Conheci Diana Krall por meio do DVD da qual foram tiradas as faixas deste CD, um registro ao vivo em Paris lá nos inícios do novo século. E foi um choque, lhes garanto. Depois disso virei fã de carteirinha dela.
Minha vida era um tanto quanto conturbada ali nos inícios dos anos 2000. Por motivo de estudo e de trabalho, vivia longe de minha esposa, então minha rotina era trabalho – universidade – casa, e no sábado após o trabalho, embarcava para a cidade onde minha esposa residia, também por motivos de trabalho e também por estar na época cuidando de seus pais, já idosos. Enfim, era uma rotina cansativa, desgastante, mas que ajudou a solidificar a relação. E foi também nesta época que comecei a colecionar mp3. E então foi nesta época que este disco da canadense me caiu em mãos por meio de um amigo, também fã de Jazz, que disse que era para ouvir. De posse então de meu velho discmann da Panasonic, inseri o disco e o ouvi em uma destas viagens. Foi um choque, pois ela reunia o que eu procurava: um talento nato, uma voz de veludo, tocava piano com muita propriedade, e neste disco abordava um repertório pelo qual eu já era apaixonado, o das velhas canções norte americanas, de Irvin Berlin a Cole Porter, passando por Gershwin, Burt Bacharach e concluindo com Billy Joel.
As canções interpretadas com muita qualidade, e com uma banda absolutamente perfeita, liderada pela dupla John Clayton e Jeff Hamilton, baixista e baterista respectivamente, e acompanhada em certos momentos por uma orquestra. Aquilo me pareceu de um nível altíssimo de sofisticação e elegância. Ela era muito discreta, mas podíamos sentir que tocava com alma. Comprei então em seguida o DVD do show, que traz outras canções, e o mais importante, pude vê-la e aos seus músicos, e entender que aquilo que senti ao ouvir era real, e que a discrição e uma certa timidez eram a cereja do bolo daquele disco.
Diana Krall continua sendo muito discreta, ainda mais depois que se casou com o cantor Elvis Costello, suas apresentações se tornaram mais esporádicas, assim como seus discos. Já veio ao Brasil algumas vezes, onde gravou um DVD, encarando ‘Garota de Ipanema’, entre outros clássicos da Bossa Nova, mas isso é assunto para outra postagem.
Considero ‘Look of Love”, “Devil May Care”, “Fly Me to the Moon” e “Just the Way Yoy Are” os grandes momentos do CD, mas ele é muito bem conduzido e produzido. O que ouvimos aqui é gente que leva muito a sério o que faz, e o que talvez seja mais importante, que se respeita muito e a própria música que faz em altíssimo nível, faço questão de salientar novamente. Nada de estrelismos, pelo menos enquanto estão tocando.
Espero que apreciem. Estou ouvindo este CD agora creio que pela milésima vez, e continuo tendo as mesmas sensações, mesmo após vinte e poucos anos. Também colocarei abaixo o link para o Show Completo no Youtube.
1 I Love Being Here With You
2 Let’s Fall In Love
3 ‘Deed I Do
4 The Look Of Love
5 East Of The Sun (And West Of The Moon)
6 I’ve Got You Under My Skin
7 Devil May Care
8 Maybe You’ll Be There
9 ‘S Wonderful
10 Fly Me To The Moon
11 A Case Of You
12 Just The Way You Are
Diana Krall – Piano e Voz
John Clayton – Contrabaixo
Jeff Hamilton – Bateria
Anthony Wilson – Guitarra
Paulinho da Costa – Percussão
Orchestre Symphonique Europeen
Alan Broudband – Condutor

Difícil de comentar. O CD “Charles Mingus’s Finest Hour” é uma compilação da série Finest Hour da gravadora Verve Records, que selecionaria o que há de “mais essencial” na carreira de artistas lendários. Neste caso, não chegou nem perto de uma boa amostragem. Há coisas maravilhosas e outras que francamente… Não servem nem como uma porta de entrada para conhecer Mingus: é uma mistureca de registros antigos e mais novos. A presença de obras-primas junto a gravações bem comuns baixam o nível de tudo. OK, pode ser ótimo para entender a força musical de Mingus como baixista, compositor e líder de banda, pela larga temporalidade variada das peças selecionadas. Enfim, é uma compilação de diferentes fases de Mingus — que não demonstra a enorme força de seu lirismo, fúria e complexidade.





Dino Saluzzi é um veterano compositor e músico argentino. Nasceu em 1935 e tem atualmente 80 anos. Dino toca bandoneón desde sua infância. É um tangueiro muito lírico, talvez em excesso. Bom compositor, quase erudito, ele infelizmente não tem a dureza de Piazzolla. Durante grande parte da sua juventude, Saluzzi viveu em Buenos Aires, tocando com a orquestra Rádio El Mundo. Vivia daquilo, mas às vezes fugia para tocar com pequenos conjuntos mais voltados para o jazz. Foi desenvolvendo um estilo cada vez mais pessoal que acabou por deixá-lo como um vanguardista em seu país. É hoje uma das estrelas da ECM. Tudo começou com Charlie Haden, Palle Mikkelborg and Pierre Favre em Once Upon A Time … Far Away In The South, e depois com Enrico Rava em Volver. Compreende-se, Rava trabalhou muito na Argentina e Haden sempre adorou a América Latina. O resgate para a turma de Eicher foi natural. Atualmente tem um duo com Anja Lechner, que está presentíssima neste El Encuentro. É um bom disco.








Invisible Nature é um álbum ao vivo do saxofonista inglês John Surman e do baterista norte-americano Jack DeJohnette, gravado em Tampere (Finlândia) e Berlim em 2000. Quem segue o PQP sabe de minha tara por Surman. Bem, há cinco décadas, John e Jack encontram-se em Londres para jams regulares. Seu primeiro disco como dupla, The Amazing Adventures of Simon Simon, definiu um estilo espaçoso e aberto, quase de free jazz.


















Publicado por Bluedog em 2008, restaurado por PQP Bach em 15/9/2025, em homenagem à viagem de volta do Campeão para seu planeta, iniciada em 13/9/2025 (Vassily)
Postagem original de 2017 por Wellbach, republicada em 15/9/2025 em homenagem ao Mago, que partiu desse triste rochedo em 13/9/2025 (Vassily)


IM-PER-DÍ-VEL !!!
Hermeto Paschoal: A Música Livre De Hermeto Paschoal
Hermeto Pascoal: Cérebro Magnético
Hermeto Pascoal & Grupo – Só Não Toca Quem Não Quer
Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal: Hermetismos Pascoais – ao Vivo em SP (2002)
Nossa homenagem ao saudoso Ranulfus continuará, também, através da republicação de suas preciosas contribuições ao nosso blog – como esta, que veio à luz em 4/9/2016.




Dois CDs estupendamente bem produzidos com obras do grande Morricone. Mas os dois não podem ser mais diferentes. O primeiro vem dos filmes: com grande orquestra, solistas, órgão, tudo de bom e perfeito, é claro. O segundo é interpretado por um trio de jazz que também é genial. Sim, a dupla de CDs é um samba do afrodescendente desprovido de pensamento lógico, só que é bom de ouvir. Nossa memória afetiva é facilmente levada a passear por filmes extraordinários. Só a lembrança dos filmes de Sergio Leone já vale ouvir o CD com atenção.
















Formada em 2009, a sensacional banda de rua Tuba Skinny evoluiu de uma coleção avulsa de músicos de rua para um conjunto sólido dedicado a levar o som tradicional de Nova Orleans ao redor do mundo. Com base em uma ampla gama de influências musicais — do spirituals ao blues da era da Depressão, do ragtime ao jazz tradicional — seu som evoca a rica herança musical de sua casa em Nova Orleans. A banda conquistou seguidores por meio de seu som distinto, seu compromisso em reviver canções há muito perdidas e suas performances ao vivo arrasadoras. Se você for ao YouTube, vai se impressionar com a competência do grupo, com destaque para as mulheres. Este é o terceiro CD do Tuba. Este é o tipo de música de Nova Orleans que faz uma pessoa sorrir e bater os pés quando uma música é alegre e gemer com um sorriso cúmplice quando é triste.



