitom cromático. Para os músicos, o semitom cromático (de dó para dó sustenido) possuía 5 comas, e o diatônico (de dó sustenido para ré) possuía 4. Os físicos afirmavam o contrário. Durante muito tempo persistiu esse dilema, e os diferentes sistemas de afinação. O cravo precisava ser afinado (temperado) constantemente, de acordo com o modo da música que se estava a tocar. Até que surgiu a idéia de afinar o cravo em doze semitons iguais, com um sistema de afinação fixa, de modo que o intervalo entre cada semitom ficasse ajustado em 4 comas e meia (diferença imperceptível ao ouvido humano), quando o teórico Andreas Werckmeister publicou um documento com essa teoria, em 1691. Desse modo, qualquer peça poderia ser transposta para qualquer tonalidade sem precisar fazer constantes “reajustes” de afinação.

Essa idéia foi recebida com polêmica, mas Johann Sebastian Bach foi um dos primeiros a reconhecer a importância da inovação. Em 1722, publicou sua coleção de 24 Prelúdios e Fugas, para cada uma das doze tonalidades maiores e menores, e a chamou “Cravo Bem-Temperado, ou Prelúdios e Fugas em todos os Tons e Semitons”, provando que era possível tocar e transpor uma música para qualquer tonalidade, com o sistema temperado, sem precisar alterar a afinação. Em 1744, vinte e dois anos depois, publicaria o segundo volume (agora chamado Cravo Bem-Temperado, Livro II). Portanto, cada um dos volumes do CBT foram escritos em épocas distintas de sua vida, e é notável o fato de que a primeira parte foi escrita no mesmo ano em que Jean-Philippe Rameau publicou o seu Tratado de Harmonia (1722), com o mesmo objetivo. Ambos trabalhos foram decisivos para a consolidação do sistema tonal, que revolucionou a Harmonia e as técnicas de composição. O Cravo Bem-Temperado é considerado a “bíblia do pianista”, e permaneceu reconhecido mesmo após a morte de Bach, quando todas as suas outras obras foram esquecidas, de modo que o sistema tonal que prevaleceu até a época de Schöenberg, e que ainda é uma vital referência em nossos dias, é o legado de Johann Sebastian Bach.

A combinação entre o Prelúdio e a Fuga (considerada, mais do que uma forma musical, uma técnica de composição) é um casamento perfeito entre duas “formas” distintas, duas forças, dois opostos. A fuga é provavelmente a técnica de composição mais complexa da música ocidental. Ápice da música polifônica, e com regras que submetem o tratamento dos elementos musicais a padrões extremamente rígidos, reúne arte e ciência.

O Prelúdio é uma “forma” musical de caráter extremamente livre, como a Fantasia e o Noturno, e também de caráter improvisatório, como a Toccata e o Impromptu. Remonta à era da Renascença, desde as composições para alaúde, passando a ser utilizado como introdução das suítes francesas no século XVII. O “prato de entrada”, com a função de Abertura, como as antigas Sinfonias barrocas, e de curta duração, com passagens de difícil execução, sempre fazendo improvisar o virtuose (como a Toccata), com o objetivo de chamar a atenção da platéia, antes da execução da “peça principal”. Johann Pachelbel foi um dos primeiros a combinar Prelúdios e Fugas, e a partir de J. S. Bach, o Prelúdio adquiriu grande importância, sendo utilizado depois mesmo individualmente, por compositores como Beethoven, Chopin, Debussy, Rachmaninoff, Hindemith, Ginastera, etc.

A Fuga é utilizada desde o período medieval, e é uma técnica de composição polifônica que segue o princípio de imitação, como o Canon, porém muito mais complexa do que esse. Toda fuga começa com uma voz sem acompanhamento expondo o tema, que é o sujeito. A seguir, entra a segunda voz repetindo o sujeito na dominante (uma quinta acima ou uma quarta abaixo da tônica), enquanto a primeira voz prossegue, agora dando início a um segundo tema contrastante, que é o contra-sujeito. Os temas devem ser independentes, (como melodias distintas que se combinam), e a distinção entre as vozes, clara. Mas devem “afinar” entre si – e esse é o ponto de desafio que alia a estética da arte à engenharia da ciência. Os temas se contrapõem na direção da música polifônica, que é considerada “horizontal”, ao contrário da música homofônica, em que as partes são dependentes e simultâneas, considerada “vertical”. O contraponto é muito complexo, restrito a muitas regras de consonância e direcionamento de vozes, e, da sua complexidade, a fuga é a expressão máxima. Após todas as vozes exporem o sujeito (a fuga pode ser a duas, três, quatro ou a cinco vozes, etc.) e o contra-sujeito, segue-se um complexo desenvolvimento de temas e
motivos que culminam no ponto alto e de tensão da fuga: o stretto. É onde as vozes se aproximam, cada vez mais – e as vezes ocorrem entradas paralelas –, produzindo a impressão de que uma voz está perseguindo a outra, daí o nome fuga.

Palestrina e outros compositores utilizaram a fuga no Renascentismo. Teve o seu ápice no Barroco, sendo usada por compositores como Sweelinck, Froberger, Corelli, Pachelbel, Buxtehude e Händel. Mas foi através de Bach, com o Cravo Bem-Temperado e A Arte da Fuga, que essa magistral arte e ciência do contraponto atingiu o seu ponto culminante. Depois ela cairia em parcial esquecimento, mas sendo aproveitada por compositores como Haydn, Mozart e Beethoven, no Classicismo; Mendelssohn, Brahms, Schumman, Rmski-Korsakov, Saint-Saëns, Berlioz, Richard Strauss, Rachmaninoff e Glazunov, no Romantismo; e, no século XX, por Max Reger, Kaikhosru Sorabji, Bártok, Weinberger, Barber, Stravinsky, Hindemith, Charles Ives e Dmitri Shostakovich.

Ah! Quão belos e magistrais são os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 de Shostakovich! Elaborados, profundos, sinceros, é arte que desabrocha, ora sutil, ora retumbante, do mais íntimo e abissal silêncio. É música que, uma vez expandida, repreendida e calada, retorna a si, ao íntimo do compositor, e tácita e reflexiva, espera a sua hora, para irromper como um monumento, colosso perpétuo para as gerações futuras que ouvirão, ao seu tempo, os pensamentos calados e as palavras não ditas. Shostakovich, de mão dadas a Bach, como um furacão transcende o momento, atravessa o tempo, e chega como brisa aos nossos ouvidos. Quando ela foi executada pelo pianista soviético Svyatoslav Richter, um crítico que estava presente disse: “Pedras preciosas derramaram-se dos dedos de Richter, refletindo todas as cores do arco-íris”. Essa obra, Shostakovich iniciou após retornar do festival de Leipzig, trabalhando rapidamente, levando apenas três dias em média para escrever cada peça. O trabalho completo foi escrito entre 10 de outubro de 1950 e 25 de fevereiro de 1951. Após concluir a obra, Shostakovich dedicou-a a Tatiana Nikolayeva, a pianista que o inspirou, e que brilhou vencendo a competição do festival do bicentenário de Bach em Leipzig, executando os prelúdios e fugas do Cravo Bem-Temperado. Assim que ele completou o ciclo, ele a chamou ao seu apartamento em Moscou para lhe mostrar o seu trabalho. Shostakovich tocou a obra na União dos Compositores Soviéticos, em maio de 1951, e Nikolayeva estreou-a em Leningrado, à 23 de dezembro de 1952.

Mas os 24 Prelúdios e Fugas não foram bem recebidos pelos críticos soviéticos, a princípio, especialmente na União dos Compositores. Desagradaram-lhes a dissonância de algumas fugas, e eles também a reprovaram por a considerarem “ocidental” e “arcaica”. E essa obra, hoje acessível, permanece ainda, por muitos, desconhecida.

Tatiana Petrovna Nikolayeva, pianista russa, como Shostakovich, e também compositora, foi uma das maiores pianistas soviéticas do século XX. Nasceu em 1924 e começou a aprender piano aos três anos de idade. Depois entrou para o Conservatório de Moscou e estudou com Alexander Goldenweiser e Yevgeny Golubev. Após vencer a Competição Internacional Bach de Piano de Leipzig, acumulou um imenso repertório, abrangendo Beethoven, Bártok e diversos compositores. Foi uma das grandes intérpretes de Bach. Enquanto muitos pianistas escolhiam tocar em instrumentos de época, Nikolayeva preferia tocar Bach no moderno piano Steinway, sempre com grande sucesso. Suas composições incluem um concerto para piano em si maior, executado e gravado em 1951 e publicado em 1958, um trio para piano, flauta e viola, gravado pela BIS Records, prelúdios para piano e um quarteto de cordas. A partir de 1950, ela passaria a ser uma das grandes amizades de Dmitri Shostakovich.

Após Nikolayeva gravar os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87, surgiram outras grandes gravações. Vladimir Ashkenazy, pela Decca, Keith Jarret, pela ECM, Konstantin Scherbakov, pela Naxos, e Boris Petrushansky, pela Dynamic, estão entre os poucos discos que disputam no mercado. Keith Jarret, mais conhecido como músico de jazz, afirmou o seu nome na música clássica pela ECM, com o seu toque de impecável técnica. Vladimir, Scherbakov e Petrushansky fizeram gravações notáveis, cada um com a sua interpretação única. E o próprio Shostakovich também gravou os seus 24 Prelúdios e Fugas, pela EMI. Dessas gravações, a que possuo, até o momento, é somente a de Sherbakov, a qual considero uma pérola musical.

Mas é Tatiana Nikolayeva a maior intérprete dessa obra cheia de nuanças, e quem desvenda com toque de perfeição o universo musical de Shostakovich. Ela gravou a obra por três vezes: duas pela BGM-Melodya, em 1962 e 1987, e a terceira pela Hyperion, em 1990. Todas as gravações supracitadas (exceto a primeira de Nikolayeva pela Melodya) encontram-se na internet.

Essa obra completa dura mais de duas horas. Os pianistas costumam executá-la em duas apresentações, tocando metade do ciclo em cada uma.

A ordem dos prelúdios e fugas não é aleatória, nem escolhida por um critério extra-musical qualquer. Partindo de dó maior, percorre um ciclo de progressões harmônicas. Os prelúdios e fugas de Bach, no paralelo maior/menor, seguem a ordem da escala cromática ascendente (dó maior, dó menor, dó sustenido maior, dó sustenido menor, etc.). Mas Shostakovich, a exemplo dos 24 Prelúdios de Chopin, com a relação do par maior/menor, segue o ciclo das quintas (dó maior, lá menor, sol maior, mi menor, ré maior, si menor, etc.). E se a obra é construída em torno das 24 tonalidades, quer dizer que a música é tonal. Sim, Shostakovich faz música tonal em plena era do atonalismo, mas com incursões atonais, abuso de dissonâncias e domínio da técnica com diferentes assimilações que sustentam o seu estilo singular e “poliestilista”. Nos Prelúdios e Fugas de Shostakovich há citações de Bach. Mas a substância dessa obra é a expressão musical única e interior do próprio compositor, Shostakovich, que com grande capacidade eclética e assimilativa, e sendo, ao mesmo tempo, profundamente original, percorre os mais diversos climas e variações de humor, com modulações ora bruscas e desconcertantes, ora tênues e elegantes. Serena, como na fuga n.º. 1 ou na fuga n.º. 13, brincalhona, como na fuga n.º. 3 ou no prelúdio n.º 21, a música de Shostakovich permeia os mais distintos aspectos da expressão musical. Estranhas são as fugas n.º 8 e n.º 19, misteriosas; cômica é a fuga n.º 11, ousada é a fuga n.º 6, luminosa é a fuga n.º 7. Os prelúdios de Shostakovich às vezes combinam-se perfeitamente com as fugas, e eles se atraem; e às vezes se contrastam. As fugas magnificamente elaboradas são emolduradas pelos belos prelúdios que, no entanto, não devem ser considerados obras menores. Cada peça, além de ser parte essencial de um todo, é também uma pequena obra-prima à parte, de modo que o conjunto de 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 formam, na verdade, uma coleção de 48 obras agrupadas em torno de um trabalho monumental e único.

Dmitri Shostakovich
24 Preludes and Fugues, Op. 87
Konstantin Scherbakov, piano

CD 1

  1. Prelude No. 1 in C major: Moderato 02:50
  2. Fugue No. 1 in C major: Moderato 04:02
  3. Prelude No. 2 in A minor: Allegro 00:52
  4. Fugue No. 2 in A minor: Allegretto 01:33
  5. Prelude No. 3 in G major: Moderato non troppo 01:51
  6. Fugue No. 3 in G major: Allegro molto 01:56
  7. Prelude No. 4 in E minor: Andante 01:57
  8. Fugue No. 4 in E minor: Adagio 05:35
  9. Prelude No. 5 in D major: Allegretto 01:44
  10. Fugue No. 5 in D major: Allegretto 02:01
  11. Prelude No. 6 in B minor: Allegretto 01:42
  12. Fugue No. 6 in B minor: Allegro poco moderato 04:00
  13. Prelude No. 7 in A major: Allegro poco moderato 01:24
  14. Fugue No. 7 in A major: Allegretto 02:47
  15. Prelude No. 8 in F sharp minor: Allegretto 01:18
  16. Fugue No. 8 in F sharp minor: Andante 07:10
  17. Prelude No. 9 in E major: Moderato non troppo 02:36
  18. Fugue No. 9 in E major: Allegro 01:36
  19. Prelude No. 10 in C sharp minor: Allegro 01:52
  20. Fugue No. 10 in C sharp minor: Moderato 05:43
  21. Prelude No. 11 in B major: Allegro 01:22
  22. Fugue No. 11 in B major: Allegro 02:10
  23. Prelude No. 12 in G sharp minor: Andante 03:13
  24. Fugue No. 12 in G sharp minor: Allegro 03:28

CD 2

  1. Prelude No. 13 in F sharp major: Moderato con moto 01:56
  2. Fugue No. 13 in F sharp major: Adagio 04:55
  3. Prelude No. 14 in E flat minor: Adagio 03:33
  4. Fugue No. 14 in E flat minor: Allegro non troppo 02:17
  5. Prelude No. 15 in D flat major: Moderato non troppo 03:03
  6. Fugue No. 15 in D flat major: Allegretto 01:54
  7. Prelude No. 16 in B flat minor: Allegro molto 02:37
  8. Fugue No. 16 in B flat major: Andante 06:46
  9. Prelude No. 17 in A flat major: Allegretto 01:57
  10. Fugue No. 17 in A flat major: Allegretto 03:51
  11. Prelude No. 18 in F minor: Moderato 02:21
  12. Fugue No. 18 in F minor: Moderato con moto 02:54
  13. Prelude No. 19 in E flat major: Allegretto 02:13
  14. Fugue No. 19 in E flat major: Moderato con moto 02:34
  15. Prelude No. 20 in C minor: Adagio 03:47
  16. Fugue No. 20 in C minor: Moderato 05:08
  17. Prelude No. 21 in B flat major: Allegro 01:16
  18. Fugue No. 21 in B flat major: Allegro non troppo 02:59
  19. Prelude No. 22 in G minor: Moderato non troppo 02:08
  20. Fugue No. 22 in G minor: Moderato 03:15
  21. Prelude No. 23 in F major: Adagio 02:52
  22. Fugue No. 23 in F major: Moderato con moto 03:14
  23. Prelude No. 24 in D minor: Andante 03:44
  24. Fugue No. 24 in D minor: Moderato 07:23

Total Playing Time: 02:23:19

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PQP, 28.05.2007. Revalidado por Ranulfus, 2015, por Vassily, 2019, por PQP, 2025.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): The Two Piano Trios, Op. 8 & Op. 67 / Cello Sonata Op. 40 (Guarneri Trio Prague)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): The Two Piano Trios, Op. 8 & Op. 67 / Cello Sonata Op. 40 (Guarneri Trio Prague)

O Trio para Piano Nº 1, Op. 8, é uma das primeiras composições de câmara de Dmitri Shostakovich. Foi tocado privadamente no início de 1924, mas só foi publicado na década de 1980. Vinte anos depois, o compositor escreveu o mais conhecido Trio para Piano nº 2, Op. 67. Originalmente intitulada Poème, o Trio Nº 1 foi composto em 1923, quando o compositor tinha dezesseis anos e estava no Conservatório de Leningrado há três. Quando a partitura estava sendo preparada para publicação, seis décadas depois, os últimos 22 compassos da parte para piano haviam sido perdidos, tendo sido completados pelo aluno de Shostakovich, Boris Tishchenko. Depois vem o Trio nº 2, uma obra bastante sombria. Escrita em 1942, ela reflete tanto os horrores da guerra quanto a morte de alguns amigos próximos. O Trio Guarneri responde com aguda sensibilidade às oscilações de humor da música, às vezes assustadoramente soturna, opressiva e ameaçadora. A execução do finale é profundamente comovente, oscilando entre a paixão feroz e a desolação absoluta. A Sonata para Violoncelo, Op. 40, foi composta em 1934, no período em que Shostakovitch apaixonara-se por uma jovem estudante, o que ocasionou um efêmero divórcio de sua esposa Nina. O compositor dedicou esta sonata ao violoncelista Victor Lubatski e ambos a estrearam em Moscou, no dia 25 de dezembro de 1934. O primeiro movimento (Allegro non troppo) é escrito em forma sonata. O primeiro tema, bastante extenso, é apresentado pelo violoncelo, acompanhado por arpeggios do piano e depois desenvolvido por este até seu clímax; o segundo tema, muito mais delicado, é, contrariamente, apresentado pelo piano e imitado pelo violoncelo. Durante o desenvolvimento o primeiro tema ganha motivos rítmicos, mas logo o afetuoso segundo tema reaparece. Tudo parece em ordem, encaminhando-se para o final do movimento, mas Shostakovitch nos surpreende ao inserir alguns acordes em staccato do piano, acompanhados por notas sustentadas pelo violoncelo, o que faz com que a música torne-se quase estática. É uma estranha preparação para o que se ouvirá no segundo movimento (Allegro) o qual é um scherzo típico de Shostakovitch. Trata-se de um frenético ostinato que é interrompido por um tema apresentado pelo piano que, apesar de mais tranquilo, é também muito pouco contemplativo. O terceiro movimento (Largo) faz-lhe intenso contraste, pois é uma melodia tranquila e vocal, acompanhada pelo piano de forma introspectiva, dissonante e um tanto fúnebre. O Allegro final é um rondó bastante irônico no qual o tema principal é apresentado três vezes, ligados, a cada intervalo, por estranhas e vertiginosas cadenzas.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): The Two Piano Trios, Op. 8 & Op. 67 / Cello Sonata Op. 40 (Guarneri Trio Prague)

1 Piano Trio No. 1, In C Minor, Op. 8 12:21

Piano Trio No. 2, In E Minor, Op. 67 (25:18)
2 I. Andante – Moderato – Più Mosso 6:53
3 II. Allegro Con Brio 3:06
4 III. Largo 5:20
5 IV. Allegretto – Pesante – Adagio 9:51

Sonata In D Minor, Op. 40, For Violoncello And Piano (26:15)
6 I. Allegro Non Troppo – Largo – Poco Con Moto 11:36
7 II. Allegro 3:04
8 III. Largo 7:06
9 IV Allegro – Risoluto 4:16

Cello – Marek Jerie
Ensemble – Guarneri Trio Prague
Piano – Ivan Klánský
Violin – Čeněk Pavlík

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Trio Guarneri de Praga finalizando uma obra e aguardando seu aplauso. Sim, falei contigo mesmo, meu!

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos Nº 1 e 2 para Violoncelo e Orquestra (Ma, Nelsons, BSO)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos Nº 1 e 2 para Violoncelo e Orquestra (Ma, Nelsons, BSO)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Por alguma razão, o Concerto Nº 2 para Violoncelo e Orquestra de Shostakovich não é tão ouvido — eu o amo apaixonadamente desde que ouvi a gravação Rostropovich-Ozawa-BSO –, mas o Nº 1 estabeleceu-se firmemente no repertório básico das principais salas de concerto. Yo-Yo Ma já tinha gravado o Nº 1 com a Orquestra de Filadélfia e Eugene Ormandy. Agora ele grava pela primeira vez o Nº 2. Yo-Yo Ma toca com uma intensidade e eloquência que puxa o ouvinte para o CD e, como convém a alguém que é aclamado como um dos maiores violoncelistas de todos os tempos, dá uma demonstração de competência e musicalidade. Nelsons tem grande afinidade com Shostakovich e a dupla com Ma funciona admiravelmente. Uma joia!

Concerto Nº 1 para Violoncelo e Orquestra, Op. 107 (1959)

Shostakovich e o Rostropovich eram grandes amigos tendo, muitas vezes, viajado juntos fazendo recitais que incluíam entre outras obras, a Sonata para violoncelo e piano, opus 40, já comentada nesta série. Desde que se conheceram, o compositor avisara a Rostropovich que ele não deveria pedir-lhe um concerto diretamente, que o concerto sairia ao natural. Saíram dois. Quando Shostakovich enviou a partitura do primeiro, dedicada ao amigo, este compareceu quatro dias depois na casa do compositor com a partitura decorada. (Bem diferente foi o caso do segundo concerto, que foi composto praticamente a quatro mãos. Shostakovich escrevia uma parte, e ia testá-la na casa de Rostropovich; lá, mostrava-lhe as alternativas, os rascunhos ao violoncelista, que sugeria alterações e melhorias. Amizade.) Estilisticamente, este concerto deve muito à Sinfonia Concertante de Prokofiev – também dedicada a Rostropovich – e muito admirada pelos dois amigos. É curioso notar como os eslavos têm tradição em música grandiosa para o violoncelo. Dvorak tem um notável concerto, Tchaikovsky escreveu as Variações sobre um tema rococó, Kodaly tem a sua espetacular Sonata para Cello Solo e Kabalevski também tem um belo concerto dedicado a Rostropovich. O de Shostakovich é um dos de um dos maiores concertos para violoncelo de todo o repertório erudito e minha preferência vai para a imensa Cadenza de cinco minutos (3º movimento) e para o brilhante colorido orquestral do Allegro com moto final.

Concerto para Violoncelo e Orquestra Nº 2, Op. 126 (1966)

Uma obra-prima, novo produto da estreita colaboração entre Shostakovich e Rostropovich, a quem o concerto é dedicado. A tradição do discurso musical está aqui rompida, dando lugar a convenções próprias que são “aprendidas” pelo ouvinte no transcorrer da música. Não há nada de confessional ou declamatório neste concerto. Há arrebatadores efeitos sonoros que são logo propositadamente abandonados. A intenção é a de ser música absoluta e lúdica, mostrando-nos temas que se repetem e separam momentos convencionalmente sublimes ou decididamente burlescos. Nada mais burlesco do que a breve cadenza em que o violoncelo é interrompido pelo bombo, nada mais tradicional do que o tema que se repete por todo o terceiro movimento e que explode numa dança selvagem, acabando com o violoncelo num tema engraçadíssimo — como se fosse um baixo acústico — , para depois sustentar interminavelmente uma nota enquanto a percussão faz algo que nós, brasileiros, poderíamos chamar de batucada. Esta dança faz parte de uma longa preparação para um gran finale que novamente não chega a acontecer. Um concerto espantoso, original, capaz de fazer qualquer melômano feliz ao ver sua grande catedral clássica virada de ponta cabeça e, ainda assim, bonita.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos Nº 1 e 2 para Violoncelo e Orquestra (Ma, Nelsons, BSO)

Cello Concerto No.1, Op.107
01 I. Allegretto 06:36
02 II. Moderato 12:14
03 III. Cadenza 05:36
04 IV. Finale. Allegro con moto 04:48

Cello Concerto No.2, Op.126
05 I. Largo 13:21
06 II. Scherzo. Allegretto 04:44
07 III. Finale. Allegretto 16:10

Yo-Yo Ma
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons

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Ma e Nelsons em ação total.

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 2 Concertos para Violino (Kaler, Wit)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 2 Concertos para Violino (Kaler, Wit)

Achei por bem postar este maravilhoso CD, porquanto desde o momento em que pude ouvi-lo, fiquei absurdamente satisfeito. Traz os dois concertos para violino de um dos meus compositores favoritos – Shostakovich. A música de Shosta sempre foi geradora de um intenso mistério em mim. Existe um profundo senso trágico, de lamento, de dor velada, de angústia represada, talvez fruto de suas emoções incontidas; de seu silêncio aflito. Quiçá eu possua um pouco do compositor soviético em mim. Shosta seria quem foi em qualquer lugar do universo. Li isso uma vez num texto escrito pelo Milton Ribeiro. Verifiquei que ele foi muito feliz nessa assertiva. De fato, em se tratando de Shostakovich, o regime soviético serviu apenas como um aspecto contingente em seu âmago como ser histórico. O compositor se portaria como essa figura introvertida, silenciosa e de alma vulcânica, mesmo em outro país. Gosto muito dessas gravações da Naxos. A Naxos possui um charme curioso. Sinto-me compelido a postar tudo o que consigo dela. Um bom deleite!

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os 2 Concertos para Violino (Kaler, Wit)

Violin Concerto No. 1 in A minor, Op. 99
01. I. Nocturne
02. II. Scherzo
03. III. Passacaglia
04. IV. Burlesque

Violin Concerto No. 2 in C sharp minor, Op. 129
05. I. Moderato
06. II. Adagio
07. III. Adagio – Allegro

Polish National Radio Symphony Orchestra (Katowice)
Antonio Wit, regente
Ilya Kaler, violino

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Kaler é um Mestre (a letra maiúscula não foi casual)

Carlinus

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 7, Op. 60, “Leningrado” (Slovák)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 7, Op. 60, “Leningrado” (Slovák)

Esta Sinfonia está longe de ser minha obra preferida de Shosta, mas é bastante apreciada por aí, talvez por seu simbolismo e posição histórica. É uma obra politicamente carregada, composta em meio ao cerco de Leningrado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Foi composta em 1941, logo após a invasão alemã da União Soviética e estreada em Leningrado em 1942, com a cidade ainda sitiada. A partitura foi levada em microfilme até a cidade. A orquestra local estava tão fragilizada pela fome que músicos do exército tiveram que ser convocados para completar os naipes. É uma sinfonia em quatro movimentos, grandiosa, com mais de uma hora de duração. O movimento mais célebre é o primeiro, com sua célebre “marcha da invasão”. Oficialmente, foi saudada como símbolo da resistência soviética ao nazismo. Mas muitos ouvintes e críticos — principalmente no Ocidente — perceberam que a sinfonia poderia ser uma crítica dupla, tanto ao terror de Hitler quanto ao de Stálin. É uma sinfonia de guerra, mas também de luto e ambiguidade moral.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 7, Op. 60, “Leningrado” (Slovák)

Symphony No. 7 in C Major, Op. 60, “Leningrad”
1 I. Allegretto 26:08
2 II. Moderato (Poco allegretto) 10:15
3 III. Adagio 19:20
4 IV. Allegro non troppo 16:42

Slovak Radio Symphony Orchestra
Ladislav Slovák

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Shosta tentou se alistar, mas foi recusado. Trabalhou como bombeiro (foto).

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): A Execução de Stepan Razin y otras cositas (Schwarz)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): A Execução de Stepan Razin y otras cositas (Schwarz)

Este CD vale por Stepan Razin e pelo Cinco Fragmentos orquestrais preparatórios para a Sinfonia Nº 4. Outubro é uma música escrita para comemorar os 50 anos da revolução socialista e é um horror, data de uma época em que o relacionamento entre Shostakovich e o regime soviético ia muito mal.

A Execução de Stepan Razin, Op. 119 (1964), assim como a Sinfonia Nº 13, foi baseada em poemas de Ievtushenko. Trata-se de uma obra coral-sinfônica poderosa e pouco conhecida fora da Rússia, mas essencial para entender o compositor em sua fase mais sombria e politicamente carregada. Stepan Razin foi um líder cossaco do século XVII que liderou uma rebelião camponesa contra o czar e foi executado brutalmente. Tornou-se símbolo da resistência popular na cultura russa. Shostakovich usou texto do mesmo poeta de Babi Yar, mas aqui o foco é a violência do Estado e o sacrifício dos rebeldes. Composta durante o governo de Brejnev, a obra ecoa críticas indiretas à repressão stalinista (que Shostakovich sofreu). O baixo representa Razin (voz grave e heroica), enquanto o coro é o “povo” — alternando entre gritos de revolta e lamento. A orquestra cria cenas vívidas: cavalos galopando (trompetes), golpes de machado (tímpanos), o rio Volga (cordas graves). O clímax é aterrorizante: a execução é retratada com acordes dissonantes e um silêncio súbito; depois, o coro sussurra “E o rio flui…”, simbolizando que a luta continua. Há trechos que lembram músicas folclóricas e marchas militares, mas distorcidas — uma crítica à propaganda soviética que glorificava “heróis” enquanto perseguia dissidentes. Stepan foi banida de gravações por anos, pois autoridades viram na figura de Razin um paralelo com rebeldes modernos, claro.

Nos anos 1960, jovens russos viram Razin como um “Che Guevara” medieval. A obra ressurgiu em protestos contra autoritarismo, como, por exemplo, as manifestações na Bielorrússia em 2020. A curiosidade é que Shostakovich disse que compôs o final — onde a cabeça decepada de Razin rola pelo chão — inspirado em pesadelos.

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – A Execução de Stepan Razin y otras cositas (Schwarz)

1. The Execution Of Stepan Razin, Symphonic Poem For Baritone Soloist, Mixed Chorus And Orchestra Op.119 (28:37)
Conductor Gerard Schwarz
Performer Charles Austin (Bass Baritone)
Ensemble Seattle Symphony Orchestra

2. October, Op.131 (13:10)
Conductor Gerard Schwarz
Ensemble Seattle Symphony Orchestra

Cinco Fragmentos, Op. 42 (10:35)
3. Moderato
4. Andante
5. Largo
6. Moderato
7. Allegretto
Conductor Gerard Schwarz
Ensemble Seattle Symphony Orchestra

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Em imagem de Sergei Kirillov, Stepan Razin

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 13, Op. 113, Babi Yar (Slóvak)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 13, Op. 113, Babi Yar (Slóvak)

Já falei 30 vezes sobre esta obra-prima de inigualável carga humana, então vamos falar lá de sua gênese. A seguir, vocês lerão algo pra lá de INUSITADO. Preparem-se.

A autoimolação de Valéri Kosolápov ao publicar Babi Yar

Por Vadim Málev, em 10 de junho de 2020
Texto de Milton Ribeiro a partir de tradução oral de Elena Romanov

Hoje é o dia dos 110 anos do nascimento de Valéri Kosolápov. Mas quem é esse Valéri Kosolápov? Por que deveria escrever sobre ele e você deveria ler? Valéri Kosolápov tornou-se um grande homem em uma noite e, se não fosse assim, talvez não conhecêssemos o poema de Yevgeny Yevtushenko (Ievguêni Ievtuchenko) Babi Yar. Kosolápov era então editor do Jornal de Literatura (Literatúrnii Jurnál), o qual publicou corajosamente o poema em 19 de setembro de 1961. Foi um feito civil real.

Afinal, o próprio Yevtushenko admitiu que esses versos eram mais fáceis de escrever do que de publicar naquela época. Tudo se deve ao fato de o jovem poeta ter conhecido o escritor Anatoly Kuznetsov, autor do romance Babi Yar, que contou verbalmente a Yevtushenko sobre a tragédia acontecida naquela assim chamada ravina (ou barranco). Por consequência, Yevtushenko pediu a Kuznetsov que o levasse até o local e ele ficou chocado com o que viu.

“Eu sabia que não havia monumento lá, mas esperava ver algum tipo de placa in memorian ou ao menos algo que mostrasse que o local era de alguma forma respeitado. E de repente me vi num aterro sanitário comum, que era como imenso sanduíche podre. E era ali que dezenas de milhares de pessoas inocentes — principalmente crianças, idosos e mulheres — estavam enterradas. Diante de nossos olhos, no momento em que estava lá com Kuznetsov, caminhões chegaram e despejaram seu conteúdo fedorento bem no local onde essas vítimas estavam. Jogaram mais e mais pilhas de lixo sobre os corpos”, disse Yevtushenko.

Ele questionou Kuznetsov sobre porque parecia haver uma vil conspiração de silêncio sobre os fatos ocorridos em Babi Yar? Kuznetsov respondeu que 70% das pessoas que participaram dessas atrocidades foram policiais ucranianos que colaboraram com os nazistas. Os alemães lhes ofereceram o pior e mais sujo dos trabalhos, o de matar judeus inocentes.

Yevtushenko ficou estupefato. Ou, como disse, ficou tão “envergonhado” com o que viu que naquela noite compôs seu poema. De manhã, foi visitado por alguns poetas liderados por Korotich e leu alguns novos poemas para eles, incluindo Babi Yar… Claro que um dedo-duro ligou para as autoridades de Kiev e estas tentaram cancelar a leitura pública que Yevtushenko faria à noite. Mas ele não desistiu, ameaçou com escândalo e, no dia seguinte ao que fora escrito, Babi Yar foi ouvido publicamente pela primeira vez.

Yevtushenko lê seus poemas. Nos anos sessenta, os poetas podiam reunir milhares de pessoas…

Passemos a palavra a Yevtushenko: “Depois da leitura, houve um momento de silêncio que me pareceu interminável. Uma velhinha saiu da plateia mancando, apoiando-se em uma bengala, e encaminhou-se lentamente até o palco onde eu me encontrava. Ela disse que estivera em Babi Yar, que fora uma das poucas sobreviventes que conseguiu rastejar entre os cadáveres para se salvar. Ela fez uma reverência para mim e beijou minha mão. Nunca antes alguém beijara minha mão”.

Então Yevtushenko foi ao Jornal de Literatura. Seu editor era Valéri Kosolápov, que substituiu o célebre Aleksandr Tvardovsky no posto. Kosolápov era conhecido como uma pessoa muito decente e liberal, naturalmente dentro de certos limites. Tinha ficha no Partido, claro, caso contrário, nunca acabaria na cadeira de editor-chefe. Kosolápov leu Babi Yar e imediatamente disse que os versos eram muito fortes e necessários.

— O que vamos fazer com eles? — pensou Kosolápov em voz alta.

— Como assim? — Yevtushenko respondeu, fingindo que não tinha entendido — Vamos publicar!

Yevtushenko sabia muito bem que, quando alguém dizia “versos fortes”, logo depois vinha “mas, eu não posso publicar isso”. Mas Kosolápov olhou para Yevtushenko com tristeza e até com alguma ternura. Como se esta não fosse sua decisão.

— Sim.

Depois pensou mais um pouco e disse:

— Bem, você vai ter que esperar, sente-se no corredor. Eu tenho que chamar minha esposa.

Yevtushenko ficou surpreso e o editor continuou:

— Por que devo chamar minha esposa? Porque esta deve ser uma decisão de família.

— Por que de família?

— Bem, eles vão me demitir do meu cargo quando o poema for publicado e eu tenho que consultá-la. Aguarde, por favor. Enquanto isso, já vamos mandando o poema para a tipografia.

Kosolápov sabia com certeza que seria demitido. E isso não significava simplesmente a perda de um emprego. Isso significava perda de status, perda de privilégios, de tapinhas nas costas de poderosos, de jantares, de viagens a resorts de prestígio …

Yevtushenko ficou preocupado. Sentou no corredor e esperou. A espera foi longa e insuportável. O poema se espalhou instantaneamente pela redação e pela gráfica. Operários da gráfica se aproximaram dele, deram-lhe parabéns, apertaram suas mãos. Um velho tipógrafo veio. “Ele me trouxe um pouco de vodka, um pepino salgado e um pedaço de pão”, contou o poeta. E este velho disse: — “Espere, espere, eles imprimirão, você verá.”

E então chegou a esposa de Kosolápov e se trancou com o marido em seu escritório por quase uma hora. Ela era uma mulher grande. Na Guerra, ela fora uma enfermeira que carregara muitos corpos nos ombros. Essa rocha saiu da reunião, aproximando-se de Yevtushenko: “Eu não diria que ela estava chorando, mas seus olhos estavam úmidos. Ela olhou para mim com atenção e sorriu. E disse: ‘Não se preocupe, Jenia, decidimos ser demitidos’.”

Olha, é simplesmente lindo: “Decidimos ser demitidos”. Foi quase um ato heroico. Somente uma mulher que foi para a front sob balas podia não ter medo.

Na manhã seguinte, chegou um grupo do Comitê Central, aos berros: “Quem deixou passar, quem aprovou isto?”. Mas já era tarde demais — o jornal estava à venda em todos os quiosques. E vendia muito.

“Durante a semana, recebi dez mil cartas, telegramas e radiogramas. O poema se espalhou como um raio. Foi transmitido por telefone a fim de ser publicado em locais mais distantes. Eles ligavam, liam, gravavam. Me ligaram de Kamchatka. Perguntei como tinham lido lá, porque o jornal ainda não tinha chegado. “Não chegou, mas pessoas nos leram pelo telefone, nós anotamos”, contou Yevtushenko.

Claro que as autoridades não gostaram e trataram de se vingar. Artigos aos montes foram escritos contra Yevtushenko. Kosolápov foi demitido.

O que salvou Yevtushenko foi a reação mundial. Em uma semana, o poema foi traduzido para 72 idiomas e publicado nas primeiras páginas de todos os principais jornais, incluindo os norte-americanos. Em pouco tempo, Yevtushenko recebeu outras 10 mil cartas agora de diferentes partes do mundo. E, é claro, não apenas judeus escreveram cartas de agradecimento, o poema fisgou muita gente. Mas houve muitas ações hostis contra o poeta. A palavra “judeu” foi riscada em seu carro e, pior, ele foi ameaçado e criticado em várias oportunidades.

“Vieram até meu edifício uns universitários enormes, do tamanho de jogadores da basquete. Eles se comprometeram a me proteger voluntariamente, embora não houvesse casos de agressão física. Mas poderia acontecer. Eles passavam a noite nas escadarias do meu prédio. Minha mãe os viu. As pessoas realmente me apoiaram ”, lembrou Yevtushenko.

— E, o milagre mais importante, Dmitri Shostakovich me telefonou. Minha esposa e eu não acreditamos, pensamos que era mais um gênero de intimidação ou que estavam aplicando um trote em nós. Mas Shostakovich apenas me perguntou se eu daria permissão para escrever música sobre meu poema.

Esta história tem um belo final. Kosolápov aceitou tão dignamente sua demissão que o pessoal do Partido ficou assustado. Eles decidiram que se ele estava tão calmo era porque tinha proteção de alguém muito importante e superior… Depois de algum tempo, ele foi chamado para ser editor-chefe da revista Novy Mir. “E apenas a consciência o protegia”, resumiu Yevtushenko. “Era um Verdadeiro Homem.”

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 13, Op. 113, Babi Yar (Slóvak)

1 I. Babi Yar 14:54
2 II. Yumor (Humor) 07:39
3 III. V Magazine (At the Store) 12:22
4 IV. Strachi (Fears) 12:13
5 V. Kariera (Career) 11:35

Baixo: Mikuláš, Peter
Orquestra: Slovak Radio Symphony Orchestra
Coro de baixos: Slovak Philharmonic Chorus
Regente: Slovák, Ladislav

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Dmitri Shostakovich e Yevgeny Yevtushenko no palco, logo após a estreia da Sinfonia Babi Yar.

PQP

Francis Poulenc (1899-1963): Complete Chamber Music Vol. 2 (Tharaud e outros)

Francis Poulenc (1899-1963): Complete Chamber Music Vol. 2 (Tharaud e outros)

Esse disco é muito bom, e seu destaque é a Sonata para Clarinete e Piano, certo? A Sonata para Clarinete e Piano de Francis Poulenc, escrita em 1962, é uma das últimas obras do compositor e um dos pilares do repertório de câmara para clarinete. Foi composta em memória de Arthur Honegger, colega de Poulenc no grupo Les Six. Estava destinada a ser estreada por Benny Goodman (sim, o lendário clarinetista de jazz) com Poulenc ao piano, mas o compositor morreu antes da estreia. A primeira apresentação foi feita por Goodman e Leonard Bernstein. É mole? Poulenc combina clareza, humor, lirismo e melancolia. Sua escrita para clarinete aproveita a expressividade do instrumento, seu calor, sua agilidade e seu senso de humor. Apesar de ser uma homenagem, né? fúnebre, a sonata nunca se afunda em tragédia. Ela é elegante na dor, contida, como um suspiro que prefere o pudor.

Francis Poulenc (1899-1963): Complete Chamber Music Vol. 2 (Tharaud e outros)

Sonata For Violin And Piano (18:26)
1 Allegro Con Fuoco 6:34
2 Intermezzo: Très Lent Et Calme 5:45
3 Presto Tragico 6:01
4 Bagatelle In D Minor For Violin And Piano 2:17

Sonata For Clarinet In B Flat And Piano (13:24)
5 Allegro Tristamente: Allegretto – Très Calme – Tempo Allegretto 5:14
6 Romanza: Très Calme 4:55
7 Allegro Con Fuoco: Très Animé 3:11

Sonata For Piano And Cello (21:51)
8 Allegro – Tempo Di Marcia: Sans Traîner 5:41
9 Cavatine: Très Calme 6:21
10 Ballabile: Très Animé Et Gai 3:18
11 Finale: Largo, Très Librement – Presto Subito 6:22

Cello – Françoise Groben (tracks: 8 to 11)
Clarinet – Ronald Van Spaendonck (tracks: 5 to 7)
Piano – Alexandre Tharaud
Violin – Graf Mourja* (tracks: 1 to 4)

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Alexandre Tharaud testando um dos pianos da Arapiraca Royal Chamber Music Hall.

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 5, Op. 47 (Concertgebouw, Haitink)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 5, Op. 47 (Concertgebouw, Haitink)

Eu, PQP Bach, perdi os links de minhas postagens desde agosto de 2016. Claro que esta versão já foi postada, mas é boa que vamos de novo. A Sinfonia Nº 5, Op. 47, de Dmitri Shostakovich, é uma das obras mais emblemáticas do século XX — ao mesmo tempo uma obra-prima musical e um documento histórico codificado. Composta em 1937, durante o auge do terror stalinista, a obra foi oficialmente anunciada como “a resposta criativa de um artista a críticas justas” — uma referência às severas críticas que o compositor havia sofrido por parte do regime, especialmente após sua ópera Lady Macbeth de Mtsensk ter sido condenada como “formalista” no jornal Pravda. Mas a Sinfonia nº 5 é tudo menos submissa. A Quinta é como uma máscara — por fora, conformidade e heroísmo soviético, por dentro, crítica sutil, melancolia e coragem.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 5, Op. 47 (Concertgebouw, Haitink)
I Moderato 17:59
II Allegretto 5:23
III Largo 15:36
IV Allegro Non Troppo 10:32

Concertgebouw Orchestra
Bernard Haitink

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Um Shosta adulto rindo? Coisa rara!

PQP

Prokofiev & Shostakovich: Concertos para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)

Prokofiev & Shostakovich: Concertos para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este CD recebeu todos os prêmios possíveis de se ganhar em 1994. Mereceu, é sensacional, esplêndido, até hoje imbatível, creio. Rostropovich estendeu a mão para o menino Vengerov, na época com 20 anos, para que ele subisse nos ombros de gigantes como Kogan e Oistrakh e conseguisse superá-los. Aqui, Rostrô atua como regente. Não há nada mais ou menos nesta gravação — solista, orquestra e regente estão impecáveis. Se o destaque é o tenso Concerto de Shostakovich, Prokofiev não lhe fica atrás. Creio que Rostrô deve ter orientado Vengerov a fazer a mais dilacerante das cadenzas na Passacaglia de Shosta, uma especialidade de Oistrakh. Nela o violino acaba abandonado pela orquestra, realizando um belíssimo e longo solo que dá entrada ao movimento final. Este CD é um dos que devem ser levados para a ilha deserta ou, no mínimo, deve ser guardado no nosso ventrículo esquerdo, que é onde o coração bate mais forte.

Prokofiev: Concerto para Violino Nº 1 / Shostakovich: Concerto para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)

1. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Andantino
2. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Scherzo: Vivacissimo
3. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Moderato

4. Shostakovich: Violin Concerto No.1 In A Minor: Nocturne: Moderato
5. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Scherzo: Allegro
6. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Passacaglia: Andante
7. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Burlesque: Allegro con brio

Performed by London Symphony Orchestra
with Maxim Vengerov, violin
Conducted by Mstislav Rostropovich

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Prok e Shosta: os autores dos grandes concertos deste excepcional CD.

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Quartetos Nº 8, 1 e 9 (Éder Quartet)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Quartetos Nº 8, 1 e 9 (Éder Quartet)

Mais um CD com os Quartetos de Shostakovich com o Éder. O Quarteto Nº 1, Op. 49, de 1938 tem um tom surpreendentemente leve e neoclássico. Foi composto quando Shosta tinha 32 anos. Ele traz movimentos curtos, melodias líricas, livre da angústia das obras posteriores. O Quarteto Nº 8, Op. 110, de 1960 é o mais famoso da série. Foi composto em 3 dias durante uma crise de depressão suicida, em Dresden. É autobiográfico. Shosta usa as iniciais D-S-C-H como tema recorrente — sua “assinatura musical”. É pura tragédia pura, com movimentos repletos de citações de suas sinfonias (como a Nº 5) e do canto judaico “Vítimas do Fascismo”. Sim, parte dos judeus mudaram e hoje são agentes do que há de pior… O Quarteto Nº 9, Op. 117 (1964) teve sua primeira versão em 1961. O estilo aqui é abstrato e experimental, com dissonâncias e um final ambíguo. Rapidamente: Nº 1, juventude e clareza; Nº 8, obra-prima da dor, densa e pessoal; Nº 9: reinvenção pós-trauma, enigmático.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Quartetos Nº 8, 1 e 9 (Éder Quartet)

String Quartet No. 8 in C Minor, Op. 110
1 I. Largo 04:41
2 II. Allegro molto 02:42
3 III. Allegretto 04:08
4 IV. Largo 05:05
5 V. Largo 03:42

String Quartet No. 1 in C Major, Op. 49
6 I. Moderato 04:16
7 II. Moderato 04:37
8 III. Allegro molto 02:25
9 IV. Allegro 03:24

String Quartet No. 9 in E-Flat Major, Op. 117
10 I. Moderato con moto 04:26
11 II. Adagio 03:58
12 III. Allegretto 03:54
13 IV. Adagio 03:36
14 V. Allegro 10:03

Éder Quartet

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 1 e Concerto para Piano Nº 1 (Rudy, Antonsen, Jansons)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 1 e Concerto para Piano Nº 1 (Rudy, Antonsen, Jansons)

A Sinfonia Nº 1, Op. 10, de Dmitri Shostakovich, é uma obra revolucionária — composta quando ele tinha apenas 19 anos (1924–1925) e estreada em 1926 pela Orquestra Filarmônica de Leningrado. Mesmo sendo uma peça de juventude, já revela seu gênio dramático, a ironia mordaz e a maestria orquestral. Shostakovich compôs a sinfonia como trabalho de formatura no Conservatório de Leningrado, sob pressão financeira (sua família passava dificuldades após a Revolução Russa). A URSS dos anos 1920 vivia um período de relativa liberdade artística (antes do stalinismo), o que permitiu a ousadia da obra. A estreia foi um sucesso estrondoso, projetando Shosta como o maior talento da nova música soviética. A obra escapa dos clichês da época: não é heroica, mas cheia de ambiguidades. Prepara o terreno para suas sinfonias posteriores, onde a tensão entre conformismo e subversão se tornaria vital. Já o Concerto para Piano, Trompete e Orquestra de Cordas, Op. 35 (1933) é uma das obras mais irreverentes e brilhantes do compositor, misturando ironia, virtuosismo e uma pitada de escândalo. Foi composto durante um raro período de “folga” artística antes do Grande Expurgo stalinista. Shostakovich estava envolvido com música para cinema e teatro, daí o tom cinematográfico — de cinema mudo no final do Concerto! — e satírico da obra. A obra foi chamada de “frívola” e “burguesa” — um prenúncio dos ataques que sofreria em 1936. Shostakovich adorava música de cabaré, e isso transparece nos ritmos sincopados e no trompete malcomportado…

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 1 e Concerto para Piano Nº 1 (Rudy, Antonsen, Jansons)

Symphony No. 1 In F Minor, Op. 10
1 I: Allegretto – Allegro Non Troppo 8:20
2 II: Allegro 4:56
3 III: Lento – 9:08
4 IV: Allegro Molto – Lento – Allegro Molto 9:32

Concerto For Piano, Trumpet And Strings In C Minor, Op. 35
Piano – Mikhail Rudy*
Trumpet – Ole Edvard Antonsen
5 I: Allegro Moderato – Allegro Vivace – Moderato – 5:58
6 II: Lento – 8:30
7 III: Moderato – 1:41
8 IV: Allegro Con Brio – Presto – Allegretto Poco Moderato – Allegro Con Brio 6:45

Conductor – Mariss Jansons
Orchestra – Berliner Philharmoniker

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PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Quartetos Nº 4, 6 e 7 (Éder Quartet)

Shostakovich utilizou os quartetos de cordas para expressar o que não podia em sinfonias (mais vigiadas pelo regime). Do Nº 8 em diante, eles se tornam cartas cifradas sobre morte, culpa e resistência. Mas falemos rapidamente sobre as obras deste CD. Porém, vejam bem, o Quarteto Nº 4, Op. 83, de 1949, foi censurado! Escrito durante o zhdanovismo, apenas foi estreado em 1953, após Stalin morrer. O Quarteto Nº 6, Op. 101, é de 1956 e o contexto já é o do “Degelo” de Khrushchev. Shostakovich respirava alívio. Destaque para o movimento Lento. Já o Quarteto Nº 7, Op. 108, de 1960, é breve e intenso, uma obra-prima. É dedicado à memória de sua primeira esposa e cheio de um luto contido. Nina Varzar (Varzar-Shostakovich) era uma física brilhante, foi o porto seguro de Shostakovich durante os anos de perseguição stalinista. Sua morte mergulhou Shostakovich em uma depressão profunda. O Éder Quartet — cujo nome é dedicado ao ex-ponta-esquerda o Atlético-MG e da Seleção Brasileira — é impecável. PQP Bach também é fake news e tio do Whats.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Quartetos Nº 4, 6 e 7 (Éder Quartet)

String Quartet No. 4 in D Major, Op. 83
1 I. Allegretto 03:17
2 II. Andantino 07:14
3 III. Allegretto 03:44
4 IV. Allegretto 08:24

String Quartet No. 6 in G Major, Op. 101
5 I. Allegretto 06:47
6 II. Moderato con moto 05:16
7 III. Lento 05:20
8 IV. Lento – Allegretto 07:46

String Quartet No. 7 in F-Sharp Minor, Op. 108
9 I. Allegretto 03:38
10 II. Lento 03:24
11 III. Allegro 05:32

Éder Quartet

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Shostakovich ao ouvir a última da família Bolsonaro

PQP

¡Que viva la Reina! – Martha Argerich, 84 anos [Rendez-vous with Martha Argerich, vol. 3]

Mais um outono para a Rainha, e desta feita ela nos presenteia com gravações novas – tão novas, claro, quanto podem ser as de alguém tão avessa aos estúdios e afeita a dividir a ribalta com jovens colegas e os parceiros de sempre. Estas que ora lhes apresento foram feitas algumas semanas depois do seu octagésimo aniversário, em junho de 2021, no festival que Martha vem consolidando em Hamburgo e no qual desfruta do privilégio de selecionar a pinça o tradicional petit comité que tem garantido muito de sua longeva alegria em pisar palcos.

No que tange a Sua Majestade, o melhor que ela nos oferece nesses volumes são a leitura da sonata Op. 30 no. 3 de Beethoven, com Renaud Capuçon – seu mais frequente e afiado parceiro ao arco, nos últimos anos -, um ebuliente Segundo Concerto de Ludwig, e o belíssimo Trio de Mendelssohn, ao lado de Mischa Maisky e da über-diva Anne-Sophie Mutter. A família Margulis – Jura, Alissa e Natalia – traz um azeitadíssimo Trio “Fantasma” e um mui tocante “Canto dos Pássaros”, joia folclórica catalã posta em pauta por Pau Casals. O variado cardápio também inclui as “Canções e Danças da Morte” de Mussorgsky, com o ótimo baixo Michael Volle, e uma Sonata para dois pianos e percussão de Bartók para a qual a Rainha, que tanto a tocou com nosso Nelson Freire, convidou seu outro Nelson favorito, o compatriota Goerner. O melhor retrogosto, entretanto, não foi o que veio de dedos hermanos, e sim das diminutas mãos de Maria João em Schubert – que maravilhosos, os dois improvisos! – e da última apresentação pública de Nicholas Angelich, um brahmsiano que sempre honrou o grande hamburguense e fez da Segunda Sonata para viola e piano seu canto de cisne.

ooOoo

Uma breve nota: a partir de hoje, mudarei a maneira de compartilhar música com os leitores-ouvintes. Cansei de ver a pedra rolar tantas vezes morro abaixo. Não farei mais comentários. Que venham os tomates.

Disco 1

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sete Variações para violoncelo e piano sobre “Bei Männern, welche Liebe fühlen”, da ópera “Die Zauberflöte” de Wolfgang Amadeus Mozart, WoO 46
1 – Thema. Andante
2 – Variation I
3 – Variation II
4 – Variation III
5 – Variation IV
6 – Variation V: Si prenda il tempo un poco più vivace
7 – Variation VI. Adagio
8 – Variation VII. Allegro ma non troppo

Mischa Maisky, violoncelo
Martha Argerich,
piano

Das Três Sonatas para violino e piano, Op. 30:
Sonata no. 3 em Sol maior
9 – Allegro assai
10 – Tempo di Minuetto, ma molto moderato e grazioso
11 – Allegro vivace

Renaud Capuçon,
violino
Martha Argerich,
piano

Dos Dois Trios para piano, violino e violoncelo, Op. 70:
No. 1 em Ré maior, “Fantasma”
12 – Allegro vivace e con brio
13 – Largo assai ed espressivo
14 – Presto

Alissa Margulis, violino
Natalia Margulis, violoncelo
Jura Margulis, piano


Disco 2

Ludwig van BEETHOVEN

Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

Martha Argerich, piano
Symphoniker Hamburg
Sylvain Cambreling
, regência

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN-Bartholdy (1809-1847)

Trio para piano, violino e violoncelo no. 1 em Ré menor, Op. 49
4 – Molto allegro agitato
5 – Andante con moto tranquillo
6 – Scherzo: Leggiero e vivace
7 – Finale: Allegro assai appassionato

Anne-Sophie Mutter, violino
Mischa Maisky
, violoncelo
Martha Argerich
, piano

Johannes BRAHMS (1833-1897)

Das Duas Sonatas para clarinete e piano, Op. 120 (transcritas para viola e piano pelo compositor):
Sonata no. 2 em Mi bemol maior
8 – Allegro amabile
9 – Allegro appassionato
10 – Andante con moto – Allegro – Più tranquillo

Gérard Caussé, viola
Nicholas Angelich,
piano


Disco 3

Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)

Dos Improvisos para piano, D. 935 (Op. Posth. 142):
No. 2 em Lá bemol maior
1 – Allegretto
No. 3 em Si bemol maior, “Rosamunde”
2 – Andante

Sonata para piano em Lá maior, D. 664
3 – Allegro moderato
4 – Andante
5 – Allegro

Maria João Pires, piano

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)

Sonata para piano a quatro mãos em Dó maior, K. 521
6 – Allegro
7 – Andante
8 – Allegretto

Martha Argerich e Maria João Pires, piano


Disco 4

Pau CASALS i Defilló (1876-1973)

1 – El Cant dels Ocells, para violino, violoncelo e piano

Alissa Margulis, violino
Natalia Margulis,
violoncelo
Jura Margulis,
piano

Manuel de FALLA y Matheu (1876-1946)

Suite Popular Espanhola, para violino e piano
2 – El Paño Moruno
3 – Nana
4 – Canción
5 – Polo
6 – Asturiana
7 – Jota

Tedi Papavrami, violino
Maki Okada, piano

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)

Quinteto em Fá menor para dois violinos, viola, violoncelo e piano
8 – Molto moderato quasi lento – Allegro
9 – Lento, con molto sentimento
10 – Allegro non troppo ma con fuoco

Akiko Suwanai e Tedi Papavrami, violinos
Lyda Chen, viola
Alexander Kniazev, violoncelo
Evgeni Bozhanov, piano


Disco 5

Astor Pantaleón PIAZZOLLA (1921-1992)

1 – Le Grand Tango

Gidon Kremer, violino
Georgijs Osokins, piano

Leonard BERNSTEIN (1918-1990)

Danças Sinfônicas de West Side Story, para dois pianos
2 – Prologue
3 – Somewhere
4 – Scherzo
5 – Mambo
6 – Cha-cha
7 – Meeting Scen
8 – Cool Fugue
9 – Rumble Track
10 – Finale

Anton Gerzenberg e Daniel Gerzenberg, pianos

Astor PIAZZOLLA

[Las] Estaciones Porteñas,para violino, violoncelo e piano
11 – Invierno Porteño
12 – Verano Porteño
13 – Otoño Porteño
14 – Primavera Porteña

Tedi Papavrami, violino
Eugene Lifschitz, violoncelo
Alexander Gurning, piano


Disco 6

Modest Petrovich MUSSORGSKY (1839-1881)

“Canções e Danças da Morte”
1 – Kolybel’naya [“Acalanto”]
2 – Serenada [Serenata]
3 – Trepak
4 – Polkovodets [“O Marechal de Campo”]

Michael Volle, baixo-barítono
Daniel Gerzenberg, piano

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)

Sonata para dois pianos e percussão, Sz 110
5 – Assai lento
6 – Lento, ma non troppo
7 – Allegro non troppo

Martha Argerich e Nelson Goerner, pianos
Alexej Gerassimez e Lukas Böhm, percussão

Arno Harutyuni BABAJANYAN (1921-1983)

Trio em Fá sustenido menor para violino, violoncelo e piano
8 – Largo – Allegro espressivo – Maestoso
9 – Andante
10 – Allegro vivace

Michael Guttman, violino
Jing Zhao, violoncelo
Elena Lisitsian, piano

Disco 7

Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)

Sonata em Ré menor para violoncelo e piano, Op. 40
1 – Allegro non troppo
2 – Allegro
3 – Largo
4 – Allegro

Mischa Maisky, violoncelo
Martha Argerich, piano

Sergei Sergeiyevich PROKOFIEV (1891-1953)

Sonata em Ré maior para flauta e piano, Op. 94
5 – Moderato
6 – Presto – poco meno mosso
7 – Andante
8 – Allegro con brio – poco meno mosso

Susanne Barner, flauta
Martha Argerich, piano

Dmitri SHOSTAKOVICH

9 – Concertino em Lá menor para dois pianos, Op. 94

Martha Argerich e Lilya Zilberstein, pianos

Mieczysław WEINBERG (1919-1996)

Doze Miniaturas para flauta e piano, Op. 29
10 – Improvisação
11 – Arietta
12 – Burlesque
13 – Capriccio
14 – Noturno
15 – Valsa
16 – Ode
17 – Duo
18 – Étude
19  – Intermezzo
20 – Pastorale

Susanne Barner, flauta
Akane Sakai, piano

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Octogenarian Virtuoso Starter Kit [minus cigarettes and gallons of coffee]
Vassily

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Two Pieces for String Quartet / Seven Romances On Poems Of Alexander Blok / Piano Quintet (Fitzwilliam Str Qtt, Söderström, Ashkenazy)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Two Pieces for String Quartet / Seven Romances On Poems Of Alexander Blok / Piano Quintet (Fitzwilliam Str Qtt, Söderström, Ashkenazy)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sem exagero, este é um dos melhores CDs de minha coleção de mais de 3000 CDs e 1300 LPs. Ele contém três peças de Shostakovich, uma muito conhecida e premiada e outras duas mais obscuras: as obscuras são as “Duas peças para quarteto de cordas” e os “Sete canções sobre poemas de Alexander Blok” e a célebre é o “Quinteto para piano”. A primeira vez que ouvi o Quinteto para Piano de Shostakovich foi na rádio da Ufrgs. Fiquei profundamente comovido. Dentre as muitas peças de Shostakovich, esta é uma obra-prima que transmite fortemente tanto o efeito da performance quanto da profundidade introspectiva. É maravilhoso como tanto Ashkenazy, quanto o Quarteto de Cordas Fitzwilliam, ressoam profundamente este o trabalho de Shostakovich. A música soa poderosa. É da categoria de da música de câmara, mas chega gigante. O Quinteto recebeu o Prêmio Stalin. As Sete Canções é uma peça rara em que um solista é acompanhado por um trio de piano em arranjos variados (os três primeiros movimentos são acompanhados por solos para cada instrumento). Aqui também, a execução resoluta de Ashkenazy no piano é chocante, fazendo você sentir como se estivesse finalmente ouvindo a essência de Shostakovich. As “Duas Peças para Quarteto de Cordas” são uma gravação rara. É típico Shostakovich, oscilando entre a tristeza e o sarcasmo.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Two Pieces for String Quartet / Seven Romances On Poems Of Alexander Blok / Piano Quintet (Fitzwilliam Str Qtt, Söderström, Ashkenazy)

Two Pieces For String Quartet
1 Elegy
2 Polka

Seven Romances, Op. 127
3 Ophelia’s Song
4 Hamayun, The Prophetic Bird
5 We Were Together
6 The City Is Asleep
7 The Storm
8 Secret Sign
9 Music

Piano Quintet, Op. 57
10 Prelude
11 Fugue
12 Scherzo
13 Intermezzo
14 Finale

Ensemble – Fitzwilliam String Quartet
Piano – Vladimir Ashkenazy
Soprano Vocals – Elisabeth Söderström

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PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4, Op. 43 (Rozhdestvensky, Bolshoi)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4, Op. 43 (Rozhdestvensky, Bolshoi)

Uma sinfonia decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios rarefeitos: Mahler. A duração, o tamanho da orquestra, o estilo da orquestração e o uso da melodia banal, justaposta, todas vieram de Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.

A Sinfonia n.º 4 em Dó menor de Dmitri Shostakovich (opus 43) foi composta entre setembro de 1935 e maio de 1936, após o abandono de alguns esboços. Em janeiro de 1936, na metade de sua composição, Pravda – um jornal sob as ordens de Joseph Stalin1 – publicou um edital chamado “Bagunça invés de Música”, que denunciava o compositor e especificamente sua ópera Lady Macbeth de Mtsensk. Depois dos ataques e da grande opressão política, Shostakoivch não apenas concluiu sua sinfonia, como também planejou sua estreia, programada para dezembro de 1936 em Leningrado. Em algum momento dos ensaios, ele mudou de ideia. O trabalho foi finalmente apresentado dia 30 de dezembro de 1961 pela Orquestra Filarmônica de Moscou, conduzida por Kirill Kondrashin.

A gravação de Rozhdestvensky é 100% russa. Isto é, temos aqui um Shostakovich com seu sotaque original. Recuse imitações!

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 – AO VIVO
1. Symph. No.4 in c, Op.43: Alleretto Poco Moderato
2. Symph. No.4 in c, Op.43: Moderatto Con Moto
3. Symph. No.4 in c, Op.43: Largo. Allegretto

Bolshoi Theatre Orchestra
Gennadi Rozhdestvensky

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Shostakovich em 1936, brincando com sua filha Galina.
Shostakovich em 1936, brincando com sua filha Galina e uns porquinhos.

PQP

Shostakovich: 24 Prelúdios e Fugas, Op. 87 – Keith Jarrett

41Bb7A8f5DLPOSTADO POR PQP BACH EM 17/1/2012, REVALIDADO POR VASSILY EM 2015 e 2025

Concordo com o patrão PQP: esta é a melhor gravação disponível da obra-prima pianística do século XX. Apesar de Tatiana Nikolayeva ter sido a inspiradora, consultora e intérprete da première da obra de Shostakovich, a verve e a clareza de Jarrett soam-me como o padrão-ouro.

Questão de opinião, claro, até porque o páreo é duro e nele não precisamos de vencedores.

Vassily

POSTAGEM ORIGINAL DE PQP BACH EM 17/1/2012

Pois, meus filhos, vou lhes dizer uma coisa. Penso que Keith Jarrett realizou a melhor gravação dos 24 Prelúdios e Fugas de Shostakovich. O blog oferece ou ofereceu versões de Konstantin Scherbakov, Tatiana Nikolayeva e Vladimir Ashkenazy. A única que se segura ao lado da de Jarrett é a de Nikolayeva, esqueça as outras. Como nos outros posts dedicados a esta obra já colocamos longas análises a respeito, utiizo desta vez uma pequena e bela apresentação encontrada aqui.

Esta coleção é certamente a obra mais importante da produção pianística de Shostakovich. As peças foram compostas logo depois de sua visita a Leipzig por ocasião das solenidades do segundo centenário da morte de J. S. Bach, e, como tais, representam sua homenagem ao autor do Cravo bem-temperado. O que originalmente fora pensado como uma simples série de exercícios polifônicos acabou por tornar-se uma obra em grande escala, plenamente desenvolvida, na qual os gêneros pianísticos mais díspares são admiravelmente integrados em um painel coerente. A diversidade de estilos e técnicas aproxima-se às vezes do pastiche, mas a coleção é notável como ponto de consolidação das anteriores vertentes composicionais do autor, e a música, por certo, é Shostakovich em sua melhor forma, com aquela peculiar mistura de verve e pathos da qual deriva sua perene fascinação.

Shostakovich: 24 Prelúdios e Fugas, Op. 87
Keith Jarrett, piano

Disco 1

1. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 1 In C Major
2. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 2 In A Minor
3. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 3 In G Major
4. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 4 In E Minor
5. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 5 In D Major
6. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 6 In B Minor
7. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 7 In A Major
8. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 8 In F Sharp Minor
9. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 9 In E Major
10. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 10 In C Sharp Minor
11. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 11 In B Major
12. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No. 12 In G Sharp Minor

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Disco 2

1. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.13 In F Sharp Major
2. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.14 In E Flat Minor
3. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.15 In D Flat Major
4. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.16 In B Flat Minor
5. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.17 In A Flat Major
6. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.18 In F Minor
7. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.19 In E Flat Major
8. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.20 In C Minor
9. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.21 In B Flat Major
10. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.22 In G Minor
11. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.23 In F Major
12. Preludes And Fugues Op. 87: Prelude And Fugue No.24 In D Minor

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PQP

[Links revalidados por Vassily em homenagem aos 80 anos do MESTRE Keith]

Não podemos dizer que Jarrett tenha uma postura convencional quando toca

D. Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 (Haitink, Chicago)

D. Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 (Haitink, Chicago)

Qualquer gravação da Sinfônica de Chicago traz os melhores metais. Não adianta, é cultural. E aqui não é diferente. As trombonadas, agora comandadas por um maestro genial, são impecáveis. Sempre. O restante talvez seja pior do que o ciclo de Haitink-Shostakovich que recém publicamos. A Sinfonia Nº 4 é uma sinfonia decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios rarefeitos: Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.

D. Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 (Haitink, Chicago) (1:10:26)
1 Allegretto Poco Moderato – Presto 29:39
2 Moderato Con Moto 9:41
3 Largo – Allegro 31:06

Chicago Symphony Orchestra
Bernard Haitink

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Haitink, desse eu sinto e sentirei saudades! Que maestro!

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas e mais alguma coisa (Haitink)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas e mais alguma coisa (Haitink)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

No século XX, só posso comparar este conjunto de sinfonias de Mahler, à série de romances de Thomas Mann ou à literatura de Kafka, Borges ou Joyce ou ainda às pinturas de Picasso ou Kandinsky — ou ainda a algo maior, coisa que não sei se existe.

A surpreendente Sinfonia Nº 1; a decepcionante Nº 2; a curiosa Nº 3; a Nº 4, a que muda tudo, que é a primeira das grandiosas e talvez a mais sarcástica de todas — aquele Moderato beethoveniano bem ali no meio… –; a clássica e famosa Nº 5; a bipolar — pois dramática e circence — Nº 6; a importante, heroica e não tão boa Nº 7; a muito apaixonante e longa Nº 8 — com direito a dois scherzi e uma passacaglia –; a zombeteira (alvo: Stálin) Nº 9; a antistalinista e linda Nº 10; a Nº 11, que é a melhor das músicas programáticas que conheço; o escorregão da Nº 12 — filha piorada da Nº 7 –; a dilacerante e linda Babi Yar, Nº13; os grandes poemas de morte da quase camarística Nº 14; a autêntica suma de sua arte sinfônica que é a Nº 15 — com seu sarcasmo, canções de morte e citações.

E, nossa, que orquestras maravilhosas as formadas por Haitink! Aqui, o maestro demonstra toda a sua musicalidade ao nos acompanhar, com perfeito senso de estilo e compreensão, aos picos e vales emocionais por onde Shostakovich nos leva. Muitas vezes tive taquicardia ouvindo estes discos. O fuzilamento da Sinfonia Nº 11 é um fuzilamento, a canção de luto é exatamente isto, uma canção de luto. A Sinfonia Nº 14 é formada por verdadeiras canções de morte. Já os sarcasmos estão por toda a parte — na 4, 5, 6, 8, 9, 15º, todos bem desenhados. É uma música muito humana e dolorida, às vezes de incontrolável alegria, outras vezes de uma tristeza de cortar os pulsos. O compositor parece contar histórias e, mesmo que não compreendamos seus conteúdos sem palavras, deixa-nos com sua implacável lógica emocional.  Como diria, meu amigo, o Dr. Herbert Caro, Haitink é um maestro compreensivo — isto é, que compreende tudo e bem. Ele nos leva pela mão nesta coleção absolutamente notável! Como escreveu a Concerto, Haitink é poesia, elegância e refinamento.

Lembro de quando o vi reger no Concertgebouw de Amsterdam. Uma vez estava atrás da orquestra, de frente para o maestro. Ele era uma figura magnética. Quando ele mandou a orquestra levantar para receber os aplausos, a gente lá atrás quase levantava junto.

(Fico muito curioso de ouvir a integral de Maxim Shostakovich. Alguém tem?).

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas e mais (Haitink)

CD1
Symphony No.1 In F Minor, Op.10
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
1-1 I Allegretto – Allegro Non Troppo 8:14
1-2 II Allegro 8:14
1-3 III Lento 8:46
1-4 IV Allegro Molto – Lento – Allegro Molto 9:15

Symphony No.3 In E Flat Major, Op.20 ‘The First Of May’
Choir – London Philharmonic Choir*
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
1-5 I Allegretto – Allegro 10:25
1-6 II Andante 5:35
1-7 III Allegro – Largo 10:34
1-8 IV Moderato: ‘V Pervoye Pervoye Maya’ 6:15

CD2
Symphony No.2 In B Major, Op.14 ‘To October – A Symphonic Dedication’
Choir – London Philharmonic Choir*
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
2-1 I Largo – Allegro Molto 12:44
2-2 II My Shli, My Prosili Raboty I Khleba 8:10

Symphony No.10 In E Minor, Op.93
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
2-3 I Moderato 24:16
2-4 II Allegro 4:03
2-5 III Allegretto 12:23
2-6 IV Andante – Allegro 13:57

CD3
Symphony No.4 In C Minor, Op.43
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
3-1 I Allegretto Poco Moderato — 16:20
3-2 Presto 12:32
3-3 II Moderato Con Moto 9:06
3-4 III Largo — 7:03
3-5 Allegro 22:35

CD4
Symphony No.5 In D Minor, Op.47
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
4-1 I Moderato 18:04
4-2 II Allegretto 5:21
4-3 III Largo 15:40
4-4 IV Allegro Non Troppo 10:35

Symphony No.9 In E Flat Major, Op.70
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
4-5 I Allegro 4:57
4-6 II Moderato 7:44
4-7 III Presto 2:38
4-8 IV Largo 3:56
4-9 V Allegretto — Allegro 6:37

CD5
Symphony No.6 In B Minor, Op.54
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
5-1 I Largo 17:47
5-2 II Allegro 6:20
5-3 III Presto 7:06

Symphony No.12 In D Minor, Op.112 ‘The Year 1917’
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
5-4 I Revolutionary Petrograd 13:31
5-5 II Razliv 14:04
5-6 III Aurora 4:15
5-7 IV The Dawn Of Humanity 11:05

CD6
Symphony No.7 In C Major, Op.60 Leningrad
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
6-1 I Allegretto 28:57
6-2 II Moderato (Poco Allegretto) 11:35
6-3 III Adagio 20:22
6-4 IV Allegro Non Troppo 18:28

CD7
Symphony No.8 In C Minor, Op.65
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
7-1 I Adagio 25:55
7-2 II Allegretto 6:14
7-3 III Allegro Non Troppo 5:57
7-4 IV Largo 8:49
7-5 V Allegretto 14:47

CD8
Symphony No.11 In G Minor, Op.103 ‘The Year 1905’
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
8-1 I Adagio: The Palace Square 15:53
8-2 II Allegro: 9 January 19:54
8-3 III Adagio: In Memoriam 11:23
8-4 IV Allegro Non Troppo: Tocsin 14:16

CD9
Symphony No.13 In B Flat Minor, Op.113 ‘Babi Yar’
Bass Vocals [Bass] – Marius Rintzler
Choir – Gentlemen From The Choir Of The Concertgebouw Orchestra*
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
9-1 I Adagio: Babi Yar 17:11
9-2 II Allegretto: Humour 8:18
9-3 III Adagio: In The Store 13:06
9-4 IV Largo: Fears 12:22
9-5 V Allegretto: A Career 13:23

CD10
Symphony No.14, Op.135
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
10-1 I De Profundis
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
4:45
10-2 II Malagueña
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
2:37
10-3 III Loreley
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
8:35
10-4 IV Le Suicidé
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
6:45
10-5 V Les Attentives I
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
2:58
10-6 VI Les Attentives II
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
1:52
10-7 VII À La Santé
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
8:46
10-8 VIII Réponse Des Cosaques Zaparogues…
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
2:03
10-9 IX O Delvig, Delvig
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
4:44
10-10 X Der Tod Des Dichters
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
5:26
10-11 XI Schluß-Stück
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
1:14

6 Poems Of Marina Tsvetaeva, Op.143a
Composed By – Dmitri Shostakovich
Contralto Vocals [Contralto] – Ortrun Wenkel
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
10-12 I My Poems 3:23
10-13 II Such Tenderness 3:52
10-14 III Hamlet’s Dialogue With His Conscience 3:23
10-15 IV The Poet And The Tsar 1:40
10-16 V No, The Drum Beat 3:28
10-17 VI To Anna Akhmatova 6:10

CD11
Symphony No.15 In A Major, Op.141
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
11-1 I Allegretto 8:05
11-2 II Adagio — Largo — Adagio — Largo 16:28
11-3 III Allegretto 4:12
11-4 IV Adagio —Allegretto — Adagio — Allegretto 16:57

From Jewish Folk Poetry, Op.79
Composed By – Dmitri Shostakovich
Contralto Vocals [Contralto] – Ortrun Wenkel
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
Soprano Vocals [Soprano] – Elisabeth Söderström
Tenor Vocals [Tenor] – Ryszard Karczykowski
11-5 I Lament For A Dead Infant 2:40
11-6 II Fussy Mummy And Auntie 2:50
11-7 III Lullaby 3:48
11-8 IV Before A Long Separation 2:25
11-9 V A Warning 1:18
11-10 VI The Deserted Father 2:05
11-11 VII A Song Of Poverty 1:24
11-12 VIII Winter 3:21
11-13 IX The Good Life 1:49
11-14 X A Girl’s Song 3:15
11-15 XI Happiness 2:39

[Recording details]
(No. 10): Kingsway Hall, London 1977
(No. 15): Kingsway Hall, London 1978
(Nos. 4 & 7): Kingsway Hall, London 1979
(Nos. 1 & 9): Kingsway Hall, London 1980
(Nos. 2 & 3): Kingsway Hall, London 1981
(No. 14): Concertgebouw, Amsterdam 1980
(No. 5): Concertgebouw, Amsterdam 1981
(Nos. 8 & 12): Concertgebouw, Amsterdam 1982
(Nos. 6, 11, From Jewish Folk Poetry & Six Poems): Concertgebouw, Amsterdam 1983
(No. 13): Concertgebouw, Amsterdam 1984

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Bernard Haitink (1929-2021), um dos maiores maestros da era das gravações

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violino Nº 1 e 2 (Skride, Nelsons)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violino Nº 1 e 2 (Skride, Nelsons)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

E não é que os dois letões se entendem? Sem medo de serem invadidos pela Rússia, Skride e Nelsons fazem um Shostakovich absolutamente  entusiasmante! Sem exageros ou firulas desnecessárias, a dupla mostra-se perfeita junto à ótima BSO. Em uma demonstração de virtuosismo e musicalidade, os dois letões se unem para uma performance eletrizante do Primeiro Concerto para Violino de Shostakovich. Ambos os concertos são executados com ousadia e podemos imaginar um Nelsons curvado pulando e dançando no pódio enquanto a solista e a orquestra unificados seguem suas deixas. A química entre é inegável. A orquestra e o solista funcionam como uma unidade coesa, sem que um sobrepuje o outro. Skride foi capaz de trazer esplendidamente a Passacaglia para o grandioso final de Shostakovich. O final da peça — diabolicamente sincopado e rápido — torna esta peça especialmente difícil de executar. Mais uma vez, Skride e Nelsons lidaram com este desafio sem esforço. No final da peça, eu já estava na ponta da cadeira implorando que a coisa jamais terminasse. Quanto ao Segundo Concerto, nunca gostei muito dele.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violino Nº 1 e 2 (Skride, Nelsons)

Violin Concerto No.1 in A minor, Op.99 (formerly Op.77)
01 I. Nocturne. Moderato 14:46
02 II. Scherzo. Allegro 06:59
03 III. Passacaglia. Andante 16:04
04 IV. Burlesque. Allegro con brio – Presto 05:19

Violin Concerto No.2 Op.129
05 I. Moderato 15:54
06 II. Adagio 12:16
07 III. Adagio – Allegro 09:33

Baiba Skride
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons

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PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Piano Nº 1 e 2 (Wang, Nelsons)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Piano Nº 1 e 2 (Wang, Nelsons)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Yuja Wang é uma daquelas raras pianistas — aí incluídos os pianistos — que unem vasto repertório, consistência e pernas. Esqueçamos as pernas, mas jamais da elegância da moça nesta gravação. Sua interpretação de Shostakovich é como se ela não tivesse feito outra coisa na vida senão estudá-lo, o que sabemos não ser verdade. O Concerto Nº 1 aparece enormemente sofisticado em suas mãos e nas de Andris Nelsons, este sim um especialista no russo. No passado, os russos reclamavam muito das interpretações recebidas por seus compositores. Eles achavam que os ocidentais sujavam a sofisticação — que eles efetivamente têm — achando que seus compositores deles eram mais “primitivos” do que os nossos. Isto tem mudado, talvez por medo de uma invasão por parte de Gergiev e Putin. Se bem que o acorde dela (aquele acordão, vocês sabem) no último movimento do Primeiro Concerto é digno de um Oreshnik. Bem, a tremenda alegria e os jogos propostos no Nº 2 estão belamente realizados. Explico: o Nº 2 foi dedicado e estreado pelo filho de Shosta, Maxim, e contém muitas alusões ao rebento. Por exemplo, no centro do movimento final há um exercício para pianistas que Maxim devia praticar em casa.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Piano Nº 1 e 2 (Wang, Nelsons)

Piano Concerto No.1 for piano, trumpet & strings, Op.35
01 I. Allegro moderato 06:04
02 II. Lento 08:33
03 III. Moderato 01:53
04 IV. Allegro con brio 06:53

Piano Concerto No.2 in F, Op.102
05 I. Allegro 07:03
06 II. Andante 06:07
07 III. Allegro 05:22

Yuja Wang, piano
Thomas Rolfs, trompete
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons

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Wang, Nelsons e a BSO em ação

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nº 4, 5 & 6 (Mäkelä / Oslo Philharmonic)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nº 4, 5 & 6 (Mäkelä / Oslo Philharmonic)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Esqueci o nome da praga, mas houve um comentarista aqui no PQP, que odiava o grande Bernard Haitink de cabo a rabo. Era inacreditável, tanto mais que Haitink foi aquele tipo correto, gentil, tranquilo, inteligente… E até era bem musical! Chego à conclusão que tínhamos um bolsomínion nos visitando, porque era um ódio gratuito a quem nunca mordeu ninguém. Numa de nossas discussões, citamos o finlandês Klaus Mäkelä, que também foi espinafrado pelo cara logo após ser escolhido como regente titular do Concertgebouw de Amsterdam. Pelo jeito os músicos do Concertgebouw não acertam uma! Depois da frieza de Haitink e do Gatti assediador — foi inocentado –, chamaram mais um farsante pra comandá-los…

Imaginem que Mäkelä ocupa o cargo de Maestro Chefe da Filarmônica de Oslo desde 2020 e Diretor Musical da Orquestra de Paris desde setembro de 2021. Ele assumirá o título de Maestro Chefe da Royal Concertgebouw Orchestra em setembro de 2027 e na mesma temporada começa como Diretor Musical da Orquestra Sinfônica de Chicago. Todos idiotas: noruegueses, franceses, holandeses e estadunidenses. Mais de 400 músicos de algumas das maiores orquestras do mundo totalmente equivocados. Votaram nele. Estou impressionado até hoje. Ainda bem que faz tempo que a figura hostil sumiu.

Pois meus amigos, este trio de Sinfonias de Shostakovich receberam um belo tratamento por parte de Mäkelä — hoje com apenas 29 anos, esta gravação é de agosto de 2024, quando KM tinha 28 — e os filarmônicos de Oslo. Que orquestra e que maestro! Que gravação maravilhosa! Vai ouvir logo, vai, vai!

D. Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nº 4, 5 & 6 (Mäkelä / Oslo Philharmonic)

Symphony No. 4 In C Minor Op. 43
1-1 I. Moderato Poco Moderato – 16:11
1-2 Presto 12:35
1-3 II. Moderato Con Moto 9:03
1-4 III. Largo – 6:51
1-5 Allegro 22:20

Symphony No. 5 In D Minor Op. 47
2-1 I. Moderato – Allegro Non Troppo – Poco Sostenuto – Largamente – Più Mosso – Moderato 15:56
2-2 II. Moderato – Largamente – Poco Più Mosso 5:20
2-3 III. Largo 13:57
2-4 IV. Allegro Non Troppo – Allegro – Più Mosso 11:36

Symphony No. 6 In B Minor Op. 54
2-5 I. Largo 18:53
2-6 II. Allegro 5:43
2-7 III. Presto 6:45

Conductor – Klaus Mäkelä
Orchestra – Oslo Philharmonic

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PQP

Shostakovich: Concerto para Violino nº 1 / Gubaidulina: In tempus praesens (S. Lamsma, J. Gaffigan, R. de Leeuw)

Quando Sofia Gubaidulina era uma jovem estudante no Conservatório Tchaikovsky em Moscou, o compositor Dmitri Kabalevsky fez uma crítica feroz à sua música de tom melancólico que não traduzia a alegria da juventude soviética. Seu xará Dmitri Shostakovich, em 1959, tinha opinião diametralmente contrária e recomendou, na época da formatura, que Gubaidulina continuasse seguindo o seu caminho “errado”.

Após anos em que seu nome era conhecido apenas por um punhado de vanguardistas do lado de lá da cortina de ferro, a música de Gubaidulina começou a viajar por toda a Europa em 1981 com o seu primeiro concerto para violino (“Offertorium”), dedicado ao solista Gidon Kremer. Outra obra importante para Gubaidulina ser um dos nomes mais admirados da música contemporânea foi a que ela escreveu para os 70 anos de Mstislav Rostropovich em 1997: o Cântico do Sol, para violoncelo solo, coro e percussão (aqui), estreado por Rostropovich. E desde 1989, o maestro e pianista Reinbert de Leeuw tornou-se mais um dos defensores da sua música, e é ele quem rege neste disco o segundo concerto para violino de Gubaidulina (“In tempus praesens”), estreado em 2007 por Anne-Sophie Mutter.

O álbum tem também o primeiro concerto para violino de Shostakovich, que ele começou a compor em 1947 mas, após a péssima recepção de sua sarcástica nona sinfonia pelo regime stalinista (mais informações aqui), o concerto só foi estreado em 1955 após a morte do ditador.

DMITRI SHOSTAKOVICH (1906-1975): Violin Concerto No. 1, Op. 77 *
[1] Nocturne: Moderato 11:49
[2] Scherzo: Allegro 6:25
[3] Passacaglia: Andante 15:16
[4] Burlesque: Allegro con brio – Presto 5:01

SOFIA GUBAIDULINA (nasc. 1931)
[5] “In tempus praesens” 38:33 – Concerto nº 2 for Violin and Orchestra (2007) **
Live Recording

* James Gaffigan, conductor
** Reinbert de Leeuw, conductor

Simone Lamsma – Stradivarius violin
Netherlands Radio Philharmonic Orchestra

Recorded at:
Shostakovich: Studio 5 Broadcasting Music Center, Hilversum (2016)
Gubaidulina: Royal Concertgebouw, Amsterdam, live recording NTR ZaterdagMatinee (2011)

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Sofia Gubaidúlina (é assim a pronúncia russa do sobrenome)

Pleyel

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