Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Sétima Década (2001-2010) [Martha Argerich, 80 anos]

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Sétima Década (2001-2010) [Martha Argerich, 80 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-


Se o novo milênio da Rainha teve poucas gravações em estúdio, ele abundou em registros ao vivo. O Festival de Lugano, que aconteceu entre 2002 e 2016, garantiu pelo menos um álbum triplo anual à discografia de Martha, sempre em companhias por ela escolhidas, e com muitas obras novas em seu repertório. Passaremos ao largo do legado de Lugano, no entanto, pois o colega FDP Bach já vem publicando seus discos há algum tempo e pretende prosseguir sua série. Assim, hemos de lhes alcançar o que La Diosa gravou fora do Ticino, que também privilegia a colaboração com outros artistas, particularmente aqueles bem mais jovens que ela.


A primeira gravação de estúdio da década nada tem de jovem guarda: à  mui madura troika de Martha, Kremer e Maisky, veterana de tantas gravações importantes, soma-se a também calejada viola de Yuri Bashmet. O resultado, mais que a soma de solistas, é um conjunto afiado, especialmente no eletrizante Brahms que abre o disco, que desfaz os rumores não só de que Martha não gosta de Brahms, como também de que não o toca bem. Sobre o tópico, aliás, ela declarou ano passado: “quando eu toco [Brahms], eu amo, mas a música dele não é do tipo ao qual sou naturalmente inclinada. Eu estudei o concerto no. 2 com o Gulda [seu professor], mas nunca o toquei em concerto. Pode ser uma história de libido. Certas pianistas adoram sua música: Irene Russo, Hélène Grimaud, Karin Lechner… Elas são talvez mulheres atraídas por homens mais velhos. Esse nunca foi meu caso. Eu toquei sua sonata para piano no. 2 por um tempo porque ela é muito schumanniana (…) Eu gosto de Brahms. Era Gulda que não gostava muito dele”.

O álbum é encerrado pelas Fantasiestücke de Schumann para trio, que, ainda que executadas com muita competência (e talvez vibrato demais pelos cordistas), não deixam de soar um pouco frugais depois da tempestade brahmsiana daquele “Rondó à Moda Cigana” que encerra o quarteto.

Johannes BRAHMS (1833-1897)
Quarteto para piano, violino, viola e violoncelo em Sol menor, Op. 25
1 – Allegro
2 – Intermezzo: Allegro ma non troppo – Trio: Animato
3 – Andante con moto
4 – Rondo alla Zingarese

Gidon Kremer, violino
Yuri Bashmet, viola
Mischa Maisky, violoncelo

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Fantasiestücke para piano, violino e violoncelo, Op. 88
5 – Romanze: Nicht schnell, mit innigem Ausdruck
6 – Humoreske: Lebhaft
7 – Duett: Langsam und mit Ausdruck
8 – Finale: Im Marschtempo

Gidon Kremer, violino
Mischa Maisky, violoncelo

Gravado em Berlim, Alemanha, fevereiro de 2002

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Martha é uma pianista dos pianistas, e nos perderíamos facilmente na conta dos colegas que a admiram. Mikhail Pletnev, que foi por um tempo seu vizinho na Suíça, é um de seus maiores fãs, e pôs sua admiração à obra, dedicando à Rainha uma transcrição para dois pianos da “Cinderella” de Prokofiev, estreada e gravada por ambos em 2003. A gravação, à qual se segue uma charmosa “Mamãe Gansa” de Ravel, é um deleite, e nos permite saborear os contrastes entre o estilo único de Marthinha (no piano à esquerda em Prokofiev e sentada à esquerda no Ravel) com o clássico sonzão russo de Pletnev (sentado à direita nas duas gravações).

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Suíte de Cinderella (Zolushka), balé em três atos, Op. 87
Arranjo para dois pianos de Mikhail Vasilyevich Pletnev (1957)
1 – Introduction: Andante dolce
2 – Querelle: Allegretto
3 – L’Hiver: Adagio – Allegro moderato
4 – Le Printemps: Vivace con brio – Moderato – Presto
5 – Valse de Cendrillon: Andante – Allegretto – Poco più animato – Più animato – Meno mosso
6 – Gavotte: Allegretto
7 – Gallop: Presto – Andantino – Presto
8 – Valse Lente: Adagio – Poco più animato – Assai più mosso – Poco più animato – Meno mosso (più animato dell’adagio
9 – Finale: Allegro moderato – Allegro espressivo – Presto – Allegro moderato – Andante

Mikhail Pletnev, piano II

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Ma Mère l’Oye, suíte para piano a quatro mãos, M. 62
10 – Pavane de la Belle au Bois Dormant: Lent
11 – Petit Poucet: Très modéré
12 – Laideronnette, Impératrice des Pagodes: Mouvement de Marche
13 – Les Entretiens de la Belle et de la Bête: Mouvement de Valse très modéré
14 – Le Jardin Féerique: Lent et Grave

Martha Argerich e Mikhail Pletnev, piano

Gravado em Vevey, Suíça, agosto de 2003

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Apesar das muitas décadas morando na Europa, de ser cidadã suíça há mais de cinquenta anos, e de ter criado filhas francófonas, Martha nunca deixou de ser argentina, tanto no passaporte, quanto, principalmente, na identidade cultural. Em seus frequentes retornos a seu país, faz breves turnês por cidades do interior, de Rosario a Córdoba, e de Salta a Tucumán, e colabora, sempre que pode, com músicos argentinos.

A colaboração mais marcante, com sobras, foi aquela que aconteceu durante o Festival Argerich, em sua Buenos Aires natal, em setembro de 2003. Na ocasião, Martha e a Camerata Bariloche acompanharam a voz mítica de Mercedes Sosa (1935-2009), que, já abalada pelos problemas de saúde que a calariam alguns anos depois, não deixou de lotar o Teatro Colón e transformar a escadaria da avenida Libertad numa cachoeira de lágrimas. A colaboração foi proposta por Martha, para a completa incredulidade de Mercedes, tesouro nacional argentino e lenda viva da música do continente, que achou estar a receber um trote:

De repente eu peguei o telefone e ouvi ‘sou Martha Argerich’ e eu não entendi nada. Perguntei: ‘Martha, é você mesma?’ A minha surpresa foi tanta que só consegui convidá-la para comer empanadas. Mas ela me disse: ‘quero que você cante comigo no Colón’. Eu pensei que era uma piada. Nunca imaginei… Meus planos iam até cantar com Mina ou com Carlos Santana… E foi a Martha quem me ofereceu isso. Apesar de conhecê-la há muitos anos, nunca imaginei que ela me chamaria para fazer algo juntas. Nunca, nunca… Ela interpreta Prokofiev e nunca se apresentou com um cantor popular. Tenho toda a coleção de Chopin da Martha, comprada na França. Agora vamos fazer juntas obras como ‘A canção da árvore do esquecimento’, de Alberto Ginastera. Isso é um sonho.”

Sonho é uma boa palavra, que também descreve a vontade minha, tiete apaixonado das duas, de virar um besouro para me embrenhar nas coxias do Colón naquela noite portenha de inverno. Para minha, e por certo também nossa alegria, se o único encontro entre La Diosa e La Negra nunca foi lançado em álbum, alguma boa alma fez-nos o favor de colocá-lo no YouTube.



MERCEDES SOSA Y MARTHA ARGERICH EN VIVO EN EL TEATRO COLÓN

1 – La tempranera (León Benarós) 00:00
2 – Como pájaros en el aire (Peteco Carabajal) 05:12
3 – El alazán (Atahualpa Yupanqui – Pablo del Cerro) 08:32
4 – Doña Ubensa (Chacho Echeñique) 13:15
5 – Allá lejos y hace tiempo (A. Tejada Gómez – Ariel Ramírez)
16:33
6 – Canción del árbol del olvido (F. Silva Valdés – A. Ginastera) 21:27
7 – Las cartas de Guadalupe (Félix.Luna – Ariel Ramirez) 23:44
8 – El alazán (Atahualpa Yupanqui – Pablo del Cerro)
27:05
9 – Alfonsina y el mar (Félix Luna – Ariel Ramirez) 31:47

Gravado ao vivo no Teatro Colón em Buenos Aires, Argentina, em 8 de setembro de 2003


Um expediente recorrente de Martha no novo milênio passou a ser o de fazer participações especiais em álbuns de jovens colegas, seus protegidos. É o caso deste, da pianista petersburguense Polina Leschenko, com quem Martha divide a saborosa transcrição da por si só deliciosa “Sinfonia Clássica” de seu xodó Prokofiev. Leschenko prossegue com boas companhias, entre as quais o legendário violinista romani Roby Lakatos, que a despeito do shape de cantor de churrascaria e de flertar com ambiências semelhantes às de André Rieu, é um instrumentista e improvisador monstruoso, dos maiores que estão presentemente a respirar nesta mesma atmosfera. Prova disso é a “Dança do Sabre” de Khachaturian que surge como surpresa após o “Vocalise” de Rachmaninov extinguir-se: pura doideira!

Sergey PROKOFIEV

Sinfonia no. 1 em Ré maior, Op. 25, “Clássica”
Transcrição para dois pianos de Rikuya Terashima
1 – Allegro
2 – Larghetto
3 – Gavotta: Non troppo allegro
4 – Finale: Molto vivace

Polina Leschenko, piano II

Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
5 – Allegro inquieto
6 – Andante caloroso
7 – Precipitato

Polina Leschenko, piano

Sonata em Dó maior para violoncelo e piano, Op. 119
8 – Andante grave
9 – Moderato
10 – Allegro ma non troppo

Christian Poltéra, violoncelo
Polina Leschenko, piano

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
De Souvenir d’un lieu cher, para violino e piano, Op. 42:
11 – No. 3: Mélodie

Sergey PROKOFIEV
De Lyubov k Tryom Apelsinam (“Amor das Três Laranjas”), Op. 33:
Arranjo para violino e piano de Jascha Heifetz (1901-1987)
12 – Marcha

Roby Lakatos, violino
Polina Leschenko, piano

Sergey Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943)
Dos Quatorze Romances, Op. 34:
13 – No. 14: Vocalise (arranjo para piano, violino e violoncelo)

Polina Leschenko, piano
Roby Lakatos, violino
Christian Poltéra, violoncelo

BÔNUS – faixa oculta (após o Vocalise):

Aram KHACHATURIAN (1903-1978)
Arranjo para violino e piano de Roby Lakatos (1965)
Dança do Sabre, do balé Gayane

Roby Lakatos, violino
Polina Leschenko, piano

Gravado em Bruxelas, Bélgica, março a abril de 2005

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Da mesma maneira que colabora com jovens talentos, Martha empresta seu prestígio para impulsionar carreiras de contemporâneas sem muita projeção discográfica. Nascida no Uzbequistão soviético e educada no Conservatório de Moscou, Dora Schwarzberg imigrou para Israel para depois radicar-se em Nova York. Importante pedagoga, cuja aluna mais ilustre é a enfant terrible Patricia Kopatchinskaja, Dora começou a construir sua discografia depois que Martha colou nela e não mais a largou. Aqui, na estreia do duo em álbum próprio – pois já tinham gravado Schumann naquele pacotão que lhes alcancei na postagem passada – elas atravessam um repertório familiar a Martha, especialmente pela sonata de Franck, em que ela já acompanhou inúmeros pianistas, de Accardo a Perlman, passando por Gitlis e Kremer.

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
1 – Allegretto ben moderato
2 – Allegro
3 – Ben moderato: Recitativo-Fantasia
4 – Allegretto poco mosso

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
Sonata em Sol menor para violino e piano
5 – Allegro vivo
6 – Intermède. Fantasque et léger
7 – Finale. Très animé

Robert SCHUMANN
Fantasiestücke para violino e piano, Op. 73
8 – Zart und mit Ausdruck
9 – Lebhaft, leicht
10 – Rasch und mit Feuer

Dora Schwarzberg, violino

Gravado em Bruxelas, Bélgica, dezembro de 2005

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Martha dificilmente estará em território mais seguro que o de Schumann, seu grande amor de longuíssima data, e cujas composições seus dedos e temperamento tocam como ninguém. Poucas pessoas conseguem devorar o concerto de Robert como ela, que facilmente o toma como café da manhã, sem a menor taquicardia, nem derramar qualquer gotícula de suor. Martha, que o toca há setenta anos, nunca deixa de voltar a ele, como foi no caso da última vez que a ouvi ao vivo, ou como foi sob a batuta de outro grande schumanniano, Riccardo Chailly, na Gewandhaus da mesma Leipzig em que o compositor viveu tantos momentos fundamentais de sua breve existência. Esse registro é o meu preferido dela para essa obra, e recomendo fortemente aos que puderem assistir ao vídeo correspondente que observem o quão absoluto é o domínio de Martha sobre seu cavalo de batalha, e quão comovente é o contraste com o singelo bis (não incluso no CD) das Kinderszenen que ela toca no final.

Robert SCHUMANN

De Genoveva, ópera em quatro atos, Op. 81:
1 – Abertura

Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54
2 – Allegro affettuoso
3 – Intermezzo: Andantino grazioso
4 – Allegro vivace

Sinfonia no. 4 em Ré menor, Op. 120
5 – Ziemlich langsam – Lebhaft
6 – Romanze: Ziemlich langsam
7 – Scherzo & Trio: Lebhaft
8 – Langsam – Lebhaft – Schneller – Presto

Gewandhausorchester
Riccardo Chailly, regência

Gravado ao vivo em Leipzig, Alemanha, junho de 2006

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Martha reencontra Rabinovitch, e ambos reencontram Varsóvia – e a Rainha presta uma homenagem a seu mestre, Friedrich Gulda, dividindo o palco com dois dos filhos dele no concerto para três pianos de Mozart. A noite seguiu com um ótimo No. 1 de Shostakovich, uma das peças favoritas de Martha (e o verdugo dos pobres trompetistas escalados para acompanhá-la), e concluiu com uma ótima leitura de Rabinovitch para a Nona de Dmitri. Por algum motivo, talvez contingências de espaço, o Mozart não coube no álbum oficial lançado pelo Instituto Nacional Chopin de Varsóvia, mas eu dei um jeito de consegui-lo e oferecê-lo em separado.

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Concerto em Fá maior para três pianos e orquestra, K. 242, “Lodron”
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Rondo: Tempo di minuetto

Rico Gulda, piano II
Paul Gulda, piano III

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Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Concerto em Dó menor para piano, trompete e orquestra de cordas, Op. 35
1 – Allegro moderato – attacca:
2 – Lento – attacca:
3 – Moderato – attacca:
4 – Allegro con brio
5 – Allegro con brio (bis)

Jakub Waszczeniuk, trompete

Sinfonia no. 9 em Mi bemol maior, Op. 70
6 – Allegro
7 – Moderato
8 – Presto
9 – Largo
10 – Allegretto — Allegro

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Sinfonia Varsovia
Alexandre Rabinovitch-Barakovsky, regência

Gravado ao vivo em Varsóvia, Polônia, agosto de 2006


Nesta nova parceria com seu amigo letão menos hirsuto, gravada ao vivo na Grande Sala da Philharmonie de Berlim, Martha escolheu repertório familiar a ambos e, a partir dele, teceu um programa engenhoso. O álbum abre com a mais impetuosa das sonatas de Schumann, da qual o duo já nos legou uma das melhores gravações disponíveis, e prossegue com dois números solo. Com a cabeluda sonata para violino solo de Bartók, Kremer passa consideravelmente mais trabalho que Martha, que toca as Kinderszenen que já têm impregnadas no tálamo, e que são sua primeiríssima opção sempre que tem que – como sabemos, a contragosto – voltar sozinha ao palco. A dupla volta a reunir seus esforços para uma elétrica sonata no. 1 de Bartók, uma das especialidades de Gidon, após a qual surpreendentemente restam forças para oferecer os dois singelos bombons de Kreisler.

Robert SCHUMANN
Sonata para violino e piano no. 2 em Ré menor, Op. 121
1 – Ziemlich langsam – Lebhaft
2 – Sehr lebhaft
3 – Leise, einfach
4 – Bewegt

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para violino solo, Sz. 117, BB 124 (1943-44)
5 – Tempo di ciaccona
6 – Fuga. Risoluto, non troppo vivo
7 – Melodia. Adagio
8 – Presto

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Robert SCHUMANN
Kinderszenen
, para piano, Op. 15
1 – Von fremden Ländern und Menschen
2 – Kuriose Geschichte
3 – Hasche-Mann
4 – Bittendes Kind
5 – Glückes genug
6 – Wichtige Begebenheit
7 – Träumerei
8 – Am Kamin
9 – Ritter vom Steckenpferd
10 – Fast zu ernst
11 – Fürchtenmachen
12 – Kind im Einschlummern
13 – Der Dichter spricht

Béla BARTÓK
Sonata para violino e piano no. 1, Sz. 75
14 – Allegro appassionato
15 – Adagio
16 – Allegro

Friedrich “Fritz” KREISLER (1875-1962)
17 – Liebesleid
18 – Schön Rosmarin

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Gidon Kremer, violino

Gravado ao vivo em Berlim, Alemanha, dezembro de 2006


O protagonista desde álbum, obviamente, é Vadim Repin e seu belo, nobre timbre que fazem do concerto de Beethoven uma delícia ainda maior de se ouvir, quanto mais sob a batuta de Riccardo Muti. Martha participa com uma de suas especialidades: ser a endiabrada pianista da “Kreutzer”, em contraste vivo com o som mais polido de Repin. O resultado – dir-se-ia um violino apolíneo e um teclado dionisíaco – é excelente e remete a gravações de outras duplas com o mesmo temperamento, como Oistrakh e Richter.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61
1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghetto
3 – Rondo: Allegro

Vadim Repin, violino
Wiener Philharmoniker
Riccardo Muti, regência

Sonata para violino e piano em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 – Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Presto

Dmitri SHOSTAKOVICH
Arranjo para violino e piano de Dmitri Tziganov (1903-1992)
Dos Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 34
7 – No. 10 em Dó sustenido menor

Vadim Repin, violino

Gravado em Viena, Áustria, fevereiro de 2007 (concerto) e ao vivo em Lugano, Suíça, junho de 2007

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Eis que Marthinha faz uma nova participação especial para dar novamente uma força (uma tremenda força) a um muito jovem colega. Pelo obscuro selo Dynamic, ela e o estiloso garoto Gabriele Baldocci – então com tenros dezoito anos – gravaram um recital de muito sumo e com repertório de vasto escopo, de Mozart a Shostakovich. Na Brazileira de Scaramouche, Milhaud cita (sem creditar) temas de Ernesto Nazareth, da mesma forma que fez, décadas antes, em Le Boeuf sur le Toit – também, avacalhadamente, sem crédito algum ao nosso gênio do Morro do Pinto.

Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para dois pianos em Ré maior, K.448 (375a)
1 – Allegro con spirito
2 – Andante
3 – Allegro molto

Dmitri SHOSTAKOVICH
Concertino em Lá menor para dois pianos, Op. 94

4 – Adagio – Allegretto – Adagio – Allegro – Adagio – Allegretto

Sergei RACHMANINOFF
Suíte para dois pianos no. 1 em Sol menor, “Fantaisie-Tableaux”, Op. 5
6 – Barcarolle
7 – La Nuit….L’Amour
8 – Les Larmes
9 – Pâques

Darius MILHAUD (1892-1974)
Scaramouche, suíte para dois pianos, Op. 165b
10 – Vif
11 – Modéré
12 – Brazileira

Maurice RAVEL
13 – La Valse, poema coreográfico

Gabriele Baldocci, piano II

Gravado ao vivo em Livorno, Itália, fevereiro de 2008

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O encerramento discográfico da década de Martha deu-se, como ocorrera na anterior, com Chopin. Num de seus muitos retornos a Varsóvia, ela apresentou a oferenda quase compulsória do concerto em Mi menor de Fryderyk, além de peças para violoncelo e piano na companhia de seu irmão quase siamês, Mischa Maisky. As gravações ao vivo resultantes foram realizadas no contexto do Festival “Chopin e sua Europa”, promovido pelo Instituto Nacional Fryderyk Chopin da capital polonesa, para o qual Marthinha e seus amiguinhos costumam ser arroz de festa.

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
1 – Allegro maestoso
2 – Romance. Larghetto
3 – Rondo. Vivace

Sinfonia Varsovia
Jacek Kaspszyk, regência

Sonata em Sol menor para violoncelo e piano, Op. 65
4 – Allegro moderato
5 – Scherzo
6 – Largo in B-flat major
7 – Finale. Allegro

Introdução e Polonaise Brilhante em Dó maior, para violoncelo e piano, Op. 3
8 – Introduction: Lento – Alla polacca: Allegro con spirito

Mischa Maisky, violoncelo

Gravado em Varsóvia, Polônia, agosto de 2010

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Dessa década da carreira da Rainha vocês já encontravam no blog as seguintes gravações:

Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival

2002/2004


Stravinsky (1882-1971): Suite italienne / Prokofiev (1891-1953): Sonata para Violoncelo e Piano, Op. 119, Valsa do balé “Stone Flower” / Shostakovich (1906-1975) Sonata para Violoncelo e Piano, Op.40

2003


Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival 2003

2003


Martha Argerich & Friends – Live in Lugano 2005 #BTHVN250

2005

Martha Argerich & Friends – Live in Lugano 2006

2006


Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival – 2007 #BTHVN250

2007


¡Larga vida a la Reina! – Carte Blanche [Martha Argerich, 81 anos]

2007


Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival – 2008

2008


Brahms, Rachmaninov, Schubert, Ravel: Martha Argerich & Nelson Freire — Salzburg

2009


Vassily

Ariel Ramirez (1921-2010) – Misa Criolla, com Mercedes Sosa

misa-criollaMisa Criolla

de Ariel Ramirez

com Mercedes Sosa

 

 

Written and composed by the Argentine composer Ariel Ramírez in 1963, Misa Criolla has become one of the most well known and oft-performed South American choral works throughout the world. A product of the composer’s long study of Argentine folk music, the piece synthesizes popular and liturgical styles, drawing on the rhythms and melodies of Argentina and other South American cultures. The opening Kyrie (“Lord, have mercy upon us…”) uses the slow rhythms of the vidala-baguala folk style (characteristic of northern Argentina) and a spare accompaniment to depict the loneliness of the high plateaus. In the Gloria (“Glory to God in the highest, and peace to all people on earth…”), the joyous rhythms of the carnavalito style are temporarily interrupted by the soloists’ plaintive pleas for mercy. The following Credo is based on the obsessive cross-rhythms (two against three) of the chacarera trunca style, emphasizing the conviction of this profession of faith. Similar cross-rhythms from the Bolivian carnaval cochabambino underlie the Sanctus (“Holy, holy, holy…”). The closing Agnus Dei (“Lamb of God, who takes away the sin of the world, hear our prayer…grant us peace.”) uses the estilo pampeano (“style of the Pampas”) to evoke the solitude and distance of that southern plains region. Though originally scored for keyboard, string bass, and standard percussion, our performance utilizes indigenous folk instruments, which the composer elsewhere has endorsed, in order to capture the flavor of the underlying musical styles. (Maza’s blog)

Ariel Ramírez
1. Misa Criolla: 1. Kyrie (Vidala baguala)
2. Misa Criolla: 2. Gloria (Carnavalito yaraví)
3. Misa Criolla: 3. Credo (Chacarera trunca)
4. Misa Criolla: 4. Sanctus (Carnaval cochabambino)
5. Misa Criolla: 5. Agnus Dei (Estilo pampeano)

Félix Luna / Ariel Ramírez
6. Navidad Nuestra: 1. La Annunciación (Chamamé)
7. Navidad Nuestra: 2. La Peregrinación (Huella pampeana)
8. Navidad Nuestra: 3. El Nacimento (Vidala catamarqueña)
9. Navidad Nuestra: 4. Los Pastores (Chaya riojana)
10. Navidad Nuestra: 5. Los Reyes Magos (Takirari)
11. Navidad Nuestra: 6. La Huida (Vidala tucumana)

Misa Criolla – Mercedes Sosa – 1999
Estudio Coral de Buenos Aires, director: Carlos López Puccio (Misa Criolla)
Asociación Coral Lagun Onak, director: Mario de Rose (Navidad Nuestra)

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MP3 320 kbps – 97,3 MB – 41,6 min
powered by iTunes 8.2

Boa audição!

pé na agua

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Ariel Ramírez (1921-2010): Misa Criolla (com José Carreras); Guido Haazen (1921-2004): Missa Luba; Anônimo: Misa Flamenca + Guido Haazen (1921-2004): Missa Luba e Canções Congolesas [link atualizado 2017]

SEN-SA-CIO-NAIS!!!
As missas que ora apresentamos são obras emblemáticas e históricas! As três, belíssimas, marcam a abertura da Igreja Católica após o Concílio Vaticano 2º (1962-1965), quando, entre outras tantas mudanças, o rito romano deixou de ser em latim e passou a se celebrar nas línguas locais.
Cronologicamente, a primeira das três peças é a Missa Luba, composta pelo missionário belga Guido Haazen (nome de batismo Mauritz Jan Lodewyjk Haazen) em 1958, quando ele estava em missão no Congo. Haazen adaptou os cânticos tradicionais da missa católica, ainda em latim, aos ritmos e instrumentos locais, o que em si, em época ainda anterior ao Concílio, era bastante arrojado e provavelmente não seria aceito pela Igreja se já não se estivessem indicando sinais de mudanças. A sua missa alterna entre comoventes momentos de placidez e de lamento, com uma formação extremamente singela: um coro e 4 instrumentos de percussão (para que mais que isso, se ele consegue efeito tão belo?).
Seguindo a linha do tempo, a talvez primeira missa completa composta na língua do país tenha sido a Misa Criolla, de Ariel Ramírez, um dos grandes compositores da Argentina. foi terminada ainda em 1964, antes do fim do Concílio. Ramírez mescla à formação e impostação clássica de coro os instrumentos andinos de sua terra, de forte ligação com os povos indígenas de lá, tomando ainda o cuidado para que cada cântico tivesse as características de um ritmo tradicional platino diferente. Disso resulta uma obra riquíssima, ainda mais valorizada com a presença da potente e precisa voz de José Carreras, na gravação que ora lhes oferecemos, e na qual o compositor está presente no piano e na harpa! Detalhe: a Misa Criolla é a peça argentina mais gravada e conhecida mundialmente. Há uma outra versão aqui no PQPBach, ainda mais arrebatadora que a de Carreras, com Mercedes Sosa, mas eu recomendo que vocês conheçam as duas gravações.
Por fim, a mais recente de todas, mas organizada apenas dois anos depois do dito concílio, a Misa Flamenca, é um arranjo de Ricardo Fernandez de Latorre, José Torregrosa e José María Moreno de músicas da missa para o ritmo tão característico da Andaluzia, resultando em sonoridades extremamente ricas e inusitadas, dado que o flamenco é geralmente cantado em solo e, em geral, não admite coros, que nesta peça harmonizaram-se perfeitamente com a forma tradicional. É interessante perceber o tanto que os volteios e meirismos característicos do ritmo guardam das canções árabes: a influência musical dos mouros muçulmanos, que por séculos dominaram a Península Ibérica, transparece até mesmo na música católica! É uma dessas belas misturas que o mundo nos proporciona!
Há uma outra versão, de sonoridade bastante distinta, da Missa Luba, regida pelo próprio padre Guido Haazen. Quando o missionário chegou ao Congo, formou, unindo 45 crianças de 9 a 14 anos e 15 professores da escola de Kamina, um coro que recebeu o nome de Les Troubadours du Roi Baudouin (Os Trovadores do Rei Baudouin). Esse grupo acabou por apresentar-se por seis meses na Europa, levando a música da África para terras distantes e não acostumadas àquela sonoridade. Nessa gravação, diferentemente do som encorpado e redondo que predomina nas técnicas tradicionais da música de concerto, aparecem as vozes rasgadas, típicas dos cantos africanos, distanciando a percepção da música do padrão erudito e acercando-a da forma tradicional dos povos negros. Há ainda, uma reunião de sete músicas cerimoniais congolesas, que mantém, após a audição da missa, a ligação com o divino.
Confira as sonoridades que esses autores proporcionaram à humanidade! Ouça!

Misa Criolla (1964)
Ariel Ramirez (Santa Fé, 1921 – Buenos Aires, 2010)
01. Misa Criolla – Kyrie (vidala-baguala)
02. Misa Criolla – Gloria (carnavalito-yaraví)
03. Misa Criolla – Credo (chacareira trunca)
04. Misa Criolla – Sanctus (carnaval cochabambino)
05. Misa Criolla – Agnus Dei (estilo pampeano)

Missa Luba (sobre temas tradicionais do Congo) (1958)
Padre Guido Haazen (Antuérpia, 1921 – Bonheiden, 2004)
06. Missa Luba – Kyrie
07. Missa Luba – Gloria
08. Missa Luba – Credo
09. Missa Luba – Sanctus
10. Missa Luba – Agnus Dei

Missa Flamenca (1967)
Anônimo
Arr. Ricardo Fernandez de Latorre, José Torregrosa, José María Moreno
11. Misa Flamenca – Kyrie (La Caña)
12. Misa Flamenca – Gloria (Cantes de Málaga)
13. Misa Flamenca – Credo (Cantes Gitanos)
14. Misa Flamenca – Sanctus (Cantes del Campo)
15. Misa Flamenca – Agnus Dei (Cantes de Cádiz)

Misa Criolla
José Carreras, tenor
Grupo Huancara, instrumentos latinos (Ariel Ramírez, piano e harpa; Domingo Gura, Jorge Padín, percussão; Arsenio Zambrano, charango; Lalo Gutierrez, violão; Raúl Barboza, acordeom)
Coral Salvé Laredo
José Luís Ocejo, regente
Sociedade Coral Bilbao
Gorka Sierre, regente
José Luís Ocejo, regente

Missa Luba
Muungano Nacional Choir (Quênia)
(acompanhado de percussão com djembe, conga, ngoma e guiro)
Boniface Mganga, regente

Misa Flamenca
Andalusian Instrumental Ensemble (Rafael Romero, Pericón de Cádiz, Chocolate, Pepe “El Culata”, Los Serranos, vocais; Victor Monje “Serranito”, Ramón Algeciras, violões)
Coro Maitea
Coro Easo
José Torregrosa, regente

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Missa Luba e Canções Tradicionais do Congo
Padre Guido Haazen (Antuérpia, 1921 – Bonheiden, 2004)
01. Missa Luba – Kyrie
02. Missa Luba – Gloria
03. Missa Luba – Credo
04. Missa Luba – Sanctus
05. Missa Luba – Benedictus
06. Missa Luba – Agnus Dei
07. Dibwe Diambula Kabanda (canção de matrimônio)
08. Lutuku Y a Bene Kanyoka (canto de tristeza/luto)
09. Ebu Bwale Kemai (dança de casamento)
10. Katumbo (Dança)
11. Seya Wa Mama Ndalumba (celebração conjugal)
12. Banana (canção de guerreiros)
13. Twai Tshinaminai (canto de trabalho)

Les Troubadours du Roi Baudouin
Guido Haazen, regente

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