.: interlúdio :. Ron Carter: New York Slick (1979), Empire Jazz (1980) / Billy Cobham & Asere: De Cuba y de Panama (2008)

Antes que o ano acabe, vamos lembrar aqui de mais três discos com o fabuloso baterista Billy Cobham que completou 80 primaveras. Dois dos anos 1970, quando Ron Carter sempre o convidava para seus grupos, e um dos anos 2000 em que Cobham se mistura com percussões cubanas.

A quantidade de álbuns gravados por Ron Carter é tão grande que não surpreendente o fato de alguns serem pouco lembrados. Seja acompanhando gente como Milt Jackson, Tom Jobim, Miles Davis, McCoy Tyner e Roberta Flack (a lista poderia ser 15 vezes maior, mas ficaria cansativo) ou como líder, é música pra se ouvir ao longo de décadas. Em New York Slick (1979), ele assina todas as composições e também os arranjos para um grupo com três sopros: flauta, trombone e flugelhorn (um parente próximo do trompete). É a flauta de Hubert Laws que fica com os solos mais longos e mais saborosos: ao contrário do som mais angelical e agudo comumente associado à flauta, aqui o instrumento ganha um caráter mais noturno e um timbre rico como o do baixo de Carter, até porque na maioria das vezes Laws toca a flauta alto, maior e um pouco mais grave que a soprano.

Um ano depois, Ron Carter reuniu em estúdio mais ou menos os mesmos músicos do disco anterior, reforçados por mais um trompetista, um saxofonista e um guitarrista, para gravarem os seus arranjos da trilha sonora de “O Império Contra-Ataca” da 1ª trilogia de Star Wars. Eu não costumo gostar desses concertos em que orquestras ou grupos de jazz tocam trilhas sonoras de filme, de videogame… Nada conta quem gosta, é melhor ir ver um concerto desses do que certas diversões como ir pra um país em guerra pra pegar mulher, como fez um certo brasileiro. O que me incomoda provavelmente é a execução muito preocupada em imitar, no palco, uma música que é de outro contexto, sem fazer as devidas alterações, pôr um toque de pimenta aqui e ali… Uma relação de adoração com uma obra – a trilha sonora – que em sua origem era acessória e por isso mesmo tinha certas limitações à criatividade do compositor. Não é essa a relação de Ron Carter com a música de Star Wars aqui: assim como no caso dos arranjos de Eumir Deodato para R. Strauss e Debussy (aqui), em Empire Jazz (1980) os músicos alçam voos próprios sem se preocupar com a fidelidade às partituras de John Williams.

Nesses dois álbuns de 1979 e 1980, por detrás dos três a cinco instrumentos de sopro, o baixo de Ron Carter e a bateria de Billy Cobham ocupam um outro espaço sonoro com grandes diálogos entre os dois. Muitas vezes os pratos soam mais do que os tambores, nas micro-divisões de tempo características de Cobham.

Já no disco De Cuba y de Panama (2008), há um único sopro (trompete) e Billy Cobham é acompanhado por um naipe de percussionistas tocando congas, bongos e outros instrumentos tipicamente afro-caribenhos. Gravado com o grupo cubano Asere, trata-se de uma parceria um tanto fora da curva na carreira de Billy Cobham, ao contrário daquelas com Ron Carter que se repetiram tantas vezes em estúdio e nos palcos. Para quem gosta de música cubana, com as fortes influências do candomblé que nós brasileiros conseguimos perceber apesar das diferenças de sotaques, é um prato cheio.

Ron Carter: New York Slick (1979)
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Ron Carter 1979

Ron Carter: Empire Jazz (1980)
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Ron Carter 1980

Billy Cobham & Asere – De Cuba y de Panamá (2008)
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Pleyel

.: interlúdio :. Wes Montgomery: Full House

.: interlúdio :. Wes Montgomery: Full House

Já estamos quase na sexta-feira e o final de semana se aproxima benfazejo; este cão inicia os trabalhos – no clima e no temperamento, ao menos – jogando alto com a intensidade e a vivacidade do jazz de Wes Montgomery.

Aos que precisam de apresentações, não percamos tempo: eis o homem que verteu Django Reinhardt para o jazz e fez da guitarra um instrumento de solo no bop. Clichês à parte, Wes reinventou a guitarra com seu estilo – que não apenas se tornou referencial para todos os guitarristas de jazz posteriores mas encantou cérebros como os de Jimi Hendrix. Não falo muito de técnica porque não muito entendo, e também porque nem sempre é necessário; mas este era um músico que, além de tocar sem palheta, podia dobrar o dedão pra trás até tocar o punho. (Nossa sorte é que ele não se deixou envolver pela gypsy music.)

“Full House” foi gravado em 25 de junho de 1962 no Tsubo, um bar de jazz na Califórnia. O acompanhamento é excelente: o Winton Kelly Trio, que tocava com sempre exigente Miles Davis, e Johnny Griffin, talentoso e veloz saxofonista, amigo dos tempos em que tocaram com Lionel Hampton. Miles estava na cidade e o trio tinha uma noite livre. Toparam fazer um show e em breve mandavam o trompetista às favas para gravar com Wes. Em estúdio, Wes é brilhante; mas nos registros ao vivo, sua música irrompe dos alto falantes para existir como no instante em que foi captada. Mágico assim. A abertura, homônima, tem um dos riffs easy-living mais memoráveis do jazz. De súbito, o solo de Wes cresce com harmonia e suavidade; a seção rítimca insiste em dissonâncias e o guitarrista responde os desafios com mais notas suavemente colocadas nas esquinas do tema. Quer dizer, se você não for cativado pelos 3 minutos do primeiro solo de Full House, tente de novo após uma dose de uísque. Esse é o solo que, uma vez assimilado, vai ser o parâmetro de todos os outros. Momento de gênio em bits digitais? Não deixe passar. Wes é daqueles que toca com a banda, e que surge daqui é um dos menires que marca toda a história.

A faixa dois é a outra face: as baladas. Canções suaves e dedilhadas em notas médias, gentis e suaves e quase bossa nova (no espírito). Uma pausa antes de Blue ‘n’ Boogie, de Gillespie – ou seja, um hard bop de tirar o fôlego) e de Carlba, um swing verdadeiramente rejuvenescedor. Come Rain or Come Shine vem com take duplo (assim como a seguinte, S.O.S. – o rip é da versão desse ano, da Original Jazz Classicas); no take 2, além da qualidade melhor no som, Wes está mais solto, menos preso ao tema. S.O.S tem um riff dobrado de sax e guitarra em alta velocidade que é genial; no take 3, se ouve o sax um pouco mais alto. O encerramento, Born to be Blue, é uma desaquecida – como de costume de Wes, que também gostava de fechar os shows com (uma leitura fantástica de) Round About Midnight, de Monk. Outra balada virtuosa e contemplativa, em solos que deixam refletir a música recém adquirida. A música de Wes Montgomery é generosa e deixa os ouvintes gratificados.

Como fica claro, é um dos meus preferidos entre os preferidos. Ataquem-no!

Post ampliado + links revalidados nov/2011. Ainda bem que o link daquela cópia em 128k expirou; agora o temos em sabor V0. Pra não perder o trem da edição do post, adicionei ainda Far Wes, disco de 1958, tempo em que o jovem Wes ainda era um obscuro guitarrista; neste, que é apenas seu segundo disco, ele começaria a ganhar a atenção devida. A formação tem como base o Montgomery Trio, e as composições próprias já demonstram o caminho que hoje bem conhecemos. No entanto o par de faixas superiores no disco é de outrem: Hymn for Carl e Monk’s Shop se destacam e grudam no ouvido sem pedir licença.

Wes Montgomery – Full House /1962 [V0]
Wes Montgomery, guitar; Johnny Griffin, tenor sax; Wynton Kelly, piano; Paul Chambers, bass; Jimmy Cobb, drums. Produzido por Orrin Keepnews para a Riverside
download – mediafire /60mB

01 Full House (Montgomery) – 9’14
02 I’ve Grown Accustomed to Her Face (Lerner, Loewe) – 3’18
03 Blue ‘n’ Boogie (Gillespie, Paparelli) – 9’31
04 Cariba take 2 (Montgomery) – 9’35
05 Come Rain or Come Shine take 2 (Mercer, Arlen) – 6’49
06 Come Rain or Come Shine take 1 – 6’49
06 S.O.S. take 3 (Montgomery) – 4’57
06 S.O.S. take 2 – 4’57
07 Born To Be Blue (Tormé, Wells) – 7’23

American jazz guitarist Wes Montgomery (1923-1968) performs with a Gibson L-5 semi acoustic guitar during a recording for the television series ‘Tempo’at ABC TV television studios in May 1965. (Photo by Popperfoto via Getty Images)

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio :. Jaco Pastorius (1976)

.: interlúdio :. Jaco Pastorius (1976)

Para qualquer fã sério de jazz fusion — não sou um deles –, o lançamento do álbum solo de estreia de Jaco Pastorius não foi nenhuma surpresa. Em grande parte autodidata, aos 22 anos ele já dava aulas de baixo na Universidade de Miami, onde criou uma forte amizade com o guitarrista Pat Metheny, que levaria os dois a gravarem juntos, lançando um LP nada conhecido (simplesmente intitulado Jaco) em 1974. Mas foi só quando ele se tornou um membro do fusion Weather Report que o começou a deixar sua marca. Jaco Pastorius, disco lançado em 1976, é uma vitrine para os talentos incríveis do baixista, sem mencionar sua maturidade como compositor. Junto com no estúdio estavam ninguém menos que alguns dos melhores músicos de jazz da época: Herbie Hancock, Wayne Shorter, Lenny White, David Sanborn, Hubert Laws e Michael Brecker. Até mesmo as lendas do soul / R&B Sam & Dave fazem uma aparição. Acho que este é o disco menos impressionante de Pastorius. Depois ele fez coisa muito melhor, em trabalhos próprios e de outros. Claramente, Jaco Pastorius era um mestre que morreu em circunstâncias trágicas em 1987 aos 35 anos. Jaco permanecerá para sempre um dos baixistas mais proeminentes que o mundo já ouviu. Ele tinha 24 anos quando gravou este disco.

Jaco Pastorius (1976)

1 Donna Lee
Bass – Jaco Pastorius
Congas – Don Alias
Written-By – Charlie Parker

2 Come On, Come Over
Baritone Saxophone – Howard Johnson (3)
Bass Trombone – Peter Graves
Bass, Arranged By [Horns] – Jaco Pastorius
Congas – Don Alias
Drums – Narada Michael Walden
Keyboards – Herbie Hancock
Saxophone [Alto Solo] – David Sanborn
Tenor Saxophone – Michael Brecker
Trumpet – Randy Brecker, Ron Tooley
Vocals – Sam & Dave
Written-By – B. Herzog*

3 Continuum
Bass – Jaco Pastorius
Bells – Don Alias
Drums – Lenny White
Electric Piano [Fender Rhodes] – Alex Darqui, Herbie Hancock

4 Kuru / Speak Like A Child
Bass, Arranged By [Strings] – Jaco Pastorius
Cello – Beverly Lauridsen, Charles McCracken, Kermit Moore
Conductor [Strings] – Michael Gibbs
Congas, Bongos – Don Alias
Drums – Bobby Economou
Piano – Herbie Hancock
Viola – Manny Vardi*, Julian Barber*, Selwart Clarke
Violin – Harold Kohon, Harry Cykman, Harry Lookofsky, Joe Malin, Paul Gershman
Violin, Concertmaster – David Nadien
Written-By [Speak Like A Child] – H. Hancock*

5 Portrait Of Tracy
Bass – Jaco Pastorius
6 Opus Pocus
Bass – Jaco Pastorius
Drums – Lenny White
Electric Piano [Fender Rhodes] – Herbie Hancock
Percussion – Don Alias
Soprano Saxophone – Wayne Shorter
Steel Drums [Alto Pans] – Othello Molineaux
Steel Drums [Tenor Pans] – Leroy Williams (21)

7 Okonkolé Y Trompa
Bass – Jaco Pastorius
Congas, Bata [Okonkolo, Iya], Afoxé [Afuche] – Don Alias
French Horn – Peter Gordon (8)
Written-By – D. Alias*

8 (Used To Be A) Cha-Cha
Bass – Jaco Pastorius
Congas – Don Alias
Drums – Lenny White
Piano – Herbie Hancock
Piccolo Flute – Hubert Laws

9 Forgotten Love
Arranged By [Strings], Conductor [Strings] – Michael Gibbs
Cello – Alan Shulman
Double Bass – Homer Mensch, Richard Davis (2)
Piano – Herbie Hancock
Viola – Al Brown*
Violin – Arnold Black, Matthew Raimondi, Max Pollikoff

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Pastorius foi o GOAT dos baixistas.

PQP

.: interlúdio :. The Very Best of Julie London ֎

.: interlúdio :. The Very Best of Julie London ֎

The Very Best of Julie London

With minor adjustments…

A small voice makes a big stir

(Uma pequena voz causa um enorme rebuliço) era a chamada de uma reportagem de capa da revista Life em 1957 sobre Julie London, cantora e atriz loura, incandescente.

Ela nasceu Julie Peck na ensolarada Califórnia e seus pais eram do show business. Originalmente de Santa Rosa, mudou-se para Los Angeles e como milhares de garotas esperava uma oportunidade no cinema, o que acabou acontecendo. Era amante de jazz e em 1955 gravou um LP – Julie is her Name – com a música Cry me a River, que chegou a ser a nona posição do Billboard Hot 100.

Nos anos que se seguiram seus discos eram esperados ansiosamente pelo seu público por suas canções sussurradas ao microfone com uma voz de contralto sensualíssima e pelas capas nas quais ela aparecia em poses provocantes. Seu terceiro LP, em 1956 – Calendar Girl – trazia uma foto sua para cada mês do ano. Julie London foi uma cantora absolutamente espetacular. Ela admirava Billie Holiday e usava sua própria voz com maestria e inteligência. E apesar dessa imagem de mulher fatal, era uma pessoa muito reservada.

Julie London certamente escolhia seu repertório explorando esse aspecto sedutor, com canções românticas – torch songs, com títulos bem provocantes, como I’m in the Mood for Love, Make Love to Me, Your Number Please, Love Letters. O humor certamente fazia parte, como em Nice Girls Don’t Stay for Coffee ou Easy Does It.

Seu último LP com o provocante nome Yummi, Yummi, Yummi, foi lançado em 1969 trazendo a gravação de Light my Fire. Ela continuou trabalhando como atriz. Entre 1972 e 1977 ela fez o papel de Dixie McCall, a enfermeira-chefe na série Emergency, ao lado de seu marido, Bobby Troup.

Para essa seleção de músicas comecei com um álbum duplo – The Very Best of Julie London. Este álbum foi lançado no Brasil em dois volumes, mas com menos músicas do que o lançamento americano. Eu acabei escolhendo as músicas que eu gosto mais, que ouço mais frequentemente. Depois acrescentei algumas de outros LPs, mas isso cabe a você descobrir.

Tentei fazer um balanço entre as músicas românticas e aquelas mais sapecas, como Fly Me to the Moon, Let There Be Love, Wonderful ou a deliciosa Makin’ Whoopee. Ela, como californiana e atriz de filmes de faroeste, tinha uma queda pelas músicas cantadas em espanhol. Um de seus LPs – Latin in a Satin Mood – tem esse repertório, é claro que com a perspectiva americana, mas eu acho sensacional. Escolhi daí algumas músicas que estão no fim do primeiro arquivo, além de Swain (Quien será?). Você poderá ouvir uma espetacular gravação de uma música que o boss da nossa corporation jura ter sido copiada quase literalmente por um compositor romântico em seu único concerto para piano, escrito para sua amada e idolatrada esposa. A inspiração deve ter sido captada pelo título da música: Besame Mucho.

Julie também era sensível às novas tendências musicais, como você poderá ouvir nas canções Slightly out of Tune, mais conhecida pelo título original – Desafinado, e a já mencionada Light my Fire, da banda Doors e sucesso na voz de José Feliciano.

Preste bastante atenção aos acompanhamentos, que variam de canção para canção, afinal trata-se de uma compilação. Desde violinos em alguns números, passando por outras mais intimistas, com formações típicas de grupos de jazz. Na seleção você encontrará canções que se tornaram famosas nas vozes de Ella Fitzgerald, Frank Sinatra, Billie Holiday, e que encontraram em Julie London uma grande intérprete.

The Very Best of Julie London!

Volume 1

  1. Fly Me To The Moon (In Other Words) (Bart Howard)
  2. Cry Me A River (Arthur Hamilton)
  3. Blue Moon (Richard Rodgers & Lorenz Hart)
  4. Sway (Quien será?) (Luis Demetrio & Pablo Bestrán Ruiz)
  5. When I Fall In Love (Victor Young & Edward Heyman)
  6. Misty (Erroll Garner)
  7. Slightly Out Of Tune (Desafinado) (Tom Jobim)
  8. Let There Be Love (Lionel Rand)
  9. How Deep Is the Ocean (Irving Berlin)
  10. Makin’ Whoopee (Walter Donaldson & Gus Kahn)
  11. The More I See You (Harry Warren)
  12. A Taste Of Honey (Bobby Scott & Ric Marlow)
  13. Black Coffee (Sonny Burke & Paul Francis Webster)
  14. Blues In The Night (Harold Arlen)
  15. ‘Round Midnight (Thelonius Monk)
  16. As Time Goes By (Herman Hupfeld)
  17. Frenesi (Alberto Domínguez)
  18. Be Mine Tonight (Noche De Ronda) (Agustin Lara)
  19. Yours (Quierme Mucho) (Gonzalo Roig)
  20. Bésame Mucho (Consuelo Velasquez)

Volume 2

  1. I Left My Heart In San Francisco (George Cory & Douglass Cross)
  2. Diamonds Are A Girl’s Best Friend (Leo Robin & Jule Styne)
  3. Goody Goody (Matty Malneck)
  4. Light My Fire (Robby Krieger – The Doors)
  5. Body And Soul (Johnny Green)
  6. God Bless The Child (Billie Holiday)
  7. They Can’t Take That Away From Me (George Gershwin)
  8. I’ve Got You Under My Skin (feat. Bud Shank Quintet) (Cole Porter)
  9. Summertime (George Gershwin)
  10. Love For Sale (Cole Porter)
  11. One For My Baby (Harold Arlen & Johnny Mercer)
  12. You Belong To My Heart (Solamente Una Vez) (Agustín Lara)
  13. ‘S Wonderful (George Gershwin)
  14. What Is This Thingh Called Love (Cole Porter)
  15. Bewitched, Bothered & Bewildered (Richard Rodgers)
  16. I Gotta A Right To Sing The Blues (Harold Arlen)
  17. Say It Isn’t So (Irving Berlin)

Julie London

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MP3 | 320 KBPS | 232 MB

She had a cool, sultry singing style that never felt forced. Her sophisticated, hip phrasing was deeply nocturnal and consistently relaxed. And she loved off-beat songs and aced them with a beckoning delivery and terrific range backed by seemingly effortless vocal power. Her movie-star looks have nothing to do with her appeal for me. It’s her underappreciated jazz voice and scene-making phrasing that knock me out. [jazzwax.com]

Aproveite!

René Denon

Julie London é o nome dela…

.: interlúdio :. The Heliocentric Worlds of Sun Ra, Vol. Two / Freak Out! (1966)

Não sei vocês, mas eu acompanhei com certa distância as eleições nos EUA, assim como os filmes de Hollywood eu não assisto tanto assim e, quando assisto, não é raro o espanto com certos clichês de gosto duvidoso. Mas enxergo uma importante contribuição dos americanos do norte em termos culturais ali no pós 2ª guerra, período em que houve rápida melhoria nas gravações (estéreo a partir dos anos 1950) e surgimento de instrumentos como o sintetizador, a guitarra e o baixo elétrico. Isso tudo seria relevante apenas nos textos sobre técnicas de gravação e construção de instrumentos, se não tivessem surgido junto cenas musicais enormemente interessantes.

Mas ainda no tema das tecnologias à época recentes: era um período e lugar de bonança econômica que permitiram a existência de músicos gravando em dezenas de estúdios e LPs fabricados aos montes, permitindo assim a profissionalização não só de uma meia dúzia de artistas famosos, mas de cenas de jazz com público reduzido porém fiel, com pequenas gravadoras lançando álbuns de variados estilos como o free jazz de Ornette Coleman, Don Cherry e etc., o jazz com percussões latino-americanas e caribenhas, até chegar ao jazz bastante popular de Miles Davis e de Louis Armstrong, que gravavam, ambos, pela Columbia, gravadora de grandes nomes como Lenny Bernstein e Bob Dylan.

Falando em Dylan, ele foi um dos que alcançaram um público bastante amplo com um tipo de persona pública do artista preocupado com questões sociais, com canções de letras longas e sérias, cheias de uma ironia e de uma (falsa ou verdadeira) inteligência que muitos tentariam imitar. Também o Frank Zappa, já no seu primeiro álbum, Freak Out! (1966), tinha um grande foco em letras de crítica social com chutes no saco e cusparadas voltadas para as famílias norte-americanas defensoras dos bons costumes e do “american dream”.

O pianista e band leader Sun Ra, na sua extensa discografia (e a prolixidade de registros em estúdio e ao vivo é uma característica em comum com Zappa), além de dar entrevistas enigmáticas sobre o sonho americano e o racismo, também teve álbuns com música cantada, com letras de crítica social, por exemplo aqui. Neste “The Heliocentric Worlds of Sun Ra vol II” (1966), não temos a cantora June Tyson, que entraria na Arkestra de Sun Ra poucos anos depois. Também não temos aqui uma banda gigante cheia de sopros: apenas cinco músicos entre saxofones, trompete, clarinete baixo e flauta, o que é pouco em comparação com discos dos anos 1970 e 80 em que a Arkestra era uma big band maior. Aqui, então, temos um total de oito músicos incluindo Sun Ra (piano e clavioline, um tipo de sintetizador). Ele tira do instrumento eletrônico sons muito mais grotescos e imprevisíveis do que os sons elegantes do piano elétrico Fender Rhodes, que aliás tanto Ra quanto Zappa usariam na década seguinte. Aqui, curiosamente, os sons eletrônicos de Sun Ra lembram um pouco a sonoridade do saxofone, mais do que a de um piano. O outro destaque maior de “Heliocentric Worlds Vol. II” é o contrabaixista Ronnie Boykins (1935 – 1980) que, como também os saxofonistas, estava próximo do que havia de mais atonal nas sonoridades do jazz dos anos 60.

Sun Ra usou teclados elétricos anos antes de quase todo mundo, sendo um dos pioneiros desses instrumentos no jazz junto com Joe Zawinul e poucos outros, uns cinco a dez anos antes de se falar em jazz fusion. Sun Ra se comportava à parte dessas classificações e terminologias, misturando big band com free jazz, roupas coloridas com solos atonais, liderando improvisos instrumentais mas também dando entrevistas com declarações sérias como as de Dylan e Zappa… Ou seja, era brabo na música e brabo no gogó, com as roupas esquisitas dando-lhe um certo passaporte para falar coisas sérias, afinal, como disse seu contemporâneo Thelonious Monk, às vezes é até bom que as pessoas te considerem louco (“Sometimes it’s to your advantage for people to think you’re crazy”).

Sem aderirem totalmente às modas de cada momento, porque ambos era esquisitos demais para aderir a qualquer moda, Frank Zappa e Sun Ra as tangenciaram às vezes. Aqui, nesses dois discos de 1966, enquanto Zappa faz colagens e distorções de sons – aliás, algo que ele aprendeu ouvindo discos de Edgar Varèse nos anos 1950 (aqui ele fala a respeito).

Mais um detalhe: esta postagem traz o som ripado do LP original de Zappa, no qual a contracapa trazia textos excêntricos e enigmáticos do próprio Zappa. Também o disco de Sun Ra trazia na contracapa trazia um poema do líder da Arkestra. Mais uma semelhança entre esses dois discos de 1966.

The Heliocentric Worlds of Sun Ra, Vol. Two (1966)
1. The Sun Myth (17:20)
2. A House Of Beauty (5:10)
3. Cosmic Chaos (14:15)
Sun Ra – piano, tuned bongos, clavioline, compositions and arrangements
Marshall Allen – alto saxophone, piccolo, flute, percussion
Pat Patrick – baritone saxophone, percussion
Walter Miller – trumpet
John Gilmore – tenor saxophone, percussion
Robert Cummings – bass clarinet, percussion
Ronnie Boykins – bass
Roger Blank – percussion

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Heliocentric Worlds Vol II

The Mothers of Invention – Freak Out! [single vinyl rip] (1966)
A1 Hungry freaks, daddy
A2 I ain’t got no heart
A3 Who are the Brain Police?
A4 Motherly love
A5 Wowie Zowie
A6 You didn’t try to call me
A7 I’m not satisfied
A8 You’re probably wondering why I’m here
B1 Trouble comin’ every day
B2 Help, I’m a rock / It can’t happen here
B3 The Return of the son of monster magnet (Unfinished Ballet in Two Tableaux)
all selections arranged, orchestrated and conducted by Frank Zappa

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Freak Out!

Bach, Beethoven, Mozart e Haydn comemorando os 18 anos do PQP Bach

Pleyel

.: interlúdio :. Sergio Mendes – The Swinger From Rio (1965)

.: interlúdio :. Sergio Mendes – The Swinger From Rio (1965)

Se daqui a mil anos ainda houver mundo e algum curioso arqueólogo musical se dignar a lançar um perlustro sobre estes nossos tempos, verá que a velha ceifadeira tem feito gordas colheitas na seara musical. Se foram as pessoas, todavia, os nomes e obras embotam a prisca foice. ‘Ars longa vita brevis’, parafraseou Jobim sobre Hipócrates. Nosso gigantesco Arthur Moreira Lima, Quincy Jones, Osmar Milito, Leny Andrade, David Sanborn, o compadre Hélio Gazineo, meu professor o pianista Odeval Mattos; Manuel ‘Guajiro’ Mirabal, Agnaldo Rayol, Sergio Mendes… Este último um formidável músico que soube estar na hora e lugar  certos – e permanecer no lugar certo. Tanto que construiu seu ninho nas plagas ideais para cultivar e disseminar seu trabalho, longe das limitações culturais de Pindorama, nos domínios do bode velho Tio Sam. Esta é uma narrativa que iremos aqui fantasiar para que se transfigure através do lúdico, afinal, nossa vida, com um pouco de verniz mitológico, se afigura uma saga de Tolkien – quem, ao longo dos dias, não encontra um dragão e um demônio, uma fada um príncipe, um mago e uma bruxa, um paraíso e um abismo?

Numa ensolarada manhã na década de 60, na cantina do Marshall College em Yale, o Professor Henry Walton Jones Jr., PHD em História e Arqueologia, após conseguir driblar uma chusma de alunos que o emboscavam atrás das notas do último seminário sobre a civilização Asteca, era abordado em meio ao seu café batizado com conhaque por um atarracado e simpático brasileiro de chapéu panamá branco:
Dr. Jones? ‘Yes?’ Me permitiria uma breve conversa? ‘Você é aluno de que turma?’ Não sou aluno, sou pianista. ‘Oh, yes? Sabe, toquei saxofone soprano na juventude! He he he.’ Que bom! Veja, soube que o Sr. nas horas vagas, entre uma aventura e outra, e as aulas, é um excelente carpinteiro! ‘Well, well… digamos que hoje em dia é um hobby.’ Bem, gostaria de contratá-lo para construir meu estúdio em LA! ‘Well, creio que não seria possível, ando muito atarefado em busca de arcas perdidas, caveiras de cristal, cálices sagrados e afins…’ Eis a questão, não se trata apenas de carpintaria. Para construir meu estúdio é preciso encontrar os alfarrábios mágicos de Jobim e de Carlos Lyra, uma donzela de grande beleza que habita as areias de Ipanema, os ritmos e harmonias ancestrais transmutados pelos encantos do jazz de Johnny Alf… Em suma, uma aventura! ‘Gostei da garota. Me interessa. Quando começamos?’

Foi assim que Indiana Jones ajudou a construir o estúdio de Sergio Mendes na Califórnia. Sergio, que permaneceria num certo ostracismo durante anos, todavia, protegido da ingratidão cultural de sua pátria para com o talento de tantos nomes de nossa história musical chamada popular.

“Sérgio Mendes, fluminense (nascido em Niterói), se foi em setembro (06/09/2024), aos 83 anos, em Los Angeles. Sérgio contou – e mostrou – uma foto do ator Harrison Ford em seu estúdio, quando ainda era carpinteiro, aos 28 anos. No fim de 1960, o futuro astro hollywoodiano construiu o estúdio do músico brasileiro em LA – foi o seu primeiro emprego na área. “Sou muito grato ao Sérgio. Ele me encomendou o serviço e se esqueceu de perguntar se eu já havia feito antes algo do gênero. Felizmente ficou legal, disse Ford há alguns anos.”

“Antes de Han Solo, havia um carpinteiro chamado Harrison Ford. E aqui está ele, com sua equipe, no dia em que terminou de construir meu estúdio de gravação, em 1970. Obrigado, Harrison! Que a força esteja com você…, disse Mendes ao publicar a foto em uma rede social, em 2015.”

“Sérgio Mendes foi o brasileiro que mais gravações emplacou no Top 100 das paradas americanas (14, ao todo). Destacam-se: “Mas que nada”, um 47º lugar em 1966; a “Olympia”, um 58º em 1984; em 2020, lançou o doc “Sergio Mendes: no tom da alegria (in the key of joy)”, que vai da infância em Niterói à consagração brasileira do Rock in Rio em 2017, com depoimentos de nomes como Quincy Jones, Pelé, e… Harrison Ford.”

E eu nessa conversa? Well… recentemente, numa mesa de bar, indaguei a um amigo, no decurso de uma conversa ‘cabeça’, se ele vira o último filme do Indiana Jones. Eu já esperava a estranheza, disfarçada, ou relevada pelos vapores do álcool e da amizade. Sim, sou fã. Talvez vi mais vezes Riders of the Lost Arc do que meus avós a Ben Hur, Sansão e Dalila e O Manto sagrado, no tempo em que ir ao cinema era um ritual social, estético e, diria mais, espiritual. Como dizia meu tio Oscar, que tinha um jeito um tanto Wilde de ser, arte é inútil porque serve apenas para provocar um estado de espírito. Estado este que utilizamos para os mais diversos fins, à revelia da finalidade primeva da arte, e uma vez fundamentando literariamente e academicamente o fato, que se danem os intelectuais e cinéfilos de plantão.

O presente disco é uma delícia. Hedonismo sonoro, ou melhor, sibarismo. Sem pretensões de profundidades abismais, evidentemente. Bossa nova instrumental, gênero confortável advindo de um Modus Vivendi confortável. Jamais tal gênero brotaria da agrura de terras nordestinas, por exemplo. Para maiores detalhes, leiam o formidável José Ramos Tinhorão sobre o assunto. O álbum é de 1966, eu nasceria no ano seguinte e levaria 57 anos para o conhecer. O título, para o prazer de quem deseje condenar pelo americanismo, é The Swinger from Rio – eu também não gosto, mas é o que temos. Além do mais, continuam a exaltar o fato de que Jobim gravou com Sinatra quando na verdade o privilégio coube a Blue Eyes, e não o contrário. O próprio sabia disso, porém…

O álbum foi gravado para a Atlantic Records e conta com a participação de artistas convidados, como os formidáveis jazzistas Phil Woods no sax alto, Art Farmer no flugelhorn, e Hubert Laws na flauta; além do próprio Antônio Carlos Jobim na guitarra base! Tião Neto no contrabaixo e Chico Souza na bateria. Sergio ao piano. É um disco breve, porém sumarento em conforto sonoro, beleza típica do gênero, para o privilégio de quem possa ter tempo livre e alma leve para apreciar com cerveja, whisky e tabaco, e quem sabe até a sorte de companhia aprazível – humana, canina ou felina. Na agulha:

Maria Moita
Sambinha Bossa Nova
Batida Diferente
Só Danco Samba
Pau Brazil
The Girl From Ipanema
Useless Panorama (Inútil Paisagem)
The Dreamer
Primavera de Carlos Lira
Consolação
Favela

O disco dura 38 minutos. A vida, pode durar anos, num processo no qual o passado se alarga a cada segundo e o futuro se encurta. Para os dispostos a fazer valer seu espaço sonoro tão transitório, realizar esta arqueologia sonora de aparentemente inúteis paisagens musicais vale muito a pena.

Dedico esta postagem ao amigo Fernando Ribeiro, o sujeito mais bossa nova que conheço – pelo mar, pelo violão, pelo jeito de cantar.

Abaixo, Indi descobrindo o busto da Garota de Ipanema.

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WellBach

.: interlúdio :. Trane + Mingus — John Coltrane: Live at Birdland / Charles Mingus: Tonight at Noon

.: interlúdio :. Trane + Mingus — John Coltrane: Live at Birdland / Charles Mingus: Tonight at Noon

Duplo interlúdio duplo? Culpa deste cão, que vai acumulando delícias (como quem enterra ossos) e depois tem dificuldades com o tempo para compartilhar tudo.

Embora nem sempre “mais” seja “melhor”, certamente não haverá reclamações com este conjunto: os novatos abaixo, (re)inventando moda, e um par de discos de dois preferidos da maison PQP Bach (para não dizerem que só falei de jovens). Diversão pra mais de metro de orelha comprida.

Live at Birdland precede Crescent e A Love Supreme, com o mesmo line-up e o inequívoco brilhantismo. Escolhido pela All About Jazz como um dos 10 melhores discos de jazz ao vivo de todos os tempos, este registro de John Coltrane possui, na verdade, apenas as três primeiras faixas registradas no clube Birdland. As outras duas são gravações de estúdio — incluindo “Alabama”, peça em homenagem a quatro crianças mortas num atentado da KKK à uma igreja batista. Ao contrário de muitos discos ao vivo de Trane, este não esgota o ouvinte; é um disco mais contido, a torrente frenética de solos freestyle que caracterizaria seu trabalho no final dos 60 ainda estava em gestação. É bem o período onde Coltrane está transicionando para seus trabalhos seminais, que mudariam os rumos do jazz; mais espaço para Tyner e Jones, que parecem ainda mais presentes, embora não se note o amálgama de grupo que atingiriam pouco tempo depois. Entre as composições, está a favorita “Afro-Blue”, do cubano Santamaría, já incluída no repertório ao vivo de Trane há bastante tempo.

De ainda antes na linha do tempo, vem Tonight at Noon, disco de Charles Mingus contendo outtakes dos discos The Clown e Oh Yeah. Apesar de pouco conhecidas, as faixas devem ser vistas não como rejeitos de dois discos seminais de Mingus; ao contrário, parecem terem sido deixadas de lado por serem provocadoras demais. Não bastasse isso, traz a dobradinha Booker Ervin e Roland Kirk nos saxofones; tem “Peggy’s Blue Skylight”, encantadora; e, é claro, é um disco de Mingus, o que por si só já é justificativa o suficiente.

John Coltrane – Live at Birdland /1963 (320)
download – 85MB

John Coltrane: tenor saxophone, soprano saxophone
Jimmy Garrison: bass
McCoy Tyner: piano
Elvin Jones: drums
Tracks 1–3 recorded October 8, 1963 at Birdland/NY
Tracks 4–5 recorded November 18, 1963 at Van Gelder Studios
Produzido por Bob Thiele para a Impulse!

01 Afro-Blue (Mongo Santamaría)
02 I Want to Talk about You (Billy Eckstine)
03 The Promise (Coltrane)
04 Alabama (Coltrane)
05 Your Lady (Coltrane)

Charles Mingus – Tonight at Noon /1961 (320)
download – 84MB

12/03/1957 (tracks 1, 2)
Charles Mingus, double bass; Jimmy Knepper, trombone; Dannie Richmond, drums; Shafi Hadi, alto sax; Wade Legge, piano
06/11/1961 (tracks 3-5)
Charles Mingus, piano; Booker Ervin, tenor sax; Rahsaan Roland Kirk, alto sax; Doug Watkins, bass; Jimmy Knepper, trombone; Dannie Richmond, drums
Todas as músicas de Charles Mingus. Produzido por Alfred Lion/Nesuhi Ertegun para a Atlantic

01 Tonight at Noon
02 Invisible Lady
03 Old’ Blues For Walt’s Torin
04 Peggy’s Blue Skylight
05 Passions of a Woman Loved

Boa audição!

Mingus, o homem, o mito
Mingus, o homem, o mito

Blue Dog

.: interlúdio :. Charlie Haden: The Best of Quartet West

.: interlúdio :. Charlie Haden: The Best of Quartet West

Charlie Haden (1937-2014) foi um grande gênio. Por mais de 50 anos, ele foi uma das figuras musicais mais importantes do jazz e do planeta. Uma das primeiras vezes onde ele apareceu foi como o garoto branco e magro do lado direito da fotografia da capa de This Is Our Music, de Ornette Coleman, um disco de, entre outras coisas, orgulho da raça negra… Provavelmente é a foto mais legal de um grupo de músicos já tirada. Certamente ele foi aceito porque era apenas o mais perfeito dos baixistas. Eu adoro seu som no contrabaixo, que é sombrio sem ser pesado, adoro a grande economia que às vezes dá lugar a solos dedilhados sombrios, e a maneira como ele parece ser capaz de seguir as improvisações de Ornette e Don Cherry tão de perto, apesar da ausência de diretrizes. Mas o principal é o peso emocional que ele transmite em cada nota que toca e em qualquer banda que liderasse ou com quem se apresentasse. Como todo grande jazzista, Haden tocou com centenas de grupos e formações. Fez algo que apenas outra baixista, o xará Charlie Mingus, conseguiu: criou música fortemente política. Há os cinco álbuns da Liberation Music Orchestra, quatro feitos em estúdio e um ao vivo, documentos essenciais que refletem as lutas de libertação e históricas de sua contemporaneidade na Espanha, na América Central e do Sul, na África do Sul, em Portugal e suas colônias Moçambique, Angola e Guiné, e em outros lugares. Aqui estão as canções e hinos da Brigada Internacional, dos Sandinistas, do MPLA: essa era uma música que importava, pois, para além do jazz, sua atenção fixava-se no cenário maior das coisas. Foi uma atitude que fez com que Haden fosse preso pela polícia secreta portuguesa durante uma turnê com Coleman em 1971.

Claro, sou fã do trabalho de Charlie Haden com Ornette Coleman e a Liberation Music Orchestra há anos, sem mencionar seus inúmeros trabalhos com Keith Jarrett, Pat Metheny e tantos outros. Mas eu realmente não tinha ouvido seu Quartet West, provavelmente porque a maioria das críticas que eu tinha lido se concentrava nas qualidades nostálgicas dos anos 40/50. Era um grupo — surpreendente para Haden — à moda antiga. Mas também é um álbum de jazz, com melodias sofisticadas e envolventes, trabalhos solos expressivos e altamente inventivos, uma abordagem tradicional que reconhece como o jazz soava. Este é um bom CD para ter quando você pega um romance de Raymond Chandler.

Charlie Haden: The Best of Quartet West

1 Hello My Lovely 6:47

2 Body And Soul
Drums – Billy Higgins
Written-By – Heyman*, Green*, Sour*
6:19

3 First Song (For Ruth) 6:57

4 Our Spanish Love Song 6:07

5 Always Say Goodbye 6:38

6 Où Es-Tu, Mon Amour ? (Where Are You, My Love?)
Bass [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Carlo Pecori
Drums [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Aurelio De Carolis
Guitar [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Django Reinhardt
Piano [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Gianni Safred
Violin – Stéphane Grappelli
Violin [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Stéphane Grappelli
Written-By – Emil Stern, Henry Lemarchand*
6:47

7 Here’s Looking At You
Arranged By [Orchestra], Conductor [Orchestra] – Alan Broadbent
6:11

8 Alone Together
Performer [Sampled From”alone Together”, November, 1944] – Paul Weston And His Orchestra
Vocals [Sampled From”alone Together”, November, 1944] – Jo Stafford
Written-By – Arthur Schwartz – Howard Dietz*
5:21

9 The Left Hand Of God
Arranged By [Orchestra], Conductor [Orchestra] – Alan Broadbent
Written-By – Victor Young
7:48

10 Lonely Town
Arranged By [Orchestra], Conductor [Orchestra] – Alan Broadbent
Violin, Soloist – Murray Adler
Vocals – Shirley Horn
Written-By – Betty Comden – Adolf Green*, Leonard Bernstein
5:25

11 Moonlight Serenade
Written-By – Glenn Miller, Mitchell Parish
9:08

12 Wayfaring Stranger
Arranged By [Orchestra], Conductor [Orchestra] – Alan Broadbent
Vocals – Charlie Haden
Written-By – Traditional
4:23

Bass – Charlie Haden
Drums – Larence Marable* (tracks: 1, 3 to 12)
Piano – Alan Broadbent
Tenor Saxophone – Ernie Watts

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Haden: gênio absoluto

PQP

.: interlúdio :. Wynton Marsalis: Uptown Ruler

.: interlúdio :. Wynton Marsalis: Uptown Ruler

Este Uptown Ruler não está entre os melhores discos de Wynton Marsalis mas vocês sabem que sempre vale a pena ouvir a sonoridade dos grandes grupos que Wynton  sempre reúne. Este quinteto é maravilhoso. É, aliás, o mesmo caso do disco que o que eu publiquei ontem — um repertório não muito bom, mas executado maravilhosamente. A série “Soul Gestures in Southern Blue”, da qual este é o Vol.2, tem sido vista como o patinho feio da discografia do trompetista. Não deixe de conferir os solos, apesar dos temas e das soluções nada substanciais. Mas é apenas a minha opinião. Provavelmente ele mereça ser explorado por melhores ouvidos.

Wynton Marsalis: Uptown Ruler

Psalm 26 1:26
Uptown Ruler 11:10
The Truth Is Spoken Here 6:50
The Burglar 8:37
Prayer 6:27
Harmonique 4:53
Down Home With Homey 11:55
Psalm 26 1:36

Wynton Marsalis Quintet

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Marsalis na única época baixa de sua carreira.

PQP

.: interlúdio :. Egberto Gismonti (1947) e Naná Vasconcelos (1944-2016): DANÇA DAS CABEÇAS (1977) – in memoriam

Estive ouvindo novamente esse disco, depois de muito tempo, se dizer mais de trinta anos talvez não esteja exagerando. E ao fuçar nos arquivos das antigas postagens encontrei esse texto escrito pelo saudoso Monge Ranulfus, que nos deixou há alguns anos, e provavelmente está trocando idéias com o mesmo Naná Vasconcelos, que homenageia no começo de seu texto. Ou seja, o ano era 2016. 

Então aproveito o texto, e apenas atualizo o link, não podemos deixar de oferecer um disco desses no nosso PQPBach, como comentou o próprio Monge, “um dos discos mais importantes do último terço do século 20, independente de categorias.”

Que temporada de perdas na música… Dois dias depois de Harnoncourt, quem nos deixou, anteontem, foi o pernambucano Naná Vasconcelos, um dos mais refinados e reconhecidos percussionistas do mundo. Em lembrança e homenagem, atualizamos esta postagem feita originalmente em 11.06.2010 – sem alterações além deste parágrafo e da foto abaixo.

nana-gismonti

Isto é música popular? Experimente tocar ali na quermesse.

É jazz? Bem, é evidente que recebeu influência, mas quem no século 20 não recebeu? E nos trechos em piano solo também é evidente a influência de Chopin.

É clássico? O site da Amazon diz que sim. Mas conheço gente que certamente torceria o nariz diante dessa afirmação.

Afinal, o que é que faz determinada música ser “clássica” ou “erudita”? Evidentemente não pode ser a ausência de melodias cantáveis, a ausência de texto, a ausência ou pouca importância da percussão ou de determinadas instrumentações, e até mesmo ausência de vulgaridade ou banalidade… pois cada uma dessas “ausências” é contradita por abundância de presenças no repertório estabelecido.

Para muitos, “clássico” equivale, mesmo que sem consciência disso, a “em formas, escalas e instrumentações de origem européia”. Donde considerarem clássicas, p.ex., as valsas dos dois Johann Strauss, quando para mim são evidentemente música popular em arranjos para poderosos.

Não estou dizendo que são inferiores por serem populares, nem que não caibam num blog como este. As danças compostas e/ou publicadas pelo Pretorius, do século 16, também são música popular em bons arranjos, e seria uma pena não tê-las aqui!

Para mim, o “clássico” ou “erudito” se refere ao grau de complexidade da elaboração na dimensão “forma”, e/ou de libertação em relação às duas fontes primárias da música (a dança e a declamação expressiva) na direção de uma música-pela-música. E nesse sentido encontramos “clássico” em muitas tradições totalmente autônomas da européia: chinesa, indiana, mandê (da qual postei aqui o lindo exemplo que é TOUMANI DIABATÉ), e também em outras que recebem maior ou menor medida de influxo da tradição européia, mas o incorporam em formas produzidas com total autonomia em relação a essa tradição.

O Brasil talvez seja a maior usina mundial da produção deste último tipo de música – mas não me refiro a nenhum dos nossos compositores normalmente identificados como “clássicos” ou “eruditos”: nem a Villa-Lobos, nem a Camargo Guarnieri, nem a Almeida Prado, ninguém desses: todos eles trabalham fundamentalmente com a herança das matrizes formais européias. O que não os desqualifica, não se trata disso!

Trata-se, ao contrário, de qualificar música que às vezes é tida como de segunda, quando é de primeiríssima. E é nesse sentido que já postei aqui o balé “Z” de GILBERTO GIL, que recomendo com ênfase o pouco postado e o muito por postar de MARLUI MIRANDA e do grupo UAKTI… e que posto agora este outro, que foi um dos discos de maior impacto no mundo em 1977-78.

Pra deixar claro o que não quero dizer, acho pretensioso e chato a maior parte do que o Egberto fez depois. Com exceção de momentos geniais em Nó Caipira e em Sol do Meio Dia, quase tudo em que ele meteu orquestra se afastou do conceito de “clássico” que estou usando aqui. Estereotipou. E portanto banalizou.

Mas Dança das Cabeças não tem nada de esterotipado: Dança das Cabeças foi fundador. Se você já ouviu coisa parecida, veio depois, e bebeu daí. Para mim, um dos discos mais importantes do último terço do século 20, independente de categorias.

Ou seja: um clássico.

Egberto Gismonti: Dança das Cabeças – gravado em Oslo em nov. 1976
Egberto Gismonti: violão de 8 cordas, piano, flautas e outras madeiras étnicas, voz
Naná Vasconcelos: berimbau, percussão instrumental e corporal, voz

01 Part I 25:15
– Quarto Mundo #1 (E. Gismonti)
– Dança das Cabeças (E. Gismonti)
– Águas Luminosas (D. Bressane)
– Celebração de Núpcias (E. Gismonti)
– Porta Encantada (E. Gismonti)
– Quarto Mundo #2 (E. Gismonti)

02 Part II 24:30
– Tango (E. Gismonti/G.E.Carneiro)
– Bambuzal (E. Gismonti)
– Fé Cega, Faca Amolada (M.Nascimento/R.Bastos)
– Dança Solitária

. . . . . . . BAIXE AQUI – download here

Ranulfus

Link atualizado por FDPBach (em licença sabática de sei lá quanto tempo)

.: interlúdio :. Chick Corea: Rendezvous in New York

.: interlúdio :. Chick Corea: Rendezvous in New York

Rendezvous in New York é um álbum onde o pianista estadunidense Chick Corea reuniu embros das nove bandas com as quais tocou no passado. Os músicos incluíam Terence Blanchard, Gary Burton, Eddie Gomez, Roy Haynes, Bobby McFerrin, Joshua Redman, Gonzalo Rubalcaba, Michael Brecker e Miroslav Vitous, dentre outros. Um timaço para celebrar sei 60º aniversário. Corea é, sem dúvida, um dos pianistas de jazz mais fluentes em improvisação de todos os tempos, além de ser um compositor talentoso e grande líder de banda. Pode ser um muito exibido, pode ser intrusivo, quebrando momentos mágicos que ele se esforçou muito para construir: às vezes tem uma incapacidade completa de esquecer ou ignorar o público, algo que está amplamente ausente em Jarrett, por exemplo. No entanto, os discípulos de Corea estarão interessados ​​neste notável e educado álbum duplo ao vivo, gravado ao longo de três semanas de apresentações no Blue Note de Nova York. Corea recebeu uma oportunidade que só um artista de sua estatura e poder de atração tem: a chance de tocar em nove conjuntos separados com uma variedade de amigos musicais. Cada banda tocou no Blue Note por duas noites, e o melhor de tudo isso foi capturado aqui. As três peças de dueto de abertura com o vocalista McFerrin são mais brincalhonas do que musicais, e dão ao show um começo esquisito. Mas depois disso, o pianista irrompe de uma forma assustadora em um trio com Roy Haynes e Miroslav Vitous, e continua em sua melhor imprevisibilidade malódica em uma banda expandida celebrando o pianista Bud Powell em Glass Enclosure e Tempus Fugit. Em Crystal Silence, a insensibilidade de Corea à necessidade de abrir espaço está sob sublime controle em um dueto sussurrante com o vibrafonista Gary Burton, e depois o grupo maior Origin exibe as cores ousadas do líder. Mas o dueto de dois pianos com Gonzalo Rubalcaba em um medley de Concierto D’Aranjuez e a própria Espanha de Corea é o destaque deslumbrante – um turbilhão de corridas entrelaçadas brilhantes, acordes latinos percussivos, intensidade e swing jubiloso.

Chick Corea: Rendezvous in New York

1-1 Chick Corea & Bobby McFerrin Duet– Armando’ Rhumba
Piano – Chick Corea
Vocals – Bobby McFerrin
4:56
1-2 Chick Corea & Bobby McFerrin Duet– Blue Monk
Piano – Chick Corea
Vocals – Bobby McFerrin
5:31
1-3 Chick Corea & Bobby McFerrin Duet– Concierto De Aranjuez / Spain
Piano – Chick Corea
Vocals – Bobby McFerrin
8:12
1-4 Now He Sings, Now He Sobs Trio– Matrix
Bass – Miroslav Vitous
Drums – Roy Haynes
Piano – Chick Corea
10:45
1-5 Remembering Bud Powell Band– Glass Enclosure / Temps Fugit
Bass – Christian McBride
Drums – Roy Haynes
Piano – Chick Corea
Tenor Saxophone – Joshua Redman
Trumpet – Terence Blanchard
16:08
1-6 Chick Corea & Gary Burton Duet*– Crystal Silence
Piano – Chick Corea
Vibraphone – Gary Burton
10:02
1-7 Chick Corea Akoustic Band– Bessie’s Blues
Bass – John Patitucci
Drums – Dave Weckl
Piano – Chick Corea
8:38
2-1 Chick Corea Akoustic Band– Autumn Leaves
Bass – John Patitucci
Drums – Dave Weckl
Piano – Chick Corea
11:32
2-2 Origin (12)– Armando’s Tango
Alto Saxophone – Steve Wilson (2)
Bass – Avishai Cohen
Drums – Jeff Ballard
Piano – Chick Corea
Tenor Saxophone – Tim Garland
Trombone – Steve Davis (7)
12:08
2-3 Ckick Corea & Gonzalo Rubalcaba Duet– Concierto De Aranjuez / Spain
Piano – Chick Corea, Gonzalo Rubalcaba
13:23
2-4 Chick Corea New Trio*– Lifeline
Bass – Avishai Cohen
Drums – Jeff Ballard
Piano – Chick Corea
11:59
2-5 Three Quartets Band– Quartet N° 2 Part I
Bass – Eddie Gomez
Drums – Steve Gadd
Piano – Chick Corea
Tenor Saxophone – Michael Brecker
11:42

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Nas bandas de Lagoa da Canoa (AL), ele também conhecido como Chico Correa

PQP

.: interlúdio:. Brad Mehldau – The Art of Trio

Esse texto aí de baixo é da postagem original, lá de 2013. Muita água rolou por baixo da ponte, muita coisa aconteceu, e depois de ler o texto de apresentação pensei que talvez fosse a hora de trazer novamente essa espetacular série, desta vez completa, com seus cinco cds, um melhor que o outro, lhes garanto. Mehldau não é mais um menino, ao contrário, é hoje um sóbrio senhor, que ainda vem encantando seu público com seu virtuosismo, sensibilidade e técnica apuradíssima. 

Vou botar os cinco cds de uma só vez, para serem apreciados devidamente, se possível, na sua sequência, não que isso seja obrigatório, ouçam da forma que quiserem. 

Volto a reforçar que o texto abaixo é de 2013, claro que o Milton Ribeiro nesta altura do campeonato já conhece muito bem este pianista. 

Nosso amigo Milton Ribeiro confidenciou-me dia destes que desconhecia Brad Mehldau. Eu fiquei espantando, ainda mais sabendo que o Milton é uma verdadeira enciclopédia da música, e conhece muita coisa e muita gente. Surpreendeu-me realmente, afinal de contas, o jovem pianista (nasceu em 1970) já está há um bom tempo na área, e já gravou com um monte de gente conhecida, como Pat Metheny, Anne Sophie von Otter, entre diversos outros.

Meu caro Milton, imagine um Keith Jarrett sem ter passado por todas as fases que passou até chegar à sua versão de trio acústico. Sei que estou exagerando, mas vejo Brad Mehldau como a evolução daquilo que Keith Jarrett acrescentou e ainda acrescenta à técnica do piano. O rapaz é um fenômeno e não teme se arriscar. Claro que não podemos esquecer de Bill Evans, Herbie Hancock, Thelonius Monk, Chick Corea, para citar apenas algumas das influências visíveis do rapaz;  Então, una estas técnicas apuradíssimas,  conseguidas através de anos sentados atrás do instrumento, aliadas a um virtuosismo espantoso, desconte a idade e a quantidade de heroína que Bill Evans consumiu… então podes ter uma idéia de quem é Brad Mehldau. Aí comece a ouvir este cd pela sua terceira faixa, uma homenagem a Thelonius Monk… e depois me diga o que achas. Se o conheço mais ou menos bem, sei que sua expressão será: onde diabos eu estava que não conheci esse cara antes?

Num primeiro momento, o espanto… depois a certeza de que estamos diante de um novo fenômeno do piano, e o que é mais importante, ainda jovem, e ainda podendo evoluir, e muito. Quando comecei a ouvir este rapaz, há pelo menos uns dez anos atrás, achei muita presunção da parte dele lançar uma série de cinco cds com o título de “Art of Trio”. Pensei comigo mesmo, quem esse cara está pensando que é? Ainda mais com toda a lista de excepcionais músicos que vieram antes dele e deram forma à este estilo tão característico do jazz, o Piano Trio. Depois entendi que na verdade se tratava de uma homenagem à todos aqueles gigantes que vieram antes dele, me apropriando de uma frase meio clichê, ele se apoiava sobre os ombros dos gigantes para mostrar a evolução da técnica, e do próprio jazz.

Em todos os CDs os músicos que acompanham serão sempre os mesmos: o baixista Larry Grenadier e o baterista Jorge Rossi.

As gravações foram realizadas entre 1997 e 2001.

Volume One
1 Blame It On My Youth
2 I Didn’t Know What Time It Was
3 Ron’s Place
4 Blackbird
5 Lament For Linus
6 Mignon’s Song
7 I Fall In Love Too Easily
8 Lucid
9 Nobody Else But Me

 

Live At The Village Vanguard – The Art Of The Trio Volume Two 
1 It’s Alright With Me
2 Young And Foolish
3 Monk’s Dream
4 The Way You Look Tonight
5 Moon River
6 Countdown

 

 

Volume Three – Songs
1 Song-Song
2 Unrequited
3 Bewitched, Bothered And Bewildered
4 Exit Music (For A Film)
5 At A Loss
6 Convalescent
7 For All We Know
8 River Man
9 Young At Heart
10 Sehnsucht

Volume 4 Back At The Vanguard
1 All The Things You Are
2 Sehnsucht
3 Nice Pass
4 Solar
5 London Blues
6 I’ll Be Seeing You
7 Exit Music (For A Film)

 

 

Volume 5 Evolution Art Of The Trio
CD 1
1 The More I See You – Live
2 Dream’s Monk – Live
3 The Folks Who Live On The Hill
4 Alone Together – Live
5 It Might As Well Be Spring
6 Cry Me A River – Live
7 River Man – Live

 

CD 2
1 Quit – Live
2 Secret Love – Live
3 Sublation – Live
4 Resignation – Live
5 Long Ago And Far Away – Live
6 How Long Has This Been Going On? – Live

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE (OS CINCO CDS ESTÃO COMPACTADOS EM ARQUIVO ÚNICO)

FDP

.: interlúdio :. Pat Metheny: MoonDial

.: interlúdio :. Pat Metheny: MoonDial

MoonDial (2024) é o terceiro álbum solo que Pat Metheny grava no violão barítono construído para ele pela famosa luthier canadense Linda Manzer. (Ela também construiu muitos de seus outros instrumentos, incluindo sua famosa guitarra Pikasso de três braços e 42 cordas.) Os dois álbuns anteriores foram One Quiet Night (2003), que mistura originais de Metheny e covers, What’s It All About (2011), o primeiro álbum de Metheny a apresentar apenas covers. Ambos ganharam Grammys, por (surpreendentemente) melhor álbum New Age (?).

A escolha de covers de Metheny para MoonDial abrange o cancioneiro padrão e a música popular mais recente, sempre escolhendo boas melodias: You’re Everything‘ (Chick Corea), Here, There and Everywhere (Lennon/McCartney), a tradicional Londonderry Air (também conhecida como Danny Boy), Everything Happens to Me / Somewhere (a última desta dupla sendo uma música de Bernstein para West Side Story ), e duas músicas de filmes dos anos 50 que se tornaram standards do jazz, My Love and I (também conhecida como Love Theme, do filme Apache e Angel Eyes (do filme Jennifer ).

Como esperado de um músico do calibre de Metheny, todos os covers são reinterpretados, auxiliados pelas possibilidades liberadas por um instrumento que é naturalmente afinado uma quarta ou quinta abaixo de um violão convencional, com a diferença de que Metheny eleva as duas cordas do meio em uma oitava. Em um vídeo promovendo o álbum, ele explica que essa afinação incomum permitiu que ele tirasse vantagem de cordas soltas e encontrasse tonalidades e vozes estranhas que seriam impossíveis de tocar em um violão normal. Não entendo nada dessas coisas e só copiei…

Pat Metheny: MoonDial

1 Moondial 6:24
2 La Crosse 4:48
3 You’re Everything 2:38
4 Here, There And Everywhere 4:24
5 We Can’t See It, But It’s There 2:59
6 Falcon Love 7:14
7 Everything Happens To Me /
8 Somewhere 7:12
9 Londonderry Air 5:03
10 This Belongs To You 5:28
11 Shõga 3:15
12 My Love And I 3:50
13 Angel Eyes 6:56
14 Moondial (Epilogue) 1:13

Pat Metheny, violão barítono

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Metheny com seu “Manzer Baritone”

PQP

.: interlúdio :. John Surman – Upon Reflexion (1979)

.: interlúdio :. John Surman – Upon Reflexion (1979)

AB-SO-LU-TA-MEN-TE IM-PER-DÍ-VEL !!!

Hoje é o aniversário de… PQP Bach. Aniversário não do blog ou do personagem, mas do ser humano que há, dizem, por trás. Por isso, vou postar duas obras-primas neste 19 de agosto. Está é a primeira.

Durante anos disse que Upon Reflexion era o melhor LP/CD editado pela grande ECM. Hoje, eles lançam tanta coisa que talvez fosse perigoso manter esta opinião. De qualquer maneira, este seria um dos discos que levaria para a ilha deserta, trata-se de um dos melhores discos de jazz de todos os tempos. O disco abre com a espetacular Edges Of Illusion cujo solo decorei de tanto ouvir o LP desde 1980. Tal solo vem do sax barítono de Surman com algumas fundamentais intervenções melódicas do sax soprano. O curto ostinato viajandão do fundo deve-se aos sintetizadores. O som dos saxofones de Surman é algo. O ostinato da agitada Filigree vem de diversos saxofones sobrepostos que somem maravilhosa Caithness To Kerry, escrita para sax soprano solo. Alegre, ingênua e pastoral em sua absoluta falta de acompanhamento, parece ter sido composta pelo louco da aldeia. O louco some na sonoridade de jazz clássico de Beyond a Shadow, uma bela e negra composição do inglês, com acompanhamento de sintetizadores, saxofones e participação decisiva do clarone (bass clarinet). O lado 2 de meu antigo disco começava com Prelude And Rustic Dance. O louco da aldeia, já com os antipsicóticos em dia, organiza uma cortina de agitados saxofones para o solo de sax soprano de Surman. A poética e tranquila The Lamplighter acalma as coisas, preparando a área para a curta correria de Following Behind, uma brincadeira com ecos. Constellation talvez seja a melhor composição do disco. No ostinato voltam com tudo os sintetizadores.

John Surman: Upon Reflection (1979)

1. Edges Of Illusion 10:10
2. Filigree 3:41
3. Caithness To Kerry 3:51
4. Beyond A Shadow 6:40
5. Prelude And Rustic Dance 5:14
6. The Lamplighter 6:19
7. Following Behind 1:24
8. Constellation 8:16

all composed by Surman
recorded May 1979, Talent Studio, Oslo

John Surman, baritone and soprano saxophones, bass clarinet, synthesizers

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Surman, um gênio

PQP

.: interlúdio: billie, ella, sarah, dinah :.

.: interlúdio: billie, ella, sarah, dinah :.

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Link revalidado por PQP numa quarta-feira…

Eis uma postagem bastante sabatina: sem nenhum esforço. Essa caixinha com 4 cds — lançada somente aqui no Brasil — traz coletâneas, e embora saibamos que todo “best of” é um abcesso, em certos casos podem ter algum valor de iniciação, descoberta, ou mesmo pela preguiça. É só carregá-los na playlist (rip da casa, altíssima qualidade), apertar o botão de “shuffle” e abrir o vinho.

Ah: e aumentar bastante o volume. (A não ser que o domingo seja enamorado. As divas compreendem.)

Billie Holiday – download (131MB)
01 Summertime 02 What A Little Moonlight Can Do 03 Easy To Love 04 Billies Blues 05 Georgia On My Mind 06 I Cover The Waterfront 07 These Foolish Things 08 Pennies From Heaven 09 Nice Work If You Can Get It 10 Night And Day 11 They Can’t Take That Away From Me 12 The Way You Look Tonight 13 Easy Living 14 God Bless The Child 15 I Must Have That Man 16 You Showed Me The Way 17 My Man 18 I Can’t Believe That You’re In Love With Me 19 All Of Me 20 Body And Soul

Dinah Washington – download (133MB)
01 I Concentrate On You 02 I Won’t Cry Anymore 03 Mad About The Boy 04 Manhattan 05 September in The Rain 06 What Diference A Day Makes 07 All Or Nothing 08 When A Woman Loves a Man 09 Blow Top Blues 10. Embraceable You 11 Evil Gal Blues 12 Homeward Bound 13 I Can’t Get Started 14 Postman Blues 15 Rich Man Blues 16 Wise Woman Blues 17 Mellow Mama Blues 18 I Know How To Do It 19 Salty Papa Blues 20 No Voot, No Boot

Ella Fitzgerald – download (124MB)
01 Undecided 02 Petootie Pie 03 Chew Chew Chew Your Bubble Gum 04 I’m Beginning To See The Light 05 Stone Cold Dead In The Market 06 Into Each Life Some Rain Must Fall 07 Taint What You Do I’ts The Way Do It 08 Five O’ Clock Whistle 09 It’s Only A Paper Moon 10 Cow Cow Boogie 11 Imagination 12 All Or Nothing At All 13 A Tisket, A Tasket 14 Cryin’ Mood 15 How Hogh The Moon 16 If Yoou Should Ever Leave Me 17 Rock It For Me 18 Shine 19 Sing Song Swing 20 Mr. Paganini

Sarah Vaughan – download (92MB)
01 If You Could See Me Now 02 Sweet Affection 03 Are You Certain 04 That Old Black Magic 05 What’s So Bad About It 06 Separate Ways 07 Broken Hearted Melody 08 Friendly Enemies 09 I’ve Got The World On A String 10 Misty 11 Mary Contrary 12 Careless 13 What More Can A Woman Do 14 Perdido 15 The Nearness Of You

Sarah Vaughan manda um beijo pro pessoal do PQP Bach.
Sarah Vaughan manda um beijo pro pessoal do PQP Bach.

Bom sábado!

Blue Dog

.: interlúdio :. The Art of Three (2001) + The Art of Three Live in Japan (2003) – com Billy Cobham – bateria, Ron Carter – baixo, Kenny Barron, piano

Este ano tenho postado vários álbuns gravados pelos veteranos Billy Cobham (bateria) e Ron Carter (baixo): com sax, vibrafone e piano elétrico (aqui), com sax e flauta (aqui)… Aqui eles atacam novamente em formação de trio com o pianista Kenny Barron. Ao vivo na Europa (2001) e no Japão (2003), fazem um repertório sem grandes surpresas: baladas como Autumn Leaves (Kosma/Mercer) e Someday my prince will come (do filme A Branca de Neve), composições novas de Barron e de Carter…

E o destaque maior talvez seja o passeio do trio por ‘Round Midnight e I mean you, composições de Thelonious Monk que aparecem com as sonoridades elegantes e redondas dos três músicos, dando novos significados ao que, nas interpretações com Monk ao piano, sempre soava mais torto e dissonante. As progressões harmônicas de Monk mudaram consideravelmente o pianismo jazzístico, com desdobramentos diretos nos famosos grupos liderados por Miles Davis e John Coltrane (anos 50-60), no trio americano e no quarteto europeu de Keith Jarrett (anos 70-90), etc.  Temos aqui grandes releituras das inovações de Monk por três instrumentistas de longo currículo, nenhum deles se apagando em prol dos outros.


The Art of Three (2001)
1. Stella by Starlight
Written by N. Washington, V. Young

2. Autumn Leaves
Written by Prevert, Mercer, Kosma

3. New Waltz
Written by Ron Carter

4. Bouncing With Bud
Written by Bud Powell

5. ‘Round Midnight
Written by C. Williams, Thelonious Monk

6. And Then Again
Written by Kenny Barron

7. I Thought About You
Written by J. Van Heusen, J. Mercer

8. Someday my Prince will come
Written by Frank Churchill, Larry Morey

Billy Cobhan – drums, Ron Carter – bass, Kenny Barron – piano
Recorded jan 2001 in Odense, Denmark & Oslo, Norway

The Art of Three (2001) – BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE


The Art of Three – Live in Japan 2003
1. I Mean You
Written by T. Monk

2. Bouncin’ with Bud
Written by B. Powell

3. Autumn Leaves
Written by J. Kosma

4. Out of Nowhere
Written by J. Green

5. Body and Soul
Written by J. Green

6. Stella by Starlight
Written by V. Young

7. ‘Round Midnight
Written by C. Williams, T. Monk

8. Tour de Force
Written by D. Gillespie

Billy Cobhan – drums, Ron Carter – bass, Kenny Barron – piano
Recorded at Hyatt Regency, Osaka, Japan, 18 jul 2003

The Art of Three (2003) – BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Ron Carter e Kenny Barron

Pleyel

.: interlúdio :. Miles Davis: Porgy and Bess

.: interlúdio :. Miles Davis: Porgy and Bess

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este interlúdio continua de onde o anterior parou (ou, na verdade, um passo antes): numa colaboração entre Miles Davis e Gil Evans. Gravado em quatro sessões no verão de 1958, a adaptação de Porgy and Bess, ópera de Gerswhin, veio com a publicidade em torno do filme de Otto Preminger. A película não deu certo e desagradou os criadores. Já a versão jazz, que diferença: não apenas um dos maiores best-sellers da história do gênero, também foi aclamado por toda crítica como um marco do jazz orquestral.

Sensível e melódico, Porgy and Bess é um álbum que tem Miles Davis vivendo um momento de redescoberta das harmonias, no já pós-bop:

I think a movement in jazz is beginning, away from the conventional string of chords and a return to emphasis on melodic rather than harmonic variations….When Gil wrote the arrangement of ‘I Loves You, Porgy’, he only wrote a scale for me to play. No chords. And that other passage with just two chords gives you a lot more freedom and space to hear things.

E espaço é o que se ouve. Apesar da formação com muitos músicos, a produção delicada permite a todos seu espaço – seja na orquestração do acompanhamento, seja nos solos de Davis e do genial Cannonball Adderley. Além disso, há um aspecto lúdico – porque não é nada menos do que divertido ver os tons por onde Miles e Evans enxergaram canções populares como Summertime e It Ain’t Necessarily So.

Se aqui temos uma leitura fantástica da obra de Gershwin, ela já havia rendido outra obra-prima: a gravação de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, mais orquestra, um ano antes. Disco este que deve pintar por aqui em breve, prometido por FDP Bach.

Miles Davis – Porgy and Bess (320)

01 The Buzzard Song 4’12
02 Bess, You Is My Woman Now 5’15
03 Gone (Evans) 3’41
04 Gone, Gone, Gone 2’06
05 Summertime 3’22
06 Prayer (Oh Doctor Jesus) 4’44
07 Fisherman, Strawberry and Devil Crab 4’10
08 My Man’s Gone Now 6’14
09 It Ain’t Necessarily So 4’29
10 Here Come de Honey Man 1’26
11 I Wants to Stay Here (a.k.a. I Loves You, Porgy) 3’41
12 There’s a Boat That’s Leaving Soon for New York 3’29
13 I Loves You, Porgy [tk1 2nd version] 4’16
14 Gone [tk 4] 3’41

Composto por George Gershwin, Ira Gershwin e DuBose Heyward
Conduzido e arranjado por Gil Evans
Produzido por Cal Lampley e Teo Macero para a Columbia

Miles Davis (trumpet, flugelhorn); Cannonball Adderley (alto saxophone); Gil Evans (arranger, conductor); Paul Chambers (bass); Jimmy Cobb (drums); Ernie Royal, Bernie Glow, Johnny Coles, Louis Mucci (trumpet), Dick Hixon, Frank Rehak, Jimmy Cleveland, Joe Bennett (trombone), Willie Ruff, Julius Watkins, Gunther Schuller (horn), Bill Barber (tuba), Phil Bodner, Jerome Richardson, Romeo Penque (flute, alto flute, clarinet); Danny Bank (alto flute & bass clarinet); Philly Joe Jones (drums on tracks 3, 4, 15).

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

miles davis

Boa audição!
Bluedog, revalidado por PQP Bach

.: interlúdio :. Louis Armstrong: Louis Armstrong plays W. C. Handy

.: interlúdio :. Louis Armstrong: Louis Armstrong plays W. C. Handy

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Louis Armstrong Plays W.C. Handy é um lançamento de estúdio de 1954 de Louis Armstrong and His All Stars, descrito pela Allmusic como “o melhor disco de Louis Armstrong da década de 1950” e “música essencial para todas as coleções sérias de jazz”. Este encontro de dois dos maiores de Nova Orleans é indiscutivelmente insuperável. Handy ainda estava vivo para ouvir o que Armstrong fez com seu trabalho – que foi, simplesmente, borrifá-lo de magia. (O encarte cita Handy dizendo, durante as sessões de gravação, que as performances de Louis trouxeram lágrimas aos seus olhos cegos.) Apenas a primeira faixa, St. Louis Blues, já faz valer a pena ouvir o CD. WC Handy (1873-1958) foi o sujeito que popularizou o blues, adaptando uma tradição musical puramente regional da virada do século XX e dando-lhe uma boa dose de atenção e respeito. O blues de Handy é consideravelmente mais polido e elaborado do que o clássico estilo delta e tem boas letras. Armstrong canta todas as músicas com total convicção e bom humor. Ele está acompanhado em várias faixas por Velma Middleton, cujo tom brando e alcance limitado pareceriam um erro de escolha, mas ela mais do que compensa isso com um ótimo timing e, mais importante, uma química fantástica com Armstrong. Eles se separam e seguem em frente, fazendo festa sem comprometer o resultado.

Louis Armstrong: Louis Armstrong Plays W. C. Handy

A1 St. Louis Blues
Vocals – Louis Armstrong, Velma Middleton
Written-By – Handy*

A2 Yellow Dog Blues
Vocals – Louis Armstrong
Written-By – Handy*

A3 Loveless Love
Vocals – Louis Armstrong, Velma Middleton
Written-By – Handy*

A4 Aunt Hagar’s Blues
Vocals – Louis Armstrong
Written-By – Brymn*, Handy*

A5 Louis Armstrong Monologue

A6 Long Gone (From The Bowlin’ Green)
Vocals – Louis Armstrong, Velma Middleton
Written-By – C. Smith*, Handy*

B1 The Memphis Blues (Or Mister Crump)
Vocals – Louis Armstrong
Written-By – Norton*, Handy*

B2 Beale Street Blues
Vocals – Louis Armstrong
Written-By – Handy*

B3 Ole Miss Blues
Vocals – Louis Armstrong
Written-By – Handy*

B4 Chantez Les Bas (Sing ‘Em Low)
Vocals – Louis Armstrong
Written-By – Handy*

B5 Hesitating Blues
Vocals – Louis Armstrong, Velma Middleton
Written-By – Handy*

B6 Atlanta Blues (Make Me One Pallet On Your Floor)
Vocals – Louis Armstrong
Written-By – Elman*, Handy*

Bass – Arvell Shaw
Clarinet – Barney Bigard
Drums – Barrett Deems
Piano – Billy Kyle
Trombone – Trummy Young
Trumpet – Louis Armstrong
Vocals – Louis Armstrong (tracks: A1 to B2, B4 to B6), Velma Middleton (tracks: A1, A3, A5, B5)

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Velma Middleton e Louis Armstrong

PQP

.: interlúdio :. Duke Ellington: The OKeh Ellington

.: interlúdio :. Duke Ellington: The OKeh Ellington

Embora geralmente não sejam tão celebradas quanto suas gravações para a RCA Victor do mesmo período, as apresentações de Duke Ellington para a OKeh (posteriormente adquirida pela Columbia) estão entre as melhores do período, apresentando solos distintos de trompetistas como o trompetista Bubber Miley (e mais tarde seu substituto Cootie Williams), o trombonista Tricky Sam Nanton (que, como Miley, era um especialista em mudos wah-wah), o clarinetista Barney Bigard e o sax alto Johnny Hodges , entre outros. Essas 50 faixas (que ignoram as tomadas alternativas de Ellington) contêm muitos clássicos, incluindo seu tema original East St. Louis Toodle-oo, Black and Tan Fantasy, The Mooche, Mood Indigo e seus primeiros solos ao piano. Este é um dos melhores registros dos primeiros Ellington disponíveis.

Duke Ellington: The OKeh Ellington

1-1 The Washingtonians– East St. Louis Toodle-oo
Written-By – B. Miley*, D. Ellington*
3:03
1-2 The Washingtonians– Hop Head
Written-By – D. Ellington*
2:55
1-3 The Washingtonians– Down In Our Alley Blues
Written By – J. Kapp
Written-By – D. Ellington*, O. Hardwick*
3:01
1-4 Duke Ellington & His Orchestra*– What Can A Poor Fellow Do?
Written-By – B. Meyers*, E. Schoebel*
3:08
1-5 Duke Ellington & His Orchestra*– Black And Tan Fantasy
Written-By – B. Miley*, D. Ellington*
3:23
1-6 Duke Ellington & His Orchestra*– Chicago Stomp Down
Vocals – Adelaide Hall
Written-By – H. Creamer*, J. Johnson*
2:46
1-7 The Washingtonians– Sweet Mama (Papa’s Getting Mad)
Written By – G. Little, P. Frost
Written-By – F. Rose*
2:52
1-8 The Washingtonians– Stack O’Lee Blues
Written By – L. Colwell, R. Lopez
2:49
1-9 The Washingtonians– Bugle Call Rag
Written-By – B. Meyers*, E. Schoebel*, J. Pettis*
2:37
1-10 Duke Ellington & His Orchestra*– Take It Easy
Written-By – D. Ellington*
3:12
1-11 Duke Ellington & His Orchestra*– Jubilee Stomp
Written-By – D. Ellington*
2:42
1-12 Duke Ellington & His Orchestra*– Harlem Twist (East St. Louis Toodle-oo)
Written-By – B. MIley*, D. Ellington*
3:15
1-13 The Harlem Footwarmers– Diga Diga Doo
Vocals – Irving Mills
Written-By – D. Fields*, J. McHugh*
2:51
1-14 The Harlem Footwarmers– Doin’ The New Low Down
Vocals – Irving Mills
Written-By – D. Fields*, J. McHugh*
3:05
1-15 Duke Ellington– Black Beauty
Written-By – D. Ellington*
3:00
1-16 Duke Ellington– Swampy River
Written-By – D. Ellington*
2:48
1-17 Duke Ellington & His Orchestra*– The Mooche
Written-By – D. Ellington*, I. Mills*
3:11
1-18 Duke Ellington & His Orchestra*– Move Over
Written-By – D. Ellington*
3:03
1-19 Duke Ellington & His Orchestra*– Hot And Bothered
Written-By – D. Ellington*
3:15
1-20 Duke Ellington & His Orchestra*– The Blues With A Feelin’
Written-By – D. Ellington*
3:13
1-21 Duke Ellington & His Orchestra*– Goin’ To Town
Written-By – B. Miley*, D. Ellington*
2:55
1-22 Duke Ellington & His Orchestra*– Misty Mornin’
Written-By – A. Whetsol*, D. Ellington*
3:20
1-23 Joe Turner & His Memphis Men*– I Must Have That Man
Written-By – D. Fields*, J. McHugh*
3:19
1-24 Joe Turner & His Memphis Men*– Freeze And Melt
Written-By – D. Fields*, J. McHugh*
2:51
1-25 Joe Turner & His Memphis Men*– Mississippi Moan
Written-By – D. Ellington*
3:24

2-1 Sonny Greer & His Memphis Men*– That Rhythm Man
Written-By – A. Razaf*, T. Waller*, H. Brooks*
2:41
2-2 Sonny Greer & His Memphis Men*– Beggar’s Blues
Written By – J. Hodge
Written-By – A. Bigard*
3:16
2-3 Sonny Greer & His Memphis Men*– Saturday Night Function
Written-By – A. Bigard*, D. Ellington*
3:22
2-4 The Harlem Footwarmers– Jungle Jamboree
Written-By – A. Razaf*, T. Waller*, H. Brooks*
3:02
2-5 The Harlem Footwarmers– Snake Hip Dance
Written-By – A. Razaf*, T. Waller*, H. Brooks*
2:48
2-6 The Harlem Footwarmers– Lazy Duke
Written-By – D. Ellington*
3:06
2-7 The Harlem Footwarmers– Blues Of The Vagabond
Written-By – D. Ellington*
3:13
2-8 The Harlem Footwarmers– Syncopated Shuffle
Written-By – D. Ellington*
2:45
2-9 Mills’ Ten Blackberries– The Mooche
Written-By – D. Ellington*, I. Mills*
3:20
2-10 Mills’ Ten Blackberries– Ragamuffin Romeo
Written-By – H. DeCosta*, M. Wayne*
3:15
2-11 Mills’ Ten Blackberries– East St. Louis Toodle-oo
Written-By – B. Miley*, D. Ellington*
3:13
2-12 Mills’ Ten Blackberries– Sweet Mama
Written-By – H. DeCosta*, M. Wayne*
3:00
2-13 Mills’ Ten Blackberries– Hot And Bothered
Written-By – D. Ellington*
2:52
2-14 Mills’ Ten Blackberries– Double Check Stomp
Written-By – A. Bigard*, I. Mills*
3:20
2-15 Mills’ Ten Blackberries– Black And Tan Fantasy
Written-By – B. Miley*, D. Ellington*
3:07
2-16 The Harlem Footwarmers– Big House Blues
Written-By – D. Ellington*, I. Mills*
3:01
2-17 The Harlem Footwarmers– Rocky Mountain Blues
Written-By – D. Ellington*, I. Mills*
3:08
2-18 The Harlem Footwarmers– Ring Dem Bells
Vocals – Cootie Williams
Written-By – D. Ellington*, I. Mills*
2:47
2-19 Frank Brown & His Tooters*– Three Little Words
Vocals – Irving Mills
Written-By – B. Kalmar*, H. Ruby*
3:12
2-20 The Harlem Footwarmers– Old Man Blues
Written-By – D. Ellington*, I. Mills*
3:05
2-21 The Harlem Footwarmers– Sweet Chariot
Vocals – Cootie Williams
Written-By – D. Ellington*, I. Mills*
2:47
2-22 The Harlem Footwarmers– Mood Indigo
Written-By – A. Bigard*, D. Ellington*, I. Mills*
3:06
2-23 The New York Syncopators– I Can’t Realize You Love Me
Vocals – Sid Garry
Written-By – B. DeSylva*, W. Donaldson*
3:23
2-24 The New York Syncopators– I’m So In Love With You
Vocals – Sid Garry
Written-By – D. Ellington*, I. Mills*
2:56
2-25 The Harlem Footwarmers– Rockin’ In Rhythm
Written-By – D. Ellington*, H. Carney*, I. Mills*
3:14

Banjo – Fred Guy
Baritone Saxophone, Clarinet, Alto Saxophone – Harry Carney
Clarinet, Soprano Saxophone, Alto Saxophone – Johnny Hodges (tracks: 1-13, 1-14, 1-17 to 2-25)
Clarinet, Tenor Saxophone – Barney Bigard (tracks: From 1-7), Prince Robinson (tracks: 1-1 to 1-3), Rudy Jackson (tracks: 1-1 to 1-6)
Double Bass [String Bass] – Wellman Braud (tracks: From 1-4)
Drums – Sonny Greer
Guitar – Lonnie Johnson (2) (tracks: 1-17 to 1-19, 1-22)
Piano, Arranged By, Leader – Duke Ellington
Soprano Saxophone, Alto Saxophone, Baritone Saxophone – Otto Hardwick (tracks: 1-1 to 1-12)
Trombone – Joe “Tricky Sam” Nanton*
Trumpet – Arthur Whetsol* (tracks: 1-13, 1-14, 1-17 to 2-5, 2-7 to 2-25), Bubber Miley (tracks: 1-1 to 1-3, 1-7 to 1-14, 1-17 to 1-23), Cootie Williams (tracks: 1-23 to 1-25, 2-6 to 2-15, 2-18 to 2-25), Freddie Jenkins* (tracks: 1-20 to 2-3, 2-6 to 2-15, 2-18 to 2-25), Jabbo Smith (tracks: 1-4 to 1-6), Louis Metcalf (tracks: 1-1 to 1-12)
Tuba – Henry Edwards (tracks: 1-1 to 1-3)
Valve Trombone – Juan Tizol (tracks: 2-7 to 2-11, 2-18 to 2-25)
Vocals – Baby Cox (tracks: 1-17, 1-19)

Recording dates:
1-1 to 1-3: March 22, 1927.
1-4 to 1-6: November 3, 1927.
1-7 to 1-9: January 9, 1928.
1-10 to 1-12: January 19, 1928.
1-13, 1-14: July 10, 1928.
1-15, 1-16: October 1, 1928.
1-17 to 1-19: October 1, 1928.
1-20 to 1-22: November 22, 1928.
1-23 to 1-25: April 4, 1929.
2-01 to 2-03: May 28, 1929.
2-04, 2-05: August 2, 1929.
2-06 to 2-08: November 20, 1929.
2-09 to 2-11: April 3, 1930.
2-12 to 2-15: June 12, 1930.
2-16, 2-17: October 14, 1930.
2-18, 2-20 to 2-22: October 30, 1930.
2-19: October 30, 1930.
2-23 to 2-25: November 8, 1930.

Original 78s from the collections of Robert Altschuler, Michael Brooks, and the Institute of Jazz Studies, Newark, New Jersey.

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Sir Duke anos depois, já em 1946.

PQP

.: interlúdio :. Oscar Peterson plays The George Gershwin Songbook (2 LPs em 1 CD)

.: interlúdio :. Oscar Peterson plays The George Gershwin Songbook (2 LPs em 1 CD)

O incrível talento melódico de George Gershwin fica escarrado nestas duas coletâneas gravadas por Oscar Peterson. O notável pianista toca o songbook com extremo respeito e apenas trata de tocar os temas da forma mais bela e simples possível, sem grandes voos de improvisação. Basta ver os tempos de cada canção para se dar conta de que são canções tocadas em trio. Na verdade são dois LPs contidoa em um CD. Iniciamos por um de 1959 e outro de 1952. Ouvi tudo continuamente, mas creio ter gostado mais da versão de 1952 com o guitarrista Barney Kessel no lugar do baterista Ed Thigpen. Vale a pena ouvir este CD, nem que seja para poder dizer com ainda maior certeza que Gershwin foi sensacional.

Oscar Peterson Plays The George Gershwin Song Book

1 It Ain’t Necessarily So 2:45
2 The Man I Love 3:05
3 Love Walked In 2:45
4 I Was Doing All Right 2:47
5 A Foggy Day 2:51
6 Oh, Lady, Be Good! 2:58
7 Love IS Here To Stay 2:55
8 The All Laughed 2:28
9 Let’s Call The Whole Thing Off 2:16
10 Summertime 2:54
11 Nice Work If You Can Get It 2:04
12 Shall We Dance? 2:15

Oscar Peterson Plays George Gershwin

13 The Man I Love 3:30
14 Fascinating Rhythm 2:56
15 It Ain’t Necessarily So 3:13
16 Somebody Loves Me – Written-By – Ballard MacDonald, B. G. DeSylva*, George Gershwin 3:22
17 Strike Up The Band 3:14
18 I’ve Got A Crush On You 2:52
19 I Was Doing All Right 2:41
20 ‘S Wonderful 2:36
21 Oh, Lady, Be Good! 3:49
22 I Got Rhythm 3:16
23 A Foggy Day 3:38
24 Love Walked In 3:06

Bass – Ray Brown
Drums – Ed Thigpen (tracks: 1 to 12)
Guitar – Barney Kessel (tracks: 13 to 24)
Piano – Oscar Peterson
2 LPs on 1 CD

Tracks 1 to 12 recorded between July 21 and August 1, 1959 at Universal Recording Studios, Chicago – Original LP issue: Oscar Peterson Plays The George Gershwin Song Book, Verve V6-2054
Tracks 13 to 24 recorded probably between November 1 and December 4, 1952 in Los Angeles – Original LP issue: Oscar Peterson Plays George Gershwin, Clef MGC 605

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Oscar Peterson: respeito

PQP

.: interlúdio :. Billy Cobham Band – Live in Leverkusen (2010), Tierra del fuego (2020)


Após um período difícil nos anos 1980 e 90, quando aderiu a algumas modas que hoje soam duvidosas, Billy Cobham iniciou os anos 2000 atacando em duas frentes: uma delas, o jazz com instrumentos acústicos, normalmente com seu parceiro Ron Carter e outros músicos tocando piano, saxofone, etc., por exemplo no belo disco ao vivo de 2011 que vimos aqui.

Em paralelo, ele montou uma banda com dois tecladistas, guitarra e baixo, com a qual tem feito turnês pelo mundo e principalmente pela Europa, onde vive há muitos anos. Também tocou no Brasil em 2012 e em 2023. Inclusive as fotos que ilustram esta postagem são de Billy Cobham e seus fiéis escudeiros no Rio de Janeiro ano passado: a tecladista francesa Camelia Ben Naceur e o percussionista brasileiro Marco Lobo, nascido na Bahia, e que é especialista no berimbau. Este instrumento tipicamente brasileiro aparece na faixa Bara”boom” chick, em um diálogo muito especial com a bateria de Cobham.

A foto de Billy Cobham mais acima, assim como esta abaixo (capa do disco ao vivo de 2010), expressam bem a sua personalidade musical: irradiando alegria pelas duas mãos, pés e por todo o resto do corpo, ele segue em atividade aos 80 anos com esse ar irreverente, em contraste com o terno e a seriedade do quase nonagenário Ron Carter.


Billy Cobham Band – Live In Leverkusen (2010)
1. Mirage 9:10
2. Obliquely Speaking 6:54
3. Two For Juan 8:29
4. A Days Grace 9:31
5. Crosswinds 6:37
6. Drumsolo 5:19
7. Cancun Market 7:46
8. Red Baron 9:28
9. Stratus 13:01

Billy Cobham (Drums); Fifi Chayeb (Bass); Jean-Marie Ecay (Guitar); Camelia Ben Naceur, Christophe Cravero (Keyboards); Junior Gill (Percussion)

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE – Live in Leverkusen


Billy Cobham Band – Tierra Del Fuego (2020)
1. Symbiosis
2. Dunes That Move
3. Light At The End Of The Tunnel
4. For Bubba & Bella
5. Tierra Del Fuego
6. Panama
7. Bara “Boom” Chik
8. Through The Eye Of The Needle
9. Petra In 3 Phases

Billy Cobham (Drums); Michael Mondesir (Bass); David Dunsmuir (Guitar); Camelia Ben Naceur, Steve Hamilton (Keyboards); Marco Lobo Moreira (Percussion)
Recorded in Mazzive Sound Studios, Switzerland, 2019

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE – Tierra del Fuego

Camelia Ben Naceur, Marco Lobo (Rio, 2023).jpg

#billycobham80
Pleyel

.: interlúdio :. Spanish Blue (1974) / This is Jazz (2011) – Ron Carter (baixo), Billy Cobham (bateria), Hubert Laws (flauta), Donald Harrison (sax)

80 anos de Billy Cobham! 16 de maio de 2024

Mas a estrela principal desta postagem é um parceiro de longa data de Cobham…

Barcelona, 1964.
Ron Carter estava em turnê com o quinteto de Miles Davis. No seu tempo livre, ele e Miles buscaram satisfazer duas necessidades profundas em um obscuro restaurante onde as paixões catalãs por boa comida e boa música se encontravam.

“Os funcionários pareciam honrados com o nosso interesse. O resultado foi um incrível jantar com peixe, seguido de duas horas de maravilhoso flamenco. Eram dois dançarinos e três músicos, todos autênticos. Eu sempre gostei de música espanhola. Mas naquela viagem tive a chance do ouvir horas, direto da fonte. Fiquei fascinado com o uso do tempo pelos músicos de flamenco. Uma ênfase diferente na marcação do tempo. Não consigo anotar ou explicar, mas é muito emocionante.”

Duas das peças neste álbum refletem as simpatias espanholas de Ron Carter. Ele não tem a pretensão de que essas peças observam formas tradicionais do flamenco. São composições distiladas do estilo espanhol e filtradas pela experiência e perspectiva de um mestre do jazz. Os solos apaixonados de Hubert Laws (flauta) e Roland Hanna (piano acústico e elétrico) em El Noche Sol e a atmosfera sensual de habanera em Sabado Sombrero atestam o sucesso de Carter como compositor, líder e baixista.

“Arkansas” – que ganhou este nome quando o filho de Ron Carter estudava um mapa e pronunciou de modo errado o nome daquele estado do sul dos EUA – tem o único overdub no disco: Carter toca ao mesmo tempo um baixo piccolo e um normal. As duas linhas de baixo têm, ambas, os elementos que fizeram de Ron Carter um músico tão popular entre ouvintes e músicos: potência, swing, um tom redondo e uma lógica arquitetural única.

Mas a sua habilidade para lidar e se ajustar com seus parceiros é igualmente importante. Neste álbum essa empatia é notável, por exemplo, nas conspirações rítmicas desenvolvidas por Carter e Billy Cobham.

“Ele ouve com as suas mãos e ouvidos,” diz Ron sobre Cobham. “O que quer que acontecer, ele sempre vai se adaptar e nós sempre nos viramos sem perder o tempo.”

(Adaptado do encarte de Spanish Blue, 1975, escrito por Doug Ramsey)

Enquanto o resto do álbum tem essa homenagem às sonoridades espanholas, a faixa final, Arkansas, tem uma levada mais dançante no baixo elétrico, lembrando um pouco o movimento que também Billy Cobham fazia em seu álbum do mesmo ano, A Funky Thide of Sings.

O baixo elétrico, porém, permaneceria minoritário na longa e produtiva carreira de Ron Carter: a partir dos anos 1980 ele se tornou um dos nomes mais constantes em grupos do chamado jazz tradicional, ou seja, com instrumentos acústicos. A sua pose de gentleman, quase sempre em ternos bem cortados, ajudaria a compor o estilo daquele jazz mais orientado para adultos acima dos 40 do que para jovens.

E mais ou menos a partir do ano 2000, também Billy Cobham voltaria a tocar esse tipo de jazz em instrumentos acústicos. Ele continuaria fazendo shows e álbuns de jazz-fusion, mas alternaria com formações como esta gravada ao vivo em 2011, com Ron Carter no baixo e o saxofonista Donald Harrison. Nascido em New Orleans em 1960, Harrison traz o swing do sul dos EUA para duas faixas compostas por Ron Carter e uma por Victor Feldman & Miles Davis. Há ainda um standard de 1936 assinado Vernon Duke & Ira Gershwin, um outro standard tocado somente por Carter no baixo e a faixa final é assinada pelos três músicos aqui presentes.


Ron Carter: Spanish Blue (1974)
1. El Noche Sol (Ron Carter)
2. So What” (Miles Davis) – 11:24
3. Sabado Sombrero (Ron Carter)
4. Arkansas (Ron Carter)
Recorded at Van Gelder Studio in Englewood Cliffs, New Jersey, USA, November 18, 1974

Ron Carter – bass
Hubert Laws – flute
Roland Hanna – electric piano, piano (tracks 1-3)
Leon Pendarvis – electric piano (track 4)
Jay Berliner (track 3) – guitar
Billy Cobham – drums, field drum
Ralph MacDonald – percussion

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Spanish-Blue (1975)

Donald Harrison, Ron Carter, Billy Cobham: This is Jazz (2011)
1. Cut & Paste (Ron Carter)
2. MSRP (Ron Carter)
3. You Are My Sunshine (Jimmie Davis, Charles Mitchell)
4. Seven Steps to Heaven (Victor Feldman, Miles Davis)
5. I Can’t Get Started (Vernon Duke, Ira Gershwin)
6. Treme Swagger (Donald Harrison, Ron Carter, Billy Cobham)

Recorded live at the Blue Note, NYC, USA, March 5-6, 2011

Donald Harrison – alto saxophone
Ron Carter – bass
Billy Cobham – drums

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – This is jazz (2011)

Uma lenda viva do baixo. Aposentadoria não está entre os seus planos, sorte nossa!

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.: interlúdio :. Billy Cobham: Shabazz (Live in Europe 1974) + A Funky Thide of Sings (1975)

80 anos de Billy Cobham! 16 de maio de 2024

Billy Cobham talvez seja o maior baterista vivo e em atividade no planeta. E podem ter certeza de que eu não falo isso pra todos. Não me lembro de ter feito, até hoje, uma série de postagens com elogios tão longos a um baterista ou percussionista, e olha que já falei aqui de figuras veneráveis como Naná Vasconcelos (1944-2016), Wilson das Nees (1936-2017) e Rashied Ali (1933-2009).

Alex Blake

Temos aqui dois discos de Billy Cobham com sua banda de meados dos anos 1970. A sonoridade mantinha-se próxima do jazz-fusion do seu disco de estreia, porém, com três ou mais instrumentos de sopro e com linhas de baixo mais dançantes, ele ia se aproximando do funk. Isso já é verdade no disco gravado ao vivo na Europa, mas sobretudo no disco seguinte, A Funky Thide of Sings (1975). Um dos grandes momentos de toda a carreira de Billy Cobham, este álbum tem arranjos que lembram um pouco o instrumental dos discos de Michael Jackson como Off the wall (1979) e os anteriores com seus irmãos. A semelhança se dá sobretudo com os baixos extremamente dançantes, também os teclados e metais, mas é claro que a percussão aqui é muito mais elaborada. Amo este disco.

Para além do entusiasmo com esses excelentes músicos como Milcho Leviev (teclados) e Alex Blake (baixo), é interessante notar também que tanto a mudança de sonoridade rumo ao funk como as turnês na Europa fizeram parte de um contexto de crise do jazz nos EUA como gênero comercialmente viável. Sobre isso, um respeitado historiador resume:

Assim como a música clássica, o jazz sempre foi um interesse de minorias, contudo, diversamente da música clássica, esse interesse não foi estável. O interesse pelo jazz passou por diferentes fases, havendo momentos de desânimo. O final da década de 1930 e os anos 1950 foram períodos em que o jazz se expandiu de maneira notável, mas nos anos da depressão de 1929 (nos EUA, pelo menos), até o Harlem preferiu música suave à meia-luz em vez de Duke Ellington ou Louis Armstrong. (…) A idade de ouro dos anos 50 terminou de repente (…). Os jovens, sem os quais o jazz não pode existir, o abandonaram com uma rapidez extraordinária.

Não foram poucos os músicos de jazz americanos que acharam melhor emigrar para a Europa naquelas décadas. Como disse um famoso saxofonista em 1976: “Não acho que possa ganhar o suficiente neste país. Não acho que alguém possa… Não há público em número bastante… Nos últimos dois anos, a banda fez mais apresentações na Alemanha do que aqui”.

(Eric Hobsbawm. O Jazz a partir de 1960. In: Pessoas extraordinárias – Resistência, rebelião e jazz. 1989)

Shabazz (Live in Europe 1974)

1. Shabazz – 13:48
2. Taurian Matador (Revised) – 5:28
3. Red Baron (Revised) – 6:37
4. Tenth Pinn – 14:00

Billy Cobham – percussion
Michael Brecker – saxophone
Randy Brecker – trumpet
Glenn Ferris – trombone
John Abercrombie – guitar
Milcho Leviev – keyboards
Alex Blake – bass

Recorded at the Rainbow Theatre, London, England, 13/jul/1974 (tracks 1, 3, 4) / at the Montreux Jazz Festival, Switzerland, 4/jul/1974 (track 2). All compositions by Billy Cobham

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Shabazz

A Funky Thide of Sings (1975)

1. Panhandler (Billy Cobham) – 3:50
2. Sorcery (Keith Jarrett) – 2:26
3. A Funky Thide of Sings (Billy Cobham) – 3:23
4. Thinking of You (Alex Blake) – 4:12
5. Some Skunk Funk (Randy Brecker) – 5:07
6. Light at the End of the Tunnel (Billy Cobham) – 3:37
7. A Funky Kind of Thing (Billy Cobham) – 9:24
8. Moody Modes (Milcho Leviev) – 12:16

Billy Cobham – percussion, synthesizers
Milcho Leviev – keyboards
John Scofield – guitar
Alex Blake – bass
Michael Brecker, Larry Schneider – saxophone
Randy Brecker, Walt Fowler – trumpet
Tom Malone – trombone, piccolo
Glenn Ferris – trombone
Rebop Kwaku Baah – congas

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – A Funky Thide of Sings

Billy Cobham na contracapa de “A Funky…”

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.: interlúdio :. Santana and McLaughlin: Love Devotion Surrender + Live in Saratoga (1973) / Billy Cobham: Spectrum (1973)

O ano de 1973 foi extremamente movimentado para Billy Cobham: aos 29 anos, ele alcançava uma fama maior com o grupo Mahavishnu Orchestra, ao mesmo tempo que presenciava a desintegração deste grupo. Não faltaram outros parceiros musicais de imenso talento, com os quais ele tocou em estúdio e em turnês pelos EUA. um desses parceiros foi o guitarrista Carlos Santana, que naquele momento já tinha uma legião de fãs na California, enquanto os fãs de John McLaughlin se concentravam mais em Nova York e na costa leste em geral. Os dois guitarristas gravaram um disco em 1973 e cada um trouxe parte de suas bandas: McLaughlin contou com Billy Cobham na bateria e Santana trouxe Armando Peraza (1924-2014), percussionista de origem cubana. Larry Young (órgão hammond) completa a banda principal, que teve ainda a participação mais discreta do baixista Doug Rauch, também da banda de Santana desde 1970. Essa mesma banda fez uma curta turnê em 1973, uns 10 ou 20 shows. Ao vivo, no show em Saratoga (estado de NY, USA), aos menos para os meus ouvidos eles estão ainda melhores do que no estúdio.

Também foi em 1973 que Billy Cobham gravou seu primeiro álbum como líder de uma banda: aqui, sem guitarra, ele convidou o tecladista da Mahavishnu Orchestra, Jan Hammer, que é o principal destaque no disco Spectrum junto com o baterista. Hammer em seguida tocaria muitos anos com Jeff Beck, incluindo o clássico álbum Wired (1976). Apoiado na reputação que Billy Cobham ia construindo em meio a tantos discos e shows em outras bandas, esse seu primeiro disco solo foi um sucesso de vendas e alavancou a sua longa carreira solo, da qual veremos dois dos seus outros álbuns amanhã.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Santana & McLaughlin – LDS (studio) – mp3

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Santana & McLaughlin – Live in Saratoga, NY – flac

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Billy Cobham – Spectrum – mp3

Spectrum (contracapa)

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.: interlúdio :. Miles Davis: Jack Johnson (1971) / Mahavishnu Orchestra: Birds of Fire + Between Nothingness & Eternity (1972-73)

Na continuação das homenagens ao baterista Billy Cobham, hoje temos mais três discos com a sua participação, e que até hoje são frequentemente reeditados e relembrados em listas de melhores disso ou daquilo. Os textos abaixo são adaptados do blog jazz-rock-fusion-guitar, um dos mais longevos da internet junto com este PQPBach e uma meia dúzia de outros dedicados à música. Mas antes uma observação: é um exagero dizer que Billy Cobham foi da banda de Miles Davis. Ele gravou com Miles, como baterista já muito conhecido como músico de estúdio em Nova York e New Jersey. Mas não chegou a fazer vários shows e turnês com Miles Davis em sua encarnação elétrica, ao contrário de nomes como Wayne Shorter, Chick Corea, Keith Jarrett, Jack DeJohnette. Com a Mahavishnu Orchestra de John McLaughlin, sim, ele teve uma ligação mais duradoura e intensa entre 1971 e 1973. E foi a partir do grande sucesso dos discos e dos shows dessa banda que Billy Cobham ganhou um público de admiradores e iniciou uma carreira como líder de seus próprios grupos, mas isso já são cenas do próximo capítulo.

Jack Johnson, também conhecido como A Tribute to Jack Johnson, foi a segunda trilha sonora de filme que Miles Davis compôs, depois de Ascenseur pour l’échafaud em 1957. Em 1970, Bill Cayton (empresário do boxe) pediu a Davis que gravasse música para seu documentário de mesmo nome sobre a vida do boxeador Jack Johnson. A saga de Johnson ressoou pessoalmente em Davis, que escreveu no encarte do álbum sobre a maestria de Johnson como boxeador, sua afinidade com carros velozes, jazz, roupas e mulheres bonitas, sua negritude não reconstruída e sua imagem ameaçadora para os homens brancos. Jack Johnson foi um ponto de virada na carreira de Davis e desde então tem sido visto como uma de suas maiores obras.

Na capa original do LP (clique na foto mais abaixo para ampliar), além de uma foto de Miles Davis e seu trompete, há também um texto introdutório do próprio Miles, no seu característico estilo direto e combativo, que começa assim:

A ascensão de Jack Johnson à supremacia mundial dos pesos pesados em 1908 foi um sinal para o surgimento da inveja branca. Consegue imaginar? E, claro, nascer Negro na América… todos nós sabemos como é. Um dia antes de Johnson defender o título contra Jim Flynn (1912), ele recebeu um bilhete: “Deite-se amanhã ou amarraremos você – Ku Klux Klan.” Dig that!

Johnson representou a Liberdade – ela tocou tão alto quanto o sino que o proclamava Campeão. Ele era um homem de vida rápida, gostava de mulheres – muitas delas e a maioria brancas. Ele tinha carros chamativos, isso mesmo, os grandes e os rápidos. Ele fumava charutos, tomava os melhores champagnes e tinha um contrabaixo de mais de 2 metros no qual ele orgulhosamente tocava jazz. Sua extravagância era óbvia. (…) E quanto mais ele era odiado, mais dinheiro ele ganhava, mais mulheres ele conquistava e mais vinho ele bebia.

Davis, que queria formar o que chamou de “a maior banda de rock and roll que você já ouviu”, gravou com uma formação composta pela guitarra de John McLaughlin, o baixo elétrico de Michael Henderson, os teclados de Herbie Hancock e a bateria de Billy Cobham.

A principal sessão de gravação do álbum, em 7 de abril de 1970, foi quase acidental: John McLaughlin, aguardando a chegada de Miles, começou a improvisar riffs em sua guitarra, e logo se juntou a Michael Henderson e Billy Cobham. Enquanto isso, os produtores trouxeram Herbie Hancock, antigo parceiro de Miles e que por acaso estava de passagem pelo prédio, para tocar órgão Farfisa – criando sonoridades que por vezes lembram o Pink Floyd do período com Syd Barrett (1966-1968).

Em “Yesternow”, existem duas bandas, a primeira mencionada acima e outra que começa por volta das 12h55. A segunda formação foi Miles, McLaughlin e Sonny Sharrock (guitarras), Jack DeJohnette (bateria), Chick Corea (teclado), Bennie Maupin (clarinete baixo), Dave Holland (baixo elétrico). Os primeiros 12 minutos da música giram em torno de um único riff de baixo retirado de “Say It Loud, I’m Black and I’m Proud”, de James Brown. Jack Johnson é um dos melhores discos de jazz elétrico já feitos por causa do sentimento de espontaneidade e liberdade que evoca no ouvinte, pelos solos estelares e inspiradores de McLaughlin e Davis e pela perfeição da montagem de diferentes takes no estúdio por Miles e pelo produtor Teo Macero.

Os outros discos da postagem de hoje são da Mahavishnu Orchestra, que não era uma orquestra no sentido literal, apenas uma banda com cinco músicos tocando jazz-rock (fusion) em instrumentos elétricos: guitarra, baixo, teclado, violino e bateria. O líder, John McLaughlin, foi um dos protagonistas da banda de Miles na fase dos discos Bitches Brew e Jack Johnson, tendo fundado sua própria banda logo em seguida. Apesar de – ao menos quando sob os holofotes – espiritualizado em um peculiar estilo bastante influenciado pela fase final de Coltrane, McLaughlin ao mesmo tempo queria assinar como único compositor da banda e ficar com a maior parte da grana, o que fez com que a 1ª formação da Mahavishnu Orchestra durasse apenas uns dois anos. Uma pena, pois raramente se viu gente tão talentosa e com uma química tão intensa entre si. A bateria de Billy Cobham, com seu peculiar estilo de subdividir os ritmos, funcionava perfeitamente com os compassos quebrados da guitarra e dos demais instrumentos.

Mahavishnu Orchestra, 1973 (clique para aumentar)

Birds of fire foi o 2º e último disco de estúdio dessa 1ª e melhor formação da Mahavishnu Orchestra, é cheio de notáveis solos precisamente coreografados e de alta velocidade – com John McLaughlin, Jerry Goodman e Jan Hammer todos unidos, apoiados pela bateria de Billy Cobham e seu som muito peculiar.

Em seguida, em 1973, em meio às dificuldades durante a gravação de um abortado 3º álbum, lançaram o disco ao vivo Between Nothingness & Eternity. Neste show no Central Park de Nova York os cinco virtuosos do jazz-rock podem ser ouvidos em faixas mais longas e com mais liberdade do que no estúdio. Há apenas três faixas no disco, cada uma se desenvolve organicamente através de uma série de seções, e há menos passagens em uníssono sincronizado do que nas gravações anteriores. McLaughlin está tão brilhante como sempre na guitarra elétrica de braço duplo, e Jan Hammer (teclados) e Jerry Goodman (violino) são páreo para ele no departamento de velocidade, com o baterista Billy Cobham exibindo uma sonoridade poderosa, bruta e convincente em seu acompanhamento.

Younger listeners raised on rock responded to the band’s vitality and extraordinary musicianship; Hammer added synthesizers to his arsenal, developing a keyboard style nearly as influential as that of McLaughlin’s frenetic guitar work and Cobham’s rumbling percussive attack. But it was nearly inevitable that the life span of such a dynamic ensemble would be brief. The Mahavishnu Orchestra threw down the gauntlet; fusioneers who followed have been trying to catch up ever since.

The original Mahavishnu Orchestra only lasted a short time, but they created a tremendous body of work. Not quite rock but too loud for jazz, they blazed the trail for fusion and left everyone far behind. This collection has both studio albums – with not a bad cut between them -and the live ‘Between Nothingness and Eternity’, which, unusually for the time, had all new music on it and was more expansive, with the shortest cut being nearly ten minutes long.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Jack Johnson

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Birds of Fire

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Between Nothingness and Eternity

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